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CENTRO DE ESTUDOS FIRVAL REGIANE DO CARMO PAIVA ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2011

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CENTRO DE ESTUDOS FIRVAL

REGIANE DO CARMO PAIVA

ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2011

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CENTRO DE ESTUDOS FIRVAL

REGIANE DO CARMO PAIVA

ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2011

Monografia apresentada a Faculdade de Educação, Ciência e Tecnologia – Unisaúde/ Centro de Estudos Firval - como exigência de conclusão do curso, para obtenção do Título de Especialista em Acupuntura. Orientada pelo Dr. Marcelo de Oliveira Orientador: Dr. Marcelo de Oliveira

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Paiva; Regiane do Carmo

Acupuntura no Tratamento da Depressão

São José dos Campos, 2011.

51 páginas

Número da monografia.

Orientador: Dr.Marcelo de Oliveira

Monografia apresentada ao Centro de Estudos Firval para obtenção do título de

Especialista em Acupuntura.

Palavras-Chave: Depressão; Acupuntura, Medicina Tradicional Chinesa.

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FOLHA DE APROVAÇÃO A monografia

Acupuntura no tratamento da depressão.

Elaborada por

Regiane do Carmo Paiva

Orientada pelo

Dr. Marcelo de Oliveira

( ) Aprovada ( ) Reprovada

Pelos membros da Banca Examinadora da Faculdade de Educação, Ciência e

Tecnologia – UNISAÚDE –, com conceito ................

São José dos Campos, 25 de março de 2011.

Nome:.........................................................................................................................

Titulação:....................................................................................................................

Assinatura:.................................................................................................................

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Titulação:....................................................................................................................

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Dedico esta Monografia primeiramente a Deus, a todas as pessoas que sofrem de depressão, a minha família, aos amigos, aos colegas de estudo, aos professores e ao orientador deste trabalho.

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Agradeço a Deus pelo dom da vida e a sabedoria que me concedeu. Aos meus pais pela oportunidade que me deram. A minha família pela paciência e compreensão. Aos amigos do grupo Adoração e Missão: Rodrigo, Sandra, Roberta e Ângela, pelas orações, incentivos e alegrias. Aos que me apoiaram nesta jornada, com inúmeros favores, Rodrigo Magno, Maria Inêz, Faber e Guilherme. Aos professores que esclareceram as dúvidas e indicaram o melhor caminho. Aos supervisores Miriam e Marcelo que sempre estiveram prontos a me orientar com dedicação. Aos colegas da turma que trocaram experiências e permitiram crescermos juntos. Ao orientador deste trabalho Marcelo de Oliveira que aceitou este desafio, que me apoiou além do seu dever, sempre pronto a ensinar, com a humildade de também aprender. E não poderia deixar de agradecer a todas as pessoas que se submeteram a serem os meus primeiros pacientes, nesta técnica encantadora e surpreendente da Acupuntura. Aos que não tiveram os nomes citados, saibam que sempre estarão presentes em meu coração...

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EPÍGRAFE

“Se hoje a vida lhe apresenta motivos para sofrer, ouse olhá-los de uma forma diferente. Não aceite todo este contexto de vida como causa determinada para o seu fracasso. Não, não precisa ser assim. Deixe se afetar de um jeito novo por tudo isso que já parece tão velho. Sofrimentos não precisam ser estados definitivos. Eles podem ser apenas pontes, locais de travessia. Daqui a pouco você já estará do outro lado; modificado, amadurecido. Certa vez, um velho sábio disse ao seu aluno que, ao longo de sua vida, ele descobriu ter dentro de si dois cães – um bravo e violento, e o outro manso, muito dócil. Diante daquela pequena história o aluno resolveu perguntar – E qual é o mais forte? O sábio respondeu – o que eu alimentar. O mesmo se dará conosco na lida dos sofrimentos da vida. Dentro de nós haverá sempre um embate estabelecido entre problema e solução. Vencerá aquele que nós decidirmos alimentar...”

Fábio de Melo

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RESUMO

A depressão é um transtorno do humor e está em segundo lugar como o problema mental mais prevalecente no mundo. Para a Medicina Tradicional Chinesa, a depressão é um desequilíbrio energético e o tratamento é baseado em como cada pessoa vive a depressão. A acupuntura é uma técnica que utiliza finas agulhas e, baseada nas teorias da interatividade do Yin-Yang, nos Cinco Elementos e no Zang Fu, propõe um tratamento com utilização de pontos que promovem o equilíbrio energético de todo o organismo, restabelecendo a saúde. No presente estudo, um levantamento bibliográfico foi realizado na intenção de identificar a técnica da acupuntura no tratamento da depressão. Ao final, considera-se que a acupuntura é um recurso promissor do reequilíbrio energético, promovendo alterações em todo o organismo, indispensável no processo de cura, e com possibilidade de adesão ao tratamento, visto que as pessoas não sofrem consequências colaterais como no tratamento medicamentoso.

Palavras-chave: Depressão. Acupuntura. Medicina Tradicional Chinesa

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ABSTRACT

Depression is a humor disruption, and it is in second place like the most present mental problem in the world. To the Traditional Chinese Medicine, the depression is an energic rebalancing and the treatment is based on the way like every person deals with it. Acupuncture is a technique that uses thin needles and, based on Yin-Yan interactivity theories, on Five Elements and Zang Fu, proposes a treatment with points that give the energetic balance of all organism, estabilishing the health. In this study, a bibliography research was realized, with the intention to identify the acupuncture technique in depression treatment. Finally, it is believed that acupuncture is a promising resource of the energetic rebalancing, promoting changes in all organism, essential to the treatment, because people don’t suffer collateral consequences like the medical treatment.

Key words: Depression. Acupuncture. Tradicional Chinese Medicine.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APA – American Psychiatric Association

CID-10 – Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas

Relacionados com a Saúde – 10ª Revisão

DSM IV – Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais, 4ª edição

MTC – Medicina Tradicional Chinesa

OMS – Organização Mundial de Saúde

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 11

2 OBJETIVO ........................................................................................................................................ 12

3 REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................................................... 13

3.1 HISTÓRIA DA ACUPUNTURA .................................................................................................. 13

3.2 TRATAMENTO PELA ACUPUNTURA ..................................................................................... 15

3.3 DEPRESSÃO ............................................................................................................................... 18

3.3.1 FISIOPATOLOGIA DA DEPRESSÃO ................................................................................... 20

3.3.2 QUADRO CLÍNICO DA DEPRESSÃO .................................................................................. 21

3.3.3 DIAGNÓSTICO DA DEPRESSÃO ......................................................................................... 23

3.4 MEDICINA TRADICIONAL CHINESA ...................................................................................... 24

3.4.1 TEORIA YIN E YANG ............................................................................................................... 25

3.4.2 TEORIA DOS CINCO ELEMENTOS ..................................................................................... 27

3.4.3 TEORIA DO ZANG FÚ (ÓRGÃOS-VÍSCERAS) .................................................................. 29

3.4.4 MATRIZ EMOCIONAL ............................................................................................................. 31

3.4.5 PADRÕES DE SÍNDROMES .................................................................................................. 34

3.4.6 PROCESSO DE ADOECIMENTO NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA ................ 36

3.5 ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO ......................................................... 39

4. DISCUSSÃO ................................................................................................................................... 45

CONCLUSÃO ..................................................................................................................................... 47

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 48

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1 INTRODUÇÃO

A depressão é considerada um grande problema de saúde pública, por

apresentar um elevado número de casos e crescente a cada ano.

Na psiquiatria a depressão é classificada como transtorno do humor; segundo

a Organização Mundial da Saúde (OMS), as depressões estão em segundo lugar,

como o problema mental mais prevalecente no mundo (CECHINATO; NOVARETTI,

2002). Sendo assim, devemos considerar novos estudos e técnicas que possam

apresentar alternativas eficazes ao tratamento e prevenção da depressão.

A acupuntura é uma das técnicas da Medicina Tradicional Chinesa (MTC),

que vem a cada dia conquistando adeptos no mundo todo. Tem demonstrado

eficiência em seu método de diagnóstico, tratamento e na prevenção de doenças

físicas e emocionais, reequilibrando as energias yin-yang do organismo.

Apesar da acupuntura ser uma técnica tradicional e comprovadamente eficaz,

poucos estudos relatam a correlação dos efeitos da acupuntura no tratamento da

depressão.

Este trabalho busca apresentar subsídios através de revisão de literatura

sobre os conhecimentos da MTC no tratamento da depressão comparando-a a ótica

ocidental para que se perceba a relevância de intervenções terapêuticas que

promovam a saúde e o bem estar do indivíduo.

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2 OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é expor os conhecimentos da Medicina Tradicional

Chinesa (MTC) e da acupuntura em relação ao tratamento da depressão, através de

uma revisão bibliográfica de literatura a respeito do assunto, que apresente

subsídios satisfatórios para a aplicação da técnica da acupuntura.

A acupuntura é um conjunto de conhecimentos da MTC, que tem a finalidade

de promover a cura de doenças e melhorar a qualidade de vida. O tratamento

abrange diversas patologias, na qual se encontra a depressão, uma doença que

atinge grande parte da população. Na medicina ocidental, existem relatos nos quais

os tratamentos com psicofármacos, podem levar o indivíduo à sua dependência,

além de possíveis efeitos colaterais desagradáveis, e consequentemente, está

taxada de preconceitos culturais relacionada à “loucura”, revelando resistência e

abandono aos tratamentos convencionais da depressão.

A acupuntura, como tratamento alternativo na depressão tem se apresentado

com benefícios satisfatórios em sua terapêutica, eliminando os efeitos colaterais do

uso de medicamentos específicos e garantindo a promoção da saúde e bem estar

do indivíduo.

A monografia apresenta o transtorno depressivo na ótica da MTC, de forma

comparativa à ocidental, demonstrando a interatividade das energias Yin e Yang nos

Cinco Elementos, no Zang-Fú (órgãos e vísceras) e os Canais dos Meridianos no

tratamento e controle desta patologia.

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3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 HISTÓRIA DA ACUPUNTURA

A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) surgiu há aproximadamente 4.500

anos e apesar de sua história, vem agregando os avanços tecnológicos, estando

aberta a pesquisas e a novos conhecimentos (WEN, 1985). Traz concepções

filosóficas relacionadas à saúde e a doença. Interessa-se ao estudo das causas da

doença, porém volta-se muito mais para as formas de prevenção (YAMAMURA,

2004).

A origem da acupuntura confunde-se com o início da civilização da China, e

sua descoberta foi atribuída ao Imperador Amarelo em 2797 a.C., sendo

considerado o patrono da MTC. A palavra acupuntura é derivada do latim: acus =

agulha, e puntura = picar. A palavra teve origem quando os padres jesuítas

franceses do século XVII estiveram na China em missão e descobriram o uso da

prática de enfiar agulhas em pontos específicos sobre a pele para o tratamento de

diversas doenças, conhecimento este que provém dos sábios da antiguidade

(DULCETTI, 2001).

Não existem registros exatos que indiquem como se iniciou a acupuntura,

agulhas de pedra foram encontradas em várias partes da China e presume-se que a

técnica já era praticada na Idade da Pedra. No entanto a técnica foi evoluindo no

decorrer do tempo, das agulhas de pedra para as de prata, de ouro ou de aço

inoxidável (de maior utilização nos dias atuais). Assim como as agulhas, a teoria

passou do “ponto isolado” para a “teoria dos meridianos” que liga os pontos aos

órgãos; sua técnica difundiu-se por todo o Oriente e atualmente está presente por

todo o mundo adquirindo novos níveis de conhecimento e técnicas com

reconhecimento científico (WEN, 1985).

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A técnica é baseada na filosofia Taoísta (yin/ yang), e o seu conhecimento foi

transmitido verbalmente de geração a geração, até se reunir em escritos e

compilados durante a dinastia Han (220 a.C.) no livro “Clássico Interno do Imperador

Amarelo”. Portanto, os primeiros registros iniciaram-se com o Imperador Amarelo,

que “aproximou” a técnica da acupuntura com a filosofia Taoísta (DULCETTI, 2001).

É através da aplicação de finas agulhas que se promove o equilíbrio no

organismo humano, sendo estas aplicadas em pontos específicos sobre a pele, em

canais de energia, chamados meridianos. Compreender a acupuntura é

compreender o pensamento chinês aplicado à sua própria medicina que se resume

no seu modo de vida. A acupuntura e a moxabustão foram mencionadas pelo

Imperador Amarelo – o “Patrono das Terapias Tradicionais Chinesas” –, sendo a

arte completa de curar e prevenir doenças, com diagnóstico próprio das energias,

como exame do pulso radial e da língua (DULCETTI, 2001).

Requena (1990) relata que os chineses da antiguidade não conheciam os

vírus, mas podiam curar doenças reequilibrando a energia do corpo, que circula nos

meridianos, atuando nas desordens psíquicas, na angústia, no nervosismo, na

depressão, entre outras, sendo necessário conhecer toda a acupuntura e suas

teorias para entender como funciona essa medicina.

O tratamento na antiguidade que consistia em espetar lanças ou flechas em

pontos específicos com a finalidade de afugentar os “espíritos malignos”, atualmente

servem para tratar as patologias neurológicas e distúrbios psíquicos (DULCETTI,

2001).

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3.2 TRATAMENTO PELA ACUPUNTURA

Ao se fazer uma comparação da Idade Média e da qualidade de vida das

pessoas antigamente – no Oriente – em relação às atuais, percebe-se mudanças

nos hábitos da vida diária, bem como na maneira de pensar. As pessoas viviam de

acordo com os ensinamentos dos sábios para preservar a saúde; observavam e se

comportavam de acordo com a natureza. O dia-a-dia era mantido em padrões

regulares como sua comida e bebida que tinham quantidades fixas, as atividades

em intervalos regulares, não ultrapassando seus limites; com isto, mantinham tanto

no corpo como no espírito o substancial para atingir a longevidade (WANG, 2001).

Uma alternativa para recompor o desequilíbrio energético ocasionado por essas

mudanças nos hábitos atuais é a acupuntura.

Segundo Wen (1985), quem pratica a MTC deve averiguar-se de sua importância

estudando profundamente seus ensinamentos e diretrizes, pois esta medicina nos

oferece um amplo conhecimento em técnicas desenvolvidas, como: acupuntura,

moxaterapia, fitoterapias, dietoterapia, nutrição e outras.

O aparecimento de anormalidades indica que há um desequilíbrio da energia

interna ocasionado pelo meio ambiente, alimentação desregrada, emoções retidas e

fadigas de origem interna (YAMAMURA, 2004).

O corpo humano é formado por células, tecidos e órgãos, que colaboram um com o

outro para preservá-los em perfeito funcionamento. As conexões são realizadas,

pelo sistema nervoso, cujo centro é o cérebro, responsável pela regulação e

controle de todas as funções. O organismo responde como um todo às alterações

do meio, ou seja, se o corpo enfraquecer-se, em estado depressivo, sofrendo

ansiedades, refletirá negativamente sobre o sistema nervoso (WEN, 1985).

A acupuntura oferece inúmeras possibilidades de aplicação em todas as

idades, podendo ser associada a outras terapêuticas para uma recuperação mais

rápida. Diminui o uso de medicamentos evitando intoxicações, garantindo um

tratamento mais econômico em relação à alopatia. Seu material é simples e de fácil

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transporte. É uma técnica segura quando aplicada com bom nível técnico e

completa as lacunas da medicina moderna, garantindo assim melhores resultados.

É método auxiliar no diagnóstico por denotar alterações neurológicas (WEN, 1985) e

vem progredindo no ocidente desde 1970 e conquistando espaço no meio médico

devido aos resultados obtidos. A acupuntura cura e alivia as dores (ciática,

nevralgias do braço, do pescoço, etc.) e as dores reumáticas (artrites, artroses).

Porém, pensar que a acupuntura cura somente a dor seria limitar essa medicina

(REQUENA, 1990).

Estudos realizados na França constataram a existência de diferentes potenciais

elétricos nos pontos de acupuntura e nas áreas inexistentes de pontos, mostrando

que o ponto é um elevado potencial elétrico (DULCETTI, 2001). O método da

utilização de agulhas em pontos específicos do corpo mobiliza e promove a

circulação ou o desbloqueio da energia, proporcionando a harmonização e o

fortalecimento de todo o organismo. A compreensão das energias se faz necessária

para a utilização da técnica na prevenção e interrupção de um processo de

adoecimento (YAMAMURA, 2004).

A doença apresenta-se através de agentes agressores e a resposta do organismo é

comandada pelo sistema nervoso central. A acupuntura age sobre todo o sistema

nervoso para estimular e compensar, equilibrando todo o corpo para assim eliminar

a doença (WEN, 1985).

Requena (1990), ao falar do psiquismo, garante que se este estiver em paz e

equilibrado a pessoa não adoecerá. Em todas as épocas a medicina reconhece a

importância do psiquismo na vulnerabilidade às doenças, segundo os chineses,

além dos fatores hereditários, das epidemias e dos ferimentos, existem três causas

básicas que podem afetar a saúde: causas cósmicas, alimentares e psíquicas. As

causas cósmicas se referem ao desequilíbrio da energia nos meridianos podendo

afetar as funções dos órgãos, as alimentares referem-se a má alimentação e as

psíquicas, podem provocar isoladamente a desorganização de todo o sistema

energético dos meridianos e causar várias doenças.

Segundo Yamamura (2004), a acupuntura é uma forma de medicina Energética que

vai além dos seus pontos específicos, ou seja, aborda os diferentes Canais de

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Energia do Zang Fú (órgãos e vísceras) e sua relação com o meio exterior, para

reconhecer as alterações produzidas na forma física e então adequar ao tratamento.

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3.3 DEPRESSÃO

A depressão é uma doença do corpo como um todo, afetando o apetite, o

sono, a capacidade de sentir prazer, a auto-estima e a confiança (CECHINATO;

NOVARETTI, 2002). Considerada como um problema prioritário de saúde pública, a

OMS, segundo seus levantamentos, considera a depressão a primeira causa de

incapacidade entre todos os problemas de saúde (MURRAY; LOPEZ, 1996 apud

DALGALARRONDO, 2008). Calcula-se que até o ano de 2020, a depressão será a

segunda causa de incapacitação no mundo (PARIK; LAW, 2001 apud LIMA et al.,

2004)

De acordo com o American Psychiatric Association (APA, 1994), no Manual

de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM-IV), a depressão está

associada com alta mortalidade das pessoas e 15% chegam ao suicídio. O

transtorno depressivo, em muitos casos, pode estar associado com condições

médicas gerais crônicas. Os dados apresentam-se que entre 20-25% de pessoas

com certas condições médicas como: diabete, infarto do miocárdio, acidente

vascular encefálico, entre outras, desenvolvem depressão durante o curso de sua

condição médica; ocorrendo, neste caso, um prognóstico menos favorável, quando a

depressão está presente.

Dados de estudos realizados nos Estados Unidos apontam que 5% da

população que pode ser diagnosticada com depressão irá experienciar um episódio

de depressão durante a vida. Estes resultados foram similares em muitos outros

países. Pessoas com história de depressão séria podem variar entre um a cinco

episódios durante a vida, e pelo menos 10% das pessoas com depressão terminam

suas vidas com suicídio. O tratamento precoce pode diminuir a extensão e

severidade da doença (GREIS; JEFFERSON,1992 apud SHINOHARA, 2001). Em

todos os tempos, a estimativa de pessoas que sofrem níveis significativos de

depressão é de 15-20%, e 12% experimentaram a depressão grave e buscaram

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tratamento, estimando-se que 75% das internações psiquiátricas apresentam

depressão (BROWN; HARRIS, 1978 apud FENNELL, 2002).

Segundo a APA (1994), no DSM-IV, a depressão não se deve aos efeitos

fisiológicos de drogas, efeitos colaterais de medicamentos, ou uma condição médica

geral. No entanto, se o indivíduo com Transtorno Depressivo também apresentar

patologias de base, este, desenvolverá mais dor e doença física, reduzindo seu

funcionamento físico e social, podendo ocasionar outros transtornos mentais.

Para Fennell (2002), a depressão pode ocorrer por tempo limitado de três a

seis meses, no entanto, a recaída é freqüente, seguindo por uma evolução crônica.

Por isso o tratamento deve não apenas acelerar a recuperação, mas manter a

melhora e reduzir a probabilidade de ocorrência.

Jones (2001) coloca que a depressão pode durar apenas um instante ou

prolongar-se por meses e até anos. Esta doença precisa ser identificada como uma

enfermidade, embora não tenha uma aceitação social como no caso das doenças

físicas que são mais compreendidas. Este autor faz uma comparação sobre a

influência da sociedade no desenvolvimento da depressão, gerando um sentimento

de futilidade, perda da identidade e a despersonalização. A depressão contribui para

o mal estar, a violência e a infelicidade generalizada que se infiltram na comunidade.

Por isto a importância de entender e aprender a combater a depressão, para o bem

dos indivíduos e da sociedade como um todo.

Embora existam muitos benefícios da ciência e avanços tecnológicos, os

profissionais de saúde, enfrentam dificuldades em proporcionarem uma vida melhor

aos pacientes (REMEN, 1993). É o caso dos antidepressivos que se encontram em

três categorias de drogas, demonstrando eficiência; no entanto, nem todos têm

obtido resultados satisfatórios (SHINOHARA, 2001).

Para a Medicina Tradicional Chinesa (MTC) depressão não é uma categoria

de doença, e sim um desequilíbrio energético. O que a medicina ocidental

caracteriza como depressão, a MTC coloca como o resultado de um ou mais

padrões de desequilíbrio, dependendo dos sintomas apresentados. Na prática da

MTC, o tratamento é planejado e baseado em como cada paciente vive a depressão

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e quais fatores precipitantes (física, psicológica e social) têm contribuído para a atual

condição do paciente (MANBER; ALLEN; MORRIS, 2002).

3.3.1 FISIOPATOLOGIA DA DEPRESSÃO

As anormalidades na química do cérebro que desenvolveriam a depressão

têm sido estudadas pelos cientistas, porém a solução definitiva ainda não foi

encontrada. Em alguns tipos de depressão, são apresentados sintomas físicos

indicando mudança orgânica, e relatos na mesma família sugerem que fatores

genéticos podem estar envolvidos (SHINOHARA, 2001).

Segundo Fennell (2002), a depressão não ocorre por um fator isolado, mas

por uma interação entre vários fatores diferentes. Seu início e evolução encontram-

se ligados as variáveis biológicas, históricas, ambientais e psicológicas. Incluem

distúrbios no funcionamento dos neurotransmissores, um histórico familiar de

depressão ou alcoolismo, perda ou negligência precoce dos pais, eventos negativos

e recentes da vida, ausência de um relacionamento de confiança, falta de auto-

estima, entre outros.

Devemos entender que temos uma carga hereditária, enquanto seres

humanos, ou seja, algumas pessoas possuem uma predisposição para uma

personalidade depressiva. Este entendimento e conhecimento diminuem o

sentimento de culpa, tão comum nos quadros depressivos (JONES, 2001).

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3.3.2 QUADRO CLÍNICO DA DEPRESSÃO

As principais características das síndromes depressivas são o humor triste e

o desânimo (DEL PINO, 2003 apud DALGALARRONDO, 2008), apresentando-se

por uma multiplicidade de sintomas afetivos, instintivos e neurovegetativos, ideativos

e cognitivos, relativos à autovaloração, à vontade e à psicomotricidade. Em estados

mais graves da doença as pessoas podem apresentar sintomas psicóticos (delírios

e/ou alucinações). Os sintomas afetivos são apresentados por tristeza, melancolia,

choro fácil e/ou frequente, apatia, tédio, irritabilidade aumentada, angústia ou

ansiedade, desespero e desesperança. As instintivas e neurovegetativas se

caracterizam por fadiga, desânimo, insônia ou hipersonia, perda ou aumento do

apetite, constipação, diminuição da libido e/ ou da resposta sexual (disfunção erétil,

orgasmo retardado ou anorgasmia). Os ideativos são idéias negativas, idéias de

arrependimento e de culpa, ruminações com mágoas antigas, tédio, idéias de morte,

planos ou atos suicidas. As cognitivas apresentam- se por déficit de atenção e

concentração, déficit secundário de memória, dificuldade de tomar decisões,

pseudodemência depressiva. Alterações da autovaloração estão relacionadas à

auto-estima diminuída, sentimento de incapacidade, de vergonha e autopreciação.

Alterações da psicomotricidade são apresentadas por tendência a permanecer na

cama, aumento na latência entre as perguntas e as respostas, lentificação

psicomotora até o estupor, diminuição na fala, redução da voz, fala muito lenta,

mutismo, negativismo (recusa à alimentação, à interação pessoal, etc.). Os sintomas

psicóticos apresentam idéias delirantes de conteúdo negativo: delírios de ruína ou

miséria, culpa, hipocondríaco e/ou de negação dos órgãos, e de inexistência (de si e

do mundo), alucinações auditivas, ilusões auditivas ou visuais, ideação paranóide e

o humor incongruente (DALGALARRONDO, 2008).

A depressão clínica é diferente do declínio de humor, por perturbar muitos

aspectos do funcionamento da vida diária da pessoa. Sentem-se tristes, chorosa,

culpam-se a si mesma, ficam mais irritáveis, ansiosas e tensas. A energia está baixa

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e costumam se afastar de suas atividades. As funções básicas do corpo são

afetadas interferindo no sono, apetite e desejo sexual (FENNELL, 2002).

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3.3.3 DIAGNÓSTICO DA DEPRESSÃO

Os episódios depressivos são classificados pela Classificação Estatística

Internacional de Doenças (CID-10) em “ leve, moderado ou grave, de acordo com o

número, a intensidade e a importância clínica dos sintomas.” (DALGALARRONDO,

2008).

Para o diagnóstico clínico de Transtorno Depressivo, os critérios devem ser

relacionados segundo o DSM-IV que diz: “Pelo menos quatro critérios por duas

semanas, com prejuízo no funcionamento psicossocial ou sofrimento significativo.

Pelo menos um dos sintomas é humor deprimido ou perda do interesse ou prazer.”

(APA, 1994).

Os critérios para o diagnóstico de acordo com o DSM-IV são: humor

deprimido; desânimo, perda de interesse, alterações no apetite e sono; anedonia

(incapacidade de sentir prazer em várias esferas da vida); fadiga; pessimismo; baixa

auto-estima; concentração prejudicada; pensamento de morte ou suicídio; retardo/

agitação psicomotora (APA, 1994).

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3.4 MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) – e entre suas linhas a acupuntura –

baseia-se em estruturas energéticas orientadas pela filosofia chinesa. Segundo a

tradição chinesa, o corpo humano é alojado por “Espíritos” chamados de “Shen” o

que é considerado como estrutura mental; caracteriza que cada órgão do corpo é

alojado por um determinado Espírito, o que representa as atividades psíquicas

responsáveis por organizar as energias e proteger o organismo das invasões

“perversas”, causadoras das doenças (DULCETTI, 2001).

Dentre as teorias da MTC encontra-se o conceito de Yin e Yang, no qual toda

a filosofia, patologia e tratamento estão fundamentadas. na teoria Yin e Yang que

são qualidades opostas, mas complementares, ou seja, Yin contém a semente de

Yang e vice-versa, podendo se transformar um no outro (MACIOCIA, 2007).

A teoria dos Cinco Elementos teve uma origem aproximada da teoria Yin e

Yang, sendo a base de toda a medicina chinesa (MACIOCIA, 2007). Para Wen

(2002), a teoria dos Cinco Elementos é um ponto importante na medicina chinesa,

por abordar os aspectos de fenômenos dos tecidos e órgãos, da fisiologia e da

patologia do corpo humano que são interpretados pelas interrelações dos

elementos, sendo usada na prática médica. Yamamoto (1998) coloca que os Cinco

Elementos manifestam-se no plano material da natureza e no corpo humano desde

seus órgãos internos até suas propriedades cognitivas e emocionais.

Zang Fú (Órgãos e Vísceras) na MTC estuda a fisiologia, a patologia, a

origem das doenças e os padrões de desarmonia no interrelacionamento dos

órgãos, dentro de um contexto do corpo e suas interações com o meio ambiente

(ROSS, 1985). “A Medicina Tradicional Chinesa distingue dois grupos de funções

energéticas, os de natureza Yin e Yang, respectivamente: Zang e Fú.” (DULCETTI,

2001).

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3.4.1 TEORIA YIN E YANG

Wang (2001) cita o Imperador que disse: “Desde os tempos antigos,

considera-se que a existência do homem dependa do intercâmbio da variação das

energias do Yin e do Yang, por isso, a vida humana se baseia no Yin e Yang”.

O Yin e Yang representam dois estágios de um movimento cíclico, como

exemplo temos: o dia e a noite; o dia corresponde ao Yang, denominando a

atividade, e a noite ao Yin, denominando o descanso. O Yang corresponde à luz, à

atividade, o céu, a esquerda, o leste, etc.; o Yin à escuridão, ao descanso, à terra, a

direita, o oeste, etc. Assim, Yin e Yang são dois processos de mudança e

transformação de todas as coisas (MACIOCIA, 2007).

O crescimento e desenvolvimento de todas as coisas na terra dependem do

entrecruzamento das energias Yin e Yang. Se essas energias deixarem de se

comunicar, todas as coisas perderão sua fonte de nutrição, ocorrendo uma alteração

anormal e a seqüência das quatro estações ficará confusa. Se estas energias

ficarem desajustadas afetarão o surgimento e crescimento de todas as coisas na

terra (WANG, 2001).

Segundo Maciocia (2007), a relação do Yin-Yang é abordada em quatro

aspectos principais:

a) Oposição de Yin e Yang – são ao mesmo tempo estágios opostos e de

agregação; essa dinâmica constitui a força motriz de toda modificação,

desenvolvimento e deterioração das coisas. Sendo sempre relativa e não absoluta,

pois nada é totalmente Yin ou Yang.

b) Interdependência de Yin e Yang – embora sejam opostos são

interdependentes, pois um não pode existir sem o outro assim como o dia só surge

após a noite e vice-versa.

c) Consumo mútuo de Yin e Yang – Yin e Yang estão em estado constante

de equilíbrio, através de ajustes contínuos de seus níveis. Se houver desequilíbrio

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afetará mutuamente modificando sua proporção até alcançar um novo equilíbrio.

Existem quatro possibilidades de desequilíbrio: a preponderância do Yin (por estar

em excesso, provoca a diminuição do Yang); a preponderância do Yang (o excesso

de Yang consome o Yin); a debilidade de Yin (o Yang apresentará excesso aparente

por se comparar a deficiência de Yin, em relação a uma qualidade); a debilidade de

Yang (o Yin aparentará excesso por se comparar a deficiência de Yang, em relação

a uma qualidade).

d) Intertransformação de Yin e Yang – Yin e Yang se transformam um no

outro, em determinados estágios de desenvolvimento, assim como o verão se

transforma em inverno, a vida em morte e vice-versa. Para que se ocorra a

transformação do Yin no Yang e vice-versa existem duas condições: primeiro, as

coisas só se modificam por causas internas que estejam amadurecidas, ou seja, no

seu devido tempo e secundariamente as causas externas; segundo, Yin e Yang só

poderão se transformar um no outro quando houver um determinado tempo de

desenvolvimento para que se ocorra a mudança.

As energias Yin e Yang estão no princípio e fim de todas as coisas, incluindo

o ser humano, no entanto, se a lei de variação dessas energias for violada pelo

homem, irão ocorrer doenças com freqüência. Porém se conseguir manter a lei, que

é a raiz de tudo em equilíbrio, manterá sua saúde (WANG, 2001).

Os chineses perceberam que para se viver em harmonia com a natureza, a

energia humana precisa de um equilíbrio (Yin-Yang) (BREVES, 2001).

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3.4.2 TEORIA DOS CINCO ELEMENTOS

A teoria dos Cinco Elementos traz como referência a teoria Yin e Yang,

baseou-se na observação da natureza por métodos indutivos e dedutivos, aplicando-

a na interpretação das doenças. Esta teoria trouxe novas concepções da doença,

que deixou de ser vista como causa dos espíritos perversos e passou a ter uma

visão naturalista causada pelo estilo de vida (MACIOCIA, 2007).

Para explicar a teoria dos Cinco Elementos, que simbolizam cinco qualidades

que expressam o fenômeno da natureza e seus sabores, Maciocia (2007), prescreve

os escritos de Shang Shu:

“Os Cinco Elementos são Água, Fogo, Madeira, Metal e Terra. A Água

umedece em descida, o Fogo inflama em subida, a Madeira pode ser

dobrada e esticada, o Metal pode ser moldado e endurecido, a Terra

permite a disseminação, o crescimento e a colheita. Aquilo que absorve e

desce (Água) é salgado, o que inflama em subida (Fogo) é amargo, o que

pode ser dobrado e esticado (Madeira) é azedo, o que pode ser moldado e

enrijecido (Metal) é picante e o que permite disseminar, crescer e colher

(Terra) é doce.”

Cada Elemento é representado por uma estação do ano. A Madeira

corresponde à primavera, o Fogo ao verão, o Metal ao outono, a Água ao inverno e

a Terra é a estação tardia, sendo o centro no qual giram os outros elementos

(MACIOCIA, 2007). O organismo humano é regido pelos mesmos princípios da

natureza, influenciando as atividades fisiológicas (WEN, 1985).

Os Cinco Elementos na fisiologia estão relacionados com os órgãos internos,

tecidos, órgãos do sentido, cores, cheiros, gostos e sons e são explicados pelas

seqüências de geração e controle (MACIOCIA, 2007).

Dulcetti (2001) coloca que o Ciclo de Geração segue pelos Elementos em

ciclo geométrico do pentagrama, no qual o Elemento antecessor é a “Mãe” e o

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sucessor é o “Filho”. Sendo as funções Yin: o Fígado (Madeira) gera o Coração

(Fogo), que gera o Baço e Pâncreas (Terra), que gera o Pulmão (Metal), que gera o

Rim (Água) que gera o Fígado (Madeira). E as funções Yang: a Vesícula Biliar

(Madeira) gera o Intestino Delgado (Fogo), que gera o Estômago (Terra), que gera o

Intestino Grosso (Metal) que gera a Bexiga (Água). O Ciclo de Dominância acontece

quando um Elemento tenta inibir o sucessor do “Filho” para que se permaneça em

equilíbrio, formando a figura de uma estrela no pentagrama. Assim, é chamado

Dominante o Elemento que exerce a ação e Dominado o que recebe a ação,

também chamado de avô/neto. Madeira domina a Água, a Água domina o Fogo, que

domina o Metal, que domina a Madeira. E a Contra Dominância é um ciclo

patológico no qual o Dominado é predominante ao elemento Dominante, ocorrendo

na seguinte ordem: Madeira contra domina Metal; Metal contra domina Fogo; Fogo

contra domina Água; Água contra domina Terra e Terra contra domina Madeira.

Os Cinco Elementos são utilizados no diagnóstico das doenças, baseado na

correspondência entre os elementos e o odor, a cor, o sabor, o som, as emoções e

os climas (MACIOCIA, 2007). A Teoria dos Cinco Elementos e a correlação entre as

doenças fornecem informações precisas no tratamento e controle das doenças,

garantindo um tratamento mais rápido e cura eficaz (WEN, 1985). Os Cinco

Elementos ajudam a compreender as funções do corpo físico, energético e psíquico,

verificando os ciclos de geração, dominância e contra dominância (BREVES, 2001).

Para os orientais, mente, corpo e alma representam uma totalidade

inseparável, numa explicação holística, esotérica da mente, sendo transmitida pelos

mestres o seu controle e desenvolvimento. E enquanto não se resolver a origem

psicológica da doença, a função energética envolvida continuará lesada,

somatizando-se na função dos Cinco Elementos (BREVES, 2001).

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3.4.3 TEORIA DO ZANG FÚ (ÓRGÃOS-VÍSCERAS)

A teoria do Zan Fú – órgãos e vísceras – estuda a fisiologia das vísceras,

patologias e relações englobando os tecidos, pele, carne, vasos, tendões, ossos,

órgãos dos sentidos, órgãos sexuais e ânus (AUTEROCHE, NAVAILH;1992).

Os órgãos e vísceras, segundo a anatomia chinesa, são classificados em

órgãos cheios (Zang) e órgãos ocos ou vísceras (Fú). Sendo cinco Zang (coração,

fígado, rins, baço e pulmões), com a função de produzir, transformar e armazenar a

energia, o sangue, os líquidos internos e as energias ancestrais e adquiridas e o

Shen (espírito), e têm a característica Yin. E cinco Fú (intestino delgado e grosso,

estômago, bexiga e vesícula biliar), que não armazenam energias, porém a recebem

no momento de transição e são Yang (YAMAMOTO, 1998).

Os Zang Fú têm a função de receber o ar, os alimentos e as bebidas do meio

externo para transformá-la em substâncias, para isso são excretados os supérfluos

e assim a substância circula por dentro de todo o corpo e superfície. Os Zang

separam os produtos impuros dos Fú em substâncias puras dos quais armazenam e

liberam. Os cinco Zang são mais importantes que os sistemas Fú devido à

percepção dos padrões de doença que dão o diagnóstico e tratamento da Medicina

Tradicional Chinesa (MTC) (ROSS, 1985). Os Fú completam o trabalho dos Zang,

funcionando como seu assistente (DULCETTI, 2001).

Yamamoto (1998) descreve a função de cada órgão e víscera de acordo com

sua função energética. O Coração comanda os vasos sanguíneos, a atividade

cardíaca, movimenta e rege o sangue, é a morada do “Shen” (espírito), manifesta-se

na língua. O Baço transforma a essência dos alimentos, transporta a essência até os

pulmões, mantém o sangue nos vasos, comanda a carne e os membros, se abre na

boca. Os Pulmões distribuem a energia, refrescam os aquecedores, controlam a

descida e a eliminação, manifesta-se na pele e se abre no nariz. Os Rins

armazenam a essência, governam as águas do corpo, recebem a energia, regem o

crescimento e a reprodução, governam os ossos e abrem-se nos ouvidos. O fígado

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assegura o fluxo da energia e das emoções, armazena o sangue, comanda os

tendões e se abre nos olhos. As vísceras se relacionam de modo geral com o

processo digestivo recebendo e colhendo a essência. A energia pura se distribui

pelo corpo e os detritos são eliminados, impedindo que resíduos tóxicos se

acumulem no corpo, causando a estagnação da circulação das energias.

O conceito de órgãos e vísceras na MTC vai além das concepções ocidentais

que se restringem à fisiologia. A concepção oriental apresenta a integração dos

fenômenos energéticos, que agem nas manifestações somáticas e mentais. Ambas

são aliadas ao corpo físico e constituem o Zang Fú (YAMAMURA, 2004). O

desequilíbrio emocional pode provocar ou aumentar a desarmonia dos Zang Fú,

assim como os distúrbios do Zang Fú podem resultar em distúrbio emocional,

manifestando-se no comportamento (ROSS, 1985).

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3.4.4 MATRIZ EMOCIONAL

Na Medicina Tradicional Chinesa (MTC) são consideradas doze funções da

fisiologia e cinco delas estão sob o controle dos cinco órgãos mais importantes do

corpo: o coração, o fígado, o baço-pâncreas, o pulmão e o rim. Cada um desses

cinco órgãos é nutrido pelo sangue e pela energia. O sangue é veiculado pelos

vasos, a energia pelo meridiano e seu trajeto interno, levando o que é preciso para

que o órgão funcione. Cada órgão desempenha o papel que lhe é próprio: o pulmão

respira, o coração faz circular, o rim elimina etc. Mas além da função fisiológica, na

teoria chinesa cada órgão elabora uma energia específica, uma energia essencial,

pura, preciosa, chamada Jing; que circula nos meridianos. Os meridianos vão até o

órgão e a víscera correspondente e depois passam ao coração e sobem até o

cérebro (REQUENA, 1990). O cérebro é considerado um transformador energético

coordenado pela função do coração, capta a essência Jing, as quais serão

impregnadas pelos espíritos ou estrutura mental, para desenvolver funções

cerebrais como o pensamento e a percepção (DULCETTI, 2001).

O coração, para a MTC, é o grande sintetizador, o ampliador das emoções, é

ele quem leva a energia psíquica para o cérebro através da corrente sanguínea,

sendo considerado o Imperador, pois as outras funções (rim, fígado, baço-pâncreas

e pulmão) são os ministros a serviço do Imperador (BREVES, 2001).

O Jing é elaborado em cada órgão e irá, através dos meridianos, ser levado

ao coração que irá desempenhar a grande função de elaborar a essência de

natureza psíquica que subirá até o cérebro, sendo cada essência psíquica diferente

conforme o órgão. A elaboração do Jing é chamada de Shen (essências psíquicas)

com letra maiúscula e shen em letra minúscula para indicar as cinco essências.

(REQUENA, 1990).

Requena (1990) coloca que o conjunto dos cinco shen e as cinco emoções

fundamentais, forma o Shen dos indivíduos, sob o controle do coração, sendo:

a) Shen (Coração): alegria; governa as emoções.

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b) Yi (Baço): reflexão; governa a reflexão.

c) Po (Pulmão): tristeza; governa o movimento de interiorização.

d) Zhi (Rim): medo; governa a vontade de sobrevivência do indivíduo e da

espécie.

e) Hun (Fígado): cólera; governa o movimento psíquico de exteriorização.

Ross (1985) explica o sentimento de cada órgão: Os Rins têm como

sentimento o medo, estão fortemente ligados à autopreservação, à vontade ou ao

desejo de viver e dependendo do grau de estímulo de pavor e terror pode ocorrer

uma perda temporária do controle de evacuação e micção, perda da mobilidade,

paralisia ou tentativa de fuga. O Fígado tem como sentimento a raiva que se

manifesta por uma explosão violenta da emoção, acompanhada pelo grito, pela

mudança da cor do rosto e de tremores dos músculos. No Coração, o sentimento é

a alegria que leva a leveza, geralmente após a resolução de um processo de

frustração e dificuldade, ou também pode estar relacionada com a excitação, o riso,

a conversa e a atividade social, com vários níveis e modos de exteriorização. O

Baço-Pâncreas está relacionado com a melancolia, a cogitação, a contemplação e a

meditação. No entanto, pensar, estudar, preocupar-se em excesso prejudicam o

Baço-Pâncreas podendo afetar as funções de transformação e transporte que

envolve a digestão. O Pulmão tem como sentimento a mágoa, a dor da perda de

deixar de ir, associada com a angústia, a melancolia e a solidão.

Breves (2001) descreve as características de excesso e insuficiência de cada

órgão, na matriz emocional: o Coração em excesso apresenta excitação mental,

alegria e risos exagerados; e na insuficiência, abatimento, queixas, incapacidade de

esforço físico e mental. O Baço-Pâncreas em excesso apresenta obsessões

voltadas para o passado, idéias fixas, repetições nos assuntos. Na insuficiência,

memória fraca, esquecimentos, ausência de desejo, desgosto, ansiedade. Os

Pulmões em excesso apresenta agressividade, obsessão do futuro, tristeza,

romantismo. Na insuficiência, perda de reflexo e do instinto de conservação,

indiferença pelas coisas, suicida em potencial. Os Rins em excesso apresentam

ousadia e autoritarismo. Na insuficiência, angústia, medo, ausência de propósito e

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fraqueza de caráter. E o Fígado em excesso apresenta irritabilidade e cólera. Na

insuficiência, falta de imaginação e de coordenação de idéias.

Um excesso ou insuficiência de atividade de um órgão produz o excesso ou

insuficiência de sua essência, que manifestará no comportamento, na capacidade

de agir em seu meio, de agredir, ou de se defender, e leva à timidez, à ansiedade, e

à falta de confiança em si (REQUENA, 1990).

Wang (2001) ao relatar os escritos do Imperador Amarelo relaciona o ser

humano com o universo; entre suas comparações coloca que há cinco tons musicais

no universo, o homem tem cinco órgãos sólidos responsáveis pelo armazenamento

das atividades mentais (o fígado armazena a alma, o coração armazena o espírito, o

baço armazena a consciência, os pulmões armazenam o espírito inferior, os rins

armazenam a vontade). Assim as energias Yin e Yang do universo se comunicam

entre todas as coisas, incluindo o homem, e vice-versa.

Breves (2001) coloca que, segundo a MTC, o homem saudável deve permitir

a livre circulação das energias, possuindo os cinco sentimentos equilibrados, ou

seja, rir, chorar, temer, encolerizar-se e refletir, pois para cada ocasião em nosso

ambiente, haverá um sentimento correspondente. Se o sentimento manifestado não

estiver de acordo com a ocasião, como por exemplo, quando alguém vai a uma festa

e ao invés de manifestar alegria, fica emburrado em um canto, isso denota

desequilíbrio. Por isso devemos deixar os sentimentos fluírem, e não reprimir as

energias dos sentimentos.

“Quando a energia humana entra em contato com o universo, o

temperamento humano estará vívido e refrescante (...)”, manterá a calma, livre das

perturbações do excesso de alegria ou de raiva, isso se dará a habilidade de se

adaptar às variações das quatro estações, preservando sua saúde (WANG, 2001).

“A Medicina Ttradicional Chinesa observa as emoções como uma parte

inseparável e integrante da esfera de ação dos órgãos internos.” (MACIOCIA, 2007).

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3.4.5 PADRÕES DE SÍNDROMES

Na Medicina Tradicional Chinesa (MTC), as doenças podem ser constituídas

pelos fatores patogênicos externos ou fatores climáticos, fatores patogênicos

internos ou fatores emocionais ou os fatores causados pelo estilo de vida. Os fatores

patogênicos externos são apresentados como vento, frio, calor umidade, secura e

calor de verão, significando um fator ambiental real e uma reação patológica do

corpo. Por exemplo: o vento calor se manifesta com febre e calafrios e o calor se

manifesta apenas com febre. Os fatores patogênicos internos são apresentados

como emoções e abrangem a personalidade incluindo os sentimentos, os

pensamentos e o comportamento. Por exemplo: o elemento madeira (referente à

teoria dos cinco elementos) tem um grupo de emoções, não se limitando à raiva,

mas apresenta também impaciência, irritabilidade, intolerância, hipersensibilidade,

incerteza, dúvida sobre si mesmo, frustração, depressão e ressentimento. Os fatores

de estilo de vida não se incluem aos fatores internos ou externos; estão

relacionados com as compensações excessivas, como: comida, fama, drogas,

posses, sexo, dinheiro, doença, trabalho excessivo, etc. (ROSS, 2003).

Wang (2001) relata que a invasão pelo frio se caracteriza por inquietação,

estado de alerta, a energia yang se torna instável. Quando a invasão ocorre pelo

calor, ocorrerá suor em demasia, irritabilidade, respiração rápida e com ruídos. No

entanto se o calor invasor afetar o espírito, apresentará respiração curta, ofegante,

terá sede e seu corpo ficará quente. O calor perverso estagnado só poderá ser

disperso pela transpiração. No caso de umidade perversa, a cabeça ficará pesada, e

se for prolongada se tornará calor, do qual lesará o yin do sangue, causando

desnutrição dos tendões. As invasões pelo vento perverso causarão inchaço, e as

quatro extremidades ficarão inchadas alternadamente, demonstrando o

esgotamento da energia yang.

Na debilidade dos canais do sistema de energia, o frio perverso invade os

órgãos sólidos e os ocos. Os órgãos sólidos têm a função da atividade mental, e

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quando invadidos pelo frio perverso, o espírito perderá sua quietude, ocorrendo

síndromes de bravura (devido ao coração) e timidez (devido ao fígado). Ou seja, a

energia yang ficará lesada e não poderá apoiar o espírito (WANG, 2001).

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3.4.6 PROCESSO DE ADOECIMENTO NA MEDICINA TRADICIONAL

CHINESA

Na Medicina Tradicional Chinesa (MTC) o ser humano possui dois aspectos

fundamentais: o Qi (Energia) e a Matéria (corpo físico), na concepção do Yin-Yang.

A energia do corpo humano é proveniente da respiração e da alimentação, que

assimilada no tubo digestivo é distribuída por todo o organismo através dos Canais

de Energia, com a função de nutrir o corpo e promover sua defesa (YAMAMURA,

2004).

Segundo Dulcetti (2001) todas as doenças são causadas por distúrbios das

energias no organismo, que dessincronizam as energias Yin-Yang, ocasionadas

pelas falhas e por alterações do psiquismo ou Shen, o controlador e organizador de

todo o equilíbrio energético, orgânico e psíquico.

Breves (2001) coloca que todas as doenças possuem origem numa energia

desequilibrada. Os sintomas podem ser observados nos níveis energético,

fisiológico e físico, os exclusivamente psíquicos não são observáveis por ser

imaterial. As energias perversas antes de se instalarem precisam vencer as

barreiras de defesa do organismo através dos meridianos, e quanto mais equilibrado

estiver o psíquico, mas difícil será a invasão. Porém se um fator psíquico (medo,

cólera, alegria, reflexão, melancolia) estiver afetado, as energias (vento, calor, fogo,

sequidão, umidade e frio) podem ocasionar a doença.

O processo de adoecimento está relacionado com o corpo, os fatores de

doença e o padrão de desarmonia, entrelaçados entre si. Os fatores de doença são

os originadores ou precipitadores associados com a origem da doença. O padrão de

desarmonia é o complexo de mudanças patológicas internas e externas associada

com os fatores de doença que provocam o desequilíbrio na interação entre o corpo e

o meio ambiente. O corpo é a base para a vida física, emocional, mental e espiritual,

em uma estrutura organizacional. (ROSS, 1985).

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Para Yamamura (2004) o processo de adoecimento inicia-se quando algum

agente causador de doença como: alimentação desregrada, emoções reprimidas,

estresse, fadigas, drogas, entre outras, desarmoniza o sistema energético humano,

ocasionando um desequilíbrio Yin-Yang dos Zang Fú (órgãos e vísceras), causado

por fatores de doença, que vão se instalando e aprofundando-se. O processo de

adoecimento, a longo prazo vai afetando o organismo e se manifestará como

doença, que segundo a MTC, sua evolução é de longa duração (10 a 20 anos),

processando-se em três estágios: energético, funcional e orgânico. As doenças

prolongadas farão com que os fatores perversos sejam transmitidos para o interior

causando mudanças, porém, nas condições sérias, as energias yin e yang não

serão capazes de se comunicar, causando o acúmulo da energia yang e

consequentemente o acometimento por uma enfermidade fatal (WANG, 2001).

Ross (1985) coloca que os fatores de doença (externos, internos e mistos)

estão no interrelacionamento entre o indivíduo e o meio ambiente. Os fatores

externos são aqueles que surgem do ambiente. A MTC considera o clima como a

mais importante fonte externa de origem dos fatores de doença. Os climas são:

vento, frio, calor, umidade, secura e calor de verão. Os fatores internos que surgem

de dentro do corpo como origem de doenças, referem-se às emoções: alegria, raiva,

preocupação, mágoa, medo, temor e aflição; quando em desequilíbrio emocional

afetará as funções do corpo. Os fatores mistos que participam os fatores internos e

externos incluem a nutrição, ocupação, trabalho em excesso, exercício,

relacionamentos, sexo, trauma e parasitas (ROSS, 1985).

O estágio energético de adoecimento ocorre quando se estabelece um

desequilíbrio Yin-Yang nos Zang Fú acometidos pelos agentes causadores de

doença a uma perda de energia, alterando o Qi (Energia). Na maioria das vezes

esta perda de Qi (Energia) está relacionada com o Shen (Mente), e o corpo humano

se manifesta no exterior, informando o desequilíbrio energético através de

manifestações como: cansaço, cefaléia, mal estar, enjôo, etc. Porém estas

manifestações não atingiram ainda as alterações funcionais, sendo considerado

psicossomático para a medicina ocidental. (YAMAMURA, 2004). Os “Espíritos”

(Shen = psiquismo, mental), é o principal comando do organismo humano; é ele que

promove toda a circulação energética; se esta circulação desequilibrar-se, poderá

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ocorrer a entrada de energias “perversas”, consideradas patogênicas (DULCETTI,

2001).

No estágio funcional do adoecimento os Zang Fú estão acometidos por

desequilíbrio energético mais acentuado e prolongado. Os Zang Fú passa a ser

afetado por deficiência ou plenitude, descompensando suas atividades funcionais.

No entanto, mantém-se preservada a integridade da estruturação do corpo, mas

suas funções encontram-se hiper ou hipoativas. As manifestações dos distúrbios

dos Zang Fú apresentam exames laboratoriais alterados, porém sem manifestações

anatomopatológico. No estágio orgânico do adoecimento, as alterações energéticas

e funcionais acometem as estruturas orgânicas que são detectáveis nos exames

anatomopatológicos (YAMAMURA, 2004).

As emoções se tornam causas de doença quando forem duradouras ou

intensas. As emoções como causas de doença são estímulos mentais que

perturbam a Mente (Shen), a Alma Etérea (Hun) e a Alma Corpórea (Po), que por

meio destas, alteram o equilíbrio dos órgãos internos. A tensão emocional é uma

causa interior de doença que prejudica os órgãos internos, ao contrário dos fatores

externos que só causam a desarmonia interior depois de atravessar a fase da

desarmonia exterior, porém os órgãos internos afetam o estado emocional quando

apresentam desarmonia de deficiência ou excesso (MACIOCIA, 2007).

Dulcetti (2001) coloca que cada indivíduo, como resultado das interações de

personalidade (energias individuais), apresenta o seu próprio distúrbio energético

causador do rompimento de harmonia. E cita Nei Jing que diz: “Cada um é doente a

sua maneira”; e Da Cheng que diz: “para uma mesma doença, o tratamento em

cada paciente é diferente.” A compreensão do processo de adoecimento e seus

estágios é muito importante porque na MTC, cada doente é tratado de forma

específica, ou seja trata-se o doente e não a doença (YAMAMURA, 2004).

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3.5 ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO

A depressão é uma experiência subjetiva de se sentir abatido, negativo,

miserável, melancólico e incapaz de enfrentar a vida. Normalmente está associada

com Deficiência, quando não existe energia suficiente para sentimentos positivos, ou

também pode estar associada com o Excesso, como a depressão maníaca, ou com

a Irregularidade que apresenta depressão acompanhada de ansiedade. A

Estagnação ocorre quando existe energia, mas o fluxo de energia e das emoções

está bloqueado (ROSS, 2003).

É emotivo um paciente cuja comoção interna é superior à excitação, como um

sobressalto ao menor ruído, ele vibra por nada ou pouca coisa e reage ao meio

ambiente, às suas impressões internas, seja um estado excitado e entusiasmado, ou

na hipersensibilidade. Não cessa de sentir ressentimentos, de desejar, de se

entusiasmar, de temer, de se espantar, de se indignar, de esperar ou desesperar

(REQUENA, 1990).

A ausência da manifestação da emoção, pela repressão ou Deficiência pode

ser caracterizada por Yin e o Excesso como Yang. No entanto cada emoção tem

seus aspectos Yin e Yang, podendo se transformar um no outro, assim a frustração

pode se transformar tanto em raiva como em depressão (ROSS, 1985). A depressão

em si é Yin, mas a depressão decorrente da Estagnação é Yang, pois a energia

encontra-se bloqueada (ROSS, 2003).

A depressão decorrente da Deficiência do Qi (Energia) e do Yang do Rim

pode apresentar sinais como exaustão, frio, debilidade da região lombar, micção

freqüente e impotência. E o princípio de tratamento é tonificar (dar energia) a

Deficiência (ROSS, 2003). Maciocia (2005) coloca que a Deficiência do Yang do Rim

apresenta-se na depressão, além dos sinais citados acima, acrescenta a falta de

motivação, falta de força de vontade, falta de iniciativa, vontade de ficar encolhido,

joelhos frios e fracos, urina clara e abundante, micção à noite, diminuição da libido,

língua pálida e úmida, pulso profundo-fraco.

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A depressão ligada à Estagnação em um ou mais sistemas de órgãos pode

apresentar sensação de cansaço físico, por não ser uma Deficiência real, sendo

aliviada pelo movimento físico. O princípio de tratamento é mover o Qi (Energia)

(ROSS, 2003).

Segundo Ross (2003) as causas mais comuns da depressão ocorrem por

Deficiência e Estagnação, podendo ser combinadas com:

a) Deficiência e Estagnação do Qi (Energia) do Rim: pouca energia,

constitucional ou por uso excessivo, mas vontade forte. Depressão por não

conseguir atingir os objetivos.

b) Deficiência e Estagnação do Qi (Energia) do Fígado: falta de

planejamento e decisões insensatas levam à depressão com sentimento de

obstrução e incapacidade de habilidades para reverte a situação.

c) Deficiência e Estagnação do Qi (Energia) do Coração: necessidade de

calor humano e de afeto, tímido, constrangido, dificuldade de comunicação e iniciar

relacionamentos, apresenta sentimento de estar preso.

O tratamento depende da condição dominante, Deficiência ou Estagnação e

quando ocorrem simultaneamente, deve-se reduzir a inibição, Tonificar (dar energia)

o que está Deficiente e mover a Estagnação (ROSS, 2003).

Segundo Ross (2003) Deficiência do Yang do Coração tem como sinais e

sintomas a falta de alegria, a solidão, a falta de interesse na vida, a sensação de

não ser amado e de não ser digno de ser amado. Maciocia (2005) coloca que a

depressão pela Deficiência do Yang do Coração, apresenta falta de motivação,

tendência a se assustar facilmente, palpitações, respiração curta após esforço,

cansaço, transpiração espontânea, desconforto na região cárdia, sensação de frio,

mãos frias. O pulso para Ross (2003) é vazio ou fino, profundo, lento. A língua

apresentara pálida, flácida, talvez encovada na ponta. E para Maciocia (2005) o

pulso é profundo-fraco e língua pálida. Ross (2003) apresenta como tratamento a

combinação dos pontos: VC 4, VC 17, E 36, BP 6, C 7, C 8 em tonificação

(aumentar energia).

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Na Estagnação do Qi (Energia) do Coração, Ross (2003) apresenta como

sinais e sintomas a frustração nos relacionamentos por dificuldade em expressar

cordialidade e sentimentos, com tristeza e aflição. Maciocia (2005) relata depressão,

agitação mental, insônia, sensação de agitação ao anoitecer, sonhos excessivos,

palpitações, dor no tórax em punhalada que pode irradiar-se para o aspecto interno

do braço esquerdo ou ombro, sensação de opressão ou constrição do tórax, cianose

dos lábios e das unhas, mãos frias. Segundo Ross (2003) o pulso é retardado ou em

corda, talvez áspero e a língua terá vários tipos, talvez violácea e pálida na ponta.

Maciocia (2006) concorda com Ross (2003) ao dizer que o pulso é áspero e em

corda e língua violácea. Os pontos a serem aplicados segundo Ross (2003) são: VC

17, B 14, B 44, BP 4, CS 6, C 5 em dispersão (tirar energia).

Deficiência do Qi (Energia) do Baço, para Ross (2003) os sinais e sintomas

são preocupação e questionamentos mentais, excesso de raciocínio sem ação.

Pulso apresenta-se vazio ou fino, talvez áspero e profundo, e língua pálida, talvez

fina e seca. Os pontos a serem aplicados são; VG 20, yintang, VC 4, E36, E45, BP

1, BP 2 em tonificação (aumentar a energia).

Estagnação do Qi (Energia) do Baço, para Ross (2003) os sinais e sintomas

são isolamento, comportamento possessivo e dependente, dominadores, invasivos e

queixosos. O pulso apresenta-se escorregadio, talvez cheio ou com fluxo

abundante, com vazio de base, e língua pálida, flácida ou aumentada, talvez sulco

profundo na área do Baço. Os pontos a serem aplicados são: VC 12, E 40, E 45, F1,

F 3, F 13 em harmonização (equilibrar a energia).

Deficiência do Qi (Energia) do Pulmão, segundo Ross (2003) os sinais e

sintomas são recolhimento e falta de participação no presente, dificuldade ou medo

de formar vínculos duradouros, vive das lembranças do passado. O pulso

apresenta-se vazio, profundo e a língua pálida, flácida talvez encovada na área do

Pulmão. Os pontos a serem aplicados são: VC 4, VC 17, E 36, R 3, P 1, P 9, P 10

tonificando (aumentar a energia).

Estagnação do Qi (Energia) do Pulmão, segundo Ross (2003) os sinais e

sintomas são pesar reprimido, apego dos relacionamentos antigos, dificuldade com

perdas. Para Maciocia (2005) são irritabilidade branda, acessos de choro, tristeza,

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depressão, sensação de bolo na garganta, dificuldade para engolir, sensação de

opressão ou distensão do tórax, ligeira falta de ar. O pulso para Ross (2003)

apresenta-se retardado, talvez com fluxo abundante, profundo e língua pálida ou

violácea. Para Maciocia (2005) o pulso é ligeiramente tenso na posição anterior

direita e língua ligeiramente vermelha nas laterais das áreas do tórax. Segundo

Ross (2003) os pontos a serem aplicados são: VC 17, E 40, B 13, B 42 em

dispersão e Moxa; P 1, P7, CS 6 em dispersão (tirar energia).

Deficiência do Yang e do Qi (Energia) do Rim, segundo Ross (2003) os sinais

e sintomas são desmoronamento da personalidade, desistiu da vida, perda total do

controle, falta de força de vontade, apático. O pulso apresenta-se vazio ou fino,

áspero, talvez disperso, e a língua pálida, flácida, úmida. Os pontos a serem

aplicados são: VG 20, VC 4, R 2, R 7, E 36, C 8 em tonificação com moxa (aumentar

a energia) e R 1 apenas com Moxa.

Excesso de vontade do Rim e Deficiência do Qi (Energia) do Rim, segundo

Ross (2003) os sinais e sintomas são desapontamentos contínuos em decorrência

da vontade ser mais forte que as reservas de energia, ou pelas ambições fora da

realidade, talvez depleção das energias. O pulso apresenta-se em corda, fino,

áspero, variável, talvez com fluxo abundante, e língua pálida, flácida, talvez pontos

vermelhos. Os pontos a serem trabalhados são: VG 20, E 36, R 3, B 64 em

tonificação e Moxa (aumentar a energia) e B 2 apenas em tonificação (aumentar a

energia).

Deficiência do Qi (Energia) em Fígado - Vesícula Biliar, segundo Ross (2003)

os sinais e sintomas são dúvida sobre si mesmo, incerteza, insegurança,

suscetibilidade e hipersensibilidade com depressão e um sentido muito limitado de

si. O pulso apresenta-se vazio ou fino, áspero, talvez variável ou retardado, a língua

pálida, talvez fina, talvez pontos vermelhos nas bordas. Os pontos a serem aplicado

são: VG 20, VC 4, VB 13, VB 40, TA 4, R3 em tonificação (aumentar a energia).

Estagnação do Qi (Energia) do Fígado, segundo Ross (2003) os sinais e

sintomas são depressão e frustração, sente-se bloqueado pelas circunstâncias,

gosto pelo movimento e aversão em ficar parado, zangado e irritável. Para Maciocia

(2005) apresenta depressão, mau humor, irritabilidade, ansiedade, frustração,

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tensão nervosa, distensão nervosa, distensão no hipocôndrio, sensação de bolo na

garganta, tensão pré-menstrual e o pulso em corda. Para Ross (2003) o pulso

apresenta-se em corda, talvez lento ou rápido, cheio ou vazio, e a língua violácea,

talvez vermelha ou pontos vermelhos nas bordas. Os pontos a serem aplicados são:

VC 6, VC 17, F 1, F 3, F 14, CS 1, CS 6 em dispersão (tirar energia).

Estagnação do Qi (Energia) do Fígado / Fogo do Fígado, segundo Ross

(2003) os sinais e sintomas são alternação entre depressão e agressividade e raiva,

alternação de raiva reprimida com raiva expressa. O pulso apresenta-se em corda,

cheio ou com fluxo abundante, talvez rápido, e língua violácea, vermelha, talvez

desviada ou trêmula. Os pontos a serem aplicados são: F2, F 14, CS 8 em

dispersão (tirar energia); VG 20, VC 6, BP 6 harmonizando (equilibrar energia). Caso

o paciente apresente raiva ou proporção a cólera, acrescentar ao protocolo acima +

R 1 e F1 em dispersão.

Fogo por Deficiência do Coração / Fogo do Coração, segundo Ross (2003),

os sinais e sintomas são depressão maníaca, alternação de hilaridade e

sociabilidade com depressão apresentando tendência suicida. O pulso apresenta se

rápido, cheio ou vazio, talvez irregular ou escorregadio, e a língua vermelha,

especialmente na ponta, talvez trêmula, talvez saburra gordurosa. Os pontos para

aplicação são: VC 17, CS 6, C 3, C 8 em harmonização (equilibrar a energia) e BP

6, R3 em tonificação (dar energia); para fase maníaca da depressão, acrescentar ao

protocolo + VG 20 e R 1 dispersando (tirar energia) e para fase maníaca grave da

depressão, acrescentar + E 36 e C 7 em tonificação (dar energia); para fase

depressiva acrescentar + VC 4 tonificando (dar energia) e para fase depressiva

grave acrescentar + R 1 com Moxa em tonificação (dar energia).

Deficiência do Yang do Coração e do Rim / Deficiência do Yim do Coração e

do Rim, segundo Ross (2003) os sinais e sintomas são cansaço com sensação de

frio, alternando com ansiedade e inquietação, insônia e sensação de calor. O pulso

apresenta freqüência variável, fino ou vazio, talvez irregular, e a língua pálida com

ponta vermelha, talvez marcas dos dentes e trêmula. Os pontos para aplicação são:

VC 4, VC 17, E 36, BP 6 em tonificação (dar energia) + VC 14, C 6 harmonizando

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(equilibrando a energia); R 6 tonificando (dar energia) para ansiedade; e acrescentar

+ VG 20, R 4, C 8 tonificando (dar energia) para depressão.

Deficiência de Qi (Energia), Sangue e Yin do Coração, segundo Ross (2003),

os sinais e sintomas são ansiedade, depressão, labilidade emocional, fraqueza e

nervosismo, facilmente se cansa e fica emocionalmente perturbado. O pulso

apresenta-se fino, áspero, talvez irregular, móvel ou variável, e língua pálida, fina

com ponta vermelha e forma irregular na ponta. Os pontos a serem aplicados são:

VC 4, E 36 em tonificação (dar energia); VC 14, VC 24, BP 4, CS 6 em

harmonização (equilibrar energia).

Deficiência de Qi (Energia) e de Sangue, segundo Ross (2003), os sinais e

sintomas são ansiedade e depressão com exaustão, fraqueza e talvez tontura, por

exemplo, após parto. O pulso apresenta-se vazio, fino ou pequeno, áspero,

profundo, e língua pálida, flácida, marcas dos dentes. Os pontos a serem aplicados

são: VG 20, VC 4, VC 12, VC 17, E 36, BP 6, F 8, IG 4 em tonificação (dar energia),

alternar com os pontos: VG 4, B 15, B 20, B 23, BP 6 IG 4 em tonificação (dar

energia).

A acupuntura promove o reequilíbrio e a manutenção energética do

organismo, intermediando as energias do alto/baixo ou celestes / terrestres (Yin/

Yang) recebidas pelo homem, através da aplicação das agulhas. (DULCETTI, 2001).

Wen (1985) relata que pesquisas apontam a ação da acupuntura na alteração

da circulação sanguínea, em pontos que promovem a liberação de hormônios, em

agressões externas aumenta a resistência do organismo, estimula o hipotálamo e a

hipófise promovendo o metabolismo que é indispensável no processo de cura.

Cabe ao acupunturista a habilidade de perceber o fluxo energético dentro do

corpo do paciente para modificá-lo ou redirecioná-lo, para que haja energia para

efetivar a cura (ROSS, 2003).

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4. DISCUSSÃO

No levantamento bibliográfico para a realização deste trabalho, foi constatado

que a depressão é uma doença que atinge grande número de pessoas,

apresentando-se com alto grau de incapacitação e índice de suicídio.

A depressão é uma doença comum, com alta morbidade e mortalidade, com

consequências que atinge tanto o indivíduo como a sociedade e de elevado custo a

saúde pública. No entanto, “conhecer a efetividade das alternativas terapêuticas

atualmente disponíveis é essencial” LIMA et al (2004).

Allen et al. (2006) abordam em seus estudos, que o transtorno depressivo é

um dos problemas mais comuns para que as pessoas busquem complementar o

tratamento com a medicina alternativa. Eles avaliaram a eficácia da acupuntura no

tratamento da depressão, mostrando que os pontos válidos podem proporcionar um

controle ativo e potencialmente terapêutico. Assim a acupuntura se apresenta

como um tratamento alternativo que atua tanto na prevenção quanto na doença já

estabelecida, não ocorrendo efeitos colaterais indesejáveis como os causados pelos

psicofármacos, sendo de baixo custo e de fácil aceitação, devido a sua eficácia.

Esta afirmação corrobora com os achados por Wen (1985) e Gallagher et al (2002),

no qual os autores colocam que a acupuntura também realiza um tratamento de

manutenção a longo prazo e econômico, independente da modalidade de tratamento

inicial.

A procura por técnicas alternativas, como a acupuntura, tem aumentado tanto

nos países orientais, como em países ocidentais (MUKAINO et al., 2005). Logo,

conhecer a técnica da acupuntura, principalmente no que se diz respeito à

depressão, como foi proposto neste trabalho, é de extrema importância para aqueles

que sofrem do transtorno depressivo bem como para os profissionais que optam

pela acupuntura como tratamento e prevenção, podendo ser, de acordo com

Gallagher et al. (2002), uma alternativa promissora para aqueles que rejeitam, os

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que não mostram uma resposta adequada ou para pessoas frágeis (idosos e

gestantes) aos tratamentos convencionais.

Manber; Allen; Morris (2002) abordaram em seu estudo que para a MTC a

depressão não é apenas uma categoria de doença e sim um desequilíbrio

energético, o que corrobora com diversos autores de livros (ROSS, 2003;

MACIOCIA, 2007; YAMAMURA, 2004; WEN, 1985 e outros). Isto demonstra que

estes conhecimentos, vêm sendo a cada dia mais utilizados e atribuindo

consideráveis benefícios no tratamento, na prevenção e na cura de doenças, e que

devem ser respeitados de acordo com sua história e método.

Segundo Mukaino et al. (2005), 9% dos pacientes submetidos à acupuntura

no Reino Unido, têm como queixa desordens emocionais, psicológicas e espirituais

e a acupuntura vem sendo uma modalidade promissora na eficácia do tratamento da

depressão, tendo atraído recentemente a atenção de investigadores convencionais.

No entanto, a escassez de estudos científicos sobre a acupuntura dificulta um

consenso da sua eficácia como método alternativo para o tratamento da depressão.

Sendo assim, o presente estudo se torna ainda mais relevante, pois levantou o que

se encontrava disponível na literatura científica a respeito do assunto e se tornou

mais uma fonte bibliográfica para tal, uma vez que de acordo com Mukaino et al.

(2005), embora os tratamentos convencionais para a depressão apresentarem

eficiência, muitas pessoas abandonam o tratamento por causa do efeito

psicoterápico adversos. Possibilitar a acupuntura no tratamento da depressão,

atribui aos portadores deste transtorno à possibilidade de garantir a qualidade de

vida, já que as emoções interferem significativamente nas funções do organismo, e

o tratamento não causa efeito adverso, e proporciona o reequilíbrio energético.

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CONCLUSÃO

Este trabalho objetivou a análise sobre a importância da acupuntura na

prevenção e tratamento da depressão, através de levantamento bibliográfico.

O comprometimento significativo da incapacitação causada pela depressão e

o crescente número de portadores da doença, torna necessária à busca por

alternativas de tratamento para o controle e cura desta doença tão comum e

prejudicial entre nós, sendo a acupuntura um recurso promissor aos portadores

desta patologia.

A Medicina Tradicional Chinesa e especificamente a acupuntura, têm

demonstrado grandes benefícios para a saúde como um todo e representa uma

alternativa para a prevenção e para o tratamento suporte da depressão, melhorando

a qualidade de vida de quem se utiliza de suas técnicas.

A acupuntura enfatiza o tratamento da pessoa de maneira individual e

particular em seu aspecto de desequilíbrio energético, pois cada pessoa é única,

assim, para cada pessoa a um tipo de tratamento. No entanto, devido à

particularidade de cada indivíduo, os estudos práticos que proponham protocolos de

tratamento para a depressão se apresentam insuficientes, devido à dificuldade de se

enquadrá-los em protocolos científicos do ocidente, o que corrobora para a

escassez de artigos científicos disponíveis para a pesquisa do presente estudo. Em

literatura foram encontrados somente dois autores que se propuseram a falar sobre

o assunto; demonstrando-se a importância da realização de novos estudos clínico

práticos.

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