biblioteca escolar e práticas educativas - o mediador em formação
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Prefácio
[...] Cyntia Graziela Guizelim Simões e Renata Junqueira de Souza (2009, p.
10), considera o mediador de leitura como aquele que discute, promove e facilita a
compreensão, o dialogo entre o texto e o leitor. (p. 10)
[...] somente assegurar o acesso dos estudantes a uma boa quantidade e
diversidade de livro não garantem o êxito na formação do leitor. Faz-se necessário
que haja um investimento em cursos de formação continuada de professores,
agentes de leitura e etc., buscando inseri-los em experiências de compartilhamento
de leituras, de entusiasmo por esta atividade de produção de significados e de
diálogos entre texto, evidenciando, enfim, que, na prática de ler, há também um
componente afetivo e coletivo que não deve ser ignorado. (p. 11)
[...] a interpretação de uma obra literária faz-se no conhecimento de
significado que cada linguagem busca dar às realidades mostradas, por meio de
montagem e da remontagem, da construção de uma significação alegórica de cada
texto, em sua inteireza, com tudo que carrega de suas coerências e contradições. (p.
11)
[...] o ensino de literatura precisa ser democrático, assim como acesso a
obras em sala de aula e na biblioteca, e esse acesso precisa ser mediado por um
educador. (p. 12)
[...] a leitura pode atuar na cognição do leitor, representando uma
convivências particular com o mundo criado por meio do imaginário e, por
conseqüência, uma revisão de conceito prévios e a construção de uma nova visão
sobe as coisas. (p. 12)
Mais do que oferecer conhecer diversos gêneros literários, o professor o
bibliotecário, o mediador de leitura deveria ser conhecedor dos diversos modos de
ler, planejando momentos de leitura em voz alta, leitura silenciosa, leitura
compartilhada como parte das atividades do programa de leitura da biblioteca. (p.
13)
O autor afirma que a biblioteca escolar só pode cumprir a sua função de
integrar-se ao ensino numa escola, se o mediador que atua nesse espaço for um
profissional dinâmico, pois cabe a ele estabelecer interação entre a biblioteca e os
conteúdos. Para tanto, esse mediador precisa ser leitor, relacionar-se bem com os
alunos e com o corpo docente, e compreender a biblioteca da escola como local de
trabalho que acumula ações pedagógicas promovedoras do conhecimento de sua
comunidade. (p. 14)
Para o autor, a razão de ser da Educação escolar é a de promover o
desenvolvimento intelectual e social dos alunos. Para que essa educação atinja seus
objetivos, é necessário que sejam realizadas ações educativas e de promoção da
leitura em uma perspectiva de educação formativa. [...] O mediador ao objetivar o
ensino da literatura, considera as individualidades, as singularidades, as
necessidades de cada participante, mas sempre as compreendendo em sua
historicidade, levando-os a observar criticamente a realidade e construir uma nova
racionalidade. Tal esforço pressupõe o diálogo entre o saber sensível-prático e o
patrimônio cientifico produzido pela humanidade. (p. 16)
[...] a biblioteca deve ser transformada, por aqueles que trabalham neste
espaço, em um local de práticas da vida cotidiana, seja no aspecto informativo,
literário, cultural e/ou social. [...] Para tanto, os profissionais que nela atuam devem
criar em torno das ações de leitura e pesquisa um clima de liberdade e ludicidade.
(p. 16)
Além da mediação pedagógica, o bibliotecário é responsável pela mediação
da leitura literária e da informação. Para que ele exerça com competência suas
atribuições, precisa ser um leitor atento e desprendido de preconceitos, empático e
versátil, capaz de se colocar no lugar dos seus educandos, tornando-se também um
aprendiz. A fim de exercer seu papel com competência, o mediador precisa se
atualizar quanto à produção literária, utilizando-se, quando necessário, de
empréstimos de outras bibliotecas, de amigos; e/ou realizando aquisições em sebos
com ofertas acessíveis. O resultado dessa postura se revela no trabalho de um
mediador mais flexível, interessado e respeitoso. (p. 17)
[...] a biblioteca e a escola devem atuar juntas em prol do crescimento
humano em todas as dimensões, e a formação do leitor é uma delas. (p. 17)
A hora do conto na biblioteca escolar: o diálogo entre a leitura literária e outras
linguagens
Cyntia Graziella Guizelim Simões Girotto
Renata Junqueira de Souza
Alguns teóricos (Cerrilo; Yubero 2003; Souza 2004; Colomer; Camps 2002 In:
SOUZA (org) 2009) afirmam que a mediação de leitura acontece por sujeitos que
leem, discutem, promovem e facilitam um diálogo entre texto e leitor. (p. 19)
[...] a leitura e a elaboração da hora do conto. Momento de atividade na
biblioteca escolar que pode contribuir para o incentivo à formação do leitor mirim,
pois a literatura presente na escola tem potencialidade para auxiliar no
desenvolvimento mental e pessoal da criança. (p. 20)
Quando a referência é a literatura, esta é concebida como uma arte capaz de
motivar, no mesmo processo, a expressão do imaginário, do real, dos sonhos, das
fantasias, dos conhecimentos, apropriados pelo sujeito. [...] a literatura infantil
caracteriza-se pelo seu valor lúdico e pedagógico na formação integral na infância.
(p. 20)
[...] a contação de histórias pode ser feita tanto no saguão da escola, quanto
na sala de aula, ou mesmo na própria biblioteca escolar [...] ( p. 22)
A recepção é o momento de acolhimento das crianças ao ambiente da BE,,
pode-se recepcioná-las de diversas formas, sendo todas integradas à história eleita
para o momento da contação. (p. 25)
Conforme Coelho (1989 aput Girotto e Souza, 2009) as histórias podem ser
contadas ou lidas e cada uma delas pode ser desenvolvida a partir de um recurso>
simples, narrativa, com o uso do livro, com gravuras, com flanelógrafo, cm
desenhos, com interferência do narrador e dos ouvintes, com dramatização, teatro
de bonecos etc. Acrescentamos nessa listagem a partir de nossas experiências, o
teatro de sobras; os fantoches de vara, papel, tecido, etc.: a caixa – surpresa; os
dedoches, entre outros recursos. (p. 26-27)
Ao contar histórias, o professor utiliza-se de voz clara, cuja intensidade
depende da própria história e do lugar onde a história é contada. A duração da
própria história e do lugar onde a história é contada. A duração da narrativa ou da
leitura da história é flexível e depende do envolvimento das crianças e, também, da
idade delas. (p. 27)
Segundo Betty Coelho ( 1989 In: SOUZA (org), 2009), a simples narrativa é o
mais antigo mais fascinante modo de contar uma história,pois o narrador só precisa
do recurso da voz e da expressão corporal. É a história contada de memória, por
isso, permite alguns deslizes, como gaguejar ao pronunciar nome de origens ou
retomar algum aspecto que não foi bem entendido pelos ouvintes. Trata-se de uma
técnica simples, mas deve ser estudada pelo narrado e que deve preparar a história
antes do momento da Hora do Conto. (p. 28)
A contação de história, então, pode acontecer de diversas formas com o uso
de diversos recursos e técnicas, a diversificação é primordial a fim de enriquecer
essa atividade e cativar o leitor em formação. (p. 33)
A transmissão vocal tem como objetivo sensibilizar a criança ao mundo da
literatura e impregná-la acusticamente a língua escrita. [...] a contação de histórias
[...] além de encantar seus ouvintes, também produz nas crianças a necessidade do
uso da biblioteca para a busca da literatura e de demais informações, conceituando
paulatinamente esse espaço como um centro de referências. (p. 33)
Finda a contação a proposta é a de desenvolver um trabalho com as
diferentes linguagens [...] atividades que prevêem planejamento e elaboração de um
produto final e que atuam de forma decisiva no desenvolvimento das crianças,
preparando as bases para apropriações cada vez mais complexas, trabalham com a
ludicidade, inventando espaço p para a criança ocupar o seu lugar de sujeito de
direito, capaz de construir seus próprios poderes de pensamento, por meio de uma
síntese de todas as linguagens expressivas, comunicativas e cognitivas. (p. 34)
A partir das histórias lidas ou contadas, surgem relatos orais e escritos dos
mediadores e das crianças: desenhos; dramatizações; modelagens, dobraduras e
recortes;brincadeiras;construção de maquetes; pinturas, enfim, como dizem, os
italianos, surgem as cem linguagens da criança. (p. 35)
[...] todo texto estabelece dialogia com outros textos, já que a sua
interpretação varia de acordo com o repertório do leitor. [...] Até o mesmo pode
interpretar um texto de modo diferente a cada vez que o ler, especialmente, se a
releitura acontecer em intervalos distantes. Para nós, um leitor é quase um
textualizador, é coparceiro do escritor. (p. 36)
[...] não podemos perder de vista que as histórias, poemas, cantigas etc., que
compõem a literatura, devem ser lidas e contadas pelo seu valor, porque tais textos
podem, ainda, aguçar da realidade que a circunda, [...] capaz de perceber que a
escuta é um ato de comunicação que lhe reserva alegrias, surpresas, entusiasmos e
paixões, enfim, fantasias. (Barcellos 1995; Piza 2006 In: SOUZA (org) 2009)
Lima (2006 In: SOUZA (org) 2009, p. 37-38), ao refletir sobre a leitura e as
leituras na educação da infância afirma que é possível pensar em uma diversidade
de formas de leitura, como a leitura de mundo que a criança faz com todos os seus
sentidos, elaborando suas percepções e imagens subjetivas – constitutivas de sua
inteligência e personalidades [...] Para a autora, essa leitura é descobrir e se
apaixonar pelo mundo como Madalena Freire assinala com propriedade no livro A
paixão de conhecer o mundo (1995) e, ainda, como aponta Leontiev (1988).
Os profissionais da leitura, professores, pedagogos, pesquisadores da área
de literatura, de acordo com Barros (2003 In: SOUZA (org) 2009, p. 40), devem
possuir conhecimentos básicos para efetuar a seleção dos textos, de acordo com os
níveis de cada leitor, avaliando sempre a qualidade tanto do conteúdo, quanto da
estática do material.
[...] o empréstimo possibilita a transformação dos pais em mediadores,
favorece uma intervenção de caráter formador da parte das educadoras, em direção
à atitude dos pais e, ainda, o enriquecendo da relação entre crianças e pais. Dessa
forma, a contribuição dos pais se integra ao trabalho da escola, pois a leitura não
pode ser responsabilidade unicamente da escola. Sabemos o quanto um ambiente
familiar e social favorece o desenvolvimento de hábitos sólidos de leitura. O
empréstimo dos livros integra os pais à educação das crianças. (p. 42)
Com atividades dessa natureza a criança, segundo Bajard (2002 aput
SOUZA(org) 2009, p. 42):
Aprende a buscar, folhear, transportar, guardar – os cuidados com o livro
fazem parte da educação do leitor;
Ao manusear o livro, estabelece uma relação sensível com sua materialidade;
Entende a sua compreensão e funcionamento – título, corpo, orelha, escrita
da esquerda para a direita etc;
Descobre o papel da escrita no mundo e se relaciona com esse instrumento
complexo da cultura humana, compreendendo sua função social;
Percebe o livro como fonte de histórias.
Além disso, conversar com as crianças antes e depois dos momentos das
histórias fundamenta novas atividades com o texto contado e/ou viabiliza a
introdução de novas histórias a serem lidas ou contadas [...] quando alguma criança
interrompe a história, é preciso dirigir a ela, seja com um olhar ou um sorriso
afetuoso, indicando que, depois de terminada a história, ela terá voz e vez de se
manifestar (Hevesi 2004 IN: SOUZA. 2009 p. 43-44). Afinal, quem conta um conto
aumenta um ponto e uma história puxa a outra.
Formar leitores: desafios da sala de aula e da biblioteca escolar
Lilian Lopes Martins da Silva
Norma Sandra de Almeida Ferreira
Rosalina de Ângelo Scorsi
[...] o trabalho com a linguagem na escola [...] deve significar um espaço de
convivência de experiências culturais diversas; de que a ação dos sujeitos com e
sobre as linguagens precisa prevalecer sobre o trabalho formal, usualmente, feito
pelo professor acerca desse objeto e, assim, ter natureza interativa e participativa.
(p. 50)
[...] assegurar o acesso dos estudantes a uma boa quantidade e diversidade
de livros, por si só não assegura o êxito na formação do leitor. (p. 51-52)
[...] Ter acesso aos livros ou tempo para ler não é suficiente, nem
simplesmente deixar ler. Para que o interesse pela leitura ocorra, faz-se necessário
apresentar os livros aos leitores em formação. Há que se investir a mediação da
leitura. (p.52)
Uma educação para a leitura exige também uma iniciação do estudante na
ordem que é própria ao mundo dos livros [...]. (p. 55)
[...] Aprender a ler é também compreender o sentido e as convenções desse
universo, bem como as convenções do corpo dos gestos, dos ambientes e as
possibilidades trazidas pelos livros. (p. 56)
[...] tanto a sala de aula, como a biblioteca escolar, podem e devem comportar
imagens, objetos, equipamentos, cuidadosamente e deliberadamente, arranjados e
dispostos. Estes são igualmente agentes no processo de ensino ou formação, ativos
na memória e tão importantes quanto à comunicação verbal e oral, comumente,
realizadas no espaço escolar que apresentam e regulam condutas,
comportamentos, possibilidades e valores. (p. 56)
[...] os ambientes em que se realizam as atividades ligadas à linguagem,
especialmente, no que se refere à leitura e escrita, decorre de um modo de pensar
que concebe o espaço físico [...] como um aliado que interfere no desenvolvimento
do conhecimento e na relação de ensino-aprendizagem. (p. 57)
A formação do leitor não pode ocorrer se o aluno for isolado do espaço
sociocultural em que a escola situa ou do espaço externo com o qual interage e é
formado continuamente. [...] a biblioteca escolar, com a composição de seus
espaços físicos podem ajudar a refletir acerca desse leitor que a escola recebe e
quer formar, sem desejar desligá-lo da sociedade em que vive. (p.58)
[...] não basta ler e compreender o que se lê, é preciso aprender a procurar o
que se quer ler, a explorar o livro para além de seu texto principalmente e a
conhecer os critérios que podem ajudar na escolha de um título. (p.59)
[...] a troca de livros em pequenos grupos era dita pelos estudantes como um
momento de busca e de escolha, mas também de descoberta, de conversa, de
liberdade, de fuga da monotonia, forma particular dos estudantes vivenciarem e
significarem esta nova possibilidade. (p.61)
[...] a leitura livre e programada se apóiam no reconhecimento de que,
atualmente, tanto a cultura escrita, quanto a visual dividem espaço na formação de
uma inteligibilidade de mundo. A invasão de imagens visuais e sonoras, produzidas
pelas técnicas de reprodução de imagens, pode ser notada no cotidiano, formando e
alterando nossa percepção do mundo. [...] Por isso, defendemos que junto da cultura
escrita, com a qual se habituou realizar a educação, se trabalhe as outras formas e
os objetos utilizados socialmente nesse fazer cultural. (p.63)
Achamos possível formar leitores, por meio de uma leitura animada e de uma
educação visual. [...] A visualização das imagens escritas ocorre no cruzamento
dessas linguagens, uma fazendo em face de outras, iluminando a si mesma e a
outras, movendo o repertório memorial já construído do aluno, e/ou participando da
ampliação deste. (p.63)
[...] a interpretação de uma obra literária faz-se no conhecimento do
significado que cada linguagem busca dar às realidades mostradas, por meio da
montagem e da remontagem, da construção de uma significação alegórica de cada
texto, em sua inteireza, com tudo que carrega de suas coerências e contradições.
(p.64)
As imagens são oferecidas à apreciação, à leitura, para agirem no
entrelaçamento de emoções, conhecimento, realidade e imaginação. Trata-se de
imagens que “animam” a leitura da obra literária, não no sentido de uma motivação
ou tentativa de promover maior participação, mas no sentido de motivação do
repertório memorial já construído pelos alunos ou na sua ampliação. (p.64)
A leitura dialógica como elemento de articulação no interior de uma biblioteca
vivida
Eliane Aparecida Galvão Ribeiro Ferreira
[...] o educador compromissado com a formação do leitor pode desenvolver
seu trabalho tanto na sala de aula, quanto na biblioteca escolar. (p.70)
Segundo Malu Zoega de Souza (2001,PP.14-15), a leitura de textos literários
não vem fazendo parte nem do lazer nem da formação profissional do professores
em geral.(p.71)
Para cativar o educando para a leitura, o ensino de literatura precisa ser
democrático [...] Para tanto, faz-se necessário assegurar aos alunos acesso a textos
variados em sala de aula e na biblioteca, pois a incorporação de um seleto e
diversificado repertório cultural em um mundo globalizado, conforme Francisca
Isabel Pereira Maciel (2008. p.13), é um precioso fundamento para a formação.
(p.73)
A interação com textos diversos permite ao leitor perceber que a leitura é uma
prática dialógica [...] em consonância com Diana Luz Pessoa de Barros (1999, p. 2)
é a condição do sentido do discurso e, conforme Bakhntin (1995, p. 96), ignorar a
natureza dos discursos representa apagar a ligação que existe entre a linguagem e
a vida. (p. 73-74)
[...] A sala de aula e a biblioteca, quando representam um espaço
democrático, em que negociações sobre textos para leitura são continuamente
realizadas, favorecem à formação de leitores críticos que, justamente por isso,
passam a valorizá-las. (p. 74)
[...] obras ficcionais assegura ao leitor a ampliação de seus horizontes de
expectativas e, por conseqüência, do seu repertório de leituras. Para tanto, [...] em
consonância com Jean Marie Goulemot (1996, p. 115), o livro lido ganha seu
sentido daquilo que foi lido antes dele, segundo um movimento redutor ao
conhecido. A leitura é, então, jogo de espelhos, avanço especular, pois ao ler
reencontramos todo o saber anterior que trabalha o texto odeferecido ao
deciframento. (p. 74-75)
A leitura, como produção de sentidos, permite emergir a biblioteca vivida, a
memória de leituras anteriores e de dados culturais. Dessa forma, não há jamais
sentido constituído imposto pelo livro em leitura, é preciso construí-lo. (p. 75)
No trabalho com a leitura, o mediador, ao buscar a interrogação sobre os
vínculos ideológicos da manifestação artística e, o desvelamento dos processos de
dominação do jovem leitor, colabora com a emancipação desse leitor [...] Desse
modo, é capaz de propiciar uma largamento dos horizontes cognitivos dos leitores,
por meio da expansão da dimensão de entendimento destes e de seu imaginário.
Segundo Regina Zilberman (1998, p.40), a criação artística visa a uma interpretação
da existência que conduza o ser humano a uma compreensão mais ampla e eficaz
de seu universo, qualquer que seja sua idade ou situação intelectual, emotiva e
social. (p. 75-76)
Na eleição de textos, o mediador pode priorizar aqueles que apresentam
ruptura com os conceitos prévios dos leitores. Entre esses conceitos prévios,
geralmente, está o de narrador como um contador de histórias das quais se ausenta.
(p.76)
[...] leitura comparativas permitem aos alunos rever suas hipóteses e
compreendê-las como um trabalho artístico de recriação. (p. 77)
O mediador, ao realizar indagações freqüentes aos leitores, instiga-lhes o
desejo de manifestarem suas opiniões acerca de uma obra de forma autônoma e
crítica. [...] ao se posicionarem em relação a uma obra, os alunos ativam dois
reservatórios mentais: um consciente, outro inconsciente. Em ambos, duas camadas
de sondagem são ativadas: uma baseada no solo conceitual e outra captada de
esferas intuitivas ou arquetípicas, alimentadas de lembranças, quase sempre
metamorfoseadas em mitos e lendas que se infiltram na função rememorativa. (p.78-
79)
[...] As obras de Monteiro Lobato acionam o imaginário dos alunos leitores.
Seus livros permitem aos jovens o resgate dos heróis tradicionais, aqueles que
habitam os mitos, os contos folclóricos, as epopéias, enfim as narrativas ouvidas na
infância e reencontradas não apenas na literatura, mas em outros meios de
comunicação. (p.80)
Para os leitores com pouco contato com livros, as personagens das obras de
Lobato são fundamentais, pois lhes permitem conhecer instaurados em um universal
ficcional autêntico, crianças e jovens irreverentes, questionadores, audaciosos que
não são castigados, nem carregam sentimentos de culpa: bem como personagens
adultas, Dona Benta e Tia Nastácia, que elucidam questões, apresentam novos
conhecimentos, instauram a amizade, a compreensão e o companheirismo. (p.80)
[...] a literatura possibilita ao leitor expandir novos caminhos para a
experiência futura. Por meio do contato com textos diversos, os alunos
gradativamente percebem que os valores não estão prefixados, nem o leitor tem de
reconhecer uma essência acabada que preexiste e prescinde de seu julgamento.
(p.80)
[...] o texto ficcional, ao propiciar retomada de pressupostos aos leitores
adquire sua função, não pela comparação com a realidade, mas sim pela mediação
de uma realidade que se organiza por ela. (p.81)
[...] acordo com Jauss (1994, p.31), a distância estética produz no leitor
mudança de horizonte, pois ela medeia entre o horizonte de expectativas
preexistentes, o já conhecido da experiência estética anterior, e a obra nova que
exige para ser acolhida negação de experiências conhecidas ou conscientização de
outras jamais expressas. (p.81)
[...] De acordo com Piaget e Inhelder (2001, p.125), é preciso que haja
transformações afetivas, ainda, dialogo e interação. Além disso, o papel dos fatores
sociais, da socialização e das transmissões culturais, além de ser muito importante,
também é favorecido pelas transformações que a leitura propicia. [...] para que haja
leitura, a interação entre os indivíduos no âmbito escolar, que só se efetiva pelo
dialogo, já deve estar assegurada. Uma vez assegurada essa interação, o ensaio de
literatura e a leitura propiciam ao leitor seu enriquecimento cultural e a conseqüente
ampliação de seus horizontes. (p.82)
[...] a compreensão de um texto ficcional dá-se por meio da experiência a que
ele submete o leitor. Essa experiência situa-se na zona de desenvolvimento proximal
conceituada por Vygotsky (1998, p.112), como a distância entre o nível de
desenvolvimento real, que se costuma determinar por meio da solução independente
de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado por meio da
solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com
companheirismo mais capazes. Durante a interpretação do texto, o leitor faz uma
auto-avaliação de seus processos cognitivos, questionando-se acerca do que já
sabe, do que ainda precisa saber e do que precisa rever. (p.83)
Para desenvolver o trabalho hipotético dedutivo, pode-se, na mediação com
leituras, iniciar com atividades lúdicas realizadas por meio da resolução e produção
de jogos, desafios e enigmas. (p.88)
O papel do mediador nesse contexto é o de criar oportunidades que permitam
o desenvolvimento do processo cognitivo. [...] Em segundo momento, o mediador
pode propor aos alunos que construam seus próprios enigmas ou desafios e os
socializem entre os colegas. (p. 88)
[...] enquanto a leitura de um desafio em busca de sua interpretação é a
interiorização do dialogo exterior que leva a linguagem a exercer influência sobre o
fluxo do pensamento, a resolução e a criação de outro é o instrumento portador
dessa ação manifesta que se realiza por meio da linguagem interiorizada e do
pensamento conceitual. (p.89)
[...] esses testos são importantes para a formação do leitor, pois fazem amplo
emprego de metáforas e símbolos, apresentando uma narrativa ambigua,
polissêmica, carregada de alusões e significados ocultos que exigem, para serem
decifrados, leituras diversas, realizadas em camadas distintas de significação e
profundidade. Os procedimentos literários e metalingüísticos empregados por esses
textos, nos planos da linguagem, narrativo e da focalização, e a intertextualidade
que estabelecem, asseguram a ampliação do imaginário e da própria biblioteca viva
de leituras que, por sua vez, confere ao leitor a possibilidade de aprofundar suas
interpretações. (p.89)
[...] durante o trabalho de mediação de leituras é desejável que o professor ou
o bibliotecário proporcionem aos alunos um intenso convívio com textos diversos,
pois esses textos propiciam uma abertura para a realidade vivenciada pelo leitor,
seja ela de natureza intima ou social. (p. 89-90)
[...] à função formadora da leitura, incrementa no leitor a capacidade de
compreensão e discernimento do mundo, de investigação e de posicionamento
critico perante a realidade. Contudo, para que ela se efetive, faz-se necessário que
haja acesso democrático a obras e que esse acesso seja mediado por um educador.
(p. 90)
Programas de leitura na biblioteca escolar: a literatura a serviço da formação
de leitores
Caroline Cassiana Silva dos Santos
Renata Junqueira de Souza
[...] ainda encontramos dificuldade em formar leitores nas escolas. (p.98)
O enfrentamento desse problema pode começar pela montagem de um
programa de leitura para as bibliotecas escolares, e utilizam livros de literatura. (p.
98)
Cada escola deverá desenvolver seu próprio programa de literatura de acordo
com a história de vida e as habilidades das crianças que atende. Os professores e
os bibliotecários devem conhecer tanto suas crianças, quanto o potencial do material
disponível, além de compreender a estrutura da literatura; a partir daí eles estarão
aptos a fazer a correspondência correta entre criança e livro.( p.99)
Um dos propósitos desse programa é oferecer às crianças a oportunidade de
experimentar a literatura, de entrar num livro e envolver-se com ele, por meio de
bons textos. O programa não deve-se se limitar, no entanto, ao ensino da leitura,
mas também despertar o gosto e a alegria que Lea pode proporcionar. (p.99)
O trabalho com a literatura pode ser enriquecido, por exemplo, com a
apresentação de autores e ilustradores dos livros que foram lidos, e dos
componentes de literatura, como: constância do enredo, caracterização da literatura,
como: constância do enredo, caracterização, tema, estilo, lugar, ponto de vista do
autor etc. A mobilização desses conhecimentos sobre a qualidade e critérios
singulares de cada tipo de literatura permite o desenvolvimento do que podemos
chamar de consciência literária pelas crianças. (p.99-100)
Seu conhecimento de literatura vai aos poucos sendo construído, quando a
criança percebe as regularidades e/ou quando o professor as indica, o que pode, ao
final de um projeto ou sequencia didática, transformar-se em um texto de
sistematização do conhecimento aprendido em dada situação {...} Freqüentemente,
substitui o estudo da literatura critica pela experiência literária. A atenção dada ao
conteúdo deve vir antes do estudo da forma [...] (p.100)
Os professores bibliotecários devem conhecer alguns aspectos da estrutura
da literatura para que possam oferecer às crianças referências que vão guiar suas
descobertas. [...] Conhecendo a literatura, o professor bibliotecário pode entrar em
sintonia com a criança e aumentar o conhecimento e a compreensão dela. Os
mediadores de leitura não devem se prender às questões do livro didático; são livres
para fazer qualquer tipo de pergunta que esteja relacionada às necessidades de
suas crianças. (p.100-101)
[...] Quando os professores bibliotecários nutrem consistentemente o
interesse de seus alunos pela literatura, por meio da literatura em voz alta de livros
bem selecionados, dando às crianças tempo para que elas possam ler e discutir
esses exemplares em grupo, a capacidade delas de apreciação pela qualidade da
literatura vai aumentar. Um dos maiores propósito do programa de literatura deve
ser desenvolver a habilidade de leitores críticos. (p.101)
Em um programa básico de literatura, o uso e a animação da biblioteca
escolar são fundamentais. As crianças a visitam com regularidade e os livros são
expostos ao longo dos trabalhos que elas produzem, ainda, as suas, interpretações
sobre essas leituras são afixadas nas paredes da biblioteca. ( p.101)
Os programas de literatura baseados em livros literários são um desafio aos
professores e bibliotecários. Eles requerem um conhecimento aprofundado das
crianças e da literatura infantil. Somente quando um professor bibliotecário conhece
o potencial da criança e de um livro, e está disposto a acreditar na intenção dos dois,
a aprendizagem acontece.(p.103)
[...] a aprendizagem da criança ocorre porque ela reorganiza e reformula sua
base para o crescimento como pessoa e como leitor [...] (p.113)
[...] criar alunos pensantes, leitores críticos, formadores de opinião e
principalmente, crianças que sintam necessidade da literatura [...] é função do
programa de leitura (p.113)
Biblioteca escolar: organização e funcionamento
Rosilson José da Silva
A convivência pedagógica entre a biblioteca e a escola ainda não é uma
realidade consolidada em nosso país, pois os alunos têm pouco acesso a ela, seu
acervo raramente é explorado e o que se aprende não está integrado aos títulos que
a compõem. (p.115)
A biblioteca deve dar suporte a formação de leitores, estimular a pesquisa e o
compartilhamento de idéias, pois este local é parte integral do processo educativo,
conforme o manifesto da Unesco/ IFLA (Macedo 2005, p.173) (p.116)
Na biblioteca existem informações de todas as áreas do conhecimento, por
isso, por isso, o contato do aluno com o livro é uma das maneiras de confrontá-lo
consigo mesmo, com os diferentes e ou iguais a ele, o que contribuirá para seu
amadurecimento psicológico e intelectual (p.116)
Se a biblioteca escolar tiver bem estruturada, tanto física quanto
pedagogicamente, servirá à comunidade escolar como um todo: alunos, professores
e pais. No caso dos alunos, a biblioteca proporciona-lhes:
Encontrar seu ritmo e buscar na biblioteca os materiais que mais lhes
interessam.
Permitir que ampliem as explicações da sala de aula, de acordo com seus
interesses.
Ensinar a trabalhar com documentos muito diferentes e em todos os suportes.
Preparar o aluno para utilizar outras bibliotecas.
Compreender o mundo.
Despertar o gosto pela leitura (Baró; Maña; Velosillo 2001, p.16-17)
Para a comunidade escolar, a biblioteca contribuirá:
Para construir o projeto educativo aos professores a preparação de materiais
docentes.
Para a formação continuada de professores.
Para aproveitar os recursos da escola e compartilhá-los.
Para manter-se informada cotidianamente.
Para ter acesso mais facilmente a outras bibliotecas, no caso de um sistema
interligado em rede. (Baró; Maña, Vellosillo 2001, p.16-17)
Conforme Rovilson José da Silva:
Cada meio de ano letivo é o momento para estabelecer metas e conteúdos e planejar ações que alicercem o trabalho a ser realizado na escola [...] e o mediador de leitura e de informações (bibliotecário ou professor) deve participar ativamente das discussões gerais, do planejamento anual previsor pela escola, ou seja, apresentar e discutir o seu plano de trabalho em relação à escola e às séries, de modo que a biblioteca esteja inserida integralmente no cotidiano escolar. (SILVA, 2009b)
Desde a criação, em 1997, do Programa Nacional da Biblioteca da Escola
(PNBE), a ação governamental tem se mantido praticamente na distribuição de livro
para as escolas. Porém, a essa estratégia devem ser acrescidas as políticas
públicas de melhoria e implantação de bibliotecas, e de formação profissional que
medeia a leitura bem como a informação nesse espaço (p.119)
[...] as bibliotecas escolares brasileiras estão dispostas em espaços que não
oferecem segurança e conforto para receber pelo menos uma turma de alunos, pois
o ambiente é pequeno, o mobiliário está incompleto [...] Além disso, a iluminação
não é boa e a ventilação revela-se precária, uma vez que tudo foi improvisado desde
o começo, sem planejamento para a criação de um espaço adequado [...] (p. 119)
Implantar a biblioteca na escola requer um projeto arquitetônico que possa
acomodar uma turma completa, ou seja, em média 35 alunos. A área destinada à
biblioteca deve conter, no mínimo, o mesmo tamanho que uma sala de aula, ou seja,
1,2 metros quadrados por aluno, considerando a circulação e a área para o
responsável da biblioteca. (p. 119)
[...] conforme Paloma Fernández de Avilés ela deve:
Situar sempre na planta baixa ou primeira planta do edifício [...]. A disposição das portas e janelas deve permitir vislumbrar desde o exterior, até as atividades que estão sendo realizadas no interior da biblioteca [...] as atividades infantis são uma fonte de atração para todo o mundo e, sobretudo, para outras crianças que podem observá-las de fora e sentirem-se tentadas a entrar e utilizar a biblioteca [...]. É obrigatório suprimir as barreiras arquitetônicas mediante a instalção de rampas de acesso, piso antiderrapante [...] . (Avilés 1998, p. 56)
Para compor o espaço da biblioteca, estabeleceremos duas zonas, a formal e
a informal. A zona formal, conforme Silva (2006, p. 215-216), é aquela que
recepciona o aluno e o encaminha para o que ele procura. Nessa área, estão a
entrada, a recepção, a mesa do bibliotecário/professor e as mesas para
estudos/pesquisas para os alunos. (p. 121)
Ainda comporão essa zona as mesas de estudos e as estantes com acervo
para a pesquisa, tais como: enciclopédias, paradidáticos temáticos, revistas e
publicações especiais. (p. 121)
[...] deve estar bem organizada de modo que visualmente seja atrativa para
ele e, ao mesmo tempo, seja didática a ponto dele situar-se diante do ambiente e
suas divisões, organizações [...] (p.121)
A zona informal será uma parte do ambiente da biblioteca escolar, onde o
acervo estará disposto sem a rigidez das estantes. O acervo poderá estar
acondicionado em cestas plásticas, revisteiros ou similares. A idéia é que o
manuseio seja descontraído, que os alunos estejam ali também de modo informal,
pois não haverá cadeiras e, sim, um tapete emborrachado (Bortolim 2001) (p.122)
A ambientação da biblioteca passa pela pintura, pelas cores que serão
distribuídas nas paredes. As cores podem auxiliar ou atrapalhar a concentração, o
bem-estar e o conforto visual dos alunos. Conforme Silva (2008):
Na pintura da biblioteca devem predominar os tons claros (pasteis), pois não se pode esquecer que os livros, em geral, possuem capas coloridas e, consequentemente, trazem o colorido para o ambiente da biblioteca. Portanto, é preciso comedimento para dispor quadros, cartazes e ou reproduções de cenas de histórias infantis (plásticos, colagem, E.V.A) nas paredes. (p.123)
A cor intensa da biblioteca fugirá da cor oficial disposta nas demais salas de
aula da escola. Essa estratégia estimulará os alunos a perceberem a singularidade
que a biblioteca possui no ambiente escolar e a utilizá-la como fonte de
conhecimento e de informações, como espaço para exercitar a liberdade de
expressão coletiva ou individual. Enfim, como um local que lhe permite mitigar sua
sede de lazer, conhecimento e informação. (p.123)
Para a zona formal, podem-se utilizar tons pastel, tais como: branco, azul,
verde-água, por exemplo. A cor escolhida predominará em três paredes do
ambiente. Por outro lado, a zona informal poderá conter uma parede com uma cor
vibrante, mais alegre, que contraste com o restante da biblioteca. (p.1123-124)
Para a pintura do teto da biblioteca deve-se optar por tons de branco, [...],
pois dará a sensação de amplitude e claridade ao ambiente. (p.123)
O mobiliário da biblioteca [...] deve ser resistente, oferecer estabilidade e
segurança ao usuário: precisa ser prático, além de possibilitar o uso individual ou em
grupo. A composição material da mobília deve facilitar a limpeza do mesmo (Avilés
1998, p. 72-73) (p.124)
Em geral, de acordo (1998, p.72), o mobiliário da biblioteca deve ser o menos
barulhento possível [...] deve-se procurar certa variedade para permitir satisfazer
distintas modalidades de uso – leitura individual ou coletiva, estudo em grupos, etc.
– além de facilitar a comodidade de leitores de diferentes estaturas. (p. 124-125)
Cadeiras- A cadeira para a biblioteca deve, conforme Paolla Vidulli (1998,
p.220), oferecer comodidade e conforto ao bibliotecário/professor e aos alunos,
principalmente os menores. A criança precisa ter os pés e as costas apoiados.
Assim, para:
Os alunos: cadeiras sem estofamento e sem braços, pois os modelos com
braços comprometem a mobilidade e ocupam mais espaço, sendo difíceis de
armazenar. As cadeiras devem formar o conjunto com a mesa, ou seja, sua
altura também será compatível à da mesa.
O bibliotecário/professor(a): com braço, estofada e com rodízio. O rodízio
oferece a mobilidade que o bibliotecário/professor necessita, principalemnte,
ao fazer os empréstimos, pois, às vezes, é solicitado de um lado e de outro
por alunos. Assim, não precisará se levantar para atenção, apenas direciona
a cadeira para onde foi chamado. (p.126)
Na biblioteca escolar, as mesas destinadas aos alunos devem ser estáveis,
com pernas reforçadas [...]. Portanto, convém evitar mesas com um único pé (base
central), pois podem ser instáveis para o uso dos menores. (p.126)
Quanto aos tampos das mesas, a opção por cores neutras e sem brilho deve
ser a mais indicada, pois não refletem a luz e não prejudica o conforto visual do
leitor. Os tampos devem ser resistentes para que, no uso cotidiano, não de
deteriorem com arranhões, manchas e sejam fáceis de limpar (Avilés 1998, p. 75-76)
(p.127)
O funcionamento da biblioteca dede ser cuidadosamente planejado, de modo,
a atender ao aluno durante o tempo em que estiver na escola e fora dela. Portanto, o
funcionamento da biblioteca na escola estará circunscrito a dois horários, a saber:
Pré-determinados: são aqueles horários em que os alunos vão para a
biblioteca com o professor regente e/ou bibliotecário para realizar atividades
especificas como, por exemplo, a Hora do Conto ou orientação à pesquisa.
Livres: são aqueles em que o aluno poderá freqüentar o espaço e manusear o
acervo sem orientação prévia do professor, ou seja, ele buscará a leitura de
acordo com os seus interesses. Por isso, a escola deve disponibilizar a
abertura da biblioteca tanto na hora do recreio, quanto em horário inverso ao
da aula.( p.128)
Para Silva (2006, p.208) o acervo da biblioteca escolar estará circunscrito ao
âmbito da comunidade escolar, a saber: acervo infanto-juvenil de literatura, livros
científicos e periódicos para atendimento de crianças e jovens que freqüentam a
escola; acervo para o grupo docente; material de referência; acervo para a
comunidade escolar como um todo e multimeios (CDs, DVDs etc) (p.129)
A ampliação continua do acervo da biblioteca deve ser planejada pela escola.
Pelo menos uma vez por anos, é preciso adquirir novas obras, atualizar seus
materiais e, assim, atrair cada vez mais os alunos para o espaço. (p.129)
O acervo da biblioteca escolar, para melhor atender às necessidades dos
alunos, poderá ser utilizado de duas formas básicas: orientado pelo professor e de
forma espontânea. A primeira, pelo professor, acontece integrando o acervo ao
conteúdo que é desenvolvido pela escola. Por outro lado, a escola precisa
empenhar-se para estimular os alunos à busca espontânea de informações para
sanar suas próprias dúvidas, por isso, a biblioteca deve oportunizar que o aluno
possa frequentá-la, independente da orientação do professor, obedecendo à sua
vontade de saber, de investigar, de ler. (p.129)
[...] faz-se necessário descartar os artigos ao fazer a divisão do acervo em
ordem alfabética [...] (p.131)
Acondicionar os livros em ordem alfabética é mais consistente, mais concreto
para os alunos [...] (p.131)
[...] utilizar as bandejas localizadas na parte mais alta do móvel, para
acondicionar o material de referência (enciclopédias, dicionários, etc). Materiais que
podem ser consultados apenas na biblioteca. (p. 132)
As bandejas localizadas na parte central do móvel armazenarão os livros
destinados aos alunos de estatura média, ou seja, materiais destinados à faixa
infanto-juvenil, de 10 a 12 anos. (p.132)
Para as bandejas localizadas na parte mais baixa da prateleira, geralmente as
duas últimas bandejas, devem ser colocados os livros infantis, com menos textos,
que atraiam atenção de crianças entre seis e nove anos. Esse acervo pode ser
armazenado em ordem alfabética e dispostos de modo horizontal nas prateleiras. (p.
132)
Dispor os livros de modo horizontal (deitados) facilita à criança menor o
manuseio dos livros nas prateleiras, pois como ainda desenvolvem a coordenação
motora, muitas vezes derrubam os outros livro quando estão armazenados na forma
comum, ou seja, na vertical. (p.132)
A razão de ser da biblioteca escolar está intimamente ligada ao empréstimo
de se acervo, por isso todo aluno matriculado na escola tem direito a emprestar
livros para a leitura. (p.132)
Cada aluno tem o direito de escolher o livro que deseja ler, portanto, é preciso
que vá às prateleiras, manuseie e não seja obrigado a emprestá-los, mas
estimulados a querer emprestá-lo. (p.133)
Se a escola não possuir bibliotecário, com formação específica, deverá
selecionar um profissional apto a realizar esse trabalho que possua alguma
característica tais como: gostar de ler, relacionar-se bem com os alunos e com o
corpo docente, e que compreenda a biblioteca da escola não como um espaço para
descansar da sala de aula, mas como local de muito trabalho a ser realizado. (p.133)
O profissional destinado a mediar a leitura e a informação na biblioteca
escolar não pode ser anualmente substituído por outro, [...] A mudança constante
desestrutura a sedimentação das estratégias realizadas anteriormente e a biblioteca
torna-se, a cada ano, um recomeço [...] (p. 133)
[...] a permanência do bibliotecário/professor na biblioteca será benéfica para
a comunidade escolar, pois mudanças constantes nessa função desmobilizam,
desorganizam o trabalho realizado na escola. A biblioteca precisa de trabalho
continuo que acumule ações pedagógicas promovedoras de conhecimento de sua
comunidade. (p.134)
A leitura literária, assim como outros, assim, como outros culturalmente
produzidos, tem sua importância relacionada à sua função na nossa sociedade
letrada. A aquisição da leitura e as práticas de leitura literária podem ser
consideradas um tipo de capital cultural. (Bourdieu 2003, p. 73) (p. 139)
[...] para se afirmar que determinados indivíduos possuem, ou não, práticas
de leitura, faz-se necessário levar em conta a sua herança cultural, pois, do
contrário, pode-se responsabilizar o individuo por seu fracasso, mantendo uma
noção de aptidão natural e reforçado a ideologia do dom. (p.140)
[...] O livro de literatura é um capital cultural [...] constituído em nossa cultura
letrada como um bem material simbólico legítimo [...] (p. 140)
Soares (2004) afirma que a leitura literária democratiza o ser humano pois, ao
mostrar a diversidade e complexidade do homem, as diferenças, o desigual, o
estrangeiro, e ao eliminar as barreiras de tempo e de espaço, desenvolve sua
compreensão, tolerância, senso de igualdade e justiça social, sentido da relatividade
e da pequenez de nosso tempo e lugar [...]. (p. 142)
O acesso ao livro pode ser, então, um elemento que contribui para os
indivíduos de camadas populares tornarem-se detentores do capital cultural advindo
da leitura literária (ou capital literário), pois como apontado anteriormente, para a
maioria desses indivíduos esses bens de socialização que é a família. [...] reduzir
algumas desigualdades, pois asseguraria a todos aquilo de que alguns não dispõem
em seu meio familiar. (p.142-143)
O PNBE foi instituído em 1997, seu objetivo principal é democratizar o acesso
a obra de literatura brasileira e estrangeira infanto-juvenis, e a materiais de pesquisa
e de referência a professores e alunos das escolas públicas brasileiras. O programa
é executado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE -, em
parceria com a Secretária de Educação Básica do Ministério da Educação. (p. 145)
[...] são escassas as ações governamentais que visam ultrapassar a
distribuição pura e simplesmente desses materiais. Ocorrem com menor freqüência,
ainda, as ações que viabilizam a formação de professores e de profissionais que
atuam nas bibliotecas escolares para o reconhecimento do potencial do material
disponibilizado e suas possibilidades educativas no cotidiano escolar, em especial,
na sala de aula e na biblioteca [...] nossa primeira iniciativa devirá/deve ser a
divulgação da política e a insistência cotidiana para que os profissionais
responsáveis pelo processo de formação de leitores, dela se apropriem. (p,150-151)
[...] É fundamental que a crianças, na etapa da sistemática, no mundo da escrita,
vivencie com frequencia e intensidade o texto o texto em prosa, para que , além de
imergir no mundo da fantasia e informação, vá construindo o mundo alfabético e o
conhecimento dos usos e funções da escrita. Entretanto, surpreende a inscrição de
números tão pequenos de imagens [...] Seria de esperar, Também, um número
maior de inscrições de livros em versos, já que estes tem papel importante na
Educação Infantil, pois propiciam mais identificação e prazer do que a prosa nesta
etapa da formação de leitores. Além disso, esses textos permitem o
desenvolvimento da recepção estética e da percepção literária, e enfatizam o
aspecto sonoro da língua, fundamental para o desenvolvimento da consciência
fonológica, indispensável à aprendizagem do sistema de escrita. (p. 151-152)
O importante é que o professor, ou profissional da biblioteca, ao manusear
livros desses acervos, perceba rapidamente que eles apresentam diferentes níveis
de dificuldade, de modo a atender a criança em diferentes níveis de compreensão
dos usos e funções da escrita e de aprendizagem da língua escrita, possibilitando
formas diferentes de interação com o livro: a leitura autônoma pela criança [...] e a
leitura mediada pelo professor, ou por outro mediador de leitura que atue no
contexto escolar. (p. 152)
O mais importante é que os profissionais envolvidos nos processos de
mediação de leitura, de formação de leitores, ao entrarem em contato com os
acervos, atentem para os critérios de qualidade que nortearam a sua avaliação e
procurem exercitar a análise critica de cada obra selecionada, quando esta for posta
em circulação, podem ser resumidos aqui, de forma breve, na intenção de abrir
caminho para reflexões nos espaços escolares. Esse critérios de qualidade podem
ser resumidos aqui, de forma breve, na intenção de abrir caminho para reflexões
futuras. São eles: a qualidade textual, que se revela nos aspectos éticos, estéticos e
literários, na estruturação narrativa, poética ou imagética, numa escolha vocabular
que não só respeite, mas também amplie o vocabulário que não só respeite, mas
também amplie o repertório lingüístico de crianças na faixa etária correspondente
[...] a qualidade temática, que se manifesta na diversidade e adequação dos temas,
no atendimento aos interesses das crianças, aos diferentes contextos sociais e
culturais em que vivem e ao nível dos conhecimentos prévios que possuem;
qualidade gráfica, que traduz na excelência de um projeto gráfico capaz de motivar e
enriquecer a interação do leitor com o livro: qualidade estética das ilustrações,
articulações entre texto e ilustrações, uso de recursos gráficos adequados a criança
na etapa inicial de inserção no mundo da escrita. (p. 153)
Enfim, seja na sala de aula e/ou na biblioteca, os profissionais que nesse
espaços atuam desempenham um papel de mediadores da leitura realizada pelas
crianças. Cabe a eles na maioria das vezes e conduzir a prática literária. (p. 153)
Literatura no espaço da biblioteca escolar
Dagoberto Buim Arena
[...] não bastam espaços e livros guardados para caracterizar a existência de
uma biblioteca escolar; não são os objetos físicos que dão a ela a existência e a
vida; nem é somente com eles que o diretor pode afirmar que há biblioteca na
escola. O estatuto, como lugar dos livros ou de biblioteca. É conquistado pela
existência das relações entre alunos, livros, professores de biblioteca e professores
de salas de aula. Para assegurar esse estatuto faz-se necessário afastar para
sempre os horários pré – determinados de seu funcionamento [...] (p. 162-163)
[...] Somente com livros silenciosos e sonolentos e no escuro silencioso dos
espaços eventualmente abertos, a leitura não nasce, porque quem a faz nascer e
existir são os leitores com a mediação dos educadores de biblioteca. A leitura do
livro de literatura não preexiste ao leitor: é criada por ele.(p. 164)
[...] Dessa maneira, não seria possível ao professor ensinar leitura, mas
ensinar o aluno a ler, isto é, a realizar operações intelectuais, nos limites de sua
potencialidade, de sua relação com os diferentes gêneros e com os suportes
textuais que possibilitam a formação crescente e permanente de modos de pensar,
cada vez mais abstratos. (p. 168)
[...] diagnostica os alunos como incapazes de ler, de compreender e de
interpretar textos. Ao analisar essa expressão – ler, compreender e interpretar - , é
possível detectar, em sua gênese, uma visão do ato de ensinar a ler que
compreende três etapas distintas: a primeira, a de ler; a segunda, a de
compreender, e a terceira, a de interpretar, como se o ato de ler pudesse ser
dividido em três ações.A primeira, a ler, seria, em verdade, ler o nada, ler para nada,
ou ler para pronunciar, ou ler sem nenhum preocupação com a atribuição de sentido.
A segunda, depois de realizada a primeira, seria a de compreender, nas linhas e na
superfície, o que o autor do texto quis dizer, de modo até certo ponto literal, A
terceira, a de interpretar, estaria relacionada à capacidade do leitor fazer inferências
e relações com o conhecimento organizado em sua mente e, além disso, se
possível, com visão critica. Esta descrição do que possivelmente está por trás do ato
de ler, e de expressão frequentemente utilizada, os reparos adiante registrados.
(p.168-169)
A apresentação de textos simplificados e artificialmente inventados dá a falsa
idéia de que a escola estaria realizando uma aproximação entre o aluno e a língua
escrita, de maneira que a apropriação se fizesse completamente. Há [...] uma
contradição nessa conduta, porque a aproximação deveria dar-se na direção da
língua viva, usada no cotidiano, trazendo com ela o que dela não poderia ser
apertado: os matizes ideológicos, a contextualização, as suas finalidades e funções,
a necessidade de uso [...] (p.170)
As crianças deverão enfrentar a aprendizagem do ato de ler para criar leituras
por meios de múltiplos gêneros, porque cada um deles apresenta uma estrutura
especifica, com finalidade especificas e usos também específicos [...] (p.170-171)
[...] Saber ler, entre tantas conceituações, consiste em aprender a fazer
perguntas e a procurar as suas respostas. (p.171)
[...] O prazer não é o sentimento definidor de um bom leitor, nem é o guia para
ensinar a ler. A direção, creio, reside em criar necessidades geradoras de perguntas
que exigem respostas: essa corrente é a formadora do leitor flexível e múltiplo em
tempos atuais. [...] Por meio da literatura, as crianças podem mergulhar no mundo
magnífico das fábulas, dos contos populares tradicionais, das lendas, da poesia, das
Cantigas, enfim, no mundo magnífico da sua própria cultura. (p.172)
[...] O professor, como educador, deve valorizar as respostas provisórias dos
alunos, mesmo as equivocadas, como atos de um processo de leitura em
andamento [...] o aluno não pode serem avaliado como aquele que sabe ler apenas
sílabas ou as palavras, mas porque sabe: mobilizar o conhecimento que tem sobre o
assunto; elaborar perguntas para o texto; e procurar respostas, mesmo que não
correspondam à expectativas dos adultos. (p. 173)
[...] Se não há objetivos, finalidades, nem perguntas, não há como mobilizar
os conhecimentos de que dispõe, nem perguntas, não há como mobilizar os
conhecimentos de que já dispões, nem pode por isso elaborar perguntas. Desse
modo, essa leitura prévia não pode ser leitura, porque as condições e estas exigem
que o aluno tenha objetivos para ler, conhecimentos a mobilizar e perguntas a
elaborar (p.173)
Leitura e formação na educação escolar:algumas considerações inevitáveis
Luiz Percivel Leme Brittto
[...] Assume-se francamente que a capacidade de ler e a prática da leitura
teriam implicações importantes na participação social dos indivíduos, contribuindo
decididamente para a sua maior produtividade, intervenção política e social,
organização da vida prática etc. (p. 187)
[...] a reflexão e a ação educativa relacionadas com a leitura têm padecido
com a disseminação de duas percepções equivocadas, com reflexos bastante
negativos na educação escolar, na promoção da cultura e na pesquisa. Uma é a
visão catastrófica – denuncista de que o Brasil seria o país de não-leitores e,
portanto, com uma população pobre de cultura e intelectualmente; a segunda, que
acompanha a primeira como uma espécie de desiderato, é a idéia salvacionista de
leitura, compreendida com um bem em si, civilizador e edificante. (p.188)
[...] ler significa “ato de decifrar, em silêncio ou anunciando em voz alta,
signos gráficos que traduzem a linguagem oral, de forma a tomar conhecimento do
conteúdo de um texto escrito1”. Esta é a idéia clássica de alfabetização. (p.190-191)
[...] Na perspectiva do Soares (2004), alfabetização se distingue de
letramento, de modo que ser letrado pressupõe, além do conhecimento do código, o
uso do ler e escrever para responder às exigências de leitura e escrita que a
sociedade faz continuamente e agir conforme determinam essas circunstâncias [...]
(p.191)
Por um largo período da história de civilização ocidental, o livro – símbolo
maior da cultura escrita – foi um objeto de acesso limitado e de circulação
relativamente restrita a alguns ambientes e segmentos sociais [...] (p.191)
Atualmente, a escrita é um instrumento vital da organização da ordem social e
da dinâmica social, presente nas mais variadas formas de realização da vida prática,
multiplicados em impressos de todo tipo e em outros portadores (placas, cartazes,
faixas, sinais, telas, etc.). Pode-se dizer que a vida prática está impregnada de
escrita. Ler e escrever tornaram-se demandas características da vida cotidiana
(p.192)
[...] os usos da escrita em atividades da vida diária correspondem à situação
em que esta atua como comando direto de um processamento mecânico irrefletido.
(p.193)
A leitura de produções intelectuais defini-se como uma ação intelectual que se
realiza pela interação entre um sujeito (ou vários) com objetos culturais complexos
inseridos em campos de referência organizados por sistemas distintos daqueles que
se adquirem nas práticas cotidianas [...] Essa vivência permite que, no ato de ler, o
leitor faça a sua leitura, não como simples transposição ou ajuste do conteúdo do
que lê a seu quadro de referência, mas sim como realização de articulações
inusitadas e verossímeis. (p.194)
Nessas circunstâncias, ser leitor depende de diversos fatores que estão além
do interesse, hábito ou gosto pela leitura; é necessário que a pessoa disponha de
1 Esta definição corresponde à reunião das três primeiras acepções de leitura constantes do
dicionário Houaiss.
condições objetivas (tempo e recursos materiais) e, principalmente, subjetivas
(formação e recursos materiais), as quais estão desigualmente distribuídas na
sociedade de classes. Os processos de compreender e buscar o conhecimento, bem
como a capacidade de escrita e de leitura estão relacionados mais com formas de
acesso à cultura do que com métodos de ensino e aos programas de formação.
(p.194)
As dificuldades no trato com textos sofisticados não resultam, portanto, de
uma incapacidade genérica de leitura ou do domínio precário dos procedimentos
formais de decodificação, mas do modo como as pessoas interagem com os objetos
da cultura letrada, em particular com as formas de produção do conhecimento
formal. (p.194)
Na dimensão do analfabetismo básico, [...] o ensino da leitura contribui para
que a pessoa participe apropriadamente do cotidiano urbano. (p.195)
Na dimensão do envolvimento com os produtos da cultura, ensinar leitura só
faz sentido se essa proposição promover a formação das pessoas, por meio da
experiência e da vivência intensa, metódica e consistente com o conhecimento em
suas diversas formas de expressão. (p.195)
[...] certos procedimento de leitura podem ser aprendidos e o hábito de ler
contribuir para que a pessoa tenha mais dinâmica e desenvoltura; no entanto, se ela
não tiver uma formação razoável e entusiasmo para tanto, de pouco lhe valerá
qualquer estímulo à leitura ou instrução de como ler. Por isso, faz-se necessário
fazer a critica à máxima tão difundida de que a leitura conduz ao conhecimento e
assumir que se trata exatamente do contrário: é o conhecimento que promove a
leitura [...] (p.195-196)
Um grave equivoco consequentemente da pedagogia da motivação reside na
crença de que a escola,para ser interessante e motivar os alunos, deve incorporar
formas da educação não – formal [...] Ao contrário, se se busca formar pessoas de
operar com estes objetos de forma autônoma e criativa,é necessário oferecer coisas
que se encontram além desse espaço, o seja, objetos elaborados da cultura. (p.198)
Vale destacar que o caso não é de banir tais objetos de cultura, mas sim [...]
incorporados à dinâmica escolar, eles não aparecem como a referência do estudo,
mas como objetos de investigação e reflexão. As atividades de leitura em
ambiente,nessa direção, devem priorizar conteúdos e textos cujo acesso não é
imediato e que só serão conhecidos se ensinados (p.198)
Em síntese, os objetos da educação e as práticas de ensino não podem ser
submissos aos interesses e às necessidades pragmáticas. Levar esses interesses
em consideração é uma atitude que se justifica desde que a finalidade não seja a de
simplesmente satisfazê-lo, mas sim de superá-los. (p.200)
Para tanto, as atividades pedagógicas devem se organizar a partir de
questões que permitam compreender criticamente a realidade e construir uma
realidade. Tal esforço pressupõe o dialogo, muitas vezes tenso e difícil, entre o
saber sensível-prático (aquilo que as pessoas trazem de sua experiência imediata) e
o patrimônio cientifico produzido pela humanidade. (Heller 2004) (p.201)
A partir dessa concepção, a biblioteca escolar ganha destaque como espaço
de estado e de acesso ao conhecimento elaborado. [...] As leituras que nascem das
relações cotidianas e dos interesses mais imediatos têm outras funções as quais
prescindem de acervos organizados.( p.201)
[....] O aluno deve ir à biblioteca instruído pelo professor para aprofundar-se
nos temas que está aprendendo na sala de aula e para conhecer outros assuntos
que aparecem em função do estudo. A biblioteca escolar não tem como tarefa
corrigir a educação que se faz na sala de aula ou de ser um espécie de contraponto,
um lugar de liberdade e de livre escolha. (p.201)
Estudar é uma ação reflexiva pela qual se quer conhecer e explicar fatos do
mundo material, da vida humana, das singularidades pessoais. Neste sentido é um
trabalho intelectual, pressupondo finalidade e compromisso e exigindo condições
apropriadas, que incluam ambientes de estudo e disposição de material e tempo (p.
201-202)
Se ensinar e aprender são as formas de produzir conhecimentos [...] O
conhecimento não se determina pela quantidade de informações que alguém retém,
mas, em função da própria história e da produção intelectual humana, pela
organização que se faz delas para que sirvam para o entendimento da vida e do
mundo. (p.202)
Nesse sentido, o acervo de uma biblioteca escolar precisa incluir obras de
ciências, história, geografia, psicologia, literatura, artes, etc., e organizar-se de forma
a permitir percursos formativos mais amplos e densos. A eficiência da biblioteca
escolar depende, em grande medida, do quanto a comunidade incorporar um projeto
de formação como o que aqui se delineou, em especial da ação docente. (p. 202)
Bibliotecários: um essencial mediador da leitura
Oswaldo Francisco de Almeida Junior
Sueli Bortolin
A biblioteca escolar precisa ser percebida como um ambiente de formação de
leitores e pesquisadores, e os profissionais que nela atuam devem criar em torno
das ações de leituras e pesquisas um clima de liberdade e ludicidade, porém para
isso esses profissionais têm a difícil tarefa de estabelecer o limite entre a
permissividade e a autoridade.(p.205-206)
Para Freire (1996, p.93), “a autoridade coerentemente democrática está
convicta de que a disciplina verdadeira não existe na estagnação, no silêncio dos
silenciados, mas no alvoroço dos inquietos, na dúvida que instiga, na esperança que
desperta”. (p.207)
Nada mais motivador para o professor e bibliotecário que ter alunos curiosos
e desejosos. [...] O aluno precisa ser orientado na hora da pesquisa,aprender buscar
e manusear fontes de informações. (p.207)
[...] uma biblioteca escolar que, preocupada com seus usuários, cuide
detalhadamente dos seguintes aspectos: acervos utilizados e diversificados,
serviços e atividades apropriados; boa localização; mobiliário confortável,decoração
agradável,iluminação, ventilação e temperatura adequadas e controle da unidade do
ar. Os profissionais devem ser empáticos e versáteis pois quando um profissional se
coloca no lugar dos seus educandos, torna-se também um aprendiz e o resultado
dessa postura se revela no trabalho de um mediador mais flexível, interessado e
respeitoso. Outra característica básica do mediador é o de ser um leitor atento e
desprendido de procedimentos, sendo um “modelo” a ser seguido, sem deixar,
porém, de manifestar as suas preferências literárias. (p. 207-208)
[...] acreditamos que ela deva ser assim construída para que os alunos, além
de se sentirem atraídos, tenham prazer em permanecer nesse ambiente, alterando o
conceito da biblioteca escolar que desde o seu primórdio é tida como um local
insosso e desagradável. (p.208)
[...] professor e bibliotecário, para que, juntos, elaborem, executem um
planejamento capaz de beneficiar o ensino-aprendizagem. (p.209)
Para confirmar a importância desses profissionais trabalharem em sintonia,
trazemos resumidamente algumas características do mediador pedagógico
apontadas por Masetto (2006, p.168-170), no seu trabalho Mediação pedagógica e o
uso da tecnologia, que se enquadram com precisão na prática bibliotecária:
1) perceber que o ensino – aprendizagem deve ser centrado no aluno e construído
em conjunto com ele, para que seja um processo de interapredizagem;
2) ser empático sempre, nos momentos de avanços e derrotas, promovendo uma
atitude de confiança mutua;
3) estimular a coresposabilidade nas coes;
4) propiciar um clima de respeito entre educadores e educandos;
5) demonstrar domínio na sua área de conhecimento de maneira que as práticas
educativas contribuam com a construção do conhecimento dos envolvidos.;
6) ser criativo e aberto para situações imprevistas, respeitando as diferenças de
cada aluno;
7) estar disponível ao dialogo, se necessário e possível, utilizando-se das novas
tecnologias para melhorar essas relações;
8) estar atento para perceber as reações subjetivas e individuais dos alunos;
9) Cuidar da linguagem, em especial se a comunicação não for presencial, apoiando
o aluno na sua aprendizagem. (p. 209-210)
Além da mediação pedagógica, o bibliotecário é responsável pela mediação
da informação [...] o ato de ler é fundamental para que o processo de apropriação da
informação ocorra [...] (p.210)
[...] a mediação da leitura literária como um processo insubstituível de
aproximação leitor – texto [...] Essa é uma atitude equivocada, pois ambos os textos
deviam estar presentes com a mesma intensidade no cotidiano do aluno (p.210)
[...] devemos assumir a mediação de uma maneira mais reflexiva, de forma a
promover no mediando alterações na cognição, na afetividade, na forma de
comunicação e na interação social. (p.211)
Acreditamos na mediação da leitura literária como um ato de resistência
contra perdas quase – irreparáveis da humanidade entre elas: fragilidade no
conceito de coletividade e crise de valores e verdades2, pois “[...] às vezes, além das
intenções do autor e das esperanças do leitor, um livro pode nos tornar melhores e
mais sábios”. (Manguel 2000, p.14 aput Sousa 2009, p.211)
2 “rouba, mas faz”, não ganho nada com isso”, “pega, ninguém está vendo”, “joga fora e compre
outro”, “trabalho voluntário é coisa de otário”, “é só fechar os olhos e não precisa dar lugar no ônibus” etc...
[...] Bettelheim (1998, p.19) destinada à criança, mas que pode ser aplicável
aos jovens: “[...] é importante prover a criança moderna com imagens de heróis que
partiram para o mundo sozinhos e que [...] encontraram lugares seguros no mundo
seguindo seus caminhos com uma profunda confiança interior”. (aput Sousa 2009,
p.212)
Dessa forma, podemos afirmar que Leitura, Literatura e livro são instrumentos
que nos levam a conviver com personagens simples, complexos, virtuosos, viciosos,
verdadeiros, falsos, bondosos, cruéis, excêntricos, comuns. Esses personagens, em
sua maioria, configuram-se como envolventes, justamente por isso, despertam em
nós sentimentos, em alguns casos, semelhantes aos deles, em outros, opostos. É
para esse universo, ora reconfortante, ora conflitante que um mediador esse
universo, ora reconfortante, ora conflitante que um mediador ciosos de seu papel
pode nos levar, basta saber se queremos nos deslocar para esse mundo imaginário
e paradoxalmente tão real. (p. 212)
A leitura informacional é um ato cotidiano [...] apesar de ser rotina, tem sido
impulsionada, menos pela curiosidade em aprender, e mais para o cumprimento dos
conteúdos programáticos de diversificadas disciplinas. (p.213)
[...] a mediação da informação por meio da pesquisa, por considerá-la não
apenas imprescindível no ambiente escolar, mas decisiva para os alunos que irão
freqüentar uma faculdade. Para tanto, trouxemos novamente Bicheri que, em sua
dissertação de mestrado, defende:
Vemos que uma pesquisa não é algo simples e que os educandos devem ser impulsionados e preparados para vivenciá-las, seja ela escolar ou cientifica. Ensinar e orientar pesquisas exige competência, comprometimento, dedicação e responsabilidade. Na iniciação à pesquisa estamos falando da pesquisa escolar enquanto principio educativo, a qual, além de envolver professores e alunos, conta também com a participação do bibliotecário como educador “mediador”. (Bicheri 2008,p. 93)
Concordamos com Bicheri quando aponta como características necessárias
ao bibliotecário educador: competências, comprometimento, dedicação,
responsabilidade, mas tomamos a liberdade de acrescentar – curiosidades.
Afirmamos isso por acreditar, assim como Almeida Junior (2008b, p.16), que “ a
informação não dirime dúvidas, ou elimina incertezas, ela exige a ‘reconstrução’ do
conhecimento na medida em que destrói certezas” e, possivelmente, desperta a
curiosidade. (p.215)
[...] Evitando o que Barros (2006, p.21) denomina de não-mediação, isto é
“[...] a inadequação, a omição, ou a negligência no ato da oferta da leitura”, pois
esse é um ato pernicioso, não apenas ao grupo de alunos da escola, mas a todos
que direta ou indiretamente poderiam beneficiar dessa oferta. (p.216)
[...] “Reforçamos ainda a imprescindibilidade do mediador de leitura em se
preocupar com a imprescindibilidade do mediador de leitura em se preocupar com
sua atualização quanto à produção literária, utilizando-se, quando necessário, de
empréstimos de outras bibliotecas, de amigos; e/ou realizando aquisições em sebos
com ofertas acessíveis” (p.216)
Outros parceiros na biblioteca escolar: democratização e incentivos à leitura
Ana Paula Cardoso Rigoleto
Cristiano Amaral Garboggini Di Giorgi