conteúdo, usabilidade e funcionalidade: três dimensões para a

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Conteúdo, Usabilidade e Funcionalidade: três dimensões para a avaliação de portais estaduais de Governo Eletrônico na Web Renata Moutinho Vilella

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  • Contedo, Usabilidade e Funcionalidade:trs dimenses para a avaliao

    de portais estaduaisde Governo Eletrnico na Web

    Renata Moutinho Vilella

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    Renata Moutinho Vilella

    Contedo, Usabilidade e Funcionalidade:trs dimenses para a avaliao

    de portais estaduaisde Governo Eletrnico na Web

    Dissertao apresentada ao Curso de Mestrado em

    Cincia da Informao da Escola de Cincia da

    Informao da Universidade Federal de Minas Gerais,

    como requisito parcial obteno do ttulo de Mestre em

    Cincia da Informao.

    Linha de Pesquisa: Informao Gerencial e Tecnolgica

    Orientadora: Profa. Dra. Beatriz Valadares Cendn

    Belo Horizonte

    Escola de Cincia da Informao da UFMG

    2003

  • 3

    Vilella, Renata Moutinho

    V735c Contedo, usabilidade e funcionalidade: trs dimenses paraavaliao de portais estaduais de Governo Eletrnico na Web / RenataMoutinho Vilella 2003. 263 f. : il., tab.

    Orientadora: Beatriz Valadares Cendn Dissertao (mestrado) Universidade Federal de Minas Gerais,Escola de Cincia da Informao. Bibliografia: f.: 214-219. 1. Internet (Redes de computao) - Teses. 2. World Wide Web(Sistema de recuperao da informao) - Avaliao - Teses. 3. Cincia daInformao Teses. 4. Servios de informao Teses. I. Ttulo. II. Cendn,Beatriz Valadares. III. Universidade Federal de Minas Gerais, Escola deCincia da Informao. CDU: 004.738.5

    Ficha catalogrfica: Biblioteca Etelvina Lima, Escola de Cincia da Informao daUFMG

    memria de minha me, Divina Beatriz Moutinho Vilella.

    Porque a alegria e a coragem devem ser eternas.

    Saudades e o meu imenso amor.

  • 4

    Agradeo

    professora Dra. Beatriz Valadares Cendn, minha orientadora, que com seu saber, com

    sua objetividade e clareza, com sua dedicao e generosidade, me guiou na realizao

    deste trabalho.

    A todos os professores do Mestrado da Escola de Cincia da Informao, por tudo o que

    com eles pude aprender, em especial professora Mnica Nassif, pelo incentivo.

    A Goreth e Viviany e a todos os funcionrios da ECI, especialmente ao pessoal da

    Biblioteca e ao amigo Neri.

    A todos os colegas do Mestrado, pela convivncia rica e estimulante, em especial nova

    amiga Vivian Fraiha, que tive a felicidade de encontrar.

    Companhia de Processamento de Dados do Estado de Minas Gerais Prodemge

    pela oportunidade de mais esta conquista, dentre outras tantas que o trabalho nos

    proporciona.

    Aos meus colegas da Prodemge e aos meus queridos amigos de l, Guydo, Gisele,

    Ronaldo, Soninha, Nilda, Gustavo, Isabela, Nvia, Carla e Tutu. Pelo carinho, apoio,

    compreenso, por tudo, obrigada.

    Ao colega e amigo Cleber Hostalcio de Melo, pelas ricas discusses e pela ateno.

    Ao colega e amigo Jlio Csar Silva pelo desenvolvimento do aplicativo utilizado para

    clculo das notas dos portais.

    A todos os meus amados amigos, que entenderam minha ausncia e nunca deixaram de

    me apoiar.

    Vera Valadares, por muitas coisas.

    Dona Vera e Seu Arinos, Adriana e Guilherme, pela deliciosa acolhida que sempre tive.

    Luisa, Ldia, Lucas e Gabriel, sobrinhos queridos, pelas alegrias, brincadeiras e

    traquinagens e, em nome deles, a toda a minha famlia e ao Dunkel tambm.

    Ao meu pai, Leonardo Mrcio Vilela Ribeiro, que sempre me mostrou o valor do

    conhecimento e me proporcionou toda a condio de continuar nessa busca.

    Penha e ao Milton, pelo amor incondicional.

    Ao Alexandre, amigo, companheiro e grande amor, por acreditar sempre, por incentivar

    sempre, por nunca me deixar esmorecer. Grande campeo da pacincia !!!

    Deus, por poder contar com todos eles, obrigada.

  • 5

    Sumrio

    Introduo ............................................................................................................. 15

    1. Governo Eletrnico ........................................................................................ 20

    1.1- O desafio proposto pelas tecnologias da informao e da comunicao para a

    administrao pblica .................................................................................................. 21

    1.2 - Governo Eletrnico: a complexidade do tema...................................................... 22

    1.3 - Governo Eletrnico: os Governos e a Internet ..................................................... 25

    1.4 - Governo Eletrnico: as abordagens internacionais .............................................. 28

    1.5 - Os Governos, a Internet e o cidado.................................................................... 30

    2. Fontes e servios eletrnicos de informao: a Internet em foco............... 34

    2.1 Fontes impressas de informao versus fontes eletrnicas de informao ......... 34

    2.2 A Internet: fonte de informao e canal de comunicao .................................... 36

    2.2.1 A Web e a revoluo do hipertexto .............................................................................. 38

    3. Avaliao de Sistemas de Informao ........................................................... 41

    3.1 - A avaliao de recursos informacionais e servios na Internet ............................ 44

    3.2 - A avaliao de sites: as abordagens da usabilidade e da anlise do contedo.... 45

    3.3 - A avaliao de sites nacionais de Governo Eletrnico ......................................... 55

    3.4 - A avaliao de sites internacionais de Governo Eletrnico .................................. 60

    3.5 - Servios de avaliao de sites na Web ................................................................ 61

    3.6 - Governo Eletrnico e os Portais na Web: um novo conceito................................ 63

    3.6.1 - Portais: definies e tipos ............................................................................................. 64

    3.6.2 - Os portais e suas funcionalidades ................................................................................ 66

    4. Metodologia................................................................................................... 77

    4.1 - O carter do estudo e sua unidade de anlise ..................................................... 77

    4.2 - Etapas da Pesquisa ............................................................................................. 79

    4.2.1 - Composio da amostra ............................................................................................... 79

    4.2.2 - Elaborao do instrumento de pesquisa: listagem de critrios..................................... 80

    4.2.3 - Operacionalizao de parmetros e critrios para avaliao dos portais estaduais

    brasileiros para prestao de servios pblicos e disseminao de informaes na Web ... 100

    4.2.3(a) Listagem de parmetros e critrios para avaliao da dimenso Contedo......... 100

    4.2.3(b) Listagem de parmetros e critrios para avaliao da dimenso Usabilidade ..... 102

    4.2.3(c) Listagem de parmetros e critrios para avaliao da dimenso Funcionalidade 103

    4.2.4 Definio da pontuao.............................................................................................. 105

    4.2.5 Pr-teste do modelo de avaliao.............................................................................. 108

  • 6

    4.2.6 Coleta dos dados........................................................................................................ 108

    4.3 - Relao dos Estados Brasileiros e seus respectivos portais oficiais .................. 110

    5. Apresentao de resultados.......................................................................... 112

    5.1 Portal Bahia ...................................................................................................... 113

    5.2 Portal do Amap ............................................................................................... 129

    5.3 Portal do Estado de Mato Grosso ..................................................................... 146

    5.4 Portal do Estado do Paran .............................................................................. 164

    5.5 Portal do Governo do Estado do Rio de Janeiro ............................................... 183

    6. Discusso de resultados ............................................................................... 202

    7. Consideraes finais ..................................................................................... 210

    8. Referncias Bibliogrficas............................................................................. 214

    9. Anexos .......................................................................................................... 220

    ANEXO 1 - Definies diversas acerca do termo Governo Eletrnico .................. 220

    ANEXO 2 - Checklist para avaliao de Web Pages Informacionais proposto por

    ALEXANDER & TATE (1996) ............................................................................. 221

    ANEXO 3 - Poltica de desenvolvimento da coleo adotada pelo NetFirst da OCLC

    ........................................................................................................................... 222

    ANEXO 4 - Critrios de seleo de Websites estabelecidos pela American Library

    Association ......................................................................................................... 223

    ANEXO 5 - Cinco critrios para avaliao de pginas Web propostos pela Biblioteca

    da Southwest State University ............................................................................ 225

    ANEXO 6 Critrios de avaliao de sites propostos pelo servio de informao e

    bibliotecas da Maryland University College ........................................................ 227

    ANEXO 7 Critrios para avaliao de fontes de informao na Internet propostos

    pelas bibliotecas da Albany University................................................................ 229

    ANEXO 8 Lista de critrios para avaliao de pginas Web propostos pela

    Biblioteca da New Mexico State University ......................................................... 231

    ANEXO 9 Caixa de ferramentas/critrios de avaliao propostos por SMITH

    (1997)................................................................................................................. 232

    ANEXO 10 Sumrio do checklist CARS (Credibility, Accuracy, Reasonableness,

    Support) proposto por HARRIS (1997) ............................................................... 235

    ANEXO 11 Diretrizes para a credibilidade de Websites por FOGG (2002) ........ 236

    ANEXO 12 Lista de critrios para avaliao de Websites governamentais

    propostos por BARBOZA et.al (2002) ................................................................ 237

  • 7

    ANEXO 13 Critrios para avaliao de Websites propostos pelo Conip

    Congresso Nacional de Informtica Pblica, edio 1999 .................................. 240

    ANEXO 14 Critrios para avaliao de Websites propostos por ESCHENFELDER

    et al. (1997) ........................................................................................................ 241

    ANEXO 15 Critrios para avaliao de sites de governo propostos por EVANS

    (2000)................................................................................................................. 244

    ANEXO 16 Critrios para avaliao de Websites do governo da Nova Zelndia

    propostos por SMITH (2001). ............................................................................. 245

    ANEXO 17 Variveis para avaliao do nvel de utilizao da Internet pelos

    governos municipais e estaduais dos EUA por STOWERS (1999)..................... 249

    ANEXO 18 Indicadores para anlise dos sites do governo de Taiwan por HUANG

    & CHAO (2001) .................................................................................................. 251

    ANEXO 19 Indicadores para anlise dos portais dos estados americanos por

    GANT&GANT (2002).......................................................................................... 252

    ANEXO 20 Endereos de Websites: Argus Clearinghouse; FirstSearch; UnCover

    ........................................................................................................................... 253

    ANEXO 21 Decreto que estabelece o plano de desenvolvimento do Programa de

    Governo Eletrnico para o Estado de Minas Gerais ........................................... 254

    ANEXO 22 Roteiro da entrevista semi-estruturada realizada com especialistas em

    Governo Eletrnico durante o Secop Seminrio Nacional de Informtica Pblica,

    em setembro de 2002......................................................................................... 255

    ANEXO 23 Exemplo de formulrio para atribuio de pesos aos critrios de cada

    parmetro/dimenso, distribudos a especialistas, juntamente com a carta de

    solicitao endereada a cada um deles ............................................................ 257

    ANEXO 24 Listagem de nomes de especialistas consultados para a atribuio de

    pesos a cada critrio/parmetro de avaliao..................................................... 260

    ANEXO 25 Telas demonstrativas do aplicativo utilizado para lanamento e clculo

    das notas dos portais ......................................................................................... 261

  • 8

    LISTA DE TABELAS

    TABELA 1 Viso geral de fontes para avaliao de Websites por ESCHENFELDER (1997,

    p.181) .......................................................................................................................... 51

    TABELA 2 - Gerao dos portais corporativos: quadro proposto por DIAS (2001) e baseado nas

    geraes identificadas por ECKERSON (1999) .................................................................. 68

    TABELA 3 Uniformizao da linguagem de parmetros segundo autores citados e seu

    pertencimento a cada dimenso proposta pela autora ........................................................ 83

    TABELA 4 Parmetros iniciais a serem avaliados para cada uma das dimenses propostas 84

    TABELA 5 Adequao das heursticas de NIELSEN (2002) para Planejamento Visual/Grfico

    s sub-caractersticas da Usabilidade .............................................................................. 89

    TABELA 6 Adequao das heursticas de NIELSEN (2002) para Navegao, s sub-

    caractersticas da Usabilidade.......................................................................................... 90

    TABELA 7 Adequao das heursticas de NIELSEN (2002) para Links, s sub-caractersticas

    da Usabilidade ............................................................................................................... 91

    TABELA 8 Adequao das heursticas de NIELSEN (2002) para Interface, s sub-

    caractersticas da Usabilidade.......................................................................................... 92

    TABELA 9 Adequao dos critrios para Acessibilidade, s sub-caractersticas da Usabilidade

    .................................................................................................................................... 93

    TABELA 10 Adequao dos critrios para Servios s sub-caractersticas da Funcionalidade

    .................................................................................................................................... 94

    TABELA 11 Adequao dos critrios para Comunicao/Participao/Feedback s sub-

    caractersticas da Funcionalidade..................................................................................... 96

    TABELA 12 Adequao dos critrios para Privacidade s sub-caractersticas da

    Funcionalidade............................................................................................................... 97

    TABELA 13 Adequao dos critrios para Personalizao s sub-caractersticas da

    Funcionalidade............................................................................................................... 97

    TABELA 14 Adequao dos critrios para Interoperabilidade s sub-caractersticas da

    Funcionalidade............................................................................................................... 98

    TABELA 15 Adequao dos critrios para Esquema de classificao das informaes s sub-

    caractersticas da Funcionalidade..................................................................................... 99

    TABELA 16 Pesos e notas dos critrios, dos parmetros e da dimenso Contedo, para o

    Portal Bahia ................................................................................................................. 114

    TABELA 17 Pesos e notas dos critrios, dos parmetros e da dimenso Usabilidade, para o

    Portal Bahia ................................................................................................................. 119

  • 9

    TABELA 18 Pesos e notas dos critrios, dos parmetros e da dimenso Funcionalidade,

    para o Portal Bahia ....................................................................................................... 124

    TABELA 19 Pesos e notas dos critrios, dos parmetros e da dimenso Contedo, para o

    Portal do Amap........................................................................................................... 130

    TABELA 20 Pesos e notas dos critrios, dos parmetros e da dimenso Usabilidade, para o

    Portal do Amap........................................................................................................... 135

    TABELA 21 Pesos e notas dos critrios, dos parmetros e da dimenso Funcionalidade,

    para o Portal do Amap................................................................................................. 142

    TABELA 22 Pesos e notas dos critrios, dos parmetros e da dimenso Contedo, para o

    Portal do Estado de Mato Grosso ................................................................................... 147

    TABELA 23 Pesos e notas dos critrios, dos parmetros e da dimenso Usabilidade, para o

    Portal do Estado de Mato Grosso ................................................................................... 152

    TABELA 24 Pesos e notas dos critrios, dos parmetros e da dimenso Funcionalidade,

    para o Portal do Estado de Mato Grosso ......................................................................... 157

    TABELA 25 Pesos e notas dos critrios, dos parmetros e da dimenso Contedo, para o

    Portal do Estado do Paran ........................................................................................... 165

    TABELA 26 Pesos e notas dos critrios, dos parmetros e da dimenso Usabilidade, para o

    Portal do Estado do Paran ........................................................................................... 171

    TABELA 27 Pesos e notas dos critrios, dos parmetros e da dimenso Funcionalidade,

    para o Portal do Estado do Paran ................................................................................. 176

    TABELA 28 Pesos e notas dos critrios, dos parmetros e da dimenso Contedo, para o

    Portal do Governo do Estado do Rio de Janeiro ............................................................... 184

    TABELA 29 Pesos e notas dos critrios, dos parmetros e da dimenso Usabilidade, para o

    Portal do Governo do Estado do Rio de Janeiro ............................................................... 190

    TABELA 30 Pesos e notas dos critrios, dos parmetros e da dimenso Funcionalidade,

    para o Portal do Governo do Estado do Rio de Janeiro ..................................................... 195

  • 10

    LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 1 - Framework para avaliao de sistemas de informao proposto por SERAFEIMIDIS

    (1997) .......................................................................................................................... 43

    FIGURA 2 - Estrutura da usabilidade segundo BARBOZA et al., 2000 .................................. 48

    FIGURA 3 - O portal corporativo como um espao de trabalho e informao compartilhados por

    DETLOR (2000) ............................................................................................................. 68

    FIGURA 4 - Elementos de um modelo conceitual de portal corporativo segundo DIAS (2001) . 70

    FIGURA 5 - Componentes chave da arquitetura de um portal corporativo por TERRA &

    GORDON (2002) ............................................................................................................ 70

    FIGURA 6 Homepage do Portal Bahia para anlise do Contedo.................................... 116

    FIGURA 7 Homepage do Portal Bahia para anlise da Usabilidade ................................. 121

    FIGURA 8 Homepage do site SAC para anlise da Usabilidade ...................................... 122

    FIGURA 9 Homepage do site SacNet para anlise da Funcionalidade ............................. 125

    FIGURA 10 Pgina interna do SacNet, exibida aps a seleo de um servio, para anlise da

    Funcionalidade............................................................................................................. 127

    FIGURA 11 Homepage do Portal do Amap para anlise do Contedo............................ 131

    FIGURA 12 Homepage do Portal do Amap para anlise do Contedo, aps rolagem vertical

    da pgina .................................................................................................................... 134

    FIGURA 13 Homepage do Portal do Amap para anlise da Usabilidade......................... 137

    FIGURA 14 Homepage de site acessado a partir do Portal do Amap, com aviso da sada das

    pginas do Portal.......................................................................................................... 138

    FIGURA 15 Tela do retorno exibido pela ferramenta de busca do Portal do Amap........... 139

    FIGURA 16 Seo Servios Disponveis do Portal do Amap, para anlise da Funcionalidade

    .................................................................................................................................. 144

    FIGURA 17 Homepage do Portal do Estado de Mato Grosso para anlise do Contedo .... 148

    FIGURA 18 Homepage do Portal do Estado de Mato Grosso para anlise da Usabilidade . 154

    FIGURA 19 Homepage do Portal do Estado de Mato Grosso aps rolagem vertical da pgina

    .................................................................................................................................. 155

    FIGURA 20 Homepage do Portal do Estado de Mato Grosso para anlise da Funcionalidade

    .................................................................................................................................. 158

    FIGURA 21 Pgina de consulta a uma categoria de servios do Portal do Estado de Mato

    Grosso para anlise da Funcionalidade........................................................................... 160

    FIGURA 22 Pgina de um rgo/entidade do Estado de Mato Grosso para anlise da

    Funcionalidade............................................................................................................. 161

  • 11

    FIGURA 23 Pgina de retorno de resultados aps uso do mecanismo de busca do Portal do

    Estado de Mato Grosso para anlise da Funcionalidade ................................................... 162

    FIGURA 24 Pgina de apresentao do Projeto e-Paran, acessada a partir da homepage do

    Portal do Estado do Paran, para anlise do Contedo..................................................... 166

    FIGURA 25 Homepage do Portal e-Paran para anlise do Contedo ............................. 167

    FIGURA 26 Homepage do Portal e-Paran, aps rolagem vertical, para anlise do Contedo

    .................................................................................................................................. 169

    FIGURA 27 Homepage do Portal e-Paran para anlise da Usabilidade .......................... 173

    FIGURA 28 Pgina de retorno de pesquisa a partir do acionamento da ferramenta de busca do

    Portal e-Paran ............................................................................................................ 174

    FIGURA 29 Pgina de chat, acessada a partir do Portal e-Paran, para anlise da

    Funcionalidade............................................................................................................. 178

    FIGURA 30 Pgina de servios do Portal e-Paran, na categoria Fazenda Estadual, para

    anlise da Funcionalidade ............................................................................................. 179

    FIGURA 31 Novidades no Portal do Portal e-Paran, para anlise da Funcionalidade ..... 180

    FIGURA 32 Pgina de Servios mais acessados do Portal e-Paran, para anlise da

    Funcionalidade............................................................................................................. 181

    FIGURA 33 Homepage do Portal do Governo do Estado do Rio de Janeiro para anlise do

    Contedo..................................................................................................................... 186

    FIGURA 34 Homepage do Portal do Governo do Estado do Rio de Janeiro, na verso em

    ingls, para anlise do Contedo.................................................................................... 186

    FIGURA 35 Homepage do Portal do Governo do Estado do Rio de Janeiro, aps rolagem

    vertical, para anlise do Contedo.................................................................................. 188

    FIGURA 36 Homepage do Portal do Governo Estado do Rio de Janeiro para anlise da

    Usabilidade.................................................................................................................. 192

    FIGURA 37 Pgina com relao de e-mails no Portal do Governo Estado do Rio de Janeiro,

    para anlise da Funcionalidade ...................................................................................... 196

    FIGURA 38 Recurso de personalizao do Portal do Governo Estado do Rio de Janeiro, para

    anlise da Funcionalidade ............................................................................................. 197

    FIGURA 39 Pgina acessada a partir da homepage do Portal do Governo Estado do Rio de

    Janeiro, para anlise da Funcionalidade.......................................................................... 198

    FIGURA 40 Pgina da Estrutura de Governo do Portal do Governo Estado do Rio de Janeiro,

    para anlise da Funcionalidade ...................................................................................... 199

    FIGURA 41 Pgina de Consultas Diversas , acessadas a partir do assunto Detran , do Portal

    do Governo Estado do Rio de Janeiro, para anlise da Funcionalidade............................... 200

    FIGURA 42 Pgina de retorno com resultados de busca, para anlise da Funcionalidade.. 201

  • 12

    LISTA DE QUADROS

    QUADRO 01 Listagem de todos os portais governamentais oficiais dos Estados

    brasileiros na Web ..................................................................................................... 110

    QUADRO 02 Acompanhamento de horrios de acesso para o Portal Bahia, onde Disp.=

    Disponvel, ou seja, o Portal estava disponvel para acesso, ou no ar ............................... 123

    QUADRO 03 Acompanhamento de horrios de acesso para o Portal do Amap, onde Disp.=

    Disponvel, ou seja, o Portal estava disponvel para acesso, ou no ar ............................... 141

    QUADRO 04 Acompanhamento de horrios de acesso para o Portal do Estado de Mato

    Grosso, onde Disp.= Disponvel, ou seja, o Portal estava disponvel para acesso, ou no ar 156

    QUADRO 05 Acompanhamento de horrios de acesso para o Portal do Estado do Paran,

    onde Disp.= Disponvel, ou seja, o Portal estava disponvel para acesso, ou no ar ............ 175

    QUADRO 06 Acompanhamento de horrios de acesso para o Portal do Governo Estado do

    Rio de Janeiro, onde Disp.= Disponvel, ou seja, o Portal estava disponvel para acesso, ou no

    ar .............................................................................................................................. 194

  • 13

    RESUMO

    O trabalho tem como base uma reviso de literatura sobre o tema Governo Eletrnico, estando seu

    foco voltado mais especificamente para avaliao dos portais estaduais brasileiros para prestao

    de servios pblicos e disseminao de informaes na Web. Busca-se, a partir da avaliao de

    alguns dos portais estaduais brasileiros na Web, verificar se os mesmos esto utilizando, de fato,

    as potencialidades da Internet, se esto se constituindo em verdadeiros sistemas de

    informao/comunicao, viabilizando a execuo de servios interativos, promovendo a troca e o

    compartilhamento de informaes em ambientes cooperativos, o que bastante distinto de seu

    funcionamento apenas como repositrios estticos de informao. Trs dimenses so analisadas

    de forma a promover a avaliao dos portais estaduais brasileiros para prestao de servios

    pblicos e disseminao de informaes na Web: o contedo, a usabilidade e a funcionalidade.

    Para tanto, foi utilizado um instrumento de avaliao construdo com base na literatura existente e

    na opinio de especialistas em cada uma das dimenses de anlise propostas. Os resultados

    obtidos permitiram concluir que, de fato, todos os portais analisados no presente trabalho incluem

    um ou mais mecanismos de informao que provem acesso a variados corpos de conhecimento

    relacionados aos governos estaduais, com o objetivo de levar informaes aos cidados podendo,

    assim, ser considerados como sistemas de informao. Mas quando se pensa, entretanto, que os

    sistemas de informao devem tambm ser entendidos como sistemas de comunicao, no

    sentido de no serem apenas repositrios estticos de informao, mas tambm canais de

    comunicao, percebe-se que os portais estaduais apresentam grandes deficincias, viabilizando

    uma comunicao em um nico sentido (Governo ! Cidado), no proporcionando a efetiva

    participao dos cidados, fato que seria plenamente vivel levando-se em considerao as

    potencialidades trazidas pela tecnologia. O trabalho permitiu perceber claramente que a

    subjetividade, to discutida pelos autores que abordam o tema avaliao de sistemas de

    informao, mesmo uma questo problemtica e, mais importante ainda, inegvel, tendo sido

    claramente sentida durante todo o processo de execuo da presente avaliao. O trabalho

    permitiu ainda concluir que os portais estaduais de Governo Eletrnico para prestao de servios

    pblicos e disseminao de informaes na Web precisam se constituir em instrumentos a servio

    do cidado, viabilizando o fortalecimento da vida democrtica, uma vez que a Internet uma mdia

    que propicia um permanente processo de aprendizado, concretizando as possibilidades de

    intercmbio, de comunicao e cooperao que caracterizam a sociedade informacional baseada

    no conhecimento.

  • 14

    ABSTRACT

    Electronic Government is the theme of this work wich aims at creating an evaluation instrument and

    evaluating Brazilian States portals for public service delivery and dissemination of information in the

    Web. The work intended to verify if Brazilian States portals are utilizing, in fact, the potential of the

    Internet, if they are really becoming information and communication systems, making interactive

    services viable, promoting the exchange and sharing of information in cooperative environment.

    These functions are very distinct from only a static replacement of information. Three dimensions

    are analyzed in order to promote the evaluation of the Brazilian State portals as means to deliver

    public services and disseminate information on the Web: content, usability and functionality. For this

    purpose, an instrument of evaluation was built based on the existing literature and the opinion of

    specialists in each dimension of proposed analyses. The results obtained led us to conclude that, in

    fact, every single portal analyzed in this present work include one or more mechanisms to provide

    access to citizens about different fields of knowledge related to State governments. Therefore, they

    can be considered as information systems. However, the State portals show great deficiencies as

    channels of communication, making viable communication in only one way (Government!Citizen),

    and do not provide the effective participation of the citizens. In addition, the work allowed us to

    clearly understand the problem of subjectivity in evaluation, so discussed by the authors that broach

    the information system evaluation theme. It is an undeniable fact, being clearly felt throughout the

    whole process of the present evaluation. The work furthermore allowed us to conclude that the

    State portals for public service delivery and dissemination of information in the Web need to

    constitute themselves a tool at citizens service, contributing to strengthen democratic life. These

    States portals should take advantage of the possibilities the techonology provides, as it is known

    that the Internet is a media that allows a permanent process of learning, and offer the possibilities of

    interchange, communication and cooperation that characterize the informational society based on

    knowledge.

    Keywords: Electronic Government; Portals; Web; Communication; Usability; Functionality; Content;

    Evaluation; Information Systems.

  • 15

    Introduo

    A prpria vida nos ensina que nada melhor do que o tempo e um certo

    distanciamento dos fatos e situaes, para que possam ser melhores sua anlise e

    compreenso. Isso no impede, entretanto, que sejam buscadas explicaes e um

    entendimento maior dos fenmenos, mesmo que os estejamos vivenciando aqui e agora.

    Afinal, como afirma KUHN (2000), o desenvolvimento torna-se o processo gradativo

    atravs do qual esses itens (fatos, teorias e mtodos) foram adicionados, isoladamente ou

    em combinao, ao estoque sempre crescente que constitui o conhecimento e a tcnica

    cientficos (KUHN, 2000, p.20). Tambm CASTELLS (2000) acredita que apesar de uma

    longa tradio de alguns eventuais erros intelectuais trgicos, observar, analisar e teorizar

    um modo de ajudar a construir um mundo diferente e melhor (CASTELLS, 2000, p.24).

    Essa justamente a proposta desse trabalho: buscar compreender um movimento

    que vem crescendo enormemente, que toma corpo agora, tendo despontado no mundo

    no incio da dcada de 90 e, no Brasil, apenas em meados da dcada de 90. Tratam-se

    dos Governos Eletrnicos e de sua anlise a partir da perspectiva do uso que os governos

    fazem da Internet. O foco da presente pesquisa estar voltado mais especificamente para

    avaliao dos Websites1 ou portais estaduais brasileiros para prestao de servios

    pblicos e disseminao de informaes na Web2.

    Na realidade, o desafio torna-se ainda maior quando se pensa que para viabilizar

    esse estudo, ter que ser empreendida a anlise de uma nova mdia a Internet - que

    parece implodir algumas premissas j fortemente estabelecidas e aceitas entre ns. A

    Internet, seu contedo, suas possibilidades e potencialidades se constituem em um

    conhecimento ainda em processo de construo. Nesse sentido, pode-se afirmar logo de

    incio: esse trabalho estar, inegavelmente, em permanente construo.

    1 Websites so pginas ou conjuntos de pginas, criadas em linguagem de hipertexto, que podem serlocalizadas por endereos eletrnicos na Internet. Termo genrico que designa uma rea de informaes naInternet (RABAA & BARBOSA, 2001).2 A Web, verso mais simplificada de World Wide Web, ou WWW, um conjunto de documentos, disperso emmilhes de computadores ao redor do mundo, que pode conter textos, imagens, sons e outros tipos de dadose que pode ser caracterizado como um sistema de hipertexto ou hipermdia pelos links, ou seja, pelos vnculoscom outros documentos que contm (CENDN, 2000).

  • 16

    Se a Internet ainda esse territrio que comea a ser explorado, os Governos

    Eletrnicos, analisados aqui a partir da perspectiva do uso que os governos fazem da

    Internet, tambm se apresentam como objetos de estudo que precisam ser bastante

    observados e avaliados, sendo essa condio bsica para seu aprimoramento.

    Nesse momento torna-se importante dizer que, para efeito do presente trabalho, a

    Internet entendida como uma fonte de informao e um canal de comunicao,

    considerando-se os portais dos governos estaduais brasileiros para prestao de servios

    pblicos e disseminao de informaes na Web, cada qual como um sistema de

    informao. Para tornar claro o conceito de sistema de informao que aqui est sendo

    considerado, cita-se ALLEN (1996):

    Um sistema de informao um sistema de entidades relacionadas(incluindo um ou mais mecanismos de informao) que prov acesso a um oumais corpos de conhecimento e atua como um mecanismo atravs do qualindivduos podem informar outras pessoas ou serem informados (ALLEN, 1996,p.05).

    Segundo ALLEN (1996), tipicamente pessoas fornecem informaes a outras

    pessoas atravs da comunicao que estabelecem com elas. Baseado nisso, o autor

    afirma que os mecanismos que possibilitam que as pessoas se informem e forneam

    informao podem ser vistos como meios de comunicao.

    assim que ALLEN (1996) considera os sistemas de informao como sendo

    tambm sistemas de comunicao, segundo ele um importante conceito em

    desenvolvimento no campo da Cincia da Informao .

    ARAJO (1996) tambm define sistemas de informao como sistemas de

    comunicao:

    Sistemas de informao so aqueles que, de maneira genrica, objetivama realizao de processos de comunicao. (...). Nesses sistemas, documentoscontm informao potencial e so formalmente organizados, processados erecuperados com a finalidade de maximizar o uso da informao (ARAJO, 1996,p.48).

    Como aponta a autora, entende-se que sendo os sistemas de informao, um tipo

    de sistema de comunicao, eles se destacam pela possibilidade do uso inteligente da

  • 17

    tecnologia da informao para maximizar no somente o acesso e uso de documentos,

    mas tambm para encontrar novas formas de satisfazer e, at de antecipar, as demandas

    da sociedade ps-industrial (ARAJO, 1996).

    ento nesse sentido que se buscar analisar do uso da Internet pelos governos

    para a prestao de servios e disseminao de informaes para o cidado,

    disseminao aqui entendida no sentido da comunicao3. Como ser abordado

    posteriormente no captulo que trata da Internet, busca-se verificar se os portais estaduais

    brasileiros para prestao de servios pblicos e disseminao de informaes na Web

    esto utilizando, de fato, as potencialidades da Internet, se esto se constituindo em

    verdadeiros sistemas de informao/comunicao, viabilizando a execuo de servios

    interativos, promovendo a troca e o compartilhamento de informaes em ambientes

    cooperativos, o que bastante distinto de seu funcionamento apenas como repositrios

    estticos de informao.

    Nessa perspectiva - da anlise da Web como um grande sistema de comunicao

    entre governos e cidados - o objetivo do presente trabalho promover a avaliao de

    alguns dos portais estaduais brasileiros para prestao de servios pblicos e

    disseminao de informaes na Web, buscando verificar se as potencialidades4

    apontadas pela literatura esto, de fato, sendo exploradas.

    Para que se possa atingir o objetivo almejado, alguns passos sero necessrios e

    eles sero norteados por algumas perguntas, a saber:

    1 - Quais so as peculiaridades das fontes eletrnicas de informao e o que isso

    significa no processo de estruturao e manuteno desses sistemas de informao?

    2 - Quais so as especificidades dos Governos Eletrnicos e o que elas podem

    determinar no processo de construo de Websites?

    3 - Quais os critrios devem ser adotados para a avaliao de Websites de uma

    forma geral?

    3 Entenda-se comunicao no sentido etimolgico da palavra, ou seja, o sentido que introduz a idia decomunho, comunidade. Comunicao palavra derivada do latim communicare, cujo significado seria tornarcomum , partilhar , repartir , associar , trocar opinies , conferenciar , o que implica participao, troca demensagens, emisso ou recebimento de informaes novas.4 fundamental que se faa aqui a ressalva de que para efeito do presente trabalho, entende-se porpotencialidades os aspectos estruturais dos sistemas de informao que viabilizam a prestao de servios edisseminao de informaes, e no os aspectos que se referem promoo da cidadania ou da democracia,de reconhecida importncia, porm fora dos objetivos desse trabalho.

  • 18

    4 - Quais so as peculiaridades de um portal na Web?

    5 - Quais os critrios devem ser adotados para a avaliao de portais

    governamentais, entendidos como sistemas de informao/comunicao?

    Trs dimenses distintas sero analisadas de forma a promover a avaliao dos

    portais estaduais brasileiros para prestao de servios pblicos e disseminao de

    informaes na Web: o contedo, a usabilidade e a funcionalidade. A anlise da literatura

    sobre avaliao de Websites mostra que os aspectos do contedo e da usabilidade

    (facilidade de uso) so imprescindveis para uma avaliao, sendo que a bibliografia

    consultada se atm, em sua grande maioria, a essas duas nicas dimenses. Como o

    presente trabalho estar promovendo a avaliao de alguns dos portais estaduais

    brasileiros para prestao de servios pblicos e disseminao de informaes na Web,

    buscando mostrar as diferenas existentes entre as peculiaridades de um Website e de

    um portal eletrnico na Web, a dimenso da funcionalidade tambm se faz imprescindvel,

    pois ela que revelar a existncia ou no existncia de um conjunto de funes e suas

    propriedades.

    A relevncia do estudo est em seu carter de novidade, uma vez que os estudos

    disponveis no pas se incubem de analisar Websites isoladamente, podendo-se observar,

    at o momento, a pouca quantidade de estudos sobre portais na Web, mesmo porque a

    estruturao de portais governamentais fenmeno bastante recente. Outro fator que

    colabora para justificar a realizao de um estudo dessa natureza a necessidade de

    divulgar a disponibilidade dos servios e informaes governamentais na Web para os

    cidados, porm de forma crtica, isenta e responsvel.

    Algumas limitaes j devem ser ressaltadas de imediato, a exemplo da

    necessidade de estabelecimento de vrios recortes no objeto de estudo, que se apresenta

    com um nvel elevado de complexidade (ao longo do prximo captulo se buscar mostrar

    essa complexidade). Uma vez que se estar avaliando mais enfaticamente o Contedo, a

    Usabilidade e a Funcionalidade dos portais estaduais brasileiros para prestao de

    servios pblicos e disseminao de informaes na Web, o estudo no ter a pretenso

    de discutir muito profundamente, como j foi dito, aspectos relacionados ao seu uso para

    a promoo da cidadania, da democracia, da relao dos Governos Eletrnicos com o

  • 19

    conceito de accountability5 do Estado ou mesmo a discusso mais aprofundada do papel

    do Estado como prestador de servios.

    Outro ponto que merece ser destacado o fato de que houve mudana nos

    Governos Estaduais ao longo do perodo de realizao da pesquisa, o que poderia trazer

    algum impacto, prevendo-se a possibilidade de alteraes de verso dos portais

    eletrnicos na Web. De qualquer forma, os portais no foram desativados ou retirados do

    ar, o que realmente inviabilizaria a pesquisa.

    De fato, a avaliao de Websites tarefa rdua, com resultados que deterioram-se

    facilmente com o tempo, uma vez que os mesmos tm, por caracterstica de sua

    natureza, a constante adequao. Essa , de qualquer forma, uma limitao do estudo:

    seu carter efmero, com a possibilidade de apenas revelar um retrato dos Governos

    Eletrnicos em uma determinada fase. Porm, vale dizer que talvez o resultado final mais

    importante da pesquisa seja o processo de avaliao dos portais eletrnicos na Web, com

    o estabelecimento de critrios e sua aplicao, e no os resultados em si.

    O presente trabalho est dividido em sete partes distintas. Na que se segue

    (Captulo 1), ser abordado o tema Governo Eletrnico, buscando-se dar uma definio

    ao termo, mostrando-se a complexidade do assunto e as iniciativas em curso no pas e no

    exterior. No Captulo 2, a Internet ser abordada como fonte de informao e como canal

    de comunicao. Passa-se ento para o Captulo 3, com a avaliao de recursos

    informacionais e servios na Web, utilizando-se como base para tal, as dimenses anlise

    de Contedo, Usabilidade e Funcionalidade. No Captulo 4, a metodologia adotada

    apresentada, assim como a listagem de critrios para avaliao de portais

    governamentais na Web, estruturada aps a reviso de literatura. Os resultados obtidos a

    partir da aplicao dos critrios de anlise a uma amostra de portais estaduais brasileiros

    de Governo Eletrnico na Web esto demonstrados no Captulo 5. A discusso dos

    resultados est apresentada no Captulo 6. O Captulo 7 traz as consideraes finais,

    assim como sugestes para trabalhos futuros.

    5 Citado na forma inglesa por no haver traduo na lngua portuguesa, o termo accountability refere-se aoconjunto de mecanismos e procedimentos que levam os decisores governamentais a prestar contas dosresultados de suas aes, garantindo-se maior transparncia e a exposio pblica das polticas pblicas.

  • 20

    1. Governo Eletrnico

    Apesar de se configurar como um fenmeno relativamente novo6, o tema Governo

    Eletrnico vem sendo largamente debatido, com uma vasta quantidade de informaes

    produzidas a esse respeito, seja pelos prprios organismos governamentais, por

    empresas de tecnologia prestadoras de servio e fornecedoras de solues, por

    empresas de consultoria e pela comunidade acadmica.

    A este cenrio de grande variedade de informaes produzidas por fontes diversas

    certamente com interesses tambm bastante diversos soma-se ainda a complexidade

    do tema, que apresenta uma srie de facetas, cuja anlise isolada pode contribuir para a

    construo de uma viso distorcida do assunto.

    com total clareza acerca da complexidade do tema Governo Eletrnico e

    conscincia da impossibilidade de abordar, no presente trabalho, todas as suas facetas,

    que se buscar trazer algumas breves contribuies para o melhor entendimento do

    assunto, focando o uso da Internet e, mais especificamente, dos portais estaduais

    brasileiros para prestao de servios pblicos e disseminao de informaes na Web,

    por parte dos governos.

    importante que se faa, antes de qualquer exposio, uma observao relativa

    aos termos utilizados ao longo do trabalho. O termo Governo Eletrnico, em ingls

    Electronic Government, possui, na lngua inglesa, uma expresso simplificada e-

    government que comumente utilizada. A expresso ganhou uma verso em

    portugus e-governo e tambm uma abreviatura freqentemente encontrada tanto

    em portugus como em ingls e-gov. Na realidade, para efeito do presente trabalho,

    considera-se que todos os termos acima expostos tm o mesmo significado, sendo

    apenas verses diferentes para um mesmo conceito.

    6 No Brasil e em outros pases a presena de rgos governamentais na Internet, por exemplo, comeou a serefetivamente verificada a partir da dcada de 90.

  • 21

    1.1- O desafio proposto pelas tecnologias da informao e da

    comunicao para a administrao pblica

    A acelerada evoluo das tecnologias da informao e comunicao (TIC's) e sua

    aplicao nos mais diversos aspectos da realidade social tm se apresentado como

    verdadeiros desafios a serem enfrentados nos dias de hoje. Na ltima dcada,

    principalmente, tornou-se evidente o desafio proposto pelas TIC's para o gerenciamento

    pblico e o governo (FREY, 2000).

    No h qualquer dvida acerca da importncia das TICs para os governos e a

    administrao pblica, realidade que j impera por longa data. De fato, os recursos

    tecnolgicos e sua utilizao so, h muito, parte integrante do setor pblico, sendo a

    comprovao mais primria disso, a existncia das empresas pblicas estaduais e

    tambm municipais de processamento de dados. Essas empresas, responsveis - no

    momento de sua criao - por planejar, desenvolver e administrar os sistemas

    governamentais de informtica e informao, j ultrapassaram, em sua maioria, a marca

    de trs dcadas de existncia e forte atuao nos Estados e Municpios. O Serpro -

    Servio Federal de Processamento de Dados - completou, em 2002, 38 anos de

    fundao.

    Isto exposto, porque dizer ento que as tecnologias de informao e comunicao

    se apresentam como um novo desafio para os governos?

    Como afirma CASTELLS (2000), a inovao nas tecnologias de informao criou

    o potencial para existncia de fluxos de informao bidirecional, tornando possvel que a

    sociedade civil controle o Estado sobre princpios democrticos, sem paralisar

    necessariamente sua efetividade como agncia de interesse pblico .

    O que parece se caracterizar como um novo desafio , na realidade, a

    necessidade de atuao dos governos em um novo cenrio, marcado por novas

    exigncias impostas pelos cidados e, de forma muito acentuada, pela prpria

    multiplicidade e velocidade de desenvolvimento das solues tecnolgicas, que acabam,

    por sua vez, impondo aos gestores pblicos a realizao de uma anlise ainda mais

  • 22

    criteriosa dos objetivos, estratgias e metas dos governos para o uso das inmeras

    possveis solues tecnolgicas.

    1.2 - Governo Eletrnico: a complexidade do tema

    Segundo JARDIM (2000), a noo de Governo Eletrnico ainda emergente,

    derivada mais da experincia de alguns governos de pases centrais que da pesquisa

    acadmica, carecendo ainda de verticalizao terica .

    Alguns trabalhos, entretanto, j vm sendo produzidos, abordando diversos temas

    de extrema importncia que surgem quando se fala sobre Governo Eletrnico. Alm de

    invivel, seria tambm pouco produtivo empreender uma tentativa de citar os trabalhos,

    nacionais e internacionais, que abordam os muitos aspectos do tema.

    LENK & TRAUNMLLER (2000) usam a metfora do iceberg para falar da

    complexidade do tema Governo Eletrnico, afirmando que apenas a ponta desse enorme

    iceberg analisada quando se aborda e-gov como sendo apenas a oferta de servios

    governamentais por meio de recursos eletrnicos ou o favorecimento da prtica

    democrtica pelo uso desses instrumentos. Para os autores, Governo Eletrnico se

    baseia em um redesenho fundamental das interaes entre os cidados e o governo, que

    leva a uma reorganizao dos processos de negcio da administrao pblica. A partir

    disso, LENK & TRAUNMLLER (2000) propem um framework, ou seja, uma espcie de

    modelo para Governo Eletrnico, que segundo eles, deve ser desenvolvido a partir de

    quatro perspectivas:

    Perspectiva do destinatrio, na qual a interface com a qual o cidado serelacionar com a administrao pblica particularmente proeminente;

    Perspectiva do processo, na qual a reorganizao dos processos, a partirdo uso de todos os recursos, humanos e tecnolgicos, fundamental;

    Perspectiva da cooperao, que complementa a perspectiva do processoespecialmente atravs da tele-cooperao e dos esforos colaborativos, aexemplo de reunies, negociaes e deliberaes;

  • 23

    Perspectiva do conhecimento, que destaca o gerenciamento dainformao e do conhecimento como principal ativo na maior parte das situaesrelativas ao setor pblico (LENK & TRAUNMLLER, 2000, p. 271 - traduonossa).

    Definir o exato significado do termo Governo Eletrnico , de fato, tarefa bastante

    difcil. Diferentes abordagens puderam ser identificadas a partir da reviso de literatura

    realizada sobre o tema e, em cada uma delas, proposta uma definio diferente para o

    termo. Talvez justamente por essa complexidade, a tarefa de definir Governo Eletrnico

    no tenha sido empreendida neste trabalho at o momento. De qualquer forma, esto

    listadas, na seo de Anexos do presente trabalho (Anexo 1), algumas definies para o

    termo encontradas nas diversas publicaes consultadas no decorrer do estudo.

    Dentre as inmeras definies propostas, so muito freqentes aquelas que se

    referem a Governo Eletrnico como sendo a aplicao de mtodos de e-business no setor

    pblico:

    O e-governo prov uma viso e uma estratgia para a criao de um ambiente detransformao das atividades do governo pela aplicao de mtodos do e-business no mbito do setor pblico . (MENTZAS, APOSTOLOU & ABECKER,2001 traduo nossa).

    Essas noes so mais freqentemente encontradas em trabalhos de

    pesquisadores oriundos da rea de pesquisa tecnolgica, com ateno voltada

    construo de aplicaes e desenvolvimento de sistemas e de ferramentas eletrnicas

    que viabilizem as prticas de e-business e de Governo Eletrnico. Porm, mesmo junto a

    esses pesquisadores, j se pode notar uma preocupao em perceber as peculiaridades

    do setor pblico como nica forma de desenvolver aplicaes que, mesmo que sejam

    baseadas nos conceitos de e-business, possam ser teis e apropriadas para os governos

    (TRAUNMLLER & LENK, 2001; ASOH, BELARDO & NEILSON, 2002).

    No h dvidas de que o e-business no mbito dos Governos necessita deconsideraes prprias e distintas em relao a seu design (TRAUNMLLER &LENK, 2001- traduo nossa).

  • 24

    A complexa relao entre tecnologia da informao e Governo estcomeando a se tornar um importante foco de pesquisa acadmica em camposcomo o da Administrao Pblica, Comportamento Organizacional, Cincia daInformao e Inovao Tecnolgica. Apesar de que, com base em um primeiroolhar, iniciativas de e-governo, assim como as tecnologias que permeiam a prticagovernamental, possam se assemelhar com aquelas advindas do setor privadosob a denominao de e-Commerce ou e-Business, a agenda de pesquisas parae-governo no pode ser idntica sua contrapartida no setor privado (SCHOLL,2002 traduo nossa).

    Aps a verificao das diversas definies propostas por autores distintos,

    percebe-se que o termo Governo Eletrnico parece indicar todo um esforo de

    modernizao que resulta na multiplicao das formas de acesso aos governos. Nesse

    sentido, destaca-se a definio proposta por JARDIM (2000), que utilizada como guia

    para o presente trabalho:

    Em linhas gerais, o Governo Eletrnico expressa uma estratgia pela qualo aparelho de Estado faz uso das novas tecnologias para oferecer sociedademelhores condies de acesso informao e servios governamentais,ampliando a qualidade desses servios e garantindo maiores oportunidades departicipao social no processo democrtico (JARDIM, 2000).

    Como afirma JARDIM (2000), considera-se que o Governo Eletrnico pode

    ampliar a efetividade dos governos em quatro aspectos, que seriam: 1) maior facilidade,

    por parte da sociedade, de ter suas perspectivas consideradas pelos governos na

    (re)definio das polticas pblicas; 2) obteno, tambm por parte da sociedade, de

    melhores servios das organizaes governamentais; 3) disponibilidade de servios mais

    integrados, j que as diferentes organizaes sero capazes de se comunicar mais

    efetivamente entre si; 4) melhores nveis de informao, por parte da sociedade, que

    poder obter informao atualizada e compreensvel sobre o governo, leis, regulamentos,

    polticas e servios.

    Sabe-se, porm, que tudo isto algo que est alm do simples uso da Internet.

    Dessa maneira, refora-se aqui a crena de que avaliar as iniciativas dos governos em

    projetos de e-gov envolve muito mais do que simplesmente verificar o grau de

    implementao de seus Websites ou de seus portais na Web, sua funcionalidade,

    usabilidade ou a anlise de seu contedo.

  • 25

    Contudo, no h dvidas de que, em funo da Internet ter emergido como uma

    das mais prevalentes formas de comunicao dentro e entre as organizaes pblicas

    (HUANG & CHAO, 2001), e tambm por oferecer condies necessrias para uma

    democratizao da vida poltica da sociedade7 (EISENBERG, 1999) e para uma

    solidificao da prtica democrtica (FREY, 2000), o estudo do seu uso pelo poder

    pblico se reveste de grande importncia nos dias atuais. Como afirma GONZLEZ DE

    GOMZ (2002), a Internet estrutura decisiva dos governos eletrnicos .

    Dessa forma, estabelece-se aqui um corte, destacando-se que o presente trabalho

    estar analisando as iniciativas de Governo Eletrnico nos estados brasileiros, a partir da

    perspectiva do uso que fazem da Internet, mais especificamente da avaliao de seus

    Websites ou portais na Web.

    1.3 - Governo Eletrnico: os Governos e a Internet

    Segundo STOWERS (1999), a pesquisa emprica acerca da atividade poltica e

    governamental na Internet est ainda em seu incio, mas pode-se perceber claramente

    que ambas tm sido utilizadas para promover a comunicao, alm de outros benefcios

    internos aos governos. Mais especificamente, a construo e o gerenciamento de

    Websites vm se tornando elementos essenciais da moderna administrao pblica

    (HUANG & CHAO, 2001).

    O fenmeno dos governos na Web promete mudar a forma como osgovernos interagem com os cidados, como eles provem servios aos cidados eat mesmo como o processo democrtico se revela (STOWERS, 1999, p.124 traduo nossa).

    STOWERS (1999) afirma que existem vrios elementos comuns presentes no uso

    da Web pelos governos. O autor ressalta que so vrias as categorias de uso da Internet

    pelos governos, incluindo acesso a informaes (publicao de informaes), acesso a

    7 Note-se que, como afirma o autor, o potencial democratizante da Internet no inerente ao meio decomunicao eletrnica, como advogam alguns de seus defensores, mas apenas um potencial que, para serealizar, requer uma interveno ativa daqueles interessados em convert-la em um instrumento dedemocracia (EISENBERG, 2000, p.17).

  • 26

    documentos (formulrios disponveis para download8), acesso informao interativa

    (acesso a bases de dados on-line), preenchimento de formulrios interativos on-line,

    comunicao com representantes eleitos e discusses interativas.

    Segundo EISENBERG (1999), existem quatro principais formas de o poder pblico

    utilizar a Internet e, dentre elas, est a prestao de servios e informaes populao.

    Para o autor, do ponto de vista da informao e servios pblicos, a Internet pode

    contribuir para a democratizao do Estado tanto no nvel nacional e estadual quanto no

    nvel municipal, uma vez que este tipo de atividade no peculiar a nenhum dos nveis de

    organizao do poder pblico (EISENBERG, 1999, p.11).

    SILVEIRA (2001), baseando-se no documento de lanamento do Programa

    Sociedade da Informao (1999), do Governo Federal Brasileiro, afirma que existem trs

    tipos de presena de organizaes pblicas na Internet:

    - oferecimento apenas de informaes institucionais;

    - prestao de servios relevantes de download de informaes para o usurio;

    - prestao de servios pblicos em tempo real e de forma interativa com o

    cidado (SILVEIRA, 2001, p.82).

    Segundo EISENBERG (1999), a Internet permite uma significativa

    desburocratizao da relao dos poderes pblicos com os cidados, agilizando o

    pagamento de tributos, encargos e servios do poder pblico. O autor lembra que ainda

    existem diversos problemas jurdicos para tal, em particular os referentes validade de

    documentos e recibos emitidos eletronicamente, mas passos no sentido de adequar a

    estrutura jurdica do poder pblico j esto sendo tomados nos diversos nveis

    governamentais e locais nos quais esses projetos esto sendo implementados

    (EISENBERG, 1999, p.11).

    8 Download: transferncia de dados ou programas de um computador para outro - geralmente de umcomputador de grande porte para o computador do usurio, via Internet (RABAA & BARBOSA, 2001).

  • 27

    Mas ele prprio faz uma crtica, dizendo que o modelo de utilizao da Internet

    pelas organizaes pblicas para a prestao de servios est em continuidade com uma

    concepo de servios de atendimento ao pblico que reproduz o papel de divulgao de

    informao j exercido por outros meios de comunicao impressos e audiovisuais.

    A nica real contribuio da Internet a esta concepo refere-se suacapacidade de simplificar e agilizar os servios burocrticos, j que ela capaz deajudar a resolver problemas como o das filas nas reparties pblicas(EISENBERG, 1999, p.13).

    Ainda segundo EISENBERG (1999), a Internet tambm permite uma ampliao

    significativa do acesso informao governamental, de forma que organizaes pblicas

    podem fazer com que a informao sobre suas atividades e decises tomadas chegue de

    maneira mais gil ao conhecimento tanto dos meios de comunicao de massa, quanto

    dos cidados com acesso rede.

    Inmeros experimentos neste sentido apontam para o poder deste novomeio. Atravs da Internet, pode-se acompanhar processos eleitorais ao vivo,permitindo, portanto, um maior controle contra fraudes eleitorais durante a fase deprocessamento dos resultados. Ela tambm permite um acompanhamento dapauta e das decises do Legislativo (...). No mbito do Executivo, a Internet facilitao esclarecimento de dvidas sobre informaes fiscais e burocrticas, assim comoo acompanhamento de obras e consertos agendados pelo poder pblico(EISENBERG, 1999, p.10,11).

    Mas como alerta SILVEIRA (2001), a busca por oferecer maior possibilidade de

    controle e transparncia no se constitui na nica motivao do governo para oferecer

    servios e informaes via Internet.

    Em tempos de recursos pblicos escassos e uma demanda crescente dasociedade, a possibilidade de aumentar o atendimento sociedade sem ocorrespondente incremento nos recursos historicamente alocados para esse fim pessoal, instalaes e equipamentos impulsiona e alimenta o esforo dogoverno (SILVEIRA, 2001, p.82).

    Alm do aspecto destacado por SILVEIRA (2001), vale citar tambm o aspecto do

    potencial de reduo de custos na prestao de servios mediante o uso da Web,

  • 28

    apontado em estudo realizado pela PriceWaterhouseCoopers9. Nesse estudo foram

    analisados seis casos que ilustraram o uso da Web para a prestao de servios e

    disseminao de informaes por governos estaduais americanos e, com base nos

    resultados obtidos, os autores afirmam:

    Alguns analistas de operaes governamentais tm considerado a Webcomo uma fora potencialmente revolucionria na prestao de servios. Estetrabalho denota que o impacto da rede na prestao de servios governamentaisser gradativo e incremental, resultando em melhorias graduais e de pequenaescala nos servios. (...) Em alguns casos, o custo da prestao do serviodiminuir; por outro lado, quando ocorrerem erros ou quando forem oferecidospontos adicionais de acesso a fim de agradar aos cidados, o custo da prestaode servio aumentar . (PriceWaterhouseCoopers, 2001, p.13).

    1.4 - Governo Eletrnico: as abordagens internacionais

    Segundo a UNDP United Nations Development Programme (2001), podem ser

    identificados quatro estgios distintos no movimento dos pases em direo ao Governo

    Eletrnico, que seriam:

    Estgio 1 Publicao de informaes: Os Websites publicam

    informaes gerais e formulrios on-line que podem ser impressos. um

    sistema de comunicao em um nico sentido.

    Estgio 2 Interao: Os Websites possibilitam a realizao de pesquisas

    de informaes e formulrios podem ser completados on-line.

    Estgio 3 Troca de valores: Os Websites possibilitam uma troca de

    valores, com o pagamento e recebimento de taxas pblicas de maneira on-

    line.

    Estgio 4 Servios integrados e troca: Portais que integram uma srie

    de servios baseados em necessidades e funes, no em departamentos,

    rgos ou agncias governamentais.

    9 O estudo da PriceWaterhouseCoopers, intitulado A Utilizao da Internet na Prestao de ServiosGovernamentais assinado por Steven Cohen e por William Eimicke, da Escola de Assuntos Pblicos eInternacionais da Columbia University.

  • 29

    Uma outra classificao para a medio do progresso dos pases dada pela

    United Nations Division for Public Economics & Public Administration que, juntamente com

    a American Society for Public Administration ASPA, est realizando uma pesquisa

    global sobre e-governo10. Para o propsito dessa pesquisa da qual o Brasil j faz parte -

    a UN/ASPA (2001) identificaram cinco categorias distintas que so:

    Presena na Web Emergente: Um pas precisa ter um nico ou alguns

    Websites oficiais em nvel nacional, que ofeream informaes estticas

    para o usurio e que sirvam como ferramenta para assuntos pblicos.

    Presena na Web Aprimorada: O nmero de pginas Web

    governamentais cresce de maneira que as informaes se tornam mais

    dinmicas, com os usurios tendo mais opes de informao para acesso.

    Presena na Web Interativa: Uma troca mais formal entre usurios e

    servios governamentais acontece, com opo de download de

    formulrios, e aplicaes sendo submetidas on-line.

    Presena na Web Transacional: Usurios podem facilmente acessar

    servios priorizados de acordo com suas necessidades, podendo conduzir

    transaes formais on-line, como pagamento de taxas.

    Presena na Web totalmente Integrada: A completa integrao de todos

    os servios governamentais on-line atravs de um portal que seja um ponto

    nico de entrada.

    Alguns trabalhos j abordam as diferenas de estgios de implantao de

    iniciativas de Governo Eletrnico entre os pases. OBERER (2002), em um trabalho sobre

    o estado da arte do Governo Eletrnico nos pases da Unio Europia - UE, mostra os

    aspectos negativos e positivos das iniciativas em pases como a ustria, tida como um

    dos lderes desse movimento na UE. Tambm recebe destaque em seu trabalho a

    10 Outras informaes sobre a pesquisa global sobre e-governo podem ser obtidas no endereohttp://www.unpan.org/egov/ .

  • 30

    Austrlia, que segundo o autor, pode ser considerada um dos pases pioneiros em

    Governo Eletrnico no mundo.

    O Governo do Canad possui um programa de Governo Eletrnico bastante

    avanado e, como afirma DETLOR (2002), planeja ser o governo mais eletronicamente

    conectado a seus cidados no mundo, at o ano de 2004 .

    De acordo com o relatrio Rhetoric vs Reality Closing the Gap (2001)11, que

    avaliou as iniciativas de Governo Eletrnico em 22 pases, o Brasil est entre os 20

    pases mais avanados no mundo no que se refere a e-gov. Esse relatrio traz, entre

    suas concluses, a emergncia dos portais como o mais marcante esforo de

    desenvolvimento dos programas de e-gov no mundo, visto que muitos governos comeam

    a reconhecer que no uma estratgia adequada fazer com que os cidados visitem

    vrios Websites individuais para requerer um servio ou uma informao. De acordo com

    o relatrio, os portais tm crescido em importncia e os pases lderes nos programas de

    Governo Eletrnico j comearam a consolidar sua oferta de servios on-line atravs

    dessa forma de presena na Web, que o relatrio chama de a prxima gerao de

    presena dos governos na Web .

    A preocupao em ter a clareza acerca do que, de fato, os cidados querem de

    seus governos no tocante sua presena na Web tambm tem movido muitos pases a

    realizarem pesquisas12 que possam embasar e dar maior autoridade ao desenvolvimento

    de suas iniciativas de Governo Eletrnico.

    1.5 - Os Governos, a Internet e o cidado

    Segundo SILVEIRA (2001), o governo utiliza a Internet como instrumento de

    aproximao com a sociedade por meio da prestao de servio e disponibilizao de

    informaes ao mesmo tempo em que amplia sua capacidade operacional e sua rea

    de cobertura.

    11 Rhetoric vs Reality Closing the Gap pode ser acessado em http://www.accenture.com.12 Pesquisas interessantes so What Citizens Want from E-Government (2000), disponvel emhttp://www.ctg.albany.edu e The rise of E-Citizen How people use government agencies Websites(2002), disponvel em http://www.pewinternet.org/reports/toc.asp?Report=57.

  • 31

    O que muitos autores ressaltam quando se fala da Internet a sua peculiaridade

    no que se refere ao seu potencial de interatividade e de personalizao. Outro aspecto

    destacado em relao nova mdia o seu potencial democratizante de acesso

    informao:

    Atualmente, a Internet vista como o canal de comunicao deinformaes que obteve o maior sucesso dos ltimos tempos, transformando-senum problema relevante para a pesquisa na rea da Cincia da Informao(ARAJO & FREIRE, 1996, p.51-52).

    A Web pode ser considerada um meio de comunicao de massamultifacetado, que contm muitas diferentes configuraes de comunicao(MORRIS & ORGAN, 1996).

    justamente nesse sentido, da anlise da Web como instrumento de

    disseminao de informaes (comunicao) e como ferramenta para a prestao de

    servios, que estar sendo promovida a avaliao dos portais dos Governos Estaduais

    Brasileiros na Web, buscando-se verificar se as potencialidades apontadas pela literatura

    esto, de fato, sendo exploradas.

    Mas antes de passar a uma necessria anlise da literatura sobre avaliao de

    fontes de informao na Web e sobre a funcionalidade de sistemas de informao para a

    prestao de servios on-line, para que se possa ento, empreender a avaliao dos

    portais eletrnicos governamentais, fundamental que se aborde a questo da

    comunicao na esfera pblica, como proposto por JARDIM (1999). Citando Zemor,

    JARDIM (1999) afirma que a comunicao pblica se expressa em trs tipos de

    comunicao, que seriam:

    - informao e esclarecimento, relacionados prpria legitimidade da

    mensagem pblica: informaes sobre o funcionamento institucional

    prtico que os servios governamentais devem fornecer aos cidados ou

    sobre aspectos gerais da vida social;

    - promoo e valorizao tanto das prprias instituies pblicas como

    dos servios que estas oferecem, incluindo ainda temas de amplo

    interesse social;

  • 32

    - discusso ou proposio de debates sobre projetos de mudanas

    institucionais, escolhas da sociedade e possibilidades polticas. (ZEMOR,

    1995 apud JARDIM, 1999, p. 59).

    importante ressaltar esses aspectos j que, de acordo com JARDIM (1999), a

    transparncia administrativa significa, por princpio, que a administrao vincula-se

    lgica da comunicao, engajando-se numa via de troca com o cidado (JARDIM, 1999,

    p.60). Destaca-se tambm a importncia e o inter-relacionamento de conceitos como

    troca de informaes, cidadania, direito informao e transparncia no campo

    informacional governamental13, quando se fala de comunicao pblica:

    A comunicao pblica comunicao formal que se aplica troca e aocompartilhamento de informaes de utilidade pblica, assim como manutenodo vnculo social, e cuja responsabilidade incumbe s instituies pblicas(ZEMOR, 1995 apud JARDIM, 1999, p. 59).

    Segundo MAIA (2002), as novas tecnologias de comunicao e informao,

    incluindo a a Internet, parecem oferecer vantagens diversas sobre os meios de

    comunicao tradicionais, proporcionando um ideal para a comunicao democrtica,

    uma vez que seus dispositivos interativos e multifuncionais oferecem novas

    possibilidades para a participao descentralizada . Como afirma a autora, essas novas

    tecnologias permitem colocar diferentes parceiros de interlocuo em contato, atravs de

    aes recprocas e vnculos virtuais variados, criando um potencial de interao indito.

    Trata-se no apenas da conectividade isolada do usurio da rede em contato com o

    Governo, por exemplo, mas sim do potencial de conexo coletiva, aproximando cidados

    atravs de chats e grupos de discusso, por exemplo, o que MAIA (2002) chama de uma

    verdadeira arena conversacional , capaz de promover um ambiente informacional ainda

    mais rico.

    Tambm GUIDI (2002) refora a importncia da criao de comunidades

    participativas on-line, afirmando que se deve considerar a interatividade e o envolvimento

    da sociedade local como os elementos mais importantes na construo de algo que pode

    13 Dada a complexidade dos conceitos, eles no sero aqui abordados. Para mais informaes, consultarCEPIK, M. Direito Informao: situao legal e desafios. Revista IP-Informtica Pblica, v.02, p.43-56,dezembro/2000 e CEPIK, M. Informao & Deciso Governamental: Uma Contradio em Termos?In:Anais do Seminrio Informao: Estado e Sociedade, Imap/Prefeitura de Curitiba, 1997. p. 27-43.

  • 33

    vir a afetar o desenvolvimento do territrio da governana e da vida democrtica (...) A fim

    de criar tal ambiente, precisamos de redes cvicas e comunidades conectadas (GUIDI,

    2002, p.180).

    Segundo GUIDI (2002), na Europa tem havido diversas iniciativas de redes cvicas

    diretamente apoiadas pelas administraes locais. Vrias cidades e administraes

    europias gerenciam diretamente a presena dessas redes na Internet e esto envolvidas

    com tais aplicativos, tanto na elaborao de seu contedo, quanto no seu suporte

    financeiro.

    Porm, tambm essencial ressaltar o que aponta MAIA (2002):

    preciso levar em considerao que, para fortalecer a democracia sonecessrias no apenas estruturas comunicacionais eficientes e instituiespropcias participao, mas tambm devem estar presentes a motivao correta,o interesse e a disponibilidade dos prprios cidados para se engajar em debates (MAIA, 2002, p.48).

    Como j colocado anteriormente, o objetivo do presente trabalho no o de

    discutir o potencial democratizante da Internet, mas sim de avaliar os portais dos

    governos estaduais na Web e os seus mecanismos hoje disponveis de interao entre os

    cidados e o Governo. Por isso, mesmo sabendo-se que no basta estarem presentes

    mecanismos de interao comunicativa para a efetiva democratizao da vida pblica e

    que, como afirma MAIA (2002), as oportunidades oferecidas pela rede devem ser vistas

    de modo associado s motivaes dos prprios atores sociais , com o presente trabalho

    se estar buscando apenas verificar se os governos tm lanado mo das

    potencialidades oferecidas pelas novas tecnologias da informao e comunicao, sem

    que se promova uma discusso sobre a apatia poltica ou os entraves para o debate

    crtico entre sociedade e Governos, temas abordados com muito mais propriedade pelos

    cientistas polticos.

  • 34

    2. Fontes e servios eletrnicos de informao: a Internet em

    foco

    2.1 Fontes impressas de informao versus fontes eletrnicas de

    informao

    Com reconhecida importncia no campo de estudo da Biblioteconomia e da

    Cincia da Informao, o tema fontes de informao rene literatura considervel,

    abordando aspectos diversos como seleo, organizao, avaliao e gerando

    discusses que se perpetuam, a exemplo da atribuio de valor fontes de informao

    formais e no-formais.

    O estudo das fontes de informao torna-se fundamental, uma vez que atravs

    delas que se d a publicidade do conhecimento produzido. essa publicidade, a condio

    bsica para a socializao e a validao do conhecimento, bem como para a produo de

    novos conhecimentos, em um ciclo contnuo.

    Mas o que parece marcar os tempos atuais justamente o aumento da velocidade

    com que esse ciclo acontece. CASTELLS (2000), ao caracterizar a Sociedade em Rede

    e o seu modo informacional de desenvolvimento, fala de um crculo virtuoso de interao

    entre as fontes de conhecimento tecnolgico e a aplicao da tecnologia, gerando novos

    conhecimentos e maior processamento da informao.

    Na realidade, foi a partir da metade do sculo XX que se verificou a chamada

    exploso documental com a publicao e circulao de milhares de peridicos tcnicos,

    tambm conhecida como exploso da informao , nascida no contexto da informao

    cientfica e tecnolgica. Fala-se ento, do estabelecimento de uma nova era: a era da

    informao.

    E a partir da, parece inegvel que as tecnologias da informao e comunicao

    vm expondo as pessoas a uma avalanche de dados e informaes. Uma edio normal

    de meio de semana do The New York Times contm mais informao do que o cidado

  • 35

    mediano obteria durante toda a sua vida na Inglaterra do sculo XVII. Alm disso, novos

    livros saem s dezenas de milhares por ano. A quantidade de informaes cientficas

    dobra a cada seis anos e, por isso, no de se espantar que existam mais de cem mil

    revistas tcnicas em todo o mundo. Como se no bastasse, a Internet ainda nos coloca a

    vastido de informaes disponveis a um clic do mouse 14.

    No incio da dcada de 90 (...), a Internet constitua apenas uma palavranova no extenso vocabulrio de siglas do universo da informtica e estavadisponvel a um nmero reduzido de pesquisadores brasileiros. Hoje a rede j fazparte do cotidiano de um nmero significativo de pessoas e est modificandointeiramente o paradigma da comunicao cientfica, incorporando novas prticasao processo e introduzindo novas formas de inter-relao entre os membros dacomunidade de pesquisa (CAMPELLO, 2000, p.17).

    A partir da afirmao de CAMPELLO (2000), fica claro que estudar a Internet como

    fonte de informao torna-se tarefa qual no podemos nos furtar. A tarefa, entretanto,

    deve ser cuidadosamente analisada, e certamente dividida em etapas, devido sua

    vastido. Afinal, como afirma MENOU (1999), a Internet est longe de ser um objeto

    explcito.

    Sabemos que documentos eletrnicos no devem ser imitaes dos documentos

    em papel. Os primeiros carros foram chamados de carruagens sem cavalos , e pareciam

    ter sido projetados para serem puxados por um cavalo. Passaram-se alguns anos at que

    se chegasse concluso de que um bom formato para um carro deveria ser algo

    diferente. O rdio foi batizado telgrafo sem fios e levou alguns anos at que se

    conclusse que a grande aplicao era a radiodifuso, que nada tinha a ver com a

    telegrafia. Do mesmo modo, os livros sem papel devem ter pouca coisa parecida com os

    livros, pela forma como foram projetados (MARTIN, 1992). O fato que a informao

    tende cada vez mais a migrar de seus suportes tradicionais (livros, jornais, revistas)

    passando a uma nova realidade dos bytes, CD ROMs e, com grande destaque, a Internet.

    O seu crescimento espantoso e de nada adiantaria tentar ilustr-lo com dados, pois eles

    j estariam obsoletos no momento da leitura deste trabalho.

    14 Dados extrados do livro Ansiedade da Informao. WURMAN, Richard S. Como transformar informaoem compreenso. So Paulo: Cultura Editores Associados, 1991.

  • 36

    Todas essas evidncias indicam que o interesse pela Internet no apenas um

    modismo, e que ela pode ser um recurso poderoso quando se pensa na quantidade de

    informao disponvel atualmente e no fluxo da informao e da comunicao que ela

    possibilita.

    2.2 A Internet: fonte de informao e canal de comunicao

    Apresentar a Internet, o histrico de seu surgimento e desenvolvimento parece ser

    dispensvel diante da disponibilidade de tantas publicaes, impressas ou eletrnicas,

    que se incumbem dessa tarefa. O que parece ser mais importante para o contexto do

    presente trabalho a caracterizao da Internet como fonte de informao e, ao mesmo

    tempo, como canal de comunicao. A caracterizao nada mais do que uma tentativa,

    agora mais focalizada, de definir sistemas de informao na Internet como sistemas de

    comunicao, conforme apresentado na Introduo deste trabalho.

    CENDN (2000) descreve a evoluo e consolidao da Internet como fonte de

    informao, os principais meios de publicao e os mecanismos de identificao de

    recursos, alm de discutir as caractersticas especiais que a diferenciam de outras fontes

    e os meios de acesso informao especializada que ela proporciona:

    A interconectividade ampla entre os diferentes computadores garantidapelo uso, em toda a rede, de um conjunto de protocolos padro, o TCP/IP(Transmission Control Protocol/Internet Protocol). Dessa forma, recursosinformacionais que anteriormente, apesar de acessveis por redes, eram sistemasilhados, podem, na Internet, ser oferecidos de maneira integrada (CENDN,2000, p.276).

    Alm da interconectividade como caracterstica marcante da Internet, destacam-se

    tambm a facilidade de criao e acesso aos recursos informacionais e a interatividade.

    justamente essa ltima que d Internet seu carter de canal de comunicao.

    MOSTAFA & TERRA (1998) afirmam que a Internet, alm de funcionar como um

    grande repositrio de informao, com sua infinidade de documentos, tambm se

    apresenta como meio de comunicao:

  • 37

    No apenas como conseqncia do uso de ferramentas especficas decomunicao, como correio, salas de chat e seus comentrios para melhorarnossa pgina, mas principalmente porque esses mecanismos ajudam adesestabilizar o repositrio que ento est sempre em permanente construo (MOSTAFA & TERRA, 1998, p.55).

    As autoras reforam a tese de ARAJO (1996), de que a Internet condensa os

    dois importantes aspectos da rede - repositrio e comunicao. Segundo elas, esta dupla

    funo permite ligaes entre pessoas de forma livre ou em relao a temas de interesse,

    ao mesmo tempo em que se torna um repositrio de informaes documentais acessveis

    como um sistema de informao.

    Vale destacar aqui que a noo de comunicao a qual recorrentemente referida

    no presente trabalho, no aquela que reduz a comunicao transmisso. Considerar a

    comunicao como transmisso ou como persuaso, so perspectivas bastante fracas do

    que, de fato, pode-se considerar comunicao. Para efeito do presente trabalho,

    considera-se a abordagem alternativa, proposta, dentre outros autores, por DERVIN

    (1989), que considera a comunicao como dilogo.

    Segundo DERVIN (1989), as audincias, de forma geral, tm sido tratadas como

    comodities, so conceituadas como pessoas s quais as informaes assumidas como

    verdades com valores reais devem ser transmitidas . Nesse sentido, a comunicao

    entendida como um fluxo de mo nica.

    Mas, como ressalta a autora, os modelos que colocam informao como

    descrio e comunicao como transmisso encontram srias dificuldades para se

    manter, devendo ser substitudos pelas noes de informao como construo

    informao que criada pelos observadores humanos, que produto do interesse

    humano e que nunca pode ser separada dos observadores que a criaram e

    comunicao como dilogo.

    justamente essa a idia que d base metodologia proposta por DERVIN,

    conhecida como Sense-Making, que busca prover pesquisadores de uma abordagem

    quantitativa/qualitativa sistematizada para ouvir suas audincias como elas percebem

  • 38

    suas situaes, passado, presente e futuro e como elas se movem no processo de

    construo de sentido a partir dessas situaes.

    A prpria DERVIN (1998) alerta para o fato de que a revoluo propiciada pelas

    novas tecnologias, pela realidade do ciberespao, e certamente, pela Internet, viabilizou

    uma nova revoluo para a comunicao:

    A questo que se coloca se ns vamos finalmente ter uma revoluo dacomunicao que seja real. Se vamos finalmente aprender que a comunicaoenvolve o ato de comunicar e que o ato de comunicar percorre sempre umcaminho de mo dupla (DERVIN & SCHAEFER, 1998 traduo nossa).

    Reforada a questo da comunicao, percebe-se que so vrias as facetas a

    serem analisadas quando se fala em Internet, tendo em vista as diferentes formas de

    acesso a documentos e pessoas, tais como o Telnet, o FTP, o Correio Eletrnico, as

    Listas e Grupos de Discusso e a Web15. Mas, como afirma CENDN (2000), a ateno

    est na World Wide Web, muito embora o correio eletrnico seja o aplicativo da Internet

    que as pessoas utilizam com mais freqncia.

    A Web rapidamente dominou a Internet ao combinar simplicidade de uso,facilidade de criar e fornecer documentos e a exibio de documentos em formatosmultimdia, mais aceitveis do que longas pginas ininterruptas de texto(CENDN, 2000, p.288).

    2.2.1 A Web e a revoluo do hipertexto

    Diferentes definies podem ser encontradas na literatura sobre hipertexto,

    relativas s vantagens e desvantagens dessa tecnologia e a seu impacto sobre a

    estruturao do conhecimento, apenas para citar alguns dentre vrios aspectos. Todas as

    definies, porm, fazem meno origem do delineamento das primeiras idias sobre o

    tema e apontam Vannevar Bush (no campo conceitual) e Theodor Nelson (o criador do

    termo), como os precursores do hipertexto.

    15 Para obter mais informaes sobre esses servios para fornecimento e acesso aos recursos da Internet,ver CENDN (2000), p.275 a 300.

  • 39

    De uma maneira geral, pode-se entender o hipertexto como sendo uma forma

    eminentemente eletrnica de apresentao textual, cuja principal caracterstica a

    apresentao da informao de uma maneira no-linear. Nesse sentido, o hipertexto

    apresenta uma clara distino em relao aos documentos impressos e, por isso,

    representa um verdadeiro desafio no que se refere s noes de autoria e leitura, por

    exemplo.

    Antes que se passe apresentao da noo aqui utilizada para hipertexto, vale

    ressaltar a evoluo das publicaes eletrnicas, traada por Lancaster (1995, p.518-9)16:

    a) o uso do computador para gerar publicao (convencional) impressa na

    dcada de 60;

    b) a distribuio do texto na forma eletrnica quando a verso eletrnica

    a exata equivalncia da verso impressa e pode gerar a verso

    impressa;

    c) distribuio somente na forma eletrnica;

    d) a gerao de novas publicaes que exploram a verdadeira capacidade

    eletrnica.

    Entende-se o conceito de hipertexto como uma forma eletrnica de apresentao

    textual, cuja principal caracterstica a apresentao no-linear da informao,

    estruturada em rede de forma associativa, atravs do uso de ns e links, acreditando-se

    que ele seja um dos caminhos mais viveis para a concretizao do ltimo estgio da

    evoluo das publicaes eletrnicas proposto por Lancaster.

    Acreditar na idia de que a possibilidade de estabelecer links em um hipertexto

    to revolucionria a ponto de aprimorar qualquer texto que esteja sendo escrito um ato

    to equivocado quanto achar que, o simples fato de dar a um autor um processador de

    textos ser suficiente para melhorar a sua escrita. Fala-se muito que o mero ato de