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COLEÇÃO DE BOLSAS INSPIRADA NO CENTENÁRIO DE VIDA
DE CARMEM MIRANDA
HANDBAG COLLECTION
Samantha Feroldi
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Taiza Kalinowski Anselmo2
Resumo
Artigo vinculado à área do Design de Moda o qual aborda pesquisas relacionadas aos hábitos de consumo do público
feminino, ao mercado de bolsas e acessórios em geral além de aspectos relevantes da vida da figura inspiradora, cujo
centenário de vida é comemorado no ano de 2009, para o desenvolvimento de uma coleção de bolsas femininas para o verão
2010 a qual se aproxime da personalidade do público alvo e seja a introdutora de uma nova marca de acessórios femininos
no mercado. Para tanto utiliza uma metodologia de projeto própria idealizada a partir do método desenvolvido por Gomes
(2005) intitulado “Os 4 P’s do Design” e do pensamento metodológico proposto por Keller (2003) intitulado “Planejamento
de Coleção”.
Palavras-chave: Bolsas, Mulheres, Consumo e Carmem Miranda.
Abstract
Article entailed with Fashion Design discussing searches about women consume habits, the fashion accessories and bags
market and important points about the inspiration`s life, whose life centenarian is commemorated in 2009, to the
development of a female Handbag collection summer 2009 that approach to the public and introduce a new brand of female
accessories in fashion market. Apply a personal project methodology based on method of Gomes (2005) called “The 4 P’S
of Design” and the methodology suggested by Keller(2003) and called “Collection Planning”.
Keywords: Handbags, Women; Consume and Carmem Miranda.
1 INTRODUÇÃO
Em algum momento da História, de acordo com Johnson (2002), um punhado de pele
atado a um pedaço de pau serviu para armazenar alimentos e pequenas ferramentas do
homem: seria este o esboço conferido à primeira bolsa. Já no século XVII, sua principal
função passou a ser o transporte de moedas e, amarradas à cintura, eram utilizadas tanto por
homens quanto por mulheres, sendo que elas a carregavam sob as volumosas saias.
1 Acadêmica do 8º período do curso de Design de Moda da Univali.
2 Professora Orientadora
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Por volta de 1805, as mulheres passaram a utilizar suas pequenas bolsas por fora do
traje e este seria o fato que faria da bolsa um acessório estritamente feminino: os homens
utilizariam os bolsos das calças para guardar seus pertences e as mulheres passariam a
carregar seus “bolsos” à mão (JOHNSON, Anna 2002).
Com o passar do tempo, este acessório se tornou indispensável ao dia a dia feminino e
acompanhou a evolução do papel da mulher na sociedade, suas conquistas e seus dilemas.
Hoje, é um produto intimamente vinculado à personalidade e estilo de cada usuária em
particular, carregando consigo a essência da feminilidade e a afirmação da independência
feminina.
Não se pode falar da história da mala3 sem referir à emancipação da mulher, porque
o modo como a mulher transporta os seus pertences está intimamente relacionado
com a forma como dirige a sua própria vida. [...] No século XXI, a opulência da sua
mala pode sugerir a sua riqueza, embora esta nunca seja inteiramente revelada. O
poder de uma mala (e de uma mulher) reside na solidez, no secretismo e na
elegância que encerram em si. (JOHNSON, 2002, p.05)
Mesmo havendo pouco material científico publicado a respeito do tema, este laço tão
íntimo estabelecido entre o público feminino e a bolsa já o torna interessante e curioso aos
olhos da moda e da pesquisa. Mercadologicamente falando, dados da ABIACAV4 (2008),
comprovam esta afirmativa: anualmente, o Brasil consome em média 62.000.00 de bolsas e
carteiras femininas, um número representativo. Mesmo sendo um mercado consolidado, com
aproximadamente 3.000 indústrias formalmente atuantes no setor, este nicho de mercado
mostra-se economicamente interessante para a inserção de novos produtos que apresentem
inovação estética ou funcional e estabeleçam relações emocionais com a consumidora.
Além desses fatores, este trabalho justifica-se pelo interesse particular da autora pelo
tema Bolsas, tendo ela conhecimento prático na confecção do produto e o intuito de atuar
profissionalmente na área. A materialização desta coleção será, portanto, o primeiro passo
para a realização de seu projeto pessoal que já se encontra vinculado à Pré-Incubadora de
Empresas da Univali: a introdução de uma nova marca de acessórios femininos no mercado, a
Feroldina.
Sendo assim a pesquisa do presente artigo abordará assuntos pertinentes aos hábitos de
vida e de consumo do público alvo, ao cenário do mercado de bolsas em geral e ao universo
3 Termo usado por Jonhson, para referenciar “bolsa”
4 Associação Brasileira das Indústrias de Artefatos de Couro e Acessórios de Viagem
3
das marcas no âmbito do marketing, a fim de embasar o desenvolvimento de uma coleção de
bolsas femininas para o verão 2010 a qual desperte o desejo de mulheres femininas,
independentes e criativas e que seja competitiva comercialmente.
Já a escolha da temática de inspiração para a coleção é defendida em função da
comemoração, no ano de 2009, do centenário de vida de Maria do Carmo Miranda da Cunha,
Carmem Miranda, um ícone da cultura brasileira e, por que não, da moda.
Carmem, com sua figura de mulher independente e inovadora, muito se assemelha
com as características da mulher contemporânea e inspirou diversos designers os quais
utilizaram seu apelo visual para compor uma variada gama de produtos. O problema
observado ao qual esta pesquisa fornecerá subsídios para a resolução concentra-se justamente
no fato de como criar um produto que contenha a essência da temática e simultaneamente fuja
da obviedade estética a ela vinculada, já tão conhecida no mercado e que não se enquadra no
estilo do público alvo.
2 METODOLOGIA
Fazendo uso dos conceitos abordados por Gil (1991) a respeito da pesquisa científica,
a presente pesquisa é classificada quanto aos seus objetivos como descritiva por tratar da
descrição e entendimento de uma parcela específica da população, público-alvo, baseando-se
em técnicas padronizadas de coleta de dados.
Tratará do problema de forma quantitativa, utilizando procedimentos técnicos como a
pesquisa bibliográfica e o levantamento de dados.
Quanto á metodologia de projeto, a partir de Munari (1981), consiste em um conjunto
de operações dispostas em uma ordem lógica comprovada pela experiência e necessária para
alcançar o objetivo de um projeto, substituindo a forma artística de criação de um produto por
um estudo prévio no campo no qual se vai projetar, organizando o pensamento criativo. Essa
concepção apresentada pelo autor é totalmente pertinente aos projetos de design voltados a
área da moda, os quais envolvem, além de valores estético-simbólicos, a articulação de
aspectos funcionais, técnicos e mercadológicos.
Cabe ressaltar que projetos de design de moda não registrem-se ao aspecto
estético-formal de um produto, como é entendido pelo senso comum, seu
cerne está justamente na abrangência do processo projetual, o qual envolve
uma visão panorâmica e multidisciplinar (SANCHES, 2008, p.290).
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Tendo em vista o conceito de metodologia de projeto e a sua relevância para o
desenvolvimento de novos produtos, optou-se neste projeto por uma metodologia própria
baseada na proposta metodológica de Keller (2004), intitulada “Planejamento de Coleção”, a
qual parte da escolha da temática e desenvolve-se em 4 etapas seguintes relacionadas à
Pesquisa, Portfólio/Coleção, Desenvolvimento de produto e Composto Mercadológico, e o
método desenvolvido por Gomes (2005), e denominado “Os 4P’S do Design”, sendo estes:
Problema, Posicionamento de mercado, Proposta e Produto.
O Posicionamento de Mercado trata de uma situação ou cenário real/ possível no qual
o projeto enquadrar-se-á. O Problema está relacionado ao grande objetivo pretendido pelo
projeto e deve ser sanado pela Proposta na qual o designer expressará sua capacidade criativa.
Esta, por sua vez, deve materializar-se em um Produto. O importante é que cada qual cumpra
com seu objetivo, independentemente da seqüência escolhida ou até mesmo simultaneidade.
Gomes (2005) defende a flexibilidade em contraponto à linearidade de pensamento
adotada por propostas de outros autores. Segundo ele, o meio não-linear estimula a
intervenção do aluno/designer no método e apresenta-se mais coerente com a realidade de
mercado o qual, em função do tempo escasso, não propicia o andamento totalmente linear. O
dinamismo, porém, faz com que o andamento fique muito mais suscetível à desorganização,
fato que exige do aluno um acompanhamento rígido do cumprimento dos objetivos em
relação aos prazos.
A metodologia mais adequada às particularidades do projeto foi então idealizada a
partir do pensamento organizacional de Keller e adotando a flexibilidade proposta por Gomes.
Foi elaborada a fim de satisfazer as necessidades específicas do projeto. Como é possível
observar no Fluxograma abaixo, após a escolha do tema, dá-se a formulação de
P1(Problema) e P2(Posicionamento de mercado), sendo P2 focado na Pesquisa
Bibliográfica e de Campo relacionada aos hábitos do público e comportamento do mercado de
Bolsas e ações concretas de posicionamento de mercado.
Após a análise e síntese visual desta primeira etapa, dá-se a conceituação, na qual o
conceito, as cores e os materiais são documentados em forma de desenhos e dão origem à
coleção propriamente dita. É o momento de formular P3(Proposta) trabalhando com P1.
Na etapa três, o foco é direcionado para a produção que originará P4(Produto) e terá
como base a modelagem, a elaboração da ficha técnica, o estudo dos processos produtivos e
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os testes com protótipos. Após as devidas adequações, os modelos finais são produzidos e
possibilitam ações relacionadas ao Marketing como a produção de moda e a Exposição a qual
lançará a coleção da marca no mercado regional, retomando assim P2.
Com P3 materializada e P1 resolvido, no momento 4, o composto mercadológico é
criado e, para sentir o impacto resultante do lançamento do produto no mercado regional, a
pesquisa relacionada à P2 é novamente retomada para compor o composto mercadológico
com o qual a marca será apresentada ao mercado.
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Figura 01: Metodologia de Projeto própria, adaptada de Keller (2004) e Gomes (2005).
Fonte: Acervo pessoal (2009)
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Foram escolhidas algumas ferramentas de projeto para aplicação durante as etapas 1 e
2 da Metotodologia propostas por Baxter (2000), Painéis Semânticos e P.F.F.O.A –análise
das Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças dos concorrentes. Foram eleitas por
apresentarem como característica principal a síntese de informações de maneira dinâmica e
ágil. Além destas, a ferramenta de projeto Cronograma é utilizada durante todas as etapas da
metodologia para que os objetivos possam ser alcançados de acordo com os prazos
estabelecidos. Faz-se uso de técnicas auxiliares no processo criativo como o Brainwriting,
também proposto Baxter (2000), a qual visa a documentação de um grande número de idéias e
posterior triagem das mesmas para alcançar soluções criativas, além de uma técnica própria
denominada SketchBook, livro documental no qual as imagens de referência são articuladas
juntamente com desenhos livres.
3 AMBIENTAÇÃO E TEMÁTICA
Com o intuito de atingir o objetivo principal apresentado, faz-se necessária a utilização
de um referencial teórico a respeito de itens de pesquisa pertinentes ao tema tais como o
consumo no contexto do público feminino e a relação entre ele a bolsa, abordagens de
marketing relevantes para a introdução de uma nova marca no mercado além da pesquisa
relacionada à temática de inspiração.
3.1 O consumo no contexto feminino
Poucos autores tratam da origem do modelo de consumo no qual a sociedade encontra-
se inserida atualmente. Sant’Anna (2008) aponta que, sociologicamente, houve um período
histórico no qual o consumo de bens pelo homem passou a adquirir um caráter simbólico
vinculado a felicidade e satisfação pessoal, deixando em segundo plano a funcionalidade em
si. Desde a Revolução Industrial, a oferta de produtos beneficiados e industrializados se
tornou crescente, mas foi a partir da década de cinqüenta, com o fim dos tempos de guerra e o
clima de liberdade dos anos dourados, que o consumidor passou a interagir com esses
produtos de uma maneira diferenciada estimulados pelo idealismo do american way of life.
Segundo Sant’Anna (2008), nesta época, os meios de comunicação brasileiros
passaram a difundir um clima de juventude e modernização inspirados também na figura
jovial e na proposta política do então presidente JK, que defendia a modernização do país
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com energia e agilidade fazendo uso do slogan 50 anos em 5. O cinema americano e a
imprensa estimulavam a liberdade de comportamento frente aos padrões rígidos sociais
vigentes até então, estimulando a juventude a novas formas de pensamento associadas ao bem
estar pessoal e às experiências de prazer antes reprimidas pelos pais. Esses fatores
modificaram a forma de publicidade adotada pelas empresas, que passaram a enfatizar a
sensação do individuo ao usar seu produto e não mais os benefícios funcionais que ele
proporcionava e, com isso, o consumidor passou a projetar imagens relacionadas ao uso dos
mesmos em seu psicológico no ato da compra, associando-os à construção de uma imagem
pessoal ajustada a sua personalidade e à nova modernidade. Um fator que fortaleceu ainda
mais este vinculo foi o surgimento do shopping center e das redes de supermercados que
proporcionavam a compra de produtos sem o intermédio de vendedores, possibilitando aos
clientes uma nova sensação de compra.
Para isso, as transformações na relação de compra e venda foram
significativas (...) a mediação feita pelos vendedores passou a concorrer com
uma experiência diferente: aquela de apreciar os produtos sem auxílio dos
vendedores. Essa experiência aproximou o comprador do produto criando
entre eles uma espécie de intimidade ä primeira vista. O consumidor pode,
assim, ficar sozinho, procurando e escolhendo uma gama diversificada de
produtos, ampliando o espaço da projeção de imagens próprias futuras
(SANT’ANNA, 2008, p.04)
Para as mulheres, essa mudança na relação de compra e venda foi ainda mais
significativa. Ao longo de toda a história, elas sempre foram estimuladas a recriminar seus
desejos em virtude do pudor e da moralidade. A mesma autora ressalta que a publicidade nos
anos cinqüenta passou a explorar cenas em que a mulher se abraçava e, fechando os olhos,
sorria exprimindo sua alegria de viver. Não mostrava mais a imagem feminina vinculada à
dona de casa com o avental sujo e rodeada pelos filhos, e sim a esposa e mãe moderna, jovem,
adepta dos novos eletrodomésticos que facilitavam a vida nos afazeres do lar e permitiam às
mulheres ter mais tempo para cuidar de sua beleza e seu bem estar. Agora, elas tinham
também à sua disposição cosméticos que ajudavam a melhorar a aparência, tornando a beleza
mais democrática e acessível. As revistas femininas da época ajudaram a difundir essa nova
imagem da mulher que começava a explorar sua feminilidade e sensualidade, permitindo-se,
com ajuda dos produtos, satisfazer seus anseios pessoais. Seria o primeiro estalo de uma
revolução no mundo feminino que eclodiria, no futuro, na liberdade sexual e na entrada em
massa das mulheres no mercado de trabalho.
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Mesmo com tal mudança em andamento no processo de consumo generalizado,
Feghali (2008), defende que, nos anos 60, a compra especifica de produtos de moda ainda era
orientada por três motivações: necessidade, ocasiões especiais e substituição. Segundo ela, a
grande parte das pessoas não tinha condições financeiras de comprar roupas e acessórios além
do necessário. Foi a produção em massa, as novas tecnologias e o aumento do poder
aquisitivo de grande parcela da população que fez com que as pessoas passassem a consumir
com mais freqüência e por motivações de cunho social como estar na moda, impressionar,
integrar-se a determinado grupo.
O consumidor, aos poucos, mudou suas prioridades e, hoje, os valores emocionais
ligados á simbologia dos produtos guiam a maioria das decisões de compra. Há uma vasta
bibliografia sobre o tema que aponta o consumo, principalmente dos produtos de moda, como
um fator intrinsecamente ligado à formação da identidade pessoal do consumidor. Para Eco
(1989), o comportamento de consumo nada mais é do que a expressão de significados
mediante a posse de produtos que informam aos demais como o indivíduo se percebe e que,
sendo a moda composta essencialmente por símbolos, a ela se aplica muito bem tal
transferência de significados.
Este sistema de significação inerente ao processo da compra de um produto de moda
parece ser ainda mais particular em se tratando do público feminino. Segundo Delvechio,
Andrade e Brünemann (2007), a valorização do relacionamento é algo muito forte entre as
mulheres e por isso elas tendem a estabelecer com mais facilidade um círculo afetivo com
seus objetos de consumo. Seu comportamento é muito mais afetivo-emocional do que
racional e está diretamente ligado a fatores como auto-estima e feminilidade. Desta maneira,
“o consumo da moda pela mulher contém o caráter lúdico, a descoberta enigmática do fio
mágico que faz o encontro com a feminilidade.” (SOUZA COELHO,1995,p. 99 apud
FREITAS 2003, p. 116).
Em se tratando de bolsas, este vínculo se torna significativo já que este produto, ao
contrário de vários outros produtos de moda, não exige que a consumidora se enquadre em
determinados padrões de peso, altura ou idade para usá-lo e torná-lo parte de sua identidade
pessoal. Deixa a mulher livre para expressar seus desejos em qualquer situação, sem
estereotipar ou descriminar nenhum biótipo.
A mala ideal, tal como um bonito par de sapatos, nunca foi, na realidade, uma
questão de necessidade. Pertence ao mundo dos sonhos, do desejo e da
libertação do cotidiano. É a casa de praia que não podemos ter, encarnada
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numa mala de palha italiana, [...] é um lampejo de pedraria como o de uma
estrela de cinema. Objecto portátil da moda, imperturbável perante as
mudanças do corpo e do envelhecimento, a mala é infinitamente optimista.
Usamo-la e ela transporta-nos para as vidas que gostaríamos de viver
(JOHNSON, 2007).
Além da relação especial dos produtos de moda com o público feminino observada
acima, dados quantitativos foram relevantes para a escolha deste público como alvo, a
exemplo do número apontado pelo IBGE (2004) de mulheres economicamente ativas no
Brasil: 44%. Esses fatores revelam o quanto esse público é comercialmente interessante para a
concepção de produtos nesta área do design e que, mesmo tendo uma significativa gama de
produtos de moda a sua disposição no mercado, possibilita novas intervenções criativas
agregadas de inovação estética e valores simbólicos.
1.2 Visões de marketing para a introdução de uma nova marca de acessórios
femininos no mercado
Segundo Cobra (2007), as marcas começaram a ter importância no mercado da moda
quando os tecidos vendidos por metro para as costureiras e alfaiates passaram a ser
identificados pelo nome da fábrica ou do vendedor.
Com a globalização, a marcas dos produtos de moda a ser identificadas pelos
consumidores como referencias de estilo de vida e personalidade, tornando
obsoleta a idéia de marca como pura distinção de procedência para se tornar a soma intangível
dos atributos do produto como seu nome, seu preço, embalagem, história e publicidade. Para
Martins (1999), o “espírito da marca” sintetiza todo o significado que ela contém e é
reconhecido pelas pessoas imediatamente fazendo com que ela se torne parte de um habitat
específico no qual o público a percebe.
O desafio das novas marcas atuantes nos diversos segmentos da moda para fazer frente
a seus concorrentes é envolver o público criando experiências diferenciadas. Para tanto, faz-se
uso das abordagens do Marketing relacionadas ao posicionamento e segmentação de mercado
a fim de estabelecer as relações emocionais corretas junto ao consumidor.
O posicionamento de um produto de moda, conforme os argumentos de Cobra (2007),
não se dá no mercado e sim na mente do consumidor e depende da repercussão da marca na
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mídia especializada e a aceitação do varejo em geral. Segundo ele, as estratégias de
posicionamento podem se dar de diversas maneiras como:
enfoque nos atributos como durabilidade e resistência;
enfoque no tipo de uso e ocasião de consumo;
posicionamento segundo a relação custo benefício em que a imagem do produto
trabalha para conferir diferenciação social ao usuário.
Já a segmentação de mercado é defendida por Cobra (2007) como uma das
ferramentas do Marketing mais utilizadas para conquistar mercados específicos. De acordo
com ele, segmentar é agrupar homogeneamente consumidores de determinada categoria de
produtos por meio de critérios geográficos, demográficos e socioeconômicos - renda, classe
social, ocupação etc.- e psicográficos – estilo de vida e hábitos comportamentais. Para definir
tais aspectos utiliza-se a pesquisa, principalmente de campo, para identificar as características
mais comuns dos compradores para o produto de moda a ser lançado e, conseqüentemente,
possíveis agrupamentos de consumidores potenciais. A partir das informações obtidas pode-se
identificar o tipo ideal de mensagem publicitária a ser utilizada e também a ação varejista para
melhor atender o público pretendido, visando obter vantagens competitivas frente á
concorrência e ainda mensurar o real valor do produto para uma política adequada de preços.
Sendo assim, no momento de planejamento de coleção e inserção de uma nova marca
no mercado, esses fatores relacionados ao Marketing acima descritos são importante pois
relacionam-se diretamente com o conceito que marca/produto pretende estabelecer junto ao
cliente. Sendo a Feroldina uma marca de acessórios femininos que será inserida em um
mercado específico, a segmentação torna-se primordial para guiar o foco da marca junto ao
público alvo.
3.1 Temática de Inspiração
Sabe-se com base em dados mercadológicos que a indústria da moda, hoje, é um dos
setores que mais contribui para a economia do Brasil, empregando milhões de pessoas e
girando um capital financeiro significativo. Além disso, a criatividade brasileira nesta área
vem sendo mais e mais valorizada como diferencial nos produtos.
Para Sanches (2008), neste contexto deflagra-se uma demanda por criadores que
possuam visão abrangente contemplando questões mercadológicas, técnico-produtivas e
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socioculturais envolvidas na elaboração dos produtos de moda para que estes estejam em
maior coerência com as necessidades e desejos dos consumidores. Ela defende que a cultura
da cópia vem sendo, aos poucos, substituída pela cultura da inovação.
Tal inovação exigida nos produtos pelo mercado torna- se complexa quando não há
um objeto de inspiração temática que forneça subsídios para a criação, pois a sensibilidade e
criatividade do designer deve ser constantemente aguçada (RECH, 2003). Aceitando tal ponto
de vista, a inspiração visual para o alcance do objetivo deste projeto encontra-se centrada em
uma das mais importantes figuras da cultura brasileira, Carmem Miranda.
A crise política instaurada em Portugal com a morte do rei Dom Carlos I foi o grande
responsável pela vinda da família de Carmem Miranda ao Brasil em 1909. De acordo com
Castro (2005), no dia 09 de fevereiro de 1909 nasceu Maria do Carmo Miranda da Cunha, em
uma província ao Norte de Portugal, desembarcando no Rio de Janeiro em dezembro de 1909
com pouco mais de 10 meses de idade.
O registro de nascimento de Carmem Miranda nunca a fez sentir-se menos brasileira,
pelo contrário, tinha mais Carnaval nas veias e gingado nos quadris que muitos brasileiros
legítimos. Tinha tino para música e, aos 20 anos, foi descoberta por um organizador de
espetáculos. A música brasileira passava, na época, por muitas mudanças. “Até então, as
canções vinham do teatro e não eram aprendidas no rádio. A presença de sambas e
marchinhas era insignificante, mas tudo isso mudaria próximo a década de trinta, em grande
parte, porque haveria uma Carmem Miranda com interpretação e talento único para enxergar
as entrelinhas das frases ” (CASTRO, 2005, P.41). Seu primeiro grande sucesso, a marchinha
“Taí”, daria início a uma carreira avassaladora e sem precedentes a qualquer cantora nacional.
Carmem passou a ganhar muito dinheiro e, para o público brasileiro em geral, ela era a
primeira mulher a criar para si uma personalidade própria e viver dela, sem a sombra de uma
figura masculina. Na sua idade as moças deveriam estar ao pé do altar e não eram bem vistas
trabalhando como artistas.
Desde menina sonhava com o cinema. Participou de alguns filmes musicais singelos
produzidos no Brasil, mas destes o que realmente se tornou importante para sua vida foi o
filme “Banana da Terra”, onde pela primeira vez incorporou uma personagem que a
acompanharia por muito tempo: a baiana. O samba “O que é que a baiana tem”, de Dorival
Caymmi, se encaixou perfeitamente na interpretação de Carmem.
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Carmem sabia costurar e, quando menina, cosia suas próprias roupas além de trabalhar
numa chapelaria. Essas habilidades a ajudariam a pensar e customizar figurinos únicos. A
fantasia de baiana não era novidade no Carnaval carioca, e por ser barata e de fácil execução,
era vista com desdém nos bailes de gala. No filme “Banana da Terra”, foram os toques
pessoais que deram graça e estilo a baiana de Carmem.
O turbante ainda era modesto para os padrões futuros, mas já levava apliques de
perolas e pedras. Os brincos, enormes. O xale era de renda com fios dourados,
disparando uma profusão de brilhos para a câmera. A bata e a saia eram de cetim,
em listras verdes, douradas e vermelho fúcsia- Carmem intuitivamente atenta para as
cores que fotografassem bem em preto e branco. A saia, por sua vez, dispensava
anáguas e tinha um caimento natural, escondendo as plataformas e emprestando a
Carmem uma silhueta esguia (CASTRO, 2005. p. 172).
Antes da baiana, inventou sua primeira marca registrada: o sapato plataforma. Ela
encomendou a um sapateiro de confiança uma mistura de sapato ortopédico com um tamanco
português. Seu intuito era parecer mais alta que seus 1,52 m e, por esse mesmo princípio,
adotou o uso dos turbantes. Para Castro (2005) estes não eram invenção sua, as mulheres
costumavam usá-los como opção aos chapéus na década de 30 e 40. O que se tornou
realmente inusitado e autêntico foi a união dos dois elementos no look de Carmem.
Em 1939 Carmem estreou uma peça musical nos E.U.A. Os americanos aplaudiram
seu estilo e, logo, suas fotos estavam estampadas nas capas das revistas. Além disso, o que
vestia passou a ser copiado pelas mulheres e as empresas americnas passaram a utilizar sua
imagem para vender produtos de moda.
Figura 02: Inspiração
Fonte: Compilação de imagens realizada pela autora (2009)
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Entre 1940 e 1952, rodou um total de 14 filmes americanos. Seus figurinos afastaram-
se da baiana original, mas eram cada vez mais criativos e surpreendentes. Os filmes, de
acordo com a própria opinião de Carmem, tinham roteiros fracos e seus papéis nunca
passaram de personagens cômicas. O sucesso de Carmem devia-se, além do apelo
comediante, a sua fantástica interpretação musical e as fantasias que explodiam em cores nas
telas.
O fim de sua carreira, como ressalta Castro (2005), teve início com a chegada da
guerra que mudou o clima nos estúdios: de repente, apenas importavam os filmes
“socialmente significantes”. Além disso, com a maratona de trabalho nos E.U.A Carmem
passara a ingerir, gradativamente, doses exorbitantes de anfetaminas para se manter acordada
e barbitúricos para dormir. Por conta deles passara a sentir efeitos colaterais terríveis como
alucinações e ranger de dentes. Por fim, aos 36 anos, entrara em um casamento infeliz e
perdera todas as possibilidades de realizar um sonho pessoal, ser mãe. Nos últimos filmes, a
câmera mostrava uma figura envelhecida, inchada e triste por conta da depressão profunda
que se apossava de sua saúde.
Em 1955, em sua casa, Carmem não resistiu, teve um infarto maciço aos 46 anos. No
Rio de Janeiro, teve seu enterro acompanhado por multidões ao som de suas músicas de maior
sucesso, relembrando os antigos Carnavais em que ela dançara até o amanhecer.
Sua figura, até hoje, encontra-se vinculada à moda e à brasilidade. O São Paulo
Fashion Week Inverno 2009 homenageou seu centenário de vida completado em 2009 com
uma exposição de fotos e trajes do acervo do Museu Carmem Miranda/Funarj e a exemplo
deste, diversos outros eventos em homenagem ao seu centenário seguiram-se nos estados do
Rio de Janeiro e São Paulo, segundo dados divulgados pela imprensa. Muitos também são os
designers e marcas de moda que, ao longo dos anos, vêm utilizando-a como inspiração. É o
caso da Salinas, marca brasileira de biquínis internacionalmente conhecida que se inspirou em
Carmem para sua coleção de verão em 2005 e, recentemente, a Malwee, que a utilizou como
temática para criar peças para um projeto especial que homenageia a arte brasileira. Além
deles, muitos trabalhos artesanais ao estilo Carmem Miranda encontram-se no mercado virtual
como bolsas, acessório e outros badulaques.
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A maioria destes produtos, porém, apresenta uma obviedade estética carregada de
elementos decorativos e poluída visualmente, conforme ilustra o painel semântico da figura
03. Percebe-se então a necessidade de uma abordagem diferenciada em relação à esta temática
de inspiração e que se assemelhe com as características de personalidade e estilo de vida do
público alvo.
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DA PESQUISA
Após ambientando o cenário no qual o projeto será inserido por meio dos pensamentos
dos autores acima citados e da temática de inspiração, serão descritas neste item análises
referentes aos resultados da pesquisa de campo realizada junto ao público alvo e da pesquisa
de mercado feita com base em dados disponíveis nos sites de algumas das principais marcas
atuantes no setor de acessórios de moda.
4.1 Pesquisa de Campo junto ao Público alvo
Faghiani (2006), explica que as pessoas consomem dentro do ambiente social de sua
cultura, sendo esta um complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, costumes e
hábitos. O acesso a tais informações é primordial no momento de criação da proposta que irá
sanar o problema de projeto levantado.
Figura 03: Produtos inspirados em Carmem Miranda
Fonte: Compilação de imagens realizada pela autora (2009)
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O público alvo, conforme painel semântico apresentado na figura 04, é caracterizado
por mulheres jovens em suas atitudes, atuantes no mercado de trabalho e independentes
financeiramente, assumindo diversos papéis na sociedade enquanto mulheres
contemporâneas. Gostam de investir seu dinheiro em produtos que satisfaçam suas
necessidades pessoais e estejam coerentes ao seu ritmo de vida, nunca abrindo mão da
feminilidade e do design em seus objetos de consumo. Desta maneira, o fazem
conscientemente escolhendo produtos de moda de acordo com sua personalidade, não
aderindo a qualquer modismo apenas por influencia da mídia ou para se enquadrar em
determinados grupos.
Para conhecer melhor tal público e traçar o perfil adequado destas futuras
consumidoras, dados quantitativos foram levantados por meio da aplicação de 50
questionários nos municípios de Joinville e Balneário Camboriú, em locais freqüentados pelo
perfil de mulheres acima descrito descritas como Shoppings e Salões de Beleza. As duas
cidade foram escolhidas como locais de aplicação por serem dois grandes centros urbanos do
estado de Santa Catarina, sendo Balneário Camboríu um dos maiores pólos de consumo de
moda da região sul do Brasil. O número de questionários aplicados foi considerado suficiente
pela estabilidade das respostas do quadro percentual.
Dentre as 45 mulheres que responderam os questionários a maioria enquadrou-se na
faixa etária de 18 a 24 anos ou 24 a 30 anos e 98% delas afirmaram ter ensino superior
completo ou em andamento e 91% carro próprio. Estes dados demonstram o bom nível social
relacionado à renda o qual grande parte das entrevistadas possui.
Figura 04: Público alvo Fonte: Compilação de imagens realizada pela autora (2009)
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Além disso, 84% das mulheres costumam comprar acessórios assiduamente e 91%
compram mais de uma bolsa por ano. Sendo assim, gostam de investir seu dinheiro em
acessórios de moda que valorizem sua beleza e ressaltem seu estilo próprio. Se informam
sobre moda e generalidades em revistas femininas como Elle e Cláudia e poucas recordaram-
se das últimas marcas de bolsas que consumiram. Este ultimo fator demonstra que, para elas,
a marca não é o mais importante na escolha de um produto de moda e sim o design e a
qualidade do mesmo. Tais afirmativas comprovam-se ainda mais com a prioridade eleita por
36 das 45 mulheres como a mais relevante na hora da compra de uma bolsa: a estética.
Seguiram-se outros itens, conforme ilustra a figura 05, como qualidade de acabamento, cor e
preço os quais salientam uma consumidora exigente quanto à qualidade dos produtos que
consome e atenta ao seu custo/benefício.
Quando questionadas a respeito do estilo de bolsas que mais se aproxima ao seu
próprio 82% das entrevistadas optaram pelo estilo descrito como casual/sofisticado e
representado visualmente pelas imagens dos produtos abaixo. Apenas 13% são adeptas do
estilo artesanal/customizado ou alternativo, categoria na qual enquadram-se grande parte dos
produtos inspirados na temática Carmem Miranda.
Figura 05: Prioridade no momento de compra de uma bolsa Fonte: Da autora (2009)
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A partir do resultado deste questionamento específico confirma-se a necessidade
levantada quanto à uma abordagem diferenciada relacionada ao tema de inspiração que se
aproxime conceitualmente de um estilo feminino e criativo mas apresente um maior grau de
refinamento, design e sofisticação.
Tais dados são de grande relevância para a etapa criativa da coleção, assim como a
pesquisa descrita no item seguinte relacionada ao mercado de bolsas.
4.1 Pesquisa de mercado
Pesquisar o cenário no qual será inserido novos produtos é de extrema necessidade
quando se trata de um mercado maduro e consolidado no Brasil como o de acessórios/bolsas.
Muitas são as marcas atuantes no setor e de acordo com Jobim e Neves (2008), as
informações relacionadas às inovações tecnológicas e estéticas por elas apresentadas bem
como às tendências identificadas no mercado quanto a formas, estruturas, cores, materiais e
texturas, estimulam e despertam o olhar criativo do designer, o qual deve diferenciar-se em
suas criações buscando a originalidade para competir.
Analisando então as coleções das principais marcas de acessórios internacionais e
nacionais foi possível detectar o estado do design referente a este mercado, ou seja, o que as
marcas propõem de mais novo e interessante.
Nota-se que cada vez mais novas tecnologias vêm sendo agregadas ao couro,
conferindo aos produtos inovações estéticas atrativas. Ainda é o material economicamente
mais valorizado no mercado e seu processamento têm apresentado avanços relacionados à
Gráfico 06: Preferência por estilo de bolsas Fonte: Compilação de imagens realizada pela autora (2009)
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diminuição dos impactos ambientais. A marca brasileira Raphaella Booz apresenta em sua
coleção de verão 2010 sandálias, bolsas e carteiras utilizando estamparia digital sobre o couro
no lugar da pintura a mão já utilizada em outras coleções por ela e outras marcas.
Outros materiais também vêm ganhando espaço, como os tramados em palha
trabalhados pela marca italiana Braccialini, tecidos de algodão e até mesmo sacos de cimento.
O Designer brasileiro Rogério Lima utilizou este material, anteriormente descartado,
beneficiando-o para garantir resistência e aproveitando os próprios desenhos das embalagens
como estampa para suas peças. Já Bruna Starling, designer de bolsas joinvilense que ganha
espaço no mercado nacional, utiliza um material sintético aveludado semelhante ao bojo de
sutiã feminino em suas criações exclusivas como alternativa ao couro. Penas e plumagens
aparecem com freqüência revestindo carteiras de mão e bolsas de festa além do crochê, que
aliado ao couro, é utilizado pela brasileira Irá Salles para confecção de bolsas e carteiras
esteticamente diferenciadas desvinculando este trabalho manual milenar do conceito
ultrapassado de artesanato.
Em relação às formas e volumes, formatos volumosos de rosa sobre o couro foram
concebidos de maneira singular por Valentino e as sobreposições de laços e flores
harmoniosamente pela marca Villador. Além destas, outras marcas utilizaram de babados,
franzidos e formas fragmentadas para compor suas peças, conforme ilustra a figura abaixo. Os
tamanhos, de uma maneira geral, permanecem de médios a grandes e pequenos, em contra
partida da maxi bolsa, tendência de temporadas anteriores.
Figura 07: Estado do design- Materiais Fonte: Compilação de imagens realizada pela autora (2009)
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Quanto à texturização, destacam-se os calçados e bolsas do italiano Sergio Rossi, que
aplicou o bordado manual sobre o couro com textura de cobra trabalhando elementos
orgânicos em tamanhos expressivos, a Braccialini com um trabalho minucioso e criativo de
com recortes e sobreposições de couro em formatos de desenhos. A designer nacional Elisa
Ateniense inovou com tiras de couro em “passa-fitas”, tramados em rede e trançados
inusitados, além do couro retalhado e a Arezzo apresentou em sua coleção o maxitressê,
tramado matelassê em quadriculados maiores.
Figura 08: Estado do design- Formas e volumes
Fonte: Compilação de imagens realizada pela autora (2009)
Figura 09: Estado do design- Texturizações
Fonte: Compilação de imagens realizada pela autora (2009)
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Dentre as marcas nacionais analisadas no estado do design, algumas foram
selecionadas como possíveis concorrentes por apresentarem conceito e público alvo
semelhantes ao proposto pela marca Feroldina, entre elas Elisa Atheniense, Raphaella Booz e
Bruna Starling. As forças, fraquezas, oportunidades e ameaças relacionadas a estes
concorrentes foram analisadas a fim de conhecer suas particularidades e estratégias de
mercado por meio da ferramenta P.F.F.O.A (Pontos Fortes, Fracos, Oportunidades e
Ameaças), conforme a figura abaixo. A análise destes itens possibilita traçar táticas de
inserção e diferenciação do produto no mercado com uma visão abrangente e objetiva da
concorrência.
Figura 10: Análise da concorrência- P.F.F.O.A
Fonte: Acervo pessoal (2009)
A marca Feroldina utilizará o couro como matéria prima de seus produtos, buscando
qualidade de acabamento e diferenciação na aplicação deste material para conceber peças com
design criativo e refinado. A utilização da estamparia é uma boa oportunidade vista em
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relação aos concorrentes porém, necessitará de uma análise futura mais aprofundada para
garantir uma aplicação consensual da técnica com o conceito da marca, fugindo da imagem
demasiadamente casual e de trabalhos já lançados no mercado como a estampa sobre couro
trabalhada pela Raphaella Booz em bolsas e sapatos na ultima coleção de verão..
O preço do produto oferecido ao consumidor final se enquadrará no nível médio no qual
também se encontra o preço dos produtos Raphaella Booz. Como estratégias de marketing
serão adotados catálogos de moda, site atualizado, anúncio em revista além do lançamento
das coleções por meio de eventos comemorativos/culturais.
Quanto ao mercado de atuação, inicialmente, a marca será inserida regionalmente abrangendo
as principais regiões do Estado de Santa Catarina e sul do Brasil, locais de pouca atuação da
marca Elisa Atheniense. Para conquistar uma clientela variada e aumentar o campo de atuação
é prevista a participação de feiras específicas do ramo de acessórios como a Mostra
Acessórios em São Paulo, que tem a marca Bruna Starling como uma de suas expositoras. O
projeto futuro consiste em iniciar a venda das bolsas Feroldina por meio de lojas próprias e,
posteriormente, adotar o sistema de franquias, tal qual vêm fazendo a Raphaella Booz, hoje
com um total de nove lojas no país, e Elisa Atheniense com sete lojas, sendo 4 próprias.
Os dados coletados durante toda a pesquisa fornecem os subsídios necessários para a etapa
criativa, na qual será expressa a solução obtida para o problema levantado no início do
projeto.
5 RESULTADO PARCIAL DA COLEÇÃO
A Feroldina inspira-se para sua coleção de estréia em um dos maiores ícones da cultura
brasileira cujo centenário de vida é comemorado no ano de 2009: Carmem Miranda.
Uma mulher a frente do seu tempo, dona de uma trajetória de sucesso avassaladora na
música brasileira e também no cinema dos anos 30 e 40 que empresta babados, volumes e o
colorido à coleção Verão 2010 Feroldina.
O tema de inspiração traz para esta estação verdes, rosas, laranjas e lilás combinados à
tons variantes de marrom compondo um total de 15 modelos em um mix de bolsas em
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tamanho grande, médio e maxicarteiras abordandoum olhar novo e refinado de Carmem
Miranda .
Um Chica, Chica, Boom CHIC para mulheres femininas, criativas e com muita atitude .
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considera-se que grande parte dos objetivos traçados no início deste projeto foram
alcançados, tendo assim desenvolvido uma coleção de Bolsas Femininas para o verão 2010
próxima do estilo do público alvo da marca, observando os dados coletados na pesquisa de
campo relacionado ao estilo e hábitos de consumo destas mulheres.
Muitos foram os desafios encontrados durante o processo produtivo dos modelos
sendo que a modelagem de bolsas, em nível profissional, é complexa e detalhada, exigindo
um alto grau de conhecimento, estudo e dedicação para que o produto atinja as expectativas
desejadas. Cabe ressaltar que o apoio da empresa do ramo na qual realiza estágio foi essencial
para que a mesma pudesse desempenhar com sucesso a etapa de produção da coleção.
O resultado alcançado, de uma maneira geral, conseguiu resolver o problema criativo
levantando a respeito da abordagem da temática da inspiração. Esse fato será realmente
comprovado quando o produto estiver no mercado em contato direto com a consumidora
final, medindo seu grau de satisfação por meio da compra.
Figura 11: Modelos escolhidos para produção
Fonte: da (2009)
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A marca criada, Feroldina, apresenta um satisfatório grau de planejamento para ser
inserida no cenário de artefatos de couro/ acessórios de maneira competitiva, tendo nesta
coleção o ponto de partida para a atuação profissional na área.
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