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Como dissemos no nosso último e-mail, estaremos nutrindo você com nossos
melhores conteúdos, sistematicamente.
Curta e Aproveite
Prof. Marcos Melo
Diretor da Futuro Eventos
Acompanhe nossas mídias sociais
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ÍNDICE
1. Vencendo a inércia na escola ....................................................... .............................................. 4 Ademir Basso
2. Educar para um novo mundo! ….................................................... ............................................. 8 Casemiro de Medeiros Campos
3. Por uma educação que ensina a sonhar …................................................................................. 10 Christian Barbosa
4. Maestria intrapessoal na formação dos educadores do futuro ................................................ 13 Francisco Antonio Pereira Fialho
5. A educação sozinha não faz muita diferença em uma sociedade ............................................ 19 Geraldo Peçanha de Almeida
6. Educar para a felicidade …........................................................................................................... 22 Ivone Boechat
7. O futuro da interdisciplinaridade …..................................... ....................................................... 26 Joe Garcia
8. As novas tecnologias e as chances de uma escola mais “legal” …............................................. 30 Luiz Rischbieter
9. Jogos e estratégias: A relação entre educação e empreendedorismo ...................................... 33 Sérgio Dal Sasso
10. Educando cidadãos e ensinando valores …............................................................................... 36 Teuler Reis
11. Estratégias de avaliação .................................................................................... ........................ 39 Vasco Moretto e Gustavo Moretto
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Vencendo a inércia na escola
O planejamento na melhoria dos processos e resultados
Ademir Basso O planejamento O planejamento em uma escola ou em qualquer empresa é um
subprocesso do processo gerencial e que, em consequência, deve interagir
com os demais subprocessos que formam parte de uma gestão. O processo gerencial visto esquematicamente associa-se com a ação de liderar e dirigir iniciativas a partir da harmonização entre planejamento, organização e avaliação.
Neste sentido, é importante destacar que o ato de planejar consiste
em ver a realidade, visualizar suas possibilidades e estabelecer as ações
para reduzir a distância entre “o que é” e “o que se deseja”. Contudo, organizar compreende dividir o trabalho, definir responsabilidades e designar recursos. Por último, avaliar significa estabelecer indicadores de qualidade, manter uma agenda de ações e reorientar ações durante o processo em marcha.
No entanto, a gerência cultural e, em especial, nas escolas, se observa que o planejamento das atividades anuais, em sua maioria, constitui cópia do planejamento do ano anterior, perpetuando uma prática inercial (quando um corpo tende a permanecer em seu estado de repouso ou movimento retilíneo uniforme, a não ser que seja obrigado a modificar tal estado por uma força externa) que engessa todo o processo de ensino-
aprendizagem, isso ocorre porque o planejamento é visto dentro de um enfoque convencional.
É importante destacar que dentro deste enfoque - o convencional -
se entende que o planejamento é uma medição entre conhecimento e aspiração. Mas existe outra possibilidade, a do enfoque estratégico, o mesmo supõe que o planejamento é a mediação entre o conhecimento e a
ação. De um lado, quando o conhecimento se estende e prolonga até uma aspiração se converte em uma miragem. Por outro, quando o
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conhecimento converte-se em ação que aproveita as oportunidades do contexto, assegura-se o domínio da situação. No primeiro caso “pensa o futuro”, no segundo “faz o futuro”.
Neste caso, o planejamento convencional estabelece uma relação de
dependência do presente com respeito ao futuro. O planejamento estratégico, por sua vez, promove o inverso: o futuro representa um permanente sobre o presente. No primeiro caso, o presente fica hipotecado ante o futuro, ou seja, se sacrifica para assegurar a conquista de um futuro pré-desenhado conjunturalmente. Dito em outras palavras: o futuro se
compra a custo da ruína do presente. No caso estratégico, o presente é um permanente estiramento que se converte em contínuo melhoramento para que o futuro se conquiste cada dia. O futuro no lugar do sonho se faz com a única segurança (garantia) que possui o homem: a decisão e a ação no presente.
O ensino e a avaliação hoje Assim como o planejamento, a maneira de ensinar que se leva a cabo
em sala de aula hoje, em muitas escolas, está em inércia, por isso, é importante salientar que o ensino tradicional não é suficiente para dar conta desse processo, pois nessa maneira de ensinar, a aprendizagem é
vista como impressão, na mente dos alunos, das informações apresentadas nas aulas e o trabalho didático escolhe um trajeto simples, que é transferir para o aprendiz os elementos extraídos do saber criado e sistematizado no decorrer da história das ciências, fruto do trabalho de pesquisadores. Nesse tipo de ensino, parece que o mais importante para estudar é a memória, necessária para recordar esquemas e procedimentos demonstrativos, posto
que seja a qualidade que mais se estimula nas aulas. É muito importante salientar ainda, que não haverá nenhuma
mudança na maneira tradicional de ensinar, utilizada em larga escala ainda hoje, se não estiver atrelada com uma mudança na ideia e desenvolvimento da avaliação, que ensinar, aprender e avaliar não são momentos separados, formam um contínuo em interação permanente, que estas ações devem
estar interligadas e em constante verificação (RICO, 1997).
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Nesse contexto, a avaliação como aquela que é usada, segue tratando-se de um processo terminal, limitada em sua análise, que empobrece o valor do conhecimento e faz com que o professor siga sendo
basicamente um portador e transmissor de conhecimentos. Nelas, os alunos devem mostrar seu domínio sobre eixos, destrezas e definições que constituem os aspectos mais elementares e simples do conhecimento. A avaliação baseada somente nos testes, não valoriza o conhecimento prévio dos estudantes e esconde as concepções errôneas, assim os estudantes baseiam suas condutas em simples repetições.
Considerações Para que ocorra uma mudança, a mesma deve ser iniciada pelo
planejamento, que é a primeira etapa do processo de ensino-aprendizagem. É importante destacar que se deve adotar o planejamento estratégico em vez do convencional, pois assim se trabalhará na perspectiva
de construir o conhecimento, fazendo o futuro, aproveitando as oportunidades que o contexto oferece, já que no planejamento estratégico, as ações são flexíveis e baseadas nas mudanças que ocorrem durante o processo (BASSO; HEIN, 2011).
Essa mudança de postura implica ainda em passar de um modelo de
ensino, onde o professor é o centro do processo, a um de aprendizagem, onde o aluno é ativo, implica também em passar de um modelo de aulas magistrais a um de diversificação de atividades, de um modelo de avaliação somativa e de controle, a um de avaliação formativa e de ajuda (MICOTTI, 1999; CHAMOSO, 2005).
Por essa razão, ao avaliar deve-se utilizar inúmeros instrumentos para recolher informações, instrumentos diversificados para alunos também diferentes, não importando quais instrumentos se utilizam para avaliar o aluno, desde que este instrumento mostre o que o aluno aprendeu e quais as falhas no processo de ensino, objetivando sempre a melhora progressiva no processo de ensino-aprendizagem (BASSO, 2009).
Nesse sentido, acredita-se que o planejamento, o ensino e a avaliação devem fazer parte de uma ação conjunta, que não sejam feitas em momentos distintos, pois somente dessa maneira podem-se garantir
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melhores resultados do que aqueles encontrados atualmente. Em outras palavras, a avaliação deve ser contínua, deve anteceder, acompanhar e suceder o trabalho pedagógico, e deve estar em sintonia com o
planejamento e com a proposta de ensino adotado pela escola e pelo professor.
Artigo originalmente publicado na Revista Aprendizagem, Edição 23 (mar/abr-2011), págs. 30-31, Editora Melo, Grupo Futuro, Pinhais, Pr.
Referências
BASSO, A. Avaliação escrita: realidade e perspectivas. Pato Branco: Imprepel, 2009.
BASSO, A; HEIN, N. Vencendo a Inércia na Escola. 3. ed. Pinhais: Editora Melo, 2011.
CHAMOSO, J. M. Evaluar Matemáticas para enseñar a razonar. Actas del IV Congreso Internacional Trujillano de Educación en Matemática y la Física
CITEMF. Trujillo, Venezuela, 2005.
MICOTTI, M. C. de O. O ensino e as propostas Pedagógicas. In: BICUDO, M. A. V. Pesquisa em Educação Matemática. São Paulo: editora UNESP, 1999.
Rico, L. Cuestiones abiertas sobre evaluación en Matemáticas. Uno, 11, 7-23, 1997.
Sobre o autor
Ademir Basso Graduado em Ciências, Matemática e Física; Especialista em Ensino da Matemática; Mestre em Educação e Doutor em Educação. www.ademirbasso.blogspot.com
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Educar para um novo mundo! Casemiro de Medeiros Campos
A transformação que vivemos no mundo hoje nos remete ao desafio de compreender a nossa realidade e como nos inserimos neste contexto de pluralidade tão complexas. O que os especialistas apontam que as sociedades do capitalismo periférico encontram-se no movimento da passagem do modelo industrial para um outra forma de sociabilidade denominada de pós-industrial. Essa nova relação faz suscitar a perspectiva
de construção de possibilidade que se abre para o futuro. Ou seja, diante da ausência de uma nova utopia, qual a possibilidade de termos por meio da educação, no campo da formação de recursos humanos, a reconstrução de outro projeto de emancipação da humanidade?
Esta questão nos leva a compreender a importância da função escola como instituição e o significado do trabalho docente. Mas qual escola e para qual sociedade estamos a fazer? Qual a função da escola para a
formação de sujeitos? Qual a relevância do trabalho dos professores? Estas questões são fundamentais para guiar a nossa reflexão sobre a necessidade de ressignificação do trabalho dos professores. Ou seja, numa sociedade do conhecimento a educação escolar cumpre uma tarefa de grande significado pois, os níveis de escolarização que uma pessoa adquire passa a ser elemento diferencial para a qualidade de vida e condição de possibilidade
para a melhoria de vida. Aqui reside a tarefa monumental de educar um povo: um povo educado tem a capacidade de construir e implementar projetos que permitem a efetivação da mudança das relações sociais que impactam na sua realidade.
Para nós que fazemos escola, uma certeza se evidencia com a realidade da sociedade atual: temos como cidadãos a responsabilidade de
acompanhar e exigir dos governos que as políticas educacionais se realizem corretamente, inclusive com a aplicação honesta dos recursos. Neste sentido, muitos avanços foram conquistados, temos como exemplo, a edição de leis – a Lei de Responsabilidade Fiscal e a Lei da “Ficha Limpa”. Esses mecanismos são instrumentos legítimos da democracia que possibilitam o acompanhamento da sociedade e o zelo dos gestores na
condução da coisa pública.
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Assim, as políticas de educação devem garantir o acesso, universalização e a permanência da criança na escola mas, também, é tarefa do Estado, no caso da escola pública, promover as boas condições de
trabalho para que se investindo no professor, se possa garantir a aprendizagem das crianças na idade “certa”. O ensino deve ter como foco o pedagógico, não se limita a melhoria da estrutura física da escola, com a escola limpa e bem cuidada e a garantia das condições de trabalho docente, mas é preciso assegurar a valorização dos professores com excelentes salários e garantir uma formação do mais alto nível, tanto no âmbito da sua formação docente inicial como na formação continuada.
Fazer escola não é uma tarefa fácil. Os problemas na qualidade da escola exigem determinadamente à necessidade de trabalhar o pedagógico e neste caso os sujeitos fundamentais do processo ensino e aprendizagem: aluno e professor. As pessoas apenas motivadas não é o suficiente para transformar a realidade escolar. É preciso que os resultados da avaliação sejam considerados para que se possam verificar os limites para a sua
superação por meio do planejamento. Os resultados da avaliação podem gerar no mínimo novas possibilidades, e também podem produzir outras repercussões para a melhoria da qualidade para a instituição escolar.
A realidade humana requer o senso crítico para que possamos sempre duvidar, questionar e discordar, mas é importante que possamos qualificar o professor para exigir a melhoria permanente da aprendizagem
dos alunos, no seu desempenho e no rendimento dos educandos, trazendo-lhes consequências positivas. Não há segredos: a base da mudança na melhoria da qualidade da escola encontra-se no investimento correto na formação dos professores e no acompanhamento do trabalho docente e do desempenho dos alunos. Eis o nosso desafio: integrar na escola a gestão escolar e a docência para a construção de um novo mundo!
Artigo originalmente publicado na Revista Aprendizagem, Edição 23 (mar/abr-2011), pág. 66, Editora Melo, Grupo Futuro, Pinhais, Pr.
Sobre o autor
Casemiro de Medeiros Campos
Pedagogo. Mestre e Doutor em Educação pela Universidade Federal do Ceará – UFCE. Pesquisador na área de formação de professores e educação superior, consultoria em educação e gestão escolar. Autor de vários livros na área da educação, docência, formação de professores e gestão escolar. [email protected]
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Por uma educação que ensina a sonhar
Como o professor pode apontar o caminho certo?
Christian Barbosa Se existe uma pessoa que pode transformar toda a história de uma
criança, essa sem dúvida nenhuma é o professor. Eu sou grato a minha professora Yasmin, que na 1ª série do antigo primeiro grau, ajudou a reforçar meu sonho.
Eu tinha 7 anos de idade, tinha visitado com meu pai uma loja de
informática em São Paulo, naquele ano de 1986, um computador era coisa rara. Nesse dia eu decidi que ia ser um empreendedor. Falei para o meu pai e para o dono da loja que ia ter uma “empresa cheia de computadores”.
Essa frase virou minha obsessão infantil, nos dias seguintes, nas aulas
da professora Yasmin eu só falava nesse tal computador e do sonho de ter uma loja. Naquela época, ser empreendedor era algo muito estranho. Todo aluno era formado para ter boas notas, passar em uma boa universidade e fazer uma carreira sólida até a sua aposentadoria. Hoje esse mundo mudou. Empreender é algo acessível a todos que forem estimulados para isso. Aqui no Brasil temos diversas histórias de empreendedores que começaram do
nada e criaram grandes impérios, como o Edson Bueno (fundador e presidente da Amil), Alexandre Costa (fundador da Cacau Show), João Doria Jr (Grupo Doria/Aprendiz), entre centenas de outros.
O meu sonho de ser empreendedor também aconteceu, aos 14 anos
consegui fundar minha primeira empresa, que alguns anos depois se tornou
a “empresa cheia de computadores”. Tive a oportunidade de reencontrar minha professora Yasmin no Facebook e agradecer, por ela, apoiar e sempre me incentivar, enquanto outros professores ao longo do caminho me achavam apenas um louco.
Não importa se o seu aluno será funcionário ou empreendedor, o
que importa é que quando desenvolvemos atitudes e comportamentos
empreendedores na criança, ela aprende a ter autoconfiança, capacidade de tomar decisões, de fazer planos e escolhas, liderança interpessoal, cria a
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capacidade e vislumbrar um mundo cheio de oportunidades e não apenas de problemas ou limitações. Essas características serão válidas em qualquer área que essa criança quiser investir no futuro. É muito válido desenvolver o
“empreendedor do futuro”, um cidadão responsável que pode fazer a diferença no seu mundo e dos demais.
Em Países como os Estados Unidos, a própria cultura favorece esse
ambiente empreendedor, as escolas desenvolvem diversas atividades, estimulam ações de venda e compra, como por exemplo a famosa “barraca de limonada”, pelo “dia da profissão”, pelo próprio ambiente de jovens
empreendedores onde os alunos são retroalimentados de exemplos de pessoas que dão certo, etc. Tudo isso ajuda os Estados Unidos a manter a liderança no ranking dos Países mais empreendedores do mundo. Posição que o Brasil tem totais condições de se igualar, não acha?
E como seu papel de professor estimular esse lado empreendedor
nos seus alunos? Acredito que o primeiro passo é deixar de lado o pensamento, que alguns ainda têm, que empreender é algo apenas para “selecionados”. Se existe algo extremamente democrático é o empreendedorismo, você pode ser pobre, rico e ter o mesmo nível de sucesso, se tiver bons incentivadores (Sílvio Santos não começou rico), persistência e uma boa ideia.
Não é necessário ter uma matéria de empreendedorismo na escola,
se tiver melhor ainda, mas existem diversas forma de incentivar esse lado empreendedor nas crianças e adolescentes. Em todas as aulas podemos passar esse conceito. Seja em história, matemática, ciências ou português existem exemplos que podemos trabalhar. Basta ser criativo. O bacana é o
que assunto é multidisciplinar, um trabalho pode envolver diversas matérias. Mostrar exemplos de sucesso, de empreendedores que mudaram o mundo e criaram produtos que usamos até hoje é uma excelente forma de começar o assunto. Mostrar que muitos, saíram do nada, de condições totalmente adversas e fizeram história!
Vale a pena levar esse assunto para discussão no conselho da sua
escola, envolver sua direção, os professores e inclusive os pais. Faz parte do seu papel, oferecer uma luz de oportunidade para jovens que talvez não tenham nenhuma.
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Criança que sonha é criança que tem uma probabilidade maior de
seguir o caminho correto, de fugir das más companhias e das drogas. Minha
vida deu sorte por um sonho, que começou cedo e foi mais forte que as pessoas que tentaram destruí-lo. É seu papel dar a chance de sonhar! Estimule o empreendedorismo, como atitude de vida, para seus alunos e para você mesmo!
Muito sucesso.
Artigo originalmente publicado na Revista Aprendizagem,
Edição 23 (mar/abr-2011), pág. 33, Editora Melo, Grupo Futuro, Pinhais, Pr.
Sobre o autor
Christian Barbosa Especialista em Administração de Tempo e Produtividade; Consultor na área de produtividade, colaboração e administração do tempo; Fundador da Triad OS; Autor de livros na área. www.triadps.com.br
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Maestria intrapessoal na formação dos educadores do futuro
Transformadores de mundos – dos professores “heróis” aos professores “magos”
Francisco Antonio Pereira Fialho Os poucos que creem que as princesas existem, escutam seus passos pelo bosque,
seus contos, seus anseios. E embora o caminho desde o castelo e até o castelo possa estar cheio de dificuldades, vale a pena percorrê-lo. Foi uma princesa que me disse. (Arias in
Jerusalinsky)
Para Freire, a primeira pergunta que devemos fazer é: Ensinar para quê? A
resposta de Freire a esta pergunta é que devemos educar para transformar o
mundo e não educar para o mundo, como na escola que está aí.
A segunda pergunta, que se segue naturalmente a esta é: Que mundo é
esse? Que mundo queremos para nós e nossos filhos? Buscamos sentido, desejamos o alimento anímico, que corresponde aos
frutos da árvore da vida, o alimento dos anjos, o maná dos céus enviado aos
israelitas no deserto, o pão celestial associado à Cristo, a pedra filosofal dos alquimistas, a água da fonte de Galadriel, símbolos do Si-mesmo, na psicologia
junguiana.
A educação do futuro precisa focar, além das competências intelectuais, o saber fazer, os demais saberes, como propostos por Delors “Educação: Um
tesouro a descobrir” - Relatório para UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI (2004). Queremos pessoas cada vez mais livres, evoluídas, independentes e responsáveis socialmente.
Queremos uma educação aberta e estimulante, que descortine novos
horizontes profissionais, afetivos, sociais e favoreça escolhas mais significativas em todos os campos. Uma educação que ajude as pessoas a acreditarem em si, a lutar por uma sociedade mais justa, por menos exploração, a dar confiança a crianças e jovens para que se tornem adultos realizados, afetivos, inspiradores.
Dentre os “desaforismos” Kafkianos, no livro “28 desaforismos” de Franz
Kafka, Editora UFSC (2010), escolhemos dois, a impaciência que, segundo o escritor, nos expulsou do paraíso, e a indolência que nos impediu até agora de
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retornar a ele. O vício que nos impede, hoje, de promover o mundo que sonhamos, no entanto, é apenas um, a preguiça.
Do Mundo que Vivemos ao Mundo que Sonhamos
Competitividade, individualismo e mecanicismo caracterizam o mundo que construímos. Nele as organizações insistem em quererem controlar tudo, das
pessoas à própria natureza. Os líderes deste pesadelo atuam utilizando-se do poder, investindo em emoções primitivas, como o medo e o interesse próprio.
De acordo com o modelo vigente na modernidade, a vida social é
organizada de forma racional. O grande valor é a razão, tudo é previsível. É o mundo prometêico, o deus do trabalho, da razão, da seriedade. Mas há uma fadiga. (MAFFESOLI, 2004 – em “Perspectivas tribais ou a mudança do paradigma
social”. Revista FAMECOS, ed. 23).
As escolas mantenedoras desse mundo têm sua dinâmica baseada num rígido conjunto de leis, normas, programas e rotinas. Professores especialistas se colocam como autoridades que devem ser respeitadas, sob o risco de severas punições. Os alunos são separados por níveis de adiantamento, que são determinados por um sistema de avaliação que mede o quão conforme ao sistema se ajustaram.
A educação forma (poucos) para ocuparem cargos com poder de decisão e
em posições de poder e (muitos) para obedecerem os comandos dados por aqueles "mais capazes". (ou seja, os que tiraram as "melhores" notas nas
"melhores" escolas).
Esta maneira de se relacionar com o mundo possibilita a criação de pessoas dóceis e manipuláveis, prontas para se submeterem voluntariamente aos apelos do mercado que cria "falsas" necessidades e reduz a capacidade de
indignação e de subversão.
Criamos, assim, uma sociedade regada por "apatia nas relações afetivas, depressão no ambiente social, estresse no trabalho e indiferença para com o político".
“A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer
coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo
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que a elas se propõe.” (Jean Piaget, em “Psicologia e Pedagogia” , Ed. Forense, 1970)
Cooperação, união e humanismo são as pedras fundantes do mundo que
sonhamos. Nele as organizações buscam conviver em parceria com a vida e as
lideranças promovem mudanças que se baseiam na observação do todo, ajudando as pessoas a acompanharem o fluxo inevitável de mudanças e
investindo em emoções mais nobres como o amor e a generosidade.
O que precisamos são de novos professores, não mais heróis revolucionários que se antepunham ao sistema em lutas de classe que, se de um lado, nos trouxeram importantes conquistas, também deixaram, em seu rastro, muita dor, mas de professores magos capazes de construir não apenas um mundo hegemônico, mas tantos quantos sejam necessários, para que cada um, dentro da
sua singularidade, possa se realizar.
Falamos aqui, não de educar “para o mundo”, mas em educar para “transformar o mundo”, não do jeito que “eu ou um grupo de poder” pensa, mas da forma como você sonha. Respeito (pelas diferenças), solidariedade e cooperação são as matérias-primas das novas varinhas de condão (ver D’Ambrósio, 1997 - em “Transdisciplinaridade”, pela Ed. Palas Athenas).
Do Professor Herói ao Professor Mago
Se o encontro com a sombra é obra de aprendiz, o encontro com a Anima é nossa obra-prima (Carl Gustav Jung)
Agora que já temos uma visão de mundo. Agora que podemos enxergar
melhor os atores envolvidos, nos perguntamos: Como formar o homem do futuro... hoje?
A palavra guerreiro fala de vencer batalhas. O arquétipo do Herói que
iluminou o ciclo patriarcal (Byngton, 1996 - em “Pedagogia simbólica: a construção amorosa do conhecimento de ser”, pela Record: Rosa dos Tempos), que nos acompanha já a doze mil anos, ou mais, embora poderoso ainda, é cada vez mais impopular. No filme Alice de Tim Burton, o valete, simbolizando o
arquétipo do herói, escravo da rainha vermelha, dona do poder, caracterizado pelo monstruoso jaguadarte, é vencido pelo chapeleiro louco, o Mago, capaz de
encantar o mundo com sua dança maluca.
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Enquanto Alice vencia o Jaguadarte, o Mago, vitorioso, se recusa a por fim a vida do valete. Magos acreditam que toda a vida, mesmo a dos valetes, é sagrada.
A escolha pelo arquétipo do Mago se deve a crença que, enquanto a
“grande mãe” se associa ao ciclo matriarcal das sociedades primitivas em que se cultuava a Deusa e o “herói” energizava o ciclo patriarcal do domínio do
masculino pelo feminino, é o “mago” o arquétipo da transição deste ciclo patriarcal para o da alteridade. Da mesma forma, a transição da escola que está aí
para os modelos de educação de parceria. Morin afirma que: “O diálogo com o universo é a própria racionalidade.
Acreditamos que a razão deveria eliminar tudo o que é irracionalizável, ou seja, a eventualidade, a desordem, a contradição, a fim de encerrar o real dentro de uma
estrutura de ideias coerentes, teoria ou ideologia. (...) O objetivo do conhecimento é abrir, e não fechar o diálogo com esse universo. O que quer dizer:
não só arrancar dele o que pode ser determinado claramente, com precisão e exatidão, como as leis da natureza, mas, também, entrar no jogo do claro-escuro que é o da complexidade”.
Ser, pensar e agir são as três forças fundamentais que definem o “ser”
humano. Eros, Atenas e Hermes, os deuses que acompanham o ser humano em
sua jornada. Uma educação que esquece que, na base de todo o saber, repousa o mistério, forma máquinas e não seres humanos.
Na sociedade da informação tudo é código, você, eu, esse texto, tudo é a
repetição das mesmas coisas, zeros e uns. O desejo por essa simplificação repousa da vontade de ser imortal. Enquanto mero “algoritmo” seria possível construir
uma máquina “eu” que, pela magia tecnológica, se fizesse eterna. Mas como lidar com o mistério...
O professor mago fala de incertezas, fala da volatilidade das verdades, incentiva a volta ao mistério, a descoberta de novas heurísticas e a formulação de
algoritmos criativos e inovadores. O professor mago trabalha “com” o aluno, leva-o a investigar, a ajudá-lo
em preparar as aulas, que não são mais dele, mas de todos. Ensina o poder do “bricoleur”, a não linearidade dos mapas mentais, a beleza hermética das poesias tecnológicas.
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Considerações Finais
Como podemos nos esquecer daqueles antigos mitos que estão nas origens de todos os povos, os mitos que falam de dragões que na última hora se transformam em
princesas; talvez todos os dragões de nossas vidas sejam princesas que apenas estão esperando um dia nos ver belos e bravos. Talvez tudo de terrível em seu ser mais profundo
seja algo de desamparado que quer nossa ajuda (RAINER MARIA RILKE em Cartas a um jovem poeta)
Devir é jamais imitar diz Deleuze, mas como criar sem mimese (Platão)? Precisamos de uma escola com professores movidos pelo desejo de
aprender com o outro, professores que gostem de contar histórias e viajar nelas, em que ensinar seja uma diversão. Uma escola em que sejam traçadas metas e
essas alcançadas de maneira satisfatória prazerosa tanto para os alunos quanto para os professores. Precisamos enfim de professores que sejam alunos e de
alunos que sejam professores como na Yverdun de Pestallozzi.
Precisamos que os professores busquem sempre um tempo pedagógico que misture a sapiência com a sabedoria, o necessário com o saboroso.
Precisamos de uma escola com professores e alunos apaixonados, que
tudo seja feito com prazer, e que essa escola dê as devidas condições para que se
aprenda com paixão. Também precisamos de uma escola que não deforme seus alunos, mas sim se molde a eles, Sabemos que isso é difícil, pois não se chega a
autonomia sem se passar pela heteronomia, mas não impossível. Basta querer e fazer acontecer, quem sabe faz a hora ....
Alice sorriu. 'Não adianta tentar', ela disse. 'Não se pode acreditar em
coisas impossíveis'. 'Suponho que você não tenha praticado muito isso', respondeu a rainha. 'Quando eu tinha a sua idade, eu sempre praticava meia hora por dia.
Às vezes chegava a acreditar em até seis coisas impossíveis antes do café da manhã'." (Lewis Carrol)
Para Gutierrez e Prieto devemos:
educar para assumir a incerteza;
educar para gozar a vida;
educar para a significação;
educar para a expressão; educar para a convivência;
educar para se apropriar da história e da cultura.
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A esses acrescentamos:
educar para assumir a magia do mundo;
educar para gozar a própria magia;
educar para realizar sonhos, os seus e os dos outros;
educar para o riso;
educar para amar, amar muito, amar até estourar...;
educar para reinventar e reinventar-se a dada instante. Queremos mais que corpos praticantes ou corpos aprendentes. O que
desejamos, acima de tudo é uma sociedade de corpos brincantes, de vidas com significado.
Artigo originalmente publicado na Revista Aprendizagem,
Edição 23 (mar/abr-2011), págs. 54-56, Editora Melo, Grupo Futuro, Pinhais, Pr.
Sobre o autor
Francisco Antonio Pereira Fialho
Graduado em Engenharia Eletrônica e Psicologia; Especialista em Propagação de Ondas Eletromagnéticas; Mestre em Engenharia do Conhecimento; Doutor em Engenharia de Produção; Autor de livros e artigos na área. [email protected]
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A educação sozinha não faz muita diferença em uma sociedade
De onde vêm os valores que predominam na formação de nossas crianças e jovens?
Geraldo Peçanha de Almeida
A educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a
sociedade muda, disse uma vez Paulo Freire. Nessa afirmação ele já teria percebido a fragilidade do processo educativo quando levado como um todo e não como uma parte. Políticos em geral costumam vociferar em
público palavras nesse sentido: precisamos melhorar a educação. Precisamos investir em educação. Precisamos construir mais escolas para educação. Mas, ao fazerem isso, consideram, quase sempre, a educação como solução total, e não parcial, aos problemas sociais e humanos.
Acreditar que uma educação, ainda que de excelente qualidade, seja
capaz de conduzir seu povo ao sucesso ou ao altruísmo, ou simplesmente ao respeito mútuo às diferenças, é prática um tanto infantil de pensamento verde, sem a maturidade desejada. A escola é só uma parte da sociedade e não a totalidade dela.
Uma sociedade precisa de leis e de justiça (coisas diferentes); precisa
de espiritualidade (diferente de religião); precisa de trabalho; precisa de
condições para produções alimentares; precisa de acesso à produção e ao consumo da cultura e isto a escola sozinha não garante e nem pressupõe. Ela patrocina, mas tem pouco ou quase nenhum poder sobre isto. E, quando uma escola entra demais nessas causas, alegando que elas são formações de valores, quase sempre o processo educativo de gestão do conhecimento fica negligenciado.
Não resumo a escola à gestão dos conhecimentos (no plural), mas
esclareço que o papel primordial dela é gerenciar aprendizagens (também no plural). Se a escola deixa de gerenciar conhecimento socialmente determinados, quem faria isto? Como se faria isto?
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Nós conhecemos pessoas altamente "estudadas" que são incapazes de fazer justiça, de serem altruístas, de fazerem o ético e o moral. Muitas pessoas estão no mundo apenas para consumir o que o mundo oferece.
Para essas pessoas o mundo é como a gasolina dos carros - quanto mais consomem, mais deixam no ar a fumaça e a poluição, únicos rastros de sua passagem pela terra.
Há pessoas tão incapazes de contribuir para o mundo que até mesmo
sobre o conhecimento que elas receberam, determinam posse - acredita? Elas não pensam que o mundo elaborou os saberes que um dia elas
acessaram. Pelo contrário, essas pessoas até ostentam frases "carteiradas" do tipo: EU ESTUDEI ISTO! Como quem na verdade gostaria de dizer: eu sei isto, sou dono disto e você além de não saber nada tem do que eu tenho - triste constatação.
É incrível como muitas pessoas se apossam do conhecimento como
se delas tivesse partido o começo, o meio e o fim da ciência. Ao fazerem isto elas jogam fora índios que nos deram e dão conhecimentos; imigrantes que trouxeram e trazem conhecimentos; professores que organizaram conhecimentos; escolas que mantiveram os conhecimentos e saberes para sentiram que no futuro aqueles conhecimentos seriam úteis e, sobretudo, sociedades que permitiram que tais conhecimentos pudessem circular. Vale
lembrar aqui que em muitos países do mundo ainda não se pode acessar certos livros e sites porque são proibidos.
Homens-gafanhotos é o que são esses. Apenas devoram
conhecimentos e ao fazerem isto com o mundo, o fazem também com os seres que os edificaram e os fizeram circular.
Foi se o tempo em que os políticos subiam nos palanques e
prometiam casa, segurança, emprego e melhores condições de vida. E, é claro, invariavelmente, ao final, dando muita, ou toda ênfase, dizia que iriam investir tudo em educação pois “A educação transformaria uma sociedade”.
Acho que os políticos terão que nos surpreender de agora em diante. Eles precisarão subir nos palanques e sair pelas carreatas gritando: Não se esqueçam de amar o próximo! Não se esqueçam de agradecer a escola e ao
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seu professor, ele é único, quase o último que resta. Se ele for embora, talvez não tenhamos outro para substituí-lo! Não vão para a cama sem antes dar graças à terra que ainda insiste em nos dar alimentos, apesar dos
pesares. Se a educação sozinha tivesse o poder de incutir em crianças e jovens
valores sociais, familiares, morais, cívicos, humanitários, talvez tivéssemos índices de criminalidades infinitamente menores, mas isso não é verdade. Há países com ótimas performances de avaliação escolar que, curiosamente apresentam números assustadores de violência, abuso de álcool e drogas e
de suicídio entre os jovens – curioso, não? A educação formal é parte do homem, mas para que o todo seja
completado serão necessárias as participações dos outros mecanismos que o constitui e aí estamos falando da estruturação das diferentes organizações familiares. Estamos falando das participações dos outros poderes
constitutivos de diretos e estamos falando de uma mudança radical na forma como o brasileiro encara as diferenças. Chegou, finamente, a hora de nós todos nos voltarmos ao que é mais substancial: viver em democracia. A democracia das diferenças!
Artigo originalmente publicado na Revista Aprendizagem, Edição 24 (mai/jun-2011), págs. 40-42, Editora Melo, Grupo Futuro, Pinhais, Pr.
Sobre o autor
Geraldo Almeida
Doutor em Teoria Literária pela UFSC; Em 2011 implantou em Moçambique, África, projeto de avaliação de leitura e escrita. www.geraldoalmeida.com.br
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Educar para a felicidade
Aprendendo a sonhar para viver em harmonia e fazer um mundo melhor
Ivone Boechat
O homem não é algo inerte, submetido a sofrimentos. Ele tem o destino e a vocação da felicidade e o direito à harmonia, ao bem, ao prazer, à cidadania
plena. Cada um é inventor do dever-ser e do dever-ter. Portanto, o homem não é reflexo das circunstâncias e pode desviar-se para um caminho melhor: o da
libertação interior, o da criação da autarquia. Independente, ele deve administrar
seus desejos, rejeitando imposições da mídia e da educação equivocada. Deve-se educar para a rejeição dos desejos impostos pela mídia.
Nas epopeias homéricas, a ética e a excelência ganham a reflexão e
assinalam a proposta de uma vida voltada para a nobreza interior-exterior. O indivíduo se percebe, então, como um ser mortal, itinerante no espaço e no tempo que ele delimita e conquista na esperança de gastá-los com felicidade.
Epicuro, o filósofo que ao longo das eras tem sido mal lido e mal
interpretado, indicou o caminho do autocontrole e da serenidade, propondo o
programa do auto comando da nave dos sentimentos:
“Mesmo na adversidade, o homem pode ser feliz. A liberdade é sempre o desvio da fatalidade. Estando acima do sofrimento, o ser humano se pressupõe
superior, diferencia-se”.
Sendo capaz da emancipação interior, de selecionar imagens e centrar-se
em coisas positivas, esse homem monta um filme interno com texto e direção próprios. A temporalidade científica o faz recolher-se à autonomia, descobrindo
como quer viver e não como os outros o ditam, deixando, pois, de ser espelho das circunstâncias.
O ser humano tem o “poder” de autoadministração que lhe indica o
caminho do bem-estar. Deus concedeu-lhe a capacidade de desviar-se do nada, do vazio, da fatalidade. Mesmo sendo parte do cosmos recebeu o livre arbítrio para decidir, estabelecer sua rota e seguir. Quando o homem consegue selecionar as emoções básicas, administrá-las e viver no controle de suas potencialidades, torna-se diretor do imaginário, voltando-se para o caminho da felicidade.
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Porém, não só os antigos compreenderam isso. Michel Foucault buscava na ética a estética da existência, tomando como referência a estética do universo, a beleza e a organização do cosmos.
Fernando Pessoa realça a importância de se valorizar a vida e a
participação no seu contexto ao dizer que de tudo ficam três certezas: “A certeza de que estamos sempre começando...
A certeza de que precisamos continuar... A certeza de que seremos interrompidos, antes de terminar...
Portanto: Devemos fazer da interrupção, um caminho novo; da queda, um passo de dança; do medo, uma escada; do sonho, uma ponte; da procura, um encontro”.
Ao proferir o Sermão da Montanha, Jesus fez uma síntese de sua tese
educacional sobre o tema: felicidade, deixando à sociedade de qualquer tempo o paradigma correto, imutável, para se alcançar a plenitude. Numa só mensagem, o
Mestre definiu as regras da nova pedagogia que é capaz de potencializar a competência emocional - o maior desafio ao homem de qualquer Era.
Hoje, os sociólogos ousam afirmar, baseados na pesquisa científica, que
neste século haverá uma evolução correspondente a 20 mil anos. Nunca, em toda a história da humanidade, o ser humano esteve tão informado sobre os
acontecimentos negativos que se registram no Planeta. Há quem diga ainda que está se formando uma geração de ignorantes informados.
Quando se voltam os refletores da modernidade sobre o Curso de
Formação de Líderes planejado e implantado por Jesus, com a diversidade de campus avançados, com metodologia moderna, desenvolvida a partir da pesquisa
comunitária, com estudo através de módulos, elaborados pelos próprios alunos para o ensino à distância, conclui-se que essa Universidade nunca deixará de ser moderna.
Ao criar a Escola Supletiva, Jesus abriu espaço para pessoas de todas as
idades, dando-lhes a oportunidade do ensino permanente. Ora o aluno vai à casa do Mestre, como fez Nicodemos; ora o Mestre vai à casa do aluno, Zaqueu. No poço, o professor judeu ministrou aula para a aluna samaritana e ali, mais uma vez, Jesus inovou: implantou a política da inclusão.
Jesus criou o trabalho em equipe, desde o primeiro milagre, quando
transformou água em vinho, nas bodas de Caná. Os alunos encheram os jarros de água. Ele criou a merenda escolar, ensinando a distribuir peixe e pão, após ou
durante as suas conferências.
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Jesus implantou a auto-avaliação. Quando Maria Madalena chegou ao seu
conselho de classe - ela havia sido julgada, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação de Moisés - estava reprovada. O Mestre olhou para a aluna e ordenou: “Vá e não peques mais”. Aos professores advertiu: “Quem não tiver
pecado...” Quando Pedro negou a Jesus, o processo de recuperação implantado pela Universidade do Amor foi capaz de tornar aquele aluno pronto a morrer pela
missão “de evangelizar o mundo, até os confins da terra”.
A humanidade está agora mais do que nunca precisando de orientação para aprender a viver e viver muito bem com o outro. As máquinas de matar estão ágeis e potentes. Quem as fabricou foi o homem. Os computadores registram e controlam quase tudo. Obra humana. É chegada a hora da avaliação.
Como diz Peter Russel, na sua obra “O buraco branco no tempo”: “Este é o momento de refletir, porque tantos se sacrificaram para se
chegar até aqui e conquistar toda a modernidade e o conforto deste século. Mas, será que haverá a revolução das consciências e o salto para a harmonia global?”.
Claro que sim! A paz, mercadoria mais cara do mundo, está muito perto
das mãos de cada um. Está ao alcance do pobre ou do rico e de todas as raças que formam esta grandiosa aldeia global. É o sonho de todos! E todos precisam
aprender a valorizar o próprio sonho para sustentar a vida coletiva.
Não se pode pisar nos canteiros dos sonhos da criança ou do adulto, ou de ninguém. Todos querem desfrutar do privilégio da vida. Portanto, as lutas do
cotidiano não devem ser avaliadas como um pesado fardo e sim como oportunidade de crescimento para o aperfeiçoamento de cada um e de todos os
que compõem o cérebro global. Viver é se aproximar e afastar-se de si mesmo - das angústias e egoísmos.
Viver é a sincronização do possível-impossível; do material/espiritual; do morrível/imortal. Sendo humano e quase anjo, um quase santo/pecador, o
homem deve aprender a equilibrar-se entre o divino que representa e o ser humano carregando o peso de cargas desnecessárias que não soube descartar ao longo da vida.
A geração que ora representa o perfil do homem moderno há de aprender
a conviver com a informação e a transparência de tudo ou de quase tudo que se faz de ruim no Planeta e, mesmo assim, sonhar que tudo pode ser melhor. E realizar e transformar e acreditar nos bilhões de vidas capazes de fazer a
diferença. Aí, sim, sem a ânsia desvairada da utopia, acordado, de pés no chão, no
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chão que ajudou a plantar e pacificar, colher as flores e os frutos da serenidade, do amor e da paz. Esta é a missão do educador.
Artigo originalmente publicado na Revista Aprendizagem,
Edição 24 (mai/jun-2011), págs. 50-51, Editora Melo, Grupo Futuro, Pinhais, Pr.
Sobre a autora
Ivone Boechat
Pedagoga, Pós-Graduada em Educação; Mestre em Educação; PhD em Psicologia da Educação; Conferencista Nacional e Internacional; Autora de livros na área. [email protected]
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O futuro da interdisciplinaridade
A interdisciplinaridade ainda está sendo inventada em nossas escolas
Joe Garcia O conceito de interdisciplinaridade surgiu na primeira metade do
século passado. Após décadas de investigação e implementação nas escolas, essa ideia tornou-se uma referência essencial e continua inspirando e originando práticas educacionais inovadoras em diversos países.
Há diversos aspectos notáveis associados a esse conceito. Um deles
refere-se ao modo como ele consegue sintetizar e representar algumas aspirações muito antigas, tal como a busca pela unidade do conhecimento. Um outro aspecto, relacionado ao primeiro, reside na configuração dinâmica dessa ideia, que vem se desenvolvendo há décadas sob uma pluralidade de enfoques teóricos, originando e reinventando, de tempos
em tempos, novos futuros possíveis para o ensino interdisciplinar. Este conceito não surgiu, originalmente, no campo educacional, mas
neste se tornou muito importante, tanto para políticas quanto para abordagens curriculares e didáticas, em diversos países. No princípio de sua exploração no campo educacional, nos anos 1930, o conceito de
interdisciplinaridade baseou-se fortemente na ideia de integração. Isso definiu uma direção importante para o futuro das práticas de interdisciplinaridade, que até hoje envolvem estratégias de integração entre as disciplinas do currículo. Ao longo das primeiras décadas, após o surgimento da interdisciplinaridade na Educação, as suas práticas estavam baseadas em processos curriculares que buscavam conectar os conteúdos
de duas ou mais disciplinas. Essa abordagem de interdisciplinaridade refletia uma concepção tradicional de currículo, entendido como uma sequência de conteúdos a serem ensinados em sala de aula, particularmente de forma expositiva, com o apoio eventual de um livro didático.
Aquela noção inicial de interdisciplinaridade resultou em várias
práticas, algumas ainda em voga em muitas escolas. Mesmo hoje, muitos professores entendem a interdisciplinaridade como algo que basicamente
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envolve algum esquema para integrar conteúdos de diferentes matérias ensinadas a um mesmo grupo de alunos. Essa abordagem, conhecida como "construção de pontes", está baseada na integração de conteúdos de
diferentes matérias, de um modo simultâneo e didaticamente articulado. Até hoje, essa noção tradicional de interdisciplinaridade como um
processo de estabelecer pontes possíveis entre conteúdos de matérias diferentes é provavelmente a referência mais comum entre professores da Educação Básica, em vários países. Entretanto, esse entendimento e prática de interdisciplinaridade, embora tenha sido fundamental no século
passado, não constitui mais uma visão de futuro. Mas, isso não impede que essa abordagem ainda seja muito utilizada por professores, em muitas escolas, enquanto outros enfoques teóricos e novas práticas pedagógicas, mas atuais, oferecem futuros possíveis mais promissores para o ensino interdisciplinar.
Há algumas décadas ocorreu uma mudança interessante no senso de futuro da interdisciplinaridade. Com base em avanços na antiga ideia de integração, no campo do currículo e nas teorias de aprendizagem, surgiram novas leituras teóricas e práticas de interdisciplinaridade. Esse cenário resultou na compreensão que uma educação interdisciplinar deveria formar indivíduos capazes de compreender, de um modo mais completo, as
grandes questões da vida e não simplesmente conectar conteúdos das matérias escolares. A interdisciplinaridade passou a solicitar experiências de aprendizagem compartilhada, pensamento crítico e percepção de síntese, e muitos avanços surgiram através da exploração de práticas envolvendo currículo baseado em projetos.
Essas novas visões educacionais também sinalizaram a necessidade de mudar o perfil dos professores, revelando que não há como separar o futuro da interdisciplinaridade na escola, da formação docente. Assim, sob essa nova perspectiva, as práticas de interdisciplinaridade passaram a solicitar professores com um perfil distinto do tradicional. Novas atitudes, saberes e competências passam a ser requeridos para formar mentes integrativas.
Atualmente, podemos perceber nas escolas diversos reflexos desses
avanços, no ensino interdisciplinar. Particularmente na Educação Básica é
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comum encontrarmos práticas baseadas na reconfiguração do currículo, que sustentam a investigação de temas ou a solução de problemas, por exemplo, tendo em vista um processo de aprendizagem que explora um
estilo conectivo de pensamento e produz uma compreensão de síntese. Entretanto, nas últimas duas décadas, temos observado algumas mudanças ainda mais interessantes em relação ao futuro da interdisciplinaridade, derivadas de novas leituras sobre o papel social da escola e a natureza das disciplinas. Também está em curso uma transformação no próprio estatuto da interdisciplinaridade.
Tais avanços têm originado não somente novos processos integrativos envolvendo, por exemplo, mapeamento curricular, mas conceitos e teorizações inovadores que solicitam processos de ensino-aprendizagem mediados por pesquisa, que articulam novas tecnologias e buscam alguma forma de intervenção social. Nessa direção futura, a interdisciplinaridade passa a envolver uma ressignificação da experiência
escolar e finalmente pode se tornar uma experiência de aprendizagem baseada em conexão sem fronteiras.
Ainda podemos destacar dois outros futuros possíveis para a
interdisciplinaridade. No primeiro, o antigo enfoque de construção de pontes entre as matérias escolares e a ênfase em projetos, tendem a ser
substituídos por formas de interdisciplinaridade envolvendo processos de reestruturação de fronteiras do conhecimento. Esse futuro envolve a passagem de abordagens curriculares baseadas em complementação para enfoques baseados em hibridização.
E, finalmente, há uma importante e complexa perspectiva de futuro
da interdisciplinaridade relacionada à ideia de transdisciplinaridade. Esse conceito, criado por Jean Piaget, no final dos anos 1960, tem avançado muito, a partir de diferentes interpretações teóricas, embora ainda seja pouco explorado para produzir novos desenhos curriculares na Educação Básica. Mas, ela é uma utopia luminosa, que contém diversas possibilidades didáticas para avançar os processos de ensino-aprendizagem praticados em nossas escolas. Entretanto, os aspectos mais futuristas desse conceito
referem-se à transição do nosso entendimento de educação para um outro paradigma, capaz de integrar não somente os saberes das disciplinas do currículo, mas as diferentes naturezas de conhecimento e experiência
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humana, as várias formas como experimentamos a vida e tecemos relacionamentos, e os muitos modos como nos entendemos como pessoa. Essa é uma perspectiva muito importante para nos ajudar a avançar a
educação neste século, e deveríamos abrir espaço na escola para dialogarmos sobre isso.
Artigo originalmente publicado na Revista Aprendizagem,
Edição 23 (mar/abr-2011), págs. 58-59, Editora Melo, Grupo Futuro, Pinhais, Pr. Sobre o autor
Joe Garcia
Doutor em Educação. Professor universitário, pesquisador e conferencista no campo educacional, dedicado ao estudo de inovações educacionais. [email protected]
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As novas tecnologias e as chances de uma escola mais “legal”
A evolução da escola para ampliar seus horizontes, criar novas formas de interação e meios de aprendizagem
Luiz Rischbieter
A reflexão sobre o aproveitamento dos computadores e dos novos artefatos informatizados não pode ignorar a situação atual da escola.
A universalização do ensino, as crises econômicas e ambientais, a
influência crescente das mídias e a perda de autoridade dos pais estão entre os fatores que deram origem a uma crise de legitimidade da instituição. Em uma frase lapidar, Perrenoud resume bem o que acontece: Pede-se à escola que instrua uma juventude cuja adesão ao projeto de escolarização não está mais garantida. (PERRENOUD, 1999 - em “Construir as competências desde a escola”)
É nesse contexto que podemos ver com esperança a incorporação
das novas tecnologias aos processos de escolarização. Isso porque vivemos um momento em que as tendências de evolução das tecnologias informatizadas abrem novas perspectivas para uma renovação da escola.
Esse potencial existe porque a aceleração das inovações leva à
multiplicação de novos artefatos informatizados mais potentes, completos e individualizados. Dos laptops e tablets mais baratos aos telefones que fazem de tudo, surgem instrumentos, cada vez mais ao alcance de todos, que abrem novas perspectivas para a pesquisa, o transporte e o consumo de bens culturais, para a troca de mensagens e para a realização de atividades de autoria de todos os tipos. Resta saber se a escola saberá
explorar essas possibilidades. Talvez, nos próximos anos, possamos comparar escolas em que os
computadores continuam presentes apenas em laboratórios a uma escola que, há algumas décadas atrás, tivesse apenas algumas dúzias de lápis e canetas reunidos e utilizados em uma única sala ou em um “laboratório das
canetas”, visitado periodicamente por cada uma de suas turmas…
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Mas como explorar as novas tecnologias? De maneira extremamente
genérica, podemos esboçar dois grandes objetivos que poderiam orientar
seu aproveitamento em nossas escolas: 1) Individualização e multiplicação dos percursos de aprendizagem e dos meios de expressão.
Em um mundo em que o acesso ilimitado aos mais diversos conteúdos se democratiza, aprender a reconhecer, a selecionar e a editar o que é ou não confiável torna-se fundamental. Não é mais apenas o
professor que exerce a função de ensinar e, nas escolas, cada estudante deve encontrar espaço para dividir seus conhecimentos, suas produções e suas preferências com os outros.
Os artefatos informatizados somam-se a objetos como canetas,
pincéis, fantasias e instrumentos musicais para compor um conjunto de
recursos que são empregados nas mais diversas situações, que envolvem a expressão artística, a pesquisa, o debate e a (re)interpretação dos eventos do mundo.
2) Interações e abertura de novos horizontes em todas as escolas e escalas
Dos processos internos relativos a cada turma e a cada escola - que
deve funcionar como “uma comunidade em miniatura”- às interações com a comunidade, com outras escolas e outros lugares, uma escola deve ser “um ambiente dinâmico em íntima conexão com a região e a comunidade”, como já prescrevia, em 1932, o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, de onde retiramos os dois trechos entre aspas acima.
E, de fato, as novas tecnologias permitem dar uma nova dimensão às ideias de toda a tradição escolanovista - ideias jamais colocadas em prática em escala significativa, é importante lembrar. Como afirma Perrenoud de forma conclusiva: “o paradoxo é que denunciam-se os estragos de uma revolução pedagógica que jamais aconteceu ao nível dos fatos.” (Traduzido de: Philippe Perrenoud: Métier d’élève et sens du travail scolaire. 2. ed. Paris: ESF, 1995. p. 17).
O seu aproveitamento viabiliza a abertura de novos horizontes,
facilitando processos de pesquisa e o diálogo com qualquer lugar,
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facilitando a busca de uma formação que se preocupa também com a construção da cidadania planetária.
Com a ajuda das novas levas de artefatos que surgirão nos próximos anos e estarão nas mãos, no bolso e talvez até no corpo de cada aprendiz, será mais fácil criarmos uma rede escolar mais interessante, que abrirá cada vez mais espaço para a interação e o imprevisto, para atividades de pesquisa e de autoria, e para processos de autoaprendizagem e de autoavaliação.
Portanto, uma Escola em melhores condições de recuperar uma relevância que vem sendo erodida pelas transformações da sociedade e agravada pelo imobilismo de uma instituição que tem grandes dificuldades para repensar suas formas convencionais de se organizar, de ensinar e de avaliar.
Talvez, com os novos artefatos, finalmente seja possível mudar a escola para que ela possa se tornar, ao mesmo tempo, mais legal e mais legítima…
Artigo originalmente publicado na Revista Aprendizagem,
Edição 23 (mar/abr-2011), pág. 32, Editora Melo, Grupo Futuro, Pinhais, Pr. Sobre o autor
Luiz Rischbieter Mestre em Educação; Consultor Pedagógico e Autor de Projetos Pedagógicos para Internet; Autor de Obra Teórico-Prática para Educação Infantil. [email protected]
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Jogos e estratégias
A relação entre educação e empreendedorismo
Sérgio Dal Sasso
Talvez não tenhamos algo tão complexo, com variáveis, riquezas e possibilidades, como o dos exercícios de inteligências propostos por um tabuleiro de xadrez, suas regras e desafios estratégicos. No processo pelo aprendizado, como num jogo de xadrez, as técnicas obrigatoriamente
devem ser aprimoradas, ampliadas e atualizadas. O objetivo da educação não está no quantitativo pelo formar, mas no qualitativo do como preparar pessoas para que possam ser incluídas como talentos, num sentido único de poderem estar aptas a serem úteis pela qualidade das suas respostas.
O que de comum relacionamos com o nosso estado das coisas, sejam
pessoais, profissionais ou empresariais, é que em ambos os casos, na
educação e nos jogos, não bastam apenas o registro dos movimentos, mas conhecer e perceber suas variáveis, em conjunto com a visão de que o ganhar deve, antes de tudo, significar garantias de se negociar ou mesmo adicionar saídas até então não exploradas.
Pensemos que nos jogos ganhamos, abandonamos, empatamos ou
perdemos e que na lógica de tudo, quanto mais ganhamos, mais somos exigidos e quando das perdas, temos sempre duas saídas, ou mudamos pelo entender de que ajustes são necessários, ou arrumamos as malinhas em direção a novas praias. É o jogo, é o mercado, é a vida, na educação devemos estar preparados para escrever os livros, que acima do que apenas adotá-los, são consequências de um treinamento intensivo, por um
despertar por coisas novas que garantam a visão do custo benefício dos nossos assistidos.
Outro ponto comum (jogo e mercado) é o fato de que o Rei tem
pouca mobilidade, e quase sempre é defendido pelo conjunto do exército, onde o integrar é a chave de êxito para os ataques e defesas quando necessários. Por outro lado, verificamos um conjunto quantitativo de
“piões” (professores), que somente responderão ao jogo, quando bem manuseados pelo acreditar nas possibilidades de conquistas, num jogo claro
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de que comprometimento só existe quando acompanhado de resultados equivalentes, aumento da utilidade, respeito e reconhecimento.
Os grandes mestres desse jogo, de natureza profundamente estratégica, sabem que ele não tem fim, e que por mais estudos e técnicas que possamos absorver e dominar, está no perceber das mudanças externas, a chave de êxito para construirmos algo internamente competente, que possa ofertar pelo “estudo dos ventos”, o que temos que criar para se encontrar a favor dos desejos e cenários, avançando nossas peças nos campos dos adversários rumo aos mercados e nossos objetivos
de alimentá-los com gente que pode fazer acontecer. O poder de um jogo, tal como o xadrez, vem do fato de trabalharmos
com quatro frentes fundamentais: disciplina, organização, avanço pelo conhecimento e prática. Na verdade, os tabuleiros e suas peças sempre foram e serão os mesmos, podemos melhorar a técnica, o ambiente
disponibilizado, mas fica sempre a missão de que tudo depende do saber construir elos que transformem pessoas em talentos com soluções para enfrentar o mundo das dificuldades.
Os jogos, sejam eles quais forem, são desenvolvidos para que
qualquer um tenha o potencial de manuseio, mas o que faz alguém se
diferenciar dos demais é o empenho pelo fazer, pelo se envolver e pelo querer sempre avançar. Em tudo onde estamos temos o claro sentimento de que sempre, se quisermos o sucesso, devemos evoluir para não sermos estáticos impedindo que os outros tomem a nossa posição, e que, por tabela, acabem substituindo em importância a nossa presença pelo como é velho o formato do que ainda insistimos em fazer.
A vida educacional é um grande jogo, cujo objetivo final é o de
estabelecer uma transferência de equilíbrio pelo conhecimento e resultados, que enriqueça alunos, gestores e professores, diante de um jogo de equilíbrio onde a palavra empate seja ofertada por estimulo continuo pela capacitação e desafios futuros.
Para o amanhã, hoje dependemos de um qualificado “sim ou não” diante das necessidades a serem visualizadas para os avanços, mas seja qual for à posição a ser adotada, deve estar apoiada com uma postura
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segura para garantir que as possibilidades sejam possíveis de acertos imediatos ou reversíveis através de manobras de ajustes pelos planos alternativos.
Na guerra dos mercados, na luta para ser melhor do que os outros,
no fortalecimento das marcas, na conquista e retenção dos clientes, vivemos todo dia uma estratégia de jogo, onde o critério da vitória nem sempre se encontrará em vencidos ou derrotados, mas na capacidade dos grupos de avaliar os fatos ocorridos para que sejam avançados e desejados.
Artigo originalmente publicado na Revista Aprendizagem,
Edição 24 (mai/jun-2011), págs. 26-27, Editora Melo, Grupo Futuro, Pinhais, Pr. Sobre o autor
Sérgio Dal Sasso
Consultor Empresarial; Palestrante de temas da Administração, Empreendedorismo, e Educação Profissional. www.sergiodalsasso.com.br
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Educando cidadãos e ensinando valores
A escola reproduzindo a sociedade e, ao mesmo tempo, atuando como agente de transformação
Teuler Reis
“A Educação Transforma ou Reproduz a Sociedade”. Penso ser legítimo
dizer de ambas: a educação transforma e também reproduz a sociedade. A capacidade de transformar a sociedade pela educação tem sido constatada nos
diversos exemplos de escolas que abraçaram a causa da cidadania como eixo
condutor das propostas educacionais. Ao agir assim, a escola entra em consenso com os Parâmetros Curriculares Nacionais. É importante notar, ser a formação da
cidadania o principal objetivo da proposta educacional do nosso país. Estou sempre lembrando à escola da importância de abraçar a educação para cidadania
como foco principal. “As disciplinas devem funcionar como instrumentos para se atingir a cidadania.” Essa é a proposta dos PCN’s e creio ser de grande relevância nos ater a ela. Matemática, português, ciências e todas as outras disciplinas só têm sentido quando atendem ao anseio maior da sociedade: a formação do cidadão. Disciplinas são instrumentos. O instrumento deve ser aquele que auxilia na execução de algo mais importante, tomar o instrumento pelo produto final é
um equívoco. A escola que prioriza as disciplinas acima da formação humana comete esse erro.
Precisamos com urgência esclarecer o papel da escola, precisamos inverter
a ordem estabelecida. A escola deve ser antes de tudo o lugar da formação humana, de valores e virtudes. Nossa sociedade está implorando pelo humano. A
educação tem o poder de transformar mas precisa ser orientada para que isso
ocorra.
Ainda estamos presos a modelos fracassados de educação. Despejamos uma enorme quantidade de conteúdos nos nossos alunos sem a menor
necessidade; um tempo mal administrado. O que vemos é a necessidade de “vencer os conteúdos”. Outro modelo fracassado, no meu entender, é o fato de
alguns pais e educadores tomarem como referência o vestibular e a faculdade na hora de avaliarem seus filhos na escola. Sabemos que entrar numa faculdade hoje é quase sempre uma questão financeira. Estamos repletos de faculdades por todos os lados. Mais importante e primordial do que chegar aos portões de uma faculdade é chegar com ética, com valores humanos, com respeito por si mesmo e pelos outros; chegar cidadão.
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Da mesma forma que a educação transforma a sociedade, ela pode transformar a si mesma.
O que vemos hoje é um movimento muito tímido no sentido de adequar as
práticas escolares aos objetivos definidos nos PCN’s. É necessário um
envolvimento de toda comunidade educativa. A demanda da sociedade é séria e tem pressa. Não há espaço para disputas de poder, nem para fazer da escola um
espaço comercial. Estamos cercados de exemplos para nos “acordar” da necessidade de uma educação voltada para cidadania. Bullying, corrupção,
violência e tantas outras mazelas são frutos da má educação. A parceria família e escola deve ousar mais, precisa afinar o discurso em torno da formação humana. Vale lembrar que nossas virtudes são aprendidas. Não nascemos seres virtuosos, nos tornamos virtuosos através da educação. Essa transmissão deve ocorrer bem cedo na vida das crianças. Virtude se aprende e na escola se ensina. Uma
educação que prima pela ética, pelos valores humanos e a favor da cidadania , forma cidadãos conscientes do seu papel, do dever para com a sociedade.
A escola existe, penso eu, para manter o pacto social acima de qualquer
outra coisa. Se ela não consegue guiar seus alunos no caminho do bem, se omite seus deveres e direitos, não consolida os pactos de justiça, dignidade, responsabilidade coletiva, ela fracassa. Ainda temos muito trabalho pela frente. Por exemplo: se a escola deve formar cidadão, entenda-se por cidadão aquele que
vive numa sociedade regida por direitos e deveres, é importante que ela conheça quais os direitos e quais os deveres são priorizados na sociedade. Estes direitos e
deveres estão elencados na nossa constituição, e pouco conhecimento se tem dela. Se existe um documento que regulamenta e orienta a convivência dentro da
sociedade, porque não se ater a ele? O que estamos esperando para ensinar desde cedo aos pequenos quais são as “regras do jogo”?
A escola não é apenas o lugar onde se ensina a ler, escrever e a fazer
conta. A escola existe também para atender às demandas da sociedade, se a
demanda é na formação humana, cabe a ela criar meios para sanar o problema.
A educação que “Reproduz a Sociedade” é também parte da nossa realidade. Ela reproduz no sentido de dar seguimento. Cabe a escola grande parcela na transmissão da cultura, dos valores de uma sociedade. Visto por esse lado a escola é detentora de um grande poder de transformação, a partir do momento que reproduz ela pode também transformar. A escola é por excelência o lugar do confronto. A sala de aula é o retrato da sociedade, ali dentro vemos espelhada a própria sociedade. O aluno carrega em si os diversos “retratos” da sociedade e com eles todas as dificuldades. Vejo isso como uma possibilidade de
transformação. O professor atento transforma a realidade do lado de fora tendo
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como ferramenta o próprio aluno. Nesse sentido que falo de confronto. Ele tem a possibilidade de confrontar seu conhecimento com outros. É preciso aproveitar todas as oportunidades para salvar a sociedade do caos ético que ela se encontra. Somos uma potência econômica mergulhada num lamaçal de falcatruas, de desonestidade, de gente querendo “passar a perna” nos outros. Há quem
aproveite até do infortúnio dos outros. O que falta a essas pessoas? Faltam ética, valores humanos, dignidade e respeito.
A escola ao reproduzir a sociedade tem a oportunidade de se colocar como
preventiva. Tem em mãos os instrumentos necessários para intervir na situação. Juntos podemos deflagrar uma campanha maciça, capaz de restabelecer os valores enfraquecidos e desbotados na sociedade. É preciso coragem, ousadia, e muita confiança na mudança. Também é preciso se ver no palco. Não é se colocando do lado de fora que faremos a mudança. O professor precisa se ver
nesse palco, precisa trabalhar suas dificuldades, se comprometer com a transformação. Virtude é algo que se aprende a qualquer momento da vida. E por
outro lado sabemos ser o exemplo a melhor maneira de ensinar. Dessa forma o professor precisa ser o exemplo, para isso ele precisa subir no palco.
Precisamos amparar nossos jovens, nossas crianças, e acredito que a
educação é a nossa única saída. A escola é, por excelência, o lugar da reflexão, do pensamento. É imbuído desse espírito que vamos mudar o rumo das coisas. Ao
reproduzir, transformar.
Artigo originalmente publicado na Revista Aprendizagem,
Edição 23 (mar/abr-2011), págs. 40-41, Editora Melo, Grupo Futuro, Pinhais, Pr. Sobre o autor
Teuler Reis
Psicólogo e Psicanalista; Pós-graduado em Temas Filosóficos; Consultor Familiar; Autor e Coautor de livros na área. www.teulerreis.com
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Estratégias de avaliação
O foco na solução de problemas em diferentes áreas do conhecimento
Vasco Moretto e Gustavo Moretto As estratégias de avaliação usadas nas escolas ao longo dos séculos
têm variado muito em função das diversas teorias da aprendizagem desenvolvidas e dos objetivos pretendidos pelas escolas.
Em função destas variações e da não unanimidade das teorias da aprendizagem a serem usadas e muito menos das funções sociais das escolas, o desenvolvimento de estratégias de avaliação tem sido um grande problema no contexto escolar.
Por isso, antes de desenvolvermos uma lógica que sirva de base para
o desenvolvimento de estratégias de avaliação, precisamos conceituar a
função social da escola bem como a perspectiva que melhor nos adéque às necessidades de aprendizagem. Neste texto pretendemos focar a análise na função social da escola, iniciando com a pergunta: “A Educação transforma ou reproduz a sociedade?”.
Em função das histórias de repressão e ditaduras vividas em muitos
países da América Latina houve maior necessidade dos de formadores, de gestores, de professores e de especialistas na educação escolar, voltarem-se para a concepção de uma escola transformadora da sociedade.
Esta perspectiva de educação libertadora foi amplamente difundida e
estudada em nosso país. No entanto, não foi acompanhada do mesmo
desenvolvimento de estratégias de ensino que permitissem o efetivo desenvolvimento deste objetivo libertador da educação. Assim, nossas escolas desenvolveram um discurso libertador e uma didática conservadora, tradicionalmente conteudista.
Neste aspecto, as escolas desenvolveram duplo papel: o conservador
em sua perspectiva didática e o transformador em seu discurso teórico.
Consequentemente, ela acaba por conservar a história dos grupos sociais, transmitir os fundamentos das descobertas científicas, guardar e
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compartilhar os valores transmitidos por meio da arte, da poesia e da literatura a novas gerações, ao mesmo tempo que, incoerentemente, parece ter a função transformadora em busca de novos valores, para uma
nova sociedade. Neste contexto da missão da escola de ao mesmo tempo ser
conservadora e ser transformadora se inserem os processos do aprender, do ensinar e do avaliar a aprendizagem.
No entanto, a proposta tradicional da didática do ensino abre pouco
espaço para o desenvolvimento de estratégias de ensino e para o desenvolvimento de competência por parte dos alunos. Esse fato limita sua capacidade de interagir com situações complexas dentro e fora do contexto escolar.
Iniciemos nossa reflexão com foco na solução de problemas. Em
lugar de usar o termo “solução de problemas” usaremos a expressão quase equivalente “solução de situações complexas”.
Para o conceito de complexidade acompanhamos as ideias de Edgar
Morin. Segundo ele, o mundo dos fenômenos é complexo nos seus conceitos, nos seus componentes e nas relações entre eles.
O conhecimento do sujeito tem a função do organizar e resolver esta
complexidade. Na verdade, é isso que todo professor deveria fazer em aula: apresentar a seus alunos situações complexas e convidá-los a resolvê-las.
A resolução deste tipo de situação envolve a compreensão do
problema, a análise das variáveis envolvidas, a formulação de hipótese de solução e a posterior análise crítica da mesma; esta análise pode levá-lo a abandonar a solução encontrada e buscar uma nova.
Esta orientação do processo educativo segue o paradigma da
construção interativa do conhecimento, em busca do desenvolvimento de competências. Nele cada sujeito constrói seu conhecimento, num processo
de interação com o professor, com os colegas e com outros agentes sociais, ressignificando conceitos anteriormente construídos. A cada nova situação, o processo se repete.
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Professores de Língua Portuguesa, por exemplo, ajudam seus alunos
a se tornarem competentes para interpretar textos; para isso, ensinam
conceitos aplicados à interpretação e oportunizam situações para sua aplicação correta: desenvolvem assim a habilidade de interpretar textos. Da mesma forma, professores de matemática ensinam os alunos a resolver situações complexas ligadas aos conceitos e à linguagem matemática; professores de artes propõem situações que envolvem a competência de contextualizar a arte em seu tempo de criação e dar-lhe um novo sentido para o contexto atual, ligando com a literatura e a história.
Em todas as áreas de conhecimento relatadas, há situações
complexas que envolvem os professores. Logo, seguindo esta perspectiva, o modelo de didático do professor para o currículo, no sentido amplo, bem como, da avaliação da aprendizagem, devem associar-se a estratégias que permitam perceber o desenvolvimento do aprendente e da capacidade de
resolver tais situações complexas. Penso não estar enganado ao afirmar que a estratégia mais comum
utilizada nas escolas para a avaliação da aprendizagem dos alunos é a prova escrita. Nela, no entanto, os professores não propõem situações complexas a serem resolvidas pelos alunos. Nestas provas, a tônica tem sido a
memorização de conceitos e ferramentas de manipulação dos mesmos, tendo normalmente como única utilidade, seu uso em situações acadêmicas vividas no futuro. Na vida? Muito pouco.
Para ilustrar nossa reflexão sobre a estratégia das provas escritas ou
orais, analisemos uma situação frequentemente apresentada na forma de
crítica à linguagem utilizada pelos professores e à aprendizagem mecânica dos alunos.
Conta-se que o educador John Dewey foi visitar uma sala de aula e,
querendo simplificar sua linguagem na interação com os alunos perguntou: “O que vocês encontrariam se abrissem uma cavidade na terra?” Não obtendo resposta repetiu a pergunta. Continuou sem resposta. A
professora advertiu-o particularmente: “O senhor formulou mal a pergunta”. E voltou-se para os alunos e perguntou-lhes: “Qual o estado do
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centro da terra?”. Os alunos responderam em uníssono: “Estado de ignição”.
Este caso é indicador de que as estratégias de ensino e avaliação não estão focadas no desenvolvimento dos estudantes. Afinal, poderíamos responder à pergunta de Dewey de muitas formas: “Se abríssemos uma cavidade na terra encontraríamos minhocas” ou “encontraríamos pedras”, ou “encontraríamos água ou substâncias quentes, de acordo com o tamanho e profundidade do buraco aberto”, etc. Poderíamos ter centenas de respostas “criativas” para responder à questão. A resposta dada pelos
alunos – “estado de ignição” - é uma das possíveis. Ela é, no entanto, reflexo do tipo de ensino que foi usado com ele.
No mesmo sentido, outra situação me foi apresentada em uma
escola aqui no Brasil. A professora perguntou aos alunos “Quais os poderes da república e qual sua função”? Ao que alguém respondeu: “Executivo,
Legislativo e Judiciário e minha função é estudar os três”. A resposta do aluno também ilustra o tipo de ensino que foi usado em sua escola. Possivelmente o foco foi o conteúdo e seu estudo e não o desenvolvimento do aluno e sua capacidade de solução de situações complexas.
As respostas acima colocadas são algumas das centenas provocadas
por estratégias de ensino e de avaliação tradicionalmente usadas em diversas as áreas do conhecimento nas escolas brasileiras.
E então, perguntará o(a) leitor(a)? Quais estratégias poderiam
resolver a situação complexa da avaliação da aprendizagem em todas as áreas do conhecimento? A resposta não é simples.
O primeiro passo seria a adoção de uma visão cientificamente
desenvolvida acerca da função social da escola. Isso é importante tanto pelo fato de ser uma versão científica dos fatos, quanto do uso de um parâmetro único que sirva de base para as demais decisões. Em muitos casos, esta determinação não é feita pelo receio de uma taxação ou crítica sobre a decisão tomada pela escola, sobretudo particular. Por isso, muitos
dirigentes se dizem holistas em sua perspectiva da educação. Ou seja, têm receio de assumir uma posição educativa, gerando sistema de ensino em
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que vale a visão individual dos professores em detrimento do trabalho efetivo e em grupo.
Em função desta decisão deve-se desenvolver currículo, sistemas didáticos e sistemas de avaliações coerentes com a visão de educação e de ensino que se pretende. Essa coerência é o que sustenta a qualidade da educação.
É claro que nossa proposta é a da adoção de uma determinada visão
que adianto apresento. Porém, vale lembrar que esta é UMA VISÃO
POSSÍVEL e, repetimos, é a coerência de uma proposta pedagógica que sustenta os objetivos educacionais pretendidos.
Em nossa visão da educação a escola tem quatro funções básicas: a
socialização, a compreensão e interação com os fenômenos cotidianos, incorporação ao mundo do trabalho e o desenvolvimento da capacidade de
intervenção na vida pública. Por socialização entendemos a compreensão tanto das normas
sociais como da ética, presentes na sociedade onde vive. Esperam-se ações coerentes com elas.
Os conceitos e habilidades que os alunos devem desenvolver para a aplicação em situação complexa, representam a compreensão dos fenômenos das ciências da natureza e das ciências do humano presentes na atualidade. Esta compreensão e interação permitirão uma inserção no mundo do trabalho e na vida pública.
Tendo esta visão da educação, entendemos que a dinâmica na sala de aula deva ser a de apresentação de situações problemas para a compreensão de conceitos como ferramentas para sua resolução. Desta forma, o foco do ensino passa a ser nas propostas dos alunos e, necessariamente, nos conteúdos em si.
Tudo o que foi desenvolvido nos parágrafos anteriores, sobre
sociedade, educação, ensino, aprendizagem, inserção social é objeto da avaliação da aprendizagem. Será que os alunos realmente se apropriam dos conhecimentos socialmente construídos? Será que desenvolvem reais
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competências para a solução de situações complexas, será que a sociedade vai à escola para que a escola vá para a sociedade?
O que se espera dos professores é que usem estratégias de avaliação coerentes com a realidade de seus alunos e com o contexto de seu ambiente profissional. Não há “receitas” para a avaliação. O que há são princípios orientadores da ação pedagógica, visando a formação para a cidadania.
Artigo originalmente publicado na Revista Aprendizagem,
Edição 24 (mai/jun-2011), págs. 24-26, Editora Melo, Grupo Futuro, Pinhais, Pr. Sobre os autores
Vasco Moretto Mestre em Didática das Ciências; Licenciado em Física; Especiali sta em Avaliação Institucional; Autor de livros da área. [email protected]
Gustavo Moretto Pedagogo; Especialista em Educação Cooperativa, Gestão e Supervisão na Educação; Mestrado Profissional em Administração Estratégica; Tecnólogo em Ciências Naturais. [email protected]