cibercultura, interações sociais e pós-modernidade- realidade versus
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8/18/2019 Cibercultura, Interações Sociais e Pós-modernidade- Realidade Versus
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Cibercultura, interações sociais e pós-modernidade: realidade versus
virtualidade1
Gustavo Souza Santos2
Letícia Turano Trindade
3
Josiane Santos Brant Rocha4
Resumo: Com a ascensão dos computadores pessoais, da internet e o avanço dastecnologias da informação e comunicação, emergiu a cibercultura. Na pós-modernidade, taiscenários que unem sociabilidade, cultura e comunicação ganham expressividade. O objetivodo estudo foi analisar a influência da cibercultura sobre as interações sociais na pós-modernidade. A pesquisa investigou 30 sujeitos por meio de grupos focais on-line síncronos,mediante interface pública de participação, o Projeto Eu+Cibercultura. Há cenários de basesociológica, antropológica e comunicacional que, sob exame da pós-modernidade, demandam
análises sistemáticas de modo a se compreender como se modela a vida e os sujeitos nacontemporaneidade.
Palavras-chave: Cibercultura. Sociabilidade. Virtualidade. Pós-modernidade.
Abstract: The rise of personal computers, the internet and the advancement ofinformation and communication technologies made emerge cyberculture. In the
postmodernity such scenarios that unites sociability, culture and communication spectres gainexpressiveness. The objective of the study was to analyze the cyberculture influence undersocial interactions in postmodernity . The survey investigated 30 subjects throughsynchronous online focus groups technique through the public interface of participation, the
Eu+Cibercultura Project. There are sociological, anthropological and communicationscenarios that under the post modernity perspectiva requires systematic analyzes in order tounderstand how life and subjects are modeled in contemporary times.
1 Artigo enviado na modalidade Paper para o Simpósio Internacional de Tecnologia e Narrativas
Digitais. 2 Graduado em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda (FIPMoc); Especialista em Docência
do Ensino Superior (UCAM); Mestrando em Geografia (Unimontes); Docente das FIPMoc e pesquisador daUnimontes. E-mail: [email protected].
3 Especialista em Marketing (FASA). Graduada em Publicidade e Propaganda (UniBH). Coordenadora
do curso de graduação em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda e diretora de marketing das FIPMoc.E-mail: [email protected].
4 Doutora em Ciências do Desporto (UTAD/UnB). Docente e pesquisadora da Unimontes e FIPMoc. E-
mail: [email protected] .
mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]
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Keywords: Cyberculture. Sociability. Virtuality. Postmodernity.
Resumen: Con el auge de los ordenadores personales, Internet y el avance de las
tecnologías de la información y de la comunicación, surgió la cibercultura. En la posmodernidad, tales escenarios que unen a la sociabilidad, la cultura y la expresividadganancia de comunicación. El objetivo del estudio fue analizar la influencia de la ciberculturaen las interacciones sociales en la posmodernidad. La investigación investigó 30 sujetos travésde grupos de discusión en línea síncronos, a través de la interfaz pública de participación, el
proyecto de I + Cibercultura. Hay escenarios de referencia sociológicos, antropológicos ycomunicación que bajo examen de la posmodernidad, requiere un análisis sistemático a fin decomprender cómo se da forma a la vida y los sujetos en la época contemporánea.
Palabras clave: Cibercultura. Sociabilidad. Virtualidad. Posmodernidad.
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1 INTRODUÇÃO
Em 1984, William Gibson empregou pela primeira vez o termo ciberespaço, em sua
obra de ficção científica Neuromancer (GIBSON, 2003). A narrativa de Gibson apresenta o
termo como uma alucinação humana consensual, dada pela operação e interseção de dados e
informações de controle computacional e partícipe de uma complexidade tecnocrática
admirável. O que dista da construção ficcional do romance e a realidade experimentada na
quotidianidade é apenas a trilha fantástica e idílica de um painel onde são delineadas linhas de
força tecnocráticas e tecnoculturais. Com os cenários da revolução técnico-científica recente,
as premissas de uma modernidade triunfante e a comunicação ressignificando as vivências
diárias, o ciberespaço desponta para além de uma agremiação futurista.
O estudioso das processões do virtual e das tecnologias, Pierre Lévy (2000), afirma
que o ciberespaço é o zoneamento sobre o qual está contida a humanidade hoje. A ascensão
da internet, o percurso de dispositivos, a imanência da comunicação como máxima das
relações humanas na contemporaneidade e a oferta de injunção funcional das tecnologias à
quotidianidade cunharam essa nova e fascinante ágora. Esse objeto de atração de Lévy e de
inúmeros estudiosos e entusiastas consiste na interconexão mundial de computadores sob aconexão via internet e capitaneada por informações e dados em constante fluxo ao acesso de
diversos usuários enredados.
Uma torrente contínua de conhecimento em difusão sob coordenadas geográficas e
roteiros cronológicos virtualizados, em uma constante veloz e de ininterrupta alimentação,
uma rede, uma hiperconexão, uma tessitura global, um caso de dilúvio, a caracterização dos
sonhos futuristas ficcionais materializados na moderna história humana, uma estonteante
aventura técnica, comunicacional e cultural, eis narrativas sobre esse tempo e espaço
escatológicos. O ciberespaço eleva-se em meio a cultura digital sem anular as culturas
precedentes (oral, escrita, impressa e eletrônica), mas integrando-as (SANTAELLA, 2003)
em uma plataforma de interconexão, anelo social e inteligência coletiva.
Ao entender o ciberespaço como essa ágora onde forças técnicas, dispositivos,
pessoas e informações dispostas à apreensão de conhecimento, inter-relações e construção das
pautas quotidianas (LÉVY, 2000), destaca-se seu potencial sociocultural. Tal qual a ágora
convencional (VELLOSO, 2008), o ciberespaço privilegia formações culturais e de
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sociabilidade, posicionando-se como um lugar privilegiado de construções simbólicas e
tipicamente humanas, expulsando visões que o condenam como arquétipo frio e artificial de
uma revolução das máquinas, orientando à constituição de ciborgues e simbioses técnicasoutras. Isso está a se verificar, todavia. Importa aqui destacar que as práticas culturais, de
socialização, imaginário, representações e identidade desempenhadas nesse seio constituem a
cibercultura.
É cadente na cibercultura a dispensa de narrativas de sociabilidade, amparada por
linguagens, signos e hábitos perpetrados na quotidianidade essencialmente comunicacional
(CASTRO, 2013). Trata-se de uma realidade intempestiva, factual e atrelada ao real. Os
eventos do virtual caminham por elucidar práticas e costumes inscritos nas vivências dos
sujeitos. Realidade e virtualidade, temas de arguição em tempos de universalização e
propulsão da comunicação digital, do ciberespaço e, da cibercultura. Real e virtual
antagonizados, malgrado sua rasa compreensão, estão atrelados aos roteiros vivenciais dos
sujeitos. O espaço, o tempo, o corpo, a identidade, as relações se virtualizam e se tornam
partícipes das léguas do ciberespaço. Um descortinar espetacular de cultura e técnica, de
sociabilidade e ubiquidade, de enredamento e comunicação.
Um conto da modernidade? Ou da pós-modernidade? Findam-se as metanarrativas,
atrofiam-se tradições e compromissos esmaecem. São liquefeitas as estruturas (BAUMAN,
2001; 2007), toda coisa adquire uma condição hiper, pluri ou trans (LIPOVETSKY, 2013). A
cibercultura, portanto, em seu desenvolvimento instalado, acompanha os eventos da condição
humana nesses tempos hipermodernos, ou, pós-modernos. Uma enseada a delinear
comportamentos e anunciar rumos da condição humana, esteio do presente estudo. O palco
empírico desse trabalho se dá na investigação da cibercultura e das interações sociais – e,
logo, das formações culturais – que se arrolam a esse cenário tecnocultural, e nele, a
caracterização pós-moderna. Um roteiro a contemplar cultura, interações sociais e
comunicação face a técnica, face à contemporaneidade, face à condição humana.
Como as interações sociais são influenciadas pela cibercultura na pós-modernidade?
Como os conceitos de realidade e virtualidade são contemplados pela cibercultura na
contemporaneidade? O que se pode inferir sobre a cibercultura e a condição pós-moderna?
Nesse sentido, analisar a influência da cibercultura sobre as interações sociais na pós-
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modernidade constitui o objetivo desse estudo, que ainda trafegou pela análise da cibercultura
nos cenários da condição pós-moderna, através dos conceitos de realidade e virtualidade e a
discussão de como a dinâmica social é afetada pelos produtos da cibercultura.
2. METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo, organizado sob a técnica de grupos focais on-line
síncronos. Para compor a amostra, foram selecionados brasileiros, entre 18 e 35 anos, fazendo
uso pessoal e/ou profissional da internet. A escolha deste recorte etário se justifica pelo acesso
a internet e, portanto a conexão com o objeto de estudo, expressiva nesse público e suas
características socioculturais de engajamento sociopolítico e cultural (INSTITUTO
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2013; 2011).
Os participantes foram recrutados através da divulgação pública da pesquisa na
internet, delineando seus autos, informações sobre a coleta de dados e benefícios do estudo,
denominado de Projeto “Eu+Cibercultura”. Para o conclame, seleção e recrutamento dos
sujeitos participantes, o projeto foi divulgado na internet por meio de site próprio contendoinformações e orientações, e suporte em redes sociais. Tendo em vista a heterogeneidade
participante como enriquecedora ao estudo, a seleção e recrutamento não levaram em conta o
contato prévio entre os selecionados, entendendo que esse tipo de relacionamento não afetaria
o desenvolvimento da coleta de dados, pautada em debates e discussões mais pontuais sem
que situações de constrangimento ou reservas pessoais detivessem o fragor empírico.
A divulgação da pesquisa implicou ao interessado em fazer contato via endereço de e-
mail específico, recebendo instruções prévias para aceder a um link contendo formulário de
inscrição e questões filtro desenvolvidas com a ferramenta Google Docs. O formulário
requereu de informações pessoais básicas e questões do tipo filtro, motivações básicas, além
do atendimento aos critérios de inclusão e não-inclusão. Todas as solicitações garantiram ao
candidato e depois participante selecionado, o sigilo de informações prestadas e a
identificação, sendo facultado ao indivíduo divulgar ou não a participação no projeto. Os
sujeitos foram ainda, motivados à participação livre de constrangimentos e inseguranças
quanto à sua atividade durante a realização da pesquisa.
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A inscrição de candidatos à participação no projeto não previram limite máximo,
todavia, foram selecionados para integrarem o projeto o número de 30 participantes, seguindo
os critérios de inclusão propostos, cabendo à equipe de pesquisa o exame e avaliação doscandidatos. Um quadro reserva de 10 participantes foi preparado para o caso de desistências.
Os candidatos selecionados foram contatados através de endereço de e-mail e telefone
fornecidos para a comunicação do aceite, esclarecimento de dúvidas e envio de informações
detalhadas sobre a pesquisa. O treinamento do participante envolveu uma simulação à
distância da coleta de dados, onde o pesquisador e o participante desenvolveram conversação
usando a rede social de chat e conferência Skype (o uso do programa foi requerido no
formulário de inscrição).
A escolha de um grupo de 30 participantes implicou na realização de 3 grupos focais
(A, B e C), compostos de 10 integrantes, quantidade em consonância à preconização da
literatura (BORDINI; SPERB, 2011; ABREU; BALDANZA; GONDIM, 2009). O processo
de coleta de dados compreendeu a aplicação de um questionário para perfilamento e
sondagem de hábitos virtuais dos participantes, e o desenvolvimento dos grupos focais on-line
síncronos. Ambas as etapas tiveram datas, horários e duração divulgados aos participantes
previamente. O questionário de perfilamento e hábitos virtuais foi composto por 20 questões
que indagaram sobre dados sociodemográficos, hábitos de conexão, acesso e hábitos do
participante em relação à internet, aplicado por meio da plataforma Google Docs. O roteiro
adotado nos grupos focais foi composto por 5 questões semi-estruturadas cobrindo temáticas
referentes à cibercultura, interações sociais on-line, hábitos virtuais, identidade na rede e
outros aspectos e cenários correlatos ao tema de pesquisa. Os dados foram submetidos à
análise de conteúdo (BARDIN, 2007).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Esta seção se divide em duas etapas: a apresentação dos resultados de perfilamento
dos sujeitos de pesquisa bem como de seus hábitos virtuais básicos e a exposição discursiva
dos resultados oriundos dos grupos focais online síncronos. Leituras de cenários, análises e
reflexões são erigidas tendo o objeto de estudo como interlocução e o aparato teórico como
lentes analíticas.
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3.1 Perfilamento dos sujeitos de pesquisa e seus hábitos virtuais
O perfil sociodemográfico dos sujeitos participantes da pesquisa indica o predomínio
de jovens adultos, inseridos no mercado profissional e em desenvolvimento de sua
qualificação acadêmica, como se pode observar na Tabela 1:
Tabela 1 – Perfil sociodemográfico dos participantes
VARIÁVEL%
Sexo
Feminino 62,96%
Masculino 37,04%
Faixa etária
25,15 anos 100%
Raça
Branca 44,44%
Negra
Parda
Amarela
Outra
18,52%
37,04%
0%
0%
Escolaridade
Ensino Médio
Primeiro curso superior
Especialização
3,7%
77,78%
18,52%
Trabalho e estudos
Trabalham e estudam
Apenas trabalham
Apenas estudam
66,67%
11,11%
22,22%
A participação feminina é maior, representando 62,96% dos integrantes. A faixaetária foi compreendida em média de 25,15 anos de idade. Quanto à raça, 44,44% se declaram
brancos. A maioria dos participantes, 77,78%, está cursando seu primeiro curso de graduação.
Quanto à ocupação, 66,67% conciliam atividades profissionais e estudos.
Tabela 2 – Dispositivos e acesso a internet
VARIÁVEL %Computadores em casa
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Desktop com acesso a internet
00 55,55%
01
02
03
04 ou mais
37,05%
3,7%
00,00%
3,7%
Desktop sem acesso a internet
00
01
02
03
04 ou mais
88,89%
11,11%
00,00%
00,00%
00,00%
Notebook
00 11,11%
01
02
03
04 ou mais
44,44%
25,93%
14,82%
3,7%
Uso de computadores
Computador compartilhado
Computador individual
3,7%
77,78%
Tipo de conexão à internet
Banda larga convencional
Modem 3G
Conexão discada
92,59%
7,41%
00,00%
Uso de dispositivos móveis
Smartphone
TabletModem 3G
92,59%*
18,52%*40,74%*
Dispositivo mais usado
Desktop
Notebook
SmartphoneTablet
Consoles e outros
18,52%
29,63%
51,85%
00,00%
00,00%
*Percentuais referentes às variáveis consideradas isoladamente.
Na Tabela 2 são apresentados dados sobre uso de dispositivos e acesso a internet do
público de estudo. Quanto ao tipo e quantidade de computadores de posse, observa-se maior
posse de notebooks (1 unidade em 44,44%) do que computadores pessoais do tipo desktop (1
unidade em 37,05%). Os sujeitos possuem computadores apenas para uso individual (77,78%)
e se conectam a internet predominantemente através de conexão banda larga convencional
(92,59%). Smartphones são os dispositivos móveis mais usados, seja quando considerados
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entre aparelhos móveis (92,59%), seja quando comparados com aparelhos móveis ou não
(51,85%).
Hábitos e consumo de conteúdo online são expostos na Tabela 3. O acesso a internet
é diário (100%) e o tempo de conexão semanal declarado é de mais de 41 horas (44,44%).
Entre as atividades online de maior adesão, estão o acesso a redes sociais (100%), envio e
recebimento de emails (100%), conversação (100%), consulta de notícias (92,59%), vídeos e
música (92,59%), pesquisas acadêmicas (77,78%), e outros. Quanto ao conteúdo consumido,
redes sociais (66,66%), conteúdo noticioso (44,44%) e de entretenimento (44,44%) sempre
são acessados. Conteúdo acadêmico (59,26%), jogos (62,96%) e sites de compras (48,15%)
são quase sempre acessados. Blogs (33,33%) e fóruns (40,74%) quase nunca são acessados.
Entre os serviços mais acessados estão o aplicativo Instagram (51,86%), o Facebook
(40,74%), WhatsApp (3,7%) e YouTube (3,7%).
Tabela 3 – Hábitos e consumo online
VARIÁVEL (%)
Frequência de acesso a internetDiariamente 100%5 vezes por semana 00,00%
3 vezes por semana 00,00%
1 vez por semana 00,00%
1 vez por mês 00,00%
Tempo de conexão
Até 5h 3,7%
6h a 10h 14,83%
11h a 15h 3,7%
16h a 20h 18,52%
21h a 30h 3,7%
31h a 40h 11,11%
Mais de 41h 44,44%
Atividades online*
Redes sociais 100%
E-mails 100%
Notícias 92,59%
Sites de busca 66,66%
Conversação 100%
Pesquisa acadêmica 77,78%
Vídeos e música 92,59%
Downloads 66,66%Serviços bancários 11,11%
Produtos e preços 22,22%
Compras 33,33%
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Outros** 00,00%
Conteúdo consumido
Sem pre
Quasesempre
Indiferente
Quasenunca
Nunca
Redes sociais66,6
6%
25,93% 7,41% 00,00% 00,00
%
Notícias44,4
4%
37,04% 11,11% 7,41% 00,00
%
Entreteniment
o
44,4
4%
37,04% 11,11% 7,41% 00,00
%
Acadêmicos18,5
2%
59,26% 18,52% 3,7% 00,00
%
Jogos14,8
2%
62,96% 18,52% 3,7% 00,00
%
Sites de
compras
11,1
1%
48,15% 11,11% 25,93% 3,7%
Blogs7,41
%
22,22% 18,52% 33,33% 18,52
%
Fóruns00,0
0%
7,41% 33,33% 40,74% 18,52
%
Serviço mais utilizado
Facebook
WhatsApp
Instagram
YouTube
Outros***
40,74%
3,7%
51,86%
3,7%
00,00%
*Percentuais referentes às variáveis consideradas isoladamente.
**Serviços não pontuados: fóruns e sites de interesse.
***Serviços não pontuados: Twitter, Flickr, Google+, Skype, LinkedIn, Pinterest, Tumblr, blogs.
As variáveis da Tabela 4 apresentam informações de percepção online geral em
questões básicas submetidas à reflexão e opinião pessoal dos sujeitos de pesquisa:
Tabela 4 – Percepção online
VARIÁVEL (%)
É possível fazer amigos e desenvolver relacionamentos verdadeiros através da internet .
Discordo totalmente3,7%
Discordo parcialmente 18,52%
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Não concordo nem discordo 33,33%
Concordo parcialmente 25,93%
Concordo totalmente18,52%
A internet e suas formas de interação, informação e comunicação trazem apenas benefícios.
Discordo totalmente 22,22%
Discordo parcialmente 29,63%
Não concordo nem discordo 37,04%
Concordo parcialmente 3,7%
Concordo totalmente 7,41%
As pessoas têm se exposto muito na internet e a privacidade online tem se tornado difícil deassegurar.
Discordo totalmente 3,7%
Discordo parcialmente 11,11%
Não concordo nem discordo 11,11%
Concordo parcialmente 22,22%
Concordo totalmente 51,86%
Eu me sinto seguro (a) em compartilhar informações pessoais e relacionar-me com pessoas quenão conheço na internet.
Discordo totalmente 7,04%
Discordo parcialmente 44,44%
Não concordo nem discordo 7,41%
Concordo parcialmente 11,11%
Concordo totalmente 00,00%
A internet é um espaço possível de relacionamentos e socialização.
Discordo totalmente 3,7%
Discordo parcialmente 00,00%
Não concordo nem discordo 37,04%
Concordo parcialmente 33,33%
Concordo totalmente 25,93%
Na asserção é possível desenvolver relacionamentos verdadeiros e fazer amigos na
internet , 33,33% não concordam nem discordam e 25,93% concordam parcialmente. Sobre a
sentença a internet em suas formas de interação, informação e comunicação trazem apenas
benefícios, 37,04% não concordam nem discordam, enquanto 29,63% discordam
parcialmente. Concordam totalmente que as pessoas têm se exposto muito na internet e a privacidade online tem se tornado difícil de assegurar , 51,86% dos participantes, 22,22%
concordam parcialmente. Discordam parcialmente 44,44% dos participantes na sentença eu
me sinto seguro (a) em compartilhar informações pessoais e relacionar-me com pessoas que
não conheço na internet , porém 11,11% concordam parcialmente. Se a internet é um espaço
possível de relacionamentos e socialização, 37,04% dos sujeitos de pesquisa não concordam,
nem discordam e 33,33% concordam parcialmente.
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Feitas as exposições sobre o perfil dos sujeitos participantes da pesquisa e
conhecidos seus hábitos virtuais básicos, passa-se a apresentação e discussão dos dados
oriundos dos grupos focais online síncronos. A partir das notas de campo e da análise deconteúdo, emergiram cinco categorias representativas (sociabilidade e fragor relacional, a
processão de dispositivos e ferramentas de interação, percalços e promessas, conexão como
navegação social e realidade versus virtualidade: o ringue cotidiano) de cinco eixos temáticos
(sociabilidade na cibercultura, ferramentas de comunicação e interação online, impacto e
percepção das atividades online sobre o cotidiano, conexões e dispositivos como extensões da
vida comum e realidade versus virtualidade) afluentes dos dados coletados.
Em quadros são demonstradas as unidades temáticas, de registro e de contexto dos
grupos focais (A, B e C) realizados, conforme análise desenvolvida. As categorias elucidam o
viço do estudo e são discutidas a seguir.
3.2 Sociabilidade e fragor relacional
O fragor relacional e a sociabilidade são os espectros mais expressivos da
cibercultura e do rol de produtos, interfaces e esteios que ela dispensa, tendo por substrato do
ciberespaço. As infovias do ciberespaço se povoam de sujeitos que, interagindo entre si,
vertem a construção de estruturas coletivas de difusão e compartilhamento de dados. Nessas
estruturas se emancipam comunidades e coletividades com as quais os sujeitos desenvolvem
relacionamentos, sentidos de pertença e enraízam identidades, comportamentos e atos sociais.
No tocante às interações sociais na cibercultura, aproximação e distanciamento
formam uma espécie de paradoxo elogioso e ao mesmo tempo cauteloso sobre as relações
desenvolvidas nessa malha social cibernética, como se pode acompanhar no Quadro 1 peloregistro do Grupo Focal A.
Quadro 1 – Categoria 1 segundo o Grupo Focal A
GRUPO FOCAL A
Unidade temática: sociabilidade na cibercultura
Unidade de registro: comunicação, relações sociais e aproximação
Unidade de contexto
Participante 1 Acredito que trazendo mais possibilidades deinteração... Como isso que estamos fazendo
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neste momento. Vejo um grandedesenvolvimento no fator aproximação,mesmo que não seja física... Mas hoje é possível manter contato e interação com pessoas de qualquer lugar do mundo emtempo real...
Participante 4
Para uma proximidade entre pessoas queestão distantes sim... Aproximadamentetbm!! Mas vejo q isso hoje interfere mto deum modo negativo no contato pessoal, poisas pessoas perdem o controle
Unidade temática: cenários negativos da sociabilidade online
Unidade de registro: comprometimento das relações sociais
Participante 2
A internet sem duvidas desenvolveu acomunicação, pois a deixou mais instantâneaquando falamos a distancia... Mas percorreuum caminho contrario ao desenvolvimentoem certos pontos, pois muitas vezes usamosatravés de redes sociais e aplicativos decelulares como WhatsApp para falarmos comquem esta próximo de nós
Participante 5
Há diversas formas pra se explorar essaquestão de como se desenvolve as relaçõessociais através da internet! Aproxima quemestá longe... Mas distancia quem está perto!Superficializa o contato físico e o olho noolho... Parece que depois dessa avalanche decomunicação online, as pessoas perderam o
quanto é bonito falar as coisas pessoalmente...
Participante 9
Eu acho relativo. Existem realidades desociabilidade autêntica, como também podeser forjada... Nota-se que nas relações emque já existe um contato pessoal e real ainteração é muito mais íntima,mesmo quevirtual... Quando não se tem esseconhecimento pessoal, o virtual pode serilusório, fantasioso...
Um padrão similar pode ser identificado nos Quadros 2 e 3 pelos Grupos Focais B e
C. Reverberações positivas sobre o impacto dos produtos da cibercultura no cotidiano, todavia
com percalços delimitados:
Quadro 2 – Categoria 1 segundo o Grupo Focal B
GRUPO FOCAL BUnidade temática: sociabilidade na cibercultura
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Unidade de registro: comunicação, relações sociais e aproximação
Unidade de contexto
Participante 8
Ela [rede de dispositivos da cibercultura]serve como ponte, né? Permite estreitarrelacionamentos e ao mesmo tempo permiteque você conheça outros mundos.
Participante 6
A internet através das redes sociais se tornaum instrumento disseminador deinformações e de interatividade. As pessoasestão cada vez mais conectadas, um exemplodisso são os smartphones que da o aoportunidade das pessoas se relacionarem deonde quer que estejam. Esses aparelhos sãocada vez mais tecnológicos e as pessoasestão sempre querendo mostrar através dainternet o que estão fazendo e como vivem.
Participante 3
Nos tempos de hoje, a internet e as mídiasdigitais ganham espaço de uma formainexplicável. Os meios fazem com que asbarreiras sejam quebradas, distânciasdiminuídas e nos deixam conhecer pessoas elugares sem sair da frente do PC ou celular.
Participante 1
A internet encurta as distâncias. Mesmo com pessoas da mesma cidade, através dainternet é possível manter contatoindependente de onde você esteja: do lado,na sala de aula, ou no outro lado do mundo.
Unidade temática:cenários negativos da sociabilidade online
Unidade de registro: comprometimento das relações sociais
Participante 9
Concordo também, apesar de que isso acabaafastando os mais próximos, pois muitasvezes deixamos de dar atenção para quem ta perto para falar com quem ta longe, o olhono olho já não acontece mais com tanta frequência. Em bares, por exemplo, é possívelver q a maioria das pessoas estão mexendono celular em vez de interagir
Participante 3
Por esse motivo [a possibilidade derelacionamento online], as pessoas seesquecem do velho e gostoso bate papo
frente a frente, um abraço e se pronunciam por meio de letras digitadas e áudiosgravados, mas tudo isso nos garante maisagilidade e facilidade.
Quadro 3 – Categoria 1 segundo o Grupo Focal C
GRUPO FOCAL C
Unidade temática: sociabilidade na cibercultura
Unidade de registro: comunicação, relações sociais e aproximação
Unidade de contexto
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Participante 4
Acho que as relações sociais pela Internettêm contribuído no aspecto da proximidadenos relacionamentos, a qualquer momento podemos nos comunicar com quemquisermos. Esse aspecto é muito positivovista a necessidade de comunicação einteração.
Participante 8
Vejo como algo bom para a sociedade,entretanto é algo que a sociedade ainda estáaprendendo a utilizar.
Participante 9
Podem ser vistas positiva e negativamente. As redes sociais,se bem usadas podem setornar uma excelente e econômica ferramenta de comunicação interpessoais,uma vez que estas aproximam as pessoas,são, atualmente bastante utilizadas nosmeios profissionais, acadêmicos, dentreoutros.
Unidade temática:cenários negativos da sociabilidade online
Unidade de registro: comprometimento das relações sociais
Participante 1Mas o problema é o uso exagerado quemuitos fazem desse recurso.
Participante 3
Hoje se percebe uma grande tendência das pessoas em se tornarem "escravas" dessesmeios de comunicação.
Em Lévy (2000), concebe-se que a cibercultura se move por meio de um programa
próprio. Tal programa se baseia nos pilares da interconexão de pessoas e dispositivos, na
formação de comunidades e na inteligência coletiva. Conectados, congregados e integrados,
os sujeitos vertem e se veem em um espectro onde identidade e alteridade (MOZZINI, 2014)
produzem um terreno imanente de práticas sociais, culturais e identitárias (LEMOS, 2008;
SANTAELLA, 2003). Estas características do programa da cibercultura (LÉVY, 2000a) e de
identidade e alteridade, permitem a fecundidade relacional pontuada pelos sujeitos de
pesquisa.
É reconhecido o potencial socializante das interações on-line, isto é, formas de
encontro, diálogo e comunicação constroem panoramas legitimamente relacionais. Nesse
âmbito, é possível inferir que as conexões possibilitam laços coesos, fazer emanar núcleos de
diálogo e expressão e permitem ocorrências relacionais difusas e autênticas. A comunicação
que não conhece fronteiras e se expande velozmente, todavia, não preconiza apenas odes de
louvor.
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As possibilidades de interconexão e sociabilidade na cibercultura carregam lacunas e
incongruências observáveis nas formas de relacionamento tradicionais e outros tantos casos
inéditos com os quais os sujeitos sociais se deparam e passam a lidar. Desvela-se assim, umaespécie de utopia social da cibercultura de congregar tudo e todos. Embora se observe
benefícios e potenciais, há contornos ainda inexplorados. Não se sabe precisar impactos sobre
privacidade, exposição pessoal, contato com desconhecidos de qualquer parte do mundo,
catarses e outros fenômenos dentro de um fenômeno maior que une pessoas, conexões e
dispositivos.
De acordo com a oferta dos quadros de referência dos participantes, é possível
salientar três linhas gerais de compreensão:
aproximação e interconexão de sujeitos e culturas;
ferramentais de comunicação e interação;
cenários de distanciamento, frieza e idealização de relacionamentos.
As relações on-line levantam o estandarte da globalização em relação aos fluxos
culturais, ou seja, o encurtamento de distâncias que permite uma despolarização das distâncias
e o intercâmbio entre sujeitos e suas práticas, como sinalizados pelos sujeitos de pesquisa.
Isso se dá por ferramentais de comunicação e interação entendidos em dispositivos,
programas, aplicações e sistemas que permitem trocas simbólicas em todos os níveis e de
maneira aberta e veloz. McLuhan (2002) chamou tal processo de aldeia global, um cenário de
comunhão entre sujeitos e coletividades, identidades e práticas, dispositivos e pessoas.
Ao passo que os cenários oferecem um viço relacional, percebe-se certo antagonismo
já que a sociabilidade on-line não é capaz de suprir todas as necessidades de convivência e
contato interpessoal cotidianas.A processão das novas formas de sociabilidade tende, em certo
nível, a confrontar os indivíduos e a misturar elementos do contato pessoal físico instaurando
cenários de frieza, distanciamento e idealização. Encontros cotidianos passam a ser
substituídos paulatinamente, a linguagem passa a ser defectível em toda sua expressão e a
convivialidade passa a ser idealizada e confundida.
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Todavia, não significa que aqui se aponta uma condenação ou um estado apocalíptico
dessas redes e formas de relacionamento. Tampouco se praticam elogios insólitos. No
espectro de respostas dos grupos focais e à luz da literatura, delineia-se aqui que asociabilidade e o fragor relacional da cibercultura exigem racionalidade de uso e práticas. Isto
significa que a potencialidade dessa novidade socializante está atrelada a contextos nefastos e
prejudiciais à ordem social.
Nos achados da pesquisa, as estruturas antropológicas do ciberespaço precisam ser
pensadas sistematicamente nas esferas acadêmica e cotidiana, uma vez que a evolução técnica
e comunicacional são rapidamente assumidas pelo homem como extensões. Isso não cessa de
reconfigurar relações, liquefazer cenários (BAUMAN, 2001; 2007) e restabelecer construções
(LIPOVETSKY, 2013), fazendo com que sujeitos e sociedade se alterem, se movam e se
transmutem.
3.3 A processão dos dispositivos e ferramentas de interação
Os dados também destacam a processão de dispositivos e ferramentas de interação e
comunicação online e sua representatividade no cotidiano, como se observa nos registros dos
Quadros 4, 5 e 6:
Quadro 4 – Categoria 2 segundo o Grupo Focal A
GRUPO FOCAL A
Unidade temática: Ferramentas de comunicação e interação online
Unidade de registro: utilidade e interação
Unidade de contexto
Participante 8
As ferramentas de interação são fundamentais no meu dia, por que por meiodelas eu interajo com amigos, familiares que
moram longe, consigo informações sobretodo o mundo e sobre os assuntos do meuinteresse, além de que, ser ainda a realidadedo meu trabalho a interação por meio domarketing digital
Participante 5
Eu os avalio [os diversos meios de interaçãoonline] como sendo meios que facilitaram avida em vários aspectos, principalmente emse tratando de velocidade. Porém, inicia-seuma dependência deste meio que leva a umavida baseada mais no virtual do que no real.
Participante 2
Eu uso frequentemente e faz parte do meudia a dia! Me cuido pra não ser algo que medomine e eu não perca a noção ao ponto de
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trocar [...] uma conversa para ver minhasatualizações! Faz parte de nos já [...].
Quadro 5 – Categoria 2 segundo o Grupo Focal B
GRUPO FOCAL B
Unidade temática: Ferramentas de comunicação e interação online
Unidade de registro: utilidade e interação
Unidade de contexto
Participante 7
[...] são a forma mais rápida de se comunicar.Nossas vidas estão sendo cada vez maisabertas ao mundo, com redes sociais que nos fazem postar cada minuto do nosso dia,
como fotos, textos, vídeos, ficam livres paraquem quiser ver. A interatividade e rapidezdos novos meios de comunicação deixaramnossas vidas mais rápidas, transações são feitas com apenas um clique, fazendo comque nos relacionamos com pessoas que estãodo outro lado do mundo em segundos.
Participante 2
Pra facilitar minha vida, meu trabalho meuserviço minhas coisas pessoais e de graça.Tbm não pago. Eu baixo todos apps até o queme lembra de beber água. [...] Amo ficar nanet, já deixei de sair para ficar nela, confesso[...].
Participante 9
Também faço uso de vários deles, me sãomuito úteis. Mas às vezes percebo que se nãocoloco limites, acabam atrapalhando um pouco.
Quadro 6 – Categoria 2 segundo o Grupo Focal C
GRUPO FOCAL C
Unidade temática: Ferramentas de comunicação e interação online
Unidade de registro: utilidade e interaçãoUnidade de contexto
Participante 6
Eu entendo isso tudo (esses produtos decomunicação) de uma forma muito positiva, pois existe a possibilidade de conhecermos o pensamento de diversas pessoas, seja a forma pela qual entendem, veem, interagemcom o mundo. Acho isso fascinante [...].
Participante 8
Eu uso bastante alguns desses meios, e tentome policiar para não ficar totalmentedependente de tais tecnologias. Masconfesso que nos últimos meses me ajudoumuito a utilização desses meios, até mesmono meu processo de formação, por fazer um
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curso na modalidade EAD.
Participante 1
Embora não use todas, mas vejo com bonsolhos, demonstra a criatividade inteligência, promove a comunicação e o lazer, fico pensativo quanto ao uso destes para finsnegativos como invasão de privacidade e odesrespeito com o próximo.
Dispositivos, softwares, sistemas, aplicativos e produtos diversos se ajuntam na
experiência cotidiana dos usuários. O acesso aos múltiplos recursos e ferramentas online
modulam práticas comuns do roteiro de vida diário dos sujeitos. São extensões que agregam
funcionalidades diversas às mais distintas ferramentas. A processão de dispositivos e redes faz
da cibercultura um esteio de navegação social, onde os indivíduos estão presentes, vertem sua
existência e ação e combinam os recursos a fim de produzir tarefas mais eficazes, reduzir
distâncias, acessar serviços remotamente, obter velocidade de resposta e otimizar o ordinário.
As unidades de contexto alinhadas à essa categoria que discute o espaço dos
dispositivos e programas na vida comum, salientam algumas bases com as quais é possível
levantar discussões:
Inseparabilidade, dispositivos e funcionalidades como extensões de vida.
Facilidade e acessibilidade que melhoram o cotidiano.
Percepção de invasão, excesso.
Os sujeitos de pesquisa ofereceram informações aquiescentes sobre a influência
cotidiana de produtos da cibercultura. Há um senso unânime de que tal ferramental e pacote
de experiências on-line/off-line já fazem parte do ordinário de vida e que já não é possível
separar facilmente sua funcionalidade das atividades cotidianas. São funções, estímulos e
informações que protagonizam extensões da vida dos sujeitos. As aplicações e dispositivos se
tornam interfaces que guiam a experiência cotidiana do usuário com a realidade, tornando-a
facilitada, subsidiada por informações úteis e construída numa dimensão on-line e off-line
simultânea.
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os sujeitos. A reflexão divide as opiniões e colocam as percepções em situação paradoxal: os
recursos são oportunos e positivos, mas sua presença passa a ser sentida como excessiva e
incômoda.
O desenho da cibercultura e das interações promovidas por ela começa a fornecer um
cenário mais completo de influência e experiência concreta diante dos sujeitos. Os achados
aqui sugerem um estado de imanência e quase onipresença de dispositivos e sistemas, onde
por menos conectado que um indivíduo prefira ser, em diversas situações comuns, ele se
deparará com recursos online a que será preciso aceder e completar alguma tarefa. Nesse
sentido, essa processão de dispositivos e recursos aponta para um estado onde a experiência
cotidiana, os sentidos, os atos, o raciocínio e devir dos sujeitos são modelados e ampliados
através de tais funcionalidades. Extensões dos sujeitos, maximização de ação e ampliação da
existência podem denotar constituição dos indivíduos nos tempos da cibercultura, nos tempos
do hoje.
3.4 Percalços e promessas
Na ascensão dos computadores pessoais e na insurgência da internet, o ideal de
empoderamento dos indivíduos e de congregação universal erguia-se reluzente. O sonho da
integração social global fluía como o espetro mais vívido da modernidade arrojada e
tecnicista. Todavia, os bons anelos de sociabilidade e de inovação, aquecidos pela máxima de
McLuhan (2002) de uma aldeia global, além de promessas redentoras, figuraria percalços
instalados nessa mesma modernidade insólita.
Os resultados apontam para um cenário cambiante entre promessas e percalços ante a
emergência da cibercultura, delimitados nos Quadros 7, 8 e 9:
Quadro 7 – Categoria 3 segundo o Grupo Focal A
GRUPO FOCAL A
Unidade temática: Impacto e percepção das atividades online sobre o cotidiano
Unidade de registro: vantagens e desvantagens
Unidade de contexto
Participante 3
A vantagem é que podemos ter váriasinformações a mão! Uma das grandes
desvantagens que eu vejo é o tempo que as
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vezes se perde... Acabamos ficandodesfocados...
Participante 5
Outra grande vantagem é o acesso ainformação de maneira geral... O quetambém muitas vezes pode se tornar umrisco a medida que não se aprofunda nostemas... A grande tendência de ler só o títuloda notícia e depois querer discorrer sobre otema como grande conhecedor...
Participante 9
Sim... Assustadoramente sim [as relaçõesonline estão modelando as relações nãoonline]! Mudanças consideráveis na forma deagir, relacionar...
Da surpresa dos avanços e da acessibilidade de informação e comunicação à mão, à
procrastinação e a modulação das relações off-line pelas on-line, experiências dos sujeitos
sociais vão se tornando aclaradas.
Quadro 8 – Categoria 3 segundo o Grupo Focal B
GRUPO FOCAL B
Unidade temática: Impacto e percepção das atividades online sobre o cotidianoUnidade de registro: vantagens e desvantagens
Unidade de contexto
Participante 7
A internet em geral se tornou parte da minhavida, como dito anteriormente. Portanto,como tudo que faz parte de sua vida, passa aexistir uma dependência. Eu dependo dainternet em diversos aspectos. Me criei comela, e obviamente, no primeiro momento, passaria por apertos sem ela. Esse 'aperto'vai do aspecto funcional à abstinência. Porexemplo, posso ler livros, fazer pesquisas,
ouvir músicas e conversar com quem precisode maneira rápida através da internet. Isso éuma vantagem. Porém, ao mesmo tempo,um problema, como faria sem ela? Teria queme deslocar até uma biblioteca. Ou comprarCDs. Ou ligar, enviar cartas, ir até a casa demeus amigos. Sou dependente dela nesteângulo, e a dependência não é uma coisaboa, eu acho.
Participante 2
Tudo na vida tem seu lado positivo enegativo, bem como a internet. Pela facilidade de comunicar e interatividade,
acaba que não temos mais o afeto de umaconversa face a face, mas por outro lado
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temos mais rapidez. A internet me deixoumais a vontade para falar com amigos e parentes que estão distantes, e tudo isso deuma forma muito barata. Isso tudo acabamudando a nossa vida cotidiana, ficamosexpostos e ao mesmo tempo livres.
A quotidianidade desenhada pela cibercultura delineia hábitos, formas de se
expressar e agir. Vantagens, utilidades, necessidades e desvantagens se misturam para
produzir o modus vivendi e operandi no ciberespaço.
Quadro 9 – Categoria 3 segundo o Grupo Focal C
GRUPO FOCAL C
Unidade temática: Impacto e percepção das atividades online sobre o cotidiano
Unidade de registro: vantagens e desvantagens
Unidade de contexto
Participante 4
Realizo pesquisas na área e tenho visto/lido oquanto a internet tem contribuído para odesenvolvimento cognitivo, interacionaldessas pessoas. [...] Nunca havia parado para
pensar nos impactos da internet na minhavida, a utilizo como uma coisa comum, que já faz parte do meu cotidiano, sem ponderar oquanto ela me auxiliou, transformou, enfim.Percebo que ela alterou minha forma deviver, pois tenho necessidade de mecomunicar constantemente, publicar fotos,textos, conversar. [...] Não me considero umviciado em internet, pois não deixo de sair para ficar conectado, acho horrível,ambientes em que as pessoas, mesmo seencontrando, não deixam de lado seus
celulares. Assim, a internet e seus produtos,auxiliam as pessoas, sem dúvida, precisa-se,no entanto, usá-la com inteligência ecriticidade.
Participante 2
Vejo pessoas mais acomodadas, que às vezes ficam na frente do PC por várias horas, masnão sabem do que se passa ao seu redor ouno mundo. Na verdade estão sempre prontas para os desafios virtuais, mas tem medo deencarar a vida real.
Participante 8
[...] Já fiz entrevista de emprego. Hoje usomais para fins acadêmicos, mas claro que
converso com amigos e para lazer. Tem sidouma ótima ferramenta... A vida ficou mais
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pratica.
A organização social se entrecruza com as diversas funcionalidades da cibercultura.
É possível assim, indicar os produtos e miríade de ferramentas online como atreladas à vida
regular dos sujeitos, como participante de seu agir social, como acoplada ao seu devir. Isso
significa que a ação social e cotidiana empreende sempre novos modelos e reflexos de
atividade graças à cibercultura. Não se trata de um fenômeno alheio e olvidável das operações
humanas comuns. Mas crescem formas e modos de vida autenticamente sociais e intricados
nos cenários on-line.
Entende-se assim, que as interações sociais ante a cibercultura não se classificam
dentro de um quadro anômalo, mas de um contexto original e fluido de processamento social,
cultural, humano. Tampouco significa aqui que uma realidade paralela e distante do
corriqueiro se manifesta. Não se trata de duas realidades opostas, e sim equidistantes. Os
roteiros da cibercultura se imiscuem dos cenários cotidianos amplamente, não como uma
força perniciosa e usurpadora da humanidade, mas como efeito histórico, conjuntural e
contextual de humanidade, técnica e existência.
A malha social é off-line e on-line. Não há uma separação. Há a complementaridade
funcional, isto é, prospectos próprios que as operações on-line possuem e instâncias
específicas das operações off-line. E como produto de fluxos e relações, instabilidade,
conflitos, choques, percalços são sentidos, assim como benefícios, avanços e bons
prognósticos. O achado mais expressivo sugerido pelos resultados reside na participação dos
produtos da cibercultura na vida cotidiana, revelando formas e modos de vida mais complexos
e férteis para fenômenos entre virtuais na quotidianidade. Em outras palavras, esses cenários
fazem parte da vida dos sujeitos, integram-nos, compõem sua experiência vivencial.
3.5 Conexão como navegação social
A conexão se tornou uma forma de navegação social, vide resultados nos
Quadros 10, 11 e 12:
Quadro 10 – Categoria 4 segundo o Grupo Focal A
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GRUPO FOCAL A
Unidade temática: conexões, dispositivos e extensões para a vida comum
Unidade de registro: conectividade, vício e utilização
Unidade de contexto
Participante 1
Eu acho que estou num momento de admitirque estes aparelhos tomaram uma partegrande demais...passou do limite. Estou na fase de tentar remediar o que se tornouvicio.O difícil pra mim é o saber dosar... Porque de fato, não dá pra abrir mão das ferramentas hoje...Uma geração dispersa einquieta eu diria... Olhos fixos numatela,mente perdida em infinitasinformações... Rasas muitas vezes
Participante 6 Infelizmente já não ha como viver sem...
Participante 8 Sinceramente me sinto nu sem meu celular!
Dispositivos se tornam extensões e interfaces para a realidade.
Quadro 11 – Categoria 4 segundo o Grupo Focal B
GRUPO FOCAL B
Unidade temática: conexões, dispositivos e extensões para a vida comumUnidade de registro: conectividade, vício e utilização
Unidade de contexto
Participante 2 Vital.
Participante 4
O mundo está cabendo em nossos bolsos!Celulares, tablets e outros apetrechos fazemcom que nossas vidas sejam mais rápidas. Emminha vida, o celular e computador faz comque eu fique mais antenado, notícias chegama mim mais rapidamente, o trabalho ficamais fácil com os celulares e aplicativos, oconvívio com amigos e familiares fica mais
próximo. De qualquer forma, a tecnologiaestá ao nosso lado, evoluindo a cada dia, nosdeixando mais ligados a tudo ao redor.
Participante 6
Confesso que hoje sou multi dependente datecnologia... Entre todas o celular é o que soumais dependente, já faz parte de mim. Através dele resolvo todos os meus problemas como entrar em contato com as pessoas, acesso a contas, pesquisas, redessociais...
Participante 8
Poxa... Esses aplicativos até eu não terachava tudo uma palhaçada, depois do primeiro, queremos sempre os maisatualizados, os que têm mais funções. Enfim,
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sou dependente desses aplicativos. Quando ainternet está fora do ar, ou não tenhocréditos me sinto a pior pessoa do mundo.Hoje o acesso facilitado faz com queestejamos mais próximos de pessoas e dascoisas... O grande problema é o vicio.
Participante 9
Ameniza as tristezas da vida, às vezes tenhonada pra fazer vou pra net, fuço tudo. Tbmaté coisas q não me convém, mas gosto de ficar na net prq gosto, as vezes leio coisasque me acrescenta as vezes não e por aí vai.tenho necessidade está online o tempo todotenho amigos e coisas nela tbm, trabalhocom a net e é por isso q to o tempo todo.
A conexão passa a desempenhar um papel importante de inserção, realização social e
inserção. Uma pulsão existencial para o cotidiano.
Quadro 12 – Categoria 4 segundo o Grupo Focal C
GRUPO FOCAL C
Unidade temática: conexões, dispositivos e extensões para a vida comum
Unidade de registro: conectividade, vício e utilização
Unidade de contexto
Participante 1
É meio que uma extensão do nosso corpo, pois quando estou triste ou abatido, procuroatravés deles (dispositivos) na internet, coisas para animar e motivar. Quando estou alegreou tenho algum êxito, geralmentecompartilho, digamos que faz bem pro ego,receber elogios e felicitações pelasconquistas. Na indignação, também posto,como forma de alertar as pessoas e expressardescontentamento. É algo que alivia, sentir-se ouvido, mesmo que na prática, nem todosse solidarizem ou manifestem.
Participante 4
Para mim a tecnologia é muito importante,mas não acho q é impossível viverdesconectado, e até acho e as pessoas qvivem assim devem ser mais felizes rsrs. [...]Prova disso é quando queremos relaxar, oque fazemos é desligar o celular e etc...
Participante 9
[...] Facilitam nossa vida, deixando ela maisrápida, porém às vezes essa "correria" todanos deixa estressados e ligados o tempo todo.a internet vicia sim, e quem não a utiliza de
forma coerente corre o serio risco de ter essa
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"doença" [vício em internet].
As conexões permitidas pela internet são pervasivas, sencientes e ubíquas. Tais
características técnicas se anelam a características de propensão cultural. Os sujeitos têm na
conectividade um instrumento com o qual podem existir, verter seu ser e estar, construir
relações e construir a si mesmos. Uma imanência é criada e não se trata daquela da processão
de dispositivos e sistemas, e sim uma imanência da conexão como meio de posicionamento do
devir humano.
Com a conectividade inúmeros laços são estabelecidos entre indivíduos,
informações, fluxos e espaços. É uma forma de diluir a própria existência e nela, acessar raias
mais amplas. Tem-se assim, um modo particular de navegação social, de pontuar identidades,
de dispensar signos e discursos. Com conexões, acessa-se uma modalidade singular de
liberdade e, portanto, de retratos de subjetividades.
Os resultados postulam um paradoxo:
Conexões como fator de integração, construção de si e intercâmbios culturais.
Conexões exacerbadas ou intensas, isto é, hiperconexão, estados de dependência.
Conectados e hiperconectados, dois estados distintos emulando e sustentando novas
formas de sociabilidade. Esta pervasividade e necessidade de conexão e acesso gestão e
modelam novos hábitos, saberes e práticas. O que aqui se indica é um cenário de cenários que
deve ser estudado, particularizado e observado ciosamente.
3.6 Realidade versus virtualidade: o ringue cotidiano
Com a novidade da vida em rede, das conexões, dos fluxos digitais, da experiência
on-line e da inserção da cibercultura no dia-a-dia, tornou-se natural o fomento de um embate
que tem por ringue o cotidiano: a oposição entre realidade e virtualidade. Os Quadros 13, 14 e
15 salientam:
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Quadro 13 – Categoria 5 segundo o Grupo Focal A
GRUPO FOCAL A
Unidade temática: realidade versus virtualidade
Unidade de registro: real, virtual e relações.
Unidade de contexto
Participante 2
Passada! O virtual está substituindo o real.
[...] Viraremos robôs. [...] Mas mesmo assim
tenho medo... Pq meus pais e avós nuncativeram contato com a internet e hj isso faz parte de mim
Participante 5
Internet = caminho sem volta. O ser humanodeve se humanizar rsss e usar o resto como
ferramenta.
Realidade é entendida no conjunto de práticas e vivências off-line, sem qualquer
ligação ou dependência de meios virtuais para se processar. Há a ideia de que tudo o que não
evoque dimensões virtuais, seja a realidade em vias de fato. Tanto o é assim que, a
virtualidade é entendida em todos os projetos e atos por meio de redes, sistemas e dispositivos
on-line, não compreendidas como realidade de fato e sim como uma possibilidade mediada e
não autêntica de se vida, gerando-lhe oposições de defesa sociológica.
Quadro 14 – Categoria 5 segundo o Grupo Focal B
GRUPO FOCAL B
Unidade temática: realidade versus virtualidade
Unidade de registro: real, virtual e relações.
Unidade de contexto
Participante 4
Eu posso estar errado, mas não consigo maisseparar as duas coisas. Não vejo mais ovirtual como algo perigoso [...].
Participante 7
Acho q ta substituindo, mas isso depende da pessoa que usa, tem gente q prefere manterum contato cara a cara, porém são poucas as pessoas, a interação na maioria das vezes fica prejudicada [...], na maioria dos bares erestaurantes vc não vê mais as pessoas falando entre ai só nos celulares. [...]Vi emuma propaganda inclusive uma marca decerveja gaúcha que criou aquele suporte degarrafa de cerveja q quando coloca a garrafaativa um negócio q bloqueia a internet nos
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celulares p ver se o povo interage mais
Participante 8
Sim acho, acho que todo mundo tá envolvidonisso e já não tem mais por onde fugir, ondevc vai o primeiro assunto é o mundo virtual,ninguém ver nada ao vivo mais, ver só nanet... Sim a net ta ditando como devemosviver. Sim de fato está roubando.
Por vezes o que é virtual, por transformar e ressignificar algumas práticas comuns, é
taxado como usurpador da realidade, condição nefasta da humanidade, fator de soçobramento
das práticas sociais e culturais. Entretanto, algumas elaborações apontam que um uso
desordenado ou um conjunto de dilemas humanos é que fazem com que os ensejos virtuais
sejam considerados nocivos.
Quadro 15 – Categoria 5 segundo o Grupo Focal C
GRUPO FOCAL C
Unidade temática: realidade versus virtualidade
Unidade de registro: real, virtual e relações.
Unidade de contexto
Participante 3
Acho que substitui a realidade no que tange a personalidade da pessoa, muitos veem nessesambientes uma oportunidade de secamuflarem e ser aquilo que não são.
Participante 4
[...] As crianças não sabem jogar futebol senão for pelo vídeo game, cada dia menosvemos crianças puxando um carrinho, porquetem que ser de controle remoto... O mesmoacontece com as relações de amizade. Achoque em alguns casos já há essa substituiçãodo real pelo virtual.
Participante 9
Sim, infelizmente o virtual tem tomado olugar da realidade, isso é perceptível nasredes sociais, sempre estão todos sorridentese felizes como se o mundo só fossem flores.Ou então expõem sua vida particular, seus problemas a milhares de seguidores como forma de desabafo ou para "ganhar fama"[...] Também se tem a grande vantagem dagrande movimentação q a internet pode fazer com a nação, vimos isso claramente nos protestos #vemprarua!
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Embora não acha relação de oposição entre real e virtual, como ensina Lévy (2000),
um confronto se estabelece nas intempéries e desarranjos sociais ou culturais observados
pelos sujeitos ou em fenômenos que se complexificam diante da temática. Queixas sobre afrieza das relações e a evanescência de diversas facetas da vida são frequentes. Novos padrões
de comportamento são notados, como catarse, exposição de si e privacidade. Uma série de
aspectos que nublam a compreensão dos dispositivos e sistemas como apenas veículos de
inovação técnica.
Pode-se entender o embate real versus virtual nos conflitos instaurados por novos
padrões de sociabilidade perpetrados pela interconexão e pelas redes. Estranhamentos e
temores tomam muitos sujeitos sociais na justificativa de um apagamento das relações e
interações sociais tradicionais, genuínas e cálidas. Há uma tensão no tocante a transformação
completa dos modos de vida em módulos virtuais e distantes do contato face a face ou da
convencionalidade corriqueira dos relacionamentos. Uma narrativa obscura da cibercultura é
contada tendo como trama o entorpecimento do real pelo virtual.
É preciso chamar atenção para os achados:
Torpor da virtualidade
Realidade usurpada
Transformação radical da vida social e da cultura
Esse entorpecimento sociocultural supostamente perpetrado pela virtualidade em
detrimento da realidade se justifica em uma série de casos noticiados e repercussões
cotidianas observadas pelos atores sociais. Mazelas da vida on-line revelariam dimensões
tórridas da cibercultura, caracterizando-a mais como um malefício moderno do que um bem
em si. A realidade seria pouco a pouco usurpada para dar vazão a fábulas do cotidiano e
fantasias subjetivas em uma espécie de terror pós-moderno. E assim, uma transformação
radical – e talvez irreversível – da vida social e da cultura estaria instalada.
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Toca a este trabalho pontuar que ao passo que já se observem transformações
substanciais em termos sociais e culturais, esse cabedal de mudanças compõe uma série de
eventos de desenvolvimento técnico recente. Isto é, as inovações técnicas são relativamenterecentes e os desdobramentos de seu uso e apropriação estariam em uma fase de incubação,
portanto, de aprendizado, entendimento e interpretação. Os novos hábitos diante da oferta do
ciberespaço ainda se entrecruzam ante a percepção e adesão dos sujeitos. Mesmo na vida
pública, o usufruto de produtos da cibercultura ainda não é totalizante. Nesse ínterim, tem-se
um quadro de experiências graduais.
Em tempos pós-modernos, é pertinente salientar que uma série de fatores incorre na
ordem social para modificar estruturas e renovar conceitos (HARVEY, 2005; HALL, 2006).
Não apenas a vida privada é afetada, mas a vida pública igualmente. Realidade e virtualidade
compõem paradigmas da própria indagação filosófica sobre o devir humano na
contemporaneidade. Assim, o ringue do real versus virtual amplia-se em extensões maiores
ligados a bases antropológicas e filosóficas da vida em sociedade e do homem per si. O
homem como animal político e social na pregação aristotélica é, indubitavelmente, um animal
mais complexo pelo fulgor histórico e técnico, sendo um animal comunicacional e outras
platitudes ainda a figurar e definir.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A cibercultura é uma realidade factual da vida social. Realidade esta que transformouformas de se pensar e processar práticas sociais e culturais. Em seus produtos, sinais
expressivos de novas configurações de sociabilidade e ativação humanística. Noções de
identidade, alteridade, subjetividades, pensamento e devir em cliques, acessos e interações.
Sob o edifício pós-moderno, encaram-se sujeitos fragmentados, diluições e volatilidades que
dizem respeito a um cenário contemporâneo de ressignificação.
No ciberespaço, o anima social é pleno. Verte sua essência, constrói
relacionamentos, interage e existe cambiante, fluido, ágil e pervasivo, tal qual a conexão pela
qual acessa redes sociais, sistemas e programações integradas com todo o mundo. Nos
achados do estudo, observou-se a processão de dispositivos e redes como instrumentos de
vida e a conexão como uma forma de navegação social, caracterizando sujeitos pareados entre
vida on-line e off-line.
Chamou a atenção do estudo a franqueza dos sujeitos participantes ao descrever as
relações que desenvolvem com a internet e suas múltiplas expressões. Salientou-se não apenas
experiências objetivas e visões, mas o testemunho pessoal, a experiência cotidiana, por vezes
catártica a que essas novas formas de comunicação os permitem. Nesse sentido, a pesquisa foi
exitosa ao atingir o âmago dos depoimentos dos sujeitos sobre dimensões axiais da práxis
social.
Há que se destacar ainda que coexistem promessas e percalços nos predicados do
ciberespaço. Se por um lado ferramentas e funções fazem do mundo uma aldeia global, poroutro, nuvens encobrem os méritos de interconexão, dispensando padrões de comportamento
questionáveis. Na perspectiva dos sujeitos, as interações sociais são profundamente
influenciadas e reconfiguradas. Isto significa apontar os produtos da cibercultura e sua
influência como estopins para uma série de ineditismos no tocante ao devir dos sujeitos.
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O método de pesquisa pública pelo Projeto Eu+Cibercultura permitiu ao estudo uma
organização sistemática e isenta de erros, tornando o trabalho ágil e confiável nos trâmites de
uma pesquisa de selo qualitativo e de campo. A técnica de grupos focais online síncronos permitiu com que o estudo se aproximasse do objeto de estudo de um modo singular, sendo
parte do próprio objeto, ali representado nas interações online. No tocante à condução do
estudo, o percurso metodológico adotado permitiu o alcance dos objetivos e o atendimento de
sua proposta, estimulando ainda o uso da técnica em estudos posteriores afluentes desta
temática principal.
Por limitações do estudo, pode-se posicionar aqui que esse tipo de estudo necessita
de explorações sistemáticas de diversos espectros metodológicos a fim de se testar as teorias e
levantamentos feitos. Além disso, a pesquisa qualitativa por sua caracterização própria não
permite uma amostra numerosa, o que pode oferecer uma lacuna analítica à proposta. Está
claro, assim, que esse estudo é estímulo para desenvolvimentos e elaborações
complementares. O tema é vasto, sua incursão é certeira e sua relevância trafega não só nas
instâncias das Ciências da Comunicação, mas na Sociologia, Antropologia e Filosofia.
Constatou-se que a dinâmica social é afetada pela cibercultura e que os cenários pós-
modernos são o terreno de desenvolvimento dessa premissa. Premissa essa que evoca o
combate epistemológico entre realidade e virtualidade. Um confronto que se estabelece no
empoderamento dos sujeitos no seio online, na emancipação de identidades e coletividades,
no fragor catártico, na sociabilidade e no cenário tecnocultural que torna a internet e as
tecnologias da informação e comunicação campos fascinantes de processamento humano.
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