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BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE LÚDICA NA REABILITAÇÃO DE CRIANÇAS
PORTADORAS DE CÂNCER
Daniella Rocha Bittencourt Aluna concluinte do CEDF/UEPA
Marlyson Miguel Costa de Menezes Aluno concluinte do CEDF/UEPA [email protected]
Vera Solange Gomes Pires de Souza Professora orientadora do CEDF/UEPA
Resumo As crianças acometidas pelo câncer sofrem com inúmeros transtornos
impostos pela doença do qual padecem, agravadas pelos procedimentos médico-hospitalares invasivos e dolorosos a que são submetidas. As atividades lúdicas vem na via contrária desses transtornos, se tornando uma importante aliada no enfrentamento da doença, proporcionando a criança adoecida de câncer benefícios, uma vez que esta se caracteriza por possuir fins terapêuticos, possibilitando a diminuição de processos decorrentes do câncer. Para isto, realizou-se o presente estudo de caso, qualitativo com uma população de 10 crianças, na faixa etária entre 1 e 11 anos que utilizam os serviços do Instituto Ronald McDonald, e seus responsáveis. Foram utilizados para coleta de dados: entrevista com os responsáveis, sessões de atividades lúdicas e relatos das crianças. Conclui-se que a promoção de atividade lúdica é de suma importância na reabilitação de crianças com câncer, pois proporciona a ela a continuidade do desenvolvimento e ameniza o sofrimento trazido por uma doença crônica na infância.
Palavras-chave: Câncer infantil. Atividade Lúdica. Tratamento. Reabilitação.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho desenvolve-se através de sete capítulos: o capítulo
de numero um traz o conceito do câncer, como se dá o tratamento e as
principais mudanças na vida de uma criança acometida por esta doença, no
segundo capítulo buscaram-se alguns autores que discorrem sobre os
benefícios da atividade lúdica, no terceiro capítulo mostra-se a atividade lúdica
enquanto possibilidade de estratégia de enfrentamento do câncer, no quarto
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capítulo faz-se a relação do lúdico com o tratamento e sua relevância para a
reabilitação da criança adoecida, no quinto capítulo explicita-se a escolha
metodológica deste estudo, descrevendo a forma, o procedimento, a população
e o locus da pesquisa, no sexto capítulo trazem-se os resultados e as
discussões levantados pela pesquisa de campo e no sétimo e último capítulo
são tecidas algumas considerações finais feitas pelos autores.
Para o Instituto Nacional do Câncer (INCA/2008) o tratamento
oncológico infantil progrediu em grande escala nas últimas décadas, pois se há
30 anos as chances de cura eram de 15%, atualmente passam de 60%,
podendo chegar a 85% em alguns casos, isso ocorre, desde que sejam
diagnosticadas precocemente e tratadas em centros especializados.
Ainda assim, a Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica
(SOBOPE/2013) afirma que no Brasil o câncer é a 1ª causa de morte por
doença na faixa etária de 1 a 19 anos. Por este motivo o impacto do
diagnóstico e do tratamento do câncer impõe inúmeros traumas para a vida da
criança, trazendo à tona sentimentos negativos como: medo da morte,
angústia, solidão, dor, depressão, isolamento, melancolia, desesperança,
tristeza e revolta (CAGNIN apud SOUZA, 2012).
Para o Instituto Nacional do Câncer (INCA/2008), as causas que geram
a doença são variadas, podendo ser externas ou internas ao organismo e as
suas formas de tratamentos são agressivas, o que causa uma diminuição
significativa da capacidade funcional da criança. Partindo desse pressuposto, a
cura não deve se basear somente na recuperação biológica, mas também no
bem-estar e na qualidade de vida do paciente e é por isto que não deve faltar à
criança e à sua família, desde o início do tratamento, o suporte psicossocial
necessário, a fim de que, não só a doença seja superada, mas todos os
transtornos que a mesma trouxe.
Diante de tantas transformações, a criança, geralmente, apresenta
dificuldade em compreender o que está se passando com ela, tanto pelo
descobrimento da doença, quanto pelos procedimentos, diagnósticos e terapias
a que é submetida. Por isso, ela encontra barreiras para interagir com seu
corpo adoecido (RIBEIRO, SABATÉS e RIBEIRO, 2001).
Nessa perspectiva, acredita-se que o enfrentamento das repercussões
negativas no âmbito psicossocial da doença é favorecido com a utilização de
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atividades lúdicas, principalmente com a abordagem em grupo, integrando as
crianças e seus familiares, pois proporciona momentos de prazer e satisfação
(AZEVÊDO, 2011).
Neste sentido, a atividade lúdica é vista na reabilitação de crianças com
neoplasia maligna, como propulsora da continuidade do desenvolvimento
infantil, permitindo que a criança elabore melhor este momento difícil em que
vive (MITRE, 2000). Além disso, as atividades lúdicas proporcionam tanto o
desenvolvimento natural, quanto a superação de traumas e experiências ruins
(MACHADO, 2010).
Outrossim, a atividade lúdica não se resume a entretenimento e
diversão, uma vez que esta, estimula as funções cognitivas e desenvolve
habilidades, tornando-se uma prática educativa, que orienta e reorganiza a vida
da criança para o entendimento do mundo real e imaginário (BOMTEMPO apud
AZEVÊDO, 2011). A atividade lúdica é considerada como uma possibilidade de
intervenção e modificação do cotidiano de assistência à criança, onde através
da alternância entre o real e o imaginário, possibilita a ela transpor os
obstáculos da doença e os limites de tempo e espaço (MITRE, GOMES, 2003).
Ainda assim, não se espera que uma doença como o câncer possa
acometer alguém com tão pouca idade e ainda tão frágil, é por este motivo que
esta experiência potencialmente traumática na vida da criança e os efeitos que
as atividades lúdicas podem gerar, representam um campo relevante para
investigações, sendo que tanto sob o olhar psicossocial, quanto científico esta
relevância se faz presente, o que justifica a realização de estudos que
permitam a identificação das consequências dessa intervenção. Sendo assim,
a opção por este estudo se deu a partir do interesse em compreender como
uma atividade típica da vida infantil pode influenciar no enfrentamento de uma
doença tão grave. Partindo desse pressuposto, esta pesquisa busca responder
as seguintes questões: Quais os efeitos a atividade lúdica pode proporcionar à
criança portadora de câncer? Ela é uma estratégia de enfrentamento da
doença? É relevante para o tratamento contra o câncer infantil?
A partir daí criou-se a ideia de desenvolver uma pesquisa sob o viés dos
aspectos psicológicos, objetivando identificar os benefícios da atividade lúdica
na reabilitação de crianças portadoras de câncer, além de verificar a relevância
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da mesma para o tratamento do câncer infantil e analisá-la como estratégia de
enfrentamento da doença.
1. CÂNCER INFANTIL
Câncer é o nome que se dá às doenças que em comum possuem o
crescimento desordenado e acelerado de células que invadem os órgãos e
tecidos, que podem se espalhar para outras regiões do corpo, essas células se
multiplicam com rapidez e por esse motivo tendem a ser muito agressivas e
incontroláveis, determinando a formação de neoplasias malignas, os diferentes
tipos de câncer correspondem aos vários tipos de células do corpo. As
neoplasias mais frequentes na infância são as leucemias (glóbulos brancos),
tumores do sistema nervoso central e linfomas (sistema linfático). Também
acometem crianças o neuroblastoma (tumor de células do sistema nervoso
periférico, frequentemente de localização abdominal), tumor de Wilms (tumor
renal), retinoblastoma (tumor da retina do olho), tumor germinativo (tumor das
células que vão dar origem às gônadas), osteossarcoma (tumor ósseo),
sarcomas (tumores de partes moles) (INCA/2008).
Segundo o Instituto Oncoguia (IO/2009) os sinais e sintomas não são
necessariamente específicos e a criança pode ter, no início da doença, o seu
estado geral de saúde ainda em condições razoáveis, o que torna difícil o
reconhecimento precoce da doença, uma vez que os sintomas podem ser
confundidos com doenças e ferimentos que são comuns na infância. Por este
motivo os pais devem levar seus filhos a consultas clínicas regulares e estar
atentos a qualquer sinal ou sintoma anormal que persista.
Em relação ao tratamento do câncer, este pode ser feito através de
cirurgia, radioterapia, quimioterapia ou transplante de medula óssea e em
muitos casos é necessário combinar essas modalidades (INCA/2008), o que
torna o tratamento demorado e muito doloroso para a criança, que muitas
vezes não consegue compreender o porquê de tal situação, levando-a ao
sofrimento, fazendo com que a mesma crie expectativas, uma delas em relação
à morte (CAGNIN apud SOUZA, 2012). Também não se pode deixar de levar
em consideração a mudança brusca na vida da criança, a principal é a
convivência com a dor, dor pelo afastamento do convívio familiar e dos amigos,
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dor em decorrência do tratamento, dor de perder os cabelos (alopecia)
(SOUZA, 2012).
Diante disto a criança, geralmente, apresenta dificuldades de interação
consigo, por não aceitar a doença, e com os outros, uma vez que se isola,
podendo até mesmo apresentar quadros de depressão. Uma das formas de
amenizar os efeitos da doença é através da atividade lúdica, que funciona
como liberador de seus temores e ansiedades e permite a ela revelar o que ela
sente e pensa (RIBEIRO, SABATÉS e RIBEIRO, 2001).
A vida da criança muda drasticamente com o diagnóstico do câncer,
desencadeando inúmeras consequências, dentre elas: medo do desconhecido,
mudança do âmbito social, limitação de atividades e os efeitos agressivos dos
medicamentos. Sendo assim torna-se notória a importância do brincar no
tratamento contra o câncer, possibilitando através de atividades lúdicas um
equilíbrio entre divertimento, desenvolvimento, cooperação, solidariedade e
alegria (GOMES L. apud BARBOSA JUNIOR, 2008).
2. OS BENEFÍCIOS DAS ATIVIDADES LÚDICAS
A infância é um período muito intenso de atividades, onde as fantasias
e os movimentos corporais ocupam quase todo o tempo da criança (FREIRE,
2009). Infantil é sinônimo de lúdico, uma vez que toda atividade da criança é
exercida pelo simples prazer que encontram em fazer (WALLON apud
KISHIMOTO, 1998).
Ludicidade vem do termo “ludus”, que abrange dois significados: a
atividade individual e livre e a coletiva e regrada (KISHIMOTO, 1998).
A ludicidade está presente na sociedade desde a sua origem, sendo de
suma importância no desenvolvimento do ser humano, principalmente na
infância. Durante a atividade lúdica a criança constrói a base para sua
compreensão, para tanto faz utilização de brincadeiras simbólicas, imaginando,
recriando situações, possibilitando o aprimoramento da capacidade e
habilidade de perceber, criar, desenvolver relações de afeto, de confiança,
aprendendo a interagir com o mundo e com as pessoas, se socializando e
adquirindo autonomia (OLIVEIRA, 2002).
A ludicidade pode ser definida como a atividade espiritual mais pura do
homem na infância e, ao mesmo tempo, típica da vida humana como um todo
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dá vida natural interna no homem e de todas as coisas. Ela dá alegria,
liberdade, contentamento, descanso externo e interno, paz com o mundo. O
brincar em qualquer tempo não é trivial, é altamente sério e de profunda
significação (FROEBEL apud KISHIMOTO, 1998).
Nas crianças, as atividades lúdicas proporcionam um estado de prazer,
o que facilita o surgimento de novas ideias, motivando a criatividade e o
aprendizado, favorecendo a troca de conhecimento. É através do lúdico que as
crianças têm maiores chances de crescer e se adaptar ao coletivo. O lúdico
deve ser parte integrante da vida do ser humano com intuito de inserção na
realidade social (ALMEIDA, 1995).
Além do que, as atividades lúdicas auxiliam a criança no processo de
aprendizagem, proporcionando situações imaginárias em que ocorrerá o
desenvolvimento cognitivo, possibilitando maior interação com o mundo e com
as pessoas (VYGOTSKY, 1998). Com isto pode-se perceber como a criança
compreende o mundo, o que ela gostaria de modificar e o que mais a
preocupa, bem como quais são suas inquietações, pois durante a atividade, ela
expressa suas dificuldades e habilidades.
Assim a atividade lúdica é uma forma da criança expor medos, angústias
e problemas que enfrenta, pois é por meio desta que ela revive de maneira
ativa, tudo o que sofreu de maneira passiva, alterando um final ruim e
possibilitando relações que seriam inviáveis na vida real (ABERASTURY,
1972).
3. A ATIVIDADE LÚDICA COMO ESTRATÉGIA DE ENFRENTAMENTO
CONTRA O CÂNCER
As atividades lúdicas, as brincadeiras, os brinquedos e jogos despertam
interesse, criatividade, motivação e coragem para enfrentar desafios do
organismo, contribuindo assim, significativamente, no restabelecimento da
autoestima (ZONTA apud BARBOSA JUNIOR, 2008).
Nessa perspectiva a atividade lúdica é fundamental, pois é terapêutica e
ao mesmo tempo é prazerosa, trazendo para o ser humano o equilíbrio de sua
essência, com isto pode-se dizer que a atividade lúdica é uma necessidade
íntima da criança enferma e por este motivo se torna indispensável no
enfrentamento de uma doença grave (BERTOLDO, RUSCHEL, 1995). Assim a
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atividade lúdica deve ser vista como uma possibilidade de ganhos e
construções de algo positivo em uma situação de tantas incertezas e perdas,
como é o caso do câncer na infância (MITRE e GOMES, 2003).
A atividade lúdica prepara a criança gravemente adoecida para os
enfrentamentos sociais, como as perdas das capacidades funcionais infantis, o
medo da morte e também a prepara para o amor, elementos estes que são
essenciais na construção da identidade pessoal do indivíduo (MITRE, 2000).
Ainda segundo a autora, a atividade lúdica possibilita a mediação entre as
vivências anteriores a doença e esta nova experiência (após o diagnóstico da
doença), sendo que o lúdico mesmo em uma situação adversa abre espaço
para que a criança possa ressignificar sua experiência de adoecimento,
trazendo vivências que conectam sua história pessoal com o momento que ela
está vivendo, encontrando naquele momento, sua linguagem de domínio.
Pondera-se que o lúdico promove o relaxamento dos conflitos, das
complicações cotidianas e das tensões. Assim, enquanto participa da atividade
lúdica a criança entra em outro mundo, que não é anormal, mas que a desliga
de conflitos, possibilitando uma ruptura com o real. Por este motivo a atividade
lúdica adquire um valor importantíssimo a nível psicológico, pois descontrai,
alivia e liberta a criança das situações conflitantes que o câncer causa
(DINELLO apud BARBOSA JÚNIOR, 2008).
4. RELEVÂNCIA DA ATIVIDADE LÚDICA PARA O TRATAMENTO DO
CÂNCER INFANTIL
O tratamento de câncer é realizado através de procedimentos médico-
hospitalares bastante invasivos e que geram severos quadros de dor, estes por
sua vez são marcados por inúmeros efeitos colaterais, como: dor de cabeça e
de estômago, perda significativa de peso, alopecia (perda de cabelo e dos
pelos), vômitos, náuseas e diarreias frequentes, inflamações dermatológicas e
problemas hormonais (desaceleração do crescimento). Tendo ainda que lidar
com as frequentes internações ou mesmo pelos efeitos colaterais que são
causados pelos tratamentos - quimioterapia, radioterapia, cirurgias e pulsões
(COSTA JR, 2005). Sendo assim, todos esses traumas que marcam a doença
dificultam o entendimento da criança, desabrochando sentimentos ruins e
dificultando a aceitação dos procedimentos, a atividade lúdica nesse aspecto
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vem a ser uma forma de encarar com mais leveza os tratamentos, através de
brincadeiras propostas que despertam algo bom em meio a tantas coisas ruins
e faz a criança esquecer por alguns instantes todo o sofrimento (MACHADO,
2010).
Nessa ótica, pode-se afirmar que a atividade lúdica deve ser
componente obrigatório do tratamento de crianças adoecidas, uma vez que
esta se caracteriza por possuir fins terapêuticos, o que possibilita a diminuição
de processos decorrentes do câncer, tais como: o stress, o medo, a ansiedade,
além de auxiliar a criança em seu desenvolvimento integral e comportamental
(SOARES E ZAMBERLAN apud BARBOSA JUNIOR, 2008).
Diante do exposto uma fala de Barbosa Júnior (2008) que descreve
muito bem a relevância da atividade lúdica para o tratamento da criança com
câncer se faz a seguir:
Acredito que o brincar [...] Modifica o comportamento da criança enferma, garantindo dessa forma, uma melhor qualidade de vida e eficiência durante o tratamento. Mesmo que isso não possa curá-las, pressupõe-se que amenize a dor e as ajude a suportar o tratamento médico e o período de convalescença.
Dessa forma, durante a atividade lúdica a criança constrói e recria um
mundo onde seu espaço está garantido e todas as pressões que ela sofre no
cotidiano do tratamento da doença são compensadas por sua capacidade de
imaginar, além disso, várias áreas são estimuladas, dentre elas: a social, a
intelectual e a física. O que a leva para novos espaços de compreensão e a
encorajam a prosseguir, a crescer e a aprender cada vez mais (MELO e
VALLE, 2005).
Diversos estudos (BARBOSA JUNIOR, 2008, MITRE e GOMES, 2003,
MACHADO, 2010), nos revelam que as atividades lúdicas são categóricas na
melhora do quadro clínico do paciente oncológico, sendo que a atividade
desperta o sorriso, e este por sua vez, melhora a oxigenação do cérebro, induz
ao relaxamento e melhora a autoimagem.
Barbosa Júnior (2008), em seu estudo sobre a atividade lúdica e
crianças acometidas pelo câncer, enfatiza que esta desenvolve as relações
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interpessoais, faz a criança esquecer que está enferma, aflora o estado de bom
humor e propicia felicidade.
5. METODOLOGIA
5.1. Proposição
Este estudo possui caráter qualitativo, exploratório e descritivo feito
através de um estudo de caso. A pesquisa qualitativa responde a questões
muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de
realidade que não pode ser quantificado, ou seja, trabalha com o universo de
significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes (MINAYO, 1994).
Os pesquisadores observaram que melhor se encaixava à pesquisa o estudo
de caso, pois possibilita o envolvimento do pesquisador com os participantes
da pesquisa e suas vivências pessoais, o que permite concentrar esforços em
um determinado foco, sem perder de vista a postura aberta ao inesperado,
assim como considera o contexto em seus aspectos socioeconômico e cultural,
possibilitando colher as informações do fenômeno diretamente do ambiente e
compreender o objeto a partir do significado que lhe é atribuído pelos sujeitos
(MACHADO, 2010).
5.2. Procedimento
Este trabalho, em primeiro lugar deteve-se a observação participante,
sendo que esta possibilitou aos pesquisadores fazerem intervenções, dando
assim condições de ministrar uma entrevista semiestruturada (ANEXO1) com
os pais/cuidadores das crianças, esta foi gravada com devida autorização
como indicado no TERMO DE CESSÃO DE DEPOIMENTO ORAL (ANEXO 2)
e posteriormente transcrita, preservando o conteúdo original das falas. Foram
ministradas oito sessões de atividades lúdicas em dias intercalados com as
crianças, cada sessão teve duração média de 2 horas, com adequação a faixa
etária e respeitando os limites de cada indivíduo, posta suas dificuldades
advindas da doença, após as atividades lúdicas foram ouvidos relatos das
crianças, desde que assim o quisessem fazer, com o objetivo de identificar
quais os benefícios cada um poderia descrever. Todo o procedimento de
pesquisa em locus durou em média quatro meses.
A análise de dados desta pesquisa inspira-se na Análise de Discurso,
sendo que, esta considera que a linguagem não é transparente e que se deve
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enxerga-la como detentor de uma materialidade simbólica própria e
significativa, portanto, com o estudo do discurso, pretende-se apreender a
prática da linguagem, ou seja, o homem falando, além de procurar
compreender a língua enquanto trabalho simbólico que faz e dá sentido,
constitui o homem e sua história, com ênfase na interpretação para melhor
apreensão do objeto de estudo da pesquisa (SILVA, 2005). Esta pesquisa
realizou-se de acordo com as normas éticas exigidas em pesquisas com
pessoas e não ofereceu riscos aos seus participantes, além de manter sigilo
sobre seus dados, não mencionando nomes. Por este motivo ficou decidido
pelos pesquisadores que as crianças seriam chamadas por nomes de super-
heróis e princesas (Superman, Batman, Capitão América, Cinderela, Branca de
neve, Rapunzel, Jasmine, Ariel, Bela Adormecida e Pocahontas), a pesquisa
conta ainda com Solicitação de autorização do Instituto em questão e posterior
assinatura do responsável legal da instituição (ANEXO 3).
5.3. População
A população desta pesquisa é constituída de 10 crianças com uma faixa
etária de 1 a 11 anos, de ambos os sexos, autorizadas previamente pelo
responsável como consta no TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E
ESCLARECIDO (ANEXO 4) em condições de interagir, manifestando desejo de
participar, que fazem tratamento contra o câncer no Hospital Oncológico Infantil
Dr. Octávio Lobo e que utilizam os serviços do Instituto Ronald Mc Donald.
5.4. Locus
O local escolhido pelos pesquisadores foi o Instituto Ronald Mc Donald,
unidade Belém que fica situado na Av. João Paulo II com Rua Mariano, nº123,
Castanheira. A Casa de apoio tem uma parceria com a Associação Colorindo a
Vida, que funciona desde 2012, atendendo crianças e adolescentes com
câncer. O motivo da escolha se deu pelo local ser propício a investigação de
crianças que sofrem de uma mesma patologia e por estarem em situação
similar, tendo que sair de perto de suas famílias, de suas casas, de suas
cidades para buscar um mesmo propósito: a cura do câncer.
O local não possui atuação do Professor de Educação Física, sendo
assim, os pesquisadores decidiram pelo local a fim de demonstrar a
importância de um profissional capacitado para o trabalho de desenvolvimento
multifacetado. E ainda, pelas crianças não poderem fazer atividades físicas
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práticas intensas, os autores quiseram mostrar que a Educação Física não se
resume somente a isso, e que estes (Professores de Educação Física), podem
contribuir muito para a melhora do estado geral de saúde das crianças, através
de atividades sistematizadas e bem elaboradas por um profissional
competente.
A Casa acolhe crianças do interior do estado do Pará, que moram a uma
distância mínima de 100 quilômetros da capital Belém, oferecendo transporte
diário ao Hospital Oncológico Infantil Dr. Octávio Lobo, para que as crianças
possam realizar terapias e exames, além de oferecer alimentação para a
criança e seu acompanhante, a Casa tem capacidade para atender 35
pacientes com acompanhante, totalizando 70 leitos.
O Instituto Ronald McDonald é uma instituição que não possui fins
lucrativos que promove ações em prol de crianças e adolescentes com câncer.
O principal objetivo do Instituto é aumentar o índice de cura do câncer infanto-
juvenil e suas maiores fontes de arrecadação para essa finalidade são o McDia
Feliz e a Campanha dos Cofrinhos.
A Casa conta com ampla infraestrutura, compreendendo os seguintes
espaços: estacionamento, na entrada principal fica a gerência e a recepção,
mais adiante se encontra a brinquedoteca, com inúmeros brinquedos de
pequeno e grande porte, todos organizados em prateleiras de ferro coloridas,
outros como jogos de quebra-cabeça, de montar, de xadrez, livros de história e
DVDs ficam guardados em armários também de ferro, tem seis mesinhas, uma
TV e um quadro branco, é uma sala bem iluminada e de paredes bege até a
altura de mais ou menos um metro e então com vidros, dando visão a quem
está fora. A sala que segue é de artes, possui muitas fantasias, de princesas,
de palhaços, de super-heróis, a próxima sala é o auditório que possui quatro
computadores, um piano e um palco para apresentações e cadeiras
enfileiradas para a plateia, seguida da cozinha e copa e logo após a sala da
assistente social. Os quartos ficam anexados a este ambiente com entrada
independente, em frente aos quartos existe um parquinho com brinquedos
como escorregador e balançador, cada cômodo possui dois quartos, este conta
com sala de convivência, com televisão e geladeira. Cada quarto possui duas
camas, um armário e uma poltrona.
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6. RESULTADOS E DISCUSSÕES
O quadro que segue traz a caracterização das crianças estudadas, todas
de acordo com as entrevistas feitas com os responsáveis.
NOME (Fictício)
FAIXA ETÁRIA
TIPO DE CÂNCER
TRATAMENTO CARACTERÍSTICAS
Superman 4 anos LLA (Leucemia Linfóide Aguda)
Quimioterapia Gosta de andar de bicicleta, de pintar super-heróis, adora jogar bola, mas por enquanto não pode, nunca estudou, está no instituto há 6 meses.
Cinderela 6 anos LLA (Leucemia Linfóide Aguda)
Quimioterapia Gosta de brincar de pira-pega, adora tomar açaí, está no instituto há 9 meses, estudou até o 1º ano.
Batman 11 anos LLA (Leucemia Linfóide Aguda)
Quimioterapia e Radioterapia
Está no instituto há 7 meses, estudou até o terceiro ano, parou há dois anos para fazer o tratamento, adora jogar bola e brincar de carrinho.
Branca de Neve
4 anos LLA (Leucemia Linfóide Aguda)
Quimioterapia, aguardando o transplante de medula óssea
Nunca estudou, adora brincar, as preferidas são: andar de bicicleta e jogar bola, está no instituto há 18 meses.
Rapunzel 4 anos LLA (Leucemia Linfóide Aguda)
Quimioterapia Adora brincar com suas bonecas, está no instituto há 12 meses, nunca estudou, mas adora contar histórias.
Jasmine 6 anos Osteosarcoma (Câncer nos ossos)
Quimioterapia e cirurgia (amputou a perna esquerda na altura do quadril)
Se aceita muita bem, adora brincar de jogar bola, pintar, está no instituto há 5 meses, estudou até o jardim II.
Ariel 6 anos Turmo de Wilms (renal)
Quimioterapia Está no Instituto há 6 meses, adora brincar de casinha com suas bonecas, nunca estudou.
Bela Adormecida
5 anos LLA (Leucemia Linfóide Aguda)
Quimioterapia Está no instituto há 1 mês, fez até o Jardim I, detesta agulhadas, adora ouvir histórias e montar quebra-cabeça.
13 Capitão América
1 ano e 9 meses
Câncer Wilms (renal)
Quimioterapia Está no Instituto há 5 meses, adora brincar de bola, nunca estudou, não gosta de jalecos brancos.
Pocahontas 9 anos Câncer no colo do útero
Quimioterapia e cirurgia (retirada do útero e dos ovários)
Estudou até o 5º ano, está no instituto há 3 meses, adora brincar com bonecas e de pira-pega.
As entrevistas com os responsáveis e a posterior análise cuidadosa das
falas, nos mostram que os dados obtidos nesta coleta e sua relação com os
objetivos desta pesquisa revelam que o principal benefício da atividade lúdica
na reabilitação das crianças é a alegria e a felicidade despertada no momento
da atividade, como podemos ver na fala dos responsáveis:
“Pesquisador: Você acha que a atividade lúdica traz benefícios para a melhora
do estado geral de saúde da sua filha”?
“Mãe de Cinderela: Aah! Ela fica alegre… Quando faz quimioterapia dá
aquelas reações, mas quando não tem nada ela fica brincando, eu deixo ela
ficar brincando, por que eu vejo ela melhor, se anima mais! ”
“Pesquisador: Qual a sua opinião sobre a prática de atividades lúdicas”?
“Avó de Capitão América: Quando ele tá brincando, eu percebo que ele tá
alegre apesar de tudo!”
“Pesquisador: Você acha que a atividade lúdica contribui no processo de
reabilitação do seu filho”?
“Mãe de Superman: Quando ele brinca, ele fica mais alegre, ele se distrai, no
momento está sendo muito importante para ele!”
“Pesquisador: Você acha que quando ele brinca ele melhora”?
“Mãe do Batman: Sim, ele fica bem feliz, ele brinca e logo fica alegre!”
Como já citado a mudança de humor é então um dos principais
benefícios da atividade lúdica, Barbosa Júnior (2008) ratifica dizendo que a
alegria é uma sensação muito agradável e assim se reconhece a importância
do brincar para a criança, pois desperta nela um sentimento de felicidade
mesmo que momentâneo. Além disso, o brincar proporciona vivencias que
estimulam a comunicação, a liberdade de expressão, a escolha, a criatividade,
momentos de descontração, alegria e realização.
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Também durante as observações, foi possível ficar mais próximos das
crianças e observá-los, compartilhando de momentos de ludicidade, então se
verificou que durante as sessões de atividades lúdicas as crianças
apresentavam comportamentos diferentes do observado informalmente pelos
pesquisadores fora da brinquedoteca, pois antes demonstravam um
comportamento hostil como relatado a seguir:
Chegamos e encontramos Branca de Neve, perguntamos pela sua mãe,
Branca de Neve não quis falar nada, fingiu não está ouvindo! Logo após a
convidamos para que participasse da atividade de pintura, quando começou a
pintar, levantou-se foi até a caixa de brinquedos pegou um estetoscópio e
auscutou meu coração e em seguida colocou o mesmo em minha testa, falou:
“Vamo ouvir u que a tia tá pensano, acho que tá pensano nas brincadeira”
sorriu e me abraçou!
Neste momento, ficou bastante claro que a brincadeira propicia
descontração para as crianças, assim como modifica o comportamento, que no
início era de agressividade e durante a atividade foi transformada em alegria e
carinho pela pesquisadora. É também possível vê que a atividade lúdica
melhora a comunicação da criança, pois antes a criança não quis falar e após
tomou a iniciativa de brincar com a pesquisadora, como bem destacado por
Barbosa Júnior (2008) o brincar proporciona situações na qual é necessária a
tomada de decisão, assumindo uma importante função na vida da criança
enferma, possibilitando através de brincadeiras que ela se sinta uma criança
capaz de se comunicar e se expressar.
Com relação à relevância da atividade lúdica para o tratamento do
câncer, a principal percebida pelos pesquisadores foi a melhora do cansaço e a
interação como observado nas falas dos responsáveis:
“Pesquisador: Você acha que a atividade lúdica ajuda no tratamento da sua
filha”?
“Mãe da Bela Adormecida: Eu percebo que quando ela brinca o cansaço vai
melhorando, porque se ela fica sem fazer nada, ela piora, fica mais cansada,
mas quando brinca, fica mais ativa, mais ativa mesmo… E é bom pra ela não
ficar em estado de isolamento.”
“Pesquisador: O que você acha sobre a atividade lúdica durante o tratamento
da sua filha?”
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“Mãe de Ariel: Ajuda bastante, eu acho muito boa essa ideia, ela fica bem
quando brinca!”
Durante a observação participante foi possível perceber que as crianças
se transformavam em crianças ativas, queriam escolher as brincadeiras,
demonstravam satisfação de estarem naquele local, com bastante euforia e
gargalhadas sonoras, umas ajudando as outras, confiantes, o que as
possibilitava de sair do isolamento causado pela doença, mesmo que por
algum tempo, e que apesar do tratamento, na hora da atividade elas
conseguem exercer o papel de criança, utilizando a imaginação, sendo que
nada as faz desistirem das brincadeiras, pois seus corpos mesmo que
enfermos são desejosos pela brincadeira proposta como um dos participantes
relatou a um dos pesquisadores:
Cinderela: “Tio hoje fui lá no hospital, tomei uma injeção no bumbum e tá
doendo que só! Mas eu quero brincar com vocês hoje, tá?!”
Assim os pesquisadores puderam observar que mesmo após as sessões
de tratamento as crianças não deixam de participar da brincadeira, pois isso as
divertem, lhes proporcionam bem-estar e apesar da dor não querem deixar de
participar, é como se quando elas brincassem, se conectassem a uma parte
deles que está ligado a alegria, a disposição, a vontade de viver.
O lúdico então pode ser percebido como uma retomada do viver, onde
este é uma experiência do campo criativo e afetivo do ser humano (OLIVEIRA
apud MACHADO, 2010). A ludicidade é relevante diante do processo de
adoecimento e tratamento, pois a brincadeira produz mudanças no
comportamento das crianças, como o sorriso, a gargalhada e a euforia, sendo
que além de proporcionar a criança com câncer a transição do desconforto ao
conforto, a atividade lúdica transforma rostinhos apáticos e sofridos, em
sorrisos, gargalhadas e gritos de satisfação (BARBOSA JUNIOR, 2008). Logo
a relevância do lúdico está em fortalecer o psicoemocional e
consequentemente favorecer a melhora do seu quadro clínico, desencadeando
a melhora no bem-estar, na qualidade de vida, no desenvolvimento integral e
na restauração da saúde ao longo do tratamento.
A atividade lúdica também se faz presente como estratégia de
enfrentamento da doença, principalmente como forma de esquecimento da
doença, como elencado a seguir:
16
“Pesquisador: O que você acha sobre a atividade lúdica durante o tratamento
da sua filha”
“Mãe da Branca de Neve: Ajuda por que ela esquece do tratamento, esquece
que no dia seguinte já tem que ir para o hospital!”
“Pesquisador: O que você acha sobre a atividade lúdica durante o tratamento
da sua filha?”
“Mãe de Jasmine: É bom, traz benefícios, principalmente por que distrai ela e
ela precisa disso!”
“Pesquisador: Qual a sua opinião sobre a prática de atividades lúdicas?”
“Avó de Capitão América: Quando ele tá brincando, eu percebo que ele tá
alegre apesar de tudo, por que para ele não é fácil, para a gente já não é,
imagina para ele que é uma criança, aí quando ele brinca, fica naquela
alegria, ele não andava agora já anda!”
Durante a atividade é percebido nos movimentos, expressões de
conforto momentâneo durante a participação do momento lúdico, como na fala
de Bela Adormecida:
“Pesquisador: Por que você gosta de brincar?”
Bela Adormecida: “Ah! Eu gosto muito de brincar, pra eu fica feliz mesmo, só
não gosto de levar agulhada, por que dói muito e eu sou pequena!”
Os pesquisadores observaram que o momento lúdico, é a ferramenta
utilizada pelas crianças como forma de esquecimento da doença, como
distração, pois quando estão na brinquedoteca, se tornam livres da doença que
são reféns, demonstram autoconfiança e melhora na autoestima. Como
exemplo vimos Jasmine uma menina de 6 anos que perdeu a perna esquerda
em uma cirurgia contra o osteossarcoma, mas que brinca e se diverte muito, se
aceita e enfrenta os obstáculos com firmeza, o que pode ser traduzido na auto
aceitação o que na visão dos pesquisadores é uma grande arma contra a
enfermidade. Nesse aspecto Souza (2012) destaca que a doença na infância é
vista como perda, perda dos prazeres e da liberdade de ser criança, perda de
uma vida normal e saudável, pois o diagnóstico de câncer produz na criança,
severos traumatismos emocionais, fazendo emergir sentimentos negativos,
mas o brincar devolve a capacidade da criança em apropriar-se de qualquer
situação vivenciada, apesar das dificuldades e limitações impostas pela
17
doença, a criança encontra-se com seu ego fortalecido e sua esperança viva
durante o lúdico.
Portanto, o lúdico enquanto terapêutico, dá chance para que a criança
supere uma situação de trauma, isso ocorre quando ela fala, simboliza e
representa tudo aquilo que a perturbou, pois a atividade lúdica é umas das
formas de revelar os conflitos internos da criança. Sendo que a experiência
lúdica é suficientemente rica em si mesmo, pois é capaz de crer no potencial
infantil para descobrir, relacionar e buscar soluções através de suas próprias
atitudes e pensamentos (KISHIMOTO, 1998).
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em suma, este estudo revela que as atividades lúdicas têm grande
importância na reabilitação de crianças portadoras de câncer, levando em
consideração os benefícios detectados, o lúdico se mostra um grande aliado
para a cura não só biológica, mas também psicológica, havendo melhora
significativa no bem-estar e na qualidade de vida da criança adoecida através
de experiências prazerosas que amenizam tantos momentos de tristeza e
temor.
Diante disto, o lúdico é uma estratégia de enfrentamento da doença, e
este contribui de maneira significativa para a melhora do estado geral de saúde
do paciente infantil, assim como proporciona o prosseguimento de seu
desenvolvimento cognitivo, social, afetivo e motor ao longo da doença.
Recomenda-se então que a atividade lúdica faça parte da rotina de
tratamento oncológico, com o intuito de fazer com que a criança melhor se
desenvolva e consiga enfrentar da melhor forma a doença da qual padece.
Observa-se ainda a importância de investigar outras áreas, a fim de
identificar perspectivas de atuação profissional do professor de Educação
Física, buscando possíveis avanços no entendimento desse objeto de estudo
na perspectiva da Educação Física, além de buscar o porquê desse
profissional não está inserido no atendimento de crianças com câncer, seja em
hospitais ou em casas de apoio, visto que este é capacitado para trabalhar o
desenvolvimento em suas mais variadas esferas, principalmente motor, sendo
que esta é umas das áreas mais afetadas pelo câncer, deixando como registro
o incentivo a pesquisas dessa natureza.
18
Abstract Children affected by cancer suffer from numerous disorders imposed by
the disease which suffer, aggravated by invasive and painful medical and hospital procedures to which they are submitted. The recreational activities come in the other via these disorders, becoming an important ally in fighting the disease, providing the ill child cancer benefits, since it is characterized by having therapeutic purposes, enabling a reduction cases resulting from cancer. For this, there was this case study, qualitative with a population of 10 children, aged between 1 and 11 years old using the services of the Institute Ronald McDonald, and their parents. They were used for data collection: interview with officials, recreational activities sessions and reports of children. It is concluded that the playful activity promotion is very important in the rehabilitation of children with cancer as it provides her the continued development and alleviates the suffering brought by a chronic disease in childhood.
Keywords:Childhood cancer.Playful activity.Treatment. Rehabilitation.
8. REFERÊNCIAS
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19
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WALLON, H. L’ evolutionpsychologique de l’efant. Paris: PUF, 1950.
21
ANEXO 1
ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA COM OS PAIS/CUIDADORES
ANTES DAS SESSÕES DE ATIVIDADE LÚDICA
1. Quadro clínico
1.1. Idade da criança
1.2. Qual tipo de câncer
1.3. É recidiva?
1.4. Qual ou quais tipos de tratamento a criança foi ou é
submetida?
1.5. A criança estuda? Qual série (ano)?
1.6. Há quanto tempo está no instituto?
2. De que modo à família encarou o descobrimento da doença?
3. Quais foram às estratégias de enfrentamento da doença utilizadas
pela família e pela criança?(Religiosa, medicamentosa, brincadeiras,
brinquedos, jogos).
4. A criança teve dificuldades de aceitar o tratamento?
5. Qual a brincadeira preferida da criança hoje? E antes?
6. Qual a sua opinião sobre a prática de atividades lúdicas durante o
tratamento contra o câncer?
7. Você acha que tem algum benefício? Se sim, quais?
8. Durante o tratamento teve algum momento que a criança não pôde
participar das atividades por que seria prejudicial ao tratamento?
22
ANEXO 2
CESSÃO DE DIREITOS SOBRE DEPOIMENTO ORAL
Pelo presente documento, eu, ___________________________________,
nacionalidade: ______________________, estado
civil:___________________, profissão:___________________________,
portador do documento de Identidade Nº:_______________, domiciliado e
residente na cidade de _______________, endereço:
________________________________________, nº:_____, bairro:
______________________, declaro ceder aos pesquisadores Daniella Rocha
Bittencourt e Marlyson Miguel Costa de Menezes, portadores do documento de
Identidade Nº:7551503 e 6556311, bem como a Universidade do Estado do
Pará, sem quaisquer restrições quanto aos seus efeitos patrimoniais e
financeiros, de maneira total e definitiva os direitos autorais do depoimento
(áudio e/ou vídeo) e da transcrição do mesmo, que prestei aos referidos
pesquisadores em _______ de _____________ de 201__, num total de
________ horas gravadas. Os referidos pesquisadores ficarão com a custódia
desta entrevista e poderão disponibilizá-la para consulta e utilização por outros
pesquisadores através do acervo do Curso de Educação Física da
Universidade do Estado do Pará.
___________________________, _____ de ________________ de 201____.
_____________________________________________________
Assinatura do Entrevistado
_____________________________________________________
_____________________________________________________
Assinatura dos Pesquisadores
23
ANEXO 3
SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO PARA PESQUISA
INSTITUTO RONALD MC DONALD ASSOCIAÇÃO COLORINDO A VIDA
Belém, ___ de _____ de 2016.
Gerência do Instituto, Nós, Daniella Rocha Bittencourt e Marlyson Miguel Costa de Menezes,
responsáveis principais pelo projeto de Trabalho de Conclusão de Curso, o
qual pertence ao curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade
do Estado do Pará, viemos pelo presente, solicitar, através da Gerência do
referido local, autorização para realizar uma pesquisa, que tem como objetivo
identificar os benefícios da atividade lúdica na reabilitação de crianças
portadoras de câncer, além de verificar relevância da mesma para o tratamento
do câncer infantil, assim como analisa-la como estratégia de enfrentamento da
doença. Orientados pela Professora Ms Vera Solange Pires Gomes de Sousa.
A coleta de dados deste projeto será iniciada atendendo todas as
solicitações administrativas dessa Gerência. Contamos com a autorização
desta instituição e nos colocamos à disposição para qualquer esclarecimento.
Atenciosamente,
____________________________ Graduanda Daniella Rocha Bittencourt
[email protected] (91) 98276-7198 Universidade do Estado do Pará
______________________________ Graduando Marlyson Miguel Costa de Menezes
[email protected] (91) 98271-0440 Universidade do Estado do Pará
_____________________________ Orientadora ProfªMs Vera Solange Pires Gomes de Sousa
[email protected] (91) 98393-1396 Universidade do Estado do Pará
24
ANEXO 4
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título: OS BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE LÚDICA NA REABILITAÇÃO DE
CRIANÇAS PORTADORAS DE CÂNCER.
A proposta da pesquisa consiste em identificar os benefícios da
atividade lúdica na reabilitação de crianças portadoras de câncer, além de
verificar relevância da mesma para o tratamento do câncer infantil, assim como
analisa-la como estratégia de enfrentamento da doença.
. No processo da pesquisa, serão aplicadas entrevistas com os pais ou
responsáveis da criança, e sessões de atividades lúdicas com as crianças.
A pesquisa não oferece riscos ao participante, com o compromisso
destes pesquisadores de não haver eventuais constrangimentos no decorrer do
trabalho, com a ciência de que a privacidade dos sujeitos da pesquisa será
respeitada, ou seja, o nome ou qualquer outro dado ou elemento que possa de
qualquer forma identificar os participantes, será mantido em sigilo. Sendo
assim, este estudo beneficiará a comunidade acadêmica e aos participantes
por poder divulgar o trabalho de um instituto que tem como principal causa a
luta contra o câncer infanto-juvenil e que precisa ser reconhecido e divulgado
como tal.
Em qualquer momento do estudo os participantes terão acesso aos
pesquisadores para esclarecimento de dúvidas. A assinatura do TCLE será
realizada após a aceitação de participar da pesquisa, no local de sua escolha,
onde serão coletadas as informações.
Os pesquisadores são a Graduanda em Licenciatura em Educação
Física Daniella Rocha Bittencourt, cujo telefone (91) 98276-7198, o Graduando
em Licenciatura em Educação Física Marlyson Miguel Costa de Menezes, cujo
telefone (91)98271-0440 e sua Orientadora a Prof.ªMs. Vera Solange Pires
Gomes de Sousa, telefone (91) 98393-1396, todos encontrados na
Universidade do Estado do Pará (UEPA), Campus III (CCBS), localizada na
Avenida João Paulo II, Nº 817 - Belém- PA.
É garantida aos participantes a liberdade de deixar de participar do
estudo, sem qualquer prejuízo, bem como terem direito a se manter informados
25
a respeito dos resultados parciais da pesquisa e de sua finalização. Não há
despesas pessoais para o participante em qualquer fase do estudo. Também
não haverá nenhum pagamento por sua participação. Este trabalho será
realizado com recursos próprios dos autores. Os pesquisadores utilizarão os
dados coletados para esta pesquisa, podendo vir a ser exposta e publicada
futuramente.
_____________________________________________
Graduanda Daniella Rocha Bittencourt
Pesquisador 1
_____________________________________________
Graduando Marlyson Miguel Costa de Menezes
Pesquisador 2
_____________________________________________
Prof.ªMs. Vera Solange Pires Gomes de Sousa
Pesquisadora responsável e orientadora
Eu, ____________, RG __________, abaixo assinado, responsável por
__________, autorizo sua participação no estudo: Os benefícios da atividade
lúdica na reabilitação de crianças portadoras de câncer, como sujeito.Declaro
que compreendi as informações que li, me sinto esclarecido sobre o conteúdo
da pesquisa, assim como os seus riscos e benefícios. Declaro ainda que por
minha livre vontade, aceito participar da pesquisa cooperando com a coleta de
dados, podendo retirar meu consentimento a qualquer momento, sem
necessidade de justificar o motivo da desistência.
Belém, ____, de ___________________de ______.
__________________________________________
Assinatura do participante da pesquisa