bianchi, a gramsci y la politica

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7 Rev. Sociol. Polít., Curitiba, 29, p. 7-13, nov. 2007 DOSSIÊ “GRAMSCI E A POLÍTICA” Apresentação Recebido em 15 de outubro de 2007. Aprovado em 19 de novembro de 2007. É inegável a influência do pensamento de An- tonio Gramsci nas Ciências Sociais brasileiras 1 . Desde que Florestan Fernandes levou a cabo o complexo e sofisticado projeto intelectual de fu- são do método funcionalista de Émile Durkheim com o método compreensivo de Max Weber e o método dialético de Karl Marx, este último havia recebido a legitimidade que lhe permitia integrar a matriz do pensamento social brasileiro. E mesmo aceito a contragosto por uma ciência em via de institucionalização, ele lá permaneceu como um dos clássicos das Ciências Sociais, ou pelo me- nos dessa forma particular que as Ciências Soci- ais assumiram em nosso país. Mas Gramsci? O que ele está fazendo nessa matriz? Uma reconstrução da trajetória de difusão do pensamento de Antonio Gramsci no Brasil é, tam- bém, uma história de sua publicação. Essa traje- tória começa imediatamente após a morte do mar- xista sardo, em abril de 1937, quando sua cunha- da Tatiana Schucht e o líder comunista Palmiro Togliatti se empenharam para recuperar os cader- nos que Gramsci havia redigido na prisão e levá- los em segurança para Moscou. Em 1947, a Edi- tora Einaudi começou a publicar esses escritos. Primeiro, um volume reunindo suas cartas (Lettere dal carcere) e, a partir de 1948, o texto que ele havia anotado de modo caprichoso em 33 cader- nos escolares de capa dura. Os volumes publica- dos foram, entretanto, organizados tematicamente e vieram à luz com títulos arbitrariamente atribu- ídos pelos editores: Il materialismo storico e la filosofia di Benedetto Croce (1948); Gli intelletualli e l’organizazione della cultura (1949); Il Risorgimento (1949); Note sul Macchiavelli, sulla politica e sullo Stato moderno (1949); Letteratura e vita nazionale (1950); e Passato e presente (1951). As críticas a essa edição são bastante conhe- cidas (cf., p. ex., BIANCHI, 2007) e não vale a pena se estender nelas aqui. Mas é importante as- sinalar, mesmo que brevemente, que a opção dos editores de organizar tematicamente as notas inseridas originalmente em diferentes cadernos produzia a impressão de um texto acabado e coe- rente, organizado de acordo com os critérios en- ciclopédicos assentados em “uma hierarquia dis- ciplinar de tipo medieval e idealista: primeiro a fi- losofia, depois a cultura em geral, a história, a política e, por último, a literatura e a arte” (MONASTA, 1985, p. 32). A estrutura da edição obedecia, ainda, ao claro empenho do Partido Comunista Italiano, e particularmente de Palmiro Togliatti, de inserir Gramsci, e em decorrência seu partido, no vértice da cultura nacional italiana. Foi com base nessa edição temática, a única existente então, que se materializou, em 1967, o primeiro projeto de edição das obras de Gramsci no Brasil. Ao reconstruir a história dessa edição, um de seus protagonistas, Carlos Nelson Coutinho (1999b, p. 32-38), analisou a correspondência do editor-proprietário da Editora Civilização Brasilei- ra, Ênio Silveira, com o diretor do Istituto Gramsci, Franco Ferri, e estabeleceu que desde outubro de 1962 discutia-se a publicação dessa obra no Bra- sil. O projeto foi dirigido pessoalmente por Silveira, que optou, já no início das negociações com o Istituto Gramsci, por suprimir os volumes O Risorgimento e Passado e presente da edição bra- sileira. Em 1966, foi publicado o primeiro dos volu- mes projetados (Cartas do cárcere) e, a seguir, Concepção dialética da história (1966), nome escolhido para burlar a censura; Literatura e vida 1 Chama a atenção, por exemplo, o número de vezes que Antonio Gramsci foi citado em um recente volume de en- trevistas com sociólogos brasileiros (BASTOS et alii, 2006).

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Concepción de la política en Gramsci

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Page 1: Bianchi, A Gramsci y La Politica

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REVISTA DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA Nº 29: 7-14 NOV. 2007

Rev. Sociol. Polít., Curitiba, 29, p. 7-13, nov. 2007

DOSSIÊ “GRAMSCI E A POLÍTICA”

Apresentação

Recebido em 15 de outubro de 2007.Aprovado em 19 de novembro de 2007.

É inegável a influência do pensamento de An-tonio Gramsci nas Ciências Sociais brasileiras1.Desde que Florestan Fernandes levou a cabo ocomplexo e sofisticado projeto intelectual de fu-são do método funcionalista de Émile Durkheimcom o método compreensivo de Max Weber e ométodo dialético de Karl Marx, este último haviarecebido a legitimidade que lhe permitia integrar amatriz do pensamento social brasileiro. E mesmoaceito a contragosto por uma ciência em via deinstitucionalização, ele lá permaneceu como umdos clássicos das Ciências Sociais, ou pelo me-nos dessa forma particular que as Ciências Soci-ais assumiram em nosso país. Mas Gramsci? Oque ele está fazendo nessa matriz?

Uma reconstrução da trajetória de difusão dopensamento de Antonio Gramsci no Brasil é, tam-bém, uma história de sua publicação. Essa traje-tória começa imediatamente após a morte do mar-xista sardo, em abril de 1937, quando sua cunha-da Tatiana Schucht e o líder comunista PalmiroTogliatti se empenharam para recuperar os cader-nos que Gramsci havia redigido na prisão e levá-los em segurança para Moscou. Em 1947, a Edi-tora Einaudi começou a publicar esses escritos.Primeiro, um volume reunindo suas cartas (Letteredal carcere) e, a partir de 1948, o texto que elehavia anotado de modo caprichoso em 33 cader-nos escolares de capa dura. Os volumes publica-dos foram, entretanto, organizados tematicamentee vieram à luz com títulos arbitrariamente atribu-ídos pelos editores: Il materialismo storico e lafilosofia di Benedetto Croce (1948); Gliintelletualli e l’organizazione della cultura (1949);Il Risorgimento (1949); Note sul Macchiavelli,

sulla politica e sullo Stato moderno (1949);Letteratura e vita nazionale (1950); e Passato epresente (1951).

As críticas a essa edição são bastante conhe-cidas (cf., p. ex., BIANCHI, 2007) e não vale apena se estender nelas aqui. Mas é importante as-sinalar, mesmo que brevemente, que a opção doseditores de organizar tematicamente as notasinseridas originalmente em diferentes cadernosproduzia a impressão de um texto acabado e coe-rente, organizado de acordo com os critérios en-ciclopédicos assentados em “uma hierarquia dis-ciplinar de tipo medieval e idealista: primeiro a fi-losofia, depois a cultura em geral, a história, apolítica e, por último, a literatura e a arte”(MONASTA, 1985, p. 32). A estrutura da ediçãoobedecia, ainda, ao claro empenho do PartidoComunista Italiano, e particularmente de PalmiroTogliatti, de inserir Gramsci, e em decorrência seupartido, no vértice da cultura nacional italiana.

Foi com base nessa edição temática, a únicaexistente então, que se materializou, em 1967, oprimeiro projeto de edição das obras de Gramscino Brasil. Ao reconstruir a história dessa edição,um de seus protagonistas, Carlos Nelson Coutinho(1999b, p. 32-38), analisou a correspondência doeditor-proprietário da Editora Civilização Brasilei-ra, Ênio Silveira, com o diretor do Istituto Gramsci,Franco Ferri, e estabeleceu que desde outubro de1962 discutia-se a publicação dessa obra no Bra-sil. O projeto foi dirigido pessoalmente por Silveira,que optou, já no início das negociações com oIstituto Gramsci, por suprimir os volumes ORisorgimento e Passado e presente da edição bra-sileira.

Em 1966, foi publicado o primeiro dos volu-mes projetados (Cartas do cárcere) e, a seguir,Concepção dialética da história (1966), nomeescolhido para burlar a censura; Literatura e vida

1 Chama a atenção, por exemplo, o número de vezes queAntonio Gramsci foi citado em um recente volume de en-trevistas com sociólogos brasileiros (BASTOS et alii, 2006).

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APRESENTAÇÃO

nacional (1966); Maquiavel, a política e o Esta-do moderno (1968); e Os intelectuais e a organi-zação da cultura (1968). Luiz Mario Gazzaneotraduziu o primeiro dos volumes dos Cadernos docárcere e Carlos Nelson Coutinho e LeandroKonder, os demais. Tanto o editor-proprietário daCivilização Brasileira como os tradutores dessaedição tinham vínculos com o Partido ComunistaBrasileiro (PCB). Mas foi apenas na margem des-se partido e entre os intelectuais que a obra deGramsci repercutiu, deixando uma marca apenasmuito tênue no debate político da época. Por ou-tro lado, como reconheceu Coutinho (1999a, p.286), essa primeira difusão da obra de Gramscino Brasil ainda estava muito marcada pela moda-lidade de difusão que teve na Itália e enfatizava osaspectos filosóficos e culturais da obra do mar-xista sardo, o que fica evidente na ordem de pu-blicação escolhida.

A publicação do último dos volumes coincidiucom a promulgação do Ato Institucional n. 5 ecom a aguda restrição ao debate de idéias queocorreu a partir dele. Afastado dos partidos políti-cos e dos movimentos sociais, foi nas universida-des, e principalmente nos cursos de Ciências So-ciais, que essas idéias de Antonio Gramsci ganha-ram sua nova morada. Fernando Henrique Cardo-so, por exemplo, publicou, em 1967, na revistaLes temps modernes, o ensaio “Hegemonia bur-guesa e independência econômica: raízes estrutu-rais da crise política brasileira” e, embora não ci-tasse Gramsci, parece evidente a inspiração (CAR-DOSO, 1977). A referência direta ao marxistasardo não tardará a aparecer, e já em Política edesenvolvimento em sociedades dependentes, obracujo prefácio é datado de 1969, Cardoso cita-o(1971, p. 11).

Embora ocasionais, as referências a Gramscisão freqüentes na obra que Cardoso produziu aolongo dos anos 1970. Entre elas, merece desta-que as que aparecem em um artigo de 1974 sobrea questão do Estado no Brasil, depois incluído novolume Autoritarismo e democratização (CARDO-SO, 1975, p. 187-221). Nesse artigo, seu autorrecorria explicitamente à noção gramsciana dehegemonia para analisar a relação entre violênciae legitimidade ostentada pelo regime militar brasi-leiro. O uso da noção é preciso e demonstra co-nhecimento não apenas da obra de Gramsci, comotambém do debate animado por ela. Afirmava oautor desse texto que o exercício da hegemonia

por alguns setores das classes dominantes exigianão apenas a manutenção de formas de exclusãopolítica amparadas na violência, como também asatisfação de demandas dessas classes e, de mododesigual e assimétrico, o atendimento de deman-das das classes dominadas. E, a seguir, observa-va: “Não há novidade nesta caracterização, masela evita, pelo menos, os equívocos de uma inter-pretação liberal do pensamento gramsciano, quereduz a noção de hegemonia à de consenso e trans-forma o problema político fundamental na discus-são da legitimidade” (idem, p. 194)2.

A valorização do momento da força e da coer-ção no pensamento gramsciano afastava a leiturade Cardoso daquela levada a cabo precedentemen-te por outro professor da Universidade de SãoPaulo. Desde a década de 1960, Oliveiros S.Ferreira excursionava pela obra de Gramsci, ten-do orientado, em 1972, a dissertação de MarioInnocentini (1972) sobre o conceito de hegemonia,primeiro trabalho acadêmico exclusivamente de-votado ao pensamento do marxista sardo. A refle-xão de Ferreira desembocaria, posteriormente, emsua tese de livre-docência, defendida em 1983,intitulada Os 45 cavaleiros húngaros: uma leiturados Cadernos de Gramsci (FERREIRA, 1986). Aleitura heterodoxa do texto gramsciano levada acabo por Ferreira o conduzia a destacar de formaestrita a relação existente entre hegemonia e con-senso, dando a impressão de “querer exorcizar oelemento força do elemento teórico de Gramsci”(NOGUEIRA, 1999, p. 137). Contraditoriamen-te, esse destaque permitia que Ferreira atribuísseà força uma posição dominante na política (idem,p. 136).

Ainda nessa universidade, Francisco Weffortcitou a teoria do Estado de Gramsci em um estu-do sobre as greves de 1968 em Osasco e Conta-gem (WEFFORT, 1972, p. 22), procurando, pormeio desse autor, distinguir “organizaçõescorporativas” de “organizações políticas”. A ques-tão de fundo dizia respeito à própria teoria do Es-tado e da hegemonia, bem como à decorrente dis-tinção entre as funções de dominação e represen-

2 Não deixa de ser paradoxal que, mais de 20 anos depois,o mesmo Fernando Henrique Cardoso, referindo-se aomesmo Gramsci, afirme que ele “injeta então o que hojeseria chamado de liberalismo, os valores de liberdade, dina-mismo, responsabilidade individual” (CARDOSO, 1997).

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tação de interesses. O mesmo professor, a partirde 1973, tratou da teoria política do autor dosQuaderni nos Seminários de Pós-Graduação rea-lizados na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciên-cias Humanas (cf. SIMIONATTO, 2004, p. 110).Foi também nesses anos que teve lugar a pesqui-sa que sustentou a tese de doutorado de LuizWerneck Vianna, Liberalismo e sindicato no Bra-sil, defendida em 1976, sob a orientação do mes-mo Weffort, na qual o autor recorria de modointenso a Gramsci para construir uma originalinterpretação de nosso país com base no conceitode revolução passiva (VIANNA, 1976)3.

Essa primeira recepção de Gramsci nas Ciên-cias Sociais brasileiras e, particularmente, naque-la que era praticada na Universidade de São Pauloteve como característica o fato de tratar Gramscicomo um pensador da política. Foi como compo-nente fundamental para a reflexão a respeito dasmúltiplas dimensões da política e, particularmen-te, da teoria do Estado que Gramsci passou a serlido. Os temas da filosofia e da cultura que mar-cavam o período anterior ao AI-5 não desapare-cem, entretanto. Assim, a questão da ideologia eralida em uma chave althusseriana que não deixavade esconder a forte presença de Gramsci na tesede doutorado defendida por Miriam Limoeiro Car-doso (1977), sob a orientação do professor LuizPereira. Também na Sociologia da USP, SérgioMiceli tinha Gramsci como uma das chaves teóri-cas com base nas quais procurava pensar os inte-lectuais (cf. BASTOS et alii, 2006, p. 231) e che-gou, até mesmo, a escrever uma monografia, nãopublicada, versando sobre ideologia, aparelhos deEstado e intelectuais em Gramsci (cf. SECCO,2002, p. 106)4.

A difusão de Gramsci no ambiente acadêmiconão se limitava à USP. Na mesma cidade, naPontifícia Universidade Católica (PUC-SP), esteera parte do programa da disciplina de Teoria So-ciológica, ministrada pela professora Maria Andréa

Rios Loyola no curso de mestrado em CiênciasSociais, em 1974, e na disciplina de Sociologia,ministrada na graduação desse curso pelas pro-fessoras Maura Pardini Bicudo Véras e Maria He-lena Almeida, no mesmo ano (cf. SIMIONATTO,2004, p. 115). Também é possível encontrar apresença desse autor no trabalho de Safira Bezer-ra Ammann no curso de mestrado em Sociologiada Universidade de Brasília e, pouco depois, nodiálogo que ela manteve com Aldayr Brasil Barthy(idem, p. 187) sobre o Serviço Social.

A partir de 1975, esse lento movimento de di-fusão das idéias no interior da universidade quecaracterizava a recepção de Gramsci no Brasiladquiriu novo vigor. Com os primeiros sinais decrise da ditadura militar, teve lugar um intensodebate político, do qual Gramsci era um dos pro-tagonistas. Sinal dos tempos, em 1976 já era pos-sível Carlos Nelson Coutinho publicar um artigoem um jornal de circulação nacional a respeito domarxista sardo. A intensidade do debate cresceunos anos subseqüentes e atingiu seu ápice porocasião da publicação, em 1979, pelo mesmo au-tor do ensaio, de A democracia como valor uni-versal, no qual algumas das idéias doeurocomunismo eram traduzidas para a realidadebrasileira (COUTINHO, 1980, p. 17-41).

O debate não se restringiu ao Partido Comu-nista Brasileiro e suscitou intervenções importan-tes de militantes que se identificavam com o re-cém-criado Partido dos Trabalhadores, como asde Francisco Weffort (1984) e de Marilena Chauí(2006) e, ainda, de militantes comunistas críticosao PCB que se expressavam em revistas comoDebate, editada por João Quartim de Moraes emParis. É interessante notar que, nesse debate,Gramsci ocupou posições não apenas em parti-dos e organizações diferentes, como também emtrincheiras antagônicas. Assim, é possívelencontrá-lo tanto ao lado de Coutinho, que reivin-dicava o autor dos Quaderni como uma das fon-tes teóricas da renovação da esquerda e darevalorização da democracia, como junto a P.Rozemiro (1980), que, nas páginas da revistaDebate, publicada no exílio, recorria ao conceitode transformismo para contestar Coutinho. O pró-prio Coutinho (1981) procurou consolidar a posi-ção de Gramsci a seu lado com a publicação da-quela que iria se tornar uma das matrizes de inter-pretação do pensamento de Gramsci no Brasil, naqual o autor dos Quaderni aparece, ao lado de

3 Segundo narra Werneck Vianna, seu contato com o pen-samento de Gramsci teria ocorrido na década de 1960, ain-da no Rio de Janeiro, por meio de “um militante do PCB,negro, vindo da favela”. Teria sido, ainda, o próprio WerneckVianna quem apresentou a obra do marxista sardo a Fran-cisco Weffort, no começo dos anos 1970 (cf. BASTOS etalii, 2006, p. 167).4 Por essa época, também escreveria sobre o tema dosintelectuais Alfredo Bosi (1975).

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APRESENTAÇÃO

Togliatti, como um precursor das idéias doeurocomunismo contemporâneo5.

Ao mesmo tempo em que se manifestaram demodo intenso no debate político, as idéias deGramsci encontravam novos espaços de expres-são nas universidades. No final dos anos 1970,primeiro na PUC-SP, por iniciativa do professorDemerval Saviani, teve início a difusão do pensa-mento de Gramsci nos cursos de Educação (cf.SAVIANI, 2004; NOSELLA, 2004). É do mesmoperíodo a apropriação dessas idéias nos cursos deServiço Social. Além do já citado trabalho deAmmann, em Brasília, estabeleceu-se um centroimportante de difusão no Rio de Janeiro, ondeMiriam Limoeiro Cardoso reuniu, sob sua orien-tação, na Pontifícia Universidade Católica do Riode Janeiro (PUC-RJ), um expressivo grupo deprofissionais do Serviço Social (cf.SIMIONATTO, 2004, p. 188-189).

Foi também no final dos anos 1970 que o pen-samento de Gramsci passou a ocupar um maiorespaço no Instituto de Filosofia e Ciências Huma-nas da Universidade Estadual de Campinas(Unicamp). Nesse momento, teve início a pesqui-sa de Edmundo Fernandes Dias, até então forte-mente influenciado pela obra de Althusser, sobreo pensamento de Antonio Gramsci. Dias, que ha-via tomado contato com as idéias de Gramsci ain-da no Rio de Janeiro, em 1974, contribuiu decisi-vamente para o progresso dos estudos a seu res-peito no Brasil, destacando, de modo precursor,os escritos de juventude do marxista sardo (ver,p. ex., DIAS, 1979; 1981)6. A questão-chave queparece organizar a pesquisa de Dias nesse perío-do é a da complexa relação entre partido, sindica-tos e conselhos fortemente presente no debatepolítico da época. A questão aparece de modo in-tenso nos escritos gramscianos do período cha-mado Bienio Rosso (1919-1920), mas a hipóteseque sustenta a pesquisa vai além dessa constataçãoóbvia e se assenta na idéia, em grande medida ino-vadora, de que “a questão da hegemonia já se en-contra presente, em 1916, em estado prático”,

formulação que não esconde a existência de umaepistemologia que, em certa medida, apresenta-seainda de modo althusseriano (DIAS, 2000, p. 14).Essa valorização do pensamento do jovem Gramscipermitiu a seu autor construir uma leitura na qual“a reflexão central de Gramsci é a necessidade dese pensar historicamente a questão da revoluçãosocialista na Itália” (idem, p. 16). Colocando aquestão desse modo, Dias apresentaria a formu-lação mais consistente de uma interpretação alter-nativa àquela apresentada por Carlos NelsonCoutinho (cf. DIAS, 1996; 2006, p. 21-126).

Gramsci também ocupou seu lugar na Filoso-fia da Unicamp, onde, em 1982, Michel Debrundefendeu uma tese de livre-docência sobre a filo-sofia do marxista sardo, publicada postumamente(cf. DEBRUN, 2001). Sua heterodoxa leitura en-contrava em Gramsci a afirmação de um papelestruturador da filosofia em relação às demaissuperestruturas. Com base nesse pressuposto,Debrun apresentava uma filosofia em Gramsci queassumia, ao contrário do que Althusser havia afir-mado, uma “démarche acentuadamente teórica”(idem, p. 29), na medida em que, por um lado,organizava o discurso gramsciano, dando-lhe co-erência, e, por outro, na medida em que impor-tantes conceitos, como hegemonia e sociedadecivil, aproximavam teoricamente a filosofia doâmbito da política. Além de Dias e Debrun, é im-portante destacar, ainda, o grande número de pro-fessores e pesquisadores da Unicamp que utiliza-ram o pensamento de Gramsci de modo diverso ecriativo em suas pesquisas: Evelina Dagnino, Otá-vio Ianni, Caio Navarro de Toledo, Edgar de Decca,Renata Ortiz, Sebastião Velasco e Cruz, WalquíriaLeão Rego e Ângela Araújo, entre outros.

Embora a referência a Gramsci fosse cada vezmais freqüente a partir do final dos anos 1970,tornando-se seu pensamento um importante ca-pítulo da gramática das Ciências Sociais brasilei-ras, esse mesmo pensamento não foi, com a mes-ma freqüência, objeto de estudos monográficos.A difusão das idéias de Gramsci nas universida-des e centros de pesquisas permitiu ultrapassaros estreitos limites da filosofia e da crítica cultu-ral que haviam sido impostos a seu pensamento.Mas, apesar de novas áreas de conhecimento te-rem sido abertas a suas idéias, essa recepção pare-ceu seguir a lógica das especialidades que a pró-pria edição temática dos cadernos impunha. Omarxista sardo foi apresentado, desse modo, comraras exceções, como um cientista político, um

5 Também poderíamos destacar outras matrizes, como aliberal, de Norberto Bobbio (1982), e a revolucionária, deEdmundo Fernandes Dias (2000).6 Antes do trabalho de Dias, que assumiu a forma de tesede doutorado, defendida na USP em 1984 (DIAS, 1986),alguns artigos haviam tratado desses escritos, embora demaneira muito circunscrita. Ver, p. ex., o pioneiro ensaio deMichael Löwy (1962).

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sociólogo, um historiador, um assistente social ouum educador, a depender das circunstâncias. Maso caráter orgânico de seu pensamento perdia-senessa fragmentação. Subsumido nos quadrosconceituais de cada uma dessas disciplinas,Gramsci aparecia freqüentemente como mais umareferência em meio a outras tantas.

Por sua vez, a rápida emergência de Gramscino debate político teve efeitos nem sempre positi-vos. Uma tendência a confundir o debate teóricocom o debate político-conjuntural foi preponde-rante, ignorando as advertências do próprioGramsci, que destacava as diferenças entre o“front político” e o “front filosófico”. Tornou-semuito freqüente, então, referir-se favorável oudesfavoravelmente ao marxista sardo, mas a re-flexão paciente sobre sua obra não ocorria com amesma freqüência. Partidos formais ou informais,bem como movimentos sociais, organizaram-se econstruíram suas identidades em torno das idéiasde hegemonia, sociedade civil e bloco histórico.Rapidamente, essas idéias deixaram de expressarsofisticados e complexos conceitos e se transfor-maram em slogans políticos. A rápidainstrumentalização de seu pensamento teve comoconseqüência sua difusão em um senso comumpolítico e intelectual, mas a contrapartida não foiuma ampliação simultânea dos estudosgramscianos. Gramsci foi, assim, muito citado,mas parece ter sido pouco lido e estudado.

Recentemente, esse descompasso entre a di-fusão do pensamento de Antonio Gramsci e a con-solidação dos estudos sobre sua obra parece terdiminuído. A publicação de uma nova edição bra-sileira dos Cadernos do cárcere, pela editora Civi-lização Brasileira (GRAMSCI, 1999-2002), coin-cidiu, dessa vez, com um renascimento dos estu-dos dedicados ao pensamento do marxista sardo7.A partir de meados dos anos 1990, um númeroconsiderável de novos estudos monográficos de

autores brasileiros tem sido lançado e antigos tra-balhos têm encontrado público para reedições. Otema da política continua a ser privilegiado (cf.,p. ex., COUTINHO, 1999; SEMERARO, 1999;DIAS, 2000; SCHLESENER, 2002; DEL ROIO,2005; SECCO, 2006), ao lado do pensamento fi-losófico (cf., p. ex., DEBRUN, 2001;SEMERARO, 2006) e pedagógico de Gramsci(cf., p. ex., JESUS, 1998; SANTOS, 2000; SO-ARES, 2000; NOSELLA, 2004). Mas novos te-mas têm entrado na agenda de pesquisa, como asrelações internacionais (p. ex., RAMOS, 2005) eaté mesmo a Psicanálise (RUIZ, 1998).

O dossiê que o leitor da Revista de Sociologiae Política tem agora em mãos tem por objetivoapresentar alguns artigos que caracterizam essanova fase dos estudos gramscianos 70 anos apósa morte do autor dos Quaderni del carcere. Comonão poderia deixar de ser, nesta revista, a reflexãosobre a política ocupa um lugar importante no con-junto de textos. As lentes pelas quais a política éenfocada são, entretanto, diferentes, produzindoum quadro complexo. Dada a variedade dosenfoques adotados, pareceu prudente iniciar odossiê discutindo o próprio conceito de política ea possibilidade de “ciência da política”. Tratei dessetema no artigo que abre o dossiê procurando apre-sentar o esforço de Gramsci com vistas a umareconstrução crítica da scienza politica italiana.O diálogo de Gramsci com Maquiavel era eviden-temente fundamental para esse propósito, mastambém é preciso destacar o impacto que a leitu-ra que Benedetto Croce fez do secretário florentinoteve sobre o marxista sardo. Foi por meio dessediálogo crítico que Gramsci adentrou na tradiçãopolítica italiana, fortemente marcada pelo realis-mo de Maquiavel. Mas o realismo que o autor dosQuaderni foi buscar no florentino não é o mesmoque inspirou, em diferentes medidas, GaetanoMosca e Vilfredo Pareto. Trata-se, ao invés, deum “realismo popular”, no qual a compreensãoda “verdade efetiva da coisa” não implica uma jus-tificação do presente nem anula o desejo de trans-formação social. Os demais artigos mostram acomplexidade desse empreendimento e alguns dosdesacordos existentes entre os intérpretes a seurespeito.

Rita Medici retoma o tema do Estado emGramsci, um dos mais freqüentados pela literatu-ra crítica, discutindo um ponto problemático dosQuaderni: a temática da extinção. Chama a aten-ção, no tratamento dado pela professora da

7 A nova edição, coordenada por Carlos Nelson Coutinho,corrige muitos dos problemas da edição anterior e tem avirtude de apresentar os chamados cadernos especiais emsua completude. Pela primeira vez, foram publicadas emportuguês as importantes notas do Quaderno 19, dedicadasao Risorgimento italiano. A opção de eliminar a primeiraversão das notas gramscianas (denominados na edição crí-tica coordenada por Valentino Gerratana de textos A) e dereordenar tematicamente as notas dos cadernos ditosmiscelâneos não deixa, entretanto, de ser passível de críti-ca, na medida em que reproduz um vício já presente naanterior edição temática (cf. BIANCHI, 2007).

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APRESENTAÇÃO

Università di Bologna, que essa questão deva serinvestigada para além daquele conjunto de notasmuito citado, nos quais a relação entre sociedadepolítica e sociedade civil é apresentada nosQuaderni. A questão do Estado cruza a reflexãogramsciana e encontra-se articulada, por exem-plo, ao tema do povo e da nação por meio da no-ção de “vida estatal”, com a qual Gramsci indica amáxima expressão que a existência autêntica deum povo encontra. A valorização dessa noção per-mitiria passar da filosofia política à antropologiapara, a seguir, retornar à política a partir de umaperspectiva totalizante.

A “antropologia” dos Quaderni é uma das áre-as dos estudos gramscianos mais valorizadascontemporaneamente. Por meio da apropriação queos Cultural Studies, primeiro, e os SubalternStudies, depois, fizeram da noção de subalterno,uma nova frente de expansão dos estudosgramscianos teve lugar, principalmente em paísesanglófonos. Em seu artigo, Marcos Del Roio ana-lisa essa noção, destacando a possibilidade de, pormeio dela, superar os claros limites que oculturalismo impôs a si próprio. Por meio do de-senvolvimento de uma perspectiva originalmentemeridionalista, Gramsci teria concebido uma ques-tão meridional planetária, tradução de uma ques-tão colonial. Notável no artigo é, também, umaperspectiva que procura integrar a análise dos tex-tos escritos por Gramsci antes de sua prisão como estudo das notas produzidas no cárcere.

O artigo de Adam David Morton é representa-tivo da difusão do pensamento de Gramsci noâmbito da teoria das Relações Internacionais8. Parao intérprete, o pensamento do autor dos Quadernipermite conceber a relação existente entre o siste-

ma de Estados e a modernidade capitalista. O con-ceito-chave para tal é o de revolução passiva, oqual revelaria o domínio político do capital. A aná-lise levada a cabo por Gramsci no Quaderno 22,aquele dedicado à análise dos fenômenos doamericanismo e do fordismo, serviria de modelopara a compreensão da expansão de um modo deorganização da produção que se impõe em escalainternacional e encontra seus suportes nessa di-mensão.

Last but not least, dois artigos completam estedossiê. Rosemary Dore traz à tona a discussão deGramsci sobre as “revistas tipo”, relacionada àorganização de um trabalho cultural visando a ori-entar a instituição de um centro homogêneo decultura para a conquista da hegemonia. Destacan-do um tema que pouca atenção tem merecido porparte dos pesquisadores, a autora revela a com-plexidade e o caráter multifacético da reflexãogramsciana. Giovanni Semeraro, por sua vez, apartir das influências exercidas pelas idéias dePaulo Freire e Antonio Gramsci na esquerda bra-sileira, reinterpreta, à luz das mudanças políticase culturais atualmente em curso no Brasil e naAmérica Latina, os paradigmas da libertação e dahegemonia representados por esses autores.

Este dossiê não apresenta uma determinadaleitura de Gramsci nem foi concebido com essepropósito. Dado o atual estágio de desenvolvimentodos estudos gramscianos, pareceu mais produti-vo retratar a diversidade temática e interpretativaque os caracterizam. O quadro desenhado nãodeixa de ser, entretanto, incompleto. Mas suaincompletude é também sinal do muito que há aindapor fazer, dos campos de pesquisa que permane-cem por desbravar, dos temas que exigem novaspesquisas e dos obstáculos teóricos eepistemológicos que é preciso remover.

Álvaro Bianchi8 Uma importante amostra dessa difusão pode ser vista nacoletânea organizada por Stephen Gill (2007), recentemen-te publicada no Brasil.

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Álvaro Bianchi ([email protected]) é Professor do Departamento de Ciência Política da Universi-dade Estadual de Campinas (Unicamp), Diretor do Centro de Estudos Marxistas (Cemarx) e Secretáriode Redação da revista Outubro.

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