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  • ISSN 0100-3054

    BOLETIM TCNICO N 51 BOLETIM TCNICO N 34SETEMBRO/96

    DOENAS DE CANOLA NO PARAN

    Rogrio Manuel de Lemos CardosoMarco Antonio Rott de Oliveira

    Regina Maria Villas Bas de Campos LeiteCristiane de Jesus Barbosa4

    Luis Carlos Balbino5

    Esta publicao recebeu apoio financeiro doMinistrio da Agricultura/DENACOOP

    INSTITUTO AGRONMICO DO PARAN - LONDRINA-PRCOOPERATIVA CENTRAL AGROPECURIA DE DESENVOLVIMENTO

    TECNOLGICO E ECONMICO - CASCAVEL-PR

    1 Eng. Agr., M.Sc., pesquisador da rea de Proteo de Plantas, IAPAR.Caixa Postal 481, 86001-970 Londrina - PR.

    2 Eng. Agr., M.Sc., pesquisador da CODETEC (ex-OCEPAR). Caixa Postal 301.85806-970 Cascavel - PR.

    3 Eng. Agr., M.Sc., ex-pesquisadora da rea de Proteo de Plantas, IAPAR.4 Eng. Agr., M.Sc, ex-pesquisadora da rea de Proteo de Plantas, IAPAR.5 Eng. Agr., Bsc, ex-pesquisador da COODETEC.

  • INSTITUTO AGRONMICO DO PARANVINCULADO SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTORodovia Celso Garcia Cid, km 375 Fone: (043)326-1525 Fax: (043)326-7868Cx. Postal 481 86001-970 LONDRINA-PARAN-BRASIL

    COOPERATIVA CENTRAL AGROPECURIA DEDESENVOLVIMENTO TECNOLGICO E ECONMICOBR 467, km 98 Fone: (045) 225-5993 Fax: (045)225-1094Cx. Postal 301 85806-970 CASCAVEL-PARAN-BRASIL

    PRODUOEditorao: Edmilson G. LiberalArte-final e capa: Tadeu K. SakiyamaCoordenao Grfica: Antnio Fernando TiniImpresso na rea de Reprodues Grficas do IAPARFotos: IAPAR, com exceo da figura 4b, gentilmente cedida pelo pesquisador

    Dr. P. R. Vermma, do Research Station Agricultura, Canad.Tiragem: 1.200 exemplares

    Todos os direitos reservados ao Instituto Agronmico do Paran. permitida a reproduo parcial, desde que citada a fonte. proibida a reproduo total desta obra.

    D651 Doenas de canola no Paran / Rogrio Manuel de LemosCardoso et al. Londrina : IAPAR / Cascavel: COODETEC,1996.32p. ilust. (IAPAR. Boletim tcnico, 51 ; COODETEC.Boletim tcnico, 34).

    1.Canola-Doenas e pragas-Brasil-PR. 2.Fitopatologia.I.Cardoso, Rogrio Manuel de Lemos. II.Oliveira Marco AntonioRott de. III.Leite, Regina Maria Villas Bas de Campos.IV.Barbosa, Cristiane de esus. V.Balbino, Luis Carlos.VI.Instituto Agronmico do Paran, Londrina, PR. VII.Coope-rativa Central Agropecuria de Desenvolvimento Tecnolgicoe Econmico Ltda, Cascavel, PR. VIII.Srie. IX.Srie:COODETEC. Boletim tcnico, 34.

    CDD 633.853AGRIS H2bO334

    G514

  • SUMRIO

    RESUMO 5

    INTRODUO 7

    MATERIAL E MTODOS 8

    RESULTADOS E DISCUSSO 11FUNGOS 11

    Podrido Branca 11Mancha de Alternria 16Odio 18Rhizoctonia 19Ferrugem branca 21Canela preta 22Outros fungos no observados 23

    BACTRIAS 24Podrido negra das crucferas 24

    VRUS E SIMILARES ..... 25

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 28

  • RESUMO

    A canola , desde 1992, importante opo de inverno no Paran paraproduo de leo comestvel, mas no existem estudos sobre a sanidade dessacultura no Brasil. Nos anos de 1993 e 1994, efetuou-se um levantamento nasregies de cultivo do estado, para avaliao de doenas em diferentes pocasde desenvolvimento da cultura. Plantas com sintomas foram coletadas poramostras representativas de cada lavoura. Em laboratrio, tecidos doentesforam observados ao microscpio e submetidos ao isolamento de fungos ebactrias em meios de cultura BDA, PSA e NA. Esses microrganismos foramclassificados e submetidos a testes de patogenicidade em casa de vegetao.Plantas com sintomas semelhantes aos causados por vrus em casa devegetao e amostras dessas foram inoculadas mecanicamente, por afdeos eenxertia de casca em indicadoras. Foram identificados como patgnos decanola os fungos Sclerotinia sclerotiorum, Alternaria brassicae, A. raphani eA. alternata, Erysiphe polygoni, Rhizoctonia solani, Albugo candida e Phomasp., a bactria Xanthomonas campestris pv. campestris e os vrus do mosaicodo pepino (CMV), do mosaico do nabo (TuMV) e do mosaico da couve-flor.(CaMV). Foi tambm verificada a ocorrncia de variegao clortica denatureza no infecciosa.

    TERMOS PARA INDEXAO: Brassica napus, B. campestris,patgeno, fungos, bactria, vrus, doena no infecciosa.

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  • INTRODUO

    A canola selecionada de cultivares de colza, nome vulgar das espciesBrassica napus e B. campestris, desempenha importante papel na produo deleo vegetal comestvel em nvel mundial. O termo "canola" atualmenteusado para cultivares conhecidas como double low, ou seja, aquelas com 2%ou menos de cido ercico e 30 micromoles por grama ou menos deglucosinolatos no farelo livre de leo, conforme originalmente registrado peloCanadian Council of Canola. Essa crucfera possui de 40 a 45% de leo nogro e 35% de protena. Alm disso, o leo obtido de excelente qualidadepela composio de cidos graxos, onde 65% so monoinsaturados, 5% sosaturados e 29% so polinsaturados, alm de no conter colesterol. Devido aessas caractersticas, apresenta mercado crescente a nvel mundial (Younts,1990). Virtualmente, toda a colza atualmente cultivada no Canad denominada canola. Para o Sul do Brasil, essa cultura se apresenta comoalternativa econmica para rotao com o trigo e outros cereais de inverno,ocupar reas ociosas, gerar renda para o agricultor, matria-prima paraindustrializao de leo vegetal e farelo para alimentao animal.

    A ampla utilizao da canola para extrao de leo e alimentaoanimal, no foi devidamente explorada por pases ocidentais at o final da IIGuerra Mundial. A primeira extrao de leo de canola para fins alimentaresfoi realizada em 1956 e marcou o incio dessa indstria para o ocidente. Desdeento, o mercado expandiu-se rapidamente tanto para agricultores como paraextratores e refinadores, que tm aprendido a manejar a cultura e a produzircom qualidade. Alm disso, a interao de pesquisas em aspectos relativos aoprocessamento e utilizao dessa brssica fez com que o leo de canola fosseo mais usado pelo consumidor no Canad (Adolphe, 1974).

    O cultivo de canola no Estado do Paran teve grande impulso porparte das cooperativas a partir de 1991. Naquele ano, testes realizados naregio Centro-Sul pela cooperativa Batavo despertaram crescente interesse emoutras regies do estado, culminando com um programa estadual coordenadopela Cocamar. Simultaneamente, a OCEPAR1 ficou incumbida de coordenaruma rede experimental para testar, em diferentes regies, cultivares de canolaprovenientes de diversas empresas (Carraro & Balbino, 1993).

    Perante a expectativa gerada, em 1992 foram cultivados no Parancerca de 2.000 hectares, obtendo-se resultados diversos, desde produtores que

    Agora COODETEC - Cooperativa Central Agropecuria de Desenvolvimento Tecnolgico eEconmico.

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  • no conseguiram chegar colheita a outros que obtiveram produtividadesacima de 2.500 kg/ha. Conjuntamente com resultados experimentais, aexperincia de produo comercial demonstrou que a cultura vivel noestado, sendo necessrio um direcionamento e planejamento dos rgos depesquisa e cooperativas para adaptaes de tecnologia nas diferentes regies,para que o crescimento da rea cultivada seja gradual e consistente, coibindo-se entusiasmos exagerados que podem gerar frustraes (Carraro & Balbino,1993).

    A canola, como crucfera, est sujeita a doenas e pragas que afetamessa famlia, onde se incluem nabo, repolho, mostarda, couve-de-bruxelas,couve-flor, couve manteiga, brcolos, nabo forrageiro, rabanete e outrasplantas. Tambm, patgenos cosmopolitas podem ter, entre outras espciesbotnicas, as crucferas como hospedeiras. Como agentes de doenas, socitados fungos, bactrias e vrus (CAB, 1980; Tokeshi & Salgado, 1980;Matsuoka et al., 1985). A ocorrncia de doenas est relacionada disponibilidade de inculo, condies favorveis de clima e presena dematerial suscetvel. A interao desses fatores pode possibilitar epifitias e aocorrncia de danos.

    Este trabalho resultou da colaborao entre a Organizao dasCooperativas do Estado do Paran - OCEPAR e o Instituto Agronmico doParan - IAPAR, no sentido de fornecer informaes sobre doenasobservadas em canola no Paran em 1993 e 1994, atravs de levantamentosrealizados em propriedades localizadas em regies representativas do estado ecomplementadas por uma reviso bibliogrfica. Desta forma, ao mesmotempo em que foram identificadas a maioria dos agentes fitopatolgicos queocorreram na cultura nesse perodo, mtodos de controle foram sugeridos,baseados na literatura disponvel. Um breve relato deste trabalho foiapresentado anteriormente (Barbosa et al., 1994; Cardoso et al., 1994).

    MATERIAL E MTODOS

    Durante os dois anos de levantamentos, foi observado basicamente ohbrido ICIOLA 41, preferido pelos agricultores para cultivo emaproximadamente 95% das reas em 1993 e 50% das reas em 1994. Almdeste hbrido outras cultivares foram observadas em lavouras comerciaiscomo o hbrido HYOLA 401 e as variedades ALTO e TOPAS. Nas reasexperimentais da OCEPAR em Cascavel e do IAPAR em Ponta Grossa,diversas introdues provenientes de diferentes pases foram observadas eavaliadas ao longo de trabalho.

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  • O levantamento foi viabilizado pela parceria com cooperativas decada regio do Paran envolvidas com a cultura da canola e respectivosresponsveis tcnicos. Por esse processo, propriedades de agricultoresvinculados s cooperativas, Cocamar em Maring, Coamo em CampoMouro, Coopervale em Palotina, Coopavel em Cascavel e Batavo em Castroforam selecionadas, alm de reas experimentais da OCEPAR em Cascavel ePalotina e do IAPAR em Londrina e Ponta Grossa, com o acompanhamentode tcnicos das entidades envolvidas.

    O roteiro estabelecido conjuntamente pela OCEPAR e pelo IAPAR,para o levantamento de doenas de canola, compreendeu diversas regiesexpressivas para o cultivo desta brssica e envolveu reas de abrangncia decinco cooperativas, de 14 municpios e 23 propriedades agrcolas diferentes.Neste levantamento, foram avaliados um total de 286 hectares em 1993 e 218hectares em 1994 (Tabela 1).

    Para o levantamento de doenas, o critrio adotado foi o de percorreras lavouras ao acaso. Plantas doentes ou parte destas foram coletadas,acondicionadas em sacos de plsticos, posteriormente inflados e fechados.Dados do local, propriedade, cultivar, data da coleta, cultivo anterior,sintomas, rgos afetados e quando possvel, porcentagem estimada de plantasinfectadas foram anotadas em fichas de registro. Os sintomas diferenciadosforam fotografados.

    Em laboratrio, o diagnstico de doenas causadas por fungos foirealizado atravs da anlise do material em lupa e microscpio tico,isolamentos em meios de culturas de rotina e algumas vezes cmara mida. Aidentificao dos fungos baseou-se em literatura especializada para cadapatgeno (Purdy, 1955; Stavely & Hanson, 1966; Ellis, 1971; Fernandez-Valiela, 1978; Tokeshi & Salgado, 1980).

    Para diagnose de doenas causadas por bactrias, fragmentos detecidos infectados foram observados em microscpio tico pelo teste deexsudao em gota, isolamento em meio de cultura e testes de patogenicidadeem plantas de canola. A caracterizao da bactria foi feita atravs de testesculturais, morfolgicos e fisiolgicos/bioqumicos, previamente descritos(Bradbury, 1984; Lelliott & Stead, 1987; Schaad & Stall, 1988; Leite et al.,1994).

    Para a dignose de doenas causadas por vrus, plantas com sintomasde mosaico foliar semelhantes aos causados por vrus foram coletadas nosestdios de elongao e florao. Essas plantas foram transferidas para casa devegetao e amostras foliares foram inoculadas mecanicamente com tampofosfato 0,01 M pH 7,0 + sulfito de sdio 0,01 M em Nicotiana tabacum cv.Turkish NN, N. glutinosa, Physalis sp., Chenopodium amaranticolor C.

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  • quinoa, Nicandra physaloides, Datura stramonium, Gomphrena globosa,Raphanus sativus, Lycopersicon esculentum, Phaseolus vulgaris, Brassicarapa var. rapa, B. oleracea var. capitata, B. oleracea var acephala, B. napus,Raphanus sativus var. oleiferus, Raphanus raphanistrum e Curcubita pepo.Foram feitos testes de transmisso com Myzus persicae, criados em insetriose com affdeos coletados em campo. Os insetos foram submetidos a jejum por1 hora e o tempo de aquisio e transmisso adotada foi de 24 horas. Nasplantas com variegao clortica, realizaram-se testes de transmisso por

  • enxertia de casca em ICIOLA 41, obtidas em casa de vegetao. A presenade variegao foi avaliada em prognies originadas de sementes de plantascom esse sintoma. Foi empregado o teste sorolgico de ELISA-indireto comanticorpo especfico para o vrus do mosaico do pepino (CMV) e dupladifuso em gar com anticorpo especfico para o vrus do mosaico do nabo(TuMV). Alm das amostras de canola, foram tambm testadas as indicadorasinoculadas e plantas de vegetao espontnea coletadas em campo.

    Um total de 28 visitas foram realizadas nas regies envolvidas em1993 e 30 visitas em 1994 (Tabela 1), contemplando as fases de elongao,florao e maturao fisiolgica da cultura.

    RESULTADOS E DISCUSSO

    Durante o levantamento, foram observadas doenas causadas porfungos, bactrias e vrus patognicos canola e a outras crucferas. Aocorrncia destas doenas dependeu da quantidade de inculo disponvel narea, de fases mais propcias das plantas ao estabelecimento de infeces e decondies ambientais favorveis reproduo e disseminao destespatgenos. Dos patgenos causadores de doenas em brssicas, foramidentificados fungos dos gneros Sclerotinia, Alternaria, Erysiphe,Rhizoctonia, Albugo e Phoma, a bactria Xanthomonas campestris pv.campestris e os vrus do mosaico do pepino (cucumber mosaic virus -CMV), do mosaico do nabo (turnip mosaic virus - TuMV) e do mosaico dacouve-flor (cauliflower mosaic virus - CaMV). Foi tambm verificada aocorrncia de plantas com variegao clortica de natureza no infecciosa.

    FUNGOS

    Podrido Branca

    As plantas com podrido branca foram pela primeira vez coletadas em1993, quando os cultivos de canola atingiram a fase entre a plena florao e amaturao fisiolgica. Em 1994, plantas de canola infectadas foramobservadas na fase de elongao, associadas com plantas de Sida sp.infectadas na regio de Carambe e Tibagi. As lavouras envolvidas nolevantamento apresentaram plantas com podrides em caules e hastes, masraramente em sliquas.

    As situaes mais graves e de maior abrangncia ocorreram durante oano de 1993 em cultivos de ICIOLA 41, principalmente nos municpios de

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  • Paissandu, Fnix, Carambe e Ponta Grossa, com infeces generalizadas nosdois ltimos casos. Em 1994, a maior severidade de podrido branca ocorreuem Carambe.

    A podrido causada por Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de Bary foiconsiderada como a doena mais importante da canola na Gergia, EUA, comperdas prximas a 100% em algumas cultivares. Em pases onde a canola cultivada no vero, esse fungo infecta soja. O fungo no foi assinalado naGergia em soja, mas o potencial dos efeitos adversos causados pelaintroduo de uma cultura de inverno muito suscetvel deve ser investigado(Brenneman et al., 1991).

    Os sintomas em brssicas caracterizam-se pela murcha das plantascom queda foliar e podrido mole dos tecidos colonizados, com a presena demiclio compacto branco, com ou sem formao de esclerdios (Tokeshi &Salgado, 1980). Em canola, tambm se observou a murcha com queda foliar,mas a podrido de hastes e caules durante a evoluo da doena noapresentou caractersticas de podrido mole, mas sim seca. Na etapa decolonizao, os tecidos apresentaram tonalidade marrom, sem perda deturgescncia. Nesta fase, a parte interna e externa dos caules e hastes, emboravisivelmente colonizados, no apresentaram alterao na consistncia (Figura1). Na maturao fisiolgica, os tecidos colonizados aparentaram aspectoseco, cor cinza, ausncia de miclio e, internamente, caules e hastes estavam

    Fig. 1 - Sintomas causados por Sclerotinia sclerotiorum.

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  • ocos. Nas cavidades, esclerdios maduros ou em formao encontravam-seaderidos s paredes ou depositados no fundo das cavidades. Os tecidosdoentes, de aspecto seco e quebradio, rompiam-se facilmente quandopressionados. As plantas doentes usualmente mostraram acelerao namaturao, ausncia de folhas e distinguiam-se das demais pelo aspecto secoou tonalidade amarela, sendo as sliquas dessas plantas portadoras desementes chochas. Sementes aparentemente bem formadas no possuam obrilho caracterstico das provenientes de plantas sadias.

    O gnero Sclerotinia possui ascocarpos ou apotcios em forma detaa, um ou mais formados a partir de um esclerdio. Os esclerdios, medemde 0,5 a 2,0 mm de dimetro e possuem consistncia mole ou duradependendo do estgio de maturao. Externamente so negros einternamente brancos ou rosados quando maduros. O miclio pode ser brancoa marrom (Purdy, 1955). O gnero representado por duas formas dereproduo, sendo a espcie mais importante S. sclerotiorum que englobaoutras espcies anteriormente relatadas (Purdy, 1955). S. sclerotiorum possuimais de uma centena de hospedeiros, representados por monocotiledneas edicotiledneas, sendo alguns relacionados na Tabela 2 (Fernandez-Valiela,1978; Tokeshi & Salgado, 1980; Gasparotto et al., 1982).

    No solo, o patgeno propaga-se por esclerdios e ascosporos. O vento importante para a disseminao da forma perfeita (Soave & Moraes, 1987).Os ascosporos no solo germinam quando o ambiente os favorece e pelo tubogerminativo produzem miclio que pode colonizar novos hospedeiros(Fernandez-Valiela, 1978).

    Os esclerdios podem germinar imediatamente aps a maturao ouficarem inativos por anos. A sobrevivncia influenciada pela presena deplantas suscetveis e pela umidade. Podem permanecer viveis no solo por at10 anos (McLean, 1958). Pela germinao, emitem ramificaes micelaresfracas, 1 a 35 por esclerdio, onde se formam apotcios com ascas eascosporos. Por esse processo, o miclio pode atingir e infectar plantassuscetveis (Adams & Tate, 1976).

    Esse fungo transmite-se por sementes de vrias espcies (Noble &Richardson, 1968; Menezes, 1987; Moraes, 1987). Quando veiculado asementes, provoca falhas na germinao, morte de plntulas e outros danos.Nas sementes, pode sobreviver por 7 anos (Neergaard, 1977).

    Devido capacidade de sobrevivncia em solo, sementes e emmltiplos hospedeiros, o controle dificultado. Alm disto, esse fungo estincludo no grupo onde a contaminao de sementes pode ser precedida poruma fase de saprofitismo ou de dormncia, seguida por outra ativa. Assim, apartir de sementes ou lotes infectados, o patgeno pode viver como saprfita,

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  • em dormncia no solo ou em restos de plantas, por tempo indeterminado.Posteriormente, voltando atividade, infecta novos hospedeiros.

    Uma das recomendaes para controle do patgeno prolongar otempo entre culturas suscetveis na rotao, mas difcil prever com precisoo perodo a respeitar. Sabe-se apenas que o risco de surgimento de forteataque deste fungo numa rea, aumenta pela freqncia com que a canola eoutras plantas suscetveis voltam ao local. Uma das causas da impossibilidadede prever um perodo mnimo adequado est no fato de que, alm dalongevidade dos esclerdios que pode chegar a dez anos, a cada ano novosesclerdios podem surgir no local. Neste caso, pequena quantidade suficiente para causar epidemia, desde que as condies climticas sejam10

  • favorveis. Deve-se ainda considerar que o patgeno possui caractersticaspolfagas, fato que refora esse procedimento. Portanto, recomendar a rotaode culturas para o controle de S. sclerotiorum exige essas ponderaes.

    A destruio de esclerdios no solo por meios fsicos como ainundao da rea por longo perodo ou pela queima dos resduos aps acolheita so prticas que em nossas condies se tornam inviveis ou causamgraves prejuzos ao solo. O tratamento qumico durante o ciclo vegetativppoder ser de grande interesse, pois pode impedir a instalao da doena emplantas e limitar os prejuzos. A dificuldade do manejo qumico reside naescolha de um produto capaz de anular o processo de infeco (Regnault etal., 1987), no conhecimento das condies que propiciam, a apario e odesenvolvimento da epifitia, que neste caso est dependente da presena deesclerdios portadores de apotcios, da presena de ptalas grudadas nasfolhas e de algumas horas de molhamento das plantas seguida por perodo de60 horas com forte umidade relativa.

    Todas as cultivares de canola registradas so suscetveis a podridobranca, alm de um grande nmero de outras espcies cultivadas. Cereais eforrageiras no so suscetveis e podem reduzir os esclerdios viveis no soloatravs do decrscimo da germinao na ausncia de hospedeiros suscetveis.O controle de plantas daninhas suscetveis e de plantas voluntrias noscultivos de cereais tambm auxiliam na reduo dos nveis de esclerdios.Entretanto, em alguns campos e reas com histrico da podrido da haste,mesmo com ausncia de culturas suscetveis por 5 anos, no houve reduo donmero de esclerdios no solo suficiente para assegurar um controleadequado. A rotao tambm no protege os cultivos de infeces por esporosareos, oriundos de campos vizinhos (Thomas, 1984).

    A decomposio de resduos de plantas infectadas pode contribuirpara a reduo de apotcios no cultivo subsequente, mas mais tarde o preparodo solo pode trazer de volta esclerdios prximos superfcie do solo. Paramanter os esclerdios num patamar baixo, o cultivo mnimo deve ser usadoem campos de cereais semeados em reas onde anteriormente houve histricoda doena em canola, porm onde se diminui o preparo de solo para se evitaresse problema e a eroso, as chances de infeco por outras doenasaumentam. Sementes livres do patgeno devem ser utilizadas em reas semhistrico da doena (Thomas, 1984).

    O controle com estirpes de Bacitlus contra a S. sclerotiorum, emcampos de canola no inverno tem sido investigado, havendo evidncias de quea bactria reduz infeces (Luth et al, 1993). Entretanto, no h dadossuficientes para a recomendao dessa prtica em nvel de campo.

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  • Mancha de Alternaria

    Materiais com mancha de alternaria foram primeiramente observadose coletados no municpio de Maring, em plantas de canola na fase deelongao e mais tarde, em lavouras no municpio de Carambe ao sul doestado, em 1993. Nos dois casos, a doena esteve restrita s folhas.Posteriormente, na fase de florao, folhas infectadas foram coletadas emcultivos de canola nos municpios de Peabiru, Fnix, Corblia, Cascavel,Palotina, Carambe e Ponta Grossa, fato que demonstrou estar a doena nestafase disseminada por todas as regies envolvidas no levantamento. Quando acultura atingiu a fase de maturao fisiolgica, sintomas foram observados emhastes reprodutivas e nas sliquas (Figura 2c,d) em lavouras das regies deMaring, Fnix, Peabiru, Palotina, Carambe e Ponta Grossa. Entretanto,diferentes nveis na severidade da doena ocorreram de lavoura para lavoura ede regio para regio. Em 1994, as avaliaes realizadas nos materiaiscoletados evidenciaram os sintomas em todas as lavouras de canolaabrangidas pelo levantamento nas trs fases de desenvolvimento da cultura.

    Dos tecidos doentes, foram isoladas Alternaria brassicae (Berk.)Sacc. (Figura 2a), A. raphani Groves & Skolko (Figura 2b) e A. alternata (Fr.)Keissler, da qual A. tenuis C. G. Nees sinnimo. Em brssicas, a doena

    Fig. 2 - Mancha de alternaria: a) condios de Alternaria brassicae, b) condios de A.raphani, c) leses e abortamento de sliquas, d) leses na haste, e) sintomasfoliares.

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  • causada pelas duas primeiras espcies, mas A. alternata esteve associada aestes sintomas em algumas amostras, sem que aparentemente outra espcieestivesse envolvida. As diferenas morfolgicas e culturais encontradasquando as espcies foram isoladas em meio de cultura, serviram para seproceder identificao e classificao taxonmica das espcies, seguindo-seas descries de Ellis (1971).

    Em brssicas, A. brassicae a espcie que mais contribui paradiminuio na produo de sementes em So Paulo (Tokeshi & Salgado,1980). No Rio Grande do Sul, a espcie foi tambm identificada durante doisanos em cultivares de colza, sendo responsvel por perdas de gros no final deciclo da cultura, com diminuio do peso, sendo transmitida para novaslavouras peia semente infectada (Schuck & Berton, 1981).

    No incio de desenvolvimento da cultura, fase no includa nolevantamento, a mancha de alternaria pode causar em plntulas o damping-off e a necrose em cotildones e hipoctilos, afetando-lhes odesenvolvimento, como em outras brssicas. Em plantas adultas de canola, ossintomas tpicos da mancha de alternaria caracterizam-se pela formao emfolhas de leses circulares, zonadas, de cor marrom a cinza ou marrom escuro,apresentando dimenses variadas (Figura 2e). Nas nervuras apresentam-sedeprimidas, oblongas ou lineares e em sliquas, puntiformes, irregulares,deprimidas, necrticas, pardas ou negras. Estes sintomas no diferem dosdescritos para outras crucferas.

    A. brassicae desenvolve-se bem com temperaturas entre 2 e 36C,com um timo em torno de 28C. A germinao dos condios e a penetraodo tubo germinativo nos tecidos do hospedeiro ocorrem com um mnimo deorvalho, mas epiftias s so observadas quando as chuvas so abundantes.Em condies ideais, o ciclo de desenvolvimento e a reproduo do patgenoprocessa-se em cerca de cinco dias (Tokeshi & Salgado, 1980).

    Entre os hospedeiros de A. brassicae e A. raphani, esto brcolos,repolho, couve-flor, couve-de-bruxelas, acelga, rbano silvestre, couve-rbano, mostarda, rabanete, nabo e colza. A. raphani ainda patognica aMatthiola incana (Ellis, 1971). Essas espcies sobrevivem em restos destasculturas (Tokeshi & Salgado, 1980).

    Sementes precocemente infectadas podem ser destrudas ou tornarem-se chochas e na fase de maturao fisiolgica, transportarem micliodormente destes fungos (Tokeshi & Salgado, 1980). Recentementedemonstrou-se no Canad, que sementes de canola podem ser importantespara a disseminao de A. raphani e de A. brassicae (Clear, 1992). Schuck &Berton (1981) constataram que espcies de Alternaria eram freqentementeobservadas em testes de patologia de sementes de colza no Rio Grande do Sul.

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  • A disseminao das espcies identificadas pode ainda realizar-se pelo vento.A escolha de sementes sadias e a rotao com outras culturas de

    famlias botnicas diferentes so algumas das principais recomendaesencontradas em literatura para o controle desta doena na produo comercialde brssicas (Tokeshi & Salgado, 1980).

    A reduo de esporos no ar alcanada com a rotao de culturas nocrucferas por trs anos entre os cultivos de canola, bem como com o controleefetivo de plantas voluntrias de canola e plantas daninhas durante a rotao(Thomas, 1984).

    A resistncia varietal ao gnero Alternaria em cultivares de colza uma forma de controle promissora, bem como o enterrio de restos de cultura(Regnault et al, 1987).

    Odio

    Em 1993, sintomas de odio foram observados em caules, hastes,folhas e sliquas de ICIOLA 41, em introdues mantidas pelo IAPAR emPonta Grossa, no sul do estado, e caules de plantas coletadas nos municpiosde Peabiru e Cascavel. Em 1994, sintomas da doena foram encontrados nosmunicpios de Engenheiro Beltro e Vera Cruz do Oeste, a partir da fase deflorao.

    Nas plantas doentes, observou-se uma eflorescncia brancaacinzentada, tpica de odio, com formato de manchas que cobriam total ouparcialmente os rgos atingidos. Nos tecidos justapostos, existiam em algunscasos, manchas necrticas escuras. A doena progredia do caule para folhas,hastes reprodutivas (Figura 3a) e sliquas (Figura 3b,c).

    Oidium balsamii Mart, forma assexual de Erysiphe polygoni DC,possui miclio semelhante ao de muitas outras espcies de gnero ErysipheOs conidiforos variam de dimenses de acordo com o hospedeiro (Stavely &Hanson, 1966).

    Entre os hospedeiros conhecidos de Oidium, 212 so espcies deLeguminosae, 91 de Ranunculaceae, 38 de Umbelliferae, 32 de Cruciferae, 27de Compositae, 19 de Polygonaceae e 166 de outras 33 famlias. Esse fatoconfere ao fungo grande importncia, pela diversidade botnica doshospedeiros suscetveis, muitos dos quais de elevado valor agrcola e pelosdanos considerveis que pode causar (Stavely & Hanson, 1966).

    O patgeno favorecido por perodos secos, com alternncia detemperaturas baixas e elevadas durante o dia e presena de orvalho nostecidos do hospedeiro (Arajo & Moreno, 1980; Ribeiro, 1985; Carvalho etal, 1987; Goulart, 1988; Del Peloso & Moraes, 1988). Considerando-se que o

    14

  • Fig. 3 - Sintomas de odio, causado por Erysiphepolygoni: a) na haste,b) em sliquas em formao, c) necrose em sliquas maduras.

    ciclo de desenvolvimento da cultura coincidiu, na maioria das regies dolevantamento, com perodos chuvosos e frios, possivelmente houve coibioda doena. A alta umidade relativa e temperaturas entre 20-24 C favorecem agerminao dos condios (Fernandez-Valiela, 1978). O patgeno dissemina-seatravs de condios e raramente pelas formas ascospricas, pouco freqentesna natureza.

    Nas introdues mantidas em Ponta Grossa, reaes decompatibilidade e incompatibilidade a esse patgeno foram observadas, o queindica a possibilidade de existirem fontes de resistncia a essa doena paracanola. Outras formas de controle no so preconizadas para esse patgeno.

    Rhizoctonia

    Plntulas de canola infectadas por Rhizoctonia solani Khn foramobservadas em 1993, na fase de emergncia no campo experimental daOCEPAR em Cascavel, sendo o sintoma mais caracterstico a podrido docolo e a morte de plntulas. Plntulas com estes sintomas no foramobservadas em outros locais contemplados pelo levantamento, porque asinspees no envolveram a fase de emergncia.

    15

  • Cultivos de canola ao sul dos Estados Unidos foram reduzidos em at90% pela sndrome do declnio do inverno (WDS - winter declinesyndrome), que est associada a fungos dos gneros Rhizoctonia e Fusariume bactrias pertencentes aos gneros Xanthomonas e Clavibacter (Hill et al,1992). No Canad, R. solani e outros organismos associados ao complexo dapodrido de razes em canola (B. campestris e B. napus) foram isolados deplantas infectadas na regio de Alberta, Os isolados foram altamentevirulentos, causando damping-off em pr e ps-emergncia e sintomasseveros em plantas (Gugel et al, 1987).

    O patgeno, alm de associado ao complexo de doenas de plntulasde canola, tambm est envolvido com podrides radiculares. Em plntulas,os sintomas mais caractersticos so razes contradas prximas a superfciedo solo, tombamento e morte. Outros sintomas distintos podem serobservados nas razes como: leses cinza-ctaras em razes superiores;descolaraes cinza-escuras em razes inferiores e nos tecidos internos dasmesmas tornando-se posteriormente negras; leses marrom-claras difusas eleses marrom-escuras bem definidas e abruptamente deprimidas (Thomas,1984).

    Esse organismo sobrevive no solo em restos culturais de muitasespcies, podendo a partir da infectar novas plntulas e razes de canola,principalmente em anos frios e midos.

    Vrios fungicidas a base de iprodione, tolclofos metil ecyproconazole, entre outros, so empregados para o tratamento de sementes.Os ingredientes ativos mais eficientes na pr-emergncia foram iprodione etolclofos metil, propiciando cerca de 90% de controle do damping off. Naps-emergncia, os mais eficientes foram iprodione e cyproconazole, os quaistambm proporcionaram at 90% de controle da doena (Kataria & Verma,1990).

    Yang & Verma (1992) estudaram a resistncia de 122 gentipospertencentes a espcies de brssicas e de outros gneros. Nenhum materialapresentou imunidade a doena, embora diferenas significativas emsuscetibilidade tivessem sido encontradas dentro e entre as espcies testadas ehouvesse menor suscetibilidade medida que as plantas se tornaram adultas.Tambm, plantas sadias de B. napus da cultivar MIDAS apresentaram nvelelevado de resistncia quando comparadas com estirpes parentais, mostrandoque essa resistncia pode ser incorporada.

    A produo de enzimas pelas plantas hospedeiras com capacidade dedegradarem as paredes celulares de fungos patognicos tem sido outra linhapesquisada, sendo um componente importante na obteno de fontes deresistncia s doenas. O processo natural de defesa da planta hospedeira pode

    16

  • ser modificado por introduo de genes produtores de quitina. SegundoBroglie et al.(1991), plantas transgnicas de canola da cultivar WESTAR,produtoras de quitina, quando inoculadas com R. solani, apresentaramreduo ou retardamento na mortalidade causada por esse agente, quandocomparadas com plntulas testemunha.

    A ausncia de canola por pelo menos trs anos na rea e o controle deplantas voluntrias de canola e plantas daninhas da famlia Cruciferae durantea rotao so prticas de controle adequadas. Por outro lado, foi observado ummelhor comportamento de cultivares de B. napus do que de cultivares de B.campestris, em relao ao complexo de podrido radicular, do qual a R. solani um componente importante (Thomas, 1984).

    Ferrugem branca

    Nas lavouras visitadas, poucas plantas mostraram sintomas associadosa Albugo candida (Pers.) Kuntze. A doena no teve expresso para canola,como se verificou pelo levantamento. A grande maioria das plantasamostradas no evidenciaram sinais desta doena, mesmo quando nasproximidades encontravam-se plantas de Raphanus sativus muito infectadaspor esse agente.

    O sintoma caracterstico a presena de pstulas erupentes e brancasna parte inferior das folhas, mas que podem ser vistas em outros rgos areosda planta. Quando a epiderme se rompe, um p branco formado por rgos deorigem assexual liberado (Tokeshi & Salgado, 1980).

    Dentro das espcies de Albugo, A. candida possivelmente a maispolfaga, afetando 214 espcies em 63 gneros de crucferas (Fernandez-Valiela, 1978). A existncia de raas fisiolgicas do patgeno tambm estcomprovada (Pound & Williams, 1963).

    No Brasil, A. candida apresenta importncia econmica mnima. Ofungo tem sido encontrado em quase todas as crucferas cultivadas eespontneas, ocorrendo comumente em rabanete, mostarda, nabo e agrioseco, mas no tem sido encontrado em repolho, couve-flor e outras brssicas.A no ocorrncia desse fungo em algumas espcies no pas explicada pelaausncia de raas fisiolgicas no especializadas (Tokeshi & Salgado, 1980).

    O fato de plantas de canola ICIOLA 41 no apresentarem sinais dadoena pode confirmar informaes de que cultivares de B. napus soresistentes a A. candida, ao contrrio de B. campestris (Adolphe, 1974).Entretanto, como algumas plantas mostraram sintomas da doenacaracterizados por tipos de reao entre resistncia e suscetibilidade, no seexclui a possibilidade do aparecimento de raas fisiolgicas compatveis comesses materiais. 17

  • Canela preta

    Uma espcie de Phoma foi isolada de plantas com leses foliares emdiferentes fases de desenvolvimento nos municpios de Maring e Carambe,no ms de junho de 1993.

    A canela preta em canola causada por Leptosphaeria maculans, cujaforma condica Phoma lingam (Tode) ex. Shaw. Desm.. Esse patgenoinfecta tambm Brassica oleracea, tendo ampla distribuio a nvel mundial(Fernandez-Valiela, 1978; Petrie, 1986; Hardwick et al, 1991; Clear, 1992).At 1961, no havia referncia da existncia deste patgeno na Amrica doSul, mas foi identificada nessa data no Panam e Porto Rico (Fernandez-Valiela, 1978), bem como no Canad e Estados Unidos (Petrie, 1985a; Clear,1992).

    Perdas em canola causadas por L. maculam podem ser agravadasquando o desenvolvimento da cultura coincidir com fatores favorveis aopatgeno, sendo observados incrementos em cancros basais nas hastes eperdas em B. napus e B. campestris. No Canad, foi evidenciado umamadurecimento prematuro de plantas devido a doena sob condies devero quente e seco, com perdas variveis em diferentes locais, podendoatingir, em algumas situaes, at 56% (Petrie, 1985a, 1985b, 1986).

    Segundo Thomas (1984), os danos que esse patgeno poder causar acanola esto diretamente correlacionados a condies climticas favorveis e presena de isolados de maior ou menor virulncia. Isolados menosagressivos tem infectado plantas mais no final do ciclo, com perdas inferioresa 2% e isolados mais agressivos tem causado perdas superiores a 50%,durante o desenvolvimento das plantas, ao longo dos anos.

    O patgeno pode infectar desde cotildones at folhas, caules esliquas. Os sintomas em cotildones e folhas consistem em leses circulares airregulares, de colorao branco-sujo a amarelo-claro, com grande nmero deestruturas negras puntiformes correspondentes a picndios (Figura 4a). Oscaules podem ser infectados por formas pouco agressivas, causando pequenasleses ou cancros nas reas basais dos mesmos, ou ainda por formas de grandevirulncia, que ocasionam cancros extensos e profundos. Esses cancrosimpedem a nutrio adequada da planta, reduzem o ciclo da cultura eocasionam a maturao e rompimento prematuro das sliquas infectadas(Figura 4b).

    Os esporos produzidos nos picndios so responsveis por infeceslocalizadas e so disseminados a curta distncia, atravs de respingos dechuva, enquanto que os ascosporos produzidos nos peritcios localizados nosrestos culturais so disseminados pelo vento, a longas distncias.

    18

  • Fig. 4 - Blackleg, causado por Phoma sp.: a) sintomas foliares, b) cancro na haste.

    O patgeno pode ser disseminado pela semente, sendo essa viaimportante na infeco de novas reas. Anlises de sementes de canolarealizadas no Canad indicaram que L. maculam estava presente em at 2%das sementes testadas (Thomas, 1984; Clear, 1992).

    Diversos fungicidas com ao protetora e curativa contra L. maculansforam avaliados para o tratamento de sementes e plantas de B. napus e B.campestris, mas os resultados indicam a necessidade de novos estudos (Xi etal.,1991;Kharbanda, 1992).

    Outros fungos no observados

    Outros fungos relatados como patognicos e importantes para acultura da canola e no encontrados no levantamento so: Alternariabrassicicola (Birkler & Heydendorff-Scheel, 1988; Hardwick et al., 1991),Peronospora parasitica (Yerkes & Shaw, 1959; Casela, 1980),Cylindrosporium concentricum (Regnault et al., 1987; Birkler &Heydendorff-Scheel, 1988; Hardwick et al, 1991), Plasmodiophora brassicae(CAB, 1980; Thomas, 1984; Regnault et al, 1987; Birkler & Heydendorff-Scheel, 1988; Vigier et al, 1989), Fusarium spp. (Thomas, 1984; Petrie,1985a; Hill et al., 1992), Pseudocercosporella capsellae (Reis et al., 1983;Thomas, 1984; Regnault et al, 1987; Birkler & Heydendorff-Scheel, 1988),

    19

  • Botrytis cinerea (Regnault et al, 1987; Birkler & Heydendorff-Scheel, 1988;Hardwick et al, 1991) e Verticillium dahliae (Birkler & Heydendorff-Scheel,1988).

    BACTRIAS

    Podrido negra das crucferas

    Plantas doentes com sintomas tpicos de podrido negra das crucferasforam coletadas em diversas fases de desenvolvimento nos municpiosamostrados em 1993 e 1994. Os sintomas caracterizavam-se por lesesfoliares em forma de "V" (Figura 5a), clorose, murcha e necrose do sistemavascular. Na maturao, hastes e sliquas, em algumas das lavouras, tambmestavam infectadas (Figura 5b,c).

    Fig. 5. Podrido negra das crucferas. a) leses foliares em forma de "V";b) leses na haste; c) sliquas infectadas.

    diferentes testes realizados (Bradbury, 1984; Lelliott & Stead, 1987;Schaad & Stall, 1988) permitiram incluir os isolados obtidos de canola naespcie X. campestris. Nos testes de patogenicidade, a bactria foi20

  • caracterizada como Xanthomonas campestris pv. campestris (Dowson) Dye,tendo-se observado o desenvolvimento de leses foliares iniciadas nos pontosde inoculao, circundadas por um halo amarelado, que evoluram paranecroses em forma de "V", semelhantes aos sintomas observados em campo(Leite et al, 1994).

    A podrido negra das crucferas doena importante nas brssicas,manifestando-se em qualquer idade das plantas. A bactria penetra porferimentos e mais caracteristicamente pelos hidatdios. O patgeno invadesistemicamente a planta, atravs das nervuras primrias e secundrias dasfolhas, deslocando-se para caules e razes. Os tecidos vasculares invadidostornam-se negros ou marrom-escuros. A doena torna-se grave nas pocasquentes e chuvosas. O patgeno pode infectar sementes internamente,constituindo-se essas a principal fonte de inculo primrio (Matsuoka et al,1985).

    Essa bactria causa tambm podrido negra em folhas e ramos deRaphanus sativus e Matthiola incana (Hayward & Waterston, 1965), sendodescrita como patgeno de B. napus (Bradbury, 1986). A bactria estamplamente distribuda no Brasil, sendo comum a sua associao comErwinia carotovora (Schuck & Berton, 1981; Robbs et al, 1982). No RioGrande do Sul, foi constatada de forma generalizada em colza (Schuck &Berton, 1981), e no Paran constatada pela primeira vez em canola no invernode 1992 (Le i t esai , 1994).

    O comportamento de diferentes cultivares de canola e de colza dacoleo de germoplasma do IAPAR foi avaliado para essa bactria. Todos osmateriais, inoculados pelo mtodo de risca da folha com palito embebido nasuspenso bacteriana, foram suscetveis aos isolados de X. cqmpestris pv.campestris (Leite et al, 1994). Estudos para determinar fontes de resistncia aessa doena em canola devem ser continuados.

    Como a bactria transmitida por sementes, a sanidade do materialpropagativo fundamental no controle da podrido negra (Williams, 1980).Outras medidas, como rotao com culturas no crucferas e destruio domaterial doente, devem ser adotadas para minimizar o problema (Hayward &Waterston, 1965; Williams, 1980).

    VRUS E SIMILARES

    Plantas com sintomas semelhantes aos causados por vrus foramcoletadas nos estdios de elongao e florao nos municpios de Maring,Fnix, Boa Esperana, Palotina, Cascavel, Carambe, Ponta Grossa eLondrina, nos anos de 1993 e 1994.

    21

  • De acordo com os resultados dos testes de transmisso e sorolgicos,determinou-se a ocorrncia do vrus do mosaico do pepino (cucumbermosaic virus - CMV) (Figura 6), do vrus do mosaico do nabo (turnipmosaic virus - TuMV) e do vrus do mosaico da couve-flor (cauliflowermosaic virus - CaMV).

    Fig. 6. Mosaico causado pelo CMV "Cucumber mosaic virus"

    As trs viroses induziram mosaico foliar em plantas de canolainoculadas. Entretanto, observou-se que o CMV, invariavelmente, causousintomas de mosaico mais acentuado do que os causados pelo TuMV eCaMV. Em algumas plantas, houve o desenvolvimento de leses necrticas edeformao foliar, provavelmente em decorrncia da infeco por um isoladoagressivo deste vrus, ou infeco associada a outra virose, at ento nodeterminada. O CaMV, alm de induzir mosaico, provocou o clareamento dasnervuras secundrias e espessamento da nervura central em folhas inoculadasmecanicamente. O TuMV provocou o mosaico e em algumas plantas,distoro foliar e reduo do porte.

    Observou-se que as sementes coletadas de plantas variegadas,originaram plntulas normais e outras com variegao clortica. No houvedesenvolvimento de sintomas em indicadoras nos diferentes testes realizados,tanto para as plantas coletadas em campo como para as suas prognies. Comoa variegao manteve-se nas prognies e no houve transmisso para as22

  • indicadoras, essa anomalia provavelmente de natureza gentica (Barbosa etal., 1994).

    Das amostras inoculadas, oriundas de vegetao espontnea, foideterminada a ocorrncia de CMV e TuMV em nabia (R. raphanistrum).Estes vrus foram facilmente transmitidos para a canola, por via mecnica epor afdeos vetores.

    Existem relatos da ocorrncia de 22 viroses infectando naturalmentecrucferas (Gracia et al, 1990), sendo as mais comumente reportadas oTuMV, CaMV, CMV, PVX (potato virus X), TCV (turnip crinckle virus),PoMV (pokeweed mosaic virus), BWYV (beet western yellow virus) eTYMV (turnip yellow mosaic virus). Destes, o TuMV e o CaMV so osmais disseminados e que mais danos econmicos tem causado a essas culturas(Green, 1986; Yang & Tao, 1987; Davino & Areddia, 1987; Xia et al, 1988;Jones et al., 1989; Li et al, 1991; Spak et al, 1993).

    No Brasil, o TuMV e CaMV infectam crucferas comerciais e devegetao espontnea, causando perdas econmicas nas culturas do rabanete,nabo e couve (Lima et al, 1980; Mello, 1981). Em canola, no havia, at omomento, nenhum registro da ocorrncia destes patgenos, apesar de Lima(1981) ter conseguido infectar cultivares de colza com isolados destas viroses,coletados no Rio Grande do Sul.

    O fato de o TuMV, CaMV e CMV estarem amplamente difundidos noBrasil, em diversas culturas comerciais e plantas de vegetao espontnea(vila, 1979; Mello, 1981), aliado eficincia de transmisso dos insetosvetores (Lima, 1979), evidencia o potencial de disseminao destas virosespara a cultura da canola, devendo ser adotadas medidas preventivas decontrole.

    conveniente evitar a semeadura de canola.em reas prximas aoutras crucferas e curcubitceas, hospedeiras de vrus e afdeos vetores. Domesmo modo, no implantar lavouras prximas a reas de canola em estdiomais avanado de desenvolvimento e provvel fonte de inculo destespatgenos.

    Deve-se prevenir a presena de grandes populaes de insetos vetoresem lavouras onde ocorram plantas infectadas. recomendvel proceder aocontrole dos insetos para evitar a rpida disseminao de doenas virticas.

    A transmisso pela semente deve ser considerada no caso do CaMV eCMV, devendo-se evitar a utilizao de semente oriundas de lavouras comincidncia elevada de viroses.

    As plantas de vegetao espontnea, como a nabia, devem sererradicadas da lavoura e vizinhana, j que as mesmas so hospedeiras demuitas viroses e de afdeos vetores (Costa, 1974; Costa, 1980).

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