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2015
RELATÓRIO DE ESTABILIZAÇÃO DE EMERGÊNCIA
GRANDES INCÊNDIOS FLORESTAIS DE MANGUALDE
I NSTITUTO DA CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E DAS FLORESTAS, I,P.
CONCELHOS:
MANGUALDE
FORNOS DE ALGODRES
GOUVEIA
Relatório de Estabilização de Emergência
Grandes incêndios florestais que afetaram os concelhos de Mangualde, Fornos de
Algodres e Gouveia
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ÍNDICE
1. SUMARIO EXECUTIVO ……………………………………………………………………………………………………………….
1.1. Nota introdutória……………………………………………………………………………………………………………
1.2. Objetivo …………………………………………………………………………………………………………………………
2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA PERCORRIDA PELO INCÊNDIO …………………………….……………………………………
2.1. Área ardida total…………………………………………………………………………………………………………..…
2.2. Área ardida por concelho ………………………………………………………………………….……………………
2.3 Área ardida por uso do solo e por incêndio/concelho…………………………….……………………………
2.4. Área ardida por espécie florestal ………………………………………………………………………………………
2.5 Zonas de Intervenção Florestal..………………………………………………………………………………………
2.6 Área ardida nas áreas classificadas e no Regime Florestal …………………………………………………
2.7 Regime Cinegético ……………………………………………………………………………………………………………
2.8 Ordenamento Aquícola ………………………………………………………………………………………………………
3. MEDIDAS PARA ESTABILIZAÇÃO DE EMERGÊNCIA...……………………………………………………………………………
ANEXOS……………………………………………………………………………………………………………………………….…
3
3
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4
4
5
6
7
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Relatório de Estabilização de Emergência
Grandes incêndios florestais que afetaram os concelhos de Mangualde, Fornos de
Algodres e Gouveia
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1. SUMÁRIO EXECUTIVO:
1.1. Nota Introdutória
Nos distritos de Viseu e Guarda, entre o período de 29 de junho e 10 de agosto de 2015 decorreram uma
sequência de acontecimentos, que originaram três grandes incêndios, com as seguintes designações–
Abrunhosa-a-Velha, Contenças de Baixo e Cubos, afectando várias freguesias dos concelhos de Mangualde,
Fornos de Algodres e Gouveia, resultando numa área ardida conjunta, aproximadamente de 2489,61 ha.
A ocorrência de Abrunhosa-a-Velha teve início na freguesia de Abrunhosa-a-Velha, no dia 29 de junho,
pelas 14h57min, totalizando cerca de 822,053 hectares ardidos, abrangendo os concelhos de Mangualde
(freguesia de Abrunhosa-a-Velha), Fornos de Algodres (Freguesia de Fornos de Algodres) e Gouveia
(freguesias de Arcozelo, Ribamondego e Vila Franca da Serra). Este incêndio florestal correspondeu à
ocorrência da ANPC nº 2015180033522 e foi encerrada no dia 30 de junho de 2015 às 06h38m.
No dia 06 de agosto de 2015, no concelho de Mangualde, junto de Contenças de Baixo deflagrou um
incêndio florestal, pelas 15h59min, que resultou numa área ardida de 986,784 ha, abrangendo as
freguesias de Abrunhosa-a-Velha, Freixiosa, União de Freguesias de Mangualde, Mesquitela e Cunha Alta e
União de Freguesias de Santiago de Cassurrães e Póvoa de Cervães. Este incêndio florestal, com a
designação de Contenças de Baixo, correspondeu à ocorrência da ANPC nº 2015180041449 e foi encerrada
no dia 11 de agosto de 2015 pelas 05h23m.
A ocorrência de Cubos teve início no dia 10 de agosto, pelas 12h20min, totalizando cerca de 680, 601 ha
ardidos no concelho de Mangualde, abrangendo as freguesias de Cunha Baixa, Espinho, União de
Freguesias de Mangualde, Mesquitela e Cunha Alta e União de Freguesias de Santiago de Cassurrães e
Póvoa de Cervães. Este incêndio florestal correspondeu à ocorrência da ANPC nº 2015180042317 e foi
encerrada no dia 11 de agosto de 2015 pelas 05h23m.
Desta forma, estima-se que será necessário proceder à recuperação de uma vasta área de espaços florestais
(povoamentos e incultos), bem como à proteção e reabilitação das principais linhas de água e das vertentes
mais afetadas.
O presente documento resulta do trabalho conjunto entre o ICNF e os GTF de Mangualde, Fornos de
Algodres e Gouveia, e pretende dar a conhecer, de uma forma expedita e imediata, o enquadramento das
situações, seus impactes e propostas de estabilização.
Numa vertente exclusivamente biofísica, a recuperação de áreas ardidas envolve, tradicionalmente e para
os sistemas florestais de silvicultura não intensiva, três fases distintas:
A primeira, muitas vezes designada como de “estabilização de emergência”, decorre logo
após (ou ainda mesmo durante) a fase de combate ao incêndio e visa não só o controlo da erosão e
a proteção da rede hidrográfica, mas também a defesa das infraestruturas e das estações e habitats
mais sensíveis;
Segue-se uma fase de “restauro e reabilitação”, nos dois anos seguintes, em que se procede
à avaliação dos danos e da reação dos ecossistemas, à recolha de salvados e, eventualmente, a
ações de recuperação biofísica e mesmo já à reflorestação de zonas mais sensíveis;
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Na terceira fase, de “longo prazo”, são planeados e implementados os projetos definitivos
de recuperação/reflorestação, normalmente a partir dos três anos após a passagem do fogo.
Não existem procedimentos normalizados relativamente às duas primeiras fases, cuja implementação é da
responsabilidade do proprietário florestal ou de entidades públicas em zonas especiais de gestão
(perímetros florestais, áreas protegidas, albufeiras de águas públicas, etc.); são exceção os anos de épocas
severas de incêndios florestais, em que são instituídos mecanismos excecionais de apoio ao controlo da
erosão, à recolha de salvados, à silvopastorícia, etc.
1.2 Objetivo
O presente relatório técnico tem como objetivo enquadrar administrativamente o território afetado pelos
grandes incêndios florestais (GIF) que afectaram os Concelhos de Mangualde, Fornos de Algodres e
Gouveia e caraterizar os impactes na vertente dos espaços florestais, tendo em vista a identificação, numa
primeira fase, das medidas de estabilização de emergência e restauro ecológico, para que numa segunda
fase se proceda ao restabelecimento do potencial produtivo, para suporte das atividades florestais e
reposição dos valores ecológicos e socioeconómicos.
Este relatório constitui um contributo para criar as condições que permitam, um eventual
desencadeamento dos procedimentos necessários à minimização dos danos provocados pelos incêndios
florestais.
2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA PERCORRIDA PELOS INCÊNDIOS FLORESTAIS:
2.1. Área ardida total
A avaliação da área ardida, não só no que respeita aos perímetros afetados, mas também à severidade
atingida pelos incêndios nas diferentes parcelas, constitui informação de base essencial para a avaliação
dos danos e para a formulação do programa de recuperação.
Uma vez que se tratava de uma grande extensão territorial, o ICNF estabeleceu contactos prévios com os
Gabinetes Técnicos Florestais (GTF) dos municípios afectados, no sentido de conjugar esforços para se
efetuar uma correta delimitação dos perímetros ardidos, bem como a identificação das manchas interiores
não ardidas.
Com base no levantamento dos perímetros efetuados no terreno, a superfície total ardida totaliza os
2489,61 hectares, abrangendo os distritos de Viseu (concelho de Mangualde) e Guarda (concelho de Fornos
de Algodres e Gouveia). No seguinte mapa ilustra-se a distribuição da área ardida pelos concelhos e pelas
respetivas freguesias.
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Mapa 1 – Enquadramento da área afetada pelos grandes incêndios florestais
2.2. Área ardida por concelho e por incêndio
No quadro 1 são apresentadas as distribuições das áreas ardidas pelos respetivos concelhos, no total dos
três grandes incêndios florestais ocorridos.
Quadro 1 – Distribuição das superfícies ardidas por concelho
Concelho Área Total (ha) Área ardida (ha) %
Mangualde 22 072 2 090,46 9, 47
Fornos de Algodres 13 145 270,72 2, 06
Gouveia 30 061 128,42 0, 43
A ocorrência que teve início na freguesia de Abrunhosa-a-Velha, no Concelho de Mangualde, no dia 29 de
Junho, totalizou 820, 1 hectares ardidos, abrangendo os concelhos de Mangualde, Fornos de Algodres e
Gouveia, sendo a distribuição da área ardida pelos concelhos e freguesias conforme se ilustra no quadro 2.
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Quadro 2 – Distribuição das superfícies ardidas por concelho e freguesia, incêndio de Abrunhosa-a-Velha
Concelho Freguesia Área total (ha)
Área ardida (ha)
%
Mangualde Abrunhosa-a-Velha 1729,94 422,91 24, 45
Mangualde Total 22 072 422,91 1, 92
Fornos de Algodres Fornos de Algodres 1 545 270,72 17,52
Fornos Algodres Total 13 145 270,72 2, 06
Gouveia
Arcozelo 2 200 117,7 5, 35
Ribamondego 755 4, 7 0, 63
Vila Franca da Serra 1101 6, 4 0, 58
Gouveia Total 30 061 128,42 0, 43
Área total ardida 820,1
No dia 06 de agosto de 2015, junto de Contenças de Baixo deflagrou um incêndio florestal, que resultou
numa área ardida de 986,784 ha, abrangendo o concelho de Mangualde, apresentando-se no seguinte
quadro a distribuição das superfícies ardidas pelo concelho e freguesias afectados.
Quadro 3 – Distribuição das superfícies ardidas por concelho e freguesia, incêndio de Contenças de Baixo
Concelho Freguesia Área total (ha)
Área ardida (ha)
%
Mangualde
Abrunhosa-a-velha 1729,94 241,25 13,95
Freixiosa 731,9 8,19 1,12
UF Santiago Cassurrães e Póvoa Cervães
3002,81 611,23 20,36
UF de Tavares (Chãs, Várzea e Travanca)
3501,67 126,10 3, 60
Mangualde Total 22 072 986,784 4, 47
Área total ardida 986,784
No incêndio florestal que ocorreu no dia 10 de agosto de 2015, com a designação de Cubo, arderam
680,601 hectares, apresentando-se a distribuição da superfície ardida por concelho e freguesia no quadro
4.
Quadro 4 – Distribuição das superfícies ardidas por concelho e freguesia, incêndio de Cubo
Concelho Freguesia Área total
(ha) Área ardida
(ha) %
Mangualde
Cunha Baixa 1551,7 25, 15 1,62
Espinho 1455,25 12, 06 0,83
UF Mangualde, 4624,94 514, 78 11,13
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Mesquitela e Cunha Alta
UF Santiago Cassurrães e Póvoa de Cervães
3002,81 128, 61 4,28
Mangualde Total 22 072 680,601 3,08
Área total ardida 680,601
2.3. Área ardida por uso do solo e por incêndio/concelho
Quadro 5 – Distribuição das superfícies ardidas por ocupação do solo para os 3 incêndios
Incêndios Florestais Agrícola Agro-
Florestal Florestal Incultos Hidrografia Urbano Total
IF de Abrunhosa-a-Velha 37,703
201,468 581,040 1,385 0,386 822,053
IF de Contenças de Baixo 32,156 10,596 44,956 899,07
986,778
IF de Cubos 97,792 10,992 123,108 446,608 0,011 2,083 680,601
Total 2489,61
No incêndio florestal de Abrunhosa-a-Velha e tendo por base a carta de uso e ocupação do solo constante
do PMDFCI, verifica-se que 95,19 % da área ardida estava ocupada por espaços florestais (floresta e
incultos), e 4,59 % por espaços agrícolas, conforme se pode visualizar no mapa 2 e no quadro 5.
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Mapa 2 – Ocupação do solo na área ardida, Incêndio de Abrunhosa-a-Velha
Quadro 6 – Distribuição da ocupação do solo na área ardida, incêndio de Abrunhosa-a-Velha
Concelho / Freguesia Agrícola Agro-
Florestal Florestal Incultos Hidrografia Urbano Total
Mangualde Abrunhosa-a-Velha
22,715
135,445 263,045 1,317 0,386 422,908
Fornos de Algodres
Fornos de Algodres
7,734 23,386 239,6 270,72
Gouveia
7,255
42,637 78,465 0,068
128,425
Arcozelo
117,7
Ribamondego
4,7
Vila Franca da
Serra 6,4
Total 37,704 201,468 581,11 1,385 0,386 822,053
No dia 06 de agosto de 2015, junto de Contenças de Baixo deflagrou um incêndio florestal, que resultou numa área ardida de 986,784 ha, abrangendo o concelho de Mangualde, verificando-se que 96, 74% da área ardida estava ocupada por espaço florestal (floresta, agro-florestal e incultos) e 3, 26% por espaços
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agrícolas, tendo por base a carta de uso e ocupação do solo do PMDFCI conforme se pode visualizar no mapa 3 e no quadro 7.
Mapa 3 – Distribuição da área ardida, incêndio florestal de Contenças de Baixo
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Quadro 7 – Distribuição da ocupação do solo na área ardida, incêndio florestal de Contenças de Baixo
Concelho / Freguesia Agrícola Agro-
Florestal Florestal Incultos Hidrografia Urbano Total
Mangualde
Abrunhosa a Velha 15,661 1,049 22,063 201,872
240,645
Freixiosa
8,252
8,252
UF de Santiago de Cassurães e Póvoa de
Cervães 16,199 7,738 10,217 577,249
611,403
UF de Tavares (Chãs, Várzea e Travanca)
0,296 1,809 12,676 111,699
126,48
Total 32,156 10,596 44,956 899,07
986,78
No incêndio florestal que ocorreu no dia 10 de agosto de 2015, com a designação de Cubos, arderam
680,601 hectares, com 85, 32 % da área ardida estava ocupada por espaço florestal (floresta, agro-florestal
e incultos) e 14, 50% por espaços agrícolas, conforme se pode visualizar no mapa 4 e no quadro 8.
Mapa 4 – Ocupação do solo na área ardida, incêndio florestal de Cubos
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Quadro 8 – Distribuição da ocupação do solo na área ardida, incêndio florestal de Cubos
Concelho / Freguesia Agrícola Agro-
Florestal Florestal Incultos Hidrografia Urbano Total
Mangualde
Cunha Baixa 6,792 0,153 18,162
25,107
Espinho 2,069
1,031 8,866 0,009 0,042 12,017
UF de Mangualde, Mesquitela e Cunha
Alta 74,085 9,532 101,578 327,841 0,002 2,041 515,078
UF de Santiago de Cassurães e Póvoa de
Cervães 14,846 1,307 2,337 109,901
128,391
Total 97,792 10,992 123,108 446,608 0,011 2,083 680,601
2.4 Área ardida por espécie florestal
Os espaços percorridos pelos incêndios são maioritariamente de natureza florestal (cerca de 326,89 ha),
sendo que 33% da área afetada é constituída por matos e pastagens. A sua repartição por classes de uso do
solo e de ocupação florestal, de acordo com os dados do PMDFCI (COS 2007), é indicada na figura 1 e nos
quadros 8 e 9.
Figura 1 – Distribuição dos usos do solo na área ardida
6,72
0,87
14,84
77,41
0,06 0,10
Uso do Solo na Área Ardida
Agricultura
Agro-florestal
Floresta
Incultos
Hidrografia
Urbano
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Quadro 9 – Distribuição dos usos do solo na área ardida, com base no PMDFCI (COS 2007) e validação de campo
Usos do solo Total (ha)
Taxa
Agricultura 167,395 6,72
Agro-florestal 21,588 0,87
Floresta 369,532 14,84
Incultos 1927,23 77,41
Hidrografia 1,396 0,06
Urbano 2,469 0,10
Total 2489,61 100,00
Quadro 10 – Distribuição dos povoamentos florestais na área ardida, por incêndio florestal, com base nos dados do PMDFCI (COS 2007) e validação de campo
Espécies Florestais IF Abrunhosa-a-
Velha
IF de Contenças de Baixo
IF de Cubos
Total Taxa
Pinheiro Bravo 97,497 44,956 94,897 237,35 64,23
Sobreiro 88,047
88,047 23,83
Outras 7,961
36,174 44,135 11,94
Total
369,532 100
2.5 Zona de Intervenção florestal
Sob o ponto de vista da gestão florestal merece destaque a existência de 3 zonas de intervenção florestal
(ZIF) afetadas pelos GIF (ZIF de Pousadas, ZIF de Aljão Mondego e ZIF de Gouveia Este - mapa 6). Como
caracterização sintética da ZIF existente pode observar-se o quadro 11.
Quadro 11 - Zona de intervenção florestal afetada pelo GIF
ZIF
Área Área
ardida Área ardida
Concelho Ano da
constituição total (ha)
(ha) (%)
Pousadas 4453 1116 25,06 Mangualde 2011
Aljão Mondego 4288 118 2,75 Gouveia 2008
Gouveia Este 5712 8 0,14 Gouveia 2009
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Mapa 5 – Zonas de intervenção florestal (ZIF) afetadas pelos incêndios florestais
2.6 Área ardida nas áreas classificadas e no Regime Florestal
A área percorrida pelos incêndios de Abrunhosa a Velha, Countenças e Cubos não apresentam áreas
protegidas geridas pelo ICNF, bem como da Rede Natura 2000 (Sítios de Importância Comunitária e Zonas
de Proteção Especial).
2.7 Regime cinegético
A quase totalidade do território percorrido pelos grandes incêndios florestais encontra-se em regime
ordenado, compreendendo a zonas de caça associativa de Mangualde e a zonas de caça municipal de
Fornos de Algodres, estando os terrenos cinegéticos não ordenados limitados a bolsas de pouca dimensão.
No quadro 13 pode ser consultada a lista de zonas de caça afetadas pelos incêndios, ilustrando o mapa 7 a distribuição das zonas de caça na área ardida.
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Quadro 12 – Zonas de caça afetadas pelos grandes incêndios
Designação da Zona de Caça
Tipo Concelho Portaria Área Total (ha)
Área Ardida
(ha)
Área Ardida
(%)
ZCA de Mangualde
ZCA Mangualde 623/2013 de 22 de
novembro 8773,49 1894,89 21,6
ZCM de Fornos de Algodres
ZCM Fornos de Algodres Despacho
VCD_SCBS/511/2014 11977 267,57 2,23
ZCM – Zona de caça municipal ZCA – zona de caça associativa
Face à sua extensão, os incêndios florestais afetaram significativamente as populações das espécies
cinegéticas existentes, o que compromete não só a sua exploração racional na presente época venatória,
como implica a necessidade de se adotarem medidas de proteção dos exemplares sobreviventes, com o fim
de possibilitar a recuperação das suas populações.
Mapa 6 - Zonas de caça afetadas pelos grandes incêndios florestais
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2.8 Ordenamento aquícola
Na área afetada pelos incêndios florestais não se encontra inserida qualquer zona de pesca desportiva (ver
mapa 8), sendo contudo de esperar que alguns impactos possam surgir em troços a jusante das áreas
ardidas, pela escorrência de cinzas e resíduos.
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3 MEDIDAS PARA ESTABILIZAÇÃO DE EMERGÊNCIA
AÇÕES DE COMBATE À EROSÃO E CORREÇÃO TORRENCIAL
A avaliação rigorosa dos impactes e dos efeitos do fogo nos ecossistemas deverão averiguar as áreas em
que o solo perdeu o seu coberto protetivo e também, a parte do seu horizonte superficial orgânico.
Existe uma janela de oportunidade muito curta para a execução de medidas preventivas, uma vez que
frequentemente são as chuvas de Outono que possuem maior potencial erosivo. Neste sentido, as
principais áreas de intervenção centram-se nas situações onde os impactos são mais significativos,
nomeadamente:
proteção e recuperação de linhas de água;
proteção de caminhos e faixas de interrupção de combustíveis.
Atendendo às características orográficas e pedológicas da área ardida, não se considerou emergente actuar
ao nível da proteção de encostas e áreas suscetíveis a forte erosão laminar ou ravinamentos,
No âmbito das medidas de recuperação das áreas ardidas há ainda que salientar os seguintes aspetos:
Nos trabalhos de campo deve sempre que possível proceder-se à confirmação dos locais e sub-
bacias identificados como mais suscetíveis a fenómenos erosivos e torrenciais;
Assume especial relevância uma monitorização permanente de toda a região abrangida, no sentido
de o mais precocemente possível identificar focos nascentes de erosão (laminar ou por
ravinamento) e adotar as necessárias medidas preventivas e corretivas, em especial no que toca à
salvaguarda de infraestruturas (rede viária, etc.) e de vidas humanas;
A interligação da rede hidrográfica com a rede viária existente e o normal funcionamento dos
dispositivos hidráulicos dos caminhos florestais constituem pontos essenciais do esquema de
monitorização e de prevenção da erosão;
As intervenções realizadas no decurso do combate ao incêndio e que tenham envolvido técnicas
com impacte no solo (p. ex., abertura de faixas de interrupção de combustível com lâmina) devem
ser alvo de medidas específicas de mitigação dos seus efeitos erosivos;
A intervenção no território, sobretudo no que toca à gestão e extração do arvoredo queimado,
deve sempre incorporar medidas de prevenção de erosão.
As técnicas a utilizar variam para cada situação, devendo os técnicos selecionar as mais apropriadas, após
uma rigorosa avaliação prévia do local e da relação custo-benefício da intervenção a propor, tendo em
consideração neste caso os valores existentes a jusante.
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O eventual recurso a apoios financeiros públicos no âmbito do PDR2020 – operação 8.1.4, deve ter sempre
em consideração os períodos de tempo que decorrem entre a decisão de intervenção e a sua efetiva
concretização, o que é particularmente importante nas intervenções que assumam maior urgência.
A gestão das galerias ribeirinhas deverá ter em atenção, por um lado, a maior importância e sensibilidade
ecológica destes espaços e, por outro, a necessidade de evitar que estas formações se transformem em
corredores preferenciais na propagação dos fogos, como vem sucedendo com alguma frequência, devido
quer à sua posição topográfica, quer à elevada densidade e continuidade de combustível, quer ainda à alta
inflamabilidade em condições climatéricas e edáficas desfavoráveis.
Deverão, ainda, ser estritamente respeitadas as faixas de proteção às linhas de água estabelecidas no
âmbito do regime do domínio hídrico.
Constituem princípios gerais de intervenção após incêndio em galerias ribeirinhas:
1. Favorecer a regeneração natural dos diferentes estratos de vegetação.
Os sistemas ribeirinhos mediterrânicos são caracterizados por uma forte capacidade regenerativa pós-
incêndio, resultado de milhões de anos de evolução num contexto em que o fogo é um dos mais poderosos
fatores ecológicos. Numa situação normal, a regeneração das espécies lenhosas é imediata, a partir do
sistema radicular não afetado, o mesmo sucedendo com as espécies vivazes; as espécies anuais
características da região surgirão após as primeiras chuvas do Outono.
As intervenções deverão centrar-se na limpeza e desobstrução das margens e leitos dos cursos de água,
nos casos em que tal impeça o normal fluir dos caudais ou propicie um elevado risco de agravamento das
condições fitossanitárias ou de perigo de incêndio.
A condução destas formações deverá favorecer a rápida recuperação das formações clímax, de forma a
garantir a descontinuidade horizontal e vertical dos combustíveis dos níveis arbustivo, herbáceo.
2. Rearborizar através de plantação/sementeira artificiais apenas em casos excepcionais.
A regeneração artificial de bandas ribeirinhas apenas deverá ser realizada quando se verificar uma
destruição total da vegetação pré-existentes ou quando a situação pré-existente se caracterizava já por
uma acentuada degradação, por exemplo sem a presença de estrato arbóreo/arbustivo, com dominância
de espécies exóticas invasoras.
Poderá ser recomendada, ainda, em ações integradas de combate à erosão ou de correção torrencial.
3. Interditar a utilização de material vegetal não originário da vizinhança imediata do troço do curso
de água.
Atendendo à notável variedade genética e originalidade de muitas formações florestais ribeirinhas, o
material vegetal a utilizar (sementes, estacas, plântulas) deverá ser proveniente de bandas ripícolas das
imediações do local a regenerar. A não observância deste preceito poderá acarretar o empobrecimento
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ecológico e a poluição genética irreversível de numerosas espécies características dos ecossistemas
afetados, especialmente ao nível dos géneros mais suscetíveis à hibridação.
4. Atender à composição e estrutura das formações florestais características da região
O acompanhamento da regeneração natural da vegetação ribeirinha deverá ter como referência as
formações características da região intervindo, sempre que for necessário, ao nível da eliminação de
espécies exóticas invasoras, da gestão hidráulica, etc.
As ações previstas neste relatório observam a legislação em vigor e devem ser enquadradas no âmbito da
proteção civil, da gestão dos recursos hídricos e da conservação de habitats e espécies classificados.
RECUPERAÇÃO DE INFRAESTRUTRAS
A rede viária florestal foi diretamente afetada e foi destruída sinalética vária, nomeadamente sinais de
trânsito, caça e toponímica.
Deve ser garantida uma monitorização mais intensa nos próximos meses, identificando necessidades de
reforço das estruturas, já que com a ocorrência das primeiras chuvas poderá ser essencial beneficiar os
sistemas hidráulicos – valetas e aquedutos, pelo previsível aumento de escorrência superficial das águas,
criando alguns onde tal se verifique necessário. Poderá ser necessária a estabilização de taludes e aterros
para prevenir deslizamentos de terras.
A queda de arvoredo de grande porte queimado ou entretanto debilitado constitui um risco acrescido para
o trânsito na rede viária que atravessam povoamentos ou que possuam arvoredo de alinhamento. Com
vista a reduzir esse risco, os troços das rodovias nacionais, municipais e vicinais que possuam arvoredo
contíguo deverão ser sujeitos a vigilância especial pela entidade gestora com os objetivos de:
Serem identificadas necessidades de intervenção, para cumprimento do disposto nos n.os 1 e 2 do art.º
36.º do Decreto-Lei n.º 124/2006 (remoção de materiais queimados numa faixa mínima de 25 m para cada
lado das faixas de circulação);
Notificação dos proprietários responsáveis por essa remoção.
As ações são enquadradas pelo Decreto-Lei n.º 124/2006, pelos regimes legais da rede viária nacional e
municipal e pela legislação de proteção civil.
Neste sentido, propõem-se na “Ficha de Identificação de necessidade de intervenção de estabilização de emergência após incêndio” (anexos) as medidas e ações de emergência e estabilização específicas acompanhadas de estimativa de custos.
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ANEXOS
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ANEXO I – Fornos de Algodres
1- IncêndioÁrea (ha) 2.489,61 Data inicio 29-06-2015 Data fim 10-08-2015
Concelho DCNF NUT III
2 - Parcelas de intervençãoParcela n.º 1 Elemento fisiográfico do terreno
Área (ha) 270,7 Encostas
Local Linhas de água x
Freguesia Rede viária x
Concelho Outro
3- Tipo de intervenção
Tratamento de Encostas Unidade QuantidadeValor
unitário (€)
Valor total
(€)
Aplicação de resíduos orgânicos (mulching) hectare
Sementeira de espécies de cobertura do solo hectare
Instalação de barreiras de troncos hectare
Instalação de barreiras de resíduos florestais hectare
Instalação de barreiras e mantas orgânicas ou geotexteis hectare
Abertura de regos segundo as curvas de nível hectare
Rompimento da camada do solo repelente à água hectare
0,00 €
Tratamento de linhas de água
Limpeza e desobstrução dos leitos hectare 4 2.500,00 € 10.000,00 €
Consolidação de margens hectare 3 3.000,00 € 9.000,00 €
Obras de correcção torrencial de pequena dimensão hectare 2 4.000,00 € 8.000,00 €
Limpeza e desobstrução de passagens hidráulicas hectare 2 900,00 € 1.800,00 €
28.800,00 €
Tratamento de caminhos
Consolidação de encostas e taludes km 2 700,00 € 1.400,00 €
Corte e remoção de árvores caídas km 0 0,00 €
Limpeza e desobstrução de valetas km 1 500,00 € 500,00 €
Drenagem de escoamentos sobre os pavimentos km 2 200,00 € 400,00 €
Construção de valetas e valas de drenagem km 6 1.100,00 € 6.600,00 €
Regularização e consolidação da superfície de caminhos km 14 571,43 € 8.000,00 €
16.900,00 €
Total 45.700,00 €
Fornos de Algodres
4- Obervações:
Ficha de identificação de necessidades de intervenções de estabilização de emergência
após incêndio
Mangualde, Fornos de
Algodres, Gouveia Centro Dão Lafões
Abrunhosa a Velha, Fornos de Algodres,
Arcozelo, Ribamondego e Vila Franca da
Serra
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ANEXO II - Mangualde
1- IncêndioÁrea (ha) 2.489,61 Data inicio 29-06-2015 Data fim 10-08-2015
Concelho DCNF NUT III
2 - Parcelas de intervençãoParcela n.º 2 Elemento fisiográfico do terreno
Área (ha) 2.090,5 Encostas
Local Linhas de água x
Freguesia Rede viária x
Concelho Outro
3- Tipo de intervenção
Tratamento de Encostas Unidade QuantidadeValor
unitário (€)
Valor total
(€)
Aplicação de resíduos orgânicos (mulching) hectare
Sementeira de espécies de cobertura do solo hectare
Instalação de barreiras de troncos hectare
Instalação de barreiras de resíduos florestais hectare
Instalação de barreiras e mantas orgânicas ou geotexteis hectare
Abertura de regos segundo as curvas de nível hectare
Rompimento da camada do solo repelente à água hectare
0,00 €
Tratamento de linhas de água
Limpeza e desobstrução dos leitos hectare 19 2.500,00 € 47.500,00 €
Consolidação de margens hectare 9 3.000,00 € 27.000,00 €
Obras de correcção torrencial de pequena dimensão hectare 14 3.571,43 € 50.000,00 €
Limpeza e desobstrução de passagens hidráulicas hectare 10 900,00 € 9.000,00 €
133.500,00 €
Tratamento de caminhos
Consolidação de encostas e taludes km 12 716,67 € 8.600,00 €
Corte e remoção de árvores caídas km 3 50,00 € 150,00 €
Limpeza e desobstrução de valetas km 25 500,00 € 12.500,00 €
Drenagem de escoamentos sobre os pavimentos km 39 200,00 € 7.800,00 €
Construção de valetas e valas de drenagem km 49 1.119,39 € 54.850,00 €
Regularização e consolidação da superfície de caminhos km 137 570,07 € 78.100,00 €
162.000,00 €
Total 295.500,00 €
4- Obervações:
Ficha de identificação de necessidades de intervenções de estabilização de emergência
após incêndio
Mangualde, Fornos de
Algodres, Gouveia Centro Dão Lafões
Abrunhosa-a-Velha, Freixiosa, União de
Freguesias de Santiago de Cassurães e Póvoa
de Cervães, União de Freguesias de Chãs de
Tavares, Várzea de Tavares e Travanca de
Tavares, Cunha Baixa, Espinho e União de
Freguesias de Mangualde, Mesquitela e
Cunha Alta
Mangualde
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Grandes incêndios florestais que afetaram os concelhos de Mangualde, Fornos de
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ANEXO III - TOTAL
1- IncêndioÁrea (ha) 2.489,61 Data inicio 29-06-2015 Data fim 10-08-2015
Concelho DCNF NUT III
2 - Parcelas de intervençãoParcela n.º 1,2 Elemento fisiográfico do terreno
Área (ha) 2.489,6 Encostas
Local Linhas de água x
Freguesia Rede viária x
Concelho Outro
3- Tipo de intervenção
Tratamento de Encostas Unidade QuantidadeValor unitário
(€)
Valor total
(€)
Aplicação de resíduos orgânicos (mulching) hectare
Sementeira de espécies de cobertura do solo hectare
Instalação de barreiras de troncos hectare
Instalação de barreiras de resíduos florestais hectare
Instalação de barreiras e mantas orgânicas ou geotexteis hectare
Abertura de regos segundo as curvas de nível hectare
Rompimento da camada do solo repelente à água hectare
0,00 €
Tratamento de linhas de água
Limpeza e desobstrução dos leitos hectare 23 2.500,00 € 57.500,00 €
Consolidação de margens hectare 12 3.000,00 € 36.000,00 €
Obras de correcção torrencial de pequena dimensão hectare 16 3.625,00 € 58.000,00 €
Limpeza e desobstrução de passagens hidráulicas hectare 12 900,00 € 10.800,00 €
162.300,00 €
Tratamento de caminhos
Consolidação de encostas e taludes km 14 714,29 € 10.000,00 €
Corte e remoção de árvores caídas km 3 50,00 € 150,00 €
Limpeza e desobstrução de valetas km 26 500,00 € 13.000,00 €
Drenagem de escoamentos sobre os pavimentos km 41 200,00 € 8.200,00 €
Construção de valetas e valas de drenagem km 55 1.117,27 € 61.450,00 €
Regularização e consolidação da superfície de caminhos km 151 570,20 € 86.100,00 €
178.900,00 €
Total 341.200,00 €
Agueda, Albergaria-a-Velha, Sever do Vouga
4- Obervações:
Ficha de identificação de necessidades de intervenções de estabilização de emergência
após incêndio
Mangualde, Fornos de
Algodres Centro Dão Lafões
Abrunhosa-a-Velha, Freixiosa, União de
Freguesias de Santiago de Cassurães e Póvoa
de Cervães, União de Freguesias de Chãs de
Tavares, Várzea de Tavares e Travanca de
Tavares, Cunha Baixa, Espinho e União de
Freguesias de Mangualde, Mesquitela e
Cunha Alta