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DESINFECÇÃO DE ALMOTOLIAS: ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO HIPOCLORITO DE SÓDIO 1% EM NÍVEL INTERMEDIÁRIO
DISINFECTION OF ALMOTOLIAS: ANTIMICROBIAL ACTIVITY DOESSODIUM HYPOCHLORITE 1% AT INTERMEDIATE LEVEL
Amanda da Silva Machio Nogueira – [email protected] Giacomini Cerri – [email protected]
Orientadora: Ma Viviane Cristina do Nascimento Bastos – [email protected] de Assis Andrade – [email protected]
Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Lins
RESUMO
Trata-se de um estudo experimental de abordagem qualitativa e quantitativa, teve como objetivo verificar a presença de microrganismos patogênicos em almotolias, após a desinfecção periódica de nível intermediário em um hospital do interior do estado de São Paulo. As coletas foram realizadas em seis setores hospitalares, foram coletadas 100 amostras, durante cinco dias consecutivos. Observou-se o crescimento de enterobactérias em 61 amostras coletadas durante a pesquisa, o setor que houve mais contaminação das almotolias foi a Clínica Médica e a solução foi a Vaselina. Dentre as 61 amostras analisadas em 50 foram encontradas Salmonella e Shigella e 46 Coliformes. Na pesquisa as 25 amostras coletadas e analisadas após a desinfecção não houve crescimento bacteriológico, comprovando que a ação microbicida do hipoclorito de sódio 1% é eficaz, porém não há durabilidade de sete dias, constatando um meio de colonização de bactérias, causando riscos ao paciente e prejuízos a instituição. Sendo necessária a implantação de atividades educacionais relacionadas às precauções padrão.
Palavras Chave: Almotolias. Enterobactérias. Desinfecção. Infecção Hospitalar
ABSTRACT
This is an experimental study with a qualitative and quantitative approach. The objective was to verify the presence of pathogenic microorganisms in almotolies, after periodic disinfection of an intermediate level in a hospital in the interior of the state of São Paulo. The samples were collected in six hospital sectors, 100 samples were collected, during five consecutive days. It was observed the growth of enterobacteria in 61 samples collected during the research, the sector that had more contamination of the almotolias was the Medical Clinic and the solution was Vaseline. Among the 61 samples analyzed in 50, Salmonella and Shigella and 46 Coliforms were found. In the research the 25 samples collected and analyzed after the disinfection did not show bacteriological growth, proving that the microbicidal action of sodium hypochlorite 1% is effective, however, there is no durability of seven days, finding a means of colonization of bacteria, causing risks to the patient and losses to the institution. It is necessary to implement educational activities related to standard precautions.
1
Key words: Almotolias. Enterobacteriaceae. Disinfection. Hospital Infection.
INTRODUÇÃO
O processamento de artigos em unidades de saúde tem como objetivo evitar
qualquer evento adverso aos clientes. A transmissão de microrganismos causadores
de infecção preocupa os especialistas da área da saúde, já que os artigos
hospitalares podem se tornar um meio de infecção, ou seja, o microrganismo invade
os tecidos corporais do hospedeiro provocando a doença. A esterilização e a
desinfecção dos artigos interrompem e diminuem a proliferação destes
microrganismos, destruindo os germes encontrados nos objetos da assistência à
saúde, sendo um meio importantíssimo para a redução das infecções. (GUIMARÃES
et al.,2017)
De acordo com a Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo (2008
apud LEAL; RIBEIRO; LIMA 2017), a desinfecção é um “processo físico ou químico
para reduzir o número de microrganismos (MO), sendo esse processo viável para a
diminuição do MO a um nível menos prejudicial. Este processo pode não destruir
esporos”. É importante salientar que a desinfecção é dividida em três níveis, ou seja,
a desinfecção de alto nível que destrói todas as bactérias vegetativas,
micobactérias, fungos, vírus e parte dos esporos; desinfecção de nível intermediário
destrói vírus, bactérias vegetativas, inclusive o bacilo da tuberculose, não destruindo
apenas os esporos bacterianos, e por último; a de baixo nível que é capaz de
eliminar todas as bactérias na forma vegetativa, apresenta ação relativa contra
fungos, não destruindo esporos, vírus não lipídicos e bacilo da tuberculose.
A desinfecção das almotolias e de diversos outros materiais usados no âmbito
hospitalar é de responsabilidade do profissional de enfermagem, sendo assim, o
profissional enfermeiro da unidade responsável pelo setor de desinfecção deve
realizar o treinamento da equipe de enfermagem, fazer o registro de todos os
treinamentos prestados e supervisionar: o uso; a troca semanal; a identificação clara
e em local visível, informando o nome do produto, data de abertura e nome do
profissional responsável pela abertura. (COREN/SP, 2010 apud COREN/SC, 2015)
As almotolias são amplamente utilizadas nos Estabelecimentos de
Assistência à Saúde (EAS), mas o seu reprocessamento ainda é pouco abordado,
porém esse tema constitui um assunto importante, pois a colonização das almotolias
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por MO torna os usuários dos serviços de saúde suscetíveis aos mais variados
processos infecciosos.
O interesse pelo assunto surgiu quando foi feita uma revisão de literatura
sobre a desinfecção das almotolias com uso de hipoclorito de sódio a 1% e
infecções relacionadas a estes vasilhames, percebe-se a escassez do assunto,
principalmente em artigos científicos. Trata-se de uma temática nova, pouco
abordada e muito relevante dentro dos serviços de saúde, já que as infecções são
indicadores de uma boa assistência no ambiente hospitalar. E houve, portanto,
grande curiosidade acerca do tema a ser pesquisado. A pesquisa pretende buscar
provas concretas da eficácia da desinfecção das almotolias com a utilização de
hipoclorito de sódio a 1%, no intuito de reduzir a contaminação e a infecção
relacionada à assistência de saúde (IRAS).
Busca-se, por meio do presente trabalho, elucidar a seguinte questão: A
desinfecção em almotolias por hipoclorito de sódio a 1% é eficaz? Diante do
questionamento, surge a hipótese que o nível de contaminação das almotolias seja
elevado, por permanecerem sete dias no setor de destino. Em virtude disso, pode
haver uma colonização, ocasionando infecção nos pacientes internados no âmbito
hospitalar.
O trabalho em questão teve como objetivo geral verificar presença de
microrganismos patogênicos em almotolias, após a desinfecção periódica de nível
intermediário e como objetivos específicos: identificar crescimento bacteriano;
identificar enterobactérias antes, durante a utilização das almotolias nos setores
hospitalares e após a desinfecção; e por fim, verificar qual produto envasado em
almotolia apresenta maiores índices de contaminação.
1 INFECÇÃO RELACIONADA À ASSISTÊNCIA DE SAÚDE (IRAS)
Infecção relacionada à assistência de saúde refere-se a qualquer infecção
que se adquire na admissão do paciente, com o processo assistencial ou a
internação do mesmo, se agravando ou evoluindo para um isolamento por
patógenos. Esse termo inclui as infecções que são adquiridas no hospital e se
manifestam durante a internação ou mesmo após a alta. Também abrange as
infecções relacionadas a procedimentos realizados ambulatoriamente, durante
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cuidados domiciliares, e as infecções ocupacionais adquiridas pelos profissionais de
saúde. (GOMES et al., 2014)
É imperioso lembrar que além da infecção adquirida por qualquer
procedimento invasivo, ela pode se agravar por questões relacionadas à idade,
imunodeficiência e em virtude de longo período de internação, o que pode acarretar
diminuição da reação imunológica. Os procedimentos realizados em âmbito
hospitalar, como diagnóstico por biópsia, cauterização e aspiração de fluidos,
tendem a aumentar o risco de infecções nos pacientes, as mudanças da
temperatura ou da umidade do ar podem igualmente influenciar a ocorrência de
infecções. Para tratamento e prevenção das IRAS, se faz importante a adoção de
medidas preventivas, como: a utilização de equipamentos adequados, e a instituição
de ações relacionadas às precauções-padrão. Reduzindo o risco e agravamento de
doenças, garantindo assim a segurança e a melhoria da qualidade de vida tanto do
paciente quanto do profissional de saúde. E reduzindo as internações em quartos de
isolamento por quaisquer agentes patogênicos que possam levar o paciente à morte
no ambiente hospitalar. (AGUIAR; LIMA; SANTOS, 2008)
2 ENTEROBACTÉRIAS
As enterobactérias são da família de bacilos Gram-negativos, podendo ser
encontradas amplamente na natureza, a maioria habita os intestinos do homem e
dos animais, seja como membros da microbiota normal ou como agentes de
infecção, tendo como principais gêneros a Escherichia, Shigella, Salmonela,
Klebsiella, Proteus, Yersinia entre outros. (BROOKS, 2014)
Seibert et al., (2014) concluíram que a resistência bacteriana é um problema
frequente e importante no ambiente hospitalar, isso ocorre porque as bactérias têm
grande facilidade em se alterar geneticamente e adaptar-se a diversos ambientes. O
aumento da resistência a antibióticos tem aumentado a evolução das bactérias, de
modo a produzir mecanismos que lhes permitem resistir ao tratamento e apresentar
mutações constantemente. O aparecimento das enterobactérias está cada vez mais
frequente nos hospitais, representando um problema de saúde pública, já que essas
bactérias tem a capacidade de se acomodar e se alterar geneticamente, criando
uma multirresistência aos medicamentos, exigindo esforço multidisciplinar para
prevenção e controle, além de uma detecção laboratorial eficiente dos profissionais.
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As carbapenemases são enzimas produzidas por bactérias resistentes aos
antibióticos carbanepenêmicos. As enterobactérias se multiplicam e sofrem
mutações significativas de acordo com seu ambiente, facilitando o seu convívio e
sua sobrevivência no meio externo, tornando-se cada vez mais fortes e difíceis de
combater. A disseminação plasmidial explica o rápido desenvolvimento de surtos em
ambientes hospitalares e sua resistência aos antibióticos. (ALVEZ; BEHAR, 2013)
Observando que as infecções causadas por enterobactérias produtoras de
carbapenemases, tem uma resistência maior aos antibióticos em relação a outros
gêneros de bactérias, torna-se de suma importância conter a disseminação desses
microrganismos, sendo necessárias orientações sobre o uso correto dos antibióticos.
É importante ainda reconhecer o comportamento deste tipo de patógeno e sua
relevância clínica, através da avaliação dos fatores associados à colonização por
KPC e da análise de morbimortalidade dos pacientes colonizados e uma limpeza e
desinfecção eficiente nos hospitais. (BORGES et al., 2015)
3 ALMOTOLIAS
De acordo com o parecer técnico nº 25/2011 do Coren-MG, “as almotolias são
vasilhames que servem para depósito temporário de soluções utilizadas geralmente
em antissepsia de pele, como por exemplo, álcool 70%, soluções de iodo e outras”.
Por ser um item semicrítico, ou seja, há contato com pele e mucosas, deve-se fazer
a desinfecção semanalmente, após o término da solução. (COREN/SC,2015)
A desinfecção das almotolias em ambientes hospitalares é uma prática que
não está esclarecida na literatura, não havendo respaldo cientifico da prática, sendo
amplamente discutida nos serviços de saúde de forma empírica. Os profissionais do
Serviço de Controle de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde – SCIRAS são
responsáveis em escolher os produtos para limpeza e desinfecção do hospital,
superfícies e equipamentos da instituição, onde esses desinfetantes devem estar de
acordo com a ANVISA. (PAINA et al., 2015)
4 METODOLOGIA
O estudo experimental com abordagem qualitativa e quantitativa foi
desenvolvido em um Hospital de médio porte, localizado em um município da região
5
centro-oeste paulista, com 80 leitos operantes de acordo com o Cadastro Nacional
de Estabelecimento de Saúde (CNES).
As coletas se deram no período matutino, das 08h00min às 11h00min durante
uma semana de 28/01/2019 à 01/02/2019. Sendo que todas as amostras, após
coletadas, eram levadas para incubação no laboratório de microbiologia do Centro
Universitário Católico Salesiano Auxilium de Lins-SP em horários alternados, onde o
mesmo possuía materiais e suporte para serem realizadas as análises. As coletas
das amostras de almotolias foram realizadas em seis setores hospitalar:
a) Pronto socorro;
b) UTI adulto;
c) UTI neonatal;
d) Maternidade;
e) Clinica Médica e
f) Central de Material de Esterilização – CME
As amostras foram coletadas de modo estéril com o auxílio do Swab estéril e
transportadas para a instituição em meio de transporte Stuart. A coleta se deu
através de fricção de forma circular na rosca das almotolias, assim as amostras
eram denominadas por numeração, setor, dia da coleta e produto envasado nas
almotolias.
Foram coletadas 100 amostras durante o período determinado nos diversos
setores pesquisados, as coletas se deram em dias consecutivos no período
matutino, durante uma semana.
Na tabela abaixo estão descritas as soluções envasadas em almotolias nas
quais foram realizadas as coletas e seus setores de origem.
Tabela 1 - Soluções envasadas encontradas nos setores.
Setores Clorex. Degermante
Clorex. Aquoso
Clorex. Álcoolico
Álcool 70%
Água Oxigenada
Vaselina Total
Pronto Socorro
4 2 1 0 2 2 11
UTI Neonatal 1 4 4 1 1 0 11
UTI Adulto 1 0 5 1 0 4 11
Maternidade 4 0 0 3 0 3 10
6
Clinica Médica 2 1 2 0 0 6 11
CME 7 0 3 9 0 2 21
TOTAL 19 7 15 14 3 17 75Fonte: elaborado pelas autoras, 2019.
De acordo com a Tabela 1 foram coletados 6 tipos de soluções envasadas em
almotolias, perfazendo um total de 75 amostras. Destas, amostras 54 almotolias
foram coletadas durante a assistência prestada ao paciente nos setores, e as outras
21 almotolias que restaram foram coletadas na CME. As almotolias coletadas neste
local pertenciam aos setores de origem e já estavam fora da validade ou a solução
envasada já havia acabado, contudo, as amostras destas almotolias foram coletadas
antes do processo de desinfecção. Em seguida, após o processo de desinfecção
foram selecionadas aleatoriamente, outras 25 amostras, formando um total de 100
amostras.
Posteriormente, as amostras foram levadas para refrigeração a temperatura
de 12º C até seu processamento no laboratório de Microbiologia do Centro
Universitário Católico Salesiano Auxilium de Lins, Lins/SP. As amostras foram
analisadas após seis horas de sua coleta.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com base nos resultados encontrados houve um crescimento significativo de
enterobactérias, já que mais da metade das amostras estavam contaminadas por
Coliformes, Salmonella e Shigella, em todos os setores as amostras foram coletadas
de modo estéril e aleatória. Segue abaixo os quadros de caráter qualitativo e
quantitativo.
Quadro 1- Setor Pronto Socorro.
Data N. coletas Tipo de bactéria Crescimento/Estável
28/01/2019 2 Coliforme Crescimento
29/01/2019 2 - Estável
30/01/2019 2 Coliforme Crescimento
31/01/2019 2 Salmonela/Shigella Crescimento
01/02/2019 3 Coliforme/Salmonela/Shigella Crescimento
7
Fonte: elaborado pelas autoras, 2019.
Quadro 2 - Setor UTI Adulto
Data N. coletas Tipo de bactéria Crescimento/Estável
28/01/2019 2 Coliforme/Salmonela/Shigella Crescimento
29/01/2019 2 - Estável
30/01/2019 2 Coliforme Crescimento
31/01/2019 2 - Estável
01/02/2019 2
1
Salmonela/Shigella
Coliforme/Salmonela/Shigella
Crescimento
Fonte: elaborado pelas autoras, 2019.
Quadro 3 - Setor UTI Neonatal.
Data N. coletas Tipo de bactéria Crescimento/Estável
28/01/2019 2 - Estável
29/01/2019 2 Salmonela/Shigella Crescimento
30/01/2019 2 Coliforme/Salmonela/Shigella Crescimento
31/01/2019 2 Salmonela/Shigella Crescimento
01/02/2019 3 Salmonela/Shigella Crescimento
Fonte: elaborado pelas autoras, 2019.
Quadro 4 - Setor Maternidade
Data N. coletas Tipo de bactéria Crescimento/Estável
28/01/2019 2 Coliforme Crescimento
29/01/2019 2 - Estável
30/01/2019 2 Coliforme Crescimento
31/01/2019 2 Salmonela/Shigella Crescimento
01/02/2019 2 Coliforme/Salmonela/Shigella Crescimento
Fonte: elaborado pelas autoras, 2019.
Quadro 5 - Clinica Médica.
Data N. coletas Tipo de bactéria Crescimento/Estável
28/01/2019 1
1
Coliforme
-
Crescimento
Estável
29/01/2019 2 Coliforme/Salmonela/Shigella Crescimento
30/01/2019 2 Coliforme/Salmonela/Shigella Crescimento
31/01/2019 2 Salmonela/Shigella Crescimento
01/02/2019 3 Coliforme/Salmonela/Shigella Crescimento
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Fonte: Elaborado pelas autoras, 2019.
Quadro 6 - Setor Central de Material de Esterilização – Antes da desinfecção.
Data N. coletas Tipo de bactéria Crescimento/Estável
31/01/2019 18 Coliforme/Salmonela/Shigela Crescimento
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2019.
Quadro 7 - Setor Central de Material de Esterilização – Depois da desinfecção.
Data N. coletas Tipo de bactéria Crescimento/Estável
30/01/2019 25 - Estável
Fonte: elaborado pelas autoras, 2019.
De acordo com os quadros acima houve o crescimento de enterobacteriaceae
em 61 de 100 amostras analisadas durante a pesquisa, o setor onde a
contaminação das almotolias ficou mais evidente foi a Clínica Médica, pois houve
crescimento de MO em 10 de 11 amostras. Nas coletas realizadas na UTI Neonatal
e Pronto Socorro observou-se crescimento de enterobactérias em 9/11 amostras;
maternidade com 8/10 amostras e por último a UTI adulto com 7/11 amostras.
Na CME, antes da desinfecção, foram coletadas e analisadas 21 amostras,
sendo que 18 apresentavam contaminação por enterobactérias, porém observou-se
que após a desinfecção das almotolias não houve nenhum crescimento microbiano.
Dentre as 61 amostras coletadas em 50 foram encontradas Salmonella/Shigella e 46
Coliformes.
Como resultado dos testes da pesquisa foi encontrada a bactéria na parte
rosquiavel das almotolias, assim, é possível supor que as soluções, bem como as
almotolias, são uma fonte de colonização de microrganismos, que podem agravar o
estado de saúde do enfermo ou o risco de infecção através da infecção cruzada.
Abebe et al., (2018) afirma que a doença diarreica é a segunda principal
causa de morte entre crianças menores de 5 anos, sendo responsável em matar
mais de 525.000 crianças por ano em países subdesenvolvidos, já que nesses
países o saneamento básico, estado nutricional, higienização são deficientes, onde
os principais agentes etiológicos que causam a morte por diarreia são os Rotavirus,
Salmonella e a Shigella.
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A contaminação por coliformes, não é necessariamente um indicador de
patógenos e sim um indicador de condições sanitárias insatisfatórias, técnicas
inadequadas de manipulação, falhas durante o processo de higienização e
desinfecção de equipamentos e materiais. (LIMA et al., 2005)
Na pesquisa as 25 amostras coletadas e analisadas após a desinfecção não
houve crescimento bacteriológico, comprovando que a ação microbicida do
hipoclorito de sódio 1% é eficaz, porém não há durabilidade de sete dias,
constatando um meio de colonização de bactérias, causando riscos ao paciente e
prejuízos a instituição.
De acordo com Pereira (2015) mesmo se o hipoclorito de sódio 1% for eficaz
na desinfecção, existem dificuldades a serem enfrentadas como a manipulação dos
equipamentos pelos profissionais e a resistência dos microrganismos ao
desinfetante, já que a ação antimicrobiana de todos desinfetantes, inclusive do
hipoclorito está ligada à concentração e ao tempo, onde muitas vezes a desinfecção
não é eficaz e não tem a durabilidade esperada.
É possível avaliar várias falhas nos setores como a falta de lavagem das
mãos dos profissionais, após procedimentos, o uso inadequado das almotolias, já
que os profissionais desrosqueavam o objeto, no intuito de avolumar a quantidade
das soluções, a falta de atenção ao vencimento das almotolias, pois foram
encontrados vasilhames vencidos há mais de 5 dias, observou-se profissionais de
enfermagem preenchendo as almotolias sem a desinfecção indicada, já que por ser
um item semicrítico, deve-se fazer a desinfecção semanalmente, após o término da
solução, no casos das soluções acabarem antes do sétimo dia e quando a almotolia
estiver sem data de validade.
Cataneo et al., (2011 apud ALMEIDA et al., 2018, p.03) descrevem que “o
paciente que desenvolver infecção hospitalar, independentemente da fonte ou
motivo, elevará seu tempo de permanência internado”, causando gastos ao hospital
com medicamentos, materiais, equipamentos, que poderiam ser evitados
institucionalizando atos simples como a lavagem das mãos.
Nakashima (2017, p.03) descreve que “o ambiente hospitalar é fonte
reservatória de microrganismos capazes de se disseminar principalmente pelas
mãos dos profissionais da saúde ou por fômites”. As almotolias são manipuladas por
vários profissionais, sendo utilizadas em diversos procedimentos, o uso inadequado
da manipulação do objeto e a negligência dos profissionais com a falta de lavagem
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das mãos, acarretam o aumento dos casos de infecções associadas aos cuidados à
saúde, reforçando a importância de lavar as mãos para a diminuição das infecções
cruzadas no ambiente hospitalar.
A vaselina foi a solução envasada que mais apresentou contaminação por
enterobactérias, sendo que de 17 amostras 14 apontaram a presença do MO.
Acredita-se que esse fenômeno esteja relacionado às características da solução
pois a vaselina não tem função antisséptica, por ser uma solução oleosa, acredita-se
que a probabilidade é maior de adesão de sujidades quando comparado a soluções
antissépticas como o álcool, clorexidina alcoólico, clorexidina aquoso, entre outros.
Por outro lado, por ser muito utilizado em curativos e hidratação da pele, pode haver
contaminação o vasilhame, o que constitui infecção cruzada indireta.
Com os resultados encontrados percebe-se que é necessário instituir,
efetivamente precauções para manipulação das almotolias, no intuito de aumentar a
durabilidade da ação microbicida do desinfetante.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Logo após o término da pesquisa em um hospital do interior do estado de São
Paulo, observou-se que a desinfecção por ação do hipoclorito de sódio a 1% é
eficaz. Porém acredita-se que houve falhas como a ineficiência na higienização das
mãos dos profissionais, antes de tocar nas almotolias ou após os procedimentos; o
uso inadequado desse tipo de artigo, já que os profissionais “desrosqueavam” o
objeto, no intuito de avolumar a quantidade das soluções; a falta de atenção ao
vencimento das almotolias, pois foram encontrados vasilhames vencidos há mais de
5 dias nos setores pesquisados e foi observado que profissionais de enfermagem
envasam soluções no setor a fim de completar o conteúdo que foi utilizado.
Durante o estudo ficou evidente a falha na utilização das almotolias pelos
profissionais, já que essas atitudes contribuem para a contaminação dos vasilhames
reduzindo a eficácia da desinfecção quando utilizado hipoclorito de sódio a 1%.
A literatura acerca da temática é escassa, embora o hipoclorito seja utilizado
amplamente nas EAS o tema é pouco abordado pela comunidade científica em
geral. Acredita-se que isso ocorra em decorrência das dificuldades que os hospitais
apresentam em realizar seus testes microbiológicos e também em virtude de
algumas EAS, substituírem as almotolias reprocessáveis por frascos de solução
11
para uso individual em pacientes, portanto não foi possível correlacionar os dados
encontrados na presente pesquisa com outros encontrados em estudos correlatos.
Diante dos resultados encontrados no presente estudo, foi possível responder
a problemática levantada aventada na etapa inicial da pesquisa pois observou-se
que a desinfecção por hipoclorito de sódio a 1% foi eficaz, porém a durabilidade do
processo não atingiu os 7 dias consecutivos preconizados.
Há a necessidade de implantação de atividades educacionais relacionadas às
precauções padrão, bem como o desenvolvimento de boas práticas no atendimento
ao público interno e externo das EAS.
REFERÊNCIAS
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