bilinguismo mec

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    A Educao Especial naPerspectiva da Incluso Escolar

    Abordagem Bilngue na Escolarizaode Pessoas com Surdez

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    MINISTRIO DA EDUCAOSECRETARIA DE EDUCAO ESPECIALUNIVERSIDADE FEDERAL DO CEAR

    A Educao Especial naPerspectiva da Incluso Escolar

    Abordagem Bilngue na Escolarizaode Pessoas com Surdez

    AutoresCarla Barbosa Alvez

    Josimrio de Paula FerreiraMirlene Macedo Damzio

    Braslia2010

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    A Educao Especial na Perspectiva da Incluso EscolarAbordagem Bilngue na Escolarizao de Pessoas com Surdez

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    Projeto e Produo GrficaCarlos Sena

    Pr-Impressondice Gesto Editorial

    Carlos Sena e Daniel Siqueira

    Gerao de udioDigital Acessible Information System (Daisy)ndice Gesto Editorial

    Comisso OrganizadoraMaria Tereza Eglr MantoanRita Vieira de Figueiredo

    Esta uma publicao da Secretaria de EducaoEspecial do Ministrio da Educao.Esplanada dos Ministrios, Bloco L, 6 andar, Sala 600CEP: 70047-900 Braslia / DF.Telefone: (61) 2022-7635Distribuio gratuita

    Tiragem desta edio: 60 mil exemplares

    Alvez, Carla Barbosa.A Educao Especial na Perspectiva da

    Incluso Escolar : abordagem bilngue naescolarizao de pessoas com surdez / CarlaBarbosa Alvez, Josimrio de Paula Ferreira, MirleneMacedo Damzio. - Braslia : Ministrio daEducao, Secretaria de Educao Especial ;[Fortaleza] : Universidade Federal do Cear, 2010.

    v. 4. (Coleo A Educao Especial naPerspectiva da Incluso Escolar)

    ISBN Coleo 978-85-60331-29-1(obra compl.)ISBN Volume 978-85-60331-33-8 (v. 4)

    1. Incluso escolar. 2. Educao especial. I.Ferreira, Josimrio de Paula. II. Damzio, Mirlene

    Macedo. III. Brasil. Ministrio da Educao.Secretaria de Educao Especial. IV. UniversidadeFederal do Cear. V. A Educao Especial naPerspectiva da Incluso Escolar.

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    Sumrio

    Aos leitores 6

    1. Educao escolar de pessoas com surdez 7

    2. Atendimento educacional especializado para pessoas com surdez 9

    3. Atendimento educacional especializado em libras 12

    4. Atendimento educacional especializado para o ensino de libras 144.1 Sobre lnguas de sinais e LIBRAS4.2 LIBRAS: parmetros que a estruturam4.2.1 Configurao das mos4.2.2 Ponto de articulao, orientao/direo e regio de contato4.2.3 Movimento4.2.4 Expresso facial e corporal4.3 O estudo de termos tcnico-cientficos nas escolas4.4 Caminho metodolgico para o ensino de Libras no AEE

    5. Atendimento educacional especializado para o ensino da lingua portuguesa 18

    5.1 Alunos com surdez e o ensino da lngua portuguesa escrita no AEE5.2 Nveis de ensino do portugus escrito para alunos com surdez5.3 Organizao do ensino da Lngua Portuguesa no AEE5.4 Algumas atividades pedaggicas envolvendo linguagens e vivncias no AEE

    Consideraes finais 22

    Para saber mais 23

    Referncias 24

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    Aos Leitores

    A construo de um caminho pedaggico para o Atendimento EducacionalEspecializado - AEE para pessoas com surdez, numa perspectiva inclusiva, com base emprincpios decorrentes dos novos paradigmas, tem encontrado dificuldades para se efeti-var, em virtude de problemas relacionados a decises poltico-filosficas, pedaggicas,metodolgicas e de gesto e planejamento da escola brasileira.

    Nossa inteno esclarecer que o ato educativo relativo ao contexto da escola para oaluno com surdez, no que diz respeito ao cotidiano pedaggico, precisa ser redirecionado,

    construindo novas e infinitas possibilidades que levem este aluno a uma aprendizagemcontextualizada e significativa, valorizando seu potencial e desenvolvendo suas habili-dades cognitivas, lingsticas e scio-afetivas.

    Propomos considerar a pessoa com surdez, o conhecimento e o objeto de estudo a par-tir da base conceitual do pensamento ps-moderno, que envolve epistemologicamente acomplexidade do fenmeno inter e intra-humano e estabelece uma simbiose entre a edu-cao da conscincia e da instruo da inteligncia.

    Apresentamos neste fascculo uma proposta capaz de gerar novos ambientes de apren-dizagem, em que o AEE na modalidade complementar ou suplementar a classe comum,tece o ensino mediante uma teoria que leva em conta o conhecimento produzido pelos

    sujeitos e se estabelece em forma de conexes.O AEE, como um lcus epistemolgico da educao inclusiva, constitui esta propostavoltada aos alunos com surdez que visa a preparar para a individualidade e a coletivi-dade, provocando um processo dialgico, de superao da imanncia e a busca demudanas sociais, culturais e filosficas. Uma ruptura de fronteiras para as infinitas pos-sibilidades humanas.

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    1. EDUCAO ESCOLAR DE PESSOAS COM SURDEZ

    A educao escolar das pessoas com surdez nos reporta aproximadamente h dois s-

    culos, quando se instaurou um embate poltico e epistemolgico entre os gestualistas eoralistas. Este confronto tem ocupado um lugar de destaque nas polticas pblicas, nosdebates e nas pesquisas cientficas, bem como nas aes pedaggicas empreendidas emprol da educao desses alunos, seja na escola comum ou especial.

    Historicamente as concepes desenvolvidas sobre a educao de pessoas com sur-dez se fundamentaram em trs abordagens diferentes: a oralista, a comunicao total ea abordagem por meio do bilinguismo. As propostas educacionais centraram-se, ora nainsero desses alunos na classe comum, ora na classe especial ou na escola especial.

    As escolas comuns ou especiais, pautadas no oralismo visaram capacitao da pes-soa com surdez para a utilizao da lngua da comunidade ouvinte na modalidade oral,como nica possibilidade lingstica o uso da voz e da leitura labial, tanto na vida soci-

    al, como na escola. As propostas educacionais, baseadas no oralismo, no conseguiramatingir resultados satisfatrios, porque, normalizaram as diferenas, no aceitando alngua de sinais dessas pessoas e centrando os processos educacionais na viso da rea-

    bilitao e naturalizao biolgica.A comunicao total considerou a pessoa com surdez de forma natural, aceitando

    suas caractersticas e prescrevendo o uso de todo e qualquer recurso possvel para acomunicao, procurando potencializar as interaes sociais, considerando as reascognitivas, lingsticas e afetivas dos alunos. Os resultados obtidos com esta con-cepo so questionveis quando observamos as pessoas com surdez frente aos de-safios da vida cotidiana. A linguagem gestual, visual, os textos orais, os textos escri-

    tos e as interaes sociais pareciam no possibilitar um desenvolvimento satisfat-rio e esses alunos continuavam segregados, permanecendo em seus guetos, ou seja,marginalizados, excludos do contexto maior da sociedade. Esta concepo, no va-lorizou a lngua de sinais, portanto, pode-se dizer que a comunicao total umaoutra feio do oralismo.

    Os dois enfoques - oralista e comunicao total - deflagraram um processo que nofavoreceu o pleno desenvolvimento das pessoas com surdez, por focalizar o domniodas modalidades orais, negando a lngua natural desses alunos e provocando perdasconsiderveis nos aspectos cognitivos, scio-afetivos, lingsticos, polticos, culturais ena aprendizagem. Em favor da modalidade oral, por exemplo, usava-se o portugus si-nalizado e desfigurava-se a rica estrutura da lngua de sinais, cujo processo de deriva-

    o lexical descartado.Por outro lado, a abordagem educacional por meio do bilinguismo visa capacitar a

    pessoa com surdez para a utilizao de duas lnguas no cotidiano escolar e na vida soci-al, quais sejam: a lngua de sinais e a lngua da comunidade ouvinte. Estudos tm de-monstrado que esta abordagem corresponde melhor s necessidades do aluno com sur-dez, em virtude de respeitar a lngua natural e construir um ambiente propcio para a

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    sua aprendizagem escolar.Diante dessas concepes torna-se urgente repensar a educao escolar dos alunos

    com surdez, tirando o foco do confronto do uso desta ou daquela lngua e buscar re-

    dimensionar a discusso acerca do fracasso escolar, situando-a no debate atual acer-ca da qualidade da educao escolar e das prticas pedaggicas. preciso construirum campo de comunicao e de interao amplos, possibilitando que a lngua de si-nais e a lngua portuguesa, preferencialmente a escrita, tenham lugares de destaquena escolarizao dos alunos com surdez, mas que no sejam o centro de todo o pro-cesso educacional.

    A Poltica Nacional de Educao Especial na Perspectiva da Educao Inclusiva(2008) vem ao encontro do propsito de mudanas no ambiente escolar e nas prticassociais/institucionais para promover a participao e aprendizagem dos alunos comsurdez na escola comum. Muitos desafios precisam ser enfrentados e as propostas edu-cacionais revistas, conduzindo a uma tomada de posio que resulte em novas prticasde ensino e aprendizagem consistentes e produtivas para a educao de pessoas comsurdez, nas escolas pblicas e particulares.

    necessrio reinventar as formas de conceber a escola e suas prticas pedaggicas,rompendo com os modos lineares do pensar e agir no que se refere escolarizao. Oparadigma inclusivo no se coaduna com concepes que dicotomizam as pessoas comou sem deficincia, pois os seres humanos se igualam na diferena, refletida nas rela-es, experincias e interaes. As pessoas com surdez no podem ser reduzidas con-dio sensorial, desconsiderando as potencialidades que as integram a outros proces-sos perceptuais, enquanto seres de conscincia, pensamento e linguagem.

    As pessoas com surdez no podem ser reduzidas ao chamado mundo surdo, com

    uma identidade e uma cultura surda. no descentramento identitrio que podemosconceber cada pessoa com surdez como um ser biopsicosocial, cognitivo, cultural, nosomente na constituio de sua subjetividade, mas tambm na forma de aquisio eproduo de conhecimentos, capazes de adquirirem e desenvolverem no somente osprocessos visuais-gestuais, mas tambm de leitura e escrita, e de fala se desejarem.

    Pensar e construir uma prtica pedaggica que assuma a abordagem bilnge e sevolte para o desenvolvimento das potencialidades das pessoas com surdez na escola fazer com que esta instituio esteja preparada para compreender cada pessoa em suaspotencialidades, singularidades e diferenas e em seus contextos de vida.

    Na abordagem bilnge, a Libras e a Lngua Portuguesa, em suas variantes de uso pa-dro, quando ensinadas no mbito escolar, so deslocadas de seus lugares especifica-

    mente lingsticos e devem ser tomadas em seus componentes histrico-cultural, textu-al e pragmtico, alm de seus aspectos formais, envolvendo a fonologia, morfologia, sin-taxe, lxico e semntica. Para que isso ocorra, no se discute o bilingismo com olharfronteirio ou territorializado, pois a pessoa com surdez no estrangeira em seu pr-prio pas, embora possa ser usuria da Libras, um sistema lingstico com caractersti-cas e status prprios.

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    Na perspectiva inclusiva da educao de pessoas com surdez, o bilinguismo que seprope aquele que destaca a liberdade de o aluno se expressar em uma ou em outralngua e de participar de um ambiente escolar que desafie seu pensamento e exercite

    sua capacidade perceptivo-cognitiva, suas habilidades para atuar e interagir em ummundo social que de todos, considerando o contraditrio, o ambguo, as diferenasentre as pessoas.

    Continuar, portanto, o embate epistemolgico entre o uso exclusivo da Libras ou ouso exclusivo do Lngua Portuguesa, alm das questes que foram levantadas sobre o

    bilinguismo, manter a excluso escolar dos alunos com surdez. Assim, deflagrar ini-ciativas no meio escolar pautadas no reconhecimento e na valorizao das diferenas,que demonstrem a possibilidade da educao escolar inclusiva de pessoas com surdezna escola comum brasileira.

    De acordo com o Decreto 5.626, de 5 de dezembro de 2005, as pessoas com surdeztm direito a uma educao que garanta a sua formao, em que a Lngua Brasileira deSinais e a Lngua Portuguesa, preferencialmente na modalidade escrita, constituam ln-guas de instruo, e que o acesso s duas lnguas ocorra de forma simultnea no ambi-ente escolar, colaborando para o desenvolvimento de todo o processo educativo.

    Diante do exposto, a proposta de educao bilngue pauta a organizao da prticapedaggica na escola comum, na sala de aula comum e no AEE.

    2. ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO PARA PESSOAS COM SURDEZ

    O AEE para alunos com surdez, na perspectiva inclusiva, estabelece como ponto de

    partida a compreenso e o reconhecimento do potencial e das capacidades dessas pes-soas, vislumbrando o seu pleno desenvolvimento e aprendizagem. O atendimento asnecessidades educacionais especficas desses alunos reconhecido e assegurado pordispositivos legais, que determinam o direito a uma educao bilngue, em todo o pro-cesso educativo.

    O AEE deve ser visto como uma construo e reconstruo de experincias e vivn-cias conceituais, em que a organizao do contedo curricular no deve estar pautadanuma viso linear, hierarquizada e fragmentada do conhecimento. O conhecimentoprecisa ser compreendido como uma teia de relaes, na qual as informaes se proces-sam como instrumento de interlocuo e de dilogo.

    As prticas de sala de aula comum e do AEE devem ser articuladas por metodolo-

    gias de ensino que estimulem vivncias e que levem o aluno a aprender a aprender,propiciando condies essenciais da aprendizagem dos alunos com surdez na aborda-gem bilngue.

    Para construir um ambiente de aprendizagem favorvel a esses e aos demais alunos,que potencialize a capacidade de pensar de cada um, de questionar e entrar em confli-to com novas idias, o professor da sala de aula comum dever buscar recursos e mate-

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    riais diversificados. Por meio de uma metodologia vivencial de aprendizagem, os alu-nos ampliam sua formao, indo ao encontro de respostas aos seus questionamentos,no processo investigativo. Ao agir dessa maneira o aluno aprende a aprender, desenvol-

    vendo a linguagem e a lngua, o pensamento, as aptides, as habilidades e os talentos.O AEE promove o acesso dos alunos com surdez ao conhecimento escolar em duas

    lnguas: em Libras e em Lngua Portuguesa, a participao ativa nas aulas e o desenvol-vimento do seu potencial cognitivo, afetivo, social e lingustico, com os demais colegasda escola comum.

    A prtica pedaggica do AEE parte dos contextos de aprendizagem definidos peloprofessor da sala comum, que realizando pesquisas sobre o assunto a ser estudado eelabora um plano de trabalho envolvendo os contedos curriculares. O professor deAEE entra em contato com esse plano de trabalho para desenvolver as atividades com-plementares com os alunos com surdez.

    A elaborao do Plano de AEE inicia-se com o estudo das habilidades e necessidadeseducacionais especficas dos alunos com surdez, bem como das possibilidades e das

    barreiras que tais alunos encontram no processo de escolarizao. Conforme Damzio(2007), o AEE envolve trs momentos didtico-pedaggicos:

    Atendimento Educacional Especializado em Libras Atendimento Educacional Especializado de Libras Atendimento Educacional Especializado de Lngua Portuguesa.

    O AEE em seus trs momentos visa oferece a esses alunos a oportunidade de de-

    monstrarem se beneficiar de ambientes inclusivos de aprendizagem. As fotos a seguirilustram esses momentos didtico-pedaggicos na escola comum.

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    Foto 03 - AEE : ensino de Lngua Portuguesa namodalidade escrita.Dois alunos com surdez esto sendo orientadospela professora de Lngua Portuguesa.

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    Foto 01 - AEE: ensino de Libras.Dois alunos com surdez e o professor dialogando em Libras sobre a localizao dos indgenas que estoestudando. Na lousa esto fixados os mapas do Brasil e do mundo.

    Foto 02- AEE: construo de conceito em Libras.A professora no AEE ensina em Libras construin-do com o um aluno conceitos sobre o cic lo de vidada Taenia Solium, por meio de recursos visuais,

    tais como uma maquete, um cartaz e um esqueletohumano.

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    3. ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO EM LIBRAS

    O AEE em Libras fornece a base conceitual dos contedos curriculares desenvolvidos

    na sala de aula. Esse atendimento contribui para que o aluno com surdez participem dasaulas, compreendendo o que tratado pelo professor e interagindo com seus colegas.O AEE em Libras ocorre em horrio oposto ao da escolarizao o professor do AEE tra-

    balha com os contedos curriculares que esto sendo estudado no ensino comum em Li-bras, articuladamente com o professor de sala de aula. Trata-se de um trabalho comple-mentar ao que est sendo estudado na sala de aula, de uma explorao do contedo, emLibras; em que o professor de AEE retoma as idias essenciais, avaliando durante o pro-cesso o plano de atendimento do aluno com surdez.

    A proposta pedaggica deve possibilitar a ampliao da relao dos alunos com o co-nhecimento, levando-os a formular suas idias, a partir do questionamento de pontos devista e da liberdade de expresso. Para que os construam conhecimentos, as aulas devemser planejadas pelos professores das diferentes reas.

    Foto 04 - Quatro professores sentados ao redor deuma mesa com livros e cadernos, tendo umquadro ao fundo com um painel do contedoIndgenas Brasileiros, discutindo o trabalhado doAEE em Libras.

    Foto 05 - Dois alunos recepcionados pelo professorna sala de recursos multifuncionais, em Libras. Elesesto junto a uma maquete, ao fundo h umaprateleira com materiais didticos/pedaggicos.

    O planejamento do AEE em Libras atribuio do professor deste atendimento, con-

    forme as seguintes etapas essenciais:- Acolhimento de todos os alunos, que precisam ser valorizados, mantendo uma relaode respeito e confiana com o professor.- A identificao das habilidades e necessidades educacionais especficas dos alunos con-templando a avaliao inicial dos conhecimentos dos alunos.

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    Foto 06 - A professora do AEE e o aluno com surdez dialogando, em Libras, sobre os diversos materiais dacultura de indgenas brasileiros.

    Parceria com os professores da sala de aula comum para a discusso dos contedos cur-riculares, objetivando a coerncia entre o planejamento das aulas e o do AEE. Esse plane-

    jamento propicia uma organizao didtica bem estruturada que contribuir para a com-preenso dos conceitos referentes aos contedos curriculares, possibilitando aos alunoscom surdez estabelecer relaes e ampliar seu conhecimento acerca dos temas desenvol-vidos em Lngua Portuguesa e em Libras.

    Estudo dos termos cientficos prprios das reas especficas em Libras. Neste momen-to h uma ampliao do vocabulrio tcnico da Libras, a necessidade de criao de no-vos sinais e o aprofundamento dos conhecimentos nessa lngua.

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    Foto 07 - Dois professores discutindo os termostcnicos do contedo indgenas brasileiros, emLibras; ao fundo h um painel e outros materiaisreferentes a temtica.

    Foto 08 - Imagem de prateleiras com potes de lpisde cor, maquetes que representam as fases damitose e da meiose, cartazes do mapa mundi, umapintura em tela, cadernos, fichas e livros.

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    Identificao, organizao e produo de recursos didticos acessveis a serem utiliza-dos para ilustrar as aulas na sala de aula comum e no AEE, alm de estratgias de drama-tizao, pantomima e outras que contribuem com construo de diferentes conceitos. Os

    recursos visuais so essenciais, uma vez que a lngua de instruo do AEE Libras. Por-tanto, as salas de recursos multifuncionais devem ter muitos materiais visuais dispostosem murais, livros, painis, fotos sobre os contedos e outros. A produo desses recursos,pelos professores e alunos, primordial para a compreenso dos contedos curricularesem Libras, enriquecendo a aula e tornando-a mais atraente e representativa.- Avaliao da aprendizagem por meio da Libras importante para que se verifique a com-preenso e a evoluo conceitual dos alunos com surdez no AEE. Considerando que a edu-cao escolar dos alunos com surdez tem como lngua de instruo a Libras e a Lngua Por-tuguesa, o aluno realizar suas avaliaes em sala de aula comum em Lngua Portuguesa eem Libras, de acordo com os objetivos propostos.

    Foto 09 - Dois alunos e o professor discutindo, em Libras, ao redor de uma maquete que representa a zonarural e a zona urbana e a poluio dos rios.

    4. O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO PARA O ENSINO DE LIBRAS

    4.1. SOBRE LNGUAS DE SINAIS E LIBRAS

    As lnguas de sinais so lnguas naturais e complexas que utilizam o canal visual-espacial,articulao das mos, expresses faciais e do corpo, para estabelecer sua estrutura. Todas as ln-guas so independentes umas das outras e as lnguas de sinais possuem estruturas gramaticaisprprias, compostas de aspectos lingsticos: fonolgico, morfolgico, sinttico e semntico -pragmtico. As lnguas de sinais, assim como as lnguas orais, possibilitam aos seus usuriosdiscutir, avaliar e relacionar temas relativos a qualquer ramo da cincia ou contexto cientfico.

    A lngua de sinais no universal e cada pas possui sua prpria lngua de sinais com

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    variaes regionais. No Brasil, a Libras, reconhecida pela Lei 10.436/2002, entendida co-mo a forma de comunicao e expresso em que o sistema lingstico de natureza visu-al-motora, com estrutura gramatical prpria, constitui um sistema lingstico de trans-

    misso de idias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.Nos ltimos anos, vrias iniciativas foram criadas para promover o uso da Libras nasescolas, desenvolvendo prticas pedaggicas que favorecem o ensino dessa lngua paraas pessoas com surdez. Tais aes so necessrias, considerando a singularidade da ln-gua de sinais e que esta no usual na sociedade. Assim, um dos desafios das polticaspblicas inclusivas para as escolas brasileiras a construo de ambientes educacionaispara o ensino da Libras, por meio de mtodos adequados.

    direito das pessoas surdas o acesso ao aprendizado da Libras desde a educao in-fantil para sua apropriao de maneira natural e ao longo das demais etapas da educao

    bsica, com a presena de um profissional habilitado, preferencialmente surdo. Essa ha-bilitao para o ensino da Libras pode ser obtida por meio do exame Prolibras promovi-do pelo MEC/INEP, ou por meio do curso de licenciatura Letras/Libras .

    4. 2. LIBRAS: PARMETROS QUE A ESTRUTURAM

    Como lngua a Libras tem suas normas, padres e regras prprias. Seus sinais so for-mados pelo movimento e pelas combinaes das mos com o espao em frente ao corpo.Segundo Brito (1995), a estrutura da Libras constituda de parmetros primrios e se-cundrios: configurao das mo, ponto de articulao, movimento e disposio dasmos, orientao da palma das mos, regio de contato e expresses faciais.

    Os parmetros definem as articulaes das mos com os componentes do corpo e conferem Libras uma organizao dos movimentos gestuais e das expresses por ela transmitida.

    4.2.1 CONFIGURAO DAS MOSAs mos assumem diversas formas para a realizao de um sinal. De acordo com es-

    tudos apresentados pelo Instituto Nacional de Educao dos Surdos - INES, so 63 posi-es diferentes, dos dedos e da mo.

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    Foto 10 - Configurao das mos.Fonte: http://www.ines.gov.br/libras/principal.asp

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    4.2.2 PONTO DE ARTICULAO, ORIENTAO/DIREO E REGIO DE CONTATO

    O ponto de articulao o espao em frente ao corpo ou uma regio do prprio corpo,

    onde os sinais se articulam. Orientao/direo: direo a forma que a palma da moassume durante o sinal; e orientao das mos a regio de contato (parte da mo queentra em contato com o corpo).

    4.2.3 MOVIMENTO

    So diversos os movimentos e deslocamentos que a mo assume para realizar um sinal:internos da mo, do pulso e direcionais no espao.

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    Foto 11 - Duas fotos de uma mesma pessoa fazendo gestos com as mos na altura do peito e acima da cabea

    Foto 12 - Duas fotos de uma mesma pessoa fazendo gestos com as mos na altura do rosto e na cintura.

    4.2.4 EXPRESSO FACIAL E CORPORAL

    So componentes no-manuais muito importantes, que participam da composio dalngua de sinais, constituindo elementos diferenciadores para expressar sentimentos e de-terminar significados (interrogao, exclamao, negao, afirmao).

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    4.3. O ESTUDO DE TERMOS TCNICO-CIENTFICOS NAS ESCOLAS

    Os estudos e as pesquisas dos termos tcnico-cientficos das diferentes reas do conhe-

    cimento, em Libras, esto em processo de desenvolvimento. Sua sistematizao visa am-pliar o lxico da Libras e geralmente realizado na interao entre alunos, professores etradutores/intrpretes da Libras.

    A criao e organizao desses termos em Libras fundamental para:

    Subsidiar o tradutor/intrprete e o professor bilnge a trabalhar em Libras em seus v-rios contextos cientficos; Desenvolver referencial terico que possibilite a apreenso de termos inerentes aos co-nhecimentos cientficos; Construir conceitos em sala de aula e possibilitar ampliao das competncias lings-ticas da pessoa com surdez em Libras e em Lngua Portuguesa. Gerar novas convenes em glossrios e dicionrios da Libras.

    4.4. CAMINHO METODOLGICO PARA O ENSINO DE LIBRAS NO AEE

    O ensino de uma lngua requer critrios metodolgicos que favoream a contextualizaosignificativa, considerando que nem sempre o signo lingstico motivado. Na organizaodo AEE, o professor de Libras deve planejar o ensino dessa lngua a partir dos diversos aspec-tos que envolvem sua aprendizagem, como: referencias visuais, anotao em lngua portugue-sa, dactilologia (alfabeto manual), parmetros primrios e secundrios, classificadores e sinais.

    Para atuar no ensino de Libras, o professor do AEE precisa ter conhecimento estrutura e flun-cia na Libras, desenvolver os conceitos em Libras de forma vivencial e elaborar recursos didticos.

    O AEE deve ser planejado com base na avaliao do conhecimento que o aluno tem arespeito da Libras e realizado de acordo com o estgio de desenvolvimento da lngua emque o aluno se encontra. Aps a avaliao inicial, o professor de Libras precisa pensar naorganizao didtica que implica o uso de imagens e de todo tipo de referncias.

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    FOTO 13 - Dois professores ensinam Libras cincoalunos com surdez, utilizando referenciais visuais.

    Foto 14 - Professora de Libras segurando um painel defotos de cidade e um aluno com surdez explicando emLibras. Na lousa tem fotos de cidade e de fazenda.

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    No decorrer do atendimento os alunos interagem e vivenciam dilogos e trocas sim-blicas. Os professores e os alunos recorrem a vrios recursos pedaggicos, tais comoDVDs, livros, dicionrios, materiais concretos, dentre outros. O professor do AEE avalia

    sistematicamente a aprendizagem dos alunos em Libras: conhecimento dos sinais, flun-cia e simetria. Em fluncia e simetria, analisam: configurao de mo; ponto de articula-o; movimento; orientao e expresso facial. Avaliam tambm o emprego de termos tc-nico-cientficos, de acordo com o ano ou ciclo escolar em que o aluno se encontra.

    5. AEE PARA O ENSINO DA LNGUA PORTUGUESA

    A proposta didtico-pedaggica para se ensinar portugus escrito para os alunos comsurdez orienta-se pela concepo bilnge - Libras e Portugus escrito, como lnguas deinstruo destes alunos. A escola constitui o lcus da aprendizagem formal da lngua Por-tuguesa na modalidade escrita, em seus vrios nveis de desenvolvimento. Na educao

    bilnge os alunos e professores utilizam as duas lnguas em diversas situaes do coti-

    diano e das prticas discursivas.

    Para o ensino de a Lngua Portuguesa escrita no AEE importante considerar:

    Alunos com surdez e o ato de ler: alm da atribuio de significados imagem grfica, Mar-tins (1982) define a leitura como a relao que o leitor estabelece com a prpria experincia, pormeio do texto. Envolve aspectos sensoriais, emocionais e racionais. Ler no dizer o j dito, mas

    falar do outro sentido impossvel uma leitura do consenso, as diferentes interpretaes reve-lam a riqueza presentes no texto. A leitura se d por meio de um processo de interlocuo entreo leitor e o autor mediados pelo texto, num movimento que estimula seus mecanismos percep-tivos, do todo para as partes e vice-versa, resultando nos percursos de contextualizao, descon-textualizao e recontextualizao. No percurso de contextualizao, o aluno parte do todo tex-tual para formar o sentido inicial da produo de significados o percurso de descontextualiza-

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    Foto 15 - A professora de Lngua Portuguesa, como aluno com surdez, explora diversos conceitos,utilizando um livro com imagens.

    Foto 16 - Professora de Lngua Portuguesa comdois alunos com surdez, trabalhando na produode texto, com uso de livros e dicionrios.

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    o, h o reconhecimento das partes do texto, das suas estruturas em palavras e frases, slabas egrafemas. No percurso da recontextualizao, o aluno realiza o processo de montagem de ou-tros sentidos e a produo de novas palavras ou textos.

    Aluno com surdez e ato de escrever: o texto uma tessitura de palavras, idias e con-cepes articuladas de forma coerente e coesa. Ensinar aos alunos com surdez, assim co-mo aos demais alunos, a produzir textos em Portugus objetiva torn-los competentes emseus discursos, oferecendo-lhes oportunidades de interagir nas prticas da lngua oficial ede transformar-se em sujeitos de saber e poder com criatividade e arte. Para que essaaprendizagem ocorra, a educao escolar deve apresentar aos alunos com surdez a diver-sidade textual circulante em nossas prticas sociais. Essa apropriao dos gneros e dis-cursos essencial para que os alunos faam uso da lngua portuguesa.

    5.1. ALUNOS COM SURDEZ E O ENSINO DA LNGUA PORTUGUESA ESCRITA NO AEE

    Ao ensinar lngua portuguesa escrita, deve-se conceber que o processo de letramentorequer o desenvolvimento e aperfeioamento da lngua em vrias prticas sociais de in-terao verbal e discursiva, principalmente da escrita.

    Para Soares (2003), "o letramento, como o resultado da ao de ensinar ou de aprender a lere escrever, configura um estado ou a condio que adquire um grupo social ou um indivduo co-mo conseqncia de ter-se apropriado da escrita. Considera que o letramento traz conseqnciaspolticas, econmicas, culturais para os indivduos e grupos que se apropriam da escrita, fazen-do com que esta se torne parte de suas vidas como meio de expresso e comunicao".

    A apropriao da lngua portuguesa escrita demanda atividades de reflexo voltadaspara a observao e a anlise de seu uso, para o conhecimento de sua estrutura e sistemalingstico, funcionamento e variaes em contextos de prtica, tanto nos processos de

    leitura como na produo de texto. A reflexo sobre a lngua permite ao aluno conhecere usar a gramtica normativa, produzir os vrios gneros textuais e ampliar sua compe-tncia e desempenho lingstico.

    5.2. NVEIS DE ENSINO DO PORTUGUS ESCRITO PARA ALUNOS COM SURDEZ

    Para a aprendizagem do Portugus, a proposta didtico-pedaggica, em um primeiro nvelde ensino deve iniciar-se com os processos de letramento, que perpassam a educao infantil eo ciclo de alfabetizao no decorrer do ensino fundamental. Num segundo nvel intermedirio,os textos devem apresentar estruturas, organizao e funcionamento de razovel complexida-de, em condies de promover a leitura, interpretao e escrita, segundo categorias mais elabo-radas da lngua portuguesa. No terceiro nvel, os conhecimentos do Portugus escrito devem

    recair sobre o uso da lngua oficial na leitura e na produo de textos mais complexos.

    5.3. ORGANIZAO DO ENSINO DA LNGUA PORTUGUESA NO AEE

    Este momento didtico-pedaggico deve acontecer em sala de recursos multifuncio-nais, em horrio oposto ao da sala de aula comum envolvendo a articulao dos profes-

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    sores do AEE e da sala de aula comum. Considerando as etapas de ensino, o ensino dalngua portuguesa dever ser desenvolvido por professores com formao em Letras,que conheam com os pressupostos lingsticos e tericos que norteiam esse trabalho.

    O objetivo desse atendimento desenvolver a competncia lingstica, bem comotextual, dos alunos com surdez, para que sejam capazes de ler e escrever em lngua por-tuguesa. Para tanto, a sala de recursos multifuncionais precisa ter:

    amplo acervo textual em Lngua Portuguesa, capaz de oferecer ao aluno a pluralida-de dos discursos, pelos quais possam ter oportunidade de interao com os mais vari-ados tipos de situao e de enunciao; presena de pistas escritas pr-estabelecidas pelo professor em concordncia com osalunos, de forma que possam ser utilizadas como canal de comunicao entre os alu-nos e o professor, colocando em uso, a estrutura e funcionamento da lngua.

    No momento do AEE para o ensino da lngua portuguesa escrita o professor no utiliza

    a Libras, a qual no indicada como intermediria nesse aprendizado. Entretanto, previ-svel que o aluno utilize a interlngua na reflexo sobre as duas lnguas, cabendo ao o pro-fessor mediar o processo de modo a conduzi-lo a diminuio gradativamente desse uso.

    As aulas AEE para o ensino do Portugus escrito so preparadas segundo o desenvolvi-mento e aprendizagem dos alunos. O professor do AEE avalia e analisa o estgio de desen-volvimento lingstico dos alunos, em relao leitura e escrita, tendo por base suas prpri-as produes e interpretaes de textos, dialgicos, descritivos, narrativos e dissertativos.

    Como o canal de comunicao especfico para o ensino e a aprendizagem a lnguaportuguesa, o aluno pode utilizar a leitura labial (caso tenha desenvolvido habilidade) ea leitura e a escrita.

    Considerando que os recursos escritos so vitais para a compreenso e explorao textu-

    al e contextual do contedo, o AEE para o ensino de lngua portuguesa escrita deve ser di-rio, pois a aquisio de uma lngua demanda um exerccio constante. O professor deve esti-mular os alunos, provocando-os a enfrentar esse desafio de aprender o Portugus escrito.

    O ensino da lngua portuguesa por escrito de extrema importncia para o desenvol-vimento e a aprendizagem do aluno com surdez em sala de aula comum e na vida social.A avaliao das aquisies do Portugus pelos alunos deve colocar em evidncia os avan-os e dificuldades de cada um e servir para redefinir o planejamento.

    5.4. ALGUMAS ATIVIDADES PEDAGGICAS ENVOLVENDO LINGUAGENS E VI-VNCIAS NO AEE

    Para fases iniciais de aprendizado da Lngua Portuguesa: Expresso corporal; Expresso artstico-cultural; Dramatizao Contextualizao de situaes vividas; Aula-passeio; Sesso de filmes.

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    Para a leitura: Leitura de cones, sinais, ndices, smbolos e signos lingusticos; Leitura visual de imagens;

    Leitura de texto escrito: texto - frases - palavras - slabas - letras; Interpretao/compreenso por meio do desenho; Interpretao/compreenso por meio da escrita: aplicao das condies de produodos gneros textuais e discursivos.

    Para a escrita: Do desenho palavra - da palavra ao desenho; Da frase ao desenho - do desenho frase; Do texto ao desenho - do desenho ao texto; Escrita de diferentes gneros textuais.

    Para descoberta da escrita: linguagens ldicas: Brincadeiras;Jogos interativos; Testes-problema;Jogos eletrnicos; Informtica; Livros.

    Para desenvolver o lxico: estudos ortogrficos e do sentido das palavras em diferen-tes contexto:

    Propor atividades de escrita contextualizada, ou seja, a partir de um dado assunto

    (aprender a escrever com sentido e no apenas desenhar palavras); Contextualizar o uso do lxico (das palavras) da Lngua Portuguesa escrita em vriassituaes diferentes (manga de camisa, manga fruta e outras).

    Para a produo de textos escritos em Portugus:

    Cultivar no aluno com surdez o processo de criar signos, para interagir com outras pes-soas por meio da produo de textos escritos - bilhetes, cartas etc.

    A escola tem uma contribuio muito importante na incluso da pessoa com surdezna sociedade e, nesse sentido, o aprendizado do Portugus escrito tem a sua parte, porser mais um instrumento que essa pessoa ter para se integrar sociedade. O ensinodo Portugus escrito no restringe alfabetizao das pessoas com surdez, portanto,todos os nveis de letramento, desde o incio do aprendizado at o ensino superior pre-cisam ser desenvolvidos e, nesse sentido, o AEE para o ensino da lngua portuguesaescrita indispensvel.

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    CONSIDERAES FINAIS

    O fracasso do processo educativo das pessoas com surdez um problema resultadodas concepes pedaggicas de educao escolar adotadas pelas escolas e de suas prti-cas. O foco do trabalho deve ser a transformao das suas prticas pedaggicas excluden-tes em inclusivas, pois se compreende o homem como um ser dialgico, transformacio-nal, inconcluso, reflexivo, sntese de mltiplas determinaes num conjunto de relaessociais, com capacidade de idealizar e de criar.

    Por isso, que defendemos a reinveno das prticas pedaggicas na perspectiva daeducao escolar inclusiva para pessoas com surdez, visando proporcionar a essas pesso-as a oportunidade de aquisio de habilidades para a vida em comunidade, ou seja, comoatuar e interagir com seus pares no mundo, considerando o contraditrio, o ambguo, ocomplexo e o diferente e suas conseqncias. Continuar neste embate epistemolgico en-

    tre gestualistas e oralistas manter na excluso escolar as pessoas com surdez.V-se, portanto a urgncia de deflagrar iniciativas que desconstruam os modelos con-servadores da escola comum, para gestar formas de fazer uma educao escolar inclusi-va pautada no reconhecimento e na valorizao das diferenas, mostrando efetiva e coe-rentemente, a possibilidade da educao escolar inclusiva de pessoas com surdez na es-cola comum brasileira.

    Mediante todas as questes apresentadas, primordial valorizar as diferenas humanase aprender com o diferente, no pela diferena que a sua deficincia impe, mas pela sin-gularidade de sermos diferentes enquanto condio humana que intrnseca a cada um. Orespeito e o oferecimento do atendimento educacional especializado para pessoa com sur-dez direito do aluno com surdez e como tal no deve ser questionado, pois a aceitaode sua diferena que assegurar a sua aprendizagem.

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    REFERNCIAS

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    Formato: 205x275 mm

    Tipologia: Palatino Linotype (Miolo), Futura BdCn BT, Calibri e Tahoma (Capa)

    Papel: Off-set 90g/m2 (miolo), Carto 250g/m2 (capa)

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