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Agreste Alagoano: um novo cenárioProjeto do MMT semeia esperança para mais de mil famílias em 12 municípios
Brasil sem MisériaAssistência técnica na agricultura familiar
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Capa Projeto Gráfico e Impressão
Luiz Manoel Filho Gráfica e Editora Poligraf
Joana Luiza Barbosa
Equipe Técnica
Elaboração Alberto Brasil
Movimento Minha Terra Amusa Gabrielle
Ana Paula Silva
Diretor Presidente Bruno Eduardo de Góis
Cícero Albuquerque Melo Diego Alves Firmino
Emanuel Torres
Diretor Administrativo Erleide Lobo
Eanes de Melo Silva Francival Basílio
Jose Carlos Santos
Diretor Financeiro Priscila Leal
Noaldo Gomes Araújo Rita de Cássia Gouveia
Rodrigo Alves
Coordenador Van Giap Ramalho
Ricardo Ramalho Wagner Soares
Jornalista Responsável Tiragem
Alinne Mirelle MTE – 916/AL 2000 exemplares
Distribuição Gratuita
xpedienteE
Brasil sem MisériaAssistência técnica na agricultura familiar
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presentaçãoA
Coube ao Movimento Minha Terra (MMT) iniciar o Plano Brasil Sem
Miséria na agricultura familiar para erradicar a extrema pobreza em seu
meio. Com recursos e apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário
(MDA) e Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), aplicamos uma
metodologia definida com base na transição agroecológica. Foram
selecionadas 1.120 famílias, em 12 municípios do Agreste Alagoano, para
promover essa evolução.
Tendo como instrumento principal um fomento no valor de R$ 2.400 o
objetivo é a denominada “inclusão produtiva” dessas pessoas, ou seja, que
passem a produzir, de forma planejada e assistida tecnicamente, de modo a
se afastarem da miséria.
Após 18 meses, os resultados são animadores. As famílias
demonstraram ter capacidade de produzir, desde que sejam orientadas
corretamente.
Muitos projetos limitam-se a medir seus resultados pelo crescimento da
renda familiar, desprezando os efeitos sociais e ambientais. Nossa proposta
não é essa. O que buscamos é a inclusão produtiva, mas acrescentando
ganhos sociais e ambientais às comunidades. Assim, estamos apurando
indicadores que já refletem, sobretudo, como melhoramos a qualidade de
vida das famílias. Esse quadro, ainda não definitivo, aponta para o sucesso
do projeto, que é de todos nós.
Nós e o PBSM na agricultura familiar
Agreste Alagoano: um novo cenárioProjeto do MMT semeia esperança para mais de mil famílias em 12 municípios
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Na paisagem rural, o que antes era seca e cinza agora é verde. E a vida que
brota no campo é ainda melhor para as 1.120 famílias de 12 municípios do Agreste
Alagoano (Estrela de Alagoas, Palmeira dos Índios, Igaci, Arapiraca, Girau do
Ponciano, Traipu, Campo Grande, Feira Grande, São Sebastião, Lagoa da Canoa,
Olho D'Agua Grande, e Craíbas), inseridas no Plano Brasil Sem Miséria, do
Governo Federal, que é executado pelo Movimento Minha Terra (MMT). Por
meio de práticas agroecológicas, milhares de pessoas estão plantando sementes
de esperança e reescrevendo seus destinos.
As famílias foram capacitadas em cursos teóricos e aulas práticas, nos quais
tiveram a orientação sobre a criação de galinhas, ovelhas, cabras, porcos e
atividades agrícolas da região com ênfase em hortaliças. Elas escolheram as
culturas que iriam desenvolver e receberam, cada uma, um incentivo de R$ 2.400
dividido em três parcelas, liberadas após a supervisão dos técnicos, que
comprovam a aplicação do dinheiro da forma como foi planejada.
M udança de cenário
Projeto leva trabalho e esperança a agricultores do Agreste
O kit de irrigação facilitou o trabalho do Erivaldo
Brasil sem MisériaAssistência técnica na agricultura familiar
Por meio de
práticas
agroecológicas,
milhares de
pessoas estão
plantando
sementes de
esperança e
reescrevendo
seus destinos
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Durante fiscalização in loco, o técnico do MDA, Guilherme Tavira, atestou
que o contrato está sendo executado em conformidade com as exigências
contratuais e elogiou o trabalho da equipe do MMT. “Destaca-se o empenho dos
técnicos em executar projetos que aumentassem a autonomia de renda das
famílias e que fossem ambientalmente sustentáveis, com destaque para construção
de círculos de bananeira para tratamento de resíduo sólido animal e uso de
defensivos naturais, como urina de vaca diluída, para proteção de plantações.
Verificou-se também o esforço da instituição em articular outras políticas públicas,
como milho subsidiado da Conab, apoio de CRAS/CREAS, cisternas, habitação
rural, etc, para auxiliar no projeto produtivo ou na melhoria de qualidade de vida
das famílias”, diz.
Os agricultores Erivaldo Martins Oliveira, que mora no povoado Sítio
Amaro, em Palmeira dos Índios, e Edivaldo Alves Santos, em Sítio Novo, de Feira
Grande, investiram a verba do projeto em kits de irrigação e, com isso,
aumentaram sua produção e renda. “Antes era manual: eu tinha mais trabalho e
menos plantio. Em pouco tempo, aumentei em 10%. Penso, agora, em investir em
galinhas”, conta Erivaldo. Para Edivaldo, os benefícios foram ainda melhores.
“Estava plantando fumo. Era muito ruim. Com o investimento na irrigação, estou
consumindo os alimentos e vendendo na feira”, comemora.
Agreste Alagoano: um novo cenárioProjeto do MMT semeia esperança para mais de mil famílias em 12 municípios
“Estava plantando
fumo. Era muito
ruim. Com o
investimento na
irrigação, estou
consumindo os
alimentos e
vendendo na feira”Edivaldo Alves
Edivaldo substituiu a plantação de fumo por hortaliças
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Ovinocultura
Atividade milenar para produtores experientes e iniciantes
A criação de ovelhas é uma das atividades mais antigas da humanidade, é
também muito vantajosa como fonte de renda e de alimento. Quem optou por
esse investimento mostra, com satisfação, os resultados obtidos.
Gersione Gonçalves mora em Coruripe da Cal, em Palmeira dos Índios. Com
a primeira parcela que recebeu do projeto e as orientações nos cursos, aplicou na
ovinocultura e começa a transformar a realidade de sua família. O agricultor
comprou seis ovelhas e comemora as duas crias que já deram e o fato de ter mais
uma prenha. “Estou achando bom porque estão reproduzindo e o dinheiro vou
investir de novo para aumentar a estrutura e o rebanho”, diz.
“É uma mudança muito positiva, que melhora a autoestima deles. Mesmo
nos casos em que os agricultores têm a prática em determinada atividade, eles
aceitam as novidades e fazem o teste. E quando eles veem o exemplo prático,
entendem melhor, por isso é muito importante fazer um acompanhamento
frequente”, explica o técnico Emanuel Torres.
Gersione com seu rebanho
Brasil sem MisériaAssistência técnica na agricultura familiar
Com a primeira
parcela que recebeu
do projeto e as
orientações nos
cursos, aplicou na
ovinocultura e
começa a
transformar a
realidade de sua
família
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A experiência também tem sido muito boa para o agricultor José Lopes
Fernandes, do povoado Minador, em Arapiraca. “Estou muito surpreso, pois
nunca tinha trabalhado antes com ovelhas. Começamos com quatro e hoje temos
nove. É só melhoria. Como são pequenos, até as crianças podem brincar”, conta. A
esposa dele, Marinez Rosa dos Santos, relembra que quando recebeu a notícia do
projeto, “pensava que era empréstimo e não queria”, disse.
O produtor rural Renávio José dos Santos, do povoado Canafístula, em
Girau do Ponciano, vivia apenas do trabalho na roça. Nessa primeira experiência,
está vendo o retorno do seu investimento. “Estou aumentando a produção.
Comecei com três e agora estou com sete, sendo que três estão prenhas. É uma
renda extra, que vou me concentrar”, garante.
O casal, que investiu em ovelhas
pela primeira vez, está satisfeito
Agreste Alagoano: um novo cenárioProjeto do MMT semeia esperança para mais de mil famílias em 12 municípios
Quem optou por esse
investimento mostra,
com satisfação,
os resultados obtidos
Renávio comemora o aumento da produção
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Uma pecuária consolidada e crescente
S uinocultura
A criação de porcos é uma atividade simples e de boa rentabilidade,
considerada crescente no País. Quem trabalha com esses animais deve produzir
de forma economicamente eficiente, já que a alimentação representa 70% dos
custos da produção. Além disso, os cuidados com os dejetos dos suínos merecem
ter uma atenção especial.
Há alguns anos a criação de suínos foi deixada para trás pelos produtores
Luiz Manoel Filho e sua esposa Joana Luiza Barbosa, mas o desejo de voltar a
trabalhar com a suinocultura ainda era grande. “Antigamente, faltou dinheiro
para investir, mas quando surgiu essa oportunidade, compramos quatro porcos.
Já vendemos dois, mas estamos criando os filhotes e ainda vamos investir também
em bode”, destaca Joana.
Ela aplicou algumas técnicas incentivadas no curso que participou, como,
por exemplo, a cama de capim para os animais e a preocupação ambiental com os
dejetos, para garantir a segurança sanitária dos animais e da família.
Brasil sem MisériaAssistência técnica na agricultura familiar
Cama de capim para os
porcos, e preocupação
ambiental com os dejetos:
tudo para garantir a
segurança sanitária dos
animais e da família de
Joana e Luiz
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Já para Ângela Maria da Silva, do povoado Serrotinho, em Craíbas, é a
primeira vez que vive a experiência. “Acredito que fiz a escolha certa, pois até
agora está tranquilo”. Com a primeira parcela do incentivo, construiu o chiqueiro,
comprou porcos, ração e vitaminas para os animais. O plano dela é ter uma boa
renda com a atividade para diminuir o trabalho pesado da roça.
“A maioria dos produtores faz o que orientamos. E o resultado é que muita
gente está, realmente, mudando de vida, aumentando a renda. Eles sempre
pensam em expandir, prosseguir com as próprias pernas”, avalia o zootecnista
Rodrigo Alves.
Nelson Moacir Correia , também em Craíbas, cria porcos desde criança e
continuou investindo na suinocultura. “Gosto muito, e depois do projeto pude
investir também na estrutura do chiqueiro”, comenta.
Ângela vai continuar investindo na criação de porcos
Agreste Alagoano: um novo cenárioProjeto do MMT semeia esperança para mais de mil famílias em 12 municípios
Com muitos anos de experiência
na suinocultura, Nelson investiu
na construção do chiqueiro
Com a primeira
parcela do incentivo,
construiu o
chiqueiro, comprou
porcos, ração e
vitaminas para
os animais
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viculturaAIdeal para pequenas propriedades
A avicultura é uma atividade muito dinâmica e não requer grandes áreas
para ser desenvolvida, por isso muitos agricultores tiveram facilidade em iniciar a
criação de galinhas caipiras. No entanto, colocar em prática as orientações
passadas nos cursos é fundamental para o sucesso.
As instalações são simples e funcionais, com utilização dos recursos naturais
disponíveis nas propriedades dos agricultores, como madeiras, palhas, estacas...
Desse modo, as aves desenvolvem-se num ambiente higiênico e protegido, com
acesso a alimento e água, sem risco de predadores e dos impactos de variações
extremas de temperatura e umidade.
No povoado Malícia, em Olho D'água Grande, o agricultor Amaro Joaquim
da Silva investiu em porcos e galinhas. Ele vendeu os suínos, mas vai comprar de
novo. Agora, a dedicação principal tem sido a criação de galinhas caipiras. “É mais
simples de criar”, explica.
A criação de galinhas pode ser desenvolvida em áreas pequenas
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As instalações são simples e funcionais
Colocar em
prática as
orientações
passadas
nos cursos é
fundamental
para o sucesso
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O agricultor Célio Tavares da Silva, do povoado Mata Amarela, em Igaci,
vivia do cultivo do feijão, milho e mandioca. Quando decidiu investir na
avicultura, comprou 28 pintinhos e seguiu o passo a passo. Construiu o galinheiro
numa área 7x4m e chegou a ter cerca de 150 aves. Devido às vendas, hoje são 70.
“Comprei cada pintinho a R$ 1,85 e vendi a galinha a R$ 8 o quilo”, comenta.
No município de Estrela de Alagoas, Cícera de Oliveira Machado
Nascimento, que criava poucas galinhas soltas, teve a oportunidade de investir na
estrutura do galinheiro e na compra de 100 pintos. “Melhorou tudo. Estou
adorando”, conta.
Agreste Alagoano: um novo cenárioProjeto do MMT semeia esperança para mais de mil famílias em 12 municípios
“Melhorou tudo.
Estou adorando”,Cícera Nascimento
Quando
decidiu
investir na
avicultura,
comprou 28
pintinhos e
seguiu o passo
a passo
Célio chegou a ter 150 galinhas
Cícera investiu na estrutura do galinheiro e em 100 pintinhos
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Núbia Maria de Almeida Evangelista, que mora em Campo Grande e cria
galinhas pela primeira vez, também está muito otimista com o futuro. “Estou
gostando e não senti dificuldades com a criação. Aumentei a renda com a venda de
galinhas e dos ovos”, fala.
“O MMT é uma das instituições que respeita e está com as atividades mais
próximas do cronograma planejado. Realiza um trabalho interessante de
sensibilização da equipe técnica e das famílias sobre produção agroecológica e
ambientalmente sustentável. Os técnicos de campo, com quem conversei na visita,
demonstraram ligação afetiva com o trabalho, empenho no labor de ater e em
encontrar alternativas para as dificuldades das famílias”, conclui o fiscal do MDA,
Guilherme Tavira.
Brasil sem MisériaAssistência técnica na agricultura familiar
“Estou
gostando e
não senti
dificuldades
com a
criação.
Aumentei a
renda com a
venda de
galinhas e
dos ovos”
Núbia Maria
Produtora comemora a criação de galinhas
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E mbrapa
A parceria entre o Movimento Minha Terra e a Embrapa aprimora ainda
mais os resultados dos produtores rurais beneficiados no Território. A construção
participativa de soluções agroecológicas junto ao Plano Brasil Sem Miséria no
Agreste Alagoano é uma ação complementar que contempla os 12 municípios
com Unidades de Experimentação.
Cada UE tem o papel de trabalhar o princípio da gestão coletiva e da criação
de espaços reais de negociação e tomadas de decisão conjunta. Desse modo, um
dos principais objetivos é construir e compartilhar conceitos e princípios da agroe-
cologia, como, por exemplo, o manejo sustentável dos solos, interação solo, plan-
tas e animais, ciclagem de nutrientes, alimentação animal, dentre outros. “As áreas
com forragens são de instalação simples e funcional, e garantem alimentação aos
rebanhos com base na agroecologia. Estamos plantando 400 mudas de gliricidia,
uma leguminosa rica em proteínas, que promove a recuperação do solo, fixação
de nitrogênio (adubação natural), além de ser uma cerca viva para evitar desmata-
mento”, explica Samuel Souza, veterinário da Embrapa.
Um dos principais
objetivos é construir
e compartilhar
conceitos e princípios
da agroecologia, como,
por exemplo,
plantas forrageiras
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UEs fortalecem trabalho e união entre agricultores
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Brasil sem MisériaAssistência técnica na agricultura familiar
De acordo com o supervisor de Transferência de Tecnologia da Embrapa
(Tabuleiro Costeiros) Fernando Curado, a parceria entre as duas instituições é um
importante instrumento que fortalece a política pública social. “Essa oportunidade
de participação é fundamental porque a disponibilização de tecnologias e conheci-
mentos vem a favorecer a inclusão produtiva dessas pessoas”, garante.
Uma dessas UE foi implantada em Lagoa da Canoa, na propriedade de Jose-
ilde Gomes da Silva Santos, que é produtora de ovinos. “É muito bom porque tere-
mos a independência da ração, que é o nosso maior custo”, afirma.
Foram plantadas
400 mudas de
gliricidia,
uma leguminosa
rica em proteínas,
que promove a
recuperação do
solo,além de ser
uma cerca viva
A UE de Lagoa
da Canoa fica na
propriedade de
Joseilde
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Distribuição dos temas tecnológicos das Unidades de Experimentação
Participativa no Território Agreste Alagoano
Município
Povoado
Temas principais (Integração dos
subsistemas)
Estrela de
Alagoas
Lagoa do Mourão
Ovinocultura, formação de
pastagens e plantio de milho e feijão
Palmeira dos
Índios Amaro Horticultura e avicultura
Igaci Colônia Ovinocultura, plantio de milho e
feijão
São Sebastião Nascença Avicultura
Lagoa da Canoa Antonica Ovinocultura
Traipu Bom Caradá Avicultura
Girau do
Ponciano
Alto do
Umbuzeiro
Ovinocultura
Campo Grande Poço da Lagoa Avicultura Olho D’agua
Grande
Malícia Avicultura (prioridade) e suinocultura
Feira Grande Olho D’agua do
Meio
Ovinocultura
Arapiraca
Lagoa D’agua
Avicultura
Craíbas
Cabaceiro
Ovinocultura (prioridade) e
suinocultura
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Poço - Maceió - Alagoas
82 3313-0403
Ministério do
Desenvolvimento
Agrário
Prefeituras Municipais de Traipu, Arapiraca, Palmeira dos Índios, Olho
D'Água Grande, Campo Grande, Girau do Ponciano, Lagoa da Canoa,
Feira Grande, São Sebastião, Craíbas, Igaci e Estrela de Alagoas