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1º de maio é dia de luta da classe trabalhadora

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Page 1: Carta do Conselho de Fábrica da Fábrica Ocupada Flaskô

1º de maio é dia de luta da classe

trabalhadora!

Carta do Conselho de Fábrica da Fábrica Ocupada Flaskô

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Um dia histórico

O dia 1º de maio como um dia de luta da classe trabalhadora foi criado em 1889, peloCongresso Socialista realizado em Paris, em homenagem à greve geral, que aconteceu em1º de maio de 1886, em Chicago. Naquele dia, milhares de trabalhadores foram às ruaspara protestar contra as condições de trabalho desumanas a que eram submetidos eexigir a redução da jornada de trabalho de 13 para 8 horas diárias. Naquele dia,manifestações, passeatas, piquetes e discursos movimentaram a cidade. Mas a repressãoao movimento foi dura: houve prisões, feridos e até mesmo mortos nos confrontos entreos operários e a polícia. Em memória dos mártires de Chicago, das reivindicaçõesoperárias que nesta cidade se desenvolveram em 1886 e por tudo o que esse diasignificou na luta dos trabalhadores pelos seus direitos, servindo de exemplo para omundo todo, o dia 1º de maio foi instituído como o Dia Mundial da luta dosTrabalhadores.

Embora seja impreciso datar a primeira manifestação do 1º de maio no Brasil, já em1895, em Santos houve a primeira tentativa de organizar um ato de 1º de maio. Depois,em 1904, realizou-se um ato operário em um teatro de São Paulo. Em 1906, aConfederação Operária Brasileira (COB), realizou-se a primeira tentativa da classeoperária de construir uma central sindical no país. No Rio de Janeiro, houve uma grandemanifestação de 1º de maio reivindicando redução da jornada de trabalho, fim dotrabalho infantil, melhores condições de trabalho e autonomia sindical. Em São Paulo, oato é proibido de ser realizado na Praça da Sé. A COB convoca então uma reunião queconta com a presença de centenas de trabalhadores. A reunião decidiu convocar umagreve geral. As paralisações se estendem também para Campinas, Ribeirão Preto, Itu eSantos. Desde então grandes atos operários eram organizados, sendo que a classetrabalhadora evoluía rapidamente para sua consciência de classe contra os patrões econtra a burguesia.

Em 1917, ano da revolução proletária vitoriosa na Rússia, a classe operária brasileira foiprofundamente influenciada pelo exemplo dos bolcheviques. Em São Paulo, a greve geralde 12 a 17 de julho levou mais de 100 mil operários às ruas, levantando barricadas etrocando tidos contra a polícia até os patrões cederem às reivindicações.A situação revolucionária noBrasil levou a greves em SãoPaulo, Rio de Janeiro,Niterói, Porto Alegre,Recife, Salvador e Curitiba.Em Santos, os trabalhadoresconquistavam pela primeiravez na história a jornada deoito horas diárias.

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O 1º de maio de 2012 no Brasil e no Mundo

Na Grécia, Portugal, Espanha, Itália, França, em toda a Europa, acrise demonstra que os patrões e seu sistema baseado napropriedade privada dos meios de produção afundam asociedade no caos. Lá também, sob o disfarce de “unidade entreempresários e trabalhadores” foram aplicadas medidas parasalvar o capital dos patrões à custa dos direitos dostrabalhadores, a começar pela previdência.

No Brasil, a maioria dos trabalhadores brasileiros acha que ogoverno Lula foi ótimo/bom e o governo Dilma segue com altaaprovação. Isso se deve à situação de crescimento econômico(com exceção para o ano de 2009), que garante lucro para osbancos, multinacionais, patrões e latifundiários, ao mesmotempo em que cria uma sensação de que o Brasil “está no rumocerto”, pois mantém certo nível de emprego e consumo para ostrabalhadores. Mas e agora, onde se expressa novamente a crisemundial do capitalismo, atingindo diretamente o Brasil?

Como sabemos, crescimento econômico não resolve, em si, osproblemas fundamentais do povo, pelo contrário, amplia a taxade exploração da classe trabalhadora (aumenta a produtividade)e enriquecem os mais ricos. Além disso, o capitalismo sempretem seus altos e baixos e a crise lá fora pode chegar ao Brasilnovamente, devido à dependência econômica frente aoimperialismo.

Por isso, toda a classe trabalhadora, expressa pelo seumovimento sindical e pelos movimentos sociais, têm quereafirmar sua independência diante dos patrões e do governo epreparar os trabalhadores para as próximas batalhas.

Além disso, a política de Dilma (assim como foi de Lula) degovernar com a burguesia apenas serve para promover maiscapitalismo, com todas suas contradições e injustiças. Por isso, jáé mais do que a hora de romper com essas alianças e governarcom base na mobilização dos trabalhadores e da juventude.Assim, será possível provocar uma verdadeira mudança social,como os povos árabes estão fazendo e como os trabalhadoresda Venezuela, há anos, estão lutando. E mais, como ostrabalhadores gregos, espanhóis e demais trabalhadoreseuropeus estão nas ruas combatendo os ataques contra direitosconquistados historicamente. No Brasil, é mais do que a hora deromper com o imperialismo e abrir caminho ao socialismo!

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Contra a colaboração de classes: Alerta operário

Com a crise mundial atingindo o Brasil, a burguesia se organiza. Os empresários seorganizam, pressionam o governo, realizam atos públicos, e pior, são muitointeligentes, e usam parcela do movimento sindical para dizer que “na crise, todosperdem”.

O manifesto “Grito de Alerta” assinado por entidades patronais (FIESP/CIESP, FIEP,FIEMG, ABIT, ABIPLAST, ABINEE, ABIMAQ, ABIQUIM, ABIPEÇAS) e entidadessindicais (Força Sindical, UGT, CTB, CGTB, CNM/CUT, Sindicato dos Metalúrgicos deSão Paulo, Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, SINAFER, SIMEFRE, SINDITEXTIL)exige medidas do governo (como desoneração da folha de pagamento), sob opretexto de proteger a produção da indústria brasileira frente às importações.Entretanto, tais medidas servem para retirar direitos dos trabalhadores direta eindiretamente, fazendo com que os trabalhadores é que “paguem a conta”.

No ano passado, o chamado “Plano Brasil Maior” já havia desonerado a folha depagamento de quatro setores (Têxtil, Calçados, Móveis e Software) abrindo mão dacontribuição previdenciária dos patrões de 20% sobre a folha de pagamento emtroca de um imposto de 1% sobre o faturamento das empresas – deixando assim, aprevidência, que é uma conquista dos trabalhadores, refém da lucratividade decada empresa. Ou seja, quando estes setores forem atingidos pela crise, quem vaipagar a conta é a previdência dos trabalhadores. Com as novas medidas, agora são15 setores da indústria que não precisam garantir a parte dos patrões naprevidência! Dilma afirmou que se a Previdência for prejudicada com isso, oTesouro Nacional cobrirá a diferença.

Oras! Mas o dinheiro público que deveria ser usado para serviços públicos que ostrabalhadores necessitam (saúde pública, educação, moradia, saneamento, etc.)será usado para pagar a conta que os patrões não precisarão mais pagar? Assimfica fácil entender o corte de mais de 100 bilhões no orçamento de 2011/2012!Além disso, os impostos não são “neutros”. Impostos sobre a folha de pagamentospara a previdência são salários indiretos e assim compreendidos pelos patrões.Impostos sobre a Renda de empresas saem dos lucros. Impostos sobre o consumo,faturamento e sobre salários (o famoso “imposto de renda descontado na fonte",no salário) são pagos pela classe trabalhadora. Então, a desoneração da folhasignifica que os patrões deixam de pagar e os trabalhadores pagam!

Participar deste “Grito de Alerta” junto com os patrões é um gol contra a classetrabalhadora! E se Dilma desonerou a folha de mais setores, se prometeu maiscréditos para a “indústria”, os patrões querem mais e espalham por jornais erevistas o seu descontentamento. É compreensível que trabalhadores maisdesavisados, ainda mais sendo orientados por dirigentes sindicais, acreditem queeste tal “Grito de Alerta” seja de fato para defender os empregos. Mas não é nadadisso! Por isso lançamos este “Alerta operário”!

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Uma saída classista

Atenção companheiros! Todos sabemosque os patrões agora dizem que estão“em defesa do emprego”, mas depois deconseguirem o que querem, nãohesitarão um minuto em demitir milharesde pais e mães de família. Não devemosdar nunca nenhuma confiança aospatrões. A unidade hoje aquirepresentada deve organizar umacampanha nacional em defesa daprevidência, em defesa da redução dajornada, em defesa da estabilidade noemprego, e não participar de qualquercampanha junto com os patrões.

Os únicos capazes de abrir uma saídapara a crise são os trabalhadores, aliadosnão com os patrões compatriotas, massim com os trabalhadores de todos osoutros países, contra os patrões de todoo mundo. A única saída para a criseeconômica pela qual passa o mundo nãoé “mais capitalismo”, “mais investimento”ou “mais nacionalismo”. A única saída é ocombate consciente pelo socialismo, é aexpropriação de toda a propriedadeprivada dos meios de produção, acomeçar pelos grandes bancos, indústriase fazendas.

Por isso, devemos reafirmar nossaposição de classe e exigir o rompimentode todos os sindicatos e centrais com apolítica de colaboração com a classeinimiga, a classe dos capitalistas eretomar a via da mobilizaçãoindependente da classe trabalhadora,contra os capitalistas, contra as medidasdo governo e pelo socialismo.

São Bernardo do Campo, 1° de maio de 1980.

Rio de Janeiro, 1° de maio de 1910.

Chicago, 1886, manifestação de trabalhadores que deu origem ao 1° de maio como dia mundial da luta dos trabalhadores.

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Uma saída contra os ataques dos capitalistas: Greve de ocupação e o Controle Operário: o exemplo da fábrica ocupada Flaskô

Uma das formas de combater a dinâmica dos capitalistas é mostrar o poder daorganização dos trabalhadores. Cada lâmpada, cada carro, cada estrada, cada bemda sociedade capitalista foi produzido por um operário. Tudo passa pelas mãos dostrabalhadores. É por isso que a greve é tão importante, pois impõe ao patrão apercepção que ele não é nada sem o trabalhador. Diante disso, devemos mostrarque, ao contrário, os trabalhadores não precisam de patrões.

Assim, quando os trabalhadores querem que os trabalhadores “paguem a conta”,nós dizemos que não! A crise é do capitalismo e provocada pelos capitalistas. Porisso, quando atacam direitos dos trabalhadores, demitir ou mesmo ameaçaremfechar a fábrica, nós temos que levar em frente o lema histórico da classetrabalhadora, sempre usado pelos movimentos sociais e sindicais: “ocupar, produzir,resistir”. É isso que temos que fazer! Não podemos permitir que sejamos jogados aodesemprego, à miséria, rasgando o nosso direito ao trabalho, que a própriaConstituição determina como alicerce para a dignidade humana. Temos que ocupara fábrica e voltar a produzir sob controle operário. Precisamos mostrar que aprodução pode funcionar sem ter um patrão, e mais, funcionando ainda melhor,com condições de trabalho dignas e prevalecendo a preocupação social emdetrimento do lucro.

É o que, nós, trabalhadores da Flaskô fizemos há quase 9 anos, em Sumaré/SP.Ocupamos a fábrica, retomamos a produção sob controle operário e desde entãotemos uma grande luta. Nada é fácil, mas conseguimos mostrar que ao não ter aacumulação privada da riqueza, podemos implementar algumas conquistashistóricas da classe trabalhadora, como a redução da jornada de trabalho semredução de salários, de 44 para 30 horas semanais, aumentar o número de postosde trabalho e salários, impondo um novo ritmo de trabalho, que resultou em não termais nenhum acidente de trabalho, implementar a verdadeira democracia operária,com todas as decisões da produção tomadas em assembleias.

No entanto, da mesma forma que sabemos que não há socialismo em um só país,não há fábrica ocupada isolada. É por isso que sempre tivemos clara a necessidadeda solidariedade da classe trabalhadora, seja para a defesa da Flaskô, seja,fundamentalmente, para que a “moda pegue. Assim, desde 2003, junto com asfábricas Cipla e Interfibra de Joinville/SC, nos conformamos como um Movimento deFábricas Ocupadas, e impulsionamos novas ocupações de fábrica, com a perspectivado controle operário. Atuamos em mais de 35 fábricas, lutando pelos postos detrabalho. Essa deve ser uma pauta sindical, contra a conciliação com os capitalistas.Em tempos de crise, essa saída fica ainda mais evidente. Nesse sentido, mostramosà toda classe trabalhadora que há alternativas e que “outro mundo é possível”,desde que cientes dos desafios que cercam a luta pela efetiva transformação social.

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Por tanto, afirmamos:

É hora de passar das palavras aos atos e mobilizarde verdade para vencer.

É isso que devemos fazer a partir desse grande eimportante ato unitário da classe trabalhadora.

Calar-se diante de mais este ataque à previdênciae a todas as bilionárias doações de dinheiropúblico aos empresários é ser conivente com apilhagem nacional e a superexploração dostrabalhadores.

Além disso, necessitamos ter claras as nossasbandeiras e reivindicações:

- Exigir o rompimento de todos os sindicatos ecentrais com a política de colaboração com aclasse dos capitalistas e retomar a via damobilização independente da classetrabalhadora, contra os capitalistas e as medidasdo governo e pelo socialismo;- Dilma e PT rompam com o governo decoalização, se apoiando nos movimentos sociais esindicais;- Nenhum direito a menos, contra a “Reforma” daCLT que retira direitos e legaliza a terceirização;- Reverter todas as privatizações feitas, inclusiveas concessões atuais;- Reforma Agrária e Reforma urbana. Por umapolítica de desapropriações;- Redução da jornada de trabalho para 40hsemanais, sem redução de salário;- Indexar as aposentadorias ao salário Mínimo,evitando que todo ano os aposentados percam;- Estatizar a previdência, estatizando todos osfundos de pensão existentes e voltando aoregime de benefício garantido, acabando com afarsa da “contribuição garantida”;- Pelo fim do fator Previdenciário;- Reverter a Reforma da Previdência dosservidores, garantido a volta de seus direitos ebenefícios e progressivamente estendê-los atodos os trabalhadores da iniciativa privada,aumentando o teto da previdência;- Contra a desoneração da folha de pagamentos.Aumento dos tributos diretos (sobre a Folha depagamentos, Propriedade e a Renda) ediminuição dos indiretos (Impostos sobreconsumo, IPI, ICMS e outros);

- Proibir as demissões imotivadas;- Instalar o Contrato Nacional Coletivo,estendendo as garantias conquistas pelas maiorescategorias para todos os trabalhadores;- Acabar com o Imposto Sindical, semcontribuição negocial: quem sustenta o sindicatosão seus filiados;- Cumprimento imediato da Lei do piso nacionalpara os professores;- Pelo fim da criminalização aos movimentossociais;- Contra a criminalização das greves. Pelo fim dosinterditos e multas que atacam a liberdadesindical;- Fábrica Quebrada é Fábrica Ocupada. FábricaOcupada deve ser estatizada sob controle dostrabalhadores;- Estatização, sob controle operário, da FábricaOcupada Flaskô.

Campinas/SP, 1º de maio de 2012Conselho de fábrica da Flaskô

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