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Biotecnologias da Reproduo em Bubalinos
Prof. Dr. Andr Mendes JorgeDepto. Produo e Explorao Animal
Unesp-FMVZ-Botucatu [email protected]
Pesquisador do CNPq
INTRODUO
Das espcies animais produtoras de carne e leite para consumo humano, o bfalo
figura como alternativa na disponibilidade de nutrientes de alto valor biolgico.
Segundo dados da FAO (1999) o rebanho bubalino brasileiro cresceu 1.340 %
durante o perodo de 1970 a 1998 contando atualmente com uma populao estimada de
3 milhes de cabeas. Este crescimento expressivo, acompanhado de excelentes ndices
de produtividade (carne e/ou leite) e de reproduo obtidos nas mais diversas condies
edafo-climticas do territrio brasileiro tm mostrado a excepcional capacidade de
adaptao da espcie bubalina.
No entanto, o nmero de rebanhos selecionados zootecnicamente para uma
aptido ou outra ainda bastante reduzido. Para a obteno de ganhos genticos
expressivos, o emprego de biotecnologias da reproduo, como a inseminao artificial
(I.A.), entre outras, utilizando-se animais de alto valor gentico-produtivo, permite
aumentar a presso e a velocidade de seleo, reduzindo-se o intervalo entre geraes.
Segundo OBA (1993) embora para o leigo tudo na espcie bubalina seja
parecido com a bovina, as suas peculiaridades so bem diferentes e, em decorrncia da
sua potencialidade de produo de leite e de carne nos diferentes ecossistemas em que
so criados, aliado ao conhecimento dos aspectos reprodutivos tanto das fmeas quanto
dos machos so requisitos bsicos para a implantao dos rebanhos como tambm para
o melhoramento e avaliao da fertilidade destes animais.
No Brasil, apesar dos esforos de vrios grupos de pesquisadores, existe ainda
um volume limitado de informaes sobre o emprego de biotecnologias da reproduo
em bubalinos. Portanto, procuraremos sumarizar os principais avanos recentemente
obtidos na reproduo de bubalinos.
A Importncia do Manejo Reprodutivo
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Dentro de qualquer explorao pecuria econmica, o manejo reprodutivo
fator dos mais importantes, especialmente nos bubalinos. Quando da utilizao de
biotecnologias da reproduo, como no caso da I.A., a adoo de tcnicas corretas de
manejo, identificao dos animais, diviso por categorias, seleo atravs de exame
ginecolgico prvio de todas as matrizes a serem utilizadas, faz-se necessrio para o
sucesso de qualquer programa de reproduo (VALE, 1998). Da mesma forma, VALE e
OHASHI (1994) citam a importncia de um cronograma prvio que deve ser
estabelecido para controle de doenas infecto-contagiosas e parasitrias, em especial
enfermidades da esfera reprodutiva, tais como brucelose, leptospirose,
campilobacteriose, tricomonase, que normalmente causam aborto, reteno de anexos
fetais, infeces no sistema genital e consequentemente queda nos ndices de
fertilidade.
Torna-se tambm mister para alcanar bons resultados reprodutivos o atendimento s
exigncias nutricionais das diferentes categorias animais envolvidas. Para se ter uma
idia, a condio corporal ao parto dos animais, reflexo do manejo alimentar, tem
influncia direta na eficincia reprodutiva em bubalinos (Quadro 1).
Quadro 1 Efeito da condio corporal ao parto (CCP) sobre a eficincia reprodutivade bfalas inseminadas na regio do Vale do Ribeira SP.
Caractersticas CCP Baixa(2,5)
CCP Intermediria(3,0 3,5)
CCP Alta4,0
Nmero de Bfalas 42 253 1811o Cio ps-parto (dias) 76,6 64,6 49,3Incidncia de Anestro (%) 42,8 15,4 3,7Doses / Concepo 2,72 1,89 1,78Perodo de Servio (dias) 112,7 88,1 75,1Taxa de Prenhez IA 38,1 74,3 82,3Taxa de Prenhez IA e Monta Controlada 42,8 80,2 87,8Fonte: Adaptado de BARUSELLI et al. (1995)
Estacionalidade Reprodutiva
ZICARELLI (1990) relatou que os bubalinos quando criados em localidades
distantes da regio equatorial, tm um comportamento reprodutivo influenciado
positivamente pela diminuio de horas de luz do dia. Desta forma, nas condies
tropicais, onde as variaes de luminosidade e temperatura so mnimas, possvel
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haver uma distribuio dos nascimentos durante todo o perodo do ano, visto que o
problema parece estar relacionado diretamente com a oferta de alimento (VALE et al.,
1996). medida que se distancia da linha do Equador, tanto no sentido norte quanto no
sul, o bubalino tende a apresentar-se como animal estacional.
Desta forma, segundo VALE (1988) a sazonalidade reprodutiva de cada regio
uma caracterstica que deve ser levada em considerao na implantao de um
programa reprodutivo. Na regio do mdio Amazonas, no Estado do Par, este autor
observou que o bubalino se comporta como poliestral contnuo, podendo se reproduzir
durante todo o ano.
Devido a esta caracterstica, no Quadro 2 so apresentados dados sobre
concentrao de cio das bfalas segundo o ms de manifestao, coletados na regio do
Vale do Ribeira-SP, localizada no centro sul do pas. Nesta regio existe variao na
durao de horas de luz, conforme a estao do ano e, pode-se observar uma
concentrao maior das manifestaes de cio no perodo do outono. Segundo
BARUSELLI (1993) este perodo, no hemisfrio sul, corresponde aos meses de maro a
julho, nos quais concentram-se 93,03% dos estros observados durante o ano.
Quadro 2 Frequncia do estro de bfalas segundo o ms de manifestao na regio doVale do Ribeira-SP, no perodo de 1990 a 1992Ms de manifestao Frequncia (%)
Janeiro 0,00Fevereiro 1,16
Maro 8,15Abril 34,88Maio 31,39Junho 12,79Julho 5,82
Agosto 3,49Setembro 0,00Outubro 1,16
Novembro 1,16Dezembro 0,00
Total 100,00Outono 20 de maro a 20 de junho; Inverno 21 de junho a 22 de setembro; Primavera 23 de setembro a 21 dVero 22 de dezembro a 19 de maroFonte: Adaptado de Baruselli (1993)
%
93,03e dezembro
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Em face do exposto anteriormente, a estacionalidade na manifestao do cio
acarreta consequentemente um concentrao das paries (Quadro 3). Para criaes
voltadas produo de carne, esta caracterstica muito importante e facilita o manejo,
racionalizando a mo-de-obra, pois permite concentrar os perodos de nascimento,
desmame, apartao por sexo, recria, terminao e abate.
Quadro 3 Frequncia mensal de partos de bfalas na regio do Vale do Ribeira-SP, noperodo de 1988 a 1992
Ms de Pario Frequncia (%)Janeiro 6,57
Fevereiro 37,96Maro 30,66Abril 13,14Maio 8,75Junho 0,73Julho 0,73
Agosto 0,73Setembro 0,73Outubro 0,00
Novembro 0,00Dezembro 0,00
Total 100,00Fonte: Adaptado de Baruselli (1993)
Na Itlia ZICARELLI (1990) demonstrou, em localidades onde a
reprodutiva ocorre, ser possvel distribuir mais uniformemente os partos du
Em rebanhos voltados produo de leite a desestacionalizao, visando
homogeneidade de paries durante todo o ano, propiciaria uma oferta
leite aos laticnios que produzem derivados exclusivamente com leite de b
frescal e mozzarella principalmente). Na regio sudeste do Brasil a desesta
pode ser obtida com novilhas (pelo menos 20%), fazendo com que as mes
sua estao de pario no segundo semestre (meses de setembro e outu
asseguraria uma produo de leite menos desuniforme entre os dois seme
ZICARELLI (1999)
%
81,76sazonalidade
rante o ano.
uma maior
constante de
fala (queijos
cionalizao
mas tenham
bro), o que
stres do ano
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Algumas Caractersticas Fisiolgicas Reprodutivas em Bubalinos
OBA (1993) em reviso sobre a fisiologia reprodutiva da espcie bubalina,
relatou que a puberdade e a maturidade sexual, ocorre mais tarde quando comparada
espcie bovina e est diretamente influenciada pela poca de nascimento, estao do
ano, disponibilidade de alimentos, raas, cruzamentos, manejo e diferenas individuais.
A puberdade no macho tem sido observada entre os 8 a 9 meses e a maturidade
sexual em torno dos 18 a 24 meses (OHASHI, 1988). Na fmea (VALE, 1988)
observou, em condies amaznicas, puberdade anterior aos 15 meses e superior ao 30
meses, em novilhas das raas Murrah e Carabao, respectivamente.
O ciclo estral, definido como o perodo entre um cio e outro, varia de 18 a 32
dias, com mdia de 21 dias, ocorrendo variaes dependendo da raa (OBA, 1993). No
Quadro 4 apresentada a durao mdia do ciclo estral de bfalas inseminadas
artificialmente.
Quadro 4 Durao do ciclo estral de bfalas inseminadas artificialmente na regio doVale do Ribeira-SP.
Fonte: Baruselli (1994)
Na literatura existe divergncia quanto durao do cio de bfalas, o que pode
estar relacionada diferentes condies climticas e de manejo. Nas condies da
regio do Vale do Ribeira-SP, BARUSELLI (1992) relatou valores mdios de durao
do cio de 14,78 7,36 horas.
O conhecimento do tempo mdio necessrio para que ocorra a ovulao aps o
final do cio fator importante para se definir o horrio aproximado da inseminao
artificial. A variao destes valores, segundo a literatura, bastante grande.
BARUSELLI (1992) trabalhando com bfalas na regio do Vale do Ribeira, litoral sul
do Estado de So Paulo, observou ovulao mdia em aproximadamente 17 horas aps
a aceitao da monta pela bfala.
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A durao da gestao varia segundo as diversas raas e pases e dependente
dos fatores climticos e do manejo alimentar. Porm, segundo OBA (1993) a durao
mdia de 310 dias, com variao de 281 a 334 dias.
No Quadro 5 so apresentados alguns ndices zootcnicos mdios encontrados
na bubalinocultura nacional, que ajudam a subsidiar os produtores que optarem por criar
seus animais em condies de monta natural.
Quadro 5 ndices zootcnicos mdios de rebanhos criados em regime de monta natural
Caractersticas ndices
Fertilidade (%) 85
Idade de Entouramento Novilhas (meses) 22-24
Perodo de Gestao (dias) 310
Idade a 1a Cria (meses) 32-34
Intervalo entre Partos (meses) 14
Peso ao nascer (kg) 31-43
Mortalidade de Bezerros (%) 2,5
Idade Desmama (meses) 7-9
Relao Touro / Vaca 20-50
Longevidade Produtivas das Bfalas (anos) 20Fonte: Adaptado de NASCIMENTOE CARVALHO (1993)
Emprego da Inseminao Artificial em Bubalinos
Assim como para outras espcies animais, a inseminao artificial (I.A.) em
bubalinos uma biotcnica que visa uma melhoria tanto quantitativa como qualitativa
do rebanho, quer seja para produo de leite como para produo de carne.
No Brasil as primeiras pesquisas envolvendo esta biotcnica foram conduzidas
em duas regies geogrficas bastante distintas. Na regio Sudeste a equipe da Profa.
Dra. Eunice Oba (OBA, 1990; OBA et al., 1994) e na regio Norte a equipe do Prof.
Wiliam Vale (VALE et al., 1991; VALE et al., 1994) dominaram a tcnica e a partir de
ento novas equipes surgiram e o avano nesta rea tm sido considervel.
Como vantagens da I.A. destacamos: maior produo de
bezerros/reprodutor/ano; utilizao de linhagens de reprodutores de outras propriedades,
evitando-se a consanginidade do rebanho e sem a necessidade de manuteno de
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vrios reprodutores na mesma propriedade; maior controle sanitrio eliminando-se as
doenas da esfera reprodutiva; estocar e utilizar o smen de um reprodutor mesmo
depois de morto; acesso de pequenos e mdios criadores a material gentico superior a
custos reduzidos.
No entanto toda biotcnica apresenta tambm limitaes e esta no exceo.
Destacamos as principais: exige equipamentos especiais, pessoal treinado e responsvel;
disseminao de caracteres indesejveis ao se desconhecer o reprodutor utilizado e o
rebanho deve ter um bom manejo nutricional orientado por um zootecnista.
Caractersticas do Cio e sua Deteco
Vrios so os sintomas do cio e estes devem ser utilizados como auxiliares no
diagnstico e para o aumento da eficincia da deteco.
Baruselli (1992) trabalhando com rebanhos bubalinos na regio do Vale do
Ribeira-SP estudou a sintomatologia do cio (Quadro 6) e observou que a caracterstica
mais marcante para a deteco do cio em bfalas a aceitao da monta.
Quadro 6 Frequncia da sintomatologia do primeiro cio comportamental ps-parto embfalas na regio do Vale do Ribeira-SP.
Fonte: BARUSELLI (1992)
Outra caracterstica que deve ser considerada a baixa incidncia de
comportamento homossexual (Quadro 6), que torna o uso do rufio, at este momento,
imprescindvel na deteco de cios. A prtica da observao de cios, vivel em
pequenos lotes porm em grandes reas e grandes rebanhos torna o manejo
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extremamente trabalhoso e ineficiente. Desta forma alguns cuidados devem ser tomados
para a obteno de bons resultados na deteco de cios, os quais BARUSELLI (1993)
destacou os seguintes: responsabilidade, habilidade e conhecimento especfico do
observador; nmero de observaes dirias (mnimo duas) e tempo dedicado a cada
uma delas (nunca inferior a 40 minutos); nmero de rufies/bfalas (mximo 1/25);
utilizar rufies de grande porte, dominncia e boa libido; nmero de bfalas por lote de
observao (mximo 60 animais); todas as bfalas devem permanecer de p e manejar
suavemente os animais sem causar estresse durante a observao.
Utilizao de Rufies para Deteco de Cio
Deve-se dar preferncia ao uso de rufies (machos vasectomizados) com desvio
lateral de pnis. O animal para ser um bom rufio deve apresentar alguns pr-requisitos:
possuir grande porte e dominncia, ser jovem (entre 2 e 3 anos de idade) e apresentar
boa libido. Para que o rufio se condicione a procurar as bfalas em cio, durante um
curto perodo de tempo, ele s deve ser colocado na presena delas nos horrios de
observao. Para identificao de cios fora dos perodos de observao, utiliza-se o
rufio com bual marcador, contendo tinta (xadrez amarelo) misturado com leo
(Figura1).
Figura 1 Rufio da Unesp-FMVZ com bual marcador. (Fonte: Jorge, 1999)
O Horrio Ideal para a Inseminao Artificial em Bubalinos
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Apesar da grande variao nos valores de durao do cio e do momento para que
ocorra a ovulao, h consenso entre grupos de pesquisadores de que as bfalas devem
ser inseminadas no final das manifestaes de cio quando no aceitarem mais a monta.
Como a aceitao de monta varia de 6 a 24 horas e as observaes de cio so realizadas
a cada 12 horas, a bfala pode ser inseminada 12 ou 24 horas aps a deteco do cio.
VALE et al. (1994) recomenda que bfalas que manifestarem cio somente em um
perodo de observao devem ser inseminadas obedecendo o protocolo utilizado em
bovinos, ou seja, as bfalas que so observadas em cio pela manh devem ser
inseminadas na tarde do mesmo dia e bfalas observadas em cio tarde devem ser
inseminadas na manh do dia seguinte, bem cedo. Por outro lado, as bfalas que
apresentarem cios de maior durao, detectados em mais de um perodo de observao,
devem ser inseminadas quando no aceitarem mais a monta.
Alguns Resultados da I.A. em Bubalinos
No Quadro 7 so apresentados resultados da influncia do perodo do dia em que
realizou-se a I.A. sobre a taxa de concepo.
Quadro 7 Taxa de concepo de bfalas no Vale do Ribeira-SP segundo o perodo derealizao da inseminao artificial
Perodo do dia No de Inseminaes No Prenhez Taxa Concepo (%)
Manh 433 235 54,27 ac
Meio-dia 70 35 50,00 c
Tarde 355 161 45,35 b
Total 858 431 Mdia = 50,23Mdias na coluna seguidas por diferentes letras, so diferentes (P
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Fonte: Baruselli (1996)
Quadro 9 Taxa de concepo total (1a, 2a e 3a I.A.) de bfalas submetidas inseminao artificial segundo propriedades, no Vale do Ribeira-SP(Perodo de 1993 a 1995).
Fonte: Baruselli (1996)
Nos Quadros 8 e 9, observa-se uma grande variao de resultados de
doses/concepo (1,64 a 2,17) e na taxa de concepo (60,68 a 40,44%) conforme a
propriedade. Provavelmente estas variaes podem ser explicadas pelas diferenas de
manejo geral e devido habilidade do inseminador.
Alm da dificuldade de deteco de cio em bubalinos, um dos fatores que
limitam o desempenho reprodutivo de rebanhos inseminados artificialmente a falha na
deteco do cio pelo inseminador. Cabe ressaltar que para uma correta deteco de cios
exige-se contnuas observaes do rebanho e principalmente responsabilidade e
conhecimento especfico de quem vai realiz-la, pois o manejo incorreto poder
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acarretar srios prejuzos ao criador, como por exemplo aumento no perodo de servio
e no intervalo entre partos.
Inseminao Artificial em Tempo Fixo com Sincronizao da Ovulao em Bubalinos
A utilizao de protocolos de fcil execuo e que no necessitem de
identificao de cios pode contribuir para o incremento da utilizao da inseminao
artificial em bubalinos. Os protocolos consistem basicamente em sincronizar a
inseminao artificial e empreg-la em todos os animais da propriedade, mesmo
naqueles que no estejam manifestando estro ou ciclicidade, colaborando, assim, para o
aumento do emprego desta biotecnologia em bubalinos e permitindo que o
melhoramento gentico quer seja para carne quer seja para leite se promova mais
rapidamente e com maior eficincia.
Sincronizao da Ovulao com GnRH/LH e Prostaglandinas visando aInseminao Artificial em Tempo Fixo
Em bovinos a sincronizao da ovulao por mtodos hormonais tem
apresentado resultados animadores. No entanto, em bubalinos no se tm informaes
sobre o emprego da sincronizao da ovulao pelo mtodo ovsynch. Desta forma,
BARUSELLI (1999) procurou estudar esta tcnica visando realizar a I.A. em tempo
fixo sem a necessidade de observao de cio, facilitando o manejo do rebanho e
otimizando o emprego desta biotecnologia a campo, pois observou-se grande economia
de mo-de-obra, alm da possibilidade de agrupar as inseminaes em dias
programados. As bfalas receberam tratamento base de GnRH (Gonadotropin
Releasing Hormone) e de prostaglandina, segundo o protocolo apresentado no
Esquema 1.
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Segunda-feira
16:00 h
Segunda-feira
16:00 h
Quarta-feira
16:00 h
Quinta-feira
8:00 h
PARTO
1o GnRH(20 :g 5 ml)
Prostaglandina( 2 ml)
2o GnRH(10 :g 2,5 ml) IA
40 a 60 diasps-parto
7 dias 2 dias 16 horas
Esquema 1 - Inseminao Artificial em Tempo Fixo cm Sincronizao da Ovulao em Bubalinos.GnRH Acetato de Buserelina (Conceptal , Hoescht Roussel Veterinria S.A. So Paulo SP)
Prostaglandina Prosolvin (Intervet, Curitiba PR)Fonte: Baruselli (1999)
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No Quadro 10 so apresentados alguns resultados de inseminao artificial em
tempo fixo em bubalinos, empregando a sincronizao da ovulao pelo mtodo
ovsynch. Nos animais utilizados durante o estudo, observou-se influncia da condio
corporal na taxa de concepo. Estes resultados sugerem que as bfalas devem
apresentar condio corporal entre 3,5 e 4,0 para obteno de boa eficincia no
tratamento.
Quadro 10 Condio corporal e taxa de concepo de bfalas inseminadasartificialmente em tempo fixo, empregando a sincronizao da ovulaopelo mtodo ovsynch.
Condio Corporal No de Animais Taxa de Concepo % (n) 3,0 73 39,7 (29) a3,5 158 53,9 (85) b 4,0 30 56,7 ( 17) bTotal 261 50,2 (131)
Fonte: Baruselli et al. (1999)
A ordem de partos interfere na eficincia do mtodo ovsynch. Bfalas primparas
apresentam menor eficincia que bfalas acima de 5 partos (Quadro 11). Portanto, deve-
se preferencialmente sincronizar bfalas plurparas para melhorar a eficincia deste
mtodo.
Quadro 11 Ordem de parto e taxa de concepo de bfalas inseminadas artificialmenteem tempo fixo, empregando a sincronizao da ovulao pelo mtodoovsynch
Ordem de Parto No de Animais Taxa de Concepo % (n)
1o 37 37,8 (14) a
2o 59 47,1 (28)
3o ao 5o 86 52,3 (45)
> 5o 79 55,7 (44) b
Total 261 50,2 (131)Fonte: Baruselli et al. (1999)
Ainda segundo BARUSELLI et al. (1999) o perodo ps-parto em que se iniciou
o tratamento no interferiu no mtodo (Quadro 12). Os resultados demonstraram que o
tratamento pode ser iniciado entre 40 e 60 dias aps o parto e os animais que no se
tornaram gestantes primeira sincronizao podem ser tratados novamente. Desta
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forma, pode-se alcanar taxa de prenhez de aproximadamente 75% com duas
inseminaes sincronizadas em perodo de servio inferior a 100 dias.
Quadro 12 Perodo ps-parto e taxa de concepo de bfalas inseminadasartificialmente em tempo fixo, empregando a sincronizao da ovulaopelo mtodo ovsynch
Perodo Ps-Parto No de Animais Taxa de Concepo % (n)< 60 dias 120 52,5 (63)
60 a 99 dias 61 50,8 (31)> 100 dias 80 46,2 (37)
Total 261 50,2 (131)Fonte: Baruselli et al. (1999)
Tem-se observado que animais inseminados por este mtodo fora da estao
reprodutiva apresentaram menor taxa de concepo que animais inseminados durante a
estao reprodutiva (Quadro 13). Estes dados corroboram com as informaes de
ZICARELLI (1997) ao relatar que, mesmo com a estimulao hormonal exgena, os
bubalinos continuam apresentando marcada estao reprodutiva.
Quadro 13 Perodo de inseminao e taxa de concepo de bfalas inseminadasartificialmente em tempo fixo com o emprego da sincronizao daovulao pelo mtodo ovsynch
Perodo de Inseminao No de Animais Taxa de Concepo % (n)
Favorvel (maro agosto) 261 50,2 (131) a
Desfavorvel (setembro dezembro) 64 7,8 ( 5) b
Total 325 46,2 (136Fonte: Baruselli et al. (1999)
Pelos dados anteriormente apresentados pode observar que a utilizao da
inseminao artificial em tempo fixo com sincronizao da ovulao em bubalinos
(mtodo ovsynch) perfeitamente vivel. Entretanto, para a obteno de melhores
resultados ressalta-se que o mtodo deve ser utilizado em animais em boa condio
corporal, preferencialmente plurparas e durante a estao reprodutiva (maro agosto)
Ao conduzir experimento objetivando avaliar a eficincia de outro GnRH com
propriedade diferente (Licerelina) e lanado recentemente no mercado (Gestran Plus -
Tecnopec SP), BARUSELLI (1999) comparou com o grupo controle, composto de
animais sincronizados com Acetato de Buserelina (Conceptal Hoescht SP) e no
encontrou diferena entre os tratamentos quanto taxa de concepo, concluindo que a
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Lecirelina, alm de apresentar um custo mais reduzido, pode ser utilizada para
sincronizar a ovulao com a finalidade de realizar a inseminao em tempo fixo em
bubalinos com resultados semelhantes quando comparada ao Acetato de Buserelina
Com o objetivo de estudar novas alternativas de sincronizao da ovulao com
gonadotrofinas, BARUSELLI (1999) realizou estudo para avaliar o efeito da
substituio do GnRH pelo LH (hormnio luteinizante) na segunda aplicao hormonal
do protocolo ovsynch em bubalinos. Os animais inseminados a campo com GnRH e LH
apresentaram taxas de concepo de 56,49% (n=154) e 64,24% (n+151),
respectivamente. O autor observou que houve sincronizao da ovulao e boa
eficincia do protocolo a campo nos dois grupos estudados, com tendncia de melhores
ndices nos animais tratados com LH.
Sincronizao da Ovulao em Bubalinos com Progestgenos e Estradiol
Atualmente existem no mercado produtos eficientes que liberam progestgenos
e/ou progesterona com finalidade de sincronizao do estro e da ovulao. Estes
produtos so implantados na vagina (CIDR e PRID) ou via auricular subcutnea
(CRESTAR e SYNCRO-MATE-B).
Estes protocolos de sincronizao com progesterona esto sendo estudados para
a espcie bovina e apresentam resultados satisfatrios.
Em bubalinos existem poucas referncias sobre a utilizao de progestgenos
e/ou progesterona para sincronizar o estro e a ovulao com o objetivo de realizar a
inseminao artificial.
Na Itlia ZICARELLI et al. (1997) estudaram a campo o emprego de CRESTAR
e de PRID em bfalas leiteiras e observaram que ambos tratamentos apresentaram baixa
eficincia, com taxa de concepo variando entre 11,4% e 29,2%. Os mesmos autores
verificaram que 55,7% das novilhas e 40,6% das vacas no apresentaram ovulao at
96 horas aps a retirada do implante.
BARUSELLI (1999) relatou que os trabalhos realizados, at o presente
momento, visando sincronizar o estro e a ovulao em bubalinos com progesterona e/ou
progestgenos tm apresentado baixa eficincia, com pequeno percentual de ovulaes
e em com grande variabilidade no tempo de ovulao aps a retirada do implante. O
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mesmo autor sugere que novos estudos devem ser realizados na tentativa de inserir a
estes protocolos fatores que aumentem as taxas de ovulao e de sincronizao, com o
objetivo de incrementar a eficincia dos tratamentos e viabiliz-los para o emprego
campo em larga escala.
Superovulao eTransferncia de Embries em Bubalinos
Apesar do grande esforo de alguns grupos de pesquisa que trabalharam com a
transferncia de embries em bubalinos, os resultados demonstram baixa eficincia no
processo de superovulao. Os bubalinos tm apresentado pequena taxa de recuperao
de embries por animal, o que vem comprometendo a viabilidade econmica da tcnica
de transferncia de embries nesta espcie.
Segundo VALE (1998) para o sucesso desta tcnica, h necessidade do controle
preciso do estro e da ovulao da doadora assim como a sincronizao do cio das
receptoras. O autor ressalta que importante ter-se em mente que na espcie bubalina a
resposta superovulatria pequena quando comparada com a espcie bovina.
Atravs de exames ultra-sonogrficos BARUSELLI (2000) verificou que os
bubalinos apresentam resposta folicular ao tratamento superovulatrio, seguida de
ovulao e formao de corpo lteo. A taxa de recuperao de embries, no entanto,
baixa, no sendo compatvel com a resposta folicular. O mesmo autor comentou que
estes resultados sugerem a existncia de dificuldades na recuperao dos embries,
permanecendo desconhecida a causa da baixa eficincia de recuperao de embries.
Consideraes Finais
As biotecnologias da reproduo em bubalinos so recentes , carecem de mais
pesquisas que aumentem o volume de informaes sobre o assunto com vistas
melhoria gentica e produtiva dos rebanhos existentes e cabe ressaltar que somente
devem ser utilizadas em animais submetidos s condies satisfatrias de manejo
sanitrio e principalmente nutricional.
Referncias Bibliogrficas
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