carnaval: violência contra a mulher, racismo e homofobia ... · anexo v questionário para...
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roteiro observao 2007 sade.doc
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Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e
homofobia, na opiniode quem faz a festa
roteiro observao 2007 sade.doc
Relatrio apresentado pela Fundao de Assistncia Scio Educativa e Cultural Fasec Secretaria Especial de Direitos
Humanos da Presidncia da Repblica SEDHCONVNIO n 004/2007 Julho de 2007
Carnaval de 2007 Salvador, Bahia
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roteiro observao 2007 sade.doc
RELATRIO DE PESQUISA
SUPERINTENDNCIA ESPECIAL DE POLTICAS PARA AS MULHERES SPM SSA PMSalvador
CENTRO DE REFERNCIA LORETA VALADARES PREVENO E ATENO A MULHERES EM SITUAO DE
VIOLNCIA
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roteiro observao 2007 sade.doc
Observatrio da discriminao racial e da violncia contra a mulher Carnaval 2007
Secretaria de Promoo da Igualdade do Governo do Estado da Bahia SEPROMISecretaria do Turismo do Governo do Estado da BahiaBahiatursa
Secretaria Municipal da Reparao SEMUR SSASuperintendncia Especial de Polticas para Mulheres de Salvador SPM SSA
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roteiro observao 2007 sade.doc
Agradecimentos
Ao Prof. Dr. Carlos Alberto da Costa Gomes,pela sensibilidade, presteza e valiosa colaborao
no enquadramento metodolgico da pesquisa
Sociloga Vanda de S Barreto, Superintendente de Polticas de Promoo
da Igualdade Racial da SEPROMI,pelo estmulo para realizao e publicao deste estudo
e pelo esforo para viabiliz-lo financeiramente
Ao Centro de Referncia Maria Felipa da Policial Militar da PM / BA, Coordenao da Sade da Populao Negra da SMS,
Semur Secretaria Municipal da Reparao,ao GGB Grupo Gay da Bahia,
ao Grupo Palavra de Mulher Lsbica,pelas contribuies na definio dos formulrios da pesquisa
s 1261 pessoas entrevistadas, sujeitos deste trabalho, que riem, choram, danam, trabalham, sofrem, brincam e nos
inspiram a aperfeioar a interveno pblica nessa grande Festa que o Carnaval de Salvador.
Secretaria Municipal de Sade e Secretaria de Segurana Pblica,que abriram suas portas presena das pesquisadoras,
atravs dos Servios instalados no Circuito da Festa.
CREDITOS DA PESQUISA
RELATORIAMaria Eunice Xavier Kalil
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roteiro observao 2007 sade.docFrancisca Eleonora SchiavoMaria Helena Souza da Silva
COORDENAO TCNICAMaria Eunice Xavier KalilFrancisca Eleonora Schiavo
COORDENAO TCNICA-OPERACIONALFrancisca Eleonora SchiavoKtia Brochado
APOIO TCNICOSilvana Cruz Leal
APOIO ADMINISTRATIVOEzilda Cndida da Conceio
APOIO LOGSTICO Adalice Ramos de Oliveira
Marisete de Jesus Teixeira
MOTORISTASCristvo Colombo FerreiraUbirajara Ferreira da SilvaRoberto Luis Costa dos SantosLuiz Trindade de Santana
DIGITADORASIsabelly Cristina de Aquino PinheiroEunice Jos CostaTnia Maria Gonalves PalmaCludia MagalhesJacinta Marta Tavares Leiro
6
roteiro observao 2007 sade.doc
PESQUISADORASAna Cludia Muller UrpiaAndra Melo Silva LucenaAna Maria de Souza AndradeBrbara Cristina de OliveiraDaniela Miguez CostaDanbia Leal LimaEunice Jos CostaJacinta Marta Tavares LeiroJanildes Oliveira de LimaJamile dos Santos CarvalhoJucigleide Pinheiro SantosLarissa Correia Nunes DantasLiberalina Pereira de AlencarLuciana Conceio Santos da MotaLuciana Ferreira RibeiroLudmilla Oliveira RamosMara SchwingelMarlene Machado SilvaMrio Srgio LeonorSuely Maria Costa LoboNeidjane Gonalves dos SantosTnia Maria Gonalves PalmaZilmar Alverita da Silva
S U M R I O
Lista de Anexos .......................................................................................................... 4
Lista de Tabelas ........................................................................................................ 5
Lista de Grficos ........................................................................................................ 7
7
roteiro observao 2007 sade.docApresentao ............................................................................................................. 9
1 Introduo................................................................................................................. 11
2 Informao sobre ocorrncias no Carnaval.............................................................. 12
3 Organizao e desenvolvimento da pesquisa ......................................................... 183.1 Articulao com outras aes do Observatrio da discriminao racial e da
violncia contra a mulher .................................................................................... 183.2 Desenho da pesquisa Carnaval em Salvador: violncia e discriminao
racial, sexista e por orientao sexual na perspectiva das mulheres .............. 183.2.1 Espao de realizao da coleta de dados ................................................. 183.2.2 Instrumentos .............................................................................................. 193.2.3 Equipe, capacitao e organizao do trabalho de coleta de dados ........ 223.2.4 A coleta e o processamento dos dados .................................................... 23
4 Folionas / folies, trabalhadoras e profissionais: os sujeitos da pesquisa .............. 25
5 Os sujeitos e a festa ................................................................................................ 325.1 Sentimento geral com respeito festa ............................................................... 325.2 Utilizao de equipamentos ............................................................................... 39
6 A percepo revelada .............................................................................................. 46
7 Concluses .............................................................................................................. 54
8 Recomendaes ...................................................................................................... 63
LISTA DE ANEXOS
Anexo I Folheto distribudo aos sujeitos da pesquisaAnexo II Questionrio para Folionas e FoliesAnexo III Questionrio para AmbulantesAnexo IV Questionrio para CordeirasAnexo V Questionrio para Profissionais de Postos de Sade e de PolciaAnexo VI Questionrio para Usurias de Postos de Sade e de PolciaAnexo VII Roteiro para Observao em Postos de Sade
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roteiro observao 2007 sade.docAnexo VIII Roteiro para Observao em Postos de PolciaAnexo IX Orientaes gerais para as pesquisadorasAnexo X Tabelas do estudoAnexo XI Fotos
Carnaval, violncia contra a mulher, racismo e homofobia, na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
Lista de tabelas
nmero Nome pgina
Tabela 1 - Nmero de atendimentos na clnica mdica do Instituto Mdico Legal Nina Rodrigues, Carnaval 2005, Salvador
15
Tabela 2 - Atendimentos na clnica mdica do Instituto Mdico Legal Nina Rodrigues por tipo de exame realizado, Carnaval 2005, Salvador
15
Tabela 3 - Nmero de pessoas atendidas por causas violentas durante o Carnaval, segundo o sexo da vtima postos dos circuitos, Salvador 2005 e 2006
15
Tabela 4 - Nmero de pessoas atendidas por causas violentas durante o Carnaval por tipo de causa, segundo o sexo - postos dos circuitos, Salvador 2006
16
Tabela 5 - Distribuio do nmero de pessoas do sexo feminino atendidas por causas violentas durante o Carnaval por tipo de causa, segundo a raa/cor postos dos circuitos, Salvador 2006
16
Tabela 6 - Nmero de pessoas atendidas por causas violentas durante o Carnaval, segundo o 17
9
roteiro observao 2007 sade.doctipo da vtima - Salvador 2006
Tabela 7 - Distribuio do nmero de pessoas atendidas por causas violentas durante o Carnaval, segundo o perpetrador da agresso Salvador 2006
17
Tabela 8 - Nmero de pessoas atendidas por causas violentas durante o Carnaval por circuito e segundo a raa/cor - Salvador 2006
17
Tabela 9 - Ocorrncias de Agresso Fsica / Sexual (%) Carnaval de 2006 - Salvador 17Tabela 10 - Formas de Violncia (%) - Carnaval de 2006 Salvador 17Tabela 11 Distribuio dos profissionais, de acordo com a satisfao por trabalhar no Carnaval,
por setor. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
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Tabela 12 Distribuio dos profissionais, de acordo com sua definio para o Carnaval, por setor. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
34
Tabela 13 Distribuio dos policiais de acordo com sua viso da utilidade do servio. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
34
Tabela 13 A Distribuio dos profissionais de sade de acordo com sua viso da utilidade do servio. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
35
Tabela 14 Distribuio dos profissionais, de acordo com a opinio sobre as condies de trabalho, por setor. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
35
Tabela 15 Distribuio dos profissionais, de acordo com a opinio sobre a organizao do trabalho, por setor. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
35
Tabela 16 - Distribuio das cordeiras, de acordo com a opinio sobre o tratamento recebido por homens e mulheres no bloco. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
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Tabela 17 - Distribuio das cordeiras, de acordo com a opinio sobre disponibilidade de gua, alimentao, equipamento e assistncia jurdica no bloco. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
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Tabela 18 Distribuio das ambulantes, segundo relao com a SESP a respeito de mercadoria. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
36
Tabela 19 Onde dormem as ambulantes durante o Carnaval. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
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Tabela 20 Condies do sono das ambulantes durante o Carnaval. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
38
Tabela 21 - Percepo da violncia entre os/as entrevistadas/os da polcia. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
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Tabela 21 A Percepo da violncia entre os/as entrevistadas/os da sade. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
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Tabela 22 Distribuio do conhecimento de servios de ateno a mulheres em situao de violncia entre ambulantes, cordeiras, folionas e folies. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
48
Tabela 23 Distribuio de ambulantes, folionas e folies segundo experincia de violncia no Carnaval. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
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Tabela 23A - Distribuio de ambulantes, cordeiras, folionas e folies segundo percentual de tipo 50
10
roteiro observao 2007 sade.docde violncia experimentada (= % sim) no Carnaval. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
Tabela 24 Nmero e percentual de situaes vividas ou vistas por ambulantes, cordeiras e folionas que foram tambm presenciadas por policial. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
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Tabela 25 Nmero e percentual de mulheres que se declararam lsbicas entre ambulantes, cordeiras e folionas. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
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Tabela 26 Nmero e percentual de mulheres que se declararam lsbicas entre ambulantes, cordeiras e folionas. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
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Tabela 27 Distribuio de cordeiras, ambulantes, folionas e folies segundo o sentimento de discriminao devido a cor/raa. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
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Tabela 28 - Distribuio das usurias dos servios segundo o sentimento de discriminao devido a cor/raa em situaes especficas. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
53
Carnaval, violncia contra a mulher, racismo e homofobia, na opinio de quem faz a festa Salvador, Carnaval 2007
Lista de grficos
nmero Nome pgina
Grfico 1 - Distribuio das pessoas entrevistadas segundo cor da pele declarada. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007. N = 1.186
25
Grfico 2 - Distribuio percentual da cor da pele declarada pelas pessoas entrevistadas segundo grupo. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007. N = 1.186
26
Grafico 3 - Distribuio das pessoas entrevistadas segundo faixa etria. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
26
Grafico 4 - Distribuio percentual das pessoas entrevistadas segundo faixa etria e por grupo. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007. N = 1.186
27
Grfico 5 - Distribuio percentual das pessoas entrevistadas segundo escolaridade. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007. N = 1.109 (no entraram os profissionais)
27
Grfico 6 - Distribuio percentual das pessoas entrevistadas segundo escolaridade de cada grupo. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007. N = 1.109 (no entraram os profissionais)
28
Grfico 7 - Percentuais de ambulantes e cordeiras que possuem casa prpria e que so chefes de suas famlias. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
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Grfico 8 - Propriedade do negcio em que as ambulantes trabalham durante o carnaval. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
29
Grfico 9 - Propriedade e tipo do negcio em que as ambulantes trabalham durante o carnaval. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
29
Grfico 10 - Relaes com rgos pblicos e clientela. Ambulantes. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
30
11
roteiro observao 2007 sade.docGrfico 11 - Relaes dentro e fora do bloco. Cordeiras. Carnaval: violncia contra a mulher,
racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.30
Grfico 12 Distribuio percentual de folionas e folies, segundo espao onde brincam o Carnaval. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
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Grfico 13 - Distribuio percentual de folionas e folies segundo o que gostam no Carnaval. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
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Grfico 14 - Distribuio percentual de folionas e folies segundo o que no gostam no Carnaval. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
33
Grfico 15 Distribuio percentual das/os entrevistadas/os segundo a utilizao de banheiros pblicos. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
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Grfico 16 Distribuio percentual das/os entrevistadas/os que responderam sobre as condies dos banheiros pblicos. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
40
Grfico 17 - Distribuio das cordeiras segundo o banheiro que utilizam. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
40
Grfico 18 Distribuio das cordeiras, segundo as condies dos banheiros que utilizam. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
41
Grfico 19 Distribuio percentual das/os entrevistadas/os segundo utilizao de servios de sade ou de polcia. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
42
Grfico 20 - Distribuio percentual das/os entrevistadas/os segundo tipo de servio utilizado. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
42
Grfico 21 - Distribuio percentual das/os entrevistadas/os segundo motivo para busca aos servios. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
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Grfico 22 - Distribuio percentual das/os entrevistadas/os segundo a satisfao com o atendimento recebido. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
44
Grfico 23 - Distribuio das ambulantes segundo a disposio de deixar os filhos em creche no circuito do Carnaval. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
45
Grfico 24 - Percentual de profissionais de polcia e de sade que sabem da existncia de servios especficos para mulheres em situao de violncia, no Carnaval e no restante do ano.
47
Grfico 25 - Percentual de profissionais de polcia e de sade que sabem o que a Lei Maria da Penha. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
47
Grfico 26 - Conhecimento e utilizao da contracepo de emergncia, entre profissionais de sade e de polcia. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
49
Grfico 27 - Conhecimento e utilizao da contracepo de emergncia entre foinas e folies. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
49
Grfico 28 - Distribuio percentual do testemulho de agresso fsica e agresso sexual a mulheres e agresso a GTL (*) por parte de folionas e folies. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. SSA, 2007.
51
Grfico 29 - Distribuio da experincia das folionas com algumas situaes potencialmente agressivas. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
51
12
roteiro observao 2007 sade.doc
Apresentao
O presente trabalho tem origem no desejo e no compromisso em aprofundar a interveno dos
poderes pblicos na organizao e realizao do Carnaval na cidade de Salvador, no sentido
de torn-la cada vez mais sintonizada urgente necessidade de assegurar s cidads e
cidados que participam da Festa, os mesmos direitos e condies j garantidos a uma parte
da populao.
Para cumprir esse desejo, com o olhar voltado para o significado da festa e para a expresso
das desigualdades e das violncias sexista, racista e homofbica, presentes no cotidiano da
cidade, buscou-se inicialmente conhecer quem so as pessoas, como vivem, pensam e
percebem o Carnaval, e em que condies brincam e trabalham.
Este documento pretende descrever, analisar, comentar e discutir os dados representados em
tabelas e grficos, obtidos atravs de observao e entrevistas com cordeiras1, vendedoras
ambulantes, folionas, folies, usurias e profissionais dos servios de Polcia e Sade acerca
de sua percepo sobre a existncia das violncias, em suas mltiplas formas, durante o
carnaval de Salvador em 2007. Finalmente, apresenta recomendaes sobre possveis ajustes,
providncias e polticas pblicas significativas para assegurar condies melhores e mais
igualitrias de trabalho e de folia.
A pesquisa foi uma iniciativa do Centro de Referncia Loreta Valadares2 e da Superintendncia
Especial de Polticas para Mulheres, da Prefeitura de Salvador, e contou com o apoio da
Secretaria Estadual de Promoo da Igualdade SEPROMI, do Ministrio de Justia e Direitos
Humanos e da Fundao de Assistncia Scio Educativa e Cultural - FASEC, da Universidade
Estadual da Bahia UNEB e do Frum Comunitrio de Combate Violncia3.
Esse trabalho somou-se s aes do Observatrio da Discriminao Racial e da Violncia
contra a Mulher4, coordenado pela Secretaria Municipal da Reparao SEMUR durante o
Carnaval.1 As cordeiras vm desempenhando, nos ltimos anos, uma atividade de carnaval que foi tradicionalmente realizada por homens. So
responsveis por segurar as cordas que isolam os Trios Eltricos e seus associados, durante o percurso no carnaval, do restante da populao foliona.
2 Centro de Referncia para atendimento de mulheres em situao de violncia, vinculado Superintendncia Especial de Polticas para as Mulheres de Salvador, em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado da Bahia SEDES.
3 O Frum Comunitrio de Combate Violncia uma instncia permanente de articulao de vontades, esforos e recursos (pblicos e privados). Seu objetivo propor e acompanhar polticas e aes destinadas a controlar e combater a violncia em Salvador. Criado em 1996, a partir da constatao de que a violncia um problema prioritrio de sade, o Frum conta com a participao de projetos, grupos e instituies que trabalham direta ou indiretamente com esse problema (www.fccv.ufba.br / apresentao).
13
http://www.fccv.ufba.br/
roteiro observao 2007 sade.doc
1 Introduo
No Brasil e na Bahia, a chegada do entrudo5 atravs dos portugueses, introduziu costumes
ligados algazarra e rebeldia durante os dias que antecediam quaresma crist. Aqui, essa
4 Realizao da Secretaria Municipal da Reparao, em parceria com o Governo do Estado, atravs das Secretarias de Promoo da Igualdade, do Turismo e da Bahiatursa, e da Superintendncia Especial de Polticas para as Mulheres do municpio, contando com o apoio do Centro Maria Felipa Centro de Referncia Mulher Policial Militar, Centro de Referncia Loreta Valadares, o Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento PNUD e das Secretarias Especiais de Direitos Humanos e de Polticas de Promoo da Igualdade Racial do Governo Federal.
5 Termo lusfono utilizado para designar a festa que antecedia quaresma. Essa festa possua caractersticas de irreverncia, insolncia, inverses hierrquicas e at agressivas, regadas com excesso de bebidas e comidas.
14
roteiro observao 2007 sade.docFesta, aliada aos costumes importados da Colnia e evoluo da mesma na Europa, ganhou
contornos prprios. O ento entrudo foi proibido e substitudo pelo carnaval, considerado mais
civilizado pelas autoridades da poca. Desde ento, essa Festa foi ganhando contornos
distintos que foram se conformando e se transformando at adquirir as caractersticas atuais.
Hoje o carnaval a maior festa popular de Salvador e, qui, do planeta, como apregoado
por muitos. Do entrudo ao carnaval atual, fica claro ... como o carter simblico-cultural da
festa redefine, por exemplo, as relaes de tempo e espao das pessoas entre si e com a
cidade. Ele explicita sociabilidades, constri, outras tantas, algumas temporrias, outras
duradouras, modifica comportamentos com seu sentido de extraordinariedade, conquista e
transforma a cidade e suas gentes. (MIGUEZ, 1998)6
Podemos dizer que, hoje, o Carnaval um tempo de suspenso de sanes e controles sociais
e de liberalizao de costumes que propicia justificativa para uma naturalizao generalizada
de comportamentos que configuram desrespeito e agresso. O caso dos beijos e toques no
corpo sem que a mulher tenha permitido uma ilustrao da situao, para mencionar apenas
agresses mais leves. Essa caracterstica fundamental da festa pode ser uma das razes para
o fato de no existir muita informao sistematicamente coletada e organizada sobre a
discriminao e a violncia praticadas e sofridas no Carnaval com base no gnero, cor da pele
ou orientao sexual das pessoas.
Outra caracterstica do carnaval atual a participao das mulheres em setores do trabalho
informal anteriormente ocupadas por homens, a exemplo das vendedoras ambulantes e
cordeiras. Cada vez mais, observamos que o nmero de mulheres desempenhando essas
atividades vem aumentando sem que o impacto social desse agrupamento seja
suficientemente estudado e resulte numa interveno pblica e, como diz MIGUEZ (1998), sem
que o papel do poder pblico ... se esgote com o provimento da infra-estrutura e dos servios
urbanos demandados pela realizao da festa, ou com as aes direcionadas sua
comercializao como evento.
Muitas dessas mulheres, no caso das ambulantes, para realizar seu trabalho durante o
carnaval, vm acompanhadas de seus filhos e filhas, de variadas idades, que as ajudam com o
negcio, cuidando dos mais novos, ou simplesmente as acompanham por no terem lugar
seguro para estar durante a ausncia da me e compem algumas das inmeras famlias que
ficam por dias, noites e madrugadas, ao sol, chuva e relento.
6 Miguez, Paulo. O Impacto Social do Carnaval. Jornal do Economista, Salvador, Conselho Regional de Economia e Sindicato dos Economistas da Bahia, ano 9, n.17, mai./out. 1998.
15
roteiro observao 2007 sade.docAs cordeiras - outro agrupamento no qual se observa que o nmero de mulheres vem
crescendo - parecem bastante vulnerveis, pois esto expostas a vrios tipos de maus tratos,
por parte de folies, empregadores e agentes de segurana pblica.
Nos ltimos dois anos, no entanto, os organismos da Prefeitura Municipal de Salvador que tm
por funo implantar polticas especficas de combate s discriminaes e desigualdades
dirigidas a mulheres e populao negra, tm desenvolvido aes no sentido de conhecer
melhor as expresses de discriminao e violncia no Carnaval, visando a indicao de
necessidade de polticas especficas que garantam, s mulheres e populao negra, o direito
de participar da festa sem sofrer discriminao e violncia.
Durante o Carnaval de 2006, em Salvador, a Superintendncia Especial de Polticas para as
Mulheres SPM /PMS, constituiu uma equipe para verificar, in loco, as condies de trabalho
das mulheres envolvidas no Carnaval, a oferta e qualidade do atendimento dos servios de
ateno a mulheres e a percepo das mesmas acerca da violncia sofrida. Na verificao da
percepo da violncia sofrida foram consideradas tambm as folionas.
O trabalho desenvolveu-se no circuito da festa de Carnaval, onde acontecem os desfiles e
onde esto concentrados os servios e toda a estrutura organizada e disponibilizada para o
carnaval. Os circuitos Barra / Ondina, Campo Grande e Pelourinho foram as reas de atuao
da equipe, que acompanhou o atendimento em Postos de Sade e Delegacias, e visitou o
Observatrio de Discriminao Racial existente desde 2005 - alm de entrevistar,
aleatoriamente, atravs de um questionrio padro, vendedoras ambulantes, cordeiras de
blocos e folionas.
Verificou-se naquele trabalho que, de maneira geral, homens e mulheres no reconheciam
certas atitudes e comportamentos como violncia contra a mulher ou violncia sexista. A
naturalizao da violncia - que no uma caracterstica somente da festa, mas que se reflete
e se intensifica nesse perodo - a banaliza, vulgariza e se faz confundir com uma liberdade de
costumes. Essa situao freqentemente coloca em risco a segurana e o conforto das
mulheres, destacadamente, durante essa festa.
Essa experincia piloto remeteu necessidade de ampliar o campo de investigao, visando
produzir subsdios para orientar polticas pblicas de gnero especficas para o Carnaval,
incluindo a realizao de intervenes sistematizadas que pudessem tratar a questo da
violncia contra a mulher de forma preventiva antes, durante e aps o perodo da festa, atravs
de campanhas de esclarecimento e sensibilizao, alm de garantir um esquema de proteo
s mulheres durante os festejos, cerceando possveis casos de violncia sexista.
16
roteiro observao 2007 sade.docA referida iniciativa somou-se a um trabalho que j vinha sendo realizado desde 2005 pela
Secretaria Municipal de Sade atravs do Grupo de Trabalho de Sade da Populao Negra
o Observatrio da Violncia no Carnaval. Ainda em 2006, a Secretaria Municipal da
Reparao SEMUR, repetiu a experincia do Observatrio da Discriminao Racial, que
prestou atendimento populao negra durante o Carnaval e acompanhou casos de
discriminao racial, ocorridos durante a festa.
Verificava-se, portanto, que vrios servios e/ou instituies desenvolvem trabalhos durante o
Carnaval, individualmente ou em grupos, alm dos servios bsicos j tradicionalmente
disponibilizados e executados durante o evento. Cada vez mais se fazia presente a
necessidade de uma articulao maior dessas iniciativas, em sua totalidade ou por reas afins,
atravs de polticas pblicas mais amplas e integradas, dirigidas ao Carnaval.
No incio de 2007, a Superintendncia Especial de Polticas Pblicas para as Mulheres de
Salvador realizou uma ampla reunio que contou com a presena de alguns Servios da Rede
de Ateno a Mulheres em Situao de Violncia7, entre eles: Delegacia Especial de
Atendimento Mulher DEAM, Projeto VIVER8, Centro Maria Felipa9, e Centro de Referncia
Loreta Valadares, alm da Secretaria Municipal da Reparao - SEMUR e de representao do
grupo gestor do Frum Comunitrio de Combate Violncia. O objetivo dessa reunio foi dar
continuidade ao dilogo iniciado anteriormente, buscando avaliar possibilidades e definir aes
a serem implementadas por essa Rede, especialmente dirigidas s mulheres participantes da
Festa de Carnaval do corrente ano.
A intensificao dessa interlocuo ocorreu com a incorporao ao processo da Secretaria de
Promoo da Igualdade - SEPROMI, do Governo do Estado da Bahia, ento recm criada,
atravs de suas duas Superintendncias: a Superintendncia de Polticas para as Mulheres e a
Superintendncia de Promoo da Igualdade Racial.
Esse esforo conjunto se concretizou na implantao do Observatrio da Discriminao Racial
e da Violncia Contra a Mulher durante o Carnaval, que atuou, tanto na rea de ateno
populao negra em Salvador quanto na observao e verificao do tratamento recebido por
folies e folionas durante a festa e das condies de trabalho dos trabalhadores e
trabalhadoras no carnaval, alm de realizar pesquisa que pudesse orientar a formulao de
polticas pblicas que possibilitem proporcionar uma festa em que estejam garantidos os
7 A Rede de Ateno a Mulheres em Situao de Violncia uma articulao metropolitana entre Servios de Ateno a Mulheres em Situao de Violncia, Organismos de Polticas para as Mulheres, outros rgos pblicos, Organizaes no Governamentais e Grupos de Mulheres. Essa Rede se rene freqentemente, h alguns anos, visando garantir uma interlocuo e institucionalizao entre seus componentes que objetiva, sobretudo, melhorar a qualidade da Ateno a Mulheres em Situao de Violncia assegurando uma ateno integral s mesmas.
8 Servio ligado Secretaria de Segurana Pblica do Estado da Bahia, que presta atendimento a pessoas vtimas de violncia sexual.9 Centro de Referncia da Polcia Militar do Estado da Bahia, destinado a policiais do sexo feminino ou esposas de policiais.
17
roteiro observao 2007 sade.docdireitos para todas as pessoas - mulheres e homens - independente de suas cores ou
orientao sexual.
A realizao desta pesquisa ficou sob a responsabilidade da Superintendncia Especial de
Polticas para as Mulheres de Salvador e do Centro de Referncia Loreta Valadares, contando
com a parceria do Frum Comunitrio de Combate Violncia. So os resultados e as lies
aprendidas no processo de realizao desse levantamento de opinio forma como foi
apresentada s pessoas entrevistadas - que constituem o objeto do presente relatrio.
2 Informao sobre ocorrncias no Carnaval
A informao existente sobre os eventos e situaes que atingem as pessoas no Carnaval
aquela produzida a partir dos registros de atendimento nos servios de segurana pblica e
sade nos circuitos da festa ou relacionveis a ela. Esse tipo de informao disponvel no
permite a identificao nem dimensionamento das manifestaes de discriminao ou violncia
sexista, racial ou homofbica por parte dos que as praticam ou que sofrem porm do idia
da demanda relacionada com violncia que chegou aos servios de sade, segurana ou de
promoo da igualdade nos ltimos anos e podem, tambm, dar indicao das situaes em
que a discriminao e a violncia podem estar ocultas, como apontaram dados produzidos em
anos anteriores e expostos na srie de tabelas apresentadas a seguir.
Tabela 1 - Nmero de atendimentos na clnica mdica do Instituto Mdico Legal Nina Rodrigues, Carnaval 2005, Salvador
Tabela 2 - Atendimentos na clnica mdica do Instituto Mdico Legal Nina Rodrigues por tipo de exame realizado, Carnaval 2005, Salvador
Gnero| Freq Percent------+---------------MASC | 55 79.7%FEM | 14 20.3%------+----------------Total | 69 100.0%
Exame | Freq Percent-----------+----------------------------EMBRIAGUEZ | 2 2.9% ESTUPRO | 1 1.4% LESO CORP | 65 94.2% VERIF VIRG | 1 1.4% -----------+---------------------------- Total | 69 100.0%
18
roteiro observao 2007 sade.docFonte: RELATORIO ESTATSTICO GERAL ACUMULADO MORBIDADE POR CAUSAS EXTERNAS DURANTE O CARNAVAL 2005. Instituto Mdico Legal
Nina Rodrigues, Observatrio da Violncia
Tabela 3 - Nmero de pessoas atendidas por causas violentas durante o Carnaval, segundo o sexo da vtima postos dos circuitos, Salvador 2005 e 2006
Sexo 2006 2005No. % No. %Masculino 2794 67,3 2698 68,0Feminino 1357 32,7 1268 32,0Total 4151 100,0 3966 100,0
Fonte: Relatrio descritivo dos casos de agravos violentos atendidos nos posto de sade da Prefeitura durante o Carnaval de Salvador de 2006. Observatrio da Violncia/ Grupo de Sade da Populao Negra/ Secretria Municipal de Sade / Frum Comunitrio de Combate Violncia
Tabela 4 - Nmero de pessoas atendidas por causas violentas durante o Carnaval por tipo de causa, segundo o sexo - postos dos circuitos, Salvador 2006
CAUSA VIOLENTASexo
Masculino feminino Total
agressao agente quimico 9 3 12agressao com arma branca 27 5 32
agressao com arma de fogo 0 1 1
agressao fsica 1421 208 1629
agressao sexual 2 2 4
Atropelo 13 5 18
Coliso 16 15 31
ferimento acidental 561 508 1069
ferimento / acidente 90 66 156
intoxicacao alcoolica 445 365 810
intoxicacao exogena 1 0 1
Queda 185 156 341
Queimadura 24 23 47
Total 2794 1357 4151
Fonte: Relatrio descritivo dos casos de agravos violentos atendidos nos posto de sade da Prefeitura durante o Carnaval de Salvador de 2006. Observatrio da Violncia/ Grupo de Sade da Populao Negra/ Secretria Municipal de Sade / Frum Comunitrio de Combate Violncia
Tabela 5 - Distribuio do nmero de pessoas do sexo feminino atendidas por causas violentas durante o Carnaval por tipo de causa, segundo a raa/cor postos dos circuitos, Salvador 2006
19
roteiro observao 2007 sade.doc
CAUSARAA/COR
Amarelo Branco Ignorado Indgena Preto/pardo TOTALagresso agente qumico 0 0 0 0 3 3agresso com arma branca 0 0 0 0 5 5agresso com arma de fogo 0 0 1 0 0 1agresso fsica 1 33 21 1 152 208agresso sexual 0 0 0 0 2 2Atropelo 0 0 0 0 5 5Coliso 0 3 0 0 12 15ferimento acidental 5 152 41 3 373 574intoxicao alcolica 2 109 42 5 207 365intoxicao exgena 0 0 0 0 0 0Queda 1 44 12 0 99 156Queimadura 0 1 2 1 19 23Total 9 342 119 10 877 1357
Fonte: Relatrio descritivo dos casos de agravos violentos atendidos nos posto de sade da Prefeitura durante o Carnaval de Salvador de 2006. Observatrio da Violncia/ Grupo de Sade da Populao Negra/ Secretria Municipal de Sade / Frum Comunitrio de Combate Violncia
Tabela 6 - Nmero de pessoas atendidas por causas violentas durante o Carnaval, segundo o tipo da vtima - Salvador 2006
Tabela 7 - Distribuio do nmero de pessoas atendidas por causas violentas durante o Carnaval, segundo o perpetrador da agresso - Salvador 2006
TIPO DO PACIENTE No. %
Policial Militar 93 2,2Policial Civil 14 0,3Outro 454 10,9Folio 2944 70,9Pipoca 646 15,6Total 4151 100,0
AGRESSOR No. %Pipoca 1872 45,1Bloco 105 2,5Policial Civil 6 0,1Policial Militar 78 1,9Ambulante 22 0,5Cordeiro 88 2,1No Informado 1980 47,7
Total 4151 100,0
Fonte: Relatrio descritivo dos casos de agravos violentos atendidos nos posto de sade da Prefeitura durante o Carnaval de Salvador de 2006. Observatrio da Violncia/ Grupo de Sade da Populao Negra/ Secretria Municipal de Sade / Frum Comunitrio de Combate Violncia
Tabela 8 - Nmero de pessoas atendidas por causas violentas durante o Carnaval por circuito e segundo a raa/cor - Salvador 2006
CIRCUITO
RAA/COR OSMAR/BATATINHA DODO FORA CIRCUITO Total
Amarelo 13 3 0 16Branco 228 582 3 813Ignorado 171 168 27 366Indgena 15 12 1 28Preto/Pardo 1452 1460 16 2928Total 1879 2225 47 4151
Fonte: Relatrio descritivo dos casos de agravos violentos atendidos nos posto de sade da Prefeitura durante o Carnaval de Salvador de 2006. Observatrio da Violncia/ Grupo de Sade da Populao Negra/ Secretria Municipal de Sade / Frum Comunitrio de Combate Violncia
20
roteiro observao 2007 sade.docTabela 9 - Ocorrncias de Agresso Fsica / Sexual
(%) Carnaval de 2006 - SalvadorTabela 10 Formas de Violncia (%) - Carnaval de 2006 - Salvador
Agresses Percent----------------------------------------Fsica 14,7%Sexual 9,8%Presenciou A. Fsica 39,0%Presenciou A. Sexual 12,2%Total 100.0%
Violncia Beijo Forado Corpo Tocado Sem Abordagem Consentimento Grosseira (V. Verbal)_____________________________________________________________________________Sim 22% 51,2% 29,3%No 78% 36,6% 63,4%No Respondeu 12,2% 7,3%__________ Total 100% 100% 100%
Fonte: Relatrio sobre a percepo da violncia vivida por mulheres no carnaval de 2006 em Salvador. Superintendncia Especial de Polticas para as Mulheres de Salvador.
3 Organizao e desenvolvimento da pesquisa
3.1 Articulao com outras aes do Observatrio da discriminao racial e da violncia contra a mulher
Paralelamente ao planejamento e organizao da pesquisa, foram implementadas algumas
aes que pudessem contribuir para a eqidade de gnero, de raa e de orientao sexual
durante o carnaval. Assim, nos incorporamos ao processo de produo de material educativo a
ser distribudo e s capacitaes para agentes pblicos que atuaram na Festa.
Foram produzidos folhetos educativos do Observatrio explicitando a misso do mesmo e
divulgando informaes que facilitassem aos profissionais, folies e folionas reconhecer
diversos tipos de violncia no Carnaval, alm de relacionar vrios organismos que poderiam
prestar assistncia durante e aps a festa. Esses folhetos (Anexo I), produzidos em larga
escala, foram distribudos para folies e folionas, servios disponveis no circuito e pessoas
entrevistadas durante a realizao da pesquisa.
As aes de capacitao visaram, de maneira geral, sensibilizar, por um lado, agentes pblicos
de segurana sobre atitudes racistas, homofbicas ou sexistas e, por outro lado, informar sobre
os propsitos e caractersticas da pesquisa a funcionrios pblicos envolvidos nos trabalhos de
carnaval.
3.2 Desenho da pesquisa Carnaval em Salvador: violncia e discriminao racial, sexista e por orientao sexual na perspectiva das mulheres
3.2.1 Espao de realizao da coleta de dados
A rea definida para a aplicao da pesquisa se ateve aos circuitos Dod, que corresponde ao
trecho dos bairros de Ondina e Barra, e Osmar, cujo trajeto compreende a Avenida Sete de
Setembro, Rua Carlos Gomes e a Praa do Campo Grande.
21
roteiro observao 2007 sade.docO circuito Osmar situa-se em regio central da cidade, onde tradicionalmente essa festa
popular sempre aconteceu. O circuito Dod localiza-se junto orla de Salvador, para onde a
festa se expandiu nos ltimos anos. Essas so zonas centrais da cidade, que atraem a maior
parte da populao foliona e dos blocos que participam da festa de Carnaval e por isso esses
foram os circuitos selecionados. Nesses dois circuitos se instalam os servios pblicos de
ateno aos folies, como ouvidorias, postos da polcia militar, postos de sade, organismos
vinculados fiscalizao e operacionalizao das aes do carnaval, delegacias da polcia civil
especializadas em crimes contra o patrimnio, delegacias para turistas e delegacias comuns,
alm do prprio Observatrio da Discriminao Racial e da Violncia Contra a Mulher.
3.2.2 Instrumentos
Os instrumentos de pesquisa foram elaborados coletivamente, sendo discutidos nas reunies
preparatrias do Observatrio, inclusive com aqueles que no estavam diretamente ligados
pesquisa, a exemplo da SEMUR, do Grupo Gay da Bahia GGB, Grupo Palavra de Mulher
Lsbica e Grupo de Sade da Populao Negra da Secretaria Municipal de Sade.
Para facilitar o trabalho das pesquisadoras de campo e a identificao dos instrumentos em
condies adversas (multido, chuva, iluminao inadequada, rudo excessivo, trabalho
durante a madrugada e realizado em p, na rua), os questionrios e roteiros de observao
foram impressos em cores diferenciadas. Esses questionrios contm, em sua maioria,
perguntas fechadas. As perguntas abertas foram utilizadas nos casos em que era necessrio
detalhar determinadas respostas ou nos casos em que se considerou importante captar a
percepo acerca da diversidade da violncia nas formas originais como as entrevistadas e
entrevistados as expressam em suas subjetividades. Tambm permaneceram abertos aqueles
itens em que era necessrio se conhecer os detalhes das ocorrncias relatadas pelos
entrevistados.
Todos os questionrios coletaram os dados referentes cor / raa (auto-declarada), idade,
ocupao profissional, escolaridade, nmero de filhos, moradia, condies das instalaes
pblicas sanitrias disponveis nos circuitos, qualidade e cobertura de oferta de servios
pblicos oferecidos. Alm dessas informaes, tambm foram questionadas as ocorrncias de
violncia e a observao desse fato por algum policial, prticas discriminatrias devida
cor/raa e/ou orientao sexual. Perguntou-se, ainda, sobre o conhecimento da existncia de
Servios de Ateno a Mulheres em Situao de Violncia.
As opes de resposta no eram apresentadas previamente, na tentativa de evitar qualquer
induo. Somente quando a/o entrevistada/o tardava em responder ou demonstrava alguma
22
roteiro observao 2007 sade.docdificuldade de compreenso da pergunta que a entrevistadora apresentava as alternativas de
respostas.
Cada segmento da populao investigada teve um questionrio prprio, com exceo de
folies e folionas. Esses instrumentos no utilizaram perguntas sobre a identificao civil de
quem concedia as entrevistas, garantindo assim, seu anonimato10, e pretenderam coletar as
informaes e percepes, dentre outras, destacadas a seguir:
A - Questionrio para Folionas e Folies (Anexo II)
Quem a (o) acompanha durante a festa e o por qu dessa escolha.
Quais as satisfaes e insatisfaes advindas do Carnaval.
Conhecimento e utilizao da contracepo de emergncia durante ou imediatamente
aps a festa.
Percepo sobre possveis violncias vividas ou presenciadas.
Evidncias ou existncia de possveis violncias vividas.
B - Questionrio para Ambulantes (Anexo III)
Tipo de negcio que estabeleceu como ambulante.
Nmero de filhos ou crianas e suas respectivas idades, sob sua guarda.
Relao com os organismos pblicos ligados sua atividade durante o carnaval.
Necessidade de estar acompanhada de menores, por motivo de auxlio no trabalho ou
por impossibilidade de deix-los em lugar seguro sem sua presena.
Aprovao e utilizao de creches no circuito de carnaval se existisse essa
possibilidade.
C - Questionrio para Cordeiras (Anexo IV)
Relao com o contratante, polcia, colegas, folies e pipocas.
Tratamento dispensado a cordeiras e cordeiros por parte do contratante.
Acesso e qualidade de alimentao, gua, sanitrios e equipamentos de proteo
oferecidos pelo bloco.
Assistncia Jurdica em caso de envolvimento em conflitos.
Condies gerais de trabalho.
10 Para os casos das pessoas que relataram episdios de violncia e que desejavam atendimento, orientao posterior ou encaminhamento para o seu caso, havia um campo para informao sobre nome, endereo, telefone e e-mail.
23
roteiro observao 2007 sade.docD - Questionrio para Profissionais de Postos de Sade e de Polcia (Anexo V)
Percepo sobre a festa.
Relevncia do servio durante o carnaval.
Condies de trabalho.
Grau de satisfao com a remunerao recebida.
Percepo sobre a violncia contra as mulheres, a homofbica e a racial.
Conhecimento sobre a contracepo de emergncia.
Conhecimento sobre a Lei Maria da Penha.
Reao diante de uma situao de violncia contra mulheres (s para policiais).
E - Questionrio para Usurias de Postos de Sade e de Polcia (Anexo VI)
Motivo (s) de procura do servio.
Grau de satisfao com o servio oferecido.
Conhecimento e acesso contracepo de emergncia.
Encaminhamentos e orientaes de acordo com a demanda apresentada.
F Questionrio para Usuria de Postos de Sade e de Polcia identificada em situao de violncia (includo nos roteiros de observao)
Tempo para atendimento
Motivo (s) de procura do servio.
Percepo com respeito atitude do/a profissional que a atendeu
Percepo de julgamento por parte do/a profissional que a atendeu
Percepo de preconceito por parte do/a profissional que a atendeu
Os roteiros de observao pretenderam verificar (Roteiro para Observao em Postos de
Sade e de Polcia - Anexos VII e VIII):
Nmero de profissionais disponveis para o atendimento.
Condies do espao fsico
Recursos de atendimento
Qualidade da ateno
Demandas apresentadas e oferecidas pelos Postos.
Acolhimento dispensado.
24
roteiro observao 2007 sade.doc Atitudes preconceituosas e discriminatrias por parte dos profissionais em relao a
sexo, raa/cor, classe social, naturalidade, nacionalidade, idade, orientao sexual ou
tipo de insero na festa quanto condio de foliona.
Nota: Infelizmente os bancos de dados dos roteiros de observao juntamente com os dados
do questionrio F foram corrompidos, impedindo que se fizesse a anlise desse material.
No entanto, como os documentos esto guardados, os bancos podem ser refeitos e a
anlise realizada em futuro prximo, complementando o estudo.
3.2.3 Equipe, capacitao e organizao do trabalho de coleta de dados
Aps a definio e elaborao dos instrumentos de pesquisa, foi definida a equipe que sairia a
campo, a escala de trabalho e distribuio da mesma nos circuitos, a cota de preenchimento
dos instrumentos e a abordagem a ser utilizada junto aos entrevistados e Servios.
Tambm foram elaborados mapas de deslocamento, a mscara dos instrumentos, o dirio de
observaes e um texto de orientaes gerais para as pesquisadoras (Anexo X), alm do
planejamento para a capacitao das mesmas e montagem dos kits de materiais e
instrumentos de pesquisa necessrios para o desenvolvimento da atividade.
Outras providncias necessrias para a realizao da pesquisa tambm foram tomadas, tais
como: transporte, alimentao, planto para apoio e entrega / recebimento de instrumentos.
Definida a equipe de trabalho, foi realizada uma capacitao de 5 horas de durao, na qual
foram apresentados todos os instrumentos de coleta a serem utilizados, se discutiram tcnicas
de abordagem, detalhamento dos registros, a diversidade de possveis situaes a serem
enfrentadas e os encaminhamentos e procedimentos a serem adotados diante das mesmas.
Para a coleta de dados, se constituiu uma equipe de 25 pesquisadoras, que contaram com a
superviso e apoio de 3 pessoas que ficaram na base (Centro de Referncia Loreta Valadares)
e 4 motoristas que garantiam a ida e o retorno das mesmas dos Circuitos de Carnaval. As
pessoas envolvidas so profissionais e/ou estudiosas dos temas pesquisados.
Foram formadas duplas de trabalho que se revezaram entre os dois Circuitos. Cada dupla
cumpriu uma jornada de 8 horas dirias, nos turnos vespertino-noturno ou noite-madrugada,
com uma freqncia de 2 ou 3 dias durante o carnaval. Houve tambm um revezamento para a
populao a ser abordada: em uma sada, durante um dos dois dias de trabalho, a equipe fazia
entrevistas de rua, e em outro dia fazia o trabalho de observao nos Postos de Sade e
Delegacias do circuito.
25
roteiro observao 2007 sade.docAs cotas mnimas estabelecidas para cada sada da equipe de entrevista foram de 44 folionas,
10 ambulantes e 10 cordeiras. Somente uma dupla foi encarregada de entrevistar folies, cuja
cota mnima correspondeu a 50 questionrios por sada.
Os trabalhos de observao foram desenvolvidos durante uma hora e meia em cada Posto,
com um retorno em dia posterior. As cotas para cada dupla, nessas sadas, eram de 04 roteiros
de observao, 08 anexos (para os casos de verificarem no Posto, a presena de mulheres em
situao de violncia), 08 entrevistas com profissionais e 12 com usurias.
Essas cotas, definidas a partir de uma estimativa de possibilidade de produo de entrevistas
por cada pessoa em cada turno de trabalho, considerando as condies de realizao do
levantamento, determinaram o tamanho da amostra de cada um dos grupos de pessoas a
serem entrevistadas.
As equipes se deslocavam a partir do Centro de Referncia, onde recebiam material para
coleta de dados e de divulgao de Servios. As duplas eram levadas at um ponto do Circuito
e resgatadas aps o cumprimento da jornada de trabalho, sendo trazidas de volta ao Centro de
Referncia, onde revisavam e entregavam seus questionrios, roteiros e dirios de observao
(Anexo XI), esclareciam dvidas e recebiam orientaes da equipe de planto. Para aquelas
cuja jornada terminava pela madrugada, era viabilizado o transporte de retorno s suas casas.
A digitao foi iniciada durante o carnaval, conforme os questionrios e roteiros eram
entregues. Duas pessoas se revezaram, durante 16 horas dirias, para dar entrada nos dados.
Findo o carnaval, a digitao teve continuidade na Superintendncia de Polticas para as
Mulheres, com aumento do nmero de digitadoras.
3.2.4 A coleta e o processamento dos dados
A populao total investigada foi de 1.261 pessoas, correspondentes a 647 folionas, 187
trabalhadoras ambulantes, 185 cordeiras de Blocos de Trios Eltricos, 154 folies, 82
profissionais de Postos de Sade e de Polcia instalados nos circuitos e 40 usurias desses
servios. Esses mesmos servios receberam visitas que cobriram 34 roteiros de observao.
Este conjunto configurou-se como uma amostra no probabilstica, por acessibilidade,
composta por lotes, dos dois grandes subuniversos identificveis no universo do carnaval: as
pessoas que vm brincar e as pessoas que vm trabalhar.
O primeiro grupo, em que pese sua grande diversidade de procedncia territorial, lingstica,
cultural e scio-econmica, est reunido em tempo e espao definidos, com um mesmo motivo,
26
roteiro observao 2007 sade.docque a perspectiva dos prazeres proporcionados pela festa. Visto por este prisma, pode ser
considerado como uma populao infinita11 e homognea.
As pessoas que vm trabalhar na festa constituem um universo mais homogneo em termos
scio-econmicos e culturais, ainda que entre os dois diferentes segmentos de mulheres
trabalhadoras de interesse do estudo, que eram as cordeiras e as ambulantes, se pensasse
que as primeiras vivessem em situaes piores, dado que se submetiam quele trabalho. O
outro segmento de trabalhadores que foi estudado, os operadores dos servios de polcia e
sade, se difere scio-economicamente dos primeiros, assemelha-se a eles quando se
considera que para todos esses grupos o carnaval constitui uma oportunidade de ganhar, em
troca de trabalho, um dinheiro extra daquele auferido para sua manuteno no restante dos
dias do ano.
Os dados coletados foram digitados e analisados utilizando-se o programa EPI INFO para
Windows, produzindo resultados de um estudo qualitativo com possibilidade de representar o
universo pesquisado de forma bastante prxima da realidade, ainda que no permita a
verificao da aderncia12 ou significncia13 da amostra utilizada.14
4 Folionas / folies, trabalhadoras e profissionais: os sujeitos da pesquisa
Os questionrios digitados compuseram 5 bancos de dados. No processo de limpeza dos
bancos de dados, foi necessrio descartar 8% do total de questionrios (ver Tabela 1, Anexo
X), em quantidades que variaram entre os diversos bancos. Os sujeitos da pesquisa so
descritos a partir das informaes extradas desses bancos.
De acordo com os objetivos do estudo15, a maior parte (89%) do conjunto de pessoas
entrevistadas era do sexo feminino (ver Tabela 1 Anexo X. S os folies so homens).
A maior parte dessas pessoas se declarou parda ou negra (77%), como pode ser visto no
Grfico 1.
11 Considera-se populao infinita quando o nmero de sujeitos igual ou maior que 100.000.12 Aderncia: indica se a amostra representa de fato a realidade a que se refere13 Significncia: indica se o resultado da amostra aceitvel14 com base em registro de discusso com o Prof. Dr. Carlos Alberto da Costa Gomes15 Ver Introduo, acima.
27
roteiro observao 2007 sade.doc
Grfico 1 - Distribuio das pessoas entrevistadas segundo cor da pele declarada. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na
opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007. N = 1.186
branca 16%
parda 39%
negra 38%
amarela 2%indgena 2% s.i. 4%
No entanto, o percentual da cada cor declarada variou de grupo para grupo (Grfico 2): as
ambulantes tm o maior percentual de negras (50%), enquanto que entre os/as profissionais e
as folionas este nmero foi bem menor (30 e 32% respectivamente). Somados os valores para
parda e negra, as cordeiras aparecem com o maior nmero (92%) e as folionas com o menor
(69%). Por outro lado, o grupo onde houve maior nmero de brancas (24%) foi aquele das
folionas, quando no grupo de cordeiras esta cor de pele foi declarada apenas por 4% das
entrevistadas.
28
roteiro observao 2007 sade.doc
4
49
43
1
3
6
36
50
1 1
7
24
37
32
2 23
16
33
42
2 61
18
44
33
5
18
41
30
3 3
6
cordei
ras
ambul
antes
foliona
sfoli
es
usuria
s
profiss
ionais
Grfico 2 - Distribuio percentual da cor da pele declarada pelas pessoas entrevistadas segundo grupo. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e
homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007. N = 1.186
branca parda negra amarela indgena s.i.
No que diz respeito idade (Tabela 3, Anexo X), 60% as pessoas estavam na faixa de 20 a 39
anos, sendo que 37% tinham entre 20 e 29 anos (Grfico 3).
Grafico 3 - Distribuio das pessoas entrevistadas segundo faixa etria. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na
opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
20 a 29 37%
30 a 3923%
60 a 691%
10 a 1910%
40 a 4915%
50 a 596%
70 e +1% s.i./n.r.
7%
29
roteiro observao 2007 sade.docAnalisando grupo a grupo (Grfico 4), vemos que as folionas e as usurias dos servios eram,
majoritariamente, mais novas (79% de cada um desses grupos tinham at 39 anos) e as/os
profissionais constituam o grupo mais velho (apenas 33% estavam com at 39 anos).
01020304050
cordei
ras
ambul
antes
foliona
sfoli
es
usuria
s
profiss
ionais
Grfico 4 - Distribuio percentual das pessoas entrevistadas segundo faixa etria e por grupo. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e
homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.N = 1.186
10 a 19
20 a 29
30 a 39
40 a 49
50 a 59
60 a 69
70 e +
s.i./n.r.
Quanto escolaridade, quase um quarto das pessoas entrevistadas no havia estudado ou
tinham o fundamental incompleto (Tabela 5 / Anexo X, e Grficos 5 e 6 abaixo). Como era de
esperar, a maior parte dessas pessoas pertencia aos grupos das ambulantes e das cordeiras.
Por outro lado, 26% delas tinham curso mdio completo, estando entre elas 20% das
ambulantes e 9% das cordeiras.
Grfico 5 - Distribuio percentual das pessoas entrevistadas segundo escolaridade. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na
opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007. N = 1.109 (no entraram os profissionais)
S.I.+N.R.5%
fundamental incompleto 21%
fundamental completo6%
mdio completo 26%
cursando univ ersidade11%
graduada11%
ps graduada4%
no estudou3%
mdio incompleto 13%
30
roteiro observao 2007 sade.doc
0%
20%
40%
60%
80%
100%
ambulantes cordeiras folionas folies usurias
Grfico 6 - Distribuio percentual das pessoas entrevistadas segundo escolaridade de cada grupo. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e
homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.N = 1.109 (no entraram os profissionais)
ps graduada
graduada
cursando univ ersidade
mdio completo
mdio incompleto fundamental completo
fundamental incompleto
no estudou
S.I.+N.R.
Algumas caractersticas especficas que poderiam produzir formas diferentes de perceber e
sentir o Carnaval foram analisadas dentro de cada grupo.
Assim que, embora as diferenas sejam pequenas, elas tm o mesmo sentido da impresso,
adquirida durante a coleta de dados, de que as ambulantes tinham condio de vida melhor do
que as cordeiras. A varivel que se utilizou para indicar esta situao (posse de casa prpria)
mostrou que o nmero de ambulantes (67%) que possuam casa prpria foi um pouco maior do
que o de cordeiras (63%) (Grfico 7 e Tabelas 7 e 12, Anexo X).
O nmero de ambulantes que eram chefes de suas famlias (68%) tambm foi maior do que o
de cordeiras (59%) (Grfico 7 e Tabelas 6 e 11, Anexo X).
6768
63
59
ambulantes cordeiras
Grfico 7 - Percentuais de ambulantes e cordeiras que possuem casa prpria e que so chefes de suas famlias. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e
homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
possui casa prpria chefe de famlia
Com relao s ambulantes, a grande maioria (70%) proprietria do negcio em que trabalha
durante o Carnaval. No entanto, apenas 17% utilizam como ponto de venda algo mais
31
roteiro observao 2007 sade.docestruturado, como um balco ou uma barraca. Estas duas variveis - a posse (ser dona ou
auxiliar) e o tipo de negcio (balco / barraca, isopor ou outro) a que se dedicavam - poderiam
vir a fazer alguma diferena na forma de perceber e sentir o Carnaval, uma vez que poderiam
indicar condio de trabalhar com maior ou menor tranqilidade (Grficos 8 e 9. Tabelas 8 e 9,
Anexo X).
Grfico 8 - Propriedade do negcio em que as ambulantes trabalham durante o carnaval. Carnaval: violncia contra a
mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
no13%
S.I .17%
sim70%
74
10 16
68
1418
75
16 9balco /barraca
isopor outro
Grfico 9 - Propriedade e tipo do negcio em que as ambulantes trabalham durante o carnaval. Carnaval: violncia contra a
mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
sim no S.I.
Outra varivel que poderia influir na forma como as ambulantes se sentem e reajem durante o
Carnaval a percepo da relao que tm com os rgos pblicos (Secretaria de Servios
Pblicos SESP, Polcia e Vigilncia Sanitria) e com a clientela. Como se pode ver no Grfico
10 (Tabela10, Anexo X), para todos os grupos a soma do nmero daquelas que consideravam
que a relao era boa ou muito boa ultrapassa os 51%. O percentural mais baixo de satisfao
se manifestou com relao SESP (51%) e o mais alto correspondeu relao com a clientela
(77%). Coerentemente, o percentual mais elevado de insatisfao (relaes ruins e pssimas)
correspondeu s relaes com a SESP (14%).
32
roteiro observao 2007 sade.doc
SESPPolcia
Vig. Sanitriaclientela
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Grfico 10 - Relaes com rgos pblicos e clientela. Ambulantes. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa.
Salvador, Carnaval 2007.
NSA + S.I.
Pssimas
Ruins
Aceitv eis
Boas
Muito boas
Tambm para as cordeiras, as relaes que estabeleceram com outras pessoas / grupos em
funo de seu trabalho foram consideradas, de um modo geral, satisfatrias, com percenttuais
acima de 62% para relaes boas e muito boas com a polcia, com o empregador e com
demais cordeiras e cordeiros. J com os supervisores e com os folies / folionas pipoca, os
percentuais de relao boa e muito boa caem para 33% e 38% respectivamente (Grfico 11.
Tabela 18. Anexo X).
0%
20%40%
60%80%
100%
empre
gador
superv
isor
as co
legas
os col
egas
pipoca
spol
cia
Grfico 11 - Relaes dentro e fora do bloco. Cordeiras. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador,
Carnaval 2007.
NSA + S.I.
Pssimas
Ruins
Aceitveis
Boas
Muito boas
No grupo de profissionais, 58% eram policiais e 39% eram do setor sade (Tabela 15, Anexo
X).
33
roteiro observao 2007 sade.docNo que diz respeito s pessoas que vm brincar o Carnaval, a maior parte do total de
entrevistados (52%. Tabela 13, Anexo X) brinca na condio de pipoca, enquanto 30% saem
nos blocos e apenas 13% frequenta os camarotes privados nos circuitos. Quando se analisa
esta distribuio por sexo, surgem algumas diferenas (Grfico 12): as mulheres alcanam
propores maiores para pipoca (56%) e bloco (31%), enquanto os homens ficam na frente
nos camarotes (22%).
Tambm entre as usurias dos servios de sade ou de polcia entrevistadas, predominaram
aquelas que brincam como pipoca (49%. Tabela 14, Anexo X).
Grfico 12 - Distribuio percentual de folionas e folies, segundo espao onde brincam o Carnaval. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
Folionas Folies
Em sntese, o perfil majoritrio entre os sujeitos da pesquisa, excetuando-se os profissionais,
para os quais no se registrou o sexo, corresponde a mulher negra (negra + pardo = 77%),
com idade entre 20 e 39 anos (61%, sendo que 38% tm entre 20 e 29 anos).
5 Os sujeitos e a festa
5.1 Sentimento geral com respeito festa
34
roteiro observao 2007 sade.docO Carnaval esperado com ansiedade e atrai muita gente. Mas, de qu as entrevistadas
gostam na festa? E o que acham das condies em que ela realizada? Importava saber
como as pessoas se sentiam, porque sob as disposies derivadas desse sentimento que
elas vo perceber, com maior ou menor senso crtico e pertinncia, o que lhes acontece.
Assim que a alegria da festa (58%) aparece como aquilo de que o conjunto de folionas e
folies mais gosta, seguida pelos trios (13%) e pela msica (12%). Mesmo quando homens e
mulheres so analisados separadamente, essas preferncias se mantm, mas possvel ver
que as mulheres declaram gostar mais de danar do que os homens que, por sua vez, gostam
mais da bebida e de drogas do que as mulheres declaram.
Na lista do que no gostam, tanto em conjunto como separadamente, aparecem em primeiro
lugar as brigas (45%) seguidas pela violncia contra as mulheres (18%). Curiosamente, as
mulheres apresentam percentual mais alto para a primeira alternativa e os homens para a
segunda. O tratamento recebido pelos agentes pblicos incomoda mais aos homens (10%) do
que s mulheres (3%), assim como a discriminao racial (5% e 2% respectivamente).
Nas perguntas sobre o mais se gosta/no gosta na festa, necessrio ressaltar a variedade
de opes que foram abertas, o que limita a incidncia de respostas possveis para cada
alternativa. Diante disso, significativa, a freqncia apresentada em alegria e em brigas, em
toda a populao pesquisada, incluindo a a sua diversidade de raa, gnero, orientao
sexual. (Grficos 13 e 14. Tabelas 16 e 17, Anexo X).
Grfico 13 - Distribuio percentual de folionas e folies segundo o que gostam no Carnaval. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
35
roteiro observao 2007 sade.doc
Grfico 14 - Distribuio percentual de folionas e folies segundo o que no gostam no Carnaval. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
Entre os profissionais de sade e de polcia, 76% consideram que o Carnaval uma festa,
enquanto 14% consideram que seja uma confuso. Vale ressaltar que este resultado aparece
de um conjunto em que 26% dos policiais no gostam de trabalhar nesse perodo (ver tambm
Tabela 19. Anexo X).
Tabela 11 Distribuio dos profissionais, de acordo com a satisfao por trabalhar no Carnaval, por setor. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007
Tabela 12 Distribuio dos profissionais, de acordo com sua definio para o Carnaval, por setor. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007
36
roteiro observao 2007 sade.doc
As tabelas 13, 13 A, 14 e 15 (abaixo) trazem outras informaes que podem ser consideradas
como elementos que contribuem para a satisfao dos profissionais com o trabalho no
Carnaval.
Todas/os (100%) profissionais entrevistados, na segurana (polcia) e na sade, consideraram
que o servio em que trabalham de grande utilidade e a maioria deles/as (85% na polcia e
87% na sade) considerou que realizado com qualidade. Tambm a maior parte, ainda que
com valores menores, considerou que o trabalho diferente daquele que executam no
cotidiano (rotina) dos servios (76% entre policiais e 58% na rea da sade) e que exige
capacitao diferenciada (61% na polcia e 65% na sade).
Por fim, 87% dentre as/os profissionais da sade e 61% entre as/os policiais consideraram
adequadas as condies de trabalho e percentuais tambm elevados (74% para a polcia e
90% para a sade ) consideram adequada a forma como organizado o trabalho nesses dias.
Tabela 13 Distribuio dos policiais de acordo com sua viso da utilidade do servio. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007
Acha que o servio sim no N.R. TotalN % N % N % N %
de grande utilidade 46 100 0 0 0 0 46 100
realizado com qualidade 39 85 3 6 4 9 46 100
o mesmo da rotina 9 20 35 76 2 4 46 100
Exige capacitao diferenciada 28 61 16 35 2 4 46 100
Tabela 13 A Distribuio dos profissionais de sade de acordo com sua viso da utilidade do servio. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007
Acha que o servio Sim no N.R. TotalN % N % N % N %
de grande utilidade 31 100 0 0 0 0 31 100
37
Gosta de trabalhar noCarnaval? S.I. polcia sade TOTAL
S.I. 2 0 0 2sim 0 34 30 64no 0 12 1 13
TOTAL 2 46 31 79
Como define o Carnaval? S.I. polcia sade TOTALS.I. 2 0 0 2
uma festa 0 35 25 60 uma confuso 0 8 3 11
NR 0 3 3 6TOTAL 2 46 31 79
roteiro observao 2007 sade.doc
realizado com qualidade 27 87 1 3 3 10 31 100
o mesmo da rotina 13 42 18 58 0 0 31 100
Exige capacitao diferenciada 20 65 11 35 0 0 31 100
Tabela 14 Distribuio dos profissionais, de acordo com a opinio sobre as condies de trabalho, por setor. Observatrio da discriminao racial e da violncia contra a mulher. Salvador, Carnaval 2007.
Tabela 15 Distribuio dos profissionais, de acordo com a opinio sobre a organizao do trabalho, por setor. Observatrio da discriminao racial e da violncia contra a mulher. Salvador, Carnaval 2007.
A perspectiva das cordeiras, para alm do tipo de relao que estabelecem com outros
personagens da festa e que j foi descrita acima, pode ser extrada do conjunto de variveis
relacionadas com as condies de trabalho.
Para a grande maioria delas (78%), homens e mulheres so tratados da mesma maneira pelo
bloco e recebem pagamentos iguais (80%) (Tabela 16).
Tabela 16 - Distribuio das cordeiras, de acordo com a opinio sobre o tratamento recebido por homens e mulheres no bloco. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007
alternativa sim no si / nr Totaissituao n % n % n % n %tratados da mesma maneira? 146 78 27 14 15 8 188 100pagamentos iguais? 151 80 21 11 16 9 188 100
Em 92% dos casos de cordeiras, os blocos distribuem alimentao e gua (Tabela 17), mas na
grande maioria das vezes a alimentao um ou dois pacotes de biscoito, um ou dois copos
de gua e um suco16. grande tambm a percentagem que diz que h luvas (88%) e
protetores de ouvido (84%) para todas/os. Por outro lado, no h calados (89%). Tambm no
16 esta resposta encontra-se na tabela 16.1 do banco de dados. Esta tabela no foi includa no texto ou no Anexo X porque muito grande e apresenta alguns problemas de consistncia interna que no puderam ser corrigidos sem voltar aos questionrios originais.
38
considera as condies de trabalho S.I. polcia sade TOTAL
adequadas 0 28 / 61% 27 / 88% 55 / 70%inadequadas 0 16 / 35% 2 / 6% 18 / 23%
si / nr 2 2 / 4% 2 / 6% 6 / 7%TOTAL 2 46 31 79
considera que a forma como organizado o trabalho S.I. polcia sade TOTAL
adequada 0 34 / 74%28 / 90% 62 / 79%
inadequada 0 10 / 22% 2 / 7% 12 / 15%
NR / S.I. 2 2 / 4% 1 / 3% 5 / 6%TOTAL 2 46 31 79
roteiro observao 2007 sade.doch assistncia jurdica para aqueles casos em que a/o cordeira/o se envolva em uma briga ou
outra questo judicial no exerccio de seu trabalho.
Tabela 17 - Distribuio das cordeiras, de acordo com a opinio sobre disponibilidade de gua, alimentao, equipamento e assistncia jurdica no bloco. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
alternativa sim no si / nr Totaisitem n % n % n % n %
alimentao e gua? 173 92 7 4 8 4 188 100luvas a todas? 166 88 13 7 9 5 188 100
protetores de ouvido? 158 84 20 11 10 5 188 100capacetes? 3 2 167 89 18 9 188 100calados? 1 1 168 89 19 10 188 100
assistncia jurdica ? 32 17 127 68 29 15 188 100
Para as ambulantes, algumas variveis trazem alguma luz sobre elementos que podem influir
sobre a forma como se situam e se sentem no Carnaval.
Um primeiro grupo dessas variveis diz respeito relao com a Secretaria Municipal de
Servios Pblicos SESP no que tange apreenso de mercadoria. A maior parte das
entrevistadas nunca teve mercadoria apreendida (76%), ainda que dentre aquelas que tiveram
mercadoria apreendida (6%), nem todas tenham recebido o protocolo de apreenso, como
seria desejvel.
Tabela 18 Distribuio das ambulantes, segundo relao com a SESP a respeito de mercadoria Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
alternativa sim no si / nr Totaissituao n % n % n % n %mercadoria apreendida? 12 6 142 76 33 18 187 100caso sim, protocolo de apreenso 8 4 11 6 168 90 187 100
Nesta linha, a anlise das respostas abertas referentes a como se protegem dos fiscais (Tabela
25, Anexo X) ajuda a entender o fato de a maioria no ter tido mercadoria apreendida: para
alm das 17% que disseram estarem regulares e/ou documentadas, 34% (22 + 12) delas
deram respostas que parecem indicar pouca atividade fiscalizatria ou porque os fiscais
passam, mas no molestam:
boa / tranqilo / no foi preciso / no h agresses / no h necessidade / no h problema / no preciso me proteger / no me escondo / no escondo nada / fica quieta, tranqila / no tem porque proteger
/ eles s esto fazendo o trabalho / no teve atrito com eles / tudo bom / deixa acontecer / deixo eles fiscalizarem / no incomodam pq rea livre / do jeito q deus quer,no temos problemas no
39
roteiro observao 2007 sade.doc
ou porque no passam na rea:
eles no abordam / no abusam / no incomodam / no aparecem / no apareceu nenhum fiscal / no est tendo fiscalizao / nunca apareceu / aqui fica tudo limpinho / fica tudo limpo / mantenho tudo limpo / limpeza, no fazendo coisas erradas / tudo correto na minha barraca ainda no foi fiscalizada /
eles no vem at aqui / no viu
Ou ainda porque as entrevistadas obedecem a regras17:
no vende o que no pode / obedecendo as regras / procura fazer o que exigido / respeita as regras / respeitando, seguindo as normas / coloca no lugar que pode / estando no lugar correto / procura
obedecer, o fato de ser mulher facilita so mais educadas / vai ate eles perguntar o que permitido fazer / estou de acordo com o que eles mandam / aqui fica tudo limpinho / fica tudo limpo / mantenho
tudo limpo / limpeza, no fazendo coisas erradas / tudo correto na minha barraca
Ou negociam de alguma forma (11%)
com conversa / dilogo / meu marido negocia com eles / discute / procura negociar.
Com respeito Polcia (Tabela 26, Anexo X), o maior grupo de respostas (36%) permite inferir
que no incomoda, sendo seguido pelo grupo que declara no ter medo (11%):
a polcia no incomoda / eles bolem c/ ningum e a gente bole c/ eles / no abusa / no tem problema com a polcia / no aparece / no tem confuso com a polcia / no se aplica / no teve
problema
No me escondo / no me protejo / no vejo risco / no tem necessidade / no preciso / no temo
A relao com a clientela no parece ser fonte de maior problema (Tabela 27, Anexo X).
pergunta sobre como se protege da clientela inconveniente e/ou mal pagadora, 33%
responderam que no tm este problema, 14% deixam passar para no criar confuso, 14%
conversam e convencem o cliente a pagar, 7% cobram adiantado e s 13% recorrem polcia.
J a ausncia de conforto, parece ser um problema que incomoda as ambulantes. Sessenta
por cento delas dormem no prprio negcio, sendo que a maioria das entrevistadas trabalhava
com caixa de isopor e no com barraca (Tabela 19) e 50% consideram as condies do sono
ruins ou pssimas, contra 18% que consideram de aceitvel a muito boa (Tabela 20).
17 No possvel identificar essas regras nem se so explicitadas de algum modo.40
roteiro observao 2007 sade.docTabela 19 Onde dormem as ambulantes durante o Carnaval.
Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
Tabela 20 Condies do sono das ambulantes durante o Carnaval. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
Tabela 19 - Durante o Carnaval, dorme N %
S.I. (sem informao) 2 1Prprio Negocio 112 60Em casa 60 32Outro 13 7Total 187 100
Tabela 20 - Condies do sono: N %Muito Boas 5 3Boas 16 9Aceitveis 12 6ruins 24 13Pssimas 69 37Nr / nsa / si 61 33Total 187 100
Quando perguntadas sobre como se protegiam das intempries (Tabela 28, Anexo X), as
respostas denotavam ou dificuldade com o entendimento da pergunta ou solues muito
precrias: o grupo maior de respostas cobria s 18% do conjunto e se referia sombrinha,
guarda-chuva, e proteo das rvores.
De um modo geral, pode-se dizer que, na amostra entrevistada, o Carnaval se confirmou como
tempo de alegria, tempo de festa, para quem veio para brincar, mas tambm como
espao de satisfao para quem veio trabalhar nos servios pblicos. Para quem veio para
trabalhar em atividades que exigem pouca qualificao formal, a disposio positiva para a
festa (que oportunidade de ganho, com relaes aparentemente tranqilas) deve enfrentar
algumas condies adversas relacionadas com a prpria forma de organizao dessas
atividades produtivas (no sentido de que produzem o ganho extra no Carnaval).
5.2 Utilizao de equipamentos
A oferta de banheiros / sanitrios, chuveiros e creches e a satisfao com as condies desses
equipamentos foram as variveis escolhidas para dar indicao da infra-estrutura
disponibilizada para as pessoas durante a festa.
A maioria das ambulantes (52%), folionas (62%) e folies (64%) utiliza os banheiros pblicos
espalhados no circuito do Carnaval (Grfico 15. Tabela 20, Anexo X), mas considera que as
condies desses equipamentos so ruins e pssimas (63%, 75% e 61% respectivamente)
(Grfico 16. Tabelas 21 e 21A, Anexo X)
41
roteiro observao 2007 sade.docGrfico 15 Distribuio percentual das/os entrevistadas/os segundo a utilizao de banheiros pblicos. Carnaval: violncia contra a
mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
Grfico 16 Distribuio percentual das/os entrevistadas/os que responderam sobre as condies dos banheiros pblicos. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
.
Analisando separadamente as pessoas que vm brincar na festa, percebe-se que as mulheres
usam menos os banheiros que os homens e apresentam maior insatisfao com o
equipamento.
As cordeiras utilizam tanto os banheiros pblicos como os banheiros dos trios/blocos em que
esto trabalhado (44% em cada alternativa) e consideram que os primeiros esto em pssimas 42
roteiro observao 2007 sade.doccondies (62%) enquanto que nos trios/blocos as condies desses equipamentos so boas
(41%). Grficos 17 e 18. Tabelas 22 e 22 A, Anexo X).
Grfico 17 - Distribuio das cordeiras segundo o banheiro que utilizam. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz
a festa. Salvador, Carnaval 2007.
pblicos44%
do trio / bloco44%
N.R. / S.I .12%
Grfico 18 Distribuio das cordeiras, segundo as condies dos banheiros que utilizam. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
Poucas trabalhadoras utilizam os chuveiros (11% das ambulantes e 4% das cordeiras). Das
poucas que utilizam, 3% acharam que as condies eram de aceitveis a muito boas e 2%
acharam que eram de ruins a pssimas (Tabelas 23 e 23A, Anexo X). Mas, como no se
perguntou a razo da no utilizao, no parece adequado tirar qualquer concluso sobre as
condies deste tipo de equipamento.
A informao sobre utilizao dos servios de sade e de polcia detalha o tipo de demanda
(razo da procura do servio) e a satisfao com o atendimento recebido. Tambm aqui a
quantidade de pessoas que efetivamente buscou os servios foi pequena (10% das/os
43
roteiro observao 2007 sade.docentrevistadas/os) (Grfico 19) e, por isso, a descrio do tipo de servio procurado, da razo
da procura e da satisfao com o atendimento, considera apenas o grupo que respondeu sim
na Tabela 24 (Anexo 10).
Grfico 19 Distribuio percentual das/os entrevistadas/os segundo utilizao de servios de sade ou de polcia. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
O Grfico 20 mostra que os servios de sade so os mais procurados pela populao
entrevistada (67%), o que pode ser considerado como uma indicao de espao privilegiado
para desenvolver aes (de informao, de mobilizao) que demandem contato mais
individualizado com as pessoas (Tabela 24 A, Anexo X). Os servios que aparecem no
detalhamento da opo outros servios utilizados no foram considerados porque so muito
diversificados e no permitiram agrupamentos significativos para os objetivos do estudo.Grfico 20 - Distribuio percentual das/os entrevistadas/os segundo tipo de servio utilizado. Carnaval: violncia contra a
mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
O Grfico 21 (Tabela 24 B, Anexo X) busca mostrar os motivos que levaram as pessoas a
procurar os servios, e foi construdo sem considerar as pessoas que no responderam (n.r.),
ou sobre as quais no havia informao (s.i.).
44
roteiro observao 2007 sade.docComo se pode ver, mal estar foi o principal motivo de busca por servios de ateno em todos
os grupos, o que pode sugerir influncia de bebida, barulho, multido e agitao. Por outro
lado, mal estar pode ser a expresso fsica de muitas outras situaes, menos claras e
imediatas para quem as vive, o que pode ser considerado como indicao de necessidade de
que as/os profissionais estejam preparadas/os para acolher as pessoas e identificar outras
necessidades que se escondem por detrs da demanda imediata. Porque ainda que o
esquema dos servios no Carnaval seja direcionado ao atendimento pontual de urgncias e
emergncias, para as pessoas que buscam esses servios mesmo os dias especiais da festa
so dias do curso de suas vidas e o que lhes acontece nesses dias no est desvinculado de
seus modos e estilos de vida18; ou seja, o que lhes acontece e o que sentem nesses dias
repercute no seguimento de suas vidas e esta perspectiva deveria orientar atendimentos
realizados neste perodo.
Importa lembrar que nesse tipo de estudo, em que as quantidades apenas indicam possveis
situaes e no se pretende considerar que os achados correspondam realidade do universo
da populao, os nmeros, ainda que pequenos, so teis para estabelecer diferenas e
orientar alternativas.
Grfico 21 - Distribuio percentual das/os entrevistadas/os segundo motivo para busca aos servios. Carnaval: violncia contra a mulher, racismo e homofobia na opinio de quem faz a festa. Salvador, Carnaval 2007.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
ambul
antes
cordei
rasfoli
onas
folies
usuria
s
outro
bus car pres ervativo
denncia de s ituaode terceirosagres s o verbal
agres s o fs ica
mal es tar
ferimentos
Por outro lado, a anlise da satisfao com o atendimento recebido (Grfico 22. Tabela 29,
Anexo X) mostrou que a grande maioria, de todos os grupos, achou que suas necessidades
haviam sido satisfeitas, o que pode ser indicao de que os servios especiais do Carnaval
esto funcionando dentro do esperado na perspectiva das/os usurias/os (como resposta
18 As condies gerais de existncia caracterizam o modo de vida que articula condies de vida e estilo de vida. Condies de vida: condies materiais necessrias subsistncia, relacionadas nutrio, habitao, ao saneamento bsico e s condies do meio ambiente. Estilo de vida: formas social e culturalmente determinadas de vida, que se expressam no padro alimentar, no dispndio energtico cotidiano no trabalho e no esporte, hbitos como fumo, alcool e lazer. Paim, J. Determinantes Socio-econmicos da Morbimortalidade por Acidentes e Violncias na Bahia. Apresentao no I Seminrio para reduo da morbimortaliade por acidentes e violncias na Bahia. Salvador, out. 2007.
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roteiro observao 2007 sade.docnecessidade objetiva imediata). Este achado pode indicar, tambm, que h espao para pe