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COPA DA ÁFRICA – ESTUDO DE CASO “ estudo sobre a Copa do Mundo de Futebol FIFA 2010 realizada na África do Sul e as lições para a organização da Copa no Brasil” Carlos Alberto de Camargo Eduardo Espósito São Paulo 2011
SUMÁRIO
ITEM NOME PÁGINA
1 INTRODUÇÃO 5 1.1 Objetivo do documento 5 1.2 Abrangência 5 1.3 Visão Geral 6 1.3.1 Dados sobre a África do Sul 7 1.3.2 Indicadores criminais na África do Sul 8 1.3.3 Indicadores Criminais no Brasil 9 1.4 A importâncias do estudo para a Copa do Mundo de 2014 no
Brasil 10
2 DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA 13 3 A COPA NA ÁFRICA DO SUL 14 3.1 A experiência anterior da África do Sul na realização de grandes
eventos 14
3.2 Ceticismo quanto a capacidade do país para organizar uma Copa segura
14
3.3 Problemas ocorridos durante a Copa da África 16 3.3.1 Greve dos agentes da segurança privada 16 3.3.2 Roubos e furtos 19 3.3.3 Incidentes com multidões e invasões 26 3.3.4 Terrorismo 31 3.3.5 Furto de bagagens em aeroportos 39 3.3.6 Hooliganismo 41 3.3.7 Pirataria 42 3.3.8 Apagões 45 3.3.9 Caos aéreo 48 3.3.10 Outros incidentes com reflexo na segurança 49 4 O PLANEJAMENTO DA COPA DE 2010 52 4.1 Planejamento e implementação na visão de quem participou
dessa tarefa 52
4.1.1 Jornada Internacional de Polícia Comparada 52 4.1.2 Palestra do representante do LOC FIFA na África do Sul 69 4.2 FIFA aprovou plano de segurança abrangente 73 4.3 PLANO DE PROTEÇÃO E SEGURANÇA PARA A COPA DO
MUNDO DE FUTEBOL FIFA 2010 75
4.3.1 Considerações gerais 75 4.3.2 Ambiente de segurança na África do Sul 76 4.3.3 Projeção de aumento dos recursos humanos 77 4.3.4 Estrutura de segurança proposta 77 4.3.5 Componentes da estratégia de segurança proposta 77 4.3.6 Planejamento e gerenciamento operacional 77 4.3.7 Sistema nacional de inteligência 79 4.3.8 Centro de Operações do Sistema Nacional de Inteligência e os
Centros de Operações dos Locais de Eventos 80
4.3.9 Departamento de Justiça e Assistência aos Estrangeiros 80 4.3.10 Garantias governamentais 81 4.3.11 Segurança dos ingressos 81 4.3.12 Segurança da Tecnologia das Informações 82 4.3.13 Segurança do credenciamento 82 4.3.14 Segurança de Aeroportos e Imigração 82 4.3.15 Controle de pessoas indesejáveis 84 4.3.16 Plano Específico de Segurança para os VIPs 85
4.3.17 Plano Específico de Segurança para Locais Especiais 86 4.3.18 Plano de Segurança para os Escritórios da FIFA e do LOC 86 4.3.19 Plano de Segurança para a Central de Mídia 87 4.3.20 Plano de Segurança para os Parceiros Comerciais da FIFA 88 4.3.21 Segurança das premiações do Torneio 88 4.3.22 Eliminação de toda a propaganda não oficial 89 4.3.23 Segurança para os eventos oficiais 89 4.3.24 Gerenciamento de desastres 89 4.3.25 Segurança alimentar 89 4.3.26 Plano de Segurança para os Hotéis das Delegações 90 4.3.27 Segurança do Transporte Público 91 4.3.28 Estratégia anti-corrupção 91 4.3.29 Terrorismo e armas de destruição de massas 92 4.3.30 Assistência de voluntários em proteção e segurança 92 4.3.31 Comunicação pública sobre as questões de segurança 93 4.3.32 Planos de Segurança para os Locais das Partidas 94 4.3.33 Centro de Operações Locais 98 4.3.34 Controle de estacionamentos 99 4.3.35 Pesquisa remota de estacionamentos 100 4.3.36 Estádios isolados 100 4.3.37 Segurança do campo de jogo 100 4.3.38 Segurança dos jogadores e equipamentos oficiais das partidas 100 4.3.39 Segurança dos difusores de comunicação dos estádios 101 4.3.40 Proteção dos arredores dos estádios 101 4.3.41 Segurança dos patrocinadores oficiais e sítios de hospedagem
corporativos 103
4.3.42 Tráfico aéreo - zonas bloqueadas para vôos 103 4.3.43 Zonas de pouso de helicópteros de emergências 104 4.3.44 Política de arma de fogo em estádios 104
4.3.45 Bebida alcoólica nos estádios 104 4.3.46 Segurança para os portadores de necessidades especiais 105 4.3.47 Instalações médicas nos estádios 105 4.3.48 Segurança do procedimento anti-doping 106 4.3.49 Instalações físicas e equipamentos eletrônicos nos estádios 106 4.3.50 Separação de torcidas nos estádios 107 4.3.51 Treinamento de proteção e segurança 108 4.3.52 Indenizações 109 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 109
LISTA DE TABELAS
TABELA NOME PÁGINA
1.1 Indicadores Criminais no Brasil 9
LISTA DE FIGURAS
FIGURA NOME PÁGINA
3.1 Funcionários da segurança em greve 17 3.2 Funcionários da segurança em greve 18 3.3 Tumulto no jogo Nigéria x Coréia 26 3.4 Invasão de campo 28 3.5 Atentado terrorista em Angola 32 3.6 Atentado terrorista em Uganda 33 3.7 Segurança de bagagens em aeroportos 40 3.8 Barra Bravas 41 3.9 Hooligans 42 3.10 Marketing de emboscada 43 3.11 Apagão em Ellis Park 46 3.12 Apagão na Copa de 2010 47 3.13 Caos aéreo 49
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO NOME PÁGINA
3.1 Escolaridade dos presos 21 3.2 Tempo de pena 22 3.3 Idade dos presos 22 3.4 Tipos de crime praticados 23
1. INTRODUÇÃO
1.1 Objetivo do Documento
Este estudo refere-se aos trabalhos desenvolvidos pelo governo da África do
Sul para a segurança da Copa do Mundo de Futebol de 2010, o planejamento
desenvolvido, seu desenvolvimento e suas limitações, bem como o legado pós-
Copa.
Consiste no estudo técnico de mega evento esportivo internacional ocorrido e
que tem similaridade com a Copa do Mundo no Brasil, com aderência ao tema
“proteção e segurança”.
A África do Sul está entre os países mais violentos do mundo e a Copa do
Mundo de Futebol de 2010 é o torneio futebolístico que imediatamente
antecede aos jogos do Brasil, portanto a comparação mais aproximada em
termos de contexto, razão pela qual o tema é abordado tanto sob uma
perspectiva histórica como em face ao contexto atual de ambos os países,
procurando atender, assim, às necessidades de planejamento do Governo
Brasileiro.
1.2 Abrangência
O Estudo de Caso sobre a Copa do Mundo de Futebol de 2010 tem a seguinte
abrangência:
• Discussão sobre a realidade da África do Sul, antes, durante e após a
Copa do Mundo, especialmente sobre o aspecto de proteção e
segurança, em face dos indicadores criminais, como medida dos níveis
de violência e criminalidade;
• Comparação com a realidade brasileira;
• Investimentos efetuados e medidas adotadas para a segurança da Copa
do Mundo;
• Medidas adotadas para que os investimentos efetuados resultem em um
legado para o país;
• Dados sobre o Planejamento efetuado, que possam servir de subsídio
para as autoridades brasileiras envolvidas com a preparação da Copa
do Mundo de Futebol de 2014;
• Dados sobre ocorrência de incidentes com potencial para influir na
segurança da Copa;
• Dados sobre ocorrência de incidentes de insegurança;
• Dados e comentários sobre os resultados obtidos; e
• Palavras dos organizadores da Copa da África, transmitindo a
experiência adquirida.
1.3 Visão Geral
No dia 11 de julho de 2010, a solenidade de encerramento da Copa do Mundo
FIFA de Futebol, na África do Sul, trouxe para os seus organizadores e para a
população daquele país, e até mesmo para muitas das 3,18 milhões de
pessoas em todo o mundo que assistiram os jogos, a sensação de que o
torneio foi realizado com pleno sucesso1, mas também a sensação de que
restava, naquele momento, o grande desafio de se estender aquele sucesso
para a solução dos graves problemas da sociedade sul africana.
Tratava-se do primeiro país africano a ser escolhido para sediar uma Copa do
Mundo, mergulhado em problemas como a epidemia de AIDS, o desemprego,
a desigualdade social, os altíssimos índices de violência, medidos pelos
1 o secretário-geral da FIFA, Jerome Valcke, chegou a afirmar que a África do Sul credenciava-
se a ser o “plano B” para as próximas Copas do Mundo.
cinqüenta homicídios diários, e o fato de que, 16 anos após a queda do
Apartheid2, mais de 40% de sua população ainda vive com menos de US$ 2
por dia e os serviços públicos seguem fracassando nos bairros mais
desfavorecidos.
O Brasil possui também sérios problemas sociais, que se refletem igualmente
na qualidade de vida de sua população, inclusive nos indicadores criminais. Por
esse motivo, na preparação da Copa do Mundo FIFA de 2014, a experiência do
que se fez e do que se fará na África do Sul será muito útil aos organizadores
da Copa do Mundo no Brasil.
1.3.1 Dados sobre a África do Sul
Capitais:
Cidade do Cabo (legislativa)
Pretória (executiva)
Bloemfontein (judiciária)
Idiomas: 11 (o inglês é o mais difundido)
População: 47.900.000 habitantes
PIB:
Total: US$ 467,95 bilhões
Per capita: US$ 10.600
2 Política oficial segregacionista que vigorou na África do Sul desde 1948, com a chegada ao poder do
Novo Partido Nacional NNP, representante da minoria branca, detentora do poder político, e segundo a qual, os negros não tinham direito a voto, eram proibidos de possuir terras na maior parte do país e obrigados a viver confinados em zonas residenciais segregadas. Dentre as proibições estavam casamentos e relações sexuais entre pessoas de diferentes etnias.
Em 1950, o Conselho Nacional Africano CNA, para combater o apartheid, lançou a estratégia da desobediência civil. Em 1960, a polícia branca matou 67 negros durante uma manifestação. Em 1962, seu líder, Nelson Mandela, foi condenado à prisão perpétua.
Com a intensificação da pressão internacional e da movimentação interna, a partir de 1989 começaram a ocorrer mudanças. Em 1990, Mandela foi libertado e o CNA voltou à legalidade. As leis raciais foram revogadas e, em 1992, em plebiscito, 69% dos brancos votaram pelo fim do aparheid. Em 1995, Nelson Mandela foi eleito presidente da república.
O país terminou 2009, véspera da Copa do Mundo, com a alta taxa de 24,3%
de desemprego, um aumento considerável em relação aos 21,9% de 2008.
1.3.2 Indicadores criminais na África do Sul
A África do Sul é um dos países com maior índice de criminalidade e a
segurança foi uma das maiores preocupações dos organizadores da Copa e
das autoridades locais.
Dados de 2008 indicam o registro de 18.487 homicídios, cerca de 50 por dia,
mas mesmo assim, um número menor do que o dos anos anteriores, aliás, o
menor número no século. Em 2003, foram notificados 21.533 homicídios.
A média de homicídios na África do Sul é de 38,6 por grupo de 100.000
habitantes, menor do que a de 40,5 por 100.000, do ano anterior.
O número de estupros foi de 36.000 mulheres violentadas, 8,8% menor do que
no ano anterior, mas ainda assustador. Durante a Copa do Mundo, pode ouvir
de mulheres sul africanas o verdadeiro pavor de sair às ruas durante à noite,
dado o risco de estupro.
O assassinato de crianças subiu 22,2%, passando de 1.152 para 1.410.
Crimes graves e violentos, como roubos e tentativas de homicídio diminuíram
6,4 %, mas os roubos em residências aumentaram 13,5%, e em
estabelecimentos comerciais, 47,4 %.
Há regiões mais violentas do que a média: existem zonas em Johannesburgo
onde o número de homicídios supera as 38 mortes por grupo de 100.000
habitantes.
Em Hiillbrow, bairro na região central de Johannesburgo, ocorreram 89 mortes
violentas em 2009.
1.3.3 Indicadores criminais no Brasil
O aumento da criminalidade também é observado na maior parte dos estados
brasileiros que vão sediar partidas da Copa do Mundo FIFA de 2014.
O quadro abaixo, colhido no Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública
2010, com dados do Ministério da Justiça e das Secretarias de Segurança
Pública dos Estados, mostra a evolução dos indicadores criminais relativos aos
homicídios dolosos e a taxa de homicídios por 100 mil habitantes nos Estados
que sediarão a Copa do Mundo de 20143.
ESTADO (números absolutos) (taxas) Variação
2008 2009 2008 2009
DF 654 690 25,6 26,5 +3,5 %
MT 746 885 25,2 29,5 +16,9%
MG 2115 1425 10,7 7,1 - 33,2%
PR 2831 3115 26,7 29,2 +9,2%
PE 4237 3750 48,5 42,6 - 12,6%
RJ 5235 5318 33,0 33,2 +0,7%
RS 2276 2192 21,0 20,1 - 4,2%
SP 4426 4564 10,8 11,0 + 2,2%
AM 701 749 21,0 22,1 + 5,2%
BA 4319 4375 29,8 29,9 + 0,4%
CE 1903 2212 22,5 25,9 + 14,9%
RN 718 646 23,1 20,6 - 10,9%
3 Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública
Tabela 1.1 homicídios dolosos nos estados que vão sediar a Copa do Mundo de 2014.
Segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes4, o Brasil,
com 43.909 homicídios dolosos em 2009, e uma taxa de 22,7 homicídios por
grupo de 100.000 habitantes é o terceiro país na América Latina com maior
número de homicídios, embora, em números absolutos, seja o país latino
americano onde mais ocorreram esses delitos.
Apesar de ser o quinto país mais populoso do mundo, em números absolutos,
o Brasil é o segundo país onde ocorrem maior número de homicídios dolosos,
ficando atrás apenas da Índia que, contudo, tem uma população cinco vezes
maior do que a brasileira.
Levando-se em consideração a taxa de homicídios, o Brasil é o 24º pior
colocado no mundo.
O estado de São Paulo é citado no relatório da ONU como bom exemplo.
Destaca que o estado saiu de 49,3 homicídios por 100 mil habitantes em 2004
para 11,25, em 2009.
Segundo o relatório, “ Na primeira década deste século, novas políticas foram
implementadas no Brasil para reduzir os níveis criminais e os homicídios em
particular...a nível nacional, as medidas provavelmente contribuíram para a
pequena queda nos homicídios a partir de 2004, mas o impacto foi
notadamente maior em São Paulo”.
1.4. A Importância do estudo para o Planejamento da Copa do Mundo de
2014 no Brasil
Embora representem realidades diferentes, Brasil e África do Sul – o país da
próxima Copa do Mundo e o país da última Copa- possuem muitos pontos em
comum, a começar pela grande desigualdade social.
O Brasil possui o terceiro pior índice de desigualdade social do mundo e a
África do Sul, o segundo.
4 Estudo Global sobre Homicídios, divulgado em 06Out2011.
Esta informação consta do recente relatório do Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento – PNUD5.
Apesar de todos os investimentos sociais na última década, o país apresenta
uma baixa mobilidade social e educacional entre gerações.
Segundo o relatório da ONU, a desigualdade de rendimentos, educação, saúde
e outros indicadores persiste de uma geração a outra, e se apresenta num
contexto de baixa mobilidade socioeconômica na região que comporta a
América Latina e o Caribe, a mais desigual do mundo.
Na América Latina, o Brasil só está melhor do que a Bolívia e o Haiti em
relação à pior distribuição de renda.
Assim como a África do Sul, o Brasil também apresenta altos - e em muitos
pontos crescentes- índices de criminalidade. E dentre as recomendações
estabelecidas pela FIFA para a realização dos jogos está a efetivação de um
Plano de Proteção e Segurança que priorize uma série de garantias para
tranquilidade e bem estar durante a realização dos jogos
Apesar das críticas que possam ser feitas, o sistema de segurança pública tem
ampliado em muito a potencialidade de detenções e prisões de criminosos.
Ocorre que as taxas de reincidência no Brasil beiram a 70%, ou seja, o preso
que cumpre uma meta ao sair esta pronto para continuar a delinquir.
Tudo isso faz com que grande parte dos problemas a serem enfrentados na
organização da Copa do Mundo no Brasil coincida com os enfrentados pela
África do Sul, o que torna a experiência adquirida pelos africanos muito útil aos
brasileiros.
As exigências da FIFA para uma Copa segura tem por fundamento que:
A Copa do Mundo de Futebol é um evento privado;
Trata-se do maior e mais importante evento do planeta;
5 Relatório do PNUD concluído em julho de 2010 sobre desigualdade social.
A FIFA conta com mais países afiliados do que a Organização das
Nações Unidas (ONU);
O evento catalisa investimentos bilionários, capazes de alterar a
realidade de países de primeiro mundo, considerados potências
mundiais;
A partir da Copa do Mundo de 2002, esse mega evento extrapolou a
barreira esportiva, transformando-se no maior evento de negócios do
mundo, movimentando cifras superiores ao Produto Interno Bruto da
maioria dos países do planeta.
Um evento com uma impressionante visibilidade internacional:
3,18 milhões de pessoas, em todo o mundo, assistiram a Copa da
África, segundo relatório da FIFA.
4,2 bilhões de visualizações do site da FIFA (Copa da Alemanha
de 2006).
Mais de 125 milhões de streaming de vídeos - 2006 marcam o
primeiro ano em que destaca o streaming de vídeo da Copa do
Mundo de partidas foram ao ar na web.
Mais de 73 milhões de visitadas no Portal Web Mobile FIFA
worldcup.com
Operação de mídia
18.850 representantes da mídia credenciados (inclusive técnicos)
4.250 jornalistas e editores
1.200 fotógrafos;
13.400 equipes de comentaristas de TV, câmera, técnicos
O perfil do visitante e participante é bastante diferenciado:
Turista de negócios – aquele que aproveita o evento para vincular novos
negócios aos patrocinadores envolvidos e aqueles que desejam investir
no Brasil;
Turista convencional – aquele que deseja usufruir da natureza
(Pantanal) e a relação com a Copa do Mundo;
Turista Torcedor da Copa – aquele que participa das atividades da Copa
independente de sua seleção (gosto pelo Futebol);
População residente – aquele que melhor usufrui do evento, devido ao
orgulho de visibilidade de sua cidade (Cuiabá), região e País.
Além da atuação do poder público em face dos crimes contra a vida, a
integridade física e crimes patrimoniais, a organização da Copa, à semelhança
do que ocorreu na África do Sul, deve buscar soluções para diversos outros
problemas, como: violência de torcidas, hooliganismo – incluindo os barra
bravas-, desordens e embriaguês, posse de material proibido, violação de
áreas restritas, pirataria, contaminação de água e alimentos, incêndios, colapso
de estruturas, tempestades e outros problemas de ordem climática e
meteorológica, incidentes químicos, bacteriológicos e nucleares, terrorismo,
explosões, ocorrências com reféns, greves de serviços críticos, ingressos
falsos, cancelamento de jogos, atrasos de torcedores, bloqueio de rotas de
escape, falha nas comunicações etc.
A FIFA, dona do evento, jamais colocará em risco a realização, com sucesso,
da Copa do Mundo em qualquer que seja o país sede.
2. DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA
[REF 01] Sistema Penitenciário Nacional – Dados Consolidados (2008/2009) –
Ministério da Justiça - Departamento Penitenciário Nacional.
[REF 02] Matriz de Responsabilidade – Ministério dos Esportes.
[REF 03] Projeto da Lei Geral da Copa.
[REF 04] Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública-2010.
[REF 05] Estudo Global sobre Homicídios – Escritório das Nações Unidas sobre
Drogas e Crimes.
[REF 06] South Africa 2010, Africa´s Stage, Bio Book,2007.
3. A COPA NA ÁFRICA DO SUL
3.1 A experiência anterior da África do Sul na realização de grandes
eventos
A África do Sul já vinha acumulando experiência na organização de grandes
eventos, desde 1995.
Foram os seguintes eventos:
Rugby World Cup 1995, 1996
Campeonato Africano das Nações, de 1998
Cimeira dos Não-Alinhados Movimento, de 1999
Cimeira Mundial de 2002 sobre o Desenvolvimento Sustentável (com
37.000 delegados internacionais) e
Copa do Mundo de Cricket., de 2003.
Mas nada se compara à organização de uma Copa do Mundo de Futebol.
3.2 Ceticismo quanto à capacidade do país para organizar uma Copa
Segura
A capacidade da África do Sul para realizar uma Copa do Mundo no nível
exigido pela FIFA, especialmente no aspecto da segurança, sempre foi vista
com muito ceticismo pela opinião pública mundial.
Conforme o site globo.com6, “De acordo com uma reportagem do jornal
britânico “The Independent”, várias seleções que vão à Copa do Mundo de
2010 na África do Sul já contrataram serviços de segurança particular para a
6 Site Globo.Com , 03/12/09 - 10h38
competição. Com medo da violência no país, as equipes foram atrás de firmas
que oferecem serviços de ex-combatentes de guerras no Iraque e no
Afeganistão.
Segundo fontes do jornal, seleções da Europa e da África do Sul já fecharam
contrato com ex-militares, em sua maioria veteranos, para realizarem sua
segurança na Copa. As firmas vão oferecer guarda-costas, veículo à prova de
balas, prevenções a seqüestros e esquadrões para “momentos de crise”.
Seguros contra seqüestros também é oferecido por algumas agências, mas o
serviço não é divulgado.
Os contratos podem significar uma certa preocupação das equipes com falhas
de segurança na organização da Copa. A situação ficou evidente após
reclamações durante a Copa das Confederações, neste ano.
Não houve nenhum grande acidente, mas algumas lacunas preocupantes
foram constatadas, sugerindo que não haverá segurança suficiente. Os
contratos não estavam assinados, alguns jogadores tiveram bens roubados em
hotéis, e alguns fãs foram vítimas de crimes. E na Copa das Confederações
havia apenas oito equipes, jogando em quatro estádios, dos quais três estavam
dentro de 70 milhas uns dos outros. “A Copa do Mundo é um campeonato
totalmente diferente, com 32 equipes, 10 estádios em nove cidades em mais de
mil milhas, e milhões de fãs, centenas de milhares de estrangeiros – disse uma
fonte do jornal”
Mas, a despeito desse ceticismo, a Copa foi organizada com eficiência, tanto
que, em entrevista coletiva realizada em 16 de junho de 2010, na cidade de
Johannesburgo, o secretário-geral da FIFA, Jerome Valcke afirmou que a
entidade estava satisfeita e reconheceu os esforços dos organizadores do
primeiro mundial em continente africano. "Se a organização mantiver tudo no
mesmo nível apresentado hoje até 11 de julho, poderemos dizer que será um
Mundial perfeito"
Porém, apesar do declarado sucesso, ocorreram incidentes durante o período
da competição, que relacionaremos a seguir, para fins de estudo.
3.3 Problemas ocorridos durante a Copa da África
3.3.1Greve dos agentes da segurança privada
As greves, em diversos setores, causaram um grande problema para a
organização dos jogos e preocuparam bastante os membros da FIFA, cujo
secretário-geral, Jerome Valke reconheceu, após várias reuniões de
emergência, que o comitê organizador local – LOC não tinha o menor controle
sobre a situação.
Apesar de os movimentos grevistas acontecerem em setores como construção
e transportes, foi na segurança que houve a maior repercussão, até mesmo
porque greves e protestos ocorreram durante os jogos.
No dia da abertura do Mundial, durante a entrada de torcedores de Uruguai e
França no Estádio Green Point, na Cidade do Cabo, seguranças deixaram seus
postos de trabalho em protesto. Longas filas se formaram. Voluntários foram
convocados às pressas, treinados em poucos segundos sobre como agir na
revista de segurança e conferência de ingressos.
Ainda na Cidade do Cabo, no segundo dia das competições, os seguranças
entraram em greve há apenas três horas antes do jogo.
Em Durban, no terceiro dia, 300 funcionários, protestando por questão de
pagamento, entraram em confronto com a polícia, que utilizou granadas, gás
lacrimogêneo e balas de borracha.
Em Johannesburgo, no quinto dia, no jogo entre Brasil e Coréia do Norte, os
funcionários da segurança privada fizeram um protesto na entrada do Ellis
Park, com vistas à cobrança de salários, ameaçando entrar em greve.
Alegando o direito a receber 500 rands em vez dos 190 rands pagos, cerca de
500 funcionários enfrentam a polícia, fazendo muito barulho para chamar a
atenção da imprensa.
.
Figura 3.1. Funcionários da segurança em protesto (foto UOL)
As greves e protestos dos funcionários da segurança obrigaram a polícia a
assumir o serviço, o que ocorreu de forma apressada pela urgência da medida.
Na Cidade do Cabo, por exemplo, a polícia assumiu a segurança do estádio e
enviou para o local 1.500 trainees para substituir os cerca de 500 seguranças
em greve.
Figura 3.2. Funcionários da Segurança em greve (foto UOL)
Nestes episódios, ficou evidente a posição radical da empresa de segurança
contratada, que considerou inaceitáveis os termos das propostas dos
funcionários, o que levou a negociação ao impasse.
O COL se viu obrigado a tomar uma medida extrema. Cancelou o contrato com
a empresa de segurança privada
Os organizadores convocaram a imprensa para registrar e promover um
espetáculo considerado deprimente pelos jornalistas, no qual os agentes
dispensados eram obrigados a devolver seus coletes de identificação dos
seguranças da Copa. Depois de caminhar em uma longa fila, sob os olhares da
polícia, os trabalhadores se uniram do lado de fora para marchar em protesto.
A experiência africana nos mostra que, mesmo com o emprego de agentes da
segurança privada para as funções que lhe são legalmente cometidas, na
execução de atividades que são da responsabilidade dos promotores do
evento, e dado o caráter crítico dessas atividades, porque envolvem a
segurança das multidões e são do interesse da segurança pública, a polícia
deve estar em condições de agir com rapidez e eficiência em caso de colapso
daqueles (em situações como greves, por exemplo), e os agentes públicos
policiais familiarizados, desde seu treinamento, com aquelas atividades.
3.3.2 Roubos e furtos
Roubo e furtos foram as espécies de crime que mais atormentaram turistas,
atletas, dirigentes e jornalistas na África do Sul, durante a Copa do Mundo.
Já na Copa das Confederações, em 2009, houve registros desses crimes. Até
mesmo os jogadores da seleção do Egito foram vítimas, assim como o jogador
Kleber, da seleção brasileira. A FIFA chegou a emitir documento oficial
afirmando que medidas seriam adotadas para prevenir esses crimes durante a
Copa do Mundo.
Registros desses crimes, apesar disso, aconteceram com muita freqüência,
como o que ocorreu com a seleção da Colômbia, cujos atletas foram vítimas de
furto nos quartos do hotel, enquanto treinavam.
Crimes praticados nos próprios hotéis se repetiram. Dois dias antes do início do
mundial, jornalistas espanhóis e portugueses foram vítimas de roubo a mão
armada e tiveram subtraídos seus computadores e câmeras em seu hotel, nos
arredores de Johannesburgo.
No dia da estréia da seleção uruguaia na Copa do Mundo, os jogadores
Ernesto Rodriguez e Daniel Marotta tiveram US$ 4 mil (R$ 7,2 mil) e US$ 8 mil
(R$ 14,4 mil) furtados, respectivamente, de seus quartos, enquanto estavam na
partida diante da França. Repórteres chineses e o ex-jogador argentino Gabriel
Batistuta também passaram por problemas de roubo nos seus hotéis.
Quatro jornalistas brasileiros, hospedados em hotel apontado oficialmente
como recomendado à imprensa, tiveram os segredos de seu cofres nos quartos
violados e o conteúdo furtado por funcionários da empresa contratada para a
manutenção dos mesmos. Apurou-se que esses funcionários utilizaram um
aparelho que alterava a senha e costumavam subtrair pequenas importâncias
em dinheiro, a fim de não despertarem suspeitas. Esta modalidade de delito
surpreendeu até a polícia, que desconhecia o dispositivo empregado e
recomendava, como medida de segurança, que os hóspedes sempre
utilizassem os cofres para guarda de valores.
Em hotel na Cidade do Cabo, a vítima foi um membro da federação uruguaia
de futebol. A gerência do hotel negou-se a assumir qualquer responsabilidade
sobre o fato. E não se tratava de hotel situado na periferia. Ao contrário, situa-
se a dez minutos do Estádio de Green Point, onde a vítima se encontrava no
momento do furto.
Na cidade de Rustemburgo, dois jornalistas neozelandeses ficaram sem os
equipamentos de trabalho também no local no qual estavam hospedados.
O correspondente de TV da Nova Zelândia e um técnico tiveram todos os seus
equipamentos furtados no hotel. Os ladrões quebraram a porta do quarto de
hotel no momento em que os dois estavam jantando.
Estes são apenas alguns exemplos, que se tornaram conhecidos porque as
vítimas eram atletas, dirigentes e jornalistas, mas os casos aconteceram com
freqüência.
Esta experiência africana nos mostra a necessidade de um programa de
prevenção exclusivamente voltado ao setor hoteleiro, com procedimentos de
segurança e medidas de controle.
Roubos e furtos em outros locais e nas ruas também aconteceram com
frequência. Muitas vitimas, especialmente estrangeiros, sequer notificavam a
polícia. Era freqüente ouvir relatos de pessoas que foram vítimas de roubos
praticados por bandos de delinqüentes, que além de subtraírem os pertences,
ainda agrediam suas vítimas.
O próprio escritório da FIFA foi violado na cidade de Johannesburgo. Após
arrombarem a porta, desconhecidos furtaram sete réplicas do troféu FIFA e
ainda algumas camisetas.
É preciso atentar para o fato de que o evento Copa do Mundo, pela presença
de turistas nacionais e internacionais7, constitui um grande atrativo para os
delinqüentes.
Um aspecto que deve ser considerado é o fato de que 496.683 presos no Brasil
estão em regime de prisão provisória, ou seja, sem sentença judicial
condenatória, podendo ganhar liberdade a qualquer momento.
Além disso, a comparação dos dados sobre a população carcerária, grau de
instrução dos presos, as faixas etárias e o tempo das penas nos mostra que
um grande número de presos (23%) está retornando às ruas dentro de um
espaço de tempo de quatro anos, ainda muito jovens (31% entre 18 e 24 anos
de idade) e sem qualificação (89% entre analfabetos e segundo grau
incompleto), tendo, a esmagadora maioria, sido recolhida no sistema pela
prática de crimes contra o patrimônio (68%), que inclui especialmente roubos e
furtos. Isso, exatamente no período que inclui a Copa do Mundo. No caso da
população carcerária, a prevenção aos roubos e furtos durante a Copa deve
começar imediatamente.
89%
11%
0% 0% 0%
entre analfabetos e segundo grau incompleto
segundo grau completo ou mais
Gráfico 3.1- 89% dos presos não têm escolaridade formal suficiente que apóie a reinserção social8
7 O ministério do turismo prevê a vinda ao Brasil de 300.000 turistas estrangeiros.
8 MJ/DEPEN
23%
28%21%
10%
8%
10%1% 0%0%0%0%0%0%0%0%0%0%
até 4 anos
4 a 8 anos
8 a 15 anos
15 a 20 anos
20 a 30 anos
30 a 50 anos
50 a 100 anos
Gráfico 3.2 –23% dos presos (59.596) podem ser libertados em quatro anos9.
31%
27%
18%
17%
6%
1% 18 a 24 anos
26 a 29 anos
30 a 34 anos
35 a 45 anos
46 a 60 anos
mais de 60 anos
Gráfico 3.3 – 31% dos presos são muito jovens (18 a 24 anos)10
9 MJ/DEPEN
10 MJ/DEPEN
16%
68%
5%2%
1%
0%1%
7%
homicídios
contra o patrimônio
contra os costumes
contra a paz pública
contra a fé pública
contra a administração pública
lei maria da penha
estatuto do desarmamento
Gráfico 3.4 – 68% dos presos são condenados por crimes contra o patrimônio11
A prevenção aos roubos e furtos deve abranger programas específicos para os
diversos setores, como comércio, hotelaria, incluindo treinamentos.
Assim, é preciso planejar e investir na revisão dos procedimentos e na
capacitação e preparação de todos os profissionais que irão atuar em
atividades de segurança nas cidades sedes da Copa. Além disso, investir em
equipamentos básicos para o desempenho dessas funções, bem como a
implementação de novas tecnologias voltadas às comunicações, transmissão e
compartilhamento de banco de dados e produção de provas forenses.
Um evento da dimensão da Copa do Mundo requer o planejamento da
segurança em toda a cidade sede, não apenas no estádio e seu entorno, mas
abrangendo a segurança das multidões, a criminalidade em geral e a
criminalidade específica, oportunista.
No período de tempo que abrange a Copa do Mundo, o funcionamento das
cidades sedes sofrerá alterações, com eventos ocorrendo em todo o território,
11
MJ/DEPEN
com turistas nacionais e estrangeiros circulando etc., o que exigirá da polícia
territorial um planejamento prévio e um estudo continuado da situação a fim de
manter a segurança pública.
Exige, assim, a articulação das forças de segurança para atuação integrada
que envolva vias públicas e outros logradouros, portos, aeroportos, terminais
de ônibus, hotéis, pontos turísticos etc., tudo conforme planos de prevenção e
de pronta resposta.
A organização da Copa, em todas as cidades, deve capacitar-se para a
coordenação dos serviços e a fiscalização dos mesmos, através de todos os
órgãos competentes.
Dentro da visão estratégica de que os investimentos devem deixar um legado
para a sociedade, o planejamento da segurança precisa ter em vista o
compromisso de que toda estrutura, criada ou aperfeiçoada, continue
funcionando pós-Copa, com a mesma eficácia.
O planejamento tem de ser amplo e detalhado, para fazer face desde a
prevenção criminal básica até a especializada prevenção ao terrorismo, com
base tanto em conhecimentos produzidos por competente trabalho de análise
criminal como pelos serviços de inteligência12, articulados com seus
correspondentes internacionais. Deve prever detalhadamente completo acervo
de procedimentos necessários à pronta e eficaz reação a todas as situações de
emergência. E o pessoal envolvido na segurança, profissionais e voluntários,
devem estar capacitados a agir com eficácia absoluta, tanto preventiva como
reativamente, já em 2013, para a Copa das Confederações, graças ao
exaustivo treinamento, desde os comissários de estádio (stewards) até a
polícia territorial e as unidades especiais.
Mas o planejamento e a realização dos investimentos, embora focados na
“Operação Copa”, comprometidos especialmente com o sucesso deste evento,
dada sua importância e criticabilidade, deve requalificar a segurança pública
12
Especial atenção ao terrorismo internacional e ao hooliganismo.
com vistas ao futuro. Por isso, a despeito da capacitação em alto nível de
unidades especiais, precisa ser fundado na polícia territorial.13
O Centro Integrado de Operações Policiais deve ser desenvolvido não para
comandar o policiamento, mas para, com tecnologia e processos, permitir que
os comandantes territoriais o façam e para que cada escalão de comando
supervisione o desempenho do escalão subordinado, embora,
complementarmente, deva também servir como meio de comando de
operações especiais e dos gabinetes de crise, articulando todas as forças de
segurança e de emergência.
Toda incorporação de tecnologia e processos deve, portanto, ter por objetivo
proporcionar a adequada segurança à Copa e também servir à estrutura de
segurança pós- Copa, o que não admite improvisações de planejamentos
apressados porque iniciados tardiamente.
Temos que levar em conta também que os comandantes do policiamento e
grande parte dos policiais que atuarão na Copa do Mundo ainda estão nas
escolas14, sejam de formação, sejam de aperfeiçoamento, ou mesmo nem
foram recrutados. E que as novas tecnologias a serem incorporadas para a
segurança influenciarão nos procedimentos operacionais, que deverão ser
objeto de novos manuais e treinamentos, para que tenhamos, com suficiente
antecedência, profissionais bem preparados para a magnitude do evento. Tudo
deve estar funcionando adequadamente com bastante antecedência:
profissionais, tecnologia e processos.
13 Exatamente por isso, muito cuidado deve ser tomado para não se cair na tentação de, supervalorizando o conceito forças especiais, esquecermos de que a polícia é, por vocação, essencialmente territorial. Os comandantes territoriais é que são os responsáveis pela segurança pública. É o policial com responsabilidade territorial que deve buscar a diminuição dos índices de criminalidade e violência. Forças especiais são instrumentos para atuação pontual e especializada, mas sempre em apoio à autoridade territorial, até porque o dia-a-dia em termos de segurança pública depende de uma polícia territorial bem equipada e preparada.
14 De um modo geral, nos diversos Estados, boa parte dos quadros de oficiais subalternos ainda estão em formação
nas academias; os oficiais intermediários e o oficiais superiores freqüentando cursos de aperfeiçoamento; e as escolas de formação de policiais de base formando ou mesmo se preparando para receber alunos suficientes para o recompletamento da média de 3% do efetivo das corporações que se afastam a cada ano (aposentadoria e outros afastamentos). Situação semelhante em todas as forças de segurança.
3.3.3 Incidentes com multidões e invasões
A partida inaugural da Copa do Mundo na África do Sul terminou em confusão.
Pelo menos três pessoas ficaram feridas ainda no início do jogo entre a anfitriã
África do Sul e México quando assistiam ao jogo em parque de Johanesburgo.
Segundo testemunhas, os torcedores romperam uma barreira de segurança no
Mary Fitzgerald Square.
Na Cidade do Cabo, o tumulto aconteceu na praça Grand Parade, região onde
aconteceu o primeiro discurso depois que e o líder e ex-presidente Nelson
Mandela deixou a prisão em 1990. Os seguranças que cuidam da área
tentavam impedir a superlotação no espaço e as pessoas começaram o
empurra-empurra. Seis pessoas ficaram feridas.
Figura 3.3 Tumulto no jogo Nigéria x Coréia (dinizk9.blogspot.com)
No amistoso entre as seleções nacionais da Nigéria e da Coréia do Norte, em
Johanesburgo após a abertura dos portões do estádio, milhares de fãs
forçaram a entrada e a confusão terminou com torcedores pisoteados.
Na Cidade do Cabo, Estádio Green Point, após o jogo em que as seleções da
Inglaterra e da Argélia empataram, descontente com o resultado e com o
Figura 1 tumulto no jogo Nigéria x Coréia do Norte
desempenho da seleção de seu país, um torcedor inglês invadiu o vestiário de
sua equipe, após burlar todo o esquema de segurança.
O torcedor tentou enfrentar um jogador e foi contido pelos seguranças da
delegação inglesa, sendo entregue à segurança do estádio e, depois, à polícia,
e o incidente comunicado formalmente à FIFA.
Pouco antes do início da partida entre Argélia e Eslovênia, alguns torcedores
argelinos invadiram o campo, no estádio de Polokwane, mas foram retirados
em seguida.
Logo após a entrada da equipe argelina, os torcedores invadiram o campo para
tirar fotografias com os jogadores. Foram retirados sem necessidade do uso de
força.
O próprio jogo de encerramento da Copa do Mundo da África do Sul teve um
incidente de invasão, apesar de todo o rigor do cerimonial e da segurança.
Pouco antes do início da partida, um invasor habitual invadiu o campo para
pegar a taça do torneio.
Trata-se do espanhol Jaume Marquet Cot, conhecido como Jimmy Jump, que
tem a mania de invadir eventos esportivos.
Ele foi contido pelos seguranças quando já estava muito próximo do troféu
FIFA.
Jaume Marquet Cot, ou Jimmy Jamp, mantém um site em que registra e
divulga suas peripécias, Jimmy Jump ficou mais conhecido pela primeira vez
em 2004, quando entrou em campo e arremessou uma bandeira do Barcelona
sobre o capitão português Luis Figo na final contra a Grécia. O jogador tinha
trocado o time catalão pelo Real Madrid.
Figura 3.4 Invasão de campo no jogo de encerramento (globo.com)
Em 2007, ele esteve na decisão do Mundial de Rúgbi entre Inglaterra e África
do Sul. Dois anos depois, entrou na final de Roland Garros, quando Roger
Federer venceu Robin Soderling. Até mesmo um show de calouros o catalão
chegou a invadir na Noruega.
As revistas pessoais, nos estádios africanos, foram, de um modo geral, pouco
rígidas e incapazes de impedir ações mais graves que, por sorte, não
ocorreram.
Estádios de Futebol, em grandes eventos, sob o ponto de vista da segurança,
serão sempre locais críticos porque acomodam multidões e também porque,
dada a natureza de sua utilização, tornam-se ambiente extremamente
emocional15.
15 “Sozinho, o indivíduo nem sempre consegue se desinibir para manifestar certos sentimentos reprimidos que o dia a dia impõe; mas no meio da massa tais sentimentos podem ser mais facilmente liberados, uma vez que nestas condições, certas limitações impostas pela sociedade são mais fáceis de serem superadas...O espectador, quando envolvido numa massa, geralmente deixa de raciocinar e agir como indivíduo isolado, passando a reagir na proporção em que a massa reage, uma vez que sofre influências de fatores psicológicos...fatores psicológicos levam os espectadores a reagir agressiva e até violentamente a estímulos muitas vezes insignificantes...todo o clima de euforia normalmente existente, mais a influência dos fatores psicológicos, agravado por consumo de bebidas alcoólicas, acontecimentos palpitantes e pseudo-imagem de agressões e perigo, podem gerar brigas e desordens”;(M 10 PM – MANUAL DE POLICIAMENTO EM ESPETÁCULOS PÚBLICOS – PMESP-1998).
Independente de qualquer outro componente, a Preservação da Ordem Pública
durante um evento desportivo não admite erros, porque decisões devem ser
tomadas e operacionalizadas em curto espaço de tempo e em ambiente
confinado, envolvendo múltiplas agências, afetando a segurança e a vida de
milhares de pessoas.
A preservação da Ordem Pública (Segurança, Tranquilidade e Salubridade) em
Estádios de Futebol é, por isso, Missão Crítica, em todas as suas dimensões,
exigindo Comando centralizado e bem definido; meios de Comando, Controle e
Inteligência eficientes; e adequada plataforma tecnológica de Comunicação e
Computadores (C4 I).
Tal como ocorre em uma aeronave em vôo, o Comandante é o responsável
pela segurança dos milhares de torcedores “a bordo” de um estádio, devendo
acompanhar todos os trabalhos lá desenvolvidos, seja por agentes públicos,
seja pela administração, seja por contratados pelo promotor do evento,
assumindo a imediata coordenação dos mesmos em caso de emergências, que
podem ser provocadas por fatores como ameaças de bomba, explosões,
tumultos internos, tumultos externos, incêndio, fumaça, colapso estrutural, pane
elétrica, superlotação (geral, setorial ou em acessos), atrasos, suspensão do
jogo, tempestades, invasões ou tentativas, por ações agressivas provocadas
por torcedores fanáticos16(torcidas organizadas, hooligans, barrabravas etc) ou
por ações terroristas17, inclusive determinando a evacuação das instalações18.
O Comandante deve ter o controle sobre todos efetivos em atividade no interior
do estádio e em seu entorno imediato, porque será, nos casos de emergência,
o executor dos planos de contingência, devendo, por isso, acompanhar o
trabalho harmônico de todos na situação de normalidade.
Para o exercício da ação de comando, ele deve contar com um eficiente C4 I –
Centro de Comando, Controle, Comunicação, Computadores e Inteligência.
As missões relativas ao funcionamento de um evento de grandes proporções
em um estádio de futebol e as relativas à Preservação da Ordem Pública, na
manutenção da segurança, tranqüilidade e salubridade do público presente, 16
Hooliganismo e a Sedução da Violência; Camargo, Carlos Alberto; SP-2010. 17
Planejamento da Segurança Contraterrorismo na Copa do Mundo; Camargo, Carlos Alberto;SP-2010. 18
Evacuação de um Estádio; Camargo, Carlos Alberto;SP-2010.
bem como, quando for o caso, seu imediato restabelecimento, são
extremamente complexas.
Todos os níveis envolvidos no processo decisório e na operação necessitam de
um Centro que suporte, com processos, tecnologia e informações, o trabalho
articulado e a interoperabilidade19 de múltiplas agências, proporcionando ao
Comandante da Segurança condições para acompanhar em tempo real a
atuação de cada uma na normalidade, e para assumir, como comandante
único, a coordenação de todas, nas emergências.
A doutrina C4 I aplica-se perfeitamente a esta necessidade, uma vez que
integra Comando, Controle, Comunicação, Coordenação, Computadores e
Inteligência, em um Centro com domínio sobre todo o Estádio e seu entorno, e
conectado com o ambiente externo (Centro Integrado de Operações Policiais
ou C4 I regional), através de comunicação de voz, de dados e de imagens.
A instalação deve permitir a proximidade do comando da segurança com o
locutor oficial do estádio20, com o coordenador dos comissários (stewards)21,
com oficial de ligações dos serviços22 de bombeiros, trânsito, defesa civil,
polícia civil, Resgate - APH, com representante da municipalidade (fiscalização
de posturas municipais) e com a administração (gerente de segurança do
estádio). A sala do comando deve ser ampla o suficiente para manter sua
funcionalidade, comportando todos esses elementos, separados por divisórias
translúcidas (vidros transparentes).
Deve ser equipada com receptores das imagens do monitoramento interno e
externo ao estádio, de forma a possibilitar o controle e a pronta resposta em
função das imagens captadas.
19 Capacidade de sistemas, unidades ou forças intercambiarem serviços ou informações ou aceitá-los de outros sistemas, unidades ou forças e, também, de empregar esses serviços ou informações, sem o comprometimento de suas funcionalidades;Glossário das Forças Armadas-2006.
20 O locutor oficial deve ser treinado para comunicações de emergência, pré-estabelecidas, em
coordenação com o comando da segurança. O sistema de som deve ser modular, para permitir que se possa aumentar o volume em partes determinadas do estádio. O comando do policiamento deve estar em condições de assumir o sistema de som em casos de emergência. 21
O trabalho dos comissários de estádio deve estar estreitamente articulado com o da polícia, passando mesmo a seguir as orientações do comandante do policiamento em casos de emergência. As formas como isso deve ocorrer devem estar descritas nos planos de contingência. 22
Cabines específicas para cada elemento de ligação.
Como o posto de comando entra em funcionamento antes do início da
operação e encerra sua atividade após o esvaziamento completo do estádio,
deve estar localizado em posição tal que não prejudique e nem seja
prejudicado pelas outras atividades ligadas ao funcionamento do evento23.
Mas, é indispensável que todos os agentes, públicos e privados, encarregados
da proteção de multidões, estejam muito bem preparados para essa atividade,
e que trabalhem articulados e de forma coordenada.
3.3.4 Terrorismo
Embora não tenha ocorrido nenhuma ação terrorista na África do Sul, durante a
Copa do Mundo FIFA de futebol, estamos tratando desse tipo de incidente
neste estudo de caso pela sua importância na preparação de uma Copa e
também pelos dois eventos acontecidos naquele continente, na mesma época
em que a Copa era disputada: o primeiro em janeiro de 2010, pouco antes da
Copa, em Angola, e o segundo, durante a Copa, em Uganda.
No dia oito de janeiro de 2010, em Angola, já quase na fronteira com o Congo,
a seleção nacional do Togo, que ia disputar a Copa Africana de Nações, sofreu
um ataque terrorista.
O ônibus que transportava a equipe foi metralhado por terrorista, o que resultou
na morte de um atleta e no ferimento de outros nove.
23
A sala do comando da segurança do evento não se confunde com a sala de apoio ao policiamento, onde permanecem os equipamentos do contingente operacional e mesmo parcelas de equipes especializadas da polícia. Esta deve estar localizada em posição que permita o rápido acesso aos locais de imediato emprego operacional.
Figura 3.5 Atentado terrorista em Angola (esporte.uol.com.br)
Na cidade de Kampala, em Uganda, no mesmo momento em que as seleções
nacionais da Espanha e da Holanda se enfrentavam na África do Sul,
ocorreram dois atentados terroristas que deixaram 64 mortos e 65 feridos.
Duas bombas foram detonadas, uma em um restaurante etíope em Kampala, e
outra em um clube de rúgbi, na mesma cidade. Em ambos os locais, as
pessoas estavam assistindo a partida final da Copa do Mundo.
A polícia relacionou as explosões com recentes ameaças feitas pelas milícias
islâmicas da Somália, conhecidas como Shehab, que contribuíram com
soldados para a força de paz da União Africana na Somália (Amisom), entre
Uganda e Burundi. As milícias al-Shabab haviam declarado seu alinhamento
com a Al-Qaeda
Figura 3.6 Atentado terrorista em Uganda (hardmob.com.br)
A hipótese de ação terrorista deve ser seriamente considerada como ameaça
possível, no planejamento estratégico da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos
Olímpicos de 2016, no Brasil.
Basta lembrar que a audiência acumulada, na Copa do Mundo, poderá atingir o
marco de 40 milhões de espectadores24, significando que uma eventual ação
de qualquer pequena, desconhecida e inexpressiva organização terrorista terá
imediata repercussão por toda parte do planeta.
O atentado de 11 de setembro, sem dúvida, alterou profundamente o equilíbrio
das relações internacionais, criando um cenário onde prevalece a fragilidade, a
imprevisibilidade, a incerteza e a possibilidade de efeitos traumáticos de grande
envergadura, na medida em que consolidou o terrorismo transnacional ou
expedicionário – o que nem sempre corresponde a organizações terroristas
fortes -, e a vulnerabilidade dos Estados – mesmo os mais fortes.
Conforme afirma Jessica Stern25, ”no entanto, os atentados terroristas de
grande proporção são elementos marcantes da Nova Ordem Mundial e
24
A audiência acumulada na transmissão da Copa do Mundo na Alemanha foi de 32,5 bilhões de expectadores, em mais de 200 países. No Brasil, segundo estimativa da PwC, a audiência será de 40
bilhões de expectadores. 25
Stern, Jessica; O que é o terrorismo?
colocam em evidência a continuidade dessa estratégia de luta por grupos
radicais frente ao Estado organizado, diante dos quais seriam impotentes num
combate frontal. Trata-se de uma guerra assimétrica, mas de grandes
proporções, que amedronta e coloca a sociedade em estado permanente de
tensão. O combate ao terrorismo não é uma tarefa a ser realizada em curto
prazo, e muitos acreditam que jamais será vencida. O terrorismo é um inimigo
invisível que programa suas ações com o objetivo de causar o maior impacto
possível, por meio de ataques surpresa e, muitas vezes, indiferentes ao alvo
que será atingido”.
A questão é, portanto, como prevenir e combater o terrorismo, mais
especificamente, como preveni-lo e combatê-lo em eventos como Copa do
Mundo e Jogos Olímpicos que, além da enorme audiência, provocam
concentração de nacionalidades diversas e suas respectivas ameaças26, de
autoridades representando Estados e Governos, de empresários, tidos por
alguns como símbolos das corporações que representam o capitalismo27,
outras pessoas emblemáticas de condições que podem catalisar ódios,
preconceitos etc., além de multidões.
Embora não seja exatamente alvo, o Brasil pode ser cenário do terrorismo
internacional durante a Copa do Mundo de 2014, devendo, por isso, o
planejamento da Segurança do evento considerar seriamente essa hipótese de
risco, até porque as atividades terroristas têm aumentado em todos os
continentes, em quantidade e em impacto na ordem mundial28. Seria leviano
não considerar a possibilidade, já que a própria história nos ensina que muitos
atentados, antes de serem perpetrados, poderiam ser considerados hipóteses
26 O FBI identificou cinco categorias de motivações para as organizações terroristas: (1) política; (2) religiosa; (3) racial; (4)interesse ambiental; e (5) especial, como o narcoterrorismo (NATO; Manual de Avaliação da Ameaça de Risco de WMD- 2005). 27
De acordo com Spangler (2001), os terroristas percebem as Olimpíadas como um alvo enorme porque “corporações internacionais que simbolizam o capitalismo americano e têm a presença de líderes políticos de outras nações que suportam a agenda política americana”(Spangler, J; Meeting the threat- 2001).
28 Está previsto um aumento do crime a nível mundial, sobretudo a nível transnacional, como corrupção, crimes ambientais e terrorismo, um dos pontos que mais preocupa os especialistas. O aumento do risco de ocorrência de ataques terroristas traz também associados o acréscimo de medidas de segurança e de custos associados para sectores já fragilizados pela volatilidade dos preços do petróleo, como a aviação. (Relatório Global Risks 2010 – o estado do mundo; Jornal Algarve; Portugal-2010).
remotas ou mesmo absurdas: Munique – Jogos Olímpicos de 1972 (onze
mortos); Atlanta – Jogos Olímpicos de 1994 (um morto e cento e onze feridos),
por exemplo29.
Em 10 de março de 2005, o então Secretário-Geral das Nações Unidas, Kofi
Annan, pediu aos Estados-membros que adotassem uma abordagem comum
na luta contra o terrorismo. Instou especialmente os países a tentarem alcançar
uma visão unificada dessa ameaça e superarem as divergências e as longas
negociações sobre a definição de terrorismo que, durante tanto tempo,
enfraqueceram a autoridade moral da Organização. Usando da palavra perante
uma audiência internacional em Madrid, o Secretário-Geral enunciou os
principais elementos de uma estratégia de todo o sistema. Esses cinco “d”
foram apresentados como eixo da nova estratégia da ONU para combater o
terrorismo no mundo inteiro:
1) desencorajar a escolha do terrorismo por parte dos grupos descontentes
como tática para alcançarem os seus objetivos;
2) denegar aos terroristas os meios de levarem a cabo os seus atentados;
3) dissuadir os Estados de prestarem apoio aos terroristas;
4) desenvolver a capacidade dos Estados em matéria de prevenção ao
terrorismo; e
5) defender os direitos humanos no combate ao terrorismo30
O planejamento e a implementação das medidas preventivas de controle e as
de reação imediata, fatalmente colocam os governos democráticos na difícil
situação de ter de restringir direitos dos cidadãos, já que a intensificação das
medidas de segurança contra o terrorismo, via de regra, ocasionam certa
limitação às liberdades individuais31
.
29
Camargo,Carlos Alberto de; A Copa do Mundo de 2014 e o Risco de Terrorismo – 2010.
30 UNRIC- Centro Regional de Informações das Nações Unidas; Secretário-Geral Kofi Annan lança estratégia mundial contra o terrorismo, em Madri – 2005
31 “Outro aspecto a ter em consideração diz respeito a que sempre que se intensificam as medidas de segurança, de certa forma estas tendem a colidir com as liberdades individuais de cada cidadão, onde a fronteira entre o privado e o público se torna por vezes demasiado tênue, o que implica sempre por parte dos governos democráticos algum cuidado na sua implementação, no entanto será um pouco o preço a pagar para se atingirem resultados palpáveis
O fato é que os recursos humanos exaustivamente treinados para cumprir as
missões preventivas de vigilância e de pronta resposta, de acordo com
detalhados planos de contingência, deverão ter a capacidade de neutralizar o
impacto das medidas impostas em face dos cidadãos nacionais e dos turistas
estrangeiros, sem perder de vista a eficácia das mesmas. Os agentes oficiais e
o pessoal voluntário, como os comissários de estádios (stewards) deverão ser
rigorosamente competentes, a ponto de serem capazes de exercitar esse rigor
sem perder a característica da cordialidade e do respeito aos cidadãos, sejam
nacionais, sejam de outras nacionalidades32.
Os agentes designados para a segurança devem estar motivados e preparados
para reconhecer ameaças potenciais de terrorismo e de reagir
convenientemente e com oportunidade. Aí enquadram-se, não só os elementos
especializados, mas todos os agentes públicos e demais pessoas envolvidas,
como gerentes e comissários de estádios e outros.
A Metropolitan Transportation Authority of New York refere-se aos sete sinais
da atividade terrorista potencial33:
1) Vigilância: alguém que é visto de forma suspeita, observando (vigiando) a
área do alvo, anotando, fotografando ou filmando sua criticabilidade e
vulnerabilidades.
2) Monitoramento: alguém que é observado intragindo no local tentando
conseguir informações (monitorando) sobre determinadas operações em
andamento, como a obtenção de conhecimento sobre a estrutura de um
estádio ou a posição do pessoal da segurança durante o jogo.
na prevenção de atos terroristas”.( Antunes, Paulo José da Conceição; A Alteração do conceito de Dissuasão: Contributos para a sua Conceptualização; Portugal- 2007).
32
“É impossível proteger por todo o tempo todos os alvos em potencial, ficando assim, sempre, os terroristas, com a vantagem da iniciativa. Para que essa proteção fosse efetiva seria necessário implantar um Estado-policial, exatamente o tipo de situação que os terroristas gostariam que fosse criada, pois, assim, teriam um inimigo fascista para combater... em nome da democracia. Uma democracia não pode utilizar um cidadão em cada cinco para ser policial; não pode fechar suas fronteiras e nem restringir as viagens dentro do país; nem manter uma vigilância constante sobre cada hotel, cada prédio, cada apartamento em cada andar; e nem gastar horas revistando carros nas ruas e bagagens de viajantes nos aeroportos e em terminais rodoviários” (Azambuja, Carlos; Terrorismo como ele é; Mídia sem Máscara-2010). 33
“Seven Signs of Terrorist Activities”- desenvolvido pela Metropolitan Transportation Authority of New York e transformado em video pela Michigan State Police-USA.
3) Testes de segurança: alguém que testa os sistemas de segurança agindo de
tal forma que provoque a reação, como por exemplo adentrando em áreas
restritas, para medir tipos e tempos da reação.
4) Aquisição de suprimentos: aquisições suspeitas ou de produtos proibidos ou
controlados, como explosivos, armas ou munições no comércio clandestino,
uniformes semelhantes aos da segurança etc.
5) Pessoas suspeitas: podem ser pessoas de sua própria equipe, cujo padrão
de comportamento, relacionamentos, perguntas incomuns que fazem etc as
tornem suspeitas.
6) Rotas de fuga: antes do ataque final, os terroristas normalmente fazem uma
revisão do plano no local, a fim de detectar problemas inesperados, medindo o
tempo das ações, verificando as possibilidades de respostas etc.
7) Desdobramento no terreno: Posição de ataque. Último sinal. Última chance
de detecção. Os terroristas posicionam pessoal e equipamentos para ação.
O planejamento da Segurança deve contemplar todas as possíveis
modalidades de terrorismo, como o terrorismo seletivo, que tem como alvo
autoridades, personalidades e pessoas ou grupos emblemáticos; terrorismo
contra instalações e serviços críticos; e o terrorismo contra alvos aleatórios,
como multidões. Deve ter em conta os diversos meios de perpetração como
explosivos, recursos químicos, biológicos, bacteriológicos, radiológicos e
nucleares, ou a simples faca ou outra arma branca.34E também o
impressionante emprego de terroristas-suicidas, recentemente relacionados a
ações de grande impacto, com grande número de vítimas.
Importante destacar que as cidades que sediarão os jogos, seja na Copa do
Mundo ou nas Olimpíadas, devem estruturar e equipar seus organismos de
resposta com suficiente capacidade de atuação, de forma a não colapsá-los em
um único evento terrorista. Devem ter capacidade para atuar com eficiência em
ocorrências com até mesmo centenas de feridos35 e também de atuar em mais
de uma ocorrência simultaneamente, como na hipótese de sucessivas
34 Como os ataques com anthrax, nos Estados Unidos (2001) ou com o gás sarin em Tókio (1995). 35 Atlanta – Jogos Olímpicos de 1994 (um morto e cento e onze feridos no atentado a bomba no Centennial Olympic Park), por exemplo.
explosões em locais diferentes, em curto espaço de tempo. Isto implica na
previsão de suficiente capacidade de atendimento policial, atendimento pré-
hospitalar de urgência, de resgate e de transporte de feridos, de hospitalização
de emergência e especializada, de perícia, de investigação e de restauração da
normalidade urbana.
Por isso, o estudo deve ser realizado em cima de todos os cenários possíveis e
imagináveis.
O planejamento e a implementação das medidas preventivas de controle e as
de reação imediata, fatalmente colocam os governos democráticos na difícil
situação de ter de restringir direitos dos cidadãos, já que a intensificação das
medidas de segurança contra o terrorismo, via de regra, ocasionam certa
limitação às liberdades individuais36.
O fato é que os recursos humanos exaustivamente treinados para cumprir as
missões preventivas de vigilância e de pronta resposta, de acordo com
detalhados planos de contingência, deverão ter a capacidade de neutralizar o
impacto das medidas impostas em face dos cidadãos nacionais e dos turistas
estrangeiros, sem perder de vista a eficácia das mesmas. Os agentes oficiais e
o pessoal voluntário, como os comissários de estádios (stewards) deverão ser
rigorosamente competentes, a ponto de serem capazes de exercitar esse rigor
sem perder a característica da cordialidade e do respeito aos cidadãos, sejam
nacionais, sejam de outras nacionalidades37.
Os agentes designados para a segurança devem estar motivados e preparados
para reconhecer ameaças potenciais de terrorismo e de reagir
convenientemente e com oportunidade. Aí enquadram-se, não só os elementos
36 “Outro aspecto a ter em consideração diz respeito a que sempre que se intensificam as medidas de segurança, de certa forma estas tendem a colidir com as liberdades individuais de cada cidadão, onde a fronteira entre o privado e o público se torna por vezes demasiado tênue, o que implica sempre por parte dos governos democráticos algum cuidado na sua implementação, no entanto será um pouco o preço a pagar para se atingirem resultados palpáveis na prevenção de atos terroristas”.( Antunes, Paulo José da Conceição; A Alteração do conceito de Dissuasão: Contributos para a sua Conceptualização; Portugal- 2007).
37
“É impossível proteger por todo o tempo todos os alvos em potencial, ficando assim, sempre, os terroristas, com a vantagem da iniciativa. Para que essa proteção fosse efetiva seria necessário implantar um Estado-policial, exatamente o tipo de situação que os terroristas gostariam que fosse criada, pois, assim, teriam um inimigo fascista para combater... em nome da democracia. Uma democracia não pode utilizar um cidadão em cada cinco para ser policial; não pode fechar suas fronteiras e nem restringir as viagens dentro do país; nem manter uma vigilância constante sobre cada hotel, cada prédio, cada apartamento em cada andar; e nem gastar horas revistando carros nas ruas e bagagens de viajantes nos aeroportos e em terminais rodoviários” (Azambuja, Carlos; Terrorismo como ele é; Mídia sem Máscara-2010).
especializados, mas todos os agentes públicos e demais pessoas envolvidas,
como gerentes e comissários de estádios e outros.
O planejamento da Segurança deve contemplar todas as possíveis
modalidades de terrorismo, como o terrorismo seletivo, que tem como alvo
autoridades, personalidades e pessoas ou grupos emblemáticos; terrorismo
contra instalações e serviços críticos; e o terrorismo contra alvos aleatórios,
como multidões. Deve ter em conta os diversos meios de perpetração como
explosivos, recursos químicos, biológicos, bacteriológicos, radiológicos e
nucleares, ou a simples faca ou outra arma branca.38E também o
impressionante emprego de terroristas-suicidas, recentemente relacionados a
ações de grande impacto, com grande número de vítimas.
Importante destacar que as cidades que sediarão os jogos, seja na Copa do
Mundo ou nas Olimpíadas, devem estruturar e equipar seus organismos de
resposta com suficiente capacidade de atuação, de forma a não colapsá-los em
um único evento terrorista. Devem ter capacidade para atuar com eficiência em
ocorrências com até mesmo centenas de feridos39 e também de atuar em mais
de uma ocorrência simultaneamente, como na hipótese de sucessivas
explosões em locais diferentes, em curto espaço de tempo. Isto implica na
previsão de suficiente capacidade de atendimento policial, atendimento pré-
hospitalar de urgência, de resgate e de transporte de feridos, de hospitalização
de emergência e especializada, de perícia, de investigação e de restauração da
normalidade urbana.
Por isso, o estudo deve ser realizado em cima de todos os cenários possíveis e
imagináveis.
3.3.5 Furto de bagagens em aeroportos
Antes da Copa do Mundo, os turistas que se preparavam para viajar para a
África do Sul eram frequentemente alertados sobre os cuidados com a
38 Como os ataques com anthrax, nos Estados Unidos (2001) ou com o gás sarin em Tókio (1995). 39 Atlanta – Jogos Olímpicos de 1994 (um morto e cento e onze feridos no atentado a bomba no Centennial Olympic Park), por exemplo.
bagagem nos aeroportos daquele país. Isto, em face da fama daqueles
aeroportos por conta do elevado número de furtos e violações de bagagens.
Por causas desses incidentes, os aeroportos sul-africanos implantaram novos
dispositivos antes da Copa do Mundo-2010, com o objetivo de reduzir o
impacto deste problema durante o torneio.
A Companhia de Aeroportos de África do Sul (ACSA) investiu 165 milhões de
rands (17 milhões de euros) para reforçar a segurança de suas infraestruturas,
pelas quais, estimava-se, passariam 300.000 visitantes estrangeiros nos dias
da competição.
Figura 3.7 Segurança de bagagens nos aeroportos (blogdaludy-ludmila.blogspot.com)
O dispositivo teve seu primeiro grande teste dias antes da abertura da Copa:
para 9 e 10 de junho estava prevista a chegada de 100.000 torcedores.
Para proteger as malas, a ACSA adquiriu scanners eletrônicos, capazes de
seguir o rastro das bagagens pelo aeroporto. Em caso de desaparecimento, o
sistema indica quem foi o último a tê-las manipulado.
"Esta nova tecnologia permitiu reduzir consideravelmente os roubos", afirma
Tebogo Mekgoe, diretor adjunto do aeroporto OR Tambo de Johannesburgo.
"Há três anos, tínhamos cerca de 40 roubos por dia", admite, ressaltando que
não recebeu denúncias durante a Copa das Confederações-2009, o 'ensaio
geral' para a Copa do Mundo.
O maior aeroporto sul-africano também contratou novos funcionários para que
localizem as malas e formou uma "equipe de intervenção rápida", encarregada
de solucionar qualquer problema relacionado à perda de bagagens. No total,
175 agentes suspeitos de roubo foram demitidos no ano passado.
A companhia South African Airways acusou publicamente redes criminosas
organizadas de atuarem nos aeroportos.
3.3.6 Hooliganismo
Dia 23 de junho de 2010, quinze “barra-bravas”, torcedores violentos
argentinos semelhantes aos hooligans britânicos, foram deportados de
Johannesburgo para a Argentina. Eles haviam sido detidos na África do Sul e
recolhidos a um centro migratório até a deportação.
Os deportados faziam parte de um grupo de 165 argentinos hospedados em
Pretória e haviam tentado entrar em dois jogos sem ingressos, além de
praticarem distúrbios.
Antes disso, outros sete barra bravas foram impedidos de desembarcar na
África do Sul por terem pendências na justiça argentina. Eles também foram
deportados.
Figura 3.8 Barra Bravas argentinos (idsportnews.com)
Além dos argentinos, também os britânicos hooligans foram impedidos de
entrar ou permanecer na África do Sul. A prevenção contra o vandalismo de
torcedores violentos começa com a integração dos serviços de inteligência
internacionais e com a Interpol, passando pela rápida e enérgica atuação da
imigração e da polícia, contando sempre com o apoio dos representantes
diplomáticos, e com o suporte de eficiente plataforma tecnológica. A África do
Sul tratou desse problema de forma bastante eficiente.
Figura 3.9 Hooligans britânicos (futestatisticam.blogspot.com)
3.3.7 Pirataria
Durante a partida entre as seleções da Holanda e Dinamarca, em
Johannesburgo, uma fabricante de cerveja holandesa levou trinta e seis
mulheres vestidas com roupas de cor laranja para as arquibancadas, como
forma de promover a marca.
Elas foram retiradas pela polícia, a pedido da FIFA, por estarem cometendo o
crime de marketing de emboscada contra a marca de cerveja patrocinadora da
FIFA. Duas delas foram presas, o que causou embaraço diplomático.
Figura 3.10 marketing de emboscada (rp-marketing.blogsport.com)
Elas foram cercadas por cerca de quarenta seguranças e retiradas, ficando
detidas por horas em dependências da FIFA.
O vestido laranja fazia parte de um pacote promocional que a fábrica
holandesa de cerveja oferecia aos clientes em sua campanha de publicidade
para a Copa
A fim de atender aos seus interesses comerciais, a FIFA impôs às cidades
sedes uma série de regras, que implicavam, inclusive na proibição de comércio
de produtos ou divulgação de marcas concorrentes aos dos patrocinadores em
um raio de um quilômetro dos estádios.
A medida foi especialmente sentida pela população africana, pois cerca de
15% do PIB do país provém do comércio informal, empregando 300.000
pessoas.
Conforme explicação da FIFA, é necessário garantir os direitos de seus
patrocinadores, que só terão interesse em investir na Copa do Mundo caso
tenham a garantia de exclusividade no uso das marcas.
No Brasil, atendendo aos compromissos assumidos com a FIFA, o governo
federal elaborou o projeto da Lei Geral da Copa, que, dentre outras coisas,
acolhe esses direitos, mesmo com alteração do ordenamento jurídico brasileiro.
O artigo 11 do referido projeto garante à FIFA e seus patrocinadores a
exclusividade de anunciar e comercializar nos locais de seus eventos e
imediações40.
No artigo 16, o projeto tipifica a falsificação de produtos da FIFA, punindo-a
com detenção de três meses a um ano ou multa.
No artigo 17 são tipificadas as condutas de importar, exportar, vender, oferecer,
distribuir ou expor para venda, ocultar ou estocar esses produtos, com pena de
detenção de um a três meses ou multa41.
O marketing de emboscada de marcas, produtos ou serviços da FIFA ou seus
patrocinadores, que motivou a retirada das mulheres do estádio na África do
Sul, é incluído no ordenamento jurídico brasileiro, através dos artigos 18 e 19
do projeto42.
O projeto prevê que esses crimes são de ação pública condicionada,
dependendo de representação da FIFA.
40 Art. 11. A União colaborará com Estados, Distrito Federal e Municípios que sediarão os eventos e com as demais autoridades competentes para assegurar à FIFA e às pessoas por ela indicadas a autorização para, com exclusividade, divulgar suas marcas, distribuir, vender, dar publicidade ou realizar propaganda de produtos e serviços, bem como outras atividades promocionais ou de comércio de rua, nos locais oficiais de competição, nas suas imediações e principais vias de acesso. Parágrafo único. Os limites das áreas de exclusividade relacionadas aos Locais Oficiais de competição serão tempestivamente estabelecidos pela autoridade competente, considerados os requerimentos da FIFA ou de terceiros por ela indicados. 41 Art. 16. Reproduzir, imitar ou falsificar indevidamente quaisquer Símbolos Oficiais de titularidade da FIFA: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Art. 17. Importar, exportar, vender, oferecer, distribuir ou expor para venda, ocultar ou manter em estoque Símbolos Oficiais ou produtos resultantes da reprodução, falsificação ou modificação não autorizadas de Símbolos Oficiais, para fins comerciais ou de publicidade, salvo o uso destes pela FIFA ou por pessoa autorizada pela FIFA, ou pela imprensa para fins de ilustração de artigos jornalísticos sobre os Eventos: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
42 Art. 18. Divulgar marcas, produtos ou serviços, com o fim de alcançar vantagem econômica ou publicitária, por meio de associação direta ou indireta com os Eventos ou Símbolos
Oficiais, sem autorização da FIFA ou de pessoa por ela indicada, induzindo terceiros a acreditar que tais
marcas, produtos ou serviços são aprovados, autorizados ou endossados pela FIFA: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, sem autorização da FIFA ou de pessoa por ela indicada, vincular o uso de ingressos, convites ou qualquer espécie de autorização de acesso aos Eventos a ações de publicidade ou atividades comerciais, com o intuito de obter vantagem econômica. Art. 19. Expor marcas, negócios, estabelecimentos, produtos, serviços ou praticar atividade promocional não autorizados pela FIFA ou por pessoa por ela indicada, atraindo de qualquer forma a atenção pública nos Locais Oficiais dos Eventos, com o fim de obter vantagem econômica ou publicitária:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
3.3.8Apagões
Tendo em vista que a África do Sul já havia sofrido um blecaute em nível
nacional em janeiro de 2008, os organizadores da Copa de 2010 aparelharam,
com geradores independentes, os dez estádios.
Mesmo assim, houve problema com a energia elétrica na região do Ellis Park,
exatamente no jogo de estréia do Brasil.
Nesta ocasião, houve problemas de segurança: torcedores circulando pelas
escadarias e rampas sem iluminação, com riscos de acidentes gravíssimos. Os
geradores não foram suficientes e houve princípio de pânico, com muita
gritaria.
As catracas de acesso ao estádio ficaram travadas por quase meia hora,
ocasionando longas filas e deslocamentos desnecessários de torcedores.
Acessos Vip foram liberados pela segurança para torcedores comuns e,
quando o fornecimento de energia foi restabelecido, a fim de acelerar a
entrada, os procedimentos de segurança relacionados a vistoria foram
relaxados, ou mesmo abandonados, com a explicação de que era para evitar
tumultos.
Portanto, vimos uma sequência de acontecimentos e violações ao
planejamento de segurança motivados pela falta de energia elétrica.
Mas o problema mais imediato foi que, sem energia, as catracas deixaram de
funcionar e a primeira reação da organização foi barrar a entrada de
torcedores, mas o horário de início da partida começou a se aproximar e
ninguém entrava. Houve um início de tumulto entre as pessoas que estavam do
lado de fora, que ameaçavam derrubar os portões. Nesse momento, um
responsável pela segurança na área resolveu abrir os portões. Todo mundo
que estava no perímetro entrou no estádio.
Figura 3.11 Apagão no Estádio Ellis Park (terra.com.br)
A causa do problema, que durou cerca de trinta minutos, foi uma sobrecarga de
energia em parte da cidade de Johannesburgo, incluindo a região do Ellis Park.
Não houve necessidade de alteração no horário da partida.
Incidente semelhante já havia ocorrido anteriormente, no dia de abertura da
Copa, exatamente antes do jogo da própria seleção africana, no bairro de
Orlando, em Soweto, região emblemática da África do Sul. Neste caso, o
problema foi com um cabo subterrâneo e durou algumas horas.
Já depois da derrota por 3 a 0 para o Uruguai, torcedores sul-africanos que
foram ao jogo em Pretória não puderam voltar para casa por causa de um
apagão que parou o metrô da cidade. A avaria deixou sem transporte cerca de
2.000 pessoas, entre moradores locais e turistas.
Os trens ficaram parados por cerca de três horas, e os últimos torcedores a
deixar o Loftus Versfeld só chegaram em casa ou hotel no meio da madrugada.
Condutores e passageiros tiveram que usar composições a vapor.
Figura 3.12 apagão na Copa de 2010 (terra.com.br)
A população africana foi aconselhada a economizar energia elétrica, como
forma de garantir a continuidade da Copa do Mundo, mesmo que as baixas
temperaturas naquela parte do ano fizessem com que a demanda de energia,
para aquecimento, naturalmente justificasse um aumento de consumo.
Foi feito um acréscimo de 275 megawatts à média de inverno no país. Quando
a demanda excede, o país importa energia de Moçambique, Lesoto e
República Democrática do Congo.
Apagões são incidentes gravíssimos em relação à segurança das pessoas,
devendo ser prevenidos e constar das análises de riscos, motivando medidas
específicas nos planos de contingência.
3.3.9 Caos aéreo
.Centenas de torcedores deixaram de assistir o confronto decisivo na última
quarta-feira depois que o aeroporto de Durban atrasou ou cancelou
aterrissagens, mandando aeronaves retornarem e pousarem em outros locais.
A Companhia de Aeroportos da África do Sul (ACSA) declarou que, entre as
causas que provocaram a confusão, estão o mau tempo, o tráfego acima do
esperado e os aviões de famosos e outras personalidades que se recusaram a
sair do aeroporto King Shaka, de Durban, apesar de um combinado prévio
determinando o contrário.
Cerca de 600 passageiros perderam a partida após seus vôos serem
mandados de volta para outras cidades, principalmente Johanesburgo e
Cidade do Cabo.
Dirigente da ACSA, Monhla Hlahla pediu desculpas publicamente pelo ocorrido.
“Decidimos que iremos colocar à disposição uma pequena quantia de 400 mil
rands (ou 52.850 dólares) para compensar”, declarou Hlahla, que ocupa o
cargo chefe-executivo da entidade.
No entanto, o valor da compensação financeira mal chega a 90 dólares por
cabeça, enquanto alguns passageiros declaram ter gasto quase quatro mil
dólares com passagens aéreas e o ingresso para a semifinal da Copa do
Mundo.
O problema gerou revolta entre alguns dos prejudicados. Um torcedor alemão
foi intimado a comparecer a um tribunal sob a acusação de ter agredido um
membro da tripulação de seu vôo, após se dar conta de que retornaria à Port
Elizabeth e perderia a partida para a qual havia se programado há meses.
Figura 3.13 caos aéreo na África do Sul (veja.abril.com.br)
Problemas com transporte aéreo durante uma competição como a Copa do
Mundo de Futebol, que exige mobilidade de grandes contingentes de pessoas,
locais e turistas, são também incidentes gravíssimos em relação à segurança
das pessoas, devendo ser prevenidos e constar das análises de riscos,
motivando medidas específicas nos planos de contingência.
3.3.10 Outros incidentes com reflexo na Segurança
3.3.10.1 A delegação nigeriana que disputa a Copa do Mundo denunciou que o
jogador Sani Kaita, expulso na partida que sua equipe perdeu contra a Grécia,
recebeu ameaças de morte e colocou o caso em conhecimento da FIFA.
O porta-voz da Federação Nigeriana, Idah Peterside, confirmou que o caso foi
levado por escrito à Fifa para que possam ser adotadas medidas necessárias
na partida contra a Coreia do Sul em Durban, pela terceira rodada do grupo B
do Mundial.
A Federação nigeriana explicou que Kaita recebeu mais de mil ameaças por e-
mail. Mas a Fifa declarou não ter recebido a carta da Federação Nigeriana.
“Não temos conhecimento desse assunto”, declarou o porta-voz Nicolas
Maingot.
Para casos como este, é indispensável a mobilização da polícia judiciária para
a realização de investigações imediatas, sem burocracia.
3.3.10.2 A FIFA está reavaliando a segurança do Estádio Royal Bafokeng, em
Rustemburgo, depois de garrafas vazias de cerveja serem atiradas na direção
do campo, no jogo entre Gana e Austrália. O incidente foi investigado pela
FIFA, segundo contou o porta-voz da entidade, Nicolas Maingot, porque trata-
se de um assunto envolvendo a segurança dos jogadores. "As garrafas
simplesmente não devem ser jogadas no campo", afirmou Maingot.
3.3.10.3 Quanto ao acesso aos estádios, o controle foi péssimo, ainda mais se
tivermos a Alemanha como base de comparação. Na Copa do Mundo de 2006,
o acesso era feito com leitor de código de barras para garantir a validade de
ingressos ou credenciais. Na África do Sul, não havia nenhum controle disso.
Aliás, em alguns jogos não havia controle algum.
3.3.10.4 A FIFA tem um limite territorial em volta dos estádios. Nessa área, só
pode circular quem tem ingresso e só podem ser vendidos produtos oficiais.
Nenhuma das duas coisas foi adequadamente respeitada.
3.3.10.5 Cambistas atuavam livremente no entorno das arenas e nos principais
centros comerciais. Também abordavam torcedores que estavam em filas para
comprar ingressos nos postos autorizados. E havia muitos cambistas
brasileiros na África do Sul.
3.3.10.6 Também os “flanelinhas” criaram problemas. A África do Sul tem uma
estrutura precária de transporte público, todo mundo vai ao estádio de carro e o
número de vagas de estacionamento é pequeno. O resultado é que existiam
muitos guardadores de carro abordando torcedores na área dos estádios.
3.3.10.7 Havia detectores de metal na entrada dos estádios e dos principais
aparatos de imprensa. O problema é que os seguranças não davam muita
atenção para o que aparecia no vídeo.
3.3.10.8 Vendedores ambulantes, outra coisa que é comum na África do Sul e
também no Brasil, agiam fora dos estádios e até dentro de algumas arenas.
Eles vendiam café e sorvete na maioria dos casos, mas também lanches,
objetos e camisas falsificadas.
3.3.10.9 Houve reforço de segurança em jogos de maior risco (torcidas como a
da Inglaterra, por exemplo), mas o público de Copa do Mundo é mais tranquilo
do que o que frequenta jogos normais. Nos jogos da Inglaterra, torcedores
foram escoltados por seguranças até a entrada do estádio e depois até o
transporte de saída (normalmente a estação de metrô ou os ônibus).
3.3.10.10 É permitida a venda de cerveja no interior e no entorno dos estádios.
Isso é fundamental para a FIFA, que é patrocinada por uma marca de cerveja.
É exigência da entidade independentemente da legislação do país.
3.3.10.11. A FIFA não costuma permitir o uso de seguranças armados no
interior dos estádios. Neste ano, como precisou recorrer a policiais, a situação
foi diferente. Havia seguranças armados em todas as arenas.
4. O PLANEJAMENTO DA COPA DE 2010
4.1 Planejamento e implementação na visão de quem participou dessa
tarefa
4.1.1 Jornada Internacional de Polícia Comprada
Evento realizado entre Oficiais Superiores e Delegados de Polícia doutorandos
do Centro de Altos Estudos de Segurança da Polícia Militar do Estado de São
Paulo e autoridades que participaram do planejamento estratégico da
segurança na Copa do Mundo da África do Sul.
4.1.1.1 Data: 22NOV10, Segunda Feira – Hotel Holiday Inn Express -
PRETÓRIA
4.1.1.1.1 Dando início à programação oficial, o General Cele, Comissário
Nacional da South African Police Service, fez a abertura do Seminário da
Jornada Internacional de Polícia Comparada, realizada no auditório do Hotel
em que a Delegação brasileira foi hospedada. Em síntese disse que: na Copa
do Mundo foram empregados 197 mil policiais, que representa o efetivo total da
polícia da África do Sul; a população do país é de cerca de 50 milhões de
habitantes; o policiamento foi realizado nos 64 jogos da Copa em grandes
distâncias, chegando o deslocamento para alguns locais perfazer 2 horas de
vôo; os chefes de polícia acompanharam todos os jogos e fizeram muitas
viagens para acompanhá-los; a FIFA exige que sejam adotadas todas as
providência para a realização dos jogos, principalmente na área jurídica,
também se preocupando com as áreas operacionais e administrativas; foi muito
vantajoso para a polícia a reunião de todos os chefes de polícia, em um só
local, sob um único comando, formando o Centro Internacional de Cooperação
Policial (IPCC); outra questão importantíssima se refere às verbas destinadas à
polícia para a atuação na Copa, pois é comum os policiais planejarem, mas
esquecerem-se do dinheiro para a execução; na preparação, foram comprados
muitos equipamentos que, com a verba normal não poderiam ser adquiridos; foi
utilizado muito dinheiro para a preparação específica dos policiais e pagamento
de horas extras; precisaram convencer o mundo que a Copa na África seria
viável, sobretudo em termos de segurança; a Comissão Organizadora viajou
pelo mundo fazendo essa divulgação; foi criado um Tribunal especial para
atuação específica na Copa, com processos céleres e penas severas,
chegando até 15 anos de prisão; a cooperação internacional, por meio dos
setores de inteligência, foi imprescindível para identificar os torcedores e
visitantes que poderiam causar problemas nos jogos, entre eles os “Hooligans”
e “Barra Brava”; não foi possível impedir o embarque esses grupos em seus
países de origem, mas, ao chegarem à África do Sul, foi possível identificá-los
e impedir seu ingresso no país, sendo os seus integrantes, através das
respectivas embaixadas, redirecionados de volta a seus países de origem; na
organização da Copa foi fundamental a participação de várias entidades
(polícia, setor de imigração, Forças Armadas, setor hoteleiro, empresas de
turismo, etc.); o mundo tem que se sentir seguro e as providências devem ser
iniciadas agora, no Brasil; houve problemas em dois estádios, visto que a
organização responsável retirou os contratados do local, pouco tempo antes do
evento, mas a polícia supriu a necessidade e ninguém notou o ocorrido;
considera que a África do Sul e o Brasil muito semelhantes e estão à
disposição para nos auxiliar; os inimigos já vêm com problemas de seus países
de origem e não os adquirem aqui, razão pela qual o terrorismo é uma
realidade presente em eventos dessa magnitude.
4.1.1.1.2 O Ten General Pruis, representante da Polícia da África do Sul na
organização da Copa disse que: a polícia tem que oferecer garantias à FIFA
sobre os locais de realização de eventos, às delegações de futebol, à própria
delegação da FIFA, aos torcedores, aos visitantes e aos residentes; dois anos
antes da Copa tem que ser apresentada um plano de segurança à FIFA, ou
seja, um ano antes da Copa das Confederações; há exigência de escolta
policial às equipes de futebol, árbitros e outros envolvidos; no planejamento
deve haver regras claras, pois se um único jogador resolve sair sozinho na
cidade não haverá escolta somente para ele, ou seja, a definição dessa
questão deve ser feita antecipadamente; o planejamento deve ser feito em
fases, começando logo após a escolha do país como sede, prevendo a atuação
operacional, os planos táticos para entrada de pessoas no país, a segurança
nos pontos turísticos, comércio, etc.; uma forma prática de se descobrir o
número de pessoas que virão ao país é consultando as agências de viagem
sobre as reservas já feitas; os mesmos policiais eram empregados em vários
locais, para proporcionar a sensação de grande efetivo; a Copa das
Confederações é o grande teste para o evento principal; naquela Copa foram
convocados chefes de polícia de todas as províncias (Estados), inclusive as
que não estariam envolvidos diretamente, para conhecerem a forma de
atuação e estarem preparados para serem empregados, juntamente com seu
efetivo no próprio evento ou em eventuais deslocamentos de torcedores e
delegações a suas regiões; houve integração entre a segurança nacional
(antiterrorismo), combate ao crime (ações de polícia) e ordem social
(preparação para ocorrência de desordem); o Centro Operacional recebia
informações sobre todos os assuntos relativos à Copa e isso facilitava o
comandamento; a prevenção do crime foi baseada nas três principais
ocorrências: “assaltos” a veículos; “assaltos” a casas e “roubos” em geral,
principalmente de máquinas fotográfica, ingressos, binóculos, passaportes,
celulares, etc.; houve suspeita de muitas fraudes, em razão dos seguros; os
setores de inteligência são importantes para avaliação dos riscos e os impactos
de ações terroristas; o jogo entre Inglaterra e Estados Unidos foi considerado
de elevado risco; a polícia ficou responsável pelo patrulhamento de 12 milhas
marítimas; foram criadas bases permanentes nas fronteiras mais perigosas; a
segurança e escolta de pessoas muito importantes (Vips) é um problema que
deve ser tratado com muita cautela, pois envolve chefes de Estados, Ministros,
dentre outros; o Tribuna Especial chegava a proferir sentença no prazo de 24
horas, em relação aos estrangeiros; no primeiro dia da Copa foram
empregados 30.000 policiais e no último dia 35.000; o país sede tem o dever
de proteger as pessoas e os interesses empresariais; vários órgãos
internacionais, no pretexto de auxiliar, querem impor regras a serem cumpridas
pelo pais sede;
4.1.1.1.3 Mr Mooti, representante da Polícia da África do Sul no IPCC, disse
que: o Centro foi instalado na Cidade de Pretória em razão de ser a Capital do
país e funcionar como o centro único de controle; a estrutura foi montada em
um hotel; foi montada uma estrutura capaz de manter o centro funcionando 24
horas, além de uma estrutura de apoio para dar suporte; cada país deveria ter
pelo menos um representante 24 horas no local, entretanto, alguns países
enviaram apenas um representante; cada país auxiliava nos aspectos
relacionados ao seu povo; os representantes estrangeiros eram informados
sobre as providências relativas aos jogos envolvendo seus países cinco dias
antes dos eventos; os próprios representantes decidiam se trabalhavam
uniformizados ou não, conforme a necessidade operacional; após a eliminação
da equipe na Copa, havia orientação de retorno ao país, nas próximas 48
horas; o IPCC foi ativado em 26MAI10 e desativado em 14JUL10; os centros
de comunicação devem ser únicos; não houve problemas com policiais de
outros países; as informações sobre pessoas que causavam problemas nos
eventos foram fornecidas pelos países, havendo poucas dificuldades na
obtenção; a lei da África do Sul tem dispositivos que tratam de pessoas
indesejáveis.
4.1.1.1.4 Mrs. Franke, do Departamento de Imigração, relatou todas as
providências adotadas relativas à entrada, permanência e retorno dos
visitantes para a Copa do Mundo, tratando-se no Brasil de atividades afetas à
Polícia Federal.
4.1.1.1.5 O Coronel Botha, representante das Forças Armadas, disse que: toda
organização e direção do evento na área de segurança é de responsabilidade
da polícia, sendo que as Forças Armadas dão suporte e prestam apoio na área
de gerenciamento de desastres, ocorrências com bombas, terrorismo, proteção
do espaço aéreo, patrulhamento após as 12 milhas marítimas e outras
necessidades.
4.1.1.1.6 O Brigadeiro Schutte, Chefe de Polícia da Província (Estado) de
Gauteng, disse que: a região que comanda foi a mais sobrecarregada com a
Copa, tendo abrigado 19 equipes de futebol; é necessário elaborar planos de
contingência para ativar nos momentos de emergência, como, por exemplo, no
caso de uma greve de seguranças particulares; o Comitê Organizador da FIFA
demorou para assinar os contratos com a segurança particular, gerando
problemas; dentre as lições recebidas no evento, aconselhou a fazer um
planejamento adequado, testar as comunicações e dar importância às
ameaças contra as seleções de futebol; antes da Copa, a polícia realizou
operações duras contra a criminalidade, consistentes em bloqueios, busca e
apreensão em prédios com moradores suspeitos, em áreas de narcotráficos e
de consumo excessivo de bebidas alcoólicas, reduzindo os crimes em cerca de
55%; durante o evento não foram realizadas operações para evitar
constrangimento às seleções e aos Vips, ficando em seu lugar operações de
visibilidade; os Chefes de Estados e Ministros, principalmente, foram
protegidos por uma equipe especial e às demais autoridades a segurança
ficava a cargo de um setor específico; as pessoas detidas eram levadas
diretamente ao Tribunal.
4.1.1.2.Data: 23NOV10, Terça Feira - Hotel Holiday Inn Express - PRETÓRIA
4.1.1.2.1 1ª Palestra – ICC – Mr. Mooti
A palestra teve como foco o credenciamento de pessoas que ofereceram
serviços durante a Copa.
Esse serviço de credenciamento foi compartilhado com a FIFA, cuja estrutura
assim que tem critérios próprios de acreditação; o primeiro nível de
credenciamento cabe à FIFA (cognominado AAA) e o segundo nível é de
responsabilidade do país sede da Copa, razão pela qual o crachá tem duas
partes diversas - uma versando sobre dados pessoais e fotografia (parte que
incumbe à FIFA) e outra com informações de segurança, (atribuída à agência
estatal) - que devem contemplar todas as informações sobre a pessoa
credenciada.
O canal de subordinação da denominada família FIFA segue a seguinte
estrutura:
1) Nível executivo e
2) Grupos funcionais.
Para o ICC, dois são os objetivos da avaliação efetuada com vistas ao
credenciamento:
1) Identificar os riscos associados à contrainteligência em três níveis,
relacionados:
a. às tendências criminais (aferidos por meio de agências de inteligência);
b. à segurança nacional (aferidos por meio de agências de segurança
nacional);
c. a pessoas provenientes do exterior (aferidos por meio de agências de
segurança e em de contatos com outras similares de todos os outros países);
É uma estratégia de segurança interna.
O palestrante informou que foram cerca de duzentos mil credenciamentos.
Para operacionalizar esse volume, o serviço foi descentralizado ao nível
municipal, figurando como maior desafio a emissão de credenciamentos
requeridos muito proximamente ao início da Copa, na medida em que a FIFA
costuma pressionar e a acreditação demanda consultas a agências externas.
Em caso de perda/extravio do crachá, a intenção das agências era condicionar
nova emissão ao registro de ocorrência policial, porém por interferência da
FIFA acabou se admitindo que uma mera declaração pessoal do credenciado
nesse sentido fosse suficiente à emissão de novo documento.
A Copa das Confederações foi um teste necessário ao aperfeiçoamento do
serviço.
4.1.1.2.2 2ª Palestra – Inteligência Criminal – Cel Motau
A atividade de inteligência foi especialmente estruturada para os eventos da
Copa em dois níveis:
1º Comitê de Coordenação de Inteligência –
2º ICC
Integravam esses Comitês, além de agências afetas às áreas de saúde,
comunicações, dentre outras, também os Comitês Nacional e os Provinciais
(das nove Províncias onde foram realizados os jogos da Copa). Estes Comitês
se reuniram quatro vezes ao dia (às 6h, 12h, 18h e 24h) para repassar
brieafing aos Comitês superiores. Também diariamente – até as 14 h – estes
Comitês repassavam para a hierarquia inferior as orientações e deliberações
das agências superiores. Também eram responsáveis pelo repasse de
informações a outras agências policiais do país em caso de necessidade.
Os riscos se dividiam em dois níveis:
a) Primário, contemplando:
Terrorismo;
Extremismo nacional;
Ataques estrangeiros;
Impacto criminal;
Pontos de entrada no país;
b) Secundário, versando sobre:
Segurança das rotas das comitivas e dos times;
Segurança nos estádios;
Instabilidade social
Protestos;
Manifestações;
Ataques a estrangeiros;
Violência a meios de transporte;
Disputas laborais.
Metodologia de classificação dos riscos:
NÍVEL PROBABILIDADE IMPACTO
1 INCONCEBÍVEL IRRELEVANTE
2 IMPROVÁVEL POUCO RELEVANTE
3 POSSÍVEL MODERADO
4 PROVÁVEL POTENCIAL (sério)
5 CERTEZA DIRETO (grave)
Da conjunção dessas variáveis, chega-se a uma avaliação do padrão de risco,
escalonado em:
Alto
Médio
Baixo
Enfatizou-se que policiais não uniformizados eram destacados para as várias
bases com o objetivo de coletar informações e repassá-las aos escalões
superiores.
4.1.1.2.3 3ª palestra - Mr. Fuhri, do Dept. Of Health (Departamento de Saúde),
falou da importância das atividades de segurança integradas com as de saúde;
salientou providências adotadas pelo Depto. de Saúde, para que os atletas
pudessem trazer sua própria medicação eis que proibida importação de
medicamento pelo governo da África do Sul; da mesma forma foi abolida a
exigência de registro anterior no país, para médicos e terapeutas que
acompanhavam as delegações. Esse departamento preocupou-se também
com a saúde ambiental nos aeroportos e portos de entrada, aderindo às
normas internacionais; os serviços de emergência e providências para
enfrentar eventual ameaça biológica, química e nuclear, também receberam
especial atenção. Os departamentos nacional e provinciais, contando com
catorze grupos de peritos, trabalhou em conjunto com a FIFA, com a previsão
de providências para o caso de catástrofe e eventual necessidade de
descontaminação. O bom relacionamento com a mídia, garantiu a divulgação
de informações aos turistas quanto aos locais de jogos e destinos turísticos
visitados e outros como por exemplo, prevenção de intoxicação alimentar,
atendimento de emergência e serviços disponíveis. As reuniões para os ajustes
aconteceram a partir de julho de 2009, sendo criadas normas sanitárias para os
estádios, definição de número de ambulâncias colocadas à disposição e
análise e definição de rotas de acesso respectivas, número de leitos
disponíveis e centrais de atendimento preparadas nos estádios. Ressaltou a
importância do trabalho conjunto desenvolvido com os comitês organizadores
locais, após sua exposição, respondeu algumas questões da assistência,
esclarecendo que: houve preocupação em preparar-se para eventuais
ocorrências que resultassem em elevado número de mortes, seja no tocante ao
atendimento do local.
4.1.1.2.4 4ª Palestra – Metro Police – Sra. Trish Armstrong – Comandante da
Polícia Metropolitana de Porth Elizabeth
A Polícia Metropolitana de Porth Elizabeth possui sete comandos
metropolitanos.
Os departamentos de polícia locais terão duas grandes ordens de problemas: o
trânsito e a prevenção de crimes. O primeiro será, provavelmente, o grande
desafio da polícia, dada a quantidade de pessoas que se deslocam, quer por
turismo, quer em função dos jogos.
A Polícia de Porth Elizabeth dispôs de 3.850 viaturas e efetuou 160.000
autuações de trânsito durante o mês da Copa.
As grandes responsabilidades de uma polícia metropolitana são:
Treinamento dos policiais que farão a segurança local;
Escolta das comitivas e dos times de futebol durante o evento;
Proteção e segurança nos estádios;
Prevenção e repressão nas áreas onde ocorrerão jogos da copa;
Os policiais precisam ser intensamente treinados, cujo foco principal é o bom
atendimento ao cidadão e ao turista que está visitando o país. Eles precisam
ser preparados para orientar o visitante acerca das mais variadas situações.
É conveniente ter apoio aéreo capacitado para diversas eventualidades, como
resgate, suporte, transporte.
O departamento local deve estar preparado para a escolta de comitivas,
autoridades estrangeiras e dos próprios times que se deslocam para
treinamentos e jogos.
Como grandes desafios a serem enfrentados, destacam-se:
A capacidade para alterar os planejamentos em função de
peculiaridades e circunstâncias não previstas;
Flexibilidade com as blitz, porque elas podem causar grandes
transtornos para o trânsito local, obstando o deslocamento de times e
comitivas;
Evitar ter militares das Forças Armadas com responsabilidade sobre
assuntos de segurança pública;
Prever orçamentos robustos para o desenvolvimento do planejamento,
visto que os custos são muito altos;
Iniciar a compra de equipamentos necessários, em função do tempo e
custos;
Prever a aprovação de uma legislação que obrigue as diferentes
agências a cumprir suas funções;
Estipular os procedimentos para os casos de corrupção;
Negociar antecipadamente com os sindicatos policiais, a fim de evitar
dissabores durante a copa;
Designar, antecipadamente, os comandantes que serão responsáveis
por áreas e setores de polícia;
Fazer planos que prevejam fatos não previstos, como eventos
paralelos, marchas políticas etc.;
Estar ciente de protocolos estrangeiros e normas envolvendo VIPs;
Preparar adequadamente os sistemas de comunicações;
Ter planejamento para o crescimento do tráfico de drogas;
Efetuar ações para conter a atividade de vendedores informais;
Decidir antecipadamente o que se pretende fazer.
Sugestões e melhores práticas:
Planejar o mais detalhadamente possível, tanto o policiamento quanto as
atividades militares;
Praticar e exercitar antecipadamente os planos em situações similares;
Tornar os planos flexíveis;
Uniformizar os códigos de comunicação e registro de ocorrências e
incidentes;
Capacitar adequadamente os policiais acerca dos protocolos envolvendo
VIPs;
Prever sempre uma equipe de três pessoas para eventos não
planejados e não previstos;
Estipular procedimentos para lidar com problemas simples, que por
vezes envolve o Judiciário e o Ministério Público;
Fazer acordos escritos entre agências e entre os Estados para estipular
responsabilidades;
Definir grupos de trabalho especializados;
Definir centros de comando conjuntos;
Adquirir jaquetas reflexivas para os policiais trabalharem, facilitando a
identificação pelo público;
Do orçamento previsto, preveja três vezes este montante para gastar;
Adicionar capacidade para impor a lei;
Capacitar policiais para exercerem os serviços de vigilância orgânica nos
estádios, para o caso de eventuais greves/problemas envolvendo os vigilantes;
Padronizar os procedimentos a serem desenvolvidos pelas escoltas,
evitando flexibilizações permissivas.
A palestrante, respondendo às indagações que lhe foram dirigidas, relatou que
cerca de cinco anos antes do evento iniciou-se um trabalho de oferta e
encaminhamento de sem-tetos e desocupados para locais de oferta
humanitária, onde recebem alimentação, vestuário e pernoite. Além disso,
sugeriu a padronização no pagamento de ajuda de custo por dia – e não por
hora – a todos os policiais envolvidos, bem assim do valor a título de auxílio
alimentação.
4.1.1.2.5 5ª palestra - Em sequência, tivemos a palestra proferida por Mr.
Meyer, representante da empresa ICASA, que presta serviços ao Governo,
sem, no entanto ser órgão público. Realiza serviços similares ao que presta a
ANATEL presta no Brasil, sendo conhecida como órgão da Paz. Monitora
qualquer comunicação ou interceptação telefônica, desde que autorizado
judicialmente. É a empresa responsável pela certificação dos aparelhos de
transmissão de rádio. Como a ANATEL, tem mandato definido, durante o qual,
nesse período expede regulamentações, certificados e cuida da proteção ao
consumidor. Como órgão certificador foi requisitado a assinar contrato com a
FIFA, oferecendo garantias de que o serviço de comunicações seguiria a
contento. Ocupou-se de realizar fiscalização das empresas e órgãos de
imprensa durante a COPA, sendo que algumas dessas, entraram em território
sul-africano, com equipamento de transmissão sem fio, consequentemente não
licenciado pela ICASA, em decorrência do que tais equipamentos foram
apreendidos. Durante os jogos, monitoraram todos os jogos para verificar se as
freqüências estavam sendo obedecidas. Além disso, controlaram todas as
comunicações de polícia, bombeiros, emergência. Tiveram problemas com
recursos humanos, posto que não tem pessoal treinado suficiente. Um dos
problemas mais graves que enfrentaram, deu-se durante o jogo entre EUA e
Inglaterra. Como o vice presidente americano estava no estádio para assistir a
partida, os serviços responsáveis pela segurança do vice presidente, lançaram
mão de equipamentos de vigilância, interceptação de comunicações e
rastreamento, que bloquearam todas as comunicações no entorno do estádio,
obrigando os operadores da ICASA a lançar mão de outros meios
emergenciais para conseguir restabelecer as comunicações. Segundo o
palestrante, até hoje os EUA negam sua responsabilidade no episódio. Os
caminhões tipo “Link” devem ser preferencialmente evitados, pois suas
transmissões também podem ocasionar bloqueio de comunicações. Devem ser
fiscalizados e receber autorização expressa para atuar. Problema grave é que
muito vem em aviões militares ou diplomáticos, garantindo uma relativa
imunidade. A ICASA, não pode efetuar interceptação telefônica diretamente,
esta, via de regra é realizada pelos órgãos policiais responsáveis, e a atividade
é regulada pela lei 70/2002. Esta pratica de investigação é de tal forma rígida,
que é controlada por um único funcionário, um Juiz aposentado, cujo escritório
situa-se aqui mesmo em Pretória. A interceptação é concedida por três meses,
prorrogáveis por igual período. Todas as transmissões esportivas foram
monitoradas antes e depois dos Jogos, apenas sob aspecto da interferência
nas transmissões e não quanto à interceptação, o que, como já dito, é defeso à
ICASA.
4.1.1.2.6 A palestra a seguir, foi proferida pela Dra. Alice Maree, representante
da empresa de nome SABRIC, a qual trabalha como centro de informações
sobre o risco bancário da África do Sul, permitindo a prevenção de muitas
fraudes bancárias. È empresa sem fins lucrativos, mantida por um grupo de
instituições bancárias e empresas de transporte de valores. Trabalham ao
abrigo de legislação que autoriza sua atividade, chamada Seção 20. Foram
convidados a participar na Copa das Confederações, e depois sentiram
necessidade de se envolver na COPA, dado o volume de dinheiro a ser
movimentado nas bilheterias e pelos turistas. Fizeram panfletos informativos
para turistas, em diversas línguas, explicando o risco de se movimentar com
dinheiro, e de possibilidade de fraudes em máquinas de auto atendimento
bancário. Efetuam o cruzamento de informações que revelam a participação de
grupos em fraudes bancárias, roubos a agências e caixas automáticos. Ao
serem checados dados que levem a suspeitas, passam os informes para que a
polícia tome as atitudes de sua alçada. Em resumo , são estas suas principais
atividades, que a relacionam à polícia e a execução da COPA. Pretendem
expandir sua atuação por toda a África.
4.1.1.2.7 A próxima palestra foi ministrada por Mr. Strauss, representante da
empresa ESKOM, que presta serviços ao Ministério de Minerais e Energia,
produzindo energia elétrica e distribuindo por todo o país.Segundo informou o
primeiro desafio a ser vencido era superar os apagões e garantir fornecimento
ininterrupto e seguro de energia elétrica à COPA DO MUNDO . Para tanto,
foram percorridas quatro fases: l- integrar-se com os países vizinhos,
especialmente Namíbia tratando os riscos a partir dos marcos de referência
internacional. II- fase no período 2008-2009, durante a copa das confederações
são renovadas as estações e os centros de comando geravam recursos
humanos e financeiros, aprovados em auditorias de segurança e garantis.
Durante os dezesseis dias da copa das confederações, foram atendidas nove
cidades sem interrupção de energia elétrica e com boa comunicação entre as
agências envolvidas. Naquele período, cada plataforma identificou novos
possíveis riscos e preparou planos de motivação desses riscos. III-fase,
implementando-se a valoração dos recursos humanos, motivando trinta e seis
mil empregados a envolverem-se no planejamento e respectiva execução,
buscando-se certificar que procura e oferta eram compatíveis para
cumprimento das previsões. IV-fase, de abril a julho de 2010, novas auditorias
foram realizadas, para verificação da rede e seu atendimento. Durante todo o
processo, várias providências foram adotadas, tais como identificação de zonas
problemáticas implementando-se ações de segurança para evitar crimes. Ainda
em conjunto com as forças de segurança foram realizados exercícios de
preparação para atuação em eventual falha de energia. Estabeleceu-se
também bom contato com a polícia e os cidadãos, desenvolvendo campanha
na mídia para contenção do consumo, resultando num Recorde de 30 dias sem
interrupção no fornecimento de energia, durante a copa do mundo. O
fornecimento de água foi mantido, para as usinas de eletricidade, garantindo a
robustez das linhas de transmissão. Durante a copa do mundo, 13497
funcionários, permaneceram à disposição garantindo o sucesso da operação,
que resultou numa rede unificada e sem ocorrência de apagões nos dias de
hoje, que compreende mais de 360.000 KM de linhas elétrica protegidas.
4.1.1.2.8 A Sra. Annelie Barkema, do Departamento de Turismo, destacou os
pontos que mereceram especial atenção no planejamento de atividades para a
Copa do Mundo levando em consideração os tipos de crime (furtos, roubos,
fraudes), desaparecimento de pessoas e apoio às vítimas; salientou que a
indústria do turismo atua ligada à segurança, considerando fatores como fluxo
de pessoas e veículos e impacto emocional decorrente da prática de crimes.
Destaca a necessidade de tradutores nos tribunais e interação entre todas as
agências envolvidas.
4.1.1.2.9 9ª Palestra – Questões Jurídicas – Brig. Van Der Walt
O palestrante informou que por ocasião do “lance”, o país que se pretende
sede da Copa assume compromissos que resguardam o “Programa de
Proteção de Direitos da FIFA”, lance este que contem uma série de
“promessas” que figuram verdadeiras garantias, inclusive em termos de
segurança pública, e que terão de ser honradas. A experiência sul-africana
revela que a polícia local não tinha conhecimento do teor dessas promessas,
em que pese a ela incumbisse uma série de prestações, donde aconselhou a
que a polícia do Brasil buscasse rapidamente conhecer o teor desse documento.
Adiantou que entre as promessas devem estar a de que todos os recursos serão empenhados
e a de que a Copa transcorrerá em ambiente de absoluta ordem e paz. A responsabilidade
pelo cumprimento do “lance” é do Comitê organizador local.
Recomendou, também, a estruturação de suporte legal para desenvolver as atividades e
operações da copa, destacando que isso é extremamente importante. É preciso ter legislação,
principalmente de vigência temporária, que: regule a ação de multidões; autorize a autoridade
policial a declarar o estádio um local público; preveja o ingresso de medicamentos e
equipamentos às delegações estrangeiras; estabeleça o controle de acesso a hotéis onde
hospedados os executivos da FIFA e as delegações; regule a ação de vendedores
ambulantes; estabeleça zonas livres de trânsito (para rápida circulação de viaturas,
ambulâncias e veículos de emergência); estabeleça regras de marketing e publicidade (na
África do Sul há a criminalização do que chamou de “marketing de emboscada”).
O palestrante enfatizou o caráter empresarial e comercial da FIFA, cujos direitos de imagem
devem ser resguardados. Diante disso, informou da necessidade de capacitar policiais no que
respeita aos crimes contra a propriedade imaterial, com a criação de equipes de patrulha para
a proteção desses direitos. Informou que a FIFA mantém permanentemente advogados para
viabilizar a adoção de providências policiais e judiciais.
Para melhor eficácia das o departamento de polícia elaborou um anteprojeto de lei, que foi
encaminhado e aprovado pelo Legislativo sul-africano.
Destacou-se a importância da instituição de Tribunais Especiais para o julgamento de crimes
menos graves envolvendo estrangeiros, com funcionamento ininterrupto. Neles, quando a
pena é pecuniária, o pagamento é feito imediatamente, inclusive por meio de cartão de crédito.
4.1.1.3 Atividades externas
4.1.1.3.1 1ª Palestra – Ten.Cel. Myki.
Visita ao Loftus Stadium, cujo palestrante, comandante Myki, responsável pelo
trânsito metropolitano de Pretoria, verbalmente nos transmitiu um apanhado
geral de como foram planejados e executadas as atividades de transito quando
dos jogos realizados no referido estádio, dividindo a cidade em setores,
controlando tanto o trafego de pedestres como de veículos. Teceu comentários
também quanto a estrutura do Estádio, o qual classificou dentre os melhores do
pais, com capacidade para 5O.OOO mil espectadores, sendo que nele ocorrem
6 partidas, as quais não resultaram em qualquer ocorrência que merecesse
destaque, mesmo diante do grande fluxo de veículos e pessoas nos dias de
jogos, classificando esses dias com um movimento de 10 a 15 vezes maiores
que em dias normais.
Participaram e acompanharam nossa visita vários policiais, destacando-se as
presenças dos Cel. Hyneke e Thirbeni , bem como do Ten. Cel. Beeslaar. que
ocupam cargos de comando no pais.
4.1.1.3.2 Visita a Delegacia de Polícia (Comissaria de Policia).
Embora não constasse da agenda, após o almoço fomos visitar e conhecer a
estrutura de uma Unidade Policial da cidade, especificamente a do Bairro do
Brooklin, cujo comandante, equivale ao Titular de um Distrito da cidade de São
Paulo. Seu comandante é o Brigadeiro Wiege, que de forma gentil nos deu
uma noção geral do funcionamento de sua Unidade, esclarecendo que tem sob
seu comando 350 policiais, sendo a população da área em torno de 140.000
pessoas, onde se localizam faculdades, grande parte das Embaixadas e
pessoas de alto poder aquisitivo. Disse ser responsável por todos os tipos de
delitos, pois o sistema policial não dispõe de Unidades Especializadas, e a
Unidade e dotada de Cadeia com capacidade para 60 presos, onde ficam
recolhidos apenas os presos provisórios. O trabalho de policia judiciária é feito
na forma de Dossiê, e no caso de flagrante a comunicação a Corte bem como
a apresentação do preso deve ser feita em 48 h.
O ingresso na carreira é mediante edital de vagas e apresentação de
curriculum, e a progressão e por avaliação interna, não se exigindo curso
superior, idade mínima para ingresso, 18 anos, máxima, 35 anos. A carreira
policial e única, com segmentos civil e uniformizado.
4.1.1.3.3 3ª exposição do dia - Ministrada na NATJOC – National Joint
Operation Center, foi dividida em dois blocos, a primeira fala coube ao Cel
Dafel, comandante do Centro, e segunda pelo Cel. Scot. Comandante das
Forcas Especiais da Policia, que coordenou as ações policiais antes e durante
a Copa.
O Centro que é o Controle de Inteligência das Operações, foi criado para cobrir
o Campeonato Mundial de Futebol, sendo mantido para grandes eventos, esta
sediado na Base da Forca Aérea em Pretória, interligado com Centros
paralelos nas cidades sedes dos jogos, onde os trabalhos são desenvolvidos
integrados com outros Órgãos, como Saúde, Imigração, Divisas, Forcas
Armadas, Turismo, etc. .cujo planejamento das Operações foi desenvolvido
pelo Cel Scot de forma minuciosamente detalhada e extensa, cuja
demonstração iniciada por volta de 17:00 h, encerrou-se as 21h00 h, constando
para tanto, a integra do trabalho em anexo a ser juntado neste relatório,
carente de tradução, observando-se que grande parte do mesmo esta inserido
no relatório anterior.
Os palestrantes esclareceram e insistiram que o planejamento envolve pessoas
comprometidas com o resultado desejado, devendo ser iniciado com bastante
antecedência para serem checados todos os riscos inerentes de grandes
eventos e que em termos de segurança, não tiveram nenhuma ocorrência de
repercussão na cobertura da Copa do Mundo que sediaram.
4.1.1.4 Data: 25NOV10, Quinta Feira - JOHANESBURGO e PRETÓRIA
Manhã: 10h00 – Viagem para Johanesburgo para visita ao “Soccer City
Stadium”;
Tarde: 12h05 – Apresentação sobre o plano de policiamento para abertura da Copa do Mundo no
“Soccer City” e visita às Instalações do Estádio;
4.1.1.4.1 14h45 – Visita à “University of the Witwatersrand” – a “Wits”
A delegação foi recebida pelo Coronel Dafel, pelo Tenente Coronel Beerlaar e
pelo Capitão Castro, todos da Polícia Sul Africana, e conduzida a um auditório
no interior do estádio, onde o “Gerente/Administrador” do estádio deu suas
boas vindas e passou a palavra ao Tenente Coronel Beerlaar, que das 12.05h
às 12.55h expôs à delegação o plano de policiamento desenvolvido para a
abertura da Copa do Mundo, que ocorreu no “Soccer City”.
4.1.1.4.2 Na sua palestra, o Tenente Coronel Beerlaar descreveu os vários
aspectos das operações planejadas para o dia da abertura da Copa do Mundo
naquele estádio, destacando-se, entre muitas informações transmitidas: a
localização dos estádios de treinamento usados pelas seleções na proximidade
do estádio; as estações de polícia mais próximas; as rotas de acesso ao
estádio; a localização da estação de trem mais próxima; características das
imediações (como a proximidade com o bairro de Soweto); os esquemas de
isolamento e controle de acesso feitos pela polícia; os pontos de revista de
veículos; as áreas de estacionamento de VIPs e VVIPs; a localização de
patrulhas, pontos de revista, pontos de orientação; as rotas e rodovias de
acesso dos jogadores, técnicos e juízes; a localização da base da força de
reação e intervenção em emergências, etc.
Em seguida, às 13.00h, iniciou-se uma rápida visita a algumas dependências
do estádio.
4.1.1.4.3 Inicialmente a delegação visitou as instalações destinadas a um posto
de polícia no interior do estádio, para os dias de eventos, que pode funcionar
inclusive como um posto de detenção provisória, visto contar com três celas,
até que seja possível conduzir as pessoas detidas à estação de polícia mais
próxima.
Em seguida, foram visitadas as dependências do “VOC- Venue Operacional
Center”, que é o centro de controle das operações no estádio, onde a
delegação pode observar a estrutura que foi disponibilizada desde a abertura
da Copa do Mundo, com monitores com vistas de vários pontos estratégicos do
estádio e salas próprias para os integrantes da organização local.
As instalações do “VOC” davam acesso ao interior do estádio, com vista para o
gramado e os assentos, sendo que ali a delegação pode observar o interior do
belo estádio e tirar algumas fotos de recordação.
4.1.2 Palestra do representante do LOC FIFA na África do Sul
Data: 22/11/2010
Local: WTC – Av. Nações Unidas, 12.559 – São Paulo - SP
Palestrante: FAROUK SEEDAT, CFO-Chief Financial Officer - do comitê
organizador da Copa 2010 – África do Sul
Citações Importantes:
Com relação às sedes, informar as cidades que elas serão realmente
transformadas. Há um caráter educativo em tudo, este é o legado. Uma
boa frase para elas é a seguinte: É o seu momento.
Estabelecer parcerias valiosas
Os alemães estavam na África o tempo todo
Com relação a comentários de que o Brasil não conseguirá construir
estádios, disse: o estádio de Wemblay na INGLATERRA – frisou –
estourou o prazo de construção e o orçamento inicial previsto...
Observem bem onde focar energia
Com relação a gastos, foi dito que a cifra atingiu os US$ 40 Bi,
computando-se os investimentos realizados desde a campanha pela
disputa da sede.
Erro: não lidaram com as exigências da FIFA com antecedência, não
perceberam os detalhes e as exigências, no entanto, certifique-se de
que algo exigido pela FIFA é realmente necessário
Cada dólar gasto está alcançando o retorno máximo
A FIFA aumenta as demandas, exemplo: no último ano ela definiu que a
transmissão seria em full HD, conseqüentemente tiveram que trocar as
lâmpadas de todas as arenas para produzirem a iluminação adequada, e
o resultado foi um investimento extra de US$ 1 milhão
Foram vendidos 70% dos ingressos. Houve necessidade de criar uma
categoria especial de ingressos em todas as sedes para atender o povo
sul africano.
Uma Copa do mundo pode transformar o país no turismo, indústrias,
etc., pode orientar o crescimento da economia para muito além dos
quatro anos seguintes
Utilize-se de serviços de consultorias
O estádio Nelson Mandela foi construído em 20 meses
O caderno de encargos da FIFA é a bíblia da Copa
Gastos com segurança pública: US$ 40 milhões
O nível de barulho não pode extrapolar o estádio
Fornecimento de energia foi o 2º maior custo para a realização da Copa.
Obs.: durante a palestra o assunto energia elétrica foi citado várias
vezes, pois houve uma exigência da FIFA com relação a este assunto.
Um apagão no meio de uma partida deste nível causa prejuízos
incalculáveis pelo mundo
Há necessidade de previsão de duas instalações de treinamento por
sede, próximas ao estádio. Não subestimem a abertura do estádio para
treinamento das equipes
Planejamento de transporte e trânsito é muito importante, há
necessidade de certificar-se de que o acesso ao estádio seja
assegurado
Segurança: Houve muita pressão sobre o nível de segurança da África
para a realização da Copa. A Copa aconteceu e não houve ocorrência
grave que merecesse destaque; compartilhem seus planos com a FIFA
Cuidar da gestão do lixo nos estádios e demais eventos é importante
porque causa uma impressão duradoura nas pessoas
A cidade deve parecer linda para o mundo
Com relação ao voluntariado, o governo sul africano tem um programa
específico de atendimento aos jovens, e direcionou os recursos deste
programa para ONGs que se encarregaram de selecionar, preparar e
treinar voluntários JOVENS como parte do programa. Foram utilizados
14.000 voluntários.
O local do Fan Fest é crítico
Fan Fest é nas proximidades dos estádios e telões são em qualquer
lugar longe dos estádios. Houve jogos cujas presenças de público nos
telões foi maior que no estádio
Com relação ao incentivo às pequenas empresas nacionais, foi dito o
seguinte: não deixem que as grandes empresas estrangeiras lhes digam
o que tem que fazer, através das consultorias identifiquem e prefiram as
nacionais
Testem o planejamento de transporte várias vezes
A CBF, na Copa da Alemanha, recebeu US$ 10 milhões para deixar a
seleção brasileira fazer a pré temporada numa cidade Suíça
A comunicação não foi boa na Copa das Confederações, tudo teve que
ser ajustado para a Copa do Mundo.
A vantagem na realização de uma Copa surge quando se casam os
interesses do promotor do evento com os interesses institucionais já
previstos em orçamentos, pois se desenvolve um capacidade importante
de encontrar dinheiro e, conseqüentemente aceleram-se as previsões de
crescimento e investimentos, melhora hospitais, estradas, aeroportos,
polícia, educação, turismo, etc., há uma aceleração do que já estava
previsto.
O financiamento da Copa na África veio de três fontes:
1ª Federal: destinada à infra-estrutura e aeroportos. Foram realizados
contratos com setores privados e a exigência do governo foi pela
contratação de pequenas e médias empresas nacionais capazes de
competir com as internacionais
2ª Cidades sedes: destinada à construção dos estádios, receberam um
bônus do governo federal e também buscaram fundos na iniciativa
privada
3ª FIFA: todos os demais gastos exceto os anteriores citados, ex.: jogos
A FIFA exige que, além da língua nativa do país sede, sejam oferecidos
serviços em mais e línguas: inglês, francês e espanhol
Já na seleção de voluntários, por exemplo, exijam uma das línguas
indicadas pela FIFA
Aliança da Secretaria Municipal de Esportes com Brasil Cultural deve
preparar 40.000 pessoas na língua inglesa até 2014. O acordo começa a
partir de janeiro de 2011
Há outros programas voltados à preparação em línguas: o programa
bem receber copa e o programa ola turistas, ambos do Governo Federal
O movimento de aeronaves na África foi 13 vezes maior que o da Copa
da Alemanha de vôos das Cias aéreas, e 27 vezes maior de jatos
particulares
O técnico é quem decide o local onde a seleção vai ficar. Na África, das
32 seleções, 27 decidiram ficar na altitude e nenhuma ficou no nível do
mar
Quanto à segurança, houve grandes investimentos, foram buscar todo o
aparato e treinamento para a Copa. O Governo teve total
responsabilidade sobre isso, o emprego e treinamento da polícia foi
responsabilidade do Governo
O Prefeito Kassab visitou a África durante a Copa e manifestou interesse
em trazer a central de mídia para São Paulo – Parque Anhembi.
4.2. FIFA aprovou plano de segurança abrangente
O plano do Comitê Organizador, de segurança global, foi apresentado ao
mundo do futebol e à FIFA em Junho de 2008 e foi aprovado. Trata-se de
como a África do Sul enfrentaria as ameaças de terrorismo, vandalismo e
outros crimes. O plano considerou que países competidores também estariam
enviando seus próprios policiais especialmente treinados para ajudar com a
língua e as diferenças culturais e apoiar os sul-africanos. Os organismos de
segurança realizaram várias simulações e exercícios de treinamento - como a
defesa marítima e aérea, incidentes químicos, biológicos, radioativos e
nucleares, com simulações na Cidade do Cabo, Pretória, Bloemfontein e Port
Elizabeth.
Na área de segurança, o Serviço de Polícia da África do |Sul -SAPS aumentou
de 41 mil para 46 mil o número de policiais trabalhando na Copa-2010, sendo
31 mil efetivos e 15 mil reservistas que participam de treinamentos. O
investimento no plano de segurança é de 640 milhões de rands (US$ 86,5
milhões).
Outros 665 milhões de rands (US$ 89,9 milhões) foram gastos em
equipamentos de alta tecnologia, como pequenos aviões operados por controle
remoto, dez canhões aquáticos, 100 BMWs para patrulhamento das rodovias e
novos helicópteros para monitorar o deslocamento das seleções pelo ar. Tudo
isso é operado através de quatro centros de comando, equipados para receber
imagens em tempo real de aviões, helicópteros e de outros sistemas de
câmeras instalados.
Esses 46 mil homens exclusivos para a Copa do Mundo operaram nas nove
cidades-sede e em outras áreas estratégicas, que incluem portos de entrada,
aeroportos e 54 pontos de fronteiras. A equipe de segurança priorizou o estudo
de trajetos, aos locais de concentração e treinamento, hotéis e estádios -
explicou o comissário chefe do SAPS, Bheko Cele.
Somando efetivos da Marinha, do Exército, da Aeronáutica, além de
especialistas em perícias, mais de 140 mil homens trabalharam no projeto
nacional de segurança para a Copa do Mundo.
Mais de três mil torcedores ingleses, já fichados em seu país por atos de
vandalismo, estavam impedidos de entrar na África do Sul durante a Copa do
Mundo, em um trabalho conjunto com a Interpol e outras forças policiais
européias.
As 32 seleções participantes foram vigiadas 24 horas por dia. Milhares de
câmeras, cães farejadores, membros do esquadrão antibombas, escoltas e
policiais em cada andar e nos quatro cantos dos hotéis serão uma rotina no dia
a dia.
A Unidade de Explosivos do SAPS fez varreduras antes de os jogadores
descerem para o ônibus oficial de cada seleção. Cada hotel passou por
inspeção semelhante do esquadrão enquanto os atletas estiverem treinando ou
jogando.
A FIFA organizou, em Zurique, um seminário com os chefes de polícia de 29
dos 32 países classificados para o Mundial. O Brasil esteve presente através
da Polícia Federal. A FIFA, o COL-2010 e as forças de segurança sul-africanas
tiveram a ajuda de agentes de vários dos 188 países membros da Interpol, que
também participou do seminário. Especialistas de Israel, dos Estados Unidos e
da Alemanha, no combate ao terror, também foram requisitados pela África do
Sul.
O plano de segurança da Copa do Mundo foi algo jamais visto num país que
terminou 2009 com alta taxa de desemprego e criminalidade.
4.3. PLANO DE PROTEÇÃO E SEGURANÇA PARA A COPA DO MUNDO
DE FUTEBOL FIFA 201043
Ambiente de Segurança na África do Sul Infraestrutura de Segurança Proposta Componentes da Estratégia de Segurança Proposta Planos de Segurança para os Locais dos Eventos Treinamento de Proteção e Segurança
4.3.1 O item proteção e segurança foi considerado de suma importância no
processo de planejamento estratégico da Copa da África 2010. A Federação de
Futebol Africana – SAFA, se manteve confiante e responsabilizou-se em
oferecer um torneio seguro para a FIFA. Esta confiança baseou-se numa
concepção avançada de segurança, conforme descrições e fatores explorados
neste documento.
Durante as duas décadas passadas, a África do Sul estabeleceu um invejável
recorde de realizações de grandes eventos sem incidentes, são eles:
1994 – a posse de Nelson Mandela;
1995 – Copa do Mundo de Rugby;
1996 – Copa Africana das Nações;
1999 – a posse de Thabo Mbeki;
2003 – Copa do Mundo de Cricket, e
2003 – Cúpula Mundial das Nações Unidas para o
Desenvolvimento Sustentável.
Como um dos principais membros de movimentos não alinhados, a África do
Sul se mantém afastada de áreas próximas associadas ao aumento de tensão
após o 11 de setembro de 2001.
43
South Africa 2010, Africa´s Stage, Bio Book, 2007.
Devido a estes fatores, positivos e encorajadores, a SAFA adotou o modelo de
proteção e segurança desenvolvidos pelo serviço de segurança do país
utilizados na organização dos grandes eventos que realizou.
O modelo sul-africano de proteção e segurança, resultou de uma pesquisa
global a grandes eventos, o que lhes trouxe uma rica experiência colhida nos
principais acontecimentos esportivos: Jogos Olímpicos de Verão 2000 em
Sidney, Copa do Mundo do Japão e Coréia – 2002 e jogos Olímpicos de
Inverno em Salt Lake City. Juntas, a experiência adquirida na consolidação das
pesquisas possibilitou a adoção de um modelo aplicável às condições da África
do Sul.
Uma condição constante e fundamental ao modelo é a sua implantação em um
ambiente amistoso e acolhedor.
Planejamento meticuloso e pontual, treinamento de primeiro mundo, orientação
personalizada de proteção e segurança, integração e recursos suficientes para
atendimento global das operações de segurança e proteção, foram as
premissas utilizadas pela África do Sul para garantir que a Copa de 2010 se
realizasse num ambiente seguro e amistoso.
4.3.2 Ambiente de Segurança na África do Sul
Na África do Sul ocorreu uma queda dos indicadores de vários tipos de crimes
assim que o novo Governo assumiu, em 1994. Duas ações principais do
governo sul-africano - a estratégia nacional de prevenção ao crime, lançada em
1996 e a estratégia nacional de combate à criminalidade, lançada em abril
2000 -, desenvolveram um papel fundamental e importante para o resultado.
As pesquisas de segurança realizadas na preparação do país para a Copa
revelaram a manutenção da tendência de queda dos indicadores criminais.
O aspecto central da estratégia nacional de combate à criminalidade foi o
aumento do efetivo policial e o incremento de uma nova polícia local, com
8.500 homens/mulheres, capaz de controlar as cinco regiões metropolitanas.
Um dos resultados desta iniciativa, foi o alcance de 240 policiais para grupos
de 100.000 habitantes, o que se comparou a normas globais dos países
desenvolvidos e da Coréia do Sul na realização da Copa de 2002.
4.3.3 Projeção de Aumento dos Recursos Humanos
Com o crescimento global da segurança privada no mundo, a África do Sul
desenvolveu um grande pólo de segurança privada regulada pelo Estado, na
região norte do país, a qual incorporou mais de 245.000 seguranças
registrados e treinados. Estes profissionais desempenharam um valioso papel
na segurança de eventos internacionais ocorridos na África do Sul antes da
Copa de 2010.
4.3.4. Estrutura de Segurança Proposta
A África do Sul propôs-se a empregar uma estrutura de segurança para a Copa
2010 testada e aprovada em grandes eventos. Um comitê ministerial chefiou a
implantação do modelo, baseado em tomadas de decisões operacionais e
filtragem do nível de comunicação aos vários níveis da cadeia hierárquica.
Os elementos operacionais da coordenação da estrutura subordinaram-se ao
serviço de Segurança do Estado, na forma da Estrutura Nacional de Operações
e Inteligência, pois se pretendia que o sistema operasse em conjunto com a
alta Direção de Segurança do Comitê Local da FIFA.
4.3.5. Componentes da Estratégia de Segurança Proposta
O objetivo sul-africano foi desenvolver uma estratégia de proteção e segurança
de primeiro mundo, e submeter o planejamento completo à apreciação da FIFA
dois anos antes do início do torneio.
4.3.6 Planejamento e Gerenciamento Operacional
As atividades prévias de proteção e segurança para o torneio preliminarmente
incluíram o seguinte:
Desenhar o plano em conjunto com a SAFA e a FIFA e
submeter à aprovação do Sistema de Inteligência e do Comitê
Ministerial;
Quantificar os recursos humanos necessários;
Prover toda a logística necessária às Forças de
Segurança;
Desenvolver uma estratégia de prevenção criminal
específica para os pontos turísticos, campos oficiais e itinerários;
Desenvolver uma estratégia de segurança para o
transporte público;
Criar um controle de pessoas indesejadas nos pontos
de entrada ao território sul-africano;
Planejar o aumento da segurança nos aeroportos;
Desenvolver um plano de segurança para os hóspedes
nos hotéis e arredores;
Desenvolver um plano de segurança em todos os
eventos oficiais;
Desenvolver um plano de segurança para todos os
agentes da FIFA e SAFA;
Desenvolver um plano de segurança para a central de
mídia, central de transmissão e imprensa;
Desenvolver um plano de gerenciamento de multidões;
Ajustar uma autoridade pública que cuidasse das
atividades de aplicação da lei;
Coordenar um serviço de gerenciamento de desastres
que funcionasse 24 horas ininterruptas;
Criar uma estrutura para investigar crimes relacionados
ao torneio;
Desenvolver um plano de prevenção a ataques
químicos, bacteriológicos e explosivos em todos os locais de eventos
oficiais;
Criar um sistema de inteligência, estratégico e tático, de
prevenção criminal;
Estabelecer respostas rápidas a situações de alto risco,
e uma estratégia antiterrorismo;
Criar um sistema de proteção pessoal aos VVIPs e
VIPs, incluindo a escolta dos agentes oficiais da FIFA, delegados oficiais
das partidas e equipes;
Estabelecer um sistema de apoio aéreo caso
necessário, e
Desenvolver uma estratégia de comunicação positiva
ao público.
4.3.7Sistema Nacional de Inteligência
Um comitê de coordenação nacional de inteligência – NICOC utilizou a
estrutura de inteligência estratégica e tática para receber as informações e
preparar um mapa detalhado de riscos. A Agência Nacional de Inteligência, o
Serviço Secreto Sul-africano, o Serviço de Inteligência Policial e o Sistema de
Inteligência de Defesa foram responsáveis por alimentar o NICOC de
informações estratégicas e táticas relevantes, as quais foram consolidadas e,
por sua vez, fornecidas ao Sistema Operacional de Inteligência do país.
A comunidade de inteligência também se comprometeu com as seguintes
tarefas:
Promover a habilitação e seleção de todas as pessoas credenciadas
(houve exceções ajustadas com a FIFA);
Proteger os equipamentos de telecomunicações e tecnologia de
informações do torneio, bem como medidas de vigilância a vários
eventos que relacionaram com a Copa de 2010;
Produzir e emitir credenciais;
Selecionar todos os prestadores de serviços e voluntários; e
Fornecer segurança física dos hotéis e locais do evento.
4.3.8 Centro de Operações do Sistema Nacional de Inteligência e os
Centros de Operações dos Locais de Eventos
O Sistema Nacional de Inteligência estabeleceu um Centro Nacional de
Operações – NATCOC, aproximadamente um mês antes do evento.
Esta estrutura foi espelhada nos Centros de Operações - PROVJOCs criados
nas cidades sedes.
Os PROVJOCs permaneceram gerenciando a proteção e segurança, e
disseminando informações durante as 24 horas do dia. Eles coordenaram as
ações dos centros de operações dos locais de eventos.
Uma estrutura de comando e controle, funcionando 24 horas, foi criada em
cada arena, todos os hotéis, escritório da FIFA, sede do Comitê Organizador
Local da FIFA e em todos os locais com eventos relacionados ao torneio.
4.3.9 Departamento de Justiça e Assistência a Estrangeiros
Representantes do Departamento de Justiça, do Ministério Público e da
Assistência a Estrangeiros foram designados para coordenar decisões efetivas
e rápidas de delitos relacionados ao torneio.
Este processo incluiu o seguinte:
Todos os estádios foram dotados de profissionais adequados,
juntamente com as estações policiais, e, um centro de serviços
comunitários;
Apreensões e processos de qualquer pessoa, de fatos ocorridos nos
estádios ou arredores, foram coordenados pelos centros de comando e
controle dos estádios, e utilizou-se a aplicação dos termos de adequada
e relevante legislação para a aplicação da lei;
O departamento de justiça e apoio a estrangeiros designou equipes para
os locais dos eventos, para facilitar os processos com estrangeiros;
Nos dias de jogos, os fóruns próximos aos estádios cumpriram um
horário especial de funcionamento para facilitar o seguro, rápido e
eficiente processo judicial, e
O departamento de justiça, juntamente com o departamento de marcas e
indústria produziram legislação específica para proteger as marcas
comerciais da FIFA, particularmente com referência a atividades
mercadológicas paralelas.
4.3.10 Garantias governamentais
Nas garantias requeridas pela FIFA, proteção e segurança são itens de
relevante importância. O Governo da África do Sul assinou e apresentou as
garantias requeridas, inclusive relacionadas a:
Segurança a todas as categorias de pessoas
credenciadas e espectadores durante o evento;
Desenvolver plano de segurança abrangente;
Prever escolta policial para todas as equipes
participantes, jogos oficiais e delegações da FIFA;
Proteger os direitos de propriedades da FIFA;
Disponibilizar um abrangente atendimento
médico e bases de serviços de emergências médicas 24 horas, e
Assegurar transporte de massa para os
espectadores.
4.3.11.Segurança dos Ingressos
Um completo plano de segurança dos ingressos fez parte do planejamento
estratégico.
4.3.12.Segurança da Tecnologia de Informações
Um completo plano de segurança das plataformas tecnológicas fez parte do
planejamento estratégico.
4.3.13.Segurança do Credenciamento
Um abrangente plano de segurança das credenciais fez parte do planejamento
estratégico.
4.3.14.Segurança de Aeroportos e Imigração
O Comitê de Coordenação Operacional do Controle de Fronteiras, baseado em
Johannesburg, foi designado para garantir um seguro e rápido acesso de todos
os membros da FIFA ao país. Também foram incluídos nesta tarefa os
seguintes órgãos:
A Companhia de Aeroportos da África do Sul;
O Departamento de Imigração;
O Departamento de Apoio a Estrangeiros;
O Departamento de Alfândega e Impostos
A Polícia de Fronteiras;
A Agência Nacional de Inteligência;
O Serviço Secreto Sul-africano;
A Autoridade Civil de Aviação;
O Serviço de Tráfico e Navegação Aérea;
O Controle de Tráfico Aéreo;
O Protocolo de Estado;
O Departamento de Esportes e Recreações;
A South African Airways;
O Comitê de Organização Local;
A Direção de Segurança do Comitê de
Organização Local, e
Organizações do Trabalho.
Esta estrutura foi replicada em cada Comitê de Coordenação
Operacional de Controle de Fronteira regional em todos os pontos de
entrada do país, e funcionou 24 horas por dia, sob coordenação dos
Centros de Controle Locais.
As seguintes personalidades receberam atendimento especial pela
imigração e nos aeroportos, são elas: Chefes de Estado,
Representantes Diplomáticos, Convidados da FIFA ou do Comitê de
Organização Local, todos os indivíduos credenciados e os grupos de
torcidas organizadas.
Os ajustes dos serviços de proteção e segurança nos aeroportos
incluíram as seguintes medidas:
Isenção de visto para certas personalidades
credenciadas;
Policiamento ostensivo
Criação de áreas restritas para encontros e
reuniões;
Estabelecimento de agentes de alfândega
específicos e canais de imigração para as categorias identificadas
de membros da FIFA;
Prioridade nas entregas das bagagens dos
membros da FIFA
4.3.15. Controle de Pessoas Indesejadas
A África do Sul utilizou um sofisticado sistema eletrônico de imigração para
sinalizar a identificação de criminosos e terroristas internacionalmente
conhecidos, e prevenir que acessassem o país. Sob análise prévia da FIFA,
cooperação da Interpol e participação das agências de segurança das nações
participantes, este sistema foi implantado para garantir que indivíduos
envolvidos em ocorrências criminais relacionadas ao futebol não fossem
aceitos na África do Sul antes ou durante o torneio.
Medidas adicionais para o controle de entrada de pessoas indesejadas foram
implementadas, quais sejam:
Troca de informações entre autoridades sul-
africanas e das nações participantes a respeito dos ingressos
adquiridos, com a finalidade de acompanhar aqueles comprados
por torcedores cadastrados como perigosos;
Controle eletrônico dos ingressos internacionais
vendidos, para garantir a entrada do torcedor no interior do
estádio;
Disponibilização de membros de unidade
especial de combate ao crime, para garantir a segurança dos
meios de transporte a serem usados pelos torcedores durante o
evento;
Implementação de pontos diferentes de
embarque e itinerários, com a finalidade de evitar o encontro
entre torcidas rivais e possíveis confrontos, replicando a medida
no centro da cidade e nos arredores do estádio;
Coleta de informações por parte de agentes
infiltrados nas torcidas e nos pontos turísticos;
Utilização de identificação biométrica, baseada
em bancos de dados de torcedores indesejados cadastrados
fornecidos pelas agências de segurança das nações
participantes, e
A disponibilização de agentes policiais treinados
para o controle de multidões e técnicas de supressão da
violência, em todas as áreas de risco.
4.3.16. Plano Específico de Segurança para os VIPs
Desenvolvido um plano específico e detalhado de segurança para os VIPs, o
qual foi implementado para as seguintes categorias:
A Delegação da FIFA;
As equipes;
Os jogos oficiais;
VIPs convidados, e
Executivos do Comitê de Organização Local.
Este plano específico atendeu às seguintes medidas:
A disponibilização de equipes de forças
especiais altamente treinadas, agentes de proteção
individual experientes de segurança privada, os quais
foram responsáveis diretos pela segurança e transporte de
VIPs e equipes durante todo o tempo;
Estratégia específica de segurança de
VIPs, em trânsito, na chegada, permanência e partida de
todos os estádios, instalações oficiais e nos demais
eventos e locais oficiais. Também incluiu o
acompanhamento por satélite dos veículos utilizados;
Escolta de veículos de emergência
policial;
Aplicação de um rigoroso processo de
controle de acessos às áreas ocupadas pelos VIPs;
Implementação e execução de “ilhas de
segurança” no local de realização dos eventos oficiais;
Varredura regular para detecção de
explosivos nos locais designados para os VIPs, em todos
os eventos oficiais;
Instalação de medidas eletrônicas de
segurança, CFTV para captação e armazenamento de
imagens, nas áreas freqüentadas pelos VIPs;
Desenvolvimento de estratégia de
proteção e segurança efetiva e eficaz, porém discreta para
que o nível de exposição fosse adequado à aceitação
pública.
4.3.17.Plano Específico de Segurança para Locais Especiais
4.3.18.Plano de Segurança para os Escritórios da FIFA e LOC
O completo levantamento de riscos e avaliação de segurança do escritório
central da FIFA e SAFA compôs plano específico de segurança para estes
locais, o qual incluiu as seguintes medidas:
Criação de uma “ilha de segurança” no local e
arredores, com emprego de efetivo policial e segurança
privada;
A implantação de restrito controle de acessos,
com a utilização de sistema eletrônico de verificação;
Utilização de sistema de CFTV com gravação
de imagens e sistema de identificação biométrica facial,
wireless e sistema de detecção de incêndios;
Uso de equipamento para detecção de metais
e máquinas de raio “X”;
Todas as visitas aos escritórios da FIFA e
LOC somente com agendamento prévio e monitoradas, e
Sistema de arquivo e armazenagem de
documentos à prova de fogo.
4.3.19.Plano de Segurança para a Central de Mídia
A Central de Mídia foi considerada local crítico e bastante sensível, pois reuniu
todos os veículos de comunicação disponíveis para exibição internacional do
evento.
Em abril de 2003, mais de 100.000 veículos automotores ficaram estacionados
durante duas semanas, participando de uma exibição internacional, e nenhum
deles foi roubado ou sofreu qualquer tipo de violação.
Todos os acessos à Central de Mídia, áreas de mídias dos estádios, locais de
treinamento e hotéis foram controlados pela aplicação de restrito sistema
automático de verificação de credenciais, o qual assegurou a integridade de
todos no processo.
Foram incluídas medidas adicionais de segurança ao sistema de
credenciamento, quais sejam:
Força policial presente em áreas de
concentração de mídia;
Controle de acessos e verificação de
pertences e equipamentos nas entradas dos locais
designados à mídia;
Policiais e segurança privada presentes nos
meios de transporte designados para atender o pessoal de
mídia formalmente credenciado, especialmente vans e ônibus
locadas, e
Policiais e segurança privada presentes em
todas as entrevistas coletivas de imprensa.
4.3.20.Plano de Segurança para os Parceiros Comerciais da FIFA
O Governo da África do Sul assumiu responsabilidade importante na vigilância
de propriedades intelectuais da FIFA: suas marcas, produtos, etc.
Esta responsabilidade obrigou o país a desenhar moderna legislação para
coibir ações que violassem os direitos da FIFA.
Aproveitando experiência anterior nesta área, a SAFA desenvolveu estratégia
para aplicação da legislação desenhada, e assim, garantir a integridade dos
direitos intelectuais da FIFA.
Para tanto, foram aplicadas as seguintes medidas:
Estabelecimento de uma equipe antipirataria,
estruturada para operar na linha de frente, coordenados por
uma divisão interna, a qual contou com a participação de um
policial especialista em crimes comerciais, Diretor de
Segurança da SAFA e representantes da FIFA.
As equipes que atuaram nos locais de
eventos foram apoiadas por outras que se utilizaram de dois
tipos de rádio comunicação;
Foi desenvolvido manual de procedimentos
para utilização por policiais e seguranças privados;
Deflagrada campanha de mídia educativa,
com a finalidade de alertar a população com relação às
conseqüências do comércio ilegal, e
O país adotou uma iniciativa nacional
antipirataria.
4.3.21.Segurança das Premiações do torneio
A Direção Local responsabilizou-se pela segurança e transporte de toda a
premiação do torneio, inclusive a Taça e as medalhas.
4.3.22.Eliminação de toda a Propaganda não Oficial
As autoridades locais garantiram a eliminação de qualquer propaganda não
oficial ou desalinhada com o requerido pela FIFA, em todos os locais de
eventos relacionados ao torneio, dez dias antes do início da Copa, até um dia
após seu término.
4.3.23.Segurança para os Eventos Oficiais
Estratégia específica de segurança foi desenvolvida para cada evento, e
recebeu a mesma importância destinada aos locais de competição.
Os sistemas de segurança implementados foram testados, auditados e
divulgados às partes interessadas.
Desenvolveu-se prática de sintonia fina entre as ações de segurança e a
preocupação em não produzir sensação de exagero na opinião pública.
4.3.24.Gerenciamento de Desastres
Cada local de evento recebeu certificado de proteção e plano completo de
gerenciamento de desastres, o qual incluiu procedimentos de evacuações e
planos de contingências múltiplas para todo tipo de emergência. Cada
comando local assegurou que os agentes públicos, seguranças privados,
serviços de emergência e voluntários de suas respectivas bases estivessem
cientes de todos os planos de gerenciamento de desastres elaborados.
4.3.25.Segurança Alimentar
Este é um aspecto muitas vezes negligenciado pela segurança, no caso da
África do Sul, recebeu uma especial atenção com a formação de um Comitê de
Saúde que envolveu: o Departamento de Saúde, autoridades de Segurança
Pública, Diretores de Segurança e autoridades locais e governamentais
envolvidas com assuntos relacionados à saúde.
Este Comitê garantiu que a regulamentação sobre saúde e higiene fosse
aplicada em todos os alimentos e bebidas oferecidos nos estádios, hotéis e
locais de eventos oficiais da FIFA.
O programa de segurança de higiene alimentar teve início doze meses antes
do evento e foi aplicado aos vendedores de alimentos e bebidas, fornecedores
credenciados dos estádios, dos hotéis, dos escritórios da FIFA e SAFA, e das
Centrais de Mídia.
O programa incluiu a inspeção dos seguintes tópicos:
Fontes dos alimentos;
Preparação;
Transporte;
Equipamentos dos fornecedores, e
Equipamentos de armazenagem e
refrigeração.
4.3.26.Plano de Segurança para os Hotéis das Delegações
Plano específico de segurança foi elaborado por Autoridades de Segurança
Pública, pelo Diretor de Segurança do Comitê de Organização Local e
Gerentes de Segurança dos Hotéis, para cada ponto de hospedagem das
delegações e da FIFA, o qual também incluiu os seguintes itens:
O estabelecimento de pequeno centro de
controle no hotel funcionando 24 horas;
Credenciamento e controle de acesso de
todos os funcionários do hotel;
Controle de acesso do público e medidas de
controle eletrônico de segurança, inclusive com utilização de
CFTV com gravação de imagens e identificação biométrica
facial;
Varreduras contra escutas, explosivos, e
demais objetos com potencial lesivo;
Balcões separados de check in para as
delegações de convidados da FIFA, e pavimento dedicado a
atender as necessidades da FIFA;
Auditamento da segurança alimentar;
Segurança pública reforçada no perímetro
dos hotéis, e
Aumento da ostensividade de proteção com
utilização de seguranças privados.
4.3.27.Segurança do Transporte Público
Completo plano de segurança para o transporte fez parte da estratégia.
O plano incluiu também os seguintes aspectos:
Triagem de motoristas e pilotos;
Credenciamento de veículos e motoristas;
Visível aumento da ostensividade policial nas
vias dos transportes públicos e rotas específicas para os
locais dos eventos oficiais e em todos os pontos de embarque
e desembarque.
4.3.28.Estratégia Anticorrupção
A África do Sul possui desenvolvido quadro legislativo e anticorrupção utilizado
na proteção a integridade dos códigos esportivos e grandes eventos do
esporte.
O objetivo do sistema foi garantir que nenhum jogador das partidas oficiais ou
outra personalidade considerada importante fossem expostos a qualquer
pessoa indesejada.
4.3.29.Terrorismo e Armas de Destruição de Massas
As estruturas do Sistema Nacional de Inteligência receberam a missão de
disseminar informações a toda a estrutura de segurança do país.
Foi disponibilizada uma força tarefa composta de unidades especiais de
segurança pública, com suporte aéreo, que permaneceu para pronto emprego,
em todos os locais de eventos, com a missão de promover ações de segurança
e proteção pró-ativas e reativas a eventuais ataques terroristas.
No mesmo sentido, a África do Sul, prudentemente, adotou uma conduta
internacionalmente reconhecida de reação a incidentes provocados por
agentes nucleares, biológicos ou químicos.
Agentes de Segurança Pública especializados e o Departamento Nacional de
Saúde, em conjunto com a Defesa Nacional, o Comitê Nacional de
Gerenciamento de Desastres e Serviços de Emergências Nacional, Regional e
Local foram treinados e equipados para atender a estes incidentes.
O Centro de Comando e Controle Nacional esteve preparado para gerenciar
incidentes ou tratar com terroristas, trabalhando em contato direto com o
Governo da África do Sul seguindo o protocolo nacional de proteção e
segurança e planos de contingência.
4.3.30.Assistência de Voluntários em Proteção e Segurança
A SAFA lançou um desenvolvido programa de voluntários. O objetivo foi
promover assistência amável e cordial ao público, e produzir atmosfera
amigável ao evento.
Por experiências anteriores em grandes eventos, o governo sul-africano
concluiu que a presença dos voluntários na linha de frente pode funcionar
como excelente fonte de informações para assuntos de proteção e segurança.
Coordenadores de voluntários tiveram assentos em todos os Centros de
Comando e Controle, e os voluntários receberam abrangente treinamento de
segurança, como um módulo particular de sua preparação para o evento.
Os voluntários também foram treinados nas seguintes áreas:
Ciência de todos os procedimentos para
controle de acessos e itens restritos para entrar nos estádios;
Agir como observadores locais para identificar
e localizar vendedores ambulantes e possíveis
comportamento indesejados;
Auxiliar as operações dos centros de
operações dos locais de eventos;
Oferecer assistência em diferentes línguas;
Prestar serviços dentro e fora dos locais de
eventos;
Atender as necessidades dos serviços
emergenciais de suporte;
Prestar serviços de suporte nos
estacionamentos;
Prestar serviços de suportes nos hotéis,
locais de eventos, aeroportos e traslados, e
Assistir aos espectadores nos centros de
informações e guarda-volumes de objetos restritos.
4.3.31.Comunicação Pública sobre as Questões de Segurança
Eficiente comunicação pública sobre as questões de proteção e segurança
foram fundamentais para a garantia de um ambiente tranqüilo e pacífico.
Campanhas seqüenciais de informações públicas foram conduzidas através de
mídias eletrônicas e sites oficiais, no período de preparação e no transcorrer do
torneio.
As campanhas também forneceram informações relacionadas aos seguintes
temas:
Sistema eletrônico de reserva de ingressos
pela internet;
Verificação automática de ingressos nos
estádios;
Termos e condições de venda de ingressos,
notadamente a impossibilidade de negociação de ingressos
comprados;
Lista de itens proibidos ou restritos nos
estádios, em dias de jogos da Copa do Mundo da FIFA;
Estratégia de prevenção à prática de venda
de objetos falsificados;
Regras genéricas dos estádios;
Orientações com relação ao itinerário a ser
utilizado em dias de jogos;
Ajustes em parques e áreas de trânsito a pé
em dias de jogos;
Locais de estacionamentos no perímetro dos
estádios, e
Rota dos espectadores para os estádios em
dias de jogos.
4.3.32.Planos de Segurança para os Locais das Partidas
Específico e altamente detalhado plano de segurança foi desenvolvido para
cada local de partida da Copa do Mundo 2010, na África do Sul.
A essência destes planos baseou-se em três anéis concêntricos de segurança
no perímetro de cada estádio:
O primeiro anel foi chamado de Zona de Alerta de
Tráfico, uma área onde a polícia separou e filtrou os pedestres
torcedores dos não torcedores, controlou o tráfico de veículos
permitindo a entrada apenas dos credenciados e certificou-se de que
apenas titulares dos ingressos acessassem o perímetro interno dos
arredores do estádio;
O segundo anel foi totalmente cercado por força
policial e permitiu Zona de Trânsito Livre numa semi “ilha de
segurança”. Foram utilizadas, internamente, barricadas de controle e
pesquisa de torcedores, e
O terceiro foi o perímetro interno do estádio. Foram
utilizados sistemas de controle e segurança eletrônicos,
automatizados e de última geração.
Os anéis de segurança foram claramente demarcados
em mapas e croquis nos arredores de cada estádio. Foram anexados
aos respectivos planos de segurança, sendo que, para os segundo e
terceiros anéis, também foram previstos os seguintes procedimentos
de segurança:
Efetivação do isolamento do estádio antes e durante as
partidas;
Planejamento de específico plano de tráfico nos
arredores de todos os locais de eventos;
Canalização de todos os espectadores;
Controle da multidão;
Certificação da segurança de todos os estádios;
Controle automático do número de ingressos e de
credenciados em todos os estádios para garantir o limite de público de
acordo com a capacidade segura oferecida;
Estabelecimento de sistema de pesquisa remoto, por
agentes de Segurança Pública, para a triagem dos veículos
credenciados e que necessitassem acesso temporário às áreas dos
estádios;
Varredura diária contra bombas e armas biológicas no
interior de cada estádio;
Reserva de espaço dedicado a veículos de emergência;
Estabelecimento de centro temporário de recepção de
espectadores indesejados;
Magnetômetros e inspeção completa de pertences de
todas as pessoas, em pontos de pesquisa no perímetro médio de cada
estádio;
Prescrição e rigoroso controle de itens proibidos ou
restritos;
Credenciamento de todos os membros da delegação da
FIFA, SAFA, jogadores, membros das delegações das equipes,
imprensa, fornecedores oficiais, membros de segurança do estádio
(público e privado), seguranças pessoais e voluntários;
Triagem de todas as pessoas credenciadas (exceto as
personalidades assim identificadas pela FIFA);
Credenciamento de todo o zoneamento ligado aos
estádios e seus arredores;
Pré venda de todos os ingressos (não venda de
ingressos em dias de jogos);
Nenhum assento sem reserva;
Recrutamento e preparação de suficiente,
adequadamente treinados e registrados agentes de segurança privada
para atuação no interior e fora dos estádios;
Competente e específico treinamento para todos os
agentes de segurança do estádio;
Disponibilização de suficientes, experientes e
especializados Agentes de Segurança Pública e pessoal de serviços de
emergência nos estádios;
Projeto específico de instalação de moderno e
totalmente equipado centro de comando e controle em cada estádio;
Desenho de efetiva estrutura de comunicação interna
capaz de interligar os executivos da SAFA com os atores do sistema de
proteção e segurança;
Instalação de sistema digital de CFTV para vigilância e
armazenamento de imagens;
Incorporação de sistema de reconhecimento biométrico
ao CFTV, com armazenamento de imagens para utilização em todos os
eventos da FIFA, inclusive nos estádios;
A utilização de policiais civilmente trajados, circulando
no interior e arredor dos estádios para observação e monitoração do
movimento dos espectadores;
Aplicação rigorosa, no interior e arredor dos estádios,
da legislação preparada para a proteção dos espectadores e parceiros
comerciais da FIFA;
Aplicação da estratégia preparada antipirataria no
interior e arredor dos estádios;
Aplicação de política de arma de fogo no interior e
arredor dos estádios;
Plano de gerenciamento de desastres em todos os
estádios;
Segurança alimentar;
Estratégia de comunicação pública;
Instalação de um sistema de segurança no campo de
jogo e seu perímetro conforme acordado com a FIFA;
Criação e aplicação de zona de tráfico aéreo;
Aplicação de protocolo de acesso de veículos no interior
dos estádios;
Segurança de todos os veículos de comunicação,
pessoal de mídia e seus equipamentos nos estádios, e
Segurança de todos os pontos de controle de acessos
dos estádios.
4.3.33.Centro de Operações Locais
Centros de Operações Locais funcionaram permanentemente, com as
seguintes características:
Posicionados em locais de ampla visão de todo o
estádio, com complementação de visão externa e de pontos
potencialmente cegos;
Equipados com meios eletrônicos de observação
de multidão, permitindo visão detalhada de todas as zonas
demarcadas internas e externas dos estádios;
Equipados com aparelhagem de som capaz de
transmitir mensagens ao público;
Integrados pelas seguintes personalidades:
Membro da FIFA;
Membro da SAFA;
Diretor de Segurança da SAFA;
Autoridade de Segurança Pública;
Gerente do Estádio;
Agente de Segurança do Estádio;
Coordenador dos voluntários;
Coordenador da estratégia antipirataria
Representante legal da SAFA’;
Representante legal de Segurança
Pública;
Representante da Polícia Metropolitana;
Serviço de saúde da África do Sul;
Representante do Corpo de Bombeiros;
Representante do Resgate;
Representante do Departamento Nacional
de Saúde;
Gerente da Segurança Privada, e
Representante do gerenciamento de
desastres.
4.3.34.Controle de Estacionamentos
Estabelecidas áreas de estacionamento seguras no perímetro dos estádios
para atendimento de convidados VIPs, mídia credenciada, parceiros
comerciais, FIFA, agentes do torneio e do estádio e portadores de
necessidades especiais.
O acesso foi permitido com credenciamento prévio, o qual foi certificado com a
emissão de credencial a ser afixada no pára-brisa dos veículos, em sua parte
interna.
Todas as áreas de estacionamento foram protegidas por agentes de
Segurança Pública e Privada, e atendimento por grande número de voluntários.
Conforme protocolo de prevenção a ataques com explosivos, nenhum veículo
pode estacionar em até 100 metros dos estádios sem que sofresse uma
detalhada varredura.
4.3.35.Pesquisa Remota de Estacionamentos
A pesquisa remota de estacionamentos foi aplicada por agentes de Segurança
Pública para a triagem de veículos sempre que necessário, para checar
automóveis, seus ocupantes e cargas para entrar na zona livre de tráfego.
Protegido por uma cerca de dois metros, o setor de pesquisa remota esteve
equipado com máquina de raio “X “ capaz de detectar explosivos,
magnetômetros, cães farejadores e rampa.
4.3.36.Estádios Isolados
Os estádios foram considerados isolados, ou seja, livres de ameaças, duas
semanas antes do início da Copa do Mundo. Agentes de Segurança Pública,
apoiados por seguranças dos estádios, controlaram todo o processo.
4.3.37.Segurança do Campo de Jogo
Os campos de jogos estiveram protegidos o tempo todo. As medidas de
proteção também incluíram:
A utilização de agentes de segurança ao redor
do campo de jogo.
Posicionamento a intervalos de 10 metros de
forma tal que, em nenhuma situação, prejudicasse a assistência
do público;
Rigoroso controle de acesso ao interior do
campo de jogo, e
Preparação de legislação específica, impressa
nos ingressos, com previsão de penalidades, inclusive prisão,
para coibir invasões aos campos de jogos.
4.3.38.Segurança dos Jogadores e Equipamentos Oficiais das Partidas
Nos locais reservados aos jogadores e equipamentos das partidas, também
foram adotadas as seguintes medidas de segurança:
Rigoroso controle de acesso;
Monitoramento por CFTV;
Utilização de uma Força Especial de Segurança
Pública e seguranças pessoais com comunicação direta com os
Centros de Controle;
4.3.39.Segurança dos Difusores de Comunicação dos Estádios
Medidas específicas foram aplicadas para garantir a proteção e segurança de
todos os equipamentos, e também incluíram:
Instalação de cerca ao redor dos equipamentos
de comunicação de todos os estádios;
As áreas destinadas aos equipamentos de
comunicação foram instaladas com único local de acesso, seguro
e controlado eletronicamente;
Rigorosa verificação de visitantes às áreas
destinadas aos componentes;
Monitoramento por câmera 24 horas;
Patrulhas de segurança por 24 horas;
Utilização de agentes de segurança, e onde
fosse necessária a instalação de cercas para garantir a
integridade dos equipamentos de televisão, e
Proteção aproximada das equipes de televisão.
4.3.40.Proteção dos Arredores dos Estádios
Experientes profissionais de Segurança Pública promoveram a proteção e
segurança dos arredores dos estádios. Houve a previsão de apoio por parte de
seguranças privados recrutados e treinados para este fim.
O Diretor de Segurança da SAFA responsabilizou-se por garantir a qualidade
do serviço dos seguranças privados, adotando uma rigorosa busca dos
seguintes ajustes:
O Diretor de Segurança especificou as políticas
de segurança para cada estádio a ser provida por serviço de
segurança;
Todos os serviços de segurança dos estádios
foram contratados pela SAFA, através de abrangente contrato de
ajustamento;
O Diretor de Segurança da SAFA ficou
encarregado de preparar instrução abrangente aos prestadores
de serviço de segurança e seus dirigentes, durante o
planejamento da segurança da Copa;
O Diretor e Segurança da SAFA, periodicamente,
foi encarregado de efetuar auditoria dos serviços de segurança
previstos, checar a observância com a legislação nacional, em
particular o devido registro, treinamento e o pagamento dos
salários legais, e
O Diretor de Segurança foi encarregado de
verificar especialmente o seguinte:
Todos os planos de segurança dos
estádios, notadamente os desenvolvidos pelos agentes de
segurança para cada partida;
Planos de contingências;
Descrição funcional de cada agente de
segurança;
O código de conduta de cada serviço de
segurança previsto;
Todos os equipamentos de segurança,
especialmente os rádios de comunicação, os códigos de
comunicação por cores e os uniformes utilizados pelos
agentes;
As escalas dos agentes de segurança,
com número e posicionamento de todos.
4.3.41.Segurança dos Patrocinadores Oficiais e Sítios de Hospedagem
Corporativa
O Diretor de Segurança da SAFA foi o responsável por garantir que os
provedores de hospedagem corporativa desenvolvessem abrangente plano de
proteção e segurança aplicável a todos os sítios de hospedagem, e
complementasse totalmente o anteprojeto de proteção e segurança da FIFA
para este fim.
Referência específica foi elaborada para integrar o gerenciamento de
desastres, segurança alimentar, saúde ocupacional, certificado de proteção,
credenciamento, controle de acesso dos estádios e aspectos dos centros de
controle e comando.
4.3.42.Tráfico Aéreo – Zonas Bloqueadas para Vôos
O Governo Sul-africano compilou e executou abrangente estratégia de defesa
para a Copa de 2010.
O Comitê Nacional de Segurança de Vôo, em cooperação com agentes de
Segurança Pública e autoridades da aviação civil, declararam e aplicaram a
regulamentação dos quadrantes do espaço aéreo ou áreas bloqueadas para
vôos em todos os estádios em dias de jogos e nas cerimônias de abertura e
encerramento do torneio.
As áreas bloqueadas para vôos estenderam-se ao escritório central da FIFA
durante toda a realização da Copa do Mundo.
Aeronaves utilizadas no apoio às operações de segurança foram liberadas, e
não precisaram atender às proibições de vôos prescritas.
4.3.43.Zonas de Pousos de Helicópteros de Emergência
Foram designadas zonas de pouso de helicópteros de emergência em todos os
estádios, para atendimento das Forças de Segurança Pública e serviços de
emergência.
4.3.44.Política de Arma de Fogo em Estádios
Todos os estádios e locais de eventos da FIFA, durante toda a realização do
torneio, foram declarados zonas de proibição de armas de fogo. Esta política foi
rigorosamente aplicada pela Segurança Pública e estendeu-se a todas as
pessoas que acessaram os estádios e eventos oficiais da FIFA. Esta medida
incluiu os agentes de segurança pessoal e todos os membros de segurança
dos estádios.
A única exceção a esta regra foram alguns agentes de Segurança Pública,
incluindo membros de proteção dos VIPs e unidades de forças especiais.
Todos os membros que portaram armas de fogo foram requeridos a declará-las
num registro especial elaborado para este fim.
4.3.45.Bebida Alcoólica nos Estádios
O controle de distribuição e venda de bebida alcoólica dentro dos estádios é
fundamental para o estabelecimento e manutenção do controle apropriado da
multidão.
Enquanto organizadores de muitos eventos internacionais agora defendem a
proibição de álcool dentro dos estádios, há pessoas na África do Sul afirmando
que esta política não é necessária.
Primeiro, se uma cervejaria tornar-se parceira comercial da FIFA, é possível
que a Companhia retenha os direitos de comercializar e distribuir seus produtos
em todos os estádios.
Segundo, isto poderia revelar dificuldade na proibição de bebida alcoólica aos
espectadores nas instalações desportivas; e, se este é o caso, seria incoerente
a proibição de álcool em outras áreas.
Finalmente, a política de consumo de álcool nos estádios foi decidida em
conjunto com altos representantes da FIFA, e seguiu as seguintes medidas:
Proibida a venda de vinhos e destilados dentro
dos estádios;
Venda de cervejas permitidas somente em
alguns momentos;
Venda de cervejas somente em copos plásticos;
“Tolerância zero” com torcedores bêbados;
Espectadores em camarotes não foram
autorizados a consumir bebida alcoólica nos balcões;
Padronização de conduta no transcorrer de todo
o torneio;
Espectadores não foram autorizados a levar sua
própria bebida para o interior dos estádios.
4.3.46.Segurança para os Portadores de Necessidades Especiais
Todos os estádios ofereceram espaço e facilidades aos portadores de
necessidades especiais. No plano específico desenvolvido, também estavam
previstos: credenciamento prévio, organização e garantia de transporte,
estacionamento, acessos, pontos de desembarque e assistência por
voluntários.
4.3.47.Instalações Médicas nos Estádios
Atendimento médico e previsão de serviço de emergências médicas
compuseram o primeiro item de requisitos impostos pela FIFA. Para atender
esta exigência, a SAFA facilitou o estabelecimento de um Comitê de Saúde,
sob coordenação do Departamento Nacional de Saúde. Experiências
adquiridas em grandes eventos anteriores permitiram a formulação de
estratégia de atendimentos iniciais para todo o torneio.
Neste sentido, foi possível o desenvolvimento de médicos, especialidades
médicas, equipamentos avançados para tratamentos e emergências e o
estabelecimento temporário de hospitais que garantiram o bem estar de todas
as equipes participantes, personalidades credenciadas, VIPs e espectadores
dos estádios.
Os locais das instalações médicas para os jogadores e demais pessoas, nos
estádios, foram formalmente previstos e desenhados nas plantas dos estádios.
Complementarmente, equipamentos especiais de atendimento a casos graves
e helicópteros de emergências médicas permaneceram à disposição em cada
estádio, nos dias de jogos.
As quantidades de médicos, ambulâncias, veículos de paramédicos e demais
veículos de emergências atingiram os mais elevados padrões internacionais.
4.3.48.Segurança do Procedimento Anti-Doping
A integridade dos procedimentos antidrogas foi rigorosamente mantida em
todos os estádios, houve atenção especial na condução e armazenamento das
amostras de sangue e urina.
As medidas de segurança nesta área foram as seguintes:
Vigilância por CFTV com armazenamento de
imagens, nos acessos, rotas de saídas e nas proximidades das
salas de controle de doping;
Previsão de agentes de segurança para a
escolta das pessoas envolvidas no transporte e manuseio das
amostras, e
Rigoroso procedimento de controle de acessos.
4.3.49.Instalações Físicas e Equipamentos Eletrônicos dos Estádios
A qualidade das instalações e quantidade de equipamentos eletrônicos foram
uniformes em todos os estádios. A Diretoria de Segurança da SAFA trabalhou
juntamente com o Comitê de Modernização dos Estádios, para garantir que as
necessárias medidas fossem identificadas e executadas.
Cada estádio foi equipado para oferecer o seguinte:
Barreiras permanentes e temporárias de
demarcação nos três anéis de proteção previstos nos perímetros
dos estádios;
Detectores de metais, manuais e fixos, para
fiscalização de todos os espectadores;
Máquinas de raio ”X” com esteiras;
Controle eletrônico de conferência dos ingressos
e saídas, ligados ao banco de dados do centro de comando e
controle local;
Sistema de controle eletrônico de acessos e
saídas para todos os pontos;
Sistema de CFTV com armazenamento de
imagens, que cobriu todas as dependências do estádio, incluindo
os pontos de controle de acesso, pesquisa de espectadores,
outros pontos de entrada e saída, visão geral da área e rotas de
acessos primários ao estádio;
Sistema de reconhecimento biométrico, utilizado
em conjunto com o CFTV para garantir que pessoas indesejadas,
constantes no banco de dados destinado a este fim,
ingressassem no perímetro dos estádios durante todo o torneio;
Sistema de segurança no campo de jogo, e
Barreiras físicas delimitando os quatro
quadrantes de posicionamento dos espectadores, com a
finalidade de separar e evitar confrontos entre torcidas rivais.
4.3.50.Separação de Torcidas nos Estádios
Este conceito foi estranho para o futebol sul-africano, pois não há indicadores
de confrontos entre torcedores em suas partidas, mas houve reconhecimento
da fundamental importância da adoção de medidas visando separar opositores
antes e durante os confrontos da Copa do Mundo.
A Diretoria de Segurança da Organização Local do Evento elaborou estratégia
integrada de separação de torcidas. Contou com a participação dos
planejadores de gerenciamento de transportes, representantes da Segurança
Pública e desenvolvedores do sistema de ingressos das partidas.
As separações já foram impostas logo nas rotas dos meios de transporte para
chegada e saída dos estádios, nos trechos percorridos a pé e nas
arquibancadas.
4.3.51.Treinamento de Proteção e Segurança
Em muitos aspectos, a efetiva execução do abrangente conceito de proteção e
segurança dependeu da qualidade e padrões dos agentes de Segurança
Pública e Privada utilizados para a implementação da estratégia.
Pensando nisso, cada passo e cada medida foram adotados no sentido de
garantir a integração do serviço público, privado e seguranças pessoais, e que
todos recebessem os melhores treinamentos disponíveis no mundo.
Os experientes agentes de Segurança Pública, atuantes em grandes eventos,
foram submetidos a treinamentos específicos com ênfase nos aspectos de
relações públicas voltados à segurança.
As empresas de segurança privada foram rigorosamente regulamentadas.
Visando atender à estratégia de proteção e segurança da Copa do Mundo
2010, os mais altos padrões de seleção foram exigidos para o recrutamento
dos agentes.
Todos os agentes de segurança em potencial passaram por treinamento
específico nos anos que antecederam o evento; e, exaustivamente, receberam
comunicados com novas orientações a respeito do trabalho.
4.3.52.Indenizações
A SAFA e o governo sul-africano responsabilizaram-se por incidentes e
acidentes relacionados à proteção e segurança, e garantiram a inexistência de
ação regressiva contra a FIFA.
A SAFA e representantes do governo sul-africano (nacional, provincial e local)
garantiram eventuais indenizações, isenções e defesa dos direitos, parceiros
comerciais e de difusão da FIFA, contra todas as responsabilidades,
obrigações, danos, perdas, reclamações, demandas, reconvenções, custos ou
despesas (incluindo honorários advocatícios), que pudessem eventualmente
sofrer resultantes ou decorrentes de qualquer incidente ou acidente vinculados
à proteção e segurança no transcorrer da Copa do Mundo FIFA 2010.
A Copa do Mundo da FIFA 2010 na África do Sul não só foi protegida e segura,
mas decididamente amigável.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em 2010, pela primeira vez na história recente da Copa do Mundo FIFA de
Futebol, o torneio ocorreu em uma região do mundo que enfrenta sérios
problemas sociais e, até como decorrência, de segurança.
A experiência africana na organização da Copa do Mundo de 2010, na África
do Sul, os problemas enfrentados, os sucessos, as falhas, servem, por isso,
como indispensável subsídio para os planejadores brasileiros da Copa do
Mundo de 2014.
Assim, o presente trabalho procurou estudar todas as principais providências
adotadas para a realização da Copa da África do Sul, bem como os principais
incidentes que ameaçaram a segurança do evento, como contribuição para o
sucesso da Copa do Mundo FIFA de Futebol de 2914, no Brasil.