caserna nº22
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Jornal da Freguesia do FelgarTRANSCRIPT
Agosto de 2012
União Desportiva de Felgar Fundada em 24 de Julho de 2000
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Agosto de 2012
Director: José Rachado
Adjunto: António Gomes
Subdirectores: Tiago Rachado, Élia
Felício
Grafismo: Mário Pinto
Propriedade: União Desportiva de
Felgar
Redacção: Felgar
Fundadores: Dinis Teixeira, Olinda
Sá, José Rachado - 1994
CASERNA A
DO CIMO DO LUGAR
Genealogias Felgarenses Pág. 4, 5
Viagens para “A Minha Terra” Pág. 5, 6
As Actividades da União Desportiva de Felgar
Pág. 6
Jardim de Infância de Felgar Pág. 7
2012 – Um Ano Amargo Pág. 10
A Festa na Minha Infância
Pág. 12, 13
Farrapos de Memória Pág. 14, 15
Em destaque na
reportagem fotográfica o
Passeio Pedestre do
Sabor
CASA DA MÚSICA COM SONS DO FELGAR
Nº 22
2
Sonhos
Como sabem, desde há cinco números para cá que
escrevo longe da nossa encantadora freguesia. Através
de editais, consegui sempre expressar o meu ponto de
vista, perceptível e concordante para uns, para outros,
discordante para uns terceiros, atreveria-me a
considera-lo demasiado elaborado para o
acompanharem.
No nosso concelho vivemos, hoje, dias de muita
agitação, com ênfase bem acentuada na nossa freguesia.
Se por um lado temos a Barragem do Baixo Sabor em
plena velocidade de cruzeiro, no que respeita à
construção, por outro, temos as minas de ferro a
começarem a ser uma verdadeira novela. Decerto que o
Tozé Martinho já a está a programar para os serões da
TVI. Mas não entrarei já por aí.
Começo aqui por dar ênfase a mais um feito da nossa
banda de música. Depois de em 1998 ter-se deslocado à
EXPO’98 de Lisboa fazer um Concerto, depois de ter
feito o mesmo na Feira Popular, eis que recebo a notícia
de que actuou na Casa da Música do Porto, no passado
dia 29 de Julho. Como músico, que por lá passei, fiquei
tão orgulhoso que não poderia deixar escapar este
espaço sem congratular todos os músicos e dirigentes
que nela trabalham. Numa altura em que a formação
desportiva na Freguesia deixou de existir, as escolas
pré-primárias e primárias estão prestes a fechar, surge
um exemplo de força e vontade de mostrar o que de
melhor temos. Vejo nas fotografias muita juventude,
dando o exemplo de que é possível manter uma banda,
em Trás-os-Montes, com qualidade musical, que a leva
aos melhores palcos culturais do nosso país.
A União Desportiva também se mostrou com a
organização do Convívio do Sabor, onde juntou quase
duas centenas de pessoas que puderam deslumbrar-se
com um passeio por paisagens maravilhosas. Muitas
destas paisagens ficarão debaixo de água, pelo que
eventos destes são de louvar, uma vez que associam a
prática desportiva à possibilidade de deslumbramento
das paisagens maravilhosas que caracterizam toda a
nossa região do Baixo Sabor. Por outro lado temos o
nome Felgar constantemente em jornais e revistas.
Tudo isto por causa da possibilidade da reabertura das
Minas de Ferro.
Foi no dia 21 de Outubro de 2011 que surgiu a notícia
de um mega-investimento de mil milhões de euros, por
parte da empresa Rio Tinto, na exploração de minério
de ferro. Fala-se que as quantidades de ferro foram
medidas e indicadas como sendo cerca de 552 milhões
de toneladas, tornando o local como um dos maiores
depósitos de minério de ferro da Europa. Sem dúvida
que esta seria a melhor notícia a dar a todos. No entanto
compete aos nossos dirigentes, que dizem ser o “Ferro a
Alma da Terra”, lutar para que este sonho se torne
realidade.
Leio e acompanho notícias, num dia o negócio de
milhões está praticamente concluído e os governantes
locais dizem “ver para crer”, no dia seguinte já tudo é
especulação e o negócio não avança. Nesta situação o
que avança é a voz crítica de alguns dirigentes locais,
que face à incapacidade e falta de vontade de
implementar um negócio privado que implicaria a
autossuficiência de centenas de famílias, vêm
rapidamente criticar e afirmar que estamos perante uma
“miragem das minas”.
A ideia é cruzar os braços e não criar expectativas, se o
negócio avançar tudo bem, se não avançar também não
iremos forçar nem ir à luta, para fazer deste sonho de
uns, a realidade de todos.
É aqui em que tem de se saber separar o orgulho ferido
da inviabilização de uma obra, neste caso a construção
de um parque eólico, do negócio que constituiria
certamente a viabilização de todo a economia do
concelho nas próximas décadas.
No meio de tudo isto o que se sabe é que uma empresa,
de nome MTI, tem a concessão das minas até 2070 e
que estamos perante um caso tipicamente português, em
que estamos todos na expectativa. Se avançar, poucas
vozes congratularão os responsáveis, se o negócio sair
“furado” muitos esfregarão as mãos, encherão páginas
de jornais com críticas ao trabalho de quem tentou
tornar este sonho numa realidade.
Por: José Rachado
Editorial
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A Banda do Felgar na Casa da Música
Fotografias enviadas por: Élia Felício
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Genealogias Felgarenses
Com o presente artigo, e desengane-
se quem possa pensar o contrário,
não vou dissertar sob o tema
referido em título, vou, isso sim, é
fazer uma chamada de atenção e um
pedido ou um apelo a todos os
felgarenses espalhados por tudo o
que é sitio.
Mas, previamente, devemos ter
presente a realidade dinâmica que é
o estudo do passado no que
concerne ao indivíduo e á sua
estirpe. De facto, para melhor
compreendermos a história do
Felgar e a evolução da sua
organização politica, económica e
social de cada época, temos de
socorrer-nos de várias fontes
tentando reconstruir o passado que
se deseja conhecer.
Se qualquer um de nós pretende
reviver alguma coisa que se passou
consigo recorre à imaginação para a
reconstituir, com o auxílio da
memória, das circunstâncias, dos
acontecimentos e das figuras. De
igual modo, no caso de se tentar
obter uma visão ou ideia mais
completa da vida de uma sociedade
ou das pessoas e instituições numa
época pretérita, a complexidade do
tema leva a que nos tenhamos de
socorrer de fontes auxiliares que
ajudam à interpretação e
compreensão desse viver.
Assim, o investigador é forçado a
socorrer-se, entre outros, de
diversos auxiliares que melhor o
ajudam a compreender e a
completar os conhecimentos deles
extraídos para se tentar fazer a
história de uma sociedade e de uma
dada época histórica. Aqui, o
investigador tem de, em 1º mão,
socorrer-se das ditas fontes
auxiliares, maxime, documentos
escritos [diplomática, paleografia,
filologia] do estudo do meio físico
[arqueologia, epigrafia, toponímia,
numismática] e do meio social
envolvente, aqui estudando uma
série de gerações pertencentes a
uma família, tentando compreender
a sua origem e procedência
[genealogia].
Por mero amadorismo e bairrismo,
temos andado a recolher e a
compilar elementos e dados
biográficos, elaborando árvores
genealógicas de diversas famílias
felgarenses. Nas horas gastas nestas
investigações genealógicas temos
deparado com situações
verdadeiramente interessantes da
vida social, cujo exemplo mais
marcante é o de termos constatado a
situação de haver famílias cujos
apelidos pura e simplesmente
desapareceram da antroponímia
local, [estou a lembrar-me das
famílias Castro Valente, Piconez,
Negrão, Noga, Lobão, Guerra,
Jáco…] e observar que nos ciclos
naturais da vida, por exemplo, nos
nascimentos, o registo obrigatório
do legítimo recém-nascido, figurava
a par das situações, então sempre
indesejáveis e moralmente
condenáveis, de elevado índice da
filiação natural.
Através do estudo das genealogias
felgarenses, se os elementos
biográficos mais vulgares nos
aparecem em catadupa : nome,
filiação, profissão ou ofício, data de
nascimento, casamento e óbito,
também outros fenómenos mais
laterais nos surgem e até nos
surpreendem pela sua
ocasionalidade. Estou a pensar nas
crises sociais: o elevado nº de óbitos
em 1890, a devastadora malina e a
quarentena de 1905, a pneumónica
de 1918, a elevada taxa de
mortalidade infantil, vulgo
garrotilho, mas, sobretudo, um
outro fenómeno que marcou
indelevelmente uma época : a
emigração.
Manuel Luíz Rachado e Família
(foto E.C.)
Histórias Contadas
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Tudo isto são assuntos e temas
laboriosos que exigem mais
investigação, um maior cuidado e
apoio nas fontes auxiliares supra
referidas. E se sobre o meio físico
temos a sorte de estarmos agora
rodeados duma plêiade de
arqueólogos e demais classes
profissionais deveras qualificadas,
com a maior taxa de ocupação por
m2 em Portugal – barragem oblige –
os quais, com a maior competência
e conhecimentos super
profissionais, tal a profusão de
artigos, publicações cientificas e
newsletters publicados, nos vão
explicar as nossas origens,
tentaremos também contribuir,
ainda que mais modestamente, para
uma melhor compreensão do meio
social utilizando as genealogias
felgarenses.
E como não é trabalho para um
homem só, é claro que para melhor
estudar e divulgar as genealogias,
faço um apelo a todo o felgarense
no sentido de que, sendo possuidor
de vários documentos, registos e
fotografias dos seus antepassados,
nos faça chegar, por correio
electrónico, cópia e dados
biográficos dos mesmos para:
É evidente que, caso um dia se
publiquem as genealogias
felgarenses, sempre farei referência
à pessoa que me faça chegar
qualquer elemento documental dos
nossos avoengos.
Muito obrigado!
Por: Carlos Seixas
Viagens para a “Minha Terra”
Fui ao Felgar no fim-de-semana de
21 e 22 de Julho 2012. Não demorei
mais de 02 horas a fazer o trajecto!
Deliciei os meus filhos e a minha
esposa com histórias de viagens
intermináveis que fiz, quer de carro
quer de comboio, desde 1974.
A viagem começava bem cedo,
pelas 06h30 da manhã no autocarro
da UTIC (União de Transportes dos
Carvalhos), lá íamos pela N1 desde
os Carvalhos até á R. do Loureiro
no Porto. O comboio da linha do
Douro, saía ás 07h45. Já se ouvia ao
altifalante...
- Senhores passageiros, vai partir da
linha nº1 o comboio da linha do
Douro com destino a Barca D`Alva.
Efectua paragens em........., atenção
á sua saída.
Tentávamos os melhores lugares,
aqueles que nos possibilitavam ver
o Rio Douro na sua plenitude
durante mais tempo, era o início da
viagem que nos levaria ao Felgar,
aos nossos amigos e aos nossos
Pais.
Entre a estação de S. Bento e
Valongo, viajava normalmente uma
ceguinha. Dizia-se na altura que
estaria rica, fruto das esmolas. Era
frequente entrar também um
invisual com uma concertina. O
comboio ganhava vida, música e
alegria. Alegres também estávamos
nós pois íamos ao encontro dos
nossos.
Em Valongo os pregões da regueifa
eram música para os nossos
ouvidos...
Olha á regueeeeeeiiiiifaaaaa.
O som estridente ecoava pela gare.
Lá nos empoleirávamos nas janelas
para comprar a dita cuja. Bastas
vezes o comboio começava a
marcha e algumas vendedoras ainda
corriam para receber. Fanfarrões
alguns passageiros brincavam com a
situação.
O comboio, vagaroso, lá ia
serpenteando seguindo o curso do
Rio Douro fazendo parte integrante
de uma paisagem que haveria de
tornar-se património da
Humanidade.
Pouca terra, pouca terra... qual
quê... muita! Nunca mais acabava.
Entre um sono e uma ida á casa de
banho lá íamos matando o tempo. A
chegada á Régua era pura
adrenalina.
- Estação da Régua. O comboio, que
acaba de dar entrada na 1ª linha 1ª
plataforma, procede de Porto/S.
Bento e destina-se a Barca D`Alva.
Os passageiros com destino á linha
do Corgo devem mudar para a via
estreita...
O comboio parava cerca de 15
minutos, era o tempo que
precisávamos para sair, ir ao bar da
estação comprar uma sandwich e
um sumo e voltar. Sempre com o
ouvido atento ao altifalante. Se
desse tempo ainda dava para uns
6
rebuçados de açúcar e caramelo.
E lá continuávamos, agora mais
moídos da viagem, começava a
custar estar sentados. Um pouco
mais e estávamos no Tua, hora de
despedida de alguns colegas que
mudavam de comboio com destino
a Mirandela e Bragança. O Luís
Mário, o Narciso, o Calado lá
saltavam o mais rápido possível
para apanharem lugares sentados.
Normalmente a vantagem de ser
ágil dava os seus frutos. Agora,
anos estes volvidos, de quando em
vez vou à Estação do Tua, ao
“Calça Curta” e recordo estes
momentos.
O comboio, agora, abrandava a
marcha. O estado da linha a isso
obrigava. Ferradosa, passávamos a
ter o Rio Douro á esquerda. Freixo
de Numão, quem imaginaria que
viria a ser tão visitado por turistas
que chegam de barco? Alegria,
Vesúvio.
Finalmente Pocinho! Toca a correr
para o comboio da Linha do Sabor.
Eramos muitos, do Felgar, de Duas
Igrejas, de Miranda. Estava quase.
A fome já apertava e já se comia
qualquer coisa.
Lá começávamos a subir do
Pocinho no “texas”, estava quase,
Torre de Moncorvo, Larinho,
Carvalhal, começavam as
despedidas até á volta, o Raposo, o
Amilcar, o Jorge Cordeiro, o
Morais, o Paulo e o Horácio Preto
continuavam até Vimioso e Duas
Igrejas. Finalmente o Felgar!
Cabeço a baixo até aos Barreiros, a
esta hora não havia problema, corria
para casa para encontrar os meus
Pais e o meu Irmão... e almoçar,
claro, que fominha já passava das
14h00. Para trás ficou o “texas” que
continuava a ouvir ao longe e mais
uma viagem desde o Porto. Estas,
para casa, não custavam. Agora era
aproveitar as férias o mais possível,
matar as saudades e desejar que o
dia de volta ao Porto não chegasse.
Boas Férias!!!
Por: Luis Guimarães
As Actividades da União Desportiva de Felgar
No período Primaveril as
actividades da União Desportiva
de Felgar quedaram-se pela
realização da segunda edição do
Convívio Rio Sabor. Depois do
sucesso que caracterizou a primeira
edição, muito grande era a
perspectiva, trazendo gente de
várias partes do Distrito.
O evento que contou com a
presença de cerca de duas
centenas de participantes,
dividiu-se por duas frentes.
A actividade que juntou maior
número de participantes foi o
passeio pedestre. Teve início
junto à sede da União Desportiva
de Felgar, no Bairro do Pombal e
percorreu mais de 9 Km até
terminar na margem direita do
Rio Sabor, onde em paralelo
decorria o torneio de pesca
desportiva.
A passagem no Santuário de
Nossa Senhora do Amparo
constituiu o primeiro atractivo do
dia. Seguiu-se a descida para
Fonte Nogueira, local de
histórias infindáveis.
Saídos da povoação, eis que
chega a parte descendente do
percurso, por entre oliveiras,
amendoeiras, carrascos e outras
belezas florística, chega a hora
de cruzar o Ribeiro dos Moinhos,
local de onde resultaram
magnificas fotografias com o
atravessar do ribeiro por parte
dos participantes, aproveitando
alguns para refrescar as pernas e
os pés..
Um local fresco convidativo ao
primeiro abastecimento do dia.
Energias repostas, seguiu-se
caminho rumo ao contacto visual
com o Rio Sabor e com a encosta
da Pendura, ponto magnífico
para captação de imagens para
mais tarde recordar. Dali foi
acompanhar a descida do rio até
ao pontão, onde se tirou a
fotografia de grupo, antes da
junção com os participantes a
prova de pesca desportiva, para
um convívio.
Um porco no espeto, esperava os
participantes, acompanhado com
um caldo-verde revitalizante, um
espaço agradável e uma tarde
onde até o bom tempo serviu de
atractivo aos participantes.
Por: José Rachado
Histórias Contadas
Histórias Contadas
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Jardim de Infância de Felgar
No âmbito do projeto dos Jardins-de-infância do
Agrupamento de Escolas de Torre de Moncorvo, “Os
Animais são os nossos amigos”, os alunos do Jardim-de-
infância do Felgar, sob a orientação da sua educadora,
Dulce Corvo, elaboraram frases sobre diversos animais e
construíram uma quinta com os seus animais. Neste
número apresentam-se as fotografias deste trabalho com
as transcrições das frases proferidas pelas “nossas”
crianças.
“Numa Quinta muito grande há muitos animais, é difícil
escolher de qual eu gosto mais.”
“O cão é meu amigo, vai comigo a todo o lado.”
“O patinho amarelo, gosta de brincar no lago.”
“A vaquinha dá-nos leitinho, tem o corpo todo
malhadinho.”
“A ovelhinha dá-nos a lã para fazermos a camisola para a
mamã.”
“Lá no estábulo o burro e o cavalo, acordam com o cantar
do galo.”
“Porquinho rosadinho, às vezes é mealheiro, aqui na
quinta serve para o fumeiro.”
“Os ovos dá-nos a dona cá-cá-rá-cá.”
“Ora digam lá se eu não tenho razão, escolher um animal
é uma grande indecisão.”
Informação de: Célia Ferreira
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Dia de Passeio…
Reportagem Fotográfica
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… Pescaria e Convívio
Fotografias de Manuel Pinto
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2012 – Um Ano Amargo
O interior está num processo de
desertificação. Todos os sabem. A
questão demográfica não pode
mais ser ignorada.
Antiga Escola Primária
Apresentam-nos planos, estudos,
propósitos e intenções para
contrariar esta tendência. Tudo
embrulhado em discursos feitos de
palavras bem
medidas, procurando sossegar as
almas mais inquietas.
Mas a realidade dos números fala
mais alto e a inquietação aumenta.
Inquietação que um dia levará à
indignação e desta à contestação.
Mas talvez já seja tarde demais.
Espanta-me a placidez
generalizada. Surpreende-me a
ausência de agitação. Indigna-me o
silêncio e a inércia dos instalados,
à espera que a desgraça passe ao
lado.
Mas não passa.
Faltam alunos, desaparecem
professores, abalam famílias para o
litoral apinhado. Mingam os
negócios, fecham os comércios.
Abandona-se a produção associado
ao setor primário – “dá prejuízo,
não há escala” – dizem.
E o processo de litoralização
continua de forma, aparentemente,
irreversível.
Vêm estas palavras a propósito de
um acontecimento que marcará,
pela negativa, a história de Felgar.
Neste ano de 2012 o Ministério da
Educação e Ciência manda
encerrar a Escola do 1º Ciclo do
Ensino Básico. Usemos a
terminologia antiga: fecharam a
Escola Primária!
Escola Primária
Fecha a do Felgar, encerra a do
Carvalhal. Não resta agora uma
Escola Primária a funcionar nas
aldeias. Todas as crianças em
idade escolar passarão a ser
deslocadas para a sede do
Concelho.
Isto dá que pensar. Ver a nossa
terra definhar, o Cimo do Lugar
cada vez mais vazio, as ruas
desertas e as casas vazias é triste.
A quase ausência da algazarra
típica das crianças cria um silêncio
pesado, quase doloroso.
Alunos da Escola Primária do Felgar, Turma
Feminina de 1931-32
Em fotografias de 1931-32
contam-se 65 rapazes e semelhante
número de meninas, o que daria o
número simpático de 130 alunos.
Alunos da Escola Primária do Felgar, Turma
Masculina de 1931-32
Já em fotografias datadas de 1946
contam-se 110 crianças a
frequentar a Escola Primária de
Felgar: 50 rapazes e 55 meninas.
Alunos da Escola Primária do Felgar, Turma
Masculina de 1946-47.
Hoje, a escolaridade é obrigatória.
O Concelho TODO tem apenas
184 alunos inscritos no 1º Ciclo do
Ensino Básico (a antiga Escola
Primária), assim distribuídos:
1º Ano – 47 alunos.
2º Ano – 45 alunos.
3º Ano – 41 alunos.
4º Ano – 51 alunos.
Não é com o encerramento de
serviços que a desertificação se
combate. A escola é mais do que
um local onde se aprende. A
Escola é um símbolo de uma terra!
Por: A. Manuel Teixeira
Opinião
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O que fez Notícia
No Correio do Minho, no último mês de Fevereiro,
veio noticiada uma exposição na cidade de Barcelos
com referência à, olaria do Felgar.
A Sala Gótica dos Paços do Concelho acolheu, a partir
de 1 de fevereiro, uma exposição de louça preta, louça
vermelha fosca, louça vidrada e miniaturas, intitulada
“Olaria do Norte de Portugal: uma panorâmica”,
referente à olaria portuguesa produzida entre o último
quartel do século XIX e a primeira metade do século
XX.
As peças expostas encontram-se em depósito no Museu
de Olaria desde 1998.
Estão expostas peças de Prado, Parada de Gatim,
Barcelos e Guimarães (Braga); Bisalhães, Vilar de
Nantes e Selhariz (Vila Real); Calvelhe, Pinela,
Bragança, Bemposta, Mirandela e Felgar (Bragança);
Gondar e Gôve (Porto); Fazamões (Viseu).
A exposição é complementada por uma descrição dos
tipos de louça, caracterização e respectivos métodos
de produção. A maior parte das fotografias desta
exposição são da autoria de Santos Júnior e pertencem
ao arquivo fotográfico da Biblioteca Municipal de
Torre de Moncorvo.
No Jornal Nordeste, no passado mês de Janeiro,
podemos ler uma notícia relacionada com os achados
arqueológicos em Silhades (no periódico vem referido
como Cilhades).
Ainda não há uma solução para os achados de
Cilhades, um antigo povoado em Felgar (Torre de
Moncorvo), que será submerso pela barragem do
Baixo Sabor, e que tem sido alvo de investigação por
parte dos arqueólogos responsáveis por acompanhar
os trabalhos de construção da barragem.
De acordo com Filipe Santos, arqueólogo responsável
por aquele sítio, tem havido cada vez mais curiosos a
visitar o local das escavações, em busca de tesouros
escondidos, o que tem causado constrangimentos.
“Com as notícias que têm saído na comunicação
social, há pessoas que pensam que vão encontrar um
bezerro em ouro aqui enterrado. Não é nada disso.
Mesmo as moedas encontradas [cinco] não têm grande
valor comercial”, frisou aos jornalistas.
Para já, sabe-se é que as descobertas terão de ser
acondicionadas num local próprio para o efeito, que
evite a degradação das peças metálicas (pontas de
lanças, adornos de vestuário, ferramentas agrícolas) e
vestígios ósseos (sobretudo esqueletos).
Em Tempo de Festa Foi no passado dia 4 de Agosto que a União Desportiva
de Felgar organizou o torneio de paintball. Apesar do
pouco movimento de emigrantes que ainda se fazia
sentir por essa altura, o torneio contou com a
participação de 4 equipas constituída por 3 elementos
cada.
As equipas defrontaram-se A (Alexandre Pando, Bruno
Martins e Ruben Leal) Vs B (António Gomes, Carlos
Seixas e Luis Bento) e C (Dinis Teixeira, Luis Canadas
e Rui Abrunhosa) Vs D (Jorge Abrunhosa, Tiago
Teixeira e Ruben André), sendo eliminadas a equipa B
(2-0) e equipa D (2-0) sendo os jogos ganhos á melhor
de 3. Seguiu-se o jogo de 3º e 4º lugar entre as
eliminadas onde a equipa D saiu vencedora (2-1). A
meia-final disputou-se entre as equipas A e C sendo um
jogo bastante renhido e bem disputado onde a sorte
sorriu a equipa A tendo ganho por 2-1.
Conhecidos os vencedores deste torneio eis que chega
a hora de convívio com um jantar no polidesportivo
onde reino a boa disposição apesar da classificação não
agradar a todos.
Por: António Gomes
12
A Festa da Minha Infância Nas últimas semanas o
sentimento é o mesmo de
sempre. Nesta altura do
ano, algo me pede para
preparar a bagagem e
abalar para o Felgar.
Porém, ainda é preciso
esperar até que as férias
comecem!
Quando era miúdo, tal
como agora, o Felgar
sentia-se em casa todo o
ano, até porque as viagens
eram frequentes, mas
quando chegava a Festa
era especial e chegado o
Verão, era tempo de
começar a preparar a
viagem.
A Teresa Canária discutia
sempre com o Augusto
Pardal, porque havia
sempre muitos sacos, nem
sei de onde vinha tanta
coisa. Isto claro, para
além do farnel, porque ir a
restaurantes era coisa
proibida! Às vezes
também viajava com os
meus pais, mas por regra,
eles juntavam-se a nós
mais tarde.
Chegado o dia da partida,
era levantar cedo e ir para
o Martim Moniz apanhar
a carreira, naquela altura
não havia direito a viagem
de carro. A carreira
levava-nos pelo país
profundo, pois na altura
só havia auto-estrada até
Carregado e dali para
cima, resumidamente, era
parar no Alto da Morcela
para o pequeno-almoço,
entrar em Coimbra para
apanhar mais passageiros,
subir o Luso, passar por
Celorico da Beira e o
mais difícil estava a
chegar. Era o dia inteiro a
viajar!
Chegados a Foz Côa,
começavam-se a ver as
primeiras curvas a
caminho do Pocinho, não
sei quantas eram, mas
hoje parecem-me muitas
menos (e ainda não estou
a pensar no novo IP2)!
A ponte sobre o Douro
era estreita (nos dias de
hoje está interditada) e se
a entrada era fácil, do lado
norte era mais
complicado, pois a saída
não era em frente, era em
cotovelo, o que obrigava a
várias manobras. Muitas
vezes havia uma escala na
Mêda e trocava-se para
uma carreira mais
pequena. Tenho pena que
tanta gente se esqueça tão
depressa de como as
coisas eram e não dêem
valor ao que temos hoje!
Mas a jornada continuava
e ainda nos esperavam
mais curvas, estas as
particularmente mais
difíceis e enfim chegados
Moncorvo.
Depois de um pulinho até
ao Felgar, lá ficava a
Teresa feliz por sentir
novamente as pedras da
sua Calçada e a Leonídia
Rosinha feliz por ver o
neto.
Os primeiros dias eram
para as arrumações e
matar as saudades. Em
casa da minha avó
Leonídia havia sempre
bom salpicão e chouriça.
Chegava sempre antes dos
meus primos, às vezes
pouco sobrava para eles!
Ainda faltava muito para
a Festa, mas havia sempre
muita coisa para fazer, a
maior parte das pessoas
ainda não repartia as
férias por outros sítios e
quando entrava Agosto a
animação já era grande.
Cada vez ia chegando
mais gente e os dias
passavam-se quase
sempre fora de casa,
muitas vezes a ajudar a
pôr os postes com os
enfeites das ruas e da
estrada para o Santuário.
Pelo meio haviam as idas
à Vila, a feira de ano no
13 de Agosto e longas
caminhadas e pedaladas
de bicicleta entre o Prado
e o Carvalhal, o Cabeço e
a Serrinha, o Ribeiro dos
Moinhos e o Rio e até
Vale Ferreiros. Muitas e
Lembranças
Cima: Albertina, Delfim Pardal, Teresa Canária, Leonídia Rosinha
Baixo: Antoninho e Acácio Rosinha
Cima: Albertina, Delfim Pardal, Teresa Canária, Leonídia Rosinha
Baixo: Antoninho e Acácio Rosinha
Agosto de 2012
União Desportiva de Felgar Fundada em 24 de Julho de 2000
13
deliciosas estórias
contadas pelo meu avô
tive oportunidade de
escutar, lembrando os
tempos em ia a pé para
trabalhar no Ferrominas,
ou apanhar peixes no rio.
Também aprendi coisas
sobre o campo e não
foram poucas as vezes em
que ia ajudar quando
alguém precisava. Claro
que eram os meus avós
que controlavam tudo!
Mas hoje quero ficar
apenas pelas diversões.
Muitas vezes ficava até
Setembro e para além da
vindima, o velho Peugeot
do pai do Victor Laranja
levava-nos às Festas do
Larinho, Felgueiras,
Picões ou do Santo, mas
daqui não passo. Já não
era assim tão novo e estas
memórias só podem ser
contadas daqui a muitos
anos.
Haviam as noites do Vale
e o quino, onde a cada dia
que passava era mais
complicado comprar um
cartão, as pessoas talvez
saíssem menos para
discotecas e outros
passatempos. E lá se
passavam longas horas a
ouvir falar do “pilinhas” e
da “feira de Moncorvo”,
até que alguém gritava
“alto”.
Após várias noites de
quino, os esperados
carrinhos de choque
chegavam e a Festa era
outra. Pelo menos
enquanto havia dinheiro
para as fichas. Às vezes
também se tinha sorte,
quando encontrava
alguma caída.
No sábado tínhamos as
provas desportivas com o
tiro aos pratos de manhã e
o futebol à tarde. Nalguns
anos, também havia
atletismo e jogos
tradicionais, dos quais
ainda guardo algumas
taças!
Chegado o Domingo, era
momento de vestir as
melhores roupas e de
preparar os assados e os
bolos.
Com vários dias de
antecedência já se havia
comprado do melhor que
se podia e a minha avó já
tinha começado a
negociar ardorosamente
um lugar no forno.
Depois da alvorada, da
arruada das bandas, da
missa e do almoço,
começava a procissão,
onde se participava com
maior ou menor presença
(em baixo, eu e a minha
avó Teresa, talvez em
1981).
À noite, o grande arraial,
com carrosseis e bailarico
até de madrugada, que
muitas vezes terminava
com uma arruada de
gaitas pelas ruas.
Chegada a segunda de
manhã tudo parecia
mudar, até o clima.
Muitas vezes há uma
trovoada no Domingo da
Festa, mas a partir da
segunda tudo me parecia e
parece diferente, o calor
vai encolhendo, os dias
ficam mais doces e o
vento faz-se sentir de
outra maneira.
Começavam as abaladas,
as avós que ficam viam os
seus netos a acenar e em
breve partiria eu também.
Era o pior dia de todos,
entrar na carreira para ver
a Terra ficar para trás,
puxava sempre uma
lágrima. Nesta altura a
partida era sempre
especial, não sei porquê
era sempre diferente das
outras.
Depois de mais um dia de
viagem, lembro-me de ver
a tristeza dos meus avós
quando a carreira se
aproximava de Lisboa.
Ainda hoje, sinto o
mesmo, por isso prefiro
viajar de noite, seja em
que altura do ano for, só
para não ver e atenuar
aquela triste recordação.
Mas como diz o ditado,
“Rei morto, Rei posto”,
terminada a Festa de um
ano é preciso começar a
pensar na do próximo!
Por: Nuno Cardoso
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Farrapos de Memória
Olaria do Felgar 1943
Recordando o Ti António Rebouta, de alcunha o Ti
António Roberto.
Na tessitura da vida, sendo o "poeta um fingidor" houve
mãos robustas e robertas que, para além do pão que o
diabo amassou, fingiram barros misturados tal como
tecedeiras fizeram, de orelos gastos, colcha nova e
padeiras levedaram farinhas, a fingir que dormiam em
cobertores de papa multicores. São exemplo de mãos
sábias a Tecedeira Elsa Praça, a forneira e queijeira
Maria, minha mãe, e o último Louceiro, razão de ser
destes dizeres.
O Ti António Louceiro dava novas vidas e formas a
barros amassados que seriam seu sustento e saciadores
de sedes de aristocratas e de povoléu de muitos suores
sofridos nas travessias de muitas e minguadas vidas.
Nas encruzilhadas dos Quatro Caminhos, assinalado pelo
Cruzeiro, vizinho e símbolo de cenas quase bíblicas que
no vídeo do Lelo podemos ver uma Maria cristã e
louceira seguidora de antepassado burro de Jericó. É uma
tríade: O Louceiro, sua companheira e o animal burro, o
mais resistente a caminhos quase desertos e pedregosos
como os arenosos das Chãs apontados por aquele
símbolo bíblico.
Que meditações e que caminhos da existência não terão
tido o Ti Roberto que desde os treze anos deu
continuidade a trabalhos de pai, avós, sendo estes
seguidores daqueles humanos de Ur da Grande Meso
potâmea?
Quantas vezes não terá ouvido o Último Louceiro do
Felgar a afirmação: " e da costela de Adão se fez Eva" e
tu que foste feito à imagem de Deus foste lembra-te que
serás pó!
Da argila, triturada, crivada e amassada também se faz a
vida de um homem! E que caminhos e que noites mal
dormidas, em pardieiros a léguas de distância, não terão
sido o sal da vida, em perigos suspeitos e outros bem
reais. Todos os cuidados eram poucos para não desfazer
em cacos o sustento desfeito contra paredes de caminhos
estreitos, por onde talhão mais gordo não caberia.
Para o Ti Roberto o barro não tinha segredos, embora
fizesse bilha de segredo e de encher pelo cú que deixava
garotos e crescidos perplexos, por pensarem ser marosca
ou por pensarem que " bilha" assim é de desconfiar. Mas
não! Era autêntica e um regalo admirá-la.
Era a arte de sentado, em movimento, que O Louceiro
balanceava a roda, estribada em patim, com pé
balanceador em sincronia com mão certeira, amassadora
e apetrechada com as tabuinhas de madeira e com a
alpernata de carneiro que iria ajudar na modelagem da
cantarinha.
Do Só até à Boca vê-se crescer corpo maior que é o
Bojo. A primeira, tal como o cigarro sai nervosa, como
ele disse ao Assis Pacheco, (que este escriba apenas viu
com sacos repletos de livros e na companhia do Afonso
Praça), nos idos de 86/87,em rua vizinha da sede
nacional do PRD, do Ramalho Eanes.
Das muitas visitas que o honraram e de que fazia gala,
mas sem prosápia, nunca regateou esforçadas simpatias e
generosidade na oferta de obra pedagógica e acabada de
modelar.
Era assim, consequência dos triplos esforços, por
caminhos em que apenas os cascos de burro resistente e
vontade necessitada do casal Rebouta, que
se amanhavam vidas daquelas que o diabo amassou para
alimentar O Sebastião e a Cândida e seus netos..
Nos anos setenta do século passado O Ti António ainda
História
Agosto de 2012
União Desportiva de Felgar Fundada em 24 de Julho de 2000
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fazia uma pececas para vender ao povo.
Lembremo-lo, revendo requeijoeiras, de bordos alguns
esfacelados que minha mãe lhe encomendou para do
soro aproveitar sustento acrescentado em coalhada alva e
a deixar escorrer seus restos em francela inclinada.
Parafraseando Guerra Junqueiro," a madeira acompanha
o homem desde o berço ao caixão" diremos que para o
último Louceiro a argila "muito forte" mistura-se a do
Rio com a do Cabeço que é vermelha", transformando-
os, assim em sangue na guelra do Louceiro, tal como
para o Último Moleiro a " água era o sangue do
moínho"...
Do barro, da água e da argila trabalhada se renova a vida
e o sustento de gerações quer do rincâo felgarense quer
do seu primos alentejanos ou de Barcelos.
De temperamento nervoso mas diplomata e inteligente, o
Ti Roberto fazia asadas, talhões, alguidares, uns mais
vidrados que outros e potes onde se poderiam guardar
salpicões, queijos e azeitonas. E se fosse para guardar
mel então era de lhe chamar um grande doce! Era bem
capaz de fazer pífaros, assadores de castanhas e de
sardinhas e cinzeiros para aparar muitas cinzas que ele
produziu com seus cigarros. Habilidade não lhe faltava
ao TI António.
Mais uma recordação para acalmar. Revejo-o, ao mesmo
tempo que ouço o meu velhote dizer que água em
cântara de barro é mais fresca destapada ainda que de
Verão, sentado à sombra de Tília, fronteira aos Correios,
como se "segredasse ou fingisse", notícias em tempo de
Otelices, discorrendo sobre os caminhos que a
Revolução dos Cravos levava.
De relance o revejo com seus passos domingeiros, algo
tardegos, em direcção ao Lar, onde o burro companheiro
e a crivadeira Maria o esperavam com as berças um
pouco frias.
Antes de abrir o cancelo da vinha talvez ainda se
sentasse na base do Cruzeiro, seu vizinho, e desse por si
a pensar que formas a vida tomará e como estará seu
herdeiro no Larinho.
- Oh mulher deixa lá estive com os amigos lá na Taverna
do Escondidinho e depois fiquei ali a ver os rapazes a
jogar à bola.
-Pois mas a ceia já está fria e o lume já só é um borralho
mal dá para a aquecer.
-Ainda te lembras Maria quando nos conhecemos e nem
cinco escudos tínhamos para nos casar!
- Não te zangues, pois de barro e de aguadeiro temos tido
uma vida farta e esmagada. Por isso dias não são dias e o
convívio com os companheiros lá na Taverna do
Francisco Camilo (O Escondidinho )dão outra alma a um
homem. E que esteja Em Paz O Último Louceiro do
Felgar.
Por: Artur Salgado
01.01.1735 – Seguindo “um costume antiquíssimo”,
procedeu-se na praça pública da vila de Moncorvo à
arrematação das rendas municipais e que eram as
seguintes: forno de Maçores – arrematado por 50 000
réis/ano; Urros – 81 000; Açoreira – 55 000; Felgueiras
– 61 000;ºC. Mouro – 12 600; Larinho – 35 000; Vila,
rua Detrás – 46 000; Vila – Seixo – 20 000 Vila –
Corredoura – 13 000; Souto da Velha – 20 000; Felgar
– 115 000;ºC. Boa – 14 800. Renda dos Verdes – 39
000; Renda da Barca do Pocinho – 361 000; Sisa dos
correntes – 37 000. Concerto do relógio – 4 000.
Outras rendas e arrematações tinham lugar em outras
alturas do ano.
01.01.1905 – Repetição das eleições municipais na
mesa de voto de Carviçais onde também votavam os
eleitores de Larinho, Felgar, Souto da Velha, Mós e
Felgueiras, em virtude da anulação do acto eleitoral de
10 de Outubro de 1904. Também estas eleições
começaram da pior maneira, com o abade Tavares a
esconder a chave da igreja matriz, local que fora
destinado para a instalação da mesa de voto. Por isso,
mais uma vez seria anulada a eleição e muitas
peripécias se sucederam.
01.01.1952 – Lançamento do jornal “A Torre” pelo
ilustre empresário Moncorvense Manuel de Sousa
Moreira e cujo primeiro director foi o grande
jornalista Armando Fonseca, natural de Urros, que no
colégio Campos Monteiro ganhou a alcunha de
“Gerúndio” e, no último quartel do século passado, foi
director do Jornal Notícias, do Porto. A saudosa
“Torre” onde também colaborei, publicou-se até 1975.
Ironia do destino: foi preciso vir a Liberdade de Abril
para ela morrer!
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Horizontais: 1- Cabelo comprido
(inv); 2- Designação de qualquer
objecto; 3- Ovelha; 4- Pessoa que
só lhe dá pró mal; 5- Intrujão; 6- O
mesmo que mesuras ou
pantomineiro (inv); 7- Alguém que
é aldrabão, mentiroso.
Verticais: 1- Primeira parte que se
corta do pão; 2- Recipiente; 3-
Chateado, zangado; 4- Mercearia,
comércio; 5- Feijão-frade; 6- Partir,
paralisar; 7- Meias; 8- Alguém que
é vadio.
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