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Cadeia Produtiva da Moda de Minas Gerais

Delimitação e caracterização

Belo Horizonte

Maio de 2016

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GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Governador

Fernando Damata Pimentel

SECRETARIA DE ESTADO DE PLANEJAMENTO E GESTÃO

Secretário

Helvécio Miranda Magalhães Júnior

FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO

Presidente

Roberto do Nascimento Rodrigues

DIRETORIA DE PLANEJAMENTO, GESTÃO E FINANÇAS

Diretora

Josiane Vidal Vimieiro

CENTRO DE PESQUISAS APLICADAS MARIA APARECIDA ARRUDA

Diretora

Elisa Maria Pinto Rocha

CENTRO DE ESTATÍSTICA E INFORMAÇÕES

Diretor

Leonardo Barbosa de Moraes

CENTRO DE ESTUDOS DE POLÍTICAS PÚBLICAS PAULO CAMILLO DE

OLIVEIRA PENNA

Diretora

Ana Paula Salej Gomes

ESCOLA DE GOVERNO PROFESSOR PAULO NEVES DE CARVALHO

Diretora

Letícia Godinho de Souza

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

Assessora

Olívia Bittencourt

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EQUIPE TÉCNICA

Coordenação

Caio César Soares Gonçalves

Elaboração

Caio César Soares Gonçalves

Glauber Flaviano Silveira

Helena Teixeira Magalhães Soares

Marilene Cardoso Gontijo

Assessores

Nícia Raies Moreira de Souza

Raimundo de Sousa Leal Filho

Capa

Barbara Andrade Correia da Silva

Revisão e normalização

Ana Paula da Silva

Apoio Administrativo

Alessandra Antônia Rodrigues de Almeida

Claudineia Maria da Cruz

Mauro de Oliveira Pessoa

Olzenir Marriel

FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO

CENTRO DE ESTATÍSTICA E INFORMAÇÕES (CEI)

Alameda das Acácias, 70 – Bairro São Luiz/Pampulha

Caixa Postal 1 200 - CEP: 31275-150 - Belo Horizonte - Minas Gerais

Telefones: (31) 3448-9719 e 3448-9589

Fax: (31) 3448-9477 e 3448-3706

www.fjp.mg.gov.br

e-mail: [email protected]

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 5

2. CADEIA PRODUTIVA DA MODA 8

2.1 Moda 8

2.2 Indústria e cadeia produtiva 9

2.3 Complexo industrial da moda 10

2.3.1 Têxtil e confecções 12

2.3.2 Couros e calçados 13

2.3.3 Joias e bijuterias 15

2.4 Construção de uma Matriz Insumo-Produto 16

2.5 Metodologia para delimitação de cadeia produtiva 20

2.6 Atividades econômicas da cadeia da moda 21

3. CADEIA PRODUTIVA DA MODA NO CENÁRIO NACIONAL E INTERNACIONAL 25

3.1 Cadeia produtiva da moda ou cadeia global 25

3.2 Têxteis e confecções 30

3.3 Couros e calçados 36

3.4 Joias e bijuterias 40

4. PRODUÇÃO NA CADEIA DA MODA DE MINAS GERAIS 43

4.1 Valor Adicionado da Moda 43

4.2 Moda nos municípios de Minas Gerais 50

4.3 Moda nos territórios de desenvolvimento 55

5. MERCADO DE TRABALHO NA CADEIA DA MODA DE MINAS GERAIS 60

5.1 Postos de trabalho e estabelecimentos 60

5.2 Remuneração 68

5.3 Níveis de escolaridade 71

5.4 Rotatividade 73

6. COMÉRCIO EXTERIOR NA CADEIA DA MODA DE MINAS GERAIS 76

6.1 Exportação 81

6.2 Importação e balança comercial 85

6.3 Municípios exportadores 91

7. ORGANIZAÇÕES DA CADEIA DA MODA DE MINAS GERAIS 93

7.1 Conselhos, sindicatos e associações 93

7.2 Instituições de ensino superior 96

7.3 Arranjos Produtivos Locais 105

7.4 Grandes empresas 108

8. MATRIZ INSUMO-PRODUTO APLICADA A MODA 111

8.1 Modelo Insumo-Produto 114

8.1.1 Índices de interligação e campo de influência 115

8.1.2 Multiplicadores 120

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS 124

REFERÊNCIAS 130

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1. INTRODUÇÃO

A criatividade se configura como um potencial insumo para a evolução do

conhecimento no mundo contemporâneo. Atos criativos perpassam na história da

humanidade desde os desenhos paleolíticos, descobrimento do fogo, invenção da roda até

os mais recentes como a invenção de impressoras 3D e a acessibilidade da internet. São

ideias capazes de alterar a vida humana e trazer benefícios para a sociedade.

Visto de forma ampla e sem a pretensão de delimitar, a criatividade envolve a

imaginação, a capacidade de gerar ideias originais, as novas maneiras de interpretar o

mundo sejam em texto, som ou imagem, a curiosidade, a vontade de experimentar, as

novas conexões para resolver problemas, as práticas de negócios, a obtenção de vantagens

competitivas (OLIVEIRA; ARAUJO; SILVA, 2013). Dessa forma, a criatividade está

intimamente relacionada à inovação, capaz de trazer progresso para as economias

contribuindo para a geração de renda e empregos.

A economia criativa é o ramo da economia que estuda as atividades, produtos e

serviços que envolvem conhecimento, criatividade ou capital intelectual. Apesar de ser

um conceito em evolução, há em grande medida um consenso de que a economia criativa

possui como núcleo as atividades e processos culturais. Contudo, há ainda áreas em que

se manifeste a criatividade fora do domínio da cultura, de forma que a economia criativa

se estende das artes até a ciência e tecnologia (UNITED NATIONS DEVELOPMENT

PROGRAMME, 2013).

Nesse contexto de várias abordagens sobre economia criativa, Oliveira e Starling

(2012) apontaram suas principais características sendo uma delas a capacidade de gerar

bens e serviços diferenciados, direitos de propriedade intelectual, diretos autorais,

emprego e riqueza. Além da capacidade de concepção para formação de clusters que

podem gerar dinâmicas econômicas como cidades ou distritos criativos.

O termo indústria criativa agrega as atividades industriais que possuem como

insumo de produção a criatividade. Não são apenas o capital, a matéria-prima e a mão-

de-obra vistos como fatores essenciais para a produção de bens, o conteúdo simbólico

também é visualizado como um recurso para a geração de valor.

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Em um cenário de globalização, em que a competitividade entre as empresas se

acirram, a criatividade ganha papel de um ativo para vencer a competição. Em um mundo

de produtos semelhantes, aqueles que conseguem criar unicidade e diferenciais e, assim,

inovar, possuem mais chances de obter sucesso a longo prazo. (FEDERAÇÃO DAS

INDÚSTRIAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, 2014).

São consideradas atividades da indústria criativa de acordo com a Federação das

Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (2014) que realizou um mapeamento da indústria

criativa no Brasil: publicidade, arquitetura, design, moda, expressões culturais,

patrimônio e artes, música, artes cênicas, editorial, audiovisual, pesquisa e

desenvolvimento, biotecnologia e tecnologias da informação e comunicação.

A moda como parte da indústria criativa atinge proporções muito maiores que vão

além dos desenhos de roupas, calçados e acessórios. A moda é vista como uma forma de

expressão cultural, artística e estética, representando o espírito de uma região. Além da

capacidade econômica de geração de renda e empregos, ou seja, de representação

econômica, a moda também possui uma representação de inclusão social. O que vigora

atualmente é uma moda de todos os estilos, não há unicidade e sim pluralidade no

conceito da moda.

Conforme Jones (2005), o papel atribuído à moda tem se tornado algo cada vez

mais significativo para a sociedade contemporânea, uma vez que seu contexto econômico

não se restringe a uma questão local ou nacional, trata-se de um empreendimento global

com linguagem internacional muito além de fronteiras étnicas de classes.

Com foco sob o campo econômico e aplicando o conceito de moda, pode-se obter

uma cadeia produtiva composta por atividades que produzem produtos finais que

carreguem o valor da moda. Esse conjunto de atividades compõe o que seria o complexo

industrial da moda ou, simplesmente, cadeia produtiva da moda.

Com o objetivo de caracterizar essa cadeia produtiva identificando a importância

desse conjunto de atividades para a economia de Minas Gerais, este trabalho está

segmentado da seguinte forma, além dessa introdução, em mais oito partes. A seção 2

aborda as definições adotadas de cadeia e complexo industrial e o processo de delimitação

de cadeia produtiva da moda. A seção 3 apresenta o panorama internacional e nacional

da cadeia produtiva da moda.

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A partir da definição de cadeia produtiva da moda, as seções seguintes buscam

produzir, sintetizar e analisar os dados disponíveis acerca da cadeia da moda de Minas

Gerais em grandes grupos temáticos: produção (seção 4), emprego e renda (seção 5),

comércio exterior (seção 6) e organizações (7). A seção 8 apresenta uma aplicação da

matriz insumo-produto para análise da cadeia produtiva da moda e última realiza as

considerações finais.

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2. CADEIA PRODUTIVA DA MODA

Com o objetivo de delimitar o estudo através de uma definição de cadeia produtiva

da moda, recorre-se primeiramente aos conceitos de cadeia produtiva e complexos

industriais. Dado isso, constrói-se um esboço do que seria a cadeia produtiva da moda

que, por fim, será delimitada pelas ligações intersetoriais apresentadas pela literatura e

confirmadas pela metodologia de delimitação de cadeias produtivas que Matriz Insumo-

Produto (MIP). O resultado é a apresentação da cadeia produtiva da moda com suas

atividades núcleo classificadas de acordo com a Classificação Nacional de Atividades

Econômicas (CNAE) 2.0 e também um conjunto de atividades relacionadas.

2.1 Moda

A palavra moda origina-se do latim modus que significa modo, maneira, costume,

conjunto de opiniões, apreciações críticas, gostos, modo de agir, de sentir, de viver, de

ser aceito por grupos. (HOUAISS, 2001). De forma genérica, a referência de moda está

na expressão de costumes, modo de viver, de ser e de vestir de uma sociedade (FROTA,

2011).

A prática humana de vestir-se surgiu da necessidade humana de se proteger das

alterações climáticas. Outras situações, porém, são citadas na literatura como a utilização

de vestes de animais para que a força dos animais estivesse com os caçadores. Além

dessas crenças, outros rituais religiosos já faziam o uso de lã, linho e seda. O uso de

vestimentas evoluiu com o tempo e se tornou símbolo de distinção social. As pessoas de

classes menos favorecidas usavam poucas ou até mesmo nem utilizavam roupas como os

escravos. Não havia moda em nenhum desses casos citados anteriormente, as roupas eram

apenas uma indumentária, um ato de vestir (FROTA, 2011).

Apenas no final da Idade Média a moda começou a ser reconhecida como um

sistema, passando a se tornar algo muito além do estético e complementar, ganhando força

e assumindo capacidade de remodelar uma sociedade inteira. (LIPOVETSKY, 2009). A

partir do século XVIII, a moda se consolidou em uma cadeia produtiva capaz de

impulsionar o consumo e os interesses capitalistas (SANT’ANNA, 2009).

Da segunda metade do século XIX até os anos 60, a moda se estabeleceu no seu

sentido moderno com a chamada “moda de cem anos”, que basicamente se dividia em

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duas frentes: alta costura e confecção industrial. A primeira, caracterizada pelo luxo e

feita sob medida e a segunda pela produção em massa realizada em série. Nesse contexto,

era a alta costura que detinha toda inovação e que lançava as tendências de forma que

restava à linha industrial a posição de seguidora das inspirações da alta costura

(LIPOVETSKY, 2009).

Entre os anos de 1950 e 1960, iniciou-se a segunda fase da moda moderna quando

a alta costura deixa de possuir o status de detentora da inovação e ditadora de tendências.

O desenvolvimento do prêt-à-porter (pronto para vestir) foi essencial para o início desse

novo período da moda. A produção industrial passou a produzir roupas acessíveis a todos,

vários tamanhos e modelos, com qualidade e expressão de moda (LIPOVETSKY, 2009).

Apesar da alta moda permanecer como fonte de inspiração, houve uma busca em

oferecer produtos com valor unindo moda e estética em uma era da “super escolha”

democrática em que nada mais é proibido. Conforme Lipovetsky (2009), todos os estilos

possuem direito de cidadania dado que não há uma moda, há modas. Esse é o

entendimento sobre moda adotado nesse estudo, uma moda sem distinções.

2.2 Indústria e cadeia produtiva

“Cadeia produtiva é um conjunto de etapas consecutivas pelas quais passam e vão

sendo transformados e transferidos os diversos insumos” (KUPFER; HASENCLEVER,

2013, p. 21). Assim, cadeia produtiva é o conjunto de atividades que transforma matérias-

primas básicas em produtos finais nas diferentes etapas de processamento ou montagem

(HAGUENAUER et al, 2001). Ao empregar esse conceito, é possível incorporar diversas

formas de cadeias como as setoriais em que cada etapa é representada por um setor

econômico e o intervalo entre eles é expresso por um mercado que os relacionam.

Além disso, as cadeias podem ser mais ou menos desagregadas. Por exemplo, é

possível estudar a cadeia de calçados ou ser mais específico com um estudo da cadeia de

calçados de couro. Adicionalmente, as cadeias podem ser concorrentes quando seus bens

finais são substitutos no mercado, porém as cadeias em si são independentes. É o caso da

cadeia produtiva de calçados sintéticos e a cadeia produtiva de calçados de couro que

podem competir no mercado com produtos similares, porém o processo produtivo tem

diferentes matérias-primas, máquinas e processos (KUPFER; HASENCLEVER, 2013).

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Apesar dessa independência, é muito comum ocorrer o entrelaçamento das cadeias

de forma que a presença de determinada cadeia na estrutura econômica não seja uniforme.

Isso dificulta a delimitação de cadeias produtivas no seu sentido mais estrito,

principalmente em economias razoavelmente desenvolvidas. Assim, é interessante

utilizar, em determinados casos, a noção de complexo industrial.

Ao agrupamento de cadeias produtivas, dá-se o nome de blocos, ou ainda,

complexos industriais. Essas cadeias seriam agrupadas por compartilharem uma mesma

origem ou porque convertem para um mesmo grupo de indústria ou mercado (KUPFER;

HASENCLEVER, 2013).

Portanto, ao aplicar esses conceitos, o presente estudo de cadeia produtiva, que

envolve um grupo de atividades produzindo bens finais direcionados ao mercado da

moda, trata-se de um estudo do complexo industrial da moda.

2.3 Complexo industrial da moda

O complexo industrial da moda é formado basicamente por três cadeias

produtivas: têxtil e confecções; couros e calçados; e joias e bijuterias. Essas cadeias

foram, a princípio, identificadas pelos estudos prévios presentes na literatura e também a

partir dos produtos finais produzidos presentes no mercado da moda. Uma lista desses

produtos característicos é apresentada no quadro 2.1.

Quadro 2.1: Produtos característicos da moda

Grupo Produtos

Vestuário

Artigos do vestuário masculino, feminino e infantil como blusas, camisas, camisetas,

vestidos, saias, shorts, calças, jardineiras, ternos, casacos, sobretudos, mantos, ternos,

paletós, tailleurs, blazers, etc.

Roupas íntimas e roupas de dormir para uso masculino, feminino e infantil como

pijamas, sutiãs, calcinhas, cuecas, roupões, camisolas, etc.

Roupas de banho como sungas, biquínis, maiôs e roupas de bebê.

Artigos e

acessórios do

vestuário

Gravatas e lenços para todos os usos, cintos, suspensórios, luvas, leques, xales,

echarpes, lenços, cachecóis, gravatas, chapéus, boinas, bonés, gorros, artigos de peles,

suéteres, pulôveres, meias, etc.

Artigos diversos Bolsas e carteiras

Calçados Calçados masculinos, feminino e infantil como sapatos, tênis, sandálias, botas,

sapatilhas, tamancos, alpargatas, chinelos, etc.

Relojoaria, joias

e bijuterias Relógios, joias e bijuterias como anéis, colares, pulseiras, braceletes, brincos, etc.

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

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Os produtos da moda, conforme Rech (2006), possuem características que

envolvem criação (design e influências sazonais), qualidade (conceitual e física),

ergonomia (vestibilidade), aparência (apresentação) e preço. Vincent-Ricard (1989)

apresenta os estágios do produto da moda: análise, elaboração, estilo (criação), e

merchandising (difusão). No primeiro estágio representa a análise socioeconômica e

cultural da sociedade em um ponto do tempo. Segue-se para a etapa de elaboração do

produto a partir da visão obtida anteriormente criando ou adaptando métodos de criação

de produtos, o terceiro estágio, que após criado o produto segue para uma etapa de

marketing para difundi-lo. A figura 2.1 apresenta a rosácea do produto da moda

resumindo o processo.

Figura 2.1: Rosácea do produto da moda

Fonte: Vincent-Ricard (1989, p. 234).

Segundo Rech (2006), o ciclo de vida do produto da moda é completo, porém

existe uma brevidade em cada fase. Vincent-Ricard (1989) já havia apresentado sobre o

tempo do produto ficar pronto desde a produção de fibra têxtil até chegar à loja sendo em

torno de dois anos, porém com renovação a cada seis meses bem regulares. Rech (2006)

apresenta a mesma informação bem mais aberta, afirmando que a decisão sobre as cores

acontece de 24 a 30 meses antes da estação começar. Essas decisões são tomadas pelas

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indústrias químicas, institutos internacionais de fibras e pigmentos e também associações

de acordo com a disponibilidade de matéria-prima e também das metas comercias já

traçadas para os produtos têxteis, seus insumos e outros produtos relacionados. Já os fios

são planejados com 18 meses antes da estação prevista, as feiras internacionais de fios

com 14 meses, os tecidos com 12 meses, as feiras internacionais de tecidos com 10 meses,

criação e produção de coleções de moda com 9 meses antes, o varejo internacional recebe

as coleções com 3 meses antes do lançamento da estação prevista e o consumidor conhece

os produtos da moda no momento exato.

2.3.1 Têxtil e confecções

A cadeia têxtil-vestuário é formada por uma cadeia linear de atividades iniciando

no beneficiamento de fiação de fibras naturais e/ou químicas até a confecção final.

Conforme Haguenauer et al (2001), apesar da linearidade entre as etapas da cadeia, cada

uma delas pode ser realizada tanto em pequenas quanto em grandes quantidades, seja de

forma especializada seja com díspares graus de integração vertical.

Adicionalmente, as diferenças dos níveis tecnológicos presentes nas etapas

raramente trazem problemas de compatibilização ao longo do processo de acordo com

Haguenauer et al (2001). A inexistência de barreiras à entrada ajuda a entender a

heterogeneidade tecnológica da cadeia (inter e intrafirmas) e também a heterogeneidade

de tamanho das firmas, principalmente quando se trata do final da cadeia.

Rech (2006) considerou como cadeia produtiva da moda basicamente as

atividades têxteis e confecção, sendo a cadeia iniciando no segmento fornecedor com a

produção de matéria prima seja de fibras naturais (setor agropecuário) seja fibras

artificiais e sintéticas (setor químico), passa pelo setor manufatureiro têxtil como as etapas

de fiação, tecelagem/malharia, beneficiamento, acabamento, após essa, inicia-se a

confecção de bens acabados e, por fim, mercado.

Dessa forma, a produção de matérias-primas refere-se às fibras que são utilizadas

na etapa da fiação. Essas fibras podem ter origem na produção agrícola (fibras naturais

vegetais), na produção pecuária (fibras naturais animais) e a produção química (fibras

artificiais e sintéticas). Por exemplo, as fibras naturais são o algodão, seda, rami/linho, lã

e juta, as fibras artificiais são a viscose e acetato, as fibras sintéticas (elaboradas a partir

dos derivados de petróleo) são o náilon, poliéster e polipropileno. O elastano é utilizado

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para a fabricação de fios elásticos, sempre combinado com outras fibras não elásticas, a

lycra® é um exemplo.

A etapa da fiação é basicamente a produção dos fios necessários na tecelagem,

que, por sua vez, é a produção dos tecidos, que podem ser obtidos por diferentes processos

técnicos como a tecelagem de tecidos planos, a malharia de tecidos circulares e retilíneos,

a técnica de tecidos não tecidos (TNT), entre outras.

Após essa etapa, inicia-se o beneficiamento e acabamento que compreende a etapa

pelo qual são realizadas operações para introdução de características específicas do

produto. Podem ser citados, por exemplo, a lavagem, branqueamento, tingimento,

mercerizarão, calandragem, estamparia, tranfer, feltragem, chamuscagem e

desengomagem (RECH, 2006). A confecção vem em seguida com a elaboração de peças

que englobam desde a criação, modelagem, enfesto, corte e costura do produto. A figura

2.2 resume as etapas da cadeia produtiva têxtil-confecções.

Figura 2.2: Cadeia produtiva de têxtil-confecções

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

Ressalta-se que há interfaces da cadeia com outras atividades como a indústria

química que fornece insumos químicos para tratamento tanto de fibras, quanto de etapas

intermediárias e de produtos acabados. Também há uma ligação com a indústria de

máquinas e equipamentos em todas as etapas da cadeia. E ainda, existem interfaces com

o setor de embalagens, transporte e comercialização.

2.3.2 Couros e calçados

Uma das principais características da cadeia de couro e calçados é a relativa

simplicidade do processo produtivo também marcado pelo uso de uma tecnologia madura

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mesmo com traços muitas vezes artesanais. Além disso, destaca-se o uso intensivo de

mão de obra pouco qualificada (CUNHA et al, 2008).

O processo produtivo em si divide-se basicamente em duas grandes etapas. A

primeira etapa compreende a extração, o curtimento e o acabamento do couro. Realizada

pelos curtumes, esses também se encarregam do processamento das peles dos animais

para fornecer o couro acabado destinado para fabricação de diferentes produtos finais,

por exemplo, os calçados. A segunda etapa compreende a fabricação dos calçados, que

inclui as fases de modelagem, corte do material – matéria-prima (natural ou sintética) –,

costura, montagem, acabamento e, por fim, embalagem do produto (CUNHA et al, 2008).

A figura 2.3 apresenta as etapas da cadeia produtiva de couros e calçados

destacando a produção de calçados e artefatos de couro e de outros materiais. Além de

indicar a relação com a indústria química e com a indústria de alimentos (frigoríferos).

Figura 2.3: Cadeia produtiva de couros e calçados

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

A possibilidade do processo de produção fragmentar-se em etapas distintas

contribui para viabilizar o deslocamento geográfico tanto no nível nacional quanto no

internacional. Destaca-se que o produto final da cadeia de calçados apresenta uma grande

diversidade de modelos, estilos, materiais, finalidades de consumo e diferentes

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consumidores. Por exemplo, um calçado pode utilizar diferentes materiais como couro,

tecidos e/ou materiais sintéticos, pode ser para uso social, esportivo ou casual, pode ser

destinado a um público masculino, feminino ou infantil, entre outras variações (CUNHA

et al, 2008).

Adicionalmente, a própria cadeia de couros e calçados possui outros elos

desconsiderados nesse tópico como a ligação entre os curtumes com a indústria de móveis

e a cadeia automobilística. E mais, os curtumes também se relacionam com a indústria de

vestuário. Há ainda a relação com a indústria de máquinas e equipamentos, embalagem,

transporte, comércio varejista e atacadista e serviços de reparação.

2.3.3 Joias e bijuterias

A cadeia produtiva de joias e bijuterias, encontrada na literatura associada também

a gemas, compreende as atividades de extração mineral, indústria de lapidação, artefatos

de pedras, indústria joalheira e de folheados e bijuterias (LEITE, 2007). A primeira etapa

é representada pela extração ou mineração da matéria-prima. Pode-se citar, por exemplo,

os metais ouro, prata, platina, paládio e os minerais como as gemas (pedras coleção,

gemas maior valor e gemas menor valor) e os minerais industriais. Dessa forma, tratando-

se da atividade extrativa mineral encontram-se as atividades de extração de gemas (pedras

preciosas e semipreciosas), extração de minério de metais preciosos, extração de outros

minerais não metálicos e o beneficiamento de minério de metais preciosos.

Canaan (2013) descreveu como etapa posterior a obtenção da matéria-prima, os

processos primários de fundição, trefilação e laminação no caso dos metais e o

martelamento e serra no caso dos minerais. Sendo a terceira etapa a indústria de joalheria

e bijuteria, propriamente dita, responsável pela transformação contando com a joalheria

artesanal e industrial, bijuteria, artesanato mineral e lapidação originando produtos finais

como joias utilizando metais nobres como ouro, prata, platina e paládio e também dos

folheados e bijuterias de metais comuns. Além disso, inclui-se a fabricação de relógios.

A figura 2.4 agrega e resume o que seria a cadeia de joias e bijuterias.

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Figura 2.4: Cadeia produtiva de joias e bijuterias

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

Outras atividades possuem interface com a cadeia de joias e bijuterias como o

comércio varejista e atacadista dos produtos finais; transporte e serviços de reparação de

joias e relógios; a indústria de maquinário e química.

2.4 Construção de uma Matriz Insumo-Produto

Wassily Leontief 1 desenvolveu, em 1936, o que ficou conhecido como modelo

de insumo-produto. Essa abordagem permite o estudo da interdependência dos setores

produtivos da economia tendo como referência os fluxos entre as diferentes atividades

econômicas e a relação dessas com a demanda final, com a conta de renda e com as

importações.

Esses fluxos são apresentados através da chamada Matriz Insumo-Produto (MIP),

que é uma tabela de transações com dupla entrada sendo que as linhas representam as

vendas da produção corrente de um determinado setor para os outros setores. Já as colunas

representam as compras de um setor pelos produtos produzidos por outros setores.

Uma Matriz Insumo-Produto (MIP) foi construída a partir das informações da

matriz realizada pela Fundação João Pinheiro (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2015)

do ano de 2008 para Minas Gerais com 85 produtos e 40 atividades. Essa nova matriz

realizada especialmente para a análise da cadeia da moda possui a desagregação em 90

produtos e 42 atividades. Sendo que se denomina por produtos a representação de um

conjunto de bens e serviços. Já a classificação de bens e serviços em grupos de produtos

é derivada diretamente da classificação de atividades, que procura manter a

homogeneidade de cada grupamento no que diz respeito à origem (atividade produtora e

procedência, nacional ou importada) e também em relação ao destino (tipo de consumidor

e/ou usos específicos) (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2015).

1

Laureado com o prêmio Nobel de economia em 1973.

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17

Nessa configuração foi possível destacar em níveis de produto: beneficiamento e

fiação de algodão e outros têxteis; tecelagem; fabricação de outros produtos têxteis;

artigos de vestuários e acessórios; preparação de couro; fabricação de calçados; e a

lapidação de gemas, joias e bijuterias. Para esse último, foi utilizado uma estimativa para

dissociá-lo do produto “móveis e produtos diversos da indústria” utilizando informações

tanto da Tabela de Recursos e Usos do Brasil de 2010 (INSTITUTO BRASILEIRO DE

GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2015) como aproximação, dado que a do ano de 2008

não apresentou a separação de “moveis” e “produtos diversos da indústria”, quanto da

Pesquisa Industrial Anual (PIA) de 2010 para obter uma estimativa das joias e bijuterias

dentro do total dos produtos diversos (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E

ESTATÍSTICA, 2010).

O quadro 2.2 apresenta os 90 produtos da Matriz Insumo-Produto em sua versão

especial para o estudo da Moda.

Quadro 2.2: Produtos da Matriz Insumo-Produto (versão Moda) (continua)

Código Descrição do produto Código Descrição do produto

10102 Milho em grão 31101 Produtos químicos inorgânicos

10104 Cana-de-açúcar 31102 Produtos químicos orgânicos

10105 Soja em grão 31201 Fabricação de resina e elastômeros

10106 Outros produtos e serviços da

lavoura 31301 Produtos farmacêuticos

10109 Algodão herbáceo 31401 Defensivos agrícolas

10110 Frutas cítricas 31501 Perfumaria, sabões e artigos de limpeza

10111 Café em grão 31601 Tintas, vernizes, esmaltes e lacas

10112 Produtos da exploração florestal e

da silvicultura 31701 Produtos e preparados químicos diversos

10201 Bovinos e outros animais vivos 31801 Artigos de borracha

10202 Leite de vaca e de outros animais 31802 Artigos de plástico

10203 Suínos vivos 31901 Cimento

10204 Aves vivas 32001 Outros produtos de minerais não-metálicos

10205 Ovos de galinha e de outras aves 32101 Gusa e ferro-ligas

20101 Petróleo e gás natural 32102 Semiacabados, laminados planos, longos e

tubos de aço

20201 Minério de ferro 32201 Produtos da metalurgia de metais não-

ferrosos

20301 Carvão mineral 32202 Fundidos de aço

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18

(continuação)

Código Descrição do produto Código Descrição do produto

20302 Minerais metálicos não-ferrosos 32301 Produtos de metal - exclusive máquinas e

equipamento

20303 Minerais não-metálicos 32401 Máquinas e equipamentos, inclusive

manutenção e reparos

30101 Abate e preparação de produtos de

carne 32501 Eletrodomésticos

30103 Carne de aves fresca, refrigerada ou

congelada 32601

Máquinas para escritório e equipamentos

de informática

30105 Conservas de frutas, legumes e

outros vegetais 32701 Máquinas, aparelhos e materiais elétricos

30106 Óleo de soja em bruto e tortas,

bagaços e farelo de soja 32801

Material eletrônico e equipamentos de

comunicações

30107

Margarinas e outras gorduras

vegetais, óleos de origem animal

não comestíveis - exclusive milho

32901 Aparelhos/instrumentos médico-

hospitalar, medida e óptico

30109 Leite resfriado, esterilizado e

pasteurizado 33001 Automóveis, camionetas e utilitários

30110 Produtos do laticínio e sorvetes 33002 Caminhões e ônibus

30111 Arroz beneficiado e produtos

derivados 33201

Peças e acessórios para veículos

automotores

30112 Farinha de trigo e derivados 33301 Outros equipamentos de transporte

30114 Óleos de milho, amidos e féculas

vegetais e rações 33401 Móveis

30115 Produtos das usinas e do refino de

açúcar 33402 Lapidação de gemas, joias e bijuterias

30116 Café torrado, moído e solúvel 33403 Outros produtos das indústrias diversas

30118 Outros produtos alimentares 33404 Sucatas recicladas

30119 Bebidas 40101 Produção e distribuição de eletricidade,

gás, água, esgoto e limpeza urbana

30201 Produtos do fumo 50101 Construção civil

30301 Beneficiamento de algodão e de

outros têxtil e fiação 60101 Comércio

30302 Tecelagem 70101 Transporte e Armazenagem

30303 Fabricação outros produtos Têxteis 80101 Serviços de informação

30401 Artigos do vestuário e acessórios 90101

Intermediação financeira, seguros e

previdência complementar e serviços

relacionados

30501 Preparação do couro e fabricação de

artefatos - exclusive calçados 100101 Aluguel

30502 Fabricação de calçados 110101 Serviços de manutenção e reparação

30601 Produtos de madeira - exclusive

móveis 110201 Serviços de alojamento e alimentação

30701 Celulose e outras pastas para

fabricação de papel 110301 Serviços prestados às empresas

30702 Papel e papelão, embalagens e

artefatos 110401 Educação mercantil e Saúde mercantil

30801 Jornais, revistas, discos e outros

produtos gravados 110601 Serviços prestados às famílias

30906 Outros produtos do refino de

petróleo e coque 110602 Serviços domésticos

31001 Álcool 120101 Administração pública

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

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19

Apesar do elevado número de atividades apresentadas da Matriz Insumo-Produto

de Minas Gerais 2008, o nível de detalhamento que se permitiu abertura contemplou as

atividades de têxteis, artigos de vestuário e acessórios e artefatos de couro e calçados,

separadamente. As atividades que envolvem joias e bijuterias são agregadas dentro de

produtos diversos da indústria juntamente com móveis, o que representa um conjunto

muito diversificado e a ausência desse nível de detalhamento de atividade por produto

não permitiu uma abertura mais ampla com a construção de uma atividade “joias e

bijuterias”. O quadro 2.3 apresenta as 42 atividades consideradas na Matriz Insumo-

Produto na versão Moda.

Quadro 2.3: Lista de atividades da Matriz Insumo-Produto (versão Moda)

Código Atividades Código Atividades

101 Agricultura, silvicultura, exploração

florestal 322 Metalurgia de metais não-ferrosos

102 Pecuária e pesca 323 Produtos de metal - exclusive máquinas

e equipamentos

201 Extrativa Mineral 324 Máquinas e equipamentos, inclusive

manutenção e reparos

301 Alimentos e Bebidas 325 Máquinas, equipamentos, aparelhos

eletroeletrônicos e eletrodomésticos

302 Produtos do fumo 330 Fabricação de veículos automotores

303 Têxteis 332 Peças e acessórios para veículos e outros

equipamentos de transporte

304 Artigos do vestuário e acessórios 334 Móveis e produtos das indústrias

diversas

305 Artefatos de couro e calçados 401 Produção e distribuição de eletricidade,

gás, água, esgoto e limpeza urbana

306 Produtos de madeira - exclusive móveis 501 Construção civil

307 Celulose e produtos de papel 601 Comércio

308 Jornais, revistas, discos 701 Transporte, armazenagem e correio

309 Refino de petróleo e coque 801 Serviços de informação

310 Álcool 901

Intermediação financeira, seguros e

previdência complementar e serviços

relacionados

311 Produtos químicos 1001 Atividades imobiliárias e aluguéis

313 Produtos farmacêuticos 1101 Serviços de manutenção e reparação

314 Defensivos agrícolas 1102 Serviços de alojamento e alimentação

315 Perfumaria, higiene e limpeza 1103 Serviços prestados às empresas

318 Artigos de borracha e plástico 1104 Educação mercantil e Saúde mercantil

319 Cimento 1106 Serviços prestados às famílias e

associativas

320 Outros produtos de minerais não-

metálicos 1107 Serviços domésticos

321 Fabricação de aço e derivados 1203 Administração pública

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

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20

2.5 Metodologia para delimitação de cadeia produtiva

Para a identificação da cadeia produtiva da moda, utilizou-se a metodologia

tradicional de Haguenauer et al (2001). O método baseia nas transações entre os setores

da economia de forma que identifique os mais significantes elos entre eles. A combinação

de fortes ligações entre grupos de atividades específicas forma o que se denomina de

cadeia produtiva.

Assim, é necessária a construção de uma matriz de transações 𝑇𝑖𝑗 (atividade x

atividade) com coeficientes que representem os volumes de negócios entre as atividades

econômicas. Essa matriz possuirá certas especificidades como a desconsideração do

autoconsumo, dos serviços e os insumos de uso difundido. Bens de capital, por exemplo,

são desconsiderados, já que o consumo desses bens pela indústria é considerado

esporádico e o bem em si não sofre transformação ao longo da cadeia (HAGUENAUER;

PROCHNIK, 2000).

A partir da matriz de transações 𝑇𝑖𝑗, utiliza-se um algoritmo matemático para

definir a cadeias produtivas realizando uma seleção dos setores constitutivos de cada uma.

Esse algoritmo indica uma relação significante entre os setores e também identifica um

ponto de corte entre as cadeias produtivas.

De acordo com Haguenauer e Prochnik (2000), a definição sobre a relação

significativa, já que os setores de uma economia praticamente se relacionam com todos

os demais setores, e o ponto de corte é arbitrária. Dessa forma, há a necessidade de

confirmação através de outras informações como a literatura prévia sobre o assunto e

também, nesse caso específico, o entendimento adotado sobre a moda.

O método possui certa simplicidade dado que se baseia na construção de um

ranking de vendas setoriais com seus principais setores clientes estabelecendo um

percentual das vendas de cada setor em relação ao total. Em paralelo, o mesmo é realizado

para as compras. Aqueles que aparecem como importante dentro do limite pré-

estabelecido tanto para as vendas quanto para as compras, são considerados elos

pertencentes a cadeia. Foram testados os limites de 25%, 50% e 75%, optando por

considerar o nível de 50%.

O resultado obtido no nível de 50% para as vendas apresentou que a atividade

“Têxtil” possui uma relação significativa com “Artigos de vestuários e acessórios”, que

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por sua vez, possui uma relação significante de compra com a “Têxtil”, evidenciando o

grau de importância que um setor possui com o outro. A esse nível, nenhuma outra relação

significante foi encontrada mutualmente pela venda e compra.

Portanto, a partir da aplicação da metodologia de identificação de cadeia

produtivas com base em Haguenauer e Prochnik (2000) e Haguenauer et al (2001), a

cadeia produtiva da moda seria a junção das atividades “Têxtil”, “Artigos de vestuários e

acessórios” e “Artefatos de couros e calçados”. Ressalta-se que ainda deve ser incluída a

parte referente à “Joias e bijuterias”, não contemplada na metodologia citada

anteriormente.

2.6 Atividades econômicas da cadeia da moda

As características apresentadas pelas três cadeias (têxtil-confecções, calçados-

couros e joias-bijuterias no tópico 2.3) e o resultado obtido pela metodologia de

identificação do tópico 2.5 fomentaram a construção da definição das atividades

econômicas da cadeia produtiva da moda no conceito núcleo apresentado pelo quadro 2.4

em 24 classes em 12 grupos segundo classificação CNAE 2.0.

As atividades resultantes da cadeia têxtil-confecções/vestuário foram a fabricação

de produtos têxteis que inclui atividades desde a preparação e fiação de fibras de algodão,

outras fibras naturais e fiação de fibras artificiais e sintéticas, passando pela fabricação

de linhas para costura, tecelagem, malharia e acabamentos. A fabricação de fibras

artificiais e sintética da indústria química também foi considerado. No campo da

confecção, variadas peças do vestuário foram incluídas. Ressalta-se a exclusão de itens

como artefatos têxteis de uso doméstico, tapeçaria, cordoaria e a confecção de roupas

profissionais.

Quanto a cadeia de couros-calçados considerou-se a etapa de curtimento e outras

preparações do couro, fabricação de artigos e bolsas, calçados tanto de couro quanto de

outros materiais. Em contrapartida excluiu-se a CNAE 15.29-7 de fabricação de artefatos

de couro não especificados anteriormente por não contemplar produtos característicos da

moda.

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22

Quadro 2.4: Atividades da cadeia produtiva da moda – núcleo

CNAE 2.0

Divisão/Grupo

CNAE 2.0

Classe Descrição

13 FABRICAÇÃO DE PRODUTOS TÊXTEIS

13.1 Preparação e fiação de fibras têxteis

13.11-1 Preparação e fiação de fibras de algodão

13.12-0 Preparação e fiação de fibras têxteis naturais, exceto algodão

13.13-8 Fiação de fibras artificiais e sintéticas

13.14-6 Fabricação de linhas para costurar e bordar

13.2 Tecelagem, exceto malha

13.21-9 Tecelagem de fios de algodão

13.22-7 Tecelagem de fios de fibras têxteis naturais, exceto algodão

13.23-5 Tecelagem de fios de fibras artificiais e sintéticas

13.3 Fabricação de tecidos de malha

13.30-8 Fabricação de tecidos de malha

13.4 Acabamentos em fios, tecidos e artefatos têxteis

13.40-5 Acabamentos em fios, tecidos e artefatos têxteis

14 CONFECÇÃO DE ARTIGOS DO VESTUÁRIO E ACESSÓRIOS

14.1 Confecção de artigos do vestuário e acessórios

14.11-8 Confecção de roupas íntimas

14.12-6 Confecção de peças do vestuário, exceto roupas íntimas

14.14-2 Fabricação de acessórios do vestuário, exceto para segurança e proteção

14.2 Fabricação de artigos de malharia e tricotagem

14.21-5 Fabricação de meias

14.22-3 Fabricação de artigos do vestuário, produzidos em malharias e

tricotagens, exceto meias

15 PREPARAÇÃO DE COUROS E FABRICAÇÃO DE ARTEFATOS

DE COURO, ARTIGOS PARA VIAGEM E CALÇADOS

15.1 Curtimento e outras preparações de couro

15.10-6 Curtimento e outras preparações de couro

15.2 Fabricação de artigos para viagem e de artefatos diversos de couro

15.21-1 Fabricação de artigos para viagem, bolsas e semelhantes de qualquer

material

15.3 Fabricação de calçados

15.31-9 Fabricação de calçados de couro

15.32-7 Fabricação de tênis de qualquer material

15.33-5 Fabricação de calçados de material sintético

15.39-4 Fabricação de calçados de materiais não especificados anteriormente

15.4 Fabricação de partes para calçados, de qualquer material

15.40-8 Fabricação de partes para calçados, de qualquer material

20 FABRICAÇÃO DE PRODUTOS QUÍMICOS

20.4 Fabricação de fibras artificiais e sintéticas

20.40-1 Fabricação de fibras artificiais e sintéticas

32 FABRICAÇÃO DE PRODUTOS DIVERSOS

32.1 Fabricação de artigos de joalheria, bijuteria e semelhantes

32.11-6 Lapidação de gemas e fabricação de artefatos de ourivesaria e joalheria

32.12-4 Fabricação de bijuterias e artefatos semelhantes

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

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Por fim, da cadeia de joias-bijuterias, inclui-se a lapidação de gemas e fabricação

de artefatos de ourivesaria e joalheria bem como a fabricação de bijuterias e artefatos

semelhantes.

Cabe observar que nem sempre existe a disponibilidade das informações em

CNAE 2.0 classe (5 dígitos) ou a compatibilização nesse nível de desagregação.

Consequentemente, superestimações desse conceito podem ocorrer dependendo da

variável em que se esteja analisando em níveis superiores da CNAE 2.0 grupo. Por essa

razão destacou-se anteriormente as exclusões realizadas.

Para as atividades relacionadas, além da análise das informações disponíveis das

três cadeias, utilizaram-se os resultados da metodologia de identificação ao nível de 75%

e não necessariamente relações mútuas de importância entre os setores analisando o

consumo e o fornecimento. Os resultados podem ser visualizados na figura 2.5 que agrega

todos os setores analisados.

A agricultura possui uma forte ligação com a indústria têxtil, refere-se à produção

de matérias-primas para fabricação de fibras naturais vegetais, da mesma forma, a

indústria química e petroquímica, com os derivados do petróleo para produção de fibras

artificiais e sintéticas. As fibras naturais animais originam-se na pecuária, que também se

relaciona com a indústria de couros e calçados pelo lado da pecuária de corte com

intermédio da indústria de alimentos. A extrativa mineral e a metalurgia relacionam-se

com a fabricação de joias e bijuterias.

A produção e distribuição de eletricidade, água, gás e outros serviços relacionados

relaciona-se de maneira difundida com todas as atividades econômicas, porém sua relação

com a indústria têxtil e calçados se destacam. A indústria de máquinas e equipamentos é

essencial em todos os elos da cadeia da moda, e assim, também se relacionam os serviços

de manutenção e reparação. A indústria de embalagens também se relaciona com a cadeia

da moda principalmente a relação com a indústria de calçados pelo elo com a indústria de

celulose e papel. Para que os produtos cheguem ao mercado, são necessários os serviços

de transporte e armazenagem, além do comércio atacadista e varejista. Uma gama de

outros serviços técnicos também pode ser citada como os de publicidade e propaganda,

edição, fotografia e marketing e também outros serviços como educação, informação e

comunicação.

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Figura 2.5: Atividades da cadeia produtiva da moda – relacionadas

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

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3. CADEIA PRODUTIVA DA MODA NO CENÁRIO NACIONAL E

INTERNACIONAL

Em meio às discussões concernentes aos processos produtivos, uma análise

prospectiva das atuais linhas de produção exige a confirmação teórica entre a realidade e

os apontamentos possíveis, considerando-se o contexto atual. Uma nova morfologia de

cada setor implica em considerar as complexidades que compõem a realidade e

identificação dos principais vetores que podem produzir alterações propositivas aos

agentes centrais envolvidos.

Dessa forma, a identificação dos agentes, o mapeamento dos processos e o estudo

das correlações entre os agentes econômicos que atuam diretamente ou indiretamente em

um ramo ou setor de produção são elementos importantes para o desenvolvimento de

negócios.

No entanto, não se trata de uma compreensão meramente objetiva, mas das

possíveis conotações subjetivas intrínsecas às forças de produção. Essas compõem seu

desdobramento conforme as tendências de mercado e componentes singulares envolvidos

no processo histórico de composição, na cultura, nas legislações, nos negócios, na

matéria-prima e na fidelização do consumidor final.

Neste estudo, dado o seu escopo, tratar-se-á inicialmente do modelo geral de

produção, seja cadeia de valor ou cadeia de produção, e as especificidades que compõem

cada um dos ramos de produção da cadeia produtiva da moda, ambos sob a perspectiva

da globalização.

3.1 Cadeia produtiva da moda ou cadeia global

Entre as décadas de 1980 a 2010, ocorreram mudanças significativas no ambiente

de mercado global com rebatimentos diretos à cadeia de produção da moda. A eliminação

de barreiras comerciais transnacionais e a ampliação do ambiente cibernético que

influenciaram fortemente povos e culturas alteraram as relações comerciais, incluindo o

perfil e a força de trabalho.

No que se refere à cadeia produtiva da moda, faz-se necessário conhecer os

diferentes segmentos que a compõem, nas peculiaridades do processo desde os insumos

gerados até as receitas produzidas, em uma perspectiva da capilaridade real e observada

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ou na capilaridade projetada a partir da leitura de cenários. Isso pode indicar diferentes

rumos a esses variados setores, principalmente numa magnitude mundial, pois exige-se a

articulação de diversos atores, delineados pelos marcos regulatórios nacionais e com a

forte influência que a cultura enlaça o objeto em questão.

A sociedade moderna sustenta-se na conexão ilimitada de povos e nações, criando

os chamados ciberespaço e cibercultura. Lévy (1999, p. 92) define ciberespaço como

sendo “o espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e

das memórias dos computadores”. Essa desterritorialização compreende uma dimensão

política em face de sua influência pela comunicação nos contornos da economia. A

tecnologia ou acesso ao computador tanto permite a difusão da informação e contribui

para o alargamento da democracia bem como é capaz de provocar colisão a um poder

estatal autoritário e centralizador, suscitado pela ausência de territórios ou de suas

demarcações.

A cibercultura, neste contexto, pode ser vista como se “constituem precisamente

a instância em que as mais diferentes produções simbólicas se entrecruzam e é

precisamente o espaço em que a humanidade se situa no momento presente enquanto a

grande rede de memórias informativas” (OLIVEIRA, 2004, p.25). Ou seja, o conteúdo da

informação contribui para a alteração e miscigenação de conceitos e comportamentos que

se fundem à originalidade e tradição de cada povo, desvencilhando nele significâncias.

Daí os subsistemas sociais diversos constituem se em sistemas pluralistas em que

não se isolam em um único modelo de conduta, mas se reconstroem sob influência de

uma cosmovisão compartilhada por todos. Neste interim, recaem sobre as organizações e

seus profissionais a busca incessante pela compreensão dos novos comportamentos e

tradicionais ainda perenes que perfazem o composto do consumo e suas tendências.

Os mercados globalizados, os recursos tecnológicos e as redes de interatividade

compõem o grupo de insumos imprescindíveis à cadeia da moda.

A dispersão cultural também foi ressignificada a partir dos novos arranjos que a

globalização proporcionou à economia dos países a partir da dispersão espacial da

produção. Toma-se um novo modelo de produção denominado Cadeias Globais de

Produção. Segundo Anjos apud Costa (2011, p. 43), “uma cadeia é considerada global

quando as atividades integrantes da cadeia, localizadas em diferentes países, formam uma

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rede de relações nas quais algumas empresas coordenam as atividades, além de

controlarem aquelas consideradas estratégicas”.

No estudo específico sobre o ramo de produção têxtil e vestuário, Gereffi (1994)

introduzem o conceito de cadeia global de produção baseado em quatro itens: a dimensão

global; o poder das empresas líderes sobre as demais que compõem a cadeia, podendo

alterar as lideranças ao longo do tempo; a coordenação da cadeia, que pode-se tornar uma

vantagem competitiva e a informação, sendo esse determinante para a posição que a

organização ocupa na cadeia.

Ao significado da informação incute-se a significância do saber, do conhecimento.

Ou seja, o posicionamento não se limita à repercussão midiática dos produtos aos

consumidores. Pressupõe anteriormente a capacidade de inovação, de novos produtos, de

novos agentes de insumo, de descobertas. A exemplo, cita-se o empoderamento da

Companhia Dupont na década de 30 do século XX a partir dos investimentos na pesquisa

científica precursada pelo mestre e doutor da Universidade de Illinois e docente da

Universidade de Harvard em 1924, Wallace Hume Carothers, quando havia iniciado seus

estudos sobre as estruturas de polímeros, com apenas 28 anos. Após o segundo insistente

convite dos proprietários da empresa, ingressou no grupo em 1928 e posteriormente Paul

Flory também passou a compor a equipe (FANTONI, 2012). O sucesso da poliamida,

com o nome comercial de Nylon, permanece à frente para uso em produtos têxteis

variados. Tal visão dos gestores voltada para investimentos em pesquisa garantiu o lugar

pioneiro da organização no mercado global. Outrossim, a informação apropriada a partir

do conhecimento altera o fluxo do comando e das forças produtivas.

A partir dessa definição, Gereffi, Humphrey e Sturgeon (2005) condicionará os

modelos de organização a partir da centralidade dos comandos dos processos de

produção. Às organizações transnacionais que se posicionam à frente de todo o processo

de produção na vertente da alta tecnologia denomina-se producer-driven, exigindo-se,

portanto, um montante considerável de capital. Pode-se citar para esse modelo as

empresas de equipamentos tecnológicos de comunicação, das indústrias automobilísticas

e as de aviação.

As organizações que compõem a cadeia produtiva da moda são classificadas a

partir do conceito de buyer-driven. Trata-se do modelo cuja centralidade da produção

converge para o comprador. Como no primeiro, a descentralização do processo de

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produção ocorre nos diferentes países conforme uma complexidade de fatores, dos

insumos aos custos da mão de obra e legislações tributárias. Uma vez direcionada ao

consumidor, a centralidade desloca-se da produção para o agente mercadológico

enquanto vetor principal de ligação da produção ao consumo. Nesse sentido, as

organizações cujo objeto de atividade se traduz em criação ou desenvolvimento do

produto, ações de marketing e comercialização assumem a centralidade da cadeia

produtiva. Essa nova configuração de produção na qual se encontra a cadeia produtiva da

moda projeta no cenário econômico as grandes organizações de varejo e detentores de

marcas reconhecidas mundialmente que passam a determinar a produção (Gereffi, 1999).

O poder de comando ou governança corporativa é assumido pelos grandes compradores

em face da importância pela comercialização e pela competência estratégica para

colocação dos produtos no mercado.

A governança corporativa pode ser entendida como o sistema de direcionamento

e monitoramento do complexo organizacional que envolve os relacionamentos entre

acionistas/cotistas, conselho de administração, diretoria, auditoria independente e

conselho fiscal. Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), as

práticas de governança corporativa voltam-se ao aumento do valor da organização, a fim

de facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a sua perenidade.2 Portanto, o conceito

encontra-se vinculado ao nível de confiança entre todas as partes interessadas. Portanto,

o poder de liderança exige posições estratégicas no mercado em prol da cadeia,

determinantes do escopo de produção e de exigência de resultados.

Essa reconfiguração do processo produtivo instalou à lógica da produção as

condições de viabilidade de custo, qualidade, entrega e prazo, em geral instaladas em

países com economias favoráveis a esta ótica. Às grandes corporações de faturamento de

venda resguardou-se a centralidade dos negócios, determinantes às demais tanto para a

produção quanto para a configuração nesse mercado. A esmo, esse cenário vem

contribuindo para o processo de ‘desindustrialização’ dos setores da cadeia da moda

tradicionais nos países escalados para a produção, a partir do determinante central custo

da mão de obra. A alternativa para sustentabilidade desses produtores direcionou-se para

o segmento de alto valor de consumo e assim de produção como diferencial

2

Disponível em http://www.ibgc.org.br/inter.php?id=18161.

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29

mercadológico, incluindo-se o tipo de produto. Trata-se da chamada alta costura,

conciliando o sofisticado à originalidade e, por vezes, a tradição.

Portanto, a compreensão das cadeias produtivas, e neste estudo, a cadeia produtiva

da moda exige o direcionamento para a concepção de sistemas. Segundo Lieber, a

compreensão de sistema se refere a uma lógica, uma forma de apreensão da realidade. A

formulação de sistemas se referência à “descrição ou destaque ‘daqueles’ traços da

realidade, cujo conjunto permite a percepção de uma condição de ordem e a proposição

de uma forma operativa voltada para um dado objetivo” (LIEBER, p.1). Essa

interpretação remete à concepção de Morgan (2007) ao se referir às organizações através

de metáforas, implicadas em um modo de pensar e uma forma de ver, permitem a

compreensão dos fenômenos complexos e paradoxais que as compõem, de múltiplas

maneiras.

As cadeias produtivas, e mais precisamente a cadeia produtiva da moda,

extrapolam a imagem de composição em rede de máquinas desenhadas para cada parte

que se interliga. Não se restringe a cada composição desempenha um papel claramente

definido como parte de um todo, para atingir fins e objetivos previamente determinados,

em detrimento do aspecto humano. A essa imagem, agregam-se a concepção de

organismo enquanto exigência para uma compreensão e administração de necessidades,

a concepção sustentada na importância da informação, aprendizagem e inteligência bem

como os condicionantes culturais translúcidos às normas, crenças, valores e padrões de

significado compartilhados que orientam a vida organizacional. A este espectro, aditam

os conjuntos de interesses e conflitos que perfazem pelos jogos do poder, por vezes

inundados pelas dimensões particularizadas que se transladam às perspectivas

organizacionais, exigindo aderência à mudança organizacional como estratégia para a

convergência de objetivos e reiteração mercadológica.

Em suma, a cadeia produtiva da moda exige, para a compreensão em sua

integridade aproximada à realidade, pensar a possibilidade de desenvolver o potencial

transformador de ideias e análises, considerando as dimensões sócio históricas e

conjunturais que provocam o seu movimento, internamente referendado também pelo

cenário externo pelos seus atores.

No campo dos estudos acadêmicos e do marketing internacional, o Brasil realiza

desde 1996 o São Paulo Fashion Week (SPFW), considerado pelos críticos do setor como

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30

o principal evento da moda da América Latina e aproximando-se dos principais eventos

mundiais que ocorrem de maneira similar em Paris, Milão, Nova Iorque e Londres,

anualmente. A partir da iniciativa de Paulo Borges, organizador da SPFW instigou-se a

discussão acadêmica nesta área no Brasil, intensificada pela relação entre a arte e a

arquitetura.

Ambas desenham tendências tratando da poética, retratando o dia a dia, a

cultura, a economia, a sociologia, estudando estruturas, volumes, contrastes de

luz e sombra, cheios e vazios, escolhendo materiais, criando transparências,

cortes e recortes. Na moda, a escala se materializa no corpo resultando no

estigma do comportamento de cada pessoa, na arquitetura a escala ganha força

imprimindo arte na criação de objetos, móveis, edifícios e paisagens urbanas.

(RIBEIRO, 2011, p. 7)

3.2 Têxteis e confecções

Numa primeira imagem de um conjunto de etapas seriadas que permitem a

transformação de insumos ao atendimento às demandas do consumidor, permite-se

visualizar a Cadeia Produtiva de Têxteis e Confecções composta por uma estrutura de

indústrias de fibras e filamentos, fiação, tecelagem, malharia e beneficiamento e as

indústrias de confecções (vestuário).

Simultaneamente, a independência de processos ou etapas não significa ou se

restringe necessariamente a um produto final. Uma organização da cadeia pode-se inteirar

com outros segmentos, inclusive de outras cadeias produtivas, bem como assumir

concomitantemente a participação em um processo de fabricação e a exposição direta ao

mercado de determinado produto final. Portanto, a cadeia produtiva de têxteis e

confecções se caracteriza pela complexidade face às alternativas transversais que atuam

simultaneamente entre os agentes.

Até 2005, o Acordo Multifibras (AMF) formalmente denominado de Acordo

Internacional sobre Comércio Têxtil - Arrangement Regarding Internacional Trade in

Textiles - vigorou no país o sistema de cotas de exportação. Assinado primeiramente em

1974 para o período de 10 anos e renovado posteriormente até 2005 - Acordo de Têxteis

e Vestuário (1995-2004) – o mesmo serviu como estrutura para outros acordos

internacionais bilaterais ou ações unilaterais entre os países membros. No entanto,

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31

estabelecia também o limite de cotas para importações através de restrições quantitativas

(sobre os principais mercados consumidores sejam EUA e União Europeia) e a integração

do comércio de produtos têxteis e confeccionados às regras da Organização Mundial do

Comércio (OMC).

Com o fim do acordo, observou-se a redução das exportações dos países no eixo

EUA e União Europeia e o aumento das exportações de países geograficamente mais

distantes, em especial, para países menos desenvolvidos. Isso exigiu das indústrias

têxteis-vestuário investimentos para redesenho de seus produtos e estratégias comerciais.

Segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2014, as exportações

de têxtil e confecção no mundo alcançou a cifra de US$ 797 bilhões. O gráfico 3.1

apresenta o total de exportações mundiais desse grupo de produtos entre os anos de 2000

a 2014.

Gráfico 3.1: Exportação mundial de têxteis e confeccionados 2004-2014 (US$ bilhões)

Fonte: Dados básicos: Organização Mundial do Comércio (OMC).

Elaboração própria.

Brasil apareceu em 38º lugar no comércio mundial apenas de produtos têxteis em

2014 representando 0,3% do total do mundo. China, Índia, Alemanha, Estados Unidos e

Itália apareceram nos cinco primeiros lugares sendo nessa ordem do maior para o menor.

A composição das exportações mundiais desses produtos está representada pelo gráfico

3.2 (a). No caso do vestuário, o Brasil ocupou a posição de número 79 com 0,03% do

455 482529

587 614

528

607

713 703764

797

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

US$ bilhões

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32

total em 2014, sendo os primeiros lugares ocupados, em ordem decrescente, pela China,

Itália e Bangladesh (GRÁFICO 3.2 (b)).

Gráfico 3.2: Composição das exportações mundiais de têxteis e vestuário - 2014 – maiores países e

Brasil (%)

(a) Têxtil (b) Vestuário

Fonte: Dados básicos: Organização Mundial do Comércio (OMC).

Elaboração própria.

Considerando as exportações e importações brasileiras da cadeia têxtil-confecções

sob o conceito da moda núcleo3, a tabela 3.1 apresenta a pauta exportadora e importadora

por subsetores e também o resultado da balança comercial nesse nível. Em 2014, o Brasil

exportou US$ 2.118 milhões de produtos têxteis-confecções e importou US$ 6.267

milhões gerando um déficit de pouco mais de quatro bilhões de dólares.

As exportações brasileiras da cadeia têxtil-confecções destacaram-se em 2014

pelas exportações de “Preparação e fiação de fibras de algodão” com 64,4%, seguidos da

“Tecelagem de fios de algodão” (7,4%) e da “Confecção de peças de vestuário” (5,4%).

Por outro lado, um terço das importações de 2014 da cadeia referiu-se à “Confecção de

peças de vestuário”, seguidos de produtos relacionados a fibras artificiais e sintéticas

sendo a fiação (22,7%) e a tecelagem (16,3%).

3

A lista de produtos comercializados no exterior divulgada pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX)

do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) divulgada em códigos da

Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) foi compatibilizada com a Classificação Nacional de

Atividades Econômicas (CNAE) 2.0 e avaliada de acordo com o conceito moda núcleo estabelecido na

seção anterior.

China; 35,6

India; 5,8

Alemanha; 4,9Estados Unidos;

4,6Itália; 4,4

Brasil; 0,3

Outros; 44,4

China; 38,6

Itália; 5,1Bangladesh;

5,1

Brasil; 0,03

Outros; 51,1

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33

Tabela 3.1: Exportações e importações da cadeia têxtil-confecções – Brasil – 2014 – US$ milhões

Atividades Exportações Importações Balança

comercial

Part.

Exportações

(%)

Part.

Importações

(%)

Têxteis e confecções 2.118 6.267 -4.149 100,0 100,0

Confecção de peças do

vestuário, exceto roupas

íntimas

115 2.084 -1.969 5,4 33,3

Confecção de roupas íntimas 22 151 -129 1,0 2,4

Fabricação de acessórios do

vestuário 49 157 -108 2,3 2,5

Fab. de artigos do vestuário

em malharias e tricotagens 3 158 -155 0,1 2,5

Fab. de calçados de materiais

não especif. anteriormente 4 1 3 0,2 0,0

Fabricação de fibras artificiais

e sintéticas 86 220 -134 4,1 3,5

Fabricação de linhas para

costurar e bordar 12 9 3 0,6 0,1

Fabricação de meias 6 37 -31 0,3 0,6

Fabricação de tecidos de

malha 57 554 -497 2,7 8,8

Fiação de fibras artificiais e

sintéticas 71 1.425 -1.354 3,4 22,7

Preparação e fiação de fibras

de algodão 1.365 141 1.224 64,4 2,2

Preparação e fiação de fibras

têxteis naturais 90 35 55 4,3 0,6

Tecelagem de fios de algodão 156 241 -85 7,4 3,8

Tecelagem de fios de fibras

artificiais e sintéticas 80 1.020 -940 3,8 16,3

Tecelagem de fios de fibras

têxteis naturais 3 31 -28 0,1 0,5

Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).

Elaboração própria.

Em relação aos países de destino, referente às exportações e países de origens, em

referência às importações, a tabela 3.2 apresenta as participações dos maiores países da

pauta exportadora e importadora de têxteis-confecções conforme o conceito moda núcleo

no ano de 2014. China, Indonésia e Argentina são os principais países que o Brasil

exportou artigos têxteis e confeccionados. Por outro lado, a China é o principal país de

origem dessa classe de produtos representando 54% das importações de têxteis em 2014.

Índia e Indonésia apareceram em segundo e terceiro, respectivamente, no ranking das

importações de artigos têxteis, porém com uma larga diferença do primeiro colocado.

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34

Tabela 3.2: Países de destino e origens de têxteis e confeccionados – Brasil – 2014 (%)

Países destino das

exportações % exportações

Países origem das

importações % importações

China 15,9 China 53,8

Indonésia 15,3 Índia 8,3

Argentina 9,0 Indonésia 5,6

Coreia do Sul 7,6 Bangladesh 3,2

Vietnã 6,9 Estados Unidos 3,0

Paraguai 4,3 Taiwan 2,9

Turquia 4,1 Vietnã 2,5

Estados Unidos 3,5 Peru 2,0

Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).

Elaboração própria.

Em relação ao conjunto de produtos mais exportados pelo Brasil da cadeia

produtiva de têxteis-confecções, “Preparação e fiação de fibras de algodão” destinou-se

24,4% para a China, 23,8% para Indonésia, 11,7% para o Coreia do Sul e 10,4% para o

Vietnã conforme os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

Exterior.

A China também se destaca em termos das importações nos principais subsetores.

De acordo com os dados da Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

Exterior, 59,1% da “Confecção de peças de vestuário” originou-se da China. Além disso,

da fiação de fibras artificiais e sintéticas importadas pelo Brasil em 2014, 20,6% teve a

China como país de origem e 20,3% a Indonésia. Já a importação de tecelagem de fibras

artificiais e sintéticas, 72,1% são chinesas.

Em relação aos estados brasileiros, Mato Grosso do Sul exportou 36,1% de

têxteis-confecções em 2014. O segundo lugar foi ocupado pelo Estado da Bahia com

20,7%, seguido de São Paulo com 14,7%. Rio Grande do Sul e Santa Catarina também se

destacaram com 6,0% e 4,0%, respectivamente. Minas Gerais apareceu nesse ranking em

sexto lugar com 3,2% das exportações.

A importação de têxteis-confecções aconteceu principalmente em Santa Catarina

e São Paulo, responsáveis por 34,1% e 28,8% do total de importados em 2014. Em

terceiro apareceu Espírito Santo com 9,3% e Minas Gerais apenas em sétimo com 2,6%

atrás de Mato Grosso do Sul, Ceará e Rio de Janeiro, de acordo com os dados do

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

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35

No ranking dos municípios que comercializam com o exterior artigos têxteis

(Classificação DataViva), a cidade mineira de Montes Claros se posicionou em 21º lugar

em relação aos demais municípios brasileiros (TABELA 3.3). Ressalta-se o destaque de

municípios dos Estados do Mato Grosso, Bahia, São Paulo e os estados da região Sul

(Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul).

Tabela 3.3: Ranking dos municípios brasileiros exportadoras de artigos têxteis segundo participação em

relação ao volume total do Brasil – 2014

Posição Município Estado % exportação

Brasil

Milhões

US$

1º Rondonópolis Mato Grosso 6,7 170,0

2º Barreiras Bahia 5,9 149,0

3º Luiz Eduardo

Magalhães Bahia 5,5 141,0

4º Cuiabá Mato Grosso 5,1 130,0

5º Sapezal Mato Grosso 4,8 121,0

6º São Paulo São Paulo 3,3 84,4

7º Santos São Paulo 3,1 77,9

8º Conceição do Coité Bahia 2,8 70,9

9º São José dos Pinhais Paraná 2,7 67,5

10º Diamantino Mato Grosso 2,5 63,1

11º Santo André São Paulo 2,4 59,9

12º São Desidário Bahia 2,1 53,6

13º Blumenau Santa Catarina 1,8 45,8

14º Gravataí Rio Grande do Sul 1,7 43,5

15º Campo Novo do

Parecis Mato Grosso 1,7 42,8

16º Nova Mutum Mato Grosso 1,6 41,6

17º Paulínia São Paulo 1,3 34,2

18º Londrina Paraná 1,3 33,7

19º Piçarras Santa Catarina 1,3 33,6

20º São Leopoldo Rio Grande do Sul 1,2 31,0

21º Montes Claros Minas Gerais 0,8 20,3

Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Secretaria de Comércio Exterior (SECEX). DataViva.

Elaboração própria.

Em relação às cidades brasileiras exportadoras de ‘outros produtos têxteis

confeccionados no Brasil’ (Classificação DataViva), o ranking apresenta Belo Horizonte

em 16º lugar dentre as demais do país em volume de exportação (TABELA 3.4).

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36

Tabela 3.4: Ranking dos municípios brasileiros exportadoras de ‘outros produtos têxteis confeccionados’

segundo participação em relação ao volume total do Brasil – 2014

Posição Município Estado % exportação

Brasil

Milhões

US$

1º Valinhos São Paulo 14,0 1.110

2º Rio de Janeiro Rio de Janeiro 11,0 837

3º São José dos Campos São Paulo 10,0 795

4º Sumaré São Paulo 8,2 639

5º Jundiaí São Paulo 9,0 705

6º Mondaí Santa Catarina 6,0 468

7º Nova Odessa São Paulo 4,7 370

8º São Paulo São Paulo 4,5 351

9º Poá São Paulo 3,8 297

10º Itapetininga São Paulo 3,6 279

11º Santos São Paulo 2,2 169

12º Blumenau Santa Catarina 2,0 159

13º Foz do Iguaçu Paraná 1,8 139

14º Esteio Rio Grande do Sul 1,8 138

15º Belo Horizonte Minas Gerais 1,6 126

Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Secretaria de Comércio Exterior (SECEX). DataViva.

Elaboração própria.

3.3 Couros e calçados

Apesar da ampliação da produção de calçados no Brasil como produto voltado

para a exportação, desconsiderando as intermitências conjunturais mundiais e internas

que provocam oscilações, o Brasil, especificamente sobre calçados vem perdendo

participação no cenário internacional. Segundo os dados do International Trade Centre,

em sua plataforma Trade Map, o Brasil ocupou em 2014 a 18ª posição em exportações

de calçados com participação de 0,9% do total do mercado mundial, sendo que em 2011,

essa taxa era de 1,3%. Nesse mercado, a China exportou 39,9% do total, seguido do

Vietnã com 7,6%. Ressalta-se que esse último país tem crescido nesse segmento.

Em contrapartida, a respeito de couros e suas preparações, o Brasil é o terceiro

maior exportado do mundo com 8,1% do total das exportações de 2014 perdendo para a

Itália (15,3%) e Estados Unidos (10,5%). A participação do Brasil em 2010 era de 6,3&

em 2011, passou para 6,5% em 2012, seguido de 7% em 2013 até alcançar o referido

8,1% em 2014 segundo os dados da Internacional Trade Centre.

O comércio exterior do Brasil da cadeia couros-calçados sob o conceito da moda

núcleo é apresentado pela tabela 3.5 bem como o resultado da balança comercial até

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37

mesmo em subsetores. Em 2014, o Brasil exportou US$ 4.189 milhões de couros e

calçados e importou US$ 1.227 milhões. Assim, o resultado apresentou-se superavitário

em quase três bilhões de dólares.

Mais especificamente sobre as exportações brasileiras de couros e calçados,

destacaram-se em 2014 as exportações de “Curtimento e outras preparações de couro”

com 70,2%, seguidos da “Fabricação de calçados de couro” e da “Fabricação de calçados

de material sintético”, ambos com 11,9% de representação. Do lado das importações, a

“Fabricação de artigos para viagem, bolsas e semelhantes de qualquer material”

representou 46,3% das importações de 2014 da cadeia, seguido de “Fabricação de tênis”

(29,1%).

Tabela 3.5: Exportações e importações da cadeia couro-calçados – Brasil – 2014 – US$ milhões

Atividades Exportações Importações Balança

comercial

Part.

Exportações

(%)

Part.

Importações

(%)

Couros-calçados 4.189 1.227 2.963 100,0 100,0

Curtimento e outras

preparações de couro 2.939 24 2.916 70,2 1,9

Fabricação de artigos para

viagem, bolsas e semelhantes

de qualquer material

16 568 -552 0,4 46,3

Fabricação de calçados de

couro 500 104 396 11,9 8,5

Fabricação de calçados de

material sintético 498 98 400 11,9 8,0

Fabricação de partes para

calçados, de qualquer

material

170 75 96 4,1 6,1

Fabricação de tênis de

qualquer material 65 357 -293 1,5 29,1

Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).

Elaboração própria.

Em relação aos países de destino e origem de couros e calçados, a tabela 3.6

apresenta as participações dos maiores países conforme o conceito moda núcleo. Em

2014, China, Estados Unidos e Itália são os principais países que o Brasil exportou artigos

de couro e calçados. A China também aparece como o principal país de origem

representando 43,2% das importações de couros-calçados em 2014. Vietnã e Indonésia

são os outros países que o Brasil mais comprou produtos de couro e calçados.

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38

Tabela 3.6: Países de destino e origens de couros e calçados – Brasil – 2014 (%)

Países destino das exportações % exportações Países origem das importações % importações

China 19,8 China 43,2

Estados Unidos 12,0 Vietnã 28,6

Itália 10,5 Indonésia 10,0

Hong Kong 6,0 Itália 4,3

Alemanha 5,0 Hong Kong 2,9

Vietnã 4,1 Paraguai 2,1

Argentina 3,2 Argentina 1,2

México 2,9 França 1,2

Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).

Elaboração própria.

Conforme já mencionado, o “Curtimento e outras preparações de couro” é o

principal exportado pelo Brasil e possui como principais destinos China (28,1%), Itália

(14,4) e estados Unidos (10,3). Em relação a “Fabricação de calçados de couro”, os

Estados Unidos é o maior comprador com 32,1%, seguido da França com 9,4%. Já a

“Fabricação de calçados de material sintético” é exportado principalmente para a

Argentina com 12,0% e Angola com 9,8%. Pelo lado das importações, a “Fabricação de

artigos para viagem, bolsas e semelhantes de qualquer material” originou-se em 2014

predominantemente da China (78,5%) e a “Fabricação de tênis” do Vietnã (67%)

conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Em relação aos estados brasileiros, o Rio Grande do Sul é o maior exportador de

produtos de couros e calçados, representaram 26,7% das exportações do país nesse

segmento em 2014. São Paulo (16,7%), Ceará (12,8%) e Goiás (10,2%) também se

destacaram. Minas Gerais apareceu em 8º com 4,2%, atrás também de Paraná, Bahia e

Mato Grosso do Sul. São Paulo foi o responsável por importar 49,8% em 2014 da cadeia

couros-calçados, seguidos de Santa Catarina e Paraíba, ambos com 11,0%.

Em nível municipal, no segmento de produção de calçados de borracha dentro da

cadeia produtiva de couros e calçados, Sobral é o principal município exportador com

40% do total do país. Montes Claros posicionou em 8º lugar nesse ranking apresentado

pela tabela 3.7.

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39

Tabela 3.7: Ranking dos municípios brasileiros exportadoras de ‘calçados de borracha’ segundo

participação em relação ao volume total do Brasil – 2014

Posição Município Estado % exportação

Brasil

Milhões

US$

1º Sobral Fortaleza 40,0 198,0

2º Campina Grande Paraíba 18,0 89,2

3º Igrejinha Rio Grande do Sul 5,3 26,3

4º Sapiranga Rio Grande do Sul 3,5 17,7

5º São Paulo São Paulo 3,7 18,3

6º Itapetinga Bahia 2,2 11,0

7º Birigui São Paulo 2,1 10,2

8º Montes Claros Minas Gerais 2,1 10,7

Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Secretaria de Comércio Exterior (SECEX). DataViva.

Elaboração própria.

Em relação aos calçados de couro, Franca em São Paulo é maior destaque do ano

de 2014 com 16%. Ressalta-se o grande número de municípios do Rio Grande do Sul.

São Sebastião do Paraíso e Dores de Campos são os municípios mineiros que

apresentaram nas primeiras colocações do Estado ocupando a 16ª e 18ª posição,

respectivamente (TABELA 3.8).

Tabela 3.8: Ranking dos municípios brasileiros exportadoras de ‘calçados de couro’ segundo participação

em relação ao volume total do Brasil – 2014

Posição Município Estado % exportação

Brasil

Milhões

US$

1º Franca São Paulo 16,0 80,4

2º Dois Irmãos Rio Grande do Sul 13,0 65,2

3º Uruburetama Ceará 12,0 57,1

4º Novo Hamburgo Rio Grande do Sul 7,2 35,6

5º Sapiranga Rio Grande do Sul 7,0 34,5

6º Porto Alegre Rio Grande do Sul 6,4 31,4

7º Igrejinha Rio Grande do Sul 5,6 27,6

8º Campo Bom Rio Grande do Sul 4,5 22,2

9º Parobé Rio Grande do Sul 3,2 15,9

10º Rolante Rio Grande do Sul 2,9 14,3

11º São Paulo São Paulo 1,5 7,4

12º Nova Hartz Rio Grande do Sul 1,3 6,5

13º Camocim Ceará 1,2 5,7

14º Amargosa Bahia 1,0 5,1

15º Ivoti Rio Grande do Sul 1,0 5,0

16º São Sebastião do Paraíso Minas Gerais 0,8 3,9

17º Cachoeiro de Itapemirim Espírito Santo 0,7 3,2

18º Dores de Campos Minas Gerais 0,4 1,8

Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Secretaria de Comércio Exterior (SECEX). DataViva.

Elaboração própria.

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40

No Nordeste situaram os municípios com maior expressão na exportação de

caçados de materiais têxteis com destaque para Sapiranga em Fortaleza com 28% das

exportações desse segmento em 2014 conforme apresenta a tabela 3.9. O Rio Grande do

Sul também possui presença marcante na exportação de calçados de materiais têxteis. Já

Minas Gerais é representada pelo município de Nova Serrana (8º lugar) com participação

de 2,8% no total das exportações brasileiras de calçados de materiais têxteis.

Tabela 3.9: Ranking dos municípios brasileiros exportadoras de ‘calçados de materiais têxteis’ segundo

participação em relação ao volume total do Brasil – 2014

Posição Município Estado % exportação

Brasil

Milhões

US$

1º Sapiranga Fortaleza 28,0 17,9

2º Sobral Fortaleza 10,0 6,5

3º Santa Rita João Pessoa 6,5 4,2

4º Picada Café Rio Grande do Sul 4,4 2,9

5º Garibaldi Rio Grande do Sul 4,4 2,2

6º Uruburetama Ceará 3,2 2,1

7º Três Coroas Rio Grande do Sul 3,0 2,0

8º Nova Serrana Minas Gerais 2,8 1,8

Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Secretaria de Comércio Exterior (SECEX). DataViva.

Elaboração própria.

3.4 Joias e bijuterias

No mercado internacional, o Brasil ocupa a 27º em termos da exportação de

produtos do tipo joias e bijuterias. A participação relativa é baixa sendo 0,4% do mercado

mundial. Segundo os dados da International Trade Centre, Suíça e Hong Kong são os

players internacionais mais importantes no ramo, seguido dos Estados Unidos.

As exportações e importações brasileiras da cadeia de joias e bijuterias, sob o

conceito da moda núcleo, são apresentadas pela tabela 3.10, além do resultado da balança

comercial nos dois subsetores. Em 2014, o Brasil exportou US$ 314 milhões de joias e

bijuterias e importou US$ 130 milhões, resultado em um superávit de US$ 184 milhões.

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41

Tabela 3.10: Exportações e importações da cadeia joias-bijuterias – Brasil – 2014 – US$ milhões

Atividades Exportações Importações Balança

comercial

Part.

Exportações

(%)

Part.

Importações

(%)

Joias e bijuterias 314 130 184 100,0 100,0

Fabricação de bijuterias e

artefatos semelhantes 14 46 -33 4,3 35,5

Lapidação de gemas e

fabricação de artefatos de

ourivesaria e joalheria

301 84 216 95,7 64,5

Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).

Elaboração própria.

Ao analisar por subsetores, é possível observar que o superávit de 2014 deveu-se

a “Lapidação de gemas e fabricação de artefatos de ourivesaria e joalheria”, responsáveis

por 95,7% das exportações da cadeia. A “Fabricação de bijuterias e artefatos

semelhantes” apresentou-se deficitária em 33 milhões de dólares e representou 35,5% das

importações em 2014.

Em relação aos países de destino e origem de joias e bijuterias, a tabela 3.11

apresenta para o ano de 2014 as participações dos maiores países conforme o conceito

moda núcleo. Estados Unidos, Alemanha e Itália são os principais países que o Brasil

exportou os produtos incluídos na classificação “Joias e bijuterias”. A China posiciona-

se em quarto nas exportações e em primeiro nas importações. Tailândia e Estados Unidos

são os outros países que o Brasil mais importou nessa categoria.

Tabela 3.11: Países de destino e origens de joias e bijuterias – Brasil – 2014 (%)

Países destino das exportações % exportações Países origem das importações % importações

Estados Unidos 22,8 China 32,5

Alemanha 18,8 Tailândia 17,5

Hong Kong 13,8 Estados Unidos 10,6

China 10,7 Itália 9,0

Índia 3,4 Índia 8,3

Israel 2,6 Hong Kong 4,4

Emirados Árabes 2,5 Bélgica 3,3

Taiwan 2,5 Uruguai 2,7

Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).

Elaboração própria.

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42

Em relação aos estados brasileiros, conforme os dados do Ministério do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Minas Gerais é o maior exportador de

produtos de joias e bijuterias, representaram 34,8% das exportações do país nesse

segmento em 2014. São Paulo (27,7%) e Rio Grande do Sul (26,8%) também se

destacaram. Acrescentando o Rio de Janeiro com 7,8%, os quatro estados citados

anteriormente foram responsáveis por 97,2% das exportações do país, demostrando certo

grau de concentração nesses locais. São Paulo foi o responsável por importar 47,3% em

2014 da cadeia de joias-bijuterias, seguido do Estado do Amazonas com 20,7%.

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43

4. PRODUÇÃO NA CADEIA DA MODA DE MINAS GERAIS

O Produto Interno Bruto (PIB) representa a soma, em valores monetários, de todos

os bens e serviços finais produzidos em uma determinada região durante um período de

tempo. Em uma de suas óticas de cálculo, o produto representa a soma de todos os valores

acrescentados a cada etapa de produção, chamados de Valor Adicionado (VA). Assim,

nas análises por setores, calcula-se o Valor Adicionado das atividades que ao ser agregado

obtém-se o Valor Adicionado da economia que, por sua vez, com o acréscimo dos

impostos origina-se o PIB da economia. Este tópico abordará o Valor Adicionado da

Moda para descrever a produção na cadeia produtiva.

4.1 Valor Adicionado da Moda

O PIB estadual e municipal é divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE) e pela Fundação João Pinheiro (FJP) com dois anos de defasagem dado

a contabilização de bases de dados mais completas e abrangentes como as pesquisas

anuais realizadas pelo IBGE. Além disso, em recente revisão, o Sistema de Contas

Regionais do Brasil adotou o ano de 2010 como uma nova referência. Essa revisão

incorporou as recomendações mais atuais previstas no Manual de Contas Nacionais

organizado pela Organização das Nações Unidas (ONU), Fundo Monetário Internacional

(FMI), Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e Banco

Mundial. Além dessas atualizações metodológicas, a nova série apresenta uma

classificação integrada à CNAE 2.0 e incorpora, entre outros, dados do Censo

Agropecuário de 2006 e da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008/2009.

A partir dessa última revisão, o detalhamento da conta de produção (Valor Bruto

da Produção, Consumo Intermediário e Valor Adicionado Bruto) é realizado em dezoito

setores de atividade: agricultura; pecuária; produção florestal; indústria extrativa;

indústria de transformação; eletricidade e gás, água, esgoto e saneamento; construção;

comércio (inclusive manutenção e reparação de veículos automotores); transporte,

armazenagem e correio; serviços de alojamento e alimentação; serviços de informação e

comunicação; atividades financeiras; atividades imobiliárias; atividades profissionais,

técnico-científicas e administrativas; administração pública, educação, saúde, pesquisa e

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44

desenvolvimento pública, defesa e seguridade social; educação e saúde mercantis; artes,

cultura, esporte e recreação; e serviços domésticos.

Dessa forma, o setor de interesse desse grupo de atividades divulgado pelo IBGE

é a indústria da transformação que engloba uma gama de atividades como: a fabricação

de produtos alimentícios; bebidas; produtos do fumo; produtos têxteis; confecção de

artigos do vestuário e acessórios; fabricação de calçados e artefatos de couro; produtos de

madeira; de celulose, fabricação de papel e produtos de papel; impressão e reprodução de

gravações; refino de petróleo e coque; fabricação de álcool e outros biocombustíveis;

fabricação de produtos químicos; de resina, elastômero, fibras artificiais e sintéticas;

defensivos agrícolas e desinfetante; produtos de limpeza, perfumaria e higiene pessoal;

fabricação de tintas, vernizes, esmaltes e lacas; fabricação de produtos químicos diversos;

de produtos farmoquímicos e farmacêuticos; de produtos de borracha e de material

plástico; de produtos de minerais não metálicos; metalurgia; fabricação de produtos de

metal; de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos; de máquinas,

aparelhos e materiais elétricos; de máquinas e equipamentos; de automóveis, camionetas

e utilitários; de caminhões, ônibus, carrocerias e reboques; de peças e acessórios para

veículos automotores; de outros equipamentos de transporte; fabricação de móveis;

fabricação de produtos diversos; e manutenção, reparação e instalação de máquinas e

equipamentos.

Desse grupo diverso da indústria da transformação, conforme o conceito de cadeia

da moda núcleo definido, focou-se nas atividades de fabricação de produtos têxteis;

confecção de artigos do vestuário e acessórios; fabricação de calçados e artefatos de

couro; fabricação de fibras artificiais e sintéticas e fabricação de produtos diversos

(apenas a parte de lapidação de gemas, joias e bijuterias).

Conforme visualizado, o nível de desagregação necessário a esse estudo não é

divulgado pelos órgãos oficiais, o que gerou a criação de uma metodologia própria para

estimar esse nível de desagregação. Assim, os cálculos aqui apresentados representam

uma aproximação dos setores que compõem a atividade da moda no seu conceito núcleo.

No entanto, para a construção desses dados, utilizou-se dos mesmos procedimentos

utilizados para estimar o PIB de economia e seus setores. Isso garante um maior grau de

confiabilidade das informações, além de respeitar a compatibilização dos dados já

divulgados.

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45

O Valor Adicionado (VA) a preços correntes da Moda de Minas Gerais registrou

R$ 3.361 milhões em 2013. Nos anos anteriores, o VA da Moda alcançou a cifra de R$

2.622 milhões de reais em 2010, manteve-se próximo no ano seguinte (R$ 2.862 milhões)

e em 2012 elevou-se para R$ 3.515 milhões. O gráfico 4.1 apresenta o VA da moda para

os anos de 2010 a 2013.

Gráfico 4.1: Valor adicionado da Moda de Minas Gerais – 2010-2013

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

Em termos reais, o ano de 2013 apresentou crescimento de 3,6% comparado ao

ano anterior. Nos anos antecedentes, as taxas de crescimento da Moda em Minas Gerais

foram menores, 2,9% em 2012 e -6,8% em 2011. A evolução dos preços apresentou

trajetória oposta do volume sendo o deflator implícito da Moda, em 2011, 17,2% elevando

para 19,3% no ano seguinte e em 2013 registrou queda para -7,7%. O gráfico 4.2 retrata

a evolução do índice de volume e de preços nos anos de 2010 a 2013.

2.6222.862

3.5153.361

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

3.500

4.000

2010 2011 2012 2013

R$ milhões

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46

Gráfico 4.2: Variação anual do índice de volume e do deflator implícito do Valor Adicionado da Moda

de Minas Gerais – 2011-2013

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

Apesar do maior ritmo de crescimento do ano de 2013 comparado a 2012, a Moda

registrou a menor participação no VA total do Estado de Minas Gerais (0,79%) com uma

média de 0,84% nos anos de 2010 até 2013. Destaca-se o ano de 2012 que a participação

foi de 0,91%. O gráfico 4.3 apresenta esses resultados.

Gráfico 4.3: Participação da Moda no Valor Adicionado Bruto de Minas Gerais – 2011-2013

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

Ressalta-se que a composição do VA de Minas Gerais em 2013 apresentou o setor

de Serviços com 63,69%, sendo que a Administração Pública representou 15,28%

seguido do Comércio com 12,33%. A participação da Indústria total foi de 30,68% do

-6,8

2,9

3,617,2

19,3

-7,7

-10,0

-5,0

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

-8,0

-6,0

-4,0

-2,0

0,0

2,0

4,0

6,0

2011 2012 2013

% ao ano% ao ano

Índice de volume Deflator implícito

0,86

0,82

0,91

0,79

0,72

0,74

0,76

0,78

0,80

0,82

0,84

0,86

0,88

0,90

0,92

2010 2011 2012 2013

%

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47

VA de Minas em 2013 com o maior peso da indústria da transformação (13,50% - sendo

0,79% da moda).

A representatividade da Moda em relação à indústria da transformação e da

indústria total é apresentada pelo gráfico 4.4. Em média, a Moda de Minas Gerais

representa 5,74% da indústria de transformação de Minas Gerais. Em relação à indústria

total esse percentual médio foi de 2,64%. No ano de 2013, a moda representou 5,82% da

indústria de transformação e 2,56% da indústria total do Estado.

Gráfico 4.4: Participação da Moda no Valor Adicionado Bruto da Indústria da Transformação e na

Indústria de Minas Gerais – 2011-2013

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

O baixo peso da Moda na indústria de transformação se deve à presença de outras

grandes indústrias no Estado como a metalurgia, produção de alimentos, produtos de

metal, produtos minerais não metálicos, fabricação de automotores, peças e acessórios

que representam em torno de 65% da indústria da transformação.

A atividade Moda pode ser desagregada em 3 setores: “Têxtil-vestuário”, “Couros

e calçados” e “Joias e bijuterias”. A tabela 6 apresenta os valores correntes desses setores

e as participações em relação ao VA da Moda de Minas Gerais. Destaca-se que o setor

“Têxtil-confecções” representou 73% do VA da Moda em 2010 e essa participação

apresentou trajetória descendente alcançando 64,3% em 2013. Em contrapartida, os

calçados ocuparam o espaço em aberto com acréscimo de 7,7 pontos percentuais de 2010

até 2013, fechando esse último ano com 32,4% conforme tabela 4.1.

5,025,44

6,67

5,82

2,59 2,472,93

2,56

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

2010 2011 2012 2013

% Moda na Indústria da transformação Moda na Indústria (total)

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48

Tabela 4.1: Valores correntes e participação dos setores no valor adicionado da Moda de Minas Gerais –

2010-2013

Valores Correntes (R$ 1.000.000)

Especificação / Ano 2010 2011 2012 2013

Moda 2.622 2.862 3.515 3.361

Têxtil-vestuários 1.915 2.033 2.339 2.159

Couros e calçados 648 741 1.105 1.089

Joias e bijuterias 59 89 71 112

Participações (%)

Especificação / Ano 2010 2011 2012 2013

Moda 100,0 100,0 100,0 100,0

Têxtil-vestuários 73,0 71,0 66,5 64,3

Couros e calçados 24,7 25,9 31,4 32,4

Joias e bijuterias 2,3 3,1 2,0 3,3

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

Dessa forma, em média, a composição do valor adicionado da Moda de Minas

Gerais possui Têxtil-vestuário com 68,7%, Couros e calçados com 28,6% e Joias e

bijuterias com 2,7%. O gráfico 4.5 apresenta esse resultado.

Gráfico 4.5: Composição média do Valor Adicionado da Moda – 2010-2013 (%)

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

Em termos dos crescimentos reais dessas atividades, todos os setores da Moda

apresentaram resultados negativos no ano de 2011, um ano que Moda exibiu resultado

negativo de -6,8% e a indústria de Minas Gerais cresceu 2,6%. No entanto, o quadro

inverteu-se nos anos seguintes, o setor de têxtil e vestuário recuperou-se em 2012

Têxtil-Vestuários;

68,7

Couros e calçados; 28,6

Joias e bijuterias; 2,7

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(crescimento de 4,4%) e calçados em 2013 (crescimento de 5%) enquanto a indústria

como um todo retraiu -1,5% em 2013. Esses resultados podem ser visualizados na tabela

4.2 que também apresenta o comportamento dos preços desses setores pelo qual se

destaca a irregularidade.

Tabela 4.2: Variação anual do índice de volume do Valor Adicionado das atividades da Moda e Indústria

– 2011-2013

Especificação /

Ano

Índice de Volume Deflator Implícito

2011 2012 2013 2011 2012 2013

Indústria 2,6 -0,04 -1,5 11,6 3,5 11

Moda -6,8 2,9 3,6 17,2 19,3 -7,7

Têxtil-vestuários -7,8 4,4 2,8 15,1 10,3 -10,2

Couros e calçados -2,8 -0,7 5 17,7 50,2 -6,1

Joias e bijuterias ... ... ... ... ... ...

Nota: ... Dado numérico não disponível.

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

Para comparação da Moda em termos do que é produzido por suas atividades no

Brasil, estimou-se o Valor Adicionado da Moda no país. Os valores correntes, a

composição da Moda no país e o Peso da Moda de Minas Gerais no Brasil foram

apresentados pela tabela 4.3.

Tabela 4.3: Valores correntes e participação dos setores no Valor Adicionado da Moda do Brasil e o peso

de Minas Gerais – 2010-2013

Valores Correntes (R$ 1.000.000)

Especificação / Ano 2010 2011 2012 2013

Moda 35.900 38.027 41.402 43.447

Têxtil-vestuários 24.829 26.388 27.788 29.171

Couros e calçados 10295 10694 12.342 12.980

Joias e bijuterias 776 946 1272 1295

Participações (%)

Especificação / Ano 2010 2011 2012 2013

Moda 100,0 100,0 100,0 100,0

Têxtil-vestuários 69,2 69,4 67,1 67,1

Couros e calçados 28,7 28,1 29,8 29,9

Joias e bijuterias 2,2 2,5 3,1 3,0

Peso de Minas Gerais no Brasil (%)

Especificação / Ano 2010 2011 2012 2013

Moda 7,3 7,5 8,5 7,7

Têxtil-vestuários 7,7 7,7 8,4 7,4

Couros e calçados 6,3 6,9 9,0 8,4

Joias e bijuterias 7,7 9,4 5,6 8,6

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

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O Valor Adicionado (VA) a preços correntes da Moda no Brasil registrou R$

43.447 milhões em 2013. O VA da Moda alcançou a cifra de R$ 35.900 milhões de reais

em 2010, elevou-se nos anos seguintes para R$ 38.027 milhões em 2011 e R$ 41.402

milhões em 2012.

A composição do VA da Moda em seus três segmentos é semelhante aos pesos

médios do VA da Moda em Minas Gerais no período de 2010 a 2013. Porém, não foi

visualizada a tendência de queda de participação do setor Têxtil-vestuário em detrimento

da elevação da participação do Couros-calçados.

Por fim, a tabela 3 apresentou o peso da Moda mineira na Moda brasileira. A

Moda em Minas Gerais representou, em 2013, 7,7% da moda no Brasil, sendo que nesse

ano Joias e bijuterias representaram 8,6% desse segmento do Brasil, os calçados

representaram 8,4% e têxtil e vestuário 7,4%.

4.2 Moda nos municípios de Minas Gerais

Para compreender a disposição da Moda dentro de Minas Gerais, foi identificado

a participação da moda dentro do Valor Adicionado da Indústria de cada município

através da metodologia adotada pelo Centro de Estatísticas e Informações da Fundação

João Pinheiro (FJP) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com a

criação de uma estrutura de rateio para distribuição do Valor Adicionado da Moda de

Minas Gerais. Esse procedimento foi realizado para o ano de 2013 – último ano disponível

para os dados do PIB dos municípios –, originando, além da abertura divulgada pelos

órgãos oficiais: Agropecuária, Indústria, Serviços e Administração Pública, um novo

agregado denominado Moda. Assim o Valor Adicionado dos 853 municípios para o ano

de 2013 são apresentados em 5 atividades: Agropecuária, Indústria (sem Moda), Moda

(núcleo), Serviços e Administração Pública.

A figura 4.1 apresenta o mapa do Valor Adicionado da Moda em Minas Gerais

com a graduação mais forte representando os maiores valores classificado através do

desvio padrão.

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51

Figura 4.1: Mapa do Valor Adicionado da Moda nos municípios de Minas Gerais – 2013

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

Apesar da Moda não representar a principal atividade industrial de Minas Gerais,

a análise por municípios identificou que ela possui um peso considerável em

determinados municípios. A tabela 4.4 apresenta o ranking dos 20 maiores municípios de

acordo com o Valor Adicionado da Moda.

Nova Serrana destacou-se com o maior Valor Adicionado da Moda do Estado em

2013 (R$ 406.141 mil). A Moda no município representou 12,09% da Moda de Minas

Gerais, quase o dobro do segundo maior VA da Moda, Itaúna (R$ 209.429 mil) com

6,23%, seguido de Montes Claros com 6,13% e Belo Horizonte com 6,08%. Os 20

maiores apresentados pela tabela 4.4 representaram 69,69% do VA da Moda de Minas

Gerais.

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52

Tabela 4.4: 20 maiores Valor Adicionado da Moda por municípios de Minas Gerais – 2013 – (R$ 1.000)

Ranking Município Moda (núcleo)

1º Nova Serrana 406.141

2º Itaúna 209.429

3º Montes Claros 206.008

4º Belo Horizonte 204.466

5º Pirapora 166.863

6º Uberlândia 139.533

7º Sete Lagoas 112.898

8º Uberaba 107.078

9º Cataguases 106.595

10º Pouso Alegre 99.944

11º Juiz de Fora 84.061

12º Contagem 76.214

13º João Pinheiro 71.617

14º Divinópolis 65.648

15º Alfenas 63.416

16º Santa Juliana 57.904

17º Pará de Minas 47.556

18º Caetanópolis 40.809

19º Paraopeba 39.819

20º São João Nepomuceno 35.839

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

A posição de Nova Serrana deve-se a atividade calçadista no município. Itaúna e

Montes Claros destacam-se pela produção têxtil-vestuário. Belo Horizonte apresenta

destaque em todas as atividades: calçadista (54,81%), têxtil-vestuários (31,83%) e joias e

bijuterias (13,36%). O quadro 4.1 apresenta o ranking dos 10 maiores Valores

Adicionados nos três setores: Têxtil-vestuário, Couros-alçados e Joias e Bijuterias.

Quadro 4.1: 10 maiores Valor Adicionado da Moda por municípios de Minas Gerais por setores – 2013

Ranking Têxtil-vestuário Couros-calçados Joias e bijuterias

1º Montes Claros Nova Serrana Belo Horizonte

2º Pirapora Uberlândia Governador Valadares

3º Itaúna Belo Horizonte Teófilo Otoni

4º Sete Lagoas Pouso Alegre Juiz de Fora

5º Cataguases Juiz de Fora Diamantina

6º Uberaba Divinópolis Uberaba

7º João Pinheiro Itaúna Itajubá

8º Belo Horizonte Astolfo Dutra Lagoa da Prata

9º Alfenas São João Nepomuceno Uberlândia

10º Contagem São Sebastião do Paraíso Bom Despacho

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

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Para ilustrar a importância da Moda dentro de determinado município, a tabela 19

apresenta o ranking das maiores participações no total da indústria do município. Dores

de Campos, que se destaca pelo segmento calçadista, apresentou 63,8% de sua indústria

atrelada a Moda; Nova Serrana, 60,3%. Outros oitos municípios apresentaram mais de

50% do VA da indústria com Moda.

O peso da Moda de Minas Gerais na indústria total foi de 2,56% em 2013. A

análise municipal identificou que 135 municípios apresentaram participação da Moda na

Indústria superior a 2,56%.

Tabela 4.5: 20 maiores participações da Moda na Indústria total por municípios de Minas Gerais – 2013

Ranking Município/UF

Moda

(núcleo)

(R$ 1.000)

Indústria

total

(R$ 1.000)

Moda na

indústria (%)

1º Dores de Campos 35.833 56.206 63,8

2º Nova Serrana 406.141 673.090 60,3

3º Serra dos Aimorés 14.427 24.215 59,6

4º Claraval 9.499 16.565 57,3

5º Perdigão 18.530 33.251 55,7

6º Caetanópolis 40.809 73.528 55,5

7º Maripá de Minas 5.044 9.156 55,1

8º Araçaí 4.233 7.772 54,5

9º Santa Juliana 57.904 113.098 51,2

10º Borda da Mata 23.750 46.469 51,1

11º São João do Manteninha 3.201 6.409 49,9

12º Inimutaba 6.062 12.146 49,9

13º Mar de Espanha 13.806 27.872 49,5

14º São João Nepomuceno 35.839 72.390 49,5

15º Cachoeira da Prata 3.300 7.169 46,0

16º São Gonçalo do Pará 23.731 51.743 45,9

17º Araújos 15.389 34.139 45,1

18º Inconfidentes 4.680 10.435 44,8

19º Paraguaçu 30.563 68.947 44,3

20º João Pinheiro 71.617 166.696 43,0

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

A mesma análise pode ser feita para verificar o peso da Moda no VA do município

conforme apresentado pela tabela 4.6. No caso de Minas Gerais, esse valor foi de 0,79%

em 2013. 97 municípios apresentaram peso na Moda em seu resultado final de Valor

Adicionado superior a 0,79%. Nova Serrana liderou o ranking com 27,62%, seguido de

Dores de Campos com 24,11% e Caetanópolis, que se destaca pelo segmento têxtil-

vestuário, com 20,11%.

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Tabela 4.6: 20 maiores participações da Moda no Valor Adicionado total por municípios de Minas Gerais

– 2013

Ranking Município/UF Moda (núcleo)

(R$ 1.000)

VA

(R$ 1.000) Moda no VA

1º Nova Serrana 406.141 1.470.235 27,6

2º Dores de Campos 35.833 148.649 24,1

3º Caetanópolis 40.809 202.917 20,1

4º Astolfo Dutra 35.530 201.381 17,6

5º São Gonçalo do Pará 23.731 139.542 17,0

6º Serra dos Aimorés 14.427 85.458 16,9

7º Perdigão 18.530 111.778 16,6

8º Claraval 9.499 61.943 15,3

9º Pirapora 166.863 1.148.877 14,5

10º Santa Juliana 57.904 405.644 14,3

11º Araçaí 4.233 31.747 13,3

12º São João Nepomuceno 35.839 282.605 12,7

13º Maripá de Minas 5.044 39.881 12,6

14º Mar de Espanha 13.806 116.596 11,8

15º Borda da Mata 23.750 207.423 11,5

16º Paraopeba 39.819 375.909 10,6

17º Itaúna 209.429 2.084.426 10,0

18º Inimutaba 6.062 60.782 10,0

19º Cataguases 106.595 1.101.633 9,7

20º Paraguaçu 30.563 316.615 9,7

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

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55

4.3 Moda nos territórios de desenvolvimento

A tabela 4.7 apresenta o VA da Moda segundo os territórios de desenvolvimento

no Estado de Minas Gerais pelo qual se destacam os territórios Oeste, Metropolitano,

Norte, Mata e Sul. Esses cinco territórios representam 75,37% do VA da Moda no Estado.

Tabela 4.7: Valor Adicionado da Moda por territórios de desenvolvimento de Minas Gerais – 2013 – (R$

1.000)

Território de

desenvolvimento/UF

Moda

(núcleo)

(R$ 1.000)

Indústria

(total)

(R$ 1.000)

Valor

Adicionado

(R$ 1.000)

Part.

Moda/Ind.

Part.

Moda/VA

Minas Gerais 3.360.592 131.233.993 427.816.674 2,6 0,8

Oeste 853.502 7.217.551 23.686.870 11,8 3,6

Metropolitano 547.151 66.105.201 179.475.990 0,8 0,3

Norte 406.429 3.119.285 17.210.432 13,0 2,4

Mata 366.811 6.355.655 25.801.126 5,8 1,4

Sul 358.865 9.642.908 40.027.003 3,7 0,9

Triângulo Sul 241.024 7.807.022 22.509.205 3,1 1,1

Triângulo Norte 193.254 9.699.870 34.933.753 2,0 0,6

Sudoeste 105.746 2.136.744 9.875.359 5,0 1,1

Noroeste 100.550 2.801.960 13.552.497 3,6 0,7

Vertentes 61.324 5.533.915 14.446.919 1,1 0,4

Central 34.695 933.791 4.031.486 3,7 0,9

Caparaó 21.106 1.120.986 7.881.737 1,9 0,3

Mucuri 19.423 534.212 4.257.698 3,6 0,5

Vale do Rio Doce 19.204 1.014.094 8.422.757 1,9 0,2

Vale do Aço 18.161 6.581.841 15.780.296 0,3 0,1

Alto Jequitinhonha ... ... ... ... ...

Médio e Baixo Jequitinhonha ... ... ... ... ...

Nota: ... Dado numérico não disponível.

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

Nos territórios do Norte e Oeste, são onde as participações relativas da Moda na

Indústria são mais elevadas sendo 13,03% e 11,83%, respectivamente. A figura 4.2

apresenta o mapa do território Oeste onde é possível visualizar a importância de Nova

Serrana, principalmente pela indústria de couros e calçados. Em outros municípios como

Divinópolis, São Gonçalo do Pará, Perdigão, Araújos e Bom Despacho também

prevalecem a produção calçadista. Por outro lado, tem-se Itaúna, Pará de Minas e Bambuí

com a produção de têxtil-vestuário.

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56

Figura 4.2: Mapa do VA da moda no território Oeste de Minas Gerais – 2013

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

No território Metropolitano, destacou-se a capital Belo Horizonte em todos os

ramos da Moda, principalmente calçados, joias e bijuterias, sendo o principal município

produtor nesse último setor da Moda. Em segundo lugar, apareceu o município de Sete

Lagoas que se destacou, no território, na produção de têxtil-vestuário. Nesse mesmo setor

da Moda, destacaram-se Contagem, Caetanópolis, Paraopeba e Betim. Tanto esse último

quanto Contagem e Ibirité destacaram-se no setor de couros e calçados.

Figura 4.3: Mapa do VA da moda no território Metropolitano de Minas Gerais – 2013

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

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No território de desenvolvimento Norte, Montes Claros é o município com o

maior VA da Moda, além de ser o maior na produção têxtil-vestuário. No território, o

município também se destacou na produção de couros e calçados. Pirapora e Jaíba

apresentaram altos índices de VA da Moda no território com destaque para o ramo têxtil-

vestuário. Espinosa e Capitão Enéas se destacaram no ramo de calçados.

Figura 4.4: Mapa do VA da moda no território Norte de Minas Gerais – 2013

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

O território de Mata possui uma produção voltada para o setor de calçados, com

algumas exceções como Cataguases (maior VA da Moda no território e intensivo no ramo

têxtil-vestuário). Juiz de Fora, São João Nepomuceno, Astolfo Dutra, Muriaé, Leopoldina

e Mar de Espanha se destacaram pela produção da indústria coureira-calçadista.

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Figura 4.5: Mapa do VA da moda no território Mata de Minas Gerais – 2013

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

No caso do território de desenvolvimento Sul, Pouso Alegre (4º na produção

calçadista no Estado em 2013 e 10º no VA da Moda) apresentou o maior VA da Moda no

território. Não há uma predominância nesse território sendo que os mais importantes

como Alfenas, Paraguaçu, Borda da Mata e Cambuí se destacaram pela indústria têxtil-

vestuário, seguidos de Jacutinga, São Gonçalo do Sapucaí, Monte Sião, Itanhandu e Três

Pontas na indústria coureira-calçadista.

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Figura 4.6: Mapa do VA da moda no território Sul de Minas Gerais – 2013

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

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60

5. MERCADO DE TRABALHO NA CADEIA DA MODA DE MINAS GERAIS

As informações disponíveis sobre o mercado de trabalho presente na Relação

Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e Previdência Social

(MTE) abordam o emprego formal. São elas de interesse deste trabalho: número de

vínculos ativos, número de estabelecimentos, tamanho dos estabelecimentos,

remuneração média dos trabalhadores, massa salarial, tempo médio de emprego e nível

de escolaridade dos empregados.

5.1 Postos de trabalho e estabelecimentos

A cadeia produtiva da moda em Minas Gerais empregou 127.530 pessoas em

2014, frente a um contingente de 133.163 em 2010, o que representa uma queda de -

4,23% - conforme Tabela 5.1. Pode-se observar que 69,90% da mão de obra da Moda

estão empregadas no setor de Têxteis e Confecções, na sequência encontra-se o setor de

Calçados com (28,77%) e Joias com (1,33%) de participação em Minas Gerais no ano de

2014. Para o Brasil números semelhantes são observados nesse mesmo período, 70,36%

das pessoas empregadas no setor de Têxteis e Confecções, 28,03% em Calçados e 1,62%

em Joias.

Apesar do setor Têxtil-confecções apresentar o maior número de vínculos formais

em Minas Gerais, houve queda na participação relativa desse setor na Moda em

detrimento do setor de Calçados. Em 2010, o Têxtil representou 71,83% dos empregos

dos setores da Moda e os Calçados 26,56%. Essa tendência não é observada de forma

nítida nos dados do Brasil, o que demostra ser uma característica da moda no Estado de

Minas Gerais.

Em relação aos subsetores, prevalece em Minas Gerais a “Confecção de peças do

vestuário” com 44,54% em 2014 e outros com participações em torno do 7,5%

(“Confecção de roupas íntimas”, “Fabricação de calçados não especificados

anteriormente” e “Fabricação de calçados de couro”). O ganho de participação relativa

dos Calçados citado anteriormente deveu-se principalmente as atividades de “Curtimento

e outras preparações de couro”, “Fabricação de tênis de qualquer material” e “Fabricação

de calçados de material sintético”.

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61

Tabela 5.1: Quantidade de empregados de atividades selecionadas – Minas Gerais – 2010-2014

ATIVIDADES ECONÔMICAS / ANO 2010 2011 2012 2013 2014

TOTAL DA ECONOMIA 4.646.891 4.850.976 4.928.225 5.057.080 5.071.906

INDÚSTRIA TOTAL 1.206.738 1.252.990 1.293.190 1.300.043 1.276.213

INDÚSTRIA DA TRANSFORMAÇÃO 808.188 831.949 841.694 851.867 838.813

MODA 133.163 129.957 128.798 128.868 127.530

TÊXTEIS – CONFECÇÕES 95.652 93.878 91.457 89.479 89.148

Preparação e fiação de fibras de algodão 3.001 2.723 2.482 2.422 2.499

Preparação e fiação de fibras têxteis naturais,

exceto algodão 348 387 373 346 302

Fiação de fibras artificiais e sintéticas 353 152 176 152 127

Fabricação de linhas para costurar e bordar 254 217 246 234 230

Tecelagem de fios de algodão 7.434 7.188 7.095 7.151 7.285

Tecelagem de fios de fibras têxteis naturais,

exceto algodão 139 116 90 48 49

Tecelagem de fios de fibras artificiais e

sintéticas 323 230 195 204 207

Fabricação de tecidos de malha 1.490 1.546 1.177 823 732

Acabamentos em fios, tecidos e artefatos têxteis 3.730 3.889 4.137 4.003 4.025

Confecção de roupas íntimas 10.382 10.513 10.660 10.603 10.075

Confecção de peças do vestuário, exceto roupas

íntimas 60.533 59.766 57.627 57.053 56.796

Fab. de acessórios do vestuário, exceto para seg.

e proteção 1.465 1.432 1.724 1.572 1.476

Fabricação de meias 938 936 820 773 780

Fab. de artigos do vestuário, exceto meias 4.638 4.563 4.446 3.839 4.300

Fabricação de fibras artificiais e sintéticas 624 220 209 256 265

CALÇADOS 35.373 33.993 35.268 37.510 36.685

Curtimento e outras preparações de couro 2.648 2.646 2.839 2.921 2.606

Fab. de artigos para viagem, bolsas e

semelhantes 1.765 1.405 1.548 1.385 1.450

Fabricação de calçados de couro 10.242 9.969 9.926 9.677 9.448

Fabricação de tênis de qualquer material 5.049 5.701 5.865 6.652 6.273

Fabricação de calçados de material sintético 2.354 2.939 3.606 3.933 4.282

Fab. de calçados de materiais não especificados

ant. 10.413 9.214 8.787 10.378 9.815

Fabricação de partes para calçados, de qualquer

material 2.902 2.119 2.697 2.564 2.811

JOIAS 2.138 2.086 2.073 1.879 1.697

Lapidação de gemas e fab. de artefatos de

ourivesaria e joalheria 1.318 1.327 1.195 1.087 989

Fabricação de bijuterias e artefatos semelhantes 820 759 878 792 708

Fonte: Dados básicos: Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTE), Relação Anual de Informações

Sociais (RAIS).

Elaboração própria.

Em relação a participação na Moda nos agregados Indústria da transformação,

Indústria total e do total de empregos da economia de Minas Gerais, o gráfico 5.1

apresenta os resultados dos anos de 2010 a 2014 que mostram queda de participação com

ligeira recuperação no caso comparado a Indústria da transformação e Indústria total. Em

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62

2014, os empregos da cadeia produtiva da Moda corresponderam a 15,20% da Indústria

da transformação, 9,99% em relação ao total da Indústria e 2,51% do total da economia.

Gráfico 5.1: Participação da Moda no total de empregados da Indústria da Transformação, na Indústria e

no total de Minas Gerais – 2010-2014 (%)

Fonte: Dados básicos: Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTE), Relação Anual de Informações

Sociais (RAIS).

Elaboração própria.

Os empregos formais da atividade Moda em Minas Gerais representou 10,45%

em relação a Moda no Brasil em 2014, conforme os dados do Ministério do Trabalho e

Previdência Social (2016). Em 2010, essa mesma taxa foi de 10,24%, sendo que a média

entre os anos de 2010 a 2014 apresentou-se em 10,26%.

A Moda como um todo apresentou crescimento de 10,36% em 2010 no número

de empregados, porém decresceu -2,41% no ano seguinte e iniciou uma recuperação,

porém ainda com uma queda de -0,89 seguido de uma taxa positiva em 2013 de apenas

0,05%. Esse comportamento originou-se da recuperação do setor de Calçados que

alcançou um crescimento de 6,36% em 2013. Contudo, em 2014, os postos de trabalho

da Moda em Minas Gerais voltaram a cair e registraram queda de -1,04% (TABELA 5.2).

No Brasil, essa queda alcançou o patamar de -3,14%.

Poucos foram os subsetores da cadeia produtiva da Moda que obtiveram taxas de

crescimento positivas em 2014 em relação ao ano anterior no estado. Dentre eles, podem-

se destacar as atividades expressas no Código Nacional de Atividades Econômicas

(CNAE): “Fabricação de artigos do vestuário, produzidos em malharias e tricotagens,

16,4815,62 15,30 15,13 15,20

11,0310,37 9,96 9,91 9,99

2,87 2,68 2,61 2,55 2,51

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

16,0

18,0

2010 2011 2012 2013 2014

% Moda na Indústria da transformação Moda na Indústria (total) Moda no Total MG

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63

exceto meias”, crescimento de 12,01%, “Fabricação de partes para calçados, de qualquer

material” 9,63% e “Fabricação de calçados de material sintético” 8,87% (TABELA 5.2).

Tabela 5.2: Taxa de crescimento do número de empregados em atividades selecionadas – Minas Gerais –

2010-2014

ATIVIDADES ECONÔMICAS / ANO 2010 2011 2012 2013 2014

TOTAL DA ECONOMIA 6,80 4,39 1,59 2,61 0,29

INDÚSTRIA TOTAL 8,77 3,83 3,21 0,53 -1,83

INDÚSTRIA DA TRANSFORMAÇÃO 7,72 2,94 1,17 1,21 -1,53

MODA 10,36 -2,41 -0,89 0,05 -1,04

TÊXTEIS – CONFECÇÕES 8,20 -1,85 -2,58 -2,16 -0,37

Preparação e fiação de fibras de algodão -11,47 -9,26 -8,85 -2,42 3,18

Preparação e fiação de fibras têxteis naturais, exceto algodão 0,29 11,21 -3,62 -7,24 -12,72

Fiação de fibras artificiais e sintéticas 18,46 -56,94 15,79 -13,64 -16,45

Fabricação de linhas para costurar e bordar 0,00 -14,57 13,36 -4,88 -1,71

Tecelagem de fios de algodão 2,06 -3,31 -1,29 0,79 1,87

Tecelagem de fios de fibras têxteis naturais, exceto algodão -9,74 -16,55 -22,41 -46,67 2,08

Tecelagem de fios de fibras artificiais e sintéticas 16,19 -28,79 -15,22 4,62 1,47

Fabricação de tecidos de malha -4,18 3,76 -23,87 -30,08 -11,06

Acabamentos em fios, tecidos e artefatos têxteis 2,14 4,26 6,38 -3,24 0,55

Confecção de roupas íntimas 6,58 1,26 1,40 -0,53 -4,98

Confecção de peças do vestuário, exceto roupas íntimas 10,68 -1,27 -3,58 -1,00 -0,45

Fab. de acessórios do vestuário, exceto para seg. e proteção 4,05 -2,25 20,39 -8,82 -6,11

Fabricação de meias 16,81 -0,21 -12,39 -5,73 0,91

Fab. de artigos do vestuário, exceto meias 18,02 -1,62 -2,56 -13,65 12,01

Fabricação de fibras artificiais e sintéticas 1,79 -64,74 -5,00 22,49 3,52

CALÇADOS 16,46 -3,90 3,75 6,36 -2,20

Curtimento e outras preparações de couro 20,91 -0,08 7,29 2,89 -10,78

Fab. de artigos para viagem, bolsas e semelhantes 6,01 -20,40 10,18 -10,53 4,69

Fabricação de calçados de couro 11,17 -2,67 -0,43 -2,51 -2,37

Fabricação de tênis de qualquer material 46,39 12,91 2,88 13,42 -5,70

Fabricação de calçados de material sintético 32,99 24,85 22,69 9,07 8,87

Fab. de calçados de materiais não especificados ant. 3,04 -11,51 -4,63 18,11 -5,42

Fabricação de partes para calçados, de qualquer material 46,57 -26,98 27,28 -4,93 9,63

JOIAS 13,42 -2,43 -0,62 -9,36 -9,69

Lapidação de gemas e fab. de artefatos de ourivesaria e joalheria 3,29 0,68 -9,95 -9,04 -9,02

Fabricação de bijuterias e artefatos semelhantes 34,65 -7,44 15,68 -9,79 -10,61

Fonte: Dados básicos: Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTE), Relação Anual de Informações

Sociais (RAIS).

Elaboração própria.

A tabela 5.3 apresenta para o período de 2010 a 2014, o número de

estabelecimentos de atividades selecionadas em Minas Gerais. Em 2014, a cadeia da

Moda era composta por 10.094 estabelecimentos no Estado e no Brasil tem-se 75.070

estabelecimentos, portanto, Minas Gerais possui 13,45% dos estabelecimentos do país. A

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64

maior parte dos estabelecimentos do Estado (77,12%) estão no setor de Têxteis e

Confecções, principalmente em função do subsetor de “Confecção de peças do vestuário,

exceto roupas íntimas”. Além disso, análise comparativa do número de estabelecimentos

na cadeia produtiva da Moda pode ser feita com o Total da Economia de Minas Gerais

(2,51%), com a Indústria Total (9,99%) e com a Indústria de Transformação (15,20%).

Tabela 5.3: Quantidade de estabelecimentos de atividades selecionadas – Minas Gerais – 2010-2014

ATIVIDADES ECONÔMICAS / ANO 2010 2011 2012 2013 2014

TOTAL DA ECONOMIA 454.061 476.365 485.490 501.780 514.085

INDÚSTRIA TOTAL 71.385 75.798 77.666 80.393 82.651

INDÚSTRIA DA TRANSFORMAÇÃO 41.565 43.672 44.953 46.360 47.391

MODA 9.913 10.254 10.325 10.199 10.094

TÊXTEIS - CONFECÇÕES 7.651 7.917 8.015 7.899 7.784

Preparação e fiação de fibras de algodão 49 50 47 51 48

Preparação e fiação de fibras têxteis naturais, exceto

algodão 9 8 10 10 8

Fiação de fibras artificiais e sintéticas 11 12 15 13 11

Fabricação de linhas para costurar e bordar 5 6 10 8 7

Tecelagem de fios de algodão 82 77 79 73 79

Tecelagem de fios de fibras têxteis naturais, exceto

algodão 11 14 15 11 15

Tecelagem de fios de fibras artificiais e sintéticas 14 15 16 14 17

Fabricação de tecidos de malha 91 93 76 66 58

Acabamentos em fios, tecidos e artefatos têxteis 275 300 313 348 352

Confecção de roupas íntimas 1.022 1.037 1.025 1.021 1.013

Confecção de peças do vestuário, exceto roupas

íntimas 4.927 5.086 5.156 5.097 5.058

Fab. de acessórios do vestuário, exceto para seg. e

proteção 150 154 155 136 125

Fabricação de meias 69 75 71 66 73

Fab. de artigos do vestuário, exceto meias 932 987 1.024 983 918

Fabricação de fibras artificiais e sintéticas 4 3 3 2 2

CALÇADOS 2.002 2.051 2.014 1.984 2.001

Curtimento e outras preparações de couro 76 73 71 66 64

Fab. de artigos para viagem, bolsas e semelhantes 169 167 148 140 133

Fabricação de calçados de couro 582 607 581 568 554

Fabricação de tênis de qualquer material 212 206 197 191 176

Fabricação de calçados de material sintético 143 168 181 192 204

Fab. de calçados de materiais não especificados ant. 637 609 584 556 549

Fabricação de partes para calçados, de qualquer

material 183 221 252 271 321

JOIAS 260 286 296 316 309

Lapidação de gemas e fab. de artefatos de ourivesaria

e joalheria 184 188 182 183 178

Fabricação de bijuterias e artefatos semelhantes 76 98 114 133 131

Fonte: Dados básicos: Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTE), Relação Anual de Informações

Sociais (RAIS).

Elaboração própria.

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65

Conforme se observa na Tabela 5.4, a Moda reduziu o número de

estabelecimentos em 2013 e 2014 principalmente devido aos fechamentos no setor Têxtil-

confecções. O subsetor que mais se destaca positivamente na cadeia produtiva da Moda

em Minas Gerais no ano de 2014 é “Tecelagem de fios de fibras têxteis naturais, exceto

algodão” e negativamente, a própria etapa anterior da cadeia “Preparação e fiação de

fibras têxteis naturais, exceto algodão”.

Tabela 5.4: Taxa de crescimento do número de estabelecimentos em atividades selecionadas – Minas

Gerais – 2010-2014

ATIVIDADES ECONÔMICAS / ANO 2010 2011 2012 2013 2014

TOTAL DA ECONOMIA 5,23 4,91 1,92 3,36 2,45

INDÚSTRIA TOTAL 5,96 6,18 2,46 3,51 2,81

INDÚSTRIA DA TRANSFORMAÇÃO 0,78 5,07 2,93 3,13 2,22

MODA 4,47 3,44 0,69 -1,22 -1,03

TÊXTEIS - CONFECÇÕES 4,75 3,48 1,24 -1,45 -1,46

Preparação e fiação de fibras de algodão -14,04 2,04 -6,00 8,51 -5,88

Preparação e fiação de fibras têxteis naturais, exceto algodão -10,00 -11,11 25,00 0,00 -20,00

Fiação de fibras artificiais e sintéticas 10,00 9,09 25,00 -13,33 -15,38

Fabricação de linhas para costurar e bordar 0,00 20,00 66,67 -20,00 -12,50

Tecelagem de fios de algodão -3,53 -6,10 2,60 -7,59 8,22

Tecelagem de fios de fibras têxteis naturais, exceto algodão -15,38 27,27 7,14 -26,67 36,36

Tecelagem de fios de fibras artificiais e sintéticas 7,69 7,14 6,67 -12,50 21,43

Fabricação de tecidos de malha -11,65 2,20 -18,28 -13,16 -12,12

Acabamentos em fios, tecidos e artefatos têxteis 5,36 9,09 4,33 11,18 1,15

Confecção de roupas íntimas 3,76 1,47 -1,16 -0,39 -0,78

Confecção de peças do vestuário, exceto roupas íntimas 5,80 3,23 1,38 -1,14 -0,77

Fab. de acessórios do vestuário, exceto para seg. e proteção -5,66 2,67 0,65 -12,26 -8,09

Fabricação de meias 7,81 8,70 -5,33 -7,04 10,61

Fab. de artigos do vestuário, exceto meias 6,15 5,90 3,75 -4,00 -6,61

Fabricação de fibras artificiais e sintéticas 0,00 -25,00 0,00 -33,33 0,00

CALÇADOS 3,14 2,45 -1,80 -1,49 0,86

Curtimento e outras preparações de couro -1,30 -3,95 -2,74 -7,04 -3,03

Fab. de artigos para viagem, bolsas e semelhantes 4,97 -1,18 -11,38 -5,41 -5,00

Fabricação de calçados de couro -0,17 4,30 -4,28 -2,24 -2,46

Fabricação de tênis de qualquer material 10,99 -2,83 -4,37 -3,05 -7,85

Fabricação de calçados de material sintético 44,44 17,48 7,74 6,08 6,25

Fab. de calçados de materiais não especificados ant. -7,68 -4,40 -4,11 -4,79 -1,26

Fabricação de partes para calçados, de qualquer material 30,71 20,77 14,03 7,54 18,45

JOIAS 6,56 10,00 3,50 6,76 -2,22

Lapidação de gemas e fab. de artefatos de ourivesaria e joalheria -0,54 2,17 -3,19 0,55 -2,73

Fabricação de bijuterias e artefatos semelhantes 28,81 28,95 16,33 16,67 -1,50

Fonte: Dados básicos: Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTE), Relação Anual de Informações

Sociais (RAIS).

Elaboração própria.

Para a cadeia produtiva da Moda, os principais municípios empregadores em 2014

são Nova Serrana (16.707) e Belo Horizonte (8.298), ambos também possuem o maior

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66

número de estabelecimentos são Belo Horizonte (1010) e Nova Serrana (997) (TABELA

5.5).

Tabela 5.5: Principais municípios, segundo o número de empregados e de estabelecimentos, na cadeia da

Moda – Minas Gerais – 2010-2014

MUNICÍPIOS / ANO 2010 2011 2012 2013 2014

EMPREGADOS

Nova Serrana 16.515 15.523 16.410 17.102 16.707

Belo Horizonte 11.160 9.779 9.674 8.965 8.298

Divinópolis 6.635 6.349 6.123 6.079 5.827

Juiz de Fora 5.912 5.068 4.846 4.830 4.584

Muriaé 4.079 3.828 3.719 3.435 3.371

São Joao Nepomuceno 2.319 2.676 2.754 3.073 3.187

Itaúna 2.791 2.694 2.879 3.007 3.006

Montes Claros 937 905 975 2.730 2.943

Uberlândia 2.494 2.598 2.762 2.530 2.519

Cataguases 2.462 2.366 2.128 2.165 2.120

ESTABELECIMENTOS

Belo Horizonte 1.171 1.132 1.108 1.036 1.010

Nova Serrana 893 925 938 940 997

Divinópolis 751 747 753 725 703

Monte Sião 534 588 609 600 591

Juiz de Fora 462 451 429 438 439

Muriaé 298 297 330 324 326

Jacutinga 304 315 334 319 290

Uberlândia 200 209 207 194 192

São Joao Nepomuceno 145 144 142 146 157

Juruaia 117 116 121 142 149

Fonte: Dados básicos: Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTE), Relação Anual de Informações

Sociais (RAIS).

Elaboração própria.

A tabela 5.6 apresenta o número de estabelecimentos por porte de atividades

selecionadas, sendo: i) micro: até 19 trabalhadores, ii) pequena: entre 20 e 99

trabalhadores, iii) média: entre 100 e 499 trabalhadores e iv) grande: acima de 500

trabalhadores. Percebe-se que os 85,64% do setor de Moda são formados por micro

estabelecimentos, 12,86% são pequenas, 1,37% médias e 0,13% são grandes. O subsetor

“Tecelagem de fios de fibras têxteis naturais, exceto algodão” possui 100% dos

estabelecimentos de porte micro e a ”Fabricação de artigos de vestuários” 96,74%. Por

outro lado, a “Tecelagem de fios de algodão” possui 5,6% dos seus estabelecimentos são

de grande porte. De forma geral, destaca-se a prevalência de micro e pequenas em todos

os setores da Moda, principalmente tratando-se de Joias e bijuterias.

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67

Tabela 5.6: Número de estabelecimentos por porte de atividades selecionadas – Minas Gerais – 2014

ATIVIDADES ECONÔMICAS / PORTE Micro Pequena Média Grande

TOTAL DA ECONOMIA 481.862 26.686 4.589 948

INDÚSTRIA TOTAL 73.231 7.667 1.448 305

INDÚSTRIA DA TRANSFORMAÇÃO 40.955 5.250 981 205

MODA 8.645 1.298 138 13

TÊXTEIS - CONFECÇÕES 6.751 942 82 9

Preparação e fiação de fibras de algodão 33 9 5 1

Preparação e fiação de fibras têxteis nat., exc. algodão 7 0 1 0

Fiação de fibras artificiais e sintéticas 9 2 0 0

Fabricação de linhas para costurar e bordar 6 0 1 0

Tecelagem de fios de algodão 49 17 9 4

Tecelagem de fios de fibras têxteis nat., exceto algodão 15 0 0 0

Tecelagem de fios de fibras artificiais e sintéticas 14 3 0 0

Fabricação de tecidos de malha 50 7 1 0

Acabamentos em fios, tecidos e artefatos têxteis 312 34 6 0

Confecção de roupas íntimas 887 117 9 0

Confecção de peças do vestuário, exceto roupas íntimas 4.308 702 44 4

Fab. de acess. do vestuário, exceto para seg. e proteção 108 15 2 0

Fabricação de meias 64 8 1 0

Fab. de artigos do vestuário, exceto meias 888 28 2 0

Fab. de fibras artificiais e sintéticas 1 0 1 0

CALÇADOS 1.604 337 56 4

Curtimento e outras preparações de couro 43 16 4 1

Fab. de artigos para viagem, bolsas e semelhantes 114 16 3 0

Fabricação de calçados de couro 457 82 14 1

Fab. de tênis de qualquer material 106 58 11 1

Fab. de calçados de material sintético 155 36 13 0

Fab. de calçados de materiais não especificados ant. 447 90 11 1

Fab. de partes para calçados, de qualquer material 282 39 0 0

JOIAS 290 19 0 0

Lapidação de gemas e fab. de artefatos de joalheria 166 12 0 0

Fabricação de bijuterias e artefatos semelhantes 124 7 0 0

Fonte: Dados básicos: Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTE), Relação Anual de Informações

Sociais (RAIS).

Elaboração própria.

Considerando os dez municípios com maiores VA da Moda em 2013, a tabela 5.7

apresenta para o ano de 2014 o número de estabelecimentos por porte. Observou-se que

ainda prevalecem estabelecimentos de micro e pequeno porte. Ressalta-se que a Moda

possui 13 estabelecimentos de grande porte, sendo que 6 desses estão presentes nos 10

principais municípios mineiros em termos de VA da Moda.

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68

Tabela 5.7: Número de estabelecimentos por porte segundos 10 maiores municípios da Moda – Minas

Gerais – 2014

MUNICÍPIOS / ANO Micro Pequena Média Grande

Nova Serrana 783 185 29 0

Itaúna 44 3 2 2

Montes Claros 86 6 2 1

Belo Horizonte 917 88 5 0

Pirapora 7 1 0 0

Uberlândia 172 18 1 1

Sete Lagoas 36 2 0 0

Uberaba 109 18 0 0

Cataguases 32 4 3 1

Pouso Alegre 37 1 0 1

Fonte: Dados básicos: Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTE), Relação Anual de Informações

Sociais (RAIS).

Elaboração própria.

5.2 Remuneração

A tabela 5.8 apresenta a remuneração média dos empregados, em reais, de

atividades selecionadas nos anos de 2010 e 2014 para Minas Gerais. Percebe-se que a

média salarial dos trabalhadores no setor da Moda é de R$ 1.052,22 reais em 2014. Esse

valor é 51,42% maior que o valor observado para o ano de 2010. Mesmo considerando

que esses dados são a preços correntes, ou seja, não se desconsiderando a inflação, os

dados sinalizam um ganho nesse período para os trabalhadores do setor.

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69

Tabela 5.8: Remuneração média dos empregados de atividades selecionadas – Minas Gerais – 2010-2014

(R$)

ATIVIDADES ECONÔMICAS / ANO 2010 2011 2012 2013 2014

TOTAL DA ECONOMIA 1.334 1.466 1.618 1.762 1.913

INDÚSTRIA TOTAL 1.413 1.571 1.743 1.878 2.030

INDÚSTRIA DA TRANSFORMAÇÃO 1.291 1.430 1.570 1.702 1.835

MODA 695 780 862 956 1.052

TÊXTEIS - CONFECÇÕES

Preparação e fiação de fibras de algodão 884 963 1.078 1.176 1.238

Preparação e fiação de fibras têxteis nat., exc. algodão 672 743 890 974 1.066

Fiação de fibras artificiais e sintéticas 800 813 888 974 1.080

Fabricação de linhas para costurar e bordar 732 790 878 962 1.040

Tecelagem de fios de algodão 1.047 1.150 1.287 1.409 1.494

Tecelagem de fios de fibras têxteis nat., exceto algodão 926 1.093 1.272 699 720

Tecelagem de fios de fibras artificiais e sintéticas 916 977 1.112 1.207 1.280

Fabricação de tecidos de malha 833 898 982 1.112 1.176

Acabamentos em fios, tecidos e artefatos têxteis 793 893 1.003 1.060 1.119

Confecção de roupas íntimas 612 667 747 826 889

Confecção de peças do vestuário, exceto roupas íntimas 641 748 794 877 967

Fab. de acess. do vestuário, exceto para seg. e proteção 677 754 899 1.004 1.104

Fabricação de meias 655 725 840 951 1.031

Fab. de artigos do vestuário, exceto meias 715 795 887 980 1.060

Fab. de fibras artificiais e sintéticas 1.663 2.548 2.847 2.626 2.847

CALÇADOS

Curtimento e outras preparações de couro 885 986 1.088 1.198 1.412

Fab. de artigos para viagem, bolsas e semelhantes 682 736 819 923 1.021

Fabricação de calçados de couro 694 750 855 953 1.042

Fab. de tênis de qualquer material 619 692 845 990 1.100

Fab. de calçados de material sintético 614 665 830 952 1.070

Fab. de calçados de materiais não especificados ant. 628 686 802 919 1.073

Fab. de partes para calçados, de qualquer material 681 748 857 965 1.087

JOIAS

Lapidação de gemas e fab. de artefatos de joalheria 1.002 1.122 1.208 1.354 1.481

Fabricação de bijuterias e artefatos semelhantes 693 768 859 932 992

Fonte: Dados básicos: Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTE), Relação Anual de Informações

Sociais (RAIS).

Elaboração própria.

Quando comparamos a remuneração média dos empregados no setor da Moda

com a Indústria de Transformação, com a Indústria Total e com a economia de Minas

Gerais, constata-se que o salário médio da Moda ainda é inferior ao observado nesses

outros segmentos. Em 2014, os empregados chegaram a receber, em média, 45% a menos

que o salário médio de Minas Gerais.

A massa salarial dos empregados da cadeia da Moda no Estado em 2014 foi de R$

134.189 mil conforme se observa na tabela 5.9. No Brasil, esse dado atingiu R$ 1.541.832

mil. Ainda é possível destacar o fato de 68,52% da massa salarial em Minas Gerais da

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70

cadeia produtiva da Moda ser proveniente do setor de Têxteis e Confecções, 29,86% do

setor de Calçados e 1,61% de Joias.

Tabela 5.9: Massa salarial dos empregados de atividades selecionadas – Minas Gerais – 2010-2014 (R$

1.000)

ATIVIDADES ECONÔMICAS / ANO 2010 2011 2012 2013 2014

TOTAL DA ECONOMIA 6.197.284 7.110.086 7.972.328 8.911.981 9.703.500

INDÚSTRIA TOTAL 1.629.983 1.885.182 2.163.681 2.356.302 2.482.638

INDÚSTRIA DA TRANSFORMAÇÃO 1.043.081 1.189.419 1.321.209 1.449.697 1.538.870

MODA 92.537 101.346 123.140 123.140 134.189

TÊXTEIS – CONFECÇÕES 66.900 74.350 84.592 84.592 91.949

Preparação e fiação de fibras de algodão 2.653 2.622 2.848 2.848 3.094

Preparação e fiação de fibras têxteis nat., exc.

algodão 234 288 337 337 322

Fiação de fibras artificiais e sintéticas 282 124 148 148 137

Fabricação de linhas para costurar e bordar 186 172 225 225 239

Tecelagem de fios de algodão 7.786 8.268 10.076 10.076 10.885

Tecelagem de fios de fibras têxteis nat.,

exceto algodão 129 127 34 34 35

Tecelagem de fios de fibras artificiais e

sintéticas 296 225 246 246 265

Fabricação de tecidos de malha 1.241 1.388 915 915 860

Acabamentos em fios, tecidos e artefatos

têxteis 2.958 3.474 4.243 4.243 4.502

Confecção de roupas íntimas 6.357 7.017 8.762 8.762 8.952

Confecção de peças do vestuário, exceto

roupas íntimas 38.817 44.699 50.009 50.009 54.913

Fab. de acess. do vestuário, exceto para seg. e

proteção 992 1.080 1.579 1.579 1.629

Fabricação de meias 615 679 735 735 804

Fab. de artigos do vestuário, exceto meias 3.317 3.628 3.762 3.762 4.556

Fab. de fibras artificiais e sintéticas 1.038 561 672 672 754

CALÇADOS 23.748 24.925 36.339 36.339 40.073

Curtimento e outras preparações de couro 2.343 2.608 3.499 3.499 3.679

Fab. de artigos para viagem, bolsas e

semelhantes 1.203 1.035 1.278 1.278 1.481

Fabricação de calçados de couro 7.112 7.476 9.218 9.218 9.843

Fab. de tênis de qualquer material 3.126 3.948 6.587 6.587 6.900

Fab. de calçados de material sintético 1.444 1.954 3.742 3.742 4.584

Fab. de calçados de materiais não

especificados ant. 6.544 6.320 9.540 9.540 10.530

Fab. de partes para calçados, de qualquer

material 1.976 1.586 2.474 2.474 3.056

JOIAS 1.889 2.071 2.210 2.210 2.167

Lapidação de gemas e fab. de artefatos de

joalheria 1.320 1.488 1.471 1.471 1.464

Fabricação de bijuterias e artefatos

semelhantes 568 583 738 738 702

Fonte: Dados básicos: Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTE), Relação Anual de Informações

Sociais (RAIS).

Elaboração própria.

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71

Outra análise feita a partir da remuneração média e da massa salarial é a

observação desses dados por município. A tabela 5.10 destaca os dez municípios com

maior remuneração média para o período de 2010 a 2014. A maior remuneração média

foi observada no município de Poços de Caldas, cujo valor foi de R$ 1.825,79. Quanto a

massa salarial, a maior é verificada em Nova Serrana, seguida por Belo Horizonte.

Tabela 5.10: Municípios com maior remuneração média e massa salarial na cadeia produtiva da Moda –

Minas Gerais – 2010-2014

MUNICÍPIOS / ANO 2010 2011 2012 2013 2014

REMUNERAÇÃO MÉDIA (RS)

Poços de Caldas 1.256 1.370 1.579 1.670 1.826

Betim 1.073 1.230 1.385 1.502 1.650

Contagem 953 1.044 1.159 1.320 1.533

Cataguases 1.076 1.201 1.369 1.493 1.527

Lagoa Santa 876 951 1.147 1.087 1.478

Alfenas 1.114 1.163 1.278 1.368 1.468

Ibirité 833 937 1.098 1.203 1.423

Belo Horizonte 855 977 1.109 1.262 1.393

Uberlândia 805 920 1.023 1.161 1.387

Pouso Alegre 671 774 825 968 1.375

MASSA SALARIAL (R$ 1.000)

Nova Serrana 10.300 10.560 13.425 16.211 17.990

Belo Horizonte 9.539 9.549 10.730 11.314 11.559

Divinópolis 4.834 5.064 5.444 6.111 6.361

Juiz De Fora 3.710 3.514 3.742 4.137 4.266

Itaúna 2.730 2.822 3.275 3.810 4.053

Montes Claros 730 753 935 2.812 3.588

Uberlândia 2.007 2.390 2.827 2.936 3.493

Cataguases 2.649 2.842 2.914 3.233 3.237

São Joao Nepomuceno 1.384 1.717 2.163 2.771 3.105

Muriaé 2.468 2.519 2.777 2.816 2.987

Fonte: Dados básicos: Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTE), Relação Anual de Informações

Sociais (RAIS).

Elaboração própria.

5.3 Níveis de escolaridade

Os dados de escolaridade são apresentados na tabela 5.11. Percebe-se que a maior

parte dos empregados da cadeia produtiva da Moda (97,96%) possuem até ensino médio

completo, sendo apenas 2,04% com ensino superior no ano de 2013.

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72

Tabela 5.11: Número de pessoas por nível de escolaridade de atividades da Moda – Minas Gerais – 2013

MODA 381 71813 54045 2629

TÊXTEIS – CONFECÇÕES 211 48288 39124 1856

Preparação e fiação de fibras de algodão 2 1592 754 74

Preparação e fiação de fibras têxteis nat., exc.

Algodão 0 242 97 7

Fiação de fibras artificiais e sintéticas 0 74 73 5

Fabricação de linhas para costurar e bordar 0 162 65 7

Tecelagem de fios de algodão 4 4007 2823 317

Tecelagem de fios de fibras têxteis nat., exceto

algodão 1 27 18 2

Tecelagem de fios de fibras artificiais e

sintéticas 1 145 54 4

Fabricação de tecidos de malha 2 473 325 23

Acabamentos em fios, tecidos e artefatos

têxteis 3 2010 1858 132

Confecção de roupas íntimas 23 5315 5113 152

Confecção de peças do vestuário, exceto roupas

íntimas 156 31214 24731 952

Fab. de acess. do vestuário, exceto para seg. e

proteção 8 738 794 32

Fabricação de meias 2 378 374 19

Fab. de artigos do vestuário, exceto meias 9 1888 1848 94

Fab. de fibras artificiais e sintéticas 0 23 197 36

CALÇADOS 164 22741 13938 667

Curtimento e outras preparações de couro 13 2013 786 109

Fab. de artigos para viagem, bolsas e

semelhantes 10 626 694 55

Fabricação de calçados de couro 24 5872 3615 166

Fab. de tênis de qualquer material 33 4201 2328 90

Fab. de calçados de material sintético 39 2678 1165 51

Fab. de calçados de materiais não especificados

ant. 30 5556 4616 176

Fab. de partes para calçados, de qualquer

material 15 1795 734 20

JOIAS 6 784 983 106

Lapidação de gemas e fab. de artefatos de

joalheria 4 452 555 76

Fabricação de bijuterias e artefatos semelhantes 2 332 428 30

Fonte: Dados básicos: Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTE), Relação Anual de Informações

Sociais (RAIS).

Elaboração própria.

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73

A análise por setores revelou que o setor de Joias possui maior proporção de

ensino superior entre seus empregados (5,64%), sem seguida Têxteis-confecções com

2,07% e calçados com 1,78%. A parte da indústria química de fabricação de fibras

artificiais e sintéticas é a grande exceção com 14,06% de empregados com ensino

superior.

A presença de mão de obra qualificada é um fator determinante em atividades que

busquem inovação. A predominância de empregados com escolaridade até o ensino

médio revela a presença maior de trabalho do nível técnico ligado a processos repetitivos,

o que não converge com a ideia de inovação. Esse grupo de profissionais com esse perfil

não deixa de ser importante, tanto que se confirma como maior na indústria de Minas

Gerais e também na Indústria de transformação, porém é fundamental uma maior

proporção de empregados com nível superior.

5.4 Rotatividade

Na tabela 5.12 destaca-se o tempo de emprego médio de emprego, em meses, de

atividades selecionadas para Minas Gerais entre 2010 e 2014. O tempo médio de emprego

na cadeia produtiva da Moda cresceu nesse período, passou de 33 meses em 2010 para

39 meses em 2014. Cabe destacar que o tempo de emprego médio observado na cadeia

produtiva da Moda é inferior ao observado para a Indústria de Transformação, a Indústria

Total e o Total da Economia. Para o Brasil, tem-se que o tempo de emprego médio de

emprego na Moda é de 43 meses, em 2014.

O subsetor em que as pessoas ficaram mais tempo empregadas em 2014 é

“Tecelagem de fios de algodão” (87 meses) e onde existe a maior rotatividade é

“Fabricação de partes para calçados, de qualquer material” (23 meses).

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74

Tabela 5.12: Tempo de emprego médio de emprego de atividades selecionadas – Minas Gerais – 2010-

2014 (meses)

ATIVIDADES ECONÔMICAS / ANO 2010 2011 2012 2013 2014

TOTAL DA ECONOMIA 54 56 56 57 58

INDÚSTRIA TOTAL 48 50 50 52 54

INDÚSTRIA DA TRANSFORMAÇÃO 43 44 45 47 49

MODA 33 35 36 37 39

TÊXTEIS – CONFECÇÕES

Preparação e fiação de fibras de algodão 73 82 83 83 82

Preparação e fiação de fibras têxteis nat., exc. algodão 29 31 35 42 49

Fiação de fibras artificiais e sintéticas 42 42 39 48 53

Fabricação de linhas para costurar e bordar 54 61 59 68 69

Tecelagem de fios de algodão 79 84 85 86 87

Tecelagem de fios de fibras têxteis nat., exceto algodão 67 75 88 50 41

Tecelagem de fios de fibras artificiais e sintéticas 40 54 61 61 66

Fabricação de tecidos de malha 35 37 45 53 48

Acabamentos em fios, tecidos e artefatos têxteis 48 45 44 44 45

Confecção de roupas íntimas 29 31 33 34 38

Confecção de peças do vestuário, exceto roupas íntimas 30 31 32 34 36

Fab. de acess. do vestuário, exceto para seg. e proteção 28 30 29 31 36

Fabricação de meias 34 39 43 46 49

Fab. de artigos do vestuário, exceto meias 27 28 32 34 32

Fab. de fibras artificiais e sintéticas 47 34 44 44 52

CALÇADOS

Curtimento e outras preparações de couro 33 36 36 38 43

Fab. de artigos para viagem, bolsas e semelhantes 27 32 32 37 35

Fabricação de calçados de couro 32 35 38 41 42

Fab. de tênis de qualquer material 25 24 25 25 28

Fab. de calçados de material sintético 26 26 25 28 28

Fab. de calçados de materiais não especificados ant. 21 24 24 21 24

Fab. de partes para calçados, de qualquer material 18 19 19 20 23

JOIAS

Lapidação de gemas e fab. de artefatos de joalheria 50 49 51 54 57

Fabricação de bijuterias e artefatos semelhantes 25 27 27 31 34

Fonte: Dados básicos: Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTE), Relação Anual de Informações

Sociais (RAIS).

Elaboração própria.

O município com maior tempo de emprego médio dentre os 10 maiores VA da

Moda em 2014 é Cataguases (100 meses) – esse resultado é mais que o dobro do que o

observado para a cadeia produtiva da Moda (TABELA 5.13). Os municípios de Montes

Claros, Nova Serrana e Pouso Alegre apresentam tempo de emprego médio inferior a

Moda.

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75

Tabela 5.13: Municípios com maior tempo de emprego médio dentre os 10 maiores VA da Moda –

Minas Gerais – 2010-2014 (meses)

MUNICÍPIOS / ANO 2010 2011 2012 2013 2014

Nova Serrana 22 24 24 25 27

Itaúna 53 58 55 55 56

Montes Claros 42 46 47 21 27

Belo Horizonte 37 41 41 44 46

Pirapora 74 71 71 81 85

Uberlândia 30 31 33 36 40

Sete Lagoas 32 33 41 42 43

Uberaba 29 33 34 39 42

Cataguases 87 93 98 96 100

Pouso Alegre 23 31 39 40 35

Fonte: Dados básicos: Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTE), Relação Anual de Informações

Sociais (RAIS).

Elaboração própria.

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76

6. COMÉRCIO EXTERIOR NA CADEIA DA MODA DE MINAS GERAIS

A compreensão sobre o movimento atual da indústria de transformação de Minas

Gerais em relação ao mercado internacional exige um breve resgate sócio-histórico que

contribuiu para a fundamentação do atual cenário.

Desde o início do século XIX, Minas Gerais participa do cenário brasileiro de

produção têxtil. Sob os benefícios de Decreto nº 1.516 de 2 de maio de 1902, os

empreendimentos à época foram beneficiados com a doação de terrenos para instalação

fabril, isenção de impostos por cinco anos e fornecimento gratuito de energia elétrica por

dez anos. Em 1900, por iniciativa de um imigrante italiano, instalou-se a Companhia

Minas Fabril em Belo Horizonte que atingiu em suas melhores fases a geração de 500

postos de trabalho. O ano de 1906 marca a fundação da Companhia Industrial Belo

Horizonte na produção de tecidos, com ampliação das instalações para a cidade vizinha,

Pedro Leopoldo. Em 1976, essa empresa adquiriu a Fiação Brasileira de Algodão

instalada em Pará de Minas. Outras fábricas do ramo têxtil também se destacaram em

Minas Gerais como a Fábrica de Chapéus de Sol fundada em 1915 também por imigrante

italiano. Outro exemplo foi a fundação em 1937 da Cia. Renascença Industrial para a

fabricação de fios e tecidos finos por iniciativa de empreendedores mineiros.

O ramo de calçados teve seus primórdios de produção em Minas Gerais nos

primeiros anos do século passado com um curtume rudimentar que posteriormente passou

a se chamar Curtume São Geraldo e Curtume Santa Helena, esse a partir de uma separação

de sociedade. Em 1931, aconteceu a fundação da Fábrica de Calçados Jade que atingiu a

marca de produção de 150 sapatos finos por dia com 50 empregados. Em 1950, inaugurou

a Calçados San Marino Ltda, ativa no cenário atual de produção nesse ramo e em 1972 a

Arezzo Indústria e Comércio Ltda.

No ano de 1946, Alexandre Diniz Mascarenhas “fundou a Companhia Industrial

de Estamparia e ingressou no ramo de tecelagem na Cia. Cedro e Cachoeira (...) projetou

e instalou a Usina Pacífico Mascarenhas (...) associou-se a terceiros, adquirindo, em

Diamantina a Cia Industrial São Roberto” (FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO

ESTADO DE MINAS GERAIS, 1998, p. 56).

No Brasil, o processo de substituição de importações pode ser entendido como

uma dinâmica que se deu a partir de um desenvolvimento ‘parcial’ e ‘fechado’ em que,

empenhando-se no sentido de adequações às restrições internacionais. Pode-se afirmar

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77

que o mesmo ocorreu de forma similar à proposta de industrialização que já havia sido

empregada nos países industrializados em tempos históricos diferentes (GREMAUD,

2013).

Quase dois séculos depois da Europa ter instalado um conjunto de transformações

como a substituição do trabalho artesanal pelo assalariado e com uso intensivo de

máquinas, que desdobrou em novas configurações nas relações sociais, o Brasil inseriu-

se definitivamente no processo de produção. A Revolução Industrial significou para o

mundo a alteração nas configurações de mercado e a emergência de novos atores sociais

nos desígnios do processo produtivo, destacando-se os proprietários dos meios de

produção que, articulados e organizados, assumem juntamente à gestão estatal as

diretrizes estratégicas nas relações de produção e comércio.

No Brasil, a crise da agroexportação, que até então delimitava a participação do

país no cenário internacional, reverteu-se em condições para o direcionamento da

produção para o mercado interno. A política econômica governamental no período entre

1933 até o final de 1970 foi fundamental para o fomento da produção e consumo interno.

Com o encerramento dos investimentos previstos do II Plano Nacional de

Desenvolvimento (PND) – configurou-se o Processo de Substituição de Importações

(PSI), que durou cerca de cinco décadas (REGO; MARQUES, 2003).

A teoria dos choques adversos, defendida pela CEPAL4, mais precisamente aos

economistas Celso Furtado e Raúl Prebisch, sustenta-se no argumento central que

reconhece nas crises das atividades exportadoras as condições para o fomento do mercado

interno a partir do reposicionamento do setor industrial. A elevação do custo das

importações e a redução das demandas das exportações impactam diretamente no balanço

da produção, restringindo o acesso a financiamentos.

Nesse caso, a iniciativa governamental direciona se no sentido de desvalorização

da moeda nacional, que, por sua vez, contribui para a elevação dos custos para importação

e, por outro lado, favorece a produção interna.

A dimensão política das crises traduz-se no tensionamento de segmentos sociais,

principalmente o empresariado para a liberação de créditos, o que contribui para a redução

das taxas de juros, desdobrando-se na dimensão econômica em favor da produção

4

CEPAL – Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe que compõe o grupo de cinco Comissões Regionais das Nações Unidas, criada em 1948, com o

objetivo de contribuir para o desenvolvimento da América Latina numa perceptiva de internacionalização das relações com os demais países do mundo.

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78

doméstica. Por fim, a elevação de tarifações sobre as importações reforça o cenário em

favor da produção mundial na visão da CEPAL.

Ou seja, à crise estrutural da agroexportação agregou se incondicionalmente as

políticas econômicas favoráveis para o redirecionamento da produção e assim da

economia nacional como um todo.

No caso brasileiro, a associação mercado/estado resignificou a alavanca do

processo industrial por demanda da própria sustentabilidade do segundo. Tal afirmativa

sustenta-se, primeiramente, no ator mercado face ao caráter da produção cafeeira que

demandou, desde o início do século XX, medidas intervencionistas creditícias que

garantissem a lucratividade do setor. Associa-se a esta demanda da sociedade burguesa

ao Estado, o modelo “federalismo fiscal” adotado na mesma época que atrelava as contas

federais à arrecadação pelas importações em detrimento à arrecadação pelas exportações

em favor dos estados, onerando o nível federal.

Em outras palavras, em consonância do pensamento furtadiano, o

impulsionamento da industrialização voltada para o mercado interno a partir de 1930 foi

uma necessidade de sobrevida às crises agudas que se cristalizavam no cenário econômico

brasileiro desde a República Velha. A formação de capital a partir do setor industrial

interno resignificou ou alterou o posicionamento do país na economia global,

oportunizando a ruptura da condição de fornecedor de alimentos e matérias-primas aos

países centrais - o rompimento da Antiga Divisão Internacional do Trabalho (REGO;

MARQUES, 2003).

O ramo de manufaturas têxteis juntamente ao de metalurgia foram pouco pujantes

no Brasil Colônia, apesar da abundância de matérias primas e de mercado interno

relevante, devido ao peso da concorrência inglesa. O setor de indústria têxtil instalou-se

no país a partir da segunda metade do século XIX. No Nordeste, pela caracterização de

alta concentração de propriedade e produção de algodão, principalmente no estado da

Bahia, favoreceu a instalação de plantas têxteis e açucareiras de dimensões grandes e

apresentou a mesma tecnologia utilizada na Inglaterra. Cinco das nove fábricas do país à

época instalaram-se nessa região.

Já nas demais regiões instalou-se o tipo de indústria de pequeno e de médio porte.

Como o ramo de vestuário e calçados havia evoluído menos em relação aos demais

setores da economia no que se refere ao uso de tecnologia, houve uma maior facilidade

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79

para a entrada de pequenos capitalistas para empreendimentos de pequeno e médio porte.

(CANO, 2007). Já nas últimas décadas do século XIX, 69% das fábricas têxteis

localizavam se em São Paulo, Minas Gerais e no Rio de Janeiro, sendo que essa última

se tornou, em 1870, o centro da indústria. “Em 1915, haviam 202 fábricas disseminadas

por 17 estados, nas quais trabalhavam 82.247 operários” (TESSARI apud CRUZ-

MOREIRA, 2003, p. 88).

Desde 1930, registra-se que o comércio de produtos têxteis e vestuário esteve

sujeito às regulações definidas por acordos internacionais, atribuindo assim um

tratamento diferenciado em relação a outros produtos manufaturados. À época, firmou-se

o Acordo Geral de Comércio e Tarifas (General Agreement on Trade and Tariffs –

GATT) em função da ameaça aos produtores de algodão frente ao Japão, estabelecendo

cotas e elevação de tarifas. Na década de 50 continuaram tais medidas de restrição junto

aos Estados Unidos e principais países exportadores. Em 1961, os mesmos foram

renovados, garantindo-se a relação de mercado. Em 1974, em substituição a esses

acordos, firmou-se o Acordo Multifibras (Multifiber Agreement – MFA) que estabelecia

quotas de exportação nos períodos de importações crescentes dos produtos para os EUA

e países europeus, O mesmo contemplou também produtos têxteis de lã e fibras sintéticas

(AMARAL, 2008).

Os acordos para abastecimento das forças militares firmados entre o Brasil e os

Aliados na Segunda Guerra Mundial juntamente à possibilidade de exportação para países

africanos e sul-africanos impulsionaram o setor têxtil na década de 40. A chegada dos

imigrantes nos diversos estados brasileiros foi um importante fator de consolidação da

indústria de vestuário, incluindo a diversificação de produtos. As políticas de créditos

destinadas aos parques industriais foram o esteio para a produtividade.

Na década de 60, no Nordeste, a crise econômica atingiu seu parque industrial,

principalmente as indústrias têxteis em função da obsolescência dos equipamentos de

suas tradicionais indústrias, resultando no encerramento de parte considerável e elevado

desemprego, situação esta que seria reerguida somente mais tarde.

Por outro lado, a implantação do Polo Industrial de Manaus impulsionará o

desenvolvimento da produção de vestuário destinado ao mercado interno. Até a década

de 70, a indústria têxtil foi a maior em Valor de Transformação Industrial (VTI) e

empregado (CRUZ-MOREIRA, 2003, p. 91).

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80

A restrição à importação de máquinas desde 1979 e a proteção de mercado de

1974 a 1989 contribuíram fortemente para o moderamento tecnológico da indústria têxtil

nacional em relação aos demais processos mundiais. No entanto, a proposição da política

governamental à época em favor da abertura de mercado para as empresas estrangeiras

contribuiu para a retomada da produção e em escala. Empresas estrangeiras licenciaram

marcas para produtos nacionais e o Brasil assumiu a posição de país exportador de tecidos

denin e de jeans.

A abertura de mercado implicará às empresas brasileiras uma reestruturação

radical na década de 90. Os modelos de gestão das corporações transnacionais

característicos desse novo modelo econômico como as cadeias, clusters, redes,

demandará competências imprescindíveis para a manutenção no espaço globalizado

(FLEURY apud CRUZ-MOREIRA, 2003, p.69).

No setor têxtil vestuário, a entrada de produtos asiáticos a preços módicos,

independente da qualidade, gerou grande impacto negativo no setor. Já as empresas de

confecção tiveram um sensível crescimento na produção, não significando

necessariamente no seu valor.

A alternativa das empresas brasileiras como estratégia principal de redução de

custos foi a adesão à desverticalização dos processos, intensificando da adoção de práticas

de subcontratação produtiva, as chamadas facção industrial ou domiciliar, numa

proporção direta de difusão e precarização (CRUZ-MOREIRA, 2003).

Simultaneamente, o processo de reestruturação dos estados brasileiros significará

a oferta de incentivos tributários, créditos, infraestrutura e investimento por parte dos

governos para a instalação de indústrias ocasionando a redistribuição interna da produção.

Estados do sul e sudeste reduziram sua capacidade produtiva com o realocamento das

indústrias para o nordeste.

No entanto, a indústria da moda em função do atrelamento ao mercado

consumidor característico próprio dos grandes centros urbanos, permaneceu concentrada

nos estados do Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais e Rio de Janeiro para o melhor

desenvolvimento da logística de desenvolvimento e consumo.

Outrossim, a ampla oferta de incentivos pulverizados associados à importante

condicionante relacionada a grandes investimentos públicos na infraestrutura resultará na

dispersão geográfica dos investimentos têxteis no Nordeste, dificultando a formação de

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81

cadeias e grupos de produção e demais vantagens oriundas desses modelos. Somente as

grandes empresas que possuem estruturados os processos de fornecimento e logística se

sustentarão, sem, no entanto, significarem a otimização de empresas locais e

disseminação de tecnologias.

Assim, a região Sudeste, mais precisamente São Paulo, consolidou se como:

[...] centro intelectual e financeiro das cadeias têxtil vestuário brasileiras,

funciona como centro de comercialização e de distribuição de matérias primas e

produtos acabados, o que permite a empresas ali sediadas controle de atividades

produtivas distintas, além do design, marketing, e dos investimentos nos

negócios da moda. (CRUZ-MOREIRA, 2003, p. 75).

Nesta direção, o centro da moda vem se ampliando a partir da retomada do Rio de

Janeiro e da entrada de Belo Horizonte e do próprio Estado de Minas no circuito de

eventos e arranjos produtivos. No Nordeste, Fortaleza tem impulsionado a cadeia

produtiva de moda, seguida de Recife. E no Sul, Porto Alegre também tem sediado

eventos do ramo.

6.1 Exportação

No que se refere à cadeia produtiva da moda, a maior expressão das exportações

brasileiras encontra-se no ramo de Calçados, seguido de Têxteis e confecções e Joias e

bijuterias quando analisado no período entre 2010 e 2014.

No entanto, a cadeia produtiva de Têxteis e confecções apresentou desempenho

crescente, com crescimento nominal de 27,48% no período compreendido entre 2010 e

2014, maior que o setor de Calçados. O ramo de Calçados apresentou um aumento no

volume de vendas para exportação no mesmo período de 23,35% e a exportação de Joias

e bijuterias ampliou em 4,28% o volume de exportações.

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82

Tabela 6.1: Volume das exportações – Brasil – 2010-2014 (R$ 1.000.000)

Atividades 2010 2011 2012 2013 2014

Calçados 3.396 3.554 3.371 3.769 4.189

Joias e bijuterias 301 372 337 353 314

Têxteis e confecções 1.662 2.447 2.872 1.923 2.118

Demais 196.556 249.667 235.999 236.134 218.479

TOTAL 201.915 256.040 242.580 242.179 225.101

Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).

Elaboração própria.

Ao considerar o volume das exportações brasileiras no período compreendido

entre 2010 e 2014, observa-se que os setores da cadeia produtiva da moda possui uma

participação tímida quando comparada às demais atividades econômicas.

Tabela 6.2: Participação das atividades no volume das exportações – Brasil – 2010-2014 (%)

Atividades 2010 2011 2012 2013 2014

Calçados 1,68 1,39 1,39 1,56 1,86

Joias e bijuterias 0,15 0,15 0,14 0,15 0,14

Têxteis e confecções 0,82 0,96 1,18 0,79 0,94

Demais 97,35 97,51 97,29 97,50 97,06

TOTAL 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).

Elaboração própria.

No volume total de exportações brasileiras, o ramo de Calçados apresentou uma

tendência de aumento na participação desde 2011, tendo superado o percentual de 2010,

maior apresentado até então, conforme tabela 6.2. O ramo de produção de Joias e

bijuterias manteve-se constante em relação ao percentual quando comparado com o

volume total de exportações. Já a cadeia produtiva de Têxteis e confecções apresentou

movimento oscilante no período em análise.

Em termos da cadeia produtiva da moda do Estado de Minas Gerais, o ramo de

Calçados desponta dentre os grupos que a compõem. Já a cadeia produtiva de Joias e

bijuterias posiciona-se no segundo nível em relação ao volume das exportações nesse

grupo, à frente do ramo de Têxteis e Confecções, diferente da tendência nacional. A tabela

6.3 apresenta o volume das exportações mineiras.

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83

Tabela 6.3: Volume das exportações – Minas Gerais – 2010-2014 (R$ 1.000)

Atividades 2010 2011 2012 2013 2014

Calçados 48.126 120.381 128.615 142.915 175.451

Joias e bijuterias 70.507 91.015 97.874 115.823 109.299

Têxteis e confecções 66.590 76.666 75.931 66.403 67.230

Demais 31.039.250 41.104.876 33.126.890 33.111.792 28.968.664

TOTAL 31.224.473 41.392.937 33.429.310 33.436.933 29.320.645

Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).

Elaboração própria.

Em relação à participação no volume das exportações por setor de atividade da

cadeia produtiva da moda do Estado de Minas Gerais, no período de 2010 a 2014, o ramo

de Calçados apresentou um crescimento mais acentuado (TABELA 6.4).

Tabela 6.4: Participação das atividades no volume das exportações – Brasil – 2010-2014 (%)

Atividades 2010 2011 2012 2013 2014

Calçados 0,15 0,29 0,38 0,43 0,60

Joias e bijuterias 0,23 0,22 0,29 0,35 0,37

Têxteis e confecções 0,21 0,19 0,23 0,20 0,23

Demais 99,41 99,30 99,10 99,03 98,80

TOTAL 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).

Elaboração própria.

A partir dos dados referentes ao volume das exportações brasileiras, observa-se

que Minas Gerais apresentou, no período entre 2011 e 2014, uma tendência de queda na

participação em relação ao total do país, significando nesse último ano o percentual de

13,03% em relação ao total das exportações brasileiras (GRÁFICO 6.1).

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84

Gráfico 6.1: Participação das exportações de Minas Gerais nas exportações brasileiras – 2010-2014

Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).

Elaboração própria.

Em relação aos ramos que compõem a cadeia produtiva de moda, o setor de Joias

e bijuterias apresentou maior relevância em termos de participação, tendo sido

responsável por 34,79% do total das exportações nesse ramo em 2014, participação essa

que vem apresentando tendência de crescimento no período analisado.

O ramo de Calçados representou um índice de 4,19% de participação no volume

brasileiro exportado e o ramo de Têxteis e confecções apresentou o percentual de 3,17%

sobre o volume total exportado pelo Brasil em 2014.

E ainda, pode-se afirmar que tanto o ramo de Calçados quanto o ramo de Joias e

bijuterias tiveram significativo crescimento entre o período de 2011 e 2014 no que se

refere à participação no volume de exportações. Já o setor de Têxteis e confecções

apresentou baixa variação, com tendência de queda. Em 2011, esse ramo apresentava um

percentual de 4,01% do total de volume exportado pelo Brasil e em 2014 esse índice

posicionou-se em 3,17% (GRÁFICO 6.1).

As demais atividades econômicas apresentam variação similar ao valor geral ao

percentual de participação de Minas Gerais nas exportações brasileiras face ao montante

acumulado que as mesmas representam em relação aos segmentos da cadeia produtiva de

moda de Minas Gerais no cenário brasileiro.

1,43,4 3,8 3,8 4,2

23,4 24,5

29,0

32,834,8

4,0 3,1 2,6 3,5 3,2

15,8 16,514,0 14,0 13,315,5 16,2

13,8 13,8 13,0

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

40,0

2010 2011 2012 2013 2014

% Calçados Joias e bijuterias Têxteis e confecções Demais Total

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85

Em estudo qualitativo realizado em 2012 com especialistas da área de moda por

Sutter apud Galleli et al (2012), obteve se que o mercado internacional prioriza os

seguintes aspectos no processo de comercialização, os quais:

i) design;

ii) qualidade do produto;

iii) suporte e serviços;

iv) identidade da marca visualizada;

v) imagem do país de origem;

vi) inovação e sustentabilidade.

A partir dessa ótica, pensar o reposicionamento da cadeia produtiva da moda

brasileira e mesmo a mineira no cenário internacional com intensificação da exportação

pressupõe investimentos na ordem de logística, mas, sobretudo no capital social, seja em

conhecimento, seja em inovação que possam agregar ao design a identidade e valor

intangível do produto, potencializando a competitividade.

6.2 Importação e balança comercial

A interface entre a criação e o design com a tecnologia, contemplando o

desenvolvimento de fibras e materiais em consonância com a sustentabilidade e meio

ambiente, vem assumindo a centralidade dos negócios na cadeia produtiva global da

moda.

Outrossim, o desenvolvimento de competências de criação e produção de produtos

intensivos em design demandam centralidade nas políticas públicas de formação

profissional.

No caso brasileiro, a contraposição à imagem de uma linha de produção que esgota

a sua mão de obra e que se sustenta historicamente a partir de transcrições de modelos

internacionais constituem certamente desafios para a consolidação de marcas, seja no

mercado interno seja no externo.

A tabela 3.5 apresenta o volume de importações mineras dos setores da moda para

os anos de 2010 a 2014. É possível observar a baixa magnitude da moda em relação ao

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86

total importado. As maiores importações em termos da moda originam-se dos Têxteis-

confecções.

Tabela 6.5: Volume das importações – Minas Gerais – 2010-2014 (R$ 1.000.000)

Atividades 2010 2011 2012 2013 2014

Calçados 11 15 16 14 15

Joias e bijuterias 1 1 2 2 3

Têxteis e confecções 175 175 172 184 165

Demais 9.779 12.836 11.864 12.143 10.820

Geral 9.967 13.028 12.055 12.344 11.002

Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).

Elaboração própria.

No que se referem às importações realizadas pelos ramos que compõem a cadeia

produtiva da Moda nesse estudo, observa-se que o segmento Têxteis e confecções

apresentaram redução do volume importado sobre o total das importações brasileiras no

período entre 2010 e 2014 (TABELA 6.6). Diferentemente do segmento de Joias e

bijuterias que apresentou tendência crescente das importações em relação ao montante

realizado no Brasil no ano de 2014. Para os demais, o volume importado apresentou

queda, ou seja, redução do valor em importação em relação ao total no Brasil.

Tabela 6.6: Participação das importações de Minas Gerais nas importações brasileiras – 2010-2014

Atividades 2010 2011 2012 2013 2014

Calçados 1,34 1,45 1,38 1,16 1,19

Joias e bijuterias 1,91 1,55 1,79 1,63 1,97

Têxteis e confecções 3,98 3,04 2,97 3,11 2,63

Demais 5,54 5,85 5,49 5,23 4,89

Geral 5,48 5,76 5,40 5,15 4,80

Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).

Elaboração própria.

Dentre as várias subsetores que compõem a cadeia produtva de Têxteis e

confecções, tem-se que no período compreendido entre 2010 e 2014, a “Fiação de fibras

artificiais e sintéticas” e a “Confecção de peças de vestuário, exceto roupas íntimas”

mantiveram-se nas primeiras posições de produtos com maior volume de importação

(TABELA 6.7).

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87

Tabela 6.7: Volume das importações dos setores do Têxtil e confecções – Minas Gerais – 2010-2014 (R$

1.000)

Segmentos 2010 2011 2012 2013 2014

Confecção de peças do vestuário, exceto

roupas íntimas 877.644 1.394.222 1.755.798 1.926.952 2.084.279

Confecção de roupas íntimas 43.893 83.462 118.730 130.224 151.121

Fabricação de acessórios do vestuário,

exceto para segurança e proteção 96.856 147.917 158.921 148.475 157.385

Fabricação de artigos do vestuário,

produzidos em malharias e tricotagens,

exceto meias

72.397 112.007 148.954 157.792 158.088

Fabricação de fibras artificiais e

sintéticas 155.855 189.414 182.166 222.161 220.328

Fabricação de linhas para costurar e

bordar 5.238 8.740 8.674 9.795 9.351

Fabricação de meias 19.365 37.439 41.919 39.827 36.930

Fabricação de tecidos de malha 522.912 447.497 482.885 448.278 554.203

Fiação de fibras artificiais e sintéticas 1.274.485 1.448.198 1.492.469 1.423.372 1.424.995

Preparação e fiação de fibras de algodão 308.739 535.460 95.406 121.502 140.726

Preparação e fiação de fibras têxteis

naturais, exceto algodão 33.790 45.288 38.520 42.340 35.482

Tecelagem de fios de algodão 311.728 437.737 316.026 267.125 240.758

Tecelagem de fios de fibras artificiais e

sintéticas 632.956 829.026 882.357 950.654 1.020.476

Tecelagem de fios de fibras têxteis

naturais, exceto algodão 43.146 48.942 54.050 42.190 30.981

Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).

Elaboração própria.

A tabela 6.8 apresenta os resultados da balança comercial dos subsetores do setor

Têxtil-confecções no ano de 2014. Pelos dados, observa-se que o Estado de Minas Gerais

importou mais que exportou produtos do setor Têxteis e confecções, com destaque para

a “Confecção de peças do vestuário” e também nos produtos com insumos de fibras

artificiais e sintéticas.

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Tabela 6.8: Balança comercial dos setores do Têxtil e confecções – Minas Gerais – 2014 (R$)

Segmentos Exportações Importações Balança

comercial

Confecção de peças do vestuário, exceto

roupas íntimas 114.741.248 2.084.278.961 -1.969.537.713

Confecção de roupas íntimas 21.569.742 151.121.383 -129.551.641

Fabricação de acessórios do vestuário, exceto

para segurança e proteção 49.120.971 157.384.748 -108.263.777

Fabricação de artigos do vestuário, produzidos

em malharias e tricotagens, exceto meias 2.912.069 158.088.285 -155.176.216

Fabricação de fibras artificiais e sintéticas 85.918.432 220.327.669 -134.409.237

Fabricação de linhas para costurar e bordar 12.248.432 9.351.346 2.897.086

Fabricação de meias 6.147.423 36.929.618 -30.782.195

Fabricação de tecidos de malha 56.560.124 554.203.079 -497.642.955

Fiação de fibras artificiais e sintéticas 71.022.337 1.424.995.049 -1.353.972.712

Preparação e fiação de fibras de algodão 1.364.889.619 140.725.752 1.224.163.867

Preparação e fiação de fibras têxteis naturais,

exceto algodão 90.299.272 35.482.314 54.816.958

Tecelagem de fios de algodão 155.762.679 240.757.924 -84.995.245

Tecelagem de fios de fibras artificiais e

sintéticas 80.320.664 1.020.476.246 -940.155.582

Tecelagem de fios de fibras têxteis naturais,

exceto algodão 2.542.250 30.981.278 -28.439.028

Total 2.114.055.262 6.265.103.652 -4.151.048.390

Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).

Elaboração própria.

No segmento de Calçados, a “Fabricação de artigos para viagem,bolsas e

semelhantes de qualquer material” foi a linha de produção que manteve-se com o maior

montante de valor nas importações de produtos no período entre 2010 e 2014. A

“Fabricação de calçados de material sintético” apresentou-se em segundo lugar de volume

de importação nos anos 2010 e 2011. A partir de 2012, essa posição passou a ser ocupada

pelo segmento de “Fabricação de tênis de qualquer material” (TABELA 6.9).

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89

Tabela 6.9: Volume das importações dos setores do Calçados – Minas Gerais – 2010-2014 (R$ 1.000)

Segmentos 2010 2011 2012 2013 2014

Curtimento e outras preparações

de couro 77.569 49.464 27.697 14.253 23.603

Fabricação de artigos para

viagem, bolsas e semelhantes de

qualquer material

379.037 527.977 525.831 554.785 568.358

Fabricação de calçados de couro 88.039 112.099 107.061 117.400 104.247

Fabricação de calçados de

materiais não especificados

anteriormente

5.096 7.151 8.295 4.650 1.414

Fabricação de calçados de

material sintético 116.161 169.182 158.992 136.956 98.197

Fabricação de partes para

calçados, de qualquer material 64.394 65.132 105.163 83.976 74.689

Fabricação de tênis de qualquer

material 95.276 139.324 234.213 313.370 357.426

Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).

Elaboração própria.

No que se refere aos segmentos da cadeia produtiva da moda – Calçados, o cenário

em 2014 posicionou Minas Gerais em uma situação melhor comparada ao segmento

citado anteriormente da cadeia conforme mostram os dados na tabela 6.10. Os dados

referentes à balança comercial de 2014 revelaram um desempenho positivo no setor de

calçados. Predominantemente, as importações concentraram-se na nos produtos de

calçados tipo tênis e calçados de couro que exigem maior investimento tecnológico.

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90

Tabela 6.10: Balança comercial da Cadeia Produtiva de Calçados de Minas Gerais. Ano: 2014

Segmentos Exportações Importações Balança comercial

Curtimento e outras preparações de

couro 2.939.456 23.603 2.915.853

Fabricação de calçados de couro 499.940 104.247 395.693

Fabricação de artigos para viagem,

bolsas e semelhantes de qualquer

material

16.447 568.358 -551.911

Fabricação de calçados de materiais

não especificados anteriormente 4.147 1.414 2.733

Fabricação de calçados de material

sintético 498.479 98.197 400.282

Fabricação de partes para calçados, de

qualquer material 170.354 74.689 95.665

Fabricação de tênis de qualquer

material 64.684 357.426 -292.743

Total 4.193.507 1.227.935 2.965.572

Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).

Elaboração própria.

No ramo de Joias e Bijuterias, as importações ocorreram com maior intensidade

de volume no produtos do setor “Lapidação de gemas e fabricação de artefatos de

ourivesaria e joalheria” (TABELA 6.11).

Tabela 6.11: Volume das importações dos setores de Joias e bijuterias– Minas Gerais – 2010-2014 (R$

1.000)

Segmentos 2010 2011 2012 2013 2014

Fabricação de bijuterias e artefatos

semelhantes 36.174 34.331 45.015 51.887 46.279

Lapidação de gemas e fabricação de

artefatos de ourivesaria e joalheria 41.171 55.927 75.575 79.237 84.060

Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).

Elaboração própria.

Em relação ao resultado da balança comercial de Joias e bijuterias, o resultado

geral foi positivo em 2014 originado da “Lapidação de gemas e fabricação de artefatos

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91

de ourivesaria e joalheria” e, no caso, ocorreu um déficit quando se trata de Fabricação

de bijuterias e artefatos semelhantes (TABELA 6.11).

Tabela 6.12: Balança comercial dos setores de Joias e bijuterias – Minas Gerais – 2014 (R$)

Segmentos Exportações Importações Balança

comercial

Fabricação de bijuterias e artefatos semelhantes 13.663.738 46.278.950 -32.615.212

Lapidação de gemas e fabricação de artefatos de

ourivesaria e joalheria 300.524.603 84.060.016 216.464.587

Total Geral 314.188.341 130.338.966 183.849.375

Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).

Elaboração própria.

O cenário de volume de importações descrito revisita as reflexões no que se refere

à relação entre os atores envolvidos, sejam mercado, indústria nacional, recursos

materiais, capital social e governo estabelecem entre si para a satisfação do consumo

interno e manutenção da produção. Todas encontram-se imbricadas em um modelo de

produção adotado que reflete o posicionamento nas relações comerciais internas e

externas entre seus atores, destacadamente os proprietários nacionais, o governo e as

multinacionais.

6.3 Municípios exportadores

A ideia de concentração geográfica de empresas de concorrentes revisita os

estudos do economista Alfred Marshall ao dizer da convergência da atividade produtiva,

do fluxo de informações, notoriedade e reputação local ou regional alcançada frente ao

mercado. Superando o modelo de ‘economias de aglomeração’, o conceito de rede ou

clusters amplia a atribuição das economias externas ao se tornarem vetores provocadores

para a ação conjunta da coletividade local, de forma consciente.

Em Minas Gerais, destacam-se municípios nos quais a articulação produtiva entre

os agentes de produção, as representações empresariais e a gestão pública vem

empreendendo esforços nessa direção. Os Arranjos Produtivos Locais (APL) apresentam-

se como uma proposta de fortalecimento da economia setorizada através da aglutinação

regional dos vários componentes da cadeia produtiva de determinado segmento. A tabela

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6.13 apresenta os principais municípios de Minas Gerais de acordo com o volume

exportado na Moda. Destacaram-se os municípios de Nova Lima, Ouro Preto, Betim e

Belo Horizonte.

Tabela 6.13: Principais municípios de Minas Gerais exportadores da cadeia produtiva da moda segundo

volume exportado – 2014 e 2015 (US$)

Municípios 2014 2015

Belo Horizonte 990.628.778 934.601.139

Betim 1.214.378.454 1.155.681.211

Bom Despacho 417.566 494.191

Cataguases 21.549.609 14.672.039

Contagem 408.261.723 448.208.613

Curvelo 2.542.186 5.106.935

Divinópolis 68.557.720 74.923.776

Dores de Campos 1.846.264 2.619.476

Governador Valadares 28.835.577 28.357.919

Jacutinga 2.763.732 2.413.050

Juiz de Fora 68.118.036 96.805.237

Lagoa Santa 66.238.378 89.800.832

Machado 3.196.431 4.219.000

Nova Lima 2.757.237.622 1.792.010.006

Nova Serrana 7.086.178 8.968.806

Ouro Preto 2.109.347.444 1.303.893.783

São Gonçalo do Pará 1.446.740 664.036

São Sebastião do Paraíso 48.482.773 25.797.745

Teófilo Otoni 21.204.807 20.479.360

Uberaba 230.905.458 181.874.768

Uberlândia 349.723.790 370.514.125

TOTAL 8.402.769.266 6.562.106.047

Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).

Elaboração própria.

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93

7. ORGANIZAÇÕES DA CADEIA DA MODA DE MINAS GERAIS

As alterações de acordos comerciais que vigoraram principalmente no período

pós-guerra, como foi o caso do Acordo Multifibras em 2004, e a emergência dos países

asiáticos nas relações comerciais do mundo com tecnologias inovadoras e preços

concorrenciais, implicaram às empresas brasileiras um novo posicionamento em termos

de processos, produtos e gestão. Essa nova dinâmica exigiu concomitantemente o

redirecionamento da representatividade dos diversos setores da economia, numa revisão

de papéis e relações institucionais. Além disso, a nova era do conhecimento implicou às

organizações uma maior profissionalização dos processos, de forma a aglutinar inovação,

gestão de excelência, criatividade e agilidade no tempo e espaço. Desta forma, a relação

produção e aprendizagem foi intensificada, fomentando a criação de instituições de

ensino dispostas à vocação da área. De maneira paradoxal, os arranjos produtivos locais

também se sujeitam à inclusão desta nova dinâmica. O fortalecimento de processos de

fabricação de produtos específicos em função, principalmente, de uma aglomeração

espacial tem revelado a ampliação do escopo no que se refere à inserção para a

potencialização dos negócios.

7.1 Conselhos, sindicatos e associações

Nesse cenário, inclui-se o setor de moda que exigiu dos sindicatos patronais uma

nova dinâmica iniciada pela qualificação da representatividade para exercício do direito

de defesa da classe junto às instituições, desde a própria federação na qual se encontram

conglomerados até o governo do Estado.

A organização sindical teve origem nas corporações de ofícios como associações

comuns no período mercantilista na Idade Média. Tratou-se de uma primeira forma de

organização que, dialeticamente, revelou a própria deterioração do modelo de produção

à época, no seio de uma sociedade sustentada por relações de domínios feudais e que

excluía a gama dos grupos responsáveis pela sua própria virilidade. As corporações de

ofício constituíam se em uma “forma de agrupamento do capital e do trabalho”

(NASCIMENTO, 2008, p. 66). Com o objetivo central de buscar as égides dos interesses

comuns, mantinham-se o propósito de monopolizar o ofício, restringindo-o ao grupo que

detinha poderes normativos sobre economia, mais especificadamente, sobre a

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determinação de normas de comércio e preços, e ainda, o exercício nas corporações de

ofício constituía por vezes um canal obrigatório de representação política (BOBBIO;

MATTEUCCI; PASQUINO, 1997, p. 287).

O sindicalismo patronal é entendido como uma necessidade econômica e

institucional da classe patronal para equilibrar as relações entre os segmentos

trabalhadores e o estado. Conforme Nascimento (2008), as associações de artesãos e

mercantes originaram-se nos burgos, ou guildas, como eram conhecidas.

A era industrial marcou o início de um novo período na história da humanidade.

Foi a cisão de uma sociedade sustentada de forma evidente de divisão na produção para

uma nova sociedade de divisão sócio-técnica do trabalho com as novas relações que

passaram a configurá-la em sua totalidade. A burguesia tornou-se manufatureira e

capitalista, caracterizada pelo emprego de recursos e pessoas em regime assalariado para

produção em larga escala, de acordo com Cândido Filho (1982).

O liberalismo econômico do século XVIII significou a ascensão da burguesia ao

poder, declarando-se numa forma de organização classista revelada pelas conquistas

alçadas através da Revolução Francesa. A nova sociedade industrial e, à frente na história,

sociedade capitalista, sustenta-se nas relações sociais que reconfiguram o cotidiano e vida

das pessoas como um todo a partir do modelo central da relação estabelecida entre os

proprietários e trabalhadores, tendo o Estado o papel de agente desse modelo. Institui-se

então a entidade empresarial, iniciada pelos ofícios burgueses que hoje se identifica com

os atuais sindicatos patronais.

No Brasil, as representações de classes foram regulamentadas em 1943 através

das Leis de Consolidação do Trabalho (CLT). Ambíguo pelo momento histórico e forças

sociais à época, o texto representa em si o processo sócio-histórico de constituição dos

grupos sociais coesos no país e que inferem no desenvolvimento do país. Em 1988, com

a nova Constituição, sob os princípios democráticos e a livre associação, o novo

documento estabelece em seu art. 5º, incisos XVII, XVIII, XIX, XX e XXI:

Art. 5ª Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a

inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à

propriedade, nos termos seguintes: XVII – é plena a liberdade de associação

para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar; XVIII – a criação de

associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização,

sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; XIX – as

associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter atividades

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suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em

julgado; XXI – as entidade associativas, quando expressamente autorizadas,

têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente.

(BRASIL, 1988).

Conforme o Conselho Nacional da Indústria, as 27 federações de indústrias

abrigam mais de 1.250 sindicatos patronais e 700 mil empresas industriais dos diversos

ramos da economia.

A Cadeia de Produtiva de Têxteis e Confecções atualmente está organizada pela

Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), fundada em 1957 com

o nome de Associação Paulista da Indústria Têxtil, representando 33 mil empresas

instaladas por todo o território nacional5.

O ramo de Calçados compõe-se de mais de oito mil empresas6 em solo brasileiro.

Uma de suas formas organizativas diz da Associação Brasileira das Indústrias de

Calçados – ABICALÇADOS, com sede em Novo Hamburgo (RS), com três décadas de

existência, tendo se iniciado localmente e ampliado para atuação em nível nacional.

Em nível nacional, a Cadeia Produtiva de Moda – ramo Joias e Bijuterias, ligado

também ao sistema de comércio, encontra-se organizada em associações de classe as

quais7:

i) IBGM – Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos;

ii) SNCAPP – Sindicato Nacional do Comércio Atacadista de Pedras Preciosas;

iii) ANORO – Associação Nacional do Ouro e Câmbio;

iv) ABGA – Associação Brasileira dos Gemólogos & Avaliadores de Gemas e Joias;

v) ADESIGN-SE – Associação dos Designers de Joias e Bijuterias dos Estados do

Sudeste;

vi) AMAGOLD – Associação Brasileira dos Fabricantes de Joias de Ouro Certificado

America's Gold Manufacturers Association;

vii) ABGM – Associação Brasileira de Gemologia e Mineralogia.

No Estado de Minas Gerais, as associações apresentam-se os seguintes grupos

associativos:

5

Disponível em http://www.abit.org.br/cont/quemsomos. Acesso em maio/2016. 6

Disponível em http://www.abicalcados.com.br/. Acesso em maio/2016. 7

Disponível em http://www.joiabr.com.br/associacoes.html. Acesso em maio/2016.

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96

i) AJOMIG – Associação dos Joalheiros, Empresários de Pedras Preciosas e

Relógios de Minas Gerais;

ii) SINDIJÓIAS GEMAS / MG – Sindicato das Indústrias de Joalheria, Ourivesaria,

Lapidação de Pedras Preciosas e Relojoaria de Minas Gerais;

iii) GEA – Gem Export Association;

iv) ACCOMPEDRAS – Associação dos Corretores do Comércio de Pedras Preciosas

de Teófilo Otoni-MG.

No contexto contemporâneo de globalização da economia e estatização das

relações dos atores sociais, seja pelas vias executivas com proventos de políticas sociais,

seja pela via da judicialização, novos papéis têm sido conferidos às organizações

representativas. Os sindicatos tendem a assumir funções de cunho organizacional, ou seja,

atuando em âmbitos de consultoria e assistência, na vertente do aumento da capilaridade

dos negócios junto a outros setores e governo, minimizando a função da negociação

coletiva.

7.2 Instituições de ensino superior

Juntamente às configurações organizacionais em termos de representatividade, a

melhoria da qualidade de produtos encontra-se imbricada com a competência das

indústrias na criação e inovação de seus produtos, além da capacidade organizacional.

Isto diz da formação de profissionais qualificados para a atuação no ramo, com visão

mercadológica e diversificada formação histórico-cultural a fim de conciliar a inovação

com a tradição.

O termo ‘indústria criativa’ surgiu na década de 90 na Austrália, tendo sido

impulsionado na Inglaterra. Os movimentos socioeconômicos em torno da economia

mundial baseada na produção, principalmente, começar a assumir novos

direcionamentos, trazendo o conhecimento para o centro da produção.

“Atividades que tem a sua origem na criatividade, competências e talento

individual, com potencial para a criação de trabalho e riqueza por meio da

geração e exploração de propriedade intelectual (...). As indústrias criativas

têm por base indivíduos com capacidades criativas e artísticas, em aliança com

gestores e profissionais da área tecnológica, que fazem produtos vendáveis e

cujo valor econômicos reside nas propriedades culturais (ou intelectuais).

(UNITED KINGDOM, 1998, p. 5.)

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97

No Brasil, após a Lei de Diretrizes de Bases de 1996, mais especificamente em

seu Art. 53, que confere em seu texto a autonomia às instituições de ensino superior,

sejam públicas ou privadas, de criação de cursos e programas de educação superior, bem

como ficar currículos, observa-se a diversificação nos processos formativos, com novas

frentes de trabalho aliadas às novas demandas societárias, dentre elas cursos destinados

mais precisamente à área da moda.

Atualmente, o curso superior de Moda é o 77º em quantidade de estudantes

matriculados, estando concentrados em São Paulo. No Brasil, 86% das instituições de

ensino superior que ofertam esse curso são privadas, sendo 49% sem fins lucrativos com

5,54 mil alunos matriculados e 37% com fins lucrativos em 4,25 mil alunos (TABELA

7.1).

Tabela 7.1: Instituições de ensino superior segundo modalidade com curso de Moda – Brasil – 2013

Modalidade de gestão Número de alunos

matriculados Composição (%)

Privada sem fins lucrativos 5.540 49,0

Privada com fins lucrativos 4.250 37,0

Pública federal 650 5,7

Pública estadual 557 4,9

Pública municipal 373 3,3

Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). DataViva.

A região Sudeste concentra 64% das instituições que oferecem o curso superior

de Moda ou afim e na região Sul encontram-se 28%. Conforme apresentado pela tabela

7.2, Universidade Anhembi Morumbi é a instituição de ensino com o maio número de

alunos matriculados (1.680) em curso de Moda no Brasil. A região Centro-Oeste

apresentava 4,0%, a região Nordeste 3,1% e a Norte apenas 1,0% com 118 alunos

matriculados.

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98

Tabela 7.2: Principais instituições de ensino superior do Brasil com oferta do curso de Moda – 2013

Instituições Número de alunos

matriculados

Participação em

relação ao total do

Brasil (%)

Universidade Anhembi Morumbi 1.680 15,0

Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas

Unidas 942 8,3

Universidade Feevale 710 6,2

Universidade Veiga de Almeida 668 5,9

Faculdade Santa Marcelina 568 5,0

Centro Universitário Senac 508 4,5

Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). DataViva.

Em Minas Gerais, a instituição de ensino UNA, no campus em Belo Horizonte,

possuía 333 alunos matriculados no curso de Moda em 2013. A Universidade Federal de

Minas Gerais possuía 197 estudantes matriculados nesse curso em 2013, o que

representava 1,7% em relação ao total Brasil.

Adicionalmente, conforme dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

Educacionais (2016), a USP oferta o curso de Bacharelado em Têxtil e Moda com carga

horária de 3.150 horas.

Apesar do aumento expressivo de estudantes em curso superior na área de

Moda/afins, os dados revelaram que o crescimento não se deu de forma contínua. Em

2010, houve uma queda significativa em termos de número de ingressantes e

matriculados. Nesse ano foram 781 alunos matriculados com forte evolução em 2011 cujo

número subiu para 9,63 mil e em 2012 passou para 11,4 mil e se estabilizado. A tabela

7.3 apresenta o número de alunos por situação nos anos de 2009 e 2013.

Tabela 7.3: Evolução do número de alunos do curso superior em Moda e afins – 2009 e 2013 (mil alunos)

Situação dos alunos 2009 2013

Ingressantes 3,00 4,06

Matriculados 8,63 11,40

Concluintes 1,59 1,77

Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). DataViva.

O curso/campo de Desenho de Moda assume a 89ª posição em termos de

quantidade de alunos matriculados no Brasil em 2013. No total, o curso possui 8,64 mil

alunos matriculados em todo o país. A concentração maior de estudantes localiza-se no

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Estado do Ceará com 681 estudantes. Além disso, o curso superior em Desenho de Moda

é eminentemente ofertado por instituições privadas (92%) e apenas seis universidades

públicas do Brasil ofertam esse curso conforme apresenta tabela 7.4.

Tabela 7.4: Instituições de ensino superior públicas com curso de Desenho de Moda – Brasil – 2013

Instituições Número de alunos

matriculados

Participação em

relação ao total do

Brasil (%)

Universidade Federal do Piauí 260 3.0

Universidade Tecnológica Federal do Paraná 257 3,0

Instituto Federal de Educação, Ciência em Tecnologia

do Sudeste de MG (Juiz de Fora) 100 1,2

Universidade Estadual de Goiás 99 1,1

Instituto Federal de Educação, Ciência em Tecnologia

do Rio Grande do Sul 28 0,3

Universidade Comunitária da Região do Chapecó 6 0,1

Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). DataViva.

A região Sudeste concentra o maior número de estudantes matriculados no curso

de Desenho da Moda com 3,09 mil alunos, seguido do Nordeste com 2,55 mil. O Sul

apresentou 2,28 mil alunos matriculados em 2013. A tabela 7.5 apresenta os principais

municípios que possuem instituições de ensino com a oferta do curso de Desenho de

Moda no ano de 2013.

Tabela 7.5: Principais municípios brasileiros segundo número de alunos matriculados no curso de Desenho

de Moda - 2013

Municípios Número de alunos

matriculados

Participação em

relação ao total do

Brasil (%)

Fortaleza 1.270 15,0

São Paulo 962 11,0

Teresina 447 5,2

Caxias do Sul 338 3,9

Belo Horizonte 329 3,8

Salvador 319 3,7

Apucarana 257 3,0

Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). DataViva.

Belo Horizonte registrou 329 alunos matriculados no curso de Desenho de Moda,

sendo que 64% dos estudantes encontram se matriculados na Faculdade Estácio de Sá. A

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cidade mineira de Juiz de Fora atende a 2,5% do total de alunos matriculados no curso

superior de Desenho da Moda do Brasil, o que corresponde a 218 alunos em 2013.

Os dados do curso superior de Design representam também a tendência pelo

aumento da procura (TABELA 7.6). Os dados mostram um aumento de 203,51% de

alunos ingressantes entre 2009 e 2013 e 166,66% de aumento de alunos matriculados no

mesmo intervalo. Além disso, em 2013, 76% dos cursos são oferecidos pela rede privada

(com e sem fins lucrativos), 16% são ofertados por instituições públicas de ensino federal,

6% na esfera estadual e 1,9% em instituições de gestão pública municipal.

Tabela 7.6: Evolução do número de alunos do curso superior em Design e afins – 2009 e 2013 (mil alunos)

Situação dos alunos 2009 2013

Ingressantes 5,70 17,30

Matriculados 15,60 41,60

Concluintes 1,74 6,29

Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). DataViva.

No que se refere aos municípios, a maioria das ofertas do curso de Design

encontra-se nas regiões Sudeste e Sul, seguidas da Nordeste (TABELA 7.7).

Tabela 7.7: Principais municípios brasileiros segundo número de alunos matriculados no curso de Design

- 2013

Municípios Número de alunos

matriculados (mil)

Participação em

relação ao total do

Brasil (%)

São Paulo 9,32 22,0

Rio de Janeiro 3,77 9,0

Curitiba 2,39 5,7

Belo Horizonte 2,09 5,0

Manaus 1,09 2,6

Florianópolis 1,08 2,6

Recife 1,07 2,6

Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). DataViva.

Em Minas Gerais, Belo Horizonte se destacou com o registro de 2,09 mil alunos

(2,6%) do total do país para esse curso (TABELA 7.7). Já município de Uberlândia

participou da oferta de ensino superior em Design com 1,3%, o que corresponde a 523

alunos matriculados em 2013. A cidade de Juiz de Fora registrou 193 estudantes

matriculados em 2013, o que equivale a 0,46% da oferta total do país.

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101

Em relação ao turno em que os estudantes se encontram matriculados, tem-se que

49,2 mil estão matriculados no turno da noite enquanto que 35,5 mil estudantes no turno

da manhã, em 2013. Os demais se encontravam distribuídos entre o horário integral e o

turno da tarde.

O curso de Engenharia Têxtil no Brasil tem oferta significativa na Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, com 218 estudantes do total de 524 estudantes

matriculados no país. Esse curso é ofertado principalmente em instituições públicas nas

quais agregam 90% dos alunos optantes matriculados. A tabela 7.8 apresenta as

universidades públicas que ofertam o curso.

Tabela 7.8: Instituições de ensino superior com curso de Desenho de Moda – Brasil – 2013

Instituições Número de alunos

matriculados

Participação em

relação ao total do

Brasil (%)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte 218 42,0

Universidade Estadual de Maringá 133 25,0

Universidade Tecnológica Federal do Paraná 121 23,0

Faculdade Senai – Cetiqt (privada) 52 9,9

Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). DataViva.

A Universidade Federal de Santa Catarina também oferta o curso de Bacharelado

em Engenharia Têxtil, conforme Portaria autorizativa 17 de 21/08/20138.

O curso superior de Produção Têxtil atualmente é ofertado em quatro instituições

de ensino: Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, Centro Universitário

de Brusque, Centro Universitário Católica de Santa Catarina e Faculdade de Tecnologia

Senai Blumenau - CET Blumenau. Pode-se algumas características dessas instituições de

ensino:

i) Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, instituição pública,

através da Faculdade de Tecnologia de Americana – FAREC-AM localizada

em Americana. A carga horária é de 2.800 horas. Essa mesma instituição de

ensino superior oferece o Tecnológico em Tecnologia Têxtil com carga

horária de 2.430 horas e o curso Têxtil e Moda com 2.800 horas;

8

Disponível em http://emec.mec.gov.br/emec/consulta. Acesso em maio/2016.

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102

ii) Centro Universitário de Brusque, localizado em Santa Catarina, com carga

horária de 2.410 horas. O curso de Bacharelado em Design de Moda também

é ofertado nesta instituição, sendo em sete semestres e carga horária de 2.410

horas;

iii) Centro Universitário Católica de Santa Catarina em Jaraguá do Sul com carga

horária de 2.565 horas. Essa instituição também oferta o curso de bacharelado

em Moda, sendo que em 2013 ela possuía 133 alunos no referido curso, ou

seja, 1,2% da quantidade de estudantes matriculados no país;

iv) Faculdade de Tecnologia Senai Blumenau - CET Blumenau, com carga

horária de 2.690 horas distribuída em sete semestres. Esta unidade do Senai

oferece também o curso Tecnológico em Produção de Vestuário na mesma

versão do anteriormente citado.

Outro curso superior para a área de produção é Indústria do Vestuário que conta

com 758 estudantes matriculados no país, sendo que 347 deles encontra-se na Faculdade

Senai-Cetiqt, estado do Rio de Janeiro. O curso é ofertado exclusivamente em

universidade privada sem fins lucrativos.

Tabela 7.9: Instituições de ensino superior privadas com curso de Indústria do Vestuário – Brasil – 2013

Instituições Número de alunos

matriculados

Participação em

relação ao total do

Brasil (%)

Faculdade SENAI-Cetiqt (RJ) 347 46,0

Faculdade de Tecnologia SENAI Antoine Skaf (SP) 272 36,0

Faculdade de Tecnologia SENAI Blumenau (SC) 72 9,5

Faculdade de Tecnologia SENAI Jaraguá do Sul (SC) 46 6,1

Faculdade de Tecnologia SENAI Rio do Sul (SC) 12 1,6

Faculdade de Nova Serrana (MG) 9 1,2

Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). DataViva.

A instituição de ensino que oferece o curso de Indústria do Vestuário em Minas

Gerais está localizada em Nova Serrana, porém não faz parte da rede Senai de ensino

profissionalizante.

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103

Já o curso superior de Indústria Têxtil no Brasil encontra-se com 690 alunos

matriculados (dados de 2013), com maior concentração em São Paulo sendo ofertado pela

USP – Universidade de São Paulo que obteve o maior número de concluintes – 125

profissionais. A tabela 7.10 apresenta as outras instituições de ensino que possuem o

curso.

Tabela 7.10: Instituições de ensino superior públicas com curso de Indústria Têxtil – Brasil – 2013

Instituições Número de alunos

matriculados

Participação em

relação ao total do

Brasil (%)

Faculdade SENAI-Cetiqt (RJ) 330 48,0

Universidade de São Paulo (SP) 259 38,0

Centro Universitário de Brusque (SC) 77 11,0

Faculdade de Tecnologia SENAI Blumenau (SC) 24 3,5

Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). DataViva.

O curso de Modelagem é ofertado no Centro Universitário Senac – SP. Esse curso

possui o nome de Bacharelado em Design de Moda – Modelagem, sendo presencial em

quatro anos de curso e 2.808 horas no total.

Já o curso de Estilismo é ofertado atualmente em quatro instituições de ensino

superior no país, as quais:

i) Universidade Federal do Piauí – UFPI, sendo na modalidade integralização com

duração de nove períodos e carga horária de 2.910 horas, cujo título do

profissional é Bacharel em Moda, Design e Estilismo.

ii) Centro Universitário Senac – SP com o nome de Design de Moda – Estilismo,

sendo que o bacharelado tem duração de quatro anos e carga horária de 3.180

horas;

iii) Universidade Cândido Mendes, nas unidades de Niterói e Rio de Janeiro e carga

horária de 1.980 horas distribuída em quatro semestres;

iv) Centro Universitário Maurício de Nassau – Unissau, localizado na cidade de

Recife em Pernambuco, em estrutura de tecnólogo de quatro semestres e carga

horária de 1.680 horas.

Na Cadeia Produtiva da Moda – ramo Joias e Bijuterias, no Brasil existe somente

um curso profissionalizante em nível superior – Produção Joalheira – que acontece na

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104

Faculdade de Tecnologia do Istituto Europeo Di Design, em São Paulo. Pelos dados de

2013, haviam 48 alunos matriculados, sendo que a instituição já liberou 20 profissionais

para o mercado. O curso possui carga horária de 2.400 horas distribuídas em seis

semestres.

No ramo de Calçados, conforme o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

Educacionais (2016), não há registro de oferta de cursos em atividade. A Universidade

do Vale do Itajaí – Univali já ofereceu o Design de Calçados, porém atualmente encontra-

se extinto.

A tecnologia sempre esteve presente a cada tempo da humanidade. Porém, as

atuais condições cibernéticas provocaram uma aceleração neste modo de ser e de pensar.

As múltiplas conexões trouxeram consigo a velocidade no acirramento dos negócios e de

suas caracterizações.

Parafraseando, o fenômeno da celebridade instantânea ultrapassou o mundo dos

artistas e cristalizou-se como um prenúncio nas mais diversas formas de se pensar a

perenidade do modo de existir. A profecia de Andy Warhol, pai do pop rock, na década

de 60 do século passado ao dizer que "um dia, todos terão direito a 15 minutos de fama"

em uma época de manifestação popular em contestação aos processos produtivos em série

contribuiu para o entendimento a uma perspectiva de que às máquinas e seus resultados

ensejam-se culturas, modo de ser e, principalmente, o próprio movimento da humanidade

em sua complexidade. Organizações buscam constantemente a reinvenção ou mesmo a

inovação para que o anonimato não as esquadrinhe ao mero campo do desejo

imaterializado.

Professor Catedrático de Economia da Universidade de Coimbra, Boaventura de

Sousa Santos9 ao sustentar em seu ‘Discurso sobre as Ciências’ sobre a crise do

paradigma dominante da ciência, reafirma que todo trabalho científico deve se voltar à

sociedade.

[...] a ciência pós-moderna, ao sensocomunizar-se, não despreza o

conhecimento que produz tecnologia, mas entende que, tal como o

conhecimento se deve traduzir em autoconhecimento, o desenvolvimento

tecnológico deve traduzir-se em sabedoria de vida” (SANTOS, 1988).

9

Disponível em http://uj.novaprolink.com.br/doutrina/4204/uma_breve_analise_do_discurso_sobre_as_ciencias_de_boaventura_de_sousa_santos. Acesso em

maio/2016.

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105

O conhecimento é compreendido, então, como um bem a serviço da sociedade,

que possibilita ao capital humano associado às inovações tecnológicas que gera como os

possíveis caminhos para suscitarem políticas de desenvolvimento, seja em nível regional

ou global.

No estudo da Cadeia Produtiva da Moda, com base nos dados levantados

referentes à formação de mão de obra especializada, observa-se que o Estado de Minas

Gerais se apresenta de forma tímida. Da mesma se encontra a oferta de cursos na área de

moda, sendo que esses se concentram na capital do Estado. Juiz de Fora e Uberlândia são

outros municípios citados dentre aqueles que abrigam instituições de ensino superior.

Nessas mesmas cidades os processos de produção articulam-se num esforço

certamente planejado para que o modelo puramente concorrencial seja suplantado pela

possibilidade de fortalecimento do setor e maior competência competitiva para o mercado

globalizado.

7.3 Arranjos Produtivos Locais

À solidariedade mecânica pela qual se fez jus anos afim as organizações em seus

primórdios, sucumbida pelas demandas societárias para uma ruptura endógena do esteio

singular, pendenciou-se à solidariedade orgânica pela qual pressupõe a articulação do

todo. A exigência de funções mais especializadas e de relações interpessoais amplia a

divisão social do trabalho, exigindo-se o estabelecimento da chamada solidariedade

orgânica, à luz dos teóricos durkhenianos. Isto resignifica as relações com a criação de

espaços para o desenvolvimento, sem necessariamente estabelecer-se consenso ou

coletividade, mas em função da interdependência dos processos. Os Arranjos Produtivos

Locais (APL) são compreendidos como a convergência de ideias e ações de atividades

produtivas correlatas e inovativas de forma integrada em relação ao espaço e às vantagens

competitivas. Esse modelo, em princípio, sugere a minimização do aspecto concorrencial

individual para o modelo de aglomeração num intuito de possibilidades que aperfeiçoam

esforços e marketing da região em cenário global.

Nas últimas décadas, os cenários macro e microeconômico mundial vêm sofrendo

transformações significativas com o acelerado processo de globalização acompanhado

por revoluções tecnológicas e quebra de barreiras e o livre comércio. Isso tem

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106

influenciado nos rumos da economia, tornando cada vez maior a competitividade e a

concorrência entre as empresas.

De acordo com Crocco et al (2003) e Lastres e Cassiolato (2003), o processo de

globalização vem acelerando e tornando cada vez maior a dinâmica da inovação, fazendo

com que, tanto os indivíduos, quanto as organizações, necessitem, renovar

frequentemente, suas competências, como qualidade, velocidade de resposta e

flexibilização.

A discussão sobre Arranjos Produtivos Locais (APL’s) e clusters vem adquirindo

crescente importância no mundo, em função da mudança do ambiente competitivo das

empresas. Tais modificações ocorreram simultaneamente à emergência de um novo

paradigma tecnológico, que impôs um processo produtivo mais intensivo baseado no

conhecimento contínuo, de acordo com Santos, Crocco e Lemos (2002).

Essa forma de organização tem provado ser bastante eficiente, tendo, ao longo dos

anos, contribuído para o sucesso industrial de diversas regiões, essencialmente, pelo

dinamismo das unidades produtivas, pela capacidade de inovação e maneira de

sobrevivência das médias e pequenas empresas que dela fazem parte, alem de ser um

promissor instrumento de política econômica, mostrando que APL são importantes

ferramentas de ordenamento territorial e integração regional.

Os estudos sobre os efeitos dos APL relacionam sua importância com o

desenvolvimento regional e a mobilização de economias locais ocorrendo tanto em

industrias tradicionais como a pesca no Chile, têxtil na Itália, moveleira na Dinamarca e

de confecções na Tailândia e Taiwan, quanto em indústrias modernas como da

microeletrônica no Silicon Valey nos Estados Unidos (CROCCO et al, 2003). Segundo

Dalla Vecchia (2006), vários países reconhecem o potencial das micro e pequenas

empresas que englobam os arranjos e suas capacidades de gerar emprego e renda e até

mesmo reduzir desequilíbrios regionais.

Sobressaem na literatura dois exemplos de sucesso em que o APL provocou

melhoras no desenvolvimento econômico local. São os casos da “Terceira Itália” e do

Vale do Silício, nos EUA (CASSIOLATO; LASTRES, 2003). Essas regiões cresceram a

taxas superiores à média dos seus continentes com elevada renda per capita e altos índices

de geração de empregos,

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107

Com características essenciais como cooperação, inovação, democracia e

envolvimento do setor público, os distritos industriais italianos elevaram as exportações

e intensificaram o processo de inovação na Itália nas décadas de 80 e 90. Com o alto

número de externalidades positivas, o caso da “Terceira Itália” é utilizado como base nos

estudos de arranjos produtivos locais. (DALLA VECCHIA; 2006).

Um arranjo produtivo pode envolver mais de um tipo de produto bem como

diferentes setores e cadeias produtivas, a exemplo do que acontece com a moda que possui

diversas atividades direta e indiretamente relacionadas.

A compreensão desse tipo de organização espacial também deve ser considerada

ao se discutir a implantação ou implementação de políticas de desenvolvimento

industrial/regional/nacional. Há de se considerar na análise os arranjos existentes nas

áreas geográficas, bem como possíveis potenciais que significam prováveis novos

arranjos.

Em Minas Gerais, no ramo da cadeia produtiva de moda, os arranjos produtivos

locais do ramo têxtil-confecções estão concentrados principalmente nas cidades listadas:

i) Alfenas;

ii) Borda da Mata;

iii) Divinópolis;

iv) Guaranésia;

v) Inconfidentes;

vi) Itaúna;

vii) Jacutinga;

viii) Juiz de fora;

ix) Monte Sião;

x) Montes Claros;

xi) Muriaé;

xii) Ouro Fino;

xiii) São Lourenço.

O Estado vem apresentando cenários de desenvolvimento industrial por

microrregiões como é o caso das cidades de Ubá e Campo Belo.

No ramo da cadeia produtiva de modas – calçados e couros, prioritariamente

destaca-se a cidade de Nova Serrana. No local, as empresas de micro e menor portes

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108

fortaleceram-se através do sistema de parcerias, tornando a cidade e região um nicho de

mercado na área. Como característica essencial dos arranjos, a cooperação restringe-se ao

processo de produção final. No que se refere aos maquinários, produção tecnológica e

mesmo conhecimento, não há referência expressiva local.

Belo Horizonte assume destaque nesse ramo como região de produção de calçados

e bolsas, incluindo a destinação à exportação.

O ramo de joias e bijuterias da cadeia produtiva de moda de Minas Gerais é

representado principalmente pelos arranjos produtivos locais nos municípios de Nova

Lima e Teófilo Otoni, sendo que esse último também apresenta produção de artefatos em

pedraria desse ramo. A produção de gemas também se concentra em Araçuaí e região.

Para o fortalecimento dessa modalidade de organização espacial da produção,

observa-se a forte presença de políticas de incentivo estadual, bem como entidades de

representação do setor que atuam como organismos na coordenação, intensificadas em

Minas Gerais a partir da década de 90. Em geral, não se evidencia uma direção local com

características que convergem a produção ao mercado, com investimentos em pesquisa e

perfis de consumo, o que pode, em princípio, representar um dos limites para o relativo

crescimento no cenário mundial.

7.4 Grandes empresas

A cadeia produtiva da Moda é composta por doze grupos CNAE conforme o

conceito núcleo estipulado por este trabalho. Do faturamento total observado em 2015, o

grupo que mais se destaca é ‘Fabricação de calçados’ que representa 28,11% (TABELA

7.11) – apesar desse destaque, a divisão de Calçados (formadas pelos grupos: 15.1, 15.2,

15.3 e 15.4) representa 39,17% do faturamento da Moda. A divisão de maior

representação (59,12%) é Têxteis e Confecções (grupos: 13,1, 13.2, 13.3, 13.4, 14.1, 14.2

e 20.4). Por fim, tem-se a divisão de Joias e Bijuterias (1,71%).

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109

Tabela 7.1: Maiores contribuintes e participação no setor da Moda – Minas Gerais – 2015

Grupo

CNAE Descrição CNAE

Maiores contribuintes Participação

no

faturamento

total

Número de

empresas

Participação

percentual

13.1 Preparação e fiação de fibras têxteis 25 99,60 6,46

13.2 Tecelagem, exceto malha 25 99,81 14,88

13.3 Fabricação de tecidos de malha 16 100,00 1,58

13.4 Acabam. em fios, tecidos e artefatos têxteis 21 100,00 5,47

14.1 Confecção de artigos do vestuário e acessórios 25 56,95 27,79

14.2 Fab. de artigos de malharia e tricotagem 25 90,25 1,34

20.4 Fab. de fibras artificiais e sintéticas ... ... 1,59

15.1 Curtimento e outras preparações de couro 25 99,99 9,09

15.2 Fab. de artigos para viagem e de artefatos de

couro 25 99,74 1,12

15.3 Fabricação de calçados 25 50,34 28,11

15.4 Fab. de partes para calçados, de qualquer

material 25 97,34 0,84

32.1 Fab. de artigos de joalheria, bijuteria e

semelhantes 20 100,00 1,71

Nota: ... Dado numérico não disponível.

Fonte: Secretaria de Estado de Fazenda de Minas Gerais (SEFAZ).

Na análise por grupo ainda pode-se destacar positivamente a ‘Confecção de

artigos do vestuário e acessórios’ (27,79%) e negativamente o grupo de ‘Fabricação de

partes para calçados, de qualquer material’ (0,84%). A Tabela 7.11 também destaca o

número de empresas e sua participação no faturamento do grupo – por exemplo, o grupo

‘Fabricação de artigos de malharia e tricotagem’ possui 25 empresas, que juntas

respondem por 90,25% do faturamento desse grupo em 2015 no Estado de Minas Gerais.

Ressalta-se ainda que o reduzido número de empresas contribuintes no subsetor de

“Fabricação de fibras artificiais e sintéticas”.

A Tabela 2 destaca as dez principais empresas da ‘Indústria de Transformação -

têxtil, vestuário e outros’ para Minas Gerais em 2014, segundo o ranking do

MercadoComum. A maior receita operacional líquida foi obtida pela Coteminas S.A. –

empresa situada no município de Montes Claros e que se destaca pela fabricação de

artefatos têxteis. Vale destacar que a receita operacional líquida dessa empresa é mais do

que o dobro do que a segunda colocada no ranking – Cia Tecidos Santanense.

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110

Tabela 7.2: Principais empresas – classificação por setor – Minas Gerais – 2014

Indústria da Transformação - têxtil, vestuário e outros Receita Operacional Líquida

em 2014 (R$ mil)

Coteminas S.A. 1.103.399

Cia Tecidos Santanense 406.434

Cia de Fiação e Tecidos Cedro e Cachoeira 388.417

Cia de Fiação e Tecidos Santo Antônio 327.833

Cia Industrial Cataguases 189.534

Estamparia S.A. 73.890

Luíza Barcelos Calçados S.A. 57.550

Cia Fabril Mascarenhas 44.555

Cia Manufatora de Tecidos de Algodão 43.353

S.A. Fábrica de Tecidos São João Evangelista 23.897

Fonte: Mercado Comum (2015).

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111

8. MATRIZ INSUMO-PRODUTO APLICADA A MODA

A Matriz Insumo-Produto (MIP) construída especialmente para a análise da cadeia

da moda ampliou o nível de desagregação da matriz apresentada pela Fundação João

Pinheiro (2015) para o ano de 2008 contemplando 90 produtos e 42 atividades conforme

apresentado no capítulo 2 pelo qual foi empregada para delimitação da cadeia produtiva

da Moda de Minas Gerais.

Parte-se agora para uma análise dessa matriz com foco nos produtos:

beneficiamento de algodão e de outros têxteis e fiação, tecelagem, fabricação de outros

produtos têxteis, artigos do vestuário e acessórios, preparação de couro e fabricação de

calçados, fabricação de calçados e lapidação de gemas, fabricação de joias e bijuterias.

As atividades: têxteis, artigos e vestuário e acessórios, artefatos de couro e calçados.

A tabela 8.1 apresenta a decomposição das vendas setoriais da cadeia da moda.

Tabela 8.1: Decomposição da demanda da cadeia da moda – Minas Gerais – 2008 (%)

Setores Demanda

Intermediária

Demanda Final

Exportação

Internacional

de Bens

Exportação

de Bens

Interestadual

Consumo

das

Famílias

Outras

demandas

finais

Total

Demanda

Final

Moda 15,48 4,62 47,58 31,52 0,80 84,52

Têxtil-vestuário 15,32 3,72 50,00 30,17 0,78 84,68

Beneficiamento de

algodão e de outros

têxteis e fiação

43,77 5,76 51,65 0,10 -1,27 56,23

Tecelagem 37,10 6,42 54,89 0,00 1,59 62,90

Fabricação outros

produtos Têxteis 2,85 6,36 88,44 2,26 0,09 97,15

Artigos do

vestuário e

acessórios

4,12 0,37 26,65 67,92 0,95 95,88

Calçados 16,22 8,12 37,58 37,38 0,70 83,78

Preparação do

couro e fabricação

de artefatos -

exclusive calçados

37,73 17,16 22,64 21,30 1,17 62,27

Fabricação de

calçados 2,81 2,49 46,90 47,40 0,40 97,19

Joias e bijuterias 12,87 4,88 58,10 20,43 3,72 87,13

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

A decomposição da demanda da tabela 8.1 foi dividida em cinco categorias:

exportações internacionais, exportações interestaduais, consumo das famílias e outras

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112

demandas (consumo do governo, formação bruta de capital fixo e variação de estoques).

A demanda intermediária representa o consumo de todos os setores produtivos da

economia.

O segmento de beneficiamento de algodão e fiação exportou para outros estados

brasileiros 54,65% da sua produção e forneceram 43,77% para outros setores da

economia. A tecelagem apresentou comportamento similar ao setor de beneficiamento e

fiação, dado a característica desses setores de preparação e transformações iniciais da

matéria-prima para uso em outras etapas de produção. Diferentemente da fabricação de

produtos têxteis que possui apenas 2,85% da demanda total destinada a outros setores da

economia e apresentando uma característica de forte exportação para outros estados

brasileiros, pois a demanda desse setor de exportações interestaduais foi de 88,44%.

A fabricação de vestuário e acessórios, em si, é voltada majoritariamente para o

consumo interno com 67,92% para as famílias ante 26,65% para outros estados e apenas

0,37% destinado a outros países. Assim, resultou-se que o setor têxtil-vestuário apresenta

pouca representatividade externa com ligeiros 3,72% das vendas finais destinadas a

consumidores estrangeiros. Dessa forma, conforme sugere para sob perspectiva brasileira

Lemos et al (2009), a adoção de uma estratégia que fortaleça e integre a cadeia têxtil-

vestuário precisa trabalhar na representatividade externa do setor, principalmente tratando

da fabricação de vestuário, já que esse possui o maior contato com os consumidores finais

e, assim, consegue sinalizar para toda cadeia quais as mudanças dos padrões de consumo

e as novas tendências da moda.

No caso da cadeia de couros e calçados, a preparação do couro apresentou-se

diluída em termos de destinação de sua proporção com 37,73% de demanda intermediária,

22,64% para outros países, 21,30% para consumo interno e 17,16% para outros países. A

fabricação de calçados possui 47,40% de suas vendas finais destinadas ao consumo das

famílias e 46,90% exportado para outros estados brasileiros. A exportação de outros

países representou 2,49%. A cadeia de couros e calçados como um todo resultou em

37,58% exportações para outros estados, 37,38% para consumo interno, 16,22% de

demanda intermediária, 8,12% para outros países e 0,7% de outras demandas. Por fim, o

setor de joias e bijuterias volta-se, em grande parte, para exportação destinadas a outros

estados e para o consumo interno.

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113

A tabela 8.2 mostra a composição das compras intermediárias de três setores da

moda por produtos comprados. É possível visualizar a diferenciação nos encadeamentos,

dado que os três setores possuem características diferentes e também as realizações de

compras intra-cadeia.

Tabela 8.2: Compras intermediárias da cadeia da Moda – Minas Gerais – 2008 (R$ 1.000.000)

Descrição do produto Têxteis

Artigos do

vestuário e

acessórios

Artefatos

de couro e

calçados

Outros produtos e serviços da lavoura 2,30 0,00 0,00

Algodão herbáceo 6,97 0,00 0,00

Abate e preparação de produtos de carne 0,00 0,14 14,23

Beneficiamento de algodão e de outros têxteis e fiação 12,35 4,11 0,14

Tecelagem 7,48 44,67 0,71

Fabricação outros produtos Têxteis 0,65 1,88 0,17

Artigos do vestuário e acessórios 0,00 0,64 0,00

Preparação do couro e fabricação de artefatos - exclusive

calçados 0,00 0,55 34,75

Fabricação de calçados 0,00 0,00 4,13

Outros produtos do refino de petróleo e coque 7,67 0,33 0,45

Produtos químicos inorgânicos 1,91 0,12 2,80

Produtos químicos orgânicos 2,25 0,25 3,33

Fabricação de resina e elastômeros 4,07 0,10 0,84

Produtos de metal - exclusive máquinas e equipamento 0,00 0,00 1,50

Máquinas e equipamentos, inclusive manutenção e reparos 2,31 0,56 0,43

Produção e distribuição de eletricidade, gás, água, outros 13,11 5,33 4,43

Comércio 19,83 22,70 13,13

Transporte e Armazenagem 5,52 3,97 5,23

Intermediação financeira 0,45 0,70 0,25

Aluguel 1,33 2,87 1,29

Serviços prestados às empresas 7,37 9,28 4,89

Outros setores 4,43 1,82 7,29

Total 100,00 100,00 100,00

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

No caso dos têxteis, os produtos da produção e distribuição de eletricidade, gás e

outros possui um peso próximo ao beneficiamento de algodão e fiação, que fornecem

matéria-prima básica, o primeiro 13,11% e o segundo 12,35%. O comércio interage com

todos os setores citados, dado que os produtos finais são direcionados para o mercado

consumidor. A tecelagem possui uma participação de 44,67% das compras do setor de

artigos de vestuário e acessórios. Além de uma relação forte de compras dentro do próprio

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114

setor de couros e calçados (34,75%), a relação de compra e venda desse setor com a

indústria de alimentos correspondeu 14,23%.

8.1 Modelo Insumo-Produto

Para a obtenção dos índices setoriais e os multiplicadores derivados da Matriz

Insumo-Produto, conforme Miller e Blair (1985), é válido ressalta que, o modelo insumo-

produto pode ser representado por um sistema com a seguinte forma matricial:

𝐴𝑋 + 𝑌 = 𝑋 (1)

sendo 𝐴 é a matriz de coeficientes diretos, que indica a quantidade de insumo de um setor

𝑖 necessária para produzir uma unidade de produto final do setor 𝑗, ou seja, é calculada

através da razão 𝑎𝑖𝑗 = 𝑥𝑖𝑗 𝑥𝑗⁄ ; 𝑋 é o vetor com os valores da produção total por setor 𝑖; e

𝑌 é a demanda final por setor 𝑖.

Dessa forma é possível estabelecer qual a produção total necessária para atender

a demanda final ao isolar a variável X:

𝑋 = (𝐼 − 𝐴)−1 𝑌 (2)

𝑋 = 𝐵𝑌 (3)

onde 𝐵 = (𝐼 − 𝐴)−1 é a matriz de coeficientes técnicos diretos e indiretos, também

chamada de matriz de Leontief. Os elementos dessa matriz podem ser interpretados como

a produção total do setor 𝑖 necessária para produzir uma unidade de demanda final do

setor 𝑗.

A tabela 8.3 apresenta os multiplicadores simples de produção das atividades da

moda. Esses multiplicadores revelam o impacto potencial sobre a produção da economia

brasileira decorrente de uma elevação da produção (ou da demanda) do setor. Os

resultados apresentados revelam que caso ocorra um aumento de 1% na demanda de

produtos têxteis, o crescimento da produção de todos os setores para que essa demanda

adicional seja atendida deve ser de 1,28%, sendo que dessa variação 0,26% representa

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115

aumento no próprio setor (multiplicados direto), e 1,03% de aumento da produção dos

demais setores (multiplicador indireto). O setor de artigos de vestuários e acessórios

possui um efeito de repercussão ainda maior dado que 99% do multiplicador total

originam-se dos demais setores. No caso dos calçados, o aumento da demanda de calçados

em 1% deve ser acompanhado do aumento de 1,17% da produção de todos os setores,

sendo 0,12% no próprio setor e 1,02% no demais.

Tabela 8.3: Multiplicadores simples de produção – 2008

Setores

Multiplicador Simples de Produção Participação no

multiplicador (%)

Total (A+B) Direto (A) Indireto (B) Direto

(A/Total)

Indireto

(B/Total)

Têxteis 1,28 0,26 1,03 0,20 0,80

Artigos do vestuário e

acessórios 1,02 0,01 1,01 0,01 0,99

Artefatos de couro e calçados 1,17 0,14 1,02 0,12 0,88

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

Analisando a cadeia da moda como um todo, o setor têxtil possui maior efeito

multiplicador, seguido da indústria-couro-calçados e sempre com preponderância dos

efeitos indiretos.

8.1.1 Índices de interligação e campo de influência

Os índices de interligação de Rasmussem-Hirschman medem os encadeamentos

para trás (índice de poder de dispersão) e para frente (índice de sensibilidade à dispersão).

Para obter os índices de interligação, considera-se o sistema de equações

representado em (1) e 𝐵 a matriz inversa de Leontief, definindo 𝑏𝑖𝑗 como seus elementos

e 𝐵∗ como a média de todos os elementos de 𝐵. 𝐵.𝑗 é a soma dos elementos da coluna 𝑗 e

representa o efeito de encadeamento para trás e 𝐵𝑖. é a soma dos elementos da linha i. e

evidencia o encadeamento para frente. Para retirar os efeitos da unidade de medida desses

índices faz-se uma normalização e obtém-se o índice de poder de dispersão

(encadeamento para trás):

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116

𝑈𝑗 =(𝐵.𝑗 𝑛⁄ )

𝐵∗ 𝑗 = 1,2, … , 𝑛 (4)

Como 𝑈𝑗 mede os encadeamentos para trás, seu valor representa o incremento

total na produção da economia para cada aumento de uma unidade na demanda final do

setor 𝑗. Dessa forma, se 𝑈𝑗 > 1, isso significa que a capacidade do setor em gerar efeitos

para trás está acima da média do sistema. Caso 𝑈𝑗 < 1 a capacidade do setor em gerar

efeitos para trás está abaixo da média do sistema, ou seja, o setor não é um importante

demandante de insumos.

O índice de sensibilidade à dispersão (encadeamento para frente) é dado por:

𝑈𝑖 =(𝐵𝑖. 𝑛⁄ )

𝐵∗ 𝑖 = 1,2, … , 𝑛 (5)

Se 𝑈𝑖 > 1 a importância do setor enquanto fornecedor de insumos intermediários

é superior à média dos demais setores, o que significa um poder de encadeamento para

frente significativo. Se 𝑈𝑖 < 1, a importância do setor enquanto fornecedor de insumos

intermediários é inferior à média dos demais setores – sendo assim menos sensível que

aqueles em relação a mudanças no sistema produtivo –, com poder de encadeamento para

frente pouco significativo.

Os setores que possuem 𝑈𝑖 < 1 e 𝑈𝑗 < 1 são denominados independentes, pois

não possuem relações fortes com os demais setores.

Um setor será considerado chave para o crescimento da economia se ambos os

índices forem superiores a um. No entanto, como os valores desses índices se baseiam em

médias e essas são muito sensíveis a extremos, utilizam-se conjuntamente com esses

índices as medidas de variabilidade propostas por Rasmussen:

𝑣.𝑗 =

√ 1𝑛 − 1

∑ [𝑏𝑖𝑗 −1𝑛

∑ 𝑏𝑖𝑗𝑛𝑖=1 ]

2𝑛𝑖=1

1𝑛

∑ 𝑏𝑖𝑗𝑛𝑖=1

, 𝑖, 𝑗 = 1,2, … , 𝑛 (6)

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117

𝑣𝑖. =

√ 1𝑛 − 1

∑ [𝑏𝑖𝑗 −1𝑛

∑ 𝑏𝑖𝑗𝑛𝑗=1 ]

2𝑛𝑗=1

1𝑛

∑ 𝑏𝑖𝑗𝑛𝑗=1

, 𝑖, 𝑗 = 1,2, … , 𝑛 (7)

Essas medidas de variabilidade possibilitam verificar se o setor se relaciona

significativamente com poucos ou muitos setores. Se a variabilidade for baixa significa

que o setor tem um vínculo homogêneo ao sistema. Por outro lado, se a variabilidade for

alta o setor possui vínculo forte com poucos setores.

Um setor é considerado chave quando possui os índices de dispersão e de

sensibilidade à dispersão superiores a um e baixos valores de v.j e vi..

A tabela 8.4 indica os resultados dos índices de interligação de Rasmussem-

Hirschman. Foi possível identificar os setores têxteis e de artigo do vestuário e acessórios

são independentes (Ui.<1, U.j<1) e que o setor de artefatos de couros e calçados apresentou

apenas efeito de dispersão (Ui.<1, U.j>1), Nenhum dos setores analisados foram

considerados setores-chave da economia (Ui.>1, U.j>1).

Tabela 8.4: Índices de interligação de Rasmussem-Hirschman – setores da Moda – 2008

Atividade U.j v.j Ui. vi.

Têxteis 0,99 4,81 0,89 5,46

Artigos do vestuário e acessórios 0,98 4,60 0,70 6,48

Artefatos de couro e calçados 1,07 4,85 0,81 6,50

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

Para complementar a análise dos índices de interligação, Sonis e Hewings (1989)

desenvolveram uma forma de mensurar os efeitos sinérgicos das alterações dos

coeficientes da matriz de forma a destacar as relações entre os setores mais influentes.

Denominou-se essa abordagem de campos de influência.

A análise de campos de influência permite observar como mudanças nos

coeficientes diretos se distribuem no sistema econômico, sendo possível determinar quais

as relações entre os setores que seriam mais influentes dentro do processo produtivo

(GUILHOTO et al, 1994).

Para o cálculo dos campos de influência, consideram-se as seguintes matrizes:

𝐴 = [𝑎𝑖𝑗] = matriz dos coeficientes diretos e 𝑎𝑖𝑗 seus elementos;

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𝐸 = [𝜀𝑖𝑗] = matriz de mudanças incrementais nos coeficientes diretos de

insumos e 𝜀𝑖𝑗 seus elementos;

𝐵 = (𝐼 − 𝐴)−1 = [𝑏𝑖𝑗] = matriz inversa de Leontief e 𝑏𝑖𝑗 seus elementos;

𝐵(𝜀) = (𝐼 − 𝐴 − 𝐸)−1 = [𝑏𝑖𝑗(𝜀)] = matriz inversa de Leontief após as

mudanças e 𝑏𝑖𝑗(𝜀) seus elementos.

O campo de influência será aproximado pela diferença dos coeficientes da matriz

de Leontief após e antes do choque, levando em consideração o incremento adicionado

(𝜀). A seguinte expressão representa a alteração:

𝐹(𝜀𝑖𝑗) =[𝐵(𝜀𝑖𝑗) − 𝐵]

𝜀 (8)

𝐹(𝜀𝑖𝑗) é uma matriz 𝑛 𝑥 𝑛 do campo de influência do coeficiente 𝑎𝑖𝑗. E assim,

para comparar quais os setores com maior campo de influência, determina-se uma matriz

𝑅𝑖𝑗 dada por:

𝑅𝑖𝑗 = ∑ ∑[𝐹𝑘𝑙(𝜀𝑖𝑗)]2

𝑛

𝑙=1

𝑛

𝑘=1

(9)

Os maiores valores de 𝑅𝑖𝑗 apontam os setores que possuem maior campo de

influência no sistema econômico. Assim, é possível identificar as relações setoriais com

maiores impactos na economia, bem como se esses impactos são concentrados em poucos

setores ou se são difundidos pela economia.

O objetivo dos campos de influência é identificar os setores que possuem as mais

importantes relações com os demais setores. Para isso, definiu-se um incremento 𝜀 =

0,001 nos coeficientes técnicos diretos e verificou a alteração nos demais setores

calculando uma medida síntese que representa em termos numéricos a mudança ocorrida

em toda a economia (matriz 𝑅𝑖𝑗).

A tabela 8.5 apresenta a quantidade de relações intersetoriais mais influentes da

cadeia da moda dentro do processo produtivo da economia mineira para o ano de 2008.

Para elencar os principais elos intersetoriais utilizaram-se como critério os 10% maiores

valores da matriz 𝑅𝑖𝑗. Do total de 1764 elementos, os 176 primeiros foram considerados

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mais influentes. O setor de “Artefatos de couro e calçados” registrou o maior destaque

com efeito propagador sobre 12 setores referentes à compra de insumos e 12 setores

referentes às vendas, seguido dos Têxteis com 4 em relação a compras e 2 em relação a

vendas.

Tabela 8.5: Número de relações setoriais do campo de influência por vendas e compras

Atividade Compras Vendas

Têxteis 4 2

Artigos do vestuário e acessórios 0 1

Artefatos de couro e calçados 12 12

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

Em comparação com ou demais setores da economia, um ranking de acordo com

o número de interações revelou que o setor de couros e calçados é o quinto com o maior.

A tabela 8.6 apresenta os resultados.

Tabela 8.6: Ranking das atividades do campo de influência

Ranking Atividades Venda Compra

1º Produtos químicos 29 36

2º Alimentos e Bebidas 18 22

3º Serviços de informação 16 18

4º Produção e distribuição de eletricidade, gás, água,

esgoto e limpeza urbana 12 14

5º Artefatos de couro e calçados 12 12

6º Serviços prestados às empresas 9 8

7º Produtos de madeira exclusive móveis 7 5

8º Agricultura, silvicultura, exploração florestal 1 10

9º Intermediação financeira, seguros e previdência

complementar e serviços relacionados 6 5

10º Defensivos agrícolas 7 2

11º Peças e acessórios para veículos e outros equipamentos

de transporte 5 4

12º Extrativa Mineral 4 4

13º Pecuária e pesca 4 3

14º Fabricação de aço e derivados 3 4

15º Têxteis 2 4

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

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120

No estudo de Souza, Gonçalves e Franco (2015), esse resultado não havia sido

identificado, dado que o setor de couros e calçados estava agregado com o setor de

vestuário e acessórios. Essa dissociação revelou a possibilidade do setor de couros e

calçados se despontar como um dos cinco setores chaves da economia de Minas Gerais

conforme o método dos campos de influência.

8.1.2 Multiplicadores

Os multiplicadores de impacto permitem estimar, a partir de um aumento da

demanda final, o impacto direto e indireto de cada setor da economia sobre a renda, o

emprego, o valor adicionado, dentre outros. Os multiplicadores incorporam informações

novas à análise de insumo-produto ao introduzir componentes do valor adicionado na

equação básica do modelo (FEIJÓ; RAMOS, 2013).

O multiplicador pode ser decomposto em direto, indireto e total: multiplicador

direto – mede o impacto da variação da demanda final do setor 𝑗, considerando as

atividades que fornecem insumos diretos para esse setor; já o multiplicador indireto

considera apenas as atividades que fornecem insumos indiretos para esse setor; o

multiplicador total considera todos os setores fornecedores.

Assim, para os cálculos, tem-se primeiramente a razão entre a variável de estudo

no setor com o valor de produção de mesmo setor. No caso do emprego, por exemplo, o

efeito inicial é dado pelo total de pessoal ocupado por unidade de produto para cada setor

da economia:

𝑒𝑗 =𝐸𝑗

𝑋𝑗 (10)

onde: 𝐸𝑗 = total de pessoal ocupado no setor 𝑗;

𝑋𝑗 = valor da produção do setor 𝑗.

O multiplicador direto, conforme Feijó e Ramos (2013), é dado por:

𝑒𝐷 = 𝑒𝐴 (11)

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onde: 𝐴 = matriz de coeficientes técnicos diretos;

𝑒 = vetor dos efeitos iniciais.

O multiplicador direto e indireto é obtido pela multiplicação do vetor de efeito

inicial pela matriz de impacto intersetorial do modelo aberto de Leontief representado

pela seguinte expressão:

𝑒𝐷𝐼 = 𝑒(𝐼 − 𝐴)−1 (12)

onde: 𝑒𝐷𝐼 = vetor do multiplicador direto e indireto do emprego;

𝑒 = vetor dos efeitos iniciais;

(𝐼 − 𝐴)−1 = matriz dos coeficientes técnicos do modelo aberto de Leontief.

O multiplicador indireto é a diferença do multiplicador total pelo multiplicador

direto e o efeito inicial. Conforme equação (20):

𝑒𝐼 = 𝑒𝐷𝐼 − 𝑒𝐷 (13)

onde: 𝑒𝐼 = vetor do multiplicador indireto do emprego;

𝑒𝐷𝐼 = vetor do multiplicador direto e indireto do emprego;

𝑒𝐷 = vetor do multiplicador direto do emprego.

Ressalta-se que as mesmas funções podem ser utilizadas para calcular os

multiplicadores para qualquer outra variável que compõe o valor adicionado. Nesse

estudo serão calculados os multiplicadores para salários e empregos.

Para essa análise, a tabela 8.7 apresenta primeiramente o valor adicionado para os

três setores da moda selecionados. A tabela mostra que o VA da Moda de Minas Gerais,

obtido pela soma dos VA de têxteis, artigos de vestuário e acessórios, couros e calçados

alcançou R$ 2.806 milhões em 2008.

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Tabela 8.7: Valor adicionado – Minas Gerais – 2008 (R$ 1.000.000)

Operações Têxteis

Artigos do

vestuário e

acessórios

Artefatos

de couro e

calçados

Moda Total do

produto

Valor adicionado bruto (PIB) 1.081 1.200 525 2.806 245.325

Remunerações 657 514 345 1.516 114.554

Salários 518 437 278 1.233 90.755

Outras remunerações 139 77 66 282 23.799

Excedente operacional bruto e

rendimento misto bruto 402 659 158 1.219 126.890

Outros líquidos de subsídios líquidos

sobre a Produção 21 27 23 71 3.881

Valor da produção 3.707 2.865 1.700 8.272 500.918

Fator trabalho (ocupações) 147.159 230.579 60.997 438.735 9.786.014

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

Os multiplicadores representam, em cada setor, a capacidade de geração e

propagação de empregos na economia decorrente da expansão da produção (ou demanda)

dos seus produtos. Assim, os multiplicadores indicam quais setores possuem maior

capacidade de geração de emprego ou massa salarial, no caso da variável salários. A

tabela 8.8 apresenta os resultados.

Tabela 8.8: Multiplicadores dos salários e do emprego por atividades da moda – Minas Gerais – 2008 (R$

1.000.000)

Multiplicadores Têxteis

Artigos do

vestuário e

acessórios

Artefatos de

couro e

calçados

Salários

Razão salários/Valor da produção 139.736 152.531 163.529

Direto 53.034 56.762 58.578

Indireto 157.210 171.825 193.873

Direto e Indireto 210.244 228.587 252.452

Emprego

Razão Ocupações/Valor da produção 40 80 36

Direto 8 10 9

Indireto 42 83 40

Direto e Indireto 50 93 49

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).

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123

O aumento de um milhão de reais na demanda final do setor de artefatos de couros

e calçados gera um impacto sobre os salários pagos das atividades que fornecem insumos

diretos para esse setor de R$ 58.578. No caso, artigos de vestuário e acessórios esse

impacto direto é de R$ 56.762 e têxteis em R$ 53.034. Destaca-se que o efeito sobre os

salários pagos pelas atividades diretamente e indiretamente encadeadas é na ordem de R$

252.452 para os artefatos de couros, maior resultado encontrado entre os setores da moda

considerados. O impacto sobre a própria atividade que atende à elevação da demanda

final é dado pela razão salários/valor da produção, sendo esse também mais elevado para

o setor de couros e calçados.

No caso do emprego, o aumento de um milhão de reais na demanda final da

respectiva atividade elevado no próprio setor têxtil em 40 o número de ocupações, 80

para artigos de vestuário e acessórios e em 36 no setor de couros e calçados. Mais

especificamente sobre o setor de vestuário e acessórios que possui maior capacidade de

geração de empregos, o impacto sobre o número de pessoas diretamente é na ordem de

10 ocupações, indiretamente eleva-se para 83, totalizando 93 novos postos de trabalho.

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124

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o objetivo de caracterizar a cadeia produtiva da moda de Minas Gerais, este

trabalhou delimitou ao processo que a compõe numa dimensão restrita às atividades

industriais; descreveu o panorama nacional e internacional; produziu, sintetizou e

analisou aspectos específicos relacionados a cadeia produtiva da moda do Estado de

Minas Gerais como produção, mercado de trabalho, comércio exterior e aspectos

organizacionais. Além disso, analisou informações da Matriz Insumo-Produto (MIP) de

Minas Gerais 2008 em uma versão ampliada especialmente para esse estudo.

A concepção de moda adotado nesse trabalho perpassa pelo caminho da

pluralidade, em que não há estilos específicos que determinam quais produtos se

classificariam como da moda ou não. Assim, diversos produtos desde peças do vestuário,

acessórios até os mais variados tipos de calçados, joias e bijuterias integram os produtos

característicos da moda.

Em consonância com esses produtos, as indústrias responsáveis por sua produção

foram identificadas pelo tradicional método de delimitação de cadeias produtivas de

Haguenauer et al (2001), confirmadas pela literatura e listadas segundo a Classificação

Nacional de Atividades Econômicas (CNAE 2.0) em que se denominou de conceito

núcleo. Encontram-se nessa definição as atividades têxteis, de confecção, parte da

indústria química de fabricação de fibras artificiais e sintéticas, preparação do couro,

fabricação de calçados, joias e bijuterias.

As interações da moda com outros setores da economia foram levantadas

nomeando as atividades relacionadas, as quais: agropecuária, indústria de alimentos,

química e petroquímica, extrativa mineral, metalurgia, produção e distribuição de

eletricidade, água e gás, máquinas e equipamentos, serviços e manutenção e reparação,

indústria de embalagens, transporte e armazenagem, serviços profissionais, comércio

varejista e atacadista.

Em termos do cenário internacional e nacional, destacou-se que o rompimento de

barreiras comerciais e o crescimento do ambiente cibernético influenciaram nas últimas

décadas no consumo, nos aspectos culturais e nas formas de produção. Essa influência

continua em vigor e, no contexto da formação de ciberculturas, é possível visualizar ainda

indícios de um processo de dependência cultural no Brasil em relação à produção

internacional.

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125

A cadeia produtiva da moda, em geral, é tida, quase que exclusivamente, como

buyer-driver em que a centralidade da produção converge para o comprador. Dessa

forma, é de suma importância manter canais de informação ao longo da cadeia ativos para

que as expressões dos consumidores cheguem até à produção. Nesse sentido, o poder de

comando é assumido pelos grandes compradores dado a ligação mais próxima com o

comércio e a colocação de produtos no mercado, num alinhamento a partir da informação

com inovação. Porém, isso não impede que a linha de produção introduza inovações

fornecendo novos produtos que os consumidores não tinham desejado. Principalmente

porque inovar é uma forma de manter-se em um mercado cada vez mais competitivo.

A China possui grande parte do mercado mundial dos produtos da moda e o Brasil

tem com esse país relações comerciais que o mantem como principal parceiro tanto em

exportações quanto em importações. Isso sugere a participação brasileira em elos da

cadeia produtiva da moda chinesa. O exemplo mais concreto disso é a exportação para a

China de fios de fibra de algodão (24,4% desse produto destinou-se ao mercado da China

em 2014) e, em contrapartida, a compra realizada pelo Brasil de peças de vestuário

confeccionadas que em 2014 registraram 59,1% de origem chinesa.

O Brasil se destaca em ramos específicos no cenário internacional, como as

exportações de “Preparação e fiação de fibras de algodão” e “Curtimento e preparações

do couro”. Por outro lado, importa significativamente “Confecções de peças de

vestuário”, “Fiação de fibras artificiais e sintéticas” e a “Tecelagem de fibras artificiais e

sintéticas”.

Minas Gerais apresenta-se na mesma linha com “Curtimento e preparações do

couro” em primeiro lugar e “Preparação e fiação de fibras de algodão” em segundo. No

lado das importações, “Confecções de peças de vestuário”, “Fiação de fibras artificiais e

sintéticas” e a “Tecelagem de fibras artificiais e sintéticas”, posicionam-se em sequência

decrescente em termos de volume. Há de se ressaltar a projeção que Minas Gerais

apresenta no Brasil em se tratando de exportações de “Lapidação de gemas e fabricação

de artefatos de ourivesaria e joalheria” (Joias e bijuterias respondeu por 34,8% desses

produtos exportados pelo Brasil em 2014).

Para quantificar a produção da moda no Estado, calculou-se o Valor Adicionado

(VA) da Moda e seus três setores (Têxtil-confecções, Couros e calçados e Joias e

bijuterias) nos anos de 2010 a 2013. Nesse último ano, a Moda alcançou 3,4 bilhões de

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126

reais, registrando crescimento real de 3,6% em relação ao ano anterior. O setor iniciou,

em contraposição ao movimento de retração da indústria no Estado, uma trajetória de

recuperação após uma queda de -6,8% em 2011 comparado a 2010.

Em termos dos setores da Moda, distribuem-se, em média do período 2010-2013,

68,7% o setor Têxtil-vestuário, em seguida com 28,6% Couros-calçados e 2,7% Joias e

bijuterias. Ressalta-se a perda de espaço do setor Têxtil-confecções em detrimento do

Couros-calçados no período analisado

A Moda, nesse mesmo período, representou em média 0,8% do VA de Minas

Gerais. Em relação a indústria da transformação, a Moda foi responsável por 5,8% em

2013. Já em comparação com a Moda no Brasil (R$ 43,4 bilhões em 2013), a Moda de

Minas representou 7,7%.

Apesar do baixo percentual em termos de representatividade da economia

mineira, o cálculo do VA da Moda no ano de 2013 para os municípios do Estado

evidenciaram, primeiramente, que a atividade Moda possui grande peso na indústria local

como o caso de Dores do Campo que possui 63,8% de sua produção industrial vinculada

com a esse setor. Em segundo, Nova Serrana é o principal município em termos do VA

da Moda registrando R$ 406.141 mil (12% do VA total), destacando-se no ramo de

Couros e calçados, 60,3% da sua indústria é Moda e essa 27,6% do VA do município. Em

terceiro, existe uma concentração em termos absolutos de municípios e também

geográfico dado que 20 municípios detiveram 69,7% da Moda de Minas Gerais e apenas

cinco territórios de desenvolvimento ativeram 75,4% do VA da Moda no Estado,

respectivamente.

A moda em Minas Gerais empregou 127.530 pessoas em 2014, frente a um

contingente de 133.163 em 2010, o que representa uma queda de -4,2%. Apesar de uma

leve recuperação em 2013 comparado a 2012, os empregos na Moda voltaram a cair em

2014. Além disso, a Moda é responsável por 15,2% do emprego da indústria de

transformação.

Mais uma vez foi percebido a queda de participação do setor Têxtil-confecções

compensando pelo aumento de Couros-calçados. Em relação aos subsetores, há uma

predominância na “Confecção de peças do vestuário” com 44,5% (dados de número de

empregados em 2014), porém, apresenta queda de participação ao longo dos anos. Em

compensação, o “Curtimento e outras preparações de couro”, “Fabricação de tênis de

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127

qualquer material” e “Fabricação de calçados de material sintético” ganham espaço no

cenário mineiro da moda.

A Matriz Insumo-Produto (MIP) adaptada para o estudo da moda revelou que a

fabricação de artigos de vestuário e acessórios está voltada para o consumo interno das

famílias de Minas Gerais, sendo que as outras etapas da cadeia têxtil-confecções como a

fiação e tecelagem estão voltadas para a demanda intermediária e para exportação. No

caso dos calçados, destaca-se a exportação da preparação de couro. Além disso, observou-

se que entre os setores da moda, o aumento na demanda final de couros e calçados impacta

mais na renda do trabalho e no setor de confecções de vestuário e acessórios possui uma

capacidade maior de impactar o emprego.

Outras informações foram identificadas na análise do mercado de trabalho como

a prevalência de estabelecimentos de micro e pequeno porte (98,5%) e o pagamento de

salários médios no setor da Moda abaixo da média da indústria da transformação,

indústria total e de Minas Gerais como um todo. Observa-se que 68,52% da massa salarial

em Minas Gerais em 2014 da cadeia produtiva da Moda foi proveniente do setor de

Têxteis e Confecções, 29,86% do setor de Calçados e 1,61% de Joias Apesar de ter

aumentado nos últimos anos o tempo de emprego médio nos setores da Moda, esse ainda

é inferior à média da indústria de transformação, indústria geral e o total da economia de

Minas Gerais e, por fim, os empregados nos setores da moda, em termos de escolaridade

são composto pela grande maioria de ensino médio completo, sendo apenas em torno de

2% o número de empregados com nível superior.

As articulações dos gestores das indústrias que compõem a cadeia da moda em

termos de representatividade revelam-se ainda incipientes no Estado de Minas Gerais.

Observa-se que a mobilização à convergência dos interesses vem realizando de maneira

pontual em cidades/regiões de maior expressão no cenário nacional como São Paulo ou

que almejam a inserção no cenário como no Nordeste, mais precisamente o Estado do

Ceará.

Assim, traçou-se que a cadeia produtiva da moda de Minas Gerais possui desafios

de competitividade em um cenário no qual o setor de confecções (principal empregador

na cadeia estadual da moda) é também o que recebe mais produtos de origem estrangeira.

Em compensação, o elo de couros e calçados vem ganhando espaço com a crescente

projeção do curtimento, fabricação de tênis e calçados sintéticos em Minas Gerais.

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Ao longo do estudo, evidenciou-se, através dos dados elaborados e fontes

secundárias especificamente selecionadas, a globalização do processo de produção

industrial. Pode-se dizer da revisão do conceito de cadeia produtiva para cadeia global da

moda, tanto em dimensão desterritorializada bem como no que se refere à capacidade de

perenidade. No caso do Brasil e, mais especificamente em Minas Gerais, foco deste

estudo, a permanente correlação econômica do setor junto ao Estado certamente

contribuiu para que o esteio gerado, validando assim um posicionamento pouco

expressivo na direção global dos negócios. A ampliação da produção da cadeia de moda

de Minas Gerais, com destaque a alguns segmentos, não representou necessariamente um

reposicionamento expressivo do setor da Moda para o Estado, bem como para o país.

Além disso, permanece a concentração comercial de produtos com menores exigências

tecnológicas e in natura. E, na contraposição, o aumento do consumo de produtos com

maior tecnologia. Em outras palavras, Minas Gerais possui reservas de alto valor

potencial produtivo, porém evidencia-se um processamento relativamente baixo.

Esse cenário, com semelhança de outros tempos históricos, instiga à busca por

alternativas. A obviedade se faz em relação à necessidade de investimentos tecnológicos

a fim de intensificação e ampliação da capacidade produtiva para uma disponibilização

de produtos acessíveis diretamente ao mercado de consumo. Máquinas, equipamentos,

processamentos químicos, dentre outros, compõem parte deste escopo.

No entanto, o próprio domínio dos processos exige mais do que um parque de

maquinários de última geração. A cadeia produtiva da moda, em seu caráter global, exige

competências que superam o tecnicismo dos processos. A vantagem competitiva de

segmentos despontados na cadeia assenta-se em dois ícones principais: a informação e a

criatividade.

A informação adquiri significado categórico que extrapola o poder e ações de

marketing e propaganda. Diz da condição de reunir diferenciais no que se refere ao perfil

dos consumidores, garantir especificidades culturais e disponibilizá-las de forma a

irradiar aos demais segmentos da cadeia, bem como, e principalmente, ao consumidor

final. Como parte da indústria criativa, a moda deve possuir como cerne a capacidade

inovativa para o mercado, de forma que essas se tornem um aspecto estratégico para

manter-se no cenário competitivo.

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O estimulo à criatividade nas economias está intimamente ligado à educação. O

ensino superior fornece grupos de indivíduos pensantes com maiores habilidades mais

propícias às oportunidades de inovação. O conhecimento em nível técnico não deixa de

ser importante, porém gera uma tendência à repetição de processo e produtos e pode

contribuir para o agravamento da aludida dependência cultural do Brasil e de Minas

Gerais.

A produção do conhecimento, incluindo a área de pesquisa, e sua respectiva

democratização implicam em interesses e esforços conjuntos daqueles atores sociais que

percebem os desdobramentos de alcance social do capital humano. O desenvolvimento

de um setor exige a conexão entre recursos tecnológicos e uma formação educacional que

tenha em seu bojo a perspectiva do desenvolvimento de competências que visem

materializar o empreendedorismo e a inovação direcionados ao alcance mundial. É

preciso desvencilhar-se de processos concorrenciais internos, ainda restritos a um modelo

de articulação geográfica e de linha de produção, para uma real potencialização e

otimização da riqueza dos insumos disponíveis através de conhecimento produzido e

acessível a toda a cadeia produtiva da moda. E esse conhecimento, à semelhança das

grandes organizações e do próprio movimento mundial, demanda permanente

investimento a prazos largos, a fim de superação da cultura da dependência produtiva e

cultural para um posicionamento real que explicite o grande potencial que Minas Gerais

reserva.

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