cronica de conceiçao lima - revista chocolate
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Cronica da jornalista santomense Conceiçao Lima na revista angolana ChocolateTRANSCRIPT
92 Chocolate
CRÓNICA
Vozes de Nós
É um magnífico exemplo do que pode
acontecer quando mãos e vontades se
juntam para forjar um remo e encetar, com
a infância, a aventura da viagem no oce-
ano da infância. Presente e futuro tornam-
-se destinos.
E porque não começarmos à maneira de
um conto?
Foi num certo mês, do ano de 2010. Alain
Corbel, o ilustrador, e quatro associações
desenharam um projecto convocando os
olhos e as bocas, as mãos e os dedos,
os mundos e o imaginário de crianças
e adolescentes privados da rede de afec-
tos dos pais, do lar, da família.
Em Portugal, a ACEP, Associação para
a Cooperação entre os Povos aposta
no reforço dos laços entre associações
não governamentais, privilegiando os
espaços de língua portuguesa.
Sediada no Bairro do Enterramento,
em Bissau, a AMIC, Associação dos
Amigos da Criança, surgiu em 1984
para promover os direitos das crian-
ças nas comunidades de origem.
A Fundação Novo Futuro, em São
Tomé, apoia e acolhe crianças e
ado lescentes privados de estabili-
dade familiar.
Quanto à Okutiuka, bem poderia ser
o nome de um pássaro de penas
rutilates anunciador da chuva.
Ou de uma flor.
Na língua Umbundu,
U m a c r ó n i c a p o r C o n c e i ç ã o L i m a
( J o r n a l i s t a S ã o - T o m e n s e )
dos laços entre associações
amentais, privilegiando os
e língua portuguesa.
o Bairro do Enterramento,
a AMIC, Associação dos
Criança, surgiu em 1984
ver os direitos das crian-
munidades de origem.
Novo Futuro, em São
a e acolhe crianças e
s privados de estabili-
utiuka, bem poderia ser
m pássaro de penas
ciador da chuva.
or.
mbundu,
ã o L i m a
Chocolate 93
Ilustrações "Vozes de Nós Bissau, São Tomé, Huambo",
Alain Corbel/ACEP (Coor.) 2011
significa regressar. Emergiu na cidade do
Huambo em 1995, em plena guerra civil,
para apoiar, em regime de internato e
externato, crianças de rua ou órfãs, vítimas
de situações de desestruturação social.
O que aconteceu quando a ACEP,
a AMIC, a Fundação Futuro e a Okutiuka,
com o patrocínio da CPLP, deram as
mãos ao ilustrador Alain Corbel? E este
colocou as crianças bem no centro de
vários ateliês? Uma aventura com registo
duradouro e feliz.
VOZES DE NÓS, o álbum, compila teste-
munhos das vidas de meninas e meninos
destes três lugares. Narrativas simples,
muitas na primeira pessoa do singular.
Histórias acontecidas em Bissau, no
Huambo e em São Tomé, que poderiam
ter sido escritas em qualquer parte do
mundo onde a infância e a adolescên-
cia clamam pela segurança do amor,
dos cuidados quotidianos, da educa-
ção, do seguro chão que adube o futuro
porto. Muitas poderiam ter sido pintadas
e desenhadas em qualquer lugar.
Sombrias e chocantes algumas, aper-
tadas até então, quem sabe, no fundo
de tão juvenis e tão já sofridos cora-
ções. Histórias onde a esperança não
deixa contudo de fincar a sua funda
raiz, onde ágil se mantém o sonho e sua
asa, graças a mulheres
e homens portadores,
em diferentes lugares, da
mesma abnegada cora-
gem. Laudolino, Sónia e
Dulce, unidos contra a
insensibilidade e a sur -
dez, contra esqueci-
mentos e distracções,
contra o descom-
prometimento de
instâncias que
vão do núcle
familiar ao Estado. Djenabu e Kansera.
Jackson e Marlene. João e José…
cada história tem um nome.
E as fotografias são cachos de
sorrisos. Lindas! Como as his-
tórias contadas com o lápis de
carvão e o pincel ou narradas pela
geometria das conchas. Pedrinhas,
latas e tampas. Histórias povoadas.
De movimento. Pequenos pes-
cadores e saltitantes peixinhos.
Corpos de folha sobre pauzi-
nhos com sementes nos olhos.
Máscaras coroadas de flores. Um
mapa de África feito de solas de
velhos sapatos.
O vivo verde de frondosas
copas, rectos troncos de pal-
meiras. Casas. Uma mãe que
lava o seu bebé numa enorme banheira.
Uma mão estendida para uma estante de
livros. Castelos de areia, cores e sorrisos.
A alegria da aventura. E puros talentos,
com sede de ajuda para serem profissão.
‘Um dia destes, hei-de ficar de vez num
desses lugares para ajudar a criar uma
Escola de Belas Artes’, diz Alain, o coor-
denador do álbum.
VOZES DE NÓS aí está, com intro-
duções de Maria Odete da Costa
Semedo, Ana Paula Tavares e
Conceição Lima. E se a
aventura continua? ©
significa regressar. Emergiu na cidade do
Huambo em 1995, em plena guerra civil,
para apoiar, em regime de internato e
externato, crianças de rua ou órfãs, vítimas
de situações de desestruturação social.
O que aconteceu quando a ACEP,
a AMIC, a Fundação Futuro e a Okutiuka,
com o patrocínio da CPLP, deram as
mãos ao ilustrador Alain Corbel? E este
colocou as crianças bem no centro de
vários ateliês? Uma aventura com registo
duradouro e feliz.
VOZES DE NÓS, o álbum, compila teste-
munhos das vidas de meninas e meninos
destes três lugares. Narrativas simples,
muitas na primeira pess do in
asa, graças a mulheres
e homens portadores,
em diferentes lugares, da
mesma abnegada cora-
gem. Laudolino, Sónia e
Dulce, unidos contra a
insensibilidade e a sur -rr
dez, contra esqueci-
mentos e distracções,
nt de
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Jackson e M
cada históri
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Chocolate e
Ilustrações "Vozes de NóBissau, São Tomé, Huambo
Alain Corbel/ACEP (Coor.) 2
fias são cachos de
ndas! Como as his-
das com o lápis de
incel ou narradas pela
as conchas. Pedrinhas,
as. Histórias povoadas.
ento. Pequenos pes-
saltitantes peixinhos.
folha sobre pauzi-
ementes nos olhos.
oroadas de flores. Um
rica feito de solas de
os.
e de frondosas
s troncos de pal-
s. Uma mãe que
denador do álbum.
VOZES DE NÓS aí está, com intr
duções de Maria Odete da Co
Semedo, Ana Paula Tavare
Conceição Lima. E s
aventura continua?
contra o descom-
prometimento de
instâncias que
vão do núcle
Estado. Djenabu e Kansera.
Marlene. João e José…
ria tem um nome.
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