bruna de melo aquino envolvimento dos receptores...

135
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES P2X3 NA HIPERALGESIA MUSCULAR INVOLVEMENT OF P2X3 RECEPTORS IN MUSCLE HYPERALGESIA LIMEIRA 2018

Upload: others

Post on 21-Jan-2021

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS

BRUNA DE MELO AQUINO

ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES P2X3 NA HIPERALGESIA MUSCULAR

INVOLVEMENT OF P2X3 RECEPTORS IN MUSCLE HYPERALGESIA

LIMEIRA

2018

Page 2: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

BRUNA DE MELO AQUINO

ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES P2X3 NA HIPERALGESIA MUSCULAR

INVOLVEMENT OF P2X3 RECEPTORS IN MUSCLE HYPERALGESIA

Orientadora: Profa. Dra. Maria Cláudia Gonçalves de Oliveira Fusaro

LIMEIRA

2018

Tese apresentada a Faculdade de

Ciências Aplicadas/ Universidade

Estadual de Campinas como parte dos

requisitos exigidos para obtenção do

Título de Doutora em Ciências da

Nutrição e do Esporte e Metabolismo,

área de Biodinâmica do Movimento

Humano e Esporte.

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE

À VERSÃO FINAL DA TESE

DEFENDIDA PELA ALUNA

BRUNA DE MELO AQUINO E

ORIENTADA PELA PROFA. DRA.

MARIA CLÁUDIA GONÇALVES

DE OLIVEIRA FUSARO

Page 3: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p
Page 4: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

Ata da Defesa

Autora: Bruna de Melo Aquino

Título: Envolvimento dos receptores P2X3 na hiperalgesia muscular

Natureza: Doutorado

Instituição: Faculdade de Ciências Aplicadas, Universidade Estadual de Campinas

(FCA/UNICAMP)

Data da Defesa: Limeira, 28 de fevereiro de 2018.

BANCA EXAMINADORA:

Profa. Dra. Maria Cláudia Gonçalves de Oliveira Fusaro __________________________

(Orientadora) (assinatura)

Prof. Dr. Wladimir Rafael Beck __________________________

(assinatura)

Prof. Dra. Cristina Gomes de Macedo Maganin _________________________

(assinatura)

Prof. Dra. Adriane Elisabete Antunes de Moraes ________________________

(assinatura)

Prof. Dr. Dennys Esper Correa Cintra _______________________

(assinatura)

A ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida

acadêmica da aluna.

Page 5: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

DEDICATÓRIA

A Deus por guiar meus passos e permitir a realização desse sonho. E por colocar as pessoas

certas, nos momentos certos em minha jornada.

Meu amado esposo Braico por se mudar para Limeira e me apoiar na realização do meu

doutorado. Por me incentivar a ir atrás do meu doutorado sanduíche mesmo significando 6

meses separados, e por estar presente todos os dias nesses 6 meses.

Aos meus pais Rita e José por acreditarem em mim e me incentivarem cada dia a ser melhor e

a minha irmã Emília por seu apoio, amor e entusiasmo.

Page 6: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

AGRADECIMENTOS

À Faculdade de Ciências Aplicadas, Universidade Estadual de Campinas, na pessoa do Prof.

Dr. Àlvaro de Oliveira D’Antona (diretor).

Ao programa de pós-graduação em Ciências da Nutrição e do Esporte e Metabolismo pela

oportunidade e dedicação com que vocês cuidam de seus alunos, meu muito obrigada.

A minha orientadora professora Dra. Maria Cláudia Oliveira Fusaro pela oportunidade,

apoio, incentivo, confiança e pelas suas valiosas orientações. Pessoalmente, agradeço pelo

carinho e por me fazer querer ser melhor a cada dia. Você terá sempre um lugar especial no

meu coração e da minha família. Serei sempre grata por tudo.

Ao professor Ms. Cláudio Fusaro, por ter mudado minha história num convite na sala de café

da clínica de fisioterapia da USF, para conhecer a profa. Maria Cláudia. Agradeço por ver em

mim um potencial que eu sequer sabia que tinha, e por me ajudar a trilhar esse caminho.

Minha mais sincera gratidão.

A todos os professores do programa CNEM, meu muito obrigado. Agradeço também a profa.

Dra. Juliana Maia e ao prof. Dr. Augusto Ducatti, pelas muitas conversas e ensinamentos

sobre as técnicas de ELISA e MPO. E ao prof. Dr. Igor Luchinni pelo ano de aprendizagem

como PED na disciplina de Anatomia e Histologia aplicadas ao Esporte.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelas bolsas de

estudo para desenvolvimento do meu estudo no Brasil e no exterior através do programa

PDSE CAPES.

Aos professores Alan R. Light e Markus Aman por me abrirem as portas de seus laboratórios

de pesquisa e pelo seus ensinamentos e entusiasmo durante meu período de Doutorado

Sanduíche na Universidade de Utah.

Page 7: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

Aos membros da banca examinadora do Exame de Qualificação Profa. Dra. Elayne Dias e

Dr. Igor Luchinni e Dr. Augusto Ducatti, por aceitarem avaliar nosso trabalho e por suas

contribuições.

Aos membros da banca examinadora do Exame de Defesa Profa. Dra. Cristina Macedo, Dr.

Wladimir Beck, Dra. Adriane Antunes e Dr. Dennys Cintra pelo aceite e colaborações como

componentes da banca de defesa dessa tese.

Aos companheiros e amigos do Laboratório de Estudos da Dor e inflamação: Diogo, Carol, e

Graciana, Natália e Beatriz muito obrigada pelo carinho e pelo apoio nesses anos. A média

de anos é de aproximadamente 6 anos juntos, então agradeço por todo aprendizado pessoal e

profissional que me proporcionaram. Agradeço também pelo auxílio nos experimentos,

palavras de incentivo e pelos momentos de muitas risadas.

Aos colegas Lizete Perez, Ron Hughen, Jie Zhang, Jennifer Lu, Will Tang, Soheil, Mandy,

Taylor La Salle e Oh Sung por me receberem tão bem em Salt Lake City e pelos muitos bons

ensinamentos e experiências.

Aos amigos Ivani, Cláudia, Maria Clara e Esli, por se tornarem uma família e fonte de apoio

e carinho ao longo desses anos; A minha amiga Laís Raé por me incentivar a lutar pelos meus

sonhos.

A minha avó Conceição pelo seu carinho e pelo seu apoio nos meus primeiros anos de estudo,

sem seu essencial apoio essa jornada teria sido interrompida ainda no ensino médio, por falta

de condições financeiras, deixo a você meu profundo agradecimento e amor.

A todos os funcionários da Faculdade de Ciências Aplicadas, que direta ou indiretamente

colaboraram para meu aprendizado.

E a todos que porventura não citei nominalmente aqui e que colaboraram na execução desta

tese, expresso meu profundo agradecimento.

Page 8: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

EPÍGRAFE

“Seja forte e corajoso, não se apavore, nem desanime, por que Eu o Senhor teu Deus estarei

com você em qualquer lugar para onde você for”.

(Josué 1:9)

Page 9: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

RESUMO

A contração muscular estática é o padrão de contração muscular mais associado às atividades

de vida diária e laborais. A sustentação postural por longos períodos de tempo é capaz de

induzir dor e inflamação local. Dados obtidos recentemente por nosso grupo de pesquisa

demonstraram que a contração estática em ratos é capaz de induzir hiperalgesia muscular

mecânica, modulada por diferentes mediadores inflamatórios, como bradicinina, aminas

simpatomiméticas, prostaglandinas e neutrófilos. Demonstramos também que a ativação dos

receptores P2X3 pelo ATP endógeno é essencial para o desenvolvimento da hiperalgesia

muscular induzida pela contração estática, entretanto, os mecanismos envolvidos nesse

processo ainda são desconhecidos. Assim sendo, o objetivo geral do presente estudo foi

avaliar o envolvimento dos receptores P2X3, periféricos e do corno da raiz dorsal da medula

espinhal, no desenvolvimento da hiperalgesia muscular de origem inflamatória induzida pela

carragenina ou pela contração muscular estática via farmacologia comportamental utilizando-

se o teste de Randall Selitto. Ainda, se o envolvimento dos receptores P2X3 na hiperalgesia

muscular é modulado pela migração de neutrófilos, via quantificação da enzima

mieloperoxidase (MPO). Os resultados demonstraram que o pré-tratamento com o antagonista

seletivo de receptores P2X3, A-317491, via intramuscular ou intratecal, preveniu o

desenvolvimento da hiperalgesia muscular induzida pela contração estática e pela carragenina

(p<0.0001; ANOVA One way, Teste de Tukey) e a migração de neutrófilos no tecido

muscular em ambos os modelos (p<0.05; Teste de Tukey). Esses resultados demonstram que

a hiperalgesia muscular induzida pela contração estática e carragenina é modulada pelos

receptores P2X3 periféricos e centrais e que esse processo é modulado, pelo menos em parte,

pela migração de neutrófilos. Esses dados sugerem, portanto, que os receptores P2X3 são

importantes alvos farmacológicos no controle das dores musculares de origem inflamatória.

Por fim, paralelamente ao estudo principal demonstramos que a contração estática não induz

aumento das citocinas inflamatórias TNF-α, IL-1β e IL-6 nas primeiras 24 horas após a

contração, via ensaio imunoenzimático (ELISA) (p>0.05; Teste de Tukey). Além disso,

apresentamos informações sobre o projeto “Desenvolvimento de Camundongos GCaMP6

para estudo dos mecanismos de dor e fadiga muscular” relativo ao período de doutorado

sanduiche realizado na universidade de Utah, EUA, no qual demonstramos o processo de

desenvolvimento de camundongos TRPV1-cre/GCaMP6+, capazes de expressar a proteína

fluorescente GFP apenas nas fibras TRPV1+. Além disso, demonstramos os resultados da

análise via calcium imaging das células do gânglio da raiz dorsal desses animais quanto à

Page 10: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

caracterização e a sua resposta a diferentes doses de metabólitos. Verificamos que 57,64% das

células de cultura do GRD são de origem muscular e que destas 78% apresentam GFP, sendo

que 1/3 delas não respondem a capsaicina. Demonstramos por fim, que 85,6% e 100% das

células de origem muscular que respondem, respectivamente, ao pH 7.0 e 6.6, são TRPV1+,

sugerindo, portanto, que os receptores neurônios TRPV1+ possuem um importante papel

como mediador da resposta evocada por metabólitos na fadiga e na dor muscular.

Palavras-chaves: Receptores purinérgicos P2X3, hiperalgesia muscular, inflamação,

migração de neutrófilos.

ABSTRACT

Static contraction is the pattern of muscle contraction most associated with activities of daily

living and work. Postural support for long periods of time is able to induce pain and local

inflammation. Data obtained recently by our research group have demonstrated that static

contraction in rats is capable to induce mechanical muscle hyperalgesia, modulated by

different inflammatory mediators such as bradykinin, sympathetic amines, prostaglandins and

neutrophils. We also demonstrated that the activation of P2X3 receptors by endogenous ATP

is essential for the development of muscle hyperalgesia induced by static contraction,

however, the mechanisms underlying are still unknown. Therefore, the general aim of the

present study was to evaluate the mechanism by which activation of peripheral P2X3

receptors and those expressed in the dorsal horn of the spinal cord contributes to the

development of inflammatory muscle hyperalgesia-induced by carrageenan or static

contraction by behavioural pharmacology Randall Selitto test was used. Furthermore, if the

involvement of P2X3 receptors in muscle hyperalgesia is modulated by neutrophil migration,

by measurement of myeloperoxidase (MPO). The results demonstrated that intramuscular or

intrathecal pretreatment with the selective antagonist of P2X3 receptors, A-317491, prevented

the development of muscle hyperalgesia induced by static contraction and carrageenan

(p<0,0001; ANOVA One way, Teste de Tukey) and prevented increase in neutrophil

migration in muscle tissue in both models (p<0,05; Teste de Tukey). These results

demonstrate that muscle hyperalgesia induced by static contraction and carrageenan are

mediated by peripheral and central P2X3 receptors and that this process is modulated, at least

in part, by neutrophil migration. Therefore, these data suggest that P2X3 receptors are

Page 11: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

important pharmacological targets to control inflammatory muscle pain. Finally, in parallel

with the main study, we demonstrated that static contraction did not induce an increase in the

inflammatory cytokines TNF-α, IL-1β and IL-6 in the first 24 hours after contraction, by

immunoenzymatic test. In addition, we present information about the project "Development

of GCaMP6 mice for the study of mechanisms of pain and muscular fatigue", related to the

period of phD sandwich at the University of Utah, USA. We demonstrated the process of

development of TRPV1-cre / GCaMP6+ mice, able of expressing a GFP fluorescent protein

only in the TRPV1+ fibers. In addition, we demonstrated the results of calcium imaging

analysis of dorsal root ganglion cells, such as the ability to express and respond to different

doses of metabolites. We found that 57.64% of the GRD culture cells are DiI+ and that 78% of

them have GFP, and that 1/3 of them were irresponsive to capsaicin. Finally, we showed that

85.6% and 100% of the cells of muscular origin, respectively, pH 7.0 and 6.6, are TRPV1 +,

suggesting that TRPV1+ neurons play an important role in mediating metabolite evoked

muscle fatigue or pain.

Keywords: P2X3 receptors, muscle hyperalgesia, inflammation, neutrophil migration.

Page 12: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Aδ – Fibras A delta

A-317491 – Antagonista seletivo dos receptores P2X3

Αβ-meATP – Alfa beta-metileno ATP – agonista putinérgico P2X

AINEs – Anti-inflamatórios não esteroidais

AMPc – Monofosfato cíclico de adenosina

ANOVA – Análise de variância

ASIC3 – Canais iônicos sensíveis a ácido do tipo 3

ATP – Adenosina trifosfato

B1 – Receptor de bradicinina 1

B2 – Receptor de bradicinina 2

BSA – Albumina Bovina Sérica

C – Celsius

Ca2+

- íons cálcio

CEMIB – Centro Multidisciplinar de Investigação Biológica

CEUA – Comissão de Ética em pesquisa Animal

CFA – Adjuvante Completo de Freud

Cg – Carragenina

CGRP – Peptídeo relacionado ao gene da calcitonina

CINC-1 – Quimioatraente-1 de Neutrófilos Indutor de Citocinas (Cytokine-Induced

Neutrophil Chemoattractant-1)

COX-2 – Ciclo-oxigenase 2 (Cyclooxigenase 2)

ct – Contralateral

DOMS – Dor muscular tardia (delayed-onset muscle soreness)

ELISA – Ensaio imuno enzimático (Enzyme-linked immunosorbent assay)

EPM – Erro padrão da média

FBS – Soro Fetal Bovino (Fetal Sovine Serum)

Fibras Aβ – Fibras A Beta

Fibras Aδ – Fibras A delta

g - Gramas

G - Gauge

GCaMP6 – camundongos GCaMP6

GDNF – Fator neurotrópico derivado de linhagem de células gliais

Page 13: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

GFP – proteína fluorescente verde (Green Fluorescent Protein)

GRD – Gânglio da raiz dorsal

h – Hora

HBSS – Solução Balanceada de Hank´s (Hank´s Balanced Salt Solution)

H2O2 – Peróxido de hidrogênio

H2SO4 – Ácido sulfúrico

H-TAB – Brometo de hexadeciltrimetilamônio

Hz - Hertz

III/IV – fibras III e fibras IV

IASP – Associação Internacional para Estudo da Dor (International Association for Study of

Pain)

IL-1β – Interleucina 1β

IL-6 – Interleucina 6

i.m. – Intramuscular

i.t. – Intratecal

KCl – cloreto de potássio

l - Litro

L4 – Vértebra lombar 4

L5 – Vértebra lombar 5

LPS – Lipopolissacarídeo de Escherichia Coli

M - Molar

min – Minuto

m/s – Metros por segundo

MEM – solução mínima essencial de Eagk

MPO – Enzima mieloperoxidase

MyD88 – Molécula adaptadora de diferenciação mielóide 88

NaCl – Cloreto de Sódio

NaEDTA – Ácido etilenodiamino tetra-acético dissódico

NaOH – Hidróxido de sódio

NaPO4 – Fosfato de sódio

NGF – Fator de crescimento neuronal

NIH – Instituto nacional de saúde (National Institute of Health)

nm - Namômetro

NO2 – Dióxido de nitrogênio

Page 14: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

O2 – Oxigênio

P2X – Receptor purinérgico P2X

P2X3 – Receptor P2X3

P2X2/3 – Receptor P2X2/3

P2Y – Receptor purinérgico P2Y

PBS – Tampão fosfato salina (Phosphate Buffer Saline)

pH – Potencial hidrogeniônico

PKA – Proteína quinase A

PKC – Proteína quinase C

RNA – Ácido desoxirribonucleico

RNAm – RNA mensageiro

RPM – Rotações por minuto

s – Segundos

SI – Área somatosensorial primária

SII – Área somatosensorial secundária

sal - Salina

SNC – Sistema Nervoso Central

SNP – Sistema Nervoso Periférico

SP – Substância P

TLR – receptores do tipo Toll

TMB - Tetrametilbenzidina

TNF-α – Fator de necrose tumoral α (Tumor Necrosis Factor alpha)

TRP – receptor de potencial transitório

TRPV1 – receptor de potencial transitório tipo 1

TRPV1+ - fibras/ neurônios TRPV1 positivas

TRPV1-Cre/GCaMP6+ - animais TRPV1-cre e GCaMP6

UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas

V – volt

λ-carragenina – Carragenina lambda

Page 15: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

LISTA DE SÍMBOLOS

% porcentagem – por cento

δ Delta

µ Micro

β Beta

α Alfa

λ Lambda

º Graus

< menor

> maior

* asterisco

± mais ou menos

= igual

Page 16: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Ultraestrutura das terminações nervosas livres no tecido muscular

Figura 2. Papel dos receptores P2X3 periféricos na hiperalgesia muscular induzida por

contração estática

Figura 3. Desenho experimental do modelo de contração estática.

Figura 4. Desenho experimental do modelo da carragenina

Figura 5. Papel dos receptores P2X3 do corno da raiz dorsal da medula espinhal na

hiperalgesia muscular induzida por contração estática

Figura 6. Hiperalgesia muscular mecânica induzida pela carragenina

Figura 7. Papel dos receptores P2X3 periféricos na hiperalgesia muscular induzida pela

carragenina

Figura 8. Papel dos receptores P2X3 expressos no corno da raiz dorsal na hiperalgesia

muscular induzida pela carragenina

Figura 9. Receptores P2X3 modulam a migração de neutrófilos induzida pela contração

estática

Figura 10. Receptores P2X3 modulam a migração de neutrófilos induzida pela carragenina

Figura 11. Contração estática não induz aumento nos níveis de citocinas pró-inflamatórias no

tecido muscular

Figura 12. Resultado da genotipagem de uma linhagem de animais derivados do cruzamento

de animais Cre-TRPV1 e GCaMP6.

Figura 13. Células do gânglio da raiz dorsal de camundongos TRPV1-Cre/GCaMP6+ são

capazes de emitir fluorescência detectável pela técnica de cálcio imaging.

Figura 14. Células do gânglio da raiz dorsal de camundongos TRPV1-Cre/GCaMP6+

emitindo fluorescência em resposta a capsaicina (aumento de 10X) neurônios e dendritos e

coloração dessas áreas.

Figura 15. Análise de células do gânglio da raiz dorsal de animais TRPV1-Cre/GCaMP6+.

Figura 16. Quantificação das células do gânglio da raiz dorsal apresentando marcador DiI

indicativas de neurônios de origem muscular.

Figura 17. Quantificação do padrão de resposta dos neurônios de origem muscular a

diferentes concentrações de metabólitos e quanto a expressão de receptores TRPV1.

Figura 18. Traçado representativo das respostas de Ca+2 em neurônios individuais e células

não neuronais em respostas aos diferentes tratamentos.

Page 17: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

17

SUMÁRIO

Carta de esclarecimento.........................................................................................................20

CAPÍTULO 1. Envolvimento dos receptores P2X3 na hiperalgesia muscular........................23

1. Introdução....................................................................................................................23

1.1.A importância clínica e econômica da dor muscular.............................................23

2. Conceitos e definições em dor......................................................................................23

1.2.1. Dor e Nocicepção..............................................................................................23

1.2.2. Hiperalgesia......................................................................................................25

3. Fisiologia da dor...........................................................................................................25

1.3.1. A detecção do estímulo doloroso......................................................................25

1.3.2. As vias de condução da dor..............................................................................26

1.3.3. Processo inflamatório e dor..............................................................................26

4. Dor muscular................................................................................................................28

1.4.1. Particularidades da dor muscular....................................................................28

1.4.2. Modelos de estudo da dor muscular.................................................................30

1.4.2.1.Modelo de dor muscular induzida pela contração estática

.....................................................................................................................31

5. Papel do ATP e seus receptores na dor........................................................................33

2. Objetivos............................................................................................................................38

2.1.Objetivo Geral.........................................................................................................38

2.2.Objetivos Específicos..............................................................................................38

3. Materiais e métodos..........................................................................................................40

3.1. Animais...................................................................................................................40

3.2. Procedimentos Gerais............................................................................................40

3.3.Delineamento experimental....................................................................................41

3.4.Modelo de hiperalgesia muscular induzida pela contração estática.....................42

3.5.Modelo de hiperalgesia muscular induzida pela carragenina...............................42

3.6. Administração intramuscular de drogas................................................................43

3.7. Administração intratecal de drogas......................................................................43

Page 18: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

18

3.8. Drogas utilizadas...................................................................................................43

3.9. Quantificação da hiperalgesia muscular mecânica..............................................43

3.10. Quantificação da atividade da enzima Mieloperoxidase (MPO)....................44

3.11. Quantificação de citocinas pelo teste de ELISA...............................................45

3.12. Análises Estatísticas..........................................................................................45

4. Resultados..........................................................................................................................48

4.1. Envolvimento dos receptores P2X3 expressos no corno da raiz dorsal no

desenvolvimento da hiperalgesia muscular induzida pela contração

estática....................................................................................................................48

4.2. Carragenina induz hiperalgesia muscular mecânica............................................49

4.3. Envolvimento dos receptores P2X3 periféricos na hiperalgesia muscular induzida

pela carragenina.....................................................................................................50

4.4. Envolvimento dos receptores P2X3 do corno da raiz dorsal no desenvolvimento

da hiperalgesia muscular induzida pela carragenina............................................51

4.5. Envolvimento dos receptores P2X3 na migração de neutrófilos induzida pela

contração estática...................................................................................................52

4.6. Envolvimento dos receptores P2X3 na migração de neutrófilos induzida pela

carragenina.............................................................................................................53

4.7.Envolvimento de citocinas pró-inflamatórias no modelo de hiperalgesia muscular

induzida pela contração estática...........................................................................54

5. Discussão.........................................................................................................................57

6. Conclusões.......................................................................................................................60

7. Referências bibliográficas.............................................................................................62

CAPÍTULO 2. Desenvolvimento de Camundongos GCaMP6 para o estudo dos mecanismos

de dor muscular e fadiga...........................................................................................................94

8. Introdução..........................................................................................................................97

9. Objetivos..........................................................................................................................101

Page 19: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

19

10. Materiais e Métodos........................................................................................................103

10.1. Questões éticas...............................................................................................................103

10.2.Primeira Etapa - Desenvolvimento dos animais TRPV1-Cre/GCaMP6+.....................103

10.2.1. Cruzamentos para obtenção dos animais...................................................................103

10.2.2. Genotipagem...............................................................................................................103

10.3. Segunda Etapa - Experimentos in vitro ......................................................................104

10.3.1. Administração de DiI..................................................................................................104

10.3.2. Cultura de gânglios da raiz dorsal............................................................................105

10.3.3. Calcium Imaging........................................................................................................105

10.3.4. Análise do padrão de resposta a metabólitos............................................................106

10.4. Análise estatística..........................................................................................................106

11. Resultados...................................................................................................................109

11.1. Desenvolvimento de camundongos TRPV1-cre/GCaMP6+...........................................109

11.2. Caracterização anatômica da cultura de células do gânglio da raiz dorsal de animais

TRPV1-cre/GCaMP6+............................................................................................................109

11.3. Padrão de respostas das células do gânglio da raiz dorsal a diferentes doses de

metabólitos..............................................................................................................................112

12. Discussão....................................................................................................................116

13. Conclusão...................................................................................................................119

14. Referências bibliográficas.........................................................................................121

ANEXOS................................................................................................................................132

Anexo 1 – Autorização do comitê de ética da UNICAMP......................................................132

Anexo 2 - Carta de submissão à revista “Neuropharmacology”...........................................133

Anexo 3 – Analgesímetro e posicionamento dos animais para análise das respostas

comportamentais ....................................................................................................................135

Page 20: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

20

CARTA DE ESCLARECIMENTO

A presente tese é dividida em duas partes levando em consideração o local de

realização dos experimentos. A primeira parte, descrita no capítulo 1 corresponde ao estudo

realizado no Laboratório de Estudos da Dor e Inflamação (LABEDI) na Faculdade de

Ciências Aplicadas da UNICAMP, sob orientação da Profa. Dra. Maria Claudia G de Oliveira

Fusaro. Nesse trabalho foi estudado o mecanismo pelo qual a ativação dos receptores P2X3

contribui para o desenvolvimento da hiperalgesia muscular de origem inflamatória. Já na

segunda parte, referente ao capítulo 2, apresento os resultados obtidos durante o doutorado

sanduíche, que foram realizados no Departamento de Anestesiologia da Universidade de Utah

nos Estados Unidos, sob orientação do Prof. Dr. Alan R. Light e Markus Amann. O estudo

baseou-se no desenvolvimento de uma nova linhagem de camundongos capazes de expressar

fluorescência apenas nas fibras aferentes TRPV1 positivas. Demonstramos os resultados

obtidos desde o desenvolvimento dessas linhagens, as análises in vitro, a caracterização

estrutural da cultura de gânglios da raiz dorsal desses animais e o padrão de resposta desses

neurônios à diferentes concentrações de metabólitos, mimetizando situações de dor e fadiga

muscular.

Page 21: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

21

Capítulo 1

Envolvimento dos receptores P2X3 na hiperalgesia muscular

Page 22: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

22

Introdução

Page 23: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

23

CAPÍTULO 1 – Envolvimento dos receptores P2X3 na hiperalgesia muscular

1. INTRODUÇÃO

1.1. Importância clínica e econômica da dor muscular

A dor é uma das principais causas de atendimentos médicos no mundo (SALAFFI

et al., 2005). Estima-se que cerca de 600 bilhões de dólares sejam gastos todos os anos apenas

nos Estados Unidos com tratamentos para dor e afastamentos médicos dela decorrentes

(INSTITUTE OF MEDICINE, 2011), com perda de produtividade em torno de 300 bilhões de

dólares ao ano (GASKIN; RICHARD, 2012). Além disso, apenas na população americana,

cerca de 100 bilhões de dólares são gastos todos os anos com terapias alternativas e

complementares para o tratamento da dor, uma vez que os tratamentos atuais surtem pouco ou

nenhum efeito curativo (DUBOIS; FOLLETT, 2014).

Dentre os principais tipos de condições dolorosas a dor muscular tem sido

apontada como um dos problemas clínicos mais importantes da sociedade moderna (MENSE

et al., 2008; MURRAY et al., 2010). Estima-se que mais de 45% da população mundial

apresente dor muscular e sua prevalência gira em torno de 24% (CIMMINO et al., 2011),

gerando prejuízos socioeconômicos (REID et al., 2011). No Brasil, as dores de origem

musculoesquelética, especialmente as dores na região da coluna lombar, estão entre as

principais queixas relatadas ao longo da vida sendo que mais de 80% da população relatam as

dores de origem musculoesquelética como o tipo de dor mais frequente nos últimos três meses

(IBOPE, 2013) sendo responsável por 29% das faltas no ambiente de trabalho (MINSON,

2009).

1.2.Conceitos e Definições em dor

1.2.1. Dor e nocicepção

A dor foi definida pela Associação internacional para Estudo da Dor (IASP, 1976)

como sendo “uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a um dano

tecidual real ou potencial ou descrita nos termos de tal dano”. Recentemente, foi proposta

uma revisão dessa definição, sendo sugerido que a dor seria “uma experiência angustiante

associada a um dano tecidual atual ou potencial com componentes sensoriais, emocionais,

Page 24: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

24

cognitivos e sociais” (WILLIAMS; CRAIG, 2016). Essa definição vem sendo discutida por

diferentes autores, cujo questionamento baseia-se no fato de que adicionar esses termos à

definição original realmente facilitaria a compreensão desse conceito (TESARZ; EICH, 2017;

WRIGHT; AYDEDE, 2017) dentro da questão histórica e social da dor (ALCOCK, 2017;

WHITBURN et al., 2017).

Toda essa discussão acerca do conceito de dor reafirma a questão da subjetividade

e da ampla gama de fatores que podem mediar e modular o processo doloroso, uma vez que já

foram descritos que fatores culturais (HOLT; WATERFIELD, 2018; ROBERTSON et al.,

2017), ambientais (TOPALOGLU et al., 2013), de gênero (FISCHER et al., 2008; FÁVARO-

MOREIRA et al., 2009), idade (FERREIRA; DE LUCA, 2017; KROON VAN DIEST et al.,

2017), experiências prévias ao processo doloroso e estado emocional (NAUSHAD et al.,

2018), qualidade dos serviços de atendimento (CLARKE et al., 2014) e a própria integridade

das vias de condução de dor (ROCZNIAK et al., 2016; ZENGIN-TOKTAS et al., 2013)

podem influenciar no processamento da informação dolorosa modulando, portanto, a sua

percepção. Assim sendo, afirma-se que a dor é uma experiência de natureza multidimensional

com componentes sensório-discriminativos (relacionados à qualidade, localização e duração

da dor), motivacional-afetiva, (relacionados ao desconforto e a busca por proteção), e

cognitivo-avaliativo (envolvido com o processamento final da informação) (MELZACK;

CASEY, 1968; MERSKY, 1986).

De uma maneira mais simples, a dor pode ser considerada como um alerta

fisiológico, agindo como um mecanismo de proteção do indivíduo à presença de um estímulo

nocivo e potencialmente destrutivo ao organismo (MENESCAL-DE-OLIVEIRA; DA

SILVA, 2009). Podemos definir a dor também como sendo a percepção de uma sensação

nociceptiva. Nesse contexto, podemos discutir dois conceitos, um de nocicepção, de

dimensão sensório-discriminativa (MELZAC; CASEY, 1968) relacionada à ativação de uma

população de neurônios específica, responsivos a estímulos de natureza destrutiva, e que

conduzirão as informações da periferia para as áreas centrais onde serão interpretadas

(MILLAM, 1999; JULIUS; BAUSBAM, 2001) e o conceito de percepção, resultado da

integração da informação nos centros superiores e que envolve fatores cognitivo-emocionais

(MERSKY, 1986). Os mecanismos envolvidos desde a detecção do estímulo nervoso até sua

interpretação serão discutidos nos próximos capítulos, abordados numa perspectiva geral do

processo de detecção, transmissão e interpretação do estímulo lesivo.

Page 25: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

25

1.2.2. Hiperalgesia

Enquanto a IASP define nocicepção como sendo o processo de detecção e

transmissão do impulso doloroso até as áreas de processamento centrais e que se dá de forma

fisiológica e natural em resposta a estes tipos de estímulo (DUBIN; PATAPOUTIAN, 2010),

outra condição chamada de hiperalgesia é descrita como um “aumento na sensibilidade

dolorosa”, gerada pela ação de mediadores inflamatórios locais liberados pelos tecidos em

resposta à lesão inicial (VERRI et al., 2006; CUNHA et al., 2005; CUNHA et al., 2008a).

Esses mediadores, ao se ligarem aos seus receptores específicos na membrana neuronal,

ativam mecanismos moleculares que facilitam o disparo neuronal (OZAKTAY et al., 2006)

pela redução do limiar e maior magnitude de resposta ao estímulo (COOPER et al., 1991).

Portanto, aumenta a condução do processo doloroso (CUNHA et al., 2007; TREEDE et al.,

1992), vinculando, de forma geral, o processo inflamatório ao desenvolvimento da

hiperalgesia.

1.3.Fisiologia da dor

1.3.1. A detecção do estímulo doloroso

Os estímulos ambientais internos e externos são detectados por receptores

sensoriais, estruturas localizadas em nosso corpo e que são capazes de detectar e traduzir

estímulos de diferentes naturezas (química, mecânica ou térmica) (ROSENOW et al., 2003) e

transmiti-los por meio de vias de condução específicas em direção às áreas de processamento

dessas informações no sistema nervoso central (SNC) (GUYTON; HALL, 2006) por meio de

uma cadeia de neurônios que incluem os neurônios de primeira e segunda ordem em direção

aos centros superiores de processamento da informação (BONICA, 1980).

Quando um estímulo, seja ele de natureza mecânica, térmica ou química, torna-se

demasiadamente intenso a ponto de provocar a lesão dos tecidos, um tipo específico de

receptor, os chamados nociceptores, ou receptores de dor, são ativados (STEEDS, 2009). Os

nociceptores são fibras aferentes de pequeno diâmetro, caracterizadas por serem terminações

nervosas livres, de alto limiar de ativação (GUYTON; HALL, 2006), amplamente distribuídos

na pele, havendo discussões sobre seu posicionamento e densidades em áreas como músculo,

articulações e tecido visceral (WILLIS et al., 2004; ROBINSON et al., 2008; RAJA et al.,

1988). Os nociceptores podem ser ativados, por uma (unimodal) ou mais modalidades de

Page 26: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

26

estímulo (polimodais), sendo capazes de gerar sinais elétricos (potenciais de ação) na

membrana dos neurônios aferentes primários onde estão localizados (STEEDS, 2009).

1.3.2. As vias de condução da dor

A informação dolorosa é conduzida através de uma cadeia de neurônios chamada

de vias aferentes, ou vias de condução da dor. Como descrito anteriormente, a ativação do

neurônio aferente primário inicia o processo de transmissão do impulso doloroso. O neurônio

aferente primário é classificado como um neurônio pseudounipolar, com o corpo celular

presente no gânglio da raiz dorsal (ou nos gânglios trigeminais para informações vindas das

áreas de face e cabeça), com prolongamentos fazendo sinapse no corno da raiz dorsal da

medula espinhal (ou tronco encefálico para os nervos cranianos), onde estão os neurônios de

segunda ordem. A ativação dos neurônios aferentes primários leva a liberação de

neurotransmissores no terminal pré-sináptico, como glutamato, substância P e CGRP

(MILLAN, 1999), que estimulam os neurônios de segunda ordem e permitem a condução da

informação às áreas encefálicas onde serão processadas.

Foi descrito que os receptores de dor encontram-se dispostos no terminal

neuronal de fibras aferentes do tipo A-delta (Aδ) e C. As fibras Aδ são fibras pouco

mielinizadas, de médio diâmetro (2-6μm) e que apresentam velocidade de condução média

entre 12 a 30 m/s. São responsáveis pela condução da dor aguda, rápida e bem localizada. Já

as fibras do tipo C são de pequeno calibre (0,2-1,2μm), virtualmente amielínicas, com

velocidade de condução em torno de 0,5 a 2,0 m/s e estão envolvidas com a condução da dor

lenta, crônica e difusa (WOOLF; MA, 2007; GYTON; HALL, 2011). As fibras Aδ fazem

sinapse na lâmina I e V do corno da raiz dorsal da medula espinhal enquanto que as fibras C

fazem sinapse na lâmina I e II (MENESCAL-DE-OLIVEIRA; DA SILVA, 2009).

Essas fibras dolorosas estão relacionadas a duas vias de condução: a via

Paleoespinotalâmica, envolvida com a condução da dor crônica e a via Neoespinotalâmica

envolvida com a condução da dor aguda. O trato neoespinotalâmico possui número reduzido

de sinapses e o processamento da dor é mais preciso, enquanto que a via paleoespinotalâmica

envolve um maior número de sinapses e as informações são menos precisas (MACHADO,

2006).

1.3.3. Processo inflamatório e dor

A dor é um dos cinco sinais cardinais do processo inflamatório. A inflamação

pode ser definida como uma resposta corporal resultante de um dano tecidual. Trata-se de um

Page 27: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

27

mecanismo de defesa que protege os indivíduos de lesão, processos infecciosos, estresse

tecidual ou mau funcionamento (MAJNO; JORIS; 2004; KUMAR et al., 2003;

MEDZHITOV, 2008).

A lesão tecidual induz a liberação de uma série de mediadores inflamatórios,

como bradicinina (CHOI; HWANG, 2018; BELLUCCI et al., 2013), aminas

simpatomiméticas (LI et al., 2013), prostaglandinas (SINGH et al., 2017), substância P

(LISOWSKA et al., 2015), endotelinas (ZARPELON et al., 2013), fator de crescimento

neural (PRATO et al., 2017) e ATP (JUNG et al., 2014) que ativam ou sensibilizam o

neurônio aferente primário, aumentando a descarga de potenciais de ação vindos da região

lesada e facilitando o reconhecimento da área lesionada e sua proteção.

Conforme descrito previamente, a sensibilização neuronal e o aumento do número

de disparos elétricos vindo da área lesionada estão envolvidos com o desenvolvimento da

hiperalgesia uma vez que a lesão inicial induz a liberação de uma série de mediadores

inflamatórios e que podem se ligar a receptores específicos promovendo a abertura de canais

iônicos ou a ativação de receptores acoplados a proteína G. Ambos, em última instância,

promovem uma redução do potencial de membrana das células neuronais, com consequente

redução do limiar de resposta (MENSE, 2009).

Inicialmente, a ativação de canais iônicos induz a um influxo de íons como, por

exemplo, os íons sódio pela membrana neuronal, que reduzem o limiar de despolarização do

neurônio aferente primário, facilitando assim seu disparo (BERNE; LEVY, 2009). Já os

receptores acoplados a proteína G estão relacionados à ativação de cascatas de sinalização por

meio de segundos mensageiros, incluindo proteína quinase A e C (PKA e PKC), a enzima

adenilato-ciclase e o monofosfato cíclico de adenosina (AMPc) (BERNE; LEVY, 2009;

KACZEWSKI et al., 2010), que desencadeiam respostas capazes de promover o influxo de

cátions para o interior da membrana, facilitando, como descrito anteriormente, a

despolarização (MENSE, 2009; SACHS et al., 2009). Esse processo de redução do limiar de

despolarização é o princípio do conceito de sensibilização neuronal e da hiperalgesia primária

(SANDKUHLER, 2009).

Outro mecanismo envolvido é a ativação de células de defesa residentes, como

macrófagos que estimulam a migração de neutrófilos ao tecido e potencializam a resposta

inflamatória. Além disso, essas células de defesa atuam liberando citocinas pró-inflamatórias

capazes de estimular a síntese de prostaglandinas e aminas simpatomiméticas que em via final

ativam mecanismos moleculares capazes de sensibilizar o neurônio aferente primário

(CUNHA et al.,2007).

Page 28: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

28

1.4. A dor muscular

Conforme descrito previamente, a dor muscular possui elevada incidência e

importante impacto socioeconômico. O tecido muscular possui características únicas, fazendo

com que a dor muscular apresente particularidades que precisam ser compreendidas e melhor

estudadas.

1.4.1. Particularidades da dor muscular

A dor muscular possui particularidades interessantes em relação a dor cutânea,

articular e de origem neuropática. Sabe-se que muito do conhecimento científico sobre os

mecanismos de desenvolvimento da dor muscular são baseados em estudos realizados no

tecido cutâneo (KEHL; FAIRBANKS, 2003), entretanto, tem sido descritas diferenças

importantes entre a dor muscular e a dor cutânea (MENSE, 1993). Morfologicamente já foi

descrito que os nociceptores no tecido muscular apresentam diferenças no formato e

localização em relação a outros tecidos. Enquanto que os nociceptores foram descritos como

terminações nervosas livres presentes em áreas da derme e regiões como ligamentos e cápsula

articular, no tecido muscular, ainda não se sabe ao certo sua real localização. O primeiro

estudo na área, realizado por Stacey (1969), demonstrou que os nociceptores musculares

seriam ligados a fibras aferentes de pequeno diâmetro, responsáveis pela inervação de tecidos

profundos, conhecidas por fibras III e IV. As fibras III são semelhantes às fibras Aδ, enquanto

que as fibras IV são correspondentes às fibras C (GRAVEN-NIELSEN; MENSE, 2001).

Quanto à velocidade de condução das fibras III, esta é em torno de 2,5 a 35m/s, e das fibras

IV em torno de 2,5m/s (GRAVEN-NIELSEN; MENSE, 2001; DJOUHRI; LAWSON, 2004).

Ambas projetam-se para as lâminas I e IV/V da medula espinhal (HOHEISEL et al., 1989;

PANNETON et al., 2005), característica que pode explicar a dificuldade de localizar com

precisão as informações dolorosas de origem muscular.

Ensaios imunohistoquímicos demonstraram que as terminações nervosas no tecido

muscular apresentam formato semelhante a um “colar de contas”, chamados de varicosidades,

que variam entre 0,5 e 1μm (STACEY, 1969). Outros estudos posteriores demonstraram que

o terminal nociceptivo não estaria localizado nas fibras musculares (REINERT et al., 1998),

mas sim ao redor do perimísio e na adventícia de arteríolas, vênulas e tecidos linfáticos

(DURING; ANDRES, 1990). Além disso, os terminais de fibras III são geralmente maiores

dos que os de fibras IV e possuem maior número de mitocôndrias e vesículas (ANDRES et

Page 29: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

29

al., 1985). Uma representação da estrutura atualmente aceita para as terminações nervosas

livres no tecido muscular podem ser visualizadas na figura 1.

Figura 1

Figura 1. Ultraestrutura das terminações nervosas livres no tecido muscular. A)

Representação de uma terminação nervosa livre por microscopia eletrônica. Os terminais

apresentam diversos ramos e exibem várias varicosidades. As células de Schwann envolvem a

maior parte desses axônios, deixando expostos apenas pequenas áreas. As áreas expostas são

sítios onde os agentes químicos agem. B) Secção transversal de uma varicosidade. As

varicosidades apresentam o axônio não completamente envolto pelas células de Schawn,

formando as áreas de axônio exposto. Podemos verificar também a presença de diversas

mitocôndrias na região do axoplasma neuronal e de vesículas contendo neuropetídeos (Fonte:

MENSE; GERWIN, 2009).

Page 30: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

30

Outra característica ainda relacionada às fibras sensoriais aferentes primárias tipo

C do tecido muscular é que elas possuem maior quantidade de CGRP (peptídeo relacionado

ao gene da calcitonina) (O'BRIEN et al., 1989) e sua estimulação induz efeitos mais

prolongados (WALL; WOOLF, 1984) do que no tecido cutâneo. Funcionalmente a dor

muscular induz um aumento significativamente maior de campos receptivos (HOHEISEL et

al., 1993, MENSE, 1993, YU et al., 1993) e ativa diferentes núcleos de controle da dor no

Sistema Nervoso Central (MAIXNER et al., 1995)

Por fim, foi descrito que a administração intramuscular do agente pró-inflamatório

carragenina no ventre do músculo gastrocnêmio induz a um aumento mais lento das citocinas

IL-1β e IL-6 do que no tecido cutâneo e, diferente do tecido cutâneo, não induz aumento da

concentração de TNF-α no tecido muscular (LORAM et al., 2007), indicando uma diferença

também quanto ao processo inflamatório local em resposta a estímulos de natureza

inflamatória. Além disso, existem evidências de que a liberação de citocinas inflamatórias

depende do mecanismo de indução do processo doloroso, uma vez que já foi descrito que a

liberação de citocinas pode ou não ser fundamental para o desenvolvimento de diversos tipos

de condição dolorosa de origem muscular, uma vez que já foi descrito que a hiperalgesia

induzida pelo exercício excêntrico induz a liberação de citocinas pró-inflamatórias (KANDA

et al., 2013), enquanto que condições crônicas como fibromialgia parece não ser mediada pela

liberação de citocinas inflamatórias (ÜÇEYLER et al., 2011), sendo portanto, estímulo

dependente.

1.4.2. Modelos de estudo de dor muscular

Dentre os principais modelos experimentais empregados no estudo da dor

muscular em animais, os mais comuns são caracterizados pela dor muscular induzida por

administração local de agentes químicos e a induzida por contração muscular através de

exercícios físicos ou estimulação elétrica do ventre muscular (Gregory et al., 2013).

Nos modelos experimentais de dor muscular induzida por agentes químicos

irritantes há o uso do óleo de mostarda (HAN et al., 2008), carragenina (LORAM et al.,

2007), Adjuvante Completo de Freund (CFA), salina ácida (SLUKA et al., 2001, FREY LAW

et al., 2008; NIELSEN et al., 2004) ou hipertônica (KNARDAHL, 2002), serotonina

(BABENKO et al., 1999), fator de crescimento neuronal (NGF) (SVENSSON et al., 2003) e

ATP (MORK et al., 2003). Esses agentes podem ou não induzir um processo inflamatório,

entretanto, de maneira geral, mimetizam a dor muscular em humanos. Especificamente, a

Page 31: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

31

carragenina é um modelo experimental muito utilizado e bem estabelecido em alguns tecidos

(CUNHA et al., 1995; CHOPADE et al., 2014). Ela mimetiza a resposta dolorosa em seres

humanos (WINTER et al., 1962; WINTER et al., 1968; MIRSHAFIEY et al., 2005), sendo

frequentemente empregada para induzir dor inflamatória (FEHENBACHER et al., 2012;

TEIXEIRA et al., 2010; TEIXEIRA et al., 2016; TEIXEIRA et al., 2017; CHOPADE et al.,

2014; LORAM et al., 2007). Sabe-se que a hiperalgesia induzida pela carragenina no tecido

subcutâneo é modulada por bradicinina, ATP, via receptores P2X3 e P2X7, citocinas pró-

inflamatórias, prostaglandinas e aminas simpatomiméticas (CUNHA et al., 1992;

BERNHEIM et al., 1980; ZUCALI et al., 1986; CUNHA et al., 1992; POOLE et al., 1995;

CUNHA et al., 2005; HANDWERKER, 1976; FERREIRA; NAKAMURA, 1976;

OLIVEIRA et al., 2009; TEIXEIRA et al., 2014; de OLIVEIRA FUSARO et al., 2010).

Quanto aos modelos de dor muscular induzida por contração muscular,

comumente são usados modelos de exercícios físicos ou estimulação elétrica simulando as

contrações que resultam em dor muscular tardia (DOMS – delayed-onset muscle soreness)

(KEHL 1996; SLUKA; RASMUSSEN 2010; YOKOYAMA et al., 2007) (BORGHI et

al.,2014a; BORGHI et al.,2014b; BORGHI et al.,2015). (TAGUCHI et al., 2005, TAGUCHI

et al., 2007, MURASE et al., 2010). Esses modelos experimentais de dor tardia são muito

relevantes, entretanto, esse tipo de dor muscular não está associado às atividades funcionais

diárias dos indivíduos e, por essa razão, não apresentam importante impacto socioeconômico.

1.4.2.1. Modelo de hiperalgesia muscular induzida por contração estática

A contração estática, também conhecida como contração isométrica sustentada,

caracteriza-se por ser um tipo de contração na qual existe a geração de tensão sem, contudo,

existir movimento da articulação (HILL, 1925). A contração estática é o padrão de contração

mais associado às dores referidas durante e após as atividades de vida diária (KNARDAHL,

2002, BOIX et al., 2005; NOSAKA et al., 2011). Sabe-se que as atividades funcionais,

realizadas por longos períodos de tempo e potencialmente dolorosas, como a sustentação do

peso corporal na postura em pé e permanecer sentado em atividade de digitação, são mantidas

principalmente por contração estática (ROY et al., 1989). Além disso, foi sugerido que a dor

nas costas referida após os períodos de sono na posição deitada é causada por contração

estática dos músculos lombares (BAUM; ESSFELD, 1999).

Finalmente, diferentes modelos experimentais realizados em humanos confirmam

que a contração estática induz dor (NOSAKA et al., 2011; VECCHIET et al., 1983). Há

relatos de dores musculares após contrações estáticas do músculo masseter ou trapézio,

Page 32: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

32

realizadas repetidamente por um determinado período de tempo (HEDENBERG-

MAGNUSSON et al., 2006); do músculo quadríceps, na posição de flexão de joelho a 90°,

realizada uma única vez até a exaustão, tanto em mulheres saudáveis como nas portadoras de

fibromialgia (KOSEK et al., 1996). Entretanto, apesar da sua relevância clínica, os

mecanismos moleculares envolvidos no desenvolvimento da dor muscular induzida pela

contração estática são pouco conhecidos.

Recentemente nosso grupo de pesquisa desenvolveu um modelo experimental de

dor muscular induzida pela contração estática (SANTOS et al., 2017). Esse modelo baseia-se

na indução de uma contração estática no músculo gastrocnêmio de ratos através da

eletroestimulação do mesmo, pelo período de 1 hora. Demonstramos que a contração estática

induz hiperalgesia muscular mecânica após ½ hora do término da contração, com pico em 1

hora e resolução após 2 horas (SANTOS et al., 2017). Demonstramos também que essa

resposta hiperalgésica é modulada por bradicinina, via receptores B1 e B2, aminas

simpatomiméticas, via receptores β1 e β2, prostaglandinas e neutrófilos (SANTOS et al.,

2017).

Dados ainda não publicados do nosso grupo também demonstraram o

envolvimento do ATP endógeno, via ativação de receptores P2X3 na hiperalgesia muscular

induzida pela contração estática. Isso porque o pré-tratamento intramuscular com o

antagonista seletivo dos receptores P2X3, A-317491, reduziu a hiperalgesia muscular (Figura

2).

Figura 2

Page 33: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

33

0

10

20

30

40

50

*

*

A-317491

60g 0.6g 6.0g 60g 60g (ct)

Contração estática (n=5)

(Sham)

#

Hip

era

lgesia

Muscula

r (

g)

Figura 2. Papel dos receptores P2X3 periféricos na hiperalgesia muscular induzida por

contração estática. A contração estática induziu hiperalgesia muscular quando comparada ao

grupo sham, como indicado pelo símbolo “#”. A administração do A-317491 (6 e

60µg/músculo) reduziu a hiperalgesia muscular induzida pela contração estática, como

indicado pelo símbolo “*” (p < 0.0001, F= 11.00, teste de Tukey). Na pata contralateral (ct),

A317491 não reverteu a hiperalgesia muscular e quando administrado no grupo Sham, não

houve alteração do limiar nociceptivo basal (n=5; p>0.05, ANOVA).

1.5. O papel do ATP e seus receptores na dor

A primeira menção histórica da molécula de ATP foi feita em 1929, quando Karl

Lohamann e o então prêmio Nobel de medicina Laureate Otto Meyerhof demonstraram que

uma molécula formada por purinas estava presente em extratos de tecido muscular. Apenas

por volta de 1950, Pamela Holton, pesquisadora do departamento de fisiologia da

Universidade de Cambridge sugeriu que o ATP seria liberado de nervos sensoriais e poderiam

estar envolvidos com a sinalização celular (HOLTON; HOLTON, 1953; HOLTON;

HOLTON, 1954; HOLTON, 1959). Posteriormente G. Burnstock demonstrou que o ATP

estava envolvido com a sinalização entre neurônios motores e tecido muscular liso

(BURNSTOCK et al., 1964; BURNSTOCK et al., 1970; SATCHELL; BURNSTOCK, 1971;

Page 34: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

34

SU et al., 1971). Quase dez anos depois Burnstock sugeria a existência de nervos

purinérgicos, capazes de liberar ATP como neurotransmissor (SATCHELL et al., 1972;

BURNSTOCK, 1972).

“Mas se há um neurotransmissor devem haver receptores capazes de serem

ativados por eles”, provavelmente com esse pensamento Burnstock propunha o conceito de

receptores purinérgicos, que em 1978 foram divididos em duas famílias, os P1, que são

receptores ativados pela adenosina, e os receptores P2, ativados pela molécula de ATP

(BURNSTOCK, 1978). Os receptores P2 são ainda divididos em duas classes funcionais, os

receptores da família P2Y, que são receptores metabotrópicos, acoplados a proteína G, e os

receptores da família P2X que são ionotrópicos (BURNSTOCK; KENNEDY, 1985) e

permeáveis a íons Na+, K

+ e Ca

2+ (NORTH, 2002).

Quantos aos subtipos de receptores P2X, foram identificados sete receptores

funcionais dentro dessa classe (P2X1-7) (COLLO et al., 1996; COLLO et al., 1997;

NÖRENBERG; ILLES, 2000; VULCHANOVA et al., 1997), expressos no sistema nervoso

de mamíferos (ABBRACCHIO et al., 2009), incluindo neurônios e células gliais (FRANKE

et al., 2001; MEOMARTINI et al., 2003; XIANG et al., 2005), células do sangue (WANG et

al., 2005; SLUYTER et al., 2007; SKALS et al., 2009), músculo liso (MURTHY;

MAKHLOUF, 1998; VIAL; EVANS, 2000) e em neurônios sensoriais (BURNSTOCK,

2000). Os receptores P2X já foram descritos como envolvidos com diversas funções

fisiológicas e patológicas, incluindo sua ação como modulação da neurotransmissão

(ERNEST et al., 2006; SMITH et al., 2001), sinalização de sensações somestésicas como o

gustação (FINGER et al., 2005), olfato e visão (LOHR et al., 2014), estando envolvida

também no desenvolvimento da inflamação (DI VIRGILIO, 2015; BURNSTOCK), uma vez

que a ativação de receptores P2X expressos em células imunes como macrófagos, monócitos

(IDZKO et al., 2014), por exemplo, estimulam a inflamação (VITIELLO et al., 2012). Por

fim, outra condição em que os receptores P2X vêm sendo descritos de forma importante é a

transmissão de informações nociceptivas (CHIZH, ILLES, 2001; KUAN; SHYU, 2016).

Os primeiros estudos relacionando o ATP e a dor demonstraram que a

administração local de ATP promovia respostas vasculares na pele e dor persistente

(BLEEHEN, KEELE, 1977; COUTTS et al., 1981; HAMILTON et al., 1999). Sobre o papel

do ATP na dor, sabe-se que a molécula de ATP está presente em todas as células do

organismo (McCleyskey; Gold, 1999) e existem diversas circunstâncias nas quais o ATP pode

Page 35: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

35

ser liberado e atuar como um mediador inflamatório do tecido periférico (HAMILTON,

2002). Os dois processos básicos envolvidos com a liberação do ATP são: de forma passiva,

resultado da lise celular causada por trauma direto (BLEEHEN; KEELE, 1977; MAEHARA

et al., 1987; RYAN et al., 1991) e da forma ativa, no qual o ATP é liberado por vesículas

(BURNSTOCK, 1995). Estudos in vitro e in vivo tem demonstrado que a administração de

ATP pode aumentar o padrão de descarga das fibras C (HILLIGES et al., 2002).

Durante a inflamação, o ATP liberado no meio extracelular contribui com o

desenvolvimento da dor inflamatória via ativação dos receptores purinérgicos P2X, incluindo

o subtipo P2X3 (COCKAYNE et al., 2000, SOUSLOVA et al., 2000, JARVIS et al., 2002,

MCGARAUGHTY et al., 2003, WU et al., 2004, OLIVEIRA et al., 2005, OLIVEIRA et al.,

2009). Os receptores P2X3 são predominantemente expressos nos nociceptores aferentes

primários (CHEN et al., 1995, LEWIS et al., 1995, COLLO et al., 1996), e são importantes

moduladores de diversos tipos de condições dolorosas. Já foi demonstrado seu papel em

modelos de estudo como a dor neuropática induzida pela ligação parcial do nervo ciático

(JARVIS et al., 2002; BARCLAY et al., 2002), dor oncológica em modelo de câncer ósseo

(KAAN et al., 2010; WU et al., 2012), hiperalgesia articular induzida pela administração de

carragenina (TEIXEIRA et al., 2017), visceral em um modelo de colite (DEITEREN et al.,

2015) e inflamatória no tecido subcutâneo por administração de agentes inflamatórios como a

carragenina (DE OLIVEIRA FUSARO et al., 2010).

Recentemente, demonstramos que a ativação dos receptores P2X3 pelo ATP

endógeno é essencial para o desenvolvimento da dor inflamatória induzida pela carragenina

no tecido subcutâneo da pata de ratos, uma vez que o antagonista seletivo de receptores P2X3,

A-317491, bloqueou a hiperalgesia mecânica induzida pela carragenina (OLIVEIRA et al.,

2009). Neste estudo, demonstramos que a participação dos receptores P2X3 na hiperalgesia

mecânica induzida pela carragenina é mediada pela sensibilização direta e indireta dos

nociceptores aferentes primários. A sensibilização direta envolve a ativação dos receptores

P2X3 expressos nas fibras aferentes primárias, enquanto que a sensibilização indireta envolve

a liberação prévia da citocina pró-inflamatória TNF-α (OLIVEIRA et al., 2009). Em outro

estudo também realizado por nosso grupo de pesquisa demonstramos que o agonista não

seletivo de receptores P2X3, α,β-meATP, induz hiperalgesia mecânica no tecido subcutâneo

da pata de ratos através da sensibilização indireta dos nociceptores aferentes primários (dados

não publicados).

Page 36: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

36

No tecido muscular, a molécula de ATP está particularmente presente em altas

concentrações e, por essa razão, tanto em traumas musculares quanto em eventos patológicos

da musculatura, o ATP pode contribuir para o desenvolvimento da dor muscular

(MCCLESKEY; GOLD, 1999, BURNSTOCK, 2007). Estudos que sustentam essa hipótese

demonstram que a contração muscular excêntrica aumenta a expressão do RNAm de

receptores P2X3 no músculo masseter de ratos (DESSEM et al., 2010), os nociceptores

aferentes primários do músculo gastrocnêmio de ratos (REINOHL et al., 2003) ou do músculo

tríceps femural de gatos (HANNA; KAUFMAN, 2004) são ativados pela administração do

agonista não seletivo de receptor P2X3 α,β-meATP ou de ATP em concentrações

equivalentes às encontradas nas células musculares. Além disso, a administração de ATP ou

α,β-meATP no músculo esquelético de humanos (MORK et al., 2003) ou camundongos

(MAKOWSKA et al., 2006, REITZ et al., 2009) induz dor muscular intensa. Recentemente

demonstramos que a administração de α,β-meATP também induz hiperalgesia muscular em

ratos, e que este efeito é mediado por bradicinina via receptores B1, prostaglandinas, aminas

simpatomiméticas via receptores β1 e β2, migração de neutrófilos e aumento das citocinas

pró-inflamatórias TNF-α e IL-1β (SCHIAVUZZO et al., 2015).

Conforme descrito previamente, os receptores P2X3 periféricos estão envolvidos

com o desenvolvimento da hiperalgesia muscular induzida por contração estática no tecido

muscular. Entretanto, não se conhece até então, o envolvimento dos receptores P2X3 centrais

e seu papel sobre a migração de neutrófilos para o tecido muscular. Considerando que o

modelo de contração estática é um modelo relativamente novo e ainda em estudo, analisamos

o envolvimento desses receptores no modelo inflamatório da carragenina. Para isso, testamos

a hipótese de que o antagonista seletivo dos receptores P2X3, o A-317491 pode reduzir a

hiperalgesia muscular e a migração de neutrófilos em ambos os modelos. Além disso,

considerando-se a importância das citocinas pró-inflamatórias no desenvolvimento da

hiperalgesia muscular, avaliamos o padrão de liberação de citocinas pró-inflamatórias em

resposta a contração estática.

Page 37: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

37

Objetivos

Page 38: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

38

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

O objetivo geral do presente estudo foi avaliar o envolvimento dos receptores

P2X3 no desenvolvimento da hiperalgesia muscular de origem inflamatória.

2.2. Objetivos Específicos

1) Avaliar o envolvimento dos receptores P2X3 do corno da raiz dorsal, na

hiperalgesia muscular induzida por contração estática. Para isso, foi administrado por via

intratecal o antagonista dos receptores P2X3, o A-317491, e analisado o comportamento

hiperalgésico via Randall Selitto;

2) Avaliar se a administração de Carragenina (100 µg) no ventre do músculo

gastrocnêmio é capaz de induzir hiperalgesia muscular. Para isso, foi realizada administração

de carragenina no ventre do músculo gastrocnêmio dos animais e analisado o comportamento

hiperalgésico via Randall Selitto;

3) Avaliar o envolvimento dos receptores P2X3 periféricos e do corno da raiz dorsal,

na hiperalgesia muscular induzida pela carragenina. Para isso, o A-317491, foi administrado

por via intramuscular ou intratecal o A-317491, e analisado o comportamento doloroso via

Randall Selitto;

4) Avaliar o envolvimento dos receptores P2X3 na migração de neutrófilos induzida

pela contração estática e pela carragenina. Para isso, foi administrado 5 minutos antes da

indução de contração estática ou da administração de carragenina no ventre do músculo

gastrocnêmio, o A-317491 e quantificada a migração de neutrófilos pelo teste de MPO.

5) Avaliar se a contração estática induz aumento dos níveis de citocinas pró-

inflamatórias pelo teste de ELISA.

Page 39: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

39

Materiais e Métodos

Page 40: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

40

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Animais

Foram utilizados ratos machos Wistar pesando entre 200 a 250 g, provenientes do

CEMIB-UNICAMP. Os animais foram mantidos em gaiolas plásticas (cinco por gaiola)

contendo maravalha, em ambiente com controle de luminosidade (ciclos claro/escuro de 12

horas) alimentação e água, ad libitum.

Todos os procedimentos experimentais foram previamente aprovados pelo comitê

de ética em pesquisa animal da Universidade Estadual de Campinas (2770-1, Anexo 1) e

seguiram as diretrizes propostas pelo comitê para pesquisa e ética da Associação Internacional

para Estudo da Dor (IASP) em animais conscientes (ZIMMERMANN, 1983). Em particular,

a duração dos experimentos e o número de animais utilizados foi o menor possível

(aproximadamente cinco ratos por grupo) considerando-se o cálculo amostral na Equação 1.

𝒏 = 𝟏 + [𝟐𝑪 ∗ (𝒔/𝒅)𝟐]; 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑪 = (𝒛𝜶 + 𝒛𝜷).

𝐶𝑜𝑛𝑠𝑖𝑑𝑒𝑟𝑎𝑛𝑑𝑜 − 𝑠𝑒: 𝐼𝑛𝑡𝑒𝑟𝑣𝑎𝑙𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑓𝑖𝑎𝑛ç𝑎(𝐼𝐶) = 95%, 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑝 < 0,05, 𝑠

= 0,2 (20%)𝑒 𝑑𝑖𝑓𝑒𝑟𝑒𝑛ç𝑎 = 0,5 (50%)

𝐶 = (1,96 + 1,282)2 = 10,51 𝑒 𝑛 = 1 + [2 ∗ 10,5 ∗ (0,2

0,5)

2

]=

4,36 animais = aproximadamente 5 animais

Equação 1: Cálculo amostral considerando-se os valores de Intervalo de confiança = 95%,

valor de p < 0.05, valor de desvio padrão aceitável = 20% e diferença estatística = 50%.

3.2. Procedimentos Gerais

As sessões de teste foram realizadas durante a fase clara (entre as 9 às 17 h) em

sala silenciosa, com temperatura ambiente mantida a 25 °C (ROSLAND, 1991). Os animais

Page 41: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

41

foram habituados por 1 hora na sala antes do início dos experimentos e não tiveram acesso à

água ou a comida durante o teste.

3.3. Delineamento experimental

As análises do comportamento doloroso foram realizadas utilizando-se 5 animais

por grupo, considerando-se o cálculo amostral na Equação 1. Para as análises do

envolvimento dos receptores P2X3 na hiperalgesia muscular induzida por contração estática

os animais foram brevemente anestesiados e receberam a injeção do antagonista dos

receptores P2X3, o A-317491, 5 minutos antes da contração estática, conforme demonstrado

na figura 3.

Figura 3. Desenho experimental das análises comportamentais no modelo da contração

estática.

Para as análises do envolvimento dos receptores P2X3 na hiperalgesia muscular

induzida pela carragenina os animais foram brevemente anestesiados e receberam a injeção do

A-317491, 5 minutos antes da administração de carragenina (100μg). Estes animais foram

avaliados previamente a administração inicial e após ½, 1, 3, 6, 24, 48 e 72 horas da

administração de carragenina, conforme demonstrado na Figura 4.

Page 42: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

42

Figura 4. Desenho experimental das análises comportamentais no modelo da carragenina. A

sigla RS indica o momento de avaliação via Randall Selitto. A sigla Cg indica carragenina.

3.4. Modelo de hiperalgesia muscular induzida por contração estática

Previamente à indução de contração estática, os animais foram anestesiados por

inalação isoforine (LE BARS et al., 1979) e colocados em posição de decúbito ventral. A

região glútea e posterior da pata direita foram tricotomizadas e os eletrodos (em número de 2;

do tipo agulha – agulha gengival longa 27 gauge (G)) foram inseridos obliquamente no

ventre do músculo gastrocnêmio dos ratos, sendo separados por uma distância de 10 mm.

Esses eletrodos foram acoplados a um equipamento da marca Grass Instruments, modelo

S88X Stimulator (West Warnick, Estados Unidos) com os seguintes parâmetros de

estimulação: pulso repetido, corrente monofásica, frequência= 50 Hz, duração de pulso= 19

ms, intensidade da corrente 1,6 V, tempo 1 hora, conforme previamente padronizado

(SANTOS et al., 2017). Como controle foi utilizado o grupo sham. Este grupo recebeu apenas

os eletrodos no ventre do tecido muscular sem a passagem de corrente elétrica.

3.5. Modelo de hiperalgesia muscular induzida pela carragenina

Para indução de hiperalgesia muscular induzida pela administração de

carragenina, os animais foram brevemente anestesiados com isoforine e uma solução de λ-

carragenina diluída em salina (100 µg/músculo; OLIVEIRA et al., 2009) foi injetada no

ventre do músculo gastrocnêmio conforme descrito item 4.5.

3.6. Administração intramuscular de drogas

Page 43: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

43

As drogas ou seus veículos foram administrados no ventre do músculo

gastrocnêmio através de uma agulha 30 G acoplada a uma cânula de polietileno e também a

uma seringa Hamilton de 50 µL (GAUTAM; BENSON, 2013; SCHIAVUZZO et al., 2015).

O volume final das administrações foi de 50 µL.

3.7. Administração intratecal de drogas

O antagonista dos receptores P2X3 e seu veículo (salina) foram administrados por

via intratecal segundo a técnica descrita por Papir-Kricheli (1987), porém com algumas

modificações conforme descrição abaixo. Previamente os animais foram anestesiados por

inalação de isoforine (LE BARS et al., 1979) e submetidos a tricotomia da região lombar. A

seguir, foram posicionados de maneira que a coluna vertebral fique arqueada, então uma

agulha hipodérmica de 26G foi inserida no espaço subaracnóide da medula entre as regiões

sacral e cauda eqüina, perfurando a região medial entre L4 e L5 num ângulo de

aproximadamente 45º. O volume de cada injeção foi de 10 L (OLIVEIRA et al., 2009). A

velocidade de administração foi de aproximadamente 1L/s.

3.8. Drogas utilizadas

A-317491 (o antagonista seletivo de receptor P2X3,2/3 – (5-([(3-Phenoxybenzyl)

[(1S)-1,2,3,4-tetrahydro-1naphthalenyl] [amino]carbonyl)-1,2,4-benzene- tricarboxylic acid:

60g, OLIVEIRA et al., 2009) e λ-carragenina (100 µg; OLIVEIRA et al., 2009). Todas as

drogas foram diluídas em salina e obtidas da Sigma-Aldrich (Brasil).

3.9. Quantificação da hiperalgesia muscular mecânica

A metodologia empregada para a quantificação da hiperalgesia mecânica foi

proposta por Randall & Selitto (1957). Para o teste utilizamos um analgesímetro digital

(Insight, Ribeirão Preto, anexo 3), que aplica uma força mecânica linear com aumento gradual

no ventre do músculo gastrocnêmio da pata traseira de ratos (SCHIAVUZZO et al., 2015;

SANTOS et al., 2017). O registro do limiar de retirada da pata foi quantificado pela média de

três medidas realizadas em intervalos de 5 minutos. Os animais foram habituados na sala de

experimentação pelo período de 1 hora antes do teste. As avaliações do comportamento

doloroso basal foram realizadas imediatamente antes da indução de contração estática ou

administração de drogas/veículo; 1 hora após o término da contração estática (conforme

Page 44: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

44

padronizado previamente por Santos et al., 2017) e ½, 1, 3, 6, 24 e 48 horas após a

administração de carragenina. A hiperalgesia muscular mecânica foi quantificada pela

variação no limiar nociceptivo mecânico calculado pela subtração da média do limiar

nociceptivo mecânico registrado antes da contração estática/carragenina menos a média das

respostas comportamentais pós-tratamento. Assim sendo, os aumentos dos valores do eixo Y

dos gráficos representam maior comportamento hiperalgésico.

3.10. Quantificação da atividade da enzima Mieloperoxidase (MPO)

A migração de neutrófilos para o tecido muscular foi determinada pela avaliação

colorimétrica da enzima mieloperoxidase (BRADLEY et al., 1982). Os animais foram

eutanasiados utilizando anestesia inalatória (isoforine) e posterior deslocamento cervical. O

tecido muscular foi coletado (peso médio entre 0,1 a 0,4 g), do músculo gastrocnêmio, após

uma hora da indução de contração estática e três horas após a administração de carragenina.

Foram coletados 3 grupos por modelo. Para o modelo de contração estática foram coletados

os grupos: sham, contração estática e A-317491 administrado 5 minutos antes da contração

estática. E para o modelo de carragenina foram coletados: veículo (salina), carragenina

(100μg) e A-317491, administrado 5 minutos antes da carragenina. Esses tecidos foram

homogeneizados em tampão (0,5 mL: 0.1 M NaCl, 0.02 M NaPO4, 1.015 M NaEDTA, pH

4,7) utilizando-se o equipamento Marconi, modelo MA 102/MINI (Piracicaba) e foram

posteriormente centrifugados a 4 º C, 3000 RPM por 15 min. Os pellets foram inseridos em

novamente em solução (0,5 mL: 0.1 M NaCl, 0.02 M NaPO4, 1.015 M NaEDTA, pH 4,7),

sendo posteriormente adicionada solução hipotônica para lise celular (0,5 mL de NaCl 0,2% )

por 30 s, seguidos por adição em igual volume de solução de NaCl 1,6% e glicose 5%. Após

centrifugação (4 º C, 3000 RPM por 15 min), os pellets foram ressuspendidos em tampão

0,05M NaPO4 (pH 5,4) contendo H-TAB, e foram então congelados (nitrogênio líquido) e

descongelados (água corrente) por 3 vezes, sendo então centrifugados a 4 º C, 12000 RPM,

por 15 min. Em seguida, os sobrenadantes foram congelados em nitrogênio líquido e

posteriormente usados no ensaio. As amostras foram analisadas utilizando uma placa de 96

poços com volume total de 50 μL/poço, pela combinação de amostra e 0,08 M de NaPO4 na

proporção de 25:25, 20:30, 10:40, 1:49 e 0,5:49,5. Foram adicionados 25 μL de TMB 1,6

mM/ poço. Cinco minutos depois, foram adicionados 100 μL de H2O2 0,5mM/poço e

finalmente a reação foi interrompida adicionando-se 50 μL de H2SO4 4M/poço. A densidade

óptica empregada nas leituras foi de 450 nm usando o espectrofotômetro Epoch, da Biotek, e

Page 45: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

45

o programa Gen 5. Os resultados foram calculados pela comparação da densidade óptica do

sobrenadante do tecido muscular com a curva padrão de neutrófilos (> 95% de pureza) e

foram expressos como número de neutrófilos x 108/mg de tecido.

3.11. Quantificação de citocinas pelo teste de ELISA

A metodologia para a dosagem de citocinas no músculo gastrocnêmio de ratos foi

baseada na descrição de Safieh-Garabedian et al., (1995). Resumidamente, amostras de tecido

muscular foram obtidas 1/2, 1, 2, 3, 6, 24 horas após a contração muscular ou grupo sham e 1,

3, 6 e 24 horas após a administração de carragenina ou seu veículo, salina, e homogeneizadas

em solução Tampão Fosfato Salina (PBS) contendo Tampão Roche (Complete Inhibitor

Roche; na concentração de 1:50, num volume total de 750µL) no equipamento Omni Bead

ruptor 12 (USA, utilizando-se 7 beads de metal em eppendorfes de tampa de rosca, com

velocidade de homogeneização máxima em até 6 tentativas de 20 segundos. Após a

homogeneização, as amostras foram centrifugadas (4 º C, 10000 RPM, 5 min) e o

sobrenadante foi utilizado para avaliar a concentração das seguintes citocinas pró-

inflamatórias: TNF-, IL-1, IL-6 e CINC-1 por ELISA (enzyme-linked immunosorbent

assay). As quantificações foram realizadas através dos seguintes kits Quantikine R&D

Systems: TNF-α: Rat TNF-α DuoSet ELISA Kit (Catálogo número: DY 510), IL-1β: Rat IL-

1β/IL-1F2 DuoSet ELISA Kit (Catálogo número: DY 501) e IL-6: Rat IL-6 DuoSet ELISA

Kit (Catálogo número: DY 506). Todos os procedimentos seguiram as instruções do

fabricante e as análises foram realizadas empregando-se o espectrofotômetro Epoch, da

Biotek, e o programa Gen 5. Os resultados foram calculados pela comparação da densidade

óptica do sobrenadante do tecido muscular com a curva padrão de citocinas e foram expressos

em pg de citocina/mg de proteína ou mg/tecido. Todos os procedimentos foram repetidos ao

menos três vezes para garantir a reprodutibilidade dos resultados.

3.12. Análises Estatísticas

Para realização dos cálculos estatísticos foi utilizado o programa Prisma 5,0 e os

dados com homogeneidade de variância foram analisados através da aplicação do teste

estatístico One-Way análise de variância (ANOVA) e comparações múltiplas foram

realizadas aplicando-se o teste de Tukey. Para análise temporal do limiar de retirada da pata

em resposta a carragenina foi utilizado o teste de ANOVA two-way, com pós-teste de

Bonferroni. Quando apropriado o teste t foi aplicado. Para todos os testes o nível de

Page 46: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

46

significância foi estabelecido em p < 0.05 e os dados foram apresentados pela média ± o Erro

Padrão da Média.

Page 47: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

47

Resultados

Page 48: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

48

4. RESULTADOS

4.1. Envolvimento dos receptores P2X3 expressos no corno da raiz dorsal no

desenvolvimento da hiperalgesia muscular induzida pela contração estática.

Conforme demonstrado previamente por nosso grupo de pesquisa (Figura 2), o

pré-tratamento intramuscular com A-317491 diminui a hiperalgesia muscular induzida pela

contração estática, indicando que os receptores P2X3 periféricos estão envolvidos no

desenvolvimento da hiperalgesia muscular induzida pela contração estática (MELO, 2014).

Assim sendo, iniciamos o presente estudo avaliando se os receptores P2X3 expressos no

corno da raiz dorsal da medula espinhal também participam desse processo. Os resultados

demonstraram que o pré-tratamento intratecal com A-317491 (60 e 180 µg) reduziu a

hiperalgesia muscular induzida pela contração estática (Fig. 5). O pré-tratamento intratecal

com o veículo, salina, NaCl 0,9 %, não alterou a hiperalgesia induzida pela contração estática

(Fig. 5).

Figura 5

0

10

20

30

40

50

Contração estática (n=5)

A-317491

Sham sal i.t. 20 g 60 g 180 g

**

#

Hip

era

lgesia

Muscula

r (

g)

Figura 5. Papel dos receptores P2X3 do corno da raiz dorsal da medula espinhal na

hiperalgesia muscular induzida por contração estática. A administração intratecal do A-

Page 49: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

49

317491 (60 e 120 µg) reduziu a hiperalgesia muscular induzida pela contração estática, como

indicado pelo símbolo “*” (p < 0,0001, F=21,78, teste de Tukey). A administração de salina

intratecal não influenciou a hiperalgesia induzida pela contração estática (n=5, p > 0,05, teste

de Tukey). O símbolo “#” indica resposta significativamente maior quando comparado ao

grupo sham.

4.2. Carragenina induz hiperalgesia muscular mecânica.

Inicialmente, avaliamos o perfil temporal da hiperalgesia muscular mecânica

induzida pela carragenina (100 µg) no ventre do músculo gastrocnêmio. Verificamos que a

administração intramuscular de carragenina induziu hiperalgesia muscular mecânica entre ½

hora e 96 horas após sua administração, com pico em 3 horas quando comparado ao grupo

controle (salina NaCl 0,9%; Fig. 6). A resolução da hiperalgesia aconteceu apenas após 120

horas da administração da carragenina (Fig. 6).

Figura 6

1/2 1 3 6 24 48 72 96 120

-10

0

10

20

30

40

50

NaCl 0.9% (50 L/músculo) (n=5)

Carragenina (100 g/músculo) (n=5)

**

** * *

*

*

Tempo após a injeção (horas)

Hip

era

lgesia

Muscula

r (

g)

Figura 6. Hiperalgesia muscular mecânica induzida pela carragenina. A administração de

carragenina intramuscular (100 µg/50 µL) induziu respostas comportamentais hiperalgésicas

significativamente maiores do que as induzidas pela administração da salina (NaCl 0,9%)

logo após ½ hora, com pico em 3 horas e manutenção até 96 horas, como indicado pelo

símbolo “*” (n=5, p < 0,0001, F= 40,20; ANOVA Two-way, teste de Bonferroni).

Page 50: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

50

4.3. Envolvimento dos receptores P2X3 periféricos na hiperalgesia muscular induzida

pela carragenina.

Considerando o perfil temporal hiperalgésico induzido pela carragenina, a análise

do envolvimento dos receptores P2X3 na hiperalgesia muscular induzida pela carragenina foi

feita sempre no pico da resposta hiperalgésica, ou seja, três horas após a administração de

carragenina. Para isso, administramos o antagonista seletivo dos receptores P2X3, A-317491,

por via intramuscular, 5 minutos antes da administração de carragenina (100 µg). O pré-

tratamento com A-317491 (60 e 180 µg/músculo) foi capaz de reduzir a hiperalgesia muscular

induzida pela carragenina (Fig. 7). A administração de A-317491 (60 μg) na pata contralateral

não reduziu a hiperalgesia muscular, confirmando o envolvimento de receptores P2X3

periféricos nesse processo (Fig 7). Ainda, a administração de A-317491 (60 µg/músculo)

previamente à administração de NaCl 0,9% não influenciou no limiar de retirada da pata (Fig.

7).

Figura 7

0

10

20

30

40

50

*

*

__________________________________

A-317491

20 g 60 g 180 g

_________________________________

Carragenina (100 g)

___________

Salina

ct

Hip

era

lgesia

Muscula

r (

g)

Figura 7. Papel dos receptores P2X3 periféricos na hiperalgesia muscular induzida pela

carragenina. A administração intramuscular do antagonista seletivo dos receptores P2X3, A-

317491 (60 e 180 µg/músculo) reduziu significativamente a hiperalgesia muscular induzida

Page 51: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

51

pela carragenina, como indicado pelo símbolo “*” (n=5, p < 0,0001, F= 88,75, teste de

Tukey). A administração do A-317491 na pata contralateral (ct) não afetou a hiperalgesia

induzida pela carragenina (p > 0,05, teste de Tukey). A administração do A-317491 sozinho

não afetou o limiar basal (n=5, p > 0,05, teste de Tukey)

4.4. Envolvimento dos receptores P2X3 do corno da raiz dorsal no desenvolvimento da

hiperalgesia muscular induzida pela carragenina.

Para analisarmos o envolvimento dos receptores P2X3 expressos no corno da raiz

dorsal na hiperalgesia muscular induzida pela carragenina, foi realizado pré-tratamento com

A-317491 por via intratecal. A dose escolhida foi determinada pela curva dose resposta

realizada no modelo de contração estática, sendo utilizada a menor dose capaz de reduzir a

hiperalgesia muscular (60 μg; Fig. 5). O pré-tratamento intratecal com A-317491, 60 µg,

reduziu a hiperalgesia muscular induzida pela carragenina (Fig. 8). O pré-tratamento intratecal

com NaCl 0,9% não alterou a hiperalgesia induzida pela carragenina (Fig. 8).

Figura 8

0

10

20

30

40

50

______________________________________________

Carragenina (100 g)

Sal i.t. ___________

A-317491

60 g

*

Hip

era

lgesia

Muscula

r (

g)

Figura 8. Papel dos receptores P2X3 expressos no corno da raiz dorsal na hiperalgesia

muscular induzida pela carragenina. A administração intratecal do A-317491 (60 µg)

reduziu a hiperalgesia muscular induzida pela carragenina, como indicado pelo símbolo “*”

Page 52: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

52

(n=5, p = 0,0172, F = 6600; teste de Tukey). A administração de salina intratecal não

influenciou a hiperalgesia induzida pela carragenina (n=5, p > 0,05, teste de Tukey).

4.5. Envolvimento dos receptores P2X3 na migração de neutrófilos induzida pela

contração estática.

Para analisarmos o envolvimento dos receptores P2X3 na migração de neutrófilos

induzida pela contração estática, os animais foram pré-tratados com A-317491, via

intramuscular, e a atividade da enzima mieloperoxidase, que indica a migração de neutrófilos,

no músculo gastrocnêmio foi avaliada. Os resultados demonstraram que o pré-tratamento com

A-317491 (60 μg) preveniu o aumento da migração de neutrófilos induzida pela contração

estática (Figura 9).

Figura 9

0.0

5.0×1009

1.0×1010

1.5×1010

2.0×1010

2.5×1010

Sham (1h)

Contração estática (1h)

A317491 / Contração estática (1h)

#

*

Neutr

ófil

os m

g/tecid

o

Figura 9. Receptores P2X3 modulam a migração de neutrófilos induzida pela contração

estática. Pré-tratamento com A-317491 (intramuscular) preveniu o aumento na migração de

neutrófilos induzida pela contração estática no tecido muscular, como indicado pelo símbolo

”*” (n=5, p < 0,05; ANOVA One-way; teste de Tukey). O símbolo “#” indica resposta

significativamente maior do que a induzida pelo grupo sham (n=5, p < 0,05; F=2159;

ANOVA One-way; teste de Tukey).

Page 53: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

53

4.6. Envolvimento dos receptores P2X3 na migração de neutrófilos induzida pela

carragenina.

Inicialmente analisamos se a administração de carragenina induziria migração de

neutrófilos no tecido muscular no mesmo período do pico da resposta hiperalgésica, ou seja,

três horas após a administração de carragenina. Os resultados demonstraram que a

administração de carragenina intramuscular induziu aumento significativo na migração de

neutrófilos para o tecido muscular três horas após sua administração quando comparado ao

grupo salina.

Semelhante aos dados na contração estática, o pré-tratamento com A-317491 (60

μg), intramuscular, preveniu o aumento da migração de neutrófilos induzido pela carragenina

(Figura 10 ).

Figura 10

0.0

5.0×1007

1.0×1008

1.5×1008

*

#

Salina (3h)

Carragenina (100 g) (3h)

A-317491 /Carragenina (100 g)

Neutr

ófil

os m

g/tecid

o

Figura 10. Receptores P2X3 modulam a migração de neutrófilos induzida pela

carragenina. Carragenina induziu aumento na migração de neutrófilos quando comparado ao

grupo salina, conforme indicado pelo símbolo “#” (n=5; p<0.0001, F= 14190; ANOVA One-

way, teste de Tukey). Pré-tratamento intramuscular com A-317491 (60 μg) preveniu o

aumento dessa migração, como indicado pelo símbolo “*” (n=5; p < 0,0001, F=14190;

ANOVA One-Way).

Page 54: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

54

4.7. Envolvimento de citocinas pró-inflamatórias no modelo de hiperalgesia muscular

induzida pela contração estática

Como os resultados do nosso estudo anterior demonstraram que a contração

estática do músculo gastrocnêmio de ratos induz hiperalgesia muscular através de

mecanismos inflamatórios (SANTOS, et al., 2017), avaliamos, por 24 horas, se a contração

estática induz liberação das citocinas pró-inflamatórias TNF-α, IL-1β e IL-6 no tecido

muscular. Os resultados demonstraram que a contração estática não induziu aumento dos

níveis de TNF-α (A), IL-1β (B) e IL-6 (C) nos períodos avaliados, quando comparado ao

grupo sham (Figura 9).

Figura 9

A

0

5000

10000

15000

20000

25000

Sham

Contração estática

________ ________ ________ ________ ________

1/2 h 1 h 3 h 6 h 24 h

TN

F-

(pg/m

g tecid

o)

B

Page 55: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

55

0

5000

10000

15000

Sham

Contração estática

1/2 h 1 h 3 h 6 h 24 h

________ ________ ________ ________ ________

IL-1

(pg/m

g tecid

o)

C

0

5000

10000

15000

20000

Sham

Contração estática

1/2 h 1 h 3 h 6 h 24 h

________ ________ ________ ________________

IL-6

(pg/m

g tecid

o)

Figura 9. Contração estática não induz aumento nos níveis de citocinas pró-

inflamatórias no tecido muscular. A contração estática não induziu aumento na

concentração tecidual de TNF-α, IL-1β e IL-6 (C) nos períodos avaliados, quando comparado

ao grupo sham (n=5, p > 0,05, teste de Tukey, n=10).

Page 56: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

56

Discussão

Page 57: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

57

5. DISCUSSÃO

O presente estudo confirma o envolvimento dos receptores P2X3 periféricos e

centrais na hiperalgesia muscular mecânica induzida pela contração estática e demonstra pela

primeira vez seu papel na hiperalgesia induzida pela carragenina. Demonstramos também que

os receptores P2X3 estão envolvidos com a migração de neutrófilos induzida nesses dois

modelos. Por fim e paralelamente, verificamos que a contração estática não induz, pelo menos

até 24 horas, liberação de citocinas pró-inflamatórias.

Os dados do presente estudo demonstraram que os receptores P2X3, expressos

tanto no músculo gastrocnêmio quanto no corno da raiz dorsal da medula espinhal, são

essenciais para o desenvolvimento da hiperalgesia muscular mecânica induzida pela contração

estática e pela carragenina. Esses dados são suportados por estudos que relacionaram os

receptores P2X3 ao desenvolvimento de diferentes modelos de dor muscular, incluindo

Adjuvante Completo de Freud (CFA) (KNEŽEVIĆ et al., 2016), contração excêntrica

(SHINODA et al., 2008; DESSEN et al., 2010; NOMA et al., 2013) e interferência oclusal

(SUN et al., 2016; QI et al., 2016). Os receptores P2X3 também estão envolvidos no

desenvolvimento de condições dolorosas em outros tecidos, incluindo hiperalgesia mecânica

induzida pela ligação parcial do nervo ciático (BARCLAY et al., 2002), hiperalgesia térmica

induzida pelo CFA intraplantar e hiperalgesia térmica e alodinia tátil induzida por constrição

crônica do nervo ciático (NOVAKOVIK et al., 1999) ou ligação dos nervos L5/ L6 (JARVIS

et al., 2002), dor induzida pelo câncer (HANSEN et al., 2012), dor da endometriose (YUAN

et al.,2017), dor articular (TEIXEIRA et al., 2010; TEIXEIRA et al., 2017) e dor visceral

(DEITEREN et al., 2015). Sabe-se que a ativação dos receptores P2X3 aumenta a

susceptibilidade dos nociceptores aos mediadores inflamatórios finais como as

prostaglandinas e aminas simpatomiméticas (PRADO et al., 2013). Considerando-se que a

hiperalgesia induzida pela contração estática e pela carragenina é mediada por prostaglandinas

e/ou aminas simpatomiméticas (SANTOS et al., 2017; CUNHA et al., 1991; CHOPADE et

al., 2014), sugerimos que a contração estática assim como a carragenina induziram liberação

de ATP, que via ativação de receptores P2X3, aumentou a susceptibilidade dos nociceptores

musculares aos mediadores inflamatórios finais.

Nosso grupo também demonstrou que a hiperalgesia muscular induzida pelo

agonista não seletivo de receptores P2X3, αβ-meATP, é modulada pela migração de

neutrófilos (SCHIAVUZZO et al., 2015). Agora, no presente estudo demonstramos, pela

Page 58: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

58

primeira vez, que os receptores P2X3 modulam a hiperalgesia muscular induzida pela

contração estática e também pela carragenina. É importante destacar que o envolvimento da

migração de neutrófilos na hiperalgesia induzida pela carragenina só havia sido descrita no

tecido subcutâneo (OLIVEIRA et al., 2009). É amplamente conhecido que a migração de

neutrófilos participa de diferentes condições dolorosas (GIORGI et al., 1998; CARREIRA et

al., 2013; SUO et al., 2014; SCHIAVUZZO et al., 2015; MULLEY et al., 2016), incluindo a

dor muscular (TOUMI et al., 2006; KANDA et al., 2010; BORGHI et al., 2014;

MANJAVICH et al., 2014). Entretanto, o papel dos receptores P2X3 na migração de

neutrófilos associada à hiperalgesia inflamatória parece ser dependente do tecido, uma vez

que os receptores P2X3 estão envolvidos na migração de neutrófilos induzida pela

carragenina na articulação do joelho de ratos (TEIXEIRA et al., 2017) mas não no tecido

subcutâneo de ratos (OLIVEIRA et al., 2009). O mecanismo pelo qual os receptores P2X3

modulam a migração de neutrófilos na hiperalgesia muscular induzida pela contração estática

e carragenina ainda é desconhecido. Entretanto, considerando-se que os neutrófilos modulam

a dor inflamatória através da prostaglandina E2 (CUNHA et al., 2008) e que tanto a

hiperalgesia induzida pela contração estática (SANTOS et al., 2017) quanto pela carragenina

(CHOPADE et al., 2014) são moduladas por prostaglandinas, sugerimos que a contração

estática e a carragenina tenham induzido liberação de ATP endógeno, que via ativação de

receptores P2X3, contribuiu para a migração de neutrófilos e liberação de prostaglandinas E2

no tecido muscular.

Por fim, demonstramos que não há aumento dos níveis teciduais de TNF-α, IL-1β e

IL-6 e no período de 24 horas após o fim da contração estática. Esses dados são suportados

pela demonstração de que a carragenina não induz aumento dos níveis de TNF-α após a

administração intramuscular de carragenina, e o aumento na concentração de IL-1β só ocorre

após 24 horas (LORAM et al., 2013). É importante salientar que não podemos excluir a

possibilidade de terem ocorrido aumentos nos níveis dessas citocinas em períodos além de 24

horas. Além disso, a contração estática é o tipo de contração mais relacionada à fadiga em

humanos (BABAULT et al., 2006). Portanto, é possível que a contração tenha aumentado o

fluxo sanguíneo local por mecanismos envolvidos com a fadiga (AMANN et al., 2010;

AMANN et al., 2011a; AMANN et al., 2011b) e promovido a remoção das citocinas na área

(AMANN et al., 2006), entretanto, novos estudos são necessários para confirmar essa

hipótese.

Page 59: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

59

Conclusões

Page 60: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

60

6. CONCLUSÕES

Os resultados do presente estudo demonstraram que os receptores P2X3 expressos

no tecido muscular e no corno da raiz dorsal da medula espinhal são importantes moduladores

da hiperalgesia muscular mecânica induzida pela contração estática e pela carragenina, ambos

modelos de dor muscular de origem inflamatória. Além disso, demonstramos que os

receptores P2X3 modulam a migração de neutrófilos induzida nos dois modelos de dor

muscular. Esses resultados sugerem que os estímulos inflamatórios no tecido muscular

induzem liberação endógena de ATP, o qual via ativação de receptores P2X3, contribui para o

desenvolvimento da dor muscular através da modulação da migração de neutrófilos. Assim

sendo, os receptores P2X3 parecem ser importantes alvos farmacológicos no controle da dor

muscular de origem inflamatória.

Page 61: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

61

Referências Bibliográficas

Page 62: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

62

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABBRACCHIO, M.P.; BURNSTOCK, G.; VERKHRATSKY, A.; ZIMMERMANN, H.

Purinergic signaling in the nervous system: an overview. Trends Neurosci, v. 32, p. 19-29,

2009.

ALCOCK, M.M. Defining pain: past, present, and future. Pain, v. 158, n. 4, p.761-762, 2017.

AMANN, M.; ELDRIDGE, M.W.; LOVERING, A.T.; STICKLAND, M.K.; PEGELOW,

D.F.; DEMPSEY, J.A. Arterial oxygenation influences central motor output and exercise

performance via effects on peripheral locomotor muscle fatigue in humans. J Physiol, v. 15,

n. 575, p. 937-52, 2006.

AMANN, M.; BLAIN, G.M.; PROCTOR, L.T.; SEBRANEK, J.J.; PEGELOW, D.F.;

DEMPSEY, J.A. Group III and IV muscle afferents contribute to ventilatory and

cardiovascular response to rhythmic exercise in humans. J Appl Physiol, v. 109, n. 4, p. 966-

76, 2010.

AMANN, M.; BLAIN, G.M.; PROCTOR, L.T.; SEBRANEK, J.J.; PEGELOW, D.F.;

DEMPSEY, J.A. Implications of group III and IV muscle afferents for high-intensity

endurance exercise performance in humans. J Physiol, v. 1; n. 589, p. 5299-309, 2011a.

AMANN, M., RUNNELS, S., MORGAN, D.E., TRINITY, J.D., FJELDSTAD, A.S.,

WRAY, D.W., REESE, V.R., RICHARDSON, R.S. On the contribution of group III and IV

muscle afferents to the circulatory response to rhythmic exercise in humans. J Physiol, v. 1,

n. 589, p. 3855-66, 2011b.

AMBALAVANAR, R.; YALLAMPALLI, C.; YALLAMPALLI, U.; DESSEM D. Injection

of adjuvante but not acidic saline into craniofacial muscle evokes nociceptive behaviors and

neuropeptide expression. N.S., v.149, p. 650-659, 2007.

ANDRES, K.H.; DÜRING, M.V. Morphology of cutaneous receptors. In: IGGO A, editor.

Handbook of sensory physiology, vol. II, somatosensory system. Berlim: Springer, p 3-28,

1973.

Page 63: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

63

ANDRES, K.H.; DÜRING, M.V.; SCHMIDT, R.F. Sensory innervation of the Achilles

tendon by group III and IV afferent fibers. Anat Embryol, 172:145-156, 1985.

BABAULT, N.; DESBROSSES, K.; FABRE, M.S.; MICHAUT, A.; POUSSON, M.

Neuromuscular fatigue development during maximal concentric and isometric knee

extensions. J Appl Physiol, v. 100, p.780 –785, 2006.

BABENKO, V.V.; GRAVEN-NIELSEN, T.; SVENSSON, P.; DREWS, A.M.; JENSEN,

T.S.; ARENT-NIELSEN, L. Experimental human muscle pain induced by intramuscular

injections of bradykinin, serotonin, and substance P. Eur J Pain, v. 3, p. 93-102, 1999.

BARCLAY, J.; PATEL, S.; DORN, G.; WOTHERSPOON, G.; MOFFATT, S.; EUNSON,

L.; ABDEL'AL, S.; NATT, F.; HALL, J.; WINTER, J.; BEVAN, S.; WISHART, W.; FOX,

A.; GANJU, P. Functional downregulation of P2X3 receptor subunit in rat sensory neurons

reveals a significant role in chronic neuropathic and inflammatory pain. J Neurosci, v. 22,

p. 8139–8147, 2002.

BAUM, K.; ESSFELD, D. Origin of back pain during bedrest: A new hypothesis. Eur J Med

Res, v. 4, p.389-393, 1999.

BELLUCCI, F.; MEINI, S.; CUCCHI, P.; CATALANI, C.; NIZZARDO, A.; RIVA, A.;

GUIDELLI, G.M.; FERRATA, P.; FIORAVANTI, A.; MAGGI, C.A. Synovial fluid levels

of bradykinin correlate with biochemical markers for cartilage degradation

and inflammation in knee osteoarthritis. Osteoarthritis Cartilage, v. 21, n. 11, p. 1774-80,

2013.

BERNE E LEVY: Fisiologia. Elsevier, Rio de Janeiro, 2009.

BLEEHEN, T.; KEELE, C.A. Observations on the algogenic actions of adenosine compunds

on the human blister base preparation. Pain, v. 3, n. 4, p. 367-77, 1977.

Page 64: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

64

BERNHEIM, H.A.; GILBERT, T.M.; STITT, J.T. Prostaglandin E levels in the third

ventricular cerebrospinal fluid of rabbits during fever and changes in body temperature. J

Physiol, v. 301, p. 68-78, 1980.

BOIX, F.; ROE, C.; ROSENBORG, L.; KNARDAHL, S. Kinin peptides in human trapezius

muscle during sustained isometric contraction and their relation to pain. J Appl Physiol, v.

98, p. 534-540, 2005.

BORGHI, S.M.; ZARPELON, A.C.; PINHO-RIBEIRO, F.A.; CARDOSO, R.D.; MARTINS-

PINGE, M.C.; TATAKIHARA, R.I.; CUNHA, T.M.; FERREIRA, S.H.; CUNHA,

F.Q.; CASAGRANDE, R.; VERRI, W.A. JR. Role of TNF-α/TNFR1 in intense acute

swimming-induced delayed onset muscle soreness in mice. Physiol Behav, v. 10, n. 128, p.

277-87, 2014a.

BORGHI, S.M.; ZARPELON, A.C.; PINHO-RIBEIRO, F.A.; CARDOSO, R.D.; CUNHA,

T.M.; ALVES-FILHO, J.C.; FERREIRA, S.H.; CUNHA, F.Q.; CASAGRANDE,

R.; VERRI, W.A. JR. Targeting interleukin-1β reduces intense acute swimming-induced

muscle mechanical hyperalgesia in mice. J Pharm Pharmacol, v. 66, n. 7, p. 1009-20,

2014b.

BORGHI, S.M.; PINHO-RIBEIRO, F.A.; ZARPELON, A.C.; CUNHA, T.M.; ALVES-

FILHO, J.C.; FERREIRA, S.H.; CUNHA, F.Q.; CASAGRANDE, R.; VERRI, W.A.JR.

Interleukin-10 limits intense acute swimming-induced muscle mechanical hyperalgesia in

mice. Exp Physiol, v. 100, n. 5, p. 531-44, 2015.

BONICA, JJ. The management of pain. 2 ed. Philadelphia. 1990.

BURNSTOCK, G. A basis for distinguishing two types of purinergic receptor, in Cell

Membrane Receptors for Drugs and Hormones: A Multidisciplinary Approach, eds

STRAUB, R.W.; BOLIS, L., editors. (New York, NY: Raven Press) 107–118, 1978.

BURNSTOCK, G. Physiology and pathophysiology of purinergic neurotransmission. Physiol

Rev, v. 87, p. 659-797, 2007.

Page 65: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

65

BURNSTOCK, G. Purinergic nerves. Pharmacol Rev, v. 24, n. 3, p. 509-81, 1972.

BURNSTOCK, G. P2X ion channel receptors and inflammation. Purinergic Signal, v. 12, n.

1, p. 59-67, 2016.

BURNSTOCK, G. P2X receptors in sensory neurones. Br J Anaesth, v. 84, n. 4, p. 476-88,

2000.

BURNSTOCK, G. Noradrenaline and ATP: cotransmitters and neuromodulators. J Physiol,

v. 46, n. 4, p. 365-84, 1995.

BURNSTOCK G, CAMPBELL G, BENNETT M, HOLMAN ME. Innervation of the guinea-

pig taenia coli: are there intrinsic inhibitory nerves which are distinct from sympathetic

nerves? Int J Neuropharmacol. V. 3, P. 163-6, 1964.

BURNSTOCK, G.; CAMPBELL, G.; SATCHELL, D.; SMYTHE, A. Evidence that

adenosine triphosphate or a related nucleotide is the transmitter substance released by non-

adrenergic inhibitory nerves in the gut. Br J Pharmacol, v. 40, n. 4, p. 668-88, 1970.

BURNSTOCK, G.; KENNEDY, C. Is there a basis for distinguishing two types of P2-

purinoceptor. Gen Pharmacol, v. 16, p. 433–440, 1985.

BRADLEY, P.P; PRIEBAT, D.A.; CHRISTENSEN, R.D., ROTHSTEIN, G. Measurement of

cutaneous inflammation: estimation of neutrophil content with an enzyme marker. J Invest

Dermatol, v. 78, p. 206-209, 1982.

CARREIRA, E.U.; CARREGARO, V.; TEIXEIRA, M.M.; MORICONI, A.; ARAMINI, A.;

VERRI, W.A. JR.; FERREIRA, S.H.; CUNHA, F.Q.; CUNHA, T.M. Neutrophils recruited

by CXCR1/2 signalling mediate post-incisional pain. Eur J Pain, V. 17, n. 5, p. 654-63,

2013.

CHACUR, M.; LAMBERTZ, D.; HOHEISEL, U.; MENSE, S. Role of spinal migroglia in

myositis-induced central sensitization: an immunohistochemical and behavioural study in

rats. Eur J Pain, v. 13, p. 915-923, 2009.

Page 66: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

66

CHEN, C.C.; AKOPIAN, A.N.; SIVILOTTI, L.; COLQUHOUN, D.; BURNSTOCK, G.;

WOOD, J.N. A P2X purinoceptor expressed by a subset of sensory neurons. Nature, v. 377,

p. 428-431, 1995.

HWANG, S.W. Depolarizing Effectors of Bradykinin Signaling in Nociceptor Excitation in

Pain Perception. Biomol Ther (Seoul), 2018. IN PRESS.

CHIZH, B.A.; ILLES, P. P2X receptors and nociception. Pharmacol Rev, v. 53, n. 4, p. 553-

68, 2001.

CHRISTIDIS, N.; GHAFOURI, B.; LARSSON, A.; PALSTAM, A.; MANNERKORPI, K.;

BILEVICIUTE-LJUNGAR, I.; LOFGREN, M.; BJERSING, J.; KOSEK, E.; GERDLE, B.;

ERNBERG, M. Comparison of the levels of Pro-inflammatory cytokines released in the

vastus lateralis muscle of patients with fibromyalgia and healthy controls during

contractions of the quadriceps muscle--a microdialysis study. PLoS One, 10(12):e0143856;

2015.

CHOPADE, A.R.; SAYYAD, F.J.; NAIKWADE, N.S. Pharmacological characterization of

carrageenan induced heat muscle hyperalgesia in rats using non-selective, preferential and

selective COX-2 inhibitors. Pharm reports. v. 66, n. 3, p. 353-64, 2014.

CIMMINO, M.A.; FERRONE, C.; CUTOLO, M. Epidemiology of chronic musculoskeletal

pain. Best Pract Res Clin Rheumatol. v. 25, n. 2, p. 173-183, 2011.

CLARKE, S.P.; MORETON, B.J.; DAS NAIR, R.; WALSH, D.A.; LINCOLN, N.B.

Personal experience of osteoarthritis and pain questionnaires: mapping items to themes.

Disabil Rehabil. v. 36, n. 2, p.163-9, 2014.

CLARKSON, P.M.; BYRNES, W.C.; MCCORMICK, K.M.; TURCOTTE, L.P.; WHITE,

J.S. Muscle soreness and serum creatine kinase activity following isometric, eccentric, and

concentric exercise. Int J Sports Med, v. 7, p. 152-155, 1986.

Page 67: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

67

COCKAYNE, D.A.; HAMILTON, S.G.; ZHU, Q.M.; DUNN, P.M.; ZHONG, Y.;

NOVAKOVIC, S.; MALMBERG, A.B.; CAIN, G.; BERSON, A.; KASSOTAKIS, L.;

HEDLEY, L.; LACHNIT, W.G.; BURNSTOCK, G.; MCMAHON, S.B.; FORD, A.P.

Urinary bladder hyporeflexia and reduced pain-related behaviour in P2X3-deficient mice.

Nature, v. 407, p.1011-1015, 2000.

COLLO, G.; NEIDHART, S.; KAWASHIMA, E.; KOSCO-VILLBOIS, M.; NORTH, R.A.;

BUELL, G. Tissue distribution of the P2X7 receptor. Neuropharmacol, v. 36, p. 1277-

1284, 1997.

COLLO, G.; NORTH, R.A.; KAWASHIMA, E.; MERLO-PICH, E.; NEIDHART, S.;

SURPRENANT, A.; BUELL, G. Cloning of P2X5 and P2X6 receptors and the distribution

and properties of an extended family of ATP-gated ion channels. J Neurosci, v. 16, p. 2495-

2507, 1996.

COOPER, B.; AHLQUIST, M.; FRIEDMAN, R.M.; LABANC, J. Properties of high-

threshould mechanoreceptors in goat oral muscosa. II. Dynamic and static reactivity in

carrageenan-inflamed mucosa. J Neuphysiol, 1991; 66(4): 1280-90.

COUTTS, A.A.; JORIZZO, J.L.; EADY, R.A.; GREAVES, M.W.; BURNSTOCK, G.

Adenosine triphosphate-evoked vascular changes in human skin: mechanism of action. Eur

J Pharmacol, v. 76, n. 4, p. 391-401, 1981.

CUNHA, F.Q.; LORENZETTI, B.B.; POOLE, S.; FERREIRA, S.H. Interleukin-8 as a

mediator of sympathetic pain. Br J Pharmacol, v. 104, p. 765-767, 1991.

CUNHA, F.Q.; POOLE, S.; LORENZETTI, B.B.; FERREIRA, S.H. The pivotal role of

tumour necrosis fator alpha in the development of inflammatory hyperalgesia. Br J

Pharmacol, v.107, p. 660-664, 1992.

CUNHA, T.M.; VERRI, J.R.W.A., POOLE, S., PARADA, C.A., CUNHA, F.Q., FERREIRA,

S.H. Pain facilitation by proinflammatory cytokine actions at peripheral nerve terminals. In.

Page 68: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

68

Immune and glial regulation of pain. DELEO, J.A.; SORKIN, L.S.; WATKINS, L.R.

IASP Press, Seattle, 2007.

CUNHA, T.M.; VERRI, W.A. JR.; SILVA, J.S.; POOLE, S.; CUNHA, F.Q.; FERREIRA,

S.H. A cascade of cytokines mediates mechanical inflammatory hypernociception in mice.

Proc Natl Acad Sci USA, v. 1, n. 102(5), p. 1755-60, 2005.

CUNHA, T.M.; VERRI, W.A.JR.; VALÉRIO, D.A.; GUERRERO, A.T.; NOGUEIRA,

L.G.; VIEIRA, S.M.; SOUZA, D.G.; TEIXEIRA, M.M.; POOLE, S.; FERREIRA,

S.H.; CUNHA, F.Q. Role of cytokines in mediating mechanical hypernociception in a model

of delayed-type hypersensitivity in mice. Eur J Pain, v. 12, n. 8, p. 1059-68, 2008.

CUNHA, T.M.; VERRI JR, W.A.; SCHIVO, I.R.; NAPIMOGA, M.H.; PARADA, C.A.;

POOLE, S.; TEIXEIRA, M.M.; FERREIRA, S.H.; CUNHA, F.Q. Crucial role of

neutrophils in the development of mechanical inflammatory hypernociception. J Leukoc.

Biol, 83:824-832, 2008.

DEITEREN, A.; VAN DER LINDEN, L.; DE WIT, A.; CEULEERS, H.; BUCKINX,

R.; TIMMERMANS, J.P.; MOREELS, T.G.; PELCKMANS, P.A.; DE MAN, J.G.; DE

WINTER, B.Y. P2X3 receptors mediate visceral hypersensitivity during acute chemically-

induced colitis and in the post-inflammatory phase via different mechanisms of

sensitization. PLoS One, v. 17, n. 10(4), 2015.

DESSEM, D.; AMBALAVANAR, R.; EVANCHO, M.; MOUTANNI, A., YALLAMPALLI,

C., BAI, G. Eccentric muscle contraction and stretching evoke mechanical hyperalgesia and

modulate CGRP and P2X(3) expression in a functionally relevant manner. Pain, v. 149, p.

284-295, 2010.

DE OLIVEIRA-FUSARO, M.C.G.; PELEGRINE-DA-SILVA, A.; TAMBELI, C.H.;

PARADA, C. Peripheral mechanisms underlying the essential role of P2X3,2/3 receptors in

the development of inflammatory hyperalgesia. Pain (Amstersdam), v. 141, p. 127-134,

2009.

Page 69: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

69

DEVOR, S.T.; FAULKNER, J.A. Regeneration of new fibers in muscles of old rats reduces

contraction-induced injury. J Appl Physiol, v. 87, p. 750-756, 1999.

DIEHL, B.; HOHEISEL, U.; MENSE, S. Histological and neurophysiological changes

induced by carrageenan in skeletal muscle of cat and rat. Agents Actions, v. 25, p. 210-213,

1988.

DINA, O.A.; GREEN, P.G.; LEVINE, J.D. Role of IL-6 in chronic muscle hyperalgesia

priming. Neuroscience. v. 18, n. 152(2), p. 521-525, 2008.

DINA, O.A.; LEVINE, J.D.; GREEN, P.G. Muscle inflammation induces a protein kinase C

ε–dependent chronic-latent muscle pain. J Pain. v. 9, n. 5, p. 457–462, 2008.

DI VIRGILIO, F. P2X receptors and inflammation. Curr Med Chem, v. 22, n. 7, p. 866-77,

2015.

DJOUHRI, L.; LAWSON, S.N. Aβ-fiber nociceptive primary afferent neurons: a review of

incidence and properties in relation to other afferent A-fiber neurons in mammals. Brain

Res Rev, v. 46, p.131-145, 2004.

DUBIN, A.E.; PATAPOUTIAN, A. Nociceptors: the sensors of the pain pathway. J Clin

Invest, v. 1, n. 120(11), p. 3760-3772, 2010.

DUBNER, R. Basic mechanisms of pain associated with deep tissues. Can J Physiol

Pharmacol, v. 69, p. 607-609, 1991.

DUBOIS, M.Y.; FOLLETT, K.A. Pain medicine: The case for an independent medical

specialty and training programs. Acad Med, v. 89, n. 6, p. 863-8, 2014.

DÜRING, M.V.; ANDRES, K.H. Topography and ultrastructure of group III and IV nerve

terminals of cat’s gastrocnemius muscle. In: Zenker W, Neuhuber WL, editors. The

primary afferent neuron. New York: Plenum press. p. 35-41, 1990.

Page 70: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

70

ERNEST, J.A.; MACDONALD, C.J.; SESSLE, B.J. ATP potentiates neurotransmission in

the rat trigeminal subnucleus caudalis. NeuroReport, v. 17, n. 14, p. 1507-1510, 2006.

FÁVARO-MOREIRA, N.C.; TORRES-CHÁVEZ, K.E.; FISCHER, L.; TAMBELI, C.H.

Peripheral estradiol induces temporomandibular joint antinociception in rats by activating

the nitric oxide/cyclic guanosine monophosphate signaling pathway. Neuroscience, v. 1, n.

164(2), p. 724-32, 2009.

FEHRENBACHER, J.C.; VASKO, M.R.; DUARTE, D.B. Models of inflammation:

carrageenan- or complete freund’s adjuvant-induced edema and hypersensitivity in the rat.

Curr Protoc Pharmacol, v. 56, 2012.

FERREIRA, S.H.; MONCADA, S.; PARSONS, M.; VANE, J.R. Proceedings: the

concomitant release of bradykinin and prostaglandin in the inflammatory response to

carrageenin. Br J Pharmacol, v. 52, p. 108-109, 1974.

FERREIRA, S.H.; LORENZETTI, B.B.; BRISTOW, A.F.; POOLE, S. Interleukin-1 beta as a

potent hyperalgesic agent antagonized by a tripeptide analogue. Nature, v. 25, n. 334(6184),

p. 698–700, 1988.

FERREIRA, S.H.; NAKAMURA, M. Prostaglandin hyperalgesia, a cAMP/Ca2+

dependente

process. Prostaglandins, v. 18, p. 179-190, 1970.

FERREIRA, M.L.; DE LUCA, K. Spinal pain and its impact on older people. Best Pract Res

Clin Rheumatol, v. 31, n. 2, p.192-202, 2017.

FINGER, T.E.; DANILOVA, V.; BARROWS, J.; BARTEL, D.L.; VIGERS, A.J.; STONE,

L.; HELLEKANT, G.; KINNAMON, S.C. ATP signaling is crucial for communication from

taste buds to gustatory nerves. Science, v. 310, n. 5753, p. 1495-9, 2005.

FISCHER, L.; TORRES-CHÁVEZ, K.E.; CLEMENTE-NAPIMOGA, J.T.; JORGE,

D., ARSATI, F.; DE ARRUDA VEIGA, M.C.; TAMBELI, C.H. The influence of sex and

ovarian hormones on temporomandibular joint nociception in rats. J Pain, v. 9, n. 7, p. 630-

8, 2008.

Page 71: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

71

FONOFF, E.T. Mecanismo encefálico da dor. In. Dor: princípios e prática. NETO, O.A.;

COSTA, C.M.C.; SIQUEIRA, J.T. Artmed. Porto Alegre. 2009.

FRANKE, H.; GROSCHE, J.; SHANDLICH, H.; KRUGEL, U.; ALGAIER, C.; ILLES, P.

P2X receptor expression on astrocytes in the nucleous accumbens of rats. Neurosc, v. 108,

n. 3, p. 421-9, 2001.

FREY LAW, L.A.; SLUKA, K.A.; MCMULLEN, T.; LEE, J.; ARENT-NIELSEN, L.;

GRAVEN-NIELSEN, T. Acidic buffer induced muscle pain evokes referred pain and

mechanical hyperalgesia in humans. Pain, v. 140, p. 254-264, 2008.

FUJII, Y.; OZAKI, N.; TAGUCHI, T.; MIZUMURA, K.; FURUKAWA, K.; SUGIURA, Y.

TRP channels and ASICs mediate mechanical hyperalgesia in models of inflammatory

muscle pain and delayed onset muscle soreness. Pain, v.140, p. 292-304, 2008.

GABRIEL, A.F.; MARCUS, M.A.; HONIG, W.M.; WALENKAMP, G.H.; JOOSTEN, E.A.

The CatWalk method: a detailed analysis of behavioral changes after acute inflammatory

pain in the rat. J Neurosci Methods, v. 163, p. 9-16, 2007.

GASKIN, D.J.; RICHARD, P. The economic costs of pain in the United States. J Pain, v. 13,

n. 8, p. 715-24, 2012.

GAUTAM, M.; BENSON, C.J. Acid-sensig ion channels (ASICs) in mouse skeletal muscle

afferent are heteromers composed of ASIC1a, ASIC2, and ASIC3 subunits. Faseb J, v. 27,

p. 793-802, 2013.

GIORGI, R.; PAGANO, R.L.; DIAS, M.A.; AGUIAR-PASSETI, T.; SORG, C.; MARIANO,

M. Antinociceptive effect of the calcium-binding protein MRP-14 and the role played by

neutrophils on the control of inflammatory pain. J. Leukoc. Biol, v. 64, n. 2, p. 214-20,

1998.

GRAVEN-NIELSEN, T.; MENSE, S. The peripheral apparatus of muscle pain: evidence

from animal and human studies. Clin J Pain, v.17, p. 2-10, 2001.

Page 72: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

72

GREGORY, N.; HARRIS, A.L.; ROBINSON, C.R.;DOUGHERTY, P.M.; FUCHS, P.M.;

SLUKA, K.A. An overview of animal models of pain: disease models and outcome

measures. J Pain, v. 14, n. 11, 10.1016, 2013.

GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia médica. 12 ed. São Paulo, Elsevier;

2011.

HAMILTON, S.G. ATP and pain. Pain Pract, v. 2, p. 289-294, 2002.

HAMILTON, S.G.; MCMAHON, S.B.; LEWIN, G.R. Selective activation of nociceptors by

P2X receptor agonists in normal and inflamed rat skin. J Physiol, v. 15, n. 534 (Pt. 2), p.

437-45, 2001.

HAMILTON, S.G.; WADE, A.; MCMAHON, S.B. The effects of inflammation and

inflammatory mediators on nociceptive behaviour induced by ATP analogues in the rat. Br

J Pharmacol, v. 126, p. 326-332, 1999.

HAN, S.R.; LEE, M.K.; LIM, K.H.; YANG, G.Y.; JEON, H.J.; JU, J.S.; YOON, Y.M.; KIM,

S.K.; AHN, D.K. Intramuscular administration of morphine reduces mustard-oil-induced

craniofacial-muscle pain behavior in lightly anesthetized rats. Eur J Pain, v. 12, p. 361-370,

2008.

HANDWERKER, H.O. Influences of algogenic substances and prostaglandins on the

discharges of unmyelinated cutaneous nerve fibers identified as nociceptors. In: BONICA,

J.J.; ALBE-FESSEL, D.(Eds). Proceedings of the first world congress on Pain, advances

in pain research and therapy, v. 1, New York, Raven Press, p. 41-45, 1976.

HANNA, R.L.; KAUFMAN, M.P. Activation of thin-fiber muscle afferents by a P2X agonist

in cats. J Appl Physiol, v. 96, p. 1166-1169, 2004.

HANSEN, R.R.; NASSER, A.; FALK, S.; BALDVINSSON, S.B.; OHLSSON, P.H.; BAHL,

J.M.; JARVIS, M.F.; DING, M.; HEEGAARD, A.M. Chronic administration of the

selective P2X3, P2X2/3 receptor antagonist, A-317491, transiently attenuates cancer-

induced bone pain in mice. Eur J Pharmacol, 688:27–34, 2012.

Page 73: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

73

HEDENBERG-MAGNUSSON, B.; BRODDA JANSEN, G.; ERNBERG, M.; KOPP, S.

Effects of isometric contraction on intramuscular level of neuropeptide Y and local pain

perception. Acta Odontol Scand, v. 64, p. 360-367, 2006.

HILL, A.V. Length of muscle, and the heat and tension developed in an isometric contraction.

J Physiol, v. 60, n. 4, p. 237-263, 1925.

HILLIGES, M.; WEIDNER, C.; SCHMELZ, M.; SCHMIDT, R.; ØRSTAVIK, K.;

TOREBJÖRK, E.; HANDWERKER, H. ATP responses in human C nociceptors. Pain,

v.98, n. 1-2, p. 59-68, 2002.

HOHEISEL, U.; MENSE, S.; SIMONS, D.G.; YU, X.M. Appearance of new receptive fields

in rat dorsal horn neurons following noxious stimulation of skeletal muscle: a model for

referral of muscle pain?. Neurosci Lett, v. 153, p. 9-12, 1993.

HOLT, S.; WATERFIELD, J. Cultural aspects of pain: A study of Indian Asian women in the

UK. Musculoskeletal Care, 2018. In press.

HOLTON, P. The liberation of adenosine triphosphate on antidromic stimulation of sensory

nerves. J Physiol, v. 145, p. 494-504, 1959.

HOLTON, F.A.; HOLTON, P. The capillary dilator substances in dry powders of spinal roots;

a possible role of adenosine triphosphate in chemical transmission from nerve endings. J

Physiol, v. 126, n. 1, p. 124–140, 1954.

HOLTON, F. A. & HOLTON, P. The possibility that ATP is a transmitter at sensory nerve

endings. J Physiol, v. 19, p. 50-51, 1953.

HUXLEY, A. F. Discoveries on muscle: observation, theory, and experiment. Br Med J (Clin

Res Ed), v. 12, n. 293, p. 115–117, 1986.

IDZKO, M.; FERRARI, D.; ELTZSCHIG, H.K. Nucleotide signaling during inflammation.

Nature, v. 509, p. 310-317, 2014.

Page 74: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

74

IBOPE. Dor no Brasil. 2013

INSTITUTE OF MEDICINE. Relieving pain in America: a blueprint for transforming

prevention, care, education, and research. Washington D.C: National Academies of

Science. 2011.

JARVIS, M.F.; BURGARD, E.C.; MCGARAUGHTY, S.; HONORE, P.; LYNCH, K.;

BRENNAN, T.J.; SUBIETA, A.; VAN BIESEN, T.; CARTMELL, J.; BIANCHI, B.;

NIFORATOS, W.; KAGE, K.; YU, H.; MIKUSA, J., WISMER, C.T.; ZHU, C.Z.; CHU, K.;

LEE, C.H.; STEWART, A.O.; POLAKOWSKI, J.; COX, B.F.; KOWALUK, E.;

WILLIAMS, M.; SULLIVAN, J.; FALTYNEK, C. A-317491, a novel potent and selective

non-nucleotide antagonist of P2X3 and P2X2/3 receptors, reduces chronic inflammatory and

neuropathic pain in the rat. Proc Natl Acad Sci USA, v. 99, n. 17179-17184, 2002.

JOUNGER, S.L.; CHRISTIDIS, N.; SVENSSON, P.; LIST, T., ERNBERG, M. Increased

levels of intramuscular cytokines in patients with jaw muscle pain. J Headache Pain, 2017;

v. 18: 30, 2017.

JULIUS, D.; BASBAUM, A.I. Molecular mechanisms of nociception. Nature, v. 13, n.

413(6852), p. 203-10, 2001.

JUNG, J.; JO, H.W.; KWON, H.; JEONG, N.Y.ATP release through lysosomal exocytosis

from peripheral nerves: the effect of lysosomal exocytosis on peripheral nerve degeneration

and regeneration after nerve injury. Biomed Res Int, v. 2014;2014:936891.

KAAN, T.K.; YIP, P.K.; PATEL,S.; DAVIES, M.; MARCHAND, F.; COCKAYNE, D.A.;

NUNN, P.A.; DICKENSON, A.H.; FORD, A.P.; ZHONG, Y.; MALCANGIO, M.;

MCMAHON, S.B. Systemic blockade of P2X3 and P2X2/3 receptors attenuates bone cancer

pain behavior in rats. Brain, v. 133, n. 9, p. 2549-64, 2010.

KANDA, K.; SUGAMA, K.; HAYASHIDA, H.; SAKUMA, J.; KAWAKAMI, Y.; MIURA,

S.; YOSHIOKA, H.; MORI, Y.; SUZUKI, K. Eccentric exercise-induced delayed-onset

muscle soreness and changes in markers of muscle damage and inflammation. Exerc.

Immunol. Rev, v. 19, p.72-85, 2013.

Page 75: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

75

KARCZEWSKI, J.; SPENCER, R.H.; GARSKY, V.M.; LIANG, A.; LEITL, M.D.; CATO,

M.J.; COOK, S.P.; KANE, S.; URBAN, M.O. Reversal of acid-induced and inflammatory

pain by the selective ASIC3 inhibitor, APETx2. Br J Pharmacology, v.161, p.950-60,

2010.

KHAKH, B.S.; BURNSTOCK, G. The double life of ATP. Sci Am, v. 301, n. 6, p. 84–92,

2009.

KEHL, L.J.; FAIRBANKS, C.A. (2003) Experimental animal models of muscle pain and

analgesia. Exerc Sport Sci Rev, v. 31, p. 188-194, 2003.

KEHL, L.J.; TREMPE, T.M.; HARGREAVES, K.M. Eccentric exercise induces muscle

hyperalgesia in rats. Am. Pain Soc. Abstract, v. 641, p. A-51,1996.

KNARDAHL, S. Psychophysiological mechanisms of pain in computer work: the blood

vessel-nociceptor interaction hypothesis. Work & Stress, v. 16, p. 179-189, 2002.

KNEŽEVIĆ, P.T.; VUKMAN,R.; ANTONIĆ, R.; KOVAČ, Z.; UHAČ, I.; SIMONIĆ-

KOCIJAN, S. The role of P2X3 receptors in bilateral masseter muscle allodynia in rats.

Croat Med J, v. 57, n. 6, p. 530–539, 2016.

KROON VAN DIEST, A.M., ERNST, M.M., SLATER, S., POWERS, S.W. Similarities

and Differences Between Migraine in Children and Adults: Presentation, Disability, and

Response to Treatment. Curr Pain Headache Rep, v. 25, n. 21-48.2017.

KOSEK, E.; EKHOLM, J.; HANSSON, P. Modulation of pressure pain thresholds during and

following isometric contraction in patients with fibromyalgia and in healthy controls. Pain,

v. 64, p. 415-423, 1996.

KUAN, Y.H.; SHYU, B.C. Nociceptive transmission and modulation via P2X receptors in

central pain syndrome. Mol Brain, v. 9, n. 58, 2016.

Page 76: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

76

KUPERS, R.C.; SVENSSON, P.; JENSEN, T.S. Central representation of muscle pain and

mechanical hyperesthesia in the orofacial region: a positron emission tomography study.

Pain, v. 108, p. 284-293, 2004.

LABUDA, C.J.; FUCHS P.N. A comparison of chronic aspartame exposure to aspirin on

inflammation, hyperalgesia and open field activity following carrageenan-induced

monoarthritis. Life Sci, v. 69, p. 443-454, 2001.

LANG, C.W.; HOPE, P.J.; GRUBB, B.D.; DUGGAN, A.W. Lack of effect of microinjection

of noradrenaline or medetomidine on stimulus evoked release of substance P in the spinal

cord of the cat: a study with antibody microprobes. Br J Pharmacol, v. 112, p. 951–957,

1994.

LANGEN, P. HUCHO, F. Karl Lohmann and the Discovery of ATP. Angewandte Chemie

International Edition, v. 47, n. 10, p. 1824-1827, 2008.

LE BARS, D.; DICKENSON, A.H.; BESSON, J.M. Diffuse noxious inhibitory controls

(DNIC). I. Effects on dorsal horn convergent neurones in the rat. Pain, v. 6, p. 283-304,

1979.

LENZ, F.A.; WEISS, N.; OHARA, S. et al., The role of the thalamus in pain. Suppl clin

neurophysiol, v. 57, p. 50-61, 2004.

LEVER, I.J.; BRADBURY, E.J.; CUNNINGHAM, J.R.; ADELSON, D.W.; JONES, M.G.;

MCMAHON, S.B.; MARVIZO,´N.J.C.; MALCANGIO, M. Brain-derived neurotrophic

factor is released in the dorsal horn by distinctive patterns of afferent fiber stimulation. J

Neurosci, v. 21, p. 4469–4477, 2001.

LEWIS, C.; NEIDHART, S.; HOLY, C.; NORTH, R.A.; BUELL, G., SURPRENANT, A.

Coexpression of P2X2 and P2X3 receptor subunits can account for ATP-gated currents in

sensory neurons. Nature, v. 377, p. 432-435, 1995.

LI, W.; SHI, X.; WANG, L.; GUO, T.; WEI, T.; CHENG, K.; RICE, K.C.; KINGERY, W.S.;

CLARK, J.D. Epidermal adrenergic signaling contributes

Page 77: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

77

to inflammation and pain sensitization in a rat model of complex regional pain syndrome.

Pain, v. 154, n. 8, p. 1224-36, 2013.

LISOWSKA, B.; LISOWSKI, A.; SIEWRUK, K. Substance P and Chronic Pain in Patients

with Chronic Inflammation of Connective Tissue. PLoS One, v. 10, n. 10, e0139206, 2015.

LORAM, L.C.; FULLER, A.; FICK, L.G.; CARTMELL, T.; POOLE, S.; MITCHELL, D.

Cytokine profiles during carrageenan-induced inflammatory hyperalgesia in rat muscle and

hind paw. J Pain, v. 8, p. 127-136, 2007.

MACHADO, A. Neuroanatomia functional. 2ed. Ed Atheneu. São Paulo, 2006.

MAEHARA, Y.; KUSUMOTO, H.; ANAI, H; KUSUMOTO, T.; SUGIMACJI, K. Human

tumor tissues have higher ATP contents that normal tissue. Clin Chim Acta, v. 169, p. 341-

44, 1987.

MAIXNER, W.; FILLINGIM, R.; BOOKER, D.; SIGURDSSON, A. Sensitivity of patients

with painful temporomandibular disorders to experimentally evoked pain. Pain, v. 63, p.

341-351, 1995.

MCCLESKEY, E.W.; GOLD, M.S. (1999) Ion channels of nociception. Annu Rev Physiol,

v. 61, p. 835-856, 1999.

MCGARAUGHTY, S.; WISMER, C.T.; ZHU, C.Z.; MIKUSA, J.; HONORE, P.; CHU, K.L.;

LEE, C.H.; FALTYNEK, C.R.; JARVIS, M.F. Effects of A-317491, a novel and selective

P2X3/P2X2/3 receptor antagonist, on neuropathic, inflammatory and chemogenic

nociception following intrathecal and intraplantar administration. Br J Pharmacol, v. 140,

p. 1381-1388, 2003.

MAKOWSKA, A.; PANFIL, C.; ELLRICH, J. ATP induces sustained facilitation of

craniofacial nociception through P2X receptors on neck muscle nociceptors in mice.

Cephalalgia, v. 26, p. 697-706, 2006.

Page 78: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

78

MALM, C.; NYBERG, P.; ENGSTROM, M.; SJODIN, B.; LENKEI, R.; EKBLOM, B.;

LUNDBERG, I. Immunological changes in human skeletal muscle and blood after eccentric

exercise and multiple biopsies. J Physiol, v. 529, n. 1, p. 243-262, 2000.

MANJAVACHI, M.N.; MOTTA, E.M.; MAROTTA, D.M.; LEITE, D.F.; CALIXTO, J.B.

Mechanisms involved in IL-6-induced muscular mechanical hyperalgesia in mice. Pain, v.

151, p. 345–355, 2010.

MEDZHITOV, R. Origin and physiological roles of inflammation. Nature, v. 454, p. 428–

435, 2008.

MELO, B. Envolvimento de mediadores inflamatórios na hiperalgesia muscular induzida por

contração isométrica sustentada em ratos. Dissertação (Mestrado em ciências da nutrição e

do esporte e metabolismo) – Faculdade de Ciências Aplicadas, Universidade Estadual de

Campinas. Limeira, p.54, 2014.

MELZACK, R., CASEY, K.L. Sensory, motivational, and central control determinants of

pain: a new conceptual model. In KENSHALO D, ed. The skin senses. Springfield, IL:

Charles C. Thomas; p. 423-443, 1968.

MENESCAL-DE-OLIVEIRA, L., DA SILVA, L.F.S. Mecanismos neurais e modulação da

dor. In: Neto OA, Costa CMC, Siqueira JTS, Teixeira MJ e colaboradores. Dor: princípios

e prática. Artmed. Porto Alegre. 1 ed. 235-246, 2009.

MENSE, S. Nociception from skeletal muscle in relation to clinical muscle pain. Pain, v. 54,

p. 241-289, 1993.

MENSE, S. Muscle pain: mechanisms and clinical significance. Dt sch Arztebl, v. 105, n. 12,

p. 214-9, 2008.

MENSE, S. Algesic agents exciting muscle nociceptors. Exp Brain Res, v. 196, p.89-100,

2009.

Page 79: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

79

MENSE, S.; GERWIN, R.D. Muscle pain: understanding the mechanisms. Springer,

Berlin, 2010.

MEOMARTINI, M.E.; AMADIO, S.; VISENTIN, S.; FRANCHINI, L.; ALOISI, F.;

VOLONTA, C.; VISENTIN, S. Expression and functional analysis of P2 receptors in

oligodendrocytes. Glia, v. 43(suppl 2), n. 59, 2003.

MERSKY, Y.H. Classification of chronic pain. Descriptions of chronic pain syndromes and

definitions of pain terms. Prepared by International association for the study of pain,

subcommittee on Taxonomy. Pain, v. 3: S1-S226, 1986.

MILLAN, M.J. The induction of pain: na integrative review. Prog Neurobiol, v. 57, n. 1, p.1-

164, 1999.

MILNE, R.J.; Foreman, R.D.; Giesler G.J.Jr.; Willis, W.D. Convergence of cutaneous and

pelvic visceral nociceptive inputs onto primate spinothalamic neurons. Pain, v. 11, n.2, p.

163-83. 1981.

MINSON, F.P. Ano internacional de combate as dores musculoesqueléticas. Jornal dor –

SBED. v. 34, n. 4, 2009.

MIRSHAFIEY, A.; CUZZOCREA, S.; REHM, B.; MAZZON, E.; SAADAT, F.; SOTOUDE,

M. Treatment of experimental arthritis with M2000, a novel designed non-steroidal anti-

inflammatory drug. Scand J Immunol, v. 61, p. 435-41, 2005.

MONCADA, S.; FERREIRA, S.H.; VANE, J.R. Prostaglandins, aspirin-like drugs and the

oedema of inflammation. Nature, v. 246, p. 217-219, 1973.

MORK, H.; ASHINA, M.; BENDTSEN, L.; OLESEN, J.; JENSEN, R. Experimental muscle

pain and tenderness following infusion of endogenous substances in humans. Eur J Pain, v.

7, p. 145-153, 2003.

Page 80: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

80

MULEY, M.M.; REID, A.R.; BOTZ, B.; BÖLCSKEI, K.; HELYES, Z.; MCDOUGALL, J.J.

Neutrophil elastase induces inflammation and pain in mouse knee joints via activation of

proteinase-activated receptor-2. Br J Pharmacol, v. 173, n. 4, p. 766-77, 2016.

MURASE, S.; TERAZAWA, E.; QUEME, F.; OTA, H.; MATSUDA, T.; HIRATE, K.;

KOZAKI, Y.; KATANOSAKA, K.; TAGUCHI, T.; URAI, H.; MIZUMURA, K.

Bradykinin and nerve growth factor play pivotal roles in muscular mechanical hyperalgesia

after exercise (delayed-onset muscle soreness). J Neurosci, v. 30, p. 3752-3761, 2010.

MURRAY, C.J.; VOS, T.; LOZANO, R. et al. Disability-adjusted life years (DALYs) for 291

diseases and injuries in 21 regions, 1990- 2010: a systematic analysis for the Global Burden

of Disease Study 2010. Lancet, v. 380, n. 9859, p. 2197-2223, 2012.

MURTHY, K.S.; MAKHLOUF, G.M. Coexpression of ligand-gated P2X and G protein-

coupled P2Y receptors in smooth muscle. The J Biol Chemistry, v. 273, p. 4695-4704,

1998.

NAUSHAD, N.; DUNN, L.B.; MUÑOZ, R.F.; LEYKIN, Y. Depression increases subjective

stigma of chronic pain. J Affect Disord, v. 3, n. 229, p. 456-462, 2018.

NEWHAM, D.J.; JONES, D.A.; EDWARDS, R.H. Plasma creatine kinase changes after

eccentric and concentric contractions. Muscle Nerve, v. 9. p. 59-63, 1986.

NEWHAM, D.J.; MCPHAIL, G.; MILLS, K.R.; EDWARDS, R.H. Ultrastructural changes

after concentric and eccentric contractions of human muscle. J Neurol Sci, v. 61, p. 109-

122, 1983a.

NEWHAM, D.J.; MILLS, K.R.; QUIGLEY, B.M.; EDWARDS, R.H. Pain and fatigue after

concentric and eccentric muscle contractions. Clin Sci (Lond), v. 64, p. 55-62, 1983b.

NIELSEN, A.N.; MATHIESEN, C.; BLACKBURN-MUNRO, G. Pharmacological

characterization of acid-induced muscle allodynia in rats. Eur J Pharm, v. 487, p. 93-103,

2004.

Page 81: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

81

NIEMAN, D.C.; DUMKE, C.L.; HENSON, D.A.; MCANULTY, S.R.; GROSS, S.J.; LIND,

R.H. Muscle damage is linked to cytokine changes following a 160-km race. Brain Behav

Immun, v. 19, n. 5, p. 398-403, 2005.

NOBACK, C.R.; STROMINGER, N.; DAMAREST, R.J. The human nervous system:

structure and function. In: Pain and temperature, 5ª ed. New York, Williams & Wilkins,

cap 9: 123-137, 1996.

NOMA, N.; SHINODA, M.; HONDA, K.; KIYOMOTO, M.; DEZAWA, K.; NAKAYA, Y.;

KOMIYAMA, O.; IMAMURA, Y.; IWATA, K. Interaction of IL-1β and P2X(3) receptor in

pathologic masseter muscle pain. J. Dent. Res, v. 92, n. 5, p. 456-60, 2013.

NÖRENBERG, W.; ILLES, P. Neuronal P2X receptors: localization and functional

properties. Naunyn Schmiedebergs Arch Pharmacol, v. 362, p. 324- 339, 2000.

NORTH, R.A. Molecular physiology of P2X receptors. Physiol Rev, v. 82, p. 1013-1067,

2002.

NOSAKA, K.; ALDAYEL, A.; JUBEAU, M.; CHEN, T.C. Muscle damage induced by

electrical stimulation. Eur J Appl Physiol, v. 111, n. 10, p. 2427-37, 2011.

NOVAKOVIC, S.D.; KASSOTAKIS, L.C.; OGLESBY, I.B.; SMITH, J.A.; EGLEN,

R.M.; FORD, A.P.; HUNTER, J.C. Immunocytochemical localization

of P2X3 purinoceptors in sensory neurons in naive rats and following neuropathic injury.

Pain, 80(1-2):273-82, 1999.

O'BRIEN, C.; WOOLF, C.J.; FITZGERALD, M.; LINDSAY, R.M.; MOLANDER, C.

Differences in the chemical expression of rat primary afferent neurons which innervate skin,

muscle or joint. Neuroscience, v. 32, p. 493-502, 1989.

OLIVEIRA, M.C.; PARADA, C.A.; VEIGA, M.C.; RODRIGUES, L.R.; BARROS, S.P.;

TAMBELI, C.H. Evidence for the involvement of endogenous ATP and P2X receptors in

TMJ pain. Eur J Pain, v. 9, p.87-93, 2005.

Page 82: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

82

OLIVEIRA, M.C.; PELEGRINI-DA-SILVA, A.; TAMBELI, C.H.; PARADA, C.A.

Peripheral mechanisms underlying the essential role of P2X3,2/3 receptors in the

development of inflammatory hyperalgesia. Pain, v. 141, p. 127-134, 2009.

OZAKTAY, A.C.; KALLAKURI, S.; TAKEBAYASHI, T.; CAVANAUGH, J.M.; ASIK,

I.; DELEO, J.A.; WEINSTEIN, J.N. Effects of interleukin-1 beta, interleukin-6, and tumor

necrosis factor on sensitivity of dorsal root ganglion and peripheral receptive fields in rats.

Eur Spine J, v. 15, n. 10, p.1529-37, 2006.

PALECKOVA, V.; PALECEK, J.; MCADOO, D.J.; WILLIS, W.D. The non-NMDA

antagonist CNQX prevents release of amino acids into the rat spinal cord dorsal horn evoked

by sciatic nerve stimulation. Neurosci Lett, v. 148, p. 19–22, 1992.

PANNETON, W.M.; GAN, Q.; JURIC, R. The central termination of sensory fibers from

nerves to the gastrocnemius muscle of the rat. Neuroscience, v. 134, p. 175-87, 2005.

PAPIR-KRICHELI, D.; FREY, J.; LAUFER, R.; GILON, C.; CHOREV, M.; SELINGER, Z.;

DEVOR, M. Behavioural effects of receptor-specific substance P agonists. Pain, v. 31, n. 2,

p. 263-76, 1987.

POOLE, S.; CUNHA, F.Q.; SELKIRK, S.; LORENZETTI, B.B.; FERREIRA, S.H.

Cytokine-mediated inflammatory hyperalgesia limited by interleukin-10. Br J Pharmacol,

v. 115, p. 684-688, 1995.

PRADO, F.C.; ARALDI, D.; VIEIRA, A.S.; OLIVEIRA-FUSARO, M.C.G.; TAMBELI,

C.H.; PARADA, C.A. Neuronal P2X3 receptor activation is essential to hyperalgesia

induced by prostaglandins and sympathomimetic amines release during inflammation.

Neuropharm, v. 67, p. 252-258, 2013.

PRATO, V.; TABERNER, F.J.; HOCKLEY, J.R.F.; CALLEJO, G.; ARCOURT, A.; TAZIR,

B.; HAMMER, L.; SCHAD, P.; HEPPENSTALL, P.A.; SMITH, E.S.; LECHNER, S.G.

Functional and Molecular Characterization of Mechanoinsensitive "Silent" Nociceptors.

Cell Rep, v. 21, n. 11, p. 3102-3115 , 2017.

Page 83: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

83

QI, D.; YANG, Y.; JI, P.; KONG, J.; WU, Q.; SI, H. Upregulation of the Purinergic Receptor

Subtype P2X3 in the Trigeminal Ganglion Is Involved in Orofacial Pain Induced by

Occlusal Interference in Rats. J Oral Facial Pain Headache, v. 30, n. 1, p. 51-60, 2016.

RADHAKRISHNAN, R.; BEMENT, M.K.; SKYBA, D.; SLUKA, K.A.; KEHL, L.J. Models

of muscle pain: carrageenan model and acidic saline model. Curr Protoc

Pharmacol, Chapter 5: Unit 5.35, 2004.

RAJA, S.N.; MEYER, R.A.; CAMPBELL, J.N. Peripheral mechanisms of somatic pain.

Anesthesiology, v. 68, n. 4, p. 571–590, 1988.

RANDALL, L.O.; SELITTO, J.J. A method for measurement of analgesic activity on

inflammaed tissue. Arch Int Pharmacodyn Ther, v. 111, p. 409-419, 1957.

REID, K.J.; HARKER, J.; BALA, M.M.; Truyers, C.; Kellen, E.; Bekkering, G.E; Kleijnen, J.

Epidemiology of chronic noncancer pain in Europe: narrative review of prevalence, pain

treatments and pain impact. Curr Med Res Opin, v. 27, n. 2, p. 449-462, 2011.

REINERT, A.; KASKE, A.; MENSE, S. Inflammation-induced increase in density of

neuropeptide-immunoreactive nerve endings in rat skeletal muscle. Exp Brain Res, v. 121,

p. 171-180, 1998.

REINOHL, J.; HOHEISEL, U.; UNGER, T.; MENSE, S. (2003) Adenosine triphosphate as a

stimulant for nociceptive and non-nociceptive muscle group IV receptors in the rat.

Neurosci Lett, v. 338, p. 25-28, 2003.

REITZ, M.; MAKOWSKA, A.; ELLRICH, J. Excitatory and inhibitory purinergic control of

neck muscle nociception in anaesthetized mice. Cephalalgia, v. 29, p. 58-67, 2009.

ROBERTSON, O.; ROBINSON, S.J.; STEPHENS, R. Swearing as a response to pain: A

cross-cultural comparison of British and Japanese participants. Scand J Pain, v. 17, p. 267-

272, 2017.

Page 84: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

84

ROBINSON, D.R.; GEBHART, G.F. Inside Information: The Unique Features of Visceral

Sensation. Mol Interv, v. 8, n. 5. p. 242–253, 2008.

ROCZNIAK, W.; OSWIECIMSKA, J.M.; BRODZIAK-DOPIERALA, B.; CIPORA,

E.; NOWAK, P.G.; BABUSKA-ROCZNIAK, M. Evaluation of the analgesic effect of

morphine on models of acute nociceptive pain in rats with a central noradrenergic system

lesion. Neuro Endocrinol Lett, v. 37, n. 3, p. 239-244, 2016.

ROSENOW, J.M.; HENDERSON, J.M. Anatomy and physiology of chronic pain.

Neurosurg Clin N Am, v. 14, n. 3. p. 445-62, 2003.

ROSLAND, J.H. The formalin test in mice: the influence of ambient temperature. Pain, v. 45,

p. 211-216, 1991.

ROY, S.H.; DE LUCA, C.J.; CASAVANT, D.A. Lumbar muscle fatigue and chronic lower

back pain. Spine (Phila Pa), v. 14, p. 992-1001, 1989.

RYAN, L.M.; RACHOW, J.W.; MCCARTY, D.J. Synovial fluid ATP: a potential substrate

for the production of inorganic pyrophosphate. J Rheumatol, v. 18, p. 716-20, 1991.

SACHS, D.; VILLAREAL, C.F.; CUNHA, F.Q.; PARADA, C.A.; FERREIRA, S.H. The role

of PKA and PKCe pathways in prostaglandina E2-mediated hypernociception. British

Journal of Pharmacology, v. 156, p. 826-834, 2009.

SAFIEH-GARABEDIAN, B.; POOLE, S.; ALLCHORNE, A.; WINTER, J.; WOOLF, C.J.

Contribution of interleukin-1 beta to the inflammation-induced increase in nerve growth

factor levels and inflammatory hyperalgesia. Br J Pharmacol, v. 115, p. 1265-1275, 1995.

SALAFFI, F.; DE ANGELIS, R.; STANCATI, A.; GRASSI, W. Health-related quality of life

in multiple musculoskeletal conditions: a cross-sectional population based epidemiological

study. II. The mapping study. Clin Exp Rheumatol, v. 23, p. 829–839, 2005.

Page 85: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

85

SANCHEZ, E.M.; BAGUES, A.; MARTIN, M.I. Contributions of peripheral and central

opioid receptors to antinociception in rat muscle pain models. Pharmacol Biochem Behav,

v. 96, p. 488-495, 2010.

SANDKÜHLER, J. Models and mechanisms of hyperalgesia and allodynia. Physiol Rev, v.

89, n.2, p. 707-58, 2009.

SANTOS, D.F.D.S.D.; MELO AQUINO, B.; JORGE, C.O.; AZAMBUJA,

G.; SCHIAVUZZO, J.G.; KRIMON, S.; NEVES, J.D.S.; PARADA, C.A.; OLIVEIRA-

FUSARO, M.C.G. Muscle pain induced by static contraction in rats is modulated by

peripheral inflammatory mechanisms. Neuroscience, v. 1, n. 358, p. 58-69, 2017.

SATCHELL, D.G.; BURNSTOCK, G. Quantitative studies of the release of purine

compounds following stimulation of non-adrenergic inhibitory nerves in the stomach.

Biochem Pharmacol. v. 20, n. 7, p. 1694-7, 1971.

SATCHELL, D.G.; LYNCH, A.; BOURKE, P.M.; BURNSTOCK, G. Potentiation of the

effects of exogenously applied ATP and purinergic nerve stimulation on the guinea-pig

taenia coli by dipyridamole and hexobendine. Eur J Pharmacol, v. 19, n. 3, p. 343-50,

1972.

SCHIAVUZZO, J,G.; TEIXEIRA, J.M.; MELO, B.; SILVA DOS SANTOS, D.F.; JORGE,

C.O.; OLIVEIRA-FUSARO, M.C.G.; PARADA, C.A. Muscle hyperalgesia induced by

peripheral P2X3 receptors is modulated by inflammatory mediators. Neuroscience, v. 29, n.

285, p. 24-33, 2015.

SINGH, A.K.; ZAJDEL, J.; MIRRASEKHIAN, E.; ALMOOSAWI, N.; FRISCH, I.;

KLAWONN, A.M.; JAAROLA, M.; FRITZ, M.; ENGBLOM, D. Prostaglandin-mediated

inhibition of serotonin signaling controls the affective component of inflammatory pain. J

Clin Invest, v. 127, n. 4, p.1370-1374, 2017.

SHINODA, M.; OZAKI, N.; ASAI, H.; NAGAMINE, K; SUGIURA, Y. Changes in P2X3

receptor expression in the trigeminal ganglion following monoarthritis of the

temporomandibular joint in rats. Pain, v. 116, (1-2), p. 42-51, 2005.

Page 86: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

86

SHINODA, M.; OZAKI, N.; SUGIURA, Y. Involvement of ATP and its receptors on

nociception in rat model of masseter muscle pain. Pain, v. 134(1-2), p. 148-57, 2008.

SKALS, M.; JORGENSEN, N.R.; LEIPZIGER, J.; PRAETORIUS, H.A. α-Hemolysin from

Escherichia Coli uses endogenous amplification though P2X receptors activation to induce

hemolysis. PNAS, v. 106, p. 4030-35, 2009.

SLADE, G.D.; CONRAD, M.S.; DIATCHENKO, L.; RASHID, N.U.; ZHONG, S.; SMITH,

S.; RHODES, J.; MEDVEDEV, A.; MAKAROV, S.; MAIXNER, W.; NACKLEY, A.G.

Cytokine biomarkers and chronic pain: association of genes, transcription, and circulating

proteins with temporomandibular disorders and widespread palpation tenderness. Pain, v.

152, n. 12, 2802-12, 2011.

SLUYTER, R.; SHEMON, A.N.; HUGHES, W.E.; STEVENSON, R.O.; GEORGIOU, J.G.;

ESLICK, G.D. Canine erytocites express the P2X7 receptor: greatly increased function

compared with human erythrocytes. Am J Physiol, v. 293, p. 2090-2098, 2007.

SMITH, B.A.; HANSEN, M.A.; LIU, D.M.; ADAMS, D.J. Pre- and postsynaptic actions of

ATP on neurotransmission in rat submandibular ganglia. Neurosc, v. 107, n. 2, p. 283- 291,

2001.

SLUKA, K.A.; KALRA, A.; MOORE, S.A. Unilateral intramuscular injections of acidic

saline produce a bilateral, long-lasting hyperalgesia. Muscle Nerve, v. 24, p. 37-46, 2001.

SLUKA, K.A.; RASMUSSEN, L.A. Fatiguing exercise enhances hyperalgesia to muscle

inflammation. Pain, v. 148, n. 2, p. 188-97, 2010.

SOUSLOVA, V.; CESARE, P.; DING, Y.; AKOPIAN, A.N.; STANFA, L.; SUZUKI, R.;

CARPENTER, K.; DICKENSON, A.; BOYCE, S.; HILL, R.; NEBENUIS-OOSTHUIZEN,

D.; SMITH, A.J.; KIDD, E.J.; WOOD, J.N. Warm-coding deficits and aberrant

inflammatory pain in mice lacking P2X3 receptors. Nature, v. 407, p. 1015-1017, 2000.

Page 87: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

87

STACEY, M.J. Free nerve endings in skeletal muscle of the cat. J Anat, v. 105, p. 231–254,

1969.

STTEDS, C.E. The anatomy and physiology of pain. Surgery, v. 27, n. 12, 2009.

SU, C.; BEVAN, J.A.; BURNSTOCK, G. [3H]adenosine triphosphate: release during

stimulation of enteric nerves. Science, v. 23, n. 173, p. 336-8, 1971.

SUN, S.; QI, D.; YANG, Y.; JI, P.; KONG, J.; WU, Q. Association of occlusal interference-

induced masseter muscle hyperalgesia and P2X3 receptors in the trigeminal subnucleus

caudalis and midbrain periaquedutal gray. Neuroreport, v.27, n. 4, p. 277-83, 2016.

SUO, J.; LINKE, B.; MEYER, DOS SANTOS S.; PIERRE, S.; STEGNER, D.; ZHANG,

D.D.; DENIS, C.V.; GEISSLINGER, G.; NIESWANDT, B.; SCHOLICH, K. Neutrophils

mediate edema formation but not mechanical allodynia during zymosan-induced

inflammation. J Leukoc Biol, v. 96, n.1, p. 133-42. 2014.

SVENSSON, P.; ARENDT-NIELSEN, L.; NIELSEN, H.; LARSEN, J.K. Effect of chronic

and experimental jaw muscle pain on pain-pressure threshoulds and stimulus-response

curves. J Orofac Pain, v. 9, p. 347-356, 1995.

SVENSSON, P.; CAIRNS, B.E.; WANG, K.; ARENDT-NIELSEN, L. Injection of nerve

growth factor into human masseter muscle evokes long-lasting mechanical allodynia and

hyperalgesia. Pain, v. 104, p. 241-247, 2003.

SVENSSON, P.; CAIRNS, B.E.; WANG, K.; HU, J.W.; GRAVEN-NIELSEN, T.;

ARENDT-NIELSEN, L.; SESSLE, B.J. Glutamate-evoked pain and mechanical allodynia in

human masseter muscle. Pain, v. 101, p. 221-227, 2003.

TAGUCHI, T.; MATSUDA, T.; MIZUMURA, K. Change with age in muscular mechanical

hyperalgesia after lengthening contraction in rats. Neurosci Res, v. 57, p. 331-338, 2007.

Page 88: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

88

TAGUCHI, T.; MATSUDA, T.; TAMURA, R.; SATO, J.; MIZUMURA, K. Muscular

mechanical hyperalgesia revealed by behavioural pain test and c-Fos expression in the spinal

dorsal horn after eccentric contraction in rats. J Physiol, v. 564, p. 259-268, 2005.

TEIXEIRA, J.M.; OLIVEIRA, M.C.; NOCITI, F.H. JR.; CLEMENTE-NAPIMOGA, J.T.;

PELEGRINI-DA-SILVA, A.; PARADA, C.A.; TAMBELI, C.H. Involvement of

temporomandibular joint P2X3 and P2X2/3 receptors in carrageenan-induced inflammatory

hyperalgesia in rats. Eur J Pharmacol, v. 25, n. 645(1-3), p. 79-85, 2010.

TEIXEIRA, J.M.; DIAS, E.V.; PARADA, C.A.; TAMBELI, C.H. 2017. Intra-Articular

Blockade of P2X7 Receptor Reduces the Articular Hyperalgesia and Inflammation in the

Knee Joint Synovitis Especially in Female Rats. J. Pain, v. 18, n. 2, p. 132-143, 2017.

TEIXEIRA, J.M.; BOBINSKI, F.; PARADA, C.A.; SLUKA, K.A.; TAMBELI, C.H.

P2X3 and P2X2/3 Receptors Play a Crucial Role in Articular Hyperalgesia Development

Through Inflammatory Mechanisms in the Knee Joint Experimental Synovitis. Mol.

Neurobiol, v. 54, n. 8, p. 6174-6186, 2017.

TESARZ, J.; EICH, W. A conceptual framework for “updating the definition of pan”. Pain,

v. 158, n. 6, p. 1177-1178, 2017.

TREEDE, R.D.; MEYER, R.A.; RAJA, S.N.; CAMPBELL, J.N. Peripheral and central

mechanisms of cutaneous hyperalgesia. Prog Neurobiol, v. 38, n. 4, p. 397-421, 1992.

TSUJI, R.F.; HOSHINO, K.; NORO, Y.; TSUJI, N.M.; KUROKAWA, T.; MASUDA, T.;

AKIRA, S.; NOWAK, B. Suppression of allergic reaction by lambda-carrageenan: toll-like

receptor 4/MyD88-dependent and -independent modulation of immunity. Clin Exp Allergy,

v. 33, p. 249-258, 2003.

TOPALOĞLU, N.; TEKIN, M.; YILDIRIM, S.; KÜÇÜK, A; GÖNÜLLÜ, B.; HANC, V.

Passive smoking increases pain perception in children undergoing venous catheterization.

Acta Paediatr, v. 102, n. 11; p.493-6, 2013.

Page 89: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

89

TOUMI,H.; F'GUYER,S.; BEST,T.M.The role of neutrophils in injury and repair following m

uscle stretch. J Anat, v. 208, n. 4, p. 459-70, 2006.

ÜÇEYLER, N.; HÄUSER, W.; SOMMER, C. Systematic review with meta-analysis:

cytokines in fibromyalgia syndrome. B.M.C. Musculoskeletal Disorders, v. 12, n. 245,

2011.

VARANI, K.; DE MATTEI, M; VINCENZI, F.; TOSI, A.; GESSI, S.; MERIGHI, S.;

PELLATI, A.; MASIERI, F.; ONGARO, A.; BOREA, P.A. Pharmacological

characterization of P2X1 and P2X3 purinergic receptors in bovine chondrocytes.

Osteoarthitis Cartilage, v. 16, n. 11, p. 1421-9, 2008.

VECCHIET, L.; MARINI, I.; FEROLDI, P. Muscular pain caused by isometric contraction:

evaluation of pain through visual analog scale. Clin Ther, v. 5, n. 5, p. 504-8, 1983.

VERRI, W.A.JR.; CUNHA, T.M.; PARADA, C.A.; POOLE, S.; CUNHA, F.Q.; FERREIRA,

S.H. Hypernociceptive role of cytokines and chemokines: targets for analgesic drug

development? Pharmacol Ther, v. 112, n. 1, p.116-38, 2006.

VIAL, C.; EVANS, R.J. P2X receptor expression in mouse urinary bladder and the

requirement of P2X(1) receptors for functional P2X receptor responses in the mouse urinary

bladder smoth muscle. Br J Pharmacol, v. 131, n. 7, 1489-95, 2000.

VITIELLO, L.; GORINI, S.; ROSANO, G.; LA SALA A. Immunoregulation through

extracelular nucleotides. Blood, v. 120, p. 511-518, 2012.

VULCHANOVA, L.; RIEDL, M.S.; SHUSTER, S.J.; BUELL, G.; SUPRENANT, A.;

NORTH, R.A.; ELDE, R.P. Immunohistochemical study of the P2X2 and P2X3 receptors

subunits in monkey and rat sensory neurons and their central terminals. Neuropharmacol,

v. 36, p. 1229-1242, 1997.

XIANG, Z.; BURNSTOCK, G. Expression of P2X receptors on rat microglial cells during

early development. Glia, v. 52, n. 2, p. 119-26, 2005.

Page 90: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

90

ZARPELON, A.C.; CUNHA, T.M.; ALVES-FILHO, J.C.; PINTO, L.G.; FERREIRA, S.H.;

MCINNES, I.B.; XU, D.; LIEW, F.Y.; CUNHA, F.Q.; VERRI, W.A. JR.IL-33/ST2

signalling contributes to carrageenin-induced innate inflammation and inflammatory pain:

role of cytokines, endothelin-1 and prostaglandin E2. Br J Pharmacol, v. 169, n. 1, p. 90-

101, 2013.

ZENGIN-TOKTAS, Y.; FERRIER, J.; DURIF, F. LLORCA, P.M.; AUTHIER, N.

Bilateral lesions of the nigrostriatal pathways are associated with chronic

mechanical pain hypersensitivity in rats. Neurosci Res, v. 76, n. 4, p. 261-4, 2013.

ZIMMERMANN, M. Ethical guidelines for investigations of experimental pain in conscious

animals. Pain, v. 16, p. 109-110, 1983.

ZUCALI, J.R.; DINARELLO, C.A.; OBLON, D.J. Interleukin 1 stimulates fibroblasts to

produce granulocyte-macrophage colony-stimulating activity and prostaglandin E2. J Clin

Invest, v. 77, p. 1857-1863, 1986.

WACNIK, P.W.; KEHL, L.J.; TREMPE, T.M.; RAMNARAINE, M.L.; BEITZ, A.J.;

WILCOX, G.L. Tumor implantation in mouse humerus evokes movement-related

hyperalgesia exceeding that evoked by intramuscular carrageenan. Pain, v. 101, p. 175-186,

2003.

WALL, P.D.; WOOLF, C.J. Muscle but not cutaneous C-afferent input produces prolonged

increases in the excitability of the flexion reflex in the rat. J Physiol, v. 356, p. 443-458,

1984.

WANG, L.; OLIVECRONA, G.; GÖTBERG, M.; OLSSON, M.L.; WINZELL, M.S.;

ERLINGE, D. ADP acting on P2Y13 receptor is a negative feedback pathway for ATP

release from human red blood cells. Circ Res, v. 96, p. 189-196, 2005.

WHITBURN, L.Y.; JONES, L.E.; DAVEY, M.A.; SMALL, R. Supporting the updated

definition of pain. But what about labour pain? Pain,v. 158, n. 5, p. 990-991, 2017.

Page 91: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

91

WILLIAMS, A.C.; CRAIG, K.D. Updating the definition of pain. Pain, v. 157, n. 11, p.

2420-2423, 2016.

WILLIS, W.D.; COGGESHALL, R.E. Sensory Mechanisms of the Spinal Cord. 3rd ed.

New York, New York, USA: Kluwer Academic/Plenum; 2004.

WINTER, C.A.; RISLEY, E.A.; SILBER, R.H. Antiinflamatory activity of indomethacin and

plasma corticosterone in rats. J Pharmacol Exp Ther, v. 162, p. 196-201, 1968.

WINTER, C.A.; RISLEY, E.A.; NUSS, G.W. Carrageenan-induced edema in hind paw of the

rat as an assay for antiinflammatory drugs. Proc Soc Exp Biol Med, v. 111, p. 544-7, 1962.

WRIGHT, A.; AYDEDE, M. Critical comments on Williams and Craig's recent proposal for

revising the definition of pain. Pain, v. 158, n. 2, p. 362-363, 2017.

WOOLF, C.J.; MA, Q. Nociceptors – noxious stimulus detectors. Neuron, v. 55, n. 3, p. 353-

364, 2007.

WU, J.X.; XU, M.Y.; MIAO, X.R.; LU, Z.J.; YUAN, X.M.; LI, X.Q.; YU, W.F. Functional

up-regulation of P2X3 receptors in dorsal root ganglion in a rat model of bone cancer pain.

Eur J Pain, v. 16, n. 10, p. 1378-1388, 2012.

WU, G.; WHITESIDE, G.T.; LEE, G.; NOLAN, S.; NIOSI, M.; PEARSON, M.S.; ILYIN,

V.I. A-317491, a selective P2X3/P2X2/3 receptor antagonist, reverses inflammatory

mechanical hyperalgesia through action at peripheral receptors in rats. Eur J Pharmacol, v.

504, p. 45-53, 2004.

YOKOYAMA, T.; LISI, T.L.; MOORE, S.A.; SLUKA, K.A. Muscle fatigue increases the

probability of developing hyperalgesia in mice. J Pain, v. 8, n. 9, p. 692-9, 2007.

YU, X.M.; SESSLE, B.J.; HU, J.W. Differential effects of cutaneous and deep application of

inflammatory irritant on mechanoreceptive field properties of trigeminal brain stem

nociceptive neurons. J Neurophysiol, v. 70, p. 1704-1707, 1993.

Page 92: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

92

YUAN, M.; DING, S.; MENG, T.; LU, B.; SHAO, S.; ZHANG, X.; YUAN, H.; HU, F.

Effect of A-317491 delivered by glycolipid-like polymer micelles on endometriosis pain.

Int J Nanomedicine, v.9, n. 12, p. 8171-8183, 2017.

Page 93: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

93

Capítulo 2

Desenvolvimento de camundongos GCaMP6 para estudo dos

mecanismos de dor e fadiga muscular

Page 94: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

94

CAPÍTULO 2 - Desenvolvimento de Camundongos GCaMP6 para estudo dos

mecanismos de dor e fadiga muscular

Informações sobre o projeto:

Orientador no exterior: Prof. Dr. Alan Light, Departamento de Anestesiologia, Faculdade

de Medicina, da Universidade de Utah, Estados Unidos.

Co-orientador no exterior: Prof. Dr. Markus Amann, Laboratório de Pesquisa Vascular,

Hospital de Veteranos, Universidade de Utah, Estados Unidos.

Período do Estágio: maio a outubro de 2017.

Bolsa de estudos: Programa PDSE da CAPES

RESUMO:

Os receptores de potencial transitório vanilóide do tipo 1 (TRPV1) são seletivamente

expressos no conjunto de fibras neuronais que respondem à capsaicina, prótons e ao calor

nocivo (> 44 ° C). Sabe-se que os receptores TRPV1 são importantes no desenvolvimento da

dor (CATHERINA et al 2000) e que a combinação de prótons, lactato e ATP é fundamental

para a estimulação das fibras III/IV em camundongos (LIGHT et al., 2008) e para o

desenvolvimento de dor e fadiga muscular em seres humanos (POLLAK et al., 2014).

Entretanto os mecanismos envolvidos com o funcionamento desses receptores no gânglio da

raiz dorsal ainda não são bem compreendidos. Portanto, o objetivo deste estudo foi,

inicialmente, desenvolver uma linhagem de camundongos que expressasse a proteína

fluorescente GFP (Green Fluorescente Protein) apenas nas fibras TRPV1 positivas (+). Para

isso, obtivemos da empresa Laboratórios Jackson 2 linhagens de animais, fêmeas GCaMP6 e

machos TRPV1. Esses animais foram inicialmente cruzados, e as proles foram avaliadas

quanto a expressão de GCaMP6 e Cre via genotipagem. Verificamos que os cruzamentos

entre esses animais eram capazes de gerar animais TRPV1-Cre/GCaMP6+. A seguir, o

objetivo foi analisar, a partir de cultura de células primárias do gânglio da raiz dorsal (GRD),

se era possível verificar fluorescência via análise usando a técnica de calcium imaging (que

detecta o influxo de Ca2+

no interior das células, representando a ativação das células

neuronais) comparando neurônio de origem muscular aos demais. Para isso, os animais

Page 95: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

95

TRPV1-Cre/GCaMP6+ receberam entre 7 e 10 dias de vida a administração do agente

fluorescente DiI diretamente no ventre do tecido muscular. Esses animais tiveram seus

gânglios removidos por volta de 15 a 30 dias pós-administração de DiI e incubadas até 16 e

24 horas. Além disso, analisamos também o padrão de resposta dessas fibras a diferentes

doses de metabólitos e a administração de capsaicina e KCl. Verificamos que os GRD de

animais TRPV1-Cre/GCaMP6+ apresentaram fluorescência suficiente para as análises no

Calcium imaging e que de todas as células presentes na cultura 57,64% apresentavam DiI,

indicando-nas como neurônios do tecido muscular. Destas 78,3% expressavam GFP (sendo

neurônios TRPV1+). Por fim, verificamos que 1/3 dessas células não respondem a capsaicina,

indicando que existem fibras TRPV1 silentes. A seguir, analisamos se estas células eram

capazes de responder a uma dose moderada (pH 7.0) e alta (pH 6.6) de metabólitos.

Verificamos que 20% dos neurônios sensoriais marcados com DiI respondem a administração

dos metabólitos e que 85,6% dos neurônios que respondem ao pH 7.0 e 100% dos que

respondem a pH 6.6 são positivos para TRPV1. Esses dados sugerem, portanto, que os

animais TRPV1-Cre/GCaMP6+ são uma importante ferramenta no estudo da dor muscular e

que os receptores TRPV1 é expresso em mais de 50% dos neurônios sensoriais musculares do

GRD, sendo cerca de 1/3 deles não responsivo a capsaicina. Por fim, concluímos também que

os receptores TRPV1 são fundamentais na resposta a diferentes doses de metabólitos

responsáveis pela indução das sensações de dor e fadiga.

Palavras-chave: GCaMP6, TRPV1, dor muscular, fadiga, gânglio da raiz dorsal.

Page 96: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

96

Introdução

Page 97: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

97

8. INTRODUÇÃO

Sabe-se que diversas doenças crônicas como fibromialgia (VAILLANT et al.,

2016), disfunção temporomandibular (DAHAN et al., 2016), dor miofascial e enxaqueca

tensional apresentam como sinal clínico clássico não apenas a sensação de dor mas também

sintomas de fadiga crônica (SERTEL et al., 2016).

Caracterizado pela primeira vez por Angelo Mosso em 1904, através da

observação de pássaros que chegavam extremamente exaustos a costa italiana após uma longa

trajetória partindo África, e baseando-se na caracterização do perfil de fibras musculares e do

padrão de resposta muscular a contração estática voluntária ou induzida por estimulação

elétrica (MOSSO, 1904; GIULIO et al., 2006; DI GIULIO, 2011), o conceito de fadiga é

amplo e refere-se a uma variedade de sensações de origem periférica e central, geral ou

mental e que se relacionam a alterações transitórias na capacidade em se desempenhar uma

dada atividade física (ENOKA; DUCHATEAU, 2008; CAUDHURI; BEHAN, 2004;

TANAKA; WATANABE, 2012).

Dentre os sinais gerais envolvidos com a fadiga podemos citar o declínio

progressivo na habilidade de ativar a musculatura voluntária, manutenção de contração

muscular máxima ou habilidade de desenvolver contração muscular estática, perda de força,

de torque (acima de 50%) e de resistência muscular; dentre os sinais mentais temos uma

maior percepção de cansaço após uma dada atividade, e esse sintoma pode se apresentar ao

repouso (FINSTERER; MAHJOUB, 2014). Em relação aos sinais centrais temos a falência na

capacidade do córtex motor em recrutar unidades musculares, redução do feed-back negativo

vindo das fibras aferentes do fuso neuromuscular e perda da atividade de coordenação entre

sistema nervoso central e neurônios motores. Por fim, dentre os sintomas periféricos temos o

declínio da máxima força muscular, senso de exaustão e perda de energia, redução da

produção d e ATP e incapacidade desenvolver ou manter a contração muscular adequada

(FINSTERER AND MAHJOUB, 2014).

A fadiga muscular é muitas vezes relacionada à atividade física voluntária e

esportiva (BURNLEY; JONES, 2018), mas pode ser encontrada muitas vezes em diversos

tipos de condições patológicas (FINSTERER; MAHJOUB, 2014) que incluem desordens

neurológicas e doenças neuromusculares (SCHILLINGS et al., 2007; FÉASSON et al., 2006),

condições infecciosas, inflamatórias (MCCORMACK et al., 2018; ABU-SHAKRA et al.,

2018) e na dor muscular (RUSSELL et al., 2018; BANERJEE et al., 2017).

Page 98: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

98

Entretanto, apesar de se conhecer a relação entre fadiga e dor muscular, os

mecanismos pelos quais elas se inter-relacionam ainda são pouco compreendidos (para

revisão, AMANN; LIGHT, 2015).

Já foi demonstrado o envolvimento das fibras III e IV, classicamente envolvidas

na condução do estímulo doloroso vindo dos tecidos viscerais (como o tecido muscular)

também estão envolvidos com a condução da sensação de fadiga, uma vez que o bloqueio

dessas fibras pela administração intratecal de fentanil altera o padrão de fadiga em humanos

(AMANN et al., 2011; AMANN et al., 2014; SIDHU et al., 2014). Além disso, a ativação dos

receptores P2X, TRPV1 e ASIC3, classicamente envolvidos na condução e sinalização da dor

muscular (GREGORY et al., 2015), também participam da sinalização da fadiga crônica

(LIGHT et al., 2008; POLLAK et al., 2014). Entretanto, apesar da sua relevância clínica, os

mecanismos envolvidos com o desenvolvimento de fadiga e dor muscular ainda são pouco

compreendidos.

Os receptores de potencial transiente vanilóide do tipo 1 (TRPV1) são receptores

da família dos receptores de potencial transiente (TRP), ativados por capsaicina (CATERINA

et al., 1997), baixo pH e calor nocivo (acima de 43° C) (CATERINA et al., 1997;

TOMINAGA et al., 1998) e lipídios (JULIUS; BAUSBAM, 2001). Esses receptores já foram

descritos como expressos preferencialmente em fibras C (HU et al., 2008) e já foram descritos

como importantes moduladores de condições como dor (para revisão: NUMAZAKI;

TOMINAGA, 2004; DAI et al., 2016; MARRONE et al., 2017), dor muscular (YUKSEL et

al., 2017; WANG et al., 2017).

Nesse sentido, considerando a importância das fibras TRPV1 positivas para o

processo de transmissão da informação dolorosa, este estudo baseou-se no uso de algumas

técnicas do campo da optogenética para estudo e caracterização da distribuição e função dos

receptores TRPV1 do gânglio da raiz dorsal na dor e fadiga muscular por meio da criação de

animais Cre-TRPV1/GCaMP6+, ou seja, de animais com sensores endógenos de Ca

+2 apenas

nas fibras contendo receptores TRPV1. O presente estudo descreve o processo de criação e

desenvolvimento desses animais, os procedimentos de preparo e coleta do gânglio da raiz

dorsal para estudo de cultura dos neurônios do gânglio e sua avaliação inicialmente da sua

capacidade de emitir fluorescência observável e captável pelo microscópio de imaginologia

do cálcio. Além disso, verificamos a distribuição de células neuronais musculares e não

musculares e o padrão de resposta destas células a diferentes concentrações de metabólitos

mimetizando as concentrações encontradas em condições de dor e fadiga.

Page 99: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

99

Objetivos

Page 100: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

100

9. OBJETIVOS

Desenvolver animais que expressassem proteína fluorescente GFP apenas nas fibras

aferentes primárias contendo TRPV1.

Analisar a partir de cultura de células primárias do gânglio da raiz dorsal se era

possível verificar fluorescência através da técnica de calcium imaging.

Confirmar se essas respostas são provenientes de células neuronais.

Comparar o padrão de expressão de células GFP positivas em células do GRD

comparando células de origem muscular e não musculares.

Analisar e comparar o padrão de resposta das células neuronais do GRD a diferentes

doses de metabólitos.

Page 101: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

101

Materiais e Métodos

Page 102: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

102

10. MATERIAIS E MÉTODOS

10.1. Questões Éticas

Todos os procedimentos foram realizados de acordo com as regras do National

Institute of Health (NIH) e o Guia para cuidado e uso de animais de laboratório (NIH nº.

80-23) e foram previamente aprovados pelo Comitê de Pesquisa Animal do Centro de

Ciências da Saúde da Universidade de Utah. Todos os cruzamentos foram realizados

observando-se a capacidade de manter os animais saudáveis e evitando ao máximo

qualquer tipo de sofrimento.

10.2. Primeira Etapa - Desenvolvimento dos animais TRPV1-Cre/GCaMP6+

10.2.1. Cruzamentos para obtenção dos animais

Para realização deste trabalho, inicialmente 3 camundongos 4 RCL-GCaMP6f e 3

animais TRPV1-Cre (B6.1229-Trpv1 TM1(Cre) Bbm/j mouse) foram obtidos do Laboratório

Jackson (Sacramento, Califórnia). Esses animais foram cruzados com objetivo de criar uma

colônia de animais GCaMP6/Cre-TRPV1, por meio do cruzamento das linhagens iniciais. O

objetivo final disso foi criar uma linhagem de camundongos transgênicos, capazes de

expressar a proteína fluorescente verde (GFP) apenas nas fibras TRPV1 positivas, e emitir

fluorescência observável e mensurável no equipamento de calcium imaging. Posteriormente,

o objetivo foi avaliar se a cultura de gânglios da raiz dorsal (GRD) desses animais poderia ser

avaliada por microscopia de fluorencência, do tipo calcium imaging. Dessa forma,

poderíamos registrar a atividade de todas as terminações aferentes dos grupos III/IV vindas do

músculo esquelético de camundongos a fim de estudar o padrão de resposta destas fibras a

diferentes concentrações de metabólitos, mimetizando condições de dor ou de fadiga

muscular.

10.2.2. Genotipagem

Para confirmar que os animais realmente expressavam essa característica

realizamos genotipagem de todos os animais resultados desses cruzamentos. Para a

genotipagem inicialmente anestesiamos os animais em água gelada entre 2 e 4 minutos e

coletamos uma pequena amostra da orelha dos camundongos, entre 7 e 10 dias de vida. Essas

Page 103: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

103

amostras foram tratadas com solução de NaOH a 10M e foram aquecidas no ebulidor por

cerca de 30 minutos, homogeneizadas no vórtex e novamente deixadas no ebulidor por 30

minutos. As amostras foram tratadas com os diferentes primers (para Cre e GCaMP6) e

deixadas no termociclador por 1 hora. A seguir as amostras foram transferidas a um gel de

agarose a 1% e a seguir transferidas por 1 hora usando o eletroporador. As análises foram

realizas no fotodocumentador da Bio Raid e avaliadas quanto a expressão de bandas desses

genes Cre ou GCaMP6 através do programa Quantitation One. Apenas os animais que

apresentassem a expressão de Cre e de GCaMP6 foram empregados nos experimentos

seguintes.

10.3. Segunda Etapa - Experimentos in vitro

Após a obtenção dos animais propostos, passamos a uma segunda etapa desse

projeto, na qual registramos as respostas das fibras TRPV1+ à administração de baixas e altas

doses de metabólitos usando preparações in vitro. Para isso, avaliamos via imaginologia a

expressão de GFP, marcador da presença de receptores TRPV1, e da proteína fluorescente

DiI, indicadora de células neuronais que inervassem o tecido muscular.

10.3.1. Administração de DiI

Os animais TRPV1-Cre/GCaMP6+ receberam entre 7 e 10 dias de vida a

administração do agente fluorescente DiI diretamente no tecido muscular conforme descrito

por Light et al (2008). Para isso os animais foram anestesiados usando água gelada (por até 4

minutos). Após anestesiados os animais eram gentilmente colocados sobre o campo cirúrgico

estéril. Inicialmente os animais tiveram a área do gastrocnêmio limpa com álcool 70% e

utilizando um bisturi foi feita uma pequena incisão na pele da região lateral da coxa expondo

assim o músculo gastrocnêmio. A seguir uma cânula de pequeno diâmetro foi acoplada a uma

seringa Hamilton e foi realizada a administração de 3½ a 4 µL de DiI diretamente no tecido

muscular. Por fim, a ferida cirúrgica foi colada com cola veterinária e os animais mantidos em

uma caixa aquecida com temperatura de 36◦ C até estarem completamente recuperados, secos

e aquecidos. Esses animais retornavam as esta ntes ventiladas e eram usados novamente na

idade de 20 a 30 dias de vida para as análises via calcium imaging. Como controle utilizamos

animais C57Bl/6.

Page 104: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

104

10.3.2. Cultura de gânglios da raiz dorsal

Para as análises in vitro analisamos o padrão de respostas das células do gânglio

da raiz dorsal a diferentes concentrações de metabólitos. Para isso, os animais TRPV1-

Cre/GCaMP6+ foram rapidamente anestesiados com isofluorane e eutanasiados com

deslocamento cervical. Os gânglios da raiz dorsal da região lombar direita, lado injetado com

DiI, foram coletados (6 gânglios), com auxílio de um microscópio óptico. Esses gânglios

foram transferidos em solução de HBSS. Essas células foram tratadas com tripsina e

incubadas a 37° C por 15 minutos, posteriormente lavadas (3X) com solução de MEM + 10%

de FBS (3 mL/lavagem/poço) e homogeneizadas. A seguir, essas células foram gentilmente

centrifugadas (1.2 RPM, temperatura ambiente, 5 minutos) e foram gentilmente

ressuspendidas por pipetação. 30µL dessa solução contendo células e MEM + 10% FBS foi

colocada em uma placa de cultura de 48 poços (tratadas previamente com poli-L-lysine e

laminin), em uma área delimitada por anéis de silicone (0.5mm de altura por 4mm de

diâmetro) e mantidas na estufa a 37° C por 1 hora. A seguir, foi administrado 1 mL de GDNF

(10ng/mL) (Glial-derived neurotrophic fator, do inglês, fator de crescimento glial) e as placas

retornavam a estufa podendo ser empregadas nas análises entre 16 e 23 horas. No segundo dia

de análise, as amostras foram lavadas com pH 7.4 oxygenated observation media aquecida a

37° C por 3 vezes e receberam observation media para as análises.

10.3.3. Calcium Imaging

O equipamento empregado para as análises foi o microscópio Olympus

fluorescente, acoplado a um computador com o software Metafluor 5.0 (Universal Imaging) e

Adobe photoshop para a seleção das imagens.

Todas as análises foram realizadas em temperatura ambiente (20-25° C), em sala

escura, e as células posicionadas ao microscópio de forma a se obter o melhor foco e maior

quantidade de células possíveis no campo. A identificação de células neuronais seguiu os

critérios propostos por Light et al., (2008).

Após o posicionamento das células no campo, eram realizadas inicialmente os

registros do baseline, seguidos pela administração de metabólitos, lavagem e ao final de cada

experimento foram aplicados 200nM de capsaicina, seguida por lavagem e então aplicação de

50mM de KCl para assegurar que os registros obtidos eram provenientes de células neuronais.

Page 105: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

105

Apenas células que responderam a capsaicina e/ou KCl foram consideradas neurônios e

incluídas nas avaliações finais. A média de células por campo foi de 151 ± 10/ campo. Para

cada célula a taxa de intensidade de fluorescência foi analisada (entre os comprimentos de

onda de 340nm/380nm, normalizada para máximo de 1.0 e mínimo de 0) e registrada em uma

tabela de dados e formação de gráficos.

Os metabólitos e drogas foram administrados usando-se duas pipetas: uma para

remoção das soluções e outra para administração. O momento de administração de soluções

por si só induz a formação de artefatos que são normalizados posteriormente com base em

registros de células naive. A média de imagens baseline é de 30 antes do início da

administração de metabólitos. A resposta das células aos metabólitos é considerada após cerca

de 600 a 1000 imagens fluorescentes (média de 2 segundos pós-administração).

10.3.4. Análise do padrão de resposta a metabólitos

Para análise do padrão de respostas das células a altos e baixos níveis de

metabólitos utilizamos conforme padronizado previamente por Light et al., (2008) as

seguintes concentrações de metabólitos, combinado ATP, lactato e pH (como medida da

concentração de íons H+):

- pH 7.4, ATP 300nM e Lactato 1mM;

- pH 7.0, ATP 500nM e Lactato 10mM;

- pH 6.6, ATP 2µM e Lactato 15mM.

A preparação dos metabólitos foi realizada imediatamente antes do início das

administrações nos poços (volume total de 500 µL/ aplicação) uma vez que a meia vida do

ATP é de até 20 minutos.

10.4. Análise estatística

Os dados de cada análise foram registrados em uma planilha do Excel para

posterior avaliação. Essas análises subtraem o valor da variação do baseline e determinam os

valores de média e desvio padrão e comparam com a média e desvio padrão pós

administração de metabólitos. Foram definidas respostas como taxas de elevação 2 vezes

acima do valor do baseline.

Page 106: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

106

Para as análises estatísticas foram usadas como padrão a ANOVA one-way para

analisar a respostas as diferentes doses de metabólitos. Para comparações múltiplas foi

utilizado o teste de Dunnett’s e usado o valor de 0.05 como referencia estatística. Para

comparações entre os grupos foi usado p teste de Tukey-Kramer. As imagens estão descritas

como média e desvio padrão.

Page 107: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

107

Resultados

Page 108: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

108

11. RESULTADOS

11.1. Desenvolvimento de camundongos TRPV1-Cre/GCaMP6+:

Verificamos inicialmente que cruzamento entre fêmeas GCaMP6 e machos Cre-

TRPV1 foi capaz de criar uma nova linhagem de animais TRPV1-Cre/GCaMP6+, uma vez

que as análises via genotipagem detectaram animais apresentando o gene Cre e GCaMP6 ao

mesmo tempo. É importante deixar claro que nem todos os animais apresentaram essa

característica. Apenas os animais Cre+ e GCaMP6

+ foram usados para as análises seguintes. A

figura 12 representa uma análise realizada no laboratório que demonstrou os animais A,B,C,D

e E como positivos para Cre e A,B,C,D,E e F para GCaMP6. Nesse caso, apenas os animais

A,B,C,D e E foram utilizados nas análises que se seguiram. Outro ponto importante é que o

cruzamento desses animais gerou animais saudáveis e normais. Sem alterações fenotípicas

importantes.

Figura 12. Resultado da genotipagem de uma linhagem de animais derivados do cruzamento

de animais Cre-TRPV1 e GCaMP6. Os animais foram considerados TRPV1-Cre/GCaMP6+

quando demonstravam expressão de ambas as bandas no teste de Northern Blot.

11.2. Caracterização anatômica da cultura de células do gânglio da raiz dorsal de

animais TRPV1-cre/GCaMp6+

Após a confirmação do animais como TRPV1-Cre/GCaMP6+ nós iniciamos a

etapa de análises in vitro. Verificamos inicialmente, que as culturas dos gânglios da raiz

dorsal de animais TRPV1-Cre/GCaMP6+ eram capazes de emitir fluorescência quando

avaliados ao microscópio de calcium imaging, como pode ser verificado na Figura 13.

Podemos verificar conforme demonstrado na Figura 13 que as marcações do GFP podem ser

Page 109: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

109

vistas no interior das células sugerindo, portanto, que realmente as marcações do GFP foram

feitas em células neuronais.

Figura 13. Células do gânglio da raiz dorsal de camundongos TRPV1-Cre/GCaMP6+ são

capazes de emitir fluorescência detectável pela técnica de cálcio imaging. A imagem a direita

no topo, da cultura de neurônios do gânglio da raiz dorsal de animais TRPV1-Cre/GCaMP6+,

a luz branca do microscópio (bright field), demonstra a localização das células sem a emissão

de fluorescência (aumento de 2X). A imagem superior, a esquerda demonstra o padrão de

fluorescência para o GFP.

Verificamos também que a administração de capsaicina foi capaz de aumentar a

emissão de fluorescência em células neuronais conforme pode ser verificada na Figura 14.

Confirmando a hipótese de que as fibras são TRPV1+.

Page 110: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

110

Figura 14. Células do gânglio da raiz dorsal de camundongos TRPV1-Cre/GCaMP6+

emitindo fluorescência em resposta a capsaicina (aumento de 10X) neurônios e dendritos e

coloração dessas áreas.

A partir desses dados iniciais passamos a avaliação inicialmente anatômica do perfil de

expressão dos GFP e, portanto, dos receptores TRPV1, nas células de cultura. Podemos

verificar, conforme demonstrado na Figura 15 a expressão de GFP e DiI no interior dessas

células. Demonstramos também que essas marcações puderam gerar imagens de colocalização

conforme demonstrado em Merge.

Figura 15. Análise de células do gânglio da raiz dorsal de animais TRPV1-Cre/GCaMP6+.

Imagem no topo a esquerda: cultura de neurônios na imagem de bright field. As mesmas

células foram analisadas no filtro para GFP (topo a direita) e DiI (inferior a esquerda).

Verificamos que há interjunção de expressão de GFP e DiI. Áreas em verde e vermelho

indicam co-marcação tanto de GFP e DiI. Essa imagem demonstra que os neurônios contendo

TRPV1 são fluorescentes ao microscópio e que há expressão de GFP nos tecidos neurais de

neurônios do Gânglio da raiz dorsal de animais TRPV1-Cre/GCaMP6+ sejam eles de origem

muscular ou não.

Page 111: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

111

Conforme demonstrado na Figura 16, 57,64% da cultura de células avaliadas

apresentavam DiI sugerindo, portanto, que mais da metade das células do GRD das áreas L1 a

L6 são de origem muscular. Destas 78,3% apresentam GFP, sendo que apenas 1/3 delas não

respondem a capsaicina, agonista dos receptores TRPV1.

Figura 16. Quantificação das células do gânglio da raiz dorsal apresentando marcador DiI

indicativas de neurônios de origem muscular. 57,64% das células do gânglio da raiz dorsal

são DiI positivas, sendo que destas 78,3% apresentam são co-marcadas para GFP, indicativo

da presença dos receptores TRPV1. Destas 27,7% não respondem a capsaicina, indicando

neurônios silentes.

11.3. Padrão de resposta das células do gânglio da raiz dorsal a diferentes doses de

metabólitos

Esses dados sugerem, portanto, que maioria das fibras neuronais dos gânglios

dorsais de L1 a L6 são de origem muscular e que mais de 1/3 delas apresentam receptores

TRPV1, demonstrando a importância destes receptores na condução de informações

sensoriais advindas do tecido muscular. Surpreendentemente, 1/3 das células TRPV1

positivas não respondem a administração de seu agonista, a capsaicina, sugerindo portanto,

que existem receptores e fibras silentes.

Por fim, conforme demonstrado na Figura 17, 20% dos neurônios DiI positivos

respondem a administração de metabólitos. Destes 85,6% dos que respondem ao pH 7.0,

mimético de condições de fadiga muscular, e 100% dos que respondem ao pH 6.6 são

TRPV1+.

Page 112: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

112

Figura 17. Quantificação do padrão de resposta dos neurônios de origem muscular a

diferentes concentrações de metabólitos e quanto a expressão de receptores TRPV1. Porcentagem de neurônios que respondem a metabólitos (acima da linha eixo x) e que não

respondem a metabólitos (abaixo do eixo x). Cerca de 20% dos neurônios respondem a

concentrações moderadas (pH 7.0) e altas (pH 6.6) de metabólitos. Nós encontramos que a

vasta maioria dos neurônios (86,5 e 100% das células respondem a moderadas e altas doses de

metabólitos) são TRPV1+. Interessantemente, as células TRPV1 silentes são quase

irresponsivas a metabólitos. Esses resultados sugerem que os receptores TRPV1 são

necessários a responsividade das células a metabólitos.

A Figura 18 demonstra o padrão de resposta das células neuronais e não neuronais

a diferentes concentrações de metabólitos e as administrações de capsaicina e KCl que

confirmam as respostas como sendo neuronais.

Page 113: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

113

Figura 18. Traçado representativo das respostas de Ca+2

em neurônios individuais e células

não neuronais em respostas aos diferentes tratamentos. As linhas pontilhadas indicam o

momento em que 3 diferentes concentrações de metabólitos, capsaicina e KCl foram

administradas as células.

Esses resultados podem ter maiores implicações para o entendimento da fadiga muscular e dor

muscular. Acredita-se atualmente que os receptores TRPV1 não possuem papel significativo

no desenvolvimento de dor e fadiga, uma vez que as taxas de pH observadas em resposta ao

exercício não são suficientemente altas para ativar os receptores TRPV1. Acreditamos, no

entanto, eles podem ser ativados por prostaglandinas ou aminas que aumentam com o

exercício induzindo sensibilização.

Page 114: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

114

Discussão

Page 115: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

115

12. DISCUSSÃO

Os resultados do presente estudo demonstram, pela primeira vez, o processo de

desenvolvimento de uma nova linhagem de camundongos: TRPV1-Cre/GCaMP6+, que

apresentam fluorescência apenas nas fibras sensoriais primárias TRPV1 positivas. Esses

animais foram obtidos como resultado do cruzamento de animais TRPV1-Cre com animais

GCaMP6, com sensores endógenos de cálcio.

Animais transgênicos da linhagem GCaMP6 tem sido empregados para estudo de

diversas condições, sendo um dos indicadores de cálcio mais empregados na imaginologia

neuronal e para as técnicas de quantificação dos níveis de íons cálcio (DING et al., 2014).

Uma vez que esses animais possuem codificados em seu gene o complexo: Miosina 13 (ou

M13), proteína fluorescente verde (Green Fluorescent Protein – GFP) e Calmodulina. Esse

complexo age como um indicador do movimento de íons cálcio no interior da célula neuronal.

Isso significa que o aumento dos níveis de cálcio ou sua mobilização gera fluorescência e esta

pode ser mensurada e avaliada por diversas técnicas como calcium imaging e também por

técnicas como o Two-photon imaging (CHEN et al., 2013). Uma das principais

aplicabilidades dessa técnica de optogenética é a criação de animais que podem ser avaliados

em tempo real, in vivo, durante diversos tipos de condições fisiológicas e patológicas

(OUZOUNOV et al., 2017; RENNINGER; ORGER, 2013).

Os camundongos GCaMP6 fazem parte da família de indicadores de cálcio, os

GCaMP, desenvolvidos por Junichi Nakai em 2001 (Nakai et al., 2001). Os primeiros animais

criados dentro dessa variante foram desenvolvidos em 2004 (Ji et al., 2004). Desde então

foram criadas 6 linhagens de camundongos GCaMP, sendo os GCaMP6 a variante com maior

espectro de fluorescência (OHKURA et al., 2012; AKERBOOM et al., 2012). O cruzamento

de animais GCaMP6 com animais contendo o driver Cre, permite o desenvolvimento de

linhagens específicas para estudos, como por exemplo, o dCys-GCaMP para estudo dos

mecanismos envolvidos com os receptores NMDA (CAI et al., 2014).

Em nosso estudo verificamos que o cruzamento de animais GCaMP6 e TRPV1-

Cre. Esse cruzamento foi capaz de gerar animais TRPV1-Cre/GCaMP6+ viáveis e saudáveis.

Verificamos que a cultura de gânglio da raiz dorsal desses animais foi capaz de emitir

fluorescência capaz de ser caracterizada e mensurada via calcium imaging. Esse dado é

interessante, uma vez que demonstram que foi possível desenvolver uma nova ferramenta de

estudo para novos estudos na área de fisiologia, anatomia e histologia.

Page 116: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

116

Foi descrito que a combinação dos metabólitos ATP, lactato e prótons é capaz de gerar

dor (GREGORY et al., 2015) e aumento dos níveis de cálcio intracelular de forma mais

efetiva do que a administração desses compostos de forma isolada, e que os receptores

TRPV1 fazem parte dos receptores envolvidos com a detecção de metabólitos no tecido

muscular (LIGHT et al., 2008), em concentrações detectadas em situações de dor

(HOHEISEL et al., 2004; KAUFMAN; RYBICKI,1987; LEFFLER et al., 2006; REINOHL et

al., 2003) e fadiga muscular (POLLACK et al., 2014).

Neste estudo, demonstramos que aproximadamente 60% das células do gânglio da

raiz dorsal de regiões entre S1-L6 eram de origem muscular. Cerca de 1/3 delas apresentam

receptores TRPV1. Indicando a importância desses receptores na condução de informações

sensoriais advindas do tecido muscular. Surpreendentemente, 1/3 das células TRPV1

positivas não respondem a administração de seu agonista, a capsaicina, sugerindo, portanto,

que existem receptores e fibras silentes.

Por fim, demonstramos que 20% dos neurônios DiI positivos respondem a

administração de metabólitos. Dos 85,6% dos que respondem ao pH 7.0, mimético de

condições de fadiga muscular, e 100% dos que respondem ao pH 6.6 são TRPV1+, sugerindo

portanto, que esses receptores são fundamentais para a condução de informações de dor e de

fadiga muscular.

Page 117: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

117

Conclusão

Page 118: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

118

13. CONCLUSÃO

Esses dados sugerem, portanto, que os animais TRPV1-Cre/GCaMP6+ são uma

importante ferramenta no estudo da dor muscular e que os receptores TRPV1 é expresso em

mais de 50% dos neurônios sensoriais musculares do GRD, sendo cerca de 1/3 deles não

responsivo a capsaicina. Por fim, concluímos também que os receptores TRPV1 são

fundamentais na resposta a diferentes doses de metabólitos responsáveis pela indução das

sensações de dor e fadiga.

Page 119: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

119

Referências Bibliográficas

Page 120: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

120

14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABU-SHAKRA, M.; ZISMAN, D.; BALBIR-GURMAN, A.; AMITAL, H.; LEVY, Y.;

LANGEVITZ, P.; TISHLER, M.; MOLAD, Y.; AAMAR, S.; ROSER, I.; AVSHOVICH,

N.; PARAN, D.; REITBLAT, T.; MADER, R.; SAVIN, H.; FRIEDMAN, J.;

LIEBERMAN, N.; EHRLICH, S. Effect of Tocilizumab on Fatigue and Bone Mineral

Density in Patients with Rheumatoid Arthritis. Isr Med Assoc J. v. 20, n. 4, p. 239-244,

2018.

AKERBOOM, J.; CHEN, T.W.; WARDILL, T.J.; TIAN, L.; MARVIN, J.S.; MUTLU, S.;

CALDERÓN, N.C.; ESPOSTI, F.; BORGHUIS, B.G.; SUN, X.R.; GORDUS, A.;

ORGER, M.B.; PORTUGUES, R.; ENGERT, F.; MACKLIN, J.J.; FILOSA, A.;

AGGARWAL, A.; KERR, R.A.; TAKAGI, R.; KRACUN, S.; SHIGETOMI, E.;

KHAKH, B.S.; BAIER, H.; LAGNADO, L.; WANG, S.S.; BARGMANN, C.I.;

KIMMEL, B.E.; JAYARAMAN, V.; SVOBODA, K.; KIM, D.S.; SCHREITER, E.R.;

LOOGER, L.L. Optimization of a GCaMP calcium indicator for neural activity imaging.

J Neurosci. v. 32, n. 40, p. 13819-40, 2012.

AMANN, M.; BLAIN, G.M.; PROCTOR, L.T.; SEBRANEK, J.J.; PEGELOW,

D.F.; DEMPSEY, J.A. Implications of group III and IV muscle afferents for high-

intensity endurance exercise performance in humans. J Physiol. v. 1. n. 589 (Pt 21), p;

5299-309, 2011.

AMANN, M.; VENTURELLI, M.; IVES, S.J.; MORGAN, D.E.; GMELCH, B.; WITMAN,

M.A.; JONATHAN GROOT, H.; WRAY, W.D.; STEHLIK, J.; RICHARDSON, R.S.Group

II/IV muscle afferents impair limb blood in patients with chronic heart failure. Int J Cardiol.

V. 174, n. 2, p. 368-75, 2014.

Page 121: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

121

AMANN, M.; LIGHT, A.R. From Petri dish to human: new insights into the mechanisms

mediating muscle pain and fatigue, with implications for health and disease. Exp

Physiol. v. 100, n. 9, p. 989-90, 2015.

BANERJEE, A.; HENDRICK, P.; BHATTACHARJEE, P.; BLAKE, H. A

systematic review of outcome measures utilised to assess self-management in clinical

trials in patients with chronic pain. Patient Educ Couns. S. 0738-3991, n. 17, p. 30648-

1, 2017.

Page 122: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

122

BOYDEN ES, ZHANG F, BAMBERG E, NAGEL G, DEISSEROTH K. Millisecond-

timescale, genetically targeted optical control of neural activity. Nat Neurosci. v. 8, n. 9,

p. 1263-8, 2005.

BURNLEY, M.; JONES, A.M. Power-duration relationship: Physiology, fatigue, and the

limits of human performance. Eur J Sport Sci. v. 18, n. 1, p. 1-12, 2018.

CAI, B.; CHEN, X.; LIU, F.; LI, J.; GU, L.; LIU, J.R.; LIU, J. A cell-based functional assay

using a green fluorescent protein-based calcium indicator dCys-GCaMP. Assay Drug

Dev Technol, v. 12, n. 6, p.342-51, 2014.

CARR, F.B.; ZACHARIOU, V. Nociception and pain: lessons from optogenetics. Front

Behav Neurosci. v. 25, n. 8, p. 69. 2014.

CAUDHURI, A.; BEHAN, P.O. Fatigue in neurological disorders. Lancet. v. 363, n. 9413, p.

978-988, 2004.

CATERINA, M.J.; SCHUMACHER, M.A.; TOMINAGA, M.; ROSEN, T.A.; LEVINE, J.D.;

JULIUS, D. The capsaicin receptor: a heat-activated ion channel in the pain pathway.

Nature. v. 389, p. 816–824, 1997.

CATERINA, M.J.; LEFFLER, A.; MALMBERG, A.B.; MARTIN, W.J.; TRAFTON,

J.; PETERSEN-ZEITZ, K.R.; KOLTZENBURG, M.; BASBAUM, A.I.; JULIUS, D.

Impaired nociception and pain sensation in mice lacking the capsaicin receptor. Science,

v. 14, n. 288(5464), p. 306-13, 2000.

CHEN, T.W.; WARDILL, T.J.; SUN, Y.; PULVER, S.R.; RENNINGER, S.L.; BAOHAN,

A.; SCHREITER, E.R.; KERR, R.A.; ORGER, M.B.; JAYARAMAN, V.; LOOGER,

L.L.; SVOBODA, K.; KIM, D.S. Ultrasensitive fluorescent proteins for imaging neuronal

activity. Nature. v. 499, n. 7458, p. 295-300, 2013.

Page 123: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

123

CHENG, L.H.; XIANG, J.Z.; HU, F.F. Vanilloid receptor TRPV1, sensory C-fibers, and

activation of adventitial mast cells: A novel mechanism involved in adventitial

inflammation. Medical Hypotheses. v. 71, n. 1, p. 102-103, 2008.

COHEN, A.E.; VENKATACHALAM, V. Bringing Bioelectricity to Light. Annual Review

of Biophysics. v. 43, p. 211-232, 2014.

DAHAN, H.; SHIR, Y.; NICOLAU, B.; KEITH, D.; ALLISON, P. Self-Reported Migraine

and Chronic Fatigue Syndrome Are More Prevalent in People with Myofascial vs

Nonmyofascial Temporomandibular Disorders. J Oral Facial Pain Headache. v. 30, n.

1, p.7-13, 2016.

DAI, Y. TRPs and pain. Semin Immunopathol. v. 38, n. 3, p. 277-91, 2016.

Page 124: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

124

DI GIULIO, C.; DANIELE, F.; TIPTON, C.M. Angelo Mosso and muscular fatigue: 116

years after the first Congress of Physiologists: IUPS commemoration. Adv Physiol

Educ. v. 30, n. 2, p. 51-7, 2006.

DI GIULIO, C. Angelo Mosso: a holistic approach to muscular fatigue. Arch Italiennes de

Biologie. v. 149, p. 69-76, 2011.

DING, J.; LUO, A.F.; HU, L.; WANG, D.; SHAO, F. Structural basis of the ultrasensitive

calcium indicator GCaMP6. Sci China Life Sci, v. 57, n. 3, p. 269-274, 2014.

DUBOIS, M.Y.; FOLLETT, K.A. Pain medicine: The case for an independent medical

specialty and training programs. Acad Med, v. 89, n. 6, p.863-8, 2014.

ENOKA, R.M.; DUCHATEAU, J. Muscle fatigue: what, why and how it influences muscle

function. J Physiol. v. 586, n. 1, p. 11-23, 2008

FÉASSON, L.; CAMDESSANCHÉ, J.P.; EL MANDHI, L.; CALMELS, P.; MILLET, G.Y.

Fatigue and neuromuscular diseases. Ann Readapt Med Phys. v. 49, n. 6, p. 375-84,

2006.

FENNO, L; YIZHAR, O.; DEISSEROTH, K. The Development and Application of

Optogenetics. Ann Rev of Neurosc .v. 34, p. 389-412, 2011.

Page 125: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

125

FINSTERER, J.; MAHJOUB, S.Z. Fatigue in Healthy and Diseased Individuals. Am J of

Hospice & Palliative Medicine. v. 31, n. 5, p. 562-575, 2014.

GONG, W.Y.; ABDELHAMID, R.E.; CARVALHO, C.S.; SLUKA, K.A. Resident

Macrophages in Muscle Contribute to Development of Hyperalgesia in a Mouse Model

of Noninflammatory Muscle Pain. J Pain, v. 17, n. 10, p. 1081-94, 2016.

GREGORY, N.S.; WHITLEY, P.E.; SLUKA, K.A. Effect of Intramuscular Protons, Lactate,

and ATP on Muscle Hyperalgesia in Rats. PLoS One, v. 10, n. 9, e0138576, 2015.

GURU, A.; POST, R.J.; HO, Y.; WARDEN, M.R. Making Sense of Optogenetics. Int J

Neuropsychopharmacol. v. 18, n. 11, : pyv079, 2015.

HAN, X.A.C.S. In vivo application of optogenetics for neural circuit analysis. Chem

Neurosci. v. 15, n. 3(8), p. 577-84, 2012.

Page 126: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

126

HOHEISEL, U.; REINOHL, J.; UNGER, T.; MENSE, S. Acidic pH and capsaicin activate

mechanosensitive group IV muscle receptors in the rat. Pain, v. 110, p. 149–157, 2004.

HOHEISEL, U.; REUTER, R.; DE FREITAS, M.F.; TREEDE, R.D.; MENSE, S. Injection of

nerve growth factor into a low back muscle induces long-lasting latent hypersensitivity in

rat dorsal horn neurons. Pain, v. 154, n. 10, p. 1953-60, 2013.

HOHEISEL, U.; TAGUCHI, T.; TREEDE, R.D.; MENSE, S. (2011) Nociceptive input from

the rat thoracolumbar fascia to lumbar dorsal horn neurones. Eur J Pain, v. 15, n. 8, p.

810-5, 2011.

HUANG, F.; TANG, B.; JIANG, H. Optogenetic investigation of neuropsychiatric diseases.

Int J Neurosci. v. 123, n. 1, p. 7-16. 2013.

INSTITUTE OF MEDICINE. Relieving pain in America: a blueprint for transforming

prevention, care, education, and research. Washington D.C: National Academies of

Science, 2011.

JULIUS, D.; BASBAUM, A.I. Molecular mechanisms of nociception. Nature, v. 413, p.

203–210, 2001.

KAUFMAN, M.P.; RYBICKI, K.J. Discharge properties of group III and IV muscle

afferents: their responses to mechanical and metabolic stimuli. Circ Res, v. 61, p. I60 –

I65, 1987.

LEFFLER, A.; MONTER, B.; KOLTZENBURG, M. The role of the capsaicin receptor

TRPV1 and acid-sensing ion channels (ASICs) in proton sensitivity of subpopulations of

primary nociceptive neurons in rats and mice. Neuroscience, v. 139, p. 699–709, 2006.

LIGHT, A.R.; HUGHEN, R.W.; ZHANG, J.; RAINIER, J.; LIU, Z.; LEE, J. Dorsal root

ganglion neurons innervating skeletal muscle respond to physiological combinations of

Page 127: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

127

protons, ATP, and lactate mediated by ASIC, P2X, and TRPV1. J Neurophysiol, v. 100,

n. 3, p. 1184-201, 2008.

MARRONE, M.C.; MORABITO, A.; GIUSTIZIERI, M.; CHIURCHIÙ, V.; LEUTI, A.;

MATTIOLI, M.; MARINELLI, S.; RIGANTI, L.; LOMBARDI, M.; MURANA, E.;

TOTARO, A.; PIOMELLI, D.; RAGOZZINO, D.; ODDI, S.; MACCARRONE, M.;

VERDERIO, C.; MARINELLI, S. TRPV1 channels are critical brain inflammation

detectors and neuropathic pain biomarkers in mice. Nat Commun, v. 8, p.15292, 2017.

MCCORMACK, R.C.; O'SHEA, F.; DORAN, M.; CONNOLLY, D. Impact of

a fatigue management in work programme on meeting work demands of individuals with

rheumatic diseases: A pilot study. Musculoskeletal Care. 2018

MENSE, S. Muscle pain: mechanisms and clinical significance. Dt sch Arztebl, v. 105, n. 12,

p. 214-9, 2008.

NAKAI, J.; OHKURA, M.; IMOTO, K. A high signal-to-noise Ca(2+) probe composed of a

single green fluorescent protein. Nature Biotechnology, v. 19, n. 2, p. 137–41, 2001.

NUMAZAKI, M.; TOMINAGA, M. Nociception and TRP Channels. Curr Drug Targets

CNS Neurol Disord, v. 3, n. 6, p. 479-85, 2004.

OHKURA, M.; SASAKI, T.; SADAKARI, J.; GENGYO-ANDO, K.; KAGAWA-

NAGAMURA, Y.; KOBAYASHI, C.; IKEGAYA, Y.; NAKAI, J. Genetically encoded

green fluorescent Ca2+ indicators with improved detectability for neuronal Ca2+ signals.

PloS One, v. 7, n. 12, e51286, 2012.

OUZOUNOV, D.G.; WANG, T.; WANG, M.; FENG, D.D.; HORTON, N.G.; CRUZ-

HERNÁNDEZ, J.C.; CHENG, Y.T.; REIMER, J.; TOLIAS, A.S.; NISHIMURA, N.;

XU, C. In vivo three-photon imaging of activity of GCaMP6-labeled neurons deep in

intact mouse brain. Nat Methods, v. 14, n. 4, p. 388-390, 2017.

Page 128: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

128

PARKER, K.L.; KIM, Y.; ALBERICO, S.L.; EMMONS, E.B.; NARAYANAN, N.S.

Optogenetic approaches to evaluate striatal function in animal models of Parkinson

disease.Dialogues Clin Neurosci. v. 18, n. 1, p. 99-107, 2016.

PAWELA, C.; DEYOE, E.; PASHAIE, R. Intracranial Injection of an Optogenetics Viral

Vector Followed by Optical Cannula Implantation for Neural Stimulation in Rat Brain

Cortex. Methods Mol Biol. v. 1408, p. 227-41, 2016.

POLLAK, K.A.; SWENSON, J.D.; VANHAITSMA, T.A.; HUGHEN, R.W.; JO,

D.; WHITE, A.T.; LIGHT, K.C.; SCHWEINHARDT, P.; AMANN, M.; LIGHT, A.R.

Exogenously applied muscle metabolites synergistically evoke sensations of muscle

fatigue and pain in human subjects. Exp Physiol, v. 99, n. 2, p. 368-80, 2014.

RENNINGER, S.L.; ORGER, M.B. Two-photon imaging of neural population activity in

zebrafish. Methods, v. 62, n. 3, p. 255-67, 2013.

REINOHL, J.; HOHEISEL, U.; UNGER, T.; MENSE, S. Adenosine triphosphate as a

stimulant for nociceptive and non-nociceptive muscle group IV receptors in the rat.

Neurosci Lett, v. 338, p. 25–28, 2003.

Page 129: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

129

RUSSELL, D.; ÁLVAREZ GALLARDO, I.C.; WILSON, I.; HUGHES, C.M.; DAVISON,

G.W.; SAÑUDO, B.; MCVEIG, J.G. Exercise to me is a scary word': perceptions

of fatigue, sleep dysfunction, and exercise in people with fibromyalgiasyndrome-a focus

group study. Rheumatol Int. v. 38, n. 3, p. 507-515, 2018.

SALAFFI, F.; DE ANGELIS, R.; STANCATI, A.; GRASSI, W. Health-related quality of life

in multiple musculoskeletal conditions: a cross-sectional population based

epidemiological study. II. The MAPPING study. Clin Exp Rheumatol, v. 23, p. 829–

839, 2005.

SCHILLINGS, M.L.; KALKMAN, J.S.; JANSSEN, H.M.; VAN ENGELEN,

B.G.; BLEIJENBERG, G.; ZWARTS, M.J. Experienced and physiological fatigue in

neuromuscular disorders. Clin Neurophysiol. v. 118, n. 2, p. 292-300, 2007.

SERTEL, M.; ŞIMŞEK, T.T.; YÜMIN, E.T. The Effect of Body Awareness Therapy on

Pain, Fatigue and Health-related Quality of Life in Female Patients with Tension Type

Headache and Migraine. West Indian Med J, Feb 19. IN Press, 2016.

SIDHU, S.K.; WEAVIL, J.C.; VENTURELLI, M.; GARTEN, R.S.; ROSSMAN,

M.J.; RICHARDSON, R.S.; GMELCH, B.S.; MORGAN, D.E.; AMANN, M. Spinal μ-

opioid receptor-sensitive lower limb muscle afferents determine corticospinal

responsiveness and promote central fatigue in upper limb muscle. J Physiol. v. 15, n.

592(22), p. 5011-24, 2014.

TANAKA, M.; WATANABE, Y. Supraspinal regulation of physical fatigue. Neurosci

Biobehav Rev. v. 36, n. 1, p. 727-734, 2012.

TIAN L, HIRES SA, MAO T, HUBER D, CHIAPPE ME, CHALASANI SH, PETREANU L,

AKERBOOM J, MCKINNEY SA, SCHREITER ER, BARGMANN CI, JAYARAMAN

V, SVOBODA K, LOOGER LL. Imaging neural activity in worms, flies and mice with

improved GCaMP calcium indicators. Nat Methods, v. 6, n. 12, p. 875-81, 2009.

Page 130: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

130

TING, J.T.; FENG, G. Development of transgenic animals for optogenetic manipulation of

mammalian nervous system function: progress and prospects for behavioral neuroscience.

Behav Brain Res. v. 15, n. 255, p. 3-18, 2013.

TOMINAGA, M, CATERINA, M.J.; MALMBERG, A.B.; ROSEN, T.A.; GILBERT, H.;

SKINNER, K.; RAUMANN, B.E.; BASBAUM, A.I.; JULIUS, D. The cloned capsaicin

receptor integrates multiple pain-producing stimuli. Neuron, v. 21, p. 531–543, 1998.

VAILLANT, J.; REVILLET, P.; SEVENIER, A.M.; JUVIN, R. Impact of fatigue on postural

control in quiet standing in fibromyalgia. Ann Phys Rehabil Med, 59S:e124-e125, 2016.

ZHANG F, GRADINARU V, ADAMANTIDIS AR, DURAND R, AIRAN RD, DE LECEA

L, DEISSEROTH K. Optogenetic interrogation of neural circuits: technology for probing

mammalian brain structures. Nat Protoc. v. 5, n. 3, p. 439-56, 2010.

ZHAO, M.; ALLEVA, R.; MA, H.; DANIEL, A.G.; SCHWARTZ, T.H. Optogenetic tools for

modulating and probing the epileptic network. Epilepsy Res. v. 116, p. 15-26, 2015.

YÜKSEL, E.; NAZIROĞLU, M.; ŞAHIN, M.; ÇIĞ, B. Involvement of TRPM2 and TRPV1

channels on hyperalgesia, apoptosis and oxidative stress in rat fibromyalgia model:

Protective role of selenium. Sci Rep, 13; v. 7, n. 1, 17543, 2017.

Page 131: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

131

Anexos

Page 132: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

132

Anexo 1 – Parecer do Comitê de Ética e Pesquisa da UNICAMP.

Page 133: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

133

Anexo 2 – Carta de submissão à revista “Neuropharmacology”.

Elsevier Editorial System(tm) for Neuropharmacology

Manuscript Draft Manuscript

Number: Title: Muscle pain induced by static contraction in rats is modulated by P2X3

receptors

Article Type: Research Paper

Keywords: P2X3 receptors; muscle; hyperalgesia; static contraction; cytokines;

neutrophils.

Corresponding Author: Dr. Maria G. Oliveira-Fusaro, Ph.D Corresponding Author's

Institution: School of Applied Sciences, State University of Campinas

First Author: Bruna M Aquino, PhD

Order of Authors: Bruna M Aquino, PhD; Diogo F Santos, PhD; Carolina O Jorge, PhD;

Aline S Marques, undergraduated; Juliana M Teixeira, PhD; Carlos A Parada, PhD; Maria

G. Oliveira-Fusaro, Ph.D

Abstract: P2X3 receptors are involved with several types of pain conditions. Muscle pain

induced by static contraction has an important socioeconomic impact. Therefore, the

aim of this study was to evaluate the involvement of P2X3 receptors on mechanical

muscle hyperalgesia and neutrophil migration induced by static contraction in rats. In

addition, we evaluated whether static contraction would be able to increase muscle

levels of TNF-α and IL-1β. Intramuscular or intrathecal pretreatment with the selective

P2X3 receptor antagonist A317491 prevented static contraction-induced mechanical

muscle hyperalgesia. In addition, A317491 reduced static contraction-induced

mechanical muscle hyperalgesia when administered 30 and 60 minutes of the beginning

of static contraction, but not after 30 and 60 min of the end of static contraction.

Intramuscular A-317491 also prevented static contraction-induced neutrophil

migration. In a period of 24 hours, static contraction did not increase muscle levels of

TNF-α and IL-1β. Together, these findings suggest that mechanical muscle hyperalgesia

and neutrophil migration induced by static contraction is modulated by peripheral and

Page 134: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

134

spinal cord dorsal horn P2X3 receptors. Also, we suggest that P2X3 receptors are

important to the development but not to maintenance of muscle hyperalgesia.

Page 135: BRUNA DE MELO AQUINO ENVOLVIMENTO DOS RECEPTORES …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/334158/1/... · (p

135

Anexo 3 – Analgesímetro e posicionamento dos animais para análise das respostas

comportamentais