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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DO AGRONEGÓCIO INSTITUTO AGRONÔMICO IAC CENTRO DE MONITORAMENTO E MITIGAÇÃO DE SECA E ADVERSIDADES HIDROMETEOROLÓGICAS INFOSECA CONDIÇÕES HIDROMETEOROLÓGICAS NO ESTADO DE SÃO PAULO MARÇO/2008 ANÁLISE QUINZENAL – PERÍODO: 01/03 a 15/03 1. PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA Chuvas significativas foram registradas no início do mês (1 a 3/3) em várias localidades do Estado, destacando-se: Bauru, Campos do Jordão, Catanduva, Guaíra, Pindamonhangaba, Jacupiranga e Capão Bonito com volumes de chuva entre 30 e 38 mm; Mococa, Santa Cruz do Rio Pardo, Bragança Paulista, Cristais Paulista, Franca e Presidente Prudente com volumes entre 42 e 58 mm; e Batatais, Pindorama e Jaú com volumes entre 74 e 90 mm. A segunda semana de março foi mais chuvosa quando comparada à primeira, quando várias localidades experimentaram um período de 3 a 5 dias sem chuvas significativas (entre 3 e 7/3). Entre os dias 8 e 15/3, houve ocorrência diária de chuvas na maioria das localidades analisadas, com volumes acumulados superiores a 50 mm. Volumes acumulados entre 100 e 150 mm foram observados em Bebedouro, São José do Rio Preto, Pindamonhangaba, Taubaté, Santa Fé do Sul, Paraguaçu Paulista, Monte Alegre do Sul, Jundiaí, Vargem, Vargem Grande do Sul, Guaíra, Bragança Paulista, Iepê, Buritama, Cananéia, Cândido Mota, Casa Branca, Iguape e Ilha Solteira. Algumas localidades apresentavam volumes superiores a 150 mm, tais como Sumaré (177 mm), Presidente Prudente (182 mm), Piacatu (166 mm), Andradina (157 mm), Vargem Grande do Sul (153 mm), Duartina (159 mm) e Jacupiranga (202 mm). Por outro lado, localidades como Araraquara, Bofete, Echaporã e Pindorama não apresentaram volumes de chuva superiores a 16 mm. A precipitação acumulada na primeira quinzena de março em algumas localidades do Estado de São Paulo é apresentada na figura 1.(Ver anexo)

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Page 1: CONDIÇÕES HIDROMETEOROLÓGICAS NO …§o08.pdfQuanto maior o valor de DI, mais intensa é a condição de seca (considerada pela relação entre a evapotranspiração real e a potencial)

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO

AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DO AGRONEGÓCIO INSTITUTO AGRONÔMICO – IAC

CENTRO DE MONITORAMENTO E MITIGAÇÃO DE SECA E ADVERSIDADES

HIDROMETEOROLÓGICAS – INFOSECA

CONDIÇÕES HIDROMETEOROLÓGICAS NO ESTADO DE SÃO PAULO

MARÇO/2008

ANÁLISE QUINZENAL – PERÍODO: 01/03 a 15/03

1. PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA Chuvas significativas foram registradas no início do mês (1 a 3/3) em várias localidades do Estado, destacando-se: Bauru, Campos do Jordão, Catanduva, Guaíra, Pindamonhangaba, Jacupiranga e Capão Bonito com volumes de chuva entre 30 e 38 mm; Mococa, Santa Cruz do Rio Pardo, Bragança Paulista, Cristais Paulista, Franca e Presidente Prudente com volumes entre 42 e 58 mm; e Batatais, Pindorama e Jaú com volumes entre 74 e 90 mm. A segunda semana de março foi mais chuvosa quando comparada à primeira, quando várias localidades experimentaram um período de 3 a 5 dias sem chuvas significativas (entre 3 e 7/3). Entre os dias 8 e 15/3, houve ocorrência diária de chuvas na maioria das localidades analisadas, com volumes acumulados superiores a 50 mm. Volumes acumulados entre 100 e 150 mm foram observados em Bebedouro, São José do Rio Preto, Pindamonhangaba, Taubaté, Santa Fé do Sul, Paraguaçu Paulista, Monte Alegre do Sul, Jundiaí, Vargem, Vargem Grande do Sul, Guaíra, Bragança Paulista, Iepê, Buritama, Cananéia, Cândido Mota, Casa Branca, Iguape e Ilha Solteira. Algumas localidades apresentavam volumes superiores a 150 mm, tais como Sumaré (177 mm), Presidente Prudente (182 mm), Piacatu (166 mm), Andradina (157 mm), Vargem Grande do Sul (153 mm), Duartina (159 mm) e Jacupiranga (202 mm). Por outro lado, localidades como Araraquara, Bofete, Echaporã e Pindorama não apresentaram volumes de chuva superiores a 16 mm. A precipitação acumulada na primeira quinzena de março em algumas localidades do Estado de São Paulo é apresentada na figura 1.(Ver anexo)

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Figura 1. Precipitação acumulada em algumas localidades do Estado de São Paulo durante a primeira quinzena de março de 2008.

0

50

10

0

15

0

20

0

25

0

30

0

Barretos

Bebedouro

Botucatu

Capão Bonito

Ibiúna

Itapetininga

Itapeva

Jacupiranga

Itararé

Mandurí

Piedade

Sorocaba

Taquarituba

Tatuí

Tietê

Catanduva

Pindorama

Bauru

Lins

Marília

Echaporã

Santa Cruz do Rio

Campinas

Capivari

Espírito Santo do Pinhal

Limeira

Nova Odessa

Paulínia

Piracicaba

Santa Maria da Serra

São Pedro

Sumaré

Valinhos

Jaboticabal

Jaú

Matão

Ribeirão Preto

São Carlos

Batatais

Casa Branca

Cristais Paulista

Mococa

São Simão

Andradina

Adamantina

Araçatuba

Auriflama

Mirandópolis

Penápolis

Piacatu

Santa Fé do Sul

Valparaíso

Votuporanga

Lo

ca

lidad

es

Precipitação (mm)

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2. CONDIÇÕES DE ESTIAGEM E SECA A maior parte das localidades analisadas apresenta um curto período sem chuvas significativas (> 10 mm), de até cinco dias. Contudo, em algumas áreas ainda não foram observadas chuvas significativas durante esse mês, indicando um período de estiagem agrícola que chega a 15 dias em Piracaia, 21 dias em Bofete, 22 dias em Tatuí e 33 dias em Tupã. O índice acumulativo de seca meteorológica (ISMA) indica que mais de 85% das localidades analisadas apresenta condição média variando entre normal a úmida nessa primeira quinzena de março. Devido ao menor volume de chuvas, localidades como Adamantina, Piraju, Capão Bonito, Dracena, Echaporã, Florínea, Ibirarema, Itapetininga, Maracaí, Mirante do Paranapanema, Penápolis, Piracaia, São Roque e Tarumã apresentam condição média ligeiramente seca, ao passo que Bofete, Tatuí e Tupã apresentam condição média de seca. A condição de seca pode ser visualizada no mapa do índice de seca (DI) para o Estado de São Paulo (fig. 1), no qual se observa que o mês de março começou com a região oeste do Estado apresentando maior valor de DI, isto é, menos úmida que o restante das áreas (fig. 1a). Entre 3 e 9/3, a região oeste do Estado foi beneficiada pela ocorrência de chuvas e assim a condição de seca foi reduzida (fig. 1b). Nesse período, a região sul do Estado apresentou valores de DI superiores aos apresentados pela região oeste no início do mês (fig. 1a,b), indicando que a área do Estado que experimentou maior grau de seca até 9/3 foi a região sul. Entretanto, a ocorrência de chuvas entre os dias 10 e 16/3 aumentou a disponibilidade hídrica, com a maior parte do Estado apresentando valores de DI inferiores a 10 (fig. 1c). As condições ambientais também podem ser avaliadas em relação ao esperado climatologicamente para determinado período. O índice de umidade para a cultura (CMI) indica tais variações, sendo observado que o início de março foi marcado por valores negativos de CMI na região oeste e sul do Estado de São Paulo (fig. 2a). Nessas áreas a evapotranspiração real foi menor do que o esperado, sendo causada pela baixa precipitação constatada no fim de fevereiro. Já entre os dias 3 e 9/3, a evapotranspiração foi deficiente nas regiões sul e noroeste do Estado de São Paulo (Fig. 2b). Essas áreas experienciaram mais fortemente a falta de chuvas, haja vista que os valores mínimos de CMI foram mais negativos (entre -1,2 e -2,0). Todavia, as condições ambientais a partir do dia 10/3 foram alteradas pela ocorrência de volumes significativos de chuva, o que elevou os valores de CMI (positivo) em todo o Estado de São Paulo.

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Figura 1. Variação espacial do índice de seca para o Estado de São Paulo nos períodos de 25/2 a 2/3 (a), 3 a 9/3 (b) e 10 a 16/3 (c). Quanto maior o valor de DI, mais intensa é a condição de seca (considerada pela relação entre a evapotranspiração real e a potencial).

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b

c

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Figura 2. Variação espacial do índice de umidade para a cultura para o Estado de São Paulo nos períodos de 25/2 a 2/3 (a), 3 a 9/3 (b) e 10 a 16/3 (c). Quanto mais negativo o valor de CMI, maior a deficiência de evapotranspiração real em relação ao esperado climatologicamente.

a

ba

c

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3. CONDIÇÕES AGROMETEOROLÓGICAS PARA OS CULTIVOS As condições ambientais podem ser consideradas mais detalhadamente observando a variação de água disponível no solo em diferentes profundidades e sua interação com a relação entre a evapotranspiração real e a potencial. Tal interação é avaliada através do índice que representa as condições médias de satisfação hídrica da cultura (ACWS). Esse índice é interessante ao considerarmos que as plantas apresentam diferentes capacidades de exploração do perfil do solo. Embora volumes de chuvas significativos tenham sido observados na primeira quinzena de março, algumas localidades do Estado de São Paulo apresentaram condições de satisfação hídrica para as culturas variando entre crítica e desfavorável (valores de ACWS entre 0,6 e 1,0). A seguir, as localidades em condições críticas de satisfação hídrica dos cultivos são apresentadas considerando as diferentes profundidades do perfil do solo (tab. 1). Tabela 1. Localidades com condições críticas de satisfação da cultura (0,8≤ACWS≤1,0), considerando a primeira quinzena de março, agrupadas de acordo com a profundidade no perfil do solo. Profundidade* Localidades

25 Adamantina, Araraquara, Bofete, Echaporã, Ipaussu, Itapetininga, Pindorama, São Roque, Tarumã, Tatuí e Tietê.

50 Adamantina, Echaporã, Osvaldo Cruz, Ourinhos, São Roque, Tarumã e Tietê

75 Adamantina, Bauru, Echaporã, São Pedro do Turvo, Tarumã e Tietê

100 Adamantina, Bauru, Echaporã, Quatá, Rancharia, São Pedro do Turvo e Tietê

Localidades como Adamantina, Echaporã e Tietê apresentam todo o perfil do solo em condições críticas, o que restringiu o desenvolvimento de qualquer cultivo (tab. 1). Em áreas próximas a Araraquara, Bofete, Ipaussu, Itapetininga, Pindorama, Tatuí, Oswaldo Cruz, Ourinhos, São Roque e Tarumã, culturas com sistema radicular pouco profundo foram mais afetadas, tais como o cultivo de batata, cebola, alho, arroz, hortaliças e feijão. Espécies perenes e com sistema radicular mais desenvolvido (citros, cafeeiro, algodoeiro e cana-de-açúcar) tiveram o desenvolvimento restringido nas localidades de Bauru, Quatá, Tarumã e São Pedro do Turvo. As localidades em condições desfavoráveis de satisfação hídrica dos cultivos são apresentadas na tabela 2, considerando as diferentes profundidades do perfil do solo.

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Tabela 2. Localidades com condições desfavoráveis de satisfação da cultura (0,6≤ACWS<0,8), considerando a primeira quinzena de março, agrupadas de acordo com a profundidade no perfil do solo. Profundidade* Localidades

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Batatais, Bauru, Campinas, Capivari, Garça, Ibiúna, Iguape, Indaiatuba Jacupiranga, Jaguariúna, Jales, Limeira, Lins, Mandurí, Marília, Matão, Miracatu, Mirante do Paranapanema, Monte Aprazível, Osvaldo Cruz, Ourinhos, Pariquera-Açu, Paulínia, Pedrinhas Paulista Registro, Santa Bárbara D´Oeste, Santa Cruz do Rio Pardo, São Pedro do Turvo, Sete Barras, Sorocaba, Ubatuba, Valinhos e Valparaíso

50

Araraquara, Bauru, Bofete, Itapetininga, Jacupiranga, Limeira, Lins, Marília, Mirante do Paranapanema, Monte Aprazível, Nova Odessa, Pindorama, Quatá, Rancharia, São Pedro do Turvo, Sete Barras e Ubatuba

75 Jacupiranga, Mirante do Paranapanema, Nova Odessa, Palmital, Quatá, Rancharia, Ribeira, São Roque e Vargem Grande do Sul

100 Nova Odessa, Palmital, Ribeira e Vargem Grande do Sul Algumas localidades apresentaram todo o perfil do solo até 1 m de profundidade com condições médias de satisfação hídrica da cultura que limitaram o desenvolvimento dos cultivos, com ACWS ≥ 0,6. Dentre essas localidades, situação mais crítica foi observada em Adamantina, Tietê e Echaporã. De uma forma geral, a primeira quinzena de março apresentou chuvas significativas a partir do início da segunda semana. Todavia, as chuvas tiveram distribuição irregular e/ou pouco volume, sendo insuficientes para manter a disponibilidade hídrica em níveis satisfatórios para os cultivos em áreas das regiões sul, central e oeste do Estado de São Paulo.

--- FIM ---