crescimento de mudas de cajueiro anÃo precoce fertirrigadas com esgoto domÉstico tratado
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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E
TECNOLÓGICAS
CURSO DE ENGENHARIA AGRONOMICA
LUCAS RAMOS DA COSTA
CRESCIMENTO DE MUDAS DE CAJUEIRO ANÃO PRECOCE FERTIRRIGADAS COM
ESGOTO DOMÉSTICO TRATADO
MOSSORÓ – RN
2012
LUCAS RAMOS DA COSTA
CRESCIMENTO DE MUDAS DE CAJUEIRO ANÃO PRECOCE FERTIRRIGADAS COM
ESGOTO DOMÉSTICO TRATADO
Monografia apresentada à Universidade Federal
Rural do Semi-Árido – UFERSA, Departamento de
Ciências Ambientais e Tecnológicas para a obtenção
do título de Engenheiro Agrônomo.
Orientador: Prof. D. Sc. Marcelo Tavares Gurgel –
UFERSA.
MOSSORÓ – RN
2012
Ficha catalográfica preparada pelo setor de classificação e catalogação da
Biblioteca “Orlando Teixeira” da UFERSA
Bibliotecária:
Vanessa de
Oliveira Pessoa
CRB15/453
C837c Costa, Lucas Ramos da.
Crescimento de mudas de cajueiro anão precoce
fertirrigados com esgoto doméstico tratado. / Lucas Ramos
da Costa. -- Mossoró, 2012.
46 f.: il.
Monografia (Graduação em Agronomia) – Universidade
Federal Rural do Semi-Árido.
Orientador: Msc. Marcelo Tavares Gurgel
Co-orientador: Dsc. Rafael Oliveira Batista
1. Anacardium Occidentale L. 2.Reuso de água.
3.Tratamento de resíduos. I. Título.
CDD: 634.573
LUCAS RAMOS DA COSTA
CRESCIMENTO DE MUDAS DE CAJUEIRO ANÃO PRECOCE FERTIRRIGADAS COM
ESGOTO DOMÉSTICO TRATADO
Monografia apresentada ao Departamento de
Ciências Ambientais e Tecnológicas para a obtenção
do título de Engenheiro Agrônomo.
APROVADA EM: 25 / 10 /2012
BANCA EXAMINADORA
Profº. D. Sc. Marcelo Tavares Gurgel – UFERSA.
Presidente
Profº. D. Sc. Rafael Oliveira Batista – UFERSA.
Primeiro Membro
Eng
o Agrônomo Andygley Fernandes Mota - UFERSA
Segundo Membro
OFEREÇO
A meus pais Elias Paula da Costa e Lucimar da
Fonseca Ramos, pelo carinho esforço dedicado
nessa caminhada árdua de estudo e pesquisa.
À Maria Ester da Costa, minha avó, a quem eu
chamo carinhosamente de mãe, que não mediu
esforços em incentivar a minha formação escolar e
acadêmica aquela que sempre nos momentos de
tensão mostrou-se forte para me ajuda a vencer as
barreiras da vida.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela minha fé, pela minha família, pelos meus amigos, pela minha saúde elementos
essenciais na luta para vencer meus desafios.
Aos pais, Lucimar da Fonseca Ramos e Elias Paula da Costa, pelos ensinamentos dedicados com
muito amor e carinho, me mostrando sempre a importância da educação sempre me guiando pelos
caminhos que levam o homem a crescer dignamente.
Aos meus irmãos Luciano Ramos da Costa e Luciney Ramos da Costa avós, tios e primos por todo
amor, carinho e atenção, e estando sempre presentes ao meu lado orando a Deus pelo meu sucesso.
Quero aqui expressar meus votos de gratidão a minha família de Mossoró que mesmo não me
conhecendo bem, posicionou-se de forma admirável para me ajudar nestes anos de luta e vitórias,
em especial a tia Eurides que com sua calma ensinou-me o valor da compreensão, sou grato a Deus
por que ele colocou a Vanessa, João, Vânia e o Amon, dentro outros os quais se fosse aqui elencar
faltariam páginas a serem escritas.
Ao professor Marcelo Tavares Gurgel e ao professor Rafael Oliveira Batista, por todos os
conhecimentos repassados, pela paciência, pela atenção e pela dedicação que tiveram ao me
orientarem neste trabalho e guiar a minha formação acadêmica e pessoal.
Aos nossos demais professores, por toda dedicação ao nosso aprendizado, em especial aos
professores Jeane Cruz Portela, Maria Auxiliadora, Nildo Dias, Miguel Ferreira Neto, que fizeram a
diferença em nosso curso.
Ao PIBIC pela oportunidade de ingressar nas atividades de iniciação científica.
Enfim, a todos que direta ou indiretamente contribuíram para alcançar todos os meus objetos, meus
mais sinceros agradecimentos.
RESUMO
O uso de esgoto doméstico tratado na agricultura é uma alternativa viável na preservação
dos recursos hídricos. Nesse contexto, o presente estudo objetivou avaliar o desenvolvimento de
mudas de cajueiro anão precoce (clone CCP76) mediante a fertirrigação com esgoto doméstico
tratado. O experimento foi conduzido em casa de vegetação com cobertura de polietileno
pertencente ao Departamento de Ciências Ambientais de Universidade Federal Rural do Semiárido-
UFERSA, O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados com cinco
tratamentos e cinco repetições. Os tratamentos empregados foram os seguintes: T1 (100% esgoto
doméstico tratado); T2 (75% esgoto doméstico tratado+ 25% água de abastecimento); T3 (50%
esgoto doméstico tratado + 50% água de abastecimento); T4 (25% esgoto doméstico tratado + 75%
água de abastecimento) e T5 (100% de água de abastecimento – testemunha). Foram realizadas
quatro avaliações de crescimento a cada 10 dias após a germinação (DAG) sendo avaliados os
seguintes parâmetros: diâmetro do caule, número de folhas, comprimento da parte aérea e do
sistema radicular, massa fresca e seca da parte aérea e do sistema radicular. As plantas irrigadas
com a dosagem de 25% de água de esgoto doméstico + 75% de água de abastecimento (T4) foi
onde obteve-se melhor desempenho quanto ao crescimento das mudas de cajueiro. A maioria das
variáveis não foram afetadas negativamente, exceto a matéria seca da raiz e área foliar durante o
período de estudo. O uso do esgoto doméstico tratado pode ser uma alternativa para o cultivo de
mudas do clone de cajueiro CCP76.
Palavras-chave: Anacardium occidentale L. Reuso de água, Tratamento de resíduos.
ABSTRACT
The use of treated wastewater in agriculture is a viable alternative in the preservation of
water resources. In this context, the present study aimed to evaluate the development of dwarf
cashew seedlings (clone CCP76) through fertigation with treated domestic sewage. The experiment
was conducted in a greenhouse covered with polyethylene belonging to the Department of
Environmental Sciences of the Universidade Federal Rural Semiárido-UFERSA, The experimental
design was a randomized block with five treatments and five replications. The treatments were: T1
(100% treated domestic sewage), T2 (75% treated domestic sewage + 25% water supply), T3 (50%
treated domestic sewage + 50% water supply) and T4 (25% sewage + 75% treated domestic water
supply) and T5 (100% water supply - control). There were four growth evaluations every 10 days
after germination (DAG) with the following parameters: stem diameter, number of leaves, shoot
length and root, fresh and dry weight of shoot and root. Plants irrigated with a dosage of 25% of
domestic sewage water + 75% water supply (T4) was where we obtained better performance and
growth of seedlings of cashew. Most variables were not adversely affected, except the root dry
matter and leaf area during the study period. The use of treated wastewater can be an alternative for
growing seedlings of cashew clone CCP76.
Keywords: Anacardium occidentale L. water reuse, waste treatment.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Produtividade média de algumas culturas irrigadas com água limpa e fertirrigadas com
distintas águas residuárias ................................................................................................................. 21
Tabela 2 - Análise física do solo ....................................................................................................... 26
Tabela 3 - Análise química do solo ................................................................................................... 26
Tabela 4 - Composição química da água de abastecimento utilizada nos tratamentos ..................... 27
Tabela 5 - Composição físico- química do efluente residual utilizado nos tratamentos ................... 27
Tabela 6 – Valores médios do diâmetro do caule, altura da planta, número de folhas, matéria seca da
raiz, matéria secada parte aérea, aérea foliar, matéria seca da raiz, matéria fresca da parte área ..... 30
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Imagem da estufa destinada a implantação do experimento com o clone do cajueiro CPP
76 ....................................................................................................................................................... 25
Figura 2 - Posição da castanha no semeio e profundidade de semeio .............................................. 28
Figura 3 - Altura de plantas de cajueiro anão precoce em função da irrigação com combinações da
água de origem doméstica com a de abastecimento ......................................................................... 31
Figura 4 - Número de folhas de cajueiro anão precoce em função da irrigação com combinações da
água de origem doméstica com a de abastecimento ......................................................................... 32
Figura 5 - Área foliar de cajueiro anão precoce em função da irrigação com combinações da água de
origem doméstica com a de abastecimento ....................................................................................... 34
Figura 6 - Diâmetro do caule de cajueiro anão precoce em função da irrigação com combinações da
água de origem doméstica com a de abastecimento ......................................................................... 34
Figura 7 - Matéria fresca e seca da parte aérea de cajueiro anão precoce em função da irrigação com
combinações da água de origem doméstica com a de abastecimento ............................................... 36
Figura 8 - Matéria fresca e seca da raiz de cajueiro anão precoce em função da irrigação com
combinações da água de origem doméstica com a de abastecimento ............................................... 38
SIGLAS E ABREVIATURAS
ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas
ACC- Amêndoa da Castanha do Caju
CNPq- Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CONAMA- Conselho Nacional de Meio Ambiente
DBO- Demanda Bioquímica de Oxigênio
DAG- Dias Após a Germinação
EMBRAPA- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
LCC- Líquido da Castanha do Caju
pH – Potencial de Hidrogênio
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 14
1.1OBJETIVOS ................................................................................................................................ 16
1.1.1 objetivo geral .......................................................................................................................... 16
1.1.2 objetivo específico ................................................................................................................... 16
2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................................... 17
2.1 CARACTERÍSTICAS AGRONOMICAS E IMPORTANCIA DA EXPLORAÇÃO DO
CAJUEIRO ....................................................................................................................................... 17
2.2 Impactos ambientais causados pelos esgotos domésticos ...................................................... 19
2.3 Tratamentos de esgotos domésticos ............................................................................................ 20
2.4 Reuso da água ............................................................................................................................ 21
2.5 Legislação aplicada ao reuso da água ....................................................................................... 22
3 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................................ 25
3.1 CARACTERIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DA ÁREA EXPERIMENTAL ............................. 25
3.2 Delineamento experimental ...................................................................................................... 26
3.3 Condução do experimento .......................................................................................................... 26
3.4 Coleta dos dados e variáveis analisadas .................................................................................... 28
3.5 Análise estatística ....................................................................................................................... 29
4 RESULTADOS E DISCUSÃO ................................................................................................... 29
4.1 ALTURA DE PLANTA ............................................................................................................. 30
4.2 Número de folhas ...................................................................................................................... 31
4.3 Área foliar ................................................................................................................................... 33
4.4 Diâmetro do caule ...................................................................................................................... 34
4.5 Matéria fresca e seca da parte aérea.......................................................................................... 35
4.6 Matéria fresca e seca da raiz ...................................................................................................... 37
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 39
6 REFERENCIAS ........................................................................................................................... 40
14
1 INTRODUÇÃO
O cajueiro (Anacardium occidentale L.) é uma planta tropical, originária do Brasil,
dispersa em quase todo o seu território. A Região Nordeste, com uma área plantada superior a
650 mil hectares, responde por mais de 95% da produção nacional, sendo os estados do Ceará,
Piauí, Rio Grande do Norte e Bahia os principais produtores, para o semiárido nordestino, a
importância é ainda maior, pois os empregos do campo são gerados na entressafra das culturas
tradicionais como milho, feijão e algodão, reduzindo, assim, o êxodo rural (MONTENEGRO
et al., 2003).
A escassez de recursos naturais é um fator limitante ao desenvolvimento econômico e
social de uma região. A agricultura é reconhecidamente a atividade humana que mais
consome água, em média 70% de todo o volume captado, destacando-se a irrigação como
atividade de maior demanda (CHRISTOFIDIS, 2001).
Observando-se que na região semiárida do Nordeste do Brasil a água é um fator limitado e
escasso, faz-se necessário o aproveitamento adequado dos esgotos domésticos com
possibilidades de assegurar e incrementar a produção agrícola resultando em uma fonte
alternativa de água, matéria orgânica e nutriente, contribuindo assim, para a preservação do
meio ambiente. Isto representa um meio promissor na produção de mudas frutíferas de
qualidade e com baixo custo, criando assim, uma opção para o uso dessa água.
Segundo a Associação Brasileira das Normas Técnicas (ABNT) no Brasil a prática do
reuso de água, principalmente para fertirrigação de hortaliças e de algumas culturas
forrageiras, é de certa forma, difundida. Entretanto, constitui-se um procedimento ainda não
institucionalizado e se tem desenvolvido, até agora, sem nenhuma forma de planejamento e
controle.
No entanto, faz-se necessário a realização de trabalhos experimentais que possam
estabelecer uma política de reuso em escala real, que aponte condições viáveis, para
transformar esse potencial em realidade, selecionando as culturas e as práticas de manejo que
maximizem o benefício, levando-se em consideração sempre à realidade do homem
(BRASIL, 1999). Além disso, o reuso de água para a irrigação é uma prática amplamente
estudada e recomendada por diversos pesquisadores como alternativas viáveis para suprir as
necessidades hídricas e, em grande parte, nutricionais das plantas (HERPANHOL, 2003;
CAPRA ; SCICOLONE, 2007; HERPIN; ALVES, 2007).
Segundo Van Der Hoeket al. (2002), os maiores benefícios do uso de esgotos domésticos
15
para fins agrícolas residem na conservação da água disponível e na possibilidade de aporte e
ciclagem de nutrientes (reduzindo a necessidade de fertilizantes químicos), concorrendo para
a preservação do meio ambiente.
O efeito fertilizante das águas residuária já foi comprovado em inúmeros estudos e em
várias culturas como o algodão (FERREIRA et al., 2005; FILHO et al., 2005), plantas
forrageiras (AZEVEDO et al., 2007), cafeeiro (MEDEIROS et al., 2008), horticultura
(BAUMGARTNER et al., 2007; SANDRI et al., 2006), mudas de espécies florestais
(AUGUSTO et al., 2003) e na fruticultura (REGO; JOSEFA, 2005).
Em estudo realizado com mudas de caju, Lima et al. (2001) evidenciou que o
desenvolvimento de mudas de cajueiro com diferentes substratos e formulações minerais
estão tendo resultados satisfatórios, tendo em vista, que um bom substrato precisa oferecer
características químicas e físicas para favorecer um excelente desenvolvimento das mudas.
Entretanto, na maioria deles, são incorporados aos substratos nutrientes minerais, visando
suprir a demanda das plantas. Nesse sentido, a relevância desse trabalho com a utilização de
águas residuárias para fertirrigação de mudas pode suprir a necessidade nutricional, reduzindo
o uso de adubos minerais.
16
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 OBJETIVO GERAL
O presente estudo tem como objetivo geral analisar o crescimento de mudas de cajueiro
anão precoce clone CCP76 mediante aplicação de distintas dosagens de esgoto doméstico
tratado em Mossoró-RN.
1.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Observar os efeitos do uso do esgoto doméstico tratado sobre as características diâmetro do
caule, número de folhas, comprimento da parte aérea e do sistema radicular, massa fresca e
seca da parte aérea e do sistema radicular mediante distintas dosagens de esgoto doméstico
tratado.
Obter uma dose ideal do esgoto doméstico tratado para o cultivo de mudas de cajueiro.
17
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS E IMPORTÂNCIA DA EXPLORAÇÃO DO
CAJUEIRO
O cajueiro, pertence à família Anacardeácea é uma fruteira tropical encontrada em estado
nativo, na faixa litorânea do Ceará, sendo cultivada extensivamente para fins industriais. A
espécie mais conhecida e cultivada é o cajueiro conhecido como Anacardium occidentale L.
O cajueiro - anão – precoce, atualmente é o tipo mais plantado, é uma planta de porte baixo,
cuja altura não ultrapassa 6m, possuindo envergadura de 6 a 8 m, além do porte o que
diferencia os dois tipos de cajueiro são a rapidez e a duração no período de floração e
frutificação, desta forma a planta de caju anão-precoce inicia o florescimento no primeiro ano
de plantio e apresenta um período de frutificação de 6 a 7 meses.
A raiz da planta de caju apresenta um sistema muito vigoroso, com raiz pivotante bastante
desenvolvida podendo passar dos 10 m de profundidade, as raízes secundárias encontra-se nos
primeiros 0,3 m da profundidade no solo e são essas as responsáveis de absorverem os
nutrientes e a água para a planta.
Normalmente o caule apresenta-se ereto, entretanto devido as condições de solo, o caule
pode ser muito curto e desenvolver ramificações ao nível do solo resultando em plantas do
tipo rastejante, o caule do cajueiro – anão – precoce ramifica-se próximo ao solo, formando
uma copa mais compacta.
As folhas são do tipo simples, caducas ( caem todos os anos), alternas, glabras (sem pelos),
com pecíolo curto e com aspecto de couro, podem medir entre 10 a 20 cm de comprimento e 6
a 12 cm de largura, são ovaladas, onduladas e com nervura saliente. As folhas novas têm
coloração roxa- avermelhada que se torna verde- amarelada com o avanço da idade da planta.
No cajueiro encontraram-se dois tipos de flores, uma do tipo masculina, outra feminina e
hermafrodita agrupadas em inflorescência do tipo panícula sendo do tipo terminais,
pedunculadas, de diversos tamanhos e bastante ramificadas. As flores são pequenas de cor
branca por ocasião da abertura, tornando-se, em seguida pálodo-avermelhadas, a floração
inicia-se no final das chuvas a duração da floração e no cajueiro - anão – precoce.
O fruto verdadeiro do cajueiro e a castanha, sendo deste modo a maçã um “falso fruto” ou
pseudofruto, resultante do desenvolvimento anormal do pedúnculo da flor, a castanha é um
fruto seco, chamado de aquênio, de aspecto reniforme de peso e tamanho variáveis, de cor
cinza ou verde acinzentada, com superfície lisa e composta por casca, película e amêndoa.
18
A amêndoa é a parte comestível da castanha, composta por duas partes iguais carnosas e
oleosas, de cor marfim e revestidas por uma película avermelhada, a castanha do cajueiro-
anão- precoce representa 6 a 9 % do peso co caju e a amêndoa, 26 a 30% do peso da castanha
Centec (2004).
O cajueiro é plantado em todo o território brasileiro. Deste modo, a sua importância
socioeconômica destaca-se no Nordeste, tendo como estados mais privilegiados o Ceará, Piauí
e Rio Grande do Norte. A produção ocorre no período seco, na entressafra das demais
espécies cultivadas, o que lhe confere papel estratégico na redução da sazonalidade na renda e
na ocupação da mão de obra.
Outra característica importante do agronegócio caju é a diversidade de derivados oriundos
da castanha e do pedúnculo do caju. Da castanha (o fruto verdadeiro) obtêm-se a amêndoa da
castanha de caju (ACC) e o líquido da casca da castanha de caju (LCC). Ambos são, em
grande parte, exportados na forma de amêndoa semi-processada e óleo bruto,
respectivamente.
O pseudofruto (ou pedúnculo), por sua vez, proporciona a obtenção de inúmeros produtos.
No ramo de bebidas, por exemplo, destacam-se a cajuína, o suco integral, néctares, licores,
refrigerantes, aguardente, entre outros. Na fabrica de doces, diferentes modalidades são
produzidas: em massa, em calda, seco, tipo ameixa etc. O mercado desses produtos encontra-
se basicamente restrito ao plano interno, mais especificamente regional.
Não obstante ter grande potencial de gerar novas receitas, a amêndoa de castanha de caju
(ACC) constitui o sustentáculo econômico do agronegócio caju. No ano de 2008, as suas
exportações atingiram US$ 196 milhões, conferindo-lhe uma posição de destaque na
economia do Nordeste do Brasil. Ademais, considerando-se que o cultivo do caju necessita
em média de 22 homens/dia/hectare/ano, e o ano com 264 dias úteis, estima-se que os 740 mil
hectares de área colhida com cajueiro em 2008 geraram 61.667 empregos diretos no campo.
Por sua vez, o Sindicato das Indústrias de Açúcar e de Doces e Conservas Alimentares do
Estado do Ceará (Sindicaju) contabilizam 20 mil empregos diretos na indústria processadora
de castanha e suco do caju (PESSOA; LEITE 2005)
Sendo fato comprovado a importância da planta de caju é bastante formidável ter
conhecimento do comportamento da planta sendo tais conhecimentos revertidos para as
comunidades rurais que tem basicamente sua maior fonte de renda o caju que lhes garante o
sustento em tempos de estiagem e entressafra.
19
2.2 IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELOS ESGOTOS DOMÉSTICOS
Conceitua-se impacto ambiental como sendo “qualquer alteração das propriedades
físicas, químicas e biológicas do ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia
resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e
o bem estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e
sanitárias do meio ambiente; a qualidade dos recursos ambientais” (BRASIL, 1986).
Conforme Pereira et al. (2009), a degradação ambiental que afeta a qualidade das águas
de rios e lagos são oriundas do acelerado e descontrole desenvolvimento industrial e os
índices que mostram a deficiente cobertura do saneamento básico do país, esses são fatores
que fornecem um quadro negativo da situação atual do país, com maior gravidade e
possibilidade de colapso nas regiões metropolitanas.
A utilização dos recursos hídricos vem em constante crescimento junto com o aumento
populacional, o desenvolvimento industrial e a necessidade de uma produção cada vez maior
na agricultura. Como consequência disso tem-se a geração de uma grande quantidade de
águas residuárias que trás consigo sérios problemas afetando a saúde dos series vivos e
diminuindo a qualidade dos corpos hídricos quando recebem essas águas sem tratamentos. O
problema é ainda maior nas regiões áridas e semiáridas onde a água já é escassa.
O aumento de matéria orgânica nos corpos hídricos proveniente do lançamento de
esgotos domésticos sem tratamento proporciona um ambiente favorável ao desenvolvimento
de microrganismos, em razão do excesso de nutrientes que servem como fonte de alimento,
aumentando, assim, o consumo de oxigênio dissolvido (SANTOS 2004). Quando o
crescimento das plantas aquáticas acontece em níveis que provoque interferências nos usos
desejáveis do corpo d’água ocorre o fenômeno da eutrofização, que pode acontecer em
diferentes níveis e traz consigo sérios problemas de alteração da qualidade do corpo hídrico
(VON SPERLING, 2005).
Entre os principais efeitos da eutrofização citam-se: problemas estéticos e recreacionais;
condições anaeróbias; modificação na qualidade e quantidade de peixes de valor comercial;
maior dificuldade e elevação nos custos de tratamento da água; problemas com o
abastecimento industrial; toxidade das algas; diminuição da navegação e capacidade de
transporte e assoreamento (VON SPERLING, 2005).
20
2.3 TRATAMENTOS DE ESGOTOS DOMÉSTICOS
A crescente pressão da população e das organizações que lindam com a preservação dos
recursos hídricos, é resultado da descontrolada degradação ambiental no mundo, que tem
acarretado a aprovação de legislações mais duras, no intuito de proteger a qualidade dos
recursos hídricos, bem como à criação de órgãos fiscalizadores, cada vez mais atuantes. Em
estudo realizado por chernicharo et al. (2006) confirmaram que essa nova política contribuiu
para que as principais tecnologias de tratamento de esgotos domésticos nas companhias de
saneamento fossem as seguintes:
Tratamento preliminar: tem por objetivo remover as partículas sólidas grosseiras
(granulometrias maiores que 0,25 mm) em suspensão nos esgotos domésticos, por meio de
processos físicos. Neste o tempo de retenção hidráulica é da ordem de minutos a horas.
Grades, caixas de areia para a remoção de sólidos sedimentáveis e caixas de separação de
materiais insolúveis como óleos e graxas pertencem a essa classe;
Tratamento primário: buscam a redução de sólidos em suspensão com tempo de
detenção maior que o dos tratamentos preliminares ou de equipamentos com precipitantes
químicos (sulfato de alumínio, polímeros e outros). Neste o tempo de retenção hidráulica é da
ordem de horas. Sedimentadores, decanto-digestores, tanque séptico, flotadores e filtros
pertencem a essa classe;
Tratamento secundário: visa a redução de sólidos dissolvidos e sólidos suspensos
muito pequenos. Neste o tempo de retenção hidráulica é da ordem de dias. Os processos
biológicos de remoção utilizados classificam-se em: aeróbio - utiliza microrganismos que
necessitam continuamente de oxigênio dissolvido, no meio líquido, fornecido por aeradores
mecânicos ou pela circulação dos líquidos (lagoas aeradas); e anaeróbio - utiliza
microrganismos que não necessitam de oxigênio dissolvido no meio líquido, sendo utilizado
em esgotos domésticos com alta carga orgânica (biodigestores, reatores de manta de lodo e
lagoas anaeróbias); e
Tratamento terciário: objetiva a redução do nível populacional de bactérias
patogênicas, bem como a remoção final da matéria orgânica, nitrogênio, fósforo e outros
elementos que ainda persistem nas etapas anteriores. Neste o tempo de retenção hidráulica é
da ordem de dias. De modo geral, são utilizados quando o esgoto doméstico é lançado em
corpo hídrico receptores ou para a reutilização da água. Os filtros biológicos, lagoas de
maturação e lagoas de aguapés pertencem a essa classe.
21
Secundário/terciário: visa à remoção de sólidos orgânicos e inorgânicos dissolvidos e
microrganismos. Neste o tempo de retenção hidráulica é da ordem de dias. A disposição de
águas residuárias no solo pode ser feita por infiltração-percolação, escoamento superficial,
fertirrigação e sistema alagado construído.
2.4 REUSO DE ÁGUA
O uso da água de esgotos é uma opção sustentável do ponto de vista ambiental já que
contribui para diminuição da captação e conseqüentemente diminuição nas vazões de
lançamento de efluentes nos mananciais É também uma forma de se tentar amenizar o
problemática da escassez de recursos hídricos em região semiárida e o elevado custo na
construção de novos sistemas de abastecimento.
O reuso de água já vem sendo amplamente empregado na indústria, em torres de
resfriamento, caldeiras, construção civil, irrigação de áreas verdes e em alguns processos
industriais onde a utilização de água com menor padrão de qualidade não ocasione maiores
problemas. Desta forma, o reuso de água para fins não potáveis deve ser considerado como
primeira opção para reuso (HESPANHOL; MIERZWA, 2000).
O uso de água residuarias no cultivo de plantas pode ser considerada com uma forma de
fertirrigação devido a elevada quantidade de matéria orgânica e nutrientes presentes nessas
águas, atuando assim como uma importante fonte de nutrientes para as plantas, trazendo
benefícios tanto para as culturas como para o meio ambiente. (JIMÉMEZ-CISNEROS, 1995).
O trabalho realizado por Shende (1985), comparando o rendimento anual de algumas
culturas, comprovou que os cultivos fertirrigadas com águas residuárias apresentaram maior
rendimento do que os cultivos irrigados com água limpa e fertilizados com adubos químicos,
conforme apresentado na Tabela 1.
Tabela 1 - Produtividade média de algumas culturas irrigadas com água limpa e fertirrigadas
com distintas águas residuárias.
Tipo de água Trigo Arroz Batata Algodão
t . ha-1
ano-1
Água limpa + adubação (NPK) 2,70 2,03 17,16 1,70
Água residuária sem tratamento 3,34 2,97 23,11 2,56
Efluente de lagoa de estabilização 3,34 2,94 20,78 2,56
Fonte: Shende (1985).
22
No Brasil, essa pratica já esta sendo testada no cultivo de hortaliças e de algumas
culturas de forragem animal. No Rio Grande do Norte, são utilizados efluentes de lagoas de
estabilização para fertirrigação de milho, melancia, abóbora e capim para o gado (ANDRADE
NETO, 1991).
No entanto o aproveitamento de águas residuarias na agricultura trás alguns riscos
sanitários devido a possibilidade da presença de patógenos nas águas. Esse risco pode ser
minimizado utilizando-se um manejo adequado do esgoto doméstico (SANTOS, 2004).
Na literatura não se encontra relatos de estudos realizados com o objetivo de saber qual os
riscos de irrigar mudas de caju com água residuária, no entanto, a literatura cita que as mudas
de caju de desenvolvem satisfatoriamente quando existe uma combinação adequada de água
de rejeito e o substrato o qual esta sendo utilizado na produção, tais resultados foram
confirmados por Minami e Puchala (2000).
2.5 LEGISLAÇÃO APLICADA AO REUSO DE ÁGUA
A Lei Federal nº 11.445 de 5 de janeiro de 2007 (BRASIL, 2007), rege as diretrizes
nacionais para o saneamento básico detalhando o saneamento básico como: conjunto de
serviços, infra-estruturas e instalações operacionais de:
a) Suprimento de água de boa qualidade para a população: constituído pelas atividades,
infra-estruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a
captação até as ligações prediais e instrumentos de medição;
b) Esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infra-estruturas e instalações
operacionais de recolhimento, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos
sanitários, desde as conexões prediais até o seu lançamento final no meio ambiente;
c) limpeza das cidades e manejo correto dos resíduos sólidos: conjunto de atividades,
infra-estruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo tratamento e
destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de moradias e vias
públicas;
d) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de atividades, infra-
estruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte,
detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final
das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas.
23
As diretrizes desta Lei se aplicam a todos os entes da Federação e a todos os órgãos e
entidades a eles vinculados, inclusive os consórcios públicos que tenham por objetivo a gestão
associada dos serviços públicos de saneamento básico (FUNASA, 2008). Apesar de esta
contida em Lei Federal são poucas as cidades no Brasil com um sistema se saneamento básico
eficiente, esse número é ainda menor quando partimos para a zona rural.
Existe ainda a Política Nacional de Recursos Hídricos na Lei n° 9433 de 8 de janeiro de
1997, que cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (BRASIL, 1997),
ainda esta em fase de implementação na maioria dos estados brasileiros, tendo como
principais objetivos: assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de
água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos; a utilização racional e
integrada dos recursos hídricos; a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de
origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.
O CONAMA no 357, de 17 de março de 2005, dispõe sobre a classificação dos corpos
de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições
e padrões de lançamento de efluentes (BRASIL, 2005), ou seja, separa as águas de acordo
com os usos preponderantes dos cursos d'água. Essas legislações dispõem a questão do uso e
apontam as direções para o reuso correto da água como uma forma de sustentabilidade.
Recentemente foi estabelecida o CONAMA no 430, de 13 de maio de 2011, que dispõe
sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução
nº 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA
(BRASIL, 2011). Nesta resolução destacam-se dois artigos sobre a disposição final de
efluentes tratados:
Art. 2o A disposição de efluentes no solo, mesmo tratados, não está sujeita aos
parâmetros e padrões de lançamento dispostos nesta Resolução, não podendo, todavia, causar
poluição ou contaminação das águas superficiais e subterrâneas.
Art. 3o Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados
diretamente nos corpos receptores após o devido tratamento e desde que obedeçam às
condições, padrões e exigências dispostos nesta Resolução e em outras normas aplicáveis.
Art. 21. Para o lançamento direto de efluentes oriundos de sistemas de tratamento de
esgotos sanitários deverão ser obedecidas as seguintes condições e padrões específicos:
I - Condições de lançamento de efluentes:
a) pH entre 5 e 9;
b) Temperatura: inferior a 40°C, sendo que a variação de temperatura do corpo
receptor não deverá exceder a 3°C no limite da zona de mistura;
24
c) Materiais sedimentáveis: até 1 mL L-1
em teste de 1 hora em cone Inmhoff. Para o
lançamento em lagos e lagoas, cuja velocidade de circulação seja praticamente nula,
os materiais sedimentáveis deverão estar virtualmente ausentes;
d) Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO 5 dias, 20°C): máximo de 120 mg L-1
,
sendo que este limite somente poderá ser ultrapassado no caso de efluente de
sistema de tratamento com eficiência de remoção mínima de 60% de DBO, ou
mediante estudo de autodepuração do corpo hídrico que comprove atendimento às
metas do enquadramento do corpo receptor.
e) Substâncias solúveis em hexano (óleos e graxas) até 100 mg L-1
; e
f) Ausência de materiais flutuantes.
Tem-se, também, a Portaria n° 154 do Estado do Ceará (CEARÁ, 2002) que dispõe
sobre padrões e condições para lançamento de efluentes líquidos gerados por fontes
poluidoras. Nesta constam os critérios para utilização de efluentes de origem doméstica
tratados em atividades agronômicas (irrigação e drenagem, dessedentação de animais e
aquicultura) deverá obedecer aos seguintes limites:
I - Atividades Tipo 1 : Irrigação de vegetais ingeridos crus e sem remoção de película,
dessedentação de animais e aquicultura, conforme se segue:
a) Coliformes fecais < 1000 CF 100 mL-1
.
b) Ovos de geohelmintos < 1 ovo L-1
de amostra.
c) Condutividade elétrica < 3,0 dS m-1
II - Atividades Tipo 2 : aquelas culturas não referidas anterirmente:
a) Coliformes fecais < 5000 CF 100 mL-1
.
b) Ovos de geohelmintos < 1ovo L-1
de amostra.
c) Condutividade elétrica < 3,0 dS m-1
25
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1CARACTERIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DA ÁREA EXPERIMENTAL
O experimento foi conduzido em casa de vegetação do Departamento de Ciências
Ambientais e Tecnológicas da Universidade Federal Rural do Semiárido – UFERSA (Figura
1),.Mossoró RN, com localização geográfica definida pelas coordenadas geográficas 5° 11’ de
Latitude Sul e 37° 21’ de Longitude Oeste, com altitude de 18 m. Segundo a classificação de
Köppen, o bioclima da região é do tipo BSwh’, com temperatura média anual de 27,4 °C,
precipitação pluviométrica anual bastante irregular, com média de 672,9 mm, e umidade
relativa de 68,9% (Carmo Filho, 1989).
Figura 1 - Imagem das estufas destinadas a implantação do experimento com o clone do
cajueiro CPP 76.
Fonte: Google Earth (2007).
26
3.2 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL
O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados com cinco tratamentos
e cinco repetições.
Os tratamentos constaram de: T1 (100% água residuária - AA); T2 (75% AR + 25% água
de abastecimento - AA); T3 (50% AR + 50% AA); T4 (25% AR + 75% AA) e T5 (100% AA -
testemunha).
3.3 CONDUÇÃO DO EXPERIMENTO
A semeadura foi feita utilizando-se uma semente por saco de polietileno, sendo o solo do
tipo Neossolo Flúvico Eutrófico (EMBRAPA, 1997) de textura areia franca, originário das
margens do Rio Assú/RN. Nas tabelas 2 e 3 estão apresentados as análises físicas e químicas
de solo antes da aplicação do esgoto doméstico.
Tabela 2. Análise física do solo. Granulometria (Kg/Kg) Classe
Textural
Relação
Silte/Argila Areia Silte Argila
0,856
0,852
0,0388
0,0389
0,1051
0,1092
12
12
0,37
0,36
Fonte: Experimento com clone de caju anão precoce, 2010.
Tabela 3- Análise química do solo.
pH M.O. P K+ Na+ Ca2+ Mg2+ Al3+ H+Al SB t CTC V m PST
(água) (%) mgdm-3 cmolcdm-3 %
6,9 0,7 10,1 82,2 39,7 190 0,5 0 0,99 2,78 2,78 3,75 74 0 5
Fonte: Experimento com clone de caju anão precoce, 2010.
A água de abastecimento foi proveniente da rede hidráulica do campus da UFERSA
(Tabela 4) e a água residuária foi originada do Assentamento de Milagres, Apodi/RN que
possui uma estação de tratamento de esgoto instalada e em funcionamento.. Antes da
aplicação dos tratamentos na emergência do cajueiro, o resíduo doméstico era tratado no
próprio assentamento, estando à análise físico-química do efluente apresentada na (Tabela 5).
27
Tabela 4- Composição química da água de abastecimento utilizada nos tratamentos.
CE(dS m-1) pH Ca Mg Na Cl CO3 HCO3 RAS*(mmol L-1)0,5
---------------------- mmolc L-1 ------------------------
0,46 8 0,6 0,1 5,1 1,8 0,5 3,8 8,62
Fonte: Experimento com clone de caju anão precoce, 2010. * Relação de Adsorção de Sódio
Tabela 5- Composição físico-química do efluente residual utilizados nos tratamentos.
Salinidade pH Turbides Ca Mg NO3 NO2 NH4 PO CL N Total Dureza RST*
dS/m
UT
mg/L mg/L mg/L
.......................mg/L.............................
0,151 7,7 133,41 32 40,7 19,5 0,56 4,51 8,43 91,2 24,56 72,71 412
Fonte: Experimento com clone de caju anão precoce, 2010. * Relação de Sólidos totais
As irrigações foram realizadas manualmente, duas vezes ao dia. Sendo a água
aspergida simulando uma chuva, usando-se para cada parcela experimental 3, 5 L
uniformizando o máximo possível a quantidade de água em cada planta. Para isso, utilizou-se
uma proveta graduada com capacidade de 1 L para medir a quantidade de água usada em cada
muda suficientes para manter a umidade do substrato na capacidade de campo
(REICHARDT; TIMM, 2004).
Assim, a capacidade de campo foi determinada fazendo-se teste de retenção de água em
cinco sacos contendo o substrato escolhidos aleatoriamente, e depois obtendo-se uma média.
Para isso, adicionou-se gradativamente água ao substrato com auxílio de uma proveta
graduada (1 L) e coletando-se água drenada. Assim, dispondo-se do volume total da proveta
(1L) e do volume drenado, por diferença calculou-se o volume retido no substrato, obtendo-se
a capacidade de campo. Pegou-se os sacos de polietileno com capacidade de 3 L e completou-
se com solo e fazendo-se uso de uma proveta graduada com capacidade de 1L irrigou-se os
sacos até que se percebesse a água caindo pela parte de baixo do saco e enquanto a água era
sendo drenada, com uma proveta aparava-se o excesso para que por diferença fosse alcançada
o valor de água para o solo estar na capacidade de campo (REICHARDT;TIMM, 2004).
Para o semeio utilizou-se sacos de polietileno com capacidade de 3 L e completou-se com
solo de modo que o mesmo ficasse no mesmo nível da borda dos sacos, as castanhas de caju
ficaram de molho durante uma noite, este manejo é uma forma fácil de se observar o poder
germinativo das sementes, deste modo, as castanhas que bóiam apresentam menor poder
28
germinativo e as que ficam submersas possivelmente apresentam maior poder de germinação
as castanhas foram semeadas a 0,3 m de profundidade conforme observado na (Figura 2).
Figura 2 – Posição da castanha no semeio e profundidade de semeio.
3.4 COLETA DOS DADOS E VARIÁVEIS ANALISADAS
A coleta de dados foi realizada a cada 10 dias após a germinação (DAG), onde foram
avaliadas as seguintes variáveis: diâmetro do caule (mm), número de folhas, área foliar (cm2),
comprimento da parte aérea e do sistema radicular (cm), massa fresca e seca da parte aérea e
do sistema radicular (g). Vale salientar, que foram avaliadas 8 (oito) plantas por parcela;
sendo cada parcela composta por 20 (vinte) plantas, tendo um total 500 (quinhentas) plantas
no experimento.
A determinação do comprimento da parte aérea foi realizada com auxilio de régua
graduada em milímetros, medindo-se a distância entre o colo e o ápice da muda.
O diâmetro do colo foi determinado com paquímetro e valores expresso em mm. A área
foliar foi determinada utilizando o integrador de área foliar LI 3100 do LICOR.
As folhas foram destacadas das hastes e colocadas uma de cada vez no aparelho, obtendo-
se ao final a área foliar total da planta em cm2.
Com relação aos valores da matéria fresca da parte aérea e da raiz foram obtidas com a
pesagem em balança analítica de precisão. As matérias secas foram obtidas após secagem em
estufa de circulação forçada de ar a 60 ºC, até atingirem peso constante, procedendo em
seguida à pesagem em balança analítica de precisão.
29
3.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Foram feitas curvas de crescimento com os dados obtidos ao longo do ciclo da muda até a
época em que a mesma muda estava apta para ir ao campo (40 dias após semeio - DAS).
Os dados coletados aos 40 DAS foram submetidos à análise de variância, e posteriormente
aplicou-se o teste de Tukey a um nível de 5% de probabilidade, para avaliar a diferença entre
médias. Ambos os procedimento foram realizados por meio do pacote estatístico SISVAR
versão 4.6 (FERREIRA, 2003).
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A utilização de água residuária na produção de mudas de cajueiro CCP76 influenciou
significativamente (Tabela 5) apenas as variáveis matéria seca da raiz e área foliar não
influenciando as demais variáveis na época das mudas irem ao campo (40 dias após o semeio
DAS). No entanto, diferente do observado nesse estudo, Mota et al. (2010). Trabalharam com
produção de mudas de melancia (Crimson sweet), verificando efeito significativo nos
parâmetros de número de folhas, percentual de germinação, matéria seca da parte aérea e no
índice de velocidade de germinação Tais diferenças entre estes estudos podem estar
relacionadas, provavelmente, às diferentes condições dos tratamentos, variedades, substrato,
clima e de manejo.
Diante dos resultados aqui obtidos verifica-se que as principais variáveis (altura de
planta diâmetro de caule) consideradas ideais para as mudas de cajueiro irem ao campo
encontra-se dentro do padrão ideal Oliveira (2002), o que confirma a viabilidade do uso de
esgoto doméstico tratado no cultivo de mudas do cajueiro CCP7.
30
Tabela 6 - Valores médios do diâmetro do caule, altura da planta, número de folhas, matéria
seca da raiz, matéria seca da parte aérea, área foliar, matéria fresca da raiz e matéria fresca da
parte aérea de cajueiro aos 40 DAS.
Fonte: Experimento com clone de caju anão precoce, 2010.
TRATAMENTOS D(cm) AP (cm) NF MS-R(g) MS-PA(g) AF (cm2) MF-R(g) MF-PA(g)
1
2
3
4
5
1.0 a1
1.0 a1
1.0 a1
1.0 a1
1.0 a1
24.6 a1
23.6 a1
24.8 a1
25.4 a1
23.4 a1
13.4 a1
12.0 a1
12.2 a1
12.6 a1
10.7 a1
3.4 a1a2
3.4 a1a2
3.0 a1
4.0 a2
5.2 a1a2
6.6 a1
5.4 a1
3.4 a1
6.6 a1
5.4 a1
477.8 a2
425.6 a1
420.8 a1
406.6 a1
296.8 a1
14.8 a1
15.0 a1
14.2 a1
16.6 a1
14.00 a1
10.4 a1
11.2 a1
12.4 a1
9.60 a1
10.2 a1
Média 1.0 24.36 12.2 3.8 6.04 405.52 14.92 10.76
Nas colunas, médias seguidas pela mesma letra minúscula não diferem significativamente entre si pelo teste de
Tukey, a 5% de probabilidade.
4.1 ALTURA DA PLANTA
Observou-se no decorrer do estudo que nos primeiros dias após a semeadura a planta
teve um lento crescimento, e que nos 30 dias após a semeadura a planta teve um salto no
desenvolvimento em altura, este fato pode estar relacionado com o tempo, pois, a mediada
que as folhas vão se desenvolvendo vai aumentando a capacidade de reter fotoassimilados
favorecendo o crescimento da muda. No entanto, os tratamentos T1 e T4 (Figura 3) indicam
as maiores médias, 24,60 cm e 25,35 cm, respectivamente. Já o tratamento T4 foi o que
promoveu a maior altura da muda. Provavelmente, este aumento está relacionado à
quantidade de nutrientes presentes na água de residuária em comparação com a água de
abastecimento (Tabela 4).
Em trabalho realizado com Capsicum annuum L. (pimentão) Souza et al. (2006) foram
encontrados resultados semelhantes, o que comprova a viabilidade no uso da água de rejeito
para irrigação de mudas de caju nos primeiros 40 dias, contribuindo desta forma para a
redução no uso da água potável na fase de muda.
No fim do estudo, verifica-se que o tratamento T5 foi o que obteve a menor média
(23,35 cm), tendo desta forma o menor desenvolvimento de planta, tal fato pode estar
relacionado com a baixa demanda de nutrientes disponíveis na água de abastecimento que não
31
supriu a quantidade requerida pela planta na fase inicial e ao longo do crescimento das
plantas.
Resultados encontrados por Cruz et al. (2008) trabalhando com mudas de maracujazeiro
azedo confirmam os resultados aqui obtidos, reafirmando que o uso de água de abastecimento
pode ser substituído pela utilização de água residuária no cultivo de mudas.
Figura 3 - Alturas de plantas de cajueiro anão precoce em função da irrigação com
combinações de água residuária de origem doméstica com a de abastecimento.
Fonte: experimento com clone de caju anão precoce, 2010.
AP: Altura de planta, T1 = 100% AR, T2 = 75% AR + 25% AA
T3 = 50% AR + 50 % AA, T4 = 25% AR + 75% AA e T5 = 100% AA .
4.2 NÚMERO DE FOLHAS
Ao longo do estudo a maior média do número de folhas observado foi de 13,40
unidades planta-1
, quando foi utilizado o tratamento T1 (Tabela 2). Constata-se ainda que nos
primeiros 20 dias, a muda apresenta incremento nas folhas bem acelerado em relação aos
demais tratamentos utilizados (Figura 4), esta tendência pode estar relacionado com a
concentração de nitrogênio na água que um nutriente essencial no desenvolvimento de
meristema apical e no aparecimento de novas células responsáveis pelo crescimento do tecido
foliar.
AP
(cm
)
DAG
T1
T2
T3
T4
T5
32
A menor média do número de folhas verificada foi de 10,70 unidades planta-1
quando
foi usado o tratamento T5, este fato pode estar em íntima relação com a baixa quantidade de
nutrientes presentes na água de abastecimento, acarretando deste modo uma limitação da
planta em incrementar um maior número de folhas durante o período de desenvolvimento
vegetativo.
Em trabalho realizado por Vilela et al. (2003) com a cultura do melão ( Cucumis melo
L. ) constataram que os tratamentos oriundos do uso do não interferiram no número de folhas,
tais resultados reforçam a possibilidade de substituição da água de abastecimento nos
primeiros 40 dias de irrigação para a produção de mudas de caju, como observado
anteriormente com a variável altura de planta.
Figura 4 - Número de folhas de cajueiro anão precoce em função da irrigação com
combinações de água residuária de origem doméstica com a de abastecimento.
Fonte: Experimento com clone de caju anão precoce, 2010.
NF: Número de folhas, T1 = 100% AR, T2 = 75% AR + 25% AA
T3 = 50% AR + 50 % AA, T4 = 25% AR + 75% AA e T5 = 100% AA .
NF
DAG
T1
T2
T3
T4
T5
33
4.3 ÁREA FOLIAR
Com a avaliação realizada no final do estudo, nota-se que a água de efluente
doméstico tratado foi a que mais interagiu para um maior índice de área foliar,( Figura 5 ).
Pode-se atribuir que as maiores médias (447,8 e 425,6) de área foliar T1 e T2 respectivamente
seja devido ao teor de nitrogênio do efluente doméstico (Tabela 5), segundo o trabalho
realizado por Sousa et al. (1998) quando as águas de origem residuárias são reusadas na
irrigação de culturas, tem o mesmo efeito do nitrogênio aplicado na forma de fertilizante deste
modo pode-se esclarecer que o uso de efluente doméstico é uma maneira de diminuir o uso de
insumos agrícolas a base de nitrogênio contribuindo desta forma para a mitigação dos
impactos ambientais causadas pelos fertilizantes..
Os resultados de área foliar obtidos corroboram com Cruz et al. (2008) testando
concentrações crescentes de água residuária de suinocultura na produção de mudas de
maracujazeiro azedo, proporcionando maior área foliar quando na concentração de 100% de
água de efluente doméstico tratado.
Este fato também foi relatado por Alves et al. (2009), os quais observaram que as
aplicações com água residuária não afetaram o desenvolvimento das plantas de algodão, onde
a área foliar aumentou com o incremento das lâminas de irrigação com água residual.
Segundo Ferreira et al. (2005), a taxa de crescimento das folhas é diretamente
influenciada pelo suprimento de nitrogênio, o que o torna um nutriente determinante da taxa
de acúmulo de biomassa. Os resultados encontrados no estudo para a variável área foliar
podem ser consequencia da quantidade de nutrientes disponível na solução do solo que
favorecem um maior incremento na constituição da área da folha.
34
Figura 5 - Área foliar de cajueiro anão precoce em função da irrigação com combinações de
água residuária de origem doméstica com a de abastecimento aos 40 DAS.
Fonte: Experimento com clone de caju anão precoce, 2010.
AF: Área foliar
Nas colunas, médias seguidas pela mesma letra minúscula não diferem significativamente entre si pelo teste de
Tukey, a 5% de probabilidade.
4.4 DIÂMETRO DO CAULE
Figura 6 - Diâmetro do caule de cajueiro anão precoce em função da irrigação com
combinações de água residuária de origem doméstica com a de abastecimento
Fonte: Experimento com clone de caju anão precoce, 2010.
DC: Diâmetro do caule, T1 = 100% AR, T2 = 75% AR + 25% AA
T3 = 50% AR + 50 % AA, T4 = 25% AR + 75% AA e T5 = 100% AA .
200
300
400
500
T1 T2 T3 T4 T5
447,2 a2 425,6 a1 420,8 a1
406,6 a1
296,8 a1
AF
Tratamentos
AF
DC
(cm
)
DAG
T1
T2
T3
T4
T5
35
O estudo realizado para determinação do diâmetro de caule revelou que nos primeiros
10 dias, houve pequeno incremento dessa variável, (Figura 6). Com o desenvolvimento da
planta e maior área fotossinteticamente ativa nota-se que aos 30 dias a planta obteve os
maiores diâmetros tal fato pode estar relacionado com um maior número de folhas nesta
época da avaliação.
Observa-se aos 40 dias, que as mudas de caju atingiram com o tratamento T5 valores
próximo ao tratamento T1 o que reflete resultado satisfatório do ponto de vista da muda estar
apta a ir ao campo (Cavalcanti Junior et al., 2001), ou seja, plantas com diâmetro do caule
entre 0,35 e 0,45 estão aptas a serem enxertadas em tubetes, e aos 90 a 95 dias estão prontas
para irem ao campo.
Para a variável diâmetro do caule as combinações de águas usadas no decorrer do
trabalho, evidenciaram que as maiores médias obtidas foram com os tratamentos T4 e T1
sendo 0,66 e 0,64 respectivamente. Em trabalho realizado por Andrade et. al. (2007),
constata-se que o crescimento inicial de plantas de girassol (Helianthus annuus L.) foi maior
nas mudas irrigadas com água residuária, tendo valores de diâmetro de caule superiores ao das
mudas irrigadas com água de abastecimento, confirmando, no geral, os resultados aqui
obtidos. Ainda com relação aos valores encontrados nos tratamentos T1 e T5 (0,64 cm e 0,66
cm), neste estudo para o alongamento do caule foram confirmados por Augusto et al. (2003).
Estes autores trabalhando com mudas florestais de copaíba irrigadas com água de
abastecimento com adição de fertilizantes minerais e água residuária de esgoto observaram
ausência de efeito significativo para a variável diâmetro do caule, porém, com tendências de
plantas de diâmetros superiores no tratamento de água residuária.
4.5 MATÉRIA FRESCA E SECA DA PARTE AÉREA
As maiores médias verificadas para a fitomassa fresca da parte aérea (12,4 e 11,2)
foram encontradas nos tratamentos T3 e T2 respectivamente, e não diferiram estatisticamente
entre sim fato, como visto anteriormente (Tabela 2). Analisando a variável fitomassa seca da
parte aérea nota-se ter sido afetada no tratamento T3 com média (3,4 g) aos 40 dias ( Figura 7
), esse comportamento pode estar em intima relação com o número de folhas contabilizados
na planta aos 30 dias sedo o menor entre os tratamentos observados (Figura 4), resultando
numa menor produção de fotossimilados afetando o acúmulo de matéria seca na raiz.
36
Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas na massa fresca da
parte aérea e massa seca da parte aérea (Tabela 6), esse comportamento também foi verificado
por Fonseca et al. (2001), no qual trabalhando com milho irrigado com efluente tratado,
constatou maior produção de matéria seca nas plantas irrigadas com efluente tratado em
comparação com as irrigadas com água de abastecimento.
Figura 7 - Fitomassa fresca e seca da parte aérea de cajueiro anão precoce em função da
irrigação com combinações de água residuária de origem doméstica com a de abastecimento
aos 40 DAS.
Fonte: Experimento com clone de caju anão precoce, 2010.
MF-PA: Matéria fresca da parte aérea
MS-PA: Matéria seca da parte aérea
T1 = 100% AR, T2 = 75% AR + 25% AA
T3 = 50% AR + 50 % AA, T4 = 25% AR + 75% AA e T5 = 100% AA .
4
6
8
10
12
14
T1 T2 T3 T4 T5
10,4a1
11,2a1
12,4a1
9,6a1 10,2a1
6,6a1
5,4a1
6,2a1 6,6a1
5,4a1
Fito
mas
sa
Tratamentos
MF-PA (g)
MS-PA (g)
37
4.6 MATÉRIA FRESCA E SECA DA RAIZ
A mistura de água residuária com água de abastecimento não influenciou
significativamente a massa de matéria fresca raiz, no entanto destacaram-se os tratamentos T2
e T4 com maiores médias (15,0 g e 16,6 g) respectivamente, resultados contrários foram
encontrados por Melo (2009). Este autor observou redução da matéria fresca na raiz do café,
entretanto a matéria seca da raiz observa-se que houve influencia significativa das
combinações das águas de abastecimento em conjunto com água residuária.
Para que haja um bom desenvolvimento radicular inicial, é necessário que o solo tenha
um teor de fósforo adequado e disponível para a planta absorver tendo como base os estudos
que Novais et al. (1982) em que o autor fala que o N e P são nutrientes mais requeridos nos
estágios iniciais de desenvolvimento das mudas deste modo, o bom crescimento do sistema
radicular pode estar relacionado com a presença de tais nutrientes essenciais no efluente
utilizado. Os teores de nutrientes presentes no efluente confirmam os encontrados poe
Trigueiro e Guerrini (2003), ou seja, a produção de mudas usando substrato e irrigado com
efluente doméstico é uma alternativa promissora para a substituição da água potável nos
estágios iniciais de crescimento da planta.
Tais resultados refletem o potencial de uso de água de origem doméstica no cultivo de
mudas de cajueiro para as condições do estudo, concordando com a literatura, ou seja, a
produção de mudas de frutíferas com uso de águas de qualidade inferior, como a de esgoto
doméstico tratado, vêm sendo uma alternativa viável (MAURER; DAVIES, 1993; LURIE et
al,1996) sem efeitos deletérios para as plantas e ao meio ambiente.
A matéria seca da raiz foi influenciada pela água residuária, o que pode estar
relacionado com a presença de nutrientes disponíveis na solução do solo próximo a raiz
quando irrigado com água de rejeito. Tal fato pode ter levado a planta não necessitasse de
expandir sua raiz conforme a (Figura 8), em busca de nutrientes, favorecendo estímulo maior
por parte da planta em busca de substancias que supra a necessidade, desse modo aumentando
a sua matéria seca, nossos resultados. Esses resultados são confirmados por Melo (2009) em
estudo com cafeeiro.
38
Figura 8 - Fitomassa fresca e seca do sistema radicular de cajueiro anão precoce em função da
irrigação com combinações de água residuária de origem doméstica com a de abastecimento
aos 40 DAS.
Fonte: Experimento com clone de caju anão precoce, 2010.
MF-R- Matéria fresca da raiz
MS-R- Matéria seca da raiz, T1 = 100% AR, T2 = 75% AR + 25% AA
T3 = 50% AR + 50 % AA, T4 = 25% AR + 75% AA e T5 = 100% AA .
14,8a1 15,0a1 14,2a1
16,6a1
14,0a1
3,4a1a2 3,4a1a2 3,0a1 4,0a2
3,2a1a2
Fito
mas
sa
Tratamentos
MF-R(g)
MS-R(g)
39
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As variáveis diâmetro do caule, número de folhas, altura da planta, matéria fresca e seca da
parte aérea e sistema radicular não foram influenciadas quando se aplicou água residuária no
clone de cajueiro CCP76.
As plantas irrigadas com a dosagem de 25% de água de esgoto doméstico + 75% de água
de abastecimento apresentaram melhor desenvolvimento.
A utilização de água residuária influencia de forma positiva a matéria seca da raiz e área
foliar.
O uso de água residuária pode ser uma alternativa para o cultivo de mudas de cajueiro,
sendo aplicada individualmente ou combinada com água de abastecimento.
40
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