boreal - pê

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WEB NOVELAS VONDY https://www.facebook.com/groups/webnovelasvondy/ Web Novela: Boreal. Autor(a): Pê. Classificação: Romance.

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WEB NOVELAS VONDYhttps://www.facebook.com/groups/webnovelasvondy/

Web Novela: Boreal.Autor(a): Pê.Classificação: Romance.

CAPÍTULO ÚNICONick Jonas - Who I Am.

Quando abriu a porta de casa e percebeu o silêncio em que se encontrava, já sabia onde Dulce estaria.

Sorriu ao imaginar o estado em que ela devia se encontrar, naquele instante.

Adorável. Quando decidira casar com Dulce, Christopher ouvira muitas gargalhadas e piadas sobre sua

futura esposa. Era bem verdade de que a mulher era um tanto atrapalhada, ou com uma inteligência fora

do comum, mas jamais a cientista maluca do qual a taxavam.

É claro que, às vezes, haviam algumas experiências malucas. Como quando criou um camundongo que

brilhava no escuro, ou aquela vez em que conseguiu fornecer a uma aranha a tonalidade rosa-choque.

Mas, todas as devidas aberrações, tiveram suas mutações revertidas. Segundo Dulce, ainda que pelo bem

da ciência, certos experimentos deviam voltar a sua natureza original.

Era inverno em Toronto, e, como sempre fora, o frio no Canadá era avassalador. Tudo o que Christopher

queria era um bom banho quente, uma grande caneca de chocolate e a companhia de Dulce, sob as

espessas cobertas da cama do casal.

Largando o pesado sobretudo e a maleta sobre o sofá, caminhou até os fundos da grande casa, onde se

localizava o pequeno laboratório dela. Laboratório esse que, com muito custo, fora construído com a

herança recebida dos avós, os únicos – fora ele mesmo – a acreditarem nas ideias dela.

- Du?! – Chamou por ela, do lado de fora do cômodo. Porém, ao ouvir uma pequena explosão, abrira a

porta imediatamente. – Está tudo bem?!

- Ah! Oi amor! – Adorável, como supôs anteriormente. Dulce tinha os cabelos, presos em um choque, em

total desalinho. Em uma frustrada tentativa de retirar a franja dos olhos, acabou desarrumando-os ainda

mais. Com um doce sorriso nos lábios, uma das mãos segurava um tubo de ensaio com o fundo

chamuscado, e, a outra, uma pipeta com, talvez, o líquido responsável por aquilo. – Houve uma explosão.

- Eu ouvi!

- Foi... Sensacional! – Exclamou, largando os objetos sobre a mesa. – Faíscas verdes!

- Isso deve ser realmente sensacional. – Concordou, entrando e fechando a porta. – O que está fazendo? –

Perguntou, após dar-lhe um rápido beijo e manter sua face entre suas mãos, acariciando-lhe as

bochechas.

- Estou tentando agrupar macromoléculas contidas em elementos químicos e tentar recriar o fenômeno

da aurora boreal, usando hidrostática. Mas acho que não estou conseguindo achar a carga exata. Antes

elas estavam baixas demais e, agora... Bem, acho que foram altas demais. – Rindo, apertou o pequeno

corpo em seus braços, beijando-lhe os cabelos.

- Por que não se contenta cm o que vemos todas as noites?

- Christopher! – Choramingou. – Eu só queria ver como funciona. Entende?

- Compreender as reações e todas essas coisas de cientista.

- Sim! Todas essas coisas de cientista.

- Sem chance de ter minha esposa, comigo, antes de dormir?!

- Prometo não demorar.

- Certo, Doutora. – Respondera, apertando-lhe o nariz. – Não exploda mais nada.

- Tentarei.

E Christopher sabia que, quando determinada, Dulce insistiria até conseguir realizar o que queria. E ele a

amava assim, exatamente da forma que ela era.

Enfurnada dentro de seu laboratório, Dulce perdera a hora, adentrando a noite em sua pesquisa, até que,

finalmente, avistara as pequenas luzes brilhando artificialmente.

- Eu consegui... – Murmurou para si. – Eu consegui! Isso é sensacional! Eu sou demais! Eu, eu...

Christopher precisa ver isso!

Entusiasmada, saiu correndo de seu esconderijo, em direção ao quarto. Quando avistou Christopher

mergulhado em um sono profundo, percebeu que havia perdido tempo demais brincando de fazer luzes.

Aborrecida, sentou-se sobre a cama, conversando com a única pessoa que poderia escutá-la naquele

momento. Ela própria.

- Droga! Eu odeio isso!Tudo bem, essa já foi a dose de semancol necessária.

- Du? – Praguejando baixinho, virou-se, percebendo que o acordara. – Conseguiu criar sua aurora boreal?

- Sim. – Respondera cabisbaixa.

- E por que está assim? Amuada.

- Droga! Eu prometi que vinha rápido. Simplesmente perdi a hora. Cheguei a conclusão de que prefiro a

aurora natural.

- Vem cá. – Puxando-a pelo braço, a trouxe para perto, aquecendo-a sob as cobertas. – Eu amo você.

- Eu também amo você, mas, no momento, estou me sentindo uma megera.

- Você não consegue ser uma megera. É fofa demais para isso. – Sorriu, afagando-lhe as maçãs do rosto. –

Eu não me importo de você perder a hora naquele laboratório. Amo vê-la se divertindo com todos aqueles

seus brinquedinhos científicos.

- Mesmo quando eu perco a noite com meus brinquedinhos?

- Até mesmo quando perde a noite. Amo você exatamente como é. Cada jeito, cada mania, cada birutice,

cada explosão. Tudo em você me faz amá-la cada vez mais. Você é a minha garota, Du. – Então ela sorriu.

- Certo. Eu sou sua garota e você é meu carinha. – Rindo, Christopher colou os lábios em sua testa. – Sabe,

eu acho que vou dar um tempo em todas as minhas birutices e brinquedinhos científicos.

- Posso saber o por quê?

- Porque não quero que nosso filho brilhe no escuro, ou nasça cor de rosa. – Trocando um sorriso com ele,

levou sua mão, junto da dele, ao seu ventre.

- Sabe Du, isso sim é sensacional! Você é incrível!

- Eu sei! É melhor que faíscas ou auroras boreais sintéticas! Eu amo você!

- Eu também, minha garota! Amo você, do jeito que você é.

"Eu quero uma pausa da loucura, mas loucura é tudo o que tenho. Eu quero alguém que me ame por quem eu sou."

FIM