comentário mapas temáticos
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FACULDADE RUY BARBOSA
Demóstenes Silva Madeira Sobrinho
ANÁLISE URBANA
MAPAS TEMÁTICOS: A relação entre variáveis objetivas e subjetivas
Salvador
2012
FACULDADE RUY BARBOSA
Demóstenes Silva Madeira Sobrinho
ANÁLISE URBANA
MAPAS TEMÁTICOS: A relação entre variáveis objetivas e subjetivas
Este trabalho visa a obtenção de créditos parciais na disciplina Análise Urbana, do curso de Arquitetura e Urbanismo, da Faculdade Ruy Barbosa. Orientadora: Denise Vaz
Salvador
2012
1 APRESENTAÇÃO
Este relatório visa propiciar ao leitor o entendimento sobre variáveis objetivas e subjetivas
contidas em mapas temáticos que abordam as questões de segurança, conforto, mobilidade
urbana e partido arquitetônico (fachadas). Os mapas temáticos são instrumentos de pesquisa
que possibilitam a visualização de fenômenos em determinada área do conhecimento. A
produção dos mapas temáticos objetivou retratar o cenário atual de determinada área de um
bairro de Salvador e como suas características influenciam na dinâmica de vida de
transeuntes e condutores de veículos, além da influência em âmbito social. O cruzamento de
dados que segue neste trabalho permitirá ao leitor perceber como aspectos de mobilidade e
segurança estão imbricados, bem como outros conceitos citados acima e, desta forma, poderá
acompanhar na discussão que certas intervenções podem ser adotadas para otimizar a
infraestrutura de ruas, avenidas e bairros inteiros.
2 METODOLOGIA
2.1 Caracterização
Os fenômenos estudados foram escolhidos e divididos em oitos temas específicos: uso do
solo; usos vitais diurnos, usos vitais noturnos, iluminação pública, tipologia das fachadas,
calçadas, percepção de conforto e segurança diurnos e percepção de conforto e segurança
noturnos.
2.2 Amostra
Fora escolhida como área de representação dos mapas temáticos parte da Avenida Dom João
VI, que corta o bairro de Brotas em quase toda sua extensão, além das ruas Dr. Alberto Lima
Braga, Nossa Senhora de Brotas, nos mapas 4, 6, 7 e 8 a Urbino de Aguiar e, por último, o
“Brongo”.
2.3 Coleta e distribuição dos dados 2.3.1 Mapa Temático 1 – Uso do Solo
Fonte: Google Maps – por Demóstenes Madeira
Nota-se que região destacada apresenta de forma segregada as áreas residencial e de
serviços. A Rua Doutor Alberto Lima Braga é preenchida quase que em sua totalidade por
residências e somente no início apresenta estabelecimento comercial, além de terreno baldio.
A Avenida Dom João VI apresenta rede de serviços, algumas residências e locais de uso
misto (serviços/residência). Destaca-se que os estabelecimentos comerciais correspondem a:
padaria, mercadinho, salão de beleza, curso de saúde, minisshoppings, lanchonete, cartório,
barraquinha, lojas e escolas.
2.3.2 Mapa Temático 2 – Usos Vitais Diurnos
Fonte: Google Maps – por Demóstenes Madeira
No que diz respeito à distribuição dos estabelecimentos comerciais citados no mapa anterior,
pode-se observar que a maioria deles tem o funcionamento compreendido das 8h às 18h, o
que favorece o fluxo das pessoas na Avenida Dom João VI. É válido salientar que os
referidos estabelecimentos possuem iluminação diferenciada que se agrega à iluminação
pública.
2.3.3 Mapa Temático 3 – Usos Vitais Noturnos
Fonte: Google Maps – por Demóstenes Madeira
Observa-se que os espaços de usos vitais no período noturno apresentam-se de forma
reduzida, onde o número de estabelecimentos diminui em grande parte. Destaca-se que os
mesmos funcionam no horário compreendido das 8h, inclusive, até às 22h. As escolas e
ambiente de curso são os estabelecimentos que funcionam nos dois turnos, bem como o
minisshopping situado próximo a Rua Doutor Alberto Lima Braga.
2.3.4 Mapa Temático 4 – Iluminação Pública
Fonte: Google Maps – por Demóstenes Madeira
Este mapa considerou a iluminação voltada para pedestres e veículos. Nota-se que no recorte
feito a maior da iluminação se resume à pública voltada para os veículos e, somente, na Rua
Doutor Alberto Lima Braga e no “Brongo” que existe iluminação voltada para os pedestres, a
qual fora projetada e providenciada pelos moradores dos referidos locais. Existe parte da
Rua Doutor Alberto Lima Braga, ao final, que não apresenta iluminação e, ainda assim, é
baldia (deserta).
2.3.5 Mapa Temático 5 – Tipologia das Fachadas (inserir do PowerPoint com n.º)
As fachadas das residências e estabelecimentos comerciais pontuadas em mapa temático
estão distribuídas de maneira equânime na avenida (vide legenda), mas na rua Dr. Alberto
Lima Braga há predominância de fachadas com MURO ALTO COM PORTÃO SOLIDO. Tal
fato se atribui a opção feita pelos moradores para promoção de segurança e conforto.
Destaca-se que os portões são de tipos variados: há aqueles menores somente para entrada
de pessoas e aqueles para veículos (garagem).
2.3.6 Mapa Temático 6 - Calçadas
Fonte: Google Maps – por Demóstenes Madeira
As calçadas em sua maioria, retratadas em mapa, são MÉDIAS e se subclassificam em RUIM
e BOA. Os piores locais são o final da Rua Doutor Alberto Lima Braga e a Rua Urbino de
Aguiar, as quais em determinado trecho não apresenta calçada e são do tipo
ESTREITA/RUIM, respectivamente. O melhor local está situado em frente ao Colégio Nossa
Senhora da Conceição que cuida do ambiente a favor de seus alunos e, por esta razão,
beneficia outros transeuntes.
2.3.7 Mapa Temático 7 – Percepção de Conforto/Segurança Diurno
Fonte: Google Maps – por Demóstenes Madeira
Quando avaliadas as questões de segurança e conforto (diurnas) na amostra escolhida pode-
se verificar que as ruas são consideradas como locais de SEGURANÇA RAZOÁVEL, sendo
apenas uma parte da avenida mais segura. Ainda assim, o “Brongo” foi destacado como
local INSEGURO. No quesito conforto apenas as ruas Nossa Senhora da Conceição (acima) e
a Urbino de Aguiar (abaixo) apresentaram a variável, o que por sinal está relacionada à
arborização e projeção de sombra dos prédios. Nas demais ruas e avenida fora considerado
DESCONFORTÁVEL e tal fato pode estar relacionado clima, pois não há presença de árvores
e nem tampouco de prédios altos e marquises.
2.3.8 Mapa Temático 8 – Percepção de Conforto/Segurança Noturno
Fonte: Google Maps – por Demóstenes Madeira
Quanto às condições de segurança e conforto (noturnas), na mesma região, verificou-
se que o conforto está presente em quase todo o mapa, com exceção do “Brongo”,
onde podemos atrelar o desconforto à escadaria e depredação do ambiente. Todo o
conforto se dá por conta da condição climática, pois quando considerada a variável
de segurança verificou-se que a escala cai para a condição de RAZOAVELMENTE
SEGURA e INSEGURA. No primeiro caso podemos atribuir à iluminação deficiente
(nas ruas) e ao movimento de carros (na avenida). A condição de INSEGURO no
“Brongo”, ainda assim, está relacionada com o tráfico.
3 RESULTADOS DAS ANÁLISES
Área residencial com predominância das fachadas com MURO ALTO E PORTÃO SÓLIDO e,
ainda assim, MURO ALTO COM GRADES. Na área de serviços/comércio há presença de
fachadas com LIMITE PERMEÁVEL e MURO ALTO COM GRADE. Nota-se áreas baldias no
início e final da rua Dr. Alberto Lima Braga. O fenômeno de muitas casas com fachadas
destes tipos pode relacionar-se à violência (assaltos a transeuntes e veículos) existente na
região. Os moradores modificaram suas fachadas ao longo do tempo – aumentaram os
muros e instalaram portões para garantir a privacidade e segurança.
Considerando os mapas temáticos 8, 4 e 6, pode-se afirmar que há relação direta que reforça
a hipótese de que a segurança é reduzida por conta da iluminação reduzida (VOLTADA
PARA AS VIAS/CARROS). As ruas Dr. Alberto Lima Braga, Nossa Senhora de Brotas e o
“Brongo” são considerados INSEGUROS. A Dr. Alberto Lima Braga e o “Brongo” receberam
refletores – instalados pelos moradores – para reduzir a violência contra transeuntes (assaltos
e roubo de veículos), além da inserção de prepostos para vigiar a rua durante o dia e a noite.
A avenida D. João VI é SEGURA e DESCONFORTÁVEL no horário diurno e passa, no
período noturno, para a condição de RAZOAVELMENTE SEGURA e CONFORTÁVEL. Tal
fato, referente à segurança, pode estar atrelado à quantidade de estabelecimentos comerciais
que funcionam no horário compreendido das 18h às 22h, o que garante a boa iluminação e
fluxo de pessoas no perímetro. Quanto ao conforto podemos considerar a condição climática
para os dois períodos (diurno e noturno), pois não há presença de árvores, nem tampouco de
fachadas com marquises ou prédios altos com projeção de sombra no âmbito das calçadas,
sendo assim o conforto só aparece quando o sol se põe.
Ainda quanto à análise anterior pode-se notar que a sensação de conforto e segurança
mantém relação com a iluminação, tráfego de veículos e com as condições estruturais das
calçadas, as quais variam de ESTREITA RUIM a LARGA BOA, bem como AUSENTE. No
perímetro dos estabelecimentos, que funcionam diuturnamente, observa-se que as calçadas
são MÉDIAS RUIM e BOA, o que em confronto com os mapas temáticos 7 e 4 evidenciam o
desconforto. As pessoas enfrentam o calor do dia e os obstáculos nas calçadas (pequenos
buracos, carros estacionados indevidamente, lixo e serviços da construção civil).
A predominância da iluminação é PRESENTE PARA VIAS/CARROS e, por conta disso,
pode-se constatar que a área residencial mantém o padrão de fachadas com MURO ALTO E
PORTÃO SÓLIDO.
A área do terreno baldio não apresenta calçada nem iluminação adequada. Apenas a rua
Nossa Senhora de Brotas apresenta, por conta das árvores, conforto no período diurno,
apesar de ser considerada RAZOAVELMENTE SEGURA.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
De tudo que fora exposto neste relatório observa-se que a formatação dada à cidade (suas ruas,
avenidas, praças e outros ambientes) interfere diretamente na rotina das pessoas. Os serviços
oferecidos, neste caso, pela prefeitura devem ser de qualidade, pois se assim não forem comprometem
a dinâmica social.
Neste sentido, as ruas devem ter planejamento: boa iluminação, sistema de coleta de lixo e
comunicação representativa de associação de moradores para manutenção do patrimônio público. O
trabalho de registro em mapas temáticos permite visualizar que a Arquitetura e o Urbanismo, enquanto
disciplinas, podem sim promover qualidade de vida para os usuários da cidade - se for bem planejada e
respeitada.
Ficou claro que as variáveis que mais interferem são aquelas de SEGURANÇA e CONFORTO, o que
por sinal são subjetivas, mas que através de dados objetivos (condição da calçada, iluminação e
presença de estabelecimentos comerciais) se ratificam ao longo de distintas análises, como visto no
tópico 3. A mobilidade urbana deve ser pensada de forma tal que promova a oferta daquelas variáveis
e assim garantir o bem-estar entre as pessoas.
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