contribuição teórico prática na área de educação ambiental para a formação de professores...
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UNIVERSIDADE DA REGIÃO DA CAMPANHACAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALEGRETE
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
CONTRIBUIÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA NA ÁREA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE
EDUCAÇÃO INFANTIL E SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
MILTON JAIRE CUNHA POSPICHIL
ALEGRETE – RS2004
MILTON JAIRE CUNHA POSPICHIL
CONTRIBUIÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA NA ÁREA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO INFANTIL E SÉRIES
INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Rosário do Sul, Janeiro de 2004
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Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Educação da Universidade da Região da Campanha – Campus Universitário de Alegrete (RS), como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Educação.
Orientadores: Profª Esp. Leia Palma Caldeira
Profª Esp. Marilene Cortes
UNIVERSIDADE DA REGIÃO DA CAMPANHA
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALEGRETE
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Curso de Pós-Graduação – Especialista em Educação
A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Monografia
CONTRIBUIÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA NA ÁREA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO INFANTIL E SÉRIES
INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Elaborado por:
MILTON JAIRE CUNHA POSPICHILComo requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Educação
Profª Leodovina Pedroso Soares
Coordenadora do Curso
Prof(a): Profª Esp. Leia Palma Caldeira
Orientador(a)
COMISSÃO EXAMINADORA
__________________________ ______________________________
___________________________________
Alegrete, de Janeiro de 2004.
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AGRADECIMENTOS
A Deus, pelo dom da vida;
A minha família, pela paciência e cooperação;
Aos professores que me deram o apoio e estímulo;Em especial à colega e amiga Professora Cláudia Del’Olmo Soares Monte,
pelo apoio incessante na elaboração desta monografia;Ao colega e amigo, meu ex-aluno, Professor Adilson Leones Godoi de Carvalho,
pela parceria e coleguismo durante o período de aula.
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DEDICATÓRIAS:Aos professores de Técnicas Agrícolas das Escolas Polivalentes;
Às futuras professoras do Curso Normal do Instituto Menna Barreto e outros;Aos colegas que participaram da Pós-Graduação.
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RESUMO
A presente Monografia tem por finalidade “contribuir na Área de Educação Ambiental para a formação de Professores de Educação Infantil e Séries Iniciais do Ensino Fundamental”. É seu objetivo oportunizar uma vivência das práticas agrícolas para os alunos do Ensino Médio - Curso Normal -, através da relação teórico-prática, propostas em atividades práticas, voltadas para a construção de uma nova postura pedagógica frente a questão ambiental. Tanto como abordagem ecológica como em consonância com os Parâmetros Curriculares Nacionais, estas atividades foram organizadas de acordo com os objetivos do curso que as habilita de uma forma interdisciplinar e consciente de sua formação profissional e da jornada educador onde o conhecimento da nossa realidade fortalece cada vez mais o indivíduo como um todo. Para tanto, ser professor é ser um buscador de alternativas de adquirir conhecimentos e estes aplicados aos seus alunos, com certeza, advirão os frutos desta atividade. Neste Projeto, foram trabalhados os assuntos de aplicação direta às práticas agrícolas executadas numa horta, desde o preparo do solo, a semeadura, os cuidados com as plantas, até a hora da colheita, evidenciando-se, com certeza, os aspectos ecológicos de cultivo e de preservação do meio ambiente. Através de tarefas em sala de aula, vídeo, laboratório de Informática e principalmente áreas com hortas instaladas os alunos puderam vivenciar estas práticas que durante os pré-estágios a que são sujeitas, com as séries iniciais, puderam desenvolver práticas similares, ou seja, o plantio de mudas de flores, a valorização das áreas verdes e dos ambientes naturais da escola e da comunidade. Nesta concepção trabalhamos ainda as questões ambientais frente à Educação, formação de professor e a Cidadania.
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INTRODUÇÃO
A presente monografia busca contribuir na área de Educação
Ambiental para a formação de Professores de Educação Infantil e Séries Iniciais do
Ensino Fundamental.
A abordagem é efetuada a partir de noções de Educação Ambiental,
sua concepção. A investigação utiliza a prática agrícola como pressuposto para o
desenvolvimento das atividades proporcionadas, vivenciado através das tarefas
mínimas executadas na instalação e manutenção de uma horta.
As referências citadas ao longo do trabalho têm fundamental
importância teórico como suporte pedagógico.
Compõe-se o trabalho de quatro capítulos: no primeiro se abordam o
ressignificado de Educação Ambiental. No segundo, reportando os fatos históricos
da Educação Ambiental da consciência ecológica mundial e suas relações ao longo
do tempo. O terceiro capítulo se ocupa da Educação Ambiental no contexto escolar,
desde a sua importância na consolidação desta prática pedagógica, detendo-se
ainda nas contribuições das teoria de Piaget e Vygotski. O último capítulo estuda a
E. A. e o fazer pedagógico, trazendo uma síntese do Projeto Político Pedagógico da
Escola, suas concepções de educação, de trabalho, de currículo, etc.
Essa é a ênfase do trabalho propriamente dito. Uma busca incessante
com vistas ao encontro do conhecimento projetado, na expectativa de alcançá-lo.
Sem dúvida, o ponto de partida é a continuação do ensino da Educação Ambiental
nas escolas como um novo modo de viver democrático e harmônico entre o homem
e a natureza.
Centra-se a Monografia, por fim, na prática pedagógica oportunizada através
do projeto, buscando-se delinear uma contribuição prática, como proposta ao Curso
Normal.
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SUMÁRIOConsiderações iniciais ...................................................,,......................... 8
Introdução .......................................................................................................... 12
1. RESSIGNIFANDO O CONCEITO DE EDUCAÇAO AMBIENTAL... 13
2. HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL.................................... 22
2.1 Educação Ambiental: Ontem e Hoje .......................................... 22
2.1.1 Educação Ambiental no Brasil: Ontem e Hoje ........................... 24
2.2 Aspectos Legais ........................................................................ 30
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO ESCOLAR ........... 36A Questão Ambiental na Educação ........................................... 36
Educaçao, Meio Ambiente e Cidadania ...................................... 38
O Aprender a Aprender na Visão de Pedro Demo .....................41
Contribuições para a Educação Ambiental na Visão de Piaget e
Vygotski ...................................................................................... 44
O Professor e a Educação Ambiental ........................................ 47
A Formação de professores e a Educação Ambiental ............... 50
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O FAZER PEDAGÓGICO ............ 53
O Planejamento Participativo e a Proposta Pedagógica da Escola 55
Relato das Experiências ............................................................... 62
4.2.1 Cronograma da distribuição das aulas ........................................ 67
Depoimentos dos Grupos de Alunas do Curso Normal ................ 69
Práticas agrícolas nas Escolas de Ensino Fundamental ............... 74
CONCLUSÃO .............................................................................. 77
BIBLIOGRAFIAS ...........................................................................
ANEXOS ........................................................................................
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1 RESSIGNIFICANDO O CONCEITO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
(...) onde se faz Educação seriamente, educadores e educandos porque comprometidos e porque conscientes, desenvolvem uma atitude de profundo respeito pelos homens e pela natureza (...). (GARCIA, 1993, p.35).
A Educação Ambiental está intimamente ligado ao próprio surgimento
do homem e de seu longo processo evolutivo no tempo e no espaço.
Os homens aprenderam a controlar o fogo muito antes de começarem
a utilizar a escrita. Essa última descoberta é considerada o marco entre a Pré-
Historia e a História; entretanto, o controle do fogo foi muito mais significativo para o
conjunto da sociedade do que a invenção da escrita: todos os homens aprenderam a
fazer fogo e a dele se utilizarem em múltiplas aplicações, enquanto que o domínio
da escrita permaneceu restrito a uma camada privilegiada, ou seja, ainda hoje
existem pessoas extremamente analfabetas. Ao contrário das outras espécies
animais, o homem é relativamente mal equipado fisicamente para enfrentar as
condições do meio natural. Devido a essa “fragilidade” física, o homem, dotado de
um cérebro grande e complexo, foi obrigado a fazer o seu equipamento material
(instrumentos de defesa, de ataque, vestuário, etc.), transformando a Natureza,
adaptando-se às condições ambientais, fazendo a sua própria cultura, consolidando,
assim, o seu domínio sobre a Natureza, enfim, tornando-se um criador (“a sua
própria força”).
No Período Paleolítico, os homens viviam em bandos, praticavam uma
economia coletora, de subsistência (caça, pesca e coleta de frutos e raízes
comestíveis) e, a propriedade dos meios de produção (florestas e rios) era coletiva.
Foi a profunda transformação ocorrida no interior da comunidade primitiva, quando a
economia, antes coletora e predatória, se transformou em produtora, através do
início da agricultura e da domesticação dos animais.
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O homem primitivo ao dominar a Natureza realiza uma revolução – no
seu modo de vida. A revolução neolítica trouxe uma economia produtora, com
produção de excedentes agrícolas, aparecimento da metalurgia, domínio do uso dos
metais (cobre, bronze e, depois, ferro), divisão do trabalho entre agricultores e
artesões; aparecimento da escravidão, utilização da energia animal (arados de bois),
e dos ventos; invenção da roda, aplicada aos transportes (carro de bois), e ao
artesanato (cerâmicas e do barco à vela) onde:
Os homens primitivos observaram muito a Natureza, experimentando e descobrindo novas formas de relacionar-se com ela .( AQUINO, 1989).
Lentamente ao longo de seu processo histórico o homem, a partir de
sua fixação na terra – sedentalização – vai assegurar sua subsistência a partir da
crescente exploração dos recursos naturais.
As primeiras sociedades organizaram-se às margens dos grandes rios:
Subárea do Oriente Próximo, em forma de meia-lua, onde predominavam os vales e
planícies aluvionais. Formado pelo Egito (Vale do Nilo), Síria, Palestina (vales e
planícies e estreita faixa litorânea) e Mesopotâmia (curso inferior dos rios Tigre e
Eufrates), ainda rio Amarelo na China, e do Indo e do Ganges na Índia, onde: “As
cheias periódicas, depositando nas margens dos rios um adubo fértil, tornando a
economia agrícola excepcionalmente fecunda”.
Para o homem primitivo, a terra onde plantava não existia separada
das suas relações sociais. Não era desligada da sua vivência religiosa, da sua
relação de parentesco, enfim, de todos os aspectos que faziam parte de sua
existência. A terra tinha uma dimensão sagrada. Ele criou ritos mágicos para auxiliá-
lo a vencer a Natureza. Foram os ritos mágicos que deram as primeiras
manifestações artísticas desenhadas e pintadas nas cavernas com carvão, tintas
minerais e vegetais, simbolizando a fecundidade da Natureza: assim como as
crianças nascem das mulheres, as plantas e os frutos nascem da mãe-Natureza,
pois:
O homem primitivo dependia universalmente da Natureza (...) da sucessão regular das estações, da queda das chuvas nas ocasiões apropriadas e o crescimento das plantas e da reprodução dos
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animais. Esses fenômenos naturais não ocorreriam a não ser que ele cumprisse certos sacrifícios e ritos. Instituiu, assim, cerimônias destinadas a fazer chover, nas quais se borrifava água sobre espigas de milho para imitar a precipitação das chuvas (...) A totalidade dos habitantes de uma aldeia, ou mesmo dos componentes da sua tribo, vestia peles de animais e arremedava os hábitos e atividades de algumas espécies da qual dependesse para a obtenção de alimento. Pareciam ter a vaga noção de que, com o imitar o gênero de vida da espécie, estavam contribuindo para garantir a sobrevivência dela. (AQUINO, 1989, p. 20).
Ainda hoje, na América Latina, Oceania, África e Ásia, povos pré-
letrados maravilham-se com os ciclos do nascimento e morte, expressando sua
íntegra ao da Natureza através de rituais cuja principal característica é a vivência a
participação de todos os membros da tribo nas cerimônias religiosas. A economia e
a vida da tribo são cíclicas e repetitivas, como também o são a própria Natureza e o
organismo humano.
Complexos e elaborados sistemas explicativos introduzem entre os
grupos humanos, animais, plantas e acidentes geográficos unidos ao homem por
laços míticos de parentesco, propiciando a compreensão sobre estabilidade e o
sentido dos fenômenos da Natureza.
Isso ocorre, com as diversas tribos indígenas brasileiras que habitam o
Parque Nacional do Xingu e que tem em comum nas suas tradições míticas,
aspectos que explicam a origem e o domínio das forças naturais, bem como o papel
desempenhado pelo herói lendário, que ensina aos homens civilizados, como se
ambientar ao meio:
Que seria do homem sem os animais? Se todos os animais desaparecessem, o homem morreria de grande solidão de espírito. Porque tudo o que sucede aos animais não tarda a suceder ao homem. Todas as coisas estão ligadas. - Carta do Cacique Seattle ao Presidente dos Estados Unidos.
Ao buscar lucros com os excedentes e principalmente o poder sobre os
outros homens é que o meio ambiente passou a ser desrespeitado, pois, enquanto a
população humana era proporcionalmente pequena, as alterações ambientais
provocadas por técnicas inadequadas de manejo tinham dimensão regional e, na
maioria das vezes, provocavam danos irreversíveis. Enquanto, o crescimento
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populacional e a industrialização multiplicaram em muitas vezes o poder de ação
humana. Como conseqüência, a grande maioria das interferências tem se mostrado
extremamente danoso para a manutenção do equilíbrio ambiental e para a
sobrevivência dos seres humanos.
Dentre todos os avanços do homem, é imprescindível destacar o
advento da Revolução Industrial na Inglaterra (1777) mais o conjunto de mudanças
sociais ocorridas na Europa marcando para sempre a trajetória do homem – devido
a suas conseqüências.
Esta mudança no modo de produção, que levou a sociedade mundial
ao Capitalismo Industrial e hoje ao Industrial Financeiro, transformou as relações
econômicas, sociais e principalmente o meio ambiente.
Hoje, sabemos que a maioria dos problemas ambientais tem suas
raízes em fatores sociais, econômicos, políticos, culturais e éticos.
Os modelos de desenvolvimento econômico adotado pelos países ricos
são causadoras de degradação ambiental. Tais modelos, nos países pobres, além
da degradação ambiental causam desigualdades sociais e a miséria.
O homem de hoje tem muitas razões para se orgulhar de suas
conquistas em todas as áreas. Nunca, em tempo algum, se acumulou tanto saber
em tão curto espaço de tempo, favorecendo a reformulação das Ciências e
colocando nas mãos do homem um enorme poder.
Em face do domínio crescente sobre o Universo, colocam-se inúmeras
situações preocupantes – fome, violência, desagregação social, poluição, doenças –
que aparecem como sintomas de uma grave enfermidade e conduzem a uma seria
reflexão sobre a vida no planeta. Os problemas do meio ambiente deixam de ser
preocupação só dos ecologistas e passam a preocupar os meios políticos
econômicos e científicos, constituindo-se, inclusive, em pautas de “Reuniões
Ministeriais”, de “Encontros de Países Ricos e Pobres” e de “Conferências
Científicas”.
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Ainda assim, não se pode ser ingênuo a ponto de pensar que os
problemas ambientais seriam equacionados apenas por medidas políticas. Eles
precisam ser tratados como conseqüência que são de várias causas sociais,
econômicas, científicas, filosóficas e educacionais.
As principais causas dos problemas do Meio Ambiente estão
relacionados com questões sócio-político-econômicas e seus equacionamentos
exigem o posicionamento da sociedade, através de novos valores, para que se
possa garantir a continuidade e a qualidade de vida.
A dinâmica dessas relações sugere a necessidade de novos valores
como garantia para a continuidade e qualidade de vida, ainda que tais valores
dependem do desenvolvimento de uma consciência crítica e de uma consciência
ética e, conseqüentemente, de uma consciência ecológica.
Nesse contexto faz-se necessário o entendimento de Meio Ambiente
como uma questão cultural, pois, para uns, a maior parte dos problemas atuais pode
ser resolvida pela comunidade científica, pois confiam na capacidade da
humanidade produzir novas soluções tecnológicas e econômicas a cada etapa, em
resposta aos problemas que surgem, permanecendo basicamente no mesmo
paradigma civilizatório dos últimos séculos.
Para outros, a questão ambiental representa quase uma síntese dos
impasses que o atual modelo de civilização acarreta, pois consideram o que se
assiste no final do século XX, não só como crise ambiental, mas civilizatória, e que a
superação dos problemas exigirá mudanças profundas na concepção de mundo, de
natureza, de poder, de bem-estar, tendo por base novos valores. Faz parte dessa
nova visão de mundo a percepção de que o ser humano não e o centro da natureza,
e deveria se comportar não como seu dono mas, percebendo-se como parte dela, e
resgatar a noção de sua sacralidade, respeitada e celebrada por diversas culturas
tradicionais antigas e contemporâneas.
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É preciso encontrar uma outra forma de adquirir conhecimentos que
possibilite enxergar o objeto de estudo com seus vínculos e também com o contexto
físico, biológico, histórico, social e político, apontando para a superação dos
problemas ambientais. A problemática ambiental exige mudanças de
comportamentos, de discussão e construção de formas de pensar e agir na relação
à natureza. Isso torna fundamental uma reflexão mais abrangente sobre o processo
de aprendizagem daquilo que pode ser importante, mas que não se consegue
compreender suficientemente só com lógica intelectual. Hoje essa necessidade é
clara.
E, aponta também, para atividades que possibilitem o estabelecimento
de relações entre os problemas ambientais e os fatores econômicos, culturais ,
políticos e históricos, objetivando uma análise crítica das questões ambientais.
Justificando a importância que é conferida a este aspecto da Educação Ambiental,
cabe citar as palavras a seguir:
(...) somente quando compreender os temas de seu tempo é que os homens podem interferir na realidade em vez de serem meros espectadores. E somente desenvolvendo uma atitude permanentemente crítica é que os homens poderão superar uma postura de ajustamento. (FREIRE, apud GIROUX, 1997, p.108).
Para isso, é imprescindível pensar Educação Ambiental como caminho
para a formação de um cidadão consciente e crítico. Tal formação, fundamenta-se
também no conhecimento do ambiente natural, cultural e social. A construção dessa
consciência relaciona-se com o sentir do indivíduo como parte integrante do meio
em que vive, suas múltiplas relações econômicas, políticas, sociais e ecológicas.
Implica no estabelecimento de critérios de uso racional do ambiente, visando com
isso não só a sobrevivência das espécies e do próprio homem.
Assim, a conscientização construída pela Educação Ambiental requer
uma ampliação da visão de mundo, visão que supera o antropocentrismo estreito
atingindo a perfeita integração homem/homem, homem/natureza, pois:
É incontestável que entre os seres da natureza o homem ocupe o lugar de preeminência. A ele foi consignado o poder de administrá-la e dar-lhe significado, pois sem a sua inteligência, o mundo careceria de sentido. Nem por isso a concepção dominadora – que finca suas raízes na antiguidade judaica e o define como ‘rei da criação’ e ‘senhor do universo’ – parece hoje invulnerável à crítica (...) (SEARA
18
FILHO, 1992,p.40).
Tal crítica exige uma desacomodação, com a transferência de valores
do “ter” para o “ser”, oportunizando o questionamento da sociedade e de seu modelo
de desenvolvimento, dos quais decorrem a desintegração, o descomprometimento e
a desarmonia.
Concebida assim, a Educação Ambiental é a educação do homem na
sua integridade. É um processo contínuo de aprendizagem construindo o
conhecimento e exercendo a cidadania de forma efetiva. Pois ao mesmo tempo em
que o estudo do solo, da água, do ar, dos principais grupos de animais e vegetais,
das trocas de energia, através de atividades experimentais e complementado com
investigações sobre a poluição e agressões aos ecossistemas, constituem
elementos para que os alunos construam sua cidadania na medida em que atuam
de forma crítica e ativa e não como espectadores passivos do cotidiano; o estudo e
as descobertas sobre a realidade próxima, com possibilidade de um posicionamento
crítico do educando, a partir da exposição e defesa de seus pontos de vista é,
também, um exercício indispensável par a significação dos valores que vem sendo
desenvolvidos desde a entrada no ensino fundamental. Estes valores dizem respeito
ao ambiente e a consciência crítica referente a racionalização, na utilização dos
recursos naturais.
A preocupação ambiental perpassa, hoje, vários setores da sociedade
e se reflete no ensino e na escola. Tanto que, após a Lei Nº 9795, de 27 de Abril de
1999, que criou a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), o Ministério da
Educação apresentou a sociedade brasileira os Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCN) em 1997, que passou a orientar metodologicamente a implantação do tema
nas escolas, onde, entre os objetivos propostos, destaca-se que os alunos sejam
capazes de:
- perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente. PCN – pág. 7 – Livro Amarelo.
É preciso, no entanto, cuidado ao referir-se a temática ambiental, para
que esta não se torne um tema ou termo vazio, tão amplo e absoluto que não se
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consiga colocar em prática. Quanto a esta preocupação, “é preciso difundir a
conservação do meio ambiente, dos recursos naturais, mas também preparar para a
cidadania, para o convívio com outros seres. Educação Ambiental tem, hoje, uma
dimensão ampla”, nos alerta o Professor Eduardo Mazzaferro Ehlers, Coordenador
do Curso de Tecnologia e Gestão Ambiental da Faculdade do SENAC.
A partir destes pressupostos entende-se que questões relacionadas à
Educação Ambiental, dão ênfase, as relações existentes entre os aspectos
filosóficos, sociais, econômicos e culturais, já mencionados, que imprimem um
caráter interdisciplinar a Educação. O próprio papel da escola, conceitos de
currículo, formação de professor, inter-relações sociais, econômicas, políticas e
filosóficas precisam ser consideradas na definição dos objetivos e metas desta,
A Educação Ambiental deve promover uma tomada de consciência e uma compreensão da evolução do meio social e físico e sua totalidade, seus recursos naturais, artificiais, culturais e espirituais, junto ao uso e a conservação racional desses recursos par o desenvolvimento. (Conferência de Educadores Africanos, Membassa, Kenia, 1968, apud Mayha – Nunes, 1991,p.65).
A construção coletiva origina-se da participação e a escola é o espaço
ideal para o seu desenvolvimento. É onde o indivíduo pode se preparar para o
exercício da cidadania, para a co-responsabilidade na tomada de decisões que
afetam o coletivo para o engajamento na tarefa de construir uma sociedade
comprometida pois: se a escola pretende estar em consonância com as demandas
atuais da sociedade, é necessário, segundo os PCN, que trate de questões que
interferem na vida diária dos alunos, contribuindo para a formação do cidadão
participativo, plenamente reconhecido e consciente de seu papel na sociedade. A
definição oficial da Educação Ambiental, do Ministério do Meio Ambiente, diz mais
ou menos a mesma coisa:
Educação Ambiental é um processo permanente, no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que os torna aptos a agir – individual e coletivamente – e resolver problemas ambientais presentes e futuros. Ministério do Meio Ambiente.
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A Educação Ambiental deve pautar-se nos valores da solidariedade, da
cooperação, do respeito e do compromisso com o coletivo, da participação e da
responsabilidade.
Estes, vinculando-se as finalidades da Educação Ambiental de:
Ajudar a compreender claramente a existência e a importância da
interdependência ecológica, social e política nas zonas urbanas e rurais.
Proporcionar para todas as pessoas a possibilidade de adquirir os
conhecimentos, o sentido dos valores, as atitudes, o interesse ativo e as
aptidões para proteger o meio ambiente.
Apontar novas pautas de conduta aos indivíduos, aos grupos sociais e a
sociedade em conjunto, de respeito ao meio ambiente.
Assim, o desenvolvimento da Educação Ambiental, hoje, objetiva a
uma nova concepção de sociedade, outro modo de vida, que depende de um novo
homem, sujeito de uma nova educação, pois não se preocupa apenas do
conhecimento sobre o meio ambiente, mas busca sobretudo uma mudança
significativa de comportamento.
21
2 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Ainda que suas raízes intelectuais sejam antigas, a Educação Ambiental, tal como se descreveu em Estocolmo, é um conceito relativamente novo, (...). (MAYNÉ-NUNES, 1991, in Revista de la Confederación Interamericana de Educación Católica, p.65).
2.1 Educação Ambiental: ontem e hoje
O surgimento e desenvolvimento da Educação Ambiental, cuja origem
data dos anos 60, nasceu na tomada de consciência de que a Revolução Industrial e
o desenvolvimento tecnológico, ao lado dos benefícios gerados para a humanidade,
provocaram uma série de conseqüências desastrosas, o que tornou urgente e
necessária a sensibilização das populações quanto à responsabilidade de cada
indivíduo.
Em várias partes do mundo, a poluição causada pelas industrias estava
destruindo os rios e tornando o ar das cidades muito carregado de gases venenosos
e poeira tóxica.
Além disso, o uso abusivo e incorreto de fertilizantes e biocidas
(inseticidas, fungicidas, herbicidas...) estava envenenando as águas e os solos
causando o desaparecimento de espécies de animais e vegetais.
Em 1962, a jornalista Raquel Carson em seu livro “Primavera
Silenciosa”, denunciava a ação destruidora do homem, em todo o mundo,
degradando o ambiente.
Em 1968, a Unesco realizou um estudo comparativo, respondido por 79
países, sobre o trabalho desenvolvido pelas escolas com relação ao meio ambiente.
22
Nesse estudo, formularam-se proposições que depois seriam aceitas
internacionalmente, entre elas:
a Educação Ambiental não deve se constituir numa disciplina; por “ambiente” entende-se não apenas o entorno físico, mas
também os aspectos sociais, culturais, econômicos e políticos inter-relacionados. (p.229).
Mas, somente em 1972 a Organização dos Estados Unidos (ONU),
após uma grande discussão internacional, promoveu a Conferencia da ONU sobre o
Ambiente Humano, realizado em Estocolmo, Suécia. Compareceram representantes
de 119 países, inclusive o Brasil.
Ao final da Conferência de Estocolmo – como ficou conhecida – recomendou-
se a criação de um Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA) e
reconheceu-se que o seu desenvolvimento era fundamental para o combate à crise
ambiental no mundo.
Especialistas de 65 países reuniram-se em Belgrado, Iugoslávia
(1975), para formular os princípios e orientações para o PIEA.
Então, a UNESCO (Organização das Nações Unidas Para Educação,
Ciência e Cultura), em cooperação com o PNUMA (Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente), realizou em Tbilisi (Geórgia, ex-URSS) a Primeira
Conferência Intergovernamental Sobre Educação Ambiental (1977).
A Conferência de Tbilisi – como ficou conhecida – foi o encontro
decisivo para os rumos da Educação Ambiental no mundo. Ficaram definidos seus
objetivos, características, estratégias e recomendações.
A Educação Ambiental teria por objetivo considerar o meio ambiente
em sua totalidade, ser continua, atingir todos, ocorrer dentro e fora da escola e
examinar as questões ambientais locais, nacionais e internacionais, sob enfoque
interdisciplinar.
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A Declaração Mundial sobre Educação para Todos: Satisfação das
Necessidades Básicas de Aprendizagem, aprovada na Conferência Mundial sobre
Educação para Todos, realizada em Jontien, Tailândia, de 5 a 9 de março de 1990,
reitera:
(...) confere aos membros de uma sociedade a possibilidade e, ao mesmo tempo, a responsabilidade de respeitar e desenvolver a sua herança cultura, lingüística e espiritual, de promover a educação de outros, de defender a causa da justiça social, de proteger o meio ambiente (...).
É neste contexto que começa a ser preparada a Conferência Rio-92,
cuja grande preocupação se centra nos problemas ambientais globais e nas
questões do desenvolvimento sustentável. Aqui são lançados os desafios
fundamentais às políticas dos governos das nações para o próximo milênio.
Na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento – Rio-92, cujo principal documento assinado pelas partes foi a
Agenda 21, define ações fundamentais nas quais os governos deverão basear-se
para elaboração de suas políticas nacionais. Em seu capítulo 36 [grifados por mim]
– Promoção do Ensino, da Conscientização e do Treinamento – propõe a
reorientação do ensino no sentido do desenvolvimento sustentável e enfatiza a
importância da educação permanente sobre o meio ambiente, centrado em
problemas locais.
Historicamente a Educação Ambiental é um processo educacional
criado ao longo de muitos anos através de estudos de milhares de especialistas, que
tem uma visão global das necessidades do homem e da natureza entrelaçadas em
um objetivo comum que é a manutenção da qualidade de vida de todos os seres do
planeta. Em vista da existência de problemas ambientais em quase todas as regiões
do país, torna-se importantíssimo o desenvolvimento e implantação de programas
educacionais ambientais, os quais são de suma importância na tentativa de se
reverter ou minimizar dos danos ambientais.
2.1.1 Educação Ambiental no Brasil: ontem e hoje
24
No Brasil, a questão ambiental é histórica e está embasada no próprio
processo de formação político, econômico e social do país que tem sua história, ou
seja, a história de Colônia, profundamente ligada às diretrizes do Mercantilismo.
É importante salientar, que o Mercantilismo foi a política adotada pelas
potências européias do século XVI ao XVIII, a fim de promover a prosperidade
nacional e aumentar o poder do Estado. Os objetivos mercantilistas levaram os
países europeus, as metrópoles, a se lançarem em navegações marítimas, na busca
de colônias em regiões distantes, sobretudo na América, para exploração
econômica através do domínio do território e imposição de uma cultura diferente.
A nossa colonização foi sobretudo obra dos portugueses, dominando
vasto território e suas populações, assumiram o controle e direção de tudo, aqui
atuando em forma dominadora durante três séculos, deixando-nos como herdeiros
daquilo que realizaram e que constitui o nosso passado colonial.
O grande objetivo da Colonização Portuguesa no Brasil: explorar as
riquezas naturais da terra recém descoberta, assim,
(...) era do Brasil que saia a tinta que coloria os tecidos e servia para escrever; o açúcar e o cacau que a Europa consumia; o couro com que se fazia os calçados e o algodão com que os ingleses se vestiam; o ouro que adorna os palácios e igrejas; o tabaco e a aguardente para a África... (AQUINO, 1999, p.77).
Dessa forma, o Brasil iniciou sua historia propriamente dita, num
contexto de exploração ambiental onde a Mata Atlântica, que em 1500, cobria
aproximadamente 12 % do território brasileiro, apresenta apenas 7% da sua
extensão original, (IBGE 2000), espalhados ao longo da costa e algumas regiões do
interior. A cultura da cana-de-açúcar provocou o esgotamento dos solos, devido a
utilização sucessiva da mesma terra ao longo dos anos, assim como a prática da
queimada como forma de limpeza dos canaviais e florestas, devastando-as
juntamente com elas os animais. Subverteu o equilíbrio ecológico do Nordeste,
legando para o futuro, uma terra àrida, incapacitada para as culturas de plantas
alimentares, sujeita a ciclos de seca e fome até os dias de hoje.
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Infelizmente, no Brasil, a Educação Ambiental foi confundida apenas
como Ecologia e iniciou-se de forma errada.
Passados dez anos da Conferência de Tbilisi, a UNESCO e o PNUMA
promoveram o Congresso Internacional sobre Educação e Formação Ambientais,
em Moscou, Rússia (1987), quando foram analisadas as conquistas e dificuldades
da Educação Ambiental em todo o mundo e traçadas as metas para o futuro.
Naquele encontro o Brasil não teve muito a apresentar.
Então, somente dez anos após Tbilisi, o Ministério da Educação e
Cultura – MEC – pronunciava-se sobre Educação Ambiental (Parecer do Conselho
federal de Educação, 1987).
Até então, produzia-se no Brasil, livros com temas de Ciências ou da
Ecologia rotulados de Educação Ambiental.
Os cursos de treinamento eram escassos e assim os professores
tinham dificuldade de ter acesso às informações sobre Educação Ambiental.
Neste Parecer, no documento final, Estratégia Internacional de ação
em matéria de Educação e Formação Ambiental para o decênio de 90, ressalta-se a
necessidade de atender, prioritariamente, à formação de recursos humanos,
[salientado por mim], nas áreas formais e não formais da Educação Ambiental, e na
inclusão da dimensão ambiental nos currículos de todos os níveis de ensino.
Paralelamente, aceleram-se os fatores de globalização do sistema
econômico. Os fatores globais adquirem maior importância na definição das políticas
nacionais. Há uma redefinição do papel do Estado na economia nacional, uma
crescente reorganização ou polarização da economia e uma paulatina
marginalização de algumas regiões ou países, em relação à dinâmica do sistema
econômico mundial. Os países que dependem dos produtos básicos são debilitados.
26
Com a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil
em 1988, conquistamos um capítulo especial sobre o Meio Ambiente (Cap.VI), e um
item específico sobre a Educação Ambiental (Art.225, item VI), que diz:
Cabe ao Poder Público promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente.
Porém, na prática, pouco se fez.
O país continua sem uma política definida para a Educação Ambiental
e a maioria dos professores, querendo desenvolver atividades de Educação
Ambiental, continuam sem receber materiais, treinamentos ou qualquer orientação
para o assunto.
Em 1990, uma nova proposta do MEC, através da Assessoria de
Educação Ambiental, promoveu encontros nacionais e regionais, criando centros de
Educação Ambiental, promovendo treinamentos e estabelecendo uma Política
Nacional de Educação Ambiental (PNEA).
Mesmo sendo praticada no Brasil desde a década de 50, de ser objeto
de Conferências Internacionais desde 1975, e de fazer parte da Resolução do
Conselho Federal de Educação, em 1987, a Educação Ambiental é, apenas agora,
transformada em lei, devendo, em conseqüência disso, tornar-se prática e oficial por
parte de todos os setores da sociedade. É o que diz a Lei nº 9795/99, que “(...)
dispõe sobre a Educação Ambiental, institui a Política Nacional de Educação
Ambiental e dá outras providências”... sancionada pelo presidente da República, em
27 de abril de 1999, após quase cinco anos de debates e discussões. Esta lei
reconhece, enfim, a Educação Ambiental como um componente urgente, essencial e
permanente em todo processo educativo, formal e ou não formal.
A responsabilidade, individual e coletiva, da sociedade na
implementação e prática da Educação Ambiental já estava expressa no artigo 225,
inciso VI, da Constituição Federal de 1988: “Cabe ao Poder Público promover a
Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para
a preservação do meio ambiente”. O caput do mesmo artigo constitucional incorpora
27
o papel da sociedade para a manutenção do ambiente equilibrado: cabe ao “Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações”. A Lei que institui a Política Nacional de Educação Ambiental
reflete este princípio constitucional quando envolve e chama a atenção de toda a
sociedade para a sua responsabilidade e o seu comprometimento de promover a
Educação Ambiental.
A Política Nacional de Educação Ambiental, em seu artigo 1º, define
Educação Ambiental da seguinte maneira:
(...) entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. E complementa: “A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal” (art.2º).
Avança ainda ao incorporar os conceitos expressos na definição de
Tbilisi como objetivos e princípios da Educação Ambiental. Diz a PNEA no artigo 4º
que são princípios básicos da Educação Ambiental: o enfoque humanista, holístico,
democrático e participativo – afinal, o uso, ocupação e transformação do meio
ambiente é um processo que gera conflitos de interesses entre diferentes atores
sociais. Estes conflitos determinam não só o modo como os atores intervêm no meio
ambiente, mas também o modo de distribuição na sociedade dos custos e benefícios
conseqüentes desta intervenção; o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas,
na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade, respeitando assim a autonomia
do aluno; a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais; a
garantia de continuidade e permanência do processo educativo; a permanente
avaliação crítica do processo educativo; a abordagem articulada das questões
ambientais locais, regionais, nacionais e globais; o reconhecimento e o respeito à
pluralidade e à diversidade individual e cultural, considerando que cada cultura
delineia diferentes modos de relações sociais e de relações com a natureza,
inclusive de entendimento, percepção, valores e atitudes em relação a esta
natureza.
28
Após a Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento (Rio-92), no Rio de Janeiro, quando foram reforçadas as
recomendações de Tbilisi e definida as bases da Educação Ambiental adotadas pela
maioria dos países em todo o mundo e também pelo Brasil, que se resume em que:
a) A Educação Ambiental deve promover a compreensão da existência e a importância da interdependência econômica, social, política e ecológica entre as zonas urbanas e rurais;
b) Proporcionar a todos a possibilidade de adquirir os conhecimentos, o sentido dos valores, as atitudes, o interesse ativo e as atitudes necessárias para proteger e melhorar o meio ambiente;
c) Induzir novas formas de conduta nos indivíduos, nos grupos sociais e na sociedade em seu conjunto a respeito do meio ambiente.
As instituições governamentais brasileiras adotaram como prioridade desta
Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, de Tbilisi (outubro de
1977), promovida pela UNESCO, o marco para o estabelecimento dos princípios e
recomendações a serem desenvolvidos em Educação Ambiental nas escolas.
As resoluções quanto ao que deva ser Educação Ambiental no Brasil –
que constam no documento do MEC, Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN),
editado em 1997 e distribuído a todas as escolas públicas do país – são,
resumidamente, as seguintes:
Considerar o meio ambiente em sua totalidade: em seus aspectos naturais e construídos, tecnológicos e sociais (econômico, político, histórico, técnico, moral e estético);Construir um processo permanente e contínuo – desde o início da educação infantil – durante toda as fases do ensino formal;Aplicar enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico de cada área, de modo que se consiga uma perspectiva global da questão ambiental;Examinar as principais questões ambientais do ponto de vista local, regional, nacional e internacional;Concentrar-se nas questões ambientais atuais e naquelas que podem surgir, levando em conta uma perspectiva histórica; insistir no valor e na necessidade da cooperação local, nacional e internacional para prevenir os problemas ambientais;Considerar de maneira explícita os problemas ambientais nos planos de desenvolvimento e crescimento;Promover a participação dos alunos na organização de suas experiências de aprendizagem, dando-lhes a oportunidade de tomar decisões e aceitar suas conseqüências;Estabelecer, para os alunos de todas as idades, uma relação entre sensibilização ao meio ambiente, a aquisição de conhecimentos, a atitude para resolver os problemas e a clarificação de valores,
29
procurando, principalmente, sensibilizar os mais jovens para os problemas ambientais existentes na sua própria comunidade;Ajudar os alunos a descobrirem os sintomas e as causas reais dos problemas ambientais; ressaltar a complexidade dos problemas ambientais e, em conseqüência, a necessidade de desenvolver o sentido crítico e as atitudes necessárias para resolvê-los; utilizar diversos ambientes com a finalidade educativa e uma ampla gama de métodos para transmitir e adquirir conhecimento sobre o meio ambiente, ressaltando principalmente as atividades praticas e as experiências pessoais.
Como conquista a sociedade brasileira conta com uma legislação que:
(...) impõe ao Poder Público a implantação da disciplina de Educação Ambiental nos seus cursos públicos, bem como o obriga a incentivar e propiciar desenvolvimento de projetos e programas educacionais ambientais tanto formais quanto informais, de maneira que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem cumprir sua obrigação legal colaborando assim com o importante processo de conscientização ambiental.
Somente assim poderemos tentar melhorar a qualidade de vida de
todos e, conseqüentemente, cumprirmos o disposto no art. 225 da nossa
Constituição Federal de 1988, onde diz, em poucas palavras, que o meio ambiente
sadio é um direito de todos.
2.2 Aspectos legais
A Educação Ambiental foi a forma encontrada internacionalmente par
promover mudanças de mentalidade, investindo na conscientização das pessoas
para que adotem posturas, tanto de proteção a vida no planeta em geral, quanto de
melhoria do meio ambiente e da qualidade de vida das comunidades, uma vez que
transformou-se em instrumento indispensável pelas sociedades contemporâneas
para criar e aplicar formas sustentáveis de interação sociedade-natureza.
Assim, existem hoje, uma série de documentos com referência a
Educação Ambiental. Resultantes de vários eventos internacionais promovidos pela
UNESCO – Estocolmo em 1972, Belgrado em 1975 e Tbilisi em 1977, entre outros
adotados pelo Brasil e pela maioria dos países membros da ONU.
30
Entre os vários documentos existentes que norteiam a Educação
Ambiental destacam-se:
CONFERÊNCIA DE ESTOCOLMO - Em 1972 realizou-se, a Conferência de
Estocolmo, que contou com representantes de 113 países. Nesta conferência foi
concebido o Plano de Ação Mundial, e, em particular, foram dadas diretrizes para
um Programa Internacional de Educação Ambiental. Apesar da sua importância,
esta conferência configurou-se mais como um ponto centralizado para identificar
os problemas ambientais, do que um começo de ação para resolvê-los.
CARTA DE BELGRADO - Em 1975, a UNESCO, em colaboração com o
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), em resposta à
recomendação 96 da Conferência de Estocolmo, cria o Programa Internacional
de Educação Ambiental (PIEA).
CONFERÊNCIA DE TBILISI – Em Outubro de 1977, em Tbilisi (URSS), acontece
a Primeira Conferência Internacional em Educação Ambiental, que constitui o
ponto culminante do Programa Internacional de Educação Ambiental. Nesta
conferência, definiram-se objetivos e estratégias, a nível nacional e internacional.
Postulou-se que a Educação Ambiental é um elemento essencial para uma
educação formal e não formal, e que dela resultarão benefícios para a
Humanidade. Chegou-se à conclusão que a educação deveria, simultaneamente,
preocupar-se com a consciencialização, a transmissão de informação, o
desenvolvimento de hábitos e a promoção de valores, bem como o
estabelecimento de critérios e orientações para a resolução de problemas. Nesta
perspectiva forma estabelecidas estratégias internacionais para ações no campo
da educação e formação ambiental.
1979 - Ecologia – uma proposta para o Ensino de 1º e 2º graus, de 1979,
publicado pelo Departamento do Ensino Médio – MEC e a CETESB-SP.
Lei Nº 6938/81 - que estava voltada para a política nacional do meio ambiente.
Foi a primeira conquista de grupos ambientalistas, porém a Educação Ambiental
continuou restrita a questões ligadas à natureza (extinção de animais, poluição
31
dos rios, devastação da natureza, etc.). Não se pode negar que esses temas são
importantes, mas é preciso que se discutam, também, as questões sociais,
econômicas e políticas do país. Dispõe sobre fins, mecanismos de formulação e
aplicação da Política Nacional do Meio Ambiente, consagra a Educação
Ambiental e estende, no seu Artigo 2º, inciso X, a:
Educação Ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.
Decreto Nº 88.351/83 - que regulamenta esta lei, estabelece que compete às
diferentes esferas do Poder Público:
orientar a educação, em todos os níveis, para a participação efetiva do cidadão e da comunidade na defesa do meio ambiente, cuidando para que os currículos escolares das diversas matérias obrigatórias complementem o estudo de ecologia.
Parecer Nº 819/85 – MEC – reforça a necessidade da inclusão de conteúdos
ecológicos, ao longo do processo de formação que se desenvolve no ensino de
1º e 2º graus, integrados a todas as áreas do conhecimento, de forma
sistematizada e progressiva, possibilitando a formação da consciência ecológica
do futuro cidadão.
Congresso Internacional sobre Educação Relativa ao Meio Ambiente, em
Moscovo, promovido pela UNESCO, 1987. No documento final, Estratégia
internacional de ação em matéria de educação e formação ambiental para o
decênio de 90, ressalta--se a necessidade de atender, prioritariamente, à
formação de recursos humanos, nas áreas formais e não formais da Educação
Ambiental, e na inclusão da dimensão ambiental nos currículos de todos os
níveis de ensino.
Parecer do Conselho Federal de Educação Nº 226/87 - aprovado por
unanimidade, considera a necessidade da inclusão da Educação Ambiental
dentre os conteúdos a serem explorados nas propostas curriculares das escolas
de 1º e 2º graus. Recomenda, ainda, a incorporação de temas ambientais da
realidade local compatível com o desenvolvimento social e cognitivo dos alunos e
a integração escola-comunidade como estratégia de aprendizagem.
32
Constituição da República Federativa do Brasil -1988 - Em termos propriamente
dito, vemos que no Brasil o parágrafo 1º, VI, do art. 225 da Constituição Federal,
determina ao Poder Público a promoção da Educação Ambiental em todos os
níveis de ensino. Mas, apesar desta previsão constitucional, bem como o fato de
a Educação Ambiental já ser conhecida mundialmente como ciência educacional
e também recomendada pela UNESCO e a Agenda 21, pouco era feito no Brasil
para a sua implantação concreta no ensino. O que existia era fruto dos esforços
de alguns abnegados professores e educadores, não havendo a atenção que
merece o tema pelo Poder Público e as entidades particulares de ensino.
Declaração Mundial sobre Educação para Todos: Satisfação das Necessidades
Básicas de Aprendizagem, aprovada na Conferência Mundial sobre Educação
para Todos, realizada em Jontien, Tailândia, de 5 a 9 de março de 1990, reitera:
(...) confere aos membros de uma sociedade a possibilidade e, ao mesmo tempo, a responsabilidade de respeitar e desenvolver a sua herança cultura, lingüística e espiritual, de promover a educação de outros, de defender a causa da justiça social, de proteger o meio ambiente (...).
Portaria Nº 678/91 – MEC - de 1991 – determinou que a educação escolar
deveria contemplar a Educação Ambiental permeando todo o currículo dos
diferentes níveis e modalidades de ensino.
Portaria n. 2.421/91 do MEC de 1991 – institui em caráter permanente um Grupo
de Trabalho para Educação Ambiental com o objetivo de definir, com as
Secretarias Estaduais de Educação, as metas e estratégias para a implantação
da Educação Ambiental no país, elaborar proposta de atuação do MEC na área
de educação formal e não-formal para a Conferência da ONU sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento.
Carta Brasileira para EA – Na Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento – RIO/92 – o MEC promoveu um Workshop sobre EA com
objetivo de socializar os resultados das experiências em EA, integrar a
cooperação do desenvolvimento em EA nacional e internacionalmente, e discutir
metodologia e currículo para a EA. Deste encontro resultou a carta brasileira.
33
Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e
Responsabilidade Global – de caráter não-oficial, foi celebrado por diversas
organizações da sociedade civil, por ocasião da Conferência Rio/92. Reconhece
a “educação como um processo dinâmico em permanente construção” que deve
propiciar a reflexão, o debate e a autotransformação das pessoas. Reconhece,
ainda, que a “educação ambiental para uma sustentabilidade eqüitativa é um
processo de aprendizagem permanente baseado no respeito a todas as formas
de vida.”
Plano Decenal de Educação Para Todos – 1993-2003, do Ministério da
Educação – seus objetivos são referentes à satisfação das necessidades básicas
das crianças, jovens e adultos e à ampliação dos meios e do alcance da sua
educação básica, tendo a dimensão ambiental como um de seus componentes.
Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento – Rio-92 –
destacou-se a necessidade de reorientar a Educação para o desenvolvimento
sustentável, e falou-se em analfabetismo ambiental.
Proposta do Programa Nacional de Educação Ambiental – PRONEA, de 1994,
elaborada pelo MEC/MMA/MINC/MCT, com o objetivo de “capacitar o sistema
de educação formal e não-formal, supletivo e profissionalizante, em seus
diversos níveis e modalidades”.
Parâmetros Curriculares Nacionais, de 1997. A elaboração dos PCN de 1ª a 4ª
séries e de 5ª a 8ª séries absorve a dimensão ambiental como um Tema
Transversal nos currículos do Ensino Fundamental. Os PCN são lançados como
subsídio para apoiar o projeto da escola na elaboração do seu currículo. A
grande novidade desta iniciativa é a inserção dos Temas Transversais, que inclui
Ética, Meio Ambiente, Orientação Sexual, Saúde, Pluralidade Cultural e Trabalho
e Consumo, que permeiam todas as disciplinas, buscando ajudar a escola a
cumprir seu papel institucional de fortalecimento da cidadania. Como explicitado
no volume 9 dos (PCNs):
34
(...) o trabalho de aluno deve ser desenvolvido a fim de ajudar os alunos a construírem uma consciência global das questões relativas ao meio (...). .
(...) neste sentido, as situações de ensino devem se organizar de forma a propiciar oportunidade para que aluno possa utilizar o conhecimento sobre o meio ambiente para compreender sua realidade e atuar sobre ela (...).
Lei Nº 9.795/99 – de 27 de abril de 1999. Porém, com a publicação da Lei
9.795/99, que dispõe sobre a Educação Ambiental, institui a Política Nacional de
Educação Ambiental (PNEA) e dá outras providências, a questão tomou força,
pois a implantação e aplicação da Educação Ambiental como disciplina passou a
ser obrigatória. A citada lei define juridicamente a Educação Ambiental como:
(...) processo por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constrói valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial a sadia qualidade de vida e de sua sustentabilidade. (art 1º).
35
3 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO ESCOLAR
A Educação Ambiental é um processo que consiste em reconhecer valores e explicar conceitos, com o objetivo de fomentar atitudes necessárias para compreender e apreciar as inter-relações entre o homem, sua cultura e seu meio biofísico. A Educação Ambiental aproveita também a tomada de decisões, e na própria na própria elaboração de um código de comportamento com respeito às questões relacionadas com a qualidade do meio ambiente. (Comissão de Educação de IUCN, Paris, 1970, apud – Maynes-Nunes, 1991, p.65).
3.1 A QUESTÃO AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO
Ao se abordar a questão ambiental, lembra-se que tem cada vez
menos sentido tratá-la de forma independente, tanto no plano político-social quanto
reivindicativo. Não podemos aceitar ou estaremos correndo o risco de contradições
explosivas, desenvolver dois conjuntos paralelos de medidas, um para responder as
necessidades sociais (‘’salvar a humanidade’’) e outro para responder aos danos
ecológicos (‘‘salvar o planeta’’). O objetivo atual é combinar estas duas exigências
solidárias em um mesmo programa de ação que seja, de fato, coerente. Isto vale
também para o planto teórico: a questão ambiental não deveria ser reduzida à
ecologia, mas fazer parte dos questionamentos contemporâneos que impõem uma
revisão geral das concepções ecológicas, hoje direcionadas para Educação
Ambiental.
O desenvolvimento econômico provocou, no passado, inúmeras crises
ecológicas de dinâmica global, produzida pela humanidade. Sistemas de produção
não-capitalistas (por exemplo, na União Soviética) tiveram conseqüências
ecológicas desastrosas mas a crise contemporânea é incitada pela lógica essencial
ao capitalismo (da “produção pela produção”). Esta foi a base dos desenvolvimentos
econômicos posteriores a Segunda Guerra Mundial que conferiram às crises
ecológicas localizadas uma nova dinâmica global (expansão e adensamento do
mercado mundial como a petroquímica e a agroindústria, a explosão dos
36
transportes, etc.). a globalização liberal em curso tende a agravar ainda mais esta
questão.
O custo humano da crise ecológica já é muito alto. Porém, são as
próprias condições de existência humana na Terra que serão qualitativamente
fragilizadas se uma mudança radical na produção não se operar.
A problemática ambiental exige mudanças de comportamentos, de
discussão e construção de formas de pensar e agir na relação com a Natureza. Este
alerta ganha repercussão, pelo lado da chamada “globalização econômica”, temos a
“globalização dos problemas ambientais”.
De maneira, o combate ecológico exige uma modificação do
funcionamento das sociedades humanas, ou seja, uma transformação social que só
é possível através da Educação dos homens.
A complexidade da questão ambiental esta no caráter múltiplo de suas
causas e nas profundas mudanças que são necessárias para minimizá-las.
Daí a importância da Educação, cujos fundamentos, de múltiplas
dimensões, constituem-se em poderosos recursos para serem utilizados no
processo de mudança individual e coletiva.
A Educação Ambiental, que hoje faz parte da Legislação Educacional
Brasileira destacado como o “compromisso com a construção da cidadania” pelo
Governo Federal – é apresentada nos PCNs como uma necessidade, pois:(...) a questão ambiental impõe às sociedades a busca de novas formas de pensar e agir, individual e coletivamente, de novos caminhos e modelos de produção de bens, para suprir necessidades humanas, e relações sociais que não perpetuem tantas desigualdades e exclusão social, e, ao mesmo tempo, que garantam a sustentabilidade ecológica. Isso implica um novo universo de valores no qual a educação tem um importante papel a desempenhar. (Comissão de Educação de IUCN, Paris, 1970, apud – Maynes-Nunes, 1991, p.180).
A proposta do MEC para a prática da Educação Ambiental na escola,
implementada pela Coordenação Geral de Educação Ambiental, é a inserção da
37
temática ambiental nos currículos, aliada a adoção de uma nova postura – de
práticas e atitudes – de toda comunidade escolar, que pode ser exercitada em
projetos de Educação Ambiental articulados como o projeto educativo da escola. E
os professores são os principais agentes da implantação da Educação Ambiental na
escola. Por isso mesmo, é necessário oferecer-lhes formação para desenvolver a
capacidade de compreender, refletir e ensinar os temas relacionados ao meio
ambiente.
O processo educacional entra neste contexto por fundamentar-se no
respeito a vivencia e ao conhecimento como pré-requisito para a construção de
saberes e de ações no ambiente, onde a Educação Ambiental é:o processo no qual o individuo assimila conceitos e interioriza atitudes, de modo a adquirir capacidades e comportamentos, que lhe permitam compreender e avaliar as relações de interdependência estabelecidas entre a sociedade em que vive e seu meio biofísico, bem como para atuar em consonância com a análise efetuada. (Seminário Piloto de Educação Ambiental, 1983, apud MEDINA, 1994b).
Conclui-se, então, que a Educação Ambiental nada mais é que
Educação, recuperando seu sentido como processo, que permite ao homem dotar-
se em e para a transformação do mundo, a partir das bases filosóficas deste, da
sustentabilidade e da ética concentrada na vida.
3.1.1 Educação Ambiental, Meio ambiente e Cidadania
Educação é uma das grandes questões deste século, e está na pauta
das discussões mundiais, despontando como única alternativa de transformação dos
homens e, conseqüentemente, da sociedade.
Uma educação compatível com as necessidades da sociedade tem
sido o objetivo de todo o Sistema de Ensino, em todos os momentos históricos,
porque é nessa sociedade que os sujeitos da educação estabelecem os seus
espaço de vida social, emocional e de desenvolvimento cognitivo.
No Brasil, a educação faz parte das discussões de toda a sociedade civil organizada, que preocupada com o futuro da sociedade brasileira debatem os problemas educacionais e buscam soluções.
38
Assim, o Brasil vem participando de encontros internacionais
convocados pela UNESCO, UNICEF, PNUD e Banco Mundial, com o objetivo de
buscar alternativas ao mesmo tempo em que vem comprometendo-se com
mudanças no sentido de reconhecer a educação como instrumento da promoção
dos valores humanos universais, da qualidade de recursos humanos e do respeito
pela diversidade cultural.
A busca da Cidadania está intimamente ligada à educação, uma vez
que esta também é imprescindível para a construção de uma sociedade
democrática, pois educar para a Cidadania exige que as questões sociais sejam
trabalhadas didaticamente, para que os alunos possam aprender sua complexidade
e dinâmica, ao refletirem as mesmas.
Estas concepções aparecem nos PCNs – na defesa que: “com isso o
currículo ganha em flexibilidade e abertura, uma vez que os temas podem ser
priorizados e contextualizados de acordo com as diferentes realidades locais e
regionais (...)”, - PCNs Amarelo, (Temas Transversais) p.25, entre eles, destaca-se o
Meio Ambiente, que passa a fazer parte dos Temas Transversais.
O Meio Ambiente passa a fazer parte do currículo com a função de:
contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos a decidir e atuar na realidade socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade, local e global. Para isso é necessário que, mais do que informações e conceitos, a escola se proponha a trabalhar com atitudes, com formação de valores, com o ensino e aprendizagem de procedimentos. E esse é um grande desafio para a educação. PCNs, p.175 – Temas Transversais.
Os desafios que se impõem são muitos, mas, talvez o principal seja de
reinterpretarmos o lugar do homem no mundo e reavaliarmos os referenciais que
tem orientado as ações das diferentes sociedades e culturas diante da natureza e na
construção de ambientes. A educação torna-se fator fundamental para a promoção
do desenvolvimento sustentável e de uma efetiva participação na tomada de
decisões. A idéia de Educação Ambiental é concebida no interior do movimento
ambientalista como um instrumento para envolver os cidadãos em ações
ambientalmente correta em busca de uma sociedade sustentável, e, foi no universo
39
da educação que o termo Educação Ambiental foi criado, com a recomendação de
que deveria tornar-se parte essencial da educação de todos os cidadãos.
(Conferência de Educação e Universidade de Koele, Inglaterra, 1965).
Mas o conceito de Educação Ambiental também foi mudado ao longo
do tempo e ainda está em construção. Originalmente, a dimensão de Educação
Ambiental, tal qual a do meio ambiente, estava vinculada ao conceito de natureza e
ao modo como esta era percebida. Hoje se acentua a necessidade de considerar os
diversos aspectos de uma dada situação ambiental e também o conceito de
Educação Ambiental incorpora às dimensões socioeconômicas, política, cultural e
histórica. A Primeira Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental –
Tbilisi/77 – define Educação Ambiental como “uma dimensão dada ao conteúdo e a
prática da educação, orientada para a resolução dos problemas concretos do meio
ambiente através de enfoques interdisciplinares e de uma participação ativa e
responsável de cada indivíduo e da coletividade”.
Através da Educação Ambiental é possível desenvolver um conjunto de
valores fundamentais, necessários à formação da Cidadania e uma relação mais
harmônica com o ambiente em geral.
Então, como perspectiva educativa, a Educação Ambiental pode estar
presente em todas as disciplinas quando analisa temas que permitem enfocar as
relações entre a humanidade e o meio natural, e as relações sociais, sem deixar de
lado as suas especificidades. A Educação Ambiental escolar deve enfatizar o estudo
do meio ambiente onde vive o aluno, procurando levantar os principais problemas da
comunidade, as contribuições da ciência, os conhecimentos necessários e as
possibilidades concretas par a solução deles.
Ainda, deve remeter os alunos à reflexão sobre os problemas que
afetam a sua vida, a de sua comunidade, a de seu país e do planeta, conforme
direcionam os PCNs (p.189) – no entendimento de que “para que essas informações
os sensibilizem e provoquem o início de um processo de mudança de
comportamento é preciso que o aprendizado seja significativo”.
40
A Educação Ambiental pode influir decisivamente par isso, quando
forma cidadãos, conscientes dos seus direitos e deveres. Nesta perspectiva a
Educação Ambiental é uma proposta de educação para refletir sobre as formas de
relações entre as sociedades e a natureza, entre os diferentes grupos sociais, sobre
a ética e o direito à vida em todos os aspectos. A Educação Ambiental se propõe,
ainda, a dar condições aos educandos de se posicionarem e agirem em busca de
caminhos mais justos e solidários para os desafios do processo de construção,
ocupação e transformação do mundo natural, social, cultural e ético.
O ensino para o meio ambiente deve contribuir principalmente par o
exercício da cidadania, estimulando a ação transformadora, alem de buscar
aprofundar os conhecimentos sobre as questões ambientais, as melhores
tecnologias, estimular mudança de comportamento e a construção de novos valores
éticos menos antropocêntricos. É preciso ficar claro que a Educação Ambiental é
fundamentalmente uma pedagogia de ação. Não basta se tornar mais consciente
dos problemas ambientais, sem se tornar também mais ativo, crítico e participativo.
Em outras palavras, o comportamento dos cidadãos em relação ao seu meio
ambiente é indissociável do exercício da cidadania.
3.1.2 O Aprender a Aprender na visão de Pedro Demo.
A Educação Ambiental, permeia todas as áreas do currículo escolar e
suas temáticas complexas necessitando da participação de todos os conhecimentos
escolares, exigindo um trabalho conjunto dos conhecimentos significativos e ações
participativas e responsáveis no meio em que vivem.
Pois, para que exista educação é necessário que haja construção e
participação.
Para DEMO:Educação é o suporte essencial, porque, no lado formal, instrumenta a pessoa com a habilidade crucial de manejar a arma mais potente de combate que é o conhecimento e, no lado político, alimenta a cidadania. Sociedade educada é aquela composta de cidadãos críticos e criativos, capazes de indicar o rumo histórico, coletivamente pretendido, sobretudo
41
desenvolver, maximamente, a oportunidade histórica disponível. DEMO, Educação e Qualidade. 3ª ed. Campinas, SP, Papirus, 1996. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).
O conhecimento faz parte do dia-a-dia. A todo o momento estamos
adquirindo novos conhecimentos. Isto não quer dizer que se esteja construindo
esses conhecimentos. Significa que apenas estamos acumulando novos
conhecimentos. A aquisição de novos conhecimentos, nem sempre está ligada a
uma ação reflexiva sobre os mesmos.
Para que a apropriação do conhecimento se dê, o sujeito precisa
vivenciar situações que o coloquem em contato com o meio. E mais, precisa agir
sobre o que se constitui o objeto de conhecimento para que se torne possível a sua
inclusão num sistema de relações.
Neste sentido, o caminho da produção do conhecimento, preocupação
essencial na modernidade, tem encontrado suporte em metodologias que se
proponham a ultrapassar a reprodução, a repetição e a cópia dos meios
acadêmicos.
Para DEMO,O que marcaria a modernidade educativa séria a didática do aprender a aprender, ou do saber pensar, englobando, num todo só, a necessidade de apropriação do conhecimento disponível e seu manejo criativo e crítico. A primeira necessidade é da ordem dos insumos instrumentais, enquanto a segunda perfaz mais propriamente o desafio humano da qualidade. A competência que a escola deve consolidar e sempre renovar é aquela fundada na propriedade do conhecimento como instrumento mais eficaz da emancipação das pessoas e da sociedade. Neste contexto, mera transmissão é pouco, embora insumo seja indispensável. Em termos emancipatórios, competência jamais coincidiria com cópia, reprodução, imitação. Torna-se essencial construir atitude positiva construtiva, crítica e criativa, típica do aprender a aprender. (DEMO, 1992, p.25).
A Metodologia proposta por Demo, enfatiza:(...) que o aluno precisa abandonar, definitivamente, a condição de objeto de aprendizagem. Sua função não é copiar e reproduzir, mais que ver muita coisa pela via da aula e sua cópia deve tomar temas e aprofundá-los exercitar aplicações do conhecimento, ensaiar deduções e induções, elaborar criativamente, argumentar com prioridade, pesquisar sistematicamente. Despertar interesse cientifico desafio primordial para o professor, a escola e o sistema como tal. (DEMO,1994, p.87).
42
Nesta perspectiva, o professor passa a ter uma nova proposição
metodológica de trabalho, pois se torna o articulador do processo pedagógico. Atua
em parceria com os alunos, propõe atendimento diferenciado, freqüenta biblioteca
junto com os estudantes, abre os laboratórios (historicamente chaveados no sistema
escolar vigente, para não estragar...), torna a escola um espaço aberto para criação,
provoca situações desafiadoras, instiga o aluno a buscar e a investigar novos
caminhos, acolhe os estudantes que passam a freqüentar a escola também em
horários alternativos, motiva a resolução nos meios acadêmicos reprodutivos. Os
subsídios fortes para o desenvolvimento desta metodologia convergem com duas
expectativas para o mundo moderno:
Ao comentar que Aprender faz parte do aprender a aprender, DEMO
afirma:
O processo educativo se manifesta caracteristicamente na habilidade de refazer críticas e criativamente o conhecimento disponível, superando a condição de cópia meramente aprendida. Aprender é coisa do discípulo, que tem em vista imitar o mestre. Aprender a aprender é típico do mestre, que busca ser sujeito autônomo e formula proposta própria.
Demo, propõe assim, uma metodologia que proponha desenvolvimento
e responsabilidade do aluno como construtor do seu próprio saber esbarra no papel
central do professor como dono da sala de aula, uma vez que, a educação é fator
fundamental para a conquista da cidadania, devendo ser entendida como “um
processo histórico de conquista popular, através do qual a sociedade adquire,
progressivamente, as condições de tornar-se sujeito histórico consciente e
organizado, com capacidade de conceber e efetivar-se “projeto próprio”. DEMO,
Pedro. Cidadania menor. Petrópolis. Vozes, 1992.
3.1.3 Contribuições para a Educação Ambiental na visão de Piaget e Vygotski
43
A atual crise ambiental vem trazer uma crítica ao modelo de
desenvolvimento e também ao modelo epistemológico. O desafio está em repensar
a Educação em sua totalidade, enfrentando a fragmentação do conhecimento.
Educar ambientalmente pressupõe investigar e refletir sobre as complexas relações
socioambientais existentes e possíveis, de acordo com a realidade.
Neste sentido, são de grande importância as contribuições de PIAGET e VYGOTSKI, para o desenvolvimento das questões ambientais, o aprendizado
ambiental e ecológico é colocado como forma de aquisição de conhecimento.
Segundo a concepção sócio-histórica ou sócio-interacionista, o sujeito se constrói a
partir de suas interações com o meio. Tais interações são consideradas de
fundamental importância para o desenvolvimento da inteligência, bem como para o
amadurecimento dos indivíduos.
No que se refere ao desenvolvimento da Educação Ambiental no
currículo, esta que tem o propósito de mostrar a interdependência entre os aspectos
biológicos e físicos, ou seja, “entra” no currículo tecendo uma rede de relações entre
todas disciplinas, pois é interdisciplinar, encontra embasamento na teoria de
PIAGET, onde este contesta a excessiva “disciplinarização”.[...] se explica, com efeito, pelos preconceitos positivistas. Em uma perspectiva onde apenas contam os observáveis, que cumpre simplesmente descrever e analisar para então daí extrair as leis funcionais, é inevitável que as diferentes disciplinas pareçam separadas por fronteiras mais ou menos definidas ou mesmo fixas, já que estas se relacionam com a diversidade das categorias observáveis que, por sua vez, estão relacionadas com nossos instrumentos subjetivos e objetivos de registro (percepções e aparelhos). [...] Mas, para Piaget, a excessiva “disciplinarização” [...] se aplica, com efeito, pelos preconceitos positivistas. Em uma perspectiva onde apenas contam os observáveis, que cumpre simplesmente descrever e analisar para então daí extrair as leis funcionais, é inevitável que as diferentes disciplinas pareçam separadas por fronteiras mais ou menos definidas ou mesmo fixas, já que estas se relacionam com a diversidade das categorias de observáveis que, por sua vez, estão relacionadas com nossos instrumentos subjetivos e objetivos de registro (percepções e aparelhos) [...] Por outro lado, logo que, ao violar as regras positivistas, [...] se procura explicar os fenômenos e suas leis, ao invés de apenas descrevê-los, forçosamente se estará ultrapassando as fronteiras do observável, já que toda causalidade decorre da necessidade inferencial, isto é, de deduções e estruturas operatórias irredutíveis à simples constatação [...] Nesse caso, a realidade fundamental não é mais o fenômeno observável, e sim a estrutura subjacente, reconstruída por dedução e que fornece uma explicação para os dados observados. Mas, por isso mesmo, tendem a desaparecer as fronteiras entre as disciplinas, pois as estruturas ou são comuns (tal como entre a Física e a Química [...]) ou solidárias umas com as outras (como, sem dúvida, haverá de ser o caso de Biologia e a Físico-Química). PCN – ENSINO MÉDIO, p.89.
44
Piaget, por ser biólogo, inspira sua teoria no modelo biológico, na
relação com a Educação Ambiental poderia ser encontrada no envolvimento das
crianças com temas sobre o meio, a natureza, a significação de conceitos e
símbolos na perspectiva psicológica, como, por exemplo, a curiosidade dos
indivíduos sobre sua vida, seu nascimento e crescimento que tende a levar os
mesmos à reflexão sobre o meio em que vivem.
Em sua obra, Epistemologia Genética, explica a formação do
conhecimento físico, biológico e matemático do indivíduo epistêmico, por meio do
organismo com o objeto do conhecimento.
Quanto a abordagem dos conteúdos, o professor ao trabalhar os
conteúdos referentes a Questão Ambiental, deve permitir ao aluno compreender que
os processos na natureza não são estanques, nem no tempo e nem no espaço. Pelo
contrário, há sempre vários fluxos de transformações, com reincorporação de
materiais a novos seres vivos, enfim, com interações que engendram mudanças no
mundo. É necessário destacar que esta compreensão é abstrata, cabendo ao
professor buscar fundamentações.
Para Piaget o pensamento se constrói através da ação. Desta forma, o
desenvolvimento infantil se dá a partir das relações que as crianças estabelecem
com o mundo. Ele considera que um dos principais objetivos da educação infantil
deve ser o de ensinar a criança a observar os fatos, cuidadosamente, em especial,
quando estes estão contrários aos previstos por ela. Observar, perguntar,
interpretar, registrar os fatos, devem fazer parte das atividades nesta fase de
desenvolvimento.
Piaget também destaca outro aspecto fundamental que no
desenvolvimento da habilidade de comunicação, pois não basta realizar ações, mas
é preciso falar sobre elas, sistematizá-las, através da reconstituição por via narrativa
de tais experiências, aprendendo a descrevê-las e expressá-las. Tanto pra a
sociabilização da criança como para seu desenvolvimento intelectual, é fundamental
que ela trabalhe em grupo.
45
Assim, a psicologia piagetiana propõe explicações sobre as
características e mudanças ocorridas nas formas de pensamento, bem como sobre
as razões e mecanismos que as promovem. Destaca-se na análise de SANTOMÉ:
por definir que em cada etapa do desenvolvimento evolutivo de uma pessoa, o desenvolvimento da inteligência ocorre com base em determinadas operações cognitivas que condicionam as informações com as quais é possível entrar em contato e as operações que podem ser realizadas com elas. (SANTOMÉ, 1998, p.37).
Já, as contribuições de Vygotski são mais decisivas no que se refere as
propostas didáticas relacionadas às peculiaridades das maneiras das pessoas
aprenderem, das suas características psicológicas. Em seu livro Psicologia
Histórico-cultural, aparecem as significativas contribuições deste teórico-soviético
que defendeu que a formação de uma conscientização do individuo a partir de
compreensão do conhecimento construído.
A perspectiva ambiental deve remeter os alunos a uma reflexão sobre
condições humanas e aos problemas que afetam sua vida, a de sua comunidade, a
de seu país e do planeta. Para tanto, é preciso que o aprendizado seja significativo.
Lev S. Vygotski contribui com esta, uma vez que sua teoria histórica-
cultural ressalta o papel decisivo desempenhado pelos adultos, pelo meio social e
pela instrução na aprendizagem e desenvolvimentos humanos. Ressalta ainda a
importância da mediação como idéia central para a compreensão do
desenvolvimento humano. Para ele, o conhecimento é mediado através dos recortes
do real, operados pelos sistemas simbólicos disponíveis numa dada cultura.
Ainda, é interessante destacar que:
a) a Educação Ambiental ao ser denominada como um dos Temas Transversais
dos PCNs, passa pelo compromisso de ser trabalhada pelos educadores com
propostas de trabalho integrado, não constituindo uma matéria especificado
currículo tradicional, podendo facilmente explorar;
b) as contribuições da pedagogia piagetiana apontam claramente na
aprendizagem da Educação Ambiental pois os conflitos cognitivos ou
46
desequilíbrios são os motores das aprendizagens e que isto só acontece na
medida em que estiver ligada aos interesses das pessoas;
c) a psicologia Vygotskiana ressalta que as possibilidades de aprendizagem de
cada pessoa mantêm estreita relação com o nível de desenvolvimento
atingido.
3.2 O Professor e a Educação Ambiental
O professor, enquanto sujeito-agente, integrando o coletivo dos
educadores de sua escola, tem o papel fundamental na produção e gerenciamento
das políticas e práticas curriculares. Deixa de ser um repassador de matrizes de
conteúdos prontos, respostas pré-determinadas, para ser um estudioso e
mobilizador da ação pedagógica construída na relação interativa com seus alunos,
colegas professores e comunidade. É ele o pedagogo da sala de aula, capaz do
diálogo com a realidade interna de suas práticas e externa a elas enquanto campo
de relações que produzem o conhecimento. É provocador para as descobertas e
organizador de situações favoráveis ao ensinar e ao aprender. Para isso, precisa
cuidar de sua competência teórico-metodológica, identificando e produzindo espaços
para a ação coletora, para o debate das questões pedagógicas, para o estudo
organizado.
O professor já não pode se entender simplesmente como o professor
da série ou da turma, mas como um educador responsável, atuando no currículo
com visão ampla e total do que ali se coloca como proposta de educação.
É impossível separar a atuação do professor de sua visão de educação
e de sua perspectiva de vida. Não há neutralidade. A teoria de aprendizagem, que
fundamenta sua ação, revela e explica sua crença de como o ser humano aprende,
determinando o modelo pedagógico da sala de aula e, no conjunto, o da escola.
A escola é um espaço que só pode existir através de uma autonomia
47
consciente, que contemple uma proposta pedagógica qualificada, que atenda as
demandas de aprendizagem de sua comunidade e da sociedade.
O espírito, que mobiliza e dá vida à essa escola, é o professor aberto
ao convívio, permeável às mudanças, evoluções e interações; é o professor o
agente transformador, o auto da ruptura da relação de dominação professor/aluno; o
professor que não é mais o “sujeito que ensina”, porque os alunos não são mais “os
sujeitos que aprendem”. Ensinar/aprender é uma ação continuada e compartilhada
entre professores e alunos. O saber concluído, não tem mais sentido, a
determinação do conteúdo verdadeiro, porque, na sociedade do conhecimento que
vivemos hoje, ele estará sendo continuadamente processado e reconstruído. Essas
reconstruções implicam no desenvolvimento de novas atitudes e habilidade frente ao
conhecimento e ao processo individual e coletivo de aprender.
No que se refere a Educação Ambiental, é imprescindível que a
postura do professor seja a de orientador do processo ensino-aprendizagem.
GADOTTI, ao educador compete refazer a educação, reinventá-la,
criar as condições objetivas para que uma educação democrática seja possível, criar
umas alternativas pedagógicas, que favoreça o aparecimento de um novo tipo de
pessoa, solidário, preocupado em superar o individualismo criado pela exploração
capitalista do trabalho, preocupado com um novo projeto social e político que
construa uma sociedade mais justa, mais igualitária. (O Papel do Professor – Uma
Questão Apenas, SEC, 1965, p.23).
Mas é preciso também que o professor tenha consciência de que o
trabalhar com a temática ambiental ele deve reavivar o debate entre alunos de
varias idades e classes, entre toda a comunidade escolar; que ao refletir
conjuntamente sobre o trabalho ambiental, sobre os objetivos que se pretende
atingir e sobre as formas de conseguir isso, esclareça o papel de cada um nesta
tarefa.
Preciso ainda avaliar bem o nível de informações dos alunos, pois
embora seja elevado devido aos meios de comunicação, as informações são
48
desconectadas, insuficientes, distantes da realidade do aluno e, portanto, inúteis
enquanto instrumento de transformação de sua realidade. Cabe ao professor dar
sentido a todo esse banco de dados aparentemente desordenado, transformando a
informação em conhecimento.
Talvez a maior tarefa do professor comprometido com a Educação
Ambiental seja a de desenvolver em seus alunos sua condição de ser humano ao
desenvolver relações ser humano/ser humano, e, ser humano/natureza, em suas
atividades – o que exigirá uma mudança de comportamento também no próprio
professor,como diz ARROYO: “só há educação humana na comunicação, no
diálogo, na interação entre humanos” e este é um dos grandes desafios que a
educação para o meio ambiente traz para o professor, mais acostumado a ser um
mero transmissor de conhecimentos e seus alunos simples espectadores, cujo
objetivo final é tirar boas notas nos testes. Agora o objetivo final é a transformação,
uma pedagogia voltada para a ação, aqui e agora. A primeira tarefa do professor
deve ser aproximar o aluno com o meio ambiente, sensibilizando-o especialmente
pelos problemas de sua comunidade, onde deverá ser agente transformador.
3.3 A Formação de Professores e a Educação Ambiental
A escola – de todos os níveis – está intimamente relacionada com a sociedade, e esta define sua função social ao interessar-se pelos grandes problemas nacionais e, em função desse interesse, tornar-se agente de mobilização social e de consciência crítica da própria sociedade que a mantém.
A discussão sobre a função da escola deve implicar necessariamente
nas reais condições em que esta se encontra. Condições estas caracterizadas pela
situação de precariedade vivida pelos educadores, expressa nos baixos salários, na
falta de condições de trabalho, de metas a serem alcançadas, de prestígio social
que provoca um descrédito na transformação da situação. A desvalorização objetiva
do magistério acaba bloqueando as motivações e representa, para a maioria dos
professores, um desânimo para se engajar nos projetos de trabalho propostos.
49
Neste contexto, é urgente que a escola, para exercer sua função social,
precisa possibilitar o desenvolvimento dos bens culturais e sociais, considerando as
expectativas e necessidades dos alunos, dos pais, dos membros da comunidade, e
dos professores envolvidos diretamente no processo educativo.
Nessa perspectiva, é essencial a vinculação da escola com as
questões sociais e com os valores democráticos, para isso, é necessário que, no
processo de ensino aprendizagem – na formação de professores – sejam
trabalhados: a aprendizagem de metodologias capazes de priorizar a construção de
estratégias de verificação e comprovação de hipóteses na construção do
conhecimento, a construção de argumentos capazes de controlar os resultados
deste processo, o desenvolvimento do espírito crítico capaz de favorecer a
criatividade, a compreensão dos limites e alcance lógicos das explicações
propostas. É necessário o comprometimento da escola em preparar professores das
séries iniciais com competência intelectual e técnica, criatividade, consciência
profissional e política com características pessoais que contribuam para sua
formação.
A formação de professores implica assim, na organização curricular da
escola (Curso Normal) priorizando uma prática social que inter-relaciona as
dimensões epistêmicas, metodológicas, culturais e organizativas da educação e que
as redefine na atuação integrada no nível da pesquisa, da docência, das ações nos
campos de desenvolvimento social e do exercício das competências profissionais. O
desdobramento da estrutura curricular faz-se através das disciplinas específicas
teórico-práticas, através da pesquisa e de ações de integração Escola-Comunidade,
mediante projetos e atividades de extensão e atualização.
Esta formação implica ainda o direcionamento de uma concepção de
que o conhecimento se constrói na ação e na palavra dos homens que dão sentido
as suas relações intersubjetivas e as suas objetivas sempre reconstruídas no mundo
em que vive e que constituem para viver, projetando a educação como uma
atividade prática em que vinculam as gerações ente si no intuito de darem sentido à
práxis coletiva em que aliem seus interesses cognitivos e expressivas a seus
interesses emancipatórios de transformação social.
50
Assim, a formar professores para trabalharem a Educação Ambiental
exige das instituições de ensino toda uma compreensão de Educação que possibilite
aos alunos a aquisição do saber (conhecimento significativo), do saber fazer, (agir
na realidade com responsabilidade e exercer a tomada de decisões democráticas,
reconhecendo a importância de sua participação na definição do futuro de sua
comunidade, o que possibilita a prática da cidadania) e permite ao mesmo tempo, o
trabalho coletivo, incentiva a elaboração de seu próprio ser, (cognitivo, efetivo e
espiritual) e aprecia a importância dos processos do conviver com os outros, a partir
do reconhecimento e da aceitação deste.
A atuação de professor demanda competências diversas – como organizar os
materiais no espaço da sala de aula, fazer planejamento, construir instrumentos de avaliação, corrigir
trabalhos de alunos, dialogar com os familiares dos alunos, trabalhar coletivamente com seus pares –
e que envolvem diferentes tipos de saberes.
É importante deixar claro que a definição de competências profissionais de um
professor serve em primeiro lugar para orientar a formação naquilo que ela deve promover – e não
para estigmatizar negativa ou positivamente os professores.
Na formação profissional, o desenvolvimento das competências se dá pela
aprendizagem de conteúdos significativos, segundo uma metodologia que crie situações nas quais o
sujeito que aprende coloca em uso seus diversos conhecimentos, realizando efetivamente as práticas
que compõem seu exercício profissional; e pela reflexão sistemática e compartilhada, de preferência
com parceiros mais experientes.
RUBEM ALVES, nos remete a um questionamento de como
formar educadores ao afirmar: “Não sei como preparar o Educador. Talvez que isso não seja nem necessário nem possível... É necessário acorda-los. Basta que o chamemos do seu sono por um ato de amor e coragem. E talvez, acordado, ele repetirá o milagre da instauração de novos mundos”.
51
4 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O FAZER PEDAGÓGICO
Educador Ambiental. Um novo “tipo de professor”, especializado em Educação Ambiental, capaz de atuar a nível de formação inicial, a nível de capacitação de docentes já graduados em disciplinas tradicionais e na orientação comunitária. (HENNIG, Georg J. Metodologia do Ensino de Ciências – MEC- FAE, 1994, p,397).
Estamos vivendo em uma sociedade que demanda muita agilidade,
competitividade, eficiência, trabalho em grupo, ampliação e construção dos
conhecimentos de forma criativa e a formação integral do homem em uma visão
holística. Este paradigma implica na educação para a formação do homem e o
despertar da consciência para uma cultura de harmonia e de paz, onde o aprendiz
expressa um modo de ser e pensar conscientizando de sua responsabilidade em
beneficiar o Universo com sua passagem.
A Educação Ambiental entendida como um caminho para formação de
indivíduos em questões essenciais para a qualidade de vida e para a construção da
cidadania, tais como, solidariedade, saúde, ética, natureza, diversidade cultural e de
idéias de responsabilidade está na escola.
Hoje, a escola está buscando formar cidadãos, conforme as referências
dos Parâmetros Curriculares, organizados pelo MEC (Ministério de Educação e
Cultura), e da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) Nº 9.394/96 – da Educação Nacional,
como indivíduos que olhem e vejam a realidade, que a compreendam e tenham
capacidade de criticá-la, que se preocupe com o destino coletivo e saiba se
posicionar diante dos desafios do mundo.
52
Então, trabalhar a Educação Ambiental dentro de um Projeto Político
Pedagógico (PPP), sonhado e concebido por uma Comunidade Escolar, nos leva a
interrogar:
- Como educar para o meio ambiente?
Dessa forma, buscamos organizar nossa prática pedagógica embasada
numa relação dialética entre nossos objetivos propostos e a CONTRIBUIÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA NA ÁREA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO INFANTIL E SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL e as aspirações norteadoras do Projeto Político
Pedagógico da Escola. O Projeto da Escola prioriza as atividades envolvendo:
o planejamento das atividades em um processo dinâmico,
democrático, participativo e dialógico;
que os envolvidos no processo ensino-aprendizagem sejam
concebidos como sujeitos sociais, comprometidos com a história, a
sociedade e a cultura;
a valorização do magistério – formação inicial de professores;
a concepção de homem, mundo, objetivando transformação da
sociedade;
o desenvolvimento de projetos através de um trabalho disciplinar,
buscando o desenvolvimento integral do aluno, respeitando suas
individualidades;
prioridade de sessões de estudos, palestras, encontros de formação
e, porque não, de uma experiência das atividades práticas voltadas
à natureza, às plantas, em especial, às hortaliças;
avaliação das atividades como prática de reflexão e crítica
constante, entre outros.
Assim, organizamos o fazer pedagógico, priorizando o desenvolvimento de atitudes e posturas éticas e o domínio de procedimentos sobre a apropriação de conceitos, através de atividades organizadas em momentos distintos.
Na busca de uma relação dinâmica com os objetivos da escola,
fundamentamos nosso trabalho partindo de alguns requisitos pedagógicos citados
por HENNIG:
53
A problemática ambiental pode ser resumida assim: complementaridade de educação teórica e prática ambiental; possibilidade de utilização da escola com o recurso fundamental para
ligar a educação formal ao trabalho ambiental produtivo; instrumentação da educação com procedimentos que promovam a
Iniciação Científica, possibilitem a Compreensão da Ciência bem fundamentada, em uma expectativa de Educação Científica Ambiental, permitindo resolver problemas ambientais;
possibilidade de diálogo (crítica-argumentação) e trabalho interdisciplinar entre educadores e alunos. HENNIG, Georg J. Metodologia do Ensino de Ciências, 2ªEd.MEC-FAE,1994, p.398.
4.1 O Planejamento Participativo e a Proposta Pedagógica da Escola
Entendendo a educação como um processo inserido no contexto das
relações e interesses que determinam nossa formação social, é necessário priorisar
os aspectos filosóficos, políticos, sociológicos e epistemológicos da educação de um
curso que pretenda formar um educador consciente de sua missão histórica e
preparado para agir junto a outros seres humanos, assumindo uma atitude crítica e
comprometida com a transformação social.
Partindo desses aspectos considero que a educação, o ensino e toda a
ação pedagógica a ser desencadeada pela escola deve ser planejada para propiciar
melhores condições sociais, culturais, intelectuais ao ser humano. Aos profissionais
da educação então, compete, planejar a ação educativa para a construção do
conhecimento e das suas relações com a sociedade.
Assim, deve ser objetivo primordial da escola a produtividade e a
eficiência, no que se refere a construção do conhecimento para poder melhorar a
qualidade do ensino, priorizando as exigências individuais e sociais, o direito de
todos a uma educação melhor e às exigências da sociedade.
A escola que objetiva inovar, construir, transformar, deve realizar com
eficácia a tarefa de planejar. Essa renovação da prática educativa somente acontece
através de um planejamento crítico, consciente e participativo. Como LUCKESI
54
afirma que: “uma escola para funcionar coerentemente, necessita do planejamento e
da ação coletiva do corpo docente, juntamente com as outras instancias
pedagógicas e administrativas” (LUCKESI, Cipriano Carlos. Prática Docente e Avaliação. Rio de Janeiro: ABT,1990, p.30).
Ao definir o meu projeto de trabalho, após o contato com a Direção da
Escola, coincidentemente, em anos anteriores, esta mesma direção já havia me
questionado da possibilidade de se fazer um trabalho junto às alunas do Curso
Normal, considerando, entre tantas razões, a necessidade delas terem uma
consciência da nossa realidade social-econômica, e poucas são as que têm essa
vivência das atividades agrícolas da nossa região. De imediato se partiu para a
analise da Proposta Pedagógica da Escola de aplicação, conforme segue:
A Proposta Pedagógica da Escola – Instituto Estadual de Educação Menna Barreto – chamado pela Comunidade Escolar de PPP – PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO – foi o resultado de um amplo processo coletivo mobilizador de toda a Comunidade Escolar, que propiciou a:integração dos segmentos da Comunidade Escolar, consolidou-se de forma solidária, fortalecendo a escola como espaço democrático e de discussão através da ação coletiva da PARTICIPAÇAO de pessoas que cada vez mais se constituem em sujeitos das transformações sociais. (PPP, p.06)
Reflete a defesa de:
Princípios éticos voltados para a busca de igualdade de condições que propiciem acesso e permanência dos alunos na escola, com qualidade para todos – com gestão democrática através da participação de todos nas decisões/ações administrativo-pedagógicas e pela valorização do magistério – formação inicial – continuada com condições de trabalho e remuneração.(PPP, p.07).
Ao destacar que:
As concepções de homem, mundo, sociedade, democracia, educaçao, escola, autonomia, gestão, currículo, avaliação e outros indicam um referencial maior: transformar a sociedade, tornando-a cada vez mais democrática. (PPP, p.07).
Organizar suas atividades, baseada na concepção de homem
enquanto sujeito histórico, e na filosofia de que:
A Escola fundamenta suas atividades nos princípios e diretrizes
55
legais vigentes, na crença, no homem como ser individual, inteligente e incluso, capaz de descobrir, assumir sua realização pessoal e de atuar como elemento de uma sociedade em mudança, em busca de SER MAIS”. (Art. 2º - Regimento Escolar).
Em seu diagnóstico, apresenta as preocupações de Comunidade ao
questionar:
AFINAL, QUE ESCOLA TEMOS, PARA QUE SERVE E PARA QUE ENSINO? (PPP, p.07).
A Escola Menna Barreto, situa-se no centro de nossa cidade,
oferecendo Educação Básica em três turnos de funcionamento:
Educação Infantil – Pré-escola, nível B (2 turmas- diurno); Ensino Fundamental :
o de 1ª a 8ª séries (19 turmas – diurno);o de 6ª a 8ª séries (05 turmas – noturno);
Ensino Médio:o Curso Normal (1ª a 4ª séries – 05 turmas – diurno);o De 1ª a 3ª séries (07 turmas – noturno).
Apesar da posição central da Escola, que conta com 1650 alunos regularmente matriculados, aproximadamente, apresenta uma clientela heterogênea.
O corpo docente caracteriza-se com professores habilitados em áreas diversas, alguns apresentando especialização nas áreas específicas de titulação, em Educação, Psicopedagogia, um Psicólogo e um mestre em Química, com um regime de trabalho predominante de 40 horas semanais.
Os funcionários são em número de quinze, apenas dois apresentando titulação superior, com uma jornada de trabalho de 40 horas semanais.( PPP, p.08).
Quanto as taxas de evasão, reprovação e repetência, observa-se:
Grande número de evadidos no Ensino Noturno, especialmente nas primeiras séries do Ensino Médio;
No Ensino Médio – Curso Normal – a evasão acontece em todas as séries, provavelmente pela falta de perspectiva do Curso, em relação à Legislação vigente;
Tanto no Ensino Fundamental, quanto no Ensino Médio, o índice de reprovação é considerado relativamente baixo, embora no Ensino Noturno, o grande número de faltas constado prejudica o sucesso do aluno, levando-o a evasão e repetência;
Nas primeiras séries do Ensino Fundamental, verifica-se um número expressivo de crianças portadoras de deficiências, exigindo um trabalho diferenciado por parte da Escola.
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Com relação aos Colegiados em funcionamento na Escola,
temos: Conselho Escolar, Associação de Pais e Mestres, Grêmio dos
Professores, Grêmio dos Alunos e Estágio Supervisionado, cada um
apresentando Estatuto próprio em consonância com o Regimento
Escolar.
Os projetos desenvolvidos na Escola objetivam um trabalho
interdisciplinar buscando o desenvolvimento integral do aluno,
respeitando suas individualidades, como por exemplo: Projeto Dança
Estudante, Coral, Banda Musical, Karatê, Clube de Artes, Laboratório
de Informática (com acesso à Internet), Projetos em Educação
Física, Educação Artística e Ciências (Mostra Pedagógica), Clube de
Língua Inglesa, Gincana Cultural Temática, Projetos Sociais (Natal
Solidário) e outros.
A escola prioriza reuniões freqüentes, com sessões de estudo,
Palestras, Seminários e encontros de formação com a Comunidade Escolar.
A Escola busca permanentemente uma educação comprometida com o
resgate do ser humano, ao definir suas concepções, que são:
Concepção de Educação:
A Escola concebe Educação numa relação direta com a formação da cidadania.
A educação é entendida como instrumento de formação ampla, pelos direitos da cidadania escolar para lutar pela superação dos seus problemas internos, visando o estabelecimento de políticas internas na escola no sentido de sanar os conflitos, situações – problema preservando a qualidade através da diminuição dos índices de evasão e repetência, proporcionando ao aluno, a oportunidade de ingressar na Escola, de retornar, se for o caso, e, principalmente, de obter sucesso em sua vida escolar. (PPP, p.14).
Estrutura Organizacional: esta se baseia no tripé:
o Eixo Administrativo – gestão democrática;
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o Eixo Pedagógico – linha de ação conjunta como norteador de toda a atividade escolar;
o Eixo Relacional – atividades conjuntas com todos os segmentos da escola.
Relações de Trabalho:
O Planejamento enfatiza a preocupação com a Ética nas relações, buscando entre:
o Direção e os segmentos – ser pautada no respeito e na igualdade de tratamento, bem como na descentralização do poder.
o Professores e alunos, na definição de papeis onde o professor exerça sua autoridade sem autoritarismo, numa troca dinâmica de idéias, onde juntos, professor e aluno desenvolvam o espírito crítico, aprendendo e crescendo na interação com o grupo, evitando a repressão e atitudes injustas. (PPP, p.28).
As relações de convivência:
Pressupõem ainda, um trabalho de temas como:
Valores, auto-estima (individual e grupal), diferenças (individualidade x pluralidade), relação consigo e com o outro (crítica, conflito, contradição, autoridade, poder, disciplina), comunicação verbal e não verbal, responsabilidade, ética (individual e coletiva), ideologias, compromisso, flexibilidade, inclusão e exclusão nas relações e na educação, cidadania.E, a constante avaliação das regras construídas coletivamente, revendo-as e ou substituindo-se quando não atenderem as expectativas do coletivo. (PPP, p.29).
Concepção de Currículo:
O planejamento das atividades da Escola concebe o Currículo como cerne da educação escolar, fenômeno histórico, resultado de forças sociais, políticas e pedagógicas que expressa a organização dos saberes vinculados à construção de sujeitos sociais.( PPP, p.22).
Ainda define este como:
Currículo é ação, é trajetória, é caminhada construída coletivamente. É um processo dinâmico, mutável, sujeito às inúmeras influências, portanto, aberto e flexível. (PPP, p.22).
58
Ao mesmo tempo em que destaca a importância que os envolvidos no processo curricular como sujeitos sociais, salienta o compromisso da escola com os sujeitos, com a história, com a sociedade e com a cultura. Nesse entendimento, organiza suas atividades baseadas em:
reconstrução curricular a partir da realidade, contextualizada historicamente, valorizando o saber popular, articulado ao saber cientifico;
no currículo voltado para as diferentes realidades e sujeitos e currículo construído de forma interdisciplinar, integrando as áreas
do conhecimento, através de propostas pedagógicas construídas a partir da realidade.
Avaliação
A Escola vem aprofundando seus estudos com relação a avaliação, na
busca de encontrar um consenso, mas já avançou no entendimento de:
avaliação é um aspecto intrínseco da dinâmica do processo ensino-aprendizagem. Deve, pois, ser uma prática de investigação diagnóstica, contínua, mediadora, cumulativa, sistemática, participativa e compartilhada que se destina a verificar se houve aprendizagem. (PPP, p.31).
Assim há a convicção de que a avaliação deve ser uma prática de reflexão e crítica constante sobre o que o aluno pensa e porque ele pensa dessa forma, e não como uma atividade pontual situada ao final de cada proposta de ensino. Trata-se de uma busca do entendimento das dificuldades, das potencialidades e dos avanços que o aluno pode vivenciar no seu modo ímpar de aprender.
Movidos pelo compromisso de construir uma escola efetivamente
democrática busca ainda:
Avaliação constante da prática pedagógica, de forma dialógica, interdisciplinar e não excludente, por toda a comunidade escolar; desenvolvimento de práticas de avaliação da aprendizagem coerentes com um processo pedagógico democrático, participativo e dialógico. (PPP, p.33).
Após análise das propostas norteadoras da Proposta Pedagógica da
Escola Menna Barreto, que se refere a um conjunto de princípios que são
59
priorizados.
Observei que o planejamento é participativo pois as decisões são
tomadas em consonância com a comunidade, que participa em todas as atividades
propostas. Assim, a comunidade escolar vem promovendo mudanças significativas
na sua estrutura organizacional buscando novas idéias, concepções de Educação,
Currículo e Escola descentralizando o poder no estabelecimento das relações; a
convivência com a comunidade escolar, através dos espaços democráticos –
CONSELHO DE CLASSE PARTICIPATIVO, GRÊMIO ESTUDANTIL, GREMIO DOS
PROFESSORES, ASSEMBLÉIA DOS PROFESSORES, CONSELHO ESCOLAR
atuante – integrando ações conjuntas – grupos de trabalhos e projetos
interdisciplinares e intersetoriais, na busca constante da integração que se encontra
o nosso processo de construção, objetivando o resgate das relações humanas no
convívio escolar.
Conclui-se que é fundamental para o avanço do processo ensino-
aprendizagem, de um estabelecimento de ensino, que a Proposta Pedagógica deste,
organize suas atividades como processo de crescimento e de transformação social,
como único caminho viável para conseguir a renovação profunda das estruturas e
das relações na educação formal.
O projeto da escola se destaca por procurar construir e reconstruir seu
planejamento e, o faz, através de sua Comunidade Escolar, pelos constantes
questionamentos:
Como estamos caminhando?
Estamos no caminho certo?
Quais são os nossos indicadores, até o presente momento que nos
mostram os resultados positivos ou negativos?
O que precisamos mudar?
60
4.2 RELATO DAS EXPERIÊNCIAS
O ensino de Educação Ambiental, tem sido submetido a constantes
questionamentos, desafios e permanentes mudanças. Estas transformações têm
resultado de reflexões sobre o tipo de atividade, assim como o esforço de tentar
utilizar resultados de pesquisas para a Construção do Conhecimento.
As atividades práticas realizadas em Educação Ambiental constituíram-
se em experimentação no verdadeiro sentido, pois aprofundamos nossa prática
pedagógica em relação a oportunidade de vivenciarem as atividades desenvolvidas
no setor primário de produção, especialmente numa horta, conhecimentos estes que
se aplicam a todo e qualquer setor de cultivo: jardim, pomares ou mesmo em
lavouras...
Desenvolvemos a presente pesquisa junto às alunas da terceira série,
turma A, com um total de vinte e sete, do Ensino Médio Curso Normal, ou seja, o
antigo Magistério, do Instituto Estadual de Educação Menna Barreto, em São
Gabriel, RS.
As alunas foram trabalhadas em um grande grupo, em sala de aula,
utilizando-se o espaço cedido pela professora da Disciplina de Didática, da referida
Escola, com atividades em sala de aula, no auditório da Escola, no Laboratório de
Informática, na área de recreação, em visita à Instituição Lar das Meninas, onde se
está desenvolvendo um projeto de construção de uma horta e a visitação a um
produtor de hortaliças em escala comercial.
Através de uma seqüência de momentos distintos, foi-lhes
apresentado, inicialmente, sob forma de texto, um resumo mínimo de informações
técnicas para se instalar uma horta, por menor que seja ou até as maiores, com
terminologias próprias, seqüenciadas de forma didaticamente corretas, onde através
do diálogo, da curiosidade ou mesmo na mais simples argumentação se descobria
uma quantidade de informações, às vezes, com questionamentos profundos sobre o
61
domínio de determinado cultivo, como foi o caso de uma aluna que queria aprender
a fazer “bonzai” (técnica japonesa de cultivar árvores em miniatura).
Através deste diálogo, descontraído, simples, sem aquela cobrança
tradicional de que “vale nota”, as alunas se sentiram mais à vontade, digo, mais
curiosas de como seriam as atividades.
Como se trata de um grupo grande de pessoas, cada uma de uma
procedência com vivência ou não destas atividades agrícolas, ao ponto de quem já
está acostumada a lidar com ela, teve sua oportunidade de questionar dúvidas sobre
determinado tipo de cultivo e quem nunca fez nada com relação às plantas parece
que aceitou o desafio de aprender alguma coisa.
Durante todo o período de aplicação do Projeto, que se desenvolveu
durante os meses de Setembro até Dezembro de 2003, com períodos de uma hora
aula ou até mesmo três horas por encontro, totalizando 25 horas aulas. Desde o
primeiro encontro até o final, foi de uma simpatia entre professor e alunas, visto que
a atividade proposta, de forma cordial e voltada para uma necessidade de
conhecimento que, até então, elas não tiveram oportunidade de vivenciarem as
atividades agrícolas, desde uma simples semeadura, o crescimento e finalmente a
produção de uma planta, seja hortaliça, flor ou mesmo uma árvore.
Num primeiro momento, a apresentação do Projeto gerou uma certa
dúvida quanto a possibilidade de ser mais um conteúdo a ser trabalhado, já que elas
estão em plena atividade com as aulas em sala de aula e nas escolas, seria mais
uma atividade a ser cobrada delas, mas com o desenvolver das atividades elas
notaram o quanto foi de valia as informações que se chegou ao final, havendo
informações que se tivessem tido anteriormente com certeza teriam melhorado em
muito as práticas desenvolvidas junto às crianças das séries iniciais, tendo por
exemplo o grupo que trabalhou sobre plantas e a culminância final das atividades foi
a semeadura de sementes de hortaliças, logo, esta deveria ter sido a abertura das
atividades pois durante os dias de encontro com os alunos, lá estaria a plantinha
respondendo ao ato de germinação, crescimento e se possível até já estaria
62
produzindo, sendo esta etapa a culminância, ou seja, acompanhar o crescimento e a
colheita, se possível.
Na apresentação do conteúdo sobre tipos de agricultura, foi possível
traçar um universo de atividades em que se aplica conhecimentos e tecnologias das
mais diversas possíveis, desde um cultivo em vasos, em canteiros ou mesmo em
áreas maiores ou lavouras, tendo uma visão ampla destas atividades: hortaliças,
plantas medicinais, flores, folhagens, frutíferas, jardinagens, gramados, árvores de
sombra e de embelezamento, florestas, lavouras, etc. utilizando-se de revistas
especializadas, folder, livros especializados, referência de sites na Internet, etc.
Sobre o assunto especialmente sobre hortaliças, além de se identificar
os tipos de hortas, da mais simples possível, tanto doméstica e escolar, até aquelas
em que as pessoas dependem dela para o seu sustento, denominadas como hortas
comerciais ou industriais, caracterizadas por sua extensão em área e o número de
pessoas a ela envolvida na produção de hortaliças para as feiras, mercados ou até
mesmo para a indústria. Em cada uma delas os procedimentos são semelhantes, ou
seja, desde o preparo do solo, uso de sementeiras, tratos culturais e até a hora da
colheita, obedecem às mesmas regras, somente o que muda são as quantidades de
vezes que tal operação é executada, devido a sua extensão de área a ser cultivada,
por exemplo, num vaso, basta duas a cinco sementes de uma determinada planta, já
num canteiro de um metro quadrado a quantidade pode variar de dez até cem ou
mais, e se for numa área maior, logo, muito mais sementes originarão mais plantas e
requererão uma maior numero de vezes de repetição de uma atividade, por
exemplo, o transplante, a repicagem, o desbaste, as irrigações e muitas outras
tarefas mínimas necessárias até a hora de se obter um produto final.
Durante este período do Projeto foi possível acompanhar as
dificuldades de se implantar uma horta, próximo da Escola, no Lar das Meninas,
local que abriga crianças de sete a doze anos, de forma assistencial, para que elas
tivessem oportunidade de vivenciarem e se ocuparem nas atividades oferecidas pela
instituição. Durante a visitação com um grupo de alunas que não estavam em
atividades promovidas pela escola na Semana da Criança, as alunas constataram
63
estas dificuldades que já havia sido identificada em aulas anteriores, tais como:
qualidade do solo, dificuldade de irrigação, etc.
Neste encontro foi possível aprofundar mais os conhecimentos sobre
as plantas, em especial as hortaliças, desde a semeadura em sementeiras, canteiros
definitivos, cuidados especiais para se transplantar as mudas da sementeira e os
fatores que determinam que uma semente possa germinar de forma adequada.
Através de uma atividade na sala de vídeo, foi apresentada uma
seleção de fitas didáticas sobre os assuntos anteriormente estudados, desde a
instalação de uma horta, tipos de irrigação, adubação, sistemas de cultivos em
estufas (sistema protegido) etc.
Com esta atividade foi possível descobrir a infinidade de atividades que
se executa tão logo se faz o plantio, as plantas necessitam de uma vigilância
permanente e criteriosa, dependendo da espécie, denominado de tratos culturais, ou
seja, aqueles cuidados mínimos necessários para que a planta, até o final do seu
ciclo, necessita para poder produzir de forma adequada ou mesmo com uma
produção recompensadora, como forma de pagamento ao agricultor que se dedicou
aos seus cuidados e o uso de tecnologias cada vez mais voltadas para facilitar esta
atividade que pode ser simples mas que em grandes áreas se torna difícil se não
houver o uso de mecanização. Um mesmo trato cultural pode ser aplicado a toda e
qualquer planta, por exemplo, a irrigação, algumas plantas exigem mais água que
outras ou alguns tratos culturais que são específicos para uma determinada planta,
não sendo necessárias em outras como: tutoramento (apoio) para o tomate e
ervilha, logo, a alface jamais necessitaria dela.
Nesta oportunidade o Laboratório de Informática foi utilizado como
forma virtual de se buscar informações sobre as atividades agrícolas, a partir de
determinado assunto de interesse do grupo de alunos. Através do site
www.google.com.br as alunas puderam vivenciar as inúmeras formas de se
identificar, pesquisar, descobrir e conhecer, de forma confortável, a variedade de
hortaliças, flores e tantas outras curiosidades que se apresentaram no momento. As
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dúvidas que porventura ficaram da aula anterior, tratos culturais, puderam ser
exploradas nesta busca de vivenciar cada uma delas.
Neste momento foi possível desenvolver uma excursão em visita à
horta de propriedade do Sr. João Strider, localizado na periferia da cidade de São
Gabriel, onde a família envolvida nesta atividade sustenta de forma ampla as
necessidades das feiras e mercados da cidade com verduras, legumes. Tiveram
oportunidade de acompanhar as atividades de beneficiamento das hortaliças após a
colheita, ou seja, seleção, limpeza, classificação e acondicionamento e embalagem
das hortaliças. Na lavoura, a limpeza dos canteiros, contra as plantas invasoras,
inços, a irrigação por aspersão, as estufas onde as sementeiras estão sendo
desenvolvidas, tiveram oportunidade de executarem tarefas como: monda, desbaste
e irrigação. Outra vivência que as alunas pudera constatar foi a vida árdua que as
pessoas levam nesta atividade de sol a sol, quando a necessidade de se fazer uma
tarefa independe de estar muito calor ou não, porque neste dia estava muito quente
e as pessoas, em atividades peculiares às necessidades das plantas, lá estavam
trabalhando.
Nesta semana, os grupos de práticas pedagógicas nas escolas de
Ensino Fundamental, várias atividades foram executadas em sala de aula, conforme
projetos elaborados pelas alunas que desta vez tiveram a culminância com o plantio
de mudas de flores com as crianças das séries iniciais. O assessoramento aos
projetos das alunas se estendeu durante a semana seguinte.
Finalizando todas as etapas de implantação do Projeto, os grupos de
alunas fizeram um registro de como receberam estas informações, e de como se
lhes possibilitaria a aplicar em oportunidades futuras, quer como ainda estagiárias
ou mesmo em suas atividades como professoras no futuro.
4.2.1 Cronograma da distribuição das aulas
Resumidamente, através desta tabela é possível relatar as atividades
desenvolvidas durante a aplicação do Projeto a que nos propomos, sendo todas às
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quintas feiras, no horário da Disciplina de Didática, gentilmente cedida e
supervisionada pela professora catedrática, ????????????????
Dias eHora/aulas Atividades desenvolvidas durante as aulas
18/09/2003
1 hora aula
Apresentação pessoal, traçando os objetivos das atividades a que
me propunha desenvolver como professor de Técnicas Agrícolas na
Escola de Ensino Médio João Pedro Nunes, desde os anos 70.
25/09/2003
2 horas aulas
Educação Ambiental.
Ecologia.
Agricultura.
Tipos de agricultura.
02/10/2003
2 horas aulas
Tipos de hortas.
Instalação de uma horta.
Ferramentas mínimas necessárias para desenvolver uma horta.
Utensílios mínimos necessários.
Insumos e matéria orgânica, compostagem.
09/10/2003
2 horas aulas
Visitação ao Lar das Meninas, em São Gabriel, onde está sendo
implantada uma horta.
16/10/2003
2 horas aulas
Traçado dos canteiros.
Semeadura e sementeiras.
Canteiros definitivos para transplante.
Cuidados com as sementeiras.
Cuidados para se transplantar mudas da sementeira.
Fatores que determinam a germinação das sementes.
16/10/2003
2 horas aulas
Apresentação de uma série de fitas de vídeo, enfocando a
instalação de uma horta, desde o preparo, o plantio, os cuidados e
colheita.
Sistemas de estufas (cultivo protegido).
23/10/2003
2 horas aulas
Principais tratos culturais executados numa horta, desde a
semeadura até a hora da colheita.
30/10/2003
2 horas aulas
Uso do Laboratório de Informática da Escola, com acesso livre à
Internet, com tarefas de busca de informações sobre as hortaliças.
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06/11/2003
3 horas aulas
Excursão a uma horta comercial, do Sr. João Strider, Bairro Bomfim.
13/11/2003
2 horas aulas
Elaboração de um relatório das atividades desenvolvidas no local da
horta visitada.
21/11/2003
2 horas aulas
Elaboração de um projeto vivencial para ser aplicado junto aos
alunos das séries em que os grupos executam as práticas
pedagógicas nas escolas: Escola Municipal Deodoro da Fonseca,
Escola de Ensino Médio João Pedro Nunes (séries iniciai) e Instituto
Estadual Menna Barreto.
27/11/2003
2 horas aulas
Assessoramento na aplicação dos projetos sobre a viabilidade das
práticas agrícolas de forma ecológica e racional junto às séries
iniciais.
04/12/2003
1 horas aula
Avaliação das atividades propostas durante a execução do projeto
de contribuição para a formação dos professores de ensino das
séries iniciais e encerramento das atividades em forma de
confraternização geral.
4.3 Depoimentos dos grupos de alunas do Curso Normal
Ao concluir as atividades propostas ao grupo de alunas do curso
Normal do Instituto Estadual de Educação Menna Barreto, foi possível obter um
relato final destes grupos, bem como uma avaliação do que ficou caracterizado
durante o período de desenvolvimento das práticas agrícolas, sendo para a maioria
uma experiência inédita, agradável e ao mesmo tempo deu uma visão ampla das
necessidades de se ter esse conhecimento para o dia a dia que a profissão de
magistério exige, ou seja, o “conhecimento não ocupa espaço”, logo, o quanto mais
se souber, as oportunidades serão mais amplas para encarar as possíveis situações
de ensino aprendizagem.
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Apesar do grupo ser essencialmente de meninas, total de vinte e seis e
com a presença de somente um aluno, tomo por liberdade de generalizar a todos
como alunas sem ter a necessidade de referenciar-me em especial ao aluno,
embora esteja junto ao grupo.
Baseado em algumas questões reflexivas apresentadas, houve a
elaboração do relato dos grupos, obtendo-se as seguintes falas:
1. O que você conhecia, antes das aulas, sobre as atividades agrícolas? Alguma coisa já conhecia.
Tínhamos apenas conhecimentos básicos sobre a agricultura, que foram aprofundados no decorrer das aulas de técnicas agrícolas.
Quase nada, porque nunca tivemos oportunidade de ter aulas sobre o assunto agricultura e essa oportunidade foi muito boa para o conhecimento que adquirimos.
Não conhecíamos muita coisa, tínhamos noções básicas sobre as coisas mais simples, por exemplo, plantio de arvores e pequenas hortas.
Sem respostas.
O básico de uma plantação, desde o preparo da terra, o plantio, os cuidados com as plantas até a hora da colheita.
Conhecia o que todos conhecem, antes de não se aprofundar em alguma história.
2. Os assuntos e oportunidades apresentadas se somou aos seus conhecimentos anteriores?
A técnica de sombrite nos chamou muito a atenção porque, se bem aplicada, além de proteger as plantas do sol, também pode protegê-las do ataque dos pássaros.
praticamente todas as técnicas eram novas e estas foram somadas aos nossos conhecimentos.
Sim, técnicas de manejo de flores, como se prepara um canteiro, como fazer a irrigação.
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Sim, como por exemplo, o plantio de certas frutas que parecem ser complicadas mas que possuem um processo de cultivo bem simples e que eram inexistentes de nossos conhecimentos.
Mesmo retendo alguns conhecimentos a respeito de técnicas agrícolas é sempre proveitoso relembrar os fatos relacionados a agricultura; Sim, porque algumas técnicas não conhecidas tivemos oportunidade de conhecer;.
Quase tudo (conteúdos) foi novidade, eu conhecia poucas coisas, o que me dava curiosidade eu perguntava, só que as pessoas que eu perguntava não eram especializadas no assunto.
3. O que poderia ser modificado em futuras oportunidades?
Um assunto que nos interessa muito é o cultivo de plantas medicinais, além de ser um recurso alternativo de saúde é algo que precisamos no dia-a-dia.
Plantas ornamentais e flores.
Flores, porque deve ser muito legal aprender a lidar com as flores e aprender a cultivá-las.
Uma nova oportunidade poderá ser dado técnicas e procedimentos de alguns remédios caseiros, tendo em foco as plantas usadas e seus respectivos desenvolvimentos de produção e utilização.
Em outra ocasião seria muito bom abordar todos os temas sugeridos. Isto seria muito enriquecedor.
Que o professor permaneça por mais um tempo, no próximo ano, para aplicar as técnicas sobre: flores, animais, plantas medicinais.
As flores, gostaria de ter mais conhecimentos.
4. Considerando-se as oportunidades de ter conhecimentos além das disciplinas obrigatórias, o que realmente contribuiu como uma nova visão de ensino voltado para as atividades rurais da nossa região?
Sendo o RS um estado basicamente agrícola, as Secretarias de Educação deveriam incentivar a agricultura através de pequenos canteiros nos pátios das escolas.
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Além da aquisição de conhecimentos é uma necessidade termos noções de agricultura, por nos localizarmos em uma região extremamente agrícola.
Contribuiu no sentido de que no futuro podemos trabalhar com nossos alunos sobre agricultura e usar esses conhecimentos adquiridos;
Contribui para o enriquecimento do conhecimento, proporcionando uma nova visão e oferecendo não só métodos como argumentos adicionais nas práticas pedagógicas. Levando em conta as necessidades de terem conhecimento sobre a agricultura
Sabemos que apesar dos séculos de mudanças, algo continua sempre igual, os homens continuam tirando do solo seu alimento, por isso, o conhecimento de agricultura nunca será ultrapassado, e sendo assim, é necessário seu ensino em sala de aula.
Tivemos um bom aproveitamento, pois muitas alunas ainda não haviam tido a oportunidade, então foi bem satisfatório, e esperamos seguir mais um tempo.
Contribuiu muito, porque nós nos dedicamos e procuramos nos aprofundar sobre os conhecimentos da agricultura e sabemos que ela é importante para nós.
5. Em que situações de sala de aula poderá ser aplicado estes conhecimentos?
Os conhecimentos sobre agricultura podem ser usados em sala de aula, onde o professor deverá plantar (em vasos) algumas sementes, com a ajuda dos alunos. Estes também deverão até que elas germinem e posteriormente para que cresçam saudáveis.
De maneira simples, mas não monótona e que desperte o interesse dos alunos.
Em datas comemorativas como o Dia da Arvore, dia do Meio Ambiente, projetos referentes a agricultura;
Hora do lanche é a oportunidade em que os alunos levam frutas de merenda nos proporcionando momento para falar sobre sua origem, cultivo e consumo.
Esse conhecimento pode ser aplicado no sentido de incentivar o respeito a terra e as plantas, bem como aos recursos naturais.
Passando conteúdos de Ciências, podemos passar um pouco de conhecimento que nós tivemos e aprendemos ao visitar as plantações de verduras e legumes.
70
Passamos conteúdos de Ciências, podemos passar um pouco de conhecimentos que nós tivemos e aprendemos ao visitar as plantações de verduras e legumes.
6. Faça uma análise de como os conhecimentos adquiridos poderão ajudar a sua prática pedagógica.
Antes de termos participado deste Projeto, tínhamos apenas um conhecimento básico sobre agricultura, que foram aprofundados no decorrer das aulas de práticas agrícolas. Todas as técnicas mostradas eram novas e estas foram somadas ao nosso conhecimento. Em nossas práticas os conhecimentos adquiridos poderão nos ajudar a incentivar nossos alunos a terem vontade de cultivar seus próprios alimentos não deixando o trabalho monótono e sim despertando seu interesse.
Os conhecimentos adquiridos no decorrer das aulas de práticas agrícolas nos proporcionaram muitas vantagens que certamente vão nos favorecer na realização de nossas praticas pedagógicas, principalmente, nos trabalhos na área de Ciências, e na montagem de nossos projetos, onde também poderemos passar noções de agricultura, que é essencial por nos localizarmos em uma região extremamente agrícola. Podemos afirmar que assim como nós, nossos alunos vão demonstrar muito interesse e, depois, nos agradecer das lições aprendidas nas aulas.
Durante as aulas de Ciências e Mostra Pedagógica podemos aplicar todo o conhecimento e prática que nós adquirimos, como, por exemplo: a sementeira, o cultivo das plantas e a colheita. E que, em qualquer lugar podemos plantar hortaliças. Entusiasmando a criança desde cedo a plantar, participar de Feiras de Ciências relacionadas com as plantas.
Na hora do lanche é uma oportunidade em que os alunos levam frutas de merenda, nos proporcionando momentos para falar sobre sua origem, cultivo e consumo. Já na aula de Ciências existem conteúdos relacionados às plantas que dará oportunidades de explorar mais os conteúdos até chegar às práticas agrícolas, usando também esses conhecimentos para as Mostras Pedagógicas. Em Educação Artística podemos fazer uma experiência, pegar um feijão, faze-lo brotar e a cada aula os alunos deverão desenhar a planta, acompanhando assim o seu desenvolvimento.
Os conhecimentos sobre agricultura podem ser usados em sala de aula, onde o professor deverá plantar (em vasos ou similares) algumas sementes, com a ajuda dos alunos. Estes também deverão cuidar até que elas germinem e posteriormente para que cresçam saudáveis. Através desse trabalho as crianças aprendem a plantar e a cuidar das plantas. Além disso, as crianças podem passar seus conhecimentos adiante, através de Projetos para Feiras de Ciências e palestras direcionadas a outras turmas onde elas também trabalharão sua auto-estima e desenvoltura para falar e ler.
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No curso que estamos fazendo, nós temos que fazer projetos e integrar eles com o tema que iremos trabalhar, por exemplo: este ano quando trabalhei com a 1ª série, semestre passado, fiz um projeto sobre “Natureza”, neste projeto poderia ter trabalhado mais sobre os conhecimentos da agricultura, mas como não tinha muitos conhecimentos sobre o manejo eu apenas integrei o projeto e também levei os alunos para observar as arvores que a muito tempo foram plantadas na escola (Poli). Lá também existe um bom espaço para o plantio de mudas e lugar para as crianças desfrutarem da natureza. No ano que vem continuaremos a fazer mais projetos. Com os conhecimentos adquiridos teremos mais e melhores condições de usar esses conhecimentos em nossa prática pedagógica. Por isso, tudo que aprendemos terá um valor muito importante para todos nós.
No curso que estamos fazendo, nós temos que fazer projetos e integrar com o tema que vamos trabalhar, por exemplo, este ano trabalhamos com vários temas para educação infantil e primeira série, em alguns temas podemos ressaltar a Natureza e a vida na fazenda, nestes projetos poderíamos ter trabalhado mais sobre os conhecimentos de agricultura, como fazer experiências, como colocar as sementes para germinar e até mesmo, se tiver um espaço disponível, formar uma pequena horta para que os alunos possam acompanhar seu desenvolvimento, aprender a cuidar bem de uma planta e saber a época de cultivar cada espécie de planta.
O homem foi formado do pó do solo, tem suas raízes na terra, por isso, depende dela para viver. Portanto, ampliar os conhecimentos sobre a agricultura é algo profundamente enriquecedor. Alem do aprendizado em si, este conhecimento pode ser aplicado no sentido de incentivar o respeito para com a terra, às plantas, bem como o meio ambiente.
4.4 Práticas agrícolas nas Escolas de Ensino Fundamental
Até o ano de 1971, o Brasil, o Estado do Rio Grande do Sul, os
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municípios, ofereciam à clientela de alunos o Curso Ginasial Regular, na sua grande
maioria, raramente existiam escolas a nível ginasial com formação ou mesmo
orientação específica das áreas profissionalizantes como: Ginásio Agrícola, Ginásio
Industrial, Ginásio Comercial e outros.
Em 1971, a comunidade escolar do Rio Grande do Sul tem recebido na
sua rede de escolas estaduais a implantação de Escolas Polivalentes, ou seja, até
1977 totalizaram em torno de 85 em todo o Estado. Foram todas construídas
conforme preconizava a nova lei da Reforma do Ensino, Lei 5692/71, onde era
previsto além do Núcleo Comum (Português, Matemática, Ciências, História,
Geografia...) a Área Diversificada, ou seja, as disciplinas com orientação para a
sondagem de aptidões, nas áreas: Agrícolas, Industriais, Comerciais e Domésticas.
Foram quatro etapas de implantação de uma série de escolas em todo o Rio Grande
do Sul.
PREMEN (Programa Estadual de Melhoria do Ensino), convênio entre
Governo Federal, Estadual, MEC e USAID, antes mesmo da nova Lei de Diretrizes e
Bases Nº 5692/71, já se iniciou o treinamento de vários professores para atuarem
nas Escolas Polivalentes a serem instaladas no Estado do Rio Grande do Sul.
Todos os professores, após uma prova de seleção classificatória,
vestibular, promovido pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul),
cursavam entre seis meses até dezoito meses de treinamento, atualização e
aperfeiçoamento na sua área de atuação, com algumas disciplinas exigindo como
pré-requisito para ingresso a formação técnica em agropecuária para a disciplina de
Técnicas Agrícolas e técnico em contabilidade para a disciplina de Técnicas
Comerciais, apenas segundo grau para as demais disciplinas.
Todas as escolas receberam, prédio, mobiliário, maquinário,
ferramentas, instrumentos, utensílios de laboratório de ciências, biblioteca, e
principalmente o treinamento de pessoal especializado.
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A grande novidade na época era a implantação de criação do
profissional de tempo integral, de dedicação exclusiva, ou seja, o regime de 44 horas
semanais para os professores.
O aluno também tinha a ocupação integral na escola, disciplinas do
Núcleo Comum num turno e Técnicas Agrícolas, Comerciais, Domésticas e
Industriais em turno alternado, além da Educação Física.
Foram os anos dourados para inúmeros jovens que hoje, independente
do ramo de atividade que exercem hoje, relembram esta fase de suas vidas com
alegria, emoção e principalmente, gratidão pelas oportunidades que tiveram. Hoje,
para seus filhos ou mesmo netos, já não existem mais.
Estamos num final dos tempos, onde tudo aquilo de bom e necessário,
que poderia ser preservado, ampliado com aprimoramento tecnológico, por exemplo:
criação de viveiros em estufas, hidropônica (cultivos em água) para lugares onde
não existe possibilidade de solos fértil, enfim, o mundo não parou e os recursos são
cada vez mais voltados para a melhoria na produção de alimentos, em quantidade e
qualidade, embora existam divergências ideológicas quanto a sua validade para
amenizar a fome do mundo, seja por clonagem ou mesmo pela transgenia.
Hoje, nos deparamos com as escolas totalmente sucateadas, as áreas
destinadas às oficinas, laboratórios, transformadas em salas de aulas convencionais
e todos os equipamentos especializados estão amontoados em depósitos, galpões
ou mesmo embaixo de escadarias, abandonados à ferrugem, a deteriorização e
mesmo ao desperdício pela perda de componentes especiais como: parafusos,
porcas, chaveamentos, engrenagens ou mesmo “pedaços de ferro torto” como é
classificado por quem desconhece a utilidade do mesmo.
Nas Coordenadorias Regionais de Educação (CRE) não existe sequer
interesse neste patrimônio existente em algumas escolas.
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Numa escola, área destinada ao pomar, hoje, dá lugar ao campo de
futebol, local destinado à horta escolar, hoje é um belo estacionamento privativo dos
carros com calçamento de pedra irregular.
O que é mais decepcionante hoje, é que as disciplinas que ocupavam
as oficinas como: Técnicas Domésticas, Técnicas Comerciais, Técnicas Agrícolas e
Técnicas Industriais foram substituídas por disciplinas do Núcleo Comum,
simplesmente deixando de existirem nas bases curriculares das escolas de Ensino
Fundamental, uma pela necessidade de salas de aulas, outra pela inexistência de
professores e mesmo desinteresses da parte do Governo em nomeação e mesmo
na formação de professores para estas áreas.
E agora? Aquilo que foi ecologicamente correto nos anos setenta e
oitenta, poderá ser repetido, ressurgido das cinzas (como Fênix)? Prova há nas
escolas estaduais denominadas de Polivalentes em todo o estado, quando o
planejamento da escola previa, antecipadamente, a área de preservação, a
formação e treinamento de professores especializados e na época, uma
compensação salarial digna dos educadores, hoje fica os resultados para
comprovarem o trabalho feito em termos de arborização, embora a parte de jardins e
hortas não se perpetuam como as árvores, também tiveram sua história registrada
na formação dos jovens que conviveram nas referidas décadas.
Fica apenas uma esperança de que meus netos, ou antes, possam ter
essa oportunidade de uma educação voltada para as práticas agrícolas, práticas
industriais, práticas comerciais e dos afazeres domésticos, tão úteis para a vida.
75
CONCLUSÃO
Ao término deste trabalho de pesquisa em que nos propomos
desenvolver um projeto na área de Educação Ambiental, como “Contribuição
Teórico-Prática para a Formação de Professores de Educação Infantil e Séries
Iniciais do Ensino Fundamental”, não cabem conclusões definitivas. O que
apresentamos, como fecho deste trabalho, são algumas considerações finais onde
deixamos expresso alguns entendimentos e, ainda, algumas expectativas para o
futuro.
O desejo de enfrentarmos, com alguma concretude, o desafio de
contribuir no ensino de Educação Ambiental na direção de encontrarmos saídas
possíveis para o redirecionamento do que vem sendo, de forma sistemática,
apontado como problema em nossa área, nos levou a realização deste projeto.
Alertamos, porém, que nossa preocupação foi a de oferecermos elementos aos
alunos do Curso Normal, para que se possa ultrapassar a visão ingênua da
realidade que tem permeado boa parte daqueles que se interessam pelo estudo da
Educação Ambiental.
O conhecimento sobre o meio ambiente, das causas de sua
deterioração e principalmente das práticas de preservação do mesmo, sobre a
nossa realidade sócio-econômica voltada quase que exclusivamente para a
agricultura e pecuária, tornando-se um pré-requisito essencial na formação de
professores que pelo menos tenham conhecimento desta realidade e, se possível,
uma convivência com essa realidade, coisa que atualmente é muito rara para quem
vive na cidade, não tem idéia das necessidades mínimas de quem vive no interior do
município, onde este professor estará atuando no inicio de carreira, ou seja, nas
escolas pequenas do interior do município, porém, com conhecimento e
76
determinação pode melhorar em muito as condições ao redor da escola, quer com
áreas de sombra, ornamentais ou ainda de produção de frutas e hortaliças, estas por
não serem perenes a cada seis meses se renovam totalmente.
Através de oportunidades de práticas agrícolas que foram oferecidas
às alunas, permitiu que algumas tivessem pela primeira vez a oportunidade de
semear, plantar, tratar do cultivo de determinada hortaliça ou mesmo de colher
alguma coisa, para outras que já tinham essa vivência descobriram novas técnicas
de cultivo ou seja melhoraram seus conhecimentos sobre o assunto. Ficando a
certeza de que no futuro lhes serão úteis para realização de atividades com os
alunos das series iniciais possibilitando que não cometam erros numa atividade que
desconheçam.
Neste curto espaço de tempo não foram suficientes para resolver todas
as questões e dúvidas, mas serviu como uma semente que poderá vir a germinar,
desenvolver-se e produzir, ou seja, foi um começo de atividade que somente o
aluno, ao devido tempo, utilizará os conhecimentos e experiências adquiridas em
suas atividades futuras, tendo estas por estímulo.
Vive a Educação Ambiental uma situação de primeira fase de um
processo de integração entre o homem e a natureza. O segundo estágio – o prático
– desenvolve-se em ritmo muito lento, apesar de já estabelecer como prioridade
pelas autoridades governamentais e de educadores. Propunha-se, de certa forma, e
alguns aspectos, as perspectivas para a fase de conscientização coletiva, a rigor, o
objetivo deste trabalho. Na busca de sua importância, palco de movimentos de
ambientalistas, no passado, quais sejam, ecologistas, ONGs, e educadores, entre
outros, a Educação Ambiental chama as pessoas para uma luta que pertence a
todos, reavivando esperanças e criando expectativas favoráveis à preservação da
Natureza.
A Educação Ambiental entendida como tema de relevância social
atinge seus primeiros objetivos e busca conquistar seu espaço, aproximando
educadores de todas as disciplinas e portadores de dificuldades que em boa hora
vão se perdendo no tempo, tentando trazer reais benefícios para as populações.
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Os desafios de seus problemas e as dificuldades são enormes. A
superação vem sendo buscada a cada dia e se evidencia mais próxima. Sente-se,
ao trabalhar conteúdos de Educação Ambiental, um clima de obstinado desejo de
integração. Urge passar-se, ousadamente, da Educação Ambiental real para a
Educação Ambiental ideal. Não cabe lamentar tempo perdido, oportunidades
desperdiçadas, tarefas não cumpridas ou etapas relegadas. Há que se criar o
espírito ambientalista no seio das escolas e principalmente dos alunos. Formar no
aluno a empatia da Educação Ambiental e o anseio de aproximação e de busca de
soluções para os problemas ambientais da comunidade.
O conhecimento sobre o meio ambiente, das causas de sua
deterioração e principalmente das práticas de preservação do mesmo, sobre a
nossa realidade sócio-econômica voltada quase que exclusivamente para a
agricultura e pecuária, tornando-se um pré-requisito essencial na formação de
professores que pelo menos tenham conhecimento desta realidade e, se possível,
uma convivência com essa realidade, coisa que atualmente é muito rara para quem
vive na cidade, não tem idéia das necessidades mínimas de quem vive no interior do
município, onde este professor estará atuando no inicio de carreira, ou seja, nas
escolas pequenas do interior do município, porém, com conhecimento e
determinação pode melhorar em muito as condições ao redor da escola, quer com
áreas de sombra, ornamentais ou ainda de produção de frutas e hortaliças, estas por
não serem perenes a cada seis meses se renovam totalmente.
Através de oportunidades de práticas agrícolas que foram oferecidas
às alunas, permitiu que algumas tivessem pela primeira vez a oportunidade de
semear, plantar, tratar do cultivo de determinada hortaliça ou mesmo de colher
alguma coisa, para outras que já tinham essa vivência descobriram novas técnicas
de cultivo ou seja melhoraram seus conhecimentos sobre o assunto. Ficando a
certeza de que no futuro lhes serão úteis para realização de atividades com os
alunos das series iniciais possibilitando que não cometam erros numa atividade que
desconheçam.
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Neste curto espaço de tempo não foram suficientes para resolver todas
as questões e dúvidas, mas serviu como uma semente que poderá vir a germinar,
desenvolver-se e produzir, ou seja, foi um começo de atividade que somente o
aluno, ao devido tempo, utilizará os conhecimentos e experiências adquiridas em
suas atividades futuras, tendo estas por estímulo.
É imprescindível salientar que a forma como o professor
concebe sua prática pedagógica depende das concepções que este
tem da Educação Ambiental e da Educação.
Concluímos ainda, conforme os relatos (citados anteriormente) pelos
alunos envolvidos no Projeto, este se tornou um processo de construção de
conhecimento – pela oportunidade oferecida – e principalmente, pela experiência
pessoal adquirida, única, criativa e desafiadora que contribuirão em muito com sua
conduta ecológica e prática pedagógica futura.
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