coleÇÃo prÁticas educativas e saude.pdf · isbn: 978-85-7826-713-1 (e-book) 1. educação em...

233
97

Upload: others

Post on 01-Aug-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

97

Page 2: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS

Comitê Editorial

Lia Machado Fiuza Fialho | Editora-ChefeJosé Albio Moreira Sales

José Gerardo Vasconcelos

ConsElho Editorial

Antonio Germano Magalhães Junior | UECEAntónio José Mendes Rodrigues | FMHU/Lisboa

Cellina Rodrigues Muniz | UFRNCharliton José dos Santos Machado | UFPB

Elizeu Clementino de Souza | UNEBEmanoel Luiz Roque Soares | UFRBErcília Maria Braga de Olinda | UFC

Ester Fraga Vilas-Bôas Carvalho do Nascimento | UNIT

Isabel Maria Sabino de Farias | UECEJean Mac Cole Tavares Santos | UERNJosé Rogério Santana | UFCMaria Lúcia da Silva Nunes | UFPBRaimundo Elmo de Paula Vasconcelos Júnior | UECERobson Carlos da Silva | UESPIRui Martinho Rodrigues | UFCSamara Mendes Araújo Silva | UESPI

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

rEitor

José Jackson Coelho Sampaio

ViCE-rEitor

Hidelbrando dos Santos Soares

EDITORA DA UECE

CoordEnação Editorial

Erasmo Miessa Ruiz

ConsElho Editorial

Antônio Luciano PontesEduardo Diatahy Bezerra de Menezes

Emanuel Angelo da Rocha Fragoso Francisco Horacio da Silva Frota

Francisco Josênio Camelo ParenteGisafran Nazareno Mota Jucá

José Ferreira NunesLiduina Farias Almeida da Costa

Lucili Grangeiro CortezLuiz Cruz LimaManfredo RamosMarcelo Gurgel Carlos da SilvaMarcony Silva CunhaMaria do Socorro Ferreira OsterneMaria Salete Bessa JorgeSilvia Maria Nóbrega-Therrien

ConsElho ConsultiVo

Antonio Torres Montenegro | UFPEEliane P. Zamith Brito | FGV

Homero Santiago | USPIeda Maria Alves | USP

Manuel Domingos Neto | UFF

Maria do Socorro Silva de Aragão | UFCMaria Lírida Callou de Araújo e Mendonça | UNIFORPierre Salama | Universidade de Paris VIIIRomeu Gomes | FIOCRUZTúlio Batista Franco |UFF

Page 3: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

1a EDIÇÃOFORTALEZA | CE

2019

EDUCAÇÃO E SAÚDE: VIVENDO E TROCANDO EXPERIÊNCIAS

NO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PELO TRABALHO (PET)

Milena de Holanda Oliveira BezerraRaimunda Rosilene Magalhães Gadelha

Stânia Nágila Vasconcelos CarneiroPaulo Jorge de Oliveira Ferreira

(Organizadores)

ALANN FELIPE MARREIRO DE SOUSAALEIDE BARBOSA VIANA

ALEXANDRE OLIVEIRA VIEIRAANA CAROLINA DE CARVALHO

ANA KAROLLAINE DA SILVAANICE HOLANDA NUNES MAIA

ANNE FAYMA LOPES CHAVESANTÔNIO HIAGO DO NASCIMENTO CUNHA

BRUNA OLIVEIRA BEZERRACOSMO HELDER FERREIRA DA SILVA

DAYANNE MOREIRA DE CARVALHODONATO MILENO BARREIRA FILHO

EDDIE WILLIAM DE PINHO SANTANAÊMILE COSTA BARROS

ÉRICA CARINE RODRIGUESERICK JARDEL MENDES PEREIRA

FAGNER DE SOUSA MOREIRAFRANCIMEIRY AMORIM DA SILVA

FRANCISCA CARLA DOS ANGELOS SANTOSFRANCISCA KARINA TEIXEIRA DE OLIVEIRA

FRANKLIN LIMA MARTINS DE ALMEIDA FILHOGISELE NASCIMENTO DE SOUSA

GISLYANE LIMA DE QUEIROZGLÁUCIA POSSO LIMA

HERLÂNIA DA SILVA FREIREHERLENY MOREIRA RIOS

HERTTA HELLEN DE SOUZA MARCULINOHÉRYCA JOANY SINDEAUX DE OLIVEIRA

HILDERLÂNIA DE FREITAS LIMA

HYAN MARO QUEIROZ DE SOUSAJANE RUTH GADÉLHA COSTAJOSÉ NOZINHO MARTINSKARLEANDRO PEREIRA DO NASCIMENTOKAROLINY BARROS ARAÚJOLETÍCIA MAGALHÃES GADELHALUANA FERNANDES SILVAMANOEL PATRICK DA SILVA CAVALCANTEMARIA JANAÍNA NOGUEIRA DA SILVAMARIA MAYALLE DE ALMEIDA MELOMARIA NATÁLIA CAMPOS LUZMARIANA GOMES VIDAL SAMPAIOMARIZA MARIA BARBOSA CARVALHOMILENA DE HOLANDA OLIVEIRA BEZERRAMIRELA MARTINS DE AGUIARNAJA RHANA VIDAL DE SOUSANATIANE COLARES DO NASCIMENTOPAULO JORGE DE OLIVEIRA FERREIRARAIMUNDA ROSILENE MAGALHÃES GADELHAROSE-ELOÍSE HOLANDASARA DO NASCIMENTO CAVALCANTESKARLLET DA SILVA VASCONCELOSSOFIA VASCONCELOS CARNEIROSTÂNIA NÁGILA VASCONCELOS CARNEIROTAINÁ FENILI TAVARESTHECIA LARISSA DA SILVA RIBEIROWESLEY SOARES DE MELOZILA DANIERE DUTRA DOS SANTOS

Page 4: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

EduCação E saÚdE: ViVEndo E troCando EXPEriênCias no ProGrama dE EduCação PElo traBalho (PEt)

© 2019 Copyright by Milena de Holanda Oliveira Bezerra, Raimunda Rosilene Magalhães Gadelha, Stânia Nágila Vasconcelos Carneiro e Paulo Jorge de

Oliveira Ferreira (Organizadores)Impresso no BrasIl / Printed in Brazil

efetuado depósIto legal na BIBlIoteca nacIonal

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

Editora da Universidade Estadual do Ceará – EdUECEAv. Dr. Silas Munguba, 1700 – Campus do Itaperi – Reitoria – Fortaleza – Ceará

CEP: 60714-903 – Tel.: (85) 3101-9893 – Fax: (85) 3101-9893Internet: www.uece.br/eduece – E-mail: [email protected]

dados InternacIonaIs de catalogação na puBlIcação (cIp)BIBlIotecárIo: Vasco Robson Soares Correia CRB 3/1313

coordenação edItorIalErasmo Miessa Ruiz

projeto gráfIcoCarlos Alberto Alexandre Dantas

[email protected]

capaMiqueias Maia

revIsão vernacular e normalIzaçãoFelipe Aragão de Freitas Carneiro

[email protected]

Educação e saúde [recurso eletrônico]: vivendo e trocando ex-periências no Programa de Educação pelo Trabalho (PET). / Orga-nizadores: Milena de Holanda Oliveira Bezerra; Stânia Nágila Vas-concelos Carneiro e Paulo Jorge de Oliveira Ferreira. – Fortaleza (CE): EdUECE, 2019. (Coleção Práticas Educativas). Livro eletrônico. ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena de Holanda Oliveira. II. Gadelha, Raimunda Rosilene Magalhães. III. Carneiro, Stânia Nágila Vasconcelos. IV. Ferreira, Paulo Jorge de Oliveira Ferreira. V. Título.

CDD – 372.371

E26

Page 5: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

SumárioAPRESENTAÇÃO | 9Manoel Messias de Sousa

EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL EM SAÚDE E O PROCESSO DE PRODUÇÃO DAS COMPETÊNCIAS COLABORATIVAS PARA ENFRENTAMENTO DA REALIDADE DE SAÚDE NO SERTÃO CENTRAL DO CEARÁ | 11Milena de Holanda Oliveira BezerraPaulo Jorge de Oliveira FerreiraRaimunda Rosilene Magalhães GadelhaRose-Eloíse HolandaGláucia Posso Lima

EDUCAÇÃO PELO TRABALHO: A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO PSICÓLOGO NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO TUTORIAL NA SAÚDE | 35Milena de Holanda Oliveira BezerraMariza Maria Barbosa CarvalhoAnice Holanda Nunes MaiaHerleny Moreira RiosHéryca Joany Sindeaux de Oliveira

COMPETÊNCIAS EDUCACIONAIS NA PRECEPTORIA EM ENFERMAGEM | 46Rose-Eloíse HolandaPaulo Jorge de Oliveira FerreiraMariza Maria Barbosa CarvalhoLiene Ribeiro de LimaAnne Fayma Lopes Chaves

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DO CAPS GERAL DO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ-CE | 67Sofia Vasconcelos CarneiroAntônio Hiago do Nascimento Cunha Franklin Lima Martins de Almeida FilhoHyan Maro Queiroz de SousaLuana Fernandes Silva

Page 6: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

DIAGNÓSTICO E ANÁLISE SITUACIONAL DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE DO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ-CE | 80Aleide Barbosa VianaDonato Mileno Barreira FilhoAlann Felipe Marreiro de SousaFagner de Sousa MoreiraHerlânia da Silva Freire

O DIAGNÓSTICO SITUACIONAL COMO FERRAMENTA PARA MELHORIA DO SERVIÇO DE SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA | 98Wesley Soares de MeloFrancisca Carla dos Angelos SantosSara do Nascimento CavalcanteMaria Janaína Nogueira da SilvaAlexandre Oliveira Bezerra

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DA UNIDADE DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE LUÍS ALBUQUERQUE MENDES, FORTALEZA-CE | 116Gláucia Posso LimaEddie William de Pinho SantanaErick Jardel Mendes PereiraJosé Nozinho MartinsZila Daniere Dutra dos Santos

INTERDISCIPLINARIDADE NA ASSISTÊNCIA À GESTANTE NO CONTEXTO DA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA | 134Cosmo Helder Ferreira da SilvaMirela Martins de AguiarGisele Nascimento de SousaHilderlânia de Freitas LimaJane Ruth Gadélha Costa

O PAPEL E AS COMPETÊNCIAS DO PRECEPTOR DOS CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE NO ENSINO SUPERIOR | 149Francisca Karina Teixeira de OliveiraStânia Nágila Vasconcelos CarneiroBruna Oliveira BezerraMaria Mayalle de Almeida MeloAna Carolina de Carvalho

Page 7: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA | 172Raimunda Rosilene Magalhães GadelhaDayanne Moreira de CarvalhoKaroliny Barros AraújoTainá Fenili TavaresÉrica Carine Rodrigues

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DA LINHA DE CUIDADO DA HANSENÍASE NO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ-CE | 193Skarllet da Silva VasconcelosÊmile Costa BarrosMaria Natália Campos LuzFrancimeiry Amorim da SilvaLetícia Magalhães Gadelha

MULTIDISCIPLINARIDADE NO PET-SAÚDE/GRADUA SUS: EXPERIÊNCIAS E PERSPECTIVAS DE GRADUANDOS EM SAÚDE | 205Sofia Vasconcelos CarneiroAna Karollaine da SilvaGislyane Lima de QueirozNatiane Colares do NascimentoManoel Patrick da Silva Cavalcante

PARASITOLOGIA NAS ESCOLAS: EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ-CE | 218Mariana Gomes Vidal SampaioKarleandro Pereira do NascimentoHertta Hellen de Souza MarculinoNaja Rhana Vidal de SousaThecia Larissa da Silva Ribeiro

Page 8: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena
Page 9: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

9

APRESENTAÇÃO

Desde 2005, o governo federal vem investindo em inicia-tivas que visam reverter a inadequação dos modelos de for-mação na área da Saúde ainda fragmentados, tecnicistas e fortemente hegemônicos para enfrentar os desafios atuais da atenção à saúde e às necessidades do Sistema Único de Saú-de (SUS). O Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde (PET-Saúde) é uma destas iniciativas, trazendo como concei-to principal a formação de grupos tutoriais que vão contribuir para a formação de recursos humanos com perfil adequado às necessidades formativas expressas nas políticas de saúde do país e para o enfrentamento das diferentes realidades de vida e de saúde da população brasileira.

A formação de profissionais de saúde, como previsto na Portaria do Gabinete do Ministro/Ministério da Saúde (GM/MS) n. 1996, de 20 de agosto de 2007, pressupõe ações ar-ticuladas que contemplem ensino e intervenção, guiando-se pelos princípios da política de saúde, que propõe a universa-lidade e a integralidade das ações de cuidado. Seguramente, metas tão arrojadas só poderão ser alcançadas na vigência de um sistema que inclua todos os sujeitos na plenitude de seus protagonismos e na incessante busca por autonomias amplas, sem as quais não se pode falar em saúde.

Para se alcançar a imagem-objetivo descrita acima, há muito a se fazer tanto no âmbito do segmento prestador de

Page 10: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

MANOEL MESSIAS DE SOUSA

10

serviços de saúde quanto no segmento formador. Talvez uma das lutas mais urgentes seja a superação dos isolamentos tan-to de concepções quanto de atitudes observadas em cada um desses segmentos.

Este livro abre um leque de olhares sobre esse fenôme-no, em seus aspectos teóricos e práticos. Para tanto, buscou alcançar a integração ensino-serviço-comunidade com vista à produção de espaços favoráveis à educação pelo trabalho, por meio da aplicação de estratégias de intervenção/ensino inova-doras. Em textos que se apresentam em linguagem acessível a todos, o leitor encontrará reflexões, pesquisas e relatos de ex-periências criativas relacionados à educação pelo trabalho na área da Saúde, da Interdisciplinaridade e da Formação Integral dos Profissionais.

A satisfação e o orgulho de poder apresentar aqui tais experiências são grandes, experiências essas oriundas de to-dos os cursos da área da Saúde do Centro Universitário Cató-lica de Quixadá (Unicatólica): Psicologia, Fisioterapia, Enfer-magem, Farmácia, Odontologia, Biomedicina, Educação Física, tendo havido ainda uma parceria com alunos e professores do curso de Medicina da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Com essas experiências descritas, reforçamos que a tarefa da educação e formação é humana por excelência, esmerando--se, muitas vezes, em seu aspecto científico, porém sem nunca perder de vista o humano, que orienta a prática que devemos, quotidianamente, exercer.

Façamos todos uma boa leitura!

Manoel Messias de SousaReitor do Centro Universitário

Católica de Quixadá (Unicatólica)

Page 11: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

11

MILENA DE HOLANDA OLIVEIRA BEZERRADoutoranda em Estudos da Criança, na especialidade de Saúde Infantil, pela Universidade do Mi-nho (UM) e mestra em Saúde Coletiva pela Universidade de Fortaleza (Unifor). Coordenadora do curso de Psicologia do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica). Psicóloga.E-mail: <[email protected]>.

PAULO JORGE DE OLIVEIRA FERREIRAMestre em Enfermagem Fundamental pela Universidade de São Paulo (USP). Coordenador do curso de Enfermagem do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica). Enfermeiro.E-mail: <[email protected]>.

RAIMUNDA ROSILENE MAGALHÃES GADELHAMestra em Saúde Pública pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Coordenadora do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica). Fisioterapeuta.E-mail: <[email protected]>.

ROSE-ELOÍSE HOLANDAMestranda em Saúde da Criança e do Adolescente pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e especialista em Educação na Saúde para Preceptores do SUS pelo Instituto de Ensino e Pesquisa Sírio-Libanês (IEP). Supervisora de Estágio Supervisionado do curso de Enfermagem do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica).E-mail: <[email protected]>.

GLÁUCIA POSSO LIMADoutora em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Professora adjunta e dire-tora do Centro de Ciências da Saúde da UECE. Nutricionista.E-mail: <[email protected]>.

EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL EM SAÚDE E O PROCESSO DE PRODUÇÃO DAS COMPETÊNCIAS COLABORATIVAS PARA ENFRENTAMENTO DA REALIDADE DE SAÚDE NO SERTÃO CENTRAL DO CEARÁ

Page 12: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

MILENA DE HOLANDA OLIVEIRA BEZERRA • PAULO JORGE OLIVEIRA FERREIRA • RAIMUNDA ROSILENE MAGALHÃES GADELHA • ROSE-ELOÍSE HOLANDA • GLÁUCIA POSSO LIMA

12

Informação dos proponentes

Secretaria Municipal de Saúde de Quixadá

Quixadá é um município brasileiro do estado do Ceará que pertence à Mesorregião dos Sertões Cearenses e à Microrre-gião do Sertão de Quixeramobim. É a maior cidade do Sertão Central, com uma população de 80.604 habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Possui uma área de 2.019,833 km² e uma densidade demo-gráfica de 39,91 hab/km². O município possui o 17º maior Produto Interno Bruto (PIB) do estado, a maior renda per capita e o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Mesorregião dos Sertões Cearenses. Na década de 1960 e 1970, o município esteve na lista das 100 cidades mais popu-losas do Brasil.

Conhecida como a cidade universitária do Sertão Cen-tral, Quixadá é sede de cinco instituições de ensino superior, públicas e privadas. Entre elas, campi da Universidade Fede-ral do Ceará (UFC) e Universidade Estadual do Ceará (UECE), Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica), Facul-dade de Quixadá (Cisne) e Instituto Federal de Educação, Ci-ência e Tecnologia do Ceará (IFCE). O município também está disputando com outros cinco municípios cearenses um curso de Medicina, tendo inclusive já recebido a visita do Ministério da Educação para a avaliação local.

Page 13: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL EM SAÚDE E O PROCESSO DE PRODUÇÃO DAS COMPETÊNCIAS COLABORATIVAS PARA ENFRENTAMENTO DA REALIDADE

DE SAÚDE NO SERTÃO CENTRAL DO CEARÁ

13

Historicamente a atenção à saúde em Quixadá tem in-vestido na formulação, implementação e concretização de po-líticas de promoção, proteção e recuperação da saúde. Com uma estrutura que nos garante a condição de município polo, sendo referência para dez municípios, Quixadá desenvolve uma proposta de política voltada para as diversas áreas do setor de saúde, contribuindo com ações que possibilitam res-ponder às necessidades dessa região.

Quando nos reportamos à atenção básica, lembramo--nos da Estratégia Saúde da Família (ESF) como uma ferra-menta que prioriza o trabalho em equipe, população adstrita e vínculo territorial. A proximidade dos cursos da Saúde, todos sob o mesmo espaço geográfico, compartilhando laboratórios, técnicas e espaços acadêmicos, contribui significativamente na formação acadêmica. Não podemos esquecer que os discentes de hoje serão os profissionais de amanhã e muitos, com certe-za, atuarão no sistema público de saúde que hoje se apresenta acolhedor aos profissionais recém-graduados. Uma instituição de ensino tem como missão formar profissionais qualificados e preparados tecnicamente, mas igualmente tem como missão devolver à sociedade cidadãos preocupados com o contexto social, éticos, competentes e inseridos na comunidade – muito importante nos dias atuais quando falamos em políticas públi-cas de saúde voltadas à coletividade.

Ademais, cabe destacar que o município de Quixadá, através da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), aderiu a diversos programas do Ministério da Saúde, desenvolvendo suas ações e serviços de saúde em sintonia com as diretrizes da política federal e estadual de saúde. Redes e programas como “Saúde Mais Perto de Você – Atenção Básica”, “Estraté-gia Saúde da Família (ESF)”, “Unidade Básica de Saúde (UBS)”, “Academia de Saúde”, “Brasil Sorridente”, “Centro de Espe-

Page 14: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

MILENA DE HOLANDA OLIVEIRA BEZERRA • PAULO JORGE OLIVEIRA FERREIRA • RAIMUNDA ROSILENE MAGALHÃES GADELHA • ROSE-ELOÍSE HOLANDA • GLÁUCIA POSSO LIMA

14

cialidades Odontológicas”, “Programa de Melhoria do Aces-so e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ)”, “Saúde Não Tem Preço – Assistência Farmacêutica”, “Farmácia Popular do Brasil”, “Saúde da Mulher”, “Rede Cegonha”, “Prevenção e Tratamento do Câncer de Colo de Útero e Mama”, “Saúde Conte com a Gente – Saúde Mental”, “Centro de Atenção Psi-cossocial”, “Saúde Toda Hora – Rede de Atenção às Urgências e Emergências”, “Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU)”, “Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24 horas)”, “Controle do Tabagismo”, “Programa Saúde na Escola”, “San-gue e Hemoderivados”, “Mais Médicos”, “Vigilância em Saúde”, “Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab)”, “Bolsa Família”, “Sistema de Apoio à Elaboração do Relatório de Gestão (SargSUS)”, “Aleitamento Materno”, “Va-cinação”, “Cartão SUS”, entre outros, fazem parte do cotidiano da rede pública de saúde do município de Quixadá.

Por fim, ante: essa realidade vivenciada pelo poder pú-blico, que, muitas vezes, extrapola a capacidade gerencial; as dificuldades enfrentadas pelo sistema público em decorrência da falta de profissionais médicos; o preconizado pela Carta Magna, que versa que saúde é um direito de todos e dever do Estado; os princípios da universalidade, equidade e integra-lidade; e o contexto social que clama por mais saúde, o pro-grama federal “Mais Médicos”, editado pelo Ministério da Saú-de, que tem como uma das suas diretrizes a criação de novos cursos de Medicina, apresenta-se como uma solução viável a médio prazo que merece nosso reconhecimento.

Com relação ao impacto esperado com a ampliação do acesso à educação superior na região de saúde, é relevante enaltecer que um curso da área de Saúde, no caso específico, de graduação em Medicina, exerce um papel importante nesse contexto, principalmente no campo da saúde pública. O papel

Page 15: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL EM SAÚDE E O PROCESSO DE PRODUÇÃO DAS COMPETÊNCIAS COLABORATIVAS PARA ENFRENTAMENTO DA REALIDADE

DE SAÚDE NO SERTÃO CENTRAL DO CEARÁ

15

da academia para a comunidade é inquestionável. Os espaços físicos de universidade são uma usina permanente de conhe-cimento. Na universidade, reside educação, que é fomento, mola propulsora e trampolim para as transformações sociais. A academia é um centro de pesquisa e possibilita, através das inúmeras atividades acadêmicas (fóruns, jornadas, semanas acadêmicas e congressos), a troca constante de experiências e saberes.

Instituição de educação superior proponente

A Associação Educacional e Cultural de Quixadá (AECQ), mantenedora do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica), é entidade civil de fins não econômicos, edu-cacionais e beneficentes de assistência social, está registrada sob o n. 1.220, no Livro n. A-15, à folha n. 131, no Cartório do 2º Ofício de Quixadá, no Estado do Ceará-CE, e no Registro de Títulos e Documentos da Comarca de Quixadá, inscrita no Ca-dastro Nacional de Pessoas Jurídicas do Ministério da Fazenda sob o n. 12.664.055/0001-8.

A área de atuação da Unicatólica abrange mais de 90 ci-dades e abriga os municípios e distritos das 5ª, 8ª, 9ª e 18ª mi-crorregionais de saúde, que compreendem Madalena, Itatira, Banabuiú, Choró, Milhã, Ibaretama, Quixadá, Quixeramobim, Pedra Branca, Senador Pompeu, Solonópole, Boa Viagem, Ibi-cuitinga, Irapuan Pinheiro, Mombaça e Piquet Carneiro. Essas localidades apresentam características epidemiológicas que possibilitam o planejamento, a execução e o acompanhamento das ações de prevenção, tratamento, controle e avaliação das doenças, além das ações de promoção à saúde. Como ponto forte, destacam-se as atividades de extensão. Além das ações regulares dos cursos, a instituição promove anualmente a Se-

Page 16: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

MILENA DE HOLANDA OLIVEIRA BEZERRA • PAULO JORGE OLIVEIRA FERREIRA • RAIMUNDA ROSILENE MAGALHÃES GADELHA • ROSE-ELOÍSE HOLANDA • GLÁUCIA POSSO LIMA

16

mana de Extensão Comunitária, com uma movimentada pro-gramação, envolvendo não somente a comunidade acadêmica, como também a sociedade regional.

A Unicatólica localiza-se numa região que possui um quantitativo de profissionais da área da Saúde insuficiente para atender à demanda. Acredita-se que esse reduzido nú-mero de profissionais tenha como causa a ausência de cursos, tendo em vista que os profissionais formados nos grandes centros são por estes absorvidos.

A referida instituição de ensino superior (IES), através de uma intensa atividade social, vem desenvolvendo vários projetos, visando beneficiar a comunidade, oferecendo ins-trumentos que possibilitem a superação das dificuldades de uma área carente de recursos financeiros e hídricos. A postura empreendedora da instituição resultou na constituição do ins-tituto, que já ofereceu à região várias turmas de concludentes distribuídas nos cursos de Administração, Arquitetura, Biome-dicina, Ciências Contábeis, Direito, Educação Física, Enferma-gem, Farmácia, Filosofia, Fisioterapia, Odontologia, Psicologia e Teologia. Dentre estes, participarão do presente projeto os cursos de Psicologia, Enfermagem, Fisioterapia, Odontologia e Farmácia.

Desse modo, a Unicatólica tem um compromisso social com o Sertão Central do Ceará, especialmente com o municí-pio de Quixadá, com o propósito de desenvolver um processo de formação que atenda às necessidades específicas da região.

Onze anos depois da sua implantação, a Unicatólica con-tinua empenhando esforços para manter cursos de excelência que ofereçam ao acadêmico uma formação teórico-prática em todas as áreas de atuação profissional e proporcione acesso a uma visão abrangente e completa da profissão com toda as suas interfaces, fomentando o uso dos avanços tecnológicos

Page 17: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL EM SAÚDE E O PROCESSO DE PRODUÇÃO DAS COMPETÊNCIAS COLABORATIVAS PARA ENFRENTAMENTO DA REALIDADE

DE SAÚDE NO SERTÃO CENTRAL DO CEARÁ

17

no âmbito da saúde e todo mercado de trabalho. Para tanto, propõe, com seus cinco cursos da área da Saúde: Enferma-gem, Farmácia, Fisioterapia, Odontologia e Psicologia, articu-lando-se às experiência da IES parceira (curso de Medicina), a criação e desenvolvimento de um currículo que adote os princípios e métodos do “Team Basead Learning Collaborative (TBL)” – A Aprendizagem Baseada na Colaboração da Equipe (tradução livre) –, que consiste na integração das disciplinas clássicas em módulos de ensino, com temática específica, tra-balhada a partir da discussão de uma equipe, neste caso uma equipe multiprofissional, de problemas e busca de informa-ções e subsídios teóricos e técnicos para a sua solução. O alu-no será incentivado a ser responsável pela sua aprendizagem à medida que seus estudos são fundamentados na pesquisa, va-lidando-a sempre com as experiências da prática profissional.

Este projeto almeja uma mudança curricular nos proje-tos pedagógicos dos cursos da área da Saúde, de modo a pos-sibilitar a educação interprofissional em saúde e o processo de produção das competências colaborativas para enfrenta-mento da realidade de saúde no Sertão Central do Ceará, que resultem na construção de um currículo integrado na área da Saúde da IES proponente.

Os alunos de Medicina oriundos da instituição parcei-ra (UECE), apoiados pelos professores-médicos, colaborarão com suas experiências tanto pedagógicas quanto profissio-nais, antecipando uma experiência na qual todos os sujeitos envolvidos na proposta e demais interessados vivenciem os aspectos pedagógicos e ético-políticos da proposta curricular apontada.

Para isso, a IES proponente, associada à SMS envolvida, garantirá as condições de estada desses alunos em momen-tos nos quais eles possam permanecer na cidade de Quixadá

Page 18: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

MILENA DE HOLANDA OLIVEIRA BEZERRA • PAULO JORGE OLIVEIRA FERREIRA • RAIMUNDA ROSILENE MAGALHÃES GADELHA • ROSE-ELOÍSE HOLANDA • GLÁUCIA POSSO LIMA

18

em dias especificados, inseridos nos pontos de atendimento selecionados para este projeto. Isso permitirá a sua articula-ção presencial. Além disso, utilizar-se-á uma plataforma de comunicação on-line, com ferramentas de interação síncrona e assíncrona, na qual se estenderá o trabalho coletivo com vis-tas a reflexões sobre as vivências, experiências e produções individuais e coletivas.

Instituição de educação superior parceira

A UECE é uma universidade pública brasileira, com atu-ação em ensino, pesquisa e extensão, mantida pela Fundação Universidade Estadual do Ceará (Funece). A instituição é uma das três universidades mantidas pelo governo do estado do Ceará, ao lado da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) e da Universidade Regional do Cariri (URCA). Seu principal campus é o do Itaperi, que está localizado no bairro Itaperi, na cidade de Fortaleza-CE. A universidade conta ainda com campi no Bairro de Fátima, em Fortaleza, e nas cidades de Limoeiro do Norte, Itapipoca, Tauá, Quixadá, Crateús e Iguatu.

Criada em 1975, a partir de institutos de ensino supe-rior isolados que existiam em várias regiões do estado, a UECE possui atualmente cerca de 20.000 estudantes e 800 profes-sores espalhados por 12 centros e faculdades que oferecem 77 cursos de graduação presenciais e a distância, 27 mestra-dos, nove doutorados, 154 grupos de pesquisa atuantes em 138 laboratórios e 57 projetos de extensão. Para o primeiro semestre letivo de 2014, a UECE ofereceu 2.281 vagas para os cursos de graduação, sendo 1.231 para os campi da capital e 1.050 vagas para os campi do interior do estado.

De acordo com o Ranking Universitário da Folha de São Paulo (RUF) de 2014, a UECE foi considerada então a oitava

Page 19: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL EM SAÚDE E O PROCESSO DE PRODUÇÃO DAS COMPETÊNCIAS COLABORATIVAS PARA ENFRENTAMENTO DA REALIDADE

DE SAÚDE NO SERTÃO CENTRAL DO CEARÁ

19

melhor universidade estadual do Brasil, sendo a melhor uni-versidade estadual das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oes-te. Em 2013, foi a IES do estado mais bem avaliada no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). Além disso, os cursos de Administração, Psicologia e Ciências Contábeis figuraram entre os melhores do país. Também é a única uni-versidade brasileira citada no Bright Green Book, o Livro Verde do Século XXI, uma parceria entre o Conselho Euro-Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável (Eubra) e a ONU-Habitat, o programa de assentamentos urbanos da Organização das Na-ções Unidas (ONU).

Identificação dos cursos e grupos envolvidos no projeto

Cursos envolvidos

� Psicologia

O curso de graduação em Psicologia da IES foi conce-bido em consonância com o Parecer do Conselho Nacional de Educação e da Câmara de Educação Superior (CNE/CES) n. 1.314/2001, o Parecer CNE/CES n. 062/2004 e a Resolução CNE/CES n. 8/2004, que instituem as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) do curso de graduação em Psicologia tendo como meta central a atuação do psicólogo. Está fundamentado nos princípios e compromissos para contribuir no desenvolvi-mento do conhecimento científico da Psicologia, no nível de suas possibilidades de aplicação prática; na compreensão dos fenômenos psicológicos em suas interfaces com os fenôme-nos biológicos e sociais; no respeito à ética e cidadania profis-sional através da compreensão crítica dos fenômenos sociais, econômicos, culturais e políticos do país; no reconhecimento

Page 20: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

MILENA DE HOLANDA OLIVEIRA BEZERRA • PAULO JORGE OLIVEIRA FERREIRA • RAIMUNDA ROSILENE MAGALHÃES GADELHA • ROSE-ELOÍSE HOLANDA • GLÁUCIA POSSO LIMA

20

das necessidades sociais e dos direitos humanos; na produ-ção e divulgação de pesquisas; na formação de profissionais que atuem socialmente, pautados na promoção da saúde dos indivíduos, grupos, organizações e comunidades; no aprimo-ramento e capacitação contínua.

O currículo do curso de Psicologia segue as orientações das DCNs do CNE e o projeto pedagógico do curso direcio-na-se para a construção de um perfil tanto profissional como acadêmico do egresso, contribuindo para a compreensão e interpretação dos métodos e técnicas psicológicas, em um contexto generalista, visando essencialmente promover no es-tudante a competência do desenvolvimento intelectual e pro-fissional autônomo e permanente, focado no conhecimento da transversalidade, da interdisciplinaridade, para apropriar-se das ênfases que buscam desenvolver nessas perspectivas as competências, permitindo a continuidade do processo de for-mação acadêmica e/ou profissional, que não termina com a concessão do diploma de graduação.

Em relação ao serviço prestado à população pela Clínica Escola de Psicologia, denominado Serviço de Psicologia Apli-cada (SPA), são atendidos pacientes provenientes de vários municípios do Sertão Central que são recebidos através de re-ferenciamentos dos diversos atores participantes do Sistema Único de Saúde (SUS) no município e nos municípios vizinhos. Através da 8ª Coordenadoria Regional da Saúde (CRES), os pacientes provenientes dos municípios sob a responsabilidade dessa coordenadoria são encaminhados à Unicatólica para a realização de atendimentos e avaliações psicológicas; o SPA é referência de atendimento infantil na região. Também são recebidos pacientes provenientes de demanda espontânea e encaminhados de serviços privados.

Atualmente as atividades e estágios supervisionados do curso de Psicologia ocorrem nos estabelecimentos de saúde da

Page 21: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL EM SAÚDE E O PROCESSO DE PRODUÇÃO DAS COMPETÊNCIAS COLABORATIVAS PARA ENFRENTAMENTO DA REALIDADE

DE SAÚDE NO SERTÃO CENTRAL DO CEARÁ

21

atenção primária e secundária vinculados ao município de Qui-xadá e da atenção terciária vinculados ao município de Forta-leza, além do próprio atendimento realizado no SPA do Centro Universitário Católica de Quixadá, com o objetivo de oferecer a interação ensino-serviço-comunidade por meio de atividades práticas na comunidade. Tem como escopo também oferecer territorialização da área de abrangência de unidades de saú-de, planejamento em saúde, estratégias de atenção à saúde e educação em saúde, proporcionando ao aluno uma formação acadêmica integral, contextualizada com a realidade social do aluno, promovendo uma integração entre universidade e co-munidade, buscando estimular o estudante a ter um maior contato com a área e a população com que irá trabalhar, com equipes interdisciplinares, e atuar como agente de promoção de saúde, aplicando conhecimentos e compreensão de outros aspectos de cuidados de saúde na busca de soluções mais ade-quadas para as melhorias da saúde do indivíduo e comunidade.

As atividades desenvolvidas pelos acadêmicos do curso de Psicologia, por supervisão dos professores e preceptores, são baseadas nas políticas públicas de saúde do Brasil, tais como: “Programa Saúde na Escola (PSE)”, em que são realiza-dos para as crianças atividades lúdicas, palestras educativas e levantamentos epidemiológicos. Através da “Política Nacio-nal de Saúde Mental”, realizam-se atividades de educação em saúde, atendimento familiar, visitas domiciliares para pacien-tes do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) no município de Quixadá, que é referência para outros quatro municípios da região do Sertão Central ademais de Quixadá: Banabuiú, Choró, Ibicuitinga e Ibaretama, além da articulação com a Rede de Atenção Psicossocial, em que o aluno tem a possibilidade de conhecer e vivenciar os processos de Referência e Contrar-referência e Matriciamento. Na “Política Nacional de Saúde do

Page 22: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

MILENA DE HOLANDA OLIVEIRA BEZERRA • PAULO JORGE OLIVEIRA FERREIRA • RAIMUNDA ROSILENE MAGALHÃES GADELHA • ROSE-ELOÍSE HOLANDA • GLÁUCIA POSSO LIMA

22

Idoso”, desenvolvem-se visitas domiciliares e atividades vol-tadas ao aconselhamento psicológico, atendimento familiar, educação e promoção da saúde. As atividades relacionadas à “Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher” vi-sam ao diagnóstico, aconselhamento psicológico, acompanha-mento durante a gestação e ações voltadas para a educação em saúde.

Por intermédio do desenvolvimento pleno da matriz curricular vigente, o aluno atinge os objetivos propostos para o curso e é estimulado a adquirir constantemente conheci-mentos e habilidades fora dos muros do centro universitário. Para garantir isso, o curso está articulado com as políticas in-dutoras de educação na saúde e outras políticas prioritárias do Ministério da Saúde, tais como:

• Os professores e preceptores do curso de Psicologia participaram do curso de Gestão da Clínica do SUS, especificamente Educação na Saúde para Preceptores do SUS, que tinha como facilitadora a coordenadora do curso, que participou de seleção e capacitação pelo Instituto de Ensino e Pesquisa Sírio-Libanês (IEP);

• Os professores, alunos e coordenadora do cur-so participaram como proponentes do PET Redes (2013/2015), juntamente com os cursos de Enferma-gem, Farmácia e Fisioterapia, trazendo à tona a expe-riência exitosa do estágio multiprofissional;

• A coordenadora do curso participou do curso de es-pecialização em Docência na Saúde, promovido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em parceria com o Ministério da Saúde, que teve como proposta de intervenção o currículo integrado em saúde;

Page 23: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL EM SAÚDE E O PROCESSO DE PRODUÇÃO DAS COMPETÊNCIAS COLABORATIVAS PARA ENFRENTAMENTO DA REALIDADE

DE SAÚDE NO SERTÃO CENTRAL DO CEARÁ

23

• O curso tem uma parceria com a Gestão de Saúde do município, e os alunos estão envolvidos em todas as atividades de educação em saúde e saúde na escola, atuando e sendo monitorados por profissionais de saúde de algumas unidades de atenção básica e se-cundária no município e nos municípios vizinhos;

• A coordenadora do curso, que também é funcionária efetiva da SMS do município, também é conselheira municipal de saúde.

� EnfErmagEm

O curso de Enfermagem da Unicatólica, reconhecido pela Portaria MEC-SESU n. 856, de 17 de novembro de 2008, enseja contribuir para a formação de um novo cenário pro-fissional, em que o paradigma assistencialista dê espaço ao atendimento de demandas oriundas do perfil epidemiológico, da política de saúde vigente e da participação popular, cujo objetivo é possibilitar uma formação profissional pautada em valores humanísticos, cristãos e éticos.

A Enfermagem, com seu escopo de conhecimento volta-do para o contato humano direto e permanente e a prontidão, tem uma função fundamental no acolhimento de demandas e necessidades tanto individuais quanto coletivas, nas mais diversas dimensões da pessoa: biológica, psicossocial, espiri-tual. Além disso, esse profissional participa efetivamente do cuidado integral na medida em que desenvolve e aplica instru-mentos de observação sistemática, acompanhando amiúde os padrões de resposta dos indivíduos e grupos aos fenômenos do processo saúde-doença e às intervenções dos mais diver-sos grupos profissionais, com competência para prevenção de riscos ou danos secundários.

Evidentemente que objetivo de tamanha magnitude requer compreensão e participação dos mais diferentes ato-

Page 24: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

MILENA DE HOLANDA OLIVEIRA BEZERRA • PAULO JORGE OLIVEIRA FERREIRA • RAIMUNDA ROSILENE MAGALHÃES GADELHA • ROSE-ELOÍSE HOLANDA • GLÁUCIA POSSO LIMA

24

res envolvidos tanto no processo de formação quanto no de atenção à saúde. Essa assertiva, ou a sua antítese, represen-ta talvez o maior obstáculo para o alcance da imagem-obje-tivo pretendida no curso, pois se trata do processo político, ou seja, de diálogo e negociação, imprescindível em qualquer projeto coletivo, sobretudo quando nessa imagem-objetivo estão incluídas a integralidade e a participação das pessoas no processo de produção da saúde. O curso mantém várias iniciativas, como: processos pedagógicos interdisciplinares, uso de metodologias participativas, aproximação com a rede de saúde através de projetos e ações de inserção do aluno em tal rede para além dos estágios obrigatórios. Porém, ainda há muito o que se percorrer.

A despeito da compreensão de que seja importante um trabalho efetivo que prepare o profissional para atuar como líder e em equipe, o currículo ainda é regido pelos princípios disciplinares e de linearidade segundo uma visão fragmenta-da do processo saúde-doença e de produção do cuidado. Esse contexto só reforça o trabalho isolado e dificulta a concretiza-ção dos princípios do SUS.

Com a implantação do projeto PET-Redes em 2014 en-volvendo os cursos de Farmácia, Psicologia, Fisioterapia, além do de Enfermagem, constatou-se que é possível desenvolver ações de integração das profissões com base nos princípios da aprendizagem colaborativa. A experiência, que pôs em ten-são a relação entre os estudantes dos vários cursos, gerou um desejo ainda maior de empreender mudanças mais radicais na formação, através de um currículo integrado da área da Saúde. Para isso, constituiu-se um grupo multiprofissional que vem estudando e formulando as bases teórico-metodológicas da proposta.

Page 25: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL EM SAÚDE E O PROCESSO DE PRODUÇÃO DAS COMPETÊNCIAS COLABORATIVAS PARA ENFRENTAMENTO DA REALIDADE

DE SAÚDE NO SERTÃO CENTRAL DO CEARÁ

25

� fisiotEraPia

O curso de Fisioterapia da Unicatólica, autorizado pela Portaria do Ministério da Educação (MEC) n. 958, de 7 de abril de 2004, foi criado para possibilitar uma formação acadêmica voltada sobretudo ao atendimento das vocações locais e re-gionais. Sua concepção visa integrar o desenvolvimento eco-nômico e social do Sertão Central do Ceará, no âmbito da saú-de regional, para atender às atuais necessidades da população, do mercado profissional, do ensino e da pesquisa por meio da articulação entre ensino, serviço e comunidade, de forma que a concepção do curso está direcionada a preparar o profissio-nal da área de Fisioterapia para atender às necessidades de saúde regionais e brasileiras, em seus níveis: primário (promo-ção, prevenção e proteção específica), secundário (diagnóstico e tratamento físico) e terciário (reabilitação, limitação do dano e alívio do sofrimento).

As atividades de ensino, pesquisa/iniciação científica e extensão são compartilhadas com os demais cursos da área da Saúde de forma interdisciplinar pela instituição. Para a viabili-zação das atividades, a Unicatólica estabelece convênios com outras instituições de Saúde, com a finalidade de abrir espaços aos acadêmicos de Fisioterapia para aprimorarem conheci-mentos e práticas terapêuticas que são exigidas na formação profissional, entre as quais a rede de serviços do SUS/Quixa-dá, por meio da SMS.

O desenvolvimento do projeto pedagógico do curso fundamenta-se nas DCNs para o ensino de graduação em Fi-sioterapia, nos princípios do SUS e nas normas que determi-nam o desenvolvimento do ensino, da pesquisa e da extensão e adota como conceitos norteadores:

• O campo de trabalho em Fisioterapia apresenta es-pecialidades e vários níveis de complexidade, o que

Page 26: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

MILENA DE HOLANDA OLIVEIRA BEZERRA • PAULO JORGE OLIVEIRA FERREIRA • RAIMUNDA ROSILENE MAGALHÃES GADELHA • ROSE-ELOÍSE HOLANDA • GLÁUCIA POSSO LIMA

26

demanda a presença efetiva e participação dos pro-fissionais com amplos saberes, sendo o fisioterapeuta um membro da equipe de saúde;

• O entendimento de que a assistência à saúde deve obrigatoriamente ser empregada de forma integral e universal e a inserção do discente na academia é rea-lizada através de conhecimento teórico-prático e das atividades clínicas e estágios supervisionados nas di-versas especialidades do fisioterapeuta;

• O incentivo à cultura, à pesquisa/iniciação científica e às atividades de extensão é realizado de forma que o aluno possa desenvolver habilidades pessoais e pro-fissionais, como também realizar produção científica nova na Fisioterapia;

• O uso de metodologias é comprometido com os prin-cípios filosóficos educacionais da instituição e a teoria e as práticas no desenvolvimento das atividades do curso estão articuladas pela integração entre ensino, pesquisa/iniciação científica e extensão;

• Na abordagem metodológica, deve-se dar preferência ao uso de recursos tecnológicos;

• Os princípios pedagógicos da interdisciplinaridade e da contextualização são devidamente adotados, com o fito de valorizar os conteúdos, as competências, os valores, as atitudes, o saber-fazer, o saber-ser, o de-senvolvimento de capacidades de criatividade, comu-nicação, o trabalho em equipe, a resolução de proble-mas, a responsabilidade e o poder empreendedor;

• A organização curricular segue uma ordem gradativa de complexidade dos temas abordados nas respecti-vas disciplinas e uma lógica de complementaridade disciplinar.

Page 27: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL EM SAÚDE E O PROCESSO DE PRODUÇÃO DAS COMPETÊNCIAS COLABORATIVAS PARA ENFRENTAMENTO DA REALIDADE

DE SAÚDE NO SERTÃO CENTRAL DO CEARÁ

27

Na perspectiva de uma proposta de formação que visa atender a uma demanda crescente de profissionais de um novo tipo, capazes de atuar com resolubilidade e criatividade, em equipe multiprofissional interdisciplinar, a partir do poder pú-blico, em articulação com a sociedade organizada, o processo de atuação do fisioterapeuta pode abranger todos os níveis de atenção, incluindo prevenção, desenvolvimento, tratamento e recuperação da saúde em indivíduos, grupos de pessoas ou comunidades, aliando às tecnologias das relações as tecnolo-gias leve-duras e duras com ênfase no movimento e na função, prevenindo, tratando e recuperando disfunções e doenças. Portanto, o fisioterapeuta passa a exercer seu saber e sua prá-tica de modo a ter como objeto principal a saúde funcional de indivíduos e grupos, o que extrapola a prática voltada apenas para a recuperação cinesiológica-funcional.

Na atenção primária, o fisioterapeuta pode junto aos grupos populacionais contribuir com ações que integram a atenção básica, o saneamento básico, a educação em saúde, a vigilância epidemiológica, ambiental e sanitária, prevendo a resolubilidade das necessidades de saúde que extrapolam a esfera de intervenção curativa e reabilitadora individual, por meio de promoção da saúde, prevenção de doenças e educação permanente, tendo em vista a nova realidade dos campos da saúde –, perfil epidemiológico, consenso conceitual, modelo de práticas – a aplicação dos meios terapêuticos físicos e mecâni-cos, sob o império da visão holística e das técnicas artesanais, manuais, para as várias naturezas de prevenção e as várias na-turezas de reabilitação ou habilitação social e psicofísica, com ênfase na saúde postural, no autoconhecimento do corpo e dos movimentos e na relação ergonômica com os espaços.

Na atenção secundária e terciária, a contribuição emer-ge da ação interdisciplinar na identificação das afecções no

Page 28: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

MILENA DE HOLANDA OLIVEIRA BEZERRA • PAULO JORGE OLIVEIRA FERREIRA • RAIMUNDA ROSILENE MAGALHÃES GADELHA • ROSE-ELOÍSE HOLANDA • GLÁUCIA POSSO LIMA

28

âmbito da clínica, na capacitação terapêutica para avaliar, prescrever e instituir de maneira adequada o plano de trata-mento dos pacientes, no desenvolvimento de uma prática pro-fissional pautada na ética e na humanização, no manuseio dos parâmetros dos diversos tipos de assistência, na manipulação adequada dos equipamentos na unidade fisioterapêutica e no reconhecimento e valorização do trabalho interdisciplinar e colaborativo.

� farmácia

O curso de graduação em Farmácia da Unicatólica foi concebido sob os princípios humanístico-cristãos e éticos. Respaldado pelas DCNs do curso de graduação em Farmácia (Resolução CNE/CES n. 2/2002), assegura a flexibilidade, a di-versidade e a qualidade da formação oferecida aos estudantes, garantindo uma sólida formação básica e preparando o gra-duado para enfrentar os desafios das rápidas transformações da sociedade, mercado de trabalho e condições de exercício profissional.

O currículo contribui também para a compreensão, in-terpretação, preservação e difusão das culturas nacionais e regionais, internacionais e históricas, em um contexto de plu-ralismo e diversidade cultural, visando essencialmente promo-ver no estudante a competência do desenvolvimento intelec-tual e profissional autônomo e permanente. As competências permitem a continuidade do processo de formação acadêmica e profissional, que não termina com a concessão do diploma de graduação.

O curso objetiva formar o farmacêutico, com perfil ge-neralista, humanista, cristão, reflexivo e ético, para atuar na atenção à saúde, com base no rigor técnico e científico. A for-mação contempla as necessidades sociais da saúde, a atenção

Page 29: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL EM SAÚDE E O PROCESSO DE PRODUÇÃO DAS COMPETÊNCIAS COLABORATIVAS PARA ENFRENTAMENTO DA REALIDADE

DE SAÚDE NO SERTÃO CENTRAL DO CEARÁ

29

integral da saúde no sistema regionalizado e hierarquizado de referência e contratransferência e o trabalho em equipe, com ênfase no SUS.

Os profissionais farmacêuticos, dentro de seu âmbito profissional, devem estar aptos a desenvolver ações de pre-venção, promoção, proteção e reabilitação da saúde junto à equipe multiprofissional. Cada profissional deve assegurar que sua prática seja realizada de forma integrada e contínua com as demais instâncias do sistema de saúde, sendo capaz de pensar criticamente, de analisar os problemas da sociedade e de procurar suas soluções. Os profissionais devem realizar seus serviços dentro dos mais altos padrões de qualidade e dos princípios da ética, tendo em conta que a responsabilidade da atenção à saúde não se encerra com o ato técnico, mas sim com a resolução do problema de saúde, tanto individual como coletivamente.

Atendendo à Resolução n. 585, de 29 de agosto de 2013, o profissional farmacêutico, agora prescritor, documen-ta terapias farmacológicas e não farmacológicas e outras in-tervenções relativas ao cuidado à saúde do paciente, em es-pecial ao acompanhamento farmacoterapêutico e diagnóstico, integrado aos demais profissionais da saúde com perspectiva na promoção, proteção e recuperação da saúde, e relativas à prevenção de doenças. Com foco nessa realidade, as políticas presentes no SUS são somatórias para o processo de ensino--aprendizagem; e o curso de Farmácia integrado aos demais apresenta parcerias sólidas:

• Gestão de saúde do município, envolvendo alunos em programas direcionados à atenção primária, secun-dária e terciária, monitorados por profissionais que estão à frente do serviço;

Page 30: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

MILENA DE HOLANDA OLIVEIRA BEZERRA • PAULO JORGE OLIVEIRA FERREIRA • RAIMUNDA ROSILENE MAGALHÃES GADELHA • ROSE-ELOÍSE HOLANDA • GLÁUCIA POSSO LIMA

30

• Projeto Integrativo na Comunidade (PIC): objetiva promover a interação do acadêmico dos cursos de Saúde com a comunidade, utilizando os conhecimen-tos adquiridos nas disciplinas de formação na prática, identificando problemas e soluções relacionados à saúde através de visitas domiciliares;

• Serviço de Atenção Farmacêutica ao Paciente Idoso (SAFI): acompanhamento de idosos em uma casa de apoio, desenvolvendo educação em saúde.

A coordenadora do curso de Farmácia, também farma-cêutica do Serviço de Assistência Especializada de Quixadá, procura integrar evidentemente o ensino na saúde com pro-jetos articuladores e multiprofissionais, como: oficinas gera-doras de benefícios sustentáveis: intensificando a adesão te-rapêutica e a qualidade de vida em um serviço de assistência especializada. Cursos envolvidos: Farmácia, Psicologia, Enfer-magem e Fisioterapia.

O curso de Farmácia da Unicatólica atende aos parece-res descritos e ampliados no Congresso Brasileiro de Educa-ção Farmacêutica (Cobef), que preconizam a integração inter-disciplinar entre os cursos da Saúde, bem como a assistência não parcelizada ao paciente; esta IES se empenha na diversifi-cação didática do processo de ensino-aprendizagem, aliando--se a metodologias ativas, mantendo excelência na formação de profissionais sistemáticos e cumprindo papel estratégico na qualidade do ensino superior.

� odontologia

O curso de graduação em Odontologia da Unicatólica foi idealizado no momento da construção do Plano de Desenvolvi-mento Institucional (PDI) de 2003-2007 da Unicatólica. Após a

Page 31: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL EM SAÚDE E O PROCESSO DE PRODUÇÃO DAS COMPETÊNCIAS COLABORATIVAS PARA ENFRENTAMENTO DA REALIDADE

DE SAÚDE NO SERTÃO CENTRAL DO CEARÁ

31

busca de recursos para a sua viabilização através do seu chan-celer, o centro universitário submeteu o projeto do curso de Odontologia ao MEC, que autorizou seu funcionamento através da Portaria MEC n. 172, de 20 de janeiro de 2006, tendo o iní-cio das aulas ocorrido aos 13 dias de fevereiro de 2006.

Em relação ao serviço prestado à população pela Clíni-ca Odontológica São João Calábria da Faculdade Católica Rai-nha do Sertão (FCRS), são atendidos pacientes provenientes de vários municípios do Sertão Central, que são recebidos através de referenciamentos dos diversos atores participan-tes dos SUS no município e nos municípios vizinhos. Através da 8ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRES), os pacientes provenientes dos municípios sob a responsabilidade dessa co-ordenadoria são encaminhados à Unicatólica para a realização de exames estomatológicos. Também são recebidos pacientes provenientes de demanda espontânea e encaminhados de ser-viços privados de assistência odontológica.

Atualmente as atividades e estágios supervisionados do curso de Odontologia ocorrem nos estabelecimentos de saú-de da atenção primária, secundária e terciária vinculados ao município de Quixadá, além do próprio atendimento realiza-do no Complexo Odontológico da Unicatólica, com o objetivo de oferecer a interação ensino-serviço-comunidade por meio de atividades práticas na comunidade, assim como territoria-lização da área de abrangência de unidades de saúde, plane-jamento em saúde, estratégias de atenção à saúde e educação em saúde, proporcionando ao aluno uma formação acadêmica integral e contextualizada à sua realidade social, promovendo uma integração entre universidade e comunidade, buscando estimular o discente a ter um maior contato com a área e a po-pulação com que irá trabalhar, com equipes interdisciplinares, e atuar como agente de promoção de saúde, aplicando conhe-

Page 32: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

MILENA DE HOLANDA OLIVEIRA BEZERRA • PAULO JORGE OLIVEIRA FERREIRA • RAIMUNDA ROSILENE MAGALHÃES GADELHA • ROSE-ELOÍSE HOLANDA • GLÁUCIA POSSO LIMA

32

cimentos e compreensão de outros aspectos de cuidados de saúde na busca de soluções mais adequadas para as melhorias da saúde do indivíduo e da comunidade.

As atividades desenvolvidas pelos acadêmicos de Odon-tologia, por supervisão dos professores e preceptores, são baseadas nas políticas públicas de saúde do Brasil, tais como: “Programa Saúde na Escola (PSE)”, em que são realizados para as crianças atividades lúdicas, palestras educativas, escovação supervisionada, bochechos fluoretados, levantamentos epide-miológicos e tratamentos restauradores atraumáticos. Através da “Política Nacional de Saúde Mental”, são realizadas ativida-des de educação em saúde bucal e orientação de dieta para pacientes do CAPS no município de Quixadá, que é sede para cinco municípios da região do Sertão Central, como Quixadá, Banabuiú, Choró, Ibicuitinga e Ibaretama.

Na “Política Nacional de Saúde do Idoso”, são desen-volvidas visitas domiciliares e atividades voltadas para a pro-moção e prevenção do câncer de boca (autoexame), doença periodontal e uso de prótese dental, além da parceria com o Centro de Especialidades Odontológicas (CEO), que permite a realização de biópsias. As atividades relacionadas à “Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher” são desen-volvidas desde o diagnóstico, aconselhamento dietético, acom-panhamento durante a gestação e orientações das principais doenças periodontais acometidas pela alteração hormonal.

O currículo do curso de graduação em Odontologia se-gue as orientações das Diretrizes Curriculares do Conselho Nacional de Educação, e o projeto pedagógico direciona-se para a construção de um perfil tanto acadêmico como profis-sional do egresso. O currículo contribui também para a com-preensão, interpretação, preservação e difusão das culturas nacionais e regionais, internacionais e históricas, em um con-

Page 33: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL EM SAÚDE E O PROCESSO DE PRODUÇÃO DAS COMPETÊNCIAS COLABORATIVAS PARA ENFRENTAMENTO DA REALIDADE

DE SAÚDE NO SERTÃO CENTRAL DO CEARÁ

33

texto de pluralismo e diversidade cultural, visando essencial-mente promover no estudante a competência do desenvolvi-mento intelectual e profissional autônomo e permanente. As competências permitem a continuidade do processo de for-mação acadêmica e/ou profissional, que não termina com a concessão do diploma de graduação.

O projeto pedagógico do curso de graduação em Odontologia foi construído centrado no aluno como sujeito da aprendizagem e apoiado no professor como facilitador e mediador do processo de ensino-aprendizagem, buscando a formação integral e adequada do estudante por meio de uma articulação entre o ensino, a pesquisa e a extensão.

� mEdicina

A criação do curso de Medicina da UECE representou um grande desafio, centrado na intenção de dotar Fortaleza e, por extensão, o estado do Ceará de uma instituição modelar de ensino superior em Medicina, servindo de respaldo, para tanto, o lastro da UECE em termos físicos, organizacionais e de recursos humanos.

Este projeto de reconhecimento junto ao Conselho Es-tadual de Educação retrata, de forma objetiva, o histórico e a dinâmica de funcionamento da UECE, ao mesmo tempo que referencia o processo de evolução experimentado pela insti-tuição no decorrer dos últimos anos, com ênfase na implemen-tação do seu curso de Medicina.

O projeto pedagógico do curso de Medicina da UECE define a identidade formativa nas dimensões humana, cientí-fica e profissional por meio de um desenho curricular voltado para a produção de conhecimento que responda às reais ne-cessidades da sociedade e que seja capaz de formar profissio-nais com uma sólida formação geral, com capacitação técnica, ética e humana.

Page 34: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

MILENA DE HOLANDA OLIVEIRA BEZERRA • PAULO JORGE OLIVEIRA FERREIRA • RAIMUNDA ROSILENE MAGALHÃES GADELHA • ROSE-ELOÍSE HOLANDA • GLÁUCIA POSSO LIMA

34

O cuidado com a qualidade do ensino e com o compro-misso social do exercício da Medicina tem sido a marca da tra-jetória do nosso curso. Muitas foram as dificuldades, porém maiores foram as conquistas e vitórias. As lutas pela aprova-ção do curso, a persistente resistência às ameaças e o engaja-mento com o ensino público e de qualidade têm sido o foco do nosso trabalho de educadores e cidadãos comprometidos com a melhoria da saúde da população cearense.

Não se pode deixar de reconhecer o quanto a UECE vem crescendo, imprimindo qualidade aos seus produtos, nas áre-as do ensino de graduação e pós-graduação, na investigação científica e na produção de serviços voltados para o desen-volvimento social, econômico, político-cultural e ambiental do estado do Ceará. Com efeito, todos os que integram a comu-nidade acadêmica da UECE – professores, servidores técni-co-administrativos e estudantes – são conclamados ao envol-vimento do desenvolvimento institucional, que pretende ser inovador, integrador e participativo.

Page 35: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

35

MILENA DE HOLANDA OLIVEIRA BEZERRADoutoranda em Estudos da Criança, na especialidade de Saúde Infantil, pela Universidade do Minho (UM) e mestra em Saúde Coletiva pela Universidade de Fortaleza (Unifor). Coordenadora do curso de Psicologia do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica). Psicóloga.E-mail: <milenaholiveraunicatolicaquixada.edu.br>.

MARIZA MARIA BARBOSA CARVALHOMestra em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Docente do curso de Fisiote-rapia do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica). Fisioterapeuta.E-mail: <[email protected]>.

ANICE HOLANDA NUNES MAIAEspecialista em Saúde Pública pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e em Educação na Saúde para Preceptores do SUS pelo Instituto de Ensino e Pesquisa Sírio-Libanês (IEP). Docente do curso de Psicologia do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica). Psicóloga.E-mail: <[email protected]>.

HERLENY MOREIRA RIOSPsicóloga na Política de Assistência e Desenvolvimento Social do município de Canindé no Centro de Referência de Assistência Social I (CRAS I), Santa Clara.E-mail: <[email protected]>.

HÉRYCA JOANY SINDEAUX DE OLIVEIRAPsicóloga.E-mail: <[email protected]>.

EDUCAÇÃO PELO TRABALHO: A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO PSICÓLOGO NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO TUTORIAL NA SAÚDE

Page 36: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

MILENA DE HOLANDA OLIVEIRA BEZERRA • MARIZA MARIA BARBOSA CARVALHO • ANICE HOLANDA NUNES MAIA • HERLENY MOREIRA RIOS • HÉRYCA JOANY SINDEAUX DE OLIVEIRA

36

Introdução

O Programa de Educação pelo Trabalho (PET-Saúde), como produto de política pública instituído pela Portaria In-terministerial Ministério da Saúde e do Ministério da Educa-ção (MS/MEC) n. 1.802, de 26 de agosto de 2008, fomenta a formação de grupos de aprendizagem tutorial no âmbito da Estratégia em Saúde da Família (ESF), que busca viabilizar pro-gramas de aperfeiçoamento e especialização dos profissionais de saúde nos diversos contextos reais do Sistema Único de Saúde (SUS), bem como de iniciação ao trabalho, estágios e vivências, dirigidos aos estudantes da área, de acordo com as necessidades do SUS (BRASIL, 2008).

Na condição de estratégia educacional para viabilizar programas de aperfeiçoamento e especialização em serviço dos profissionais de saúde, bem como de iniciação ao trabalho, estágios e vivências dirigidos aos estudantes da área, de acor-do com as necessidades do SUS, o PET-Saúde tem se destaca-do por promover a interdisciplinaridade, assim como sensibi-lizado e preparado os profissionais de saúde para o adequado enfrentamento das realidades de vida e saúde da população brasileira. Entretanto, consoante o MS e o MEC, um dos obje-tivos principais do PET-Saúde é:

Estimular a formação de profissionais e docen-tes de elevada qualificação técnica, científica, tecnológica e acadêmica, bem como a atuação

Page 37: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

EDUCAÇÃO PELO TRABALHO: A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO PSICÓLOGO NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO TUTORIAL NA SAÚDE

37

profissional pautada pelo espírito crítico, pela cidadania e pela função social da educação su-perior, orientados pelo princípio da indissocia-bilidade entre ensino, pesquisa e extensão, pre-conizado pelo Ministério da Educação. (BRASIL, 2008).

Nota-se a priorização que o programa atribui à prática profissional aliada à pesquisa e ao ensino, bem como à atuação multiprofissional, que vem se configurando como um grande desafio para a maioria dos profissionais, principalmente aque-les com formação em Psicologia, que, ao longo dos anos, vêm realizando uma prática essencialmente clínica e assistencial. No entanto, a regulamentação da profissão do psicólogo no Brasil, fundamentada pela Lei n. 4.119/1962, definiu as áre-as de domínio prático para serem consideradas privativas do profissional, com reconhecimento da existência de um lugar para o psicólogo na divisão social e técnica do trabalho (CAM-POS, 2007).

Da regulamentação ao presente, a profissão psicólogo tem assumido sucessivamente o compromisso de participar e interferir nos cenários dos grandes temas brasileiros, através do movimento pelo compromisso social da Psicologia. Assim, as clássicas áreas de concentração das práticas psicológicas, Educação, Clínica, Trabalho, Avaliação Psicológica e Saúde, construíram criticamente sua aproximação com as políticas públicas. Outras áreas emergiram desse processo transfor-mador da Psicologia, nas áreas do Esporte, Assistência Social, Justiça e Cidadania, Comunicação, Mobilidade e Trânsito, De-fesa Civil, dentre outras. Na área da Saúde, a Psicologia assu-miu posição político-social em defesa do SUS, sendo o campo de mais expressiva inserção de psicólogos nas políticas públi-cas na atualidade (CEP, 2012).

Page 38: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

MILENA DE HOLANDA OLIVEIRA BEZERRA • MARIZA MARIA BARBOSA CARVALHO • ANICE HOLANDA NUNES MAIA • HERLENY MOREIRA RIOS • HÉRYCA JOANY SINDEAUX DE OLIVEIRA

38

O psicólogo, no contexto da saúde, segundo o Ministé-rio do Trabalho e Emprego (MTE), além das suas atribuições na assistência e gestão, tem atuação voltada para atividades como: supervisão; coordenação de grupos de estudo; forma-ção e capacitação de profissionais dentro do eixo de trabalho educar indivíduos, grupos e instituições; e atividades de pes-quisa no eixo desenvolver pesquisas experimentais, teóricas e clínicas (BRASIL, 2014).

A presença do tutor e do preceptor tem por objetivo es-timular a aprendizagem ativa dos que compõem o programa, já que, segundo o Manual de Orientações Básicas do PET-Saú-de, o tutor é responsável, perante as instituições de ensino su-perior (IES) e a Secretaria de Educação Superior (SESU), por planejar e supervisionar as atividades, bem como pelo desem-penho do grupo sobre sua orientação. Cabe a ele orientar os bolsistas no caminho de uma aprendizagem segura, relevante, ativa, planejada e adequada às necessidades do grupo e do curso como um todo, levando em conta as necessidades do SUS (BRASIL, 2014).

A tutoria, junto com a preceptoria, ocorre dentro das unidades de saúde, promovendo orientação, monitoramento e capacitação dos alunos monitores nos seus campos de prática. Aos alunos monitores cabe a elaboração e execução do pro-jeto dentro das unidades de saúde e desenvolver e pesquisar no âmbito do programa. Essas atribuições, em muitas vezes, não são contempladas na academia nem lecionadas nos cursos de Psicologia, mas exigem do psicólogo tutor/preceptor com-petência e habilidade. O presente trabalho trata de um relato de experiência acerca do trabalho do psicólogo no contexto do Programa de Educação pelo Trabalho – Rede de Atenção Psicossocial da cidade de Quixadá, interior do estado do Cea-rá, por meio de observação e intervenção supervisionada em

Page 39: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

EDUCAÇÃO PELO TRABALHO: A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO PSICÓLOGO NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO TUTORIAL NA SAÚDE

39

campo a partir da disciplina de Práticas Integrativas VII, rela-cionada à Psicologia, do curso de graduação em Psicologia de um centro universitário sediado no mesmo município.

As atividades em nossa experiência foram realizadas junto à coordenadora, tutora, preceptora e bolsistas em Psico-logia do programa e aconteceram em uma Unidade Básica de Saúde e em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Foram contempladas atividades de coordenadoria; atividades de tu-toria; orientação aos acadêmicos na elaboração de projetos de pesquisas; participação em fóruns junto aos preceptores; ati-vidades de preceptoria; articulação de vivências entre alunos, profissionais e usuários no campo de práticas; capacitação dos alunos no manejo dos sistemas de informação em saúde.

Tal necessidade justifica-se pela importância de de-monstrar as possibilidades de atuação do psicólogo como educador na saúde, envolvendo ensino e pesquisa, tal como proporcionar a articulação dos saberes entre a universidade, o programa e a comunidade, identificando as ações realizadas pelos psicólogos no campo da coordenadoria/tutoria e pre-ceptoria, de forma a contribuir para a construção dessa nova identidade que a categoria tem buscado.

A Psicologia no contexto da educação tutorial na saúde

Compreender o significado e realizar uma aproximação conceitual da educação tutorial impõe igualmente buscar ele-mentos que fundamentem a importância da tutoria, além de identificar e sistematizar aspectos que possam delinear o perfil do tutor/preceptor, suas funções e deveres. Nesse sentido, a educação tutorial caracteriza-se como uma metodologia de en-sino com objetivos pedagógicos, éticos e sociais que se efetiva

Page 40: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

MILENA DE HOLANDA OLIVEIRA BEZERRA • MARIZA MARIA BARBOSA CARVALHO • ANICE HOLANDA NUNES MAIA • HERLENY MOREIRA RIOS • HÉRYCA JOANY SINDEAUX DE OLIVEIRA

40

por meio de grupos de aprendizagem constituídos por estu-dantes sob a orientação de professores tutores/preceptores.

A tutoria traduz-se em ações de cuidar, representar, de-fender e assistir, no acompanhamento e na orientação sistemá-tica de grupos de alunos, desenvolvendo capacidades, valores, atitudes, disposições e estratégias motivacionais de apoio à autonomia de seus alunos, possibilitando o encontro da sub-jetividade ética para a tomada de decisão (MARTINS, 2007). Tem-se, assim, que a tutoria é uma ação de mediação peda-gógica entre o aluno, a academia e a realidade das práticas. A tutoria justifica-se e se consolida fundamentalmente pela pos-sibilidade de elaborar coletiva e criticamente experiências de aprendizagem. Surgem oportunidades para que professores e estudantes se articulem de forma efetiva e organizada para conhecer e produzir conhecimento, potencializar capacidades individuais e coletivas e compreender os mecanismos de su-peração das dificuldades de aprendizagem (GEIB et al., 2007).

Em nossa experiência, a tutoria/preceptoria no PET--Saúde nos fez perceber que ao discente compete assumir res-ponsabilidades sobre a sua própria aprendizagem, desenvolvi-mento pessoal e seu papel social frente aos desafios oriundos da dinâmica do trabalho no SUS, que vão desde questões administrativas até a reprodução dos modelos hegemônicos, biologicistas e cartesianos, sendo a articulação interprofissio-nal e intersetorial um dos seus maiores desafios.

Além desses desafios, o profissional de saúde inserido nesses programas tutoriais tem a grande tarefa de definir e, via de regra, construir uma nova identidade, que deixa de ser essencialmente assistencial e passa também a desenvolver atividades pedagógicas e de gestão voltadas para a formação profissional e para a produção de pesquisas desencadeadas por questões-chave que interpelem as situações da produção

Page 41: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

EDUCAÇÃO PELO TRABALHO: A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO PSICÓLOGO NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO TUTORIAL NA SAÚDE

41

de saúde. Dentre as suas várias atribuições, o tutor/professor tem a função de estimular o interesse acadêmico do educando e identificar suas potencialidades e qualidades na perspectiva de promover a autonomia discente para analisar problemas, raciocinar criticamente e agir de forma ética e cidadã.

Ao tutor/professor em saúde cabe ainda um esforço contínuo para não dirigir o grupo de alunos segundo as suas crenças e valores, não confundir o seu papel e não desvirtuar os objetivos da tutoria. Em verdade, não se tem um perfil pron-to e acabado para o tutor. Antes, ele constrói-se, delineia-se e define-se a partir do próprio fazer, da própria ação de ser tu-tor, o que não implica que esse perfil seja fruto de uma prática empírica e assistemática. O exercício de identificar aspectos relevantes que devem fornecer as bases para o perfil de um tutor sugere o interesse pelo conhecimento e a postura proati-va diante dos fatos como pontos insubstituíveis. O modo como enfrenta as dificuldades, como pensa os problemas, como es-tabelece limites, como maneja as verdades, como se comunica, sintetiza, integra e promove a coesão do grupo é também um indicador que se soma aos anteriores e que se integra ao perfil de um tutor.

No caso do psicólogo, sua inserção nesse campo, o da tutoria em saúde, é recente e ainda com um vasto processo de apropriação e construção. Estudo que aponta levantamento do Departamento de Gestão da Educação na Saúde (Deges) e da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saú-de (SGTES) junto ao MS demonstrou que, dos 308 tutores acadêmicos que se encontravam cadastrados no Sistema de Gestão do Programa de Educação Tutorial em agosto de 2009, somente nove eram psicólogos, percentual semelhante ao das profissões de Serviço Social, Fisioterapia e Terapia Ocupacio-nal. Com esses dados, os autores discutem que a participação

Page 42: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

MILENA DE HOLANDA OLIVEIRA BEZERRA • MARIZA MARIA BARBOSA CARVALHO • ANICE HOLANDA NUNES MAIA • HERLENY MOREIRA RIOS • HÉRYCA JOANY SINDEAUX DE OLIVEIRA

42

nas atividades de educação pelo trabalho tem relação com a origem dos profissionais. A maioria de tutores e precepto-res faz parte das equipes de saúde da família e saúde bucal. A menor participação das profissões das equipes dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) poderá refletir o número ainda pouco expressivo dos NASFs cadastrados no MS (CAM-POS, 2007).

Com isso, a Psicologia e o psicólogo podem contribuir com ações que permitam a aplicação dos conhecimentos psi-cológicos tanto na docência e na produção científica quanto na elaboração de estratégias administrativas e educacionais em saúde, colaborando para uma formação acadêmica dos futu-ros profissionais de saúde. Nossa participação no PET-Saúde permitiu entender que a prática da Psicologia em programas tutoriais pode se estender além das práticas assistenciais em saúde, oriundas do próprio programa ministerial, mas também das novas perspectivas de atuação do psicólogo, que são con-quistas e avanços da prática profissional.

As demandas sociais e as necessidades em saúde da população não podem ser contempladas a partir da formação profissional rígida, limitada a uma estrutura curricular, cen-trada apenas em aquisições cognitivas. No entanto, para dar conta da realidade complexa do trabalho em saúde, os traba-lhadores são convocados a criar, a improvisar ações, a pensar o melhor modo de trabalhar e a maneira mais adequada de realizar o trabalho para atender aos diversos contextos espe-cíficos e evitar que a tarefa seja feita de forma mecânica.

Nesse contexto, o tutor, na experiência do PET-Saú-de, que tem como uma de suas principais atribuições mediar o processo de ensino-aprendizagem por meio da mobiliza-ção dos alunos para que sejam sujeitos da construção do seu aprendizado, necessita desenvolver vários níveis de compe-

Page 43: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

EDUCAÇÃO PELO TRABALHO: A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO PSICÓLOGO NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO TUTORIAL NA SAÚDE

43

tência, como a técnica, a comunicacional e a relacional, para dar conta da complexidade das demandas produzidas pela população.

Merhy (2007) afirma que na micropolítica do trabalho não cabe a noção de impotência, pois o processo de traba-lho está sempre aberto à presença de trabalho vivo que pode comportar, exemplo disso é a criatividade permanente do tra-balhador em ação para inventar novos processos de trabalho e mesmo para abri-lo em outras direções não pensadas. O tra-balho deve ocupar lugar privilegiado na vida do trabalhador. Ele não é neutro em relação ao que provoca no sujeito; nos serviços de saúde, ele é potencialmente produtor de sentido, quando conta com a autonomia dos sujeitos para criar/recriar, fazer/desfazer o modo de produzir saúde, ou ele é produtor de desânimo, impotência, quando é um processo banal, repetiti-vo, burocrático.

A contribuição do PET-Saúde nos permite perceber que a formação do psicólogo por meio do trabalho real interroga os modos de ação, desmancha-os, porque acompanha o movi-mento vivo, que é de desconstrução e invenção permanentes, para não permitir que a prática seja reduzida a uma série de passos ou procedimentos, e sim para que seja um caminho de encontros e problematizações que surgem nos processos de trabalho (HADDAD et al., 2007).

Portanto, é no dia a dia da prática de tutoria comprome-tida com a formação por meio do trabalho que as reflexões/análises sobre o trabalho e sobre os valores e as limitações do trabalhador devem ser efetivadas. Esse profissional, seja o tutor ou o acadêmico de Psicologia, ao tomar o cuidado em saúde como atividade criativa, sob permanente reflexão crí-tica, afirma sua autonomia para renormatizar seu processo de trabalho, suas relações sociais e sua cultura.

Page 44: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

MILENA DE HOLANDA OLIVEIRA BEZERRA • MARIZA MARIA BARBOSA CARVALHO • ANICE HOLANDA NUNES MAIA • HERLENY MOREIRA RIOS • HÉRYCA JOANY SINDEAUX DE OLIVEIRA

44

Considerações finais

Nossa experiência no programa PET-Saúde nos propor-cionou uma nova concepção das possibilidades e campos de atuação do profissional de Psicologia, que vai além das práti-cas assistenciais, uma vez que compreendemos que a atuação do psicólogo tutor/professor na educação de futuros profis-sionais de saúde é a de planejar e supervisionar as atividades educativas e o desempenho do grupo sobre sua orientação, que deve ser para a formação de profissionais críticos, reflexi-vos e capazes de agir em equipe frente às demandas de saúde.

Percebemos ainda a necessidade de ampliar a formação dos estudantes ainda na graduação de Psicologia, consideran-do a atuação profissional docente, realidade vivida no progra-ma PET-Saúde, que propõe a formação em situação real do trabalho, mas que nem sempre encontra tutores e preceptores qualificados para a mediação do processo de ensino-aprendi-zagem, estando, portanto, mais aptos a ensinar o que sabem fazer, culminando em um ensino que reproduz a técnica assis-tencialista em saúde, que certamente compromete a forma-ção para o trabalho em saúde ante suas diversas demandas e desafios.

Referências

BRASIL. Lei n. 4.119, de 27 de agosto de 1962. Dispõe sobre os cursos de formação em Psicologia e regulamenta a profis-são de psicólogo. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 5 set. 1962.

BRASIL. Ministério da Educação. Manual de Orientação Bá-sica do Programa de Educação Tutorial – PET. Brasília, DF: MEC, 2006.

Page 45: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

EDUCAÇÃO PELO TRABALHO: A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO PSICÓLOGO NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO TUTORIAL NA SAÚDE

45

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Classificação brasi-leira de ocupações. Relatório, tabela e atividades. 2014. Disponí-vel em: <http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/pesquisas/resultadofamiliaparticipantes.jsf>. Acesso em: 28 ago. 2014.

BRASIL. Portaria Interministerial n. 1.802, de 26 de agosto de 2008. Institui o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde – PET – Saúde. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 27 ago. 2008.

CAMPOS, G. W. S. Um método para análise e cogestão de co-letivos. São Paulo: Hucitec, 2007.

CAMPOS, R. H. H. 30 anos de regulamentação. Psicologia: Ci-ência e Profissão, Brasília, DF, v. 12, n. 2, p. 5-7, 1992.

CFP – Conselho Federal de Psicologia. Jornal do Conselho Fe-deral de Psicologia, v. 23, n. 104, 2012.

CFP – Conselho Federal de Psicologia. Sistema Conselhos de Psicologia: 30 anos de história. Brasília, DF: CFP, 2004.

GEIB, L. T. C. et at. A tutoria acadêmica no contexto histórico da educação. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, DF, v. 60, n. 2, p. 217-220, 2007.

HADDAD, A. E. et al. Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde – PET-Saúde. Cadernos ABEM, Rio de Janeiro, v. 5, p. 5-12, 2009.

MARTINS, I. L. Educação tutorial no ensino presencial – uma análise sobre o Pet. 2007. Disponível em: <http://cenapet.adm.feis.unesp.br/home/foruns/educacaotutorial/educacao%20tutorial%20no%20ensino%20presencial%20%20uma%20ana-lise%20sobre%20o%20pet%20-%20iguatemy%20lucena%20martins.pdf>. Acesso em: 14 jul. 2015.

MERHY, E. E. Em busca do tempo perdido: a micropolítica do trabalho vivo em saúde. In: MERHY, E. E.; ONOCKO, R. (Org.). Agir em saúde: um desafio para o público. São Paulo: Hucitec, 2007. p. 71-112.

Page 46: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

46

ROSE-ELOÍSE HOLANDAMestranda em Saúde da Criança e do Adolescente pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e especialista em Educação na Saúde para Preceptores do SUS pelo Instituto de Ensino e Pesquisa Sírio-Libanês (IEP). Supervisora de Estágio Supervisionado do curso de Enfermagem do Centro Uni-versitário Católica de Quixadá (Unicatólica).E-mail: <[email protected]>.

PAULO JORGE DE OLIVEIRA FERREIRAMestre em Enfermagem Fundamental pela Universidade de São Paulo (USP). Coordenador do curso de Enfermagem do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica). Enfermeiro.E-mail: <[email protected]>.

MARIZA MARIA BARBOSA CARVALHOMestra em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Docente do curso de Fisiote-rapia do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica). Fisioterapeuta.E-mail: <[email protected]>.

LIENE RIBEIRO DE LIMAEnfermeira, docente e coordenadora do curso de Enfermagem do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica).E-mail: <[email protected]>.

ANNE FAYMA LOPES CHAVESDoutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Docente do curso de Enferma-gem do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica). Enfermeira.E-mail: <[email protected]>.

COMPETÊNCIAS EDUCACIONAIS NA PRECEPTORIA EM ENFERMAGEM

Page 47: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

COMPETÊNCIAS EDUCACIONAIS NA PRECEPTORIA EM ENFERMAGEM

47

Introdução

Na graduação em Enfermagem, a preceptoria passa a ser mais discutida a partir de 1996, com o Parecer n. 314/1994, do Conselho Federal de Educação, que, ao ser aprovado pelo Ministério da Educação, constituiu as Portarias n. 1.721/1994 e n. 1/1996, que regulamentaram o novo currículo mínimo para os cursos de graduação em Enfermagem. Este institui que, além das atividades teóricas (aulas, seminários e outros estudos dessa natureza), o currículo deve abranger o ensino prático comumente adotado pelas escolas (laboratórios, ensi-no-clínico nas diversas áreas da assistência e dos serviços de saúde hospitalar, bem como da rede básica) e que pelo menos em dois semestres letivos deve acontecer estágio curricular supervisionado, que deve ser programado, acompanhado e avaliado pela escola e pelos enfermeiros dos serviços de saú-de, considerados os responsáveis por essa atividade (CARVA-LHO; FAGUNDES, 2008).

O preceptor é o profissional que atua dentro do ambiente de trabalho e de formação, estritamente na área e no momento da prática clínica. Sua ação se dá por meio de encontros for-mais que objetivam o progresso clínico do aluno ou recém-gra-duado. Possui a função primordial de desenvolver habilidades clínicas e avaliar o profissional em ação (FAJARDO, 2011).

O preceptor se preocupa principalmente com a compe-tência de ensino-aprendizagem do desenvolvimento profissio-

Page 48: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

ROSE-ELOÍSE HOLANDA • PAULO JORGE DE OLIVEIRA FERREIRA • MARIZA MARIA BARBOSA CARVALHO • LIENE RIBEIRO DE LIMA • ANNE FAYMA LOPES CHAVES

48

nal, favorecendo a aquisição de habilidades e competências pelos recém-graduados em situações clínicas reais no pró-prio ambiente de trabalho. É importante lembrar ainda que as avaliações formais também fazem parte da preceptoria. Esse profissional deve ter a capacidade de integrar os conceitos e valores da escola e do trabalho, ajudando o aluno em formação a desenvolver estratégias factíveis para resolver os problemas cotidianos da atenção à saúde (BOTTI, 2009).

O preceptor desenvolve o ato da crítica amorosa e cui-dadora, sem a perspectiva de inferiorizar o estudante. A rela-ção se horizontaliza quando o preceptor não é nem pretende ser a voz da verdade. Foge-se, portanto, da educação bancária, na qual o estudante é depositário do saber do preceptor (BAR-RETO et al., 2011).

A noção de formação por competência na Enfermagem sucede a noção de qualificação e explicita os conteúdos reais do trabalho, colocando-se para além da formação, dos atribu-tos pessoais, das potencialidades e dos valores. A formação por competência consiste em um dos aspectos centrais nas diretrizes curriculares dos cursos de graduação em Enferma-gem. A noção de competências surge bastante articulada a essa nova ordem mundial que se instaura para o trabalho e encontra eco na área da Saúde, apoiada nas características do trabalho em saúde. Assim, o objetivo da adoção do modelo de competências é adequar a formação da força de trabalho às novas exigências do sistema produtivo, o que possibilitaria a flexibilização do mercado de trabalho e a unificação do sistema de qualificação profissional (FRACOLLI; CASTRO, 2012).

A escolha por esse tema veio desde o início do curso, pois, como já atuava como preceptora, esse era um tema com o qual muito me identificava. Desde que me formei, trabalho como preceptora do curso de Enfermagem e a cada dia, com

Page 49: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

COMPETÊNCIAS EDUCACIONAIS NA PRECEPTORIA EM ENFERMAGEM

49

novas experiências com os alunos, sinto-me mais preparada para exercer o cargo de preceptora, cargo que não tinha ima-ginado para mim, mas me veio como oportunidade de trabalho que aceitei e sempre tento melhorar, haja vista o fato de que os alunos hoje são bem exigentes.

Sobre o tema escolhido, vejo a necessidade de os pre-ceptores a cada dia aprimorarem seus conhecimentos, uti-lizando as competências que lhe são de direito, para assim serem mais bem reconhecidos no mercado de trabalho e nos artigos científicos, já que não encontramos muitos artigos re-lacionados ao tema. No próprio curso, vimos sempre textos e perguntas relacionadas à preceptoria médica como se só existisse o curso de Medicina. Temos que mudar essa situação, uma vez que estamos no mercado, formando futuros profis-sionais. Temos como objetivo conhecer sobre as competências educacionais na preceptoria em Enfermagem por meio de uma revisão da literatura.

Fundamentação teórica

A palavra “preceptor” vem do latim “praecipio”, “man-dar com império aos que lhe são inferiores”. Era aplicada aos mestres das ordens militares, mas desde o século XVI (já apa-rece com este sentido em 1540) é usada para designar aquele que dá preceitos ou instruções, educador, mentor, instrutor. Mais tarde, passou a identificar alguém que educa uma crian-ça ou um jovem, geralmente na casa do educando (HOUAISS; VILLAR, 2001).

Na literatura, encontram-se diferentes funções para o preceptor, sendo essenciais as de orientar, dar suporte, ensinar e compartilhar experiências que melhorem a competência clí-nica e ajudem o graduando e o recém-graduado a se adaptarem

Page 50: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

ROSE-ELOÍSE HOLANDA • PAULO JORGE DE OLIVEIRA FERREIRA • MARIZA MARIA BARBOSA CARVALHO • LIENE RIBEIRO DE LIMA • ANNE FAYMA LOPES CHAVES

50

ao exercício da profissão, que, como já dissemos, vive em cons-tante mudança. Para que o profissional possa oferecer cuidado de qualidade em saúde, é necessária completa adesão a essas mudanças. E cabe ao preceptor criar as condições necessárias para que elas sejam implementadas de maneira satisfatória du-rante o processo de formação (BOTTI; REGO, 2008).

Segundo os mesmos autores, a principal função do pre-ceptor é ensinar a clinicar mediante instruções formais e com determinados objetivos e metas. Portanto, entre as suas carac-terísticas marcantes, devem estar o conhecimento e a habilida-de em desempenhar procedimentos clínicos. Nesse sentido, o preceptor se preocupa principalmente com a competência clí-nica ou com os aspectos de ensino-aprendizagem do desenvol-vimento profissional, favorecendo a aquisição de habilidades e competências pelos recém-graduados em situações clínicas re-ais no próprio ambiente de trabalho. É importante lembrar ainda que as avaliações formais fazem parte também da preceptoria.

Os preceptores devem compreender como estão ocor-rendo processos de ensino-aprendizagem desenvolvidos nos serviços de saúde e como se dá a articulação com o cuidado integral nos cenários de prática. A preceptoria é uma modali-dade de ensino que vem se destacando no cenário da saúde, mas pouco abordada na literatura, até mesmo na legislação existente. O Ministério da Saúde concebe a preceptoria como:

Função de supervisão docente-assistencial por área específica de atuação ou de especialidade profissional, dirigida aos profissionais de saúde com curso de graduação e mínimo de três anos de experiência em área de aperfeiçoamento ou especialidade ou titulação acadêmica de espe-cialização ou de residência, que exerçam ativi-dade de organização do processo de aprendiza-gem especializado e de orientação técnica aos

Page 51: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

COMPETÊNCIAS EDUCACIONAIS NA PRECEPTORIA EM ENFERMAGEM

51

profissionais ou estudantes, respectivamente em aperfeiçoamento ou especialização ou em estágio ou vivência de graduação ou de exten-são. (BRASIL, 2005).

Na formação de enfermeiros, o estágio supervisionado, como estratégia didática, facilita a fixação do conhecimento do graduando, com vistas à formação profissional que desenvolva domínio cognitivo, teórico e prático. É uma forma de ensinar que busca resultados relacionados à mudança de comportamento no manejo de situações reais. No entanto, no campo da saúde, as singularidades das demandas concorrem para a reorganiza-ção dos conhecimentos técnico e teórico em sua aplicação, es-timulando o raciocínio do próprio aluno (RODRIGUES, 2012).

A mesma autora afirma que, no sentido de formar pro-fissionais competentes e capazes de articular a teoria e a práti-ca em harmonia com as singularidades de cada ser humano, o saber do estudante também deve ser compartilhado junto aos atores no campo com vistas a somar contribuições que condu-zam à construção do conhecimento. Heidegger (2006) pontua que as discussões e diálogo entre preceptores e graduandos quanto a suas experiências fomentam a partilha da sabedoria em uma relação estabelecida, não de dominação do saber, e sim de interação, para que haja a transcendência do ser.

Em função da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educa-ção Nacional (LDBEN), Lei n. 9.394/1996, instituições relacio-nadas ao ensino de Enfermagem foram as primeiras da área de Saúde que se mobilizaram para traçar as diretrizes gerais para a educação em Enfermagem no Brasil. Durante o processo de construção das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), fo-ram envolvidas diversas entidades nacionais, tanto do âmbito do ensino quanto dos serviços, na busca de um perfil profis-sional com competências, habilidades e conhecimentos para

Page 52: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

ROSE-ELOÍSE HOLANDA • PAULO JORGE DE OLIVEIRA FERREIRA • MARIZA MARIA BARBOSA CARVALHO • LIENE RIBEIRO DE LIMA • ANNE FAYMA LOPES CHAVES

52

atuar no Sistema Único de Saúde (SUS) (ALMEIDA, 2003). Segundo Peres e Ciampone (2006), as DCNs para a educação profissional de nível técnico preenchem a lacuna conceitual sobre competência das DCNs da graduação.

Competência profissional é a capacidade “[...] de mobili-zar, articular, colocar em ação, valores, conhecimentos e habili-dades necessários para o desempenho eficiente e eficaz de ati-vidades requeridas pela natureza do trabalho” (BRASIL, 1999).

Peres e Ciampone (2006) asseveram que a crítica sobre as políticas de educação voltadas à formação de competên-cias mostra que, a exemplo do que ocorre na América Latina, a educação baseada em competências surge para adequar os sistemas educacionais com um novo conceito para a qualifi-cação profissional e satisfazer investidores internacionais. A lógica do mercado prima por mão de obra capacitada para dar conta da dimensão tecnológica e não privilegia a formação crí-tico-reflexiva, capaz de impactar o mercado e provocar melho-rias sociais locais a médio e longo prazo.

As DCNs da graduação apontam para o exercício das seguintes competências e habilidades gerais dos profissionais de saúde: atenção à saúde, tomada de decisões, comunicação, liderança, administração e gerenciamento e educação perma-nentes. Entre as seis competências apontadas, cinco podem ser caracterizadas como competências gerenciais (PERES; CIAMPONE, 2006). Para compreender melhor as compe-tências apontadas pelas DCNs para a área da Saúde, Peres e Ciampone (2006, p. 493-498) as descrevem a seguir:

Atenção à saúde‘Os profissionais de saúde, dentro de seu âm-bito, devem estar aptos a desenvolver ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, tanto em nível individual quanto cole-

Page 53: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

COMPETÊNCIAS EDUCACIONAIS NA PRECEPTORIA EM ENFERMAGEM

53

tivo’. [...] Para que a atenção à saúde seja alcan-çada, o profissional que exerce a gerência faz uso de instrumentos do trabalho administrativo como o planejamento, a organização, a coorde-nação e o controle. A qualidade da assistência à saúde demanda a existência de recursos hu-manos qualificados e recursos materiais com-patíveis/adequados com a oferta de cuidados orientada pelas necessidades de saúde.

Tomada de decisãoOutra competência almejada para o profissional de saúde pelas DCNs é a tomada de decisão. ‘O trabalho dos profissionais de saúde deve estar fundamentado na capacidade de tomar deci-sões, visando ao uso apropriado, eficácia e cus-to-efetividade, da força de trabalho, de medica-mentos, de equipamentos, de procedimentos e de práticas. Para este fim, eles devem possuir competências e habilidades para avaliar, siste-matizar e decidir as condutas mais adequadas, baseadas em evidências científicas’. A Adminis-tração indica que o processo de tomada de deci-sões pode ser desenvolvido pelos gestores com maior qualidade, se estes seguirem um método.

LiderançaA liderança é tida como uma das principais com-petências a serem adquiridas pelo profissional de saúde. [...] Liderança é o processo pelo qual um grupo é induzido a dedicar-se aos objetivos de-fendidos pelo líder ou partilhado pelo líder e seus seguidores. Liderança e administração se sobre-põem, já que alguns aspectos da liderança pode-riam ser descritos como gerenciamento. Florence Nightingale é apontada como exemplo de líder.

Educação permanenteO exercício da competência ‘educação perma-nente’ é citado nas DCNs como responsabilida-

Page 54: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

ROSE-ELOÍSE HOLANDA • PAULO JORGE DE OLIVEIRA FERREIRA • MARIZA MARIA BARBOSA CARVALHO • LIENE RIBEIRO DE LIMA • ANNE FAYMA LOPES CHAVES

54

de do profissional de saúde associada ao papel da universidade e das políticas institucionais. Os profissionais devem aprender dia a dia na teoria e prática. Os profissionais da saúde devem sem-pre estar atentos em sua educação e treinamen-to. Sobre a educação permanente como com-petência a ser adquirida pelos profissionais de saúde, a mesma pode ser viável sob o enfoque de atualização contínua que busque inovar e su-prir as necessidades de atualização do trabalho, desde que a instituição de saúde se comprome-ta juntamente com o profissional, facilitando ou participando do planejamento e desenvolvi-mento de ações de educação permanente.

ComunicaçãoComunicação é a troca de informações, fatos, ideias e significados. Entre os componentes de uma comunicação estão a mensagem, o comu-nicador, o receptor e o meio. Nos processos de codificação, decodificação e feedback são senti-das as influências de seus componentes, como: a urgência da mensagem, a experiência, a habili-dade do emissor e a imagem que este tem do re-ceptor. [...] Na comunicação interpessoal, a ca-pacidade que o comunicador deve possuir para expressar o que sente, pensa e precisa, aliada ao fato de o receptor ser um bom ouvinte e estar aberto a escutar de fato seu interlocutor, facilita o sucesso da comunicação.

Administração e gerenciamentoO enfermeiro tem sido o responsável pela or-ganização e coordenação das atividades assis-tenciais dos hospitais e pela viabilização para que os demais profissionais da equipe de en-fermagem e outros da equipe de saúde atuem, tanto no ambiente hospitalar quanto na saúde pública. [...] Após serem apresentadas as com-petências gerais propostas pelas DCNs para a

Page 55: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

COMPETÊNCIAS EDUCACIONAIS NA PRECEPTORIA EM ENFERMAGEM

55

formação dos profissionais de saúde, surgem os desafios a serem enfrentados para sua efeti-vação. Cabe ao preceptor enfermeiro, seguindo as DCNs, formar um profissional crítico-refle-xivo, ativo diante das demandas do mercado de trabalho.

Metodologia

O estudo é uma revisão bibliográfica do tipo narrativa. A revisão narrativa, segundo Cordeiro et al. (2007), é uma ampla apresentação e discussão do tema investigado que dificilmen-te parte de uma questão específica bem definida, não exigindo um protocolo rígido para sua confecção; a busca das fontes não é predeterminada e específica, sendo frequentemente me-nos abrangente.

A coleta de dados foi realizada por meio de uma pes-quisa ampliada em revistas indexadas na biblioteca virtual do Centro Latino-Americano de Informação em Ciências da Saú-de (Bireme), na base de dados da Literatura Latino-Americana em Ciências de Saúde (Lilacs).

O levantamento das produções foi realizado nos meses de maio e junho de 2014, sendo utilizados os descritores de saúde “competências” e “preceptoria”, controlados pela Bire-me/BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), sem restrição de ano.

Como critérios de inclusão, estabeleceram-se: produ-ções disponíveis eletronicamente; produções que estivessem escritas no idioma português; produções completas de pes-quisa que abordavam as competências da preceptoria em En-fermagem. Na primeira busca, identificaram-se 12 produções, das quais oito não atendiam aos critérios de inclusão, sendo, portanto, descartadas. Assim, foram analisados dois artigos, uma dissertação de mestrado e uma tese de doutorado.

Page 56: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

ROSE-ELOÍSE HOLANDA • PAULO JORGE DE OLIVEIRA FERREIRA • MARIZA MARIA BARBOSA CARVALHO • LIENE RIBEIRO DE LIMA • ANNE FAYMA LOPES CHAVES

56

Para a organização e análise das produções que aten-deram aos critérios de inclusão, foram utilizados alguns itens do formulário do estudo de Ursi (2005) (Apêndice A), que foi preenchido para cada artigo da amostra final do estudo. O for-mulário permitiu a obtenção de informações sobre identifica-ção, tipo de periódico, tipo de estudo; objetivo ou questão de investigação; tamanho da amostra e suas características meto-dológicas; intervenções propostas; resultados e análise.

Após a leitura das produções, os dados foram categori-zados e divididos em quadros com tópicos referentes ao obje-to de investigação, resultados e conclusão.

Resultados e discussões

Após o levantamento realizado, foram analisadas duas publicações de artigos, uma dissertação e uma tese. Os acha-dos que se seguem foram extraídos levando-se em considera-ção o objetivo da pesquisa.

Em relação ao tipo de revista, todas são da área da Saú-de, sendo uma revista de educação médica, uma revista de saúde e sociedade, uma dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universi-dade do Rio Grande do Sul (UFRGS) e uma tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

As áreas para as quais os estudos estavam direcionados eram: Enfermagem (2). As profissões dos(as) autores(as) que prevaleceram foram: enfermeiros (2) e médicos (6). Todos os artigos eram de data posterior a 2002. Dos artigos analisados, todos abordavam a preceptoria e/ou competência no título. Segue a caracterização de todos os estudos organizados nos quadros de 1 a 4.

Page 57: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

COMPETÊNCIAS EDUCACIONAIS NA PRECEPTORIA EM ENFERMAGEM

57

Quadro 1 – Artigo: A preceptoria na rede básica da SMS do Rio de Janeiro: opinião dos profissionais de saúde

Autores e profissão

Anete Trajman – MédicaNaima Assunção – MédicaMonique Venturi – MédicaDiogo Tobias – MédicoWalria Toschi – MédicaVictoria Branti – Médica

Ano de publicação 2009

Publicação Revista Brasileira de Educação Médica

Objeto de investigação

Avaliar a opinião dos profissionais de saúde da rede básica municipal do Rio de Janeiro sobre a atividade de preceptoria, como parte de um projeto mais amplo de avaliação da inte-gração docente-assistencial.

Metodologia

Desenvolveu-se um estudo transversal, do tipo inquérito, ba-seado em questionário autoaplicável em 13 unidades de aten-dimento básico situadas em diferentes áreas programáticas, selecionadas por conveniência dos pesquisadores entre as 67 unidades existentes no município do Rio de Janeiro.

Principais resultados

Entre 426 profissionais presentes nos dias do inquérito, 351 (82,4%) responderam ao questionário. A maior parte dos que recusaram responder alegava falta de tempo. Entre os 347 que responderam à pergunta fechada “Faz parte do papel do pro-fissional do SUS orientar estudantes?”, 267 (76,9%) responde-ram afirmativamente. Dentre 322 que responderam à pergunta “Você gostaria de supervisionar atividades práticas de estudan-tes?”, 204 (61,4%) responderam afirmativamente. Os proble-mas identificados nas respostas abertas com maior frequência foram: espaço físico reduzido (24,5%), carência de recursos (20,7%), falta de tempo dos profissionais (14,4%) e despreparo profissional (11,2%). O incentivo mais citado espontaneamente foi a remuneração por essa atividade (44,5%).

Conclusão

Consideramos que a formação pedagógica de preceptores deve ter como meta compreender o que significa um processo dialético de ensino-aprendizagem, por meio da adoção de um modelo educativo e de perspectivas pedagógicas que supere a mera transmissão de conhecimentos e que leve os profissio-nais a extraírem das situações complexas e contraditórias de seus exercícios profissionais diários a possibilidade de supe-rar obstáculos e construir alternativas de solução.

Page 58: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

ROSE-ELOÍSE HOLANDA • PAULO JORGE DE OLIVEIRA FERREIRA • MARIZA MARIA BARBOSA CARVALHO • LIENE RIBEIRO DE LIMA • ANNE FAYMA LOPES CHAVES

58

Quadro 2 – Artigo: Preceptoria de território, novas práticas e saberes na Estratégia de Educação Permanente em Saúde da

Família: o estudo do caso de Sobral/CE

Autores e pro-fissão

Rosani Pagani – Mestra em Sáude PúblicaLuiz Odorico Monteiro de Andrade – Doutor em Saúde Coletiva

Ano de publi-cação 2012

Publicação Saúde & Sociedade

Objeto de inves-tigação

Analisar a implantação e a atuação da preceptoria de terri-tório, descrevendo o processo de trabalho dos preceptores e identificando suas competências. Além disso, descreveu--se o processo de educação permanente desenvolvido na Estratégia de Saúde da Família em Sobral/CE.

Metodologia

Utilizou-se uma abordagem qualitativa do tipo estudo de caso com os seguintes instrumentos: entrevistas, questio-nários e grupo focal. Para a organização, os dados foram analisados através da técnica do Discurso do Sujeito Co-letivo (DSC).

Principais resul-tados

Entre os achados do estudo, identificou-se o preceptor de território como um profissional que atua diretamente com os residentes nos territórios das equipes da Estratégia de Saúde da Família, destacando-se por suas amplas compe-tências.

Conclusão

Todos os pesquisados ressaltaram a importância da pre-sença desse profissional no território para acompanhar a equipe e os residentes. Consideravam essencial contar com um profissional que trabalhasse com a aprendizagem significativa por meio da problematização no próprio ter-ritório onde se encontram as dificuldades a serem resol-vidas e para as quais se exigem as devidas competências.

Page 59: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

COMPETÊNCIAS EDUCACIONAIS NA PRECEPTORIA EM ENFERMAGEM

59

Quadro 3 – Dissertação: Competências para a preceptoria: construção no Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde Autora e profissão Carla Daiane Silva Rodrigues – Enfermeira

Ano de publicação 2012

Publicação Universidade Federal do Rio Grande do SulObjeto de investiga-

ção

Identificar e analisar as competências requeridas para a pre-ceptoria no PET-Saúde.

Metodo-logia

Estudo exploratório descritivo qualiquantitativo com o uso da técnica Delphi. A técnica Delphi é uma ferramenta de pesquisa que busca um consenso de opiniões de um grupo de especia-listas a respeito de um problema complexo. A pesquisa inclui questionários interativos.

Principais resultados

Resultaram 43 competências que foram classificadas em nove áreas de domínios, sendo elas: educacional, valores profissionais, ciências básicas da saúde pública, gerência, atenção à saúde, trabalho em equipe, comunicação. Os resultados indicam o compromisso dos pre-ceptores com a formação dos futuros profissionais da área da Saúde.

ConclusãoA identificação de competências para a preceptoria, no contexto do sistema de saúde, permitiu revelar o compromisso dos servi-ços com a formação dos futuros profissionais da área da Saúde.

Quadro 4 – Tese: Competências do docente tutor no contexto da mudança curricular do curso de graduação em Enfermagem do Unifeso

Autora e profissão Suzelaine Tanji – Enfermeira

Ano de publicação 2011

Publicação Universidade Federal do Rio de Janeiro

Objeto de investigação

Descrever as competências profissionais formadas pelo do-cente tutor que atua no contexto da mudança curricular do curso de graduação em Enfermagem.

MetodologiaPesquisa qualitativa do tipo estudo de caso, realizada em uma instituição de ensino superior da rede privada da região serra-na do estado do Rio de Janeiro.

Principais resultados

Os resultados foram organizados em quatro categorias temáti-cas: os passos metodológicos subsidiando a formação de com-petência do docente tutor; a facilitação da aprendizagem: uma competência a ser desenvolvida pelo docente tutor; a forma-ção de competência para o domínio do processo de trabalho dos docentes tutores; as implicações do desenvolvimento das competências do docente tutor no curso de graduação em En-fermagem do Unifeso frente à formação do enfermeiro.

(continua)

Page 60: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

ROSE-ELOÍSE HOLANDA • PAULO JORGE DE OLIVEIRA FERREIRA • MARIZA MARIA BARBOSA CARVALHO • LIENE RIBEIRO DE LIMA • ANNE FAYMA LOPES CHAVES

60

Conclusão

Várias competências foram desenvolvidas pelos docentes tuto-res, determinadas a partir de capacitações. Dentre as implica-ções não foram detectadas nenhuma que pudesse vir a inviabi-lizar o processo de mudança curricular.

Ao analisar as produções, percebeu-se que todas tratam sobre preceptoria e competência em Enfermagem. Os artigos são bem específicos, falando sobre o papel da preceptoria. Se-gundo Valente e Ferreira (2013), a responsabilidade em formar profissionais na educação superior é do preceptor nos cursos de graduação em Enfermagem. O papel de mediador exercido pelo preceptor na construção e valorização das aprendizagens reconstruídas na prática é fundamental na formação do en-fermeiro. A função do preceptor é essencial, pois ele permite a oportunidade dos encontros dos alunos com os usuários da instituição. Portanto, vê-se que o preceptor precisa de apoio para uma melhor formação didático-pedagógica, a fim de se instrumentalizar e poder desenvolver suas competências para a melhor formação de outros profissionais.

O preceptor tem a função de estreitar a distância en-tre teoria e prática, não se preocupando em transmitir teorias ou valores, mas incentivando a construção da autonomia do aluno em formação. Para Taylor (2006), o preceptor tem o instinto de transmitir ao residente tudo o que sabe, mas isso é insuficiente para o verdadeiro aprendizado, porque não se foca o verdadeiro significado do aprender.

Consoante estudos de Gramigna (2000), competência é o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que algu-mas pessoas dominam melhor do que outras, o que as faz se destacar em determinados contextos.

Após analisar todos os artigos selecionados, percebe-mos que todos falam sobre o papel do preceptor, qual sua fun-ção real com os alunos, tendo sempre em conta que o mesmo precisa ter as competências necessárias para assumir o cargo.

Page 61: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

COMPETÊNCIAS EDUCACIONAIS NA PRECEPTORIA EM ENFERMAGEM

61

Conclusão

Realizamos o estudo com produções encontradas em re-vistas indexadas na biblioteca virtual Bireme, na base de dados Lilacs. Estudamos 12 produções, sendo que oito não atendiam aos critérios de inclusão, as quais foram descartadas. Assim, analisamos dois artigos, uma dissertação de mestrado e uma tese de doutorado. Todas as produções falam sobre as compe-tências da preceptoria em Enfermagem.

O estudo foi importante, pois avaliamos como estão sendo realizadas as pesquisas relacionadas à preceptoria em Enfermagem, abordando as competências. Uma das limitações do estudo foi a busca em apenas uma base de dados. Esse fato ocorreu por termos optado por buscar artigos em língua portuguesa. Constatamos o número reduzido de publicações nessa perspectiva tratando sobre a preceptoria em Enferma-gem. Observamos que a maioria das produções relacionava-se à preceptoria médica. Diante disso, faz-se necessário que os enfermeiros produzam mais nessa área, já que eles, como pre-ceptores do curso de Enfermagem, detêm um número razoável de alunos.

O preceptor é um educador que tem a função de ofe-recer ao aprendiz um ambiente que lhe permita construir e reconstruir conhecimentos, num caminho que se trilha para formar pessoas transformadoras na sociedade a que perten-cem. Pessoas estas comprometidas com a sociedade e que percebem a importância de seus papéis profissionais na cons-trução da cidadania. Nesse sentido, educar é muito diferente de treinar (SANTOS et al., 2013).

O estudo é importante, pois acredita-se que quanto mais falarmos da importância da preceptoria em Enfermagem, relacionando com as competências que cada um necessita

Page 62: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

ROSE-ELOÍSE HOLANDA • PAULO JORGE DE OLIVEIRA FERREIRA • MARIZA MARIA BARBOSA CARVALHO • LIENE RIBEIRO DE LIMA • ANNE FAYMA LOPES CHAVES

62

para seu melhor desenvolvimento na prática, iremos ver mais publicações sobre o assunto.

Referências

ALMEIDA, M. As novas diretrizes curriculares para os cursos da área de Saúde. Londrina: Rede Unida, 2003.

BARRETO, V. H. L. et al. Papel do preceptor da atenção primá-ria em saúde na formação da graduação e pós-graduação da Universidade Federal de Pernambuco – um termo de referên-cia. Revista Brasileira de Educação Médica, Brasília, DF, v. 35, n. 4, p. 578-583, 2011.

BOTTI, S. H. O. O papel do preceptor na formação de médicos residentes: um estudo de residências em especialidades clíni-cas de um hospital de ensino. 2009. 104 f. Tese (Doutorado em Ciências) – Programa de Pós-Graduação em Ciências, Es-cola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Rio de Janeiro, 2009.

BOTTI, S. H. O.; REGO, S. Preceptor, supervisor, tutor e men-tor: quais são seus papéis? Revista Brasileira de Educação Médica, Brasília, DF, v. 32, n. 3, p. 363-373, 2008.

BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 21 dez. 1996.

BRASIL. Parecer n. 314, de 6 de setembro de 1994. Currículo mínimo para o curso de Enfermagem. Diário Oficial [da] Re-pública Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 8 set. 1994.

BRASIL. Portaria n. 1.111, de 5 de julho de 2005. Fixa normas para a implementação e a execução do Programa de Bolsas para a Educação pelo Trabalho. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 6 jul. 2005.

Page 63: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

COMPETÊNCIAS EDUCACIONAIS NA PRECEPTORIA EM ENFERMAGEM

63

BRASIL. Portaria n. 1.721, de 15 de dezembro de 1994. Dispõe sobre o novo Currículo Mínimo de Graduação em Enferma-gem. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 16 dez. 1994.

BRASIL. Resolução n. 4, de 8 de dezembro de 1999. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de Nível Técnico. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 9 dez. 1999.

CARVALHO, E. S. S.; FAGUNDES, N. C. A inserção da precepto-ria no curso de graduação em Enfermagem. Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste, Fortaleza, v. 9, n. 2, p. 98-105, 2008.

CORDEIRO, A. M. et al. Revisão sistemática: uma revisão nar-rativa. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, Rio de Ja-neiro, v. 34, n. 6, p. 428-431, 2007.

FAJARDO, A. P. Os tempos da docência nas residências em área profissional da Saúde: ensinar, atender e (re)construir as instituições-escola na Saúde. 2011. 200 f. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Uni-versidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011.

FRACOLLI, L. A.; CASTRO, D. F. A. Competência do enfermeiro na atenção básica: em foco a humanização do processo de traba-lho. O Mundo da Saúde, São Paulo, v. 36, n. 3, p. 427-432, 2012.

GRAMIGNA, M. R. As atitudes. Árvores das competências do trabalho em equipe. 2000. Disponível em: <http:www.rh.com.br/ler.phd>. Acesso em: 10 out. 2018.

HEIDEGGER, M. Ser e tempo. São Paulo: Vozes, 2006.

HOUAISS, A.; VILLAR, M. S. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

PAGANI, R.; ANDRADE, L. O. M. Preceptoria de território, no-vas práticas e saberes na estratégia de educação permanente em saúde da família: o estudo do caso de Sobral, CE. Saúde & Sociedade, São Paulo, v. 21, p. 94-106, 2012.

Page 64: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

ROSE-ELOÍSE HOLANDA • PAULO JORGE DE OLIVEIRA FERREIRA • MARIZA MARIA BARBOSA CARVALHO • LIENE RIBEIRO DE LIMA • ANNE FAYMA LOPES CHAVES

64

PERES, A. M.; CIAMPONE, M. H. T. Gerência e competências gerais do enfermeiro. Texto & Contexto Enfermagem, Floria-nópolis, v. 15, n. 3, p. 492-499, 2006.

RODRIGUES, A. M. M. A preceptoria nos campos de prática na formação do enfermeiro em universidades de Fortaleza – Ce-ará. 2012. 133 f. Dissertação (Mestrado em Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde) – Programa de Pós-Graduação em Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde, Universidade Es-tadual do Ceará, Fortaleza, 2012.

RODRIGUES, C. D. S. Competências para a preceptoria: cons-trução no Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde. 2012. 101 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Pro-grama de Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade Fe-deral do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012.

SANTOS, A. C. et al. O preceptor por ele mesmo. Cadernos da Abem, Rio de Janeiro, v. 9, p. 54-59, 2013.

TANJI, S. As competências do docente tutor no contexto da mu-dança curricular do curso de graduação em Enfermagem do Unifeso. 2011. 194 f. Tese (Doutorado em Enfermagem) – Pro-grama de Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade Fede-ral do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011.

TAYLOR, R. B. Academic Medicine: a guide for clinicians. New York: Springer, 2006.

TRAJMAN, A. et al. A preceptoria na rede básica da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro: opinião dos profissio-nais de Saúde. Revista Brasileira de Educação Médica, Brasí-lia, DF, v. 33, n. 1, p. 24-32, 2009.

URSI, E. S. Prevenção de lesões de pele no perioperatório: re-visão integrativa da literatura. 2005. 130 f. Dissertação (Mes-trado em Enfermagem Fundamental) – Programa de Pós-Gra-duação em Enfermagem Fundamental, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, 2005.

Page 65: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

COMPETÊNCIAS EDUCACIONAIS NA PRECEPTORIA EM ENFERMAGEM

65

VALENTE, G. S. C.; FERREIRA, F. C. Saberes do enfermeiro para preceptoria/gerência na atenção básica: estudo exploratório--descritivo. Online Brazilian Journal of Nursing, Niterói, v. 16, n. 4, p. 653-655, 2013.

APÊNDICE A – INSTRUMENTO DE COLETA

DE DADOS

1. Identificação Título do artigo: Título do periódico: Autores e profissão: País-Cidade: Brasil – Idioma: Português Ano de publicação: Palavras-Chave:

2. Tipo de revista científica Publicação em periódicos de Enfermagem geral: ( ) Publicação em periódicos de Enfermagem em terapia in-

tensiva: ( ) Publicação em periódicos de outras áreas: ( ) Qual área?

3. Características metodológicas do estudo 3.1 Tipo de publicação: Pesquisa quantitativa: ( ) delineamento experimental ( ) delineamento quase experimental ( ) delineamento não experimental Pesquisa qualitativa: ( )

Page 66: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

ROSE-ELOÍSE HOLANDA • PAULO JORGE DE OLIVEIRA FERREIRA • MARIZA MARIA BARBOSA CARVALHO • LIENE RIBEIRO DE LIMA • ANNE FAYMA LOPES CHAVES

66

3.2. Objeto ou questão de investigação: 3.3. Amostra: Características: Sexo ( ) F ( ) M

4. Intervenções propostas

5. Resultados

6. Análise

7. Implicações: Há conclusões ou considerações finais: ( ) Sim ( ) Não

Page 67: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

67

SOFIA VASCONCELOS CARNEIRODoutoranda e mestra em Odontopediatria pela Faculdade São Leopoldo Mandic e especialis-ta em Saúde Pública e da Família pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Docente do curso de Odontologia do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica). Preceptora do projeto Pet/ GraduaSUS da Unicatólica.E-mail: <[email protected]>.

ANTÔNIO HIAGO DO NASCIMENTO CUNHA Discente do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica).E-mail: <[email protected]>.

FRANKLIN LIMA MARTINS DE ALMEIDA FILHODiscente do curso de Educação Física do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica).E-mail: <[email protected]>.

HYAN MARO QUEIROZ DE SOUSADiscente do curso de Educação Física do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica). E-mail: <[email protected]>.

LUANA FERNANDES SILVADiscente do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica).E-mail: <[email protected]>.

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DO CAPS GERAL DO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ-CE

Page 68: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

SOFIA VASCONCELOS CARNEIRO • ANTÔNIO HIAGO DO NASCIMENTO CUNHA • FRANKLIN LIMA MARTINS DE ALMEIDA FILHO • HYAN MARO QUEIROZ DE SOUSA • LUANA FERNANDES SILVA

68

Introdução

De acordo com o Ministério da Saúde (2010), a construção do SUS se deu por meio de diversas discussões levadas para a cidade de Alma-Ata, na antiga União Soviética, onde chega-ram ao consenso de que saúde era direito de todos e dever do Estado. Com isso, foi formada a primeira carta de saúde, san-cionada em 1980, assegurando o direito à saúde à população como um todo. Logo após, em Otawa, Canadá, foi discutido que saúde está diretamente relacionada com o meio em que a população está inserida, objetivando, assim, a importância do ambiente para uma população saudável, nos aspectos físicos, psicológicos e sociais.

Esse sistema se apoia nos princípios da universalidade, buscando tornar acessível todos os serviços de saúde para a po-pulação; integralidade das ações, em que se cuida do indivíduo como um todo, e não como várias partes; equidade, para atender igualmente a cada um dentro de seus direitos e respeitando as diferenças presentes no mesmo; descentralização da saúde, ga-rantindo um cuidado de qualidade, atendendo ao que o indivíduo necessita; e execução do controle social, que é feita pelos Con-selhos Nacionais, Estaduais e Municipais de Saúde, garantindo a representação social dentro de suas ações (BRASIL, 2004).

Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são insti-tuições destinadas a acolher e estimular a integração social e familiar de pacientes com transtornos mentais, apoiá-los em suas iniciativas de busca da autonomia e oferecer-lhes aten-

Page 69: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DO CAPS GERAL DO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ-CE

69

dimento médico e psicológico. Sua característica principal é buscar integrá-los a um ambiente social e cultural concreto, designado como seu “território”, o espaço da cidade onde se desenvolve a vida quotidiana de usuários e familiares. Os CAPS constituem a principal estratégia do processo de refor-ma psiquiátrica (BRASIL, 2004).

Com isso, a inclusão de um grupo como o do Programa de Educação pelo Trabalho (PET-Saúde) busca novos horizon-tes para a atenção à saúde, tornando-se essencial e compondo um forte auxílio dentro desse centro de atenção. A equipe mul-tidisciplinar presente neste grupo traz uma forma de cuidado à saúde diferenciada, englobando diversas áreas para garantir sempre o bem-estar do paciente e o tratando como um todo que necessita de um cuidado generalizado.

Esse diagnóstico observacional objetiva fortalecer a multidisciplinaridade do serviço no cuidado ao paciente que frequenta o CAPS Geral do município de Quixadá, no Ceará, reconhecer e demonstrar a importância de cada profissional na melhoria da qualidade de vida destes, bem como propor a adoção de atividades integrativas/educativas entre pacientes e profissionais, buscando medidas para tornar a sala de espera um local para a troca de experiências a fim de melhor adesão dos pacientes às medidas terapêuticas.

Materiais e métodos

Tipo de estudo

Trata-se de um estudo qualitativo, exploratório, do tipo pesquisa de campo. Esta pesquisa exploratória visa à descoberta, ao achado e à elucidação de fenômenos presentes no ambiente do CAPS, oferecendo informações sobre o objeto deste estudo,

Page 70: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

SOFIA VASCONCELOS CARNEIRO • ANTÔNIO HIAGO DO NASCIMENTO CUNHA • FRANKLIN LIMA MARTINS DE ALMEIDA FILHO • HYAN MARO QUEIROZ DE SOUSA • LUANA FERNANDES SILVA

70

orientando a formulação de hipóteses. É uma pesquisa bastante específica, sempre em consonância com a pesquisa bibliográfica.

Classifica-se em qualitativa, uma vez que não se vale de instrumentos estatísticos no processo de análise do seu problema. Acerca desse tipo de pesquisa, Minayo (1993) nos mostra que é uma forma adequada para o desvendamento da natureza de um fenômeno social, podendo o pesquisador co-letar os dados na realidade pesquisada para posteriormente analisá-los de forma indutiva.

A pesquisa de campo é, com efeito, uma investigação empírica realizada no local em que há os elementos neces-sários. Neste caso, a pesquisa ocorreu no Centro de Atenção Psicossocial do município de Quixadá, em que estão incluídas entrevistas e observações dos funcionários presentes no local.

Público e local

A coleta de dados foi realizada no mês de março de 2017 nas instalações do CAPS, através de entrevistas direcionadas a informantes-chave (funcionários) e observação de campo.

Instrumento de coleta de dados

A coleta foi feita por intermédio de buscas ativas com profissionais e pacientes do local, mediante entrevistas e aná-lises durante a vivência de acadêmicos do PET.

Análise dos dados

Após a coleta dos dados, iniciou-se a construção do diagnóstico situacional do CAPS Geral, analisando-o via es-tudos teóricos, relacionando-os com a realidade encontrada.

Page 71: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DO CAPS GERAL DO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ-CE

71

Aspectos éticos

A pesquisa foi feita sem revelar a identidade dos pro-fissionais e pacientes, respeitando os aspectos éticos e mo-rais baseados na Lei n. 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde e do Ministério da Saúde, submetida ao comitê de ética do Centro Universitário Católica de Quixadá sob o número de parecer 1.169.972.

Resultados

De acordo com as entrevistas, pode-se reafirmar o que foi discutido nos encontros semanais no CAPS com nossa equipe. Citaremos, então, alguns dos relatos de profissionais e usuários do sistema, em que destacamos as falas de alguns personagens adiante.

Personagem 1: O problema é o local de chegada, por causa do sol e da chuva. Nós atendemos a muita gente, mas os dias em que tem mais gen-te são terça, quarta e quinta. O pessoal chega e a gente recepciona; o atendimento é feito por ordem de chegada, daí eles vão para o médico ou para a enfermeira [...]. Aqui nós temos dois médicos que intercalam o atendimento.

Personagem 2: A estrutura do CAPS é mui-to boa, porém dava para melhorar para poder incorporar outras áreas de atuação. A atuação multiprofissional é muito boa e há um atendi-mento misto, com um acesso ao serviço em que as pessoas podem chegar e ter um ótimo aten-dimento. O problema é a lotação do serviço, até criança a gente atende aqui.

Personagem 3: Aqui a medicação é de alto cus-to e os principais fármacos dispensados são os

Page 72: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

SOFIA VASCONCELOS CARNEIRO • ANTÔNIO HIAGO DO NASCIMENTO CUNHA • FRANKLIN LIMA MARTINS DE ALMEIDA FILHO • HYAN MARO QUEIROZ DE SOUSA • LUANA FERNANDES SILVA

72

anticonvulsivantes e calmantes, sendo que os anticonvulsivantes são muito mais utilizados e dispensados aqui. Mas, às vezes, falta a medi-cação por causa do governo do estado, porque a gente não pode pedir um remédio a mais do que usamos com a população.

Personagem 4: No momento, todos os profissio-nais estão trabalhando em prol do médico e em torno dele. A gente está tentando fazer projetos para a implementação de outros profissionais para que sejam mais atuantes [...]. Antes aqui estava sem alguns profissionais e só fazíamos transcrição medicamentosa [...]. Todos os dias faço as mesmas atividades, com isso quero in-serir atividades extraunidade para melhorar o atendimento daqui.

Personagem 5: Nós tentamos ao máximo inserir os pacientes em atividades externas, como ofici-nas de pintura, atividades de educação funcio-nal para trabalhar atividades em grupo, intera-ção em equipe, melhorando, assim, a qualidade de vida destes.

Com isso, quando ao CAPS de Quixadá, dentro de nos-sas perspectivas, pode-se perceber que ele se adéqua aos princípios: de universalidade, garantindo à pessoa um local que lhe disponibiliza espaço e atenção; de descentralização de saúde, ofertando um atendimento para os indivíduos de ótima qualidade; e de equidade, respeitando sempre os direitos dos pacientes. Porém, há algumas dificuldades que o CAPS en-frenta quanto à integralidade e à descentralização de saúde, em que, por muitas vezes, o médico é tido como a principal peça de saúde, fugindo, assim, da multiprofissionalidade, que é necessária para a adequada atenção à saúde.

Page 73: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DO CAPS GERAL DO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ-CE

73

Discussão

Durante muitos anos, a pessoa com diagnóstico de do-ença mental foi tratada em instituições que tinham como prin-cípio terapêutico o isolamento. Entretanto, a partir de meados do século XX, nos países desenvolvidos, tais como França, In-glaterra, Estados Unidos e Itália, o processo de reformulação da assistência em saúde mental teve início, com a substituição do modelo centrado em hospitais por um tratamento de base comunitária. Esse movimento aconteceu quase trinta anos de-pois na América Latina (DENISE et al., 2008; SCHRANK, 2006).

No início da década de 1980, o Brasil aplicou novos tra-tamentos na área de saúde mental, possibilitando a criação dos CAPS, cujo principal objetivo era reintegrar os pacientes à so-ciedade e evitar a sua exclusão por meio de internações psi-quiátricas desnecessárias. O primeiro CAPS surgiu em 1989, na cidade de Santos, São Paulo (CAVALCANTE; ALENCAR, T.; ALENCAR, B., 2016).

A cidade de Quixadá deu início à implantação de sua po-lítica de saúde mental no ano de 1993, com a criação de um CAPS, o terceiro do estado. Desde então, o centro é destaque no cenário nacional, devido à existência de produções biblio-gráficas a seu respeito e também à influência no movimento brasileiro da luta antimanicomial. Existem mais de dois mil CAPS no país, pouco mais de uma centena no Ceará, realizan-do, sob o nome comum, experiências substitutivas ao modelo hospitalar-asilar, na perspectiva da atenção psicossocial terri-torial, influenciados pelo contexto geográfico, histórico e po-lítico-econômico. Em meio à diversidade dessas experiências, a trajetória do serviço de Quixadá parece se diferenciar em relação à dos outros, especialmente no que tange à interven-ção social realizada e ao lugar destinado ao usuário do serviço

Page 74: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

SOFIA VASCONCELOS CARNEIRO • ANTÔNIO HIAGO DO NASCIMENTO CUNHA • FRANKLIN LIMA MARTINS DE ALMEIDA FILHO • HYAN MARO QUEIROZ DE SOUSA • LUANA FERNANDES SILVA

74

dentro da sociedade, em um modelo de reabilitação que apon-ta para a necessidade de criação de mecanismos de avaliação em saúde mental que contemplem intervenções sociais orien-tadas para a boa convivência com a diferença (BLEICHER; FREIRE; SAMPAIO, 2014).

A transformação do modelo de atenção à saúde mental é um processo social complexo, que exige a participação social, a revisão epistemológica de concepções da assistência psiqui-átrica e a mudança na subjetividade dos trabalhadores como forma de consolidar novas práticas de cuidado associadas aos outros processos de transformação. Nesse contexto, esse pro-cesso é lento e concretiza-se a partir da discussão do projeto terapêutico, associando ações individuais, com foco em técni-cas terapêuticas, com práticas centradas no trabalho em equipe multidisciplinar que promovam a reflexão do profissional sobre seu processo de trabalho. Diante desse cenário, apresenta-se o desafio de garantir a construção de projetos terapêuticos, sin-gulares e coletivos, capazes de promover o cuidado psicossocial e abranger a dimensão afetiva (VASCONCELOS et al., 2016).

Uma análise da prática sobre a assistência farmacêutica no CAPS considerou que a inserção do farmacêutico na equi-pe mínima dos serviços de saúde mental pode proporcionar diversas contribuições substanciais a esses serviços, como a orientação aos profissionais da equipe de saúde quanto aos aspectos relacionados aos medicamentos psicotrópicos, a participação nas visitas domiciliares auxiliando na intervenção terapêutica e identificando hábitos, estilos de vida e outros fa-tores que possam influenciar no tratamento e a disponibiliza-ção de informações sobre saúde, doença e tratamentos medi-camentosos e não medicamentosos, como atividades de lazer capazes de contribuir na melhoria da qualidade de vida das pessoas (CAVALCANTE; ALENCAR, T.; ALENCAR, B., 2016).

Page 75: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DO CAPS GERAL DO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ-CE

75

O mesmo ocorre com o cirurgião-dentista, sendo inclu-ído na equipe multidisciplinar com o intuito de proporcionar às pessoas com sofrimento mental iguais possibilidades de cuidados, os quais se darão por meio de palestras educativas sobre saúde bucal, incentivo à escovação e cuidados com a hi-giene. As palestras serão de linguagem fácil e acessível, visan-do conscientizar os assistidos sobre a importância da saúde oral. Será realizada uma distribuição de folheto educativo para a orientação pessoal e social (amigos, colegas de trabalho e fa-miliares), como também escovas e creme dental com a realiza-ção de escovação supervisionada (GONÇALVES et al., 2010).

A Fisioterapia, por sua vez, atua dentro das alterações estruturais e funcionais do indivíduo que se utiliza de drogas antiespasmódicas e anticonvulsionantes, pois essas drogas deixam enfermidades, como a diminuição da taxa de mineração óssea, levando o paciente a apresentar inúmeras sequelas es-truturais e metabólicas, como escoliose e osteoporose. A aten-ção se daria por meio de exercícios e cuidados especiais que diminuem e/ou previnem tais alterações, fazendo com que o paciente tenha uma melhor capacidade funcional dentro de seu quadro patológico, evitando, assim, maiores sequelas. As alterações presentes neste grupo de pacientes trazem consi-go inúmeras comorbidades, fazendo com que esses indivíduos necessitem de tal profissional que atue tanto em promoção quanto em prevenção de saúde, agindo nos níveis primário, secundário e terciário (PAULI; CAMPOS, 2016).

Segundo a Portaria n. 336, de 19 de fevereiro de 2002, os CAPS II, como é o caso da instituição observada, devem conter em sua equipe técnica mínima para atuação quatro profissionais de nível superior, entre eles o psicólogo, sendo competência desse profissional possuir uma visão biopsicos-social do ser humano, pois a demanda que lhe chega exige que

Page 76: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

SOFIA VASCONCELOS CARNEIRO • ANTÔNIO HIAGO DO NASCIMENTO CUNHA • FRANKLIN LIMA MARTINS DE ALMEIDA FILHO • HYAN MARO QUEIROZ DE SOUSA • LUANA FERNANDES SILVA

76

sua práxis seja de uma clínica ampliada, que consiste em fazer uma escuta qualificada da fala do paciente, sempre atentando para a diversidade e a multideterminação dos fatores que o levaram até o serviço, contemplando a importância do manejo multiprofissional e transdisciplinar do relato e queixas trazidas pelo cliente.

A Educação Física atuará com um caráter lúdico, aten-tando para a promoção de saúde e consequentemente para a melhora da qualidade de vida dessas pessoas. Devido ao fato de os pacientes dos CAPS utilizarem fortes medicações e, mui-tas vezes, dependerem de responsáveis para os seus cuida-dos básicos e gerais, isso dificulta um pouco a sua locomoção, gerando incapacidades físicas, como problemas articulares, ósseos, musculares e também de sobrepeso. Uma maior aten-ção a esses grupos pode ser dada principalmente por meio de atividades em grupos que possam ajudar nas suas tarefas diá-rias, melhorando na locomoção e realização dessas atividades rotineiras, evitando que fiquem sedentários (FURTADO et al., 2015). Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), a partici-pação em atividades físicas leves e moderadas pode retardar os declínios funcionais. Assim, uma vida ativa melhora a saúde mental e contribui na gerência de desordens como a depres-são e a demência. Existe evidência de que idosos fisicamente ativos apresentam menor prevalência de doenças mentais do que os não ativos.

Considerações finais

Conclui-se que o serviço investigado está organizan-do atividades e implantando ações. Nesse contexto, o CAPS Quixadá encontra-se ativo, dispondo de todos os profissionais de saúde preconizados pelo Ministério da Saúde. Contudo,

Page 77: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DO CAPS GERAL DO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ-CE

77

percebeu-se que o referido dispositivo abrange uma enorme demanda populacional, atingindo diversas camadas sociais, aumentando suas prescrições e pacientes, tornando-se, por muitas vezes, superlotado.

O objetivo do programa PET-Saúde/Gradua SUS é levar o acadêmico da área da Saúde a vivenciar na prática a realida-de na qual estamos inseridos, oferecendo para a comunidade acadêmica a oportunidade de adentrar nesse sistema antes mesmo da conclusão de sua formação, oferecendo meios para melhorar a saúde pública, uma vez que o profissional de saúde é peça fundamental para um bom funcionamento do sistema. Para o usuário, o impacto é positivo, uma vez que profissionais capacitados e conhecedores do sistema podem oferecer me-lhores condições de saúde em todos os âmbitos, melhorando o atendimento e oferecendo saúde digna e de qualidade, de forma a transformar o ambiente para dar melhores condições de saúde para todos.

Este estudo não previu a análise aprofundada da orga-nização do CAPS, mas sinalizou que o processo de trabalho necessita ser discutido e revisado, em razão da sensação de sobrecarga identificada nos participantes da pesquisa. Ressal-ta-se que as condições de trabalho dessa unidade, embora não sejam as melhores, conseguem atender à demanda em ques-tão; a referida unidade é bem preservada, equipada e abaste-cida. Um aspecto que pode contribuir para essa sensação de sobrecarga refere-se à grande quantidade de pacientes que não necessitam de atendimento direto no CAPS, ou seja, pa-cientes que poderiam ser atendidos nas unidades básicas de saúde. Contudo, são necessários estudos futuros que inves-tiguem o processo de trabalho, que otimizem e solucionem o problema ali encontrado, de modo que cada profissional possa atuar de acordo com a necessidade do paciente em conjun-

Page 78: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

SOFIA VASCONCELOS CARNEIRO • ANTÔNIO HIAGO DO NASCIMENTO CUNHA • FRANKLIN LIMA MARTINS DE ALMEIDA FILHO • HYAN MARO QUEIROZ DE SOUSA • LUANA FERNANDES SILVA

78

to com os demais profissionais, resultando numa abordagem multidisciplinar.

Por fim, o SUS, diante dos muitos aspectos que abrange, ainda precisa ser mais explorado, pois falar da atenção psicos-social dentro do sistema em que estamos inseridos abre uma gama de fatores a serem estudados, permitindo, assim, que esta seja uma pesquisa com bastante possibilidade de ser leva-da adiante, permitindo-nos partir deste para outros assuntos, com vistas a potencializar e melhorar o trabalho em saúde.

Referências

BLEICHER, T.; FREIRE, J. C.; SAMPAIO, J. J. C. Avaliação de po-lítica em saúde mental sob o viés da alteridade radical. Physis: Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 24, n. 2, p. 527-543, 2014.

BRASIL. Cartilha de atenção à saúde. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2010.

BRASIL. Os Centros de Atenção Psicossocial. Série F. Comuni-cação e Educação em Saúde. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Ações Programáticas Estratégicas Saúde Mental no SUS. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2004.

BRASIL. Portaria n. 336, de 19 de fevereiro de 2002. Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Diário Oficial [da] República Federativa do Bra-sil, Poder Executivo, Brasília, DF, 20 fev. 2002.

BRASIL. Resolução n. 466, de 12 de dezembro de 2012. Di-retrizes e normas regulamentadoras de pesquisas em seres humanos. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 13 dez. 2012.

Page 79: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DO CAPS GERAL DO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ-CE

79

BRASIL. Saúde mental no SUS: os Centros de Atenção Psicos-social. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2010.

CAVALCANTE, E. A. B.; ALENCAR, T. O. S.; ALENCAR, B. R. Assistência farmacêutica no Centro de Atenção Psicossocial: uma análise da prática. In: ALENCAR, T. O. S.; ALENCAR, B. R. (Org.). Assistência farmacêutica: práticas de pesquisa e exten-são no Sistema Único de Saúde. Feira de Santana: UEFS, 2016. p. 191-222.

DENISE, R. et al. O trabalho em saúde mental: um estudo de satisfação e impacto. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janei-ro, v. 24, n. 3, p. 624-632, 2008.

FURTADO, R. P. et al. O trabalho do professor de Educação Física no CAPS: aproximações iniciais. Movimento, Porto Ale-gre, v. 21, n. 1, p. 41-52, 2015.

GONÇALVES, G. H. et al. A inclusão do cirurgião-dentista na equipe multidisciplinar do CAPS – Três Corações. Belo Hori-zonte: Cosemsmg, 2010.

MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento. São Paulo: Hu-citec, 1993.

PAULI, K.; CAMPOS, R. A inserção do fisioterapeuta na equipe multiprofissional do Centro de Atenção Psicossocial. Fisiote-rapia & Saúde Funcional, Fortaleza, v. 5, n. 1, p. 14-22, 2016.

SCHRANK, G. O Centro de Atenção Psicossocial e a inserção na família. 2006. 223 f. Dissertação (Mestrado em Enferma-gem) – Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Univer-sidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006.

VASCONCELOS, M. G. F. et al. Projeto terapêutico em saúde mental: práticas e processos nas dimensões constituintes da atenção psicossocial. Interface, Botucatu, v. 20, n. 57, p. 313-323, 2016.

Page 80: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

80

ALEIDE BARBOSA VIANAMestre em Cuidados Clínicos, Enfermagem e Saúde e especialista em Saúde da Família pela Univer-sidade Estadual do Ceará (UECE). Enfermeira do Centro de Atenção Psicossocial Geral (CAPS Geral) do município de Quixadá.E-mail: <[email protected]>.

DONATO MILENO BARREIRA FILHOMestre em Gestão e Economia da Saúde pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), espe-cialista em Microbiologia e Parasitologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), em Gestão da Assistência Farmacêutica pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e em Citologia Clínica pela Faculdade Ateneu (FAT). Docente do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica) e farmacêutico bioquímico da Prefeitura Municipal de Quixadá.E-mail: <[email protected]>.

ALANN FELIPE MARREIRO DE SOUSADiscente do curso de Odontologia do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica).E-mail: <[email protected]>.

FAGNER DE SOUSA MOREIRADiscente do curso de Farmácia do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica).Email: <[email protected]>.

HERLÂNIA DA SILVA FREIREDiscente do curso de Odontologia do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica).E-mail: <[email protected]>.

DIAGNÓSTICO E ANÁLISE SITUACIONAL DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE DO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ-CE

Page 81: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

81

DIAGNÓSTICO E ANÁLISE SITUACIONAL DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE DO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ-CE

Introdução

A implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988, contribuiu significativamente para o desenvolvimento da saú-de nacional e seu correto funcionamento, por meio de três di-retrizes – universalidade, equidade e integralidade –, as quais norteiam a forma de atendimento ao paciente. As questões estratégicas para a organização do SUS são amplamente reco-nhecidas, no papel, na extensão e na organização que a rede básica deve assumir (PUCCINI et al., 2012).

Diante dessa nossa visão de saúde, diversas áreas pas-saram a ser assistidas, sendo o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) uma delas. Essa nova modalidade de assistência tem como finalidade realizar atendimentos a pessoas que sofrem com sofrimento psíquico ou abuso de álcool e drogas, garan-tindo-lhes uma reinserção social para que possam exercer adequadamente seus direitos e deveres como qualquer outro cidadão (ANJOS FILHO; SOUZA, 2017).

Historicamente a Política de Saúde Mental do Brasil passou por um grande processo de desenvolvimento, deixan-do de ser um modelo que punia, excluía da sociedade e insti-tucionalizava cidadãos com transtornos mentais, passando a uma visão de cuidado humanizado e psicossocial. Todo esse processo só foi possível devido a experiências internacionais que foram precursoras para a elaboração da Reforma Psiquiá-trica Nacional (LIMA; AGUIAR; SOUSA, 2015).

Page 82: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

82

ALEIDE BARBOSA VIANA • DONATO MILENO BARREIRA FILHO • ALANN FELIPE MARREIRO DE SOUSA • FAGNER DE SOUSA MOREIRA • HERLÂNIA DA SILVA FREIRE

Anteriormente uma pessoa com algum tipo de doen-ça psíquica era vista como um ser perigoso ao convívio so-cial, sendo necessário seu isolamento em Manicômios Judi-ciários ou Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCPT). Tal realidade tomou outra direção com a Lei Federal n. 10.216/2001, também conhecida como Lei Paulo Delgado, que reformulou o conceito sobre a política de internação de pessoas com algum tipo de doença mental, tendo como metas principais a diminuição dos HCPTs e um investimento maior nos CAPS (SANTOS; FARIAS, 2014).

A reorganização da atenção em saúde mental, baseada nos princípios da reforma psiquiátrica iniciada no Brasil na década de 1980, preconiza, além da maciça desinstitucionali-zação do portador de transtorno mental, a assistência a esses indivíduos no ambiente em que vivem e com o menor distan-ciamento possível de seu círculo familiar e social, com vistas a uma melhor qualidade de vida e cidadania (BEZERRA, 2014).

Quixadá, município cearense, foi um dos pioneiros na reformulação da visão tradicionalista do doente psíquico. No ano de 1993, a cidade deu início ao processo de implementa-ção de sua política de saúde mental, sendo o terceiro municí-pio do Ceará a prestar assistência a essa demanda populacio-nal. Entretanto, sua visão antimanicominal, ou seja, o ideal de substituição do modelo hospitalar-asilar por uma assistência integrativa que tem como princípio a reinserção social, tornou o município um destaque nacional (BLEICHER; FREIRE; SAM-PAIO, 2014).

O presente trabalho abordou a experiência vivenciada de estagiários do Programa de Educação pelo Trabalho (PET) no supracitado CAPS, os quais trouxeram resultados impor-tantes para o diagnóstico da atual situação desse serviço de saúde. Desse modo, a finalidade do estudo é refletir acerca da

Page 83: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

83

DIAGNÓSTICO E ANÁLISE SITUACIONAL DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE DO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ-CE

importância e necessidade de ampliar o trabalho realizado no CAPS, que é de inserir a pessoa em sofrimento psíquico na sociedade, bem como avaliar os aspectos estruturais voltados à condição de trabalho a que estão sujeitos os trabalhadores do serviço.

Materiais e métodos

Tipo de estudo

O método utilizado foi o relato de experiência, que des-creve aspectos vivenciados pelos autores relacionados à sua experiência quanto ao acompanhamento no serviço realiza-do pelo CAPS do município de Quixadá. Trata-se de um olhar qualitativo que abordou a problemática desenhada a partir de métodos descritivos e observacionais.

O relato de experiência é uma ferramenta da pesquisa qualitativa que apresenta uma reflexão sobre uma ação ou um conjunto de ações que abordam a situação vivenciada no âmbito profissional de interesse da comunidade científica (BE-ZERRA, 2014).

Público e local

Este estudo foi realizado no CAPS do município de Qui-xadá, estado do Ceará, localizado à rua Basílio Pinto, número 685. O CAPS é referência na região por fornecer atendimento psicossocial adulto e infantil à população de Quixadá e mais quatro municípios circunvizinhos, sendo eles: Banabuiú, Iba-retama, Ibicuitinga e Choró.

Page 84: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

84

ALEIDE BARBOSA VIANA • DONATO MILENO BARREIRA FILHO • ALANN FELIPE MARREIRO DE SOUSA • FAGNER DE SOUSA MOREIRA • HERLÂNIA DA SILVA FREIRE

Instrumento de coleta de dados

O período de observação foi de março a abril de 2017, quando foi possível conhecer a realidade da instituição e a for-ma como os profissionais nela inseridos atuavam em parceria com as demais redes de saúde, priorizando seu trabalho de apoio ao usuário do serviço.

Análise de dados

A partir das visitas, foi possível realizar um diagnóstico situacional, que, segundo Bezerra (2014), facilita a identifica-ção de problemas e necessidades a serem enfrentadas e revela potencialidades locais, por meio da análise do que determina e condiciona cada situação. Cabe ressaltar que, para o presente estudo, não foram utilizados dados pessoais dos envolvidos.

Resultados e discussão

Territorialização do CAPS de Quixadá A cidade de Quixadá foi fundada em 27 de outubro de

1870, pertencendo à Macrorregião do Sertão Central Cearen-se. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-tística (IBGE, 2011), o município tem uma população estimada em 80.604 habitantes, tendo sua área territorial 2.019,833 km² e densidade demográfica de 39,91 hab/km².

Até 1990, a assistência em saúde mental à população de Quixadá era fornecida através de atendimentos realizados na capital do estado, Fortaleza. Somente a partir de 1993, simul-taneamente à aprovação da Lei Estadual de Reforma Psiquiá-trica, a Lei n. 12.151, de 29 de julho de 1993, também conhe-

Page 85: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

85

DIAGNÓSTICO E ANÁLISE SITUACIONAL DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE DO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ-CE

cida como Lei Mário Mamede, foi criado o CAPS de Quixadá, sendo o terceiro implantado no estado.

A internação de pacientes com transtornos mentais sempre foi pauta de discussões. As práticas exercidas nos hos-pitais psiquiátricos brasileiros demonstram a tendência de um tratamento a essas pessoas que legitima sua exclusão, uma vez que tais unidades de internação se caracterizam como sendo espaços de isolamento, segregação e preconceito. Além disso, esses espaços não promovem autonomia e valorizam a estig-matização desses pacientes (SILVA; FONSECA, 2005).

A proposta do CAPS é fornecer cuidado ao portador de transtorno mental, com base em ações que visam a sua reabili-tação pela busca de autonomia e reinserção social, visto que se defende, desde sua implantação, que a população tem direito e dever de participar, discutir e apresentar soluções para os obstáculos que se lhe apresentam, princípios esses contrários à visão manicomial que predominava até a década de 1990 (BRASIL, 2004).

Como um objetivo de gestão, deve contemplar as ca-racterísticas das pessoas e suas famílias, proporcionando-lhes cuidados e tratamentos flexíveis, enquanto potencializa o de-senvolvimento do sujeito, como um cidadão e ator principal de sua vida, superando as forças excludentes de tratamento isolacionista (KANTORSKI et al., 2010).

Atualmente o CAPS de Quixadá fica localizado à rua Ba-sílio Pinto, número 685, sendo referência na região por for-necer atendimento psicossocial adulto e infantil. Além da sua população de 80.604 habitantes, o CAPS de Quixadá atende à população de mais quatro municípios circunvizinhos, sendo eles: Banabuiú (ao Sul, com 17.315 habitantes), Ibaretama (ao Nordeste, com 12.922 habitantes), Ibicuitinga (ao Leste, com 11.335 habitantes) e Choró (ao Noroeste, com 12.853 habi-

Page 86: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

86

ALEIDE BARBOSA VIANA • DONATO MILENO BARREIRA FILHO • ALANN FELIPE MARREIRO DE SOUSA • FAGNER DE SOUSA MOREIRA • HERLÂNIA DA SILVA FREIRE

tantes), totalizando uma população assistida de 135.029 habi-tantes (IBGE, 2011).

Figura 1 – Localização de Quixadá

Fonte: Google Imagens.

Figura 2 – Áreas de abrangência

Fonte: Google Imagens.

Page 87: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

87

DIAGNÓSTICO E ANÁLISE SITUACIONAL DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE DO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ-CE

Figura 3 – CAPS de Quixadá visto de cima

Fonte: Google Imagens.

Figura 4 – Entrada do CAPS de Quixadá

Fonte: Google Imagens.

Análise dos recursos do CAPS de Quixadá

De acordo o Manual do CAPS publicado pelo Ministério

da Saúde em 2004, existe uma série de recomendações funda-mentais para que se possa fornecer um atendimento de saúde mental adequado à população. Diante disso, foram realizadas comparações com o objetivo de conhecer a realidade do CAPS de Quixadá.

Page 88: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

88

ALEIDE BARBOSA VIANA • DONATO MILENO BARREIRA FILHO • ALANN FELIPE MARREIRO DE SOUSA • FAGNER DE SOUSA MOREIRA • HERLÂNIA DA SILVA FREIRE

Quadro 1 – Comparação entre o que é preconizado pelo Ministério da Saúde e o que é realizado no CAPS de Quixadá em relação à

prestação de serviços

Ministério da Saúde CAPS de Quixadá

Prestar atendimento em regime de atenção diária. Atividade reali-zada.

Gerenciar os projetos terapêuticos oferecendo cuidado clí-nico eficiente e personalizado.

Atividade reali-zada.

Promover a inserção social dos usuários através de ações intersetoriais que envolvam educação, trabalho, esporte, cultura e lazer, montando estratégias conjun-tas de enfrentamento dos problemas. Os CAPS também têm a responsabilidade de organizar a rede de serviços de saúde mental de seu território.

Atividade par-cialmente reali-

zada.

Coordenar junto com o gestor local as atividades de supervisão de unidades hospitalares psiquiátricas que atuem no seu território.

Atividade reali-zada.

Manter atualizada a listagem dos pacientes de sua re-gião que utilizam medicamentos para a saúde mental.

Atividade par-cialmente reali-

zada.Fonte: Elaboração própria (2017).

A modalidade exercida pelo CAPS de Quixadá é Tipo II, para municípios com população entre 70.000 e 200.000 habi-tantes, fornecendo atendimento a adultos em sua população de abrangência com transtornos mentais severos e persisten-tes. Entretanto, na prática, a unidade atende a adultos e crian-ças, o que aumenta a demanda. Atualmente existem cerca de 12.000 prontuários cadastrados sem que exista um controle dos pacientes ativos e inativos. O arquivamento ainda se dá por meio de prontuários manuais, o que gera um acúmulo de material e dificulta a atualização dos pacientes atendidos.

O setor de distribuição de medicamento de alto cus-to, segundo o Ministério da Saúde, é para ser realizado pelo Centro de Abastecimento Farmacêutico (CAF). Entretanto, em decorrência de problemas causados por acúmulo de funções

Page 89: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

89

DIAGNÓSTICO E ANÁLISE SITUACIONAL DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE DO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ-CE

no próprio CAF e, atrelados a isso, problemas com a perda da documentação dos pacientes, impossibilitando os cadastros e dificultando o acesso do paciente à medicação, houve a ne-cessidade de transferência do setor de medicamentos de alto custo para o CAPS. Isso facilitou a retirada de medicamentos, porém gerou uma função a mais para ser administrada pelos funcionários da unidade psicossocial.

Descrição física do CAPS de Quixadá

Quadro 2 – Comparação entre o que é preconizado pelo Ministério da Saúde e o que é realizado no CAPS de Quixadá em relação ao

espaço físico

Ministério da Saúde CAPS de Quixadá

Consultórios para atividades individuais (consultas, en-trevistas, terapias). Sim.

Salas para atividades grupais. Não.

Espaço de convivência. Não.

Oficinas. Não.

Refeitório (o CAPS deve ter capacidade para oferecer re-feições de acordo com o tempo de permanência de cada paciente na unidade).

Não.

Sanitários. Sim.Área externa para oficinas, recreação e esportes. Não.

Fonte: Elaboração própria (2017).

O CAPS possui as seguintes repartições:

• Uma garagem, utilizada como sala de espera;• Uma recepção, destinada à recepção e ao direciona-

mento dos pacientes para os profissionais do CAPS. Nesse setor, também ficam armazenados os prontuá-rios dos usuários;

Page 90: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

90

ALEIDE BARBOSA VIANA • DONATO MILENO BARREIRA FILHO • ALANN FELIPE MARREIRO DE SOUSA • FAGNER DE SOUSA MOREIRA • HERLÂNIA DA SILVA FREIRE

• Um consultório destinado ao atendimento psiquiátrico;• Um consultório destinado ao atendimento psicológico;• Um consultório destinado ao atendimento de enfer-

magem, também utilizado como sala de atendimento a pacientes com crises;

• Um consultório destinado à terapia ocupacional; • Uma copa, a qual divide espaço com a sala do arte-te-

rapeuta;• Uma farmácia, para armazenamento e distribuição

dos medicamentos de alto custo;• Uma sala destinada à coordenação geral do CAPS;• Três banheiro, sendo um destinado aos usuários e

dois destinados aos funcionários.

A descrição física do CAPS de Quixadá requer melho-rias quanto à sua estruturação. O prédio em que funciona o serviço é o de uma casa, que não oferece acomodação ade-quada para os usuários e funcionários. A garagem, utilizada como sala de espera, possui cadeiras antigas, muitas delas posicionadas ao sol durante boa parte do dia. As salas desti-nadas ao atendimento de médicos, enfermeiros e psicólogos não possuem ventilação, deixando-as abafadas. A unidade não possui áreas de convivência para os usuários e salas para atividades grupais, como preconizado pelo Ministério da Saú-de, dificultando a prestação de serviço dos terapeutas ocu-pacionais. Tais problemas podem ser resolvidos com a cons-trução de um prédio próprio para a instituição que atenda às necessidades básicas.

De acordo com Brasil (2004), o CAPS deve possuir um espaço próprio e adequado para atender às demandas especí-ficas, oferecendo um ambiente continente e estruturado, com os recursos físicos necessários, como: consultórios para ati-

Page 91: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

91

DIAGNÓSTICO E ANÁLISE SITUACIONAL DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE DO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ-CE

vidades individuais, salas para atividades grupais, espaços de convivência, sanitários e área externa para oficinas, recreação e esportes. Tais aspectos favorecem o acolhimento e a efetivi-dade do tratamento prestado pela unidade.

A falta de alimentação também foi outra insatisfação levantada, entretanto a justificativa para que não houvesse a distribuição de alimentos era válida. O CAPS de Quixadá tra-balha no sentido de promoção da autonomia e reinserção so-cial dos usuários, e não com alimentação; a partir do momento em que se oferta alimentação, passa-se a ter um ambiente de retenção do usuário, o que foge da visão proposta pela unida-de psicossocial.

Figura 5 – Recepção Figura 6 – Consultório da enfermaria

Figura 7 – Consultório da Figura 8 – Centro depsicóloga abastecimento farmacêutico

Page 92: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

92

ALEIDE BARBOSA VIANA • DONATO MILENO BARREIRA FILHO • ALANN FELIPE MARREIRO DE SOUSA • FAGNER DE SOUSA MOREIRA • HERLÂNIA DA SILVA FREIRE

Figura 9 – Coordenação Figura 10 – Consultório médico

Figura 11 – Sala de espera Figura 12 – Sala da terapia ocupacional

Descrição dos recursos humanos do CAPS de Quixadá

Tabela 3 – Comparação entre o que é preconizado pelo Ministério da Saúde e o que é realizado no CAPS de Quixadá em relação à

equipe básica

Ministério da Saúde CAPS de Quixadá

Um médico psiquiatra. Sim.

Um enfermeiro com formação em saúde mental. Sim.

Quatro profissionais de nível superior de outras cate-gorias profissionais: psicólogo, assistente social, tera-peuta ocupacional, pedagogo, professor de educação física ou outro profissional necessário ao projeto te-rapêutico.

Sim.

Seis profissionais de nível médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico-administrativo, técnico-edu-cacional e artesão.

Sim.

Page 93: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

93

DIAGNÓSTICO E ANÁLISE SITUACIONAL DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE DO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ-CE

Atualmente o CAPS possui 13 funcionários, sendo eles:

• Um coordenador;• Dois médicos psiquiatras;• Uma enfermeira;• Um terapeuta ocupacional;• Uma psicóloga;• Um técnico de enfermagem;• Dois auxiliares técnico-administrativos;• Um motorista;• Um arte-terapeuta;• Dois auxiliares de serviços gerais.

É evidente a integração que existe entre os profissionais, que afirmam não serem apenas profissionais voltados a cum-prirem suas horas de trabalho dentro das suas especialidades, e sim “terapeutas de referência” ou “emergentes”, caracteri-zando-se como alguém que vai além da sua especificidade, com o objetivo de que o serviço cresça e beneficie o usuário conforme preconizado.

Entretanto, foi observada a ausência de uma política que focasse na equipe, incluindo a necessidade de reuniões sema-nais entre os profissionais, objetivando fazer uma análise cor-riqueira do que estava sendo feito e a capacitação dos mem-bros da equipe. Além disso, havia a necessidade de transporte para as visitas domiciliares.

A prática interdisciplinar nos CAPS tornou-se um pon-to de análise fundamental para a promoção de uma saúde in-tegral. É importante que não se fragmente o conhecimento, devido à diversidade das disciplinas envolvidas neste cuidado e à complexidade de se trabalhar com a saúde como um todo (NUNES, 2002). Por isso, faz-se necessária a construção de re-

Page 94: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

94

ALEIDE BARBOSA VIANA • DONATO MILENO BARREIRA FILHO • ALANN FELIPE MARREIRO DE SOUSA • FAGNER DE SOUSA MOREIRA • HERLÂNIA DA SILVA FREIRE

lações interdisciplinares nesse ambiente para a promoção de uma ação que transcenda a especificidade do seu saber, com uma atuação ampla e contextualizada em um trabalho em rede com o intuito de superar as dificuldades do usuário, individu-ais e sociais (BOING; CREPALDI, 2010).

Outro agravante encontrado foi o da responsabilidade repassada ao CAPS de Quixadá. Muitos dos pacientes que são encaminhados pelas Unidades Básicas de Saúde não possuem o acompanhamento dos profissionais da Equipe de Saúde da Família, gerando uma superlotação na unidade. Essa dificulda-de pode ser resolvida através de reuniões entre as equipes a fim de elaborarem planos de intervenções psicossociais que possam ser realizadas diretamente na atenção primária.

O fortalecimento da integração entre o CAPS e a Rede de Atenção à Saúde é uma grande ferramenta para diminuir a demanda de pacientes da unidade, que pode ser elaborada mediante a articulação dos saberes e da experiência no pla-nejamento de ações conjuntas (WESTPHAL; MENDES, 2010).

Conclusão Tivemos a oportunidade, na condição de acadêmicos,

de participarmos ativamente da rotina de um centro de saúde mental de referência no atendimento psicossocial de adultos e crianças, analisando suas atividades, seus atendimentos e sua dinâmica de trabalho, que nos enriqueceram como futuros profissionais do SUS.

A partir dessa análise situacional do CAPS de Quixadá, concluímos que a unidade apresenta características parcial-mente adequadas à legislação nacional, com estrutura física inadequada e recursos humanos adequados. Há uma deman-da considerável que está sendo atendida, priorizando-se o

Page 95: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

95

DIAGNÓSTICO E ANÁLISE SITUACIONAL DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE DO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ-CE

atendimento através da realização de um projeto terapêutico singular, sendo o trabalho com as famílias estimulado, mesmo com as suas dificuldades de estruturação e ausência de visitas domiciliares por falta de transporte.

Há iniciativas para uma prática interdisciplinar que valo-riza as discussões de casos entre a equipe e os serviços, apon-tando um fluxo de informações de referência e contrarreferên-cia com os demais setores que ainda precisa ser melhorado. A articulação com a rede de serviços de saúde e intersetoriais é caracterizada como um dos pontos frágeis da instituição que precisa ser revisto.

Referências

ANJOS FILHO, N. C.; SOUZA, A. M. P. A percepção sobre o tra-balho em equipe multiprofissional dos trabalhadores de um Centro de Atenção Psicossocial em Salvador, Bahia, Brasil. In-terface: Comunicação, Saúde, Educação, Botucatu, v. 21, n. 60, p. 63-76, 2017.

BEZERRA, V. J. A. P. Apoio matricial: uma nova estratégia de articulação entre a atenção básica e a saúde mental. 2014. 18p. Projeto de Intervenção (Especialização em Linhas de Cuidar de Enfermagem Atenção Psicossocial) – Programa de Pós-Graduação em Linhas de Cuidar de Enfermagem Atenção Psicossocial, Universidade Federal de Santa Catarina, Acopia-ra, 2014.

BLEICHER, T.; FREIRE, J. C.; SAMPAIO, J. J. C. Avaliação de po-lítica em saúde mental sob o viés da alteridade radical. Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 24, n. 2, p. 527-543, 2014.

BOING, E.; CREPALDI, M. A. O psicólogo na atenção básica: uma incursão pelas políticas públicas de saúde brasileiras. Psicologia: Ciência e Profissão, Brasília, DF, v. 30, n. 3, p. 634-649, 2010.

Page 96: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

96

ALEIDE BARBOSA VIANA • DONATO MILENO BARREIRA FILHO • ALANN FELIPE MARREIRO DE SOUSA • FAGNER DE SOUSA MOREIRA • HERLÂNIA DA SILVA FREIRE

BRASIL. Lei n. 10.216, de 6 de abril de 2001. Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Exe-cutivo, Brasília, DF, 9 abr. 2001.

BRASIL. Saúde mental no SUS: os centros de atenção psicos-social. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2004.

CEARÁ. Lei n. 12.151, de 29 de julho de 1993. Dispõe sobre a extinção progressiva dos Hospitais Psiquiátricos e sua subs-tituição por outros recursos assistenciais, regulamenta a in-ternação psiquiátrica compulsória e dá outras providências. Diário Oficial do Estado, Fortaleza, CE, 12 ago. 1993.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2011.

KANTORSKI, L. P. et al. A concepção dos profissionais acerca do projeto terapêutico de Centros de Atenção Psicossocial – CAPS. Cogitare Enfermagem, Curitiba, v. 15, n. 4, p. 659-666, 2010.

LIMA, M. S.; AGUIAR, A. C. L.; SOUSA, M. M. O cuidado com-partilhado em saúde mental como potencial de autonomia do usuário. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 20, n. 4, p. 675-686, 2015.

NUNES, E. D. Interdisciplinaridade: conjugar saberes. Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 26, n. 62, p. 249-258, 2002.

PUCCINI, P. T. et al. Concepção de profissionais de saúde sobre o papel das unidades básicas nas redes de atenção do SUS/Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 17, n. 11, p. 2941-2952, 2012.

RÉZIO, L. A. et al. O PET-Redes como transformador das prá-ticas profissionais de um Centro de Atenção Psicossocial. In-terface: Comunicação, Saúde, Educação, Botucatu, v. 21, n. 60, p. 89-98, 2017.

Page 97: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

97

DIAGNÓSTICO E ANÁLISE SITUACIONAL DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE DO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ-CE

RIBEIRO, P. R. M. História da saúde mental infantil: a criança brasileira da colônia à república velha. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 11, n. 1, p. 29-38, 2006.

SANTOS, A. L. G.; FARIAS, F. R. Criação e extinção do primeiro Manicômio Judiciário do Brasil. Revista Latino-Americana de Psicopatologia Fundamental, São Paulo, v. 3, n. 17, p. 515-527, 2014.

SILVA, A. L. A.; FONSECA, R. M. G. S. D. Processo de trabalho em saúde mental e o campo psicossocial. Revista Latino-Ame-ricana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 13, n. 3, p. 441-449, 2005.

WESTPHAL, M. F.; MENDES, R. Cidade saudável: uma experi-ência de interdisciplinaridade e intersetorialidade. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 34, n. 6, p. 47-61, 2010.

Page 98: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

98

WESLEY SOARES DE MELOMestrando em Enfermagem pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Bra-sileira (Unilab) e especialista em Gestão e Enfermagem do Trabalho pela Universidade Cândido Mendes (UCM) e em Gestão da Clínica nas Regiões de Saúde pelo Instituto de Ensino e Pesquisa Sírio-Libanês (IEP). Enfermeiro AVCi Agudo do Hospital Regional do Sertão Central.E-mail: <[email protected]>.

FRANCISCA CARLA DOS ANGELOS SANTOSEspecialista em Saúde da Família pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e graduada em Enfermagem pelo Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica).E-mail: <[email protected]>.

SARA DO NASCIMENTO CAVALCANTEEspecialista em Saúde Pública com Ênfase em NASF, ESF e CAPS pela Faculdade Nossa Senhora de Lourdes (FNSL). Professora do curso técnico em Enfermagem e preceptora de estágio do Centro de Educação Profissional (CEP). Interessada nas áreas de Saúde Pública e Saúde do Adulto. Residente em Saúde da Família pela Escola de Saúde Pública. Enfermeira pelo Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica).E-mail: <[email protected]>.

MARIA JANAÍNA NOGUEIRA DA SILVAGraduada em Enfermagem pelo Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica). Residente em Saúde da Família pela Escola de Saúde Pública. Presidente da Associação Comunitária dos Mo-radores de Bastiões. E-mail: <[email protected]>.

ALEXANDRE OLIVEIRA BEZERRADiscente do curso de Odontologia do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica).E-mail: <[email protected]>.

O DIAGNÓSTICO SITUACIONAL COMO FERRAMENTA PARA MELHORIA DO SERVIÇO DE SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Page 99: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

99

O DIAGNÓSTICO SITUACIONAL COMO FERRAMENTA PARA MELHORIA DO SERVIÇO DE SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Introdução

O presente trabalho consiste na realização do diagnóstico situacional de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) no municí-pio de Quixadá, Ceará, como proposta de atividade do Progra-ma de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) em parceria com a gestão dessa UBS.

Os serviços de saúde estão em permanente interação com o meio ambiente, afetando-o e sendo por ele afetados. Forças ambientais influenciam todo o processo de formulação de objetivos e terminam por atingir todo o comportamento da equipe, portanto é inquestionável que a área adscrita seja es-tudada antes de qualquer intervenção (RIBEIRO et al., 2008).

A Estratégia Saúde da Família (ESF) trabalha com uma área de abrangência delimitada geograficamente e população definida (FACCHINI et al., 2006). É responsável pela assistên-cia em sua área, sendo um espaço comum a vários profissio-nais que podem sistematizar práticas e saberes de diferentes categorias e consequentemente melhorar a qualidade do ser-viço de saúde (RIBEIRO et al., 2008).

O diagnóstico situacional representa um meio de pontu-ar, analisar e interpretar as relações entre os setores (recursos humanos, físicos, materiais e administrativos) e as atividades de prestação de serviços com eficiência e efetividade, deven-do buscar também a satisfação dos clientes. Portanto, devem ser analisadas as particularidades no diagnóstico, realizando-

Page 100: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

100

WESLEY SOARES DE MELO • FRANCISCA CARLA DOS ANGELOS SANTOS • SARA DO NASCIMENTO CAVALCANTE • MARIA JANAÍNA NOGUEIRA DA SILVA • ALEXANDRE OLIVEIRA BEZERRA

-se, a partir dessa constatação, o planejamento de ações e a definição de prioridades, sempre se baseando na realidade do serviço, em que se trabalha, muitas vezes, com populações de perfis socioeconômico e sanitário distintos.

O diagnóstico constitui a fase inicial do planejamento, apresentando-se como método de análise e identificação da realidade e das necessidades da prática diária. Tem o objetivo de fazer com que se tomem medidas para organização e cor-reção do serviço quando esse se encontrar em situação crítica. Objetiva identificar problemas; estabelecer prioridades; ob-servar fatores que limitam o desenvolvimento das atividades; estabelecer diretrizes para a definição de ações a serem imple-mentadas; proporcionar aprendizagem; identificar e reorgani-zar a área física, o número de pessoal, o horário de trabalho, o material e o equipamento disponível; e principalmente tornar clara a realidade da instituição para todos e possibilitar que o planejamento, a coordenação e o controle sejam realizados corretamente. Ou seja, é um instrumento para pensar o coti-diano do serviço (SANTOS, 2002).

A resolução dos problemas depende da disponibilidade e do acesso a recursos, mas também da viabilidade política, ou seja, de quanto os atores reconhecem a necessidade de mudanças e de quanto eles estão abertos e se comprometem em sua efetivação. Teixeira (1995) considera a realidade social complexa e imprevista, o que requer leituras e intervenções de natureza interdisciplinar e intersetorial. Ao mesmo tempo, re-conhece especificidades inerentes à localização espaço-tem-poral de cada problema, que lhe confere dinâmicas e signifi-cados particulares, exigindo formas próprias de abordagem (TEIXEIRA, 1995).

Sabe-se que o diagnóstico situacional propõe identifi-car e intervir sobre problemas reais ou potenciais da unidade

Page 101: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

101

O DIAGNÓSTICO SITUACIONAL COMO FERRAMENTA PARA MELHORIA DO SERVIÇO DE SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

estudada. Diante do exposto, a pesquisa justifica-se em mos-trar a influência do PET-Redes na mudança das práticas dos serviços de saúde, por meio da realização do diagnóstico si-tuacional, como uma ferramenta para formulação de estraté-gias e programas para o atendimento satisfatório às demandas existentes, bem como exigências para o repasse de recursos, oferecendo um suporte básico para a elaboração do plano mu-nicipal de saúde em parceria com a equipe do PET.

Desse modo, o objetivo principal deste estudo é realizar o diagnóstico situacional de uma UBS no município de Quixa-dá, Ceará. Tem como escopo também compreender a sua es-truturação, sua área de abrangência; conhecer a metodologia de trabalho das equipes de ESF; e, por fim, ajudar na estrutu-ração do trabalho em rede.

Metodologia

Trata-se de um estudo do tipo relato de experiência dos monitores do PET-Redes da Faculdade Católica Rainha do Ser-tão (FCRS), alunos do curso de Enfermagem, sob supervisão dos preceptores profissionais da área de Saúde atuantes na UBS do município supracitado e dos tutores do projeto.

A experiência se deu a partir do estágio do PET-Redes no período de outubro a novembro de 2013 nas instalações da UBS. Os dados coletados para a construção do diagnóstico situ-acional foram obtidos através de um questionário estruturado, preenchido pelos monitores mediante a observação de campo.

A análise dos dados foi realizada a partir da categoriza-ção dos dados obtidos, em que se realizaram estudos teóricos, ao passo que se confrontaram esses dados com a realidade encontrada, gerando informações fundamentais para uma melhor compreensão acerca do funcionamento da unidade e

Page 102: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

102

WESLEY SOARES DE MELO • FRANCISCA CARLA DOS ANGELOS SANTOS • SARA DO NASCIMENTO CAVALCANTE • MARIA JANAÍNA NOGUEIRA DA SILVA • ALEXANDRE OLIVEIRA BEZERRA

da regularidade dos serviços ofertados. Os dados, ao serem organizados, permitem ao pesquisador uma melhor tomada de decisões e a elaboração de conclusões (GIL, 2008).

Resultados e discussão

Os componentes do diagnóstico situacional são am-plos, sendo constituídos pela caracterização e discussão dos recursos físicos, humanos, ações de saúde, equipes de apoio e trabalhos intersetoriais da UBS. A elaboração do diagnósti-co situacional é um processo amplo que confere, sobretudo, compromisso social e credibilidade ao serviço, figurando de forma necessária para a organização e crescimento da equipe, além de representar um instrumento para melhorar e qualifi-car o acesso do cidadão às ações dos serviços de saúde (RIBEI-RO et al., 2008).

Localização e abrangência

A UBS possui fácil acesso. O saneamento básico encon-tra-se sob fins adequados para uso, com rede de esgoto, água encanada e coleta de lixo. Abrange cinco bairros da zona ur-bana e três comunidades da zona rural. Assiste atualmente a 3.500 famílias cadastradas.

Infraestrutura

A estrutura física da unidade, que atualmente dispõe de duas equipes de ESF, conta com recepção, consultórios, far-mácia, sala de curativo, copa, banheiros, sala de vacina e sala de espera, que foram descritos em relação à quantidade e con-dições no quadro adiante.

Page 103: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

103

O DIAGNÓSTICO SITUACIONAL COMO FERRAMENTA PARA MELHORIA DO SERVIÇO DE SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Quadro 1 – Infraestrutura da UBS

Quanti-dade

Organi-zação

Limpe-za

Ilumina-ção

Circula-ção

Mobi-liário

Har-monia visual

Recepção 01 Ótima Ótima Ótima Ampla Regular ÓtimaConsultó-

rios 05 Ótima Ótima Ótima Limita-da

Satisfa-tória Ótima

Farmácia 01 Ótima Ótima Ótima Limita-da

Satisfa-tória Ótima

Sala de curativo 01 Bom Ótima Ótima Limita-

daSatisfa-

tória Bom

Sala de atendi-

mento de crises

- - - - - - -

Labora-tório - - - - - - -

Cozinha 01 Ótima Ótima Ótima Limita-da Regular Ótima

Banheiros 09 Ótima Ótima Ótima Ótima Ade-quada Ótima

Almoxari-fado 01 Bom Bom Bom Bom Regular Regu-

larSala da

adminis-tração

- - - - - - -

Sala de vacinas 01 Ótima Ótima Ótima Limita-

daLimita-

da Ótima

Sala de espera 01 Ótima Ótima Ótima Ótima Ótima Regu-

larFonte: Elaboração própria (2018).

Os recursos físicos relacionam-se à estrutura física da área da unidade, comparando-a com a preconizada pela bi-bliografia, o que é importante, pois constitui um dos indicado-res da qualidade da assistência (SANTOS, 2002).

Percebeu-se que a unidade não conta com uma sala de atendimento de crises nem sala de administração. Isso, sendo

Page 104: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

104

WESLEY SOARES DE MELO • FRANCISCA CARLA DOS ANGELOS SANTOS • SARA DO NASCIMENTO CAVALCANTE • MARIA JANAÍNA NOGUEIRA DA SILVA • ALEXANDRE OLIVEIRA BEZERRA

comparado com o proposto pelo Ministério da Saúde (MS), não é obrigatório. Porém, um local, quando é dotado de boas condições de serviço, procurando adequar-se a toda situação de atendimento que possa aparecer e planejando o caminhar da unidade sob uma exclusiva administração e organização presente, gera um impacto na melhoria do cuidado à popu-lação. Quanto ao laboratório, este funciona na sala de Terapia de Reidratação Oral (TRO), mas, sob as diretrizes do MS, esse local está enquadrado na sala de procedimentos. A sala de es-pera é a mesma para a educação em saúde.

Quadro 2 – Estrutura sugerida para UBS com duas equipes de ESF

AmbientesNúmero de

sala ou espaço

Recepção para pacientes e acompanhantes 1

Sala de espera para pacientes e acompanhantes 3 a 5

Consultório com sanitário 1

Consultório 3

Sala de procedimentos 3

Almoxarifado 1

Consultório odontológico com área para escovário 1

Área para compressor e bomba a vácuo 1

Sanitário 2

Copa / Cozinha alternativa 1

Área para depósito de material de limpeza (DML) 1

Sala de utilidades 1

Área para reuniões e educação em saúde 1

Abrigo de resíduos sólidos, se a UBS proceder à esterilização no local 1

Sala de recepção, lavagem e descontaminação 1

Sala de esterilização e estocagem de material esterilizado 1Fonte: Elaboração própria (2018).

Page 105: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

105

O DIAGNÓSTICO SITUACIONAL COMO FERRAMENTA PARA MELHORIA DO SERVIÇO DE SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Recursos humanos

A unidade conta com um quadro de 34 funcionários, multiprofissionais. Cada equipe da ESF está de acordo com o preconizado pelo MS. A equipe mínima da ESF é composta por um médico, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e agentes comunitários de saúde (ACS), a qual, quando amplia-da, conta com um cirurgião-dentista, um auxiliar de consultório dentário e um técnico de higiene dental (BRASIL, 2011), sendo complementada com outros profissionais, conforme Portaria n. 154/2008. Em contrapartida, são assistidas 3.500 famílias. Tendo-se em média que cada família possui três membros, tem-se um número de 10.500 habitantes, o que não satisfaz as exigências do MS, que dizem o seguinte: “Cada equipe deve se responsabilizar pelo acompanhamento de, no máximo, 4 mil habitantes, sendo a média recomendada de 3 mil habitantes de uma determinada área”. Portanto, seria necessária a atua-ção de três equipes de ESF para a referida unidade.

Os profissionais estão dispostos da seguinte maneira:

Quadro 3 – Equipe da ESF e demais funcionáriosProfissional Quantidade Carga horária

Médico(a) 1 40 h

Enfermeiro(a) 2 40 h

Auxiliar de enfermagem 4 40 h

Agente comunitário de saúde 17 40 h

Dentista 1 40 h

Recepcionista 1 40 h

Porteiro 1 40 h

Auxiliar de serviços gerais 1 60 h

Fonte: Elaboração própria (2018).

Page 106: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

106

WESLEY SOARES DE MELO • FRANCISCA CARLA DOS ANGELOS SANTOS • SARA DO NASCIMENTO CAVALCANTE • MARIA JANAÍNA NOGUEIRA DA SILVA • ALEXANDRE OLIVEIRA BEZERRA

Quadro 4 – Profissionais da Residência que atuam na UBSProfissional Quantidade Carga horária

Enfermeiro(a) 2 60 hDentista 1 60 h

Psicólogo(a) 1 60 hAssistente social 1 60 h

Nutricionista 1 60 hFisioterapeuta 2 60 h

Fonte: Elaboração própria (2018).

Equipes de apoio (NASF)

Os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASFs) foram criados com o objetivo de ampliar a abrangência e o escopo das ações da atenção básica, bem como sua resolutividade (BRASIL, 2013). Os NASFs são constituídos por equipes com-postas por profissionais de diferentes áreas de conhecimento, que devem atuar de maneira integrada e apoiando os profis-sionais das ESFs, das equipes de atenção básica para popu-lações específicas e academia da saúde, compartilhando as práticas e saberes em saúde nos territórios sob a responsabi-lidade dessas equipes, atuando diretamente no apoio matricial às equipes da(s) unidade(s) à(s) qual(is) o NASF está vincula-do. Eles não se constituem como serviços com unidades físicas independentes. Devem, a partir das demandas identificadas no trabalho com as equipes, atuar de forma integrada à Rede de Atenção à Saúde e seus serviços (BRASIL, 2013).

A responsabilização compartilhada entre a equipe do NASF e as ESFs busca contribuir para a integralidade do cui-dado aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), princi-palmente por intermédio da ampliação da clínica, auxiliando no aumento da capacidade de análise e de intervenção sobre problemas e necessidades de saúde, tanto em termos clínicos

Page 107: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

107

O DIAGNÓSTICO SITUACIONAL COMO FERRAMENTA PARA MELHORIA DO SERVIÇO DE SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

quanto sanitários. São exemplos de ações de apoio desenvol-vidas pelos profissionais dos NASFs: discussão de casos, aten-dimento conjunto ou não, interconsulta, construção conjunta de projetos terapêuticos, educação permanente, intervenções no território e na saúde de grupos populacionais e da coleti-vidade, ações intersetoriais, ações de prevenção e promoção da saúde, discussão do processo de trabalho das equipes, etc. (BRASIL, 2013).

A UBS conta com uma equipe de NASF, composta por um psicólogo, um fisioterapeuta, um assistente social e um nu-tricionista, os quais atuam na unidade três vezes por semana, alternando-se a cada 15 dias, exercendo as seguintes ações:

• Sensibilizam e capacitam a ESF quanto aos assuntos relativos a: reabilitação, fluxos e funcionamento do SUS;

• Identificam junto com ESF o público prioritário para as atividades, ações e práticas a serem adotadas;

• Elaboram juntamente com ESF projetos terapêuticos individuais.

Estes são os serviços que a unidade deve ofertar segun-do o MS:

Quadro 5 – Serviços que a UBS deve ofertar segundo o MSServiços Sim Não

Atenção à saúde XRecursos humanos XZoonose XEpidemiologia XPrograma de educação continuada XPrograma de saúde bucal XVisitas domiciliares X

(continua)

Page 108: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

108

WESLEY SOARES DE MELO • FRANCISCA CARLA DOS ANGELOS SANTOS • SARA DO NASCIMENTO CAVALCANTE • MARIA JANAÍNA NOGUEIRA DA SILVA • ALEXANDRE OLIVEIRA BEZERRA

Projeto de reabilitação (fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicologia e fisioterapia)

X

Política de capacitação XAções de vigilância XReuniões periódicas com trabalhadores XEducação permanente XApoio matricial XAções de promoção à saúde XCampanhas de vacinação XDispensação de medicamentos XAcolhimento dos usuários XMarcação de consultas especializadas e exames complementa-res com avaliação e regulação constantes

X

Atendimento de casos agudos e encaminhamento responsá-vel para urgência e emergência

X

Avaliação e monitoramento dos encaminhamentos para atenção secundária priorizada pela equipe

X

Realização de projeto terapêutico individual e familiar XPrograma de Saúde na Escola (PSE) XAções, capacitações de humanização XAções de saúde mental X

Fonte: Elaboração própria (2018).

Percebe-se que a unidade exerce grande parte das ati-vidades propostas pelo MS, deixando apenas a desejar quanto ao apoio matricial e às ações de saúde mental.

Entende-se que a falta de integração das redes de saúde compromete o atendimento prestado aos usuários, o acolhi-mento e o atendimento integral às suas necessidades de saú-de. Conforme expresso no Decreto n. 7.508/2011, a integrali-dade da assistência à saúde se inicia e se completa na rede de atenção à saúde, envolvendo serviços municipais e estaduais. Assim, pode-se dizer que é real a necessidade de comunicação da saúde mental com atenção básica.

Portanto, entende-se que a materialização da integrali-dade da assistência à saúde se dá por meio do apoio matricial,

Page 109: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

109

O DIAGNÓSTICO SITUACIONAL COMO FERRAMENTA PARA MELHORIA DO SERVIÇO DE SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

o qual visa dar suporte técnico especializado e multidisciplinar, tanto em nível assistencial quanto técnico-pedagógico, fomen-tando a construção compartilhada, somando conhecimentos e contribuindo com intervenções que aumentem a capacidade resolutiva de casos individuais, familiares e/ou comunitários. Nesse contexto de rede de atenção à saúde, o apoio matricial vem facilitar o direcionamento dos fluxos, promovendo a arti-culação entre a atenção especializada (saúde mental) e a aten-ção básica (ESF) (CAMPOS; DOMITTI, 2007).

Nessa visão, o apoio matricial é algo a ser conquistado, pois ainda se limita nos desafios e há a necessidade de um laço mais estreito com a UBS para realmente completar o funcio-namento adequado dos serviços e o bom funcionamento inte-grado da rede de atenção à saúde.

Quanto aos usuários do serviço que apresentam trans-tornos mentais, a atenção de ações voltadas para esse público passa a ter como objetivo o pleno exercício de sua cidadania, e não somente o controle de sua sintomatologia. Isso implica organizar serviços abertos, com a participação ativa dos usuá-rios, formando redes com outras políticas públicas (educação, moradia, trabalho, cultura, etc.) (BRASIL, 2013).

Tendo em vista que cada pessoa é um conjunto de di-mensões diferentes com relações distintas entre cada esfera, deve-se, em cada encontro com a pessoa que sofre, dar aten-ção ao conjunto dessas esferas, em uma abordagem integral, e assim identificar quais transformações ocorreram, como cada mudança influiu em cada uma das esferas, quais correlações estão estagnadas ou ameaçadas, enfim, o que está provocan-do adoecimento e o que está em vias de causar adoecimento. Desse modo, poder-se-á elaborar estratégias de intervenção em algumas ou várias dessas esferas, dentro de uma sequência temporal, buscando reintroduzir uma dinâmica de dissipação

Page 110: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

110

WESLEY SOARES DE MELO • FRANCISCA CARLA DOS ANGELOS SANTOS • SARA DO NASCIMENTO CAVALCANTE • MARIA JANAÍNA NOGUEIRA DA SILVA • ALEXANDRE OLIVEIRA BEZERRA

das forças entrópicas para reduzir o sofrimento e promover a retomada da vida (BRASIL, 2013).

Para isso, existem as seguintes atividades que surgiram como propostas para serem desenvolvidas na UBS tanto numa abordagem individual como familiar, atividades estas preconi-zadas pelo MS:

• Acolhimento;• Aplicação do Projeto Terapêutico Singular (PTS) no

âmbito da saúde mental;• Abordagem familiar (grupo de orientação aos familia-

res; grupo de cuidado aos cuidadores; intervenções familiares que diminuam a sobrecarga da família cui-dadora; projeto terapêutico no cuidado à família; ofe-recimento de dispositivos da rede social de apoio, em que os familiares cuidadores de pessoas com sofri-mento psíquico possam ter garantidos também espa-ços de produção de sentido para sua vida, vinculados a atividades prazerosas e significativas a cada um);

• Redução de danos (quando não possível atingir o ní-vel de saúde desejado, pelo menos reduzir os danos provocados por patologias, álcool e/ou outras drogas e o uso abusivo de medicamentos);

• Grupos terapêuticos e comunitários;• Aplicação de testes para identificação de problemas

relacionados ao uso do álcool e outras drogas para posterior intervenção precoce, se possível a reabilita-ção, ou referenciar atendimento especializado e mes-mo manter o acompanhamento.

Page 111: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

111

O DIAGNÓSTICO SITUACIONAL COMO FERRAMENTA PARA MELHORIA DO SERVIÇO DE SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Ações de matriciamento

Quadro 6 – Ações de matriciamento da UBSAções Sim Não

Formulação de diagnóstico multiaxial. O uso de diagnósticos sindrômicos amplos é perfeitamente aceitável no campo da ESF. No entanto, vale destacar os itens que devemos ter em mente ao formular um diagnóstico ampliado multiaxial. Não estamos restringindo-nos ao diagnóstico psiquiátrico, mas elaborando uma formulação diagnóstica multiaxial que con-sidere sintomas e transtornos mentais, estilo e transtorno de personalidade, problemas de saúde em geral, avaliação de incapacidade e problemas sociais.

X

Formulação de projeto terapêutico singular que considere as abordagens biológicas e farmacológicas, abordagens psi-cossocial e familiar, apoio do sistema de saúde, apoio da rede comunitária, trabalho em equipe.

X

Interconsultas. Caracteriza-se por uma ação colaborativa en-tre profissionais de diferentes áreas. Existem diversas modali-dades de interconsulta, que vão desde uma discussão de caso feita pela equipe, ou intervenções, consultas e visitas domici-liares conjuntas.

X

Consulta conjunta. É uma técnica de aprendizagem em serviço voltada a dar respostas resolutivas a demandas da assistência à saúde que reúne, na mesma cena, profissionais de saúde de di-ferentes categorias, o paciente e, se necessário, a família deste.

X

Visita domiciliar conjunta. Supõe-se que centros de atenção psicossocial e equipes de saúde da família realizem, com re-gularidade, visitas domiciliares a usuários que, por diversas razões, não podem ser atendidos nas unidades de saúde.

X

Registros e controle de pacientes da saúde mental. XControle da dispensação de medicamentos de pacientes da saúde mental. X

Avaliação e monitoramento dos encaminhamentos para a atenção secundária priorizada pela equipe. X

Fonte: Elaboração própria (2018).

Constatou-se que a unidade conta com a maioria dos serviços citados no quadro anterior, mas abre-se aqui um es-paço para as seguintes observações: a formulação de proje-

Page 112: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

112

WESLEY SOARES DE MELO • FRANCISCA CARLA DOS ANGELOS SANTOS • SARA DO NASCIMENTO CAVALCANTE • MARIA JANAÍNA NOGUEIRA DA SILVA • ALEXANDRE OLIVEIRA BEZERRA

to terapêutico singular é uma ação em andamento que conta com o desenvolvimento e apoio da equipe dos residentes que atuam na unidade; quanto à visita domiciliar conjunta, ela é limitada pela dificuldade em deslocamento, pois não é a todo o momento que a unidade dispõe do serviço de transporte em condições adequadas; os registros e controle de pacientes de saúde mental, assim como o controle da dispensação de me-dicamentos destes, são ações que foram implantadas recente-mente na unidade, sendo fortalecidas com a participação dos monitores do PET.

Avaliação e monitoramento dos encaminhamentos para a atenção secundária priorizada pela equipe

Apesar de a equipe multiprofissional da UBS Combate ser “articulada” com outros pontos de atenção da rede, reali-zando algumas ações intersetoriais e contando com serviços de referência, é preciso o fortalecimento e a solidificação des-sas ações, especialmente de contrarreferência.

Sabe-se que a contrarreferência deve ser estabelecida não de forma que o paciente retorne somente à unidade de origem de mãos vazias, mas sim de forma que o paciente re-ceba a atenção mobilizada entre os setores em que é atendi-do, todos numa mesma ligação conjunta na linha do cuidado, mantendo um acompanhamento progressivo e contínuo desse indivíduo.

Considerações finais

O diagnóstico situacional implica a identificação dos problemas de saúde da comunidade, limitação das atividades, identificação e reorganização da área física, tornando clara a

Page 113: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

113

O DIAGNÓSTICO SITUACIONAL COMO FERRAMENTA PARA MELHORIA DO SERVIÇO DE SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

realidade da instituição. A partir disto é que se procura intervir a fim de mudar a dinâmica do serviço, buscando potencializar, reorientar e facilitar a tomada de decisão, pois são as ações bem planejadas que possibilitam resultados positivos e conse-quentemente causam impacto na saúde dos usuários.

A resolução dos problemas se dá quando há o reconhe-cimento de mudanças através do uso adequado desses indica-dores, não protagonizando somente os profissionais ali lota-dos, isso vai além da disponibilidade do acesso a recursos, da viabilidade político-administrativa, são necessárias ações de abertura e compromisso com a efetivação das políticas públi-cas de saúde e com a sociedade.

O diagnóstico situacional permitiu verificar a complexi-dade do serviço de saúde, em especial as atividades voltadas para a saúde mental, que muitas vezes não recebem devida atenção, deixando a desejar quanto à questão de investimento nessas ações e na capacitação dos profissionais.

Através deste, pudemos constatar também como nós, monitores do PET-Redes de Atenção, exercemos tal influência para melhoria ou mudança das práticas e assistência dos ser-viços de saúde, pois, mapeando e estudando toda a complexi-dade da unidade básica de saúde, pudemos rastrear proble-mas reais e potenciais e, com isso, propormos estratégias que combatessem ou amenizassem tais conflitos, com a finalidade de igualarmos o modelo de saúde preconizado e/ou estabele-cido para os cidadãos.

Durante o estudo, encontramos como limitação a escas-sez na literatura acerca dos trabalhos que envolvam a ferra-menta do diagnóstico situacional. Constatamos a relevância que essa ferramenta proporciona para avanço e melhoria dos serviços de saúde, abrangendo a área de assistência até o gerenciamento, dando uma visão global do funcionamento

Page 114: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

114

WESLEY SOARES DE MELO • FRANCISCA CARLA DOS ANGELOS SANTOS • SARA DO NASCIMENTO CAVALCANTE • MARIA JANAÍNA NOGUEIRA DA SILVA • ALEXANDRE OLIVEIRA BEZERRA

da UBS, permitindo-nos intervenções estratégicas e precisas. A partir disso, é vista a importância de debater, trabalhar e explorar cada vez mais a temática aqui exposta, contribuin-do com futuras pesquisas, suscitando discussões nos espaços para a tomada de decisão e para o aperfeiçoamento para todo e qualquer serviço de atenção à saúde.

Referências

BRASIL. Decreto n. 7.508, de 28 de junho de 2011. Regula-menta a Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dis-por sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 29 jun. 2011.

BRASIL. Manual de saúde mental. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2013.

BRASIL. Portaria n. 154, de 24 de janeiro de 2008. Cria os Nú-cleos de Apoio à Saúde da Família - NASF. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 25 jan. 2008.

CAMPOS, G. W. S.; DOMITTI, A. C. Apoio matricial e equipe de referência: uma metodologia para gestão do trabalho interdis-ciplinar em saúde. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 23, n. 2, p. 399-407, 2007.

FACCHINI, L. A. et al. Desempenho do PSF no Sul e no Nor-deste do Brasil: avaliação institucional e epidemiológica da atenção básica à saúde. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Ja-neiro, v. 11, n. 3, p. 669-681, 2006.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Pau-lo: Atlas, 2008.

Page 115: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

115

O DIAGNÓSTICO SITUACIONAL COMO FERRAMENTA PARA MELHORIA DO SERVIÇO DE SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

RIBEIRO, L. C. C. et al. O diagnóstico administrativo e situa-cional como instrumento para o planejamento de ações na estraté gia saúde da família. Cogitare Enfermagem, Paraná, v. 13, n. 3, p. 448-452, 2008.

SANTOS, C. H. Subsídios para elaboração do diagnóstico ad-ministrativo de enfermagem. Legislações e Normas COREN--MG. Belo Horizonte: Gestão, 2002.

TEIXEIRA, C. F. Planejamento e programação situacional em distritos sanitários: metodologia e organização. In: MENDES, E. V. (Org.). Distrito sanitário: o processo social de mudança das práticas sanitárias do Sistema Único de Saúde. São Paulo: Rio de Janeiro: Hucitec: Abrasco, 1995. p. 237-265.

Page 116: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

116

GLÁUCIA POSSO LIMADoutora em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Professora adjunta e dire-tora do Centro de Ciências da Saúde da UECE. Nutricionista.E-mail: <[email protected]>.

EDDIE WILLIAM DE PINHO SANTANADocente do curso de Medicina da Universidade Estadual do Ceará (UECE).E-mail: <[email protected]>.

ERICK JARDEL MENDES PEREIRADiscente do curso de Medicina da Universidade Estadual do Ceará (UECE).E-mail: <[email protected]>.

JOSÉ NOZINHO MARTINSDiscente do curso de Medicina da Universidade Estadual do Ceará (UECE).E-mail: <[email protected]>.

ZILA DANIERE DUTRA DOS SANTOSDiscente do curso de Odontologia do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica).E-mail: <[email protected]>.

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DA UNIDADE DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE LUÍS ALBUQUERQUE MENDES, FORTALEZA-CE

Page 117: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

117

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DA UNIDADE DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE LUÍS ALBUQUERQUE MENDES, FORTALEZA-CE

Introdução

De acordo com o Ministério da Saúde, a Rede de Atenção à Saúde é de suma importância para garantir acesso universal dos cidadãos aos serviços e ações de saúde, conforme seus anseios, garantindo, assim, a integralidade dos serviços. Ela é apontada como o contato preferente dos beneficiários e cen-tro de comunicação da Rede de Atenção à Saúde, baseando-se nos princípios da universalidade, da integralidade, da univer-salidade, da equidade, da responsabilização, da humanização e da participação social (BRASIL, 2015).

A Atenção Primária à Saúde (APS) expressa comumente o entendimento de uma atenção ambulatorial não especializa-da ofertada através de unidades de saúde de um sistema que se caracteriza pelo desenvolvimento de conjunto bastante di-versificado de atividades clínicas de baixa densidade tecnoló-gica, o que inclui, em muitos países, como no Brasil, as ativida-des de saúde pública. É senso comum também entender essas unidades como espaços onde se dá, ou deveria se dar, majori-tariamente o primeiro contato dos pacientes com o sistema e onde existe capacidade para a resolução de grande parte dos problemas de saúde por eles apresentados (LAVRAS, 2011).

A atenção primária considera o sujeito nos seus vários âmbitos, tanto no seu espaço sociocultural quanto no indivi-dual. Nesse sentido, a elaboração e as orientações de práticas de saúde requerem um conhecimento mais profundo da reali-

Page 118: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

118

GLÁUCIA POSSO LIMA • EDDIE WILLIAM DE PINHO SANTANA • ERICK JARDEL MENDES PEREIRA • JOSÉ NOZINHO MARTINS • ZILA DANIERE DUTRA DOS SANTOS

dade da população, bem como dos riscos com que esta se de-para. Ademais, faz-se mister observar como estão organizados os serviços e as rotinas das Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPSs) e das equipes do Programa Saúde da Família (PSF) (BRASIL, 2015).

O diagnóstico situacional é uma alternativa que nos evi-dencia os problemas e as necessidades sociais de uma comu-nidade/população, possibilitando a capacidade de conhecer a realidade do serviço de saúde nas suas diferentes esferas.

O termo “diagnóstico situacional” faz referência ao re-sultado de um processo de coleta e análise de dados colhi-dos num determinado local previamente selecionado pelos pesquisadores em razão de algum interesse, seja acadêmico, profissional ou de gestão. Esses dados são oriundos da par-ticipação efetiva das pessoas que atuam no local de estudo (REZENDE et al., 2010; SANT’ANNA et al., 2011). Nesse sen-tido, o diagnóstico situacional é imprescindível para a análise dos problemas, que, por sua vez, justificam o planejamento estratégico situacional que possibilita distender ações de saú-de mais focais efetivas em relação às dificuldades observadas (SILVA; ALMEIDA, 2014).

Por exemplo, a sistematização inapropriada e a insufi-ciência de recursos em uma UAPS favorecem a desenvoltura de um ambiente não adequado tanto para os usuários quanto para os profissionais, deixando a desejar a qualidade e o ser-viço preconizado pelo Ministério da Saúde. Para planejar e di-recionar as ações de saúde, é necessário conhecer a realidade da população/comunidade, sua dinâmica e os riscos a que está exposta, bem como a forma como estão organizados os servi-ços e as rotinas das unidades básicas de saúde e das equipes de Estratégia Saúde da Família (SANTOS; RIGOTTO, 2011).

Assim, de fato, é preciso conhecer a realidade de tra-balho e a comunidade que desfruta do serviço, com o intuito

Page 119: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

119

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DA UNIDADE DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE LUÍS ALBUQUERQUE MENDES, FORTALEZA-CE

de contribuir na implantação de estratégias e programas que auxiliem na melhoria de trabalho e atendimento. Deve-se levar em conta que a Política Nacional de Atenção Básica encontra na saúde da família sua principal estratégia para amplificação e consolidação da atenção básica, devendo configurar-se de modo progressivo e singular, avaliando-se as necessidades da população local.

Este trabalho consiste na realização do diagnóstico si-tuacional da UAPS Luís Albuquerque Mendes, como proposta de atividade do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde).

Método

A proposta metodológica para a construção deste re-lato baseia-se na experiência da construção de um diagnós-tico situacional de saúde. Essa vivência ocorreu na UAPS Luís Albuquerque Mendes, no bairro da Serrinha, no município de Fortaleza, no mês de novembro de 2016, por meio de entrevis-tas direcionadas a informantes-chave (funcionários) e obser-vação de campo. Para a realização das entrevistas, foi utilizado formulário semiestruturado. Após a coleta dos dados, iniciou--se a construção do diagnóstico situacional da UAPS Luís Al-buquerque Mendes, averiguando os dados coletados por meio de estudos teóricos, de modo a compará-los, estabelecendo discussões e problematizações com a realidade encontrada.

Territorialização da Unidade Básica de Saúde Luís Albuquerque Mendes

A UAPS representa o contato preferencial dos usuários, a principal porta de entrada e o centro de comunicação com

Page 120: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

120

GLÁUCIA POSSO LIMA • EDDIE WILLIAM DE PINHO SANTANA • ERICK JARDEL MENDES PEREIRA • JOSÉ NOZINHO MARTINS • ZILA DANIERE DUTRA DOS SANTOS

toda a rede de atenção à saúde. É instalada perto de onde as pessoas moram, trabalham, estudam e vivem, com isso de-sempenha um papel central na garantia de acesso à população a uma atenção à saúde de qualidade.

Na UAPS, é possível receber atendimentos básicos e gratuitos em pediatria, ginecologia, clínica geral, enfermagem e odontologia. Os principais serviços oferecidos são consultas médicas, inalações, injeções, curativos, vacinas, coletas de exa-mes laboratoriais, tratamentos odontológicos, encaminhamen-tos para especialidades e fornecimento de medicação básica.

A UAPS Luís Albuquerque Mendes está localizada na rua Benjamin Franklin, n. 735, no bairro Serrinha, Fortaleza, Ceará, e não só recebe pacientes do bairro, como também de outros bairros e comunidades, isso por conta da demanda es-pôntanea e principalmente pelo princípio da universalidade do Sistema Único de Saúde (SUS). No que tange ao bairro no qual a unidade está inserida, trata-se de um bairro localizado na zona central da capital, no estado do Ceará, administrado pela Secretaria Executiva Regional IV (SER IV), da Prefeitura Municipal de Fortaleza. A população, de acordo com o recen-seamento de 2010, é de cerca de 28.770 habitantes, ocupan-do uma área de 1.713 km². Nesse bairro estão localizados o Aeroporto Internacional Pinto Martins, a SER IV e algumas das avenidas mais movimentadas da cidade, como Dr. Silas Munguba (antiga Dedé Brasil), Bernardo Manuel e Senador Carlos Jereissati.

Embora seja precário em infraestrutura e equipamentos urbanos, o bairro Serrinha possui uma grande quantidade de instituições, como o Centro de Referência de Assistência So-cial (CRAS Serrinha), onde era o antigo Centro de Referência do Idoso, as escolas de educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e educação especial, postos de saúde, templos

Page 121: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

121

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DA UNIDADE DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE LUÍS ALBUQUERQUE MENDES, FORTALEZA-CE

religiosos e outros. O comércio concentra-se na avenida Dr. Silas Munguba.

Na avenida Senador Carlos Jereissati, encontram-se o  Aeroporto Internacional Pinto Martins  e uma das maiores lojas de atacado da cidade, o Atacadão. Também se encontra situada na Serrinha a Universidade Estadual do Ceará (UECE), além de vários comércios de médio e pequeno porte. Das vá-rias comunidades que compõem a Serrinha, destacam-se o Ômega (campo do Ômega), a Pracinha (Praça da Cruz Gran-de), o Serrote (Campo do Serrote), entre outras comunidades.

Além disso, trata-se de um bairro de maioria de pessoas de classe média baixa, cujos serviços e ocupações direcionam--se à prestação de serviço. É notável ainda a presença forte do tráfico de drogas, sendo esse um problema social bastante relevante para a comunidade.

Caracterização geral da UAPS Luís Albuquerque Mendes

As UAPSs fazem parte da Política Nacional de Urgência e Emergência, lançada pelo Ministério da Saúde em 2003, es-truturando e organizando a rede de urgência e emergência no país para integrar a atenção às urgências.

A atenção primária é constituída pelas unidades básicas de saúde (UAPS) e equipes de saúde da família, enquanto o nível intermediário de atenção fica sob encargo do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192) e das Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e o atendimento de média e alta complexidade é feito nos hospitais.

Os serviços ofertados na unidade são: atendimento médico, odontológico e de enfermagem. Dentro desses aten-dimentos, podemos dividir em demanda espontânea, emer-

Page 122: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

122

GLÁUCIA POSSO LIMA • EDDIE WILLIAM DE PINHO SANTANA • ERICK JARDEL MENDES PEREIRA • JOSÉ NOZINHO MARTINS • ZILA DANIERE DUTRA DOS SANTOS

gencial e agendada, padrão este obtido com a reformulação das últimas gestões públicas de Fortaleza. De acordo com as informações dos profissionais, alguns atendimentos, como nu-tricional e de educadores físicos, não estão sendo ofertados.

Além disso, existem ainda os serviços de farmácia e de imunização praticados pelos técnicos em enfermagem. Mais especificamente, os serviços começam com o acolhimento, seguido da avaliação com a enfermagem e possível encami-nhamento para a consulta médica, que pode requisitar exa-mes laboratoriais e consultas com especialistas – nesse caso, o médico encaminha o paciente ao Núcleo de Atendimento ao Cliente (NAC), que, por sua vez, agenda as consultas e exames que não são ofertados na unidade básica de saúde.

Os usuários atendidos são, em geral, moradores das re-dondezas que buscam desde atendimentos de emergência até atendimentos agendados. Segundo informações da pedagoga, profissional contratada pelo Instituto de Saúde e Gestão Hos-pitalar (ISGH), é ela a encarregada de prestar ajuda aos clien-tes na acolhida. No período da tarde, são atendidas, em média, 100 pessoas.

A UAPS possui quatro equipes de saúde da família, sen-do elas: vermelha, roxa, azul e amarela. Em média, cada equipe possui um médico, um enfermeiro e seis Agentes Comunitá-rios de Saúde (ACS). O processo de trabalho da equipe consis-te em realizar visitas domiciliares na área abrangida uma vez por semana. A frequência e a visita estão de acordo com as necessidades das famílias atendidas.

Os serviços de farmácia, a exemplo da relação com ou-tras redes de atenção à saúde, permitem que pacientes atendi-dos tanto pela rede pública quanto privada tenham acesso às medicações ofertadas. Isso se deve à parceria com o ISGH. Por outro lado, existe uma descontinuidade do conceito de rede, a exemplo da inexistência prática da relação dos serviços ofer-

Page 123: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

123

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DA UNIDADE DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE LUÍS ALBUQUERQUE MENDES, FORTALEZA-CE

tados por essa unidade com aqueles ofertados pelo Centro de Atenção Psicossocial (CAPS).

O acolhimento começa com a triagem (avaliação com um profissional da enfermagem); após isso, o paciente pode ou não ser encaminhado ao médico, que poderá ou não re-quisitar exames outros, como de imagem e laboratoriais, que devem ser providenciados pela equipe do NAC.

Em relação aos insumos e materiais do posto, perce-bemos que havia na farmácia materiais básicos, como luvas, máscaras, frascos para coletas, balanças, aparelhos glicosí-metros, sonar, estetoscópio, esfigmomanômetro e vacinas, porém constatamos a falta de vários medicamentos, como os de controle da diabetes e hipertensão. Inclusive, um funcioná-rio informou-nos que, nas vésperas do período eleitoral para a eleição do prefeito de Fortaleza, as demandas da farmácia do posto foram supridas com frequente entrega de medicamen-tos. Porém, após esse período, essas demandas retornaram, sem prazo para serem solucionadas.

Observamos que o posto possuía vários equipamentos de informática, como computadores e impressoras em ótimo estado, aparelhos de refrigeração, como ar-condicionado e geladeiras também em ótimo estado, além de televisões nos locais de espera dos pacientes.

Descrição física da UAPS Luís Albuquerque Mendes

A unidade em questão apresenta uma infraestrutura ra-zoável, capaz fisicamente de atender às demandas da comu-nidade. Existem salas destinadas aos serviços ofertados pela UBS, tais como: serviços médicos e de enfermagem que utili-zam consultórios (no total de sete). Existem ainda salas desti-

Page 124: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

124

GLÁUCIA POSSO LIMA • EDDIE WILLIAM DE PINHO SANTANA • ERICK JARDEL MENDES PEREIRA • JOSÉ NOZINHO MARTINS • ZILA DANIERE DUTRA DOS SANTOS

nadas à farmácia, à imunização, à coleta/aerossol, à ginecolo-gia, à esterilização, à odontologia, à coordenação, ao curativo, ao expurgo, aos Agentes Comunitários de Saúde (dividem es-paço com o Conselho de Saúde) e ao Núcleo de Atendimento ao Cliente (NAC).

O padrão arquitetônico da unidade ainda é um tanto quanto tradicional, haja vista a presença de corredores que também servem como local de espera para os pacientes. Vale ressaltar que é um ambiente bem iluminado, ventilado e com dispositivos anti-incêndio.

Entrevista com usuários da UAPS Luís Albuquerque Mendes

Gráfico 1 – Quantidade de homens e mulheres entrevistados na UBS

Fonte: Elaboração própria (2018).

De acordo com a amostragem, é possível perceber uma significativa participação e maior busca da parte feminina pela saúde. Dentre o total de entrevistados, apenas 20% eram ho-mens. Durante a fala de um desses homens, ele afirmou não conhecer o ACS e raramente buscar atendimento na UBS, dada sua rotina de trabalho.

Homens

Mulheres

Page 125: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

125

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DA UNIDADE DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE LUÍS ALBUQUERQUE MENDES, FORTALEZA-CE

Gráfico 2 – Classificação dos serviços oferecidos pela UBS segundo os entrevistados

Fonte: Elaboração própria (2018).

Ao serem perguntados se tinham seus problemas re-solvidos quando procuravam o atendimento na unidade em questão, muitos entrevistados passaram instintivamente a classificar o sistema usando, por exemplo, termos e expres-sões como as seguintes: “Sempre que procuro essa unidade, recebo consulta, remédios. Então é bom”; “Essa é a primeira vez que venho até aqui, mas até agora fui bem recebido”; “Tem uns funcionários que são legais, mas tem outros que têm cara de bicho”. Ante esses comentários, a equipe aproveitou para testar o que essas pessoas achavam do atendimento no geral, classificando em quatro critérios: muito bom, bom, regular e ruim (Gráfico 2).

Foram realizadas quinze entrevistas, com doze mulheres e três homens, os quais tinham entre 22 e 68 anos. Obser-vamos que a procura pelos serviços de saúde era maior entre as mulheres (80%). Outro fator que pode justificar essa preva-lência é o fato de que, na maioria das vezes, são as mulheres que acompanham as crianças nas consultas.

Para a realização das entrevistas, empregamos formu-lário semiestruturado. Nesse contexto, observamos as quali-dades e as dificuldades daquele posto de saúde segundo os usuários. Assim, algumas das principais reivindicações das pessoas eram: maior redução da fila de espera para exames e

Page 126: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

126

GLÁUCIA POSSO LIMA • EDDIE WILLIAM DE PINHO SANTANA • ERICK JARDEL MENDES PEREIRA • JOSÉ NOZINHO MARTINS • ZILA DANIERE DUTRA DOS SANTOS

para consultas com médicos especialistas; contratação de pro-fissionais de saúde bucal; melhor atendimento das recepcio-nistas do NAC; e maior tempo para o atendimento da demanda espontânea. Observamos também que muitos desconheciam a existência dos ACSs, bem como o fato de que muitos nunca haviam recebido visitas domiciliares.

Parecer geral do diagnóstico situacional/discussões

O diagnóstico situacional permitiu verificar que a UAPS Luís Albuquerque Mendes fornece a maior parte dos servi-ços recomendados pelo Ministério da Saúde, levando-se em consideração que a procura é sempre maior do que a oferta e que existe uma carência de muitos recursos para a realização e oferecimento de um serviço digno.

Este trabalho mostra que os atributos da UAPS apresen-tam bom desempenho na avaliação dos profissionais e gesto-res envolvidos com a Estratégia Saúde da Família. Entretanto, existe heterogeneidade nessa avaliação, com melhor avaliação do primeiro contato, longitudinalidade e integralidade, e pior avaliação do acesso e orientação comunitária. De acordo com Turci, Lima-Costa e Macinko (2015), as características estru-turais das unidades básicas e da organização das equipes da Estratégia Saúde da Família influenciam nesse desempenho.

A proposta do SUS na atenção básica de saúde tem como um dos principais objetivos a prevenção, desse modo, a sala de espera com temas em educação e saúde deveria acon-tecer mais frequentemente, visto que o objetivo é o cuidado e a prevenção. Apesar de a agenda dos profissionais da unidade ser bastante organizada, alguns serviços não têm sido oferta-dos em decorrência da insuficiência de recursos e outras ques-tões administrativas da gestão municipal.

Page 127: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

127

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DA UNIDADE DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE LUÍS ALBUQUERQUE MENDES, FORTALEZA-CE

Por outro lado, se as intervenções fossem direcionadas para toda a população, pequenas mudanças em fatores de ris-co e hábitos de vida saudáveis teriam potencialmente grande impacto na saúde pública, o que pode ser observado em pro-jetos de intervenção apresentados neste estudo.

Tal estratégia tem algumas vantagens em função de ser radical, ou seja, de tentar remover a causa básica da doença; de ter um grande potencial para a população, com reduções sig-nificativas na mortalidade; e ainda de ser apropriada do ponto de vista comportamental, procurando tornar o fator de risco socialmente inadequado. Esse seria um ponto importante para manter os indivíduos livres de fatores de risco após a interven-ção. Por outro lado, a estratégia populacional de intervenção tem algumas desvantagens. Ela oferece muitos benefícios à po-pulação como um todo, tais como diminuição de mortalidade e morbidade, porém pouco benefício aos indivíduos partici-pantes, visto que a maioria viveria muitos anos sem qualquer problema de saúde. Sendo assim, medidas que proporcionem recompensas sociais aos participantes de programas de mu-dança de estilo de vida, com reforço à autoestima e aprovação social, podem ser utilizadas como motivadoras para a educação em saúde e sua manutenção (SILVA; COTTA; ROSA, 2013).

Na vivência na UAPS, observamos um pouco do funcio-namento do SUS na prática, com suas dificuldades e benefí-cios. Dentre as principais dificuldades, foram relatadas: falta de medicamentos, demora em conseguir exames laboratoriais, tempo de espera para conseguir consultas especializadas e pouco tempo para o atendimento médico agendado, o que se deu principalmente devido à alteração do horário médico, que foi destinado em parte para a demanda espontânea.

Entre o que foi visto na teoria e o que existe, de fato, na prática, analisamos que o princípio de redes não está plena-

Page 128: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

128

GLÁUCIA POSSO LIMA • EDDIE WILLIAM DE PINHO SANTANA • ERICK JARDEL MENDES PEREIRA • JOSÉ NOZINHO MARTINS • ZILA DANIERE DUTRA DOS SANTOS

mente cumprido, pois havia a ausência de alguns profissionais que compõem a atenção primária e de informações a respei-to da complexidade de casos por parte de diversos pacientes, ou seja, chegavam, por exemplo, pacientes com demanda de atenção secundária na unidade básica de saúde.

As redes de atenção à saúde são arranjos organizativos de ações e serviços de saúde de diferentes densidades tecno-lógicas, que, integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cui-dado. A implementação das redes de atenção à saúde aponta para uma maior eficácia na produção de saúde e melhoria na eficiência da gestão do sistema de saúde no espaço regional e contribui para o avanço do processo de efetivação do SUS (BRASIL, 2015).

A transição entre o ideário de um sistema integrado de saúde conformado em redes e a sua concretização passam pela construção permanente nos territórios, de modo a per-mitir conhecer o real valor de uma proposta de inovação na organização e na gestão do sistema de saúde (BRASIL, 2012).

É imprescindível uma ação conjunta das equipes das UAPSs junto ao apoio matricial, para que possam conduzir os casos de saúde mental, esclarecimento diagnóstico, estrutura-ção de projeto terapêutico e abordagem da família. Por meio desse diagnóstico situacional, pudemos perceber que a saúde mental nessa unidade não era prioridade, ficando a cargo do CAPS. São insuficientes atividades terapêuticas e monitora-mento de pacientes usuários de ansiolíticos. A UAPS prioriza outras demandas da atenção básica.

Nesse sentido, seria necessária a presença de uma equi-pe multidisciplinar com formação na área de saúde mental que atue na comunidade, mais próxima dos doentes e seus familia-res. Esta deveria estar estreitamente articulada com a atenção

Page 129: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

129

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DA UNIDADE DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE LUÍS ALBUQUERQUE MENDES, FORTALEZA-CE

primária, valorizando o setor social e as organizações não go-vernamentais, o que permite que os problemas de saúde men-tal não estejam centrados no hospital e que as consultas sejam feitas predominantemente na comunidade.

Os cuidados seriam prestados num meio menos restriti-vo, devendo ser coordenados e integrados de forma a facilitar a continuidade de terapêuticas, com um leque de possibilida-des e programas capazes de responder às necessidades em saúde mental da população, devendo os familiares ser consi-derados como parceiros fundamentais na prestação de cuida-dos (FERNANDES et al., 2017).

O diagnóstico permitiu averiguar a realidade de traba-lho na UBS, os anseios da população e do perfil da comunida-de. Possibilitou um futuro planejamento de ações em saúde, que é a proposta do programa PET-Saúde.

Os estudantes e futuros profissionais são inseridos nos serviços de saúde precocemente e vão se integrando, o que lhes permite o desenvolvimento de diversas atividades que lhes proporcionam vivência real e ampliação da criticidade so-bre a prática assistencial, aproximando-os da realidade con-creta do SUS. Além disso, eles são responsáveis por desenca-dearem processos extremamente relevantes para que existam trocas, interação e comunicação, despertando o profissional para o trabalho em equipe (REZIO et at., 2017).

Considerações finais

O monitoramento da UAPS, em decorrência da partici-pação do programa PET-Saúde, foi de suma importância para a continuidade da jornada acadêmica, bem como experimentar previamente a essência da atividade profissional e o mercado de trabalho, visto que possibilitou: a união da prática e da te-

Page 130: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

130

GLÁUCIA POSSO LIMA • EDDIE WILLIAM DE PINHO SANTANA • ERICK JARDEL MENDES PEREIRA • JOSÉ NOZINHO MARTINS • ZILA DANIERE DUTRA DOS SANTOS

oria, a análise dos anseios da comunidade, o entendimento da atividade exercida pelo médico generalista da atenção básica e a compreensão de como se dava a organização da Estraté-gia Saúde da Família e das divisões (territorialização) de cada equipe de saúde da família no bairro adscrito da UAPS.

Além disso, foi imprescindível a aquisição de conheci-mentos pertinentes à organização, ao funcionamento e aos problemas da UBS; à rotina dos funcionários; à análise da for-ma de tratamentos dos médicos com os pacientes; à prática da ação do funcionamento e à importância da visita domiciliar.

No programa PET-Saúde, conhecemos a forma de orga-nização do SUS, bem como a importância da atenção primária para o estabelecimento da promoção da saúde e da prevenção de doenças. Dessa maneira, alguns princípios e diretrizes re-gem o funcionamento do SUS. Dentre os princípios, podemos destacar a universalidade, a equidade e a integralidade. As di-retrizes, por sua vez, são a regionalização, a participação social e a hierarquização.

Além disso, o PET-Saúde, tem o objetivo principal de fomentar alternativas, as quais possam qualificar a atenção primária à saúde, o que propicia aos acadêmicos analisar a re-alidade do SUS, suas formas de trabalho, a rotina de atendi-mentos, a relação entre a demanda crescente da população e os recursos disponíveis. Desse modo, como futuros profissio-nais de saúde, faz-se mister que nos inteiremos melhor sobre o ambiente de trabalho no qual iremos ingressar. Para todos os envolvidos no processo, um aprendizado e uma experiência incomparáveis.

Assim, o PET-Saúde, possibilita a construção con-junta de várias ideias e ações, já que engloba a participação do aparelho formador, do serviço e da comunidade. Portan-to, o PET-Saúde, tem atuado como importante instrumento

Page 131: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

131

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DA UNIDADE DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE LUÍS ALBUQUERQUE MENDES, FORTALEZA-CE

para formação de profissionais habilitados a desempenhar atividades de acordo com a demanda do SUS, promovendo qualidade de vida à população. Em contrapartida, observamos uma série de problemas de ordem estrutural e organizacional, os quais vão de encontro à Lei Orgânica n. 8.080/1990 e à Constituição Federal, as quais regem o bom funcionamento da Estratégia de Saúde da Família.

Na prática, identificamos haver vários fatores que ain-da impedem o estabelecimento pleno da atenção primária, como os números de equipes da Estratégia de Saúde da Fa-mília insuficientes para o total da população do bairro, a falta de uma equipe multidisciplinar no posto com médicos, enfer-meiros, nutricionistas, psicólogos e fisioterapeutas que vise à promoção da saúde da população. Outro fator prejudicial foi o aumento do tempo de atendimento da demanda espontâ-nea, a qual tem finalidade curativa para um problema pontual do paciente. Já na consulta agendada, avalia-se o histórico do paciente, assim como outros fatores que possam interferir no processo saúde-doença. Assim, esse tipo de atendimento deve ser priorizado, dando-se um maior tempo de consulta para os atendimentos agendados.

A prática nessa UAPS revelou o grande espaçamento que existe entre os princípios, diretrizes e políticas recomen-dados pelo SUS, mas mudanças positivas estão ocorrendo para prover um serviço de qualidade aos usuários. E as pequenas ações que os preceptores do PET-Saúde desenvolvem junto às unidades de saúde buscam colaborar com esse propósito.

Referências

BRASIL. A atenção primária e as redes de atenção à saúde. Brasília, DF: Conass, 2015.

Page 132: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

132

GLÁUCIA POSSO LIMA • EDDIE WILLIAM DE PINHO SANTANA • ERICK JARDEL MENDES PEREIRA • JOSÉ NOZINHO MARTINS • ZILA DANIERE DUTRA DOS SANTOS

BRASIL. Caderno de Informações para a Gestão Interfederati-va no SUS. Brasília, DF: MS, 2012.

BRASIL. Constituição de 1988. Constituição da República Fe-derativa do Brasil. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 5 out. 1988.

BRASIL. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saú-de, a organização e o funcionamento dos serviços correspon-dentes e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 20 set. 1990.

FERNANDES, L. et al. Saúde mental em Medicina Geral Fami-liar – obstáculos e expectativas percepcionados pelos médi-cos de família. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 22, n. 3, p. 797-805, 2017.

LAVRAS, C. Atenção primária à saúde e a organização de redes regionais de atenção à saúde no Brasil. Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 20, n. 4, p. 867-874, 2011.

REZENDE, A. C. et al. Diagnóstico situacional da Unidade Bá-sica de Saúde Barreiro de Cima. Belo Horizonte: UFMG, 2010.

REZIO, L. A. et al. O PET-Redes como transformador das práti-cas profissionais de um Centro de Atenção Psicossocial. Inter-face, Botucatu, v. 21, n. 60, p. 89-98, 2017.

SANT’ANNA, et al. Comunidade: objeto coletivo do trabalho das enfermeiras da Estratégia Saúde da Família. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 24, n. 3, p. 341-347, 2011.

SANTOS, A. L.; RIGOTTO, R. M. Território e territorialização: incorporando as relações produção, trabalho, ambiente e saú-de na atenção básica à saúde. Trabalho, Educação e Saúde, Rio de Janeiro, v. 8, n. 3, p. 387-406, 2010/2011.

SILVA, J. C.; ALMEIDA, M. C. Saúde da família: a prática de cui-dados da enfermeira na atenção primária à saúde. Revista Pró--UniverSUS, Vassouras, v. 5, n. 3, p. 10, 2014.

Page 133: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

133

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DA UNIDADE DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE LUÍS ALBUQUERQUE MENDES, FORTALEZA-CE

SILVA, L. S.; COTTA, R. M. M.; ROSA, C. O. B. Estratégias de promoção da saúde e prevenção primária para enfrentamento das doenças crônicas: revisão sistemática. Revista Panameri-cana de Salud Pública, São Paulo, v. 34, n. 5, p. 343-350, 2013.

TURCI, M. A.; LIMA-COSTA, M. F.; MACINKO, J. Influência de fatores estruturais e organizacionais no desempenho da aten-ção primária à saúde em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, na avaliação de gestores e enfermeiros.  Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 31, n. 9, p. 1941-1952, 2015.

Page 134: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

134

COSMO HELDER FERREIRA DA SILVADoutorando em Ciências da Saúde pela Universidade do ABC (FMABC) e mestre em Sociobiodiversi-dade pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab). Docente do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica). Cirurgião-Dentista.E-mail: <[email protected]>.

MIRELA MARTINS DE AGUIAREspecialista em Saúde da Família pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Secretaria de Saúde de Quixadá e tutora do programa PET-Gradua SUS. Enfermeira. E-mail: <[email protected]>.

GISELE NASCIMENTO DE SOUSADiscente do curso de Educação Física do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica). E-mail: <[email protected]>.

HILDERLÂNIA DE FREITAS LIMADiscente do curso de Enfermagem do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica).E-mail: <[email protected]>.

JANE RUTH GADÉLHA COSTADiscente do curso de Enfermagem do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica). E-mail: <[email protected]>.

INTERDISCIPLINARIDADE NA ASSISTÊNCIA À GESTANTE NO CONTEXTO DA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Page 135: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

135

INTERDISCIPLINARIDADE NA ASSISTÊNCIA À GESTANTE NO CONTEXTO DA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Introdução

Política pública trata-se de um conjunto de ações realiza-das pelo Estado e seus agentes, com a participação ou não da sociedade, visando garantir os direitos sociais previstos em lei (SOUSA; BATISTA, 2012). Segundo Lucchese (2004), as polí-ticas públicas em saúde integram o campo de ação social do Estado, orientando para a melhora da saúde da população e do ambiente, e sua tarefa específica consiste em organizar as funções públicas governamentais para promover e recuperar a saúde de um indivíduo e como também do coletivo.

Desde 1988 as políticas públicas de saúde são ativas no Brasil, regidas pela Constituição Federal, com princípios bá-sicos de universalidade, equidade e integralidade, buscando a participação da comunidade e o atendimento humanístico na organização do Sistema Único de Saúde (SUS) no territó-rio nacional (LUCCHESE, 2004). A Estratégia Saúde da Família (ESF) foi criada com o intuito de promover, prevenir e restau-rar a saúde das diversas famílias de cada localidade. Com o objetivo de ir além das práticas curativas, que era o modelo tradicional de saúde na época, em que a atenção está focaliza-da com vista na família, observada a partir do ambiente físico e social de cada uma, a ESF surgiu para ser um novo conceito de atendimento, pois as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) não estavam conseguindo atender de forma integral a todas as ne-cessidades da população. A ESF está inserida em um contexto

Page 136: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

136

COSMO HELDER FERREIRA DA SILVA • MIRELA MARTINS DE AGUIAR • GISELE NASCIMENTO DE SOUSA • HILDERLÂNIA DE FREITAS LIMA • JANE RUTH GADÉLHA COSTA

de decisão política e institucional com o propósito de fortale-cer a atenção básica no SUS (BARROS, 2014).

A ESF é composta por equipe multiprofissional, devendo possuir, no mínimo, médico e enfermeiro generalistas ou espe-cialistas em saúde da família, auxiliar ou técnico de enfermagem e Agentes Comunitários de Saúde (ACSs). É comum o acrés-cimo à equipe de profissionais em saúde bucal, sendo o cirur-gião-dentista generalista ou especialista em saúde da família e auxiliar e/ou técnico em saúde bucal (BRASIL, 2012). Tendo como base a formação do grupo que integra a ESF, podemos afirmar que o trabalho em equipe é considerado de grande re-levância, ainda que seja de difícil execução. Muitas vezes, é vis-to como uma maneira de se dividir responsabilidades refletin-do em uma recuperação rápida do paciente. Diante disso, seria correto afirmar que a união dos saberes, opiniões e visões de diferentes profissionais acaba por contribuir de maneira sig-nificativa no que se refere à compreensão do estado geral do paciente, permitindo, assim, vislumbrá-lo em sua totalidade, surgindo o conceito de interdisciplinaridade, ou a interação de duas ou mais disciplinas, integrando conceitos-chave, refletin-do em novos conhecimentos e na organização pesquisa-ensi-no (ALVARENGA et al., 2013; SAAR; TREVIZAN, 2007).

Ainda no que diz respeito à realização e efetivação do trabalho em equipe, cabe voltar um olhar mais aprimorado à questão do atendimento oferecido às gestantes e puérperas nas redes de saúde, no caso, a atenção primária, visto ainda que as mesmas estão inseridas no contexto de grupos espe-ciais (juntamente com crianças e idosos), tendo em vista que tal período (gestação e parto) acarreta profundas mudanças, necessitando de adaptação à chegada do novo membro à fa-mília, propiciando o desenvolvimento de ações preventivas e de promoção à saúde (BRASIL, 2011; SÃO PAULO, 2010).

Page 137: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

137

INTERDISCIPLINARIDADE NA ASSISTÊNCIA À GESTANTE NO CONTEXTO DA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Dessa forma, é importante que durante o período pré--natal sejam feitos acompanhamentos e devidas orientações às gestantes, que podem ser realizados em salas de espera, campanhas ou mesmo no momento da consulta individual. É de demasiada relevância abordar as vantagens e as dificulda-des que envolvem tal período, considerando os conhecimen-tos prévios, expectativas e sentimentos das gestantes (FRIGO et al., 2012).

Diante do exposto, voltamos para a seguinte interroga-tiva: no âmbito do SUS, no que diz respeito à atenção primária em relação à assistência às gestantes, as mesmas estão tendo acompanhamento interdisciplinar, dadas as dificuldades en-contradas no sistema? Tendo em vista a relevância da expe-riência em campo desde a graduação, bem como do trabalho multidisciplinar objetivando uma integralidade no atendimen-to ao paciente desde a atenção primária, fazem-se relevantes vivências em equipes multiprofissionais, visando à melhoria na assistência à gestante de uma forma holística. Dessa forma, o objetivo do presente artigo é relatar a experiência vivenciada por membros do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde/Gradua SUS) do Centro Universitário Ca-tólica de Quixadá, especificamente dos diversos cursos da área da Saúde na Unidade Básica de Saúde Dr. Everardo Silveira, do município de Quixadá, Ceará, com ênfase na assistência à gestante.

Metodologia

Trata-se de um relato de experiência de natureza ex-ploratório-descritiva, transversal e qualitativa, realizado por acadêmicos do Centro Universitário Católica de Quixadá, membros do PET-Saúde/Gradua SUS das seguintes áreas:

Page 138: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

138

COSMO HELDER FERREIRA DA SILVA • MIRELA MARTINS DE AGUIAR • GISELE NASCIMENTO DE SOUSA • HILDERLÂNIA DE FREITAS LIMA • JANE RUTH GADÉLHA COSTA

Odontologia, Farmácia, Fisioterapia, Enfermagem e Educação Física. A experiência se deu no período de março e abril de 2017, na Unidade Básica de Saúde Dr. Everardo Silveira, loca-lizada no bairro Campo Velho, no município de Quixadá, Ceará. Para tanto, foram realizadas visitas por três semanas das 14h às 17h, às segundas-feiras, observando-se o funcionamento da unidade, com ênfase nas dificuldades encontradas pelos usuários atendidos por ela. As vivências foram posteriormente discutidas em grupo juntamente com os tutores responsáveis, em que cada membro pôde expor sua visão de acordo com sua área de atuação.

Análise situacional: conhecer, analisar e diagnosticar para intervir com eficácia

Consideraram-se todos os aspectos da UBS Dr. Everar-do Silveira, da sua localização à sua estrutura. A unidade se localiza na rua Benigno Bezerra, sem número, bairro Campo Velho, na cidade de Quixadá, Ceará. De acordo com as visitas realizadas semanalmente pelos acadêmicos do PET-Saúde/Gradua SUS, foi analisada a situação estrutural da UBS, que, por se tratar de uma unidade de saúde muito antiga, acaba não oferecendo uma boa estrutura para sua população local.

Os profissionais relataram que a unidade está fun-cionando não apenas em função de seu território, mas está abrangendo a população de uma outra UBS por motivos estru-turais, havendo uma sobrecarga de demanda, visto que, com essa ocupação, os atendimentos tornam-se um processo lento para a população da UBS do Campo Velho. Como os mesmos profissionais relataram, isso acarreta mais problemas, como falta de espaço para acomodar todos os pacientes, carência de profissionais, que tem se tornado cada vez maior, além das

Page 139: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

139

INTERDISCIPLINARIDADE NA ASSISTÊNCIA À GESTANTE NO CONTEXTO DA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

condições que médicos e enfermeiros atendem a seus pacien-tes, em um ambiente quente devido ao forte calor da cidade.

Analisada a estrutura física da UBS, o foco consistiu em um público específico: os serviços que são oferecidos às ges-tantes. Durante a experiência, pôde-se observar as dificulda-des da UBS no atendimento a esse público. A UBS conta com uma equipe multiprofissional, composta por médicos, enfer-meiros, técnicos de enfermagem, cirurgião-dentista e auxiliar de consultório odontológico, todos atuando de acordo com sua área para melhorar a assistência às gestantes. Muitas es-tão em sua primeira gestação, valendo ressaltar que nenhuma gestação é igual à anterior, então as gestantes que já são mães precisam de atenção e instruções também. É um grupo que sempre apresenta dúvidas, então é de grande relevância que os profissionais que o acompanham retirem tais dúvidas quan-do elas surgirem, porém ainda há uma carência de orientações por parte dos profissionais voltadas para essas gestantes na unidade.

A UBS, além de atuar na atenção à saúde da gestante, também realiza campanhas para a prevenção da gravidez pre-coce por meio de palestras e orientações na unidade, alertan-do às jovens não apenas do território da UBS, mas de todas as localidades atendidas pela unidade, dos riscos de uma gravi-dez precoce, visto que os índices são muito altos, chegando a ser assustadores.

Na unidade, as consultas de pré-natal de baixo risco são realizadas com enfermeiro e médico, alternando as consultas. Durante essas consultas, tem que ser estabelecido um vínculo entre os profissionais para melhor atendimento das gestantes; se essa comunicação não for eficaz, poderá trazer prejuízos. Segundo Silva (2016), a falta de vínculo entre profissional e gestante, bem como a falta de espaço para uma comunicação

Page 140: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

140

COSMO HELDER FERREIRA DA SILVA • MIRELA MARTINS DE AGUIAR • GISELE NASCIMENTO DE SOUSA • HILDERLÂNIA DE FREITAS LIMA • JANE RUTH GADÉLHA COSTA

ativa, prejudica o desenvolvimento do pré-natal, tornando a mulher como um ser passivo, e não como protagonista do pro-cesso de tornar-se mãe.

Na assistência integral à gestante, a enfermagem tem função primordial na atenção pré-natal de qualidade e hu-manizada, visando à saúde materno-infantil. Para isso, há a organização de serviços, a implantação de tecnologias para viabilizar o aprendizado da gestante, a capacitação da equi-pe para voltar-se com olhar sensível para as necessidades da mulher e de sua família, a identificação de risco para a saúde materna e fetal, a intervenção em orientações e o acordo com o período gestacional, ampliando a qualidade de vida de forma geral. Consoante Silva (2016), a consulta de enfermagem é importante instrumento de educação em saúde, uma vez que favorece vínculo de confiança, espaço e linguagem acessível ao paciente, além de liberdade.

Observou-se na presente unidade o contato direto entre cliente e profissional enfermeiro, em que este, respaldado pela Lei n. 7.498, que dispõe sobre a regulamentação do exercício de enfermagem, pode realizar o pré-natal de baixo risco. Com isso, o profissional realiza a consulta, faz a solicitação de exa-mes, avalia, prescreve as medicações para ser administradas durante a gestação e realiza as orientações gerais quanto às modificações do corpo, trabalho de parto, puerpério e cuida-dos com o recém-nascido. Um dos problemas encontrados no serviço foi a dificuldade na realização dos exames laboratoriais e de imagem, solicitados e realizados em instituições particu-lares, desconsiderando que as condições socioeconômicas das famílias são difíceis.

Sabe-se ainda que, durante o período gestacional, au-menta a necessidade da mãe por fatores responsáveis por manter a homeostasia do organismo, sendo assim observa-

Page 141: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

141

INTERDISCIPLINARIDADE NA ASSISTÊNCIA À GESTANTE NO CONTEXTO DA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

do na unidade de saúde em questão, no que diz respeito às gestantes, o uso de suplementos, como ácido fólico e sulfato ferroso, circunstância em que se faz notória essa suplementa-ção, visto que nosso organismo não é capaz de sintetizar tais substâncias, sendo estas provenientes da dieta.

Desse modo, a prescrição de folato se dá pelo seguinte fato: essa substância é capaz de induzir ou ajudar no fecha-mento do tubo neural, evitando má-formação, como espinha bífida, anencefalia e encefalocele (DEMIAN, 2010; WOLF et al., 2009). Por esse motivo, é tão comum encorajar o uso dessa substância por mulheres que planejam engravidar ou que já se encontram em período gestacional (FONSECA; RASKIN; ZU-GAIB, 2013). Quanto ao ferro, este é recomendado visando re-duzir o nascimento de crianças abaixo do peso, anemia mater-no-fetal, bem como deficiência de ferro, sendo recomendado o seu uso a partir do momento em que se descobre a gravidez, podendo seguir com o tratamento até o terceiro mês após o parto para a gestante (BRASIL, 2013, 2015; OMS, 2013).

Observou-se também a utilização do antimicrobiano Amoxicilina por parte das mesmas, com o objetivo de tratar infecções urinárias. Tal informação é comprovada por Veras e apoiadores (2016), que afirmam que Infecções do Trato Uriná-rio (ITU) são as formas mais comuns de infecções bacterianas durante o período gestacional, podendo apresentar-se de for-ma sintomática ou assintomática. Conforme afirmação do Mi-nistério da Saúde (2012), tal infecção é comum em mulheres jovens, correspondendo à complicação clínica mais constante da gestação, ocorrendo em 17% a 20% das mulheres nesse pe-ríodo, sendo ainda associada a partos prematuros, baixo peso ao nascer, rotura prematura e inflamação de membranas fe-tais, infecção neonatal, considerando-se ainda como a princi-pal causa de septicemia na gravidez.

Page 142: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

142

COSMO HELDER FERREIRA DA SILVA • MIRELA MARTINS DE AGUIAR • GISELE NASCIMENTO DE SOUSA • HILDERLÂNIA DE FREITAS LIMA • JANE RUTH GADÉLHA COSTA

Quanto ao atendimento farmacêutico à gestante na unidade de saúde em questão, notou-se que não é realizado diretamente pelo farmacêutico, visto que não é obrigatória a presença destes nas UBSs, logo a orientação médico-farma-cológica era feita por outros profissionais. Cabe aqui ressaltar o quão importante se faz o cuidado farmacêutico com relação à gestante, visando evitar problemas relacionados a medica-mentos e possíveis reações adversas.

Com relação à estrutura ou ao ambiente onde se situava a farmácia da unidade, encontrava-se bem organizada, ten-do os medicamentos dispostos em prateleiras e organizados conforme a classe farmacológica, sendo dispensados por uma auxiliar de farmácia, com rígido controle sobre a sua dispensa-ção. A única ressalva era quanto à temperatura do ambiente, por ser muito quente e pouco arejado, o que pode contribuir para a deterioração dos medicamentos, bem como para a re-dução de sua eficácia no tratamento.

A respeito do trabalho em equipe, pôde-se vivenciar uma das experiências mais enriquecedoras, visto que nos foi dada a oportunidade de trabalhar e conhecer a metodologia de outros profissionais, agregando cada conhecimento para uma melhor efetivação do tratamento dos pacientes, no caso gestantes, conhecendo cada paciente de modo integral, sendo importante ressaltar o quanto tal experiência ensina e prepara para o trabalho em equipe no âmbito do SUS, tarefa essa que deve ser realizada com zelo e sempre tendo como foco princi-pal e total o paciente.

Ao visitarmos a UBS, primeiramente tivemos uma con-versa informal com gestantes em acordo com a análise fisio-terápica, quando observamos que relatavam dores na lombar, sendo normal em consequência da gravidez, em que a mulher tenta compensar o seu novo centro de gravidade, obtendo

Page 143: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

143

INTERDISCIPLINARIDADE NA ASSISTÊNCIA À GESTANTE NO CONTEXTO DA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

alterações posturais. As unidades básicas não possuem o fi-sioterapeuta, sendo algo a ser revisto por se tratar de grande relevância ao visar à prevenção de diversas doenças crônicas degenerativas.

Para Strassburger e Dreher (2006), a atuação da fisio-terapia na atenção à gestante pode intervir em vários quesi-tos em relação à função e ao movimento humano; no caso das gestantes, o problema está no crescimento do bebê, pois as-sim aumentará o peso, além das alterações hormonais, como, por exemplo, o aumento das mamas, causando uma série de modificações posturais: hiperextensão de joelhos, aumento das curvaturas da lombar, dorsal e cervical, além de projeção dos ombros. Todas essas alterações surgem com o intuito de compensar o novo centro de gravidade que o corpo assume nesse momento.

Ao caminhar, pode-se perceber que a gestante sente falta de equilíbrio; por esse motivo, busca aumentar sua base de sustentação, apresentando uma marcha diferenciada, que por muitos é chamada de “marcha anserina”. O fisioterapeuta se apresenta como um profissional da área da Saúde capaz de contribuir com a melhora da qualidade de vida da gestante, amenizando suas queixas através de um programa educativo e terapêutico (STRASSBURGER; DREHER, 2006).

Ainda há pouco conhecimento da importância da ati-vidade física durante a gestação, uma vez que muitos para-digmas envolvem o assunto. Popularmente a atividade física na gestação é vista como não benéfica, mas a ciência, através de estudos, tem comprovado que a atividade física nesse pe-ríodo traz benefícios tanto para a mulher quanto para o bebê (BROWN et al., 2002 apud MANN et al., 2009).

Atividades físicas para gestantes devem ser realizadas com muito cuidado e atenção. Primeiramente deve-se procu-

Page 144: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

144

COSMO HELDER FERREIRA DA SILVA • MIRELA MARTINS DE AGUIAR • GISELE NASCIMENTO DE SOUSA • HILDERLÂNIA DE FREITAS LIMA • JANE RUTH GADÉLHA COSTA

rar o obstetra e exames e só depois procurar um profissional de Educação Física, para que, assim, ele possa planejar ativi-dades que sejam agradáveis e seguras, respeitando a individu-alidade de cada pessoa. No período gestacional, ocorre uma série de mudanças no organismo, e a prática de atividade física regular proporciona melhoria da qualidade de vida e manu-tenção da saúde. Para mulheres que já eram ativas antes da gestação, a prática nesse período se torna muito mais fácil e adaptável; para as que não eram ativas, apresentam dúvidas sobre até que ponto a atividade física é saudável, quando os exercícios acabam sendo prejudiciais para a gestação.

Segundo Melem (1997), para mulheres fisicamente ativas, as atividades podem ser executadas com uma intensi-dade moderada. Para as que não são ativas, devem começar aos poucos, com baixa intensidade, sendo que o importante é manter-se saudável para evitar complicações durante o parto por problemas causados pelo sedentarismo. Conforme Hanlon (1999), a atividade física durante a gestação ocasiona uma sé-rie de benefícios, como: melhora da autoestima, diminuição da ansiedade e estresse, menor risco de adquirir diabetes e me-nor risco de parto prematuro. Ao trabalhar com uma gestante, o profissional de Educação Física tende a usar o “senso co-mum” e saber que todas as gestações são diferentes, conside-rando que o estilo de vida de cada gestante antes da gravidez conta muito para o planejamento das atividades e respeitando sempre a individualidade de cada uma.

A experiência vivenciada durante o período de visitas à UBS foi muito enriquecedora, contribuindo para a experiência profissional de cada acadêmico envolvido, em que trabalhar em equipe é o foco principal do programa. Pudemos vivenciar isso na prática, contribuindo para um conhecimento amplo de todas as áreas envolvidas, além de levar informação a quem precisa e contribuir para a melhoria no atendimento da UBS.

Page 145: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

145

INTERDISCIPLINARIDADE NA ASSISTÊNCIA À GESTANTE NO CONTEXTO DA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

No que diz respeito à assistência em saúde oral na pre-sente unidade de saúde, observamos a existência de uma sala com equipamentos mínimos para o atendimento ofertado na atenção primária. No entanto, a unidade apresentava-se sem a disponibilidade de atendimento, pois a profissional responsá-vel encontrava-se em licença-maternidade e ainda não havia substituto para ela. Observamos também a ausência de agen-damentos para atendimentos a demandas específicas referen-tes ao atendimento odontológico, bem como atividades para a promoção de saúde oral.

O acesso à assistência odontológica na gravidez é re-pleto de barreiras, que vão desde a baixa percepção de neces-sidade das gestantes, a ansiedade e o medo de sentir dor, até dificuldades para a entrada no serviço público (SANTOS et al., 2012). Na unidade básica relatada, as gestantes não possuí-am acompanhamento diferenciado nem incentivo ao pré-natal odontológico, o que nos gerou preocupação, suscitando a ne-cessidade de um olhar para esse público.

O acesso das mulheres à assistência odontológica pa-rece funcionar como agente potencializador da qualidade de vida pela percepção subjetiva de bem-estar. Portanto, a odon-tologia precisa ser expandida e integrar-se cada vez mais aos serviços de saúde pública, fornecendo respostas adequadas às necessidades de saúde e ao sofrimento das gestantes, sem perder o foco de que as ações educativas são facilitadoras para despertar uma assistência pré-natal mais integral e humaniza-da que repercuta na qualidade de vida (SANTOS et al., 2012).

A experiência vivida na unidade foi de grande valia para o crescimento de cada participante do presente estudo, em que pudemos vivenciar o trabalho em equipe, bem como as dificuldades encontradas diariamente no atendimento do SUS, que, apesar das grandes melhorias ao longo dos anos, ainda tem muitas barreiras a vencer.

Page 146: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

146

COSMO HELDER FERREIRA DA SILVA • MIRELA MARTINS DE AGUIAR • GISELE NASCIMENTO DE SOUSA • HILDERLÂNIA DE FREITAS LIMA • JANE RUTH GADÉLHA COSTA

Considerações finais

Com o surgimento das políticas públicas à saúde in-tegral da mulher, incluindo o período gravídico-puerperal, faz-se necessária uma assistência interdisciplinar para melhor atender às necessidades da mulher e de sua família, incluindo saúde bucal, preparação do assoalho pélvico, cuidado com a postura, acompanhamento do crescimento e desenvolvimento do peso fetal e da gestante, supervisão da idade gestacional e suas fases de modificações, análise de exames laboratoriais e imagens e orientações gerais quanto às especialidades. Com a vivência observacional na UBS, percebemos as dificuldades encontradas na assistência integral e multidisciplinar ao pa-ciente, com isso as problemáticas eram frequentes. Sendo a atenção primária a porta de entrada, a saúde ainda vive um período de adaptação do sistema em rede, sendo acometida por superlotação, por poucas equipes disponíveis e por alta taxa de áreas descobertas, fazendo com que várias famílias não tenham acesso à saúde.

Referências

ALVARENGA, J. P. L. et al. Multiprofissionalidade e interdisci-plinaridade na formação em saúde: vivências de graduandos no estágio regional interprofissional. Revista de Enfermagem, Recife, v. 7, n. 10, p. 5944-5951, 2013.

BARROS, I. D. A importância da Estratégia Saúde da Família: contexto histórico. 2014. 34 f. Monografia (Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família) – Programa de Pós-Gra-duação em Atenção Básica em Saúde da Família, Universidade Federal de Minas Gerais, Teófilo Otoni, 2014.

BRASIL. Assistência ao pré-natal: manual técnico. Brasília, DF: MS, 2012a.

Page 147: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

147

INTERDISCIPLINARIDADE NA ASSISTÊNCIA À GESTANTE NO CONTEXTO DA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

BRASIL. Atenção à saúde da gestante em APS. Porto Alegre: MS, 2011.

BRASIL. Atenção ao pré-natal de baixo risco. Brasília, DF: MS, 2013.

BRASIL. Equipe de Saúde da Família. Brasília, DF: MS, 2012b.

BRASIL. Lei n. 7.498, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do exercício da enfermagem, e dá outras pro-vidências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília DF, 26 jun. 1986.

BRASIL. Protocolos da atenção básica:  saúde das mulheres. Brasília, DF: MS, 2016.

BROWN, W. et al. The benefits and risks of exercise during pregnancy. Medicine Science Sports and Exercise, Indianapo-lis, v. 5, p. 11-29, 2002.

DEMIAN, E. Assistência pré-concepcional. In: SOUTH-PAUL, J. E.; MATHERNY, S. C.; LEWIS, E. L. (Org.). Current: medicina de família e comunidade: diagnóstico e tratamento. 2. ed. Porto Alegre: AMGH, 2010. p. 165-172.

FONSECA, E. B.; RASKIN, S.; ZUGAIB, M. Folic acid for the pre-vention of neural tube defects. Revista Brasileira de Ginecolo-gia e Obstetrícia, Rio de Janeiro, v. 35, n. 7, p. 287-289, 2013.

FRIGO, L. F. et al. A importância dos grupos de gestantes na atenção primária: um relato de experiência. Revista de Epide-miologia e Controle de Infecção, Rio Grande do Sul, v. 2, n. 3, p. 113-114, 2012.

HANLON, T. W. Ginástica para gestantes: o guia oficial da YMCA para exercícios pré-natais. São Paulo: Manole, 1999.

LUCCHESE, P. T. R. Informação para tomadores de decisão em saúde pública: políticas públicas em saúde pública. São Paulo: OMS, 2004.

MELEM, C. Natação para gestantes. São Paulo: Ícone, 1997.

Page 148: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

148

COSMO HELDER FERREIRA DA SILVA • MIRELA MARTINS DE AGUIAR • GISELE NASCIMENTO DE SOUSA • HILDERLÂNIA DE FREITAS LIMA • JANE RUTH GADÉLHA COSTA

OMS. Diretriz: suplementação diária de ferro e ácido fólico em gestantes. Genebra: OMS, 2013.

SAAR, S. R. C.; TREVIZAN, M. A. Papéis profissionais de uma equi-pe de saúde: visão de seus integrantes. Revista Latino-Americana de Enfermagem, São Paulo, v. 15, p. 106-112, 2007.

SANTOS, E. T. et al. Access to dental care during prenatal assistance. Revista Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 17, n. 11 p. 3057-3068, 2012.

SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Atenção à gestante e à puérpera no SUS: manual do pré-natal e puerpéreo. São Paulo: Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, 2010.

SILVA, C. S. Atuação do enfermeiro na consulta pré-natal: limi-tes e potencialidades. Revista de Pesquisa: Cuidado é Funda-mental, Rio de Janeiro, v. 8, n. 2, p. 4087-4098, 2016.

SOUSA, R. C.; BATISTA, F. E. B. Política pública de saúde no Brasil: história e perspectivas do Sistema Único de Saúde – SUS. In: CONGRESSO NORTE E NORDESTE DE PESQUISA INOVAÇÃO, 7., 2012, Palmas. Anais... Palmas: IFTO, 2012.

STRASSBURGER, S. Z.; DREHER, D. Z. A fisioterapia na aten-ção a gestantes e familiares: relato de um grupo de extensão universitária. Scientia Medica, Porto Alegre, v. 16, n. 1, 2006.

VERAS, D. et al. Incidência de gestantes com infecção do trato urinário e análise da assistência à saúde recebida na UBS. Te-mas em Saúde, João Pessoa, v. 16, n. 4, p. 47-62, 2016.

WOLFF, T. et al. Folic acid supplementation for the prevention of neural tube defects: an update of the evidence for the U.S. preventive services task force. Evidence Syntheses, Rockvile, v. 150, n. 9, p. 632-639, 2009.

Page 149: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

149

FRANCISCA KARINA TEIXEIRA DE OLIVEIRAEspecialista em Gestão em Saúde; Educação em Saúde para Preceptores do SUS; Docência do Ensino Superior. Psicoterapeuta. Psicóloga. 

STÂNIA NÁGILA VASCONCELOS CARNEIROPós-Doutora em Literacias e Ensino da Língua pela Universidade do Minho (UM) e doutora em Ci-ências da Educação pelo Centro Universitário do Norte (Uninorte). Docente do curso de Psicologia do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica).E-mail: <[email protected]>.

BRUNA OLIVEIRA BEZERRADiscente do curso de Odontologia da Universidade de Fortaleza (Unifor).E-mail: <[email protected]>.

MARIA MAYALLE DE ALMEIDA MELODiscente do curso de Farmácia do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica).E-mail: <[email protected]>.

ANA CAROLINA DE CARVALHODiscente do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica).E-mail: <[email protected]>.

O PAPEL E AS COMPETÊNCIAS DO PRECEPTOR DOS CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE NO ENSINO SUPERIOR

Page 150: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

150

FRANCISCA KARINA TEIXEIRA DE OLIVEIRA • STÂNIA NÁGILA VASCONCELOS CARNEIRO • BRUNA OLIVEIRA BEZERRA • MARIA MAYALLE DE ALMEIDA MELO • ANA CAROLINA DE CARVALHO

Introdução

Em conjunto com a reformulação do sistema de saúde, apresenta-se em igual processo de transformação a educação dos profissionais de saúde na graduação e daqueles que se-rão os mediadores nesse processo de ensino-aprendizagem. Segundo Barreto et al. (2011), a interação entre educandos e preceptores deve estabelecer relações de respeito e confian-ça, pois a bagagem de conhecimentos que ambos trazem fa-vorece a construção de hipóteses, resoluções de problemas e alcance de metas. Percebe-se que as metodologias de ensino na atualidade devem ser dinâmicas, envolvendo o educando no processo de ensino-aprendizagem; o preceptor torna-se, portanto, mediador, devendo reconhecer ainda que a inserção do educando nos campos de estágios envolve superação de barreiras, como sentimentos de incapacidade e inferioridade diante dos profissionais que atuam nas instituições de saúde onde são desenvolvidos os estágios. Nesse contexto, o pre-ceptor tem papel fundamental na apropriação, por parte dos estudantes, de competências para a vida profissional, incluin-do conhecimentos, habilidades e atitudes.

Este trabalho tem como objetivo geral avaliar os papéis e as competências específicas da preceptoria do ensino superior em saúde; e como específicos: verificar o papel e as competên-cias do preceptor dos cursos de Ciências da Saúde no ensino superior, bem como buscar identificar, através da literatura, os desafios e possibilidades no exercício da preceptoria.

Page 151: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

151

O PAPEL E AS COMPETÊNCIAS DO PRECEPTOR DOS CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE NO ENSINO SUPERIOR

O manual de orientação de estágio supervisionado da preceptoria na rede básica municipal do Rio de Janeiro ( TRAJMAN et al., 2009) afirma que as exigências das profis-sões no mundo atual concorrem para que os diversos cursos, em todos os níveis, incluam na sua organização curricular ati-vidades teórico-práticas para que os alunos finalizem seus es-tudos com trabalhos mais complexos, neles envolvendo pro-cedimentos que aliem a teoria à prática. Isso valoriza o estágio acadêmico como atividade pedagógica, visando proporcionar ao aluno a oportunidade de verificar ou aplicar teorias apren-didas com o conteúdo das diversas disciplinas e, desse modo, conseguir um real aproveitamento de seus estudos.

No primeiro momento deste estudo, é apresentada uma breve discussão sobre a temática; em um segundo momento, expõem-se os papéis e as competências para a preceptoria, os desafios e as possibilidades em seu exercício, bem como as estratégias e a composição do Sistema Único de Saúde (SUS), relacionados às ações do preceptor.

O presente trabalho se limita a estudar sobre esse papel e essas competências, trazendo o sistema de saúde como lócus dessa prática; contudo, dará margem para estudos posterio-res, que possam trazer outros conceitos e técnicas que firmem o trabalho do preceptor, uma vez que, a partir da análise, po-derão ser elaboradas estratégias segundo a proposta do SUS, para aprimorar o conhecimento, a habilidade e a competência dos preceptores de saúde. A delimitação deste estudo com-preende o papel e as competências do preceptor dos cursos de Ciências da Saúde no ensino superior, analisando os desafios e possibilidades através de uma revisão integrativa. E é nesse aspecto que se buscam respostas à seguinte questão da pes-quisa: qual o papel e as competências do preceptor dos cursos de Ciências da Saúde das instituições de ensino superior?

Page 152: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

152

FRANCISCA KARINA TEIXEIRA DE OLIVEIRA • STÂNIA NÁGILA VASCONCELOS CARNEIRO • BRUNA OLIVEIRA BEZERRA • MARIA MAYALLE DE ALMEIDA MELO • ANA CAROLINA DE CARVALHO

A relevância desta pesquisa está em apresentar compe-tências que colaboram para o perfil profissional do preceptor de saúde, incentivando-o a buscar um agir ético e holístico, além de contribuir para a melhoria dos serviços de saúde, por trazer uma bagagem teórico-prática atualizada.

Revisão de literatura

Os papéis e as competências para a preceptoria

No contexto das ações e intervenções do educando nos setores de saúde, supervisionado pelo preceptor, observam--se o conhecimento e o vínculo, ferramentas fundamentais para a segurança do estudante, possibilitando a liberdade de expressar dúvidas e até compartilhar conhecimentos. Reco-nhecer os papéis do preceptor como figura que compartilha, interage como mediador do processo de ensino-aprendizagem e prepara o discente para criar vínculos com cliente e profis-sional dos serviços públicos de saúde favorece na formação do discente (CARVALHO; FAGUNDES, 2012).

Pode-se destacar que o interesse do educando também influencia no seu perfil como profissional de saúde. Nesse contexto, o preceptor precisa estimular o estudante a associar teoria e prática, através de metodologias dinâmicas, envolven-do-o em ações na comunidade, desenvolvendo nesses campos estudos científicos, considerando culturas da população, pois é possível executar ações de preceptoria com uma visão além do contexto acadêmico, visando torná-lo um profissional se-guro de suas ações e preparado para mediar conflitos.

Para Ferreira, Fiorini e Crivelaro (2010), o vínculo entre mediador e educando deve ser estimulado também pela insti-tuição de ensino superior, utilizando recursos de informatiza-

Page 153: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

153

O PAPEL E AS COMPETÊNCIAS DO PRECEPTOR DOS CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE NO ENSINO SUPERIOR

ção através de grupos no WhatsApp e Facebook ou através de e-mails. Sabe-se que os estudantes do ensino superior são de diferentes faixas etárias e alguns podem não encontrar dificul-dades e barreiras para acessar esses meios de comunicação. Existem, porém, os que apresentam resistência em utilizar es-ses recursos que auxiliam na troca de informações no decorrer da sua vida acadêmica. Cabe, portanto, ao professor e ao pre-ceptor orientar e ajudar os que encontram dificuldades frente aos aparelhos eletrônicos – nesse caso, computadores e seus programas, além dos aplicativos de celular.

Em contrapartida, as aulas de informática, que estão na organização curricular dos cursos superiores, podem auxiliar esses estudantes com dificuldades, apesar de durarem geral-mente um semestre. Assim, cabe aos educandos também bus-carem superar medos, entre outras barreiras. O mediador pode identificar esses estudantes até mesmo nos casos de pouca in-teração, bem como nas respostas destes durante as atividades propostas. É possível verificar que o papel do preceptor é o de ser facilitador do processo de ensino-aprendizagem, que o contato e o vínculo entre mediador e educando devem ser es-timulados e que o convívio prolongado com o mesmo precep-tor pode auxiliar nessa perspectiva. É importante que ocorra também uma interação entre o professor de sala que apresen-ta a teoria e o preceptor dos campos de prática, para que haja harmonia nos conteúdos apresentados ao aluno, visando sem-pre à interação multiprofissional, à interdisciplinaridade, bem como a um atendimento holístico e humanizado.

O preceptor desempenha um papel fundamental na formação do aluno, dado que apresenta os campos nos quais futuramente trabalharão, os quais, muitas vezes, divergem da teoria. Na realidade cotidiana, os profissionais de saúde bus-cam diariamente estratégias de atuação conforme a clientela

Page 154: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

154

FRANCISCA KARINA TEIXEIRA DE OLIVEIRA • STÂNIA NÁGILA VASCONCELOS CARNEIRO • BRUNA OLIVEIRA BEZERRA • MARIA MAYALLE DE ALMEIDA MELO • ANA CAROLINA DE CARVALHO

e conforme o que o sistema oferece no momento, superando, portanto, desafios e barreiras que surgem e buscando possibi-lidades para melhorar as ações frente ao discente.

Desafios e possibilidades no exercício da preceptoria

O despreparo dos preceptores iniciantes do ensino su-perior que não têm bagagem pedagógica é um dos desafios a serem enfrentados, haja vista que são necessárias estratégias para avaliar o educando, além de planejar ações, atividades e metodologias dinâmicas que envolvam todos no processo de ensino-aprendizagem, desenvolvendo pesquisas como estu-dos de caso e trabalhos em equipe, buscando a interdiscipli-naridade. Assim, a capacitação dos preceptores é necessária, para que se sintam seguros e preparados (LIMA; ROZENDO, 2015).

Como possibilidades de preparar o preceptor para as práticas pedagógicas, encontram-se as estratégias do Progra-ma de Educação para o Trabalho em Saúde (PET-Saúde). Con-forme o Ministério da Saúde:

Parágrafo único. O PET-Saúde constitui-se em um instrumento para viabilizar programas de aperfeiçoamento e especialização em serviço dos profissionais da saúde, bem como de inicia-ção ao trabalho, estágios e vivências, dirigidos aos estudantes da área, de acordo com as ne-cessidades do Sistema Único de Saúde – SUS. Art. 2º – São objetivos do PET-Saúde: I – pos-sibilitar que o Ministério da Saúde cumpra seu papel constitucional de ordenador da formação de profissionais de saúde por meio da indução e do apoio ao desenvolvimento dos proces-sos formativos necessários em todo o País, de acordo com características sociais e regionais;

Page 155: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

155

O PAPEL E AS COMPETÊNCIAS DO PRECEPTOR DOS CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE NO ENSINO SUPERIOR

II – estimular a formação de profissionais e do-centes de elevada qualificação técnica, científi-ca, tecnológica e acadêmica, bem como a atu-ação profissional pautada pelo espírito crítico, pela cidadania e pela função social da educação superior, orientados pelo princípio da indisso-ciabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, preconizado pelo Ministério da Educação; III – desenvolver atividades acadêmicas em padrões de qualidade de excelência, mediante grupos de aprendizagem tutorial de natureza coletiva e interdisciplinar; IV – contribuir para a imple-mentação das Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de graduação da área da saúde; V – contribuir para a formação de profissionais de saúde com perfil adequado às necessidades e às políticas de saúde do País; VI – sensibilizar e preparar profissionais de saúde para o ade-quado enfrentamento das diferentes realidades de vida e de saúde da população brasileira; VII – induzir o provimento e favorecer a fixação de profissionais de saúde capazes de promover a qualificação da atenção à saúde em todo o ter-ritório nacional; e VIII – fomentar a articulação entre ensino e serviço na área da saúde. (BRA-SIL, 2008, p. 4).

O PET-Saúde apresenta possibilidades que contribuem para as práticas de preceptoria da Política de Educação e De-senvolvimento para o SUS, apresentando estratégias de for-mação continuada que apoiam a prática no ambiente de tra-balho, em que o ensino e a aprendizagem são realidade nas organizações e práticas diárias, bem como capacitando os profissionais da educação no ensino superior, como os profis-sionais que atuam nos setores de saúde (SALDANHA, 2015).

Observa-se que é possível integrar ensino e prática no trabalho entre profissionais, valorizando o trabalho do outro,

Page 156: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

156

FRANCISCA KARINA TEIXEIRA DE OLIVEIRA • STÂNIA NÁGILA VASCONCELOS CARNEIRO • BRUNA OLIVEIRA BEZERRA • MARIA MAYALLE DE ALMEIDA MELO • ANA CAROLINA DE CARVALHO

considerando propósitos e metas pessoais sempre para um bem comum. Os envolvidos podem, nesse momento, repen-sar suas práticas e técnicas pedagógicas, conhecendo seus limites e a importância de sua formação como mediadores do ensino-aprendizagem. Percebe-se que o PET-Saúde é uma experiência que enriquece o currículo e proporciona aper-feiçoamento na prática, além de apresentar possibilidades a todos os sujeitos envolvidos no contexto do SUS. Entretanto, a sensibilização quanto à importância da formação deve ser fortalecida por gestores e professores da saúde (LIMA; RO-ZENDO, 2015).

Outro desafio possível de identificar é a falta de estru-tura, como ausência de insumos e espaços essenciais para realizar as ações. Na teoria, observa-se como deve ser o ambiente que promove a saúde, mas, na realidade, a situa-ção é complexa, muitas vezes precária, e o preceptor deve realizar um planejamento que supra as necessidades de en-sino-aprendizagem dentro das possibilidades do cenário de prática, buscando sempre a integração do educando com estratégias de superar limites, envolvendo e respeitando a arte e a cultura da população assistida. Portanto, a infraes-trutura é um desafio que os preceptores e gestores têm que superar. A falta de estrutura física e de insumos os leva a buscar estratégias restritas, além de adaptações para resol-ver as dificuldades e barreiras nos campos de estágio (LIMA; ROZENDO, 2015).

Os campos de prática que contemplam ações do SUS devem estar preparados para receber os preceptores e edu-candos, para juntos somarem conhecimentos e práticas, sem-pre havendo respeito entre todos os envolvidos.

Page 157: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

157

O PAPEL E AS COMPETÊNCIAS DO PRECEPTOR DOS CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE NO ENSINO SUPERIOR

As estratégias e a composição do SUS relacionadas às ações do preceptor

Os sistemas de saúde estão sempre aperfeiçoando suas práticas e teorias, revendo o acolhimento, as estratégias de cui-dados com o cliente e o contexto social em que estão inseridos. Nesse mesmo sentido, buscam rever constantemente o processo de formação dos profissionais de saúde, avaliando se está sen-do suprida a necessidade de conhecimentos teóricos e práticos para serem postos em exercício após a formação com seguran-ça, atuando conforme os princípios do SUS, que contempla um atendimento sem exclusão e voltado para atender às necessida-des da população (FERREIRA; FIORINI; CRIVELARO, 2010).

Antes de inserir preceptores nos campos de atuação, é preciso que a instituição de ensino superior observe a deman-da dos serviços de saúde e as necessidades do usuário. Muitas vezes, a assistência contempla consulta clínica envolvendo a família e a comunidade.

Dentro da organização dos serviços, percebe-se que o usuário busca um acolhimento que transmita confiança e respeito, bem como espera que o profissional interfira no seu problema – que, por vezes, a escuta resolve –, podendo auxi-liar o cliente a buscar estratégias para superá-lo.

Nessa perspectiva, é importante destacar a presença da família nas intervenções. O preceptor precisa apresentar aos estudantes seus limites no decorrer do estágio nos setores de saúde públicos ou privados, apresentando uma conduta ética tanto de comportamento como também de vestimentas ade-quadas, pois já pode se considerar um profissional que exige respeito a si e ao próximo (MARQUES; LIMA, 2007).

Diante desse contexto, as Diretrizes Curriculares Nacio-nais para os cursos de formação superior na área da Saúde au-

Page 158: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

158

FRANCISCA KARINA TEIXEIRA DE OLIVEIRA • STÂNIA NÁGILA VASCONCELOS CARNEIRO • BRUNA OLIVEIRA BEZERRA • MARIA MAYALLE DE ALMEIDA MELO • ANA CAROLINA DE CARVALHO

xiliam os profissionais e gestores na organização da assistên-cia (BRASIL, 2007). Os campos de estágio para a realização de práticas nos setores de saúde contemplam a atenção primária, secundária e terciária. Nesse período, a prática do educando deve estar reformulada e atualizada.

Pode-se observar que algumas instituições ainda ade-rem ao modelo hospitalocêntrico mesmo após a Reforma Psi-quiátrica, a qual determina que os clientes, conforme seu nível de patologia, estejam na comunidade aos cuidados da atenção primária. Contudo, ainda existe resistência de alguns gestores, que ampliam a atenção terciária direcionando recursos para esse setor, esquecendo-se de fortalecer a Unidade Básica de Saúde (UBS) e a comunidade. O envolvimento dos gestores com o preceptor neste momento é essencial, pois, quando preparado, com experiência e conhecimentos práticos, cor-robora ações e sugestões que possam melhorar a assistência básica na comunidade, para que a clientela possa reconhecer a importância dessa atuação, como prevenção de patologias crônicas e outros agravos (TRAJMAN et al., 2009)

Metodologia

Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem qua-litativa, na perspectiva de uma revisão integrativa. Para Men-des, Silveira e Galvão (2008), esse tipo de método de pesquisa encontra-se dividido em seis etapas: 1) identificação do tema e seleção da hipótese ou questão de pesquisa para a elabo-ração da revisão integrativa; 2) estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos, amostragens e busca na literatura; 3) definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados e categorização dos estudos; 4) avalia-ção dos estudos incluídos na revisão integrativa; 5) interpre-

Page 159: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

159

O PAPEL E AS COMPETÊNCIAS DO PRECEPTOR DOS CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE NO ENSINO SUPERIOR

tação dos resultados; 6) apresentação da revisão e síntese do conhecimento.

Revisão integrativa do modelo de Whittemore e Knafl

Para encontrar os resultados sobre o tema abordado, foi desenvolvida uma revisão da literatura, que busca reunir os resultados encontrados nas pesquisas sobre o tema abor-dado. Foram utilizados os passos descritos por Whittemore e Knafl (2005), a seguir. Primeira etapa: identificação do tema e seleção da hipótese ou questão de pesquisa para a elabora-ção de revisão integrativa; segunda etapa: estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos/amostragem ou busca na literatura; terceira etapa: definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados/categorização dos estudos; quarta etapa: avaliação dos estudos incluídos na revi-são integrativa; quinta etapa: apresentação da revisão/síntese do conhecimento.

Seleção do corpus

Para o levantamento dos artigos na literatura, realizou-se uma busca na base de dados da Scientific Electronic Library Online (SciELO). Os termos descritores para a busca nas bases foram: “preceptor”, “ensino” e “saúde”.

Os critérios de inclusão estabelecidos foram: 1) artigos em português; 2) artigos on-line publicados na íntegra que re-tratassem a temática referente à revisão interativa; 3) artigos publicados e indexados nos referidos bancos de dados nos dez últimos anos.

O estabelecimento dos últimos critérios se justifica pela necessidade de verificar através desta pesquisa quais foram as

Page 160: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

160

FRANCISCA KARINA TEIXEIRA DE OLIVEIRA • STÂNIA NÁGILA VASCONCELOS CARNEIRO • BRUNA OLIVEIRA BEZERRA • MARIA MAYALLE DE ALMEIDA MELO • ANA CAROLINA DE CARVALHO

evoluções do ensino superior em saúde, identificando e apon-tando suas principais transformações e evoluções através dos séculos na vivência acadêmica. Os critérios de exclusão foram: além dos estudos que não atendiam aos critérios de inclusão citados, também foram excluídas as publicações repetidas e que apresentassem o seu referencial incompleto.

Resultados

Conforme o estudo desenvolvido e com os resultados da amostra, pôde-se observar que o papel do preceptor dos cursos de Ciências da Saúde no ensino superior é articular a vivência dos educandos nos campos da prática envolta à te-oria. Também lhe compete estabelecer vínculos afetivos com todos os envolvidos no cenário de prática. No entanto, princi-palmente com o cliente, usuário dos serviços de saúde, o pre-ceptor deve saber, saber fazer e saber ser e agir, estimulando ainda os estagiários a desenvolverem essas competências. Para Barreto et al. (2011), o preceptor de serviço de saúde tem papel fundamental em transmitir competências para a vida profissional por parte dos estudantes, incluindo conheci-mentos, habilidades e atitudes.

Para atingir o objetivo de verificar o papel e as com-petências do preceptor dos cursos de Ciências da Saúde das instituições de ensino superior, foram selecionados seis arti-gos na íntegra dos dez artigos inicialmente encontrados para análise específica.

No Quadro 1, estão apresentadas as informações so-bre o corpus para se compreender melhor a importância dos aspectos metodológicos desses artigos, bem como perceber quais assuntos e tipos de estudo mais utilizados para entendi-mento dessa figura que está sendo estudada.

Page 161: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

161

O PAPEL E AS COMPETÊNCIAS DO PRECEPTOR DOS CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE NO ENSINO SUPERIOR

Quadro 1 – Caracterização dos aspectos metodológicos dos artigos avaliados

Nº Referências Objetivo do estudo Tipo de es-tudo

Local de estudo

1TRAJMAN, Anete et al. A preceptoria na rede básica da Se-cretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro: opinião dos profissionais de Saú-de. Revista Brasileira de Educação Médi-ca,  Rio de Janeiro,  v. 33,  n. 1,  p. 24-32, 2009

Avaliar a opinião dos profissionais de saúde da rede básica muni-cipal do Rio de Janei-ro sobre a atividade de preceptoria, como parte de um projeto mais amplo de avalia-ção da integração do-cente-assistencial

Transversal, do tipo in-quérito

Rio de Janeiro

2

BARRETO, Vitor Hugo Lima et al. Papel do preceptor da atenção primária em saúde na formação da gradua-ção e pós-graduação da Universidade Fe-deral de Pernambuco: um termo de referên-cia.  Revista Brasileira de Educação Médica, Rio de Janeiro, v. 35, n. 4, p. 578-583, 2011

Apresentar diretrizes para o papel do pre-ceptor da atenção primária em saúde no ensino da graduação e pós-graduação na Universidade Federal de Pernambuco

Qualitativo P e r -nambu-co

3

BISPO, Emanuella Pi-nheiro de Farias; TA-VARES, Carlos Henri-que Falcão; TOMAZ, Jerzuí Mendes Tôrrez. Interdisciplinaridade no ensino em saúde: o olhar do preceptor na Saúde da Famí-lia.  Interface, Botu-catu,  v. 18,  n. 49,  p. 337-350, 2014

Analisar como a inter-disciplinaridade é ins-trumentalizada pelos preceptores nas ações de saúde das ESF do II DS de Maceió

E s t u d o descri tivo de abordagem qualitativa

Maceió

(continua)

Page 162: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

162

FRANCISCA KARINA TEIXEIRA DE OLIVEIRA • STÂNIA NÁGILA VASCONCELOS CARNEIRO • BRUNA OLIVEIRA BEZERRA • MARIA MAYALLE DE ALMEIDA MELO • ANA CAROLINA DE CARVALHO

4

NETA, Anízia Aguiar; ALVES, Maria do So-corro Costa Feitosa. A comunidade como local de protagonis-mo na integração ensino-serviço e atu-ação multiprofissio-nal. Trabalho, Educa-ção e Saúde, Rio de Janeiro, v. 14, n. 1, p. 221-235, 2016

Conhecer o processo de integração entre o ensino e o serviço de saúde na Atenção Bá-sica em Saúde, a partir da atuação dos pre-ceptores no processo de formação dos es-tudantes dos cursos de graduação da área da Saúde na Univer-sidade Federal do Rio Grande do Norte

Abordagem hermenêuti-co-dialética

RioGrande do Norte

5

CORREA, Guilherme Torres et al. Uma aná-lise crítica do discur-so de preceptores em processo de formação pedagógica.  ProPo-sições,  Campinas,  v. 26,  n. 3,  p. 167-184, 2015

Analisar a construção coletiva de um discur-so pedagógico reali-zado por preceptores do campo da saúde que passaram por um processo de formação pedagógica

Análise crí-tica do dis-curso

Rio deJaneiro

6 LIMA, Patrícia Acioli de Barros; ROZENDO, Célia Alves. Desafios e possibilidades no exercício da precep-toria do Pró-Pet-Saú-de.  Interface, Botu-catu, v. 19, supl. 1, p. 779-791, 2015

Analisar os desafios e as possibilidades no exercício da precep-toria do Pró-Pet-Saú-de/UFAL

Estudo do ti-po descriti vo, com aborda-gem qualita-tiva

Alagoas

Fonte: Elaborado pela autora (2018).

Esta produção possibilita a obtenção dos dados utiliza-dos pelos autores que são necessários para a discussão sobre o papel e as competências do preceptor dos cursos de Ciências da Saúde das instituições de ensino superior. Aqui, pode-se de-finir os objetos de pesquisa diversos e sua estrita relação com a atuação do preceptor, suas habilidades e competências frente aos discentes no cenário de prática nos serviços de saúde.

Page 163: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

163

O PAPEL E AS COMPETÊNCIAS DO PRECEPTOR DOS CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE NO ENSINO SUPERIOR

Assim, os autores dos artigos supracitados abordam, por meio de estudos qualitativos, descritivos, transversais, aspectos de uma evolução constante de conceitos de atuação humanizada de preceptores e estudantes do ensino superior nos serviços de saúde e conferem sua importância. As pesqui-sas dos autores são direcionadas à atuação dos preceptores, atendendo às necessidades dos estudantes e usuários do SUS dentro de suas especificidades.

Papel e competências do preceptor

Pode-se perceber, conforme os estudos que embasaram esta pesquisa, que o papel e as competências do preceptor no ensino superior estão relacionados à realização de diagnóstico do cenário, para que possam, juntos com a Unidade de Estágio, implementar ações diante das fragilidades do serviço, e que as potencialidades sejam referência para outros serviços.

Segundo Ribeiro (2011), os campos de atuação da prá-tica dos educandos são espaços reais, nos quais existem con-flitos, barreiras, desafios e possibilidades em que todos os en-volvidos – como preceptor, estudante, profissionais do setor de saúde e clientela – podem discutir a qualidade dos serviços e as possibilidades de melhorar ou de manter as ações favo-ráveis. Assim, o sistema pode ser transformado pelos atuantes ativos do sistema, que levam estratégias de progressos con-forme as diretrizes do SUS.

Carvalho e Fagundes (2012) observam que, no contex-to da implantação dos estágios curriculares supervisionados, surge a figura do preceptor, que está munido de habilidades, competências e conhecimentos, sendo esses recursos es-senciais à sua prática. É importante destacar que os estágios supervisionados são componentes curriculares obrigatórios,

Page 164: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

164

FRANCISCA KARINA TEIXEIRA DE OLIVEIRA • STÂNIA NÁGILA VASCONCELOS CARNEIRO • BRUNA OLIVEIRA BEZERRA • MARIA MAYALLE DE ALMEIDA MELO • ANA CAROLINA DE CARVALHO

cujo processo de ensino-aprendizagem fundamenta-se na ex-periência prática do exercício profissional, e são definidos nos termos do artigo 2º do Decreto n. 87.497, de 18 de agosto de 1982. O educando, nesse campo de ensino-aprendizagem, tem a oportunidade de vivenciar situações reais de vida e trabalho sob supervisão do preceptor, que também recebe orientações e regras das instituições públicas e privadas que cedem o es-paço para a vivência prática do educando, sob a coordenação do ensino superior (CARVALHO; FAGUNDES, 2012).

Conforme Ribeiro (2011), compete ao preceptor: ge-renciar, executar, orientar, liderar, organizar, formar cidadãos, mediar, integrar, atuar como interlocutor e como colaborador, além de ter um olhar holístico, realizando a autoavaliação de suas ações e resultados. Essa assistência deve ser sistemati-zada, organizada de maneira responsável, pois irá formar fu-turos profissionais que logo estarão no mercado de trabalho, estimulando o educando a realizar pesquisas, também pode auxiliar no perfil do profissional que virá a ser. Assim como o preceptor auxilia o educando a superar barreiras na troca de conhecimentos, a gestão da instituição de ensino superior e das redes de saúde pública precisam interagir entre si, envol-vendo os preceptores, para avaliar esses serviços.

No quadro adiante, pode-se verificar a partir de duas categorias (preceptoria e educação em saúde) alguns dos re-sultados teóricos que nortearam a análise dos dados, a fim de exemplificar e compreender as reflexões e conclusões alcan-çadas com a pesquisa.

Page 165: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

165

O PAPEL E AS COMPETÊNCIAS DO PRECEPTOR DOS CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE NO ENSINO SUPERIOR

Qua

dro

2 –

Apr

esen

taçã

o do

s re

sulta

dos

a pa

rtir

das

cat

egor

ias

de a

nális

eC

ateg

oria

s ad

otad

asP

rinc

ipai

s re

sult

ados

Pre

cept

or s

eu

pape

l e c

om-

petê

ncia

1. P

ara

asse

gura

r ao

s pr

ecep

tore

s um

pro

cess

o qu

e co

ntri

bua

para

um

a re

flexã

o si

stem

átic

a e

bem

fund

amen

tada

sob

re o

m

odel

o de

ate

nção

à s

aúde

, é p

reci

so u

ma

estr

atég

ia e

duca

tiva

que

favo

reça

um

a pe

rspe

ctiv

a em

anci

pado

ra (p

. 31)

.2.

A re

laçã

o en

tre

prec

epto

r e e

duca

ndo

é um

impo

rtan

te in

stru

men

to p

ara

a de

scob

erta

do

trab

alho

col

etiv

o (p

. 580

).3.

O p

rece

ptor

dev

e se

pre

ocup

ar, s

obre

tudo

, com

a c

ompe

tênc

ia c

línic

a e

com

os

aspe

ctos

de

ensi

no e

apr

endi

zage

m d

o de

senv

olvi

men

to p

rofis

sion

al, a

lém

de

favo

rece

r a

aqui

siçã

o de

hab

ilida

des

e co

mpe

tênc

ias

para

os

disc

ente

s no

s lo

cais

de

prát

ica

em q

ue e

stes

est

ão in

seri

dos

(p. 2

). 4.

O p

apel

dos

pre

cept

ores

em

saú

de n

a re

laçã

o co

tidia

na c

om o

s al

unos

e c

om o

s us

uári

os d

a re

de d

e se

rviç

os, l

onge

de

se

reve

stir

de

um s

igni

ficad

o m

eram

ente

técn

ico

(ass

iste

ncia

l), s

e in

scre

ve n

uma

prát

ica

de m

últip

las

dim

ensõ

es, o

que

legi

tima

a ab

orda

gem

met

odol

ógic

a qu

alita

tiva

(p. 2

24).

5. A

pre

cept

oria

em

saú

de é

um

a pr

átic

a pe

dagó

gica

que

oco

rre

no a

mbi

ente

de

trab

alho

e d

e fo

rmaç

ão p

rofis

sion

al e

m

saúd

e, n

o m

omen

to d

o ex

ercí

cio

clín

ico,

con

duzi

da p

or p

rofis

sion

ais

da a

ssis

tênc

ia (p

. 169

).6.

Um

a pa

rte

cons

ider

ável

das

açõ

es re

aliz

adas

no

exer

cíci

o da

pre

cept

oria

est

á re

laci

onad

a à

prom

oção

em

saú

de e

pre

ven-

ção

de d

oenç

as, t

endo

o tr

abal

ho in

terp

rofis

sion

al c

omo

um d

e se

us e

nfoq

ues

(p. 7

82).

Educ

ação

em

sa

úde

1. S

egun

do B

rasi

l (19

88),

para

impl

emen

tar

nova

s po

lític

as d

e ed

ucaç

ão e

m s

aúde

, é n

eces

sári

a a

inte

graç

ão e

stre

ita e

ntre

os

ser

viço

s de

saú

de e

a a

cade

mia

, con

side

rand

o, in

clus

ive,

que

o a

rtig

o 20

0, in

ciso

III,

da C

onst

ituiç

ão F

eder

al d

e 19

88,

esta

bele

ce q

ue a

form

ação

de

recu

rsos

hum

anos

par

a a

saúd

e é

atri

buiç

ão d

o Si

stem

a Ú

nico

de

Saúd

e (S

US)

(p. 2

5).

2. U

ma

educ

ação

em

erge

nte

só s

erá

poss

ível

qua

ndo

a eq

uipe

ass

umir

com

o pa

rte

do s

eu p

roce

sso

de tr

abal

ho o

ens

ino

na

saúd

e po

r mei

o de

um

a co

mpr

eens

ão d

e ed

ucaç

ão p

erm

anen

te d

e si

mes

ma

e do

s ed

ucan

dos

que

atra

vess

arem

sua

his

tóri

a (p

. 582

).3.

Exi

ste

a ne

cess

idad

e de

Edu

caçã

o Pe

rman

ente

em

Saú

de c

omo

prát

ica

de e

nsin

o-ap

rend

izag

em n

a pr

oduç

ão d

e co

nhec

i-m

ento

s no

cot

idia

no d

as in

stitu

içõe

s de

saú

de (p

. 11)

.4.

É p

ossí

vel q

ue a

bus

ca p

elo

conh

ecim

ento

de

nova

s m

etod

olog

ias

de e

nsin

o, a

ssoc

iada

ao

apro

fund

amen

to d

os c

onhe

ci-

men

tos

da á

rea

da p

edag

ogia

e à

prá

tica

do e

nsin

o m

ultip

rofis

sion

al, s

igni

fique

um

ava

nço

no c

ampo

da

Educ

ação

em

Saú

de

(p. 2

33).

5. O

cur

so d

e fo

rmaç

ão p

edag

ógic

a nã

o é

a ch

ave

para

todo

s os

pro

blem

as q

ue e

nvol

vem

a p

rece

ptor

ia, m

as, c

om c

erte

za,

pode

col

abor

ar e

mui

to p

ara

a es

trut

uraç

ão d

essa

prá

tica

(p. 1

83).

6. O

s pr

inci

pais

des

afios

no

exer

cíci

o da

pre

cept

oria

do

PET-

Saúd

e sã

o: o

des

prep

aro

peda

gógi

co e

m a

valia

r, pl

anej

ar, d

e-se

nvol

ver p

esqu

isas

, em

trab

alha

r com

gru

pos,

com

met

odol

ogia

s at

ivas

, em

pla

neja

r e e

m d

esen

volv

er a

ções

com

pro

fissi

o-na

is e

dis

cent

es d

e ou

tros

cur

sos.

Os

prec

epto

res

rela

cion

am e

ssa

defic

iênc

ia à

falta

de

form

ação

(p. 7

88).

Obs

.: O

s ar

tigos

fora

m a

pres

enta

dos

conf

orm

e a

orde

m a

ssin

alad

a no

Qua

dro

1.Fo

nte:

Ela

bora

do p

ela

auto

ra (2

018)

.

Page 166: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

166

FRANCISCA KARINA TEIXEIRA DE OLIVEIRA • STÂNIA NÁGILA VASCONCELOS CARNEIRO • BRUNA OLIVEIRA BEZERRA • MARIA MAYALLE DE ALMEIDA MELO • ANA CAROLINA DE CARVALHO

Diante do exposto, pode-se perceber que a formação do preceptor é importante para sistematizar a prática, traçando planos que contribuam para estimular o futuro profissional a lutar pelos direitos do usuário do SUS, conhecendo a história de militância que contribuiu para a origem desse sistema, a fim de que a população não seja passiva quanto à violação de direitos diante do que é imposto pelo governo, tirando direitos e conquistas da população. Portanto, na atualidade o papel do preceptor é contribuir para a formação do profissional de saú-de, ativo, militante, questionador, valorizando o ser, indo além dos procedimentos técnicos, reconhecendo o ser como indi-víduo em processo constante de construção e desconstrução, sendo cogente, mantendo relações de interação e integração entre profissional, estudante e usuários dos serviços de saúde.

Segundo Saldanha (2015), quando o preceptor acom-panha o educando nos campos de prática, é imposta a busca de atualização dos seus conhecimentos, uma especialização específica para a docência em ensino superior, que possibili-ta o aperfeiçoamento desse profissional, contribuindo para a formação do estudante, além de ampliar conceitos da prática profissional.

Ante o exposto, percebe-se que o preceptor de saúde deve apresentar um perfil de competência que: identifica o contexto da preceptoria, que envolve potencialidades e fragi-lidades do docente e do campo; desenvolve iniciativas de in-tegração ensino-prática e de processos educacionais no SUS, sendo a educação em saúde importante nesse cenário, por conciliar o ensino e ações; implementar e avaliar iniciativas de integração; identificar as necessidades de saúde individuais e da comunidade sempre com visão holística no cuidar; elabo-rar planos de cuidado individualizados e coletivos conforme a patologia e as demandas e, se necessário, refazer o plano;

Page 167: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

167

O PAPEL E AS COMPETÊNCIAS DO PRECEPTOR DOS CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE NO ENSINO SUPERIOR

acompanhar e avaliar os planos de cuidado; identificar neces-sidades de aprendizagem; elaborar e desenvolver o processo educacional conforme as necessidades apresentadas; e apoiar a produção de novos conhecimentos em saúde conforme as vivências empíricas (BRASIL, 2013).

Conforme Borges e Alencar (2014), o plano de cuidados elaborado pelo preceptor e estudante pode ser considerado uma estratégia de educação aplicada – a metodologia ativa –, que serve como recurso didático na formação crítica do estu-dante do ensino superior. Considerada como prática pedagógi-ca inovadora, traz a participação coletiva democrática como re-quisito fundamental para uma aprendizagem significativa, que visa, por meio da reflexão e do compartilhamento de conhe-cimento, à formação do indivíduo como um ser que se forma à medida que se relaciona e se apropria da realidade humana.

Classificam-se as ações de preceptoria como sistemati-zadas, que acompanham e orientam os estudantes nos campos determinados pela instituição superior conforme a disciplina em curso. O processo de educação em saúde envolve gesto-res, professores de sala, preceptores de campo, estudantes e a comunidade. É importante que existam momentos de com-partilhamento de experiências, sugestões e avaliação do pro-cesso, analisando se os objetivos e propostas estão suprindo as necessidades de todos. O preceptor deve agir de forma hu-manizada tanto com os educandos como com os clientes dos sistemas de saúde, pois os estudantes avaliam e observam as condutas dos mediadores, que devem transmitir respeito e estar dispostos a conduzi-los com sabedoria, articulando as redes que envolvem o serviço e desenvolvendo metodologias inovadoras.

Page 168: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

168

FRANCISCA KARINA TEIXEIRA DE OLIVEIRA • STÂNIA NÁGILA VASCONCELOS CARNEIRO • BRUNA OLIVEIRA BEZERRA • MARIA MAYALLE DE ALMEIDA MELO • ANA CAROLINA DE CARVALHO

Considerações finais

Através dos dados encontrados, avalia-se que o precep-tor deve conhecer a complexidade de ações que contemplam o SUS e atuar desde a acolhida, com a escuta e o diálogo, para atuar conforme as queixas apresentadas, levando resolutivi-dade à problematização da população, conscientizando sobre a importância da militância nesse sistema, para fundamentar sua prática pedagógica na coerência entre teoria e prática na perspectiva da construção de uma identidade docente.

Os resultados mais relevantes obtidos foram quanto à importância da formação do preceptor, para que, na docência, conduza os estudantes de forma sistematizada, através das metodologias interacionista/construtivista. A ação do estu-dante também influencia na sua formação, quando questiona, envolve-se nas ações e desenvolve vínculo com o usuário, com sua família e com a comunidade.

Os dados obtidos desvelam alguns desafios que os pre-ceptores e estudantes enfrentam no cenário de prática, como a falta de insumos, transporte, estrutura física, o que leva os profissionais a se adaptarem ao ambiente e realizarem as ati-vidades conforme a necessidade dos usuários, mas dentro das possibilidades físicas do meio em que se desenvolve a assis-tência. Considera-se, portanto, o SUS um território amplo, que propõe qualidade de vida aos usuários; entretanto, cabe aos profissionais e estudantes fazer acontecer o SUS, planejando estratégias para a efetivação dos serviços.

Dessa forma, em conclusão deste estudo, é fundamental salientar que os preceptores devem ser proativos, conhecer o campo de prática em saúde e transmitir ao estudante a impor-tância de fazer parte de um sistema que garante qualidade de vida à população, corroborando a construção de uma assis-tência eficaz.

Page 169: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

169

O PAPEL E AS COMPETÊNCIAS DO PRECEPTOR DOS CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE NO ENSINO SUPERIOR

Os dados resultantes desta pesquisa sugerem várias orientações no sentido de estudos futuros. Sugerem-se, por-tanto, estudos sobre o conhecimento e a percepção dos usu-ários quanto à contribuição dos preceptores e estudantes nos serviços de saúde. 

Referências

BARRETO, V. H. L. et al. Papel do preceptor da atenção primá-ria em saúde na formação da graduação e pós-graduação da Universidade Federal de Pernambuco: um termo de referên-cia. Revista Brasileira de Educação Médica, Brasília, DF, v. 35, n. 4, p. 578-583, 2011.

BISPO, E. P. F.; TAVARES, C. H. F.; TOMAZ, J. M. T. Interdiscipli-naridade no ensino em saúde: o olhar do preceptor na Saúde da Família. Interface, Botucatu, v. 18, n. 49, p. 337-350, 2014.

BORGES, T. S.; ALENCAR, G. Metodologias ativas na promo-ção da formação crítica do estudante: o uso das metodologias ativas como recurso didático na formação crítica do estudante do ensino superior. Cairu em Revista, Salvador, v. 3, n. 4, p. 119-143, 2014.

BRASIL. Decreto n. 87.497, de 18 de agosto de 1982. Regula-menta a Lei n. 6.494, de 07 de dezembro de 1977, que dispõe sobre o estágio de estudantes de estabelecimentos de ensino superior e de 2º grau regular e supletivo, nos limites que es-pecifica e dá outras providências. Diário Oficial [da] Repúbli-ca Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 19 ago. 1982.

BRASIL. Portaria Interministerial n. 1.802, de 26 de agosto de 2008. Institui o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde – PET-Saúde. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 27 ago. 2008.

Page 170: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

170

FRANCISCA KARINA TEIXEIRA DE OLIVEIRA • STÂNIA NÁGILA VASCONCELOS CARNEIRO • BRUNA OLIVEIRA BEZERRA • MARIA MAYALLE DE ALMEIDA MELO • ANA CAROLINA DE CARVALHO

BRASIL. Resolução n. 2, de 18 de junho de 2007. Dispõe sobre carga horária mínima e procedimentos relativos à integraliza-ção e duração dos cursos de graduação, bacharelados, na mo-dalidade presencial. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 19 jun. 2007.

BRASIL. Sistema Único de Saúde. Portal da Saúde. Brasília, DF: MS, 2013.

CARVALHO, E. S. S.; FAGUNDES, N. C. A inserção da precepto-ria no curso de graduação em Enfermagem. Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste, Fortaleza, v. 9, n. 2, p. 98-105, 2012.

CORREA, G. T. et al. Uma análise crítica do discurso de pre-ceptores em processo de formação pedagógica. ProPosições, Campinas, v. 26, n. 3, p. 167-184, 2015.

FERREIRA, R. C.; FIORINI, V. M. L.; CRIVELARO, E. Formação profissional no SUS: o papel da Atenção Básica em Saúde na perspectiva docente. Revista Brasileira de Educação Médica, Brasília, DF, v. 34, n. 2, p. 207-215, 2010.

LIMA, P. A. B.; ROZENDO, C. A. Desafios e possibilidades no exercício da preceptoria do Pró-PET-Saúde.  Interface, Botu-catu, v. 19, p. 779-791, 2015.

MARQUES, G. Q.; LIMA, M. A. D. S. Demandas de usuários a um serviço de pronto atendimento e seu acolhimento ao sis-tema de saúde. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ri-beirão Preto, v. 15, n. 1, p. 13-19, 2007.

MENDES, K. D. S.; SILVEIRA, R. C. C. P.; GALVÃO, C. M. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evi-dências na saúde e na enfermagem. Texto & Contexto: Enfer-magem, Florianópolis, v. 17, n. 4, p. 758-764, 2008.

NETA, A. A.; ALVES, M. S. C. F. A comunidade como local de protagonismo na integração ensino-serviço e atuação multi-profissional. Trabalho, Educação e Saúde, Rio de Janeiro, v. 14, n. 1, p. 221-235, 2016.

Page 171: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

171

O PAPEL E AS COMPETÊNCIAS DO PRECEPTOR DOS CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE NO ENSINO SUPERIOR

RIBEIRO, M. B. Formação pedagógica de preceptores do ensi-no em saúde. Juiz de Fora: UFJF, 2011.

SALDANHA, K. G. H. Cenário de prática em saúde: estudo da preceptoria do PET-Saúde na Estratégia Saúde da Família na região metropolitana de Fortaleza. 2015. 69 f. Dissertação (Mestrado em Odontologia) – Programa de Pós-Graduação em Odontologia, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2015.

SILVA, E. F. Atenção à saúde da mulher em situação prisional. Re-vista Saúde e Desenvolvimento, Curitiba, v. 4, n. 2, p. 160-172, 2013.

TRAJMAN, A. et al. A preceptoria na rede básica municipal do Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Educação Médica, Rio de Janeiro, v. 33, n. 1, p. 24-32, 2009.

WHITTEMORE, R.; KNAFL, K. The integrative review: Update methodology. Journal of Advanced Nursing, v. 52, n. 5, p. 546-553, 2005.

Page 172: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

172

RAIMUNDA ROSILENE MAGALHÃES GADELHAMestra em Saúde Pública pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Coordenadora do curso de Fi-sioterapia do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica). Fisioterapeuta.E-mail: <[email protected]>.

DAYANNE MOREIRA DE CARVALHOGraduada em Fisioterapia pelo Centro Universitário Estácio do Ceará (Estácio). Residente em Unida-de de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital Geral de Fortaleza. Fisioterapeuta.E-mail: <[email protected]>.

KAROLINY BARROS ARAÚJOResidente em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital Geral de Fortaleza. Fisioterapeuta. E-mail: <[email protected]>.

TAINÁ FENILI TAVARESGraduada em Terapia Ocupacional pela Universidade de Fortaleza (Unifor). Atualmente encon-tra-se no programa de Residência Multiprofissional na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital Geral de Fortaleza.

ÉRICA CARINE RODRIGUESResidente em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital Geral de Fortaleza. Enfermeira.E-mail: <[email protected]>.

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Page 173: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

173

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Introdução

A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é uma área crítica destinada à internação de pacientes graves, que requerem atenção profissional especializada de forma contínua, ma-teriais específicos e tecnologias necessárias ao diagnóstico, monitorização e terapia (BRASIL, 2010). Essa unidade possui características peculiares, por ser um ambiente permeado por tecnologia de ponta, situações iminentes de emergência e ne-cessidade constante de agilidade e habilidade para interven-ções que, em sua maioria, são de grande risco para o paciente.

A Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) se ca-racteriza por ser um ambiente que presta assistência aos re-cém-nascidos que estejam em estado crítico, altamente vul-neráveis e necessitados de cuidados especiais e contínuos (KAMADA; ROCHA; BARBEIRA, 2003). É um ambiente onde prevalecem as interações tecnológicas sobre as impessoais, podendo com isso causar um tom de frieza e desvalorização do cuidado humanizado (SÁ NETO, 2009). Esse ambiente, que possui como principal objetivo realizar a manutenção da vida desse recém-nascido, irá direcionar todos os profissionais que ali trabalham para os cuidados desse bebê, esquecendo que nesse processo existem outros personagens envolvidos, prin-cipalmente a mãe.

Para se chegar às complexas UTINs que atualmente existem, tem-se um grande histórico de políticas públicas ini-

Page 174: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

174

RAIMUNDA ROSILENE MAGALHÃES GADELHA • DAYANNE MOREIRA DE CARVALHO • KAROLINY BARROS ARAÚJO • TAINÁ FENILI TAVARES • ÉRICA CARINE RODRIGUES

cialmente voltadas para a saúde infantil vinculadas com a ma-terna. No Brasil, o conjunto de intervenções e elaboração das políticas públicas direcionadas ao recém-nascido culminou na consolidação de diversas leis e programas de saúde com foco na atenção materno-infantil, que tiveram papel preponderan-te na organização dos sistemas e serviços de saúde (COSTA et al., 2010).

Por se tratar de um setor de alta complexidade tecno-lógica e de procedimentos, a UTIN deve ter seus processos bem estruturados e mapeados, a fim de orientar a tomada de decisões dos profissionais que ali atuam, facilitando o enten-dimento do fluxo do setor. Diante disso, o diagnóstico situa-cional torna-se uma importante ferramenta de gestão, uma vez que proporciona uma análise do ambiente organizacional, contribuindo para identificar a real situação de um setor, além dos problemas, necessidades e oportunidades deste (LUVISA-RO et al., 2014).

O diagnóstico situacional pode ser compreendido como o resultado de um processo de coleta, tratamento e análise dos dados colhidos em um determinado local, sendo esses dados oriundos da participação efetiva das pessoas que atuam nesse ambiente onde o estudo será realizado. O diagnóstico pode ser considerado uma ferramenta valiosa para a gestão. Trata-se de uma pesquisa das condições de saúde e riscos de uma de-terminada população, tornando possível planejar e programar ações para o público-alvo (REZENDE et al., 2010).

Tendo a ciência de que o hospital do estudo é uma re-ferência em cuidados intensivos com neonatos e não tendo a vivência na graduação sobre o fluxograma de implantação e linhas de cuidado da UTIN, logo o estudo foi impulsionado pelo desejo dos autores em realizar o diagnóstico situacional da UTIN, conhecer mais sobre sua logística de implantação e

Page 175: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

175

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA

acesso à população neonatal, considerando como problemáti-ca a falta de conhecimento por parte da mesma em relação às políticas públicas que normatizam a universalidade e a inte-gralidade do cuidado com o recém-nascido grave.

A pesquisa justifica-se pela importância de se conhecer a UTIN em sua estrutura, as Redes de Atenção à Saúde (RAS), o uso de suas tecnologias, seu perfil epidemiológico e o traba-lho da equipe multiprofissional, assim a pesquisa irá contribuir com a assistência que ocorrerá de modo mais dinâmico, res-peitando o fluxo da unidade, com a qualidade na assistência, a interação com a equipe, a organização da gestão do setor e do trabalho, para colaborar com alguma gestão de saúde que deseja logística da UTIN, com base em políticas de saúde do Brasil, manuais do Ministério da Saúde e na lei.

Este trabalho descreve o diagnóstico situacional de uma UTIN, em que essa ferramenta gerencial foi utilizada como uma estratégia de identificação de problemas e desenvolvi-mento de soluções durante o processo de ensino-aprendiza-gem de alunos em atividades práticas assistenciais de cuida-dos intensivos.

Métodos

O presente trabalho trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, cujo objetivo foi realizar um diag-nóstico situacional de uma UTI do Hospital Geral de Fortaleza (HGF) referente à área de Neonatologia, situado em Fortaleza, Ceará, visando identificar não conformidades e desenvolver estratégias de melhoria para esse setor.

A UTIN é um ambiente imprescindível para o tratamen-to de pacientes severamente ou potencialmente enfermos, que precisam de cuidados intensivos e especializados como

Page 176: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

176

RAIMUNDA ROSILENE MAGALHÃES GADELHA • DAYANNE MOREIRA DE CARVALHO • KAROLINY BARROS ARAÚJO • TAINÁ FENILI TAVARES • ÉRICA CARINE RODRIGUES

resultado de um vasto arsenal de alterações fisiopatológicas. A adequação de tecnologias para o cuidado dos recém-nas-cidos influencia no aumento de sua sobrevida (CARDOSO et al., 2015).

A coleta de dados foi realizada em abril de 2017 nas instalações da UTIN do HGF, através de entrevistas informais e direcionadas com profissionais de várias categorias (Fisio-terapia, Terapia Ocupacional e Enfermagem) e observação de campo. Após a coleta dos dados, deu-se início à construção do diagnóstico situacional da referida UTIN, analisando-a através de levantamentos bibliográficos, correlacionando-os com a realidade encontrada.

A pesquisa adotou os princípios éticos preconizados pela Resolução n. 466/2012 do Ministério da Saúde. Essa re-solução incorpora, sob a ótica do indivíduo e das coletivida-des, referenciais básicos da bioética, tais como autonomia, não maleficência, beneficência, justiça e equidade, entre outros, e visa assegurar os direitos e deveres que dizem respeito aos participantes da pesquisa, à comunidade científica e ao Estado (BRASIL, 2012).

Resultados

Atualmente há uma crescente necessidade de melhorar a qualidade do serviço oferecido ao cliente, e isso não é dife-rente quando se trata do serviço de saúde. Para que a assistên-cia oferecida seja realizada com maior qualidade, é necessário o planejamento das ações, para tanto o diagnóstico situacional configura-se como uma ferramenta de suma importância, uma vez que proporciona uma análise do ambiente organizacio-nal, contribuindo para identificar a real situação de um setor, bem como os problemas, necessidades e oportunidades deste.

Page 177: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

177

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Além disso, este possibilitará o conhecimento de fragilidades e potencialidades antes não diagnosticadas, tornando possível o tratamento das fragilidades com vistas ao aprimoramento da assistência prestada pela instituição em questão.

Territorialização da UTIN do HGF

O ambiente da UTIN é dividido em unidade de cuida-dos intermediários neonatais, unidade de cuidados intensivos neonatais e unidade Canguru, localizada na Ala do Alojamen-to Conjunto. Dentro dessa realidade, os recém-nascidos com maior incidência possuem o mesmo perfil epidemiológico, destacando-se os recém-nascidos prematuros, de baixo peso e/ou extremo baixo peso e presença de doenças congênitas. Os recém-nascidos são direcionados segundo sua gravidade clínica, sendo que aqueles considerados críticos são direcio-nados à unidade de cuidados intensivos neonatais, enquanto os mais estáveis são encaminhados à unidade de cuidados in-termediários neonatais. Os recém-nascidos com peso acima de 1.250 gramas, tendo as mães disponibilidade e interesse, poderão ser locados na unidade Canguru (entre outros aspec-tos relevantes), sendo importante ressaltar que essa unidade possui quatro leitos.

As estruturas de cuidados intensivos e intermediários neonatais estão interligadas no espaço físico da ambiência hos-pitalar, estando divididas em cinco ilhas de cuidados, cada uma contendo: cinco leitos de cuidados intensivos; espaço para pre-paro/diluição de medicamentos e armazenamento; espaço mul-tiprofissional, onde são realizadas as prescrições e discussões multiprofissionais. A Unidade de Cuidados Intermediários Con-vencionais (UCINco) está dividida em quatro ilhas de cuidados e dezesseis leitos de cuidados intermediários. No mesmo espaço

Page 178: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

178

RAIMUNDA ROSILENE MAGALHÃES GADELHA • DAYANNE MOREIRA DE CARVALHO • KAROLINY BARROS ARAÚJO • TAINÁ FENILI TAVARES • ÉRICA CARINE RODRIGUES

físico estão: laboratório para gasometria, espaço de ordenha, onde a mãe é acompanhada e orientada quanto ao aleitamento materno, o fracionamento do leite de acordo com prescrição de cada recém-nascido, sala de material para guarda dos insumos e equipamentos e repouso médico e multiprofissional.

Os recém-nascidos têm acesso à tomografia e à resso-nância, além de receberem nutrição parenteral e terapêutica medicamentosa, inclusive de alto custo.

Sala dos pais

Espaço exclusivo aos pais da UTIN para descanso, reali-zação de terapia ocupacional e reuniões em grupo com a equi-pe. Além disso, também disponibilizam-se:

• Acesso livre aos pais e incentivo à permanência no setor;• Visitas de avós para apoio aos pais;• Visita do(s) irmão(s) para proporcionar o vínculo

precoce;• Método Canguru;• Assistência ao aleitamento materno;• Banco de leite;• Preparo para a alta, com orientação in loco dos pais;• Ambulatório de seguimento do prematuro.

Programas e atividades acadêmicas

O programa de residência médica em neonatologia do HGF tem duração de dois anos e oferece três vagas para ad-missão de médicos anualmente.

O programa de residência multiprofissional em terapia intensiva neonatal tem duração de dois anos e oferece duas

Page 179: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

179

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA

vagas para enfermeiros, duas para fisioterapeuta e uma para terapeuta ocupacional.

Perfil epidemiológico

O perfil epidemiológico da UTIN é integrado por neona-tos prematuros, em que a prematuridade traz consigo patolo-gias associadas, como retinopatia da prematuridade, extremo baixo peso, hemorragia periventricular, doença da membrana hialina, icterícia, como também asfixia perinatal, aspiração de mecônio, dentre outras. 

Gráfico 1 – Perfil dos recém-nascidos quanto à idade gestacional atendidos na UTIN do HGF nos primeiros quatro meses de 2017

Fonte: Elaboração própria (2017).

Equipe multiprofissional

A equipe multiprofissional da unidade é composta por: enfermeiro, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, médico (diaristas, plantonistas, internos e residentes), técnico de en-fermagem, psicólogo, fonoaudiólogo e assistente social. O pro-cesso de trabalho dessas equipes nos serviços assistenciais,

Page 180: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

180

RAIMUNDA ROSILENE MAGALHÃES GADELHA • DAYANNE MOREIRA DE CARVALHO • KAROLINY BARROS ARAÚJO • TAINÁ FENILI TAVARES • ÉRICA CARINE RODRIGUES

segundo profissionais do setor, acontece de forma harmônica e integrada. Como forma de tentar minimizar os impactos dos procedimentos nos recém-nascidos, os profissionais priorizam realizar suas intervenções em horários similares, respeitando--se, dessa maneira, a hora do sono e da dieta.

As ações assistenciais desenvolvidas pela equipe mul-tiprofissional e de forma interdisciplinar realizadas na UTIN estão voltadas para o bem-estar físico e comportamental dos recém-nascidos, acontecendo de forma alternada ou em con-junto, em ordem aleatória ou por necessidade no caso de al-guma intercorrência. Os profissionais médicos realizam suas avaliações, podendo ocorrer no turno da manhã, tarde e/ou noite, enquanto os enfermeiros e técnicos de enfermagem permanecem por um período mais prolongado na assistência ao leito, devido ao maior número de procedimentos que deter-minados recém-nascidos precisam.

As divisões das funções entre os integrantes da equipe que compõem a unidade são claramente determinadas, sendo a maioria limitada por resoluções dos conselhos federais da categoria, organizando o funcionamento adequado.

A fisioterapia é destinada a recuperar e estimular a fun-cionalidade, através da manutenção de vias aéreas pérvias com higiene brônquica, realização de estimulação sensório--motora e posicionamento terapêutico, favorecendo um am-biente extrauterino adequado para a maturação de todos os sistemas do recém-nascido.

A enfermagem se responsabiliza por coleta de exames, montagem da ventilação mecânica invasiva (VMI) e não invasi-va (VMNI), sendo essa tarefa um diferencial entre a UTI adulta, além de ser responsável pela burocracia quanto à admissão, alta, óbito, instalação de nutrição parenteral e diluição de de-terminadas medicações.

Page 181: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

181

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Os técnicos de enfermagem se responsabilizam por to-dos os itens necessários para o balanço hídrico (troca de fral-das, dieta, pesagem), higiene do bebê e do leito.

As intervenções da terapia ocupacional são voltadas para os recém-nascidos que sofrem risco de desenvolvimento devido ao processo de internação, patologia e/ou prematuri-dade, levando sempre em consideração as questões referen-tes à equipe multidisciplinar do local, com as possibilidades da estimulação desse desenvolvimento dentro das possibilidades do bebê.

Existe como rotina, uma vez por semana, a realização de um encontro com os pais e familiares, quando são abordados temas em relação aos sentimentos com o bebê, ambiente e profissionais.

Devido à necessidade de alguns procedimentos, é ne-cessário existir a comunicação entre outros setores do hospi-tal e a UTIN, a qual atualmente se dá por meio de solicitações de documentos registrados nos prontuários, efetuada por uma secretária do setor mediante ligações telefônicas para o servi-ço necessário. O sistema da unidade está passando por trans-formações e atualizações com o propósito de que futuramente essa comunicação seja informatizada e de que a tramitação aconteça via sistema da rede do próprio hospital.

Descrição das tecnologias de saúde

No ambiente da UTIN, as tecnologias de trabalho em saúde apresentam-se numa concepção ampliada, de modo que podem ser classificadas em: tecnologias leves, leve-duras e duras.

Page 182: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

182

RAIMUNDA ROSILENE MAGALHÃES GADELHA • DAYANNE MOREIRA DE CARVALHO • KAROLINY BARROS ARAÚJO • TAINÁ FENILI TAVARES • ÉRICA CARINE RODRIGUES

Tecnologias leves

• Orientação quanto à amamentação;• Acolhimento às parturientes;• Reuniões com os pais.

Tecnologias leve-duras

• Acesso venoso periférico central;• Aspiração;• Estimulação auditiva;• Medidas não farmacológicas de alívio da dor.

Tecnologias duras

• Ventilador mecânico;• Chocalho;• Cateter periférico;• OXI-HOOD.

Diferenciais da UTIN do HGF

• Indicadores de qualidade: acompanhamento de indi-cadores, como taxa de mortalidade, tempo de perma-nência hospitalar, taxa de infecção hospitalar, tempo de permanência na ventilação mecânica, taxa de extu-bação acidental e falha na extubação, taxa de lesão da cavidade nasal, taxa de aleitamento materno;

• Equipe multidisciplinar: com títulos de especializa-ções e/ou mestrados relacionados à área de atuação. Composta por médicos, enfermeiros, assistente so-cial, fisioterapeutas, fonoaudiólogas, nutricionistas, farmacêutico, psicóloga e técnico de enfermagem.

Page 183: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

183

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Na UTIN, conta-se com uma proporção de enfermeiros/leito de excelência comparada à dos melhores serviços inter-nacionais.

• Comissão de passagem de PICC (cateter central de inserção periférica) em pacientes neonatais. A padro-nização do cateter PICC foi iniciada no final da década de 1990 na UTIN. Após a medida, ocorreu a redução da infecção de corrente sanguínea associada a cateter ve-noso central (CVC) em níveis inferiores aos recomenda-dos pelo National Healthcare Safety Network (NHSN);

• Recursos tecnológicos: com equipamentos de última geração;

• Testes de triagem: fundoscopia (triagem de retinopa-tia), teste do ouvidinho, teste da linguinha, teste do coraçãozinho, teste do olhinho, teste do pezinho e ul-trassom transfontanelar;

• Vacinas: BCG e Hepatite B;• Palivizumabe: medicamento indicado para aumentar

a proteção de crianças contra a infecção pelo vírus sincicial respiratório.

Não conformidades identificadas na UTIN do HGF

A UTIN do HGF possui o acompanhamento de alguns indicadores de qualidade assistencial, no entanto, embora os dados desses indicadores sejam analisados mensalmente, a avaliação da necessidade de ações preventivas para eliminar a causa de uma potencial não conformidade ou outra situação potencialmente indesejável e de ações corretivas para asse-gurar que as não conformidades não ocorrerão novamente ainda é incipiente. Dessa forma, sugere-se a implantação de

Page 184: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

184

RAIMUNDA ROSILENE MAGALHÃES GADELHA • DAYANNE MOREIRA DE CARVALHO • KAROLINY BARROS ARAÚJO • TAINÁ FENILI TAVARES • ÉRICA CARINE RODRIGUES

um processo de ação preventiva e corretiva para eliminar a causa de uma não conformidade identificada ou outra situa-ção indesejável.

Outro problema identificado foi a frequente superlota-ção, com uma taxa de ocupação superior à de número de lei-tos do contrato firmado com o Sistema Único de Saúde (SUS). Para o serviço funcionar regular e eficazmente, são necessá-rios materiais e equipamentos suficientes, porém, quando se têm pacientes a mais, nem todos vão receber assistência de qualidade, pois a superlotação gera dificuldades na prestação do cuidado e da assistência humanizada.

Discussão

O conceito de territorialização se baseia no planejamen-to, tecnologia, podendo ser considerada também a territoria-lização como uma política de estado, tornando-se referência no planejamento da localização e nos modos de inscrição ter-ritorial dos serviços de saúde, devendo operar sobre uma base bem definida (FARIAS, 2013). A UTIN do referido estudo or-ganiza-se segundo os princípios de territorialização descritos nas Portarias n. 355/2014 e n. 930/2012, servindo como base para a instalação e sistematização da unidade.

Todo o serviço de terapia intensiva, segundo a Portaria n. 355/2014 do Ministério da Saúde, sendo ele público ou pri-vado, deve fazer parte de um estabelecimento de saúde que possua habilitação ou licença de funcionamento. Baseando-se na mesma, os serviços de terapia intensiva devem possuir: quarto coletivo ou individual e de isolamento para a interna-ção dos pacientes adultos, pediátrico ou neonatal; posto de enfermagem; área para a prescrição médica; sala de expurgo; depósito de material de limpeza; almoxarifado; sala adminis-

Page 185: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

185

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA

trativa e de repouso da equipe com banheiro; lavatório para higienização das mãos, entre outros.

A Portaria n. 930/2012 do Ministério da Saúde aborda as diretrizes e objetivos que organizam a atenção integral e humanizada ao recém-nascido grave ou potencialmente grave juntamente com os critérios de classificação e habilitação de leitos de unidade neonatal e refere que estas são divididas de acordo com a necessidade do cuidado em UTIN, Unidade de Cuidados Intermediários (UCIN), que possui duas tipologias: Unidade de Cuidados Intermediários Convencionais (UCINCo) e Unidade de Cuidados Intermediários Canguru (UCINCa).

Para que todos os serviços ofertados aos usuários da UTIN sejam eficazes, torna-se necessário que o hospital seja interligado com as Redes de Atenção à Saúde (RAS), sendo estas organizações poliárquicas compostas por serviços de saúde que possuem a mesma missão, com objetivos similares e desenvolvimento de ações de forma cooperativa e interdepen-dente, possibilitando a oferta de uma atenção contínua e inte-gral à população daquela determinada região (UFMA, 2015). No contexto da unidade neonatal no hospital, as políticas prio-ritárias das RAS são: Rede Cegonha e a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (Pnaisc).

Juntamente com as RAS, podemos nos deparar com as macrorregiões do estado, que englobam os hospitais de ní-vel terciário, como o do estudo. A regionalização da saúde no Brasil configura-se como um processo técnico-político que envolve o desenvolvimento de estratégias de rearticulação e reorganização de uma rede de ações e serviços de saúde no território de cada unidade federada do país (MENDES, 2010). O Decreto n. 7.508/2011, que dispõe sobre a organização do SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a ar-ticulação interfederativa, descreve o que são regiões de saúde,

Page 186: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

186

RAIMUNDA ROSILENE MAGALHÃES GADELHA • DAYANNE MOREIRA DE CARVALHO • KAROLINY BARROS ARAÚJO • TAINÁ FENILI TAVARES • ÉRICA CARINE RODRIGUES

contrato organizativo da ação pública de saúde, redes de aten-ção à saúde, além de outras providências. O estado do Ceará foi pioneiro no processo de regionalização da saúde.

O Ceará foi um dos primeiros estados brasileiros a atu-alizar sua regionalização utilizando o Decreto n. 7.508/2011 como referência, propondo a adesão ao novo processo de re-gionalização através do Contrato Organizativo de Ação Pública (COAP) em cada uma de suas regiões de saúde. O mesmo iniciou a pactuação dos COAPs logo após a edição do Decreto n. 7.508, em junho de 2011, colocando a regionalização esta-dual da saúde na perspectiva dessa nova proposição norma-tiva do Ministério da Saúde, embora mantivesse as diretrizes do Plano Estadual de Saúde e demais processos organizativos (PONTES et al., 2017), em que o COAP da saúde represen-ta um acordo de colaboração firmado entre entes federativos com a finalidade de organizar e integrar as ações e serviços de saúde na rede regionalizada e hierarquizada, com definição de responsabilidades, indicadores e metas de saúde, critérios de avaliação de desempenho, recursos financeiros que serão dis-ponibilizados, forma de controle e fiscalização de sua execução e demais elementos necessários à implementação integrada das ações e serviços de saúde (BRASIL, 2011).

A análise dos COAPs do Ceará mostra que o modelo as-sistencial regionalizado do estado constitui-se de 22 regiões de saúde (PONTES et al., 2017). Hoje no estado existem cinco macrorregiões de saúde: macrorregiões de Fortaleza, Sobral, Cariri, Sertão Central e Litoral Leste/Jaguaribe (SESA, 2014).

Considerando a observação das propostas de redes as-sistenciais contidas nos COAPs das regiões de saúde do Ceará, podemos verificar que há uma tendência relacionada ao de-senvolvimento e fortalecimento tão somente da Rede Cego-nha e da Rede de Urgência e Emergência no estado do Ceará

Page 187: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

187

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA

(PONTES et al., 2017), corroborando a estratégia de redes do referido hospital proposto.

Dentro dessa perspectiva, podemos encontrar o perfil epidemiológico dos recém-nascidos atendidos na unidade e os indicadores dos leitos disponíveis no estado. A epidemiologia é fundamental para a elaboração de estratégias públicas no combate e na prevenção de patologias que atingem a socieda-de, sendo que os dados, quando oferecidos ao SUS, permitem a identificação dos fatores de risco, tornando possível o plane-jamento para a solução das questões identificadas.

Segundo Araújo e seus colaboradores (2013), é essen-cial para a manutenção da vida que muitos recém-nascidos permaneçam na UTIN, pois a prematuridade é reconhecida como um fator importante de risco para alterações do de-senvolvimento motor, além disso a instalação de algumas co-morbidades (hipóxia e displasia bronco-pulmonar) e o uso de alguns métodos que asseguram a sobrevida do bebê (oxige-noterapia e ventilação mecânica invasiva) contribuem para as lesões neurológicas.

Devido à seriedade do quadro de saúde desses recém--nascidos, é necessária a atuação de uma equipe multiprofis-sional na unidade. Tal equipe torna-se relevante para alcançar um dos aspectos da integralidade das práticas em saúde, além de contribuir na organização do trabalho nos serviços, bus-cando ampliar as necessidades de saúde da população atendi-da, para isso torna-se necessária a educação interprofissional, destacando-se como uma estratégia para formar profissionais habilitados para o trabalho em equipe (CASANOVA; BATISTA; MORENO, 2015; PEREIRA, 2011).

Os profissionais que atuam na unidade se utilizam de: tecnologias leves, que são aquelas que remetem a relações en-tre sujeitos, estabelecidas no trabalho vivo em ato, ou seja, no

Page 188: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

188

RAIMUNDA ROSILENE MAGALHÃES GADELHA • DAYANNE MOREIRA DE CARVALHO • KAROLINY BARROS ARAÚJO • TAINÁ FENILI TAVARES • ÉRICA CARINE RODRIGUES

momento em que o trabalho está sendo produzido; tecnolo-gias leve-duras, que se referem à aplicação de conhecimentos e saberes constituídos e ao modo singular como cada profis-sional aplica esse conhecimento para produzir o cuidado; e tecnologias duras, que compreendem aquelas inscritas nos instrumentos, estruturadas para elaborar certos produtos em saúde (SOUZA et al., 2014).

Nesse sentido, a utilização de tecnologias para viabilizar o cuidado da equipe multiprofissional é hoje uma prática re-corrente nas equipes UTIN, o que tem chamado a atenção, vis-to que o emprego adequado dessas tecnologias pode aumen-tar ou até mesmo inviabilizar a sobrevida do recém-nascido.

O conceito de tecnologia no trabalho em saúde é em-pregado na mesma perspectiva de que as tecnologias são compreendidas, não somente a aplicação de um conjunto de conhecimentos e uso de equipamentos, mas também de vários outros elementos, que, inseridos em uma situação de grupo, incluem acolhimento, diálogo com os membros, escuta, víncu-lo, integração e interesse (FERNANDES, 2011).

Discutir a temática qualidade na atenção à saúde do ne-onato não implica somente apresentar conceitos, mas mostrar um conjunto de métodos e estratégias possíveis de serem apli-cados a essa realidade. Nesse sentido, esta reflexão apresen-ta-se como uma possibilidade inicial na discussão da questão, reforçando a necessidade de se avançar na reflexão em torno dos métodos de avaliação da qualidade do atendimento ao re-cém-nascido (ROSA; GAÍVA, 2009).

A superlotação nas unidades de internação neonatais é frequente em todo o país. Isso tem um importante impacto nas infecções relacionadas à assistência à saúde, pois dificul-ta a qualidade do atendimento assistencial ao recém-nascido ( LORENZINI; COSTA; SILVA, 2013).

Page 189: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

189

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Considerações finais

Conclui-se que o diagnóstico situacional da UTIN do Hospital da Rede Pública de Fortaleza favoreceu a compreen-são dos serviços prestados por um setor de alta complexidade. Os objetivos do estudo foram alcançados através da observa-ção abrangente da rotina da unidade, levantamentos biblio-gráficos, juntamente com as experiências vivenciadas durante o período da coleta de dados.

Independentemente da diversidade dos processos ava-liativos, o que se espera é que os serviços hospitalares presta-dores de assistência ao neonato compreendam a importância das ferramentas de avaliação e da sua contribuição na busca dos resultados, ou seja, a qualidade da assistência.

Reiteramos a necessidade de se discutirem os temas abordados durante o estudo, destacando-se a relevância que essa temática tem para o público-alvo dos serviços prestados na unidade, tendo em vista a influência que as intervenções realizadas pela equipe multiprofissional e o ambiente poderá causar a curto e longo prazo.

Referências

ARAÚJO, A. T. C.; EICKMANN, S. H.; COUTINHO, S. B. Fatores associados ao atraso do desenvolvimento motor de crianças prematuras internadas em unidade de neonatologia. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, Recife, v. 13, n. 2, p.119-128, 2013.

BRASIL. Decreto n. 7.508, de 28 de junho de 2011. Regula-menta a Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dis-por sobre a organização do Sistema Único de Saúde – SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação

Page 190: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

190

RAIMUNDA ROSILENE MAGALHÃES GADELHA • DAYANNE MOREIRA DE CARVALHO • KAROLINY BARROS ARAÚJO • TAINÁ FENILI TAVARES • ÉRICA CARINE RODRIGUES

interfederativa, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 29 jun. 2011.

BRASIL. Resolução n. 7, de 24 de fevereiro de 2010. Dispõe sobre os requisitos mínimos para funcionamento de Unidades de Terapia Intensiva e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 25 fev. 2010.

BRASIL. Resolução n. 466, de 12 de dezembro de 2012. Di-retrizes e normas regulamentadoras de pesquisas em seres humanos. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 13 dez. 2012.

CARDOSO, S. M. S. et al. Newborn physiological responses to noise in the neonatal unit. Brazilian Journal of Otorhinolaryn-gol, São Paulo, v. 81, n. 6, p. 583-588, 2015.

CASANOVA, I. A.; BATISTA, N. A.; MORENO, L. R. Formação para o trabalho em equipe na residência multiprofissional em saúde. Arquivos Brasileiros de Ciências da Saúde, Santo An-dré, v. 40, n. 3, p. 229-233, 2015.

CEARÁ. Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (Sesa). Cria-da a 5ª Macrorregião de Saúde Litoral Leste/ Jaguaribe. For-taleza: Sesa, 2014.

COSTA, R. et al. Políticas públicas de saúde ao recém-nascido no Brasil: reflexos para a assistência neonatal. História da En-fermagem: Revista Eletrônica, Brasília, DF v. 1, n. 1, p. 55-68, 2010.

FARIA, R. M. A territorialização da atenção primária à saúde no Sistema Único de Saúde e a construção de uma perspectiva de adequação dos serviços aos perfis do território. Hygeia, Uber-lândia, v. 9, n. 16, p. 131-147, 2013.

FERNANDES, M. T. O.; SILVA, L. B.; SOARES, S. M. Utilização de tecnologias no trabalho com grupos de diabéticos e hiper-

Page 191: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

191

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA

tensos na saúde da família. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.16, supl. 1, p. 1331-1340, 2011.

KAMADA, I.; ROCHA, S. M. M.; BARBEIRA, C. B. S. Internações em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal no Brasil – 1998-2001. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 11, n. 4, p. 436-443, 2003.

LORENZINI, E.; COSTA, T. C.; SILVA, E. F. Prevenção e controle de infecção em unidade de terapia intensiva neonatal. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, v. 34, n. 4, p. 107-113, 2013.

LUVISARO, B. M. O. et al. Diagnóstico situacional em unidade de terapia intensiva: relato de experiência. Revista de Adminis-tração Hospitalar e Inovação em Saúde, Belo Horizonte, v. 11, n. 2, p. 67-78, 2014.

MENDES, E. V. As redes de atenção à saúde. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 15, n. 5, p. 2297-2305, 2010.

PEREIRA, R. C. A.  O trabalho multiprofissional na Estraté-gia Saúde da Família: estudo sobre modalidades de equi-pes. 2011. 143 f. Dissertação (Mestrado em Ciências de Saúde Pública) – Programa de Pós-Graduação em Ciências de Saúde Pública, Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, Rio de Janeiro, 2011.

PONTES, R. J. S. et al. Modelo de regionalização e redes de atenção à saúde no estado do Ceará. In: CONGRESSO BRASI-LEIRO DE POLÍTICA, PLANEJAMENTO E GESTÃO EM SAÚDE, 2., 2013, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: UFMG, 2013. p. 1-25.

REZENDE, A. C. et al. Diagnóstico situacional da Unidade Bá-sica de Saúde Barreiro de Cima. Belo Horizonte: UFMG, 2010.

ROSA, M. K. O.; GAÍVA, M. A. M. Qualidade na atenção hos-pitalar ao recém-nascido. Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste, Fortaleza, v. 10, n. 1, p. 1-165, 2009.

Page 192: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

192

RAIMUNDA ROSILENE MAGALHÃES GADELHA • DAYANNE MOREIRA DE CARVALHO • KAROLINY BARROS ARAÚJO • TAINÁ FENILI TAVARES • ÉRICA CARINE RODRIGUES

SÁ NETO, J. A. Enfermagem cuidando do recém-nascido na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal: um olhar ético da ação profissional. 2009. 104 f. Dissertação (Mestrado em Enferma-gem) – Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Univer-sidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.

SOUZA, V. B. et al. Tecnologias leves na saúde como ponten-cializadores para qualidade da assistência às gestantes. Revis-ta de Enfermagem, Recife, v. 8, n. 5, p. 1388-1393, 2014.

UFMA – Universidade Federal do Maranhão. Redes de aten-ção à saúde: a atenção à saúde organizada em redes. São Luís: UFMA, 2015.

Page 193: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

193

SKARLLET DA SILVA VASCONCELOSDiscente do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica).E-mail: <[email protected]>.

ÊMILE COSTA BARROSResidente em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital Geral de Fortaleza. Enfermeira.E-mail: <[email protected]>.

MARIA NATÁLIA CAMPOS LUZDiscente do curso de Farmácia do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica).E-mail: <[email protected]>.

FRANCIMEIRY AMORIM DA SILVAMestra em Saúde da Família. Secretária de Saúde de Quixadá, docente do Centro Universitário Ca-tólica de Quixadá (Unicatólica) e tutora do Programa PET/Gradua SUS. Médica.E-mail: <[email protected]>.

LETÍCIA MAGALHÃES GADELHADiscente do Curso de Direito da Universidade de Fortaleza - UNIFOR.

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DA LINHA DE CUIDADO DA HANSENÍASE NO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ-CE

Page 194: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

194

SKARLLET DA SILVA VASCONCELOS • ÊMILE COSTA BARROS • MARIA NATÁLIA CAMPOS LUZ • FRANCIMEIRY AMORIM DA SILVA • LETÍCIA MAGALHÃES GADELHA

Introdução

O Sistema Único de Saúde (SUS), criado pela Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990, tem como princípio saúde como direito de todos e dever do Estado, assegurando a todos um direito digno a uma saúde de qualidade. Seus princípios são baseados em direitos igualitários a todos, oferecendo acesso facilitado aos serviços de saúde, integralidade na assistência, atendendo à população por meio de ações e serviços preven-tivos e curativos; educação continuada em saúde, favorecendo maior autonomia ao usuário do sistema; descentralização po-lítico-administrativa, regionalização e hierarquização dos ser-viços de saúde para os municípios e organização dos serviços públicos. Dessa forma, os princípios do SUS buscam, de forma simplificada, organizar e alinhar o sistema com base nos pre-ceitos constitucionais. Esses princípios andam juntos com as diretrizes criadas pelo Ministério da Saúde que direcionam os profissionais do sistema aos seus deveres técnicos e orientam os mesmos sobre o funcionamento geral do sistema em todo o território nacional. São elas quem criam as demais portarias de saúde, transformando indicadores epidemiológicos em por-tarias ou programas voltados para a solução dos problemas (REIS; ARAÚJO; CECÍLIO, 2011).

Partindo das diretrizes e princípios do SUS, foi que em 1994 foi criada a Estratégia de Saúde da Família (ESF), servin-do como base para o funcionamento e organização da atenção

Page 195: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

195

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DA LINHA DE CUIDADO DA HANSENÍASE NO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ-CE

primária do SUS. Dessa forma, atividades como mapeamento de território, cadastramento da população e diagnóstico de saúde da população local são realizadas pela mesma, uma vez que os problemas de saúde da comunidade são resolvidos em sua maioria nas Unidades Básicas de Saúde, em que estão in-seridas as Equipes de Saúde da Família, compostas por equi-pes multiprofissionais trabalhando em ações de promoção de saúde, prevenção de doenças, assistência integral e continua-da, reabilitação da saúde de acordo com os diversos tipos de diretrizes preconizadas pelo Ministério (BRASIL, 2008).

Em 7 de outubro de 2010, o Ministério da Saúde consi-derou a existência de uma transmissão ativa de hanseníase no Brasil, havendo a necessidade do desenvolvimento de ações que trabalhassem no fortalecimento das ações de vigilância epidemiológica da doença, na organização da rede de aten-ção integral e na promoção da saúde, visando ao diagnósti-co precoce da hanseníase através de ações de educação em saúde e mobilização social. O programa preconizado pelo Mi-nistério da Saúde foi então conhecido como “Programa Na-cional de Controle da Hanseníase’”. Desde então, a atenção à pessoa com hanseníase deve ser oferecida em toda a rede do SUS conforme cada caso apresentado. Apesar de a hanse-níase apresentar-se de formas diversas e cada caso oferecer diferentes necessidades, o meio de diagnóstico é o mesmo, sendo puramente clínico e epidemiológico, realizado por meio da análise da história e das condições de vida do paciente, do exame dermatoneurológico (baciloscopia), para identificar lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade e/ou comprometimento de nervos periféricos (sensitivo, motor e/ou autonômico) (BRASIL, 2010).

Com isso, o cuidado com o paciente hansênico passa a ser redobrado, uma vez que a realização de ações de preven-

Page 196: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

196

SKARLLET DA SILVA VASCONCELOS • ÊMILE COSTA BARROS • MARIA NATÁLIA CAMPOS LUZ • FRANCIMEIRY AMORIM DA SILVA • LETÍCIA MAGALHÃES GADELHA

ção em saúde informa a população e “impede” que essa ede-micidade se perpetue cada vez mais. Para isso, é necessário o planejamento das ações, estabelecer prioridades nas atuações de acordo com a realidade da instituição, para que as metas estabelecidas sejam alcançadas.

Sendo assim, o diagnóstico situacional é considerado como uma ferramenta de gestão no auxílio dos profissionais da saúde para o direcionamento de suas ações. Além disso, este possibilitará o conhecimento de fragilidades e potencialidades antes não diagnosticadas, tornando possível o tratamento das fragilidades com vistas ao aprimoramento da assistência pres-tada pela instituição em questão.

O presente estudo trata-se de um relato de experiên-cia que teve como objetivo realizar um diagnóstico situacional da linha de cuidado da hanseníase em uma Unidade Básica de Saúde no município de Quixadá, Ceará, buscando fortalecer a multidisciplinaridade do cuidado desses pacientes e as ações de promoção de saúde e prevenção da doença através da aná-lise da linha de cuidado da hanseníase no referido município do Sertão Central. Buscam-se, com isso, melhorias no cuidado das lesões desses pacientes, como também o auxílio da equipe de saúde na atualização do cuidado mediante a análise dessa linha de cuidado.

Método

Trata-se de um relato de experiência que teve como ob-jetivo realizar um diagnóstico situacional da linha de cuidado da hanseníase em uma Unidade Básica de Saúde no município de Quixadá, visando identificar não conformidades e desen-volver estratégias de melhorias para esse setor. Os dados fo-ram coletados em abril de 2017 nas instalações da Unidade

Page 197: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

197

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DA LINHA DE CUIDADO DA HANSENÍASE NO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ-CE

Básica de Saúde do bairro Centro, por meio de entrevistas di-recionadas a informantes-chave (funcionários) e observação de campo.

Foi realizada busca ativa com profissionais e pacientes do local, mediante entrevistas e análises, a fim de conhecer a realidade do serviço e identificar problemas. Após análise dos resultados, deu-se início à construção do diagnóstico situacio-nal, analisando-o através de estudos teóricos, relacionando-os com a realidade encontrada.

A partir da análise dos dados, pôde-se identificar que atualmente são atendidos em média cerca de cinco pacientes em todo o território. Os pacientes com hanseníase são atendi-dos pela equipe de saúde do local, fazendo o acompanhamen-to do tratamento poliquimioterápico e dando alta ao paciente logo em seguida.

A pesquisa foi realizada sem revelar a identidade dos profissionais e pacientes, respeitando os aspectos éticos e morais baseados na Lei n. 466/2012, sendo submetida ao Co-mitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário Católica de Quixadá, sob o número de parecer 1.169.972.

Resultados e discussão

Diagnóstico situacional da Unidade Básica de Saúde As Unidades Básicas de Saúde no Brasil foram criadas

para serem as portas de entrada dos pacientes ao SUS. É atra-vés delas que o cidadão recebe seu primeiro atendimento na rede pública e é através delas também que o paciente é enca-minhado a outros serviços especializados, como realização de exames ou encaminhamento direto a um profissional especia-lista, realizando acessos básicos de saúde através de atendi-mentos igualitários e sem distinções.

Page 198: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

198

SKARLLET DA SILVA VASCONCELOS • ÊMILE COSTA BARROS • MARIA NATÁLIA CAMPOS LUZ • FRANCIMEIRY AMORIM DA SILVA • LETÍCIA MAGALHÃES GADELHA

A Unidade Básica de Saúde do Centro localiza-se na rua Epitácio Pessoa, sem número, no bairro Centro, mas no exato momento as duas equipes que compõem o local estão dividi-das em locais distintos devido à realização de obras no local. Os bairros em que as equipes foram divididas são: Unidade Básica de Saúde João Ferreira Pires, localizada na rua José de Alencar, sem número, no bairro Campo Novo; e Unidade Bá-sica de Saúde Dr. Everardo Silveira, localizada na rua Benigno Bezerra, sem número, no bairro Campo Velho, na cidade de Quixadá, cujas áreas de abrangências são as ruas que consti-tuem esses bairros.

Figura 1 – Território que é atendido pela unidade do Centro

Fonte: Google Imagens.

Fundado em 27 de outubro de 1870, Quixadá é um mu-nicípio brasileiro do estado do Ceará localizado na Mesorre-gião dos Sertões Cearenses e Microrregião do Sertão de Qui-xeramobim. É o décimo município mais populoso do Ceará e o primeiro da Mesorregião dos Sertões Cearenses, com 85.991

Page 199: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

199

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DA LINHA DE CUIDADO DA HANSENÍASE NO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ-CE

habitantes. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), o município tem o maior Produto Interno Bruto (PIB) do interior do estado, com um valor esti-mado em 538.778 reais. Suas características mais marcantes são formações rochosas, os monólitos, nos mais diversos for-matos, que modificam a aparente monotonia da paisagem ser-taneja. Quixadá também é conhecida por ser a terra de escrito-res como Jáder de Carvalho e Rachel de Queiroz; essa última, apesar de ter nascido em Fortaleza, a capital do Ceará, possuía uma relação muito forte com a cidade, visitando-a constante-mente quando se hospedava em sua fazenda “Não me deixes”, herdada de seu pai, Daniel de Queiroz.

Figura 2 – Localização de Quixadá no Ceará

Fonte: Google Imagens.

Segundo o censo do IBGE, em 2010 a taxa de urbani-zação era de 69,3%, com 80.604 habitantes. Seu crescimento

Page 200: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

200

SKARLLET DA SILVA VASCONCELOS • ÊMILE COSTA BARROS • MARIA NATÁLIA CAMPOS LUZ • FRANCIMEIRY AMORIM DA SILVA • LETÍCIA MAGALHÃES GADELHA

demográfico anual é de 0,5% (2006-2007), no entanto, quan-do a população atual é confrontada com os dados dos censos de 1970 (98.509 habitantes) e de 1991 (72.292 habitantes) e das estimativas para 1996 (64.442 habitantes), observa-se o declínio da população. Isso se deve basicamente ao desmem-bramento dos distritos. Atualmente Quixadá tem 85.991 habi-tantes (IBGE, 2010).

Caracterização da linha de cuidado da hanseníase na Unidade Básica de Saúde do Centro

Consoante as advertências vigentes no SUS, está ao en-

cargo dos municípios a sistematização das funções da atenção básica, concedendo-se ao estado as ações de normatização, avaliação e assessoria técnica. Desse modo, é dever dos mu-nicípios assumir o compromisso como gestores da saúde e da rede básica de saúde, tendo que se mostrarem aptos a ofe-recer a assistência à população, especificamente aos doentes com hanseníase (PEREIRA et al., 2008).

Os cuidados com a hanseníase devem ser feitos desde o primeiro atendimento até o período pós-tratamento poli-quimioterápico, garantindo, dessa forma, maior segurança ao paciente e à população caso haja recidiva da doença (BRASIL, 2010a).

Dentre os cuidados, estão: acolhimento ao usuário; fa-tores de risco; acompanhamento dos casos; medidas de pro-moção de saúde e prevenção de agravos; e abordagem clínica (história clínica, exame físico, diagnóstico, exames laborato-riais, tratamento e atividades de controle).

A Unidade Básica de Saúde do Centro está inserida em uma área com mais ou menos 15.000 habitantes, contando com duas equipes (Centro 1 e 2) compostas por uma enfer-

Page 201: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

201

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DA LINHA DE CUIDADO DA HANSENÍASE NO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ-CE

meira, um médico e um dentista, além de toda a equipe de téc-nicos, recepcionistas, atendentes e vigias.

Os pacientes com hanseníase são atendidos pela equipe de saúde do local, onde fazem o acompanhamento do trata-mento poliquimioterápico, sendo-lhes dada alta logo em se-guida. Atualmente são atendidos em média cinco pacientes em todo o território.

Equipes de apoio

A unidade recebe residentes do Programa de Residência Integrada em Saúde com ênfase em Saúde da Família e Comu-nidade, da Escola de Saúde Pública do Ceará. O programa de residência é voltado à formação de trabalhadores para o SUS. A equipe multiprofissional é composta por profissionais das áreas de Enfermagem, Nutrição, Serviço Social, Psicologia e Fisioterapia. Também conta com a colaboração de uma ins-tituição privada, o Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica), e uma instituição pública, a Escola Estadual de Educação Profissional Maria Cavalcante Costa (Liceu), além do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), constituído por equipes compostas por profissionais de diferentes áreas de conhecimento, devendo atuar em parceria com os profis-sionais das ESFs, compartilhando as práticas em saúde nos territórios das ESFs.

Parecer geral do diagnóstico situacional

O diagnóstico situacional permitiu observar que a Uni-dade Básica de Saúde do Centro oferece a maior parte dos serviços recomendados pelo Ministério da Saúde, entretanto, ao se observar a linha de cuidado do território para o paciente

Page 202: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

202

SKARLLET DA SILVA VASCONCELOS • ÊMILE COSTA BARROS • MARIA NATÁLIA CAMPOS LUZ • FRANCIMEIRY AMORIM DA SILVA • LETÍCIA MAGALHÃES GADELHA

com hanseníase, constatam-se pontos em que se fazem ne-cessárias ênfases no cuidado desses pacientes, sobretudo se for feita uma comparação com a linha de cuidado preconizada pelo Ministério da Saúde e o protocolo de atendimento para os pacientes do território. Além do mais, é sabido que a hansení-ase é uma doença de grande importância para a saúde pública, uma vez que ela é endêmica no país, o que não condiz com a quantidade de casos atendidos pela ESF atualmente, direcio-nando a uma potencial subnotificação no diagnóstico precoce.

No município de Quixadá, em 2015, foram detectados 64 casos de hanseníase. Diante desses dados de incidência no município, a Secretaria da Saúde do Ceará afirma que as medidas de prevenção e controle devem ser implementadas no referido município (SESA, 2016). Vale ressaltar que é ne-cessário o acompanhamento efetivo dos casos detectados; em Quixadá, apenas cinco casos estão sendo acompanhados atualmente. Os dados relativos ao acompanhamento dos casos são úteis para a avaliação da efetividade do tratamento e para o monitoramento da prevalência da doença (BRASIL, 2010a).

O ambiente físico da unidade chama bastante a atenção, tendo assentos suficientes para acomodar os usuários duran-te a espera por atendimento, consultórios espaçosos e área bem arejada, embora a população hoje esteja na situação de se locomover para outros bairros a fim de receber atendimento, devido à obra na Unidade Básica de Saúde do Centro, a qual ainda está inacabada. Isso acaba inviabilizando a ida de alguns pacientes a outras unidades, em razão do difícil acesso aos meios de transporte.

Verificou-se também a não realização das ações de edu-cação em saúde na unidade em estudo por causa dessa mudan-ça de local, como já foi exposto anteriormente. Alguns servi-ços, dentre eles a educação em saúde, não têm sido ofertados

Page 203: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

203

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DA LINHA DE CUIDADO DA HANSENÍASE NO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ-CE

devido à falta de recursos e outras questões administrativas da gestão municipal. De acordo com Pereira e colaboradores (2008), as ações de educação em saúde são importantes para a redução do estigma e aproximação do sujeito à nova situ-ação de vida e enfrentamento de limitações provocadas pela doença.

Como a proposta do SUS na atenção primária tem como foco a prevenção, a sala de espera com temas em educação e saúde deveria acontecer com mais frequência, já que o cuida-do e a prevenção são objetivos a serem alcançados.

Considerações finais Destaca-se a importância de executar constantemente

as ações de educação em saúde, importante para a redução do estigma e aproximação do sujeito à nova situação de vida e enfrentamento de limitações provocadas pela doença, além de otimizar a adesão ao tratamento. Somam-se a isso a ne-cessidade de implementar a busca ativa frente ao controle da hanseníase para a detecção de casos novos, a possibilidade de um diagnóstico precoce, tratamento e acompanhamento efe-tivo dos casos detectados, além da concretização da situação epidemiológica no município de Quixadá.

Observou-se também, acima de quaisquer problemas ou dificuldades encontradas, o esforço de muitos profissionais em oferecer um serviço de saúde gratuito e de qualidade na rede SUS.

Referências

BRASIL. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe so-bre as condições para a promoção, proteção e recuperação da

Page 204: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

204

SKARLLET DA SILVA VASCONCELOS • ÊMILE COSTA BARROS • MARIA NATÁLIA CAMPOS LUZ • FRANCIMEIRY AMORIM DA SILVA • LETÍCIA MAGALHÃES GADELHA

saúde, a organização e o funcionamento dos serviços corres-pondentes e dá outras providências. Diário Oficial [da] Re-pública Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 20 set. 1990.

BRASIL. Linha de cuidado da hanseníase. Rio de Janeiro: Sub-secretaria de Atenção Primária, Vigilância e Promoção da Saú-de, 2010a.

BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de estrutura física das Unidades Básicas de Saúde. Brasília, DF: MS, 2008.

BRASIL. Portaria n. 3.125, de 7 de outubro de 2010. Aprova as Diretrizes para Vigilância, Atenção e Controle da Hanseníase. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Exe-cutivo, Brasília, DF, 8 out. 2010b.

BRASIL. Resolução n. 466, de 12 de dezembro de 2012. Di-retrizes e normas regulamentadoras de pesquisas em seres humanos. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 13 dez. 2012.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.

PEREIRA, A. J. et al. Atenção básica de saúde e a assistência em hanseníase em serviços de saúde de um município do estado de São Paulo. Revista Brasileira de Enfermagem, Rio de Janei-ro, v. 61, n. esp., p. 718-726, 2008.

REIS, O. D.; ARAÚJO, C. E.; CECÍLIO, O. C. L. Políticas públi-cas de saúde: Sistema Único de Saúde. Brasília, DF: UNA-SUS, 2011.

SESA – Secretaria da Saúde do Estado do Ceará. Região de Saúde de Quixadá. Caderno de informação em saúde: Região de Saúde Quixadá. Fortaleza: Sesa, 2016.

Page 205: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

205

SOFIA VASCONCELOS CARNEIRODoutoranda e mestra em Odontopediatria pela Faculdade São Leopoldo Mandic e especialista em Saúde Pública e da Família pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Docente do curso de Odonto-logia do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica). Preceptora do projeto PET/Gradua SUS da Unicatólica.E-mail: <[email protected]>.

ANA KAROLLAINE DA SILVADiscente do curso de Enfermagem do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica).E-mail: <[email protected]>.

GISLYANE LIMA DE QUEIROZDiscente do curso de Odontologia do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica).E-mail: <[email protected]>.

NATIANE COLARES DO NASCIMENTODiscente do curso de Odontologia do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica).E-mail: <[email protected]>.

MANOEL PATRICK DA SILVA CAVALCANTEDiscente do curso de Farmácia do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica).E-mail: <[email protected]>.

MULTIDISCIPLINARIDADE NO PET-SAÚDE/GRADUA SUS: EXPERIÊNCIAS E PERSPECTIVAS DE GRADUANDOS EM SAÚDE

Page 206: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

206

SOFIA VASCONCELOS CARNEIRO • ANA KAROLLAINE DA SILVA • GISLYANE LIMA DE QUEIROZ • NATIANE COLARES DO NASCIMENTO • MANOEL PATRICK DA SILVA CAVALCANTE

Introdução

Com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), a popula-ção brasileira passou a ter melhorias inestimáveis na área da Saúde. Com a Lei Orgânica n. 8.080, de 19 de setembro de 1990, a saúde passou a ser um direito da população e um de-ver do Estado, assegurando o funcionamento do SUS através da legislação federal. Esse momento foi de fundamental im-portância para que hoje em dia a população receba cuidados e assistência de forma universal, integral e igual (ALMEIDA et al., 2012).

A evolução do SUS redundou na criação de vários pro-gramas e estratégias que permitiram não apenas cuidar da po-pulação, mas também prevenir patologias e realizar planeja-mento familiar, de modo que todos esses cuidados chegassem à população. Entre esses programas e estratégias, podemos citar a distribuição gratuita de medicamentos essenciais, a Es-tratégia de Saúde da Família, as campanhas de outubro rosa e novembro azul, as campanhas de vacinação e muitos outros (BACKES et al., 2012; VASCONCELOS, 2002).

A multidisciplinaridade na área da Saúde é de grande valor. Enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos, odontólogos, farmacêuticos e médicos são os principais com-ponentes das equipes preparadas para prestar serviço e aten-der à população. Na atenção secundária e terciária, são nítidos o exercício e a importância de cada um desses profissionais.

Page 207: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

207

MULTIDISCIPLINARIDADE NO (PET-SAÚDE/GRADUA SUS) EXPERIÊNCIAS E PERSPECTIVAS DE GRADUANDOS EM SAÚDE

Equipes mais completas apresentam um tratamento mais ade-quado às necessidades de cada paciente e a interação entre os profissionais é fundamental para manter as boas relações entre os mesmos e a integridade do serviço (FRANCISCHINI; MOURA; CHINELLATO, 2008).

O conhecimento e vivência com a realidade do sistema de saúde é de suma relevância desde a graduação para uma formação acadêmica sólida, visando ao trabalho multiprofis-sional. O programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde/Gradua SUS) visa à interação entre acadêmicos e profissionais da saúde dentro da realidade da atenção primária com experiências singulares. Dessa forma, o estudo objetiva relatar a experiência vivenciada por acadêmicos do Centro Universitário Católica de Quixadá, membros do PET-Saúde/Gradua SUS e acadêmicos de estágio dos cursos de Odontolo-gia, Enfermagem e Farmácia, com ênfase em suas perspectivas e visão frente à experiência proporcionada pelo programa e estágio multidisciplinar.

Fundamentação teórica

Quando cursos da área da Saúde são ministrados de for-ma isolada, sem inter-relação curricular de ensino/práticas, a principal barreira enfrentada pelo aluno é que ele não ingressa em uma universidade, mas sim em um curso, o que dificulta o seu alcance na integração multidisciplinar (que são recomen-dações das diretrizes curriculares nacionais) e gera profissio-nais formados no modelo de ensino tradicional, disciplinar, controlador e pouco flexível (GATTÁS, 2005).

Porém, quando há atividades de interdisciplinaridade na grade curricular dos cursos da Saúde, esses revelam generi-camente preocupação em formar um profissional com com-

Page 208: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

208

SOFIA VASCONCELOS CARNEIRO • ANA KAROLLAINE DA SILVA • GISLYANE LIMA DE QUEIROZ • NATIANE COLARES DO NASCIMENTO • MANOEL PATRICK DA SILVA CAVALCANTE

petência técnico-científica, visão crítica, humanista e reflexiva com capacidade para compreender as necessidades individu-ais e coletivas e trabalhar em equipe, articulando e integrando conhecimentos com as demais categorias profissionais (VAS-CONCELOS, 2002). Para que os exercícios interdisciplinares no decorrer da graduação sejam postos em prática, há, no mí-nimo, quatro classes de grandes problemas e desafios: a orga-nização e a coordenação da pesquisa, a comunicação e a lin-guagem entre os pesquisadores, as ciências e a epistemologia e também a certificação científica do conhecimento produzido de maneira interdisciplinar (FLORIANI, 2000).

Quanto à organização e coordenação, a principal dificul-dade é encontrada na falta de sequência dos estágios, pois a maioria das instituições de ensino superior não cronograma seus estágios em dias sequenciais, o que gera dificuldade para os alunos sentirem a evolução dos trabalhos e a rotina dos ser-viços (TEIXEIRA, 2004). No tocante à relação entre comunica-ção e linguagem entre os pesquisadores, essa caracteriza-se como um movimento de avanços e recuos, encontros e de-sencontros, hesitações e dificuldades, em que, com as práticas multidisciplinares, há uma abertura de canais de comunicação entre grupos que raramente interagem (POMBO, 2006).

De acordo com Pombo (2006), ao analisar as ciências e a epistemologia, como também a certificação interdiscipli-nar, pôde-se perceber que um saber fragmentado é uma obra de inteligência dispersa, em que a interdisciplinaridade não se apresenta como uma simples organização de estudos, mas o próprio sentido da presença do homem no mundo. Com a mudança do perfil epidemiológico da população, devido ao aumento da perspectiva de vida e consequente predomínio de doenças crônico-degenerativas, faz-se necessário o reor-denamento das ações e estratégias na saúde, com sérias im-

Page 209: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

209

MULTIDISCIPLINARIDADE NO (PET-SAÚDE/GRADUA SUS) EXPERIÊNCIAS E PERSPECTIVAS DE GRADUANDOS EM SAÚDE

plicações na formação dos profissionais. Nessa visão, o tra-balho multiprofissional e os conhecimentos interdisciplinares se tornam necessários para enfrentar com melhor qualidade as complexas necessidades de saúde das comunidades, além de treinar cada estudante em habilidades como gerenciamen-to, coordenação e liderança e em atitudes como cooperação, agregando valor ao serviço (ALMEIDA et al., 2012).

Sabe-se que uma das principais críticas da sociedade feita às instituições de ensino superior e a seus cursos de graduação em Saúde diz respeito ao fato de atuarem sem o necessário envolvimento com a realidade do país, de suas lo-calidades e dos problemas de saúde existentes. Deve-se ter, na perspectiva da formação em Saúde, uma dimensão profissional e técnica, de modo que essa formação se realize indissociada das dimensões cidadã, política e pessoal (BRASIL, 2005). O processo educacional na formação dos profissionais de Saú-de deve ter em vista o desenvolvimento tanto de capacidades gerais (identificadas com a grande área da Saúde) quanto da-quelas que constituem as singularidades de cada profissão. Entretanto, todo processo educacional deveria ser capaz de desenvolver as condições para o trabalho em conjunto dos profissionais da Saúde, valorizando a necessária interdiscipli-naridade para a composição de uma atenção que se desloque do eixo – recortado e reduzido – corporativo-centrado para o eixo – plural e complexo – usuário-centrado (ALVARENGA et al., 2013).

Metodologia

Trata-se de um relato de experiência de natureza ex-ploratório-descritiva, transversal e qualitativa, realizado por acadêmicos do Centro Universitário Católica de Quixadá, dos cursos de Odontologia, Farmácia e Enfermagem, atuantes no

Page 210: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

210

SOFIA VASCONCELOS CARNEIRO • ANA KAROLLAINE DA SILVA • GISLYANE LIMA DE QUEIROZ • NATIANE COLARES DO NASCIMENTO • MANOEL PATRICK DA SILVA CAVALCANTE

Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saú-de/Gradua SUS) no período de março a julho de 2017 e cur-sando disciplinas de estágio multidisciplinar, destacando as experiências vivenciadas no programa ou estágio, bem como a importância dos mesmos para o crescimento acadêmico e para a construção de uma visão multiprofissional.

Resultados e discussão

O PET-Saúde/Gradua SUS pode ser concebido como uma prática acadêmica proponente de estratégias e ações que con-tribuem para a formação de profissionais capazes de desenvol-ver reflexão crítica aos problemas vivenciados pela população e que, portanto, possam intervir efetivamente na realidade co-tidiana (ALVARENGA et al., 2013). Durante o período de março a julho de 2017, acadêmicos dos cursos de Saúde do Centro Universitário Católica de Quixadá tiveram a oportunidade de vivenciar a realidade na atenção básica em saúde no município de Quixadá, atuando em uma equipe multiprofissional.

Desde o início de sua existência, a enfermagem é reco-nhecida como uma profissão voltada principalmente para o ato de cuidar. A profissão é envolvida por inúmeros encargos, por conta disso muitos papéis são atribuídos ao enfermeiro, o que gera em todo o âmbito da saúde, inclusive nos próprios enfermeiros, uma certa dificuldade de entendê-los.

Para Backes et al. (2008), um dos principais papéis exer-cidos pela enfermagem é a criação de estratégias de cuidados, por ter a liberdade para detectar e avaliar as reais necessida-des do paciente. Na equipe multidisciplinar, o enfermeiro des-taca-se por atuar como a “ponte” que liga a direção, funcioná-rios e usuários dos serviços, além de cada vez mais mostrar-se como o profissional que mais valoriza a interdisciplinaridade, buscando ao longo dos tempos enxergar não apenas a doença

Page 211: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

211

MULTIDISCIPLINARIDADE NO (PET-SAÚDE/GRADUA SUS) EXPERIÊNCIAS E PERSPECTIVAS DE GRADUANDOS EM SAÚDE

do paciente, mas todos os fatores sociais e psicológicos envol-vidos, sentindo a necessidade de trabalhar em conjunto com outros profissionais.

O enfermeiro ainda exerce um papel significativo no pro-cesso de acreditação, estratégia que busca a melhoria dos ser-viços de saúde. Tal processo apresenta inúmeras vantagens, como o fortalecimento da equipe multidisciplinar, indicadores positivos sobre eventos adversos, atendimento focado nos usuários dos serviços e diminuição das taxas de mortalida-de. Para alcançar a qualidade no atendimento proposto pela acreditação, a equipe de enfermagem é de suma importância, por manter a assistência aos usuários todos os dias de for-ma contínua. Além disso, o enfermeiro está diretamente liga-do às ações multiprofissionais e à definição das formas para promover mudanças na assistência e prestação de cuidados. A participação da enfermagem nesse tipo de ferramenta organi-zacional que visa à melhoria do atendimento é vista como uma possível contribuição para que ela se consolide como ciência (OLIVEIRA et al., 2017).

Segundo Mendonça (2014), o enfermeiro, junto à equi-pe interdisciplinar, desenvolve ações importantes de apoio a segmentos populacionais mais vulneráveis, como os idosos, promovendo uma assistência sistematizada especialmente em processos de reabilitação, sendo postos em prática conheci-mentos teórico-práticos que contribuem para o envelheci-mento saudável. Caldeira et al. (2017, p. 2-3) “[...] ressalta[m] que também cabe à equipe realizar todas as ações voltadas para a mulher em fase gestacional e à criança, assegurando a assistência de suas necessidades e incentivando o fortaleci-mento da relação mãe-filho”.

As funções exercidas de maneira unificada por cada profissional que compõe a equipe multiprofissional melhoram

Page 212: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

212

SOFIA VASCONCELOS CARNEIRO • ANA KAROLLAINE DA SILVA • GISLYANE LIMA DE QUEIROZ • NATIANE COLARES DO NASCIMENTO • MANOEL PATRICK DA SILVA CAVALCANTE

a efetividade do trabalho e elevam os índices de satisfação dos usuários dos serviços de saúde (FRANCISCHINI; MOURA; CHINELLATO, 2008). Além disso, a partir do trabalho em equi-pe proposto pela Estratégia de Saúde da Família, é possível alcançar uma maior interação entre os profissionais e os usuá-rios, fazendo com que ambos sintam-se como construtores de uma vida saudável (BACKES et al., 2012).

Através da vivência no estágio extracurricular no SUS, pôde-se notar a importância do trabalho profissional do enfer-meiro. Foi observada a responsabilidade que esse profissional tem dentro do sistema, pois é responsável por desenvolver as ações de promoção, prevenção e restabelecimento da saúde dos usuários, levando em consideração o contexto social, his-tórico e econômico que os envolve. Além disso, o profissional é visto como o administrador da unidade, tendo que partici-par ativamente de atividades organizacionais do cotidiano dos serviços realizados pela equipe de saúde multiprofissional, acarretando-lhe, assim, uma maior sobrecarga de trabalho.

Os farmacêuticos exercem papéis fundamentais às ins-tituições de saúde. A princípio são tidos como os profissionais especialistas em medicamentos e incentivadores de seu uso racional, podendo auxiliar os demais profissionais em saúde na elaboração de tratamentos farmacológicos. Podem atuar na área clínica acompanhando a farmacoterapêutica, prevenindo ou combatendo problemas relacionados a medicamentos na área laboratorial, realizando exames laboratoriais, ou na aten-ção farmacêutica, sendo gestores dentro das unidades, respon-sáveis pela seleção dos medicamentos essenciais, programa-ção do consumo, aquisição, armazenamento e dispensação de medicamentos e correlatos, controle de estoque e outras fun-ções logísticas para que os demais funcionários da instituição possuam um ambiente adequado para trabalho (CRF, 2017).

Page 213: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

213

MULTIDISCIPLINARIDADE NO (PET-SAÚDE/GRADUA SUS) EXPERIÊNCIAS E PERSPECTIVAS DE GRADUANDOS EM SAÚDE

Pôde-se perceber, durante os estágios, muitas vezes, o oposto do que a teoria ensina. A ausência física e imposição do farmacêutico na unidade permitia: um baixo controle na dis-pensação de medicamentos e correlatos, podendo ocasionar gastos desnecessários à instituição e incentivar o uso irracio-nal de medicamentos; os medicamentos não se apresentavam armazenados e organizados conforme as datas de validade; e o serviço clínico do farmacêutico era incomum, o que de-monstrou ausência do profissional perante a interação com os demais.

A equipe de saúde bucal, desde sua inserção na estra-tégia de saúde da família, enfrenta obstáculos peculiares. Um deles é a mudança do enfoque de atendimento mutilador para uma nova conduta de atendimento humanizado, com o obje-tivo primordial de trabalho individualizado em prol das ações preventivas e educativas (OLIVEIRA; SALIBA, 2005).

É de fundamental importância que o profissional de Odontologia esteja inserido no sistema de saúde. Segundo Albuquerque et al. (2016), o papel do cirurgião-dentista tem como finalidade a geração de bons hábitos orais, promover uma assistência quanto à saúde bucal dos pacientes, reduzin-do os índices de problemas dentários, que comumente são re-lacionados ao aumento da gravidade de doenças sistêmicas.

Durante as visitas de estágios em atendimentos públi-cos, percebeu-se a real importância e necessidade que esse profissional tem, principalmente na área de promoção de saú-de. Notou-se nitidamente que a visão que a população tem do cirurgião-dentista ainda é de uma odontologia mutiladora, e pouco se é feito para mudar essa realidade.

O estímulo à participação de odontólogos nas equipes multidisciplinares é muito importante, e isso deve ser de-vidamente valorizado. Porém, o que não se deve perder é a

Page 214: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

214

SOFIA VASCONCELOS CARNEIRO • ANA KAROLLAINE DA SILVA • GISLYANE LIMA DE QUEIROZ • NATIANE COLARES DO NASCIMENTO • MANOEL PATRICK DA SILVA CAVALCANTE

dimensão de que, mais do que culpar médicos ou anunciar a necessidade de abertura de mercado de trabalho para odon-tólogos, é o argumento da promoção de saúde, com toda a sua complexidade e exigência de ligação de saberes e paradigmas que devem nortear as medidas políticas, econômicas e sociais necessárias para que a agregação multidisciplinar aconteça (CHAPPER; GOLDANI, 2004).

Pôde-se notar que tal profissional a cada dia ganha mais espaço na área da Saúde, tornando-se peça essencial no tra-balho em equipe multidisciplinar para a garantia de promoção e proteção da saúde das populações.

Considerações finais

A execução desta vivência revelou que os discentes que participam do projeto PET-Saúde/Gradua SUS e estágios mul-tidisciplinares na graduação têm a oportunidade de pôr em prática um trabalho multiprofissional e interdisciplinar e per-ceber a importância de seu desenvolvimento para o alcance da integralidade das ações de saúde no âmbito da atenção básica. No entanto, ainda vivenciam dificuldades para a eficácia do trabalho em equipe.

Os discursos sobre a temática em estudo expressaram a positividade que o referido estágio possui como cenário de ensino-aprendizagem na formação dos profissionais da área da Saúde. Nele o estudante tem a oportunidade de se sentir membro da equipe de saúde, podendo desenvolver suas com-petências e habilidades com maior autonomia, sendo essa uma experiência singular vivenciada ao longo da sua forma-ção acadêmica.

Diante da realidade apresentada, percebe-se a neces-sidade de as universidades valorizarem, cada vez mais, a for-mação profissional, pautada na perspectiva multiprofissional e

Page 215: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

215

MULTIDISCIPLINARIDADE NO (PET-SAÚDE/GRADUA SUS) EXPERIÊNCIAS E PERSPECTIVAS DE GRADUANDOS EM SAÚDE

interdisciplinar, despertando no futuro profissional o interesse pelo trabalho em equipe, o que contribui para o alcance da integralidade da atenção e para a consolidação do SUS.

Referências

ALBUQUERQUE, D. M. S. et al. A importância da presença do cirurgião-dentista na equipe multidisciplinar das unidades de tratamento intensivo. Revista Fluminense de Odontologia, Ni-terói, v. 22, n. 45, 2016.

ALMEIDA, M. M. et al. Da teoria à prática da interdisciplinari-dade: a experiência do Pró-Saúde Unifor e seus nove cursos de graduação. Revista Brasileira de Educação Médica, Brasí-lia, DF, v. 36, n. 1, p. 119-126, 2012.

ALVARENGA, J. P. O. et al. Multiprofissionalidade e interdisci-plinaridade na formação em Saúde: vivências de graduandos no estágio regional interprofissional. Revista de Enfermagem da UFPE, Recife, v. 10, n. 7, p. 5944-5951, 2013.

BACKES, D. S. et al. O papel do enfermeiro no âmbito hospita-lar: a visão de profissionais da Saúde. Revista Ciência, Cuidado e Saúde, Maringá, n. 3, p. 319-326, 2008.

BACKES, D. S. et al. O papel profissional do enfermeiro no Sis-tema Único de Saúde: da saúde comunitária à estratégia de saúde da família. Revista Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Ja-neiro, n. 1, p. 223-230, 2012.

BRASIL. A educação permanente entra na roda: polos de edu-cação permanente em Saúde – conceitos e caminhos a percor-rer. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2005.

BRASIL. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saú-de, a organização e o funcionamento dos serviços correspon-dentes e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 20 set. 1990.

Page 216: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

216

SOFIA VASCONCELOS CARNEIRO • ANA KAROLLAINE DA SILVA • GISLYANE LIMA DE QUEIROZ • NATIANE COLARES DO NASCIMENTO • MANOEL PATRICK DA SILVA CAVALCANTE

CALDEIRA, S. et al. Ações de cuidado do enfermeiro no Pro-grama Rede Mãe Paranaense. Revista Mineira de Enferma-gem, Belo Horizonte, n. 21, p. 1-9, 2017.

CHAPPER, A.; GOLDANI, M. Z. A participação de odontológos em equipes multidisciplinares. Revista da Faculdade de Odon-tologia de Porto Alegre, Porto Alegre, v. 45 n. 2, p. 3-5, 2004.

FLORIANI, D. Marcos conceituais para o desenvolvimento da interdisciplinaridade. In: PHILIPPI, J. R. et al. (Org.). Interdisci-plinaridade em ciências ambientais. São Paulo: Signus, 2000. p. 95-107.

FRANCISCHINI, A. C.; MOURA, S. D. R. P.; CHINELLATO, M. A importância do trabalho em equipe no Programa Saúde da Família. Revista Investigação, Franca, n. 1-3, p. 25-32, 2008.

GATTÁS, M. L. B. Interdisciplinaridade em cursos de gradua-ção na área da Saúde da Universidade de Uberaba – Uniube. 2005. 200 f. Tese (Doutorado em Enfermagem) – Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2005.

MENDONÇA, D. M. Saúde do idoso: desafios do enfermeiro na estratégia de saúde da família. 2014. 31 f. Trabalho de Conclu-são de Curso (Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família) – Programa de Pós-Graduação em Atenção Básica em Saúde da Família, Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba, 2014.

OLIVEIRA, J. L. C. et al. Atuação do enfermeiro no processo de acreditação: percepções da equipe multiprofissional hospitalar. Revista Baiana de Enfermagem, Salvador, n. 2, p. 1-10, 2017.

OLIVEIRA, J. L. C.; SALIBA, N. A. Atenção odontológica no pro-grama de saúde de Campos de Goytacazes. Revista Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 10, p. 297-302, 2005.

POMBO, O. Práticas interdisciplinares. Sociologias, Porto Ale-gre, v. 8, n. 15, p. 208-249, 2006.

Page 217: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

217

MULTIDISCIPLINARIDADE NO (PET-SAÚDE/GRADUA SUS) EXPERIÊNCIAS E PERSPECTIVAS DE GRADUANDOS EM SAÚDE

TEIXEIRA, O. A. Interdisciplinaridade: problemas e desafios. Revista Brasileira de Pós-Graduação, Brasília, DF, v. 1, n. 1, p. 57-69, 2004.

VASCONCELOS, E. M. Complexidade e pesquisa interdiscipli-nar: epistemologia e metodologia operativa. Petrópolis: Vozes, 2002.

Page 218: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

218

MARIANA GOMES VIDAL SAMPAIODoutora em Ciências Biológicas, mestra em Biotecnologia Industrial, ambas pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), especialista em Microbiologia Clínica pela Faculdade de Ciências Aplicadas Dr. Leão Sampaio (Unileão) e graduada em Biomedicina também pela Unileão.E-mail: <[email protected]>.

KARLEANDRO PEREIRA DO NASCIMENTODiscente do curso de Enfermagem do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica).

HERTTA HELLEN DE SOUZA MARCULINODiscente do curso de Enfermagem do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica).

NAJA RHANA VIDAL DE SOUSADiscente do curso de Enfermagem do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica).

THECIA LARISSA DA SILVA RIBEIRODiscente do curso de Enfermagem do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica).E-mail: <[email protected]>.

PARASITOLOGIA NAS ESCOLAS: EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ-CE

Page 219: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

219

PARASITOLOGIA NAS ESCOLAS: EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ-CE

Introdução

O Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica) está localizado na região do Sertão Central do Ceará. Possui 20 cursos de graduação, dentre estes, Enfermagem, curso que possibilita ao acadêmico contribuir para a formação de um novo cenário de atenção à saúde, no qual o paradigma assis-tencialista-reabilitador dê espaço ao atendimento de deman-das oriundas do perfil epidemiológico da política de saúde vi-gente e da participação popular. A disciplina envolvida neste projeto é Parasitologia Básica, ofertada no terceiro semestre da matriz curricular do curso de Enfermagem da instituição. O enfermeiro deve exercer um papel ativo na promoção da saú-de, fornecer informações precisas para a população, tirando dúvidas e demonstrando medidas profiláticas básicas à comu-nidade de forma geral. A inquietude e a curiosidade própria da vida acadêmica impelem os participantes da pesquisa a buscar respostas sobre as principais parasitoses que acometem os escolares de Quixadá, Ceará.

A partir dessa inquietude, pensou-se em criar o projeto “Parasitologia nas escolas: educação em saúde no município de Quixadá-Ceará”, direcionado a estudantes do ensino fun-damental I, crianças de 6 a 9 anos de idade que residem em locais com um déficit de saneamento básico e nas periferias da cidade, com enfoque nas principais parasitoses endêmicas da região, dentre as quais: giardíase, amebíase, toxoplasmose

Page 220: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

220

MARIANA GOMES VIDAL SAMPAIO • KARLEANDRO PEREIRA DO NASCIMENTO • HERTTA HELLEN DE SOUZA MARCULINO • NAJA RHANA VIDAL DE SOUSA • THECIA LARISSA DA SILVA RIBEIRO

e leishmaniose visceral. Foram utilizadas práticas educativas que visaram fortalecer o conhecimento dos estudantes em re-lação às doenças, percebendo a saúde não só como resultado de práticas individuais, mas também como reflexo das condi-ções de vida em geral.

É notório que a população muitas vezes desconhece assuntos simples de educação em saúde, como a importância de beber água filtrada, lavagem dos alimentos, entre outros. Também é perceptível que a população estudantil desconhe-ce os parasitas peculiares na região, assim como as patologias causadas por estes. A partir disso, torna-se necessário escla-recer ao público-alvo e enfatizar sobre o quanto é importante a adoção de medidas frequentes de higienização e salubrida-de para garantir uma qualidade de vida satisfatória e livre de enfermidades.

É importante o desenvolvimento de práticas e medidas preventivas relacionadas às parasitoses referentes à manipu-lação, preparo e armazenamento dos alimentos e ao policia-mento quanto à água a ser consumida, a fim de evitar con-taminações. Essa atividade, denominada “Parasitologia nas escolas”, tem o intuito de promover o conhecimento do grupo escolar sobre alguns agentes parasitológicos, ressaltando a importância da prevenção e do autocuidado através de práti-cas pedagógicas lúdicas.

Práticas educativas como esta se tornam elementos essenciais na disseminação do conhecimento, tendo em vista a promoção à saúde através do processo de ensino-aprendi-zagem. A relevância deste projeto é tornar os alunos ativos, pondo em prática os conhecimentos científicos aprendidos no curso de Enfermagem e, além disso, contribuir para a saúde pública da cidade de Quixadá, levando as informações à popu-lação carente.

Page 221: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

221

PARASITOLOGIA NAS ESCOLAS: EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ-CE

Relato de experiência

As atividades desenvolvidas consistiram em uma série de intervenções pedagógicas diretas de educação em saúde, possibilitando uma interação entre a comunidade escolar e os discentes do curso de Enfermagem que cursam a disciplina de Parasitologia Básica. As ações foram empregadas de maneira lúdica, buscando o entendimento do público participante no que diz a respeito às características, profilaxia e autocuidado dos agentes parasitários retratados e presentes no cotidiano da região. Foram utilizados recursos de aprendizagem como: peças teatrais, histórias em quadrinhos (confeccionadas pe-los discentes), fantoches, rodas de conversas e atividades de fixação do conteúdo, com o intuito de promover uma maior compreensão e interação dos alunos.

Os encontros de promoção da saúde nas escolas acon-teceram em uma data marcada previamente com a diretora da instituição. Todos os colégios selecionados para a efetivação do projeto foram bastante receptivos e demonstraram entu-siasmo e satisfação pela escolha.

Figura 1 – Estudantes do ensino fundamental após realizarem as ações propostas pelos discentes de Enfermagem

Fonte: Acervo próprio (2018).

Page 222: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

222

MARIANA GOMES VIDAL SAMPAIO • KARLEANDRO PEREIRA DO NASCIMENTO • HERTTA HELLEN DE SOUZA MARCULINO • NAJA RHANA VIDAL DE SOUSA • THECIA LARISSA DA SILVA RIBEIRO

Foi realizada uma pesquisa de campo, na qual foram co-letados os dados epidemiológicos sobre o número de registros causados por parasitas sanguíneos na região de Quixadá, sen-do os protozoários Toxoplasma gondii e Leishmania donovani os principais encontrados. Além disso, também foram abor-dados de forma lúdica para as crianças os conceitos e formas de prevenção dos parasitas intestinais mais populares, como Giardia lamblia e Entamoeba histolytica.

Entre as atividades promovidas para difundir o conhe-cimento, destacaram-se: palestras, transmissão de vídeos educativos, dinâmicas de grupos, rodas de conversas, criação de histórias em quadrinhos e de desenhos em cartolinas, ban-ners, gincanas e jogos.

Em relação ao tipo de estudo, o presente trabalho é ex-ploratório, através de abordagem direta e visita a campo. O be-nefício deste estudo é o de levar informações profiláticas aos estudantes de ensino fundamental I do município de Quixadá, pois este é o público mais suscetível às enfermidades causadas pelos protozoários e disperso de informações profiláticas.

Figura 2 – Educação em saúde de forma lúdica

Fonte: Acervo próprio (2018).

Page 223: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

223

PARASITOLOGIA NAS ESCOLAS: EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ-CE

Também foram utilizadas roupas características (fanta-sias) para evitar que as crianças ficassem dispersas, obtendo--se um melhor resultado. Os textos que foram utilizados esta-vam em uma linguagem simples e direta, com histórias lúdicas que detalhavam as medidas profiláticas e o tratamento das parasitoses. No final da ação, foram distribuídos folhetos con-tendo informações relevantes, além de dicas de prevenção.

Durante as atividades, foram traçadas três metas e ações a serem cumpridas. Meta 1 – Explicação de maneira clara e de fácil entendimento. Ação 1 – Levar textos de fácil compre-ensão, como histórias em quadrinhos. Meta 2 – Exposição da importância de reconhecer precocemente os sintomas dessas patologias. Ação 2 – Ensinar a identificar os sintomas, formu-lando um pré-diagnóstico. Meta 3 – Disseminação da informa-ção em toda a comunidade. Ação 3 – Incentivar as crianças a conversarem com seus familiares sobre o assunto.

Figura 3 – Crianças atentas à apresentação sobre parasitoses

Fonte: Acervo próprio (2018).

Page 224: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

224

MARIANA GOMES VIDAL SAMPAIO • KARLEANDRO PEREIRA DO NASCIMENTO • HERTTA HELLEN DE SOUZA MARCULINO • NAJA RHANA VIDAL DE SOUSA • THECIA LARISSA DA SILVA RIBEIRO

Conclusões

Com base nas intervenções pedagógicas impostas, con-clui-se que a metodologia apresentada para a condução do projeto obteve êxito, pois, através do ensino lúdico, foi possí-vel haver uma inserção significante da enfermagem na comu-nidade escolar, promovendo o conhecimento sobre a temática abordada (parasitologia), enfatizando a importância do papel da saúde e da educação no âmbito social, ressaltando a im-portância de práticas metodológicas como esta em todas as esferas educacionais.

O projeto assumiu um papel importante, visto que está inserido no Programa Saúde na Escola (PSE), que possibilita o contato (direto ou indireto) com a realidade e as necessidades vivenciadas no contexto social de uma determinada população.

Assim, as ações de extensão do projeto apontam para uma perspectiva de continuidade, sendo posteriormente am-pliadas para as demais escolas do município de Quixadá, com o objetivo de expandir o perfil epidemiológico e desenvolver ações de maior amplitude na educação popular em saúde.

Almeja-se que os estudantes disseminem as informações com seus familiares e ampliem a educação em saúde, abrangendo ainda mais a população inicial. Presume-se que, com o apoio das metodologias utilizadas e com o suporte escolar, ocorra uma diminuição dos índices de parasitoses na cidade de Quixadá.

Referências

LEVENTHAL, R.; CHEADLE, R. Parasitologia médica: texto e Atlas. 4. ed. São Paulo: Premier, 1997.

NEVES, D. P. Parasitologia humana. 13. ed. São Paulo: Athe-neu, 2016.

Page 225: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

225

DECLARAÇÃO DE REVISÃO DO VERNÁCULO

Declara-se, para constituir prova junto à Coleção Práticas Educa-

tivas, vinculada à Editora da Universidade Estadual do Ceará (EdUECE),

que, por intermédio do profissional infra-assinado1, foi procedida a corre-

ção gramatical e estilística do livro intitulado Educação e Saúde: Viven-

do e Trocando Experiências no Programa de Educação pelo Trabalho

(PET), razão por que se firma a presente declaração, a fim de que surta os

efeitos legais, nos termos do novo Acordo Ortográfico Lusófono, vigente

desde 1o de janeiro de 2009.

Fortaleza-CE, 11 de março de 2019.

Felipe Aragão de Freitas Carneiro

DECLARAÇÃO DE NORMALIZAÇÃO TÉCNICA

Declara-se, para constituir prova junto à Coleção Práticas Educa-

tivas, vinculada à Editora da Universidade Estadual do Ceará ( EdUECE),

que, por intermédio do profissional infra-assinado, foi procedida a norma-

lização técnica do livro intitulado Educação e Saúde: Vivendo e Trocando

Experiências no Programa de Educação pelo Trabalho (PET), razão por

que se firma a presente declaração, a fim de que surta os efeitos legais, nos

termos das normas vigentes decretadas pela Associação Brasileira de Nor-

mas Técnicas (ABNT).

Fortaleza-CE, 11 de março de 2019.

Felipe Aragão de Freitas Carneiro

1 Número do registro: 89.931.

Page 226: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

226

COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS

01. FIALHO, Lia Machado Fiuza. Assistência à criança e ao adolescente infrator no Brasil: breve contextualização histórica. Fortaleza: EdUECE, 2014. 105 p. ISBN: 978-85-7826-199-3.

02. VASCONCELOS, José Gerardo. O contexto autoritário no pós-1964: novos e velhos atores na luta pela anistia. Fortaleza: EdUECE, 2014. 63 p. ISBN: 978-85-7826-211-2.

03. SANTANA, José Rogério; FIALHO, Lia Machado Fiuza; BRANDENBURG, Cris-tine; SANTOS JÚNIOR, Francisco Fleury Uchôa (Org.). Educação e saúde: um olhar interdisciplinar. Fortaleza: EdUECE, 2014. 212 p. ISBN: 978-85-7826-225-9.

04. SANTANA, José Rogério; VASCONCELOS, José Gerardo; FIALHO, Lia Macha-do Fiuza; VASCONCELOS JÚNIOR, Raimundo Elmo de Paula (Org.). Golpe de 1964: história, geopolítica e educação. Fortaleza: EdUECE, 2014. 342 p. ISBN: 978-85-7826-224-2.

05. SILVA, Sammia Castro; VASCONCELOS, José Gerardo; FIALHO, Lia Machado Fiuza (Org.). Capoeira no Ceará. Fortaleza: EdUECE, 2014. 156 p. ISBN: 978-85-7826-218-1.

06. ADAD, Shara Jane Holanda Costa; PETIT, Sandra Haydée; SANTOS, Iraci dos; GAUTHIER, Jacques (Org.). Tudo que não inventamos é falso: dispositivos artísticos para pesquisar, ensinar e aprender com a sociopoética. Fortaleza: EdUECE, 2014. 488 p. ISBN: 978-85-7826-219-8.

07. PAULO, Adriano Ferreira de; MIRANDA, Augusto Ridson de Araújo; MAR-QUES, Janote Pires; LIMA, Jeimes Mazza Correia; VIEIRA, Luiz Maciel Mourão (Org.). Ensino de História na educação básica: reflexões, fontes e linguagens. Fortaleza: EdUECE, 2014. 381 p.

08. SANTOS, Jean Mac Cole Tavares; PAZ, Sandra Regina (Org.). Políticas, cur-rículos, aprendizagem e saberes. Fortaleza: EdUECE, 2014. 381 p. ISBN: 978-85-7826-245-7.

09. VASCONCELOS, José Gerardo; SANTANA, José Rogério; FIALHO, Lia Macha-do Fiuza (Org.). História e práticas culturais na educação. Fortaleza: EdUE-CE, 2014. 229 p. ISBN: 978-85-7826-246-4.

10. FIALHO, Lia Machado Fiuza; CASTRO, Edilson Silva; SILVA JÚNIOR, Roberto da (Org.). Teologia, História e Educação na contemporaneidade. Fortaleza: EdUECE, 2014. 160 p. ISBN: 978-85-7826-237-2.

11. FIALHO, Lia Machado Fiuza; VASCONCELOS, José Gerardo; SANTANA, José Rogério (Org.). Biografia de mulheres. Fortaleza: EdUECE, 2015. 163 p. ISBN: 978-85-7826-248-8.

12. MIRANDA, José da Cruz Bispo de; SILVA, Robson Carlos da (Org.). Entre o derreter e o enferrujar: os desafios da educação e da formação profissional. Fortaleza: EdUECE, 2014. 401 p. ISBN: 978-85-7826-259-4.

13. SILVA, Robson Carlos da; MIRANDA, José da Cruz Bispo de (Org.). Cultura, sociedade e educação brasileira: teceduras e interfaces possíveis. Fortaleza: EdUECE, 2014. 324 p. ISBN: 978-85-7826-260-0.

14. PETIT, Sandra Haydée. Pretagogia: pertencimento, corpo-dança afrodescen-dente e tradição oral africana na formação de professoras e professores –

Page 227: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

227

contribuições do legado africano para a implementação da Lei no 10.639/03. Fortaleza: EdUECE, 2015. 253 p. ISBN: 978-85-7826-258-7.

15. SALES, José Albio Moreira de; SILVA, Bruno Miguel dos Santos Mendes da (Org.). Arte, tecnologia e poéticas contemporâneas. Fortaleza: EdUECE, 2015. 421 p. ISBN: 978-85-7826-262-4.

16. LEITE, Raimundo Hélio (Org.). Avaliação: um caminho para o descortinar de no-vos conhecimentos. Fortaleza: EdUECE, 2015. 345 p. ISBN: 978-85-7826-261-7.

17. CASTRO FILHO, José Aires de; SILVA, Maria Auricélia da; MAIA, Dennys Lei-te (Org.). Lições do projeto um computador por aluno: estudos e pesquisas no contexto da escola pública. Fortaleza: EdUECE, 2015. 330 p. ISBN: 978-85-7826-266-2.

18. CARVALHO, Maria Vilani Cosme de; MATOS, Kelma Socorro Lopes de (Org.). Psicologia da educação: teorias do desenvolvimento e da aprendizagem em discussão. 3. ed. Fortaleza: EdUECE, 2015. 269 p.

19. FIALHO, Lia Machado Fiuza; CACAU, Josabete Bezerra (Org.). Juventudes e políticas públicas. Fortaleza: EdUECE, 2015. 247 p. ISBN: 978-85-7826-298-3.

20. LIMA, Maria Socorro Lucena; CAVALCANTE, Maria Marina Dias; SALES, José Albio Moreira de; FARIAS, Isabel Maria Sabino de (Org.). Didática e prá-tica de ensino na relação com a escola. Fortaleza: EdUECE, 2015. 245 p. ISBN: 978-85-7826-296-9.

21. FARIAS, Isabel Maria Sabino de; LIMA, Maria Socorro Lucena; CAVALCAN-TE, Maria Marina Dias; SALES, José Albio Moreira de (Org.). Didática e práti-ca de ensino na relação com a formação de professores. Fortaleza: EdUECE, 2015. 145 p. ISBN: 978-85-7826-293-8.

22. SALES, José Albio Moreira de; FARIAS, Isabel Maria Sabino de; LIMA, Maria Socorro Lucena; CAVALCANTE, Maria Marina Dias (Org.). Didática e prática de ensino na relação com a sociedade. Fortaleza: EdUECE, 2015. 213 p. ISBN: 978-85-7826-294-5.

23. CAVALCANTE, Maria Marina Dias; SALES, José Albio Moreira de; FARIAS, Isabel Maria Sabino de; LIMA, Maria Socorro Lucena (Org.). Didática e práti-ca de ensino: diálogos sobre a escola, a formação de professores e a socieda-de. EdUECE, 2015. 257 p. ISBN: 978-85-7826-295-2.

24. VASCONCELOS, José Gerardo; RODRIGUES, Rui Martinho; ALBUQUERQUE, José Cândido Lustosa Bittencourt de (Org.). Contratualismo, política e educa-ção. Fortaleza: EdUECE, 2015. 73 p. ISBN: 978-85-7826-297-6.

25. XAVIER, Antônio Roberto; TAVARES, Rosalina Semedo de Andrade; FIA-LHO, Lia Machado Fiuza (Org.). Administração pública: desafios contempo-râneos. Fortaleza: EdUECE, 2015. 181 p.

26. FIALHO, Lia Machado Fiuza; CASTRO, Edilson Silva; CASTRO, Jéssyca Lages de Carvalho (Org.). (Auto)Biografias e formação docente. Fortaleza: EdUE-CE, 2015. 229 p. ISBN: 978-85-7826-271-6.

27. FIALHO, Lia Machado Fiuza; VASCONCELOS, José Gerardo; SANTANA, José Rogério; VASCONCELOS JÚNIOR, Raimundo Elmo de Paula; MARTINHO RODRIGUES, Rui (Org.). História, literatura e educação. Fortaleza: EdUECE, 2015. 299 p. ISBN: 978-85-7826-273-0.

28. MAGALHÃES JUNIOR, Antonio Germano; ARAÚJO, Fátima Maria Leitão (Org.). Ensino & linguagens da História. Fortaleza: EdUECE, 2015. 371 p. ISBN: 978-85-7826-274-7.

Page 228: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

228

29. NUNES, Maria Lúcia da Silva; MACHADO, Charliton José dos Santos; VAS-CONCELOS, Larissa Meira de (Org.). Diálogos sobre Gênero, Cultura e Histó-ria. Fortaleza: EdUECE, 2015. 175 p. ISBN: 978-85-7826-213-6.

30. MATOS, Kelma Socorro Lopes de (Org.). Cultura de paz, educação e espiritu-alidade II. Fortaleza: EdUECE, 2015. 471 p. ISBN: 978-85-8126-094-5.

31. MARINHO, Maria Assunção de Lima; ARAÚJO, Helena de Lima Marinho Ro-drigues; ANDRADE, Francisca Rejane Bezerra (Org.). Economia, políticas sociais e educação: tecendo diálogos. Fortaleza: EdUECE, 2016. 194 p. ISBN: 978-85-7826-317-1.

32. FIALHO, Lia Machado Fiuza; MACIEL, Francisco Cristiano Góes (Org.). Polifo-nia em juventudes. Fortaleza: EdUECE, 2015. 234 p. ISBN: 978-85-7826-299-0.

33. SANTANA, José Rogério; BRANDENBURG, Cristine; MOTA, Bruna Germana Nunes; FREITAS, Munique de Souza; RIBEIRO, Júlio Wilson (Org.). Educação e métodos digitais: uma abordagem em ensino contemporâneo em pesquisa. Fortaleza: EdUECE, 2016. 214 p. ISBN: 978-85-7826-318-8.

34. OLINDA, Ercília Maria Braga de; SILVA, Adriana Maria Simião da (Org.). Vi-das em romaria. Fortaleza: EdUECE, 2016. 438 p. ISBN: 978-85-7826-380-5.

35. SILVA JÚNIOR, Roberto da (Org.). Educação brasileira e suas interfaces. For-taleza: EdUECE, 2016. 158 p. ISBN: 978-85-7826-379-9.

36. MALOMALO, Bas’Ilele; RAMOS, Jeannette Filomeno Pouchain (Org.). Cá e acolá: pesquisa e prática no ensino de história e cultura africana e afro-bra-sileira. Fortaleza: EdUECE, 2016. 238 p.

37. FIALHO, Lia Machado Fiuza. Assistência à criança e ao adolescente “infra-tor” no Brasil: breve contextualização histórica. 2. ed. Fortaleza: EdUECE, 2016. 112 p. ISBN: 978-85-7826-337-9.

38. MARQUES, Janote Pires; FONSECA, Emanuelle Oliveira da; VASCONCELOS, Karla Colares (Org.). Formação de professores: pesquisas, experiências e re-flexões. Fortaleza: EdUECE, 2016. 194 p. ISBN: 978-85-7826-407-9.

39. SILVA, Henrique Barbosa; RIBEIRO, Ana Paula de Medeiros; CARVALHO, Alanna Oliveira Pereira (Org.). A democratização da gestão educacional: criação e fortalecimento dos Conselhos Municipais de Educação no Ceará. Fortaleza: EdUECE, 2016. 144 p. ISBN: 978-85-7826-367-6.

40. SILVA, Lucas Melgaço da; CIASCA, Maria Isabel Filgueiras Lima; OLIVEIRA, Roberta Lúcia Santos de (Org.). Estudos em educação: formação, gestão e prática docente. Fortaleza: EdUECE, 2016. 425 p. ISBN: 978-85-7826-433-8.

41. SILVA JÚNIOR, Roberto da; SILVA, Dogival Alencar da (Org.). História, políti-cas públicas e educação. Fortaleza: EdUECE, 2016. 183 p. ISBN: 978-85-7826-435-2.

42. VASCONCELOS, José Gerardo; ARAÚJO, Marta Maria de (Org.). Narrativas de mulheres educadoras militantes no contexto autoritário brasileiro (1964-1979). Fortaleza: EdUECE, 2016. 104 p. ISBN: 978-85-7826-436-9.

43. MATOS, Kelma Socorro Lopes de (Org.). Cultura de paz, educação e espiritu-alidade III. Fortaleza: EdUECE, 2016. 456 p. ISBN: 978-85-7826-437-6.

44. PORTO, José Hélcio Alves. Escritos: do hoje & sempre poesias para todos momentos. Fortaleza: EdUECE, 2016. 124 p. ISBN: 978-85-7826-438-3.

45. FIALHO, Lia Machado Fiuza; LOPES, Tania Maria Rodrigues; BRANDENBURG, Cristine (Org.). Educação, memórias e narrativas. Fortaleza: EdUECE, 2016. 179 p. ISBN: 978-85-7826-452-9.

Page 229: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

229

46. FIALHO, Lia Machado Fiuza; TELES, Mary Anne (Org.). Juventudes em deba-te. Fortaleza: EdUECE, 2016. 355 p. ISBN: 978-85-7826-453-6.

47. ANDRADE, Francisca Rejane Bezerra; SANTOS, Geórgia Patrícia Guimarães dos; CAVAIGNAC, Mônica Duarte (Org.). Educação em debate: reflexões so-bre ensino superior, educação profissional e assistência estudantil. Fortale-za: EdUECE, 2016. 243 p. ISBN: 978-85-7826-463-5.

48. SILVA, Lucas Melgaço da; CIASCA, Maria Isabel Filgueiras Lima (Org.). As voltas da avaliação educacional em múltiplos caminhos. Fortaleza: EdUECE, 2016. 425 p. ISBN: 978-85-7826-464-2.

49. SANTOS, Jean Mac Cole Tavares; MARTINS, Elcimar Simão (Org.). Ensino médio: políticas  educacionais, diversidades, contextos locais. Fortaleza: EdUECE, 2016. 235 p. ISBN: 978-85-7826-462-8.

50. NUNES, Maria Lúcia da Silva; TEIXEIRA, Mariana Marques; MACHADO, Charliton José dos Santos; ROCHA, Samuel Rodrigues da (Org.). Eu conto, você conta: leituras e pesquisas (auto)biográficas. Fortaleza: EdUECE, 2016. 235 p. ISBN: 978-85-7826-506-9.

51. MARTINHO RODRIGUES, Rui. Diálogos transdisciplinares. Fortaleza: EdUECE, 2017. 142 p. ISBN: 978-85-7826-505-2.

52. VASCONCELOS, José Gerardo; XAVIER, Antônio Roberto; FERREIRA, Tereza Maria da Silva (Org.). História, memória e narrativas biográficas. Fortaleza: EdUECE, 2017. 191 p. ISBN: 978-85-7826-538-0.

53. SANTOS, Patrícia Fernanda da Costa; SENA, Flávia Sousa de; GONÇALVES, Luiz Gonzaga; FURTADO, Quezia Vila Flor (Org.). Memórias escolares: que-brando o silêncio... Fortaleza: EdUECE, 2017. 178 p. ISBN: 978-85-7826-537-3.

54. CARVALHO, Scarlett O’hara Costa; FIALHO, Lia Machado Fiuza; VASCON-CELOS, José Gerardo. O pedagogo na Assistência Social. Fortaleza: EdUECE, 2017. 122 p. ISBN: 978-85-7826-536-6.

55. FIALHO, Lia Machado Fiuza; LOPES, Tania Maria Rodrigues (Org.). Docência e formação: percursos e narrativas. Fortaleza: EdUECE, 2017. 198 p. ISBN: 978-85-7826-551-9.

56. LEITE, Raimundo Hélio; ARAÚJO, Karlane Holanda; SILVA, Lucas Melgaço da (Org.). Avaliação educacional: estudos e práticas institucionais de políti-cas de eficácia. Fortaleza: EdUECE, 2017. 242 p. ISBN: 978-85-7826-554-0.

57. CIASCA, Maria Isabel Filgueiras Lima; SILVA, Lucas Melgaço da; ARAÚJO, Karlane Holanda (Org.). Avaliação da aprendizagem: a pluralidade de prá-ticas e suas implicações na educação. Fortaleza: EdUECE, 2017. 380 p. ISBN: 978-85-7826-553-3.

58. SANTOS, Jean Mac Cole Tavares (Org.). Pesquisa em ensino e interdiscipli-naridades: aproximações com o contexto escolar. Fortaleza: EdUECE, 2017. 178 p. ISBN: 978-85-7826-560-01.

59. MATOS, Kelma Socorro Lopes de (Org.). Cultura de paz, educação e espiritu-alidade IV. Fortaleza: EdUECE, 2017. 346 p. ISBN: 978-85-7826-563-2.

60. MUNIZ, Cellina Rodrigues (Org.). Linguagens do riso, práticas discursivas do humor. Fortaleza: EdUECE, 2017. 186 p. ISBN: 978-85-7826-555-7.

61. MARTINHO RODRIGUES, Rui. Talvez em nome do povo... Uma legitimidade peculiar. Fortaleza: EdUECE, 2017. 340 p. ISBN: 978-85- 7826-562-5.

62. MARTINHO RODRIGUES, Rui. Política, Identidade, Educação e História. For-taleza: EdUECE, 2017. 172 p. ISBN: 978-85-7826-564-9.

Page 230: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

230

63. OLINDA, Ercília Maria Braga de; GOLDBERG, Luciane Germano (Org.). Pes-quisa (auto)biográfica em Educação: afetos e (trans)formações. Fortaleza: EdUECE, 2017. 445 p. ISBN: 978-85-7826-574-8.

64. MARTINHO RODRIGUES, Rui. O desafio do conhecimento histórico. Fortaleza: EdUECE, 2017. 130 p. ISBN: 978-85-7826-575-5.

65. RIBEIRO, Ana Paula de Medeiros; FAÇANHA, Cristina Soares; COELHO, Tâmara Maria Bezerra Costa (Org.). Costurando histórias: conceitos, cartas e contos. Fortaleza: EdUECE, 2017. 182 p. ISBN: 978-85-7826-561-8.

66. BRANDENBURG, Cristine; SILVA, Jocyana Cavalcante da; SILVA, Jáderson Cavalcante da (Org.). Interface entre Educação, Educação Física e Saúde. Fortaleza: EdUECE, 2017. 211 p. ISBN: 978-85-7826-576-2.

67. FARIAS, Isabel Maria Sabino de; JARDILINO, José Rubens Lima; SILVESTRE, Magali Aparecida; ARAÚJO, Regina Magna Bonifácio de (Org.). Pesquisa em Rede: diálogos de formação em contextos coletivos de conhecimento. Forta-leza: EdUECE, 2018. 171 p. ISBN: 978-85-7826-577-9.

68. MOREIRA, Eugenio Eduardo Pimentel; RIBEIRO, Ana Paula de Medeiros; MARQUES, Cláudio de Albuquerque (Autores). Implantação e atuação do Sistema de Monitoramento e avaliação do Programa Seguro-Desemprego: estudo de caso. Fortaleza: EdUECE, 2017. 340 p. ISBN: 978-85-7826-591-5.

69. XAVIER, Antônio Roberto; FERREIRA, Tereza Maria da Silva; MATOS, Camila Saraiva de (Orgs.). Pesquisas educacionais: abordagens teórico-metodológi-cas. Fortaleza: EdUECE, 2017. 271 p. ISBN: 978-85-7826-602-8.

70. ADAD, Shara Jane Holanda Costa; COSTA, Hercilene Maria e Silva (Orgs.). Entrelugares: Tecidos Sociopoéticos em Revista. Fortaleza: EdUECE, 2017. 273 p. 978-85-7826-628-8.

71. MACHADO, Maria do Livramento da Silva (Orgs.). Jovens bailarinas de Va-zantinha: conceitos de corpo nos entrelaces afroancestrais da dança na edu-cação. Fortaleza: EdUECE, 2018. 337 p. ISBN: 978-85-7826-637-0.

72. MACHADO, Maria do Livramento da Silva (Orgs.). Jovens bailarinas de Va-zantinha: conceitos de corpo nos entrelaces afroancestrais da dança na edu-cação. Fortaleza: EdUECE, 2018. 337 p. ISBN: 978-85-7826-638-7 (E-BOOK).

73. SANTOS, Maria Dilma Andrade Vieira dos. Jovens circenses na corda bam-ba: confetos sobre o riso e o corpo na educação em movimento. Fortaleza: EdUECE, 2018. 227 p. ISBN: 978-85-7826-639-4.

74. SANTOS, Maria Dilma Andrade Vieira dos. Jovens circenses na corda bam-ba: confetos sobre o riso e o corpo na educação em movimento. Fortaleza: EdUECE, 2018. 227 p. ISBN: 978-85-7826-640-0 (E-BOOK).

75. SILVA, Krícia de Sousa. “Manobras” sociopoéticas: aprendendo em movi-mento com skatistas do litoral do Piauí. Fortaleza: EdUECE, 2018. 224 p. ISBN: 978-85-7826-641-7.

76. SILVA, Krícia de Sousa. “Manobras” sociopoéticas: aprendendo em movi-mento com skatistas do litoral do Piauí. Fortaleza: EdUECE, 2018. 224 p. ISBN: 978-85-7826-636-3 (E-BOOK).

77. VIEIRA, Maria Dolores dos Santos. Entre acordes das relações de gênero: a Orquestra Jovem da Escola “Padre Luis de Castro Brasileiro” em União-Piauí. Fortaleza: EdUECE, 2018. 247 p. ISBN: 978-85-7826-647-9.

78. XAVIER, Antônio Roberto; FIALHO, Lia Machado Fiuza; VASCONCELOS, José Gerardo (Autores). História, memória e educação: aspectos conceituais e

Page 231: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

231

teórico-epistemológicos. Fortaleza: EdUECE, 2018. 193 p. ISBN: 978-85-7826-648-6.

79. MACHADO, Charliton José dos Santos (Org.). Desafios da escrita biográfica: experiências de pesquisas. Fortaleza: EdUECE, 2018. 237 p. ISBN: 978-85-7826-654-7.

80. MACHADO, Charliton José dos Santos (Org.). Desafios da escrita biográfica: experiências de pesquisas. Fortaleza: EdUECE, 2018. 237 p. ISBN: 978-85-7826-653-0 (E-book).

81. OLIVEIRA, Mayara Danyelle Rodrigues de. Rabiscos rizomáticos sobre ale-gria na escola. Fortaleza: EdUECE, 2018. 210 p. ISBN: 978-85-7826-651-6.

82. OLIVEIRA, Mayara Danyelle Rodrigues de. Rabiscos rizomáticos sobre ale-gria na escola. Fortaleza: EdUECE, 2018. 210 p. ISBN: 978-85-7826-652-3 (E-book).

83. SOUZA, Sandro Soares de. Corpos movediços, vivências libertárias: a cria-ção de confetos sociopoéticos acerca da autogestão. Fortaleza: EdUECE, 2018. 275 p. ISBN: 978-85-7826-650-9.

84. SOUZA, Sandro Soares de. Corpos movediços, vivências libertárias: a cria-ção de confetos sociopoéticos acerca da autogestão. Fortaleza: EdUECE, 2018. 275 p. ISBN: 978-85-7826-649-3 (E-book).

85. SANTOS, Vanessa Nunes dos. Sociopoetizando a filosofia de jovens sobre as violências e a relação com a convivência na escola, em Teresina-PI. Fortale-za: EdUECE, 2018. 257 p. ISBN: 978-85-7826-664-6.

86. SANTOS, Vanessa Nunes dos. Sociopoetizando a filosofia de jovens sobre as violências e a relação com a convivência na escola, em Teresina-PI. Fortale-za: EdUECE, 2018. 257 p. ISBN: 978-85-7826-662-2 (E-book).

87. MACHADO, Charliton José dos Santos; NUNES, Maria Lúcia da Silva; SANTA-NA, Ajanayr Michelly Sobral (Org.). Gênero e cultura: questões políticas, histó-ricas e educacionais. Fortaleza: EdUECE, 2019. 281 p. ISBN: 978-85-7826-673-8.

88. XAVIER, Antônio Roberto; MALUF, Sâmia Nagib; CYSNE, Maria do Rosário de Fátima Portela (Org.). Gestão e políticas públicas: estratégias, práticas e desafios. Fortaleza: EdUECE, 2019. 197 p. ISBN: 978-85-7826-670-7.

89. DAMASCENO, MARIA NOBRE. Lições da Pedagogia de Jesus: amor, ensino e justiça. Fortaleza: EdUECE, 2019. 119 p. ISBN: 978-85-7826-689-9.

90. ADAD, Clara Jane Costa. Candomblé e Direito: tradições em diálogo. Fortale-za: EdUECE, 2019. 155 p. ISBN: 978-85-7826-690-5.

91. ADAD, Clara Jane Costa. Candomblé e Direito: tradições em diálogo. Fortale-za: EdUECE, 2019. 155 p. ISBN: 978-85-7826-691-2 (E-book).

92. MACHADO, Charliton José dos Santos; NUNES, Maria Lúcia da Silva (Auto-res). Tudo azul com dona Neuza: Poder e Disputa Local em 1968 . Fortaleza: EdUECE, 2019. 141 p. ISBN: 978-85-7826-670-7.

93. XAVIER, Antônio Roberto; MALUF, Sâmia Nagib; CYSNE, Maria do Rosário de Fátima Portela (Org.). Gestão e políticas públicas: estratégias, práticas e desafios. Fortaleza: EdUECE, 2019. 197 p. ISBN: 978-85-7826-671-4 (E-book).

94. GAMA, Marta. Entrelugares de direito e arte: experiência artística e criação na formação do jurista. Fortaleza: EdUECE, 2019. 445 p. ISBN: 978-85-7826-702-5.

95. GAMA, Marta. Entrelugares de direito e arte: experiência artística e criação na formação do jurista. Fortaleza: EdUECE, 2019. 445 p. ISBN: 978-85-7826-703-2 (E-book).

Page 232: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

232

96. LEITINHO, Meirecele Calíope; DIAS, Ana Maria Iorio (Org.). Discutindo o pen-samento curricular: processos formativos. Fortaleza: EdUECE, 2019. 203 p. ISBN: 978-85-7826-701-8.

97. BEZERRA, Milena de Holanda Oliveira; GADELHA, Raimunda Rosilene Ma-galhães; CARNEIRO, Stânia Nágila Vasconcelos; FERREIRA, Paulo Jorge de Oliveira (Org.). Educação e saúde: vivendo e trocando experiências no Pro-grama de Educação pelo Trabalho (PET). Fortaleza: EdUECE, 2019. 233 p. ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book).

Page 233: COLEÇÃO PRÁTICAS EDUCATIVAS e saude.pdf · ISBN: 978-85-7826-713-1 (E-book) 1. Educação em saúde. 2. Ensino superior. 3. Programa de Educação pelo Trabalho. I. Bezerra, Milena

...

É grande satisfação e orgulho poder apresentar esse li-

vro Educação e Saúde: vivendo e trocando experiências no

Programa de Educação pelo Trabalho (PET) retratando ex-

periências, oriundas de todos os cursos da área da saúde do

Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica): Psico-

logia, Fisioterapia, Enfermagem, Farmácia, Odontologia, Bio-

medicina, Educação Física, e ainda, uma parceria com alunos

e professores do Curso de Medicina da Universidade Estadual

do Ceará (UECE). Reforçamos com essas experiências descri-

tas, que a tarefa da educação e formação é humana por exce-

lência, esmerando-se, muitas vezes, em seu aspecto científico,

porém, sem nunca perder de vista o humano que orienta a

prática que devemos, quotidianamente, exercer.

...

Manoel Messias de SousaReitor do Centro Universitário Católica de Quixadá - UNICATOLICA