contribuiÇÕes da igreja catÓlica para o desenvolvimento...
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CENTRO DE HUMANIDADES – CAMPUS III
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA
Linha de Pesquisa:
Educação e Cidadania
FRANCISCO ELIANILTON ALVES DE FRANÇA
CONTRIBUIÇÕES DA IGREJA CATÓLICA PARA O
DESENVOLVIMENTO SOCIAL NA DIOCESE DE
GUARABIRA/PB
GUARABIRA/PB
2016
FRANCISCO ELIANILTON ALVES DE FRANÇA
CONTRIBUIÇÕES DA IGREJA CATÓLICA PARA O DESENVOLVIMENTO
SOCIAL NA DIOCESE DE GUARABIRA/PB
Monografia elaborada para fins de Trabalho de
Conclusão do Curso de Licenciatura Plena em
Geografia da Universidade Estadual da Paraíba,
tendo como Professora Orientadora a Drª Luciene
Vieira de Arruda.
GUARABIRA/PB
2016
“O verdadeiro cristianismo rejeita a ideia que uns nascem ricos e
outros pobres, e que os pobres devem atribuir sua pobreza a vontade
de Deus”.
Dom Helder Pessoa Câmara
Dedico este trabalho a Jesus Cristo, Santíssimo Salvador do
mundo. Que no meio da sua Igreja Una, Santa Católica e
Apostólica desperta no coração de homens e mulheres o desejo
de ver um mundo com justiça e paz.
AGRADECIMENTOS
A Deus, autor e consumador de minha fé. Que sempre se mostra presente na história e
na vida do planeta.
Aos meus pais, José Luiz e Maria de Lourdes por me darem formação social, religiosa
e me proporcionarem formação escolar.
Agradeço também a minha tia Maria Luzinete que assim, como meus pais sempre me
incentivou a estudar e juntamente com minha mãe me mostrou a luta dos movimentos sociais.
Obrigado também a meus irmãos José Eldení e Maria Elianí que sempre me ajudaram
com apoio e incentivo.
Agradeço aos meus avós Pedro e Josefa (Nazinha), João e Sebastiana todos In
Memoriam pelo exemplo de pais que foram e conseguiram repassar isso a seus filhos.
Agradeço a minha Amiga Elly Cássia que desde a primeira série do ensino
fundamental foi uma grande companheira na vida escolar e na academia esse companheirismo
foi fortificado.
Agradeço imensamente a minha orientadora Drª Luciene Vieira Arruda, pelas
orientações, sugestões, paciência e dedicação em me ajudar a realizar esse trabalho.
Meu obrigado ao casal Antônio Inácio e Teresinha Motta, proprietários da Cachaça
Serra Limpa pela ajuda e incentivo.
Meu obrigado a Arnaldo Alexandrino da Silva (In memoriam) que durante vários anos
exerceu a função de motorista do ônibus dos estudantes, mais que motorista era também um
amigo.
Agradeço ao Professor Drº Belarmino Mariano Neto e a Professora Msª. Maria
Aletheia Stédile Belizário por aceitarem o convite para fazer parte da Banca Examinadora
deste trabalho
Meu obrigado a todos os amigos e amigas pela torcida, compreensão e apoio durante
esse período de vida acadêmica.
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - Instalação Canônica da Diocese de Guarabira/PB...................................... 25
Figura 02 - Painel com árvore representando as zonas pastorais da Diocese de
Guarabira/PB .............................................................................................. 25
Figura 03 - Dom Marcelo Pinto Cavalheira, 1º Bispo Diocesano de Guarabira/PB ao
tomar posse da nova diocese....................................................................... 26
Figura 04 - Painel mostrando as características do conceito de Igreja na recém-
criada diocese.............................................................................................. 26
Figura 05 - Mapa Geográfico da Diocese de Guarabira/PB.......................................... 26
Figura 06 - Agentes da Pastoral Carcerária acompanham a Visita da Imagem Jubilar
de Nª Srª Aparecida a cadeia pública de Belém/PB.................................... 28
Figura 07 -
Almoço na cadeia pública de Bananeiras/PB no Domingo de Páscoa.
Momento de confraternização abençoado com a Pastoral Carcerária
Local........................................................................................................... 28
Figura 08 - Fórum dos assentados realizado em Guarabira/PB..................................... 30
Figura 09 - Fórum das mulheres camponesa, realizado em Bananeiras/PB.................. 30
Figura 10 - Formação e ação ambiental no assentamento Senhor do Bom Fim
Alagoinha/PB.............................................................................................. 30
Figura 11 - Formação da escola municipal do assentamento Mulunguzinho –
Araçagi-PB.................................................................................................. 30
Figura 12 - Assembleia Regional CPT Nordeste II realizada em Solânea/PB.............. 31
Figura 13 - Acampamento Nossa Senhora da Conceição – Bananeiras/PB.................. 31
Figura 14 -
Líderes da Pastoral da Criança visitando famílias que são acompanhadas
pela Pastoral da Criança nas comunidades Santa Luzia e Rua Vila Nova
na Paróquia Santo Antônio, Mulungu/PB.................................................. 32
Figura 15 - Celebração da vida da Pastoral da Criança nas comunidades Santa Luzia
e Rua Vila Nova na Paróquia Santo Antônio, Mulungu/PB....................... 32
Figura 16 -
Agentes da Pastoral da Sobriedade no Encerramento do II curso de
formação de Agentes da Pastoral da Sobriedade - Diocese de
Guarabira/PB.............................................................................................. 33
Figura 17 -
Agentes da Pastoral da Sobriedade e da Pastoral Carcerária realizam
confraternização de fim de ano com detentos da cadeia publica de
Belém/PB.................................................................................................... 33
Figura 18 - Casa Abrigo da AMECC. Guarabira/PB.................................................... 36
Figura 19 - Sitio Pe. Ibiapina da AMECC. Guarabira/PB............................................. 36
Figura 20 - Portaria da AMECC. Guarabira/PB............................................................ 37
Figura 21 - Área de lazer da AMECC. Guarabira/PB................................................... 37
Figura 22 - Casa Abrigo da Comunidade Talita. Guarabira/PB.................................... 39
Figura 23 - Biblioteca da Comunidade Talita. Guarabira/PB....................................... 39
Figura 24 - Área de Lazer da Comunidade Talita. Guarabira/PB................................. 39
Figura 25 - Sala de Informática da Comunidade Talita. Guarabira/PB......................... 39
Figura 26 - Portaria da Comunidade Talita. Guarabira/PB........................................... 39
Figura 27 - Casa Betânia da Comunidade Talita. Guarabira/PB................................... 39
LISTA DE ABREVIATURAS
AMECC Associação Menores Com Cristo
AT Antigo Testamento
CEB´s Comunidades Eclesiais de Base
CNBB Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
CNPJ Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica
CPT Comissão Pastoral da Terra
CV II Concilio Ecumênico Vaticano II
D.c. Depois de Cristo
DSI Doutrina Social da Igreja
ECA Estatuto da Criança e do Adolescente
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
KNH Agência Kindernothilfe
NT Novo Testamento
SUDENE Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste
043 - Licenciatura Plena em Geografia
FRANÇA, Francisco E. Alves de. Contribuições da Igreja Católica para o desenvolvimento
social na Diocese de Guarabira/PB. Monografia (Curso de Geografia, UEPB, na Linha de
Pesquisa: Educação e Cidadania, orientada pela prof. Dr. Luciene Vieira de Arruda) 2016.
44p.
Banca Examinadora: Profª Drª Luciene Vieira de Arruda – Orientadora CH/UEPB
Profª Ms Maria Aletheia Stédile Belizário – Examinadora CH/UEPB
Profº. Dr. Belarmino Mariano Neto (Examinador)– Examinador CH/UEPB
RESUMO
A Igreja Católica através de suas pastorais sociais, organismos e instituições filantrópicas a
ela vinculadas desenvolve um relevante serviço social. Esse serviço contribue na melhoria da
qualidade de vida da população assistida pelas referidas pastorais e organismos de ação social.
Diante dessa problemática, foi desenvolvido um estudo preliminar nas coordenações
diocesanas das pastorais sociais da Diocese de Guarabira/PB, para analisar os principais
problemas encontrados pelos agentes das referidas pastorais. Bem como, conhecer o trabalho
realizado pelos mesmos. Baseado em referencial teórico atualizado, Agostini (2002),
Bitencourt (2000), Cnbb (2004), Dornelas, (2010), Hoffmann (2010), Pires (2006), partiu-se
para as pesquisas de campo, que se iniciaram com o reconhecimento da área de estudo, ou
seja, em uma observação ativa e participante, através da aplicação de questionários
semiestruturados em 05 pastorais sociais, 01 organismo de ação social e 02 instituições
filantrópicas. Os resultados preliminares indicam que a Igreja Católica através de sua ação
social apesar de enfrentar dificuldades exerce um importante papel de agente transformador
social na vida da população mais carente e desassistida pelo Estado. Deste modo, a Igreja
Católica contribui de forma simples, porém, um tanto eficiente no desenvolvimento social da
população do brejo e agreste da Paraíba. É preciso reconhecer o trabalho desenvolvido pelas
pastorais sociais, organismos e instituições filantrópicas vinculadas à diocese de Guarabira/PB
bem como, a importância de várias pessoas comprometidas com esses trabalhos.
Palavras-chave: Igreja Católica, Pastorais Sociais, Diocese de Guarabira.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 11
2 MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................. 16
3 FUNDAMENTAÇÃO TEORICA......................................................................... 17
3.1 A DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA CATÓLICA............................................... 21
3.2 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS E POLÍTICAS DA IGREJA CATÓLICA NO
BRASIL.................................................................................................................... 22
3.3 PASTORAIS SOCIAIS............................................................................................ 23
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................... 25
4.1 ANTECEDENTES HISTÓRICOS E FORMAÇÃO DA DIOCESE DE
GUARABIRA/PB..................................................................................................... 25
4.2 AS PASTORAIS SOCIAIS NA DIOCESE DE GUARABIRA.............................. 27
4.2.1 Pastoral Carcerária.................................................................................................... 27
4.2.2 Pastoral Operária...................................................................................................... 29
4.2.3 Comissão Pastoral da Terra...................................................................................... 29
4.2.4 Pastoral da Criança................................................................................................... 31
4.2.5 Pastoral do Menor..................................................................................................... 32
4.2.6 Pastoral da Sobriedade.............................................................................................. 33
4.2.7 Cáritas Diocesana..................................................................................................... 34
4.3 CONTRIBUIÇÕES DA AÇÃO SOCIAL DA IGREJA CATÓLICA PARA A
POPULAÇÃO DO BREJO E AGRESTE DA PARAÍBA ATRAVÉS DE SUAS
INSTITUIÇÕES FILANTRÓPICAS....................................................................... 35
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 40
REFERÊNCIAS...................................................................................................... 42
11
1 INTRODUÇÃO
De acordo com Giordani (1959) a ação social da Igreja Católica é a promoção do bem-
estar material da sociedade através de atividades que melhorem a qualidade de vida dos
indivíduos que a compõem. Aliada a essa promoção, a Igreja sempre coloca a pregação do
Evangelho nas comunidades em que atua. Sendo assim, na religião católica a fé e as boas
obras andam juntas na organização do espaço social.
A Igreja Católica possui suas bases teológicas na religião Judaica. O Antigo
Testamento (AT) da Bíblia Sagrada (PAULUS 2014) contém vários ensinamentos sobre a
temática social. É nessa parte da Bíblia Sagrada que Deus se apresenta ao povo Israelita como
um Deus misericordioso e justo que está sempre atento aos sofrimentos e clamores do povo.
Assim, Deus trata seu povo e orienta que se trate bem mutuamente. O povo Hebreu é exortado
continuamente a praticar a misericórdia e a justiça.
No livro do Levítico (AT), Deus expõe seu interesse especial por elementos frágeis e
excluídos da sociedade, tais como órfãos, enfermos, deficientes físicos, viúvas e pobres. A
generosidade e a solidariedade compõem a ética do AT. A solidariedade social deve ser
praticada através de diversos mecanismos, que estão contidos nos livros da Lei, ou seja, os
cinco primeiros livros da Bíblia (Gênese, êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio).
Segundo Bitencourt (2000) os profetas são os grandes pregadores da mensagem social
do Antigo Testamento. A pregação desses profetas ganhou uma conotação “política” ao
denunciarem, energicamente, os males da sociedade do seu tempo, a opressão e injustiça.
Fazer o bem ao próximo com gesto concreto é ênfase do AT, denunciar a injustiça é positivo e
construtivo para o bem da sociedade.
No Novo Testamento (NT), permanece implícita a mensagem social do AT, no
Evangelho, nos Atos dos Apóstolos, nas Epístolas estão os ensinamentos que o auxílio
material é preparação para o recebimento da Palavra Divina. Jesus Cristo torna mais exigente
os requisitos da Lei e o bem deve ser feito também aos que não pertencem à família de Deus.
O NT contém vários ensinos sobre a prática da justiça e da misericórdia, mas, acima de tudo,
Jesus não só ensinou, mas exerceu misericórdia e socorreu continuamente os sofredores.
O Evangelho escrito por Lucas enfatiza especialmente os sofredores, os excluídos e os
membros mais frágeis da sociedade como: mulheres, crianças e doentes. Em Atos dos
Apóstolos a vida das primeiras comunidades cristãs é caracterizada e apresentada como
compartilhamento de bens de modo igualitário. O mesmo livro mostra que, desde seu
princípio, a Igreja Católica sentiu a necessidade de organizar suas atividades caritativas,
12
elegendo homens que estivessem, especialmente, voltados para este serviço. A instituição do
Diaconato é um relevante testemunho da preocupação da Igreja com os necessitados.
Com o passar dos anos alguns Papas atuaram com grande relevância nesse contexto.
Pio IX, em 1846 e 1864, publicou documentos sobre tais assuntos, mas foi o Papa Leão XIII
que, em 1891, na sua encíclica “Rerum Novarum” (das coisas novas) que impulsionou a
Igreja Católica, agora organizada como instituição, a ver a situação dos trabalhadores e a fazer
um exame crítico sobre o materialismo comunista e capitalista. Em 1931 o Papa Pio XI
publica a encíclica “Quadragésimo Anno” (No quadragésimo ano) na qual fala sobre a
reconstrução da ordem social, mas com a encíclica “Divina Redemptoris” (Divino Redentor)
Pio XI condena o comunismo, em 1931 (SAUOMA, 1994).
Ainda de acordo com o autor supracitado, quando ouvimos falar sobre ação social da
Igreja Católica, logo pensamos no Papa João XXIII, conhecido por sua encíclica “Mater et
Magistra” (Mãe e Mestra- Cristianismo e Progresso Social). Atento aos problemas da
sociedade, João XXIII tornou-se o Papa de referência quando o assunto é ação social da
Igreja. O Concílio Vaticano II também publicou documentos sobre este tema e os Papas Paulo
VI e João Paulo II, dedicaram grande interesse pela questão social.
A presença da religião Católica no Brasil é algo que podemos observar desde a
chegada dos portugueses até os dias atuais. Segundo Noronha & Soares (2012) a expedição
comandada por Pedro Alvares Cabral trouxe consigo Frei Henrique Soares de Coimbra, que
após uma semana de chegada as novas terras celebrou a primeira Missa na então chamada Ilha
de Vera Cruz. Cabral fixou no lugar da celebração litúrgica uma grande cruz que é símbolo do
cristianismo.
No dia 26 de abril, foi celebrada a primeira missa do Brasil, por Frei Henrique de
Coimbra, no ilhéu da Coroa Vermelha. A segunda missa foi celebrada pelo mesmo
religioso, em 1º de maio, já na nova terra. Cabral tomou posse da terra em nome de
Portugal, colocando no lugar da celebração da missa, uma grande cruz e os símbolos
reais. O Brasil tornou-se colônia de Portugal (NORONHA & SOARES 2012).
Segundo Alves (1979), o almirante Pedro Alvares Cabral apoderou-se da nova terra
em nome de sua majestade D. Manoel I, grão-mestre da Ordem de Cristo e Patrono da Igreja
do Novo Mundo e da Santa Fé Católica. Com isso iniciou-se o processo de colonização do
Brasil, que incialmente nasceu sob o nome de Ilha de Vera Cruz.
A coroa portuguesa começou a organizar expedições, primeiramente com o objetivo
de explorar a nova terra. Depois organizou expedições com a missão de defende e proteger o
litoral brasileiro da ação de corsários, e por ultimo expedições colonizadoras. Após várias
expedições e em razão do fracasso de grande parte das Capitanias hereditárias a Coroa
13
Portuguesa criou o governo-geral. Tomé de Sousa foi nomeado governador-geral e chegando
ao Brasil, desembarcou trazendo consigo colonos, escravos e Jesuítas. Esses últimos com a
missão de converter os índios. Segundo Alves (1979) entre 1549 e 1598 desembarcaram no
Brasil cento e vinte oito jesuítas que fizeram um excelente trabalho.
Os colégios, estabelecidos nos principais centros populacionais, formavam o
esqueleto do sistema educacional da colônia, e sua reputação e tal que atraíram
estudantes de Angola e de outras possessões portuguesas na África ocidental. As
aldeias, centros rurais onde a população indígena estava concentrada para facilitar a
catequese, estabeleceram-se tanto ao longo do litoral como nos planaltos de São
Paulo. Cedo se multiplicaram na Amazônia, nas províncias do Maranhão e Grão-
Pará e, pela ação dos jesuítas espanhóis, no prata (ALVES 1979. p. 21).
É a partir do trabalho dos jesuítas que surgem as primeiras cidades e as primeiras
instituições de ensino. Ainda conforme o autor acima citado, as Ordens femininas tiveram
pouca expressão de sua presença, devido está numa sociedade patriarcal, onde a figura
feminina pouco era valorizada. No entanto, é na Bahia que o maior convento de religiosas
acolhia as prostitutas arrependidas. Os escravos tinham a possibilidade de amealharem suas
economias e comprarem sua liberdade através das Irmandades dos Negros. Havia também as
santas Casas de Misericórdia que para Scocuglia e Tavares (2009) eram fortes instituições na
no Brasil colônia graças as suas ações sociais.
Durante todo período de colonização até a proclamação da república, veremos a Igreja
Católica sempre aliada ao poder estatal. Ele é quem legitima as ações dos governos que em
nome de Deus divide o poder temporal com ela. Com a Proclamação da República ocorrida
em 15 de novembro de 1889 acontece também a separação entre a Igreja e o Estado.
Em 1930 é através do cardeal Dom Sebastião Leme que a Igreja assume uma postura
imparcial sem tomar parte do movimento revolucionário e sem tomar parte do governo de
Washington Luís. Assumindo assim, uma postura neutra capaz de mediar e pacificar conflitos.
A participação ativa de D. Leme na deposição de Washington Luís garantiu à Igreja
Católica o papel que a Santa Sé esperava que assumisse: a de mediadora, de
pacificadora de conflitos, capaz de legitimar-se como autoridade neutra, acima dos
partidos e dos conflitos políticos (ROSA 2011, p. 163).
Em 1965 após a conclusão do Concílio Ecumênico Vaticano II a Igreja “abre-se para o
mundo” deixa de ser uma instituição fechada em suas próprias doutrinas e passa a enxergar os
problemas sociais que flagelavam o mundo. É através do Pontifício Conselho para justiça e
paz, que a Doutrina Social da Igreja começa a ser apresentada como modelo de inspiração
para uma sociedade justa e fraterna.
14
A Igreja já prestava algum serviço de cunho social no Brasil desde a colonização
através de casas de misericórdia, escolas e serviços prestados por ordens religiosas. No
entanto, é por volta da década de 1940 que a Igreja começa a ter uma participação junto a
movimentos populares. E a partir do golpe militar de 1964 influenciada pelo movimento
sócio-eclesial que surgiu dentro da Igreja Católica, a chamada Teologia da Libertação e pelos
novos ares dado pelo Concílio Vaticano II que Igreja toma parte da luta contra a ditadura
militar junto aos movimentos sociais.
A Igreja nesse período além de apoiar os movimentos sociais passa a preocupar-se em
buscar meio de organizar o povo para que eles mesmos possam ser agentes transformadores
de suas próprias vidas. Surgem as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs).
O desenvolvimento de centenas e centenas de comunidades eclesiais de base em
dioceses rurais e na periferia das grandes cidades é um acontecimento
organizacional e politico novo, que poderá vir a ter uma influência determinante no
futuro da Igreja e da sociedade brasileira (ALVES 1979, p. 157).
Alguns membros do Episcopado brasileiro se destacam no apoio aos movimentos
sociais como por exemplo Dom Helder Câmara, Dom Paulo Evaristo, Dom Cláudio Arns,
Dom Luciano Mendes. Foi após o CV II que surgiram as Pastorais Sociais na Igreja, cujo
objetivo era trabalhar com os diversos grupos sociais que formavam a sociedade brasileira
preferencialmente os mais excluídos, visando sua inserção na sociedade e buscando melhorias
econômicas e sociais através do trabalho em equipe.
O foco de estudo da presente pesquisa é a ação social da Igreja Católica na Diocese de
Guarabira/PB. Sendo assim, é necessário conhecer as atividades sociais, culturais ou
econômicas, que beneficiam os indivíduos da referida Diocese. A Igreja de Guarabira é
marcada em sua história por lutas e conquistas executadas por Comunidades Eclesiais de Base
(CEB’s) e associações de trabalhadores, com a ajuda do clero (bispos e padres), religiosos,
religiosas e leigos.
O objeto de estudo nesse trabalho é a ação social da Igreja Católica na Diocese de
Guarabira e enfatizar a sua história, desafios, lutas e vitórias, expondo a importância de suas
atividades para o crescimento e melhoria da qualidade de vida da população.
Neste contexto, a problemática iminente ao objeto de estudo nos leva a algumas
questões preliminares: Qual a importância da ação social da Igreja para a sociedade
organizada? Quais as contribuições das pastorais sociais para o desenvolvimento da região do
brejo/agreste paraibano? Quais as lutas e conquistas realizadas pela Diocese de Guarabira ao
longo de sua história? Quais foram os projetos sociais, econômicos ou educacionais
15
proporcionados pela Igreja através de suas pastorais ou organismos vinculados a ela? Quais as
grandes dificuldades que a Igreja de Guarabira encontra hoje para que a mesma consiga
manter seus projetos ou adquirir novos projetos para serem aplicados?
Um dos principais motivos que chamou a atenção e colaborou, de forma relevante,
para a escolha deste tema foi a falta de um estudo sobre as atividades da Igreja Católica em
suas dioceses, que visam a melhoria da qualidade de vida do povo. Muito se critica, mas
pouco se divulga sobre tais ações. Espera-se que essa pesquisa contribua para que as pessoas
conheçam o trabalho assistencial da Igreja Católica, no âmbito das suas dioceses, e registrar
todas as lutas, atividades e pessoas marcantes nesse contexto, mostrando a relevância dessa
ação social para a vida de seus diocesanos.
Este trabalho também deverá contribuir para que as futuras gerações saibam como
surgiu a ação social na Igreja de Guarabira e suas contribuições para o crescimento
socioeconômico e cultural da região do brejo e agreste paraibano. A escolha desta Diocese se
deu devido a sua história de envolvimento do clero, Bispos, religiosos e religiosas, como
também leigos, em lutas por terras, desenvolvimento de projetos comunitários e escolas na
busca incessante de condições dignas de vida para o seu povo, sempre ao lado dos pobres e
excluídos.
Assim, o objetivo dessa pesquisa é analisar a importância da ação social da Igreja
Católica para o desenvolvimento sociocultural e econômico no âmbito do território geográfico
da Diocese de Guarabira, tornando públicas as suas atividades, lutas e conquistas ao longo de
sua história. Como objetivos específicos pretende-se conhecer, listar e analisar as atividades
da ação social nessa diocese, através de suas pastorais sociais e organismos a ela vinculados;
explicar como a Diocese contribui para o desenvolvimento sociocultural e econômico do
território geográfico; contribuir para que as pessoas conheçam o seu trabalho social; sua
importância e qual a contribuição dessas atividades para a melhoria da qualidade de vida da
população.
16
2 MATERIAIS E MÉTODOS
O método utilizado neste trabalho será o método indutivo, o qual Lakatos (2003)
afirma que:
Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados
particulares, sufi cientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal,
não contida nas partes examinadas. Sendo assim, o objetivo dos argumentos é levar
a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas quais se
basearam (p.86).
Tendo por base a método indutivo, buscaremos expor a história da ação social da
Igreja Católica na Diocese de Guarabira e enfatizar sua forma de assistência social,
pensamentos e as metodologias usadas para vencer obstáculos, tendo em vista sua
colaboração para o desenvolvimento sociocultural e econômico da região onde está instalada.
Sendo assim, esta pesquisa baseia-se em premissas, tomando por base a observação
dos fatos ou fenômenos, analisando-os com o objetivo de descobrir relações entre eles. Tendo
em vista ser uma pesquisa inédita na Diocese de Guarabira. Em seguida, foram feitas algumas
visitas a projetos realizados em determinadas cidades da Diocese, assim como entrevistas com
pessoas que marcam a história da ação social da Igreja na Diocese de Guarabira, para que
através destes meios seja possível conhecer a história da ação social da Igreja no
Brejo/Agreste da Paraíba.
17
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Neste capítulo veremos conceitos de vários autores sobre a Ação Social da Igreja
Católica e suas Pastorais Sociais; a importância desta atividade para o desenvolvimento
coletivo; o histórico da Ação social da Igreja com suas lutas, reivindicações e conquistas, seu
trabalho perante a comunidade e os benefícios proporcionados por esta para a população
residente na Diocese de Guarabira.
A partir deste referencial teórico, será possível entender que a Ação Social da Igreja,
através de suas Pastorais Sociais, é um instrumento forte no combate às injustiças sociais, pois
as mesmas têm o compromisso e o dever de exigir soluções para os problemas e necessidades
apresentados pelas comunidades e grupos excluídos pela sociedade. A Ação Social da Igreja
Católica trabalha dentro de um pensamento cristão, onde o amor e a caridade devem levar à
promoção humana e proporcionar aos excluídos e marginalizados melhores condições de
vida.
Antes de discutir a influência da Diocese de Guarabira, falaremos um pouco sobre a
influência do Cristianismo ao longo da história. O Cristianismo se expandiu a partir do
momento em que a mensagem de Jesus foi difundida por todo império romano e até mesmo
fora dele (Campos & Miranda 2005). Inicialmente uma religião secreta, formada por pessoas
simples, porém, com um numero de adeptos crescentes e com isto uma ameaça para o Império
Romano, o que, consequentemente, o tornaria o principal alvo de perseguição dos romanos.
Segundo Cotrim (2005), foi durante o governo de Nero (anos 54-68 d.C.) que tiveram
inicio as primeiras perseguições aos cristãos e perduraram de forma intermitente, até o
governo de Diocleciano, que promoveu a ultima e mais cruel delas (anos 303-305 d.C.). O
autor afirma que tais perseguições duraram anos e muitos cristãos foram martirizados, sendo
que o principal motivo seria a oposição à religião oficial dos romanos.
Isto causou uma desestabilização na politica religiosa, sendo contrario aos cultos
tradicionais pagãos e ao culto ao Imperador e com esta negação à religião oficial. Os cristãos
eram opositores a diversas instituições romanas, no entanto, mesmo sendo perseguido, o
Cristianismo conseguiu sobreviver. O testemunho dos mártires fez a religião nascente crescer
e ganhar adeptos oriundos das classes dominantes.
No ano de 313 d.C. algo que poderia ser impossível, aconteceu: o Imperador
Constantino se converteu ao Cristianismo e, através do Edito de Milão, concedeu liberdade
religiosa aos cristãos. Em 380 d.C. o imperador Teodósio I torna o Cristianismo a religião
oficial do império. Ao passar a ser religião oficial o cristianismo ganhou força e organizou-se
18
a Igreja Católica, que constituiu sua hierarquia tendo como modelo a estrutura administrativa
romana e com isto surgiram as dioceses. Conforme Perry (2002):
No inicio de sua historia a Igreja desenvolveu-se dentro de linhas hierárquicas. Os
membros da comunidade cristã que tinham autoridade para presidir a celebração da
missa – a partilha do pão e do vinho tal como Cristo fizera na ultima ceia – eram
chamados sacerdotes ou bispos. Gradualmente, a designação de bispo passou a ser
reservada aquele que tinha a autoridade de solucionar problemas relacionados com
doutrinas e práticas. Considerados como sucessores dos apóstolos de Cristo, os
bispos supervisionam as atividades religiosas dentro de suas regiões. Ao criar uma
diocese supervisionada por um bispo e sediada em alguma cidade importante, a
Igreja adaptou técnicas administrativas romanas (PERRY, 2002, p. 134).
A descentralização era necessária para a manutenção da religião que, aos poucos, ia
crescendo. A instalação de uma diocese em alguma cidade importante era algo estratégico
para o aumento do poder e influência da Igreja na sociedade e sobre o Estado. Templos
pagãos e edifícios de cultos foram entregues aos cristãos e, com isto, o patrimônio cultural e
artístico dos cristãos, soberanamente, crescia.
Aliada ao poder estatal, a Igreja, ao longo do tempo, assumiu os usos e costumes dos
romanos, mas impregnou neles um sentido cristão. Assim, os romanos assumiram rituais de
vida próprios de seu tempo, porém, rejeitaram tudo que na visão cristã parecia contaminado
pelo mal nesses rituais. Medeiros (2006).
Para o autor citado, o Estado concedeu também à Igreja o direito de Jurisprudência e,
com isto, a mesma passa a intervir, de forma direta, na vida do povo, de modo que a
legislação sofreu grandes alterações, os tribunais da Igreja Católica também intervinham em
matérias civis e suas ações eram válidas, pois o Estado reconhecia a sentença e, assim, vice-
versa.
Com o avanço da nova religião, a Igreja também conquistou bens temporais. O
número de propriedades era crescente na mesma medida de conversões. Os novos Cristãos
que pertenciam a famílias ricas faziam doações em grandes quantidades e ao mesmo tempo
em que recebia doações, a Igreja assistia aos mais pobres. E com o poder politico e monetário
nas mãos, a Igreja começou a impor seu pensamento e leis sobre a sociedade.
De acordo com Hoffmam (2010) foi no período medieval que a Igreja Católica
dominava ideologicamente todo ocidente, pois era detentora do saber em toda sua hegemonia
e isto fez com que ela tivesse total controle sobre as populações medievais. O autor acima
citado, ainda afirma que o “domínio ideológico da Igreja sobre o povo ocorreu devido à
intelectualidade dos membros do clero e com isto conseguiam manter o povo alienado”. Na
busca por novos Cristãos e para aumentar seu poder, a Igreja, que já era aliada do Estado,
19
aliou-se aos nobres e quando o Estado não era forte o suficiente para manter o poder sobre o
povo, a Igreja assumia este papel, tornando-se agente mantedora da ordem social, elevando o
poderio do bispo.
Eles captam em seu beneficio o que subsiste das estruturas romanas, de modo que ao
passo que seu prestigio cresce, a função episcopal é investida pela aristocracia,
especialmente a senatorial. O bispo é, então, a principal autoridade urbana,
concentrado em si poderes religiosos e políticos: ele é juiz e conciliador, encanação
da lei e da ordem, “pai” e protetor de sua cidade (BASCHET. 2006. p. 63).
Todo este poderio começou a incomodar alguns nobres que, de aliados, passaram a
inimigos da Igreja. O Cristianismo, que tinha influência sobre o modo de pensar e agir da
população, começou receber críticas, até mesmo, de membros do clero, o que contribuiu para
a reforma protestante, que tinha como principal líder o Frade Agostiniano Martinho Lutero. A
reação da Igreja foi a Contra Reforma, com a criação da Companhia de Jesus. Essa crise fez
surgir também muitas heresias e movimentos anticristãos. Nesse contexto, usando de seu
poder, a Igreja Católica instalou o tribunal da Santa Inquisição, onde o Santo Oficio castigava
e, até mesmo, condenava à morte na fogueira, hereges e pessoas acusadas de praticar
bruxarias ou qualquer tipo de magia ou que de certa forma eram contra as doutrinas da Igreja
Católica.
Mesmo com tais manobras, a Igreja não conseguiu conter a reforma e, aos poucos, viu
grandes aliados tornarem-se inimigos do Papa. Os reinos que continuaram fiéis ao papado
mantiveram a responsabilidade de manter a estrutura da Igreja em seus territórios, como foi o
caso de Portugal. Na América portuguesa a Igreja teve influencia da instalação do Padroado,
por onde o rei detinha o comando sobre a Igreja e a responsabilidade pela sustentação da
estrutura eclesial.
Nas navegações portuguesas sempre havia membros do Clero para que, chegando em
novas terras, a fé cristã fosse implantada e isto não foi diferente no “descobrimento” do
Brasil. Segundo Acciole e Taunay (1973):
A frota ancorou seguro a 25 (de abril), após várias tentativas. Esse ancoradouro foi
na baia de Cabrália, na parte sul da baia de Santa Cruz. No dia 26 de abril, no ilhéu
Coroa Vermelha, Frei Henrique Soares rezou a primeira Missa no Brasil (p.13).
Com a colonização, os primeiros missionários chegaram ao Brasil para catequizar os
nativos e fazer com que os europeus conseguissem ter uma convivência pacifica com os
índios. Ordens religiosas começaram seus trabalhos de evangelização e implantação da
cultura Cristã e europeia na nova terra. Inicialmente, Jesuítas, Franciscanos, Carmelitas,
20
Beneditinos e outras ordens tiveram domínio intelectual e religioso sobre a população.
Organizaram colégios e ajudaram na fundação de cidades.
Com o numero de habitantes crescendo, Dioceses começaram a ser criadas na nova
terra e a Igreja seguiu aliada ao Estado até a proclamação da republica em 1888, que separou
a Igreja do Estado. Mesmo assim, a cultura católica estava impregnada na vida do povo. O
modo de pensar e agir fez da sociedade brasileira uma sociedade Cristã. Mesmo com um
Estado laico, a Igreja continuou a ser uma instituição de referencia em questões relevantes
para o desenvolvimento da sociedade. Sem o aparato estatal, a Igreja volta-se novamente ao
povo.
Alguns membros do clero veem nos pobres e humildes a necessidade de ir às ruas e
servir ao Cristo que sofre no próximo. Nas paroquias as comunidades eclesiais de base
começaram a ser organizadas. A ditadura militar, instalada no Brasil em 1964, recebeu, de
inicio, certo apoio dos membros do clero. Porém, o novo regime, que era para garantir os
direitos da população, começou a reprimir e torturar quem ousasse falar contra os militares
que assumiram o poder. A partir daí a Igreja muda de posição e coloca-se contraria ao regime
opressor.
O conflito com o poder político, sobretudo a partir dos anos 1950 com auge durante
a ditadura militar, em 1965-1985, teria provocado uma progressiva desintegração
institucional da igreja, que desde então, tem procurado ampliar a sua influência no
país, Lowy, por sua vez, parte da premissa de que, após ter sido, durante séculos, a
guardiã mais fiel dos princípios de autoridade, de ordem e de hierarquia, a Igreja –
ou uma parte dela – tornou-se, quase sem transição uma força social crítica um polo
de oposição aos regimes autoritários e um poder contestador da ordem estabelecida
(Azevedo 2004, p.109).
Muitos bispos, religiosos e religiosas, leigos e leigas envolveram-se na luta contra a
ditadura militar. Foram perseguidos, não ficaram calados diante das injustiças, ajudaram as
comunidades a se organizar para combater o regime. Foi também durante o Regime Militar
que a Igreja começa a perder influência na sociedade, devido ao vasto numero de outros
credos religiosos. Para mudar a situação, a Igreja cria uma série de organismos que
aproximem os diversos segmentos da sociedade, afetados pelo cenário politico nacional.
Na Diocese de Guarabira esse cenário não foi diferente. A Província Eclesiástica da
Paraíba é formada por quatro dioceses e uma arquidiocese, sendo que a Diocese de Guarabira,
instalada em 1981, é mais nova entre elas. Sua relação com a sociedade está presente antes
mesmo de se tornar Diocese, quando a região era chamada Região Episcopal do Brejo e
pertencia a Arquidiocese da Paraíba. Os membros do clero e religiosos foram os primeiros a
21
buscar organizar as comunidades para que elas pudessem mudar a vida de seus membros e a
Teologia da Libertação era a linha teológica que influenciava a todos.
Atualmente, o poder da Igreja, de influenciar na vida da população, ainda é forte. Até
mesmo por que está localizada numa região onde a população conserva muito das tradições
recebidas pelos pais e nela está a obediência ao bispo e aos padres, que são seus cooperadores.
Outro fato é que a Igreja se faz presente nos diversos conselhos do poder publico. Leigos e
leigas, como também padres, compõem conselhos de saúde, educação, direitos das crianças e
outros.
A campanha da fraternidade, ocorrida anualmente, é motivo de realização de sessões
para debater o tema nas câmaras de vereadores dos municípios da região. As festividades da
padroeira diocesana, que ocorre no mês de fevereiro, movimenta toda Diocese e as festas
profanas realizadas na cidade sede, são atrativos turísticos do calendário de eventos do estado
da Paraíba. A tomada de posse de um novo bispo torna-se uma celebração religiosa de grande
proporção diocesana e um evento politico estadual, já que nela sempre se faz presente o
governador do estado, deputados, juízes e prefeitos de municípios.
3.1 A DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA CATÓLICA
Segundo a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB, 2004), Doutrina Social
da Igreja é “o conjunto de escritos e mensagens – cartas, encíclicas, exortações,
pronunciamentos, declarações- que compõem o pensamento do magistério católico a respeito
da chamada questão social”.
A Doutrina Social da Igreja que passaremos a usar a sigla DSI, é um importante
instrumento de orientação para a defesa dos direitos dos menos favorecidos, tendo em vista os
inúmeros ensinamentos dos Papas em prol da solução de problemas que, na maioria das
vezes, passam despercebidos pelos poderes públicos ou privados. A mesma atua em caráter
coletivo, ou seja, a união da sociedade para melhoria da vida dos povos.
Diante dos desafios socioeconômicos e políticos de diversas índoles, a Doutrina
Social da Igreja, busca captar justamente as dimensões éticas dos problemas
humanos, identificando as responsabilidades do ser humano e aguçando, a partir da
fé, o sentido moral do seu agir. Hoje, necessitamos redescobrir o grande aporte que
este ensino social nos traz, capaz de iluminar a atividade social, política e econômica
dos cristãos, esclarecendo os compromissos políticos, discernindo as ideologias,
capacitando para a análise de sistemas e situações (AGOSTINI 2002 p.2).
22
O Pontifício Conselho “Justiça e Paz” (2005) expõe que: “Com sua doutrina social a
Igreja assume a tarefa de anúncio que o Senhor lhe confiou. Atualiza, no curso da história, a
mensagem de libertação e de redenção de Cristo, o Evangelho” (DSI n. 63). Portanto, essa
tarefa de anúncio implica dizer que a Igreja Católica não possui ligações com os poderes das
diversificadas esferas políticas.
A Igreja Católica, com sua doutrina social, quer promover uma melhoria nas políticas
públicas que visam os mais variados assuntos (ambiental, social, cultural, econômico, entre
outros), devem ter por objetivo a promoção da pessoa humana e do meio ambiente. O Papa
Paulo VI (1967) adverte: “Não se trata apenas de vencer a fome, nem tão pouco de superar a
pobreza [...] trata-se de construir um mundo em que todos os homens, sem exceção de raça,
religião ou nacionalidade, possa viver”. Agostini (2002) afirma que:
A Doutrina Social da Igreja busca captar justamente as dimensões éticas dos
problemas humanos, identificando as responsabilidades do ser humano e aguçando,
a partir da fé, o sentido moral do seu agir. Hoje, necessitamos a redescobrir o grande
aporte que este ensino social nos traz, capaz de iluminar a atividade social, política e
econômica dos cristãos, esclarecendo os compromissos políticos, discernindo as
ideologias, capacitando para a análise de sistemas e situações. Ele é parte integrante
do seguimento de Jesus Cristo e, como tal, deve estar integrado tanto na educação
católica quanto na catequese, tendo “o valor de um instrumento de evangelização”.
(AGOSTINI 2002, p. 2).
Para Wanderley (2004) com essas formulações, a orientação doutrinária exposta
desembocar no Concílio Vaticano II, no qual a Igreja Católica buscou se adequar ao mundo
moderno, com uma expressão amplamente conhecida por aggiornamento que significa em
italiano atualização.
3.2 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS E POLÍTICAS DA IGREJA CATÓLICA NO BRASIL
A Igreja Católica tem relevante papel em vários períodos da história brasil. No Brasil,
está presente desde a chegada dos colonizadores, permeando a sociedade de valores morais e
religiosos. Por longos anos a Igreja Católica foi grande aliada do Estado ficando sempre a
favor dos ricos e poderosos, ajudando assim, os europeus na implantação do projeto de
conquistas e enriquecimentos.
Após longos anos de ótimas relações com os poderosos, iniciam-se na Igreja Católica
movimentos que provocaram indagações sobre qual o papel dessa instituição milenar perante
a sociedade.
23
É interessante notar que a Igreja, ativa desde os tempos coloniais, se identificava
tanto com a sociedade mais ampla, que sua visibilidade se perdia no conjunto, ou
seja, a relação com o Estado político se tornou maior do que os seus próprios
objetivos. Da república para cá, com a separação entre a Igreja e o Estado, resistia
por setores tradicionais, que ela adquiriu contornos mais preciosos e definidos e uma
maior liberdade de ação. Foi através de setores dinâmicos em seu interior que sua
presença foi se fazendo mais forte (SOUZA 2004, p.78).
Sendo assim, quem vai provocar uma mudança na mentalidade católica sobre a
participação política foi o Cardeal Sebastião Leme, como já bem se expressa em sua carta
pastoral de tomada de posse na Arquidiocese de Olinda em 1916:
Somos católicos de clausura! A nossa fé se restringe ao encerro do oratório ou à
nave das Igrejas. Quando fora das portas dos lugares santos, tremulam nossos
pendões, é certo que neles não fremem entusiasmos de reivindicação jurada;
braçadas de flores é que eles levam em suas dobras perfumadas; não são bandeiras
de ação; são vexilos de procissão (DORNELAS 2004, p.69).
Para o autor supracitado, foi a partir do momento em que a hierarquia católica
incentiva a participação dos leigos na esfera política e com a entrada em cena do movimento
da Ação Católica, que surge, na década de 1920, a categoria do católico militante, que, de
forma mais expressiva, ensaia a ruptura com esse modelo de cristandade.
Souza (2004) diz que a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste
(SUDENE) se deu através da intervenção dos Bispos da Igreja Católica no Brasil e que as
reuniões com representantes do Governo Federal e dirigentes da CNBB resultou na criação da
SUDENE em 1959, pelo então Presidente da República Juscelino Kubitschek.
3.4 PASTORAIS SOCIAIS
Pastorais Sociais, no plural, são serviços específicos a categorias de pessoas e/ou
situações também específicas da realidade social (CNBB, 2001). Constituem ações voltadas
concretamente para os diferentes grupos ou diferentes facetas da exclusão social, tais como,
por exemplo, a realidade do campo, da rua, do mundo, do trabalho, da modalidade humana, e
assim por diante. Mas a aproximação da Igreja com os pobres contribuiu para o surgimento de
novos movimentos uma necessidade de renovar estruturas desta instituição religiosa.
Silva (2006) diz que: Em resposta aos desafios apresentados pelo Concílio Vaticano II
e diante da nova situação que se apresentava a sociedade foi necessário um Plano de Pastoral
de Conjunto da Igreja cuja consequência primaria seria a renovação das estruturas religiosas.
E isso teria que ser realizado através da participação dos leigos conforme afirma Carmargo
(1982). E com a concentração de riquezas e desigualdades sociais tão acentadas na América
24
Latina surgiu uma nova forma de teologia que tomou por base a realidade dos países /latinos
desse continente.
Assim, partiu-se do pressuposto teológico de experimentar Deus no encontro com os
excluídos sociais: crianças, adolescentes, homem, mulher, índio, idoso, pessoa
portadora de deficiência. Pressuposto esse que se irradia da teologia da libertação e
que, no dizer de Löwy (2000, p.63) é produto espiritual do movimento social
denominado cristianismo da libertação. Há vários princípios que regem a teologia da
libertação. A matriz comum entre politica e religião neste movimento é a fé
(SILVA, 2006, P. 331).
Sendo assim, a relação entre fé e politica aos pouco se torna algo bem característico
dos movimentos pós CV II onde a teologia da libertação era algo marcante no
desenvolvimento dos trabalhos e na sua organização.
Ferraro (2007) afirma que “A opção pelos pobres foi concretizada nas pastorais
sociais. As mesmas reavivaram a importância do engajamento na Igreja, como também inicia
um novo modo de pensar em cidadania no meio das comunidades”. As pastorais sociais
nasceram como serviço evangélico de risco (CNBB, 2008).
Os que assumiam as causas e as lutas de indígenas e camponeses candidatavam-se
às mesmas negações e ódio manifestados a estes que “não existiam” ou não deviam
existir, selando com eles a sua própria sorte. Ser, então, um serviço evangélico,
significava assumir a história dos povos e camponeses, com toda sua riqueza e
tragédia, e assumir as tensões do presente, buscando um futuro incerto, apostando no
direito de lutar por ele (DORNELLA, 2010, p. 74).
Assim, os cristãos são convidados a contemplar no rosto dos sofredores o rosto do
próprio Cristo.
O ser humano é protagonista, o centro e o fim de toda a vida econômica e social. A
solução, na maioria dos gravíssimos problemas da miséria, encontra-se na promoção
de uma verdadeira civilização do trabalho, já que, em definitivo, o trabalho é a chave
essencial de toda a questão social (AGOSTINI, 2002, p.17-18).
25
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados aqui dispostos procuram enfatizar os objetivos específicos da presente
pesquisa, no que diz respeito aos antecedentes históricos e formação da Diocese de Guarabira;
a Igreja Católica na Diocese e sua influência na sociedade; as pastorais sociais da Igreja
Católica de Guarabira; e, por último, as contribuições das ações sociais para a melhoria da
qualidade de vida da população.
4.1 ANTECEDENTES HISTÓRICOS E A FORMAÇÃO DA DIOCESE DE
GUARABIRA/PB
A Diocese de Guarabira foi criada em 1981, pelo Papa João Paulo II, através da Bula
“Cum Exopataret” de 11 de outubro do mesmo ano, sendo desmembrada da Arquidiocese da
Paraíba, da qual era região Episcopal, desde 1976. A instalação da nova diocese aconteceu em
27 de dezembro de 1981 (Anuário da Diocese de Guarabira 2014). (Figuras 1,2 e 3).
Figura 1: Instalação Canônica da Diocese de
Guarabira/PB.
Figura 2: Painel com árvore representando as
quatro regiões pastorais com suas paróquias
da Diocese de Guarabira/PB.
Fonte: Josephus Floren, 1981. Fonte: Josephus Floren, 1981.
26
Figura 3: Dom Marcelo Pinto Cavalheira, 1º
Bispo Diocesano de Guarabira/PB ao tomar
posse da nova diocese.
Figura 4: Painel mostrando as características
do conceito de Igreja na recém-criada
diocese.
Fonte: Josephus Floren, 1981. . Fonte: Josephus Floren, 1981.
A Diocese de Guarabira é formada por trinta e duas cidades, localizada na região do
agreste e microrregião do Brejo da Paraíba, possui uma área de 4.391 km e uma população de
412.002 habitantes, segundo o Censo do IBGE em 2010 (Anuário da Diocese de Guarabira
2014). (Figura 5)
Figura 5: Mapa Geográfico da Diocese de Guarabira/PB.
Fonte: Paróquia Nossa Senhora da Conceição, 2013.
Sua sede está localizada na Rua Dr. Sales, nº 42, Guarabira- PB está inscrita no
Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) sob o nº 08.298.416/0001-40, com o registro de
27
Diocese de Guarabira; é pessoa jurídica de direito privado e sua duração é por tempo
indeterminado; possui empregados remunerados, mas a grande maioria dos que nela
trabalham, exercem trabalho voluntário. Esta instituição tem por objetivo a evangelização dos
povos, a promoção da vida e da paz, como também a lutar através de suas pastorais sociais e
organismos de ação social por condições dignas.
A instalação da referida Diocese contou com a presença de milhares de pessoas,
muitas conhecidas nacionalmente e de grande influência junto à Santa Sé. Exemplo disso é
Dom Helder Câmara, na época, Arcebispo de Olinda e Recife. A Igreja Católica no Brejo e
Agreste da Paraíba sempre teve em suas ações pastorais as questões sociais como objetivo de
luta. Leigos e leigas como também membros do clero e religiosos sempre procuraram
melhorias para a vida dos pobres e excluídos dessa região.
Com o passar dos anos as pastorais sociais foram sendo criadas e, atualmente, a
Diocese conta com cinco pastorais sociais e um organismos de ação social e duas instituições
filantrópicas. Entretanto, as Paróquias que compõem a Diocese de Guarabira também
possuem ações sociais (casa de sopa, cooperativa de costura, escolas, entre outras).
4.2 AS PASTORAIS SOCIAIS NA DIOCESE DE GUARABIRA
Conforme definidas anteriormente, as Pastorais Sociais, no plural, são serviços
específicos à categorias de pessoas e/ou situações também específicas da realidade social
(CNBB, 2001).
A Diocese de Guarabira possui algumas pastorais sociais e organismos que atuam em
diferentes áreas e com diferentes grupos sociais. No entanto, cada uma delas possui relevante
serviço prestado à população desta Diocese e estão organizadas em: Pastoral Carcerária e
Pastoral Operária; Além dessas pastorais também estão presentes na Diocese de Guarabira, a
Comissão Pastoral da Terra (CPT), Pastoral da Criança, Pastoral do Menor e Pastoral da
Sobriedade. O trabalho social também conta com a Cáritas Diocesana.
4.2.1 Pastoral Carcerária
A Pastoral Carcerária está presente em oito cidades da referida diocese: Guarabira,
Alagoinha, Belém, Bananeiras, Serraria, Pilões, Areia e Alagoa Grande. Os trabalhos são
desenvolvidos nos presídios ou cadeias públicas. Segundo a Cnbb (2008) essa pastoral tem a
missão de promover a valorização da dignidade humana e ser presença de Jesus Cristo e da
28
Igreja Católica no mundo do Cárcere. O mesmo autor acima citado também fala que o
objetivo dessa pastoral é: “Levar o Evangelho de Jesus Cristo às pessoas privadas de
liberdade e zelar para que os direitos humanos e dignidade humana sejam garantidos no
sistema prisional”.
O início da década de 1990 foi o período de implantação da Pastoral Carcerária na
região do brejo/agreste da Paraíba. Isso se deu através do Padre Geraldo Brandstetter, que fez
os primeiros contatos com as cadeias públicas da cidade de Guarabira. A partir daí
aconteceram as primeiras visitas nas unidades prisionais e a referida pastoral começou a se
organizar.
Para o atual coordenador diocesano da pastoral carcerária, o Pe. João Bosco Francisco
do Nascimento, o trabalho desenvolvido nas unidades prisionais situadas no território da
Diocese de Guarabira é “um trabalho de assistência religiosa, não no sentido proselitista, mas
no sentido evangelizador e humanitário. A escuta faz parte do primeiro trabalho a ser
desenvolvido.” É a partir do primeiro contato, da escuta, que os agentes da pastoral podem
discernir se é necessário realizar outras ações. Porém, sem substituir o Estado na sua função.
A Pastoral Carcerária possui poucos agentes para realizar seu trabalho, provavelmente,
devido ao medo que muitas pessoas têm de ter contato com encarcerados como também, o
preconceito. Além disso, a falta de assistência do Estado aos encarcerados é uma das
principais dificuldades encontradas pela referida pastoral, que trabalha em parceria com
unidades que estão voltadas para a dignidade e o respeito aos direitos humanos. (Figuras 6 e
7).
Figura 6: Agentes da Pastoral Carcerária
acompanham a Visita da Imagem Jubilar de Nª
Srª Aparecida a cadeia pública de Belém/PB.
Figura 7: Almoço na cadeia pública de
Bananeiras/PB no Domingo de Páscoa.
Momento de confraternização abençoado
com a Pastoral Carcerária Local.
Fonte: Guiany Campos Coutinho, 2016. Fonte: Guiany Campos Coutinho, 2014.
29
Segundo o Padre Bosco “a presença dos agentes da Pastoral Carcerária é muito
desejada pelos encarcerados, uma vez que se trata da única visita (fora a dos familiares).” A
comunicação com o mundo externo se dá a partir da visita desses agentes. A realidade é muito
complexa, pois cada preso possui uma situação e histórico de vidas diferentes e, ao mesmo
tempo, muito parecidos. No entanto, o trabalho é realizado sempre com entusiasmo e
dedicação.
4.2.2 Pastoral Operária
A Pastoral Operária atua somente em Guarabira/PB e trabalha especialmente com
catadores de materiais reciclados e catadores de lixo, em geral. Sua missão é “possibilitar
maior presença da Igreja em meio aos trabalhadores/as e, ao mesmo tempo, ser maior
presença de trabalhadores/as dentro da Igreja” (CNBB, 2008). Ainda segundo o citado órgão,
o objetivo da Pastoral Operária é forma e conscientizar à luz da palavra da Bíblia e da
Doutrina Social da Igreja, os trabalhadores e trabalhadoras, fazendo da referida pastoral um
espaço para a reflexão da vida. Na diocese de Guarabira/PB essa pastoral foi implantada em
25/02/1985 e atualmente acompanha 10 famílias e conta com 30 agentes.
4.2.3 Comissão Pastoral da Terra
Na Diocese de Guarabira esse tipo de pastoral surge antes mesmo de ser instalada a
referida Diocese. Em 1978 a Comissão Pastoral da Terra (CPT) inicia seus trabalhos junto aos
povos habitantes dessa região. Ela possui um objetivo e missão própria, suas ações são
voltadas para os pobres da terra.
A CPT, Convocada pela memória subversiva do Evangelho e buscando ser fiel ao
Deus dos pobres, à terra de Deus e aos pobres da terra, ouvindo o clamor que vem
dos campos e florestas, quer ser presença solidária, profética, ecumênica, fraterna e
afetiva junto aos trabalhadores e trabalhadoras da terra e das águas. Para que assuma
o protagonismo de suas lutas e de sua história. (CNBB 2008. p,124).
Atualmente a CPT de Guarabira atende 51 assentamentos e sua principal ação é
estimular às famílias a pratica de preservação do meio ambiente e ações necessárias para
conscientização quanto aos cuidados necessários ao uso sustentável da propriedade como
forma de desenvolvimento, através de encontros de formação e conscientização contra o uso
de agrotóxico nas atividades produtivas. Este trabalho acontece através de encontros de
30
formação com os jovens, mulheres e agricultores, reuniões, visitas nos assentamentos com a
finalidade de conscientizar as famílias na seleção de resíduos para serem destinados aos
devidos locais, organização dos trabalhadores para conseguir reservatórios adequados para
armazenar o lixo e a coleta dos mesmos quinzenalmente, através dos órgãos públicos.
(Figuras 8, 9, 10, 11, 12 e 13).
Figura 8: Fórum dos assentados realizado em
Guarabira/PB.
Figura 9: Fórum das mulheres camponesa,
realizado em Bananeiras/PB.
Fonte: CPT, Diocese de Guarabira/PB, 2015. Fonte: CPT, Diocese de Guarabira/PB, 2016.
Figura 10: Formação e ação ambiental no
assentamento Senhor do Bom Fim
Alagoinha/PB.
Figura 11:
Formação da escola municipal do
assentamento Mulunguzinho – Araçagi-PB
Fonte: CPT, Diocese de Guarabira/PB, 2015. Fonte: CPT, Diocese de Guarabira/PB, 2015.
31
Figura 12: Assembleia Regional CPT Nordeste
II realizada em Solânea/PB.
Figura 13: Acampamento Nossa Senhora da
Conceição – Bananeiras/PB.
Fonte: CPT, Diocese de Guarabira/PB, 2016. Fonte: CPT, Diocese de Guarabira/PB, 2016.
Cinco agentes são responsáveis por assessorar e acompanhar as famílias que vivem
nesses assentamentos. Ao longo dos anos as conquistas alcançadas são “o direto ao acesso a
terra, a resistência dos trabalhadores para permanecer nelas, produção sustentável familiar
ecológica, apropriada ás diversidades regionais. Formações e sistematizações que são a partir
das experiências dos agricultores e grupos organizados e parceiros, que tem forte acento nas
motivações e valores, na mística e espiritualidade; ações na formação e organização de grupos
de reciclagem, produção agroecológica conservação do solo e da fertilidade e problemas
relacionados ao uso e pesticidas, uso e produção de sementes crioulas, intervenção nas
politicas publicas.
Atualmente o coordenador da CPT da Diocese de Guarabira é o Monsenhor Luigi
Alberto Pescarmona. A CPT para realizar seus projetos faz parcerias com instituições publicas
e privadas e entre as dificuldades encontradas por este organismo da Igreja podemos citar:
falta de recursos para a execução das atividades, equipe pequena, falta de infraestrutura, falta
de interesse dos poderes públicos e a falta de interesse da própria comunidade para com
algumas temáticas trabalhadas.
4.2.4 Pastoral da Criança
A Pastoral da Criança é um organismo da Igreja Católica, implantado em outubro de
1987 e que está presente nas 32 cidades que formam o território da Diocese de Guarabira.
Formada por 1.500 voluntários, essa pastoral assiste, em média, 11.250 famílias e 12,450
crianças, distribuídas em 450 comunidades. Atualmente, essa pastoral é coordenada pela Irmã
Katia Cristina Silva e desenvolve seu trabalho através de três atividades: visita domiciliar,
celebração da Vida e reunião de reflexão e avaliação. Apesar da Pastoral da Criança ser
32
acompanhada pela Igreja Católica, está aberta a outras religiões, como também realiza
parcerias com instituições publicas e privadas. Figuras (14 e 15).
Figura 14: Líderes visitando famílias que são
acompanhadas pela Pastoral da Criança nas
comunidades Santa Luzia e Rua Vila Nova
na Paróquia Santo Antônio, Mulungu/PB.
Figura 15: Celebração da vida da Pastoral da
Criança nas comunidades Santa Luzia e Rua
Vila Nova na Paróquia Santo Antônio,
Mulungu/PB.
Fonte: Pastoral da Criança da Diocese de
Guarabira/PB, 2014.
Foto: Pastoral da Criança da Diocese de
Guarabira/PB, 2014.
Um grande desafio a ser superado pela Pastoral da Criança é a desistência dos/das
líderes (como são chamadas os/as agentes dessa pastoral), e a falta de conscientização das
mães e famílias no acompanhamento das crianças na comunidade. Dentre os benefícios
oferecidos às crianças acompanhadas, estão a recuperação de crianças de baixo peso,
incentivo a alimentação saudável. Desse modo, essa pastoral contribui para o
desenvolvimento e crescimento da criança. A dedicação desta pastoral lhe rende lindos
depoimentos de muitas famílias que valorizam e reconhecem a importância de suas atividades
4.2.5 Pastoral do Menor
Assim como a Pastoral da Criança, temos outro organismo de grande relevância para a
Diocese e região. Trata-se da Pastoral do Menor que, segundo a CNBB (2008), tem a missão
de contribuir na transformação da sociedade, promovendo vida digna a crianças e
adolescentes a luz do Evangelho. Seu trabalho é realizado na cidade de Guarabira através de
duas Instituições que tem por objetivo cuidar de crianças e adolescentes em situação de risco:
A Associação Menores Com Cristo (AMECC), que atende crianças e adolescentes do sexo
masculino, oriundos de todas as cidades da região; a Associação Abrigo Comunidade Talita,
33
que atende crianças e adolescentes do sexo feminino, oriundas de cidades da região,
especialmente de Guarabira. O objetivo dessa pastoral é:
“Estimular o processo que visa à sensibilização, à conscientização crítica, à
organização e à mobilização da sociedade como um todo, na busca de uma resposta
transformadora, global, unitária e integrada à situação da criança e do adolescente
empobrecidos e em situação de risco. Promover nos projetos de atendimento direto,
a participação das crianças e dos adolescentes, como protagonista do mesmo
processo.” (CNBB, 2008, p. 126).
Sendo assim, é através das referidas instituições acima citadas, que a Igreja Católica
realiza seu trabalho social com crianças e adolescentes em situação de risco na região do
Brejo e agreste da Paraíba. Essas instituições vivem de doações e de parcerias com outras
instituições privadas ou públicas.
4.2.6 Pastoral da Sobriedade
Recentemente surgiu a Pastoral da Sobriedade, mais um organismo da Igreja Católica
cuja missão é anunciar Jesus Cristo libertador, através do serviço, do dialogo e do testemunho
de comunhão fraterna, promovendo a dignidade da pessoa e da família, integrando fé e vida.
(CNBB 2008). O trabalho da Pastoral da Sobriedade ainda é um pouco conhecido. Pois surgiu
recentemente na diocese e está presente em apenas algumas paróquias. (Figuras 16 e 17)
Figura 16: Agentes da Pastoral da Sobriedade
no Encerramento do II curso de formação de
Agentes da Pastoral da Sobriedade - Diocese
de Guarabira/PB.
Figura 17: Agentes da Pastoral da Sobriedade
e da Pastoral Carcerária realizam
confraternização de fim de ano com detentos
da cadeia publica de Belém/PB.
Fonte: Pastoral da Sobriedade CNBB Regional NE 2,
2012.
Fonte: Diocese de Guarabira/PB, 2014.
34
Uma das principais dificuldades encontrada pela pastoral da Sobriedade é a falta de
conscientização das famílias de seus membros e falta de pessoas que queiram ser agentes de
pastoral. Por se tratar de um organismo cujo trabalho é realizado com pessoas que geralmente
tem problemas com álcool, drogas ou pessoas depressivas a quantidade de agentes muitas
vezes é bastante reduzido.
4.2.7 Cáritas Diocesana
Por fim, temos a Cáritas Diocesana, um organismo da Igreja Católica pertencente à
Diocese de Guarabira, fundada em 11 de novembro de 1994, em resposta imediata à situação
de emergência e calamidade causada por um longo período de estiagem. A Cáritas Diocesana
desenvolveu e desenvolve trabalhos relacionados à conquistas da terra (assentamentos) e de
convivência com o semiárido nordestino, cursos de formação de lideranças etc. Entre as
dificuldades está promover a conscientização de que, apenas organizados e unidos, é que as
pessoas ficam em melhores condições de vencer suas dificuldades coletivas.
Outro grande desafio é a falta de recursos para a promoção de mais trabalhos sociais e
de promoção da inclusão social. Para o Padre Marinaldo Flor da Silva, que é vice-presidente
da Cáritas Diocesana, esse organismo objetiva, em primeiro lugar, testemunhar e anunciar o
Evangelho de Jesus Cristo, defendendo e promovendo a vida, mas, sobretudo a promoção
social e a convivência com o semiárido, além da geração de renda. E ao longo de 20 anos de
instalação a Cáritas Diocesana alcançou inúmeras conquistas.
Esse organismo diocesano realiza parcerias com outros organismos da Igreja Católica
e com instituições públicas e privadas. Podemos citar a Pastoral da Criança, a Comissão
Pastoral da Terra e as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs); as entidades de cooperação
regional e internacional, como a Cáritas Regional Nordeste II e Manos Unidas da Espanha e
KNH da Alemanha; Também existem contratos com o Governo Federal, através do Ministério
do Desenvolvimento Social; com o Governo do Estado da Paraíba, através do Projeto
Cooperar, com o Fundo Nacional de Solidariedade, com Sindicatos de Trabalhadores Rurais,
Associações Comunitárias, Grupo de Mulheres e com Empresas.
A Cáritas Diocesana atualmente é um organismo membro da Cáritas Brasileira, uma
rede solidária presente em 178 dioceses do Brasil, além de estar vinculada à Cáritas
Internacional, com atuação em 164 países.
35
4.3 CONTRIBUIÇÕES DAS AÇÕES SOCIAIS PARA A MELHORIA DA QUALIDADE
DE VIDA DA POPULAÇÃO DO BREJO E AGRESTE DA PARAÍBA ATRAVÉS DE
SUAS INSTITUIÇÕES FILANTRÓPICAS.
Com a instalação da Diocese de Guarabira a região do Brejo e Agreste da Paraíba
começa a ser assistida pastoralmente por um bispo diocesano. Dom Marcelo Pinto Carvalheira
foi então nomeado para bispo daquela igreja particular. Dom Marcelo foi um dos mais
importantes colaboradores de Dom Helder Câmara durante o regime militar de 1964. Era
bastante preocupado com a situação de vulnerabilidade social da população que residia na
região em que a referida diocese estava instalada. Ele era um adepto a teologia da libertação,
sempre atento as necessidades do povo apoiou movimentos sociais, implantou pastorais
sociais e deu total apoio a criação de instituições que visavam melhorar a qualidade de vida da
população de diferente seguimentos sociais. Entre as quais podemos citar a AMECC,
TALITA.
A Associação Menores Com Cristo (AMECC) tem sua história marcada com a
chegada do Padre Gehard Konrad Brandstetter a diocese de Guarabira no ano de 1989. Assim
que o padre chega na referida diocese ele é convidado pelo vigário geral o Padre Celestino
Grilo a acompanhar um grupo de Escola da Fé. No entanto, esse grupo decidiu fazer visitas à
cadeia pública da cidade. Na primeira visita constataram adultos e adolescentes presos na
mesma cela.
Essa visita fez com que um dos adolescentes presos escrevesse uma carta para o padre
Geraldo. Pois, nenhum dos seus familiares tinham comparecido a delegacia para assinar o
termo de responsabilidade e assim o adolescente ficar livre. O padre a principio hesitou em
assinar mas, conversando seriamente com o rapaz perguntou se realmente ele teria o firme
proposito de não voltar a cometer crimes, prontamente ele respondeu que sim, que não queria
aquela vida cheia de erros.
Conversando com outras pessoas e com o apoio de Dom Marcelo, padre Geraldo
assina o termo de responsabilidade e leva o menor para um terreno pertencente à Diocese.
Com o apoio solidário do Bispo da época, Dom Marcelo Pinto Carvalheira, Cícero
foi levado para um terreno pertencente à Diocese de Guarabira, pois lá existiam
pequenos cômodos onde já acontecia um acompanhamento a crianças e adolescentes
do MAC (Movimento de Adolescentes e Crianças) realizado por uma religiosa e um
educador, a Irmã Naíse e Luiz Dantas. No dia seguinte, Cícero pediu para seu irmão
Maurício ser acolhido também, e essa pequena comunidade de dois no meio dos
quinze meninos do MAC passou a atrair outros meninos em situação de rua com o
desejo de fazer parte desse acolhimento. Ao Padre Geraldo foi perguntado: “... aceita
36
a gente?...”. A Fundação do Abrigo foi inevitável: em 13 de novembro de 1990
iniciou-se o Sistema de Atendimento Sócio Educativo em Meio Aberto (AMECC,
2015).
Aos poucos a associação vai crescendo, recebendo adolescentes em situação de
vulnerabilidade social. A Diocese de Guarabira iniciou seu apoio doando um terreno por trás
do Colégio da Luz. Depois um Luterano Alemão Peter Hoffmeister, ajudou a adquirir um sitio
com seis hectares através de seu dízimo. E assim, trabalho de acolhimento dos meninos saiu
do terreno inicialmente cedido, pois já havia um pedido por parte da diocese de entrega do
terreno. Tal sítio ganhou o nome “Sítio Padre Ibiapina”.
Hoje a AMECC é uma Instituição Filantrópica sem fins lucrativos em articulação com
a Diocese de Guarabira e com a Pastoral do Menor – CNBB. Tem o CNPJ no
40.970.592/0001-99 e foi reconhecida de Utilidade Pública Federal em 05/10/2000 através do
decreto-lei no 50.517 de 02 de maio de 1961. Recebeu do Conselho Nacional de Assistência
Social - CNAS o registro no 44006.004882/97-96 em 15/05/98 e o Certificado de Entidade
Beneficente de Assistência Social em 09 de julho de 2001.
Sua estrutura é composta de: Portaria - Setor Administrativo - Creche São Miguel -
Garagem - Manutenção - Refeitório da Escola São Rafael - Campo de Futebol -
Brinquedoteca - Casa Lar São Francisco - Ginásio Poliesportivo - Casa Lar Menino Jesus -
Casa Lar São Gabriel - Casa Lar São José - Casa Esperança - Caixa D'água - Refeitório e
Dormitório para Voluntários - Casa Lar Nossa Senhora da Luz - Parque Infantil - Quadra
Poliesportiva - Escola São Rafael. Atualmente atende 230 adolescentes em situação de risco e
vulnerabilidade social (Figuras 18, 19, 20 e 21).
Figura 18: Casa Abrigo da AMECC,
Guarabira/PB.
Figura 19: Sitio Pe. Ibiapina da AMECC,
Guarabira/PB.
Fonte: Dados do autor, 2016. Fonte: Dados do autor, 2016.
37
Figura 20: Portaria da AMECC,
Guarabira/PB.
Figura 21: Área de lazer da AMECC,
Guarabira/PB.
Fonte: Dados do autor, 2016. Fonte: Dados do autor, 2016.
O processo de entrada na AMECC se dá através das orientações do Estatuo da Criança
e do Adolescente (ECA). Primeiramente o Conselho Tutelar (do município de origem da
criança ou adolescente em situação de risco ou vulnerabilidade social) faz um relatório sobre
a real situação social do menor e encaminha ao ministério publico que por sua vez apresenta a
Vara da Infância e Juventude que observando a necessidade encaminha Oficio para AMECC
solicitando o acolhimento do menor na instituição.
Como foi citado acima hoje a AMECC atende 230 crianças e adolescentes nas
seguintes modalidades: Creche, Escola, Atendimento dia e Integral. Na modalidade Integral
são assistidos 20 menores que estão sob a tutelar do Estado. A cada quinze dias é realizado a
integração familiar. Os menores voltam para suas famílias ou para casa de famílias que os
acolhem por um final de semana. Isso sempre acontece na sexta-feira e voltam no domingo à
tarde.
O período de permanência na AMECC sempre será até os 18 anos conforme o ECA. O
trabalho é realizado com a ajuda de pais sociais, que são um homem e uma mulher que
juntamente com a equipe técnica cuidam dos menores que estão sob os cuidados da
instituição. Para estes pais sociais sempre são realizadas capacitações, para que possam
realizar de forma correta suas funções.
A AMECC sobrevive de doações onde 80% delas é vinda da Alemanha e os outros
20% através de Estado, Prefeitura e outras instituições. Alguns dos menores recebem alguma
ajuda financeira e através dessas ajudas podem fazer alguns cursos profissionalizantes.
Umas das principais dificuldades da AMECC são trabalhar com crianças e
adolescentes que tiveram uma vida sem regras ou limites, como também a falta de
38
comprometimento da sociedade brasileira com instituições filantrópicas. A AMECC não
possui perfil para aceitar crianças e adolescentes usuárias de drogas ou entorpecentes, porém,
já ouve casos de acolher menores nessa situação e prontamente a instituição ajudou
procurando ajuda psicológica e psiquiatra para o adolescente.
Outra instituição que faz um trabalho social é a Associação Comunidade Talita. A
TALITA é uma Instituição Filantrópica sem fins lucrativos em articulação com a Diocese de
Guarabira e com a Pastoral do Menor – CNBB. Tem o CNPJ nº 08.530.656/0001-28 e foi
reconhecida de Utilidade Pública Federal em 27/04/2015 através do decreto-lei no 50.517 de
02 de maio de 1961. Recebeu do Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS o registro
nº 71010.000319/2011-25 em 27/04/2015.
A Talita foi fundada em 08 de abril de 2001 pelo Monsenhor Luís Alberto
Pescarmona, que inesperadamente recebeu uma doação para que fizesse um trabalho com
meninos. No entanto, ele já havia percebido a situação de risco e vulnerabilidade social de
muitas meninas que residiam na região do brejo e com isso decidiu fundar a Associação
Abrigo Comunidade Talita que em hebraico quer dizer: Menina. Inicialmente seria uma
instituição para atender 5 ou 6 meninas, hoje são 30 de diferentes municípios do estado da
Paraíba.
A forma de entrada na Talita é o mesmo da Amecc, segue todos os requisitos do ECA.
A instituição conta com 6 educadoras, 1 assistente social, 1 pedagoga e 1 psicóloga que
semanalmente cumprem 30 horas de trabalho.
Os primeiros noventas dias na Talita são providenciados documentos e realizados
exames e consultas medicas com as menores. A Talita atende meninas de qualquer idade até
os 18 anos. Após completar 18 anos elas ainda podem permanecer num casa de apoio a “Casa
Betânia” para que possam se organizar melhor e assim, seguirem suas vidas. Hoje são quatro
as que moram na Casa Betânia todas estão fazendo algum estágio em alguma empresa ou
instituição da cidade de Guarabira/PB.
Como toda instituição filantrópica a Talita sobrevive de doações, parte delas vem da
Itália e o restante é através de doações feitas por famílias e instituições. O menor ao entrar na
Talita deve ser assistido pelo seu município de origem que mensalmente deverá fazer uma
doação para a instituição.
As menores sob assistência da Talita estudam normalmente em escolas do município e
o Monsenhor sempre cobra dos diretores total combate ao Bullyng. A estrutura física é
composta de portaria, secretaria, casas abrigo, biblioteca, capela, sala de informática, área de
lazer, lavanderia, área de convivência. (Figuras 22, 23, 24, 25, 26 e 27).
39
Figura 22: Casa Abrigo da Comunidade
Talita, Guarabira/PB.
Figura 23: Biblioteca da Comunidade Talita,
Guarabira/PB.
Fonte: Dados do autor, 2016. Fonte: Dados do autor, 2016.
Figura 24: Área de Lazer da Comunidade
Talita, Guarabira/PB.
Figura 25: Sala de Informática da
Comunidade Talita, Guarabira/PB.
Fonte: Dados do autor, 2016. Fonte: Dados do autor, 2016.
Figura 26: Portaria da Comunidade Talita,
Guarabira/PB.
Figura 27: Casa Betânia da Comunidade
Talita, Guarabira/PB.
Fonte: Dados do autor, 2016. Fonte: Dados do autor, 2016.
40
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao finalizar a presente pesquisa, agora mais consciente da importância desse trabalho
para a sociedade e, principalmente, para aqueles que se preocupam com as pessoas carentes, é
possível tecer as seguintes considerações:
É através de sua ação social que a Igreja Católica visa promover o bem-estar material
dos indivíduos que compõem a sociedade, especialmente os pobres e excluídos;
A temática da questão social está presente na Bíblia desde o Antigo Testamento até o
Novo Testamento. No Antigo testamento os Profetas são os grandes pregadores da
questão social. O tema também está presente no Novo Testamento através dos
ensinamentos de Jesus Cristo;
Através da encíclica “Rerun Novarum” a Igreja Católica, agora organizada como
instituição, começa a se preocupar com as questões sociais de seu tempo.
Especialmente dos trabalhadores. E através de sua Doutrina Social orienta seus fiéis a
respeito das questões sociais;
A Igreja Católica tem um relevante papel em vários períodos da história do Brasil.
Está presente no Brasil desde a chegada dos portugueses até os dias atuais. Por muitos
anos foi fiel aliada ao poder do Estado. Após longos anos de boa relação surge dentro
da Igreja movimentos que provocam indagações sobre qual o papel dessa instituição
perante a sociedade;
O Concilio Vaticano II abriu as portas da Igreja Católica para o mundo, após o
referido concilio a Igreja começa a se empenhar mais na questão social e surgem as
pastorais sociais como uma resposta as diversas situações de exclusão social
enfrentada por diferentes grupos da sociedade;
Em 1981 o Papa João Paulo cria em 11 de outubro a Diocese de Guarabira/PB, cuja
instalação se dá em 27 de novembro do referido ano. Assume o governo pastoral da
diocese recém-criada Dom Marcelo Pinto Cavalheira. E seu período a frente da
Diocese de Guarabira/PB é marcado pela criação e apoio das pastorais sociais e
organismos de ação social da Igreja no âmbito do perímetro geográfico da referida
diocese;
Hoje a Diocese de Guarabira possui cinco pastorais sociais e duas instituições
filantrópicas sem fins lucrativos, vinculadas à Pastoral do Menor. Através dessas
pastorais e instituições a Igreja Católica presta um relevante serviço de ação social a
41
população do brejo e agreste da Paraíba. Contribuindo na melhoria da qualidade de
vida das pessoas que por elas são assistidas;
Acreditamos que a Igreja Católica vem cumprindo atividades que proporcionam o
acesso de crianças e jovens carentes a melhores condições de acesso à vida social, com
orientações espirituais, políticas e profissionais que tem contribuído para a inserção de
cidadãos corretos e conscientes com a sua função social.
Sendo assim, a Igreja Católica através de suas pastorais sociais na Diocese de
Guarabira/PB presta um relevante serviço de transformação social para determinados grupos
de pessoas, que sofrem algum tipo de exclusão social. Tornando-se um agente colaborador na
melhoria da qualidade de vida destas pessoas.
42
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