candidatos evangÉlicos e a propaganda … · desempenhar papel importante não apenas nas...

21
1 CANDIDATOS EVANGÉLICOS E A PROPAGANDA POLÍTICA ELEITORAL: UMA ANÁLISE DO PERFIL E DO DISCURSO PARLAMENTAR PAULISTA Priscilla Leine 1 Mércia Alves 2 RESUMO: A partir das eleições para o Congresso Constituinte em 1986, os evangélicos passaram a ganhar destaque na política partidária, desde então, ampliaram significativamente os seus espaços de atuação na sociedade brasileira. Lançando suas candidaturas por diversos partidos, esses candidatos têm espaço na propaganda política eleitoral televisionada. Dessa forma, este trabalho tem como objetivo discutir a inserção desse grupo religioso na política partidária, problematizando a utilização que esses deputados fazem do uso dos meios de comunicação em suas campanhas eleitorais. Para tanto, será tomada a literatura que trata do crescimento dos evangélicos na política partidária e também serão analisados os programas veiculados pelo HGPE dos candidatos evangélicos eleitos Deputados Federais pelo Estado de São Paulo nas eleições de 2010, buscando apreender a identificação desses candidatos com seguimentos religiosos e posturas conservadoras-tradicionais em suas campanhas. PALAVRAS-CHAVE: partidos políticos, candidatos evangélicos, campanhas eleitorais, 1 Mestranda em Ciência Política pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal de São Carlos (PPGPOL/UFSCar); graduada em Ciências Sociais (UNIFESP); membro do grupo de estudos NEPLA Núcleo de Estudos dos Partidos Políticos Latino-Americanos. E-mail: [email protected]. 2 Mestranda em Ciência Política pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal de São Carlos (PPGPOL/UFSCar); graduada em Ciências Sociais (UFSCar); membro dos grupos de pesquisa Comunicação Política, Partidos e Eleições e do Centro de Estudos de Partidos Políticos (CEPP) da UFSCar; bolsista FAPESP. E-mail: [email protected].

Upload: dinhduong

Post on 03-Oct-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: CANDIDATOS EVANGÉLICOS E A PROPAGANDA … · desempenhar papel importante não apenas nas eleições proporcionais, mas também nas majoritárias. A eleição presidencial de 1989

1

CANDIDATOS EVANGÉLICOS E A PROPAGANDA POLÍTICA

ELEITORAL: UMA ANÁLISE DO PERFIL E DO DISCURSO

PARLAMENTAR PAULISTA

Priscilla Leine1

Mércia Alves2

RESUMO: A partir das eleições para o Congresso Constituinte em 1986, os evangélicos passaram a ganhar destaque na política partidária, desde então, ampliaram significativamente os seus espaços de atuação na sociedade brasileira. Lançando suas candidaturas por diversos partidos, esses candidatos têm espaço na propaganda política eleitoral televisionada. Dessa forma, este trabalho tem como objetivo discutir a inserção desse grupo religioso na política partidária, problematizando a utilização que esses deputados fazem do uso dos meios de comunicação em suas campanhas eleitorais. Para tanto, será tomada a literatura que trata do crescimento dos evangélicos na política partidária e também serão analisados os programas veiculados pelo HGPE dos candidatos evangélicos eleitos Deputados Federais pelo Estado de São Paulo nas eleições de 2010, buscando apreender a identificação desses candidatos com seguimentos religiosos e posturas conservadoras-tradicionais em suas campanhas. PALAVRAS-CHAVE: partidos políticos, candidatos evangélicos, campanhas eleitorais,

1Mestranda em Ciência Política pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade

Federal de São Carlos (PPGPOL/UFSCar); graduada em Ciências Sociais (UNIFESP); membro do grupo de estudos NEPLA – Núcleo de Estudos dos Partidos Políticos Latino-Americanos. E-mail: [email protected]. 2 Mestranda em Ciência Política pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade

Federal de São Carlos (PPGPOL/UFSCar); graduada em Ciências Sociais (UFSCar); membro dos grupos de pesquisa Comunicação Política, Partidos e Eleições e do Centro de Estudos de Partidos Políticos (CEPP) da UFSCar; bolsista FAPESP. E-mail: [email protected].

Page 2: CANDIDATOS EVANGÉLICOS E A PROPAGANDA … · desempenhar papel importante não apenas nas eleições proporcionais, mas também nas majoritárias. A eleição presidencial de 1989

2

1. INTRODUÇÃO

Em um país predominantemente católico chama à atenção os dados do IBGE

de 2010, que demonstram o crescimento vertiginoso do segmento evangélico no

Brasil. Atualmente 22% dos brasileiros declaram pertencer a alguma denominação

evangélica. Esse crescimento pode ser observado em diferentes esferas de atuação

da sociedade brasileira. Entre elas destacaremos o envolvimento dos pentecostais na

política partidária. Foi nas eleições para o Congresso Constituinte a primeira vez que

os evangélicos ganharam visibilidade por sua participação na esfera política. Desde

então, o número de políticos desse segmento religioso têm conquistado diferentes

cargos políticos: governador, prefeito, senador, deputado federal, deputado estadual e

vereador.

Em época de eleição, as igrejas evangélicas costumam exibir as faixas e fazer

forte propaganda de seus candidatos oficiais, seja em seus templos religiosos ou nos

programas de rádio e TV. Por outro lado, se tornando para os candidatos a cargos

políticos uma parcela importante a ser conquistada, muitos partidos políticos buscam,

em período eleitoral estabelecer alianças com as igrejas evangélicas. Atualmente, a

chamada “bancada evangélica” na Câmara é composta por 70 deputados estaduais.

Estes, por sua vez, estão distribuídos por diversos partidos políticos. Dessa forma,

este paper tem como objetivo discutir sobre a inserção desse grupo religioso na

política partidária, problematizando a utilização que esses deputados fazem do uso

dos meios de comunicação em suas campanhas eleitorais, buscando apreender a

identificação desses candidatos com seguimentos religiosos e posturas

conservadoras-tradicionais em suas campanhas. Para tanto, analisamos as

campanhas dos deputados evangélicos que se candidataram a Deputado Federal pelo

Estado de São Paulo e foram eleitos nas eleições de 2010. Assim, buscamos

examinar as campanhas eleitorais dos 12 deputados evangélicos eleitos pelos

seguintes partidos políticos: PRB, PSDB, PMDB, PSD, DEM, PSC, PP, PV.

Para tanto, dividiremos este artigo em três sessões. No primeiro, buscamos

contextualizar o leitor sobre o processo de inserção desse segmento religioso na

política partidário e também apresentamos uma discussão sobre as campanhas

eleitorais brasileiras, e o uso que esse grupo religioso faz do Horário Gratuito de

Propaganda Eleitoral. Na segunda sessão será exposta a metodologia utilizada para

construção deste trabalho. Por fim, na ultima sessão, traremos do perfil dos candidatos

eleitos e dos resultados alcançados a partir de uma análise dos programas eleitorais

desses candidatos.

Page 3: CANDIDATOS EVANGÉLICOS E A PROPAGANDA … · desempenhar papel importante não apenas nas eleições proporcionais, mas também nas majoritárias. A eleição presidencial de 1989

3

2. POLÍTICAS PARTIDÁRIAS E PENTECOSTAIS: OS CHAMADOS POLÍTICOS

DE DEUS

O surgimento do grupo religioso no Brasil, os evangélicos, é datado do século

XX, em 1910. E tem sua origem de cisões no seio protestante. Nascido nos Estados

Unidos, as primeiras igrejas pentecostais chegaram ao Brasil em 1910. Longe de

representar um segmento religioso homogêneo, desde o início de sua expansão, as

igrejas evangélicas mostram importantes distinções doutrinárias. Neste sentido, a

sociologia da religião buscou, na tentativa de entender as diferenças entre essas

igrejas, classificar o pentecostalismo no Brasil em categorias. Mariano (2005), por

exemplo, separa os evangélicos em três categorias: pentecostais clássicos,

deuteropentecostais e neopentecostais. Sua divisão é baseada na dinâmica histórico-

institucional dessas igrejas, considerando, principalmente, as suas mudanças

teológicas. Freston (1993), apesar de também dividir os pentecostais em três “ondas3”,

destaca a influência dos aspectos políticos, sociais e econômicos em sua tipificação

das igrejas.

Portanto, apesar de reconhecermos as diferenças teológicas entre os

evangélicos separados pela tipologia de Mariano (2005) e Freston (1993), não

pretendemos adotá-la, trataremos esse grupo, de modo geral, como evangélicos ou

pentecostais. Na mesma direção Gaarder, Hellern e Notaker (2009, p. 303), chamam

atenção que no Brasil o termo evangélico é utilizado de forma muito genérica. A

dificuldade em se adotar qualquer divisão em categorias reside na própria rapidez de

como essas igrejas se adaptam as mudanças sociais e econômicas. Como exemplo, a

Igreja Assembleia de Deus é considera, na tipificação de Mariano (2005), como

pertencente ao pentecostalismo clássico. Uma forte características do pentecostalismo

clássico é o distanciamento da político partidária. No entanto, a Assembleia de Deus,

ao lado da Igreja Universal do Reino de Deus é uma das denominações com maior

sucesso eleitoral.

Foi na Constituinte, em 1986, que os pentecostais chamaram a atenção por

sua bem-sucedida inserção na política em termos quantitativos4 pela primeira vez.

3 O pentecostalismo clássico, conhecido como primeira onda (1910-1950) tem como característica radical

sectarismo e ascetismo, negação do envolvimento na política, a crença na volta eminente de Cristo e por

enfatizar o “dom de línguas” do Espírito Santo. A segunda onda, deuteropentecostalismo, iniciada na

década de 50 é marcada pelo evangelismo de massa, centrada na ideia da cura divina. Por fim, a terceira

onda tem inicio na dec. de 70 com os neopentecostais, como característica empreendem forte guerra

contra o diabo, estruturam-se empresarialmente, enfatizam a teologia da prosperidade, participam da

política partidária e usam de forma exacerbada diversos meios de comunicação (MARIANO, 2005) 4 Curiosamente outros países da América Latina experimentaram fenômeno parecido “no Peru a virada de

Fujimoro levou ao parlamento 19 evangélicos, além do segundo vice-presidente. Na Guatemala, em 1991,

Page 4: CANDIDATOS EVANGÉLICOS E A PROPAGANDA … · desempenhar papel importante não apenas nas eleições proporcionais, mas também nas majoritárias. A eleição presidencial de 1989

4

Num país de tradição católica saltaram de dois para dezoito deputados (FRESTON,

1993). Somado aos protestantes históricos, a chamada “bancada evangélica” na

Constituinte passou a contar com trinta e três deputados. Para Pierucci e Prandi

(1996), a partir dessa irrupção dos evangélicos na política surge uma nova opção para

o voto conservador no país. Há uma variedade de ramificações de igrejas e missões,

mas algumas se destacam por serem mais ativas na vida política, com maior sucesso

eleitoral.

3. POLÍTICA E RELIGIÃO: LITERATURA CONTEMPORÂNEA

Procurados por diversos partidos, as Igrejas Evangélicas passaram a

desempenhar papel importante não apenas nas eleições proporcionais, mas também

nas majoritárias. A eleição presidencial de 1989 foi um momento histórico de forte

participação por parte dos evangélicos na candidatura de Fernando Collor de Mello,

pelo Partido da Reconstrução Nacional (PRN). Frustrada a candidatura do evangélico

Íris Rezende à Presidência da República pelo Partido do Movimento Democrático

Brasileiro (PMDB), o novo “escolhido por Deus” passou a ser Collor que, nas palavras

de Edir Macedo: "Após orar e pedir a Deus que indicasse uma pessoa, o Espírito

Santo nos convenceu de que Fernando Collor de Mello era o escolhido" (Jornal do

Brasil, 3.12.89) (Apud MARIANO & PIERUCCI, 1992 p. 94).

No segundo turno, com um discurso anticomunista, os evangélicos passaram a

atacar massivamente Luís Inácio Lula da Silva, candidato do Partido dos

Trabalhadores (PT) à Presidência da República. A polaridade ideológica, entre os dois

candidatos, Lula5 pela esquerda e Collor associado à direita facilitou o apoio dos

evangélicos a este último candidato. Os evangélicos pró-Collor acusavam seu opositor

de associação ao comunismo ateu que perseguiria os evangélicos, além de ser

favorável ao aborto e do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo (MARIANO

&PIERUCCI, 1992). A associação de Lula ao comunismo foi a principal arma utilizada

contra o PT. Para os evangélicos comunismo significa preocupação direta com a

sobrevivência de suas igrejas. Neste sentido, estava também diretamente associado a

perseguição religiosa. Além disso, muitos evangélicos acreditavam que o PT havia

estabelecido um pacto com a igreja católica pela tomada de poder político. Tal

especulação apenas contribuiu mais para a rejeição dos evangélicos ao candidato

Lula.

Jorge Serrano tornou-se o primeiro protestante praticante a chegar à presidência de nação latino

americana pelo voto popular” (FRESTON, 1993 p. 6). 5 Houve um pequeno apoio por parte de alguns protestantes históricos a candidatura de Lula.

Page 5: CANDIDATOS EVANGÉLICOS E A PROPAGANDA … · desempenhar papel importante não apenas nas eleições proporcionais, mas também nas majoritárias. A eleição presidencial de 1989

5

Contudo, para Pierucci e Mariano (1992), essa bandeira tão veementemente

levantada pelos evangélicos sobre liberdade é contraditória quando olhamos para a

história do Brasil. Vinte anos de ditadura e nenhum grupo evangélico nunca

questionou a falta de liberdade política, liberdade de expressão, liberdade de

pensamento...Assim, “A hierarquização das liberdades é sempre um ato arbitrário;

valorizar absoluta e cegamente uma delas, em detrimento das outras, pode dar num

desastre” (ibidem, p. 15). Dessa forma, a leitura que esses grupos fizeram do processo

democrático no Brasil, com diagnósticos assustadores sobre uma possível ameaça

comunista foi utilizado como o principal fator de motivação para entrada desses

pentecostais à política partidária.

Da mesma forma, em campanha presidencial de 1994, os evangélicos fizeram

forte oposição ao PT. Segundo Mariano (2005), trabalharam forte contra o candidato

do PT, “além de identificá-lo com o demônio e de garantirem que sua vitória resultaria

em perseguição aos evangélicos […]” acusaram tal partido de pretender legalizar a

união entre pessoas do mesmo sexo e de ser favorável ao aborto. Também foram

ativos nas eleições para a prefeitura de São Paulo, em 1996. A Igreja Universal do

Reino de Deus que sempre se envolvida em campanhas eleitorais decidiu não apoiar

de forma direta nenhum candidato ao executivo municipal. No entanto, vários políticos

foram em busca do apoio dos evangélicos. Em maio desse ano, Paulo Maluf e o

candidato a prefeito pelo Partido Progressista Brasileiro (PPB) Celso Pitta,

participaram da Marcha para Jesus que reuniu cerca de 500 mil evangélicos em busca

do apoio dos evangélicos. Contudo, a promessa por parte do Partido da Social

Democracia Brasileira (PSDB), de que, em caso de vitória do candidato José Serra, a

Universal ganharia a direção de uma secretária na área social garantiu uma aliança

entre os tucanos e os evangélicos.

Nas eleições de 1998 pelo Rio de Janeiro, os evangélicos conquistaram

diversos cargos políticos. Anthony Garotinho foi eleito para o cargo de governador pelo

Partido Democrático Trabalhista (PDT), tendo como vice-governadora Benedita da

Silva pelo PT. Além disso elegeram nove deputados estaduais e dez deputados

federais (MACHADO, 2006). A vida política de Benedita da Silva chama atenção por

ela ser evangélica e filiada ao PT, partido político que sempre foi mal visto por esse

segmento religioso. No pleito de 2000, Benedita concorreu a prefeitura do Rio pelo PT

lançando o slogan “Bota fé no 13”, que lhe rendeu apenas a terceira posição no

primeiro turno.

Page 6: CANDIDATOS EVANGÉLICOS E A PROPAGANDA … · desempenhar papel importante não apenas nas eleições proporcionais, mas também nas majoritárias. A eleição presidencial de 1989

6

Importante destacar que a participação de candidatos evangélicos em eleições

para cargos Legislativos é numericamente superior quando comparado a disputas por

cargos do Executivo. No entanto, o Rio de Janeiro foge a esse panorama, a chapa

vencedora para governador e vice do Rio, como já foi citada acima foi integrada por

Garotinho e Benedita. Em 2002 Garotinho também concorreu ao cargo de presidente

da República, no mesmo ano duas mulheres do mesmo segmento religioso

disputaram o cargo de governador do Rio: Benedita da Silva e Rosângela Matheus,

esposa de Anthony Garotinho (MACHADO, 2006).

No pleito de 2006, Lula, candidato a reeleição pelo PT buscou em sua

campanha eleitoral o apoio dos grupos pentecostais. Dessa forma, participou de

reuniões com lideranças evangélicas, prometeu ampliar as parcerias na área social

entre o governo federal e as igrejas desse segmento, pediu votos e contou com um

comitê destinado a esses religiosos (MARIANO, HOFF e DANTAS, 2006). Em evento

realizado pelo Senador do Partido Republicano Brasileiro (PRB/RJ) Marcelo Crivela,

Lula se encontrou com diversos cantores gospel e discursou: “Quis Deus que fosse

esse, que era chamado de demônio, que fosse lá sancionar o Código Civil que permite

total liberdade de religião neste país”. (cf MARIANO, HOFF e DANTAS, 2006, p. 66).

Lula estava se referindo a sanção do Projeto de Lei 10.825, que mudou o caráter

jurídico das organizações religiosas (Idem, 2006 p. 66). Para conseguir apoio da Igreja

Universal Lula apoio o candidato ao Governo do Rio, Marcelo Crivella pelo PRB. A

coligação do PT com o partido de Crivella foi oficializada em março de 2006. Em

setembro do mesmo ano, na Convenção Nacional das Assembleias de Deus foi

declarado o apoio oficial desse igreja ao candidato petista.

Salta aos nossos olhos as mudanças entre as lideranças evangélicos e o

próprio PT. Se nas eleições de 1989 e 1994 o PT era identificado como uma ameaça

pelos evangélicos, nas eleições de 2002 (a partir do segundo turno) e nas eleições de

2006 resolveram apoiar o Lula, como candidato a presidência da República. É notável

que a procura de políticos, de diversos partidos, pelo voto dos evangélicos é um fator

de estimulo à inserção desses religiosos na política stricto senso. Na Câmara dos

Deputados o crescimento desse segmento religioso na política é visível:

Tabela 1. Número de Deputados Evangélicos na Câmara

Page 7: CANDIDATOS EVANGÉLICOS E A PROPAGANDA … · desempenhar papel importante não apenas nas eleições proporcionais, mas também nas majoritárias. A eleição presidencial de 1989

7

Ano Legislatura Nº Absolutos Porcentagem*

2003 – 2007 52ª 59* 11,50%

2007 – 2011 53ª 36** 7,50%

2011 – 2015 54ª 70*** 13,64%

*Fonte: ORO (2006); ** Fonte: Diap; ***Fonte: Diap

*Porcentagem com relação aos 513 deputados que compõe a Câmara.

Em menos de 20 anos os evangélicos duplicaram a sua base parlamentar.

Com exceção da 54ª Legislatura, onde houve queda significativa dos parlamentares

pentecostais, os demais anos mostram o crescimento desses políticos religiosos na

política. Segundo Mariano, Hoff e Dantas (2006, p. 69), esse recuo da bancada

evangélica sofrida no ano de 2007 é o resultado do envolvimento desses políticos no

escândalo da Máfia dos Sanguessugas6, “haja vista que nenhum dos deputados

evangélicos denunciados conseguiu se reeleger”. A Máfia dos Sanguessugas diz

respeito ao esquema de corrupção onde houve superfaturamento, entre outras

irregularidades, na venda de ambulâncias para diversas prefeituras. No esquema

estavam envolvidos: prefeitos, senadores, deputados federais e a empresa Planam. A

CPMI7 dos Sanguessugas, criada em junho de 2006, que pouco tempo depois

publicou a lista com os nomes dos setenta e dois parlamentares envolvidos, dos quais

288 eram evangélicos. Destes, 27 estavam na lista de recomendados a terem o

mandado cassado (Ibidem, 2006). Para tentar minimizar os custos da associação das

grandes denominações pentecostais, como a Universal e a Assembleia de Deus ao

esquema de corrupção, tais denominações retiraram o apoio político aos deputados

envolvidos, fator que pode ser associado à redução da bancada na legislatura

seguinte.

6 Segundo depoimentos colhidos pela Justiça Federal e CPMI, acredita-se que a bancada evangélica

participou ativamente do esquema, arrecadando uma média de R$ 53 milhões (cf MARIANO, HOFF e

DANTAS, 2006). 7 Comissão Parlamentar Mista de Inquérito.

8 Dos vinte e oito deputados envolvidos 10 eram da Igreja Assembleia de Deus e 14 da Igreja Universal

do reino de Deus.

Page 8: CANDIDATOS EVANGÉLICOS E A PROPAGANDA … · desempenhar papel importante não apenas nas eleições proporcionais, mas também nas majoritárias. A eleição presidencial de 1989

8

Ademais, desde a sua chegada ao Brasil, o pentecostalismo “tem apresentado

expressivo crescimento numérico, associado a diferentes transformações tanto em sua

atividade religiosa propriamente dita quanto na diversificação de suas instituições […]”

(ALMEIDA, 2009). Na tabela abaixo, podemos observar o crescimento numérico desse

segmento religioso no Brasil e, em processo inverso o declínio da religião católica.

Tabela 2.

Esse crescimento da religião pentecostal na sociedade brasileira, como

buscamos mostrar pode ser observada em esferas extra eclesiais, como a política

partidária. Atualmente, na 54ª Legislatura, a plataforma evangélica na Câmara

conseguiu a sua maior expressão política desde o seu envolvimento nessa esfera.

Conseguiram eleger 70 deputados federais, estes provenientes de 149 partidos

políticos representando 22 estados diferentes. Cabe destacar o desempenho do

Partido Social Cristão, que conseguiu eleger 11 deputados desse segmento cristão.

Nessa Legislatura alguns fatos envolvendo os evangélicos foram alvo da mídia. Entre

eles, a nomeação do evangélico Marco Feliciano do PSC, no ano de 2013, para

presidência da Comissão dos Direitos Humanos e Minorias. Deputado Federal eleito

para o seu primeiro mandando em 2010, Marco Feliciano é um pastor da Igreja

Ministério Tempo de Avivamento, denominação ligada à Igreja Assembleia de Deus. A

9 Partido Progressista, Partido do Movimento Democrático Brasileiro, Partido da Social Democracia

Brasileira, Partido Social Cristão, Democratas, Partido dos Trabalhadores, Partido Republicano

Brasileiro, Partido da República, Partido Trabalhista Cristão, Partido Verde, Partido Socialista Brasileiro,

Partido Trabalhista Brasileiro, Partido Democrático Trabalhista e Partido da Mobilização Nacional.

Page 9: CANDIDATOS EVANGÉLICOS E A PROPAGANDA … · desempenhar papel importante não apenas nas eleições proporcionais, mas também nas majoritárias. A eleição presidencial de 1989

9

nomeação de um evangélicos para presidência da Comissão de Direitos humanos

causou comoção na sociedade civil, com manifestações de insatisfação de diversos

movimentos sociais, artistas e cantores. Isto, tendo em vista que é nessa comissão em

que são discutidos questões sobre direitos de minorais, tais como: direitos da

comunidade LGBT, direitos civis de índios e negros e atentados contra os direitos

humanos.

Após manifestações contra a permanência de Marco Feliciano na presidência

de uma comissão tão essencial para as minorias, no dia 12 de Março de 2013, o

Colégio de Líderes decidiu manter o cargo do deputado. Chama atenção que

tradicionalmente a Comissão dos Direitos Humanos e Minorias sempre foi presidida

por parlamentares ligados a partidos de esquerda.

“Em sua primeira reunião à frente da Comissão de Direitos Humanos, que ocorrerá na quarta-feira, 13, o pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP) tirou o tema "homofobia" da pauta. Ao mudar a agenda prevista, Feliciano tenta esvaziar os trabalhos da comissão e afastar os manifestantes que protestam contra sua permanência na presidência” (Jornal Estadão, 12/03/2013)

Ainda não ano de 2013, na Comissão, Feliciano conseguiu aprovar o fim da

resolução que obriga os cartórios a realizarem casamento entre pessoas do mesmo

sexo. Também foi contra o projeto que prevê ao parceiro homossexual a condição de

dependente do INSS. Foi a favor do projeto apelidado de “cura gay”, apresentado pelo

deputado federal João Campos do PSDB-GO, sobre tratamento psicológico para

pessoas que se declarem homossexuais. Além disso, criou polêmica em suas redes

sociais como Twitter e blogs ao atacar a comunidade LGBT, ser favorável a censura e

a redução da maioridade penal. Ao fazer um balanço sobre a liderança de Feliciano na

Comissão o Jornal Estadão publicou:

“Feliciano chegou à presidência da comissão em março, apesar de protestos de movimentos sociais e deputados com atuação na área por declarações nas redes sociais. O pastor tinha dito que "os africanos são amaldiçoados" e que "a podridão de sentimentos dos homoafetivos leva ao ódio, ao crime, a rejeição". Com apoio da bancada evangélica, resistiu à pressão e ficou no posto. Feliciano disse que o debate sobre direitos humanos parou de ser feito para "beneficiar um ou dois grupos". (Jornal Estadão 18/12/2013)

Page 10: CANDIDATOS EVANGÉLICOS E A PROPAGANDA … · desempenhar papel importante não apenas nas eleições proporcionais, mas também nas majoritárias. A eleição presidencial de 1989

10

No entanto, apesar do seu empenho na Comissão em levar uma pauta “anti-

gay”, considerada uma vitória pelo segmento evangélico, não houve grandes avanços

dessas pautas fora da comissão. Muitos evangélicos foram contra as declarações do

Marco Feliciano, colocando em dúvida a existência de um grupo religioso coeso.

Buscamos nessa sessão inserir o leitor no debate sobre a participação dos

evangélicos na arena política. Para tanto, fica-nos evidente que desde a Constituinte

esses religiosos têm ampliado os seus espaços de atuação na sociedade civil, com

destaque à política stricto senso. Esse aumento dos evangélicos nessa arena trouxe,

entre outros benefícios, a concessões de emissoras de TV. Contudo, a ciência política,

de modo geral, tem dado pouca atenção ao crescimento desse grupo nas Assembleias

Estaduais e na Câmara Federal. Ademais, os estudos sobre os evangélicos e o

recente envolvimento destes na política partidária têm ficado circunscrito às análises

da sociologia (MARIANO, 2005; PIERUCCI & PRANDI, 1996; ORO, 2000) e

antropologia (ALMEIDA, 2009). De maneira que, pouco se sabe da atuação desses

deputados pentecostais, sobre o que acontece depois das urnas apuradas.

Para defender os seus interesses, muitos políticos evangélicos alegam o seu

engajamento político como uma forma de defender, em caso de perseguição política,

“a manutenção de suas concessões de emissoras de rádio e TV” (MARIANO, 2005

p.91), defender a “moral familiar”, lutar contra o aborto e a união civil de

homossexuais. Também para Freston (1993) a politização desse segmento religioso é

explicado pela defesa do “ambiente sectário”. Assim, é possível pontuar três

interesses políticos desses religiosos: 1) ao se lançar na política, ou lançar um

conhecido ou membro da família é uma forma de profissionalizar o seu campo. A força

política se transforma em fortalecimento da sua organização religiosa, é uma forma de

captar recursos como a concessão de espaços midiáticos para a sua expansão; 2) o

segundo ponto relaciona-se à “liberdade religiosa ameaçada”, neste sentido há uma

forte concorrência com a igreja católica para conquista de espaço na sociedade; 3) e

por fim, a ideia de defesa dos valores familiares. A política é uma grande via de

acesso para lutar contra possíveis mudanças no ambiente social que conflitam com os

seus valores religiosos, por exemplo: como reconhecimento de direitos para os

homossexuais ou questões sobre o aborto.

A presença de parlamentares evangélicos no Congresso Constituinte10,

processo de institucionalização do estado de Direito e da democracia no Brasil,

10

A bancada evangélica na Constituinte conseguiu eleger 33 deputados, sendo destes 18 pentecostais (PIERUCCI & PRANDI, 1996 p.168)

Page 11: CANDIDATOS EVANGÉLICOS E A PROPAGANDA … · desempenhar papel importante não apenas nas eleições proporcionais, mas também nas majoritárias. A eleição presidencial de 1989

11

inaugurou uma nova fase para as igrejas evangélicas e seus seguidores (PIERUCCI &

PRANDI, 1996). O discurso sobre a liberdade religioso e a defesa dos bons costumes

chamou a atenção da imprensa para esse grupo. Tais deputados se declaravam como

os representantes de Deus na Constituinte, de modo a se manifestarem como os

representantes da vontade do povo. Como afirma o deputado Daso Coimbra, um dos

líderes evangélicos pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB): “a

maioria do nosso povo acredita em Deus e a Constituição deve expressar a vontade

dessa maioria” (PIERUCCI & PRANDI, 1996 p. 174). Como porta-vozes da defesa dos

costumes tradicionais, trabalharam intensamente contra a aborto, homossexualidade e

contra o feminismo. De modo inverso trabalharam a favor da censura de diversos

meios midiáticos (TV, cinema e rádio).

A ação política desses parlamentares é “conservadora-tradicionalista”, com

uma preocupação de fundo sobre a “moral sexual”. Neste sentido, segundo Pierucci e

Prandi (1996), a direita no Brasil passa a configurar uma “nova direita”, soma-se ao

conservadorismo socioeconômico os ditos preceitos cristãos sobre os bons costumes

e a família. Em 1987, a bancada evangélica é tratada pela imprensa como um grupo

coeso suprapartidário. A formação desse bloco teria como principal objetivo, acima de

qualquer diferença entre suas filiações partidárias, impedir na Constituinte iniciativas

que fossem contra a moral cristã. Outro indicador da forte presença desses deputados

pentecostais na Constituinte foi a participação deles nas subcomissões formadas

durante a elaboração do primeiro texto. Das vinte e quatro subcomissões formadas,

estiveram presentes em dezesseis (PIERUCCI & PRANDI, 1996). Assim, apesar das

diferenças a respeito de questões socioeconômicas e partidárias, deveria prevalecer a

conservação dos valores tradicionais e a garantia da liberdade religiosa dos

evangélicos.

Desta forma, a hipótese deste trabalho é que a ação política desses

parlamentares “conservadora-tradicionalista”, bem como questões sobre a

manutenção da família tradicional, tal como é apontada pela literatura, está presente

também nos discursos das campanhas eleitorais desses evangélicos quando

candidatos, principalmente no HGPE, um dos principais meios pelos quais os

candidatos a cargos eleitorais têm visibilidade.

Durante o período eleitoral, o rádio e, principalmente, a televisão são, por meio

dos programas eleitorais transmitidos pelo Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral

(HGPE), um dos principais canais de visibilidade para o candidato e de informação

para o eleitor, isso porque a televisão no Brasil se caracteriza como principal meio de

Page 12: CANDIDATOS EVANGÉLICOS E A PROPAGANDA … · desempenhar papel importante não apenas nas eleições proporcionais, mas também nas majoritárias. A eleição presidencial de 1989

12

comunicação de massa, e essa hegemonia está relacionada ao grande número de

aparelhos televisivos no país e, pode ser medida pela grande audiência e ao alto

investimento em publicidade (AZEVEDO, 2006). Assim, o HGPE contribui

primordialmente para o debate público e para que a que a grande parcela da

população que não possui identificação partidária, possa tomar conhecimento de

questões importantes que influenciam a decisão do voto. Em dado panorama, grande

parte dos eleitores médios não mais definem o seu voto segundo as suas

predisposições políticas e ideológicas, o que se configura uma situação de constante

volatilidade eleitoral. Apesar das normas que restringiam os conteúdos veiculados, os

partidos políticos brasileiros têm espaço na televisão e no rádio desde a década de 60.

Entretanto, é apenas em 1985, com a redemocratização que o Tribunal Superior

Eleitoral organiza as eleições, garantindo aos partidos, entre outros, o direito à

liberdade de expressão.

As campanhas eleitorais televisionadas têm importância estratégica em meio a

um pleito, pois é onde o debate político alcança maior contingência. Assim, a estrutura

institucional adotado pelo Tribunal Superior Eleitoral é uma importante variável a ser

considerada, pois por meio da legislação eleitoral impõe aos partidos políticos o

período, a ordem e o horário em que deve ser exibida a propaganda, restando a esses

partidos a adaptação a esses constrangimentos legais. Quando se trata dos

candidatos evangélicos, como já citado esses estão distribuídos em diversos partidos,

no período eleitoral, os partidos políticos destinam espaço no HGPE para os

candidatos evangélicos. Muitos desses cristãos já possuem carreira política, seja por

histórico familiar, ou por já ter ocupado outro cargo político. Há ainda aqueles que

dispõem de cargos importantes dentro de suas denominações, como será

demonstrado no perfil desses parlamentares que apresentaremos na sessão seguinte.

As principais funções do HGPE são a de mobilizar o eleitor para que esse se

de conta de que é chegado o momento de decidir o seu voto; para tanto deve

promover as informações necessárias para que esse eleitor identifique entre os

candidatos aquele, uma vez eleito, agenciará maiores benefícios; agregar entre

candidato e eleitor uma relação mínima de credibilidade (VEIGA, 2002). De tal modo,

dada a importância da visibilidade da qual o candidato usufrui por meio da exposição

principalmente na TV os atores políticos devem empreender esforços para a formação

de uma imagem pública política adequada aos seus determinados objetivos. Assim,

indicamos como uma segunda hipótese deste trabalho, que a utilização de prefixos

que identifiquem esses candidatos como evangélicos, tais como “pastor” ou

Page 13: CANDIDATOS EVANGÉLICOS E A PROPAGANDA … · desempenhar papel importante não apenas nas eleições proporcionais, mas também nas majoritárias. A eleição presidencial de 1989

13

“missionário” se configura como uma estratégia de campanha que visa à identificação

e a promoção desse candidato como aquele que pode atender a interesses

específicos.

4. METODOLOGIA

Para atender aos objetivos propostos pela pesquisa, em um primeiro momento

foi levantada a bibliografia necessária para fins obter determinada clareza do processo

de inserção de evangélicos na política partidária e eleitoral. Posteriormente, buscamos

levantar o perfil de cada candidato evangélico eleito ao cargo de Deputado Federal

pelo Estado de São Paulo no ano de 2010. Para tanto, foram identificados os partidos

pelos quais esses deputados foram eleitos, a denominação religiosa da qual são parte

e se esses deputados foram reeleitos no ano de 2010 ou eleitos pela primeira vez.

Em seguida, será descrito o perfil político desses eleitos por meio da

apresentação da trajetória política desses, e profissional, uma vez que muitos desses

evangélicos dispõem de cargos importantes dentro de suas denominações, sendo

assim bastante influentes nesse meio.

O passo seguinte consistiu na seleção dos programas eleitorais desses

candidatos exibidos no HGPE durante a campanha das eleições de 2010. Os

programas políticos do HGPE no primeiro turno das eleições presidenciais de 2010

começaram a ser exibidos entre os dias 17 de agosto e 30 de setembro daquele ano,

às segundas, quartas e sextas-feiras, duas vezes ao dia durante a programação

normal das emissoras de televisão aberta no Brasil, conformes normas do TSE. Nas

mensagens dos candidatos, foram identificados os principais temas, e a utilização

“frases de efeito” que os identifiquem com o seguimento evangélico.

4. PERFIL E CAMPANHA: CANDIDATOS EVANGÉLICOS ELEITOS A

DEPUTADO FEDERAL

Segue na tabela abaixo a lista completa dos candidatos pentecostais eleitos

pelo estado de São Paulo, com seus respectivos partidos e denominações do qual

fazem parte. Destes deputados apenas três foram reeleitos para a 54ª Legislatura, o

que não significa que este foi o primeiro cargo público dos demais, como será

demonstrado na próxima tabela.

DEPUTADOS FEDERAIS EVANGÉLICOS ELEITOS POR SÃO PAULO 54ª LEGISLATURA

Page 14: CANDIDATOS EVANGÉLICOS E A PROPAGANDA … · desempenhar papel importante não apenas nas eleições proporcionais, mas também nas majoritárias. A eleição presidencial de 1989

14

DEPUTADOS PARTIDO UF IGREJA SITUAÇÃO

Bispo Antônio Bulhões PRB SP IURD Reeleito

Bruna Furlan PSDB SP Igreja Cristã do Brasil Nova

Edinho Araújo PMDB SP Igreja Presbiteriana Independente

Novo

Jefferson Campos PSD SP Quadrangualar Reeleito

Jorge Tadeu Mudalen DEM SP Internacional da Graça de Deus Reeleito

Marcelo Aguiar DEM SP Igreja Renascer Novo

Marco Feliciano PSC SP Assembleia de Deus Novo

Missionário José Olimpo PP SP Mundial do Poder de Deus Novo

Otoniel Lima PRB SP IURD Novo

Pastor Paulo Freire PR SP Assembleia de Deus Novo

Roberto de Lucena PV SP Igreja o Brasil para Cristo Novo

Vaz de Lima PSDB SP Presbiteriana Independente Novo

Dados: Diap / Portal Fronteira Final

Podemos observar na Tabela 3 que os candidatos foram eleitos por 10 partidos

diferentes. Nenhum dos partidos elegeu um número alto de candidatos, deste modo,

temos que os candidatos evangélicos em relação aos partidos políticos são eleitos de

forma descentralizada. Observamos também 10 diferentes denominações religiosas

que os candidatos eleitos se declaram pertencentes, o que demonstra que esses

deputados compõem um segmento bastante heterogêneo, uma vez que tais

denominações apresentam distintas teologias, isso pode apontar para certa dificuldade

de uma bancada evangélica coesa.

Entre os candidatos eleitos, muitos apresentam no seu perfil do portal Câmara

dos Deputados e no seu site pessoal, algum tipo de relação com determinadas

denominações religiosas, e suas funções e/ou cargos nas mesmas.

DEPUTADOS FEDERAIS EVANGÉLICOS ELEITOS POR SÃO PAULO 54ª LEGISLATURA

DEPUTADOS Perfil Político/Profissional

Bispo Antônio Bulhões

Apresenta-se no site da Câmara como: “Apresentador de televisão, administrador, teólogo e Bispo Evangélico”. Está no seu segundo mandato seguido como deputado Federal, atualmente é Bispo da Igreja Universal do Reino de Deus. Foi durante nove anos apresentador do programa evangélico “Fala que eu te escuto”, da Rede Record de televisão. Também foi apresentador da Record News do programa “Retrato de família”, que segundo informações do seu site tinha como objetivo trazer “ao público depoimentos de pessoas que encontraram o caminho para a solução de problemas familiares dos mais diversos, com intuito de levar ao telespectador como é

Page 15: CANDIDATOS EVANGÉLICOS E A PROPAGANDA … · desempenhar papel importante não apenas nas eleições proporcionais, mas também nas majoritárias. A eleição presidencial de 1989

15

possível equacionar conflitos interiores e de relacionamentos, haja visto que a desagregação familiar é a maior razão dos problemas sociais de hoje”

Bruna Furlan

Foi a terceira deputada mais votada pelo estado de São Paulo. Apesar do seu perfil na Câmara e no site não fazer referência a sua religião, no site da Igreja Congregação Cristã do Brasil, do qual faz parte, há uma publicação dedica a deputada: “moça franzina com jeito de bonequinha e vozeirão de bispa evangélica — ela faz parte da Congregação Cristã no Brasil — recebeu 270 661 votos”

Edinho Araújo

Edson Edinho Coelho Araújo, advogado e professor; foi prefeito da cidade Santa Fé do Sul e deputado estadual por três mandatos (1983-1994). É membro da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, em discurso na Câmara no dia 07/08/2013 disse: “Numa sociedade em movimento, que enfrenta a veloz renovação dos costumes, é um desafio manter os valores cristãos e éticos”.

Jefferson Campos

Jefferson Campos em seu perfil se declara: “Ministro do Evangelho, Advogado, Tecnólogo, Radialista, Bacharel em Teologia”. Em seu perfil nas redes sociais costuma utilizar o título de “Pr”, que significa pastor. Há mais de 25 anos é pastor pentecostal e, atualmente atua como Secretário Geral de Cidadania da igreja Evangelho Quadrangular. Em seu site diz que foi na década de 90 que “começou a nascer no coração do Pr. Jefferson, o desejo por ser uma voz da igreja […]”

Jorge Tadeu Mudalen

Jorge Tadeu é deputado federal reeleito pelo DEM. Antes de se filiar o DEM, foi membro do PMDB e PPB. Em seu site pessoal o deputado defende a parceria entre política e religião, “que a presença de Deus faça cada vez mais parte da política e que a política cada vez mais contribua para o crescimento da igreja”. Evangélico há mais de 14 anos, atualmente é membro da Igreja internacional da Graça de Deus.

Marcelo Aguiar

Marcelo Aguiar é deputado federal pelo DEM e membro da Igreja Renascer. Músico sertaneja conhecido no Brasil se converteu a religião evangélica em 2000. Atualmente é um cantor gospel e já apresentou diversos programas na Rede Gospel de televisão. É membro da diretoria das Frentes Parlamentares Mistas Evangélica e de Defesa da Família.

Marco Feliciano

Marco Feliciano é um pastor evangélico. Em seu perfil no Portal da Câmara se descreve como: “pastor Marco Feliciano” e “pastor evangélico”. No ano de 2013 foi presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Além de cantor e escritor gospel é o fundador da igreja Ministério do Avivamento, denominação vinculada a Assembleia de Deus.

Missionário José Olimpo José Olimpo, mais conhecido como “Missionário José Olimpo” e membro da igreja evangélica Mundial do Poder de Deus. Seu primeiro

Page 16: CANDIDATOS EVANGÉLICOS E A PROPAGANDA … · desempenhar papel importante não apenas nas eleições proporcionais, mas também nas majoritárias. A eleição presidencial de 1989

16

cargo político foi em 1982 como vereador pela cidade de Itu.

Otoniel Lima

Otoniel Lima é membro da Igreja Universal do Reino de Deus. Foi vereador da cidade de Limeira e deputado estadual. Antes de se filiar ao PRB foi filiado aos seguintes partidos: PPB, 2000-2001; PL, 2001-2006; PR, 2006-2007; PTB, 2007-2008. Segundo o site da Universal: “Os políticos vinculados ao Partido Republicano Brasileiro (PRB) seguem os preceitos que norteiam a atuação da Igreja Universal e lutam pela aprovação de leis que beneficiam a população”

Pastor Paulo Freire

Paulo Freire é pastor da Assembleia de Deus. Em seu perfil no site da Câmara declara como profissão ser Ministro do Evangelho. Filho do presidente da Convenção geral das Assembleias de Deus no Brasil. Em seu site pessoal há a informação de que foi eleito pelos pastores do estado de São Paulo para ser “o representante da denominação no Congresso Nacional”

Roberto de Lucena

Roberto de Lucena é pastor da igreja O Brasil para Cristo. Em seu perfil no site da Câmara declara como profissão: Conferencista, Escritor, Pastor Evangélico. Em seu site pessoal diz que busca lutar pela vida, família e pela preservação do meio ambiente.

Vaz de Lima

Vaz de Lima é deputado federal pelo PMDB. Tem longa carreira política, durante 4 anos consecutivos deputado estadual no Estado de São Paulo, sempre pelo PMDB. Filho de família evangélico é membro da igreja Presbiteriano Independente, do qual foi pastor por mais de 35 anos.

Nas descrições acima apresentadas, temos que todos os candidatos se

declaram pertencentes a alguma denominação evangélica. Além disso, foi possível

identificar que muitos desses parlamentares já haviam ocupado algum cargo político,

principalmente como vereador (mas também como prefeito e deputado estadual).

Aqueles que eram iniciantes na arena eleitoral, por outro lado, ocupavam papel de

destaque em suas igrejas, muitos como pastor. Ainda há o caso da deputada Bruna

Furlan, que possui um histórico familiar de envolvimento na política. Alguns deles

também possuem carreira artística, é o caso dos deputados Marcelo Aguiar e do

Marco Feliciano, conhecidos como cantores gospel. Ainda há dois ex-apresentadores

de programa televisivo: Antônio Bulhões e Marcelo Aguiar.

Dessa forma, grande parte dos candidatos evangélicos ao cargo do Legislativo

por São Paulo são membros de destaque de grandes igrejas pentecostais. Contudo,

ainda nos cabe investigar se o discurso desses cristãos em suas campanhas é

Page 17: CANDIDATOS EVANGÉLICOS E A PROPAGANDA … · desempenhar papel importante não apenas nas eleições proporcionais, mas também nas majoritárias. A eleição presidencial de 1989

17

direcionado há um eleitorado evangélicos. Em outras palavras se, assim como a

literatura discutida na primeira sessão afirma, as campanhas eleitorais desses

deputados seria marcada pela ênfase nos temas cristãos, tais como: defesa dos bons

costumes, valores morais, defesa da família, entre outros.

Para classificar as mensagens segundo os seus principais temas, fez-se

necessário um padrão de leitura, o qual evidencia sempre a principal característica de

cada uma das mensagens, aquela que pode ser considerada uma “variável

independente” em meio ao discurso. Assim, foi obtida uma classificação geral dos

programas eleitorais dos candidatos evangélicos eleitos a Deputado Federal pelo

Estado de São Paulo no ano de 2010. Deste modo, foram identificados os principais

temas dessas campanhas e, posteriormente classificados em categorias, como

podemos observar na tabela de elaboração próxima abaixo:

CATEGORIAS DESCRIÇÃO DAS CATEGORIAS

Proposta de Política Pública Mensagens onde os candidatos fazem propostas de políticas públicas.

Abordagem Política

Mensagens em que o candidato se propõe a inovar a política ou fazer política de forma inovadora; destaque das suas realizações na atualização política; realizações e benfeitorias sociais; confiança no caráter pessoal do candidato quanto à atuação política.

Frases de Efeito

Mensagens em que o candidato se declara pastor; defendem o crescimento do evangelho; deseja que o espectador seja abençoado por Deus.

Valores Tradicionais

Mensagens que destacam os valores éticos dos candidatos; defesa da moral, dos bons costumes; e a família tradicional; defesa da ética da sociedade; defesa da vida; declaração de fé e dos princípios cristãos.

Foram analisados na tabela acima os programas eleitorais dos candidatos

evangélicos eleitos veiculados pelo HGPE. Indicamos que cada programa político é

composto por uma fala de aproximadamente 30 segundos e, que todas as falas foram

classificadas segundo as categorias acima e que cada uma delas pode ser alocada a

Page 18: CANDIDATOS EVANGÉLICOS E A PROPAGANDA … · desempenhar papel importante não apenas nas eleições proporcionais, mas também nas majoritárias. A eleição presidencial de 1989

18

uma ou mais de uma categoria. Deste modo, temos: a) em 12 programas analisados,

apenas dois candidatos apresentam propostas de políticas públicas, a saber: inclusão

social, política de segurança e educação. Essa categoria apresentou a menor

quantidade de mensagens; b) nos programas analisados, dois candidatos se propõem

a inovar a política e a forma de como fazê-la; três dos candidatos destacam as suas

realizações em mandatos anteriores e que o eleitor pode confiar no seu trabalho, ou

seja, a categoria abordagem política foi identificada em cinco falas candidatos; c) 6

candidatos que utilizaram frases de efeito uma ou mais de uma vez em seu programa

eleitoral. As mensagens que conformam essa categoria foram a segunda mais

recorrente entre os programas eleitorais mais analisados; e finalmente, d) as

mensagens da categoria Valores Tradicionais foram as mais recorrentes nos

programas políticos, 4 candidatos destacam seus valores éticos, a fé, e “a vida” e, seis

candidatos defendem a família e a sociedade, assim temos que 10 entre os 12

candidatos fizeram uso desses tipos de mensagem.

Portanto, temos que nos programas do HGPE analisados, o discurso dos

candidatos evangélicos eleitos foi predominantemente de maior ênfase na defesa dos

valores morais e dos bons costumes, manutenção da família e propagação dos

valores cristãos. Logo, as hipóteses inicialmente colocadas nesse trabalho foram

validades, uma vez que foram identificadas no perfil dos candidatos aqui privilegiados

para análise, que eles se identificam com seguimentos religiosos. Postura essa,

também encontrada nos programas eleitorais, onde a postura conservadora-

tradicionalista foi predominante.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa buscou contextualizar o leitor sobre o processo de inserção do

segmento religioso pentecostal na política partidária e eleitoral. Também

apresentamos uma discussão sobre a importância das campanhas eleitorais

brasileiras, e o uso que esse grupo religioso faz do Horário Gratuito de Propaganda

Eleitoral. Buscamos traçar o perfil dos candidatos eleitos e uma análise discurso nos

programas do HGPE com o objetivo identificar se há uma postura conservadora-

tradicional. Para além dos resultados já apresentados que confirmaram a hipótese

inicialmente colocada, os resultados aqui alcançados demonstram que estes

candidatos eleitos estão polarizados por diferentes igrejas e partidos políticos. Tendo

em vista as diferenças teológicas dessas denominações e político partidária dos

Page 19: CANDIDATOS EVANGÉLICOS E A PROPAGANDA … · desempenhar papel importante não apenas nas eleições proporcionais, mas também nas majoritárias. A eleição presidencial de 1989

19

partidos pelos quais foram eleitos, a formação de uma bancada evangélica coesa se

torna complexa.

Para pesquisas posteriores seria mais interessante analisar não somente as

campanhas eleitorais dos deputados evangélicos eleitos pelo estado de São Paulo,

mas o universo dos 70 deputados eleitos para a 54ª Legislatura. Neste sentido, seria

possível observar se, assim como os deputados por nós analisados, os demais

também estão distribuídos por diferentes partidos políticos e denominações

evangélicas. Da mesma forma, assim como descrito pela literatura da sociologia da

religião (PIERUCCI & PRANDI (1996), ORO (2000), MARIANO (2005), BURITY (2008)

e FRESTON (1993)), observamos que o discurso dos candidatos pentecostais são

marcados por falas sobre os valores da família, defesa da moral e dos bons costumes,

declaração de fé e dos valores cristãos, ponto importante a ser analisado também

entre os demais candidatos desse segmento eleitos.

Outras questões, para pesquisas futuras emergiram dos resultados aqui

alcançados: os candidatos eleitos, após as urnas apuradas, legislariam tendo em vista

o segmento evangélicos? Neste sentido, há uma atuação como parlamentar por parte

desses cristãos diferenciada dos demais deputados, ou seja, daqueles que não são

pentecostais? Ou ainda o comportamento do político evangélicos seria partidário ou

religioso?

Page 20: CANDIDATOS EVANGÉLICOS E A PROPAGANDA … · desempenhar papel importante não apenas nas eleições proporcionais, mas também nas majoritárias. A eleição presidencial de 1989

20

A. REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Ronaldo de (2009). A Igreja Universal e seus demônios. São Paulo: Terceiro Nome.

AZEVEDO, Fernando Antônio. Mídia e Democracia no Brasil: relações e entre o sistema de mídia e o sistema político. Opinião Pública, Campinas, vol.12, n°1, Abril/Maio, 2006, p. 88-113.

BORGES, Tiago Daher Padovesi (2007). Representação Partidária e a Presença dos evangélicos na Política Brasileira. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação de Ciência Política, São Paulo: USP.

BURITY, Joanildo A. (2008). Religião, Política e Cultura. Tempo Social, revista de sociologia da USP, v. 20, n. 2

FRESTON, Paul (1993). Protestantes e Política no Brasil: da Constituinte ao Impeachment. Tese de Doutorado, sociologia (UNICAMP).

GAARDER, Jostein; HELLERN, Victor; NOTAKER, Henry (2009). O livro das religiões. São Paulo: Companhia das Letras.

MACHADO, Maria das Dores Campos (2006). Política e Religião: a participação dos evangélicos nas eleições. Rio de Janeiro: Editora FGV.

MARIANO, Ricardo (2005). Neopentecostais: sociologia do novo pentecostalismo no Brasil. São Paulo: Edições Loyola.

MARIANO, Ricardo, HOFF, Márcio e DANTAS, Souza de Y. ToTy (2006). Evangélicos sanguessugas, presidenciáveis e candidatos gaúchos: a disputa pelo voto dos religiosos. Debates do NER, Porto Alegre, nº10.

MARIANO, Ricardo & PIERUCCI, Antônio Flávio (1992). O envolvimento dos Pentecostais na eleição de Collor. Novos Estudos Cebrap, 34, nov., p. 92-106. MANUEL, Mella Márquez (Org) (1997). Curso de Partidos Políticos. Ediciones Akal: Madrid.

ORO, Pedro Ari (2000). Religião e Política na América Latina: Uma Análise da Legislação dos Países. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 13, n.27, p. 281-310.

PIERUCCI, Antônio Flávio & PRANDI, Reginaldo (1996). A Realidade Social das Religiões no Brasil: religião, sociedade e política. São Paulo: Editora Hucitec.

VEIGA, Luciana F. O eleitor diante do Horário Eleitoral. Meio e Mensagem, São Paulo, 08 abr. 2002.

B. SITES

PORTAL CÂMARA DOS DEPUTADOS. Pesquisa sobre os deputados. Disponível em http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/69407.html

DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ASSESSORIA PARLAMENTAR. Pesquisa sobre bancada evangélica atual legislatura. Disponível em http://www.diap.org.br/

DEPUTADO ANTÔNIO BULHÕES. Pesquisa sobre a biografia. Disponível em http://www.deputadoantoniobulhoes.com.br/

DEPUTADO EDINHO ARAÚJO. Pesquisa sobre a biografia. Disponível em http://www.edinhoaraujo.com.br/

Page 21: CANDIDATOS EVANGÉLICOS E A PROPAGANDA … · desempenhar papel importante não apenas nas eleições proporcionais, mas também nas majoritárias. A eleição presidencial de 1989

21

DEPUTADA BRUNA FURLAN. Pesquisa sobre biografia. Disponível em http://www.brunafurlan.com.br/

DEPUTADO JEFFERSON CAMPOS. Pesquisa sobre biografia. Disponível em http://jeffersoncampos.com.br/

DEPUTADO JORGE TADEU. Pesquisa sobre biografia. Disponível em http://www.jorgetadeumudalen.com/

DEPUTADO MARCELO AGUIAR. Pesquisa sobre biografia. Disponível em http://www.marceloaguiar.com.br/

DEPUTADO MARCO FELICIANO. Pesquisa sobre biografia. Disponível em http://www.marcofeliciano.com.br/entrada

DEPUTADO OTONIELI LIMA. Pesquisa sobre biografia. Disponível em http://www.otoniellima.com/

DEPUTADO JOSÉ OLIMPO. Pesquisa sobre biografia. Disponível em http://www.missionariojoseolimpio.com/

DEPUTADO PAULO FREIRE. Pesquisa sobre biografia. Disponível em http://www.deputadopaulofreire.com.br/www/index.php

DEPUTADO ROBERTO DE LUCENA. Pesquisa sobre biografia. Disponível em http://www.robertodelucena.com.br/

DEPUTADO VAZ DE LIMA. Pesquisa sobre biografia. Disponível em http://www.vazdelima.com.br/2010/default.asp