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VISÃO DE CUIDADORES PROFISSIONAIS SOBRE O ENVELHECIMENTO EM INSTITUIÇÃO PARTICULAR DE ATENDIMENTO À IDOSOS
VISION OF PROFESSIONAL CAREGIVERS ABOUT AGING IN A PARTICULAR INSTITUTION OF ATTENDANCE TO ELDERLY
Jéssica Stefani Lima - [email protected]
Miriam Vieira - [email protected]
Graduandas do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
Prof. Ms. Gislaine Lima Silva – UniSALESIANO – [email protected]
RESUMO
Este estudo apresenta a visão de cuidadores sobre o envelhecimento em instituição
particular de atendimento a idosos. O objetivo é avaliar a visão dos cuidadores sobre
o envelhecimento. O interesse pelo tema surgiu a partir de um trabalho voluntario
realizado numa instituição de atendimento a idosos. A pesquisa de campo foi
realizada na Clínica Geriátrica, situada no município de Lins, São Paulo, no mês de
outubro de 2017.Trata-se de uma pesquisa descritiva, com caráter exploratório e
análise qualitativa, tendo como método a ida a campo. Utilizou-se uma entrevista
com questionário estruturada. Participou-se da pesquisa 5 cuidadores, e todos eles
assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Dentre os relatos
encontrados percebeu-se que os cuidadores em sua maioria não possuem formação
específica e que esta pendência acaba por limitar sua visão do âmbito do cuidado
que prestam, visto que não foram relatados pelos participantes nenhuma dificuldade
o que nos leva a entender que não apresentam consciência plena das implicações
do atendimento que prestam e que pode-se melhorar o atendimento com o
adequado preparo que não se limita apenas ao que é dispensado ao idoso mas,
também ao próprio cuidador que deve estar consciente da importância do seu
exercício profissional.
Palavras-chave: Cuidadores profissionais. Envelhecimento. Idosos.
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ABSTRACT
This study presents the view of caregivers about aging in a private care institution for
the elderly. The goal is to assess caregivers' views about aging. The interest for the
theme arose from a voluntary work carried out in an institution for the care of the
elderly. The field research was carried out at the Geriatric Clinic, located in the city of
Lins, São Paulo, in October 2017. It is a descriptive research, with exploratory
character and qualitative analysis, having as a method the going to field. An interview
with a structured questionnaire was used. Participants were 5 caregivers, and all of
them signed the informed consent form. Among the reports found that caregivers
mostly do not have specific training and that this pending ends up limiting their view
of the scope of care they provide, since the participants were not reported any
difficulty what makes us understand that are fully aware of the implications of the
care they provide and can improve care with the appropriate preparation that is not
limited only to what is given to the elderly but also to the caregiver himself who must
be aware of the importance of his professional practice.
Keywords: Caregivers professionals . Aging. Seniors.
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INTRODUÇÃO
A sociedade contemporânea nunca se preocupou tanto com a terceira idade
quanto nos dias atuais. Isto torna-se justificável pelo fato de que nunca houve uma
população tão expressiva de idosos também. Apesar de vários avanços fica patente
a necessidade de adequar técnicas e procedimentos em conjunto com a
infraestrutura para oferecer melhores condições de existência para o idoso.
Uma das tarefas que se destacam para este público é a que se refere ao
cuidado. Foi devido a necessidade do cuidado que surge a figura do cuidador, onde
já se encontra até mesmo cursos que buscam oferecer treinamento e preparo para
este profissional. Entretanto há instituições que acolhem o profissional sem preparo
e acaba por formá-lo no dia a dia, muitas vezes sendo orientado por quem já exerce
essa função. Importante então torna-se conhecer quem é esse profissional, quais
suas perspectivas e pensamentos que forma no exercício de sua função a respeito
do idoso, tendo em vista que seus paradigmas vão nortear a qualidade e o exercício
de sua tarefa. Foi pensando neste profissional, que buscamos compreender como
eles percebem o idoso a quem atendem e como refletem a respeito da função que
exercem.
A partir da premissa na qual entendemos que os idosos são vistos de maneira
depreciativa pelo cuidador, já que culturalmente o idoso tem uma percepção social
historicamente marcada por suas limitações, realizamos um questionário nesta
pesquisa de caráter descritivo, que foi aplicado em uma clinica de longa
permanencia particular e a partir das respostas encontradas, tecemos algumas
reflexões.
No primeiro capítulo abordamos os aspectos físicos, psicológicos e sociais do
idoso buscando compreender melhor essa faixa etária. No segundo capítulo
abordamos o ato de cuidar, na instituição particular ou quando ela é realizada por
uma pessoa próxima, geralmente um familiar e as dificuldades que o cuidado nesta
faixa etária tão delicada. Por fim apresentamos as respostas obtidas dos próprios
cuidadores, procurando tecer algumas ideias a respeito dos mesmos.
Considerando as dificuldades e a necessidade de formação adequada,
entendemos que faz-se necessário um olhar pormenorizado neste profissional que
tem diante de si uma tarefa desafiadora na qual tem nas mãos momentos críticos da
vida de uma pessoa muitas vezes limitada no âmbito físico, social e psíquico e
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merece ser cuidada de maneira digna e respeitosa. Este profissional cuidador
precisa estar ciente da responsabilidade que assume no momento no qual opta por
exercer esta tarefa e a sociedade também deve oferecer ao profissional, não apenas
desta área entendemos, condições técnicas, estruturais e econômicas que
certamente contribuirão para melhorias na tarefa do cuidado.
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1 ASPECTOS FÍSICOS E COGNITIVOS
De acordo com Bee (1997) ao tratar das mudanças físicas na vida é
importante mencionar a expectativa de vida ativa, ou seja, a quantidade de anos
adicionais sem uma incapacitação que possa interferir na capacidade da pessoa de
atender as suas necessidades diárias.
As mudanças físicas atingem sistemas específicos do corpo. “Pode ocorrer
uma aceleração do declínio após os 75 ou 80 anos, embora isso não pareça se
aplicar a todos os sistemas” (BEE, 1997, p.518).
Bee explica que as mudanças físicas podem ocorrer no cérebro nos sentidos
(audição, gosto e olfato) e no sono. A partir dos 65 anos percebe-se no
desenvolvimento físico um declínio significativo na audição, na velocidade de
reação, no aumento na incidência de doenças e incapacitações. Dos 75 aos 95 anos
ocorre um declínio acelerado da maioria das medidas físicas, com uma variação
individual ampla nessa faixa etária.
Com relação ao desenvolvimento cognitivo, Bee (1997) explica que, em
habilidades cristalizadas há, em geral, pouca perda, mas, ocorre um declínio
gradativo nas habilidades fluidas. Do mesmo modo que no desenvolvimento físico,
dos 70 aos 95 anos há também uma ampla variação individual no declínio das
medidas cognitivas.
Conforme Bee (1997) as mudanças no cérebro associado ao envelhecimento
incluem perda na densidade dendrítica dos neurônios acarretando o retardo no
tempo de reação das tarefas. A perda de audição, em geral, após os 65 anos, inclui
a perda de audição para sons mais altos e na capacidade para discriminar palavras,
com maior dificuldade para ouvir em condições de ruído. Menos perda de
discriminação gustativa do que olfativa. Além disso, os idosos apresentam padrões
diferenciados de sono devido a menos sono REM, o que os faz acordar mais cedo e
com mais frequência durante a noite. Aumento da incapacitação física: artrite,
hipertensão e doenças cardíacas. Os idosos também podem ser afetados pela
doença de Alzheimer, mas, deve-se considerar os fatores de risco incluindo a
história familiar de demência, doença de Parkinson, entre outros fatores. A
depressão apresenta uma frequência maior após os 70 ou 75 anos.
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Devido as mudanças físicas ocorre uma desaceleração generalizada em
todas as reações. Decréscimos nas funções cognitivas são encontrados após os 70
anos. Além disso, adultos mais velhos parecem menos capazes de encontrar
soluções variadas, mas há muitas diferenças individuais que devem ser
consideradas para compreender a velhice (BEE, 1997).
2 ASPECTOS PSICOLÓGICOS
Não há uma compreensão clara do processo de mudança da personalidade
em adultos mais velhos. Enquanto Erikson sugere a integridade do ego como a
tarefa básica, Neugarten sugere a interioridade, e Cunming e Henry sugerem o
descomprometi mento. Sendo que, nenhum dos autores possui segundo Bee (1997)
apoio empírico.
Além das alterações no corpo, o envelhecimento traz ao ser
humano uma série de mudanças psicológicas, que pode
resultar em: dificuldade de se adaptar a novos papéis falta de
motivação e dificuldade de planejar o futuro, necessidade de
trabalhar as perdas orgânicas, afetivas e sociais, dificuldade de
se adaptar as mudanças rápidas que tem reflexos dramáticos
nos velhos, alterações psíquicas que exigem tratamento,
depressão, hipocondria, somatização, paranóia, suicídios,
baixas auto-estima (ZIMERMAN, 2000 apud LIMA; DELGADO,
2010, p.83-84
Bee (1997) explica que, no período de 75 a 95 anos pode ocorrer uma
elevação na incidência de depressão, no entanto isto não parece ser causado pela
idade. Também enfoca a questão da importância do apoio social nesta idade para
enfrentamento de situações estressantes.
O apoio social desempenha um papel similar, na correlação
entre mudanças de vida e satisfação. Os que possuem uma
rede adequada estão, no mínimo, em parte protegidos dos
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piores efeitos dos acontecimentos estressantes da vida (BEE,
1997, p.574).
De acordo com Bee (1997) os fatores de previsão da satisfação de vida em
adultos mais velhos incluem os fatores demográficos e as qualidades pessoais.
Estão incluídos nos fatores demográficos: rendimentos (classe social),
educação, sexo, estado civil e raça. Percebe-se que os idosos que possuem
rendimento maior são mais satisfeitos com suas vidas, do mesmo modo que os que
possuem maior grau de educação. Os adultos mais velhos casados costumam
relatar maior satisfação de vida. As qualidades pessoais incluem: personalidade,
senso de controle interação social, saúde, religião e mudança negativa de vida. Com
relação a personalidade percebe-se que, adultos extrovertidos e os que possuem
baixo índice de neuroses costumam ser mais satisfeitos com suas vidas. E quanto
maior o senso de controle, maior a satisfação de vida. Nas interações sociais os que
mantém contato mais íntimo e de apoio são mais satisfeitos. Os adultos mais velhos
que percebem sua saúde como melhor e, os que descrevem a si mesmos como
mais religiosos são mais satisfeitos. Quanto mais negativas as mudanças de vida
vivenciadas recentemente por um idoso, mais reduzida é a satisfação de vida.
Apesar da vivência de limites próprios do desenvolvimento,
Rolla (1991) afirma que um envelhecer positivo fortalece o
sentimento de identidade, sem necessariamente envolver tanta
deterioração psíquica quanto comumente se associa a essa
fase (OLIVEIRA; PASIAN; JACQUEMIN, 2001, p. 68).
De acordo com Raz (2000) declínios psicológicos podem estar ligados a
mudanças do sistema nervoso.
(...) alguns declínios psicológicos do envelhecimento estariam
ligados há algumas mudanças do sistema nervoso ligado ao
plano neuranâtomico (redução da massa cerebral),
neurofisiológico (diminuição dos números e do tamanho dos
neurônios e perda da eficácia dos contatos sinápticos e
neuroquímica (redução da concentração de
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neurotransmissores, entre eles a dopamina). (apud LIMA;
DELGADO, 2010, p. 84-85).
Mas Light (2000) enfatiza a existência de aspectos psicológicos positivos no
envelhecimento.
Muitas características positivas são encontradas no aspecto
psicológico no processo de envelhecimento, dentre elas estão
a sabedoria, a maturação emocional, a capacidade de
desenvolver estratégias de adaptação eficazes. (apud LIMA;
DELGADO, 2010, p.85).
3 ASPECTOS SOCIAIS
Na opinião de Vieira (2004) é frequente o idoso sentir-se marginalizado pela
sociedade.
A socialização é um aspecto muito relevante na terceira idade,
onde é muito comum o idoso sentir-se uma “pessoa marginal” a
sociedade, que, em geral, está voltada para interesses
diferentes. A dificuldade de inserção grupal leva o idoso a se
fechar em seus pares ou isolar-se socialmente, evitando os
conflitos que possam surgir desta diversidade de interesses e
hábitos entre ele e as gerações mais novas. (apud LIMA;
DELGADO, 2010, p. 86)
Vono (2007) esclarece questões importantes sobre o isolamento na velhice,
entendendo-o como comum entre esta população e submetidas a cobranças
familiares e sociais que acabam por conduzi-la ao isolamento.
O isolamento por parte dos idosos é um aspecto social muito
comum nessa fase da vida, onde esses indivíduos por estar
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com sua auto-estima comprometida, devido o ambiente em que
ele vive e as pessoas com as quais convive desconhecem ou
desconsideram o envelhecimento, a partir daí surgem
cobranças familiares e sociais, e a pessoa antes ativa,
participativa, contribuinte, é isolada . (apud LIMA; DELGADO,
2010, p. 86).
Em torno dos 65 anos, de acordo com Bee (1997) ocorre uma permanência
de taxa elevada de envolvimento social; sendo o grau de envolvimento social em
geral relacionado com a satisfação de vida. Outro aspecto percebido nesse período
é a chegada da aposentadoria para os trabalhadores. Dos 75 aos 95, com relação
as relações e papéis sociais, ocorre um declínio no desenvolvimento social para os
indivíduos que apresentam incapacitações físicas, por tornar mais problemática a
mobilidade.
O que torna mais fácil o enfrentamento do declínio biológico é a
mudança simultânea nas exigências de muitos papéis sociais.
Adultos mais velhos conseguem adaptar-se a perdas físicas ou
mentais, em parte, porque estão menos limitados pelas
expectativas dos papéis, o que inclui o papel de pai e o de
profissional (BEE, 1997, p.580).
Com relação ao risco de doença e depressão devido a carência nas relações
humanas (sociais) Bee (1997) esclarece que,
Adultos mais velhos podem libertar-se da maioria das
prescrições dos papéis, mas eles não perdem seu desejo de
intimidade ou apoio emocional por parte dos outros; eles
podem estar bem mais propensos a não ficar solitários do que
na fase de adulto jovem, mas ainda é valido dizermos que
aqueles idosos que carecem de relações humanas mais
intimas e de apoio correm maior risco de doenças e depressão
(BEE, 1997, p.580).
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Para Bee (1997) a satisfação com a vida é prevista pelos mesmos fatores
básicos, incluindo o apoio social adequado, senso de controle, baixa incidência de
mudanças de vida inesperadas ou não-planejadas e condições financeiras
adequadas, a diferença mais importante percebida entre adultos mais jovens e
adultos mais velhos é de que para os jovens a satisfação profissional é um dos
ingredientes mais importantes para a satisfação, enquanto que para os mais velhos
a saúde tem maior relevância.
4 O ATO DE CUIDAR NO ÂMBITO FAMILIAR E INSTITUCIONAL
Algumas pesquisas têm apontado que ainda não é adequada a qualidade do
cuidado que os cuidadores de idosos prestam a este público. Estudos como o de
Sampaio (2011) apontam que a falta de preparação é um dos aspectos de maior
relevância na contribuição de um serviço pouco adequado a quem precisa muitas
vezes de cuidados especializados nos quais a família não pode ou não assume esta
tarefa.
Entretanto, o aumento da população idosa tem atraído diversos setores da
sociedade para oferecer maiores serviços e produtos ditos especiais para esta faixa
etária. Surgem também cursos para cuidadores que procuram além de oferecer
oportunidades de trabalho, melhorar a qualidade do cuidado recebido pelo idoso.
Historicamente, grande parte das instituições de longa
permanência possui um perfil assistencialista, no qual, prestar
cuidados aos idosos resume-se a oferecer abrigo e
alimentação a pessoas em situação de pobreza, com
problemas de saúde e sem suporte social. (SAMPAIO, 2011,p.
593).
É fato que, ainda é presente, com determinada força a ideia na qual o idoso
só precisa de alimento e abrigo nas instituições. No entanto é necessário também
pesar a qualidade de vida que não se restringe a alimentação e ao abrigo somente.
Contato com os familiares e amigos, ou mesmo uma rede de apoio pode significar
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maiores sentimentos resilientes para suportar as limitações que a idade avançada
acarreta na vida do indivíduo.
5 METODOLOGIA
A pesquisa teve como objetivo conhecer a visão sobre o envelhecimento que
cuidadores de idosos em instituição particular de atendimento possuem a respeito
da terceira idade, caracterizando o perfil sócio-demográfico dos cuidadores, verificar
a visão que possuem a respeito do envelhecimento, suas dificuldades no trabalho e
conhecer a maneira como lidam com ela.
A pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona
fatos ou fenômenos (variáveis), sem manipulá-los; estuda fatos
e fenômenos do mundo físico e, especialmente, do mundo
humano, sem a interferência do pesquisador. A pesquisa
descritiva procura pois, descobrir, com precisão possível, a
frequência com que um fenômeno ocorre, sua relação e sua
conexão com outros, sua natureza e suas características.
Busca conhecer as diversas situações e relações que ocorrem
na vida social, política e econômica e demais aspectos do
comportamento humano, tanto do indivíduo tomado
isoladamente como de grupos e comunidades mais complexas
(RAMPAZZO; LINO, 2005, p.53).
Neste contexto, procuramos através de entrevista estruturada conhecer
descritivamente algumas questões relacionadas ao dia a dia dos cuidadores, tendo
como aporte teórico alguns autores de abordagem cognitiva comportamental que
embasem esta pesquisa de caráter qualitativo, tendo em vista que partimos do
pressuposto que a visão dos cuidadores a respeito da terceira idade apresenta uma
depreciação conforme nos aponta Sampaio (2011)
Segundo Trentini, Chachamovich, Figueiredo, Hirakata e Fleck
(2006), os cuidadores de idosos têm uma percepção deturpada
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em relação ao processo de envelhecimento. Os autores
também ressaltam a tendência que esse profissional tem em
enxergar de forma mais negativa a velhice do que o próprio
idoso (SAMPAIO et al., 2011, p.606).
Entende-se, portanto que apenas confrontando-se os atores do processo de
cuidado prestado ao idoso podemos chegar a uma conclusão que confirme ou refute
nossa hipótese inicial.
6 RESULTADOS
Percebeu-se com o estudo a grande diferença de tempo de experiência
apresentada pelos cuidadores e destaca-se também que apenas 1 possui o curso de
Técnico em enfermagem, corroborando a fala de autores como Gorzoni e Pires
(2006) que tratam desta temática de forma singular, atentando para o fato de que a
formação é aspecto que impacta diretamente na qualidade do atendimento prestado
ao idoso.
A jornada de trabalho dos cuidadores que aceitaram participar da pesquisa
está concentrada e um dos participantes chegou a relatar que trabalha 11 horas
diárias, no entanto sem especificar intervalos ou tempo para descanso. É relevante
para a instituição que trabalha com idosos, planejar a jornada de trabalho bem como
revezamentos que contemplem adequado descanso para que os profissionais
possam refazer as forças e assim prestar com mais disposição o atendimento
adequado aos idosos. Uma sobrecarga de trabalho pode trazer consequências
físicas e mentais para o cuidador, prejudicando assim o auto cuidado com o idoso.
(TERRA et al., 2015).
Ao abordar a respeito das dificuldades de trabalho, é possível percebeu-se
que apenas 1 entrevistado relatou dificuldades, o que nos leva a entender que a
questão foi recebida de forma invasiva, visto que mesmo o cuidador com menor
tempo de experiência não apresentou na resposta escrita ter dificuldades, resposta
na qual nos faz levantar várias indagações (ARAÚJO, 2013) que poderão ser
elucidadas por pesquisas futuras. Procurou-se também conhecer as estratégias de
refazimento dos cuidadores, visto que é de fundamental importância o bem estar do
profissional do cuidado (MIRANDA; BANHATO, 2008) pois não pode realizar bem a
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tarefa de cuidar do outro sem ter também a visibilidade do próprio bem estar como
um aspecto relevante do trabalho como um todo. É de extrema importância que o
cuidador cuide de sua saúde, e busque alternativas que contribua para a
manutenção da mesma, para que seu trabalho seja desempenhado
adequadamente, (TERRA et al., 2015).
Questionou-se quanto ao número de pacientes na instituição e percebeu-se
certa discrepância nas respostas apresentadas onde o participante da pesquisa A
relata 16, o participante C 41 pacientes e os participantes seguintes B, D e E
relataram 50 pacientes na instituição.
Quanto às enfermidades presentes, foram relatadas Alzheimer, diabetes,
hipertensão, depressão e artrose. As doenças crônicas fazem parte do
envelhecimento, existindo modificações morfológicas, funcionais e bioquímicas,
provocando mudanças no processo do organismo.
No quesito do impacto psicológico, apenas um participante da pesquisa relata
que não sente impacto algum e os quatro demais participantes relataram o
sentimento de tristeza como elemento presente nas situações de luto pela perda do
interno. Um dos relatos também apontou que tal fato, a perda de um interno ser um
elemento presente na rotina de trabalho que empreende. É indispensável o cuidador
saber que estas doenças crônicas citadas na tabela acima, principalmente a doença
de Alzheimer, em alguns casos agravam rapidamente. Alguns cuidadores sentem
angústia em ver o idoso no seu leito apático, sendo importante o cuidador buscar
técnicas de enfrentamento, para lidar com estas questões, para que não interfira na
sua saúde.
Entre os participantes pesquisados apenas um relata trabalhar em outra
instituição e os demais relatam apenas trabalhar na instituição na qual realizou-se
esta pesquisa.
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CONCLUSÃO
A pesquisa com cuidadores, profissionais da área da saúde nos oportunizou
refletir a respeito da importância do próprio cuidado quando lidamos com a saúde e
a qualidade de vida do ser humano. Em nossa formação, percebemos as diversas
contribuições que a psicologia pode oferecer no quesito da conscientização da
importância do trabalho na saúde e o quanto impacta a própria saúde daquele que
cuida, visto que existe reflexo desta para a saúde daquele de quem se cuida.
O cuidado como um todo, nos oportunizou compreender melhor o quanto
estamos ligados, seja pela dependência uns dos outros, não apenas na fase final da
vida humana mas também desde o nosso nascimento estamos sendo cuidados ou
cuidamos de alguém. E cada um de nós apresenta uma dificuldade, cada um de nós
está em uma fase distinta e com características singulares, o que torna ao nosso
ver, ser fascinante tudo que se relaciona ao humano.
Podemos ter a experiência de uma vida inteira ao trabalho e ainda
encontraremos algo a aprender com o outro que nos cerca a existência. No que se
refere ao cuidador, estamos cientes dos grandes desafios que a limitação física e
psíquica causa nas pessoas e do quanto precisamos de profissionais capacitados e
envolvidos no constante aperfeiçoamento que o aspecto do cuidado exige dos
profissionais da saúde como um todo e não apenas dos cuidadores.
Esperamos que esta pesquisa possa estimular e motivar novas pesquisas
nesta fascinante experiência que é o cuidado com o outro. Temática que a
psicologia muito tem a contribuir e muito mais a aprender a cada dia.
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