casimiro cunha poesia no santuario interior
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Meu Senhor, Pai de Bondade,De Luz e de amor sem fim,Não me abandones à trevaQue trago dentro de mim.
Não me deixes repousarNo leito em flor da ilusão.Dá-me a bênção luminosa
De tua repreensão.
De espírito encarceradoNos débitos que inventei,Tenho sede de equilíbrio
Que nasce da tua lei.
Controla-me a aspiraçãoDe ganhar e possuir
Sou teimoso e invigilanteEnsina-me a discernir.
Entrecruzam-se, em meu peito,Divergências, dissensões...Não me relegues ao jugoDe minhas imperfeições.
A chaga alheia, Senhor,Sei curar, lenir ou ver,Mas sou tardo de visão
Na esfera do meu dever.
Sou ágil no bom conselhoAo coração sofredor.
Todavia, surdo e cego,Nos dias de minha dor.
Nas orações, quase sempre,Sou cópia dos fariseus.
Sentindo-me, presunçoso,Dileto entre os filhos teus.
Não escutes, Pai bondoso,Os rogos e brados mil
Da ignorância que eu trago,Vaidosa, bulhenta, hostil...
Não satisfaças, no mundo,O orgulho atrevido e vão
Que me faz triste e abatidoNos tempos de provação.
Põe freios duros e fortesAo meu serviço verbal.
Muita boca levianaTem dado guarida ao mal.
Meus sentidos, enganados,Perturbam-se, muita vez.As emoções desvairadas,
Por compaixão, não me dês!
Que a tua vontade, enfim,Pronta a prever e prover,Seja em tudo e em toda a
vidaA minha razão de ser.
Meu Senhor, Pai de Bondade,De Luz e de amor sem fim,Não me abandones à trevaQue trago dentro de mim.