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2 VINHA VIDEIRA MINISTÉRIOS ASSOCIADOS CURSO DE TREINAMENTO DE LÍDERES VOLUME 1 Aluízio A. Silva Parte 1 – Autoridade e Submissão 02 O trono de Deus é estabelecido sobre a autoridade 02 Desobediência versus Rebeldia 03 Os sete níveis de autoridade 04 Exemplos de rebelião 08 Limites de obediência à autoridade 12 Desobediente, porém submisso 17 Como discernir uma liderança adequada 18 Como distinguir líderes consagrados 22 Como exortar a autoridade 26 Parte 2 – Liderança eficaz 28 Cada crente um líder 28 O crescimento da influência de um líder 30 Níveis de liderança 34 Liderança espiritual 37 Atitudes do líder – o pastor e a ovelha perdida 40 O poder da paixão 44 Rompendo os limites 46 Pagando o preço 48 Consolidação e discipulado

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VINHAVIDEIRA MINISTÉRIOS ASSOCIADOS

CURSO DE TREINAMENTO DE LÍDERES

VOLUME 1Aluízio A. Silva

Parte 1 – Autoridade e Submissão 02O trono de Deus é estabelecido sobre a autoridade 02Desobediência versus Rebeldia 03Os sete níveis de autoridade 04Exemplos de rebelião 08Limites de obediência à autoridade 12Desobediente, porém submisso 17Como discernir uma liderança adequada 18Como distinguir líderes consagrados 22Como exortar a autoridade 26

Parte 2 – Liderança eficaz 28Cada crente um líder 28O crescimento da influência de um líder 30Níveis de liderança 34Liderança espiritual 37Atitudes do líder – o pastor e a ovelha perdida 40O poder da paixão 44Rompendo os limites 46Pagando o preço 48

Consolidação e discipulado

Aluno: _______________________________________________________Endereço: _________________________________________________________________________________________________________________

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PARTE 1AUTORIDADE ESPIRITUAL E SUBMISSÃO

Autoridade Espiritual: o Trono de Deus é Estabelecido Sobre a Autoridade

Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por Ele instituídas. De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação. (Rm 13:1,2)

Em todo o universo, só existe uma autoridade: a que procede do próprio Deus e do Seu trono. Em Hebreus lemos que o Senhor sustenta “todas as coisas pela palavra do seu poder” (Hb 1:3). Então, a Palavra de Deus é a Sua autoridade. Não se trata aqui da autoridade como posição, mas como governo.

O Princípio de Lúcifer

O Princípio de Lúcifer é a auto-exaltação. Analisando sua queda (Is 14:12-15; Ez 28:13-17), podemos compreender a motivação que o levou a se rebelar contra Deus.

O ser humano só pode escolher entre dois caminhos: o de Lúcifer e o de Jesus. Ambos estão relacionados ao trono de Deus. Contudo, um deles resultará em humilhação, o outro, em exaltação.

Um buscou glória para si, mas o outro se esvaziou a ponto de morrer na cruz. Aqueles que se submetem ao trono serão exaltados; os que querem estar onde Deus não os colocou serão humilhados.

O Caminho de Lúcifer

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Satanás quis ser igual a Deus e usurpar Seu trono, por isso foi lançado no mais profundo abismo. O resultado da sua auto-exaltação foi a humilhação.

O Caminho de Jesus

Jesus, sendo Deus, não julgou tal condição como algo a que devesse se apegar, mas assumiu forma de homem e se deixou humilhar até a morte (Fp 2:5-10). O resultado da sua humilhação foi a exaltação.

A autoridade, às vezes, é exercida com intenções espúrias (não genuínas) por líderes que estão no caminho de Lúcifer, não no de Cristo. É fácil exercer o poder. Difícil é tomar a cruz. Jesus não recebeu autoridade simplesmente por que se levantou e repreendeu o diabo. Ele expulsou demônios durante todo o seu ministério, mas só lemos que venceu o diabo após passar pela cruz.

Desobediência X Rebeldia

Desobediência é pecar contra a santidade de Deus, mas rebeldia é pecar contra a autoridade do Senhor. O exemplo de Saul e Davi nos mostra muito bem essa diferença.

Deus ordenou a Saul que destruísse tudo no combate contra os amalequitas, mas ele resolveu preservar o melhor do gado para sacrificar ao Senhor. Ele combateu conforme as instruções de Deus, mas tomou uma atitude contrária à ordem recebida e foi rejeitado porque se rebelou contra a Sua autoridade; isso tocou no Trono de Deus (1 Sm 15:23).

Davi fez coisas muito mais graves: adulterou, engravidando a esposa de um dos seus soldados enquanto ele estava na guerra e, para esconder seu pecado, mandou colocarem o marido numa posição em que certamente seria morto. Entretanto, Deus não o rejeitou, porque seu pecado foi de desobediência, não de rebeldia. Davi desobedeceu e atingiu a santidade de Deus, não Sua autoridade.

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Para servir a Deus não podemos violar a Autoridade

Se violarmos a autoridade, seguiremos o Princípio de Lúcifer. Ele questionou e violou a autoridade de Deus. Não aceitou se submeter a Ele.

Percebemos claramente a mesma atitude no comportamento dos homens hoje, pois, como disse João: “o mundo jaz no Maligno” (1 Jo 5:19), e a mentalidade do mundo é a de Lúcifer. Contudo, há servos de Deus que também agem assim: servem a Jesus obedecendo a doutrinas, mas são movidos pelo Princípio de Lúcifer. Podemos ensinar o que é correto, mas com a motivação errada. O que falamos pode ser apropriado, mas nosso coração, aquilo que somos lá no íntimo, é reprovado.

O que é pregar o Evangelho? É trazer pessoas que estão em rebeldia contra Deus, fazendo a própria vontade, para se submeterem à autoridade divina, aprendendo a fazer a Sua vontade (Rm 12:1,2). Mas como podemos pregar o Evangelho para que as pessoas se submetam à autoridade de Deus, se nós mesmos não nos submetemos? Satanás não teme nossas palavras, mas nossa submissão a Deus.

Quando Jesus fez a oração conhecida como Pai Nosso, Ele pediu a Deus que nos livrasse da tentação e do mal, que estão ligados à obra do diabo. Mas, no final da oração, lemos: “porque teu é o reino, o poder e a glória” (Mt 6:9-13). Essa é a chave de tudo, pois todo homem, por sua natureza pecaminosa, busca reino, poder e glória. O reino representa a autoridade, o governo. Jesus falou que essas coisas pertencem a Deus, não a nós. Ele é o soberano. O que Satanás questionou, Jesus nos ensinou a orar todos os dias.

Algumas pessoas se convertem, mas não compreendem a autoridade de Deus. Paulo é um exemplo interessante. Era perseguidor da igreja até que encontrou-se com o Senhor no caminho de Damasco. Perseguia cristãos, achando que estava sendo zeloso para com Deus, como muitos crentes. Só que o fazia com o coração rebelde. Foi quando encontrou-se com Jesus e reconheceu quem tem a verdadeira autoridade.

Paulo era uma pessoa importantíssima em seus dias, uma autoridade possuidora de status social. Mas, obedecendo ao Senhor, submeteu-se a Ananias, um homem simples e desconhecido, para receber cura e orientação espiritual (At 9). Aqueles que entendem esse princípio não confundem a pessoa com a autoridade que ela representa. Quem entende o que e autoridade sabe que ela vem de Deus e que as pessoas são apenas instrumentos dEle.

Nosso serviço a Deus não é uma questão de sacrifício, negação do ego ou realização de grandes obras, mas de submissão à vontade dEle. Não temos que fazer coisas grandiosas para Deus; apenas o que Ele mandou. Não é uma questão de preferência ou de vontade, mas de obediência. No Getsêmani, a questão não era se Jesus faria algo para Deus, como ir para a cruz, mas se Ele se submeteria à vontade de Deus, ainda que fosse a cruz.

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Muitas pessoas fazem grandes obras para Deus, mas não estão submissos à Sua autoridade (Mt 7:21-23). É por isso que ensinamos a visão dos vencedores. Vencedores não são apenas aqueles que receberam a salvação, mas os que foram salvos e se encontraram com a autoridade.

Os Sete Níveis de Autoridade

Submissão à Autoridade e Exercício da autoridade

Somente aqueles que se submetem à autoridade podem exercê-la.Práticas não bíblicas de autoridade e submissão ensinadas por alguns e

abusos praticados por outros têm causado muitas feridas no meio do povo de Deus. Verdades bíblicas podem ser levadas a extremos e, quando isso acontece, podem destruir vidas. Não fomos chamados para manipular as ovelhas ou controlar suas vidas. Jesus, nosso modelo e autoridade máxima, nunca controlou nem manipulou ninguém. Serviu, Se deu, foi gracioso e generoso. Precisamos exercer a autoridade com amor e dentro dos limites estabelecidos por Deus. Para que isso aconteça, é preciso compreender que existem níveis de autoridade.

Níveis de Autoridade

A Palavra de Deus menciona sete níveis de autoridade. Os três primeiros são prerrogativas exclusivas de Deus. Os outros podem ser exercidos por seus ministros.

1. A Autoridade soberana

É o maior nível de autoridade: a autoridade soberana. Este nível nunca é questionado ou desafiado. É absoluto e infalível. É a autoridade que pertence somente a Deus e nunca poderá ser exercida por homem algum. Assumir uma

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autoridade que não cabe ao homem é rebeldia. A autoridade soberana pertence exclusivamente a Deus.

a. Cristo recebeu a autoridade soberana

Essa era a ambição de Lúcifer (Is 14:12-14), mas foi Jesus quem a recebeu (Ef 1:16-22).

b. Cuidado com os que tentam tomar o lugar de Cristo

Qualquer pessoa que coloca sua unção em um nível inquestionável e infalível está assumindo uma posição de anticristo. Ser anticristo não é ser contra Cristo, mas tentar tomar o Seu lugar (Mt 24:5). Assim, constrangem as pessoas a obedecerem-na sem questionar, fazendo-as pensar que se questionarem, estarão confrontando o próprio Senhor e se rebelando contra ele. Pedir explicações a Deus ou a qualquer pessoa não é rebeldia. Não há autoridade alguma na igreja a quem o cristão tenha que prestar obediência inquestionável, a não ser a Deus.

A humildade diante de Deus e dos seus liderados é uma característica essencial de um líder cristão.

2. A autoridade da Verdade

É a autoridade concernente a tudo o que é verdadeiro, absoluto e inquestionável, assim como Deus (2 Co 13:8)

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a. A verdade é o próprio Deus (Jo 14:6; 1:17; 5:6)

Deus é a verdade, o Filho é a verdade e o Espírito também. Não há três deuses, mas um só Deus.

b. A verdade é tudo o que Deus diz (2 Ts 2:12; Nm 23:19; Sl 89:34)

O próprio Deus é a verdade, assim como Suas palavras e promessas.

c. A Bíblia é a verdade (2 Tm 3:16; Gl 1:8)

A Bíblia foi inspirada pelo Espírito de Deus e, portanto, é a verdade absoluta e infalível.

3. A Autoridade da Consciência

Chamamos de consciência a capacidade que todo homem tem de distinguir entre o certo e o errado. Mesmo os incrédulos são capazes de fazer tal distinção, aplicando um princípio básico: não devemos dazer com os outros o que não queremos que façam a nós.

a. Não devemos violar a consciência dos outros (1 Co 8:12; Rm

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14:23)

Homem algum tem o direito de exigir de outro algo que vá contra a consciência dele.

b. Devemos nos submeter a ela (Rm 14:5,6;13)

A Palavra de Deus diz que pecamos quando agimos contra o que diz nossa consciência, pois ela é um testemunho da verdade dentro de todo homem.

Desses três tipos de autoridade, podemos concluir que nenhum homem, seja da Igreja ou do Estado, tem o direito de forçar quem quer que seja a desobedecer a Deus, à Bíblia e à sua consciência.

Esses três primeiros níveis de autoridade são prerrogativas exclusivas de Deus. Os próximos quatro são reservados aos homens.

4. A Autoridade Delegada

Onde o Reino de Deus está estabelecido, ou seja, Seu governo e autoridade, há justiça, paz e alegria no Espírito (Rm 14:17). Em outras palavras, quando a autoridade delegada é exercida corretamente, esse é o resultado obtido.

a. Os líderes da Igreja possuem autoridade delegada

Estamos aqui exercendo a autoridade que nos foi delegada por Cristo (@ Co 5:20). Entretanto, é importante lembrar que tal autoridade pertence a Deus e nos foi apenas delegada para auxiliar no governo da igreja. Não devemos exercê-la como dominadores do rebanho, mas com a atitude de Cristo: a de dar a vida pelas ovelhas (Jô 10:11; 1 Pe 5:2,3).

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b. A autoridade delegada procede da responsabilidade

Quem tem responsabilidade e a exerce conquista autoridade. Assim, não posso exercer autoridade sobre pessoas pelas quais não sou responsável.

c. A autoridade delegada nunca vai além da responsabilidade

O limite da autoridade é, portanto, a responsabilidade. Nunca vai além dela. O inverso também é verdadeiro: quando deixamos de assumir a responsabilidade, perdemos a responsabilidade.

5. A Autoridade Funcional

É, muitas vezes, a base para estabelecermos a autoridade delegada. Provém da habilidade, competência, experiência e treinamento. Não há problema algum em uma autoridade delegada submeter-se a autoridade funcional.

6. A Autoridade dos Costumes

A autoridade dos costumes e tradições se estabelece quando se provou, através dos anos, que ela proporciona o bem comum e é aceita por todos. Há costumes e tradições que são bons, mas não são ordenanças bíblicas. O uso do véu é um deles. Paulo apela para a autoridade dos costumes quando fala da

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questão do véu na igreja de Corinto, onde usa-lo era sinal de submissão a Deus (1 Co 11:16). Uma igreja ou liderança não pode ignorar os costumes de uma localidade ou comunidade, se tal costume não contradiz a Bíblia.

7. A Autoridade dos Contratos

É a autoridade da Lei. Ela rege a sociedade e pode ser observada nos contratos e acordos legais. Apesar de ser algo natural, sua origem é divina. Paulo disse que essa autoridade foi também constituída por Deus e procede dEle (Rm 13:1-6).

Exemplos de Rebelião

1. A queda de Adão e Eva (Gn 2:16,17; 3:1; Rm 5:19)

Essa foi a primeira situação de rebelião contra Deus. Deus havia dito a Adão que não comesse da árvore do conhecimento do bem e do mal. Quando,porém, ele e Eva resolveram comer o fruto proibido, se rebelaram contra Ele.

O que aprendemos com essa situação?Rebelar-se contra a autoridade representativa de Deus é rebelar-se

contra o próprio Deus.Tudo o que fazemos deve ser por submissão a Deus e sob sua direção.

Nada deve ser feito por nossa própria iniciativa. A primeira lição de um obreiro é submeter-se à autoridade. Há autoridade em todas as áreas: na família, na escola, no trabalho, na sociedade etc. Muitos vêem a submissão como um castigo ou punição, porque Deus disse que Eva deveria se submeter a Adão depois do pecado, mas a relação entre autoridade e submissão já existia antes do pecado. Quando Deus criou Adão, ele devia se submeter ao Senhor; havia a ordem expressa de não comer o fruto. Portanto, submissão não é castigo, é benção.

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2. A rebelião de Cão

O segundo exemplo de rebelião foi a de Cão, um dos filhos de Noé, que expôs a nudez de seu pai (Gn 9:20-27).

a. A falha do líder é um teste de submissão dos liderados

No plano de Deus, o pai é a autoridade na família, mas não há autoridade delegada que seja perfeita. Podemos dizer que Noé fora estabelecido como autoridade e sua falha tornou-se um teste para seus filhos.

b. Cão expôs a nudez do líder

Expor é falar, denegrir e espalhar. Isso é sinal de rebeldia: ter prazer em contar as falhas do líder. A atitude de Sem e de Jafé foi encobrir. A de Cão foi expor. Alguns expõem, outros encobrem.

c. Noé, mesmo tendo errado, se posicionou para zelar pelo princípio da autoridade

Noé errou, mas não a ponto de perder sua posição. Assim também Davi, que nunca expôs Saul, mesmo conhecendo suas fraquezas. Quando o líder erra, deve confessar e se arrepender, mas isso não tira sua autoridade. O erro do líder não justifica o erro dos liderados.

d. A conseqüência da rebelião é maldição

Mesmo estando errado, Noé amaldiçoou Cão e a maldição se cumpriu. Por quê? Porque ele era autoridade e a atitude de Cão foi sinal de rebeldia. A

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conseqüência da rebelião é sempre maldição. Se há rebelião, o líder deve orar e clamar pela misericórdia de Deus sobre o irmão que se rebelou, afinal, agora vivemos no tempo d graça de Deus.

3. Nadabe e Abiu

Outro caso de rebelião aconteceu com dois jovens filhos de Arão, o sumo sacerdote, que ofereceram fogo estranho ao Senhor (Lv 10:1,2).

Deus não aceita fogo estranho, ou seja, aquele que tem origem em nossa presunção humana. Eles eram sacerdotes e podiam trabalhar dentro do tabernáculo, inclusive com fogo do altar, todavia, resolveram trazer um fogo estranho, que Deus não havia mandado.

Há dois tipos de pecado relacionados à submissão: presunção e desobediência. Desobediência é quando não manda e fazemos mesmo assim.

a. O trabalho deve ser coordenado pela autoridade

Deus havia estabelecido Arão como sumo sacerdote e seus filhos estavam sob sua liderança (Lv 8:9). Quando estes resolveram oferecer sacrifícios fora da coordenação do pai, isso se tornou fogo estranho.

b. O serviço origina-se em Deus

O princípio do fogo estranho é fazer algo que não foi ordenado por Deus. Jesus disse: “O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito” (Jo 3:6). Para nascer do espírito, o que é nascido da carne precisa morrer. O novo nascimento é gerado pelo Espírito Santo. Não é morte física, é a morte do ego, da iniciativa humana.

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c. Fogo estranho produz morte

A conseqüência imediata da rebeldia é a morte. Qualquer um que serve a Deus sem discernir a autoridade pode oferecer fogo estranho e ser rejeitado por Deus. Caim e Abel fizeram suas ofertas, mas Deus aceitou a de Abel e rejeitou a de Caim (Gn 4:1-8).

4. Arão e Miriã

Arão e Miriã eram mais velhos que Moisés, que tomou como uma esposa uma mulher etíope, desagradando-os (Nm 12:1-15). Nos assuntos de família, Moisés deveria ser submissos a eles, mas na obra de Deus, ele era o cabeça. Seria correto tratar da questão no âmbito da família, mas falharam quando tocaram na autoridade de Deus.

a. A autoridade é dada por escolha de Deus

Foi Deus quem escolheu Moisés. E foi o próprio Deus quem o defendeu (v.8).

b. Rebeldia produz lepra

Imediatamente após questionar a autoridade espiritual de Moisés, Miriã

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ficou leprosa (v.10). A lepra produz afastamento e perda da comunhão.

c. Rebeldia pára o mover de Deus

A coluna de nuvem se pôs à porta da tenda e de lá não se moveu enquanto a questão da rebeldia não foi resolvida (v.10). “Assim, Miriã foi detida fora da arraial por sete dias; e o povo não partiu enquanto Miriã não foi recolhida” (v.15).

5. Datã, Coré e Abirão

O grupo de Coré era levita, pessoas escolhidas por Deus para executar os serviços do tabernáculo (Nm16). Ele representa os religiosos. O grupo de Datã e Abirão era da tribo de Rúben, primogênito de Jacó, e possuía encargo de liderança. Ele representa os líderes. Além deles, se levantaram outros 250 líderes do povo (v.2). Uma coisa é a rebelião do ovo,mas outra é quando os líderes se rebelam.

a. A rebelião procede do Hades

“A terra debaixo deles se fendeu, abriu sua boca e os tragou [...] desceram vivos ao abismo” (vv.31-33). No original, a palavra aqui traduzida por abismo é inferno, hades. Deus havia tolerado a dúvida e a tentação, mas não pôde suportar a rebelião. Moisés não se defendeu, pois ninguém precisa defender sua posição, sua autoridade. Se, de fato, recebemos autoridade de Deus, Ele mesmo nos honrará. Jesus falou que as portas do inferno não prevalecerão sobre Sua Igreja (Mt 16:18).

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b. A rebelião é contagiosa

Em Números 16 temos duas rebeliões: a dos líderes (vv.1-40) e a de todo o povo (vv.41-50). O espírito de rebelião é contagioso. Depois de verem o que Deus tinha feito a Coré, Datã e Abirão, não se arrependeram nem mudaram sua postura, mas causaram outra rebelião. A rebelião precisa ser tratada para que não contamine e se espalhe no meio da congregação.

Limites de Obediência à Autoridade

Submissão é uma questão de coração, mas obediência é uma questão de conduta. Obediência diz respeito à atitude; submissão é uma questão do coração. A desobediência toca na santidade de Deus; a rebeldia toca no trono, na autoridade de Deus.

Devemos nos submeter sempre às autoridades, mas nem sempre temos de obedecê-las. Somente Deus é objeto de submissão ilimitada. A submissão ao homem é sempre limitada. Se a autoridade representativa dá uma ordem nitidamente contrária à ordem de Deus, ela deve ser desobedecida. Por isso Jesus disse que veio trazer espada, e que aquele que ama seu pai ou sua mãe mais do que a Ele não é digno dEle (Mt10:34-37). Pois importa primeiro obedecer a Deus (At 5:29) e, para isso, às vezes desagradamos os homens.

Existe uma hierarquia de autoridade que segue a seguinte ordem:● A autoridade soberana de Deus;● A autoridade da Bíblia;● A autoridade da nossa consciência;● A autoridade delegada.Qualquer autoridade delegada deve ser submissa aos três níveis mais

elevados de autoridade, além de ser limitada á sua área de atuação. Quer esteja na família, na igreja, no governo ou no trabalho, não podemos obedecer à autoridade alguma que nos ordene algo contra Deus, a Bíblia ou nossa consciência.

Precisamos observar ainda os seguintes pontos:

a. Toda autoridade delegada tem um limite

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O chefe somente pode dar ordens na esfera do trabalho. O pastor, o líder ou qualquer outra autoridade está limitado àquilo para o que foi delegado. Ele não pode escolher com quem devo me casar ou interferir na minha vida profissional ou doméstica.

b. Nem toda autoridade é permanente

Existem autoridades a quem nos submetemos momentaneamente, por força de contrato ou tarefa conjunta.

c. Há autoridade nas tradições e nos costumes

Dentro dos limites da Palavra de Deus, devemos nos sujeitar aos costumes e às tradições do lugar e da igreja onde vivemos.

d. Existe um tipo de autoridade basicamente funcional:

Autoridade baseada na aptidão natural;Autoridade baseada na instrução;Autoridade baseada na experiência;Autoridade baseada na unção de Deus.

Autoridades Estabelecidas por Deus

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Deus é a fonte de toda autoridade no universo. Toda autoridade humana é estabelecida por Ele e representa a Sua autoridade.

Deus estabeleceu três esferas de autoridade:

1. No mundo (Rm 13:1; 1 Pe 2:13,14; Ex 22:28)

Como está escrito em Romanos, não há autoridade que não proceda de Deus, e as autoridades que existem foram por Ele constituídas. Portanto, quem se submete a elas nunca será desonrado. A história de Davi, registrada em 1 Samuel, é um exemplo disso. Apesar da constante perseguição, ele foi completamente submisso e fiel a Saul, honrando-o sempre. Ele agiu assim porque não olhava para o homem Saul, mas reconhecia a autoridade de Deus sobre ele.

Quando rejeitamos a autoridade delegada, rejeitamos o próprio Deus.

2. Na igreja (1 Ts 5:12,13; 1 Tm 5:17; 1 Pe 5:5; 1 Co 16:15,16)

a. Deus ordena a submissão de todos os presbíteros da Igreja

Paulo diz que existem anciãos, bispos e presbíteros que devem presidir na casa de Deus, ou seja, sobre eles há um encargo do ensino da Palavra, da ministração aos santos, e eles devem ser honrados com submissão. Se o líder falhar, Deus tratará diretamente com ele, mas a sua submissão do liderado ficará registrada diante do Senhor.

b. A primazia depende da idade física, mas há indicações de que a idade espiritual é mais importante (1 Co 16:15,16)

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c. A mulher pode governar a igreja?

À luz da Bíblia, não (1 Co 11:3). Elas podem e devem servir com seus dons, mas é o homem quem dá a direção e deve carregar a pressão advinda da liderança. Deus estabeleceu assim e Sua Palavra não tem data nem prazo de validade, é aplicável em qualquer época.

Segundo Judas, aqueles que não se submetem à autoridade são “sonhadores alucinados, não só contaminam a carne, como também rejeitam governo e difamam autoridades superiores. Contudo, o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo e disputava a respeito do corpo de Moisés, não se atreveu a proferir juízo inflamatório contra ele; pelo contrário, disse: O Senhor te repreenda!” (Jd 1:8). Entre os anjos também há autoridade e Judas mostra o contraste entre a atitude de Miguel e a de homens rebeldes.

3. Na família (Ef 5:22-24; 6:1-3; Cl 3:18; 20:22; 1 Co 11:3)

Deus estabeleceu uma cadeia de autoridade na família. Primeiramente o ai, depois a mãe e só então os filhos, sendo que, dentre estes, o mais velho tem a proeminência. Pais devem temer a autoridade que Deus lhes deu porque representam o Senhor. Os maridos devem amar suas esposas, que, por sua vez, devem ser a eles submissas; os filhos devem honrar seus pais, e os servos, seus senhores.

A quem muito é dado, muito também será cobrado. Precisamos aprender a nos submeter à autoridade e a exercê-la. Autoridade deve ser usada para servir; ser exercida com amor, entregando a própria vida como fez Jesus, nosso maior modelo e autoridade.

Sinais de Uma Pessoa Submissa

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Submissão é uma disposição do coração, e não simplesmente uma conduta.

Uma pessoa submissa à autoridade:

1. Procura autoridade aonde quer que vá.

Quem entende a importância da autoridade não se isola porque sabe que a cobertura é proteção para sua vida. Quem é genuinamente submisso procura se submeter de coração e não apenas por obrigação, buscando direção do Espírito Santo para saber a quem deve submeter-se.

2. Se tornará mais branda e mais dependente.

Isso acontece porque ela se torna temerosa de cometer erros, pois tem noção de que sua vida não é isolada, faz parte de uma equipe, o corpo de Cristo. E tudo o que um membro faz afeta todo o corpo. O discípulo precisa ser tratável, ter revelação da autoridade e do corpo como um todo, e não agir pensando nas próprias vantagens e vontades.

3. Tem entendimento correto da autoridade e não anseia por tê-la.

Não tem prazer em fazer prevalecer suas opiniões ou em controlar os outros.

Quem sabe o que é autoridade, teme exercê-la, porque sabe que vai receber juízo mais severo de Deus. Na Bíblia vemos que Deus parece ter prazer em chamar aqueles que não estão buscando posição de liderança. Foi assim com Moisés, Arão, Abraão, Davi, os apóstolos e muitos outros; todos foram chamados pelo Senhor quando cuidavam de sua vida e não corriam atrás da fama.

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4. É tardia para falar. Mantêm a boca fechada.

“Portanto, meus amados irmãos, todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar” (Tg 1:19).

Há pessoas que têm prazer no erro do outro, especialmente se este for um líder. Porém, não podemos nos precipitar e julgar. Só Deus tem autoridade para fazê-lo (Mt 7:1-5). O melhor a fazer é orar e nos abster de dar opiniões, porque não temos autoridade para julgar o nosso irmão.

5. Torna-se muito sensível a rebeliões e a iniqüidade, pois sabe o quanto a rebelião contamina.

6. Consegue levar os outros à submissão.

Jesus falava com autoridade, não como os escribas e fariseus, porque ele vivia o que pregava. Conhecemos a submissão de alguém pelas pessoas que andam com ele, por seus discípulos.

João disse que se alguém diz que ama a Deus e não ama a seu irmão, está mentindo (1 Jo 4:20). Da mesma maneira, se alguém diz que se submete a Deus e não se submete à autoridade delegada, também está mentindo.

Vencedor é aquele que aprendeu a ser submisso, porque entendeu que a autoridade procede do trono de Deus.

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Desobediente, Porém Submisso

Há uma situação muito interessante que muitos pensam não ser bíblica: é possível ser desobediente, porém submisso. Isso não significa que podemos ser rebeldes. Contudo, é preciso enfatizar que na Palavra de Deus, a submissão é absoluta, mas a obediência é sempre relativa. Se a autoridade representativa estiver extrapolando os limites impostos por Deus, então, não deve ser obedecida.

Assim, podemos dizer que um pai que proíbe um filho de ir à igreja ou de entregar sua vida a Jesus não deve ser obedecido, nem tampouco o marido que proíbe à esposa. Naturalmente, isso não deve ser resolvido com desafio, discussões ou gritarias, mas com sabedoria, fazendo a vontade de Deus.

Importa primeiro obedecer a Deus, depois aos homens. Alguns exemplos bíblicos nos mostram isso claramente.

1. Sifrá e Pua

As duas parteiras que desobedeceram as ordens de Faraó para matar as crianças e por isso foram recompensadas por Deus (Ex 1:15-17; 21-22).

Faraó era uma autoridade instituída por Deus, mas extrapolou seus limites, contrariando frontalmente o propósito de Deus.

2. Raabe, a prostituta

Raabe cometeu alta traição contra o seu país ao esconder os espias, protegendo-os. Mas por tudo isso ela foi honrada por Deus e entrou na genealogia do próprio Messias (Hb 11:3).

3. Samuel

Saul ainda era rei, mas Samuel foi enviado por Deus para ungir outro rei em seu lugar (1 Sm 16:1,2). Tal atitude poderia ser vista por Saul como um crime

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contra o rei, e custaria a morte do profeta. Porém, o próprio Deus deu a Samuel uma solução. Para que Saul não soubesse, deveria lhe dizer apenas que iria sacrificar um novilho ao Senhor na casa de Jessé.

4. Jônatas

Saul ordenou a Jônatas que matasse Davi. Sabemos que os filhos devem obedecer aos pais, mas Jônatas não obedeceu a Saul (1 Sm 19).

5. Os três jovens hebreus

Os três jovens não obedeceram à ordem para adorar a imagem de ouro levantada pelo rei Nabucodonosor. Antes, preferiram honrar a Deus. Assim, sofreram a punição e foram lançados na fornalha ardente, porém, Deus os livrou (Dn 3:1-26).

6. Os apóstolos

A ordem das autoridades era para que não se pregasse o evangelho de Jesus, ao que os apóstolos responderam: “Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5:29).

Se o coração é submisso, é possível honrar a liderança sem, contudo, obedecê-la sempre.

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Como Discernir uma Liderança Adequada

1. A Equação da Autoridade Equilibrada

Há uma equação muito conhecida no meio evangélico, que nos ajuda a entender o equilíbrio que deve existir no exercício da autoridade:

Posição = caráter + dom + chamado + tempoInvertendo esse somatório, podemos também concluir que:Posição – caráter = irresponsabilidadePosição – dom = ineficiênciaPosição – chamado = violênciaPosição – tempo = imaturidade e soberbaUma posição de autoridade adequada exige a combinação desses quatro

fatores. É isso o que Deus deseja.

2. Submissão

Nenhum homem pode exercer autoridade de forma adequada sem que antes tenha se submetido a ela. A insubmissão gera confusão e desequilíbrio. Por isso, é preciso entender claramente seu conceito. Já vimos o que é submissão. Agora veremos o que não é.

a. Anulação

Submissão não é um condicionamento emocional no qual q pessoa se anula com medo de ser rejeitada ou por ameaça de retaliação. Isso é mera subserviência.

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b. Obediência cega

A submissão não exclui o direito de entender a situação. Como já foi citado, homem algum pode exigir obediência inquestionável. Isso não significa que só obedecemos quando concordamos, mas que a renúncia deve ser sempre consciente.

c. Escravidão

A verdadeira submissão nunca é forçada ou imposta. Ela é respaldada na responsabilidade e voluntariedade. Nem mesmo Deus força a submissão, porque ela vem do coração.

d. Omissão

Motivados pelo medo, muitos usam a estratégia do silêncio e se calam para tudo. Omissão pode significar indiferença ao líder ou raiva reprimida. A submissão deve ser fruto de uma intenção consciente e voluntária do liderado de fazer a vontade de Deus mediante a convicção dada pelo Espírito Santo.

3. Maturidade

O exercício da autoridade é proporcional à maturidade do liderado, já que ela existe para protegê-lo. Isso pode ser percebido de forma mais clara quando compreendemos a relação de dependência, independência e interdependência entre pais e filhos.

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a. Dependência

Na infância somos totalmente dependentes. Os pais precisam cuidar da criança e, portanto, exercer maior autoridade.

b. Independência

Na adolescência queremos ser independentes. Assim que o adolescente começa a assumir a responsabilidade por si mesmo, a exigência de autoridade também diminui.

c. Interdependência

Na maturidade somos interdependentes. Aqui, a autoridade passa a ser exercida de forma bem mais branda, pois ambos alcançaram o mesmo patamar. O adulto maduro sabe que precisa de cooperação mútua para continuar crescendo.

O alvo da autoridade não é produzir nem perpetuar dependência, mas a interdependência, onde todos trabalham em harmonia para cumprirem o propósito para o qual foram criados.

4. Espiritualidade

Algumas vezes, nossa submissão também demonstra nossa espiritualidade. Quando espontaneamente decidimos seguir certos tipos de líderes que estão fora do padrão de Deus, mostramos a realidade do nosso coração (Jr

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5:31).Quando não aceitamos líderes ordenados por Deus, invariavelmente

acabamos seguindo líderes libertinos e tolos. A responsabilidade por esse erro é tanto do líder quanto do liderado.

Há dois princípios muito importantes a esse respeito:

a. Uma igreja ou nação levanta-se ou cai com a sua liderança.

A liderança que seguimos determina o quê ou quem somos. O povo pode sofrer as conseqüências dos pecados e erros do seu líder, como aconteceu com Davi, cujo pecado fez sofrer todo o povo (1 Cr 21:1-8). Entretanto, o inverso também acontece: por causa da fidelidade do líder o povo pode ser abençoado. É o que vemos na vida de Moisés quando, por sua intercessão, todos foram salvos (Ex 32:30-35). Assim, precisamos ter muito cuidado com amaneira como lideramos, pois ela determinará como e quem serão nossos liderados.

b. O crescimento espiritual é limitado pela liderança.

O líder é o limite do povo. Se estamos debaixo de uma liderança pobre e Deus, teremos poucas chances de crescimento. A maioria das pessoas não irá além do nível do seu líder.

Para que a igreja possa crescer, os líderes precisam crescer antes. Se a igreja precisa mudar, eles têm que mudar primeiro.

A liderança adequada é aquela que mais se assemelha à de Jesus. Devemos, então, tê-lO como modelo e escolher líderes que também o façam, porque aquilo que somos e fazemos é, em grande medida, determinado por nossos líderes e sua liderança.

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Como Distinguir Líderes Consagrados

Quem exerce liderança deve compreender o que é autoridade espiritual e temer a posição que ocupa. Seguem abaixo alguns critérios para reconhecer um líder consagrado:

1. Buscam responsabilidade; líderes corrompidos buscam autoridade.

Timóteo é exemplo de um líder consagrado, que buscava os interesses do rebanho e não os seus próprios. Seu encargo era pela responsabilidade e não pela posição ou título. Mas Paulo fala que todos os outros buscavam seus próprios interesses e não os de Jesus Cristo (Fp 2:19,20).

João fala sobre certo irmão, Diótrefes, um exemplo de líder corrompido que queria exercer a primazia, a autoridade, de maneira forçada. Ele é citado como alguém que possuía sentimento faccioso, falava palavras maliciosas contra seus líderes e proibia os irmãos de terem comunhão com outros irmãos, manipulando e controlando as pessoas (3 Jo 9,10).

Como vemos logo em seguida, João não estimula os irmãos a seguirem um líder mau (v. 11), mas a Demétrio.

Normalmente, aqueles que buscam a autoridade e aposição tratam o rebanho com dureza e tentar dominar as pessoas (1 Pe 5:2,3).

2. Alimentam o rebanho; líderes corrompidos o tosquiam (Jr 3:; Ez:1-10; Mq 3:10,11; Jo 10:12,13).

Um pastor segundo o coração de Deus se preocupará, acima de tudo, em alimentar o rebanho do Senhor. O rebanho não existe para servir os líderes, ou para satisfazer seus propósitos e necessidades. Para o líder consagrado, o que interessa é a ovelha; para o corrompido, as vantagens que ela trará. Quando nosso interesse principal é o dinheiro, somos rejeitados por Deus como pastores. É um grande privilégio poder renunciar a algo vantajoso para servir a Deus.

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3. Reúnem o rebanho; líderes corrompidos o dispersam (Is 40:10,11; Jr 23:1,2).

Um pastor dócil e manso sempre reunirá o rebanho, estimulará os dons de cada um e não esmagará a cana quebrada.

O falso pastor abusa de sua autoridade e dispersa o rebanho, criando confusões e divisões. Pastor de verdade não se esconde atrás da sua autoridade: quando faz algo errado, procura a ovelha, se retrata e pede perdão.

4. Reconhecem que as ovelhas pertencem a Deus; líderes corrompidos reivindicam as ovelhas para si (Sl 100:3; Ez 34:23; 30; 31).

Um pastor precisa sempre se lembrar de que o rebanho é de Deus. Apenas trabalhamos para Ele.

Pastores mercenários normalmente reivindicam ovelhas para si, principalmente as que são ricas e bem posicionadas.

Pastores corrompidos não obtêm submissão de suas ovelhas; máximo que conseguem delas é subserviência.

Os problemas com a Autoridade

Podemos ser líderes e exercer autoridade diferente do padrão que Deus estabeleceu. Cada membro precisa ser submisso à liderança, mas em contrapartida, o líder deve aprender a exercer a autoridade corretamente. Existem vários problemas causados pelo extremismo ou pela frouxidão no exercício da autoridade. É necessário, portanto, buscar o equilíbrio.

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Abordaremos agora, oito problemas inerentes ao exercício da autoridade.

1. Ditadura Espiritual

Surge quando o líder se julga inquestionável e exerce a autoridade que pertence somente a Deus. Então, a ditadura se instala, trazendo confusão e atritos, e toda sugestão ou crítica é vista como rebeldia. O líder precisa tolerar discordâncias e perceber seus limites, pois sua voz não pode estar acima da voz de Deus.

Muitos pastores e líderes incorrem no erro da ditadura espiritual, porque discípulos imaturos transferem para seu discipulado a responsabilidade de ouvir de Deus a respeito de sua vida. Isso pode parecer submissão, mas demonstra uma doença espiritual cujo sintoma é a fuga da responsabilidade pelas próprias escolhas.

Sinais de um líder ditador:● Luta por posição;● Cobiça e ostentação;● Incentivo à competição;● Centralização e egocentrismo;● Ambição descontrolada e desrespeito;● Afronta e ameaça (Ef 6:9);● Maldição em vez de demonstrações de gratidão.

2. Conflito entre a Autoridade Delegada e a Bíblia

Ocorre quando o líder dá uma direção que confronta diretamente uma orientação bíblica. Nesse caso, há um explícito desequilíbrio de autoridade, pois a autoridade da Palavra está acima da autoridade delegada (At 23:1-5).

3. Costumes e Tradições Sobrepostos à Bíblia

Os costumes e as tradições só possuem valor se estiverem subordinados à Palavra de Deus (Mt 15:1-3). Se forem antibíblicos, não importa quantos séculos tenham, devem ser eliminados.

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4. Exercício da Autoridade Através de Manipulação e Controle

O líder não pode anular a capacidade do discípulo de tomar decisões.Formas sutis de manipulação:● Misticismo (Cl 2:18);● Preconceito e julgamento (Cl 2:16,17);● Falsa profecia (Jr 5:30);● Dívida de gratidão;● Sedução emocional e financeira;● Perspicácia.

5. Autoritarismo

O líder autoritário exerce a liderança pela força e pelo temperamento opressivo. Esse tipo de autoridade não prevalece por muito tempo, pois sua base é o medo. Tais líderes aglutinam pessoas inseguras e dependentes e, como resultado,a igreja se torna fraca e reprimida.

Devemos buscar sempre o equilíbrio, respeitando a inteligência, o espaço e a discordância, sem, contudo, tolerar o pecado e a falta de compromisso. O próprio Deus nos ensina a arrazoar (Is 1:18) para que conheçamos Seus motivos e possamos obedecer com consciência e entendimento.

6. Autoridade Exclusivista

É a liderança exercida pela intimidação através da superioridade da capacidade, dom ou inteligência. Tais líderes tornam-se exclusivistas e chegam a proibir seus liderados de aprenderem com outras pessoas e buscarem outras fontes de aprendizado. Na verdade, apesar de toda capacidade intelectual e habilidade que possam ter, são pessoas inseguras e querem manter os seus liderados através da ignorância.

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O exclusivismo produz fragilidade e não força, como alguns imaginam.

7. Autoridade Perfeccionista

A base dessa liderança é a cobrança obsessiva de detalhes insignificantes. Nessa situação, os liderados são afligidos por um constante sentimento de inadequação e incapacidade e criam vínculo de dependência com o líder, que sempre passa a imagem de alguém super eficiente.

8. Temor e Paternalismo

Alguns líderes temem exercer a autoridade por não se julgarem em condições espirituais de fazê-lo ou por temerem ser rejeitados. Noé não caiu nesse engano. Mesmo depois de haver falhado, exerceu disciplina sobre seu filho Cão, que foi insubmisso (Gn 9:21-27).

Outros não exercem a autoridade por causa do paternalismo. Esse é um problema que, de fato, paralisa e incapacita. O líder paternalista é possessivo e superprotetor; ele não admite o confronto e considera o outro incapaz, gerando, assim, pessoas incompetentes, fragilizadas e dependentes.

Paternalismo não é o padrão de Deus, não é o exercício de autoridade. Paternidade é de Deus; paternalismo é da carne.

Como Exortar a Autoridade

Criou-se, no meio evangélico, a idéia de que perguntar, dar sugestões ou mesmo fazer uma reclamação justa é sinal de rebeldia. Isso tem produzido igrejas passivas em que o potencial e a criatividade dos membros são tolhidos e, conseqüentemente, a obra perde sua agilidade e seu poder de alcance.

Como já vimos, a submissão não significa a anulação completa da vontade e do bom senso. Podemos e devemos contribuir com nossos líderes para

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que a obra cresça e prospere. Algumas vezes então, teremos de fazer sugestões, críticas e até confrontá-los. Mas precisamos ter os seguintes cuidados:

1. Não usar palavras ofensivas.

Desconsideramos a autoridade e ofendemos a Deus quando agimos desrespeitosamente. Não se pode jamais utilizar adjetivos pejorativos ao se referir ao líder. Mas, se não usamos palavras erradas e não sentimos rebeldia, a crítica ou a sugestão pode ser dada sem incorrer em pecado. Vemos bons exemplos disso na vida dos apóstolos (At 6:1-4) e de Marta (Jo 11:20-24; Lc 10:38-40).

2. Evitar espalhar comentários alheios.

Cuidado com comentários do tipo: “Os outros andam dizendo...” ou “Ah, está todo mundo falando, pastor!”. Se alguém tem algo a dizer que diga diretamente. Tal atitude é errada, inaceitável e demonstra um coração desonesto; é típica de quem não tem compromisso com a verdade, apenas consigo mesmo.

3. Evitar transmitir comentários sem citar a fonte.

Outra atitude muito grave é fazer comentários do tipo: “Alguém me disse, mas não posso dizer quem foi”, ou “Alguém disse para lhe dizer, mas pediu segredo”. Isso é inaceitável; é desrespeito pra com a autoridade. Tudo o que precisamos dizer ao líder e a respeito dele, deve ser feito de forma direta e franca.

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4. Não apenas reclamar, mas apresentar soluções.

Não podemos nos limitar apenas a reclamar; ao contrário, precisamos apresentar soluções, sugestões válidas, pertinentes, inteligentes e de bom senso. Antes de reclamar, devemos estar comprometidos com a melhoria e a mudança.

Porém, se mesmo depois de todos esses cuidados, o líder permanecer indiferente e intratável, não há nada mais a fazer por ele, a não ser orar e deixar que o Espírito Santo faça a Sua parte (Pv 21:1).

O Senhor delega a autoridade, mas quem a recebe nunca será maior do que Aquele que a delegou. Deus está assentado no Seu alto e sublime trono, e Ele mesmo está no controle de Sua obra e de Sua Igreja.

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PARTE 2LIDERANÇA EFICAZ

Cada Crente um Líder

A liderança estabelecida por Deus é diferente daquela exercida pelo mundo. Cada ser humano foi criado para sujeitar e para dominar (Gn 1:28), ou seja, cada um foi criado para ser um líder. Compreender isso é mudar sua mentalidade que, por falta de revelação, o levava a crer que os líderes sempre eram os mais carismáticos, os mais bem treinados, os mais temperamentais. Rejeite esses conceitos equivocados. Você nasceu e foi criado para liderar.

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John Maxwell afirma que liderança é influência, sendo assim, o homem que, através do Espírito, é cheio de poder e autoridade, influenciará a muitos. Assim, alguém que não exerce influência, é alguém que não é sal, porque quem é sal influencia.

Diante disso, quero mencionar quatro fundamentos sem os quais um çíder não pode ser constituído.

Primeiro Fundamento: a Imagem Gera o Domínio

O domínio está intimamente ligado à imagem (Gn 1). Não podemos separar domínio de imagem.

Tudo é determinado por aquilo com que você se parece. Se com escorpião, serpente, cordeiro ou filho de Deus.

Apocalipse diz que a aparência de Deus é como a pedra de Jaspe (Ap 4:3) e que a Nova Jerusalém será construída de Jaspe (Ap 21:11; 18).

A imagem é a expressão. Quanto mais expressamos mais exercemos domínio e liderança. A imagem é a expressão do autor. Somente ele pode nos autorizar, como líderes, o exercício da autoridade. Por causa da queda nós perdemos a imagem, mas a obra do Espírito Santo nos transforma para expressarmos a Deus. A palavra “transformação” ocorre três vezes na Bíblia.

E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. (Rm 12:2)

E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, ma sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito. (2 Co 3:18)

A terceira referência está em Mateus. No lugar de “transformar” lemos a palavra “transfigurar”, mas a palavra em grego é a mesma metamorphos (Mt 17:2). Em outra passagem, Jesus disse que alguns veriam a manifestação do reino (domínio) (Mt 16:28). E qual foi a manifestação do reino (domínio)? A transfiguração. Somente quando somos transformados ou transfigurados é que expressamos a autoridade do reino genuinamente. Existe algo que é inevitável: aqueles que trazem a imagem recebem o domínio; aqueles que se parecem com o Senhor inevitavelmente serão colocados por cabeça para liderar.

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Segundo Fundamento: o Sacerdócio Introduz a Realeza

Imagem nos fala de sacerdócio e domínio nos fala de realeza. O Novo Testamento nos mostra que Deus nos fez reis e sacerdotes (Ap 5:10; 1 Pe 2:9).

O sacerdócio sempre introduz a realeza.No Velho Testamento havia dois ministérios básicos: o sacerdócio e a

realeza. O sacerdócio introduz a realeza da mesma forma que Samuel, o sacerdote, constituiu a Davi como o rei; ou João Batista, sacerdote da tribo de Levi, introduziu o rei Jesus, da tribo de Judá. Se fomos genuínos sacerdotes seremos introduzidos na realeza.

Davi fluiu na realeza porque era um sacerdote. Ele comeu dos pães que só eram lícitos aos sacerdotes (1 Sm 21:6). Ele não era um sacerdote levita, mas certamente já prefigurava um sacerdote de uma ordem superior. Primeiro, somos sacerdotes levando as pessoas até Deus, depois, nos tornamos reis manifestando a autoridade do reino sobre a terra.

Alguém poderia questionar: “Se somos todos líderes, quem serão so liderados?”. Lembre-se que o Senhor é o Rei dos reis. Esse título lhe é atribuído porque seus súditos são reis também. Hoje somos feitos uma nação de sacerdotes. Se somos uma nação de sacerdotes, podemos vir a ser uma nação de reis, ou seja, de líderes.

Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para sua maravilhosa luz. (1 Pe 2:5-9)

Terceiro Fundamento: o Domínio pelo Serviço

Leia Mateus 20:20-28.O senhor não repreendeu os discípulos por desejarem dominar como

fazem os reis dos povos. Ele até disse: “Se alguém desejar ser grande...”. Isso nos mostra que o desejo de domínio existe em nós porque fomos criados para isso.

Todavia o Senhor mostrou a forma como podemos dominar: pelo serviço. Isso não significa que teremos de fazer tarefas onde não enxergamos propósito nenhum. Ele mesmo se colocou como exemplo de alguém que estava servindo. E como o Senhor estava servindo? Cumprindo o propósito para Ele. Cristo veio para dar a Sua vida em resgate por muitos. Ao fazer isso, Ele estava servindo e

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exercendo o domínio. Portanto, o verdadeiro espírito da liderança é servir aos outros através do cumprimento do propósito para o qual fomos chamados.

Todo verdadeiro líder é apenas um servo glorificado. O caminho para a liderança é o desempenho do serviço, do chamado que recebemos de Deus, o seu propósito para nós. Servimos cumprindo o propósito.

Quarto Fundamento: o Poder para Dominar

Para que Adão pudesse dominar, ele precisava da imagem, mas também precisava de um segundo elemento: comer da árvore da vida. Somente depois de comer da árvore da vida, ele estaria definitivamente habilitado para dominar como cabeça sobre a terra.

Comer da árvore da vida nada mais é que receber a vida e a energia de Deus dentro de si. Veja o exemplo de um computador sem energia: tanto potencial, tanta informação, tanta utilidade perdida porque falta o mais importante, energia, para possibilitar o acesso.

A última promessa do Senhor aos discípulos não foi o céu, mas poder (At 1:8). Esse poder era uma capacitação para impactar, mudar e controlar as circunstâncias. O poder de Deus nos transforma em leões.

“Um exército de ovelhas liderado por um leão sempre vencerá um exército de leões liderado por uma ovelha” (M. Munroe). Davi tinha o rebanho de rejeitados, mas como era um leão os transformou em matadores de gigantes.

Mude a Sua Mentalidade

O verdadeiro espírito de liderança é a questão da mentalidade e não de técnicas ou métodos. Um lobo criado como um cão pode até parecer um animal doméstico, mas sempre terá dentro de si um clamor pela selva. Tendo sido criado para governar e liderar, o homem sempre terá esse clamor dentro de si.

O que leva alguns lobos a viverem como cães? O conforto, a comodidade de receber tudo na mão e não ter de caçar; a segurança de ter o alimento todos os dias ou, em outras palavras, o receio da prestação. O problema do lobo que vive como cão é que ele não está sendo o que foi criado para ser.

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Falsos Conceitos sobre Liderança

Falsos mitos sobre liderança afetam a nossa mentalidade e bloqueiam o espírito de liderança em nós. Você nasceu para liderar, mas ainda precisa tornar-se um líder. O espírito de liderança foi colocado dentro de todo homem, pois fomos criados à imagem e semelhança de Deus. Mas esse potencial trem que ser despertado. Para isso alguns mitos precisam ser destruídos:

● O mito de que líderes nascem de líderes, não são feitos.● O mito de que a liderança é a vontade de Deus apenas para alguns.● O mito de que líder é aquele com a personalidade mais carismática.● O mito de que o líder é aquele com temperamento mais autoritário ou

poderoso.● O mito de que a liderança é resultado de um treinamento super

especial.● É preciso que tenhamos claro na mente que a liderança, da forma

como Deus planejou, é algo que fluirá espontaneamente se entrarmos dentro dos princípios da Palavra de Deus.

O Crescimento da Influência de Um Líder

Liderança é a influência, nada mais, nada menos. Quando Josué foi enviado para espiar a terra ele já era um líder em sua tribo (Efraim). No relato de Números, vemos que foram enviados para explorar Canaã apenas os cabeças de cada tribo (Nm 13:3). Todavia ele não tinha uma influência muito significativa. Talvez, como ele, você seja um líder hoje que não tem ainda muito reconhecimento. Vamos analisar o caso de Josué.

1. A liderança de Josué no início (Nm 13:25-33; 14:1-12)

a. Não tinha influência

Josué, juntamente com Calebe, se levantou e tentou mostrar que a terra poderia ser conquistada, mas ninguém lhe deu crédito.

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Você diz que é possível conquistar, que é possível multiplicar, mas as pessoas da célula preferem não acreditar. Não fique desanimado se a sua influência ainda é pequena.

b. Ninguém cria nele

O relatório de Josué a respeito da terra foi positivo, mas as pessoas não criam nas suas palavras. É angustiante quando os membros da célula simplesmente não acreditam na possibilidade de vitória pelo poder de Deus.

c. Ninguém o seguiu

Os outros dez espias conseguiram que todo o povo os seguissem, mas Josué não conseguiu nem mesmo um seguidor. Ele não parecia ser um líder promissor.

d. Ninguém o respeitou

Observe que além de não ter o reconhecimento do povo, Josué nem sequer tinha o respeito deles, pois, depois de ouvi-lo as pessoas queriam apedrejá-lo (Nm 14:10).

Muitos líderes de células se sentem desrespeitados, mas não tente se defender, deixe que a glória de Deus se levante e o defenda (v. 10).

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2. Como Josué cresceu em influência

O reconhecimento vem pela constância. A influência é resultado da unção e caráter.

Josué não ficou desanimado por ter de caminhar quarenta anos no deserto por causa do povo. Ele poderia ter entrado rapidamente, mas caminhou com o povo por todos aqueles anos.

a. O reconhecimento e a influência cresceram por causa do relacionamento com Moisés (Dt 31:1-8; 23)

Um líder somente pode ser formado por outro líder. Ninguém pode se tornar um líder apenas estudando numa sala de aula, é preciso acompanhamento e discipulado.

b. O reconhecimento cresceu com o tempo (Js 18:1-10)

A palavra de Josué no verso 3 foi a mesma de Números 14, mas agora a sua influência e a geração para quem ele falava era outra. Agora ele tinha reconhecimento para levá-los adiante.

Nada pode substituir o tempo. Josué e Calebe eram os mais velhos da nação quando entraram em Canaã (Nm 26:65).

c. O reconhecimento vem pelo caráter e a busca do Senhor (Ex 33:11)

Quando Moisés orava, Josué não se apartava da porta da tenda.Quem deseja crescer busca estar com o seu discipulador.Observe que Josué é chamado de servidor de Moisés. O serviço mostra o

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caráter.

Falava o Senhor a Moisés face a face, como qualquer fala a seu amigo; então, voltava Moisés o arraial, porém o moço Josué, seu servidor, filho de Num, não se apartava da tenda. (Ex 33:11)

d. O reconhecimento vem pela transferência de unção (Dt 34:9: Nm 27:18)

Depois que Moisés impôs as mãos sobre Josué, ele cresceu em influência e reconhecimento diante da congregação.

Josué, filho de Num, estava cheio do espírito de sabedoria, porquanto Moisés impôs sobre as mãos; assim, os filhos de Israel lhe deram ouvidos e fizeram como o SENHOR ordenara a Moisés. (Dt 34:9)

Disse o SENHOR a Moisés: Toma Josué, filho de Num, homem em quem há o Espírito, e impõe-lhe as mãos. (Nm 27:18)

3. O poder de um líder reconhecido

Então, responderam a Josué, dizendo: Tudo quanto nos ordenastes faremos e aonde quer que nos enviares iremos. Como em tudo obedecemos a Moisés, assim obedeceremos a ti; tão somente seja o Senhor, teu Deus, contigo, como foi com Moisés. (Js 1:16,17)

No verso 16, vemos três características de um povo que reconhece uma liderança:

a. Tudo quanto nos ordenastes faremos;b. Aonde quer que nos enviares iremos;

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c. Em tudo... obedeceremos a ti.

Níveis de Liderança

A sua liderança pode ser desenvolvida e ampliada para níveis novos. De maneira prática existem cinco níveis de liderança: posição, permissão, produção, desenvolvimento de pessoas, maturidade pessoal.

Nível 1 – Posição

Esse é o nível básico de liderança. A única influência que você tem a que lhe é conferida por um título. Nessa posição, as pessoas apelam para direitos e títulos. Em outras palavras, ele é o chefe e pronto.

A verdadeira liderança é muito mais do que simplesmente ser investido de autoridade. A verdadeira liderança expressa que você é uma pessoa que os outros seguem com alegria. Um líder autêntico conhece a diferença entre ser chefe e ser líder. Não fomos chamados para chefiar, mas para liderar, basicamente, quais são as diferenças claras entre um chefe e um líder?

O chefe pressiona os seus subordinados. O líder os treina.O chefe depende da autoridade. O líder, da boa vontade.O chefe inspira medo. O líder inspira entusiasmo.O chefe diz: Eu. O líder diz: Nós.O chefe atribui a alguém a culpa do problema.

O líder resolve o problema.

O chefe sabe como é feito. O líder mostra como é feito.O chefe diz: Vá! O líder diz: Vamos!

Esse nível de liderança é geralmente adquirido por nomeação. Talvez o discipulador tenha nomeado você para ser o líder da célula ou você tenha sido levado para liderar outro grupo, onde ninguém ainda o reconhece. Nesse caso, a sua liderança inicialmente será apenas posicional.

As pessoas não seguem um líder posicional além de sua estrita autoridade. Elas se limitam a fazer o que tem de fazer quando solicitadas. Quando falta confiança ao líder, os membros não se comprometem.

Poucas pessoas se dispõem a nos seguir por causa de nossos títulos. Nossa alegria é nosso sucesso ao liderar uma célula ou uma rede depende de nossa capacidade de continuarmos galgando os degraus (níveis) da liderança.

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Nesse nível de liderança devemos:a. Conhecer a fundo as suas atribuições como líder de célula;b. Ter clareza da visão da igreja;c. Vestir a camisa da sua rede e da liderança da igreja e da liderança da

igreja;d. Aceitar responsabilidades e desafios;e. Desempenhar seu trabalho com visível excelência;f. Fazer mais do que esperam de você;g. Propor idéias criativas visando a mudança, a melhoria.

Nível 2 – Permissão

“Liderança é fazer as pessoas cooperarem com você quando não são obrigadas”. Isso só acontecerá quando você avançar para o segundo nível de influência. As pessoas não se importam com os seus títulos até perceberem o quanto você se importa com elas. Liderança começa no coração, não na cabeça.

Os líderes do nível 1 lideram por intimidação. Avançaremos para o nível 2 somente quando nos relacionarmos e demonstrarmos por elas real interesse e amor. Você pode amar pessoas sem liderá-las, mas não pode liderar pessoas sem amá-las.

Cuidado! Não tinha suprimir um nível. Não podemos avançar na liderança sem conquistarmos a permissão das pessoas.

Nesse nível de liderança devemos:a. Ter amor pelas pessoas do nosso grupo;b. Ajudar os membros da célula nas lutas deles;c. Ver através dos olhos de outras pessoas;d. Colocar os membros como prioridade;e. Posicionar com segurança diante do grupo;f. Incluir todos os membros da célula na comunhão;g. Agir com sabedoria com as pessoas difíceis e resistentes.

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Nível 3 – Produção

Todos são orientados para resultados. A rigor, resultados e alvos atingidos são a razão principal da liderança e o motivo principal para que líderes sejam levantados. Uma vez que relacionamentos fortes e duradouros são estabelecidos, as pessoas se dispõem a cooperar para o terceiro nível: a produção. Não adianta tentar atingir alvos ou realizar tarefas se o nível anterior não for atingido.

O nível 1, o nível da posição, é a porta para a liderança, mas o nível 2, o nível da permissão, é o alicerce. Portanto, no terceiro nível devemos:

a. Aceitar o desafio e a responsabilidade de multiplicar;b. Perseguir o propósito de crescimento;c. Fazer com que todos prestem contas, incluindo nós mesmos;d. Planejar estratégias que proporcionem alcançar o alvo;e. Comunicar a estratégia e a visão da igreja;f. Nos tornarmos instrumentos de desafios para os membros;g. Tomar as decisões difíceis que estabelecerão uma diferença.

Nível 4 – Desenvolvimento de Pessoas

Podemos identificar um líder através de seu reconhecimento. O reconhecimento existe quando os liderados constantemente exibem um melhor desempenho nas funções que lhe foram atribuídas. Um líder se torna grande não por causa de seu poder, mas pela capacidade que ele tem de delegar poder a terceiros. Sucesso sem sucessor gera fracasso.

A principal responsabilidade de um trabalhador é fazer o trabalho para o qual foi designado. A principal responsabilidade de líder é desenvolver outros líderes. O líder de célula deve ter líderes em treinamento. Assim, se uma célula não possui líderes em treinamento, isso quer dizer que o líder dessa célula ainda não

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atingiu o quarto nível, o desenvolvimento de pessoas.No segundo nível, os membros da célula aprendem a amar o líder. No

terceiro nível eles aprendem a admirá-lo. No quarto nível, o líder conquista a lealdade da célula, conquista o coração de seus liderados e os ajuda a crescer espiritualmente.

Portanto:a. Reúna-se sistematicamente e ensine aqueles que estão debaixo da

sua liderança na célula;b. Conscientize-se de que os irmãos são seu mais valioso trabalho;c. Priorize o discipulado de pessoas;d. Seja um exemplo a ser imitado;e. Concentre seus esforços nos líderes em treinamento;f. Proporcione oportunidades de crescimento a eles;g. Seja capaz de atrair vencedores para perto de você.

Nível 5 – Maturidade Pessoal

Nesse nível, você lidera e inspira as pessoas simplesmente porque já alcançou total reconhecimento. Você se tornou um exemplo de liderança por causa de seus resultados durante um longo tempo. Nesse nível deve ser visível que:

a. Os membros da célula ou da rede são leais e dispostos a se sacrificar;b. Você passou anos orientando e moldando líderes;c. Você se tornou um discipulador ou pastor com um testemunho a ser

seguido;d. Sua maior alegria consiste em observar outros líderes crescerem e

multiplicarem.A partir do conhecimento desses níveis dispomos de um esquema que

nos ajuda a compreender o que é influência e o que deve ser feito para aumentá-la. Para chegar ao topo, um líder deve fazer duas coisas: (a) saber em que nível está no momento; e (b) conhecer e aplicar as qualidades necessárias a sucesso em cada nível.

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Liderança Espiritual

Então, se chegou a ele a mulher de Zebedeu, com seus filhos, e, adorando-o, pediu-lhe um favor. Perguntou-lhe ele: Que queres? Ela respondeu: Manda que, no teu reino, estes meus dois filhos se assentem, um à tua direita, e o outro à tua esquerda. Mas Jesus respondeu: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu estou para beber? Responderam-lhe: Podemos. Então, lhes disse: Bebereis o meu cálice; mas o assentar-se à minha direita e à minha esquerda não me compete concedê-lo; é, porém, para aqueles a quem está preparado por meu Pai. Ora, ouvindo isto os dez, indignaram-se contra os dois irmãos. Então, Jesus chamando-os, disse: Sabeis que os governadores dos povos dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles. Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo; tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos. (Mt 20:20-28)

Quando a mãe de Tiago e João pediu ao Senhor que seus filhos se assentassem ao Seu lado no reino, ela tinha em mente uma posição de domínio e liderança. Evidentemente eles desejavam apenas a posição e o status da liderança. Na resposta do Senhor podemos ver a verdadeira essência da liderança espiritual.

1. A liderança é predeterminada, não é uma preferência pessoal (v. 21)

a. A mulher pediu que o Senhor mandasse. Isso significa que a liderança é predeterminada por Deus. É preciso que o Senhor determine, mande.

b. Não escolhemos se vamos liderar ou não, nós apenas obedecemos ao chamamento de Deus.

c. Não somos voluntários; somos chamados.

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2. A liderança é uma posição preparada (v. 23)

a. A resposta de Jesus é que o Pai já preparou alguém para cada posição.

b. Ser preparado por Deus significa que temos as ferramentas, os dons e as habilidades necessárias para desempenharmos a função de liderança onde fomos colocados.

3. A liderança exige um preço

a. Cada posição de liderança possui seu próprio preço.b. Você nunca alcançara o propósito se falhar em pagar o preço.

Leis do preço

a. Há uma etiqueta de preço em tudo que possui valor.b. O que você pode alcançar depende do preço que você está disposto a

pagar.c. Nem todos pagam o mesmo preço. Cada um de nós tem uma cruz

diferente para carregar.d. Quanto mais você deseja algo, mais custará para você.e. Se você reclama do preço, você provavelmente vai desistir de pagá-

lo.f. Seus talentos não determinam o seu sucesso na vida, mas o preço

que você se dispõe a pagar para alcançá-lo.g. Você será criticado por pagar o preço.h. O preço nunca diminui. Cada vez que você é bem sucedido o próximo

desafio se torna mais difícil, as críticas mais duras, os testes mais fortes e o preço mais alto.

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i. O preço real aumentará e a percepção do preço diminuirá quando o seu desejo de melhorar aumentar e você se tornar cada vez mais íntimo de Deus.

j. Todo pagamento espiritual é à vista.

4. A liderança está dentro de todo homem (v. 24)

a. O fato dos demais discípulos se indignarem mostra o anseio por liderança que havia em todos eles. Como naquela época, hoje os discípulos se revoltam contra os que desejam ser grandes líderes.

b. Jesus não disse a seus discípulos: “não tentem ser grandes porque isso é soberba”. Ele não lhes disse que a aspiração deles era errada. Ele lhes disse como chegar lá, como se tornar um grande líder.

5. O anseio por liderança não desagrada a Deus

Não sabemos porque Tiago e João estavam entre os três discípulos mais próximos de Jesus, mas podemos supor que o desejo deles de se tornarem grandes líderes era uma das razões.

Fiel é a palavra: se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja. (1 Tm 3:1)

6. A liderança não é para seu benefício, mas para o benefício dos outros (v. 28)

Servir é buscar o interesse do outro. Portanto, o alvo do líder não é tirar vantagens ou proveito dos liderados, mas descobrir como contribuir para que o

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pleno potencial de cada um seja alcançado.

7. A liderança é para cumprir o propósito de beneficiar os outros (v. 28)

A maneira como o Senhor serviu foi cumprindo o propósito de Deus. Servimos aos irmãos quando servimos a Deus, e não o contrário. Dificilmente alguém diria que o Senhor estava servindo seus discípulos morrendo na cruz. Contudo, ale Ele estava servindo a Deus e fazendo a Sua vontade.

Os resultados naturais dessa liderança são:

Autenticidade (a autoridade vem pela autorização do chamado)Originalidade (o chamado de Deus é individual)Confiança genuína (baseada na convicção de que aquele que chama também capacita e equipa)Realização pessoal (porque a realização vem quando cumprimos o propósito)Senso de valor (pois todo chamado de Deus é um propósito que tem implicações eternas)Ausência de competição (por causa da singularidade do chamado de cada um)Ausência de ciúme (porque cada chamado tem seu próprio valor)Ausência de medo (por causa da convicção de tudo isso)

Atitudes do Líder – O pastor e a ovelha perdida

Nos evangelhos de Mateus e Lucas lemos a parábola da ovelha perdida (Mt 18:10-14; Lc 15:1-7). Nessa parábola conhecemos as atitudes de um líder que possui um coração de pastor. Creio que nessa parábola o ponto central não é a ovelha, mas o pastor. O sentido primário se refere ao Senhor, mas creio que podemos traduzir nessas passagens princípios para nós líderes. O princípio mais importante que desejamos ressaltar é o valor da atitude de um líder.

Atitude é o segredo oculto atrás dos grandes líderes. Para cada característica e atitude que observaremos no pastor da parábola, tomaremos Paulo como um exemplo de líder.

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1. Controle

Havia um controle de quantidade: o pastor sabia quantas ovelhas ele possuía.

Havia um controle de qualidade: o pastor sabia se uma ovelha estava perdida.

Precisamos estar constantemente atentos à segurança de nossas ovelhas. Controle é resultado de uma preocupação santa, um encargo, uma responsabilidade diante de Deus. Paulo tinha preocupação com as igrejas. Isso fica claramente evidenciado em algumas passagens:

Além das coisas exteriores, há o que pesa sobre mim diariamente a preocupação com todas as igrejas. (2 Co 11:28)

Alguns dias depois, disse Paulo a Barnabé: Voltemos, agora, para visitar os irmãos por todas as cidades nas quais anunciamos a palavra do Senhor, para ver como passam. (at 15:36 – grifo nosso)

Controle nada mais é que informação. É com base em informação que planejamos ações, estabelecemos metas e corrigimos o curso errado. Como líder você precisa perceber a importância dos controles, tais como os relatórios e as visitas, para que seu trabalho seja eficiente.

Paulo sabia exatamente o que acontecia nas igrejas simplesmente porque tinha informação:

Pois a vosso respeito, meus irmãos, fui informado, pelos da casa de Cloe, de que há contendas entre vós. (1 Co 1:11)

Porque, antes de tudo, estou informado haver divisões entre vós quando vos reunis na igreja; e eu, em parte, o creio. (1 Co 11:18)

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2. Atitude Certa

O pastor não tinha uma atitude comercial

Para um mercenário comerciante não é sensato deixar noventa e nove ovelhas sozinhas em favor de apenas uma. Mas o pastor não via as ovelhas como fonte de lucro. Líderes são como pais, não querem perder ninguém. Se um pai perdeu um filho não adianta tentar consolá-lo dizendo que ainda lhe sobraram nove.

Escrevendo aos tessalonicenses Paulo nos mostra o seu coração desapegado de outros interesses:

Não falamos para agradar a homens, pois não temos palavras de homens, mas de Deus (1 Ts 2:4; 13).

Não usamos de linguagem de bajulação, mas fomos dóceis qual ama que acaricia os filhos (1 Ts 2:5; 7).

Não usamos de intuitos gananciosos, mas labutamos noite e dia para ganharmos nosso dinheiro (1 Ts 2:5; 9).

Não buscamos a glória de homens, mas vivemos na glória que vem de Deus (1 Ts 2:6; 12).

O pastor não tinha uma atitude passiva

Ele não ficou esperando a ovelha voltar por si mesma. Talvez ele pudesse pensar: “Quando ela tiver fome ela volta, ou quando escurecer ela aparece”. Muitos líderes fracassam por causa da passividade. Eles esperam que o trabalho aconteça por si mesmo. Nós, líderes, estamos aqui para fazer com que ele aconteça.

O pastor não tinha uma atitude de comodidade

O pastor ainda poderia pensar o seguinte: “Só perdi 1%, isso não é tão ruim! Não vale a pena sair para procurá-la e correr o risco de perder as noventa e nove que ficaram”. Contudo, é preciso ficar claro que o sucesso de um líder é garantido pela sua disposição de obter excelência e realizar o melhor trabalho. Não nos acomodaremos nos comparando com a média. Esse é o princípio da mediocridade.

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O pastor não tinha uma atitude rancorosa

Outro pensamento sugestivo é: “Essa velha que se foi não merece meu amor e cuidado, é uma traidora”. Muitos líderes exigem uma dívida eterna de gratidão por causa do seu trabalho. Líderes são servos e não investidores em busca de retorno para si.

No livro de Atos dos Apóstolos lemos a deserção de João Marcos, que auxiliava Paulo e Barnabé (At 13:13). Vejamos as conseqüências dessa deserção e como Paulo lidou com a questão.

Primeiramente, Paulo e Barnabé se separam por causa de Marcos (At 15:37). É possível que a deserção tenha deixado Paulo indignado. Mas na carta aos colossenses, Paulo recomenda Marcos diante da igreja (Cl 4:10) e, na segunda carta escrita a Timóteo, ele diz que Marcos lhe é útil para o ministério. Na carta a Filemom, vemos que o relacionamento já estava completamente restaurado (Fl 1:24).

3. Planejamento, estratégia e perseverança

O pastor não saiu procurando sem rumo, mas ele BUSCOU a ovelha. Buscar nos fala de planejamento, estratégia e perseverança. Esses são ingredientes fundamentais na vida de um líder. Um líder que não planeja está destinado ao fracasso.

Planejamento: o pastor planejou um meio de encontrá-la. Não trabalhamos ao sabor das circunstancias. Planejamos nosso curso de ação e o nosso trabalho.

Estratégia: ele sabia os possíveis locais onde a ovelha poderia estar até mesmo os meios de atraí-la para si na noite escura. Ele sabia onde ela mais gostava de pastar; onde preferia beber água e onde ela sempre se extraviava.

Perseverança: ele não desistiu, mas procurou até encontrá-la. Provavelmente ele percebeu a ausência da ovelha no final do dia. A comida estava na mesa e ele estava cansado, mas mesmo assim ele preferiu buscar até encontrá-la.

Paulo também era um estrategista. Ele priorizou as grandes cidades no seu trabalho missionário: Atenas (At 17:16), Tessalônica (At 17:1), Filipos (At 16:12), Corinto (At 18:1), Éfeso (At 19:17). Começou pregando nas sinagogas para os

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judeus cujos corações já eram um terreno preparado (At 16:12, 13; 17:1; 10; 16,17). Sempre consolidou seu trabalho com ensino sistemático (At 18:11; 20:27).

4. Abnegação

O texto de Mateus nos diz que não havia garantias de que o Pastor realmente encontraria a ovelha perdida, mas ainda assim o pastor saiu à sua busca. Não investimos apenas em ovelhas em quem temos garantias de retorno. O pastor abandonou o seu conforto e saiu no sol escaldante do dia e na voragem da noite para buscá-la. Isso mostra a sua abnegação.

Todo líder é como um pai espiritual. Como pais precisamos ser pais saudáveis. Pais saudáveis são abnegados. Como pais, devemos evitar alguns excessos:

a. Pais que nunca liberam os filhos: Esses pais querem que os filhos fiquem para sempre ligados a eles. Pais saudáveis criam filhos para conquistarem o mundo.

b. Pais que exigem uma gratidão eternal: “Depois de tudo o que eu fiz para criar você, é assim que você me retribui?”. Essas são expressões de pais doentes.

c. Pais que exigem retorno do investimento feito nos filhos: Os pais entesouram para os filhos e não o contrário. (2 Co 12:14)

Nossos filhos são a nossa glória, mas é terrível quando os filhos se envergonham dos pais. Os pais devem se preparar para que os filhos se orgulhem deles. Árvores não crescem na sombra, crie espaço para que seus filhos cresçam mais do que você mesmo. Seja um ombro onde seus filhos espirituais possam subir e galgar alturas onde você jamais esteve.

5. Celebração

Só há festa onde ovelhas têm sido encontradas. Nosso trabalho como líderes é encontrar ovelhas perdidas neste mundo coberto pelas trevas do pecado. Não se diz que o pastor exortou a ovelha ou lhe deu uma surra, mas simplesmente a colocou sobre os ombros e a levou de volta para o aprisco.

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Um dos grandes segredos de uma liderança bem sucedida é aprender a celebrar as vitórias. Aprenda a festejar com a sua equipe cada alvo alcançado e cada meta atingida. Isso fortalece a equipe e a motiva para os próximos desafios que serão lançados.

O Poder da Paixão

Quando fazemos algo por paixão, um poder é liberado. O que faz a diferença num líder frutífero é a paixão, a força motriz de um coração. O que ferve por dentro cheira por fora. A paixão é o fogo de um desejo profundo que atrairá outros. Quando temos paixão atraímos outros para andar conosco.

A paixão pode ser mal interpretada, mas para nós a paixão é representada por algumas atitudes chaves. Não as manifestamos o tempo todo, mas se temos paixão, elas estarão presentes em algum momento: fervor, intensidade, perseverança e tenacidade, prazer e alegria no trabalho, desejo de inovação e novas experiências, encargo, desejo profundo, sonho do coração.

1. Porque a Paixão é Tão Importante?

a. É o primeiro passo para qualquer realização.b. Ativa o potencial.c. Impacta a vida de outras pessoas, mudando-as.d. Estabelece e mantém as nossas prioridades.e. Faz o impossível acontecer.f. É uma proteção espiritual.

2. Quando Perdemos a Paixão

a. Perdemos a paixão quando deixamos que uma visão se torne comum e sem valor

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Não podemos falar dela em vão. Tampouco devemos transformá-la em alvo de brincadeiras ou associá-la com coisas banais e sem importância.

b. Perdemos a paixão quando somos dominados pela rotina

Para evitar esse domínio da rotina sobre a paixão, devemos quebrar o poder da rotina. Isso é feito por meio de uma renovação dos ciclos, pelo estabelecimento de alvos novos e maiores. Não fuja dos desafios. Saia da zona de conforto.

c. Perdemos a paixão quando começamos a depender de uma motivação externa

É quando o aplauso se torna o nosso combustível. Nossa motivação deve estar em Cristo. A competição com outros destrói a nossa paixão original.

d. Perdemos a paixão quando nos permitimos ser contaminados pela apatia do mundo

Não busque o seu conforto pessoal acima de tudo. Vivemos uma geração sem ideais cujo padrão é o videogame, a internet, a televisão e a passividade diante do mundo. Queremos terminar tudo rapidamente apenas para ficar na ociosidade, sem fazer absolutamente nada. Sentimos que estamos aproveitando a vida quando não estamos fazendo nada. Essa é a morte que o diabo injetou no mundo sem Deus.

3. Como Manter a Paixão e o Fervor

a. Creia que a paixão é algo decisivo para romper como discípulo.b. Reative a sua comunhão com Deus. Se pedirmos paixão o Senhor

nos ouvirá.c. Ande com pessoas que possuem a mesma paixão.d. Reconheça a necessidade de ligações espirituais. Santas conexões

nos protegem.e. Paixão é coisa contagiosa.f. Renove a convicção do seu chamado para servir a Deus nessa visão.g. Ative os seus dons espirituais.h. Não atue em áreas para as quais você não foi chamado.

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Rompendo os Limites

A capacidade de liderança determina o alcance de nossa obra. Mas, como já vimos, a nossa liderança precisa ser desenvolvida. É necessário que cresçamos e rompamos com todos os impedimentos.

Jesus nos mostrou vários impedimentos na parábola do semeador no capítulo 13 de Mateus. Ali ficamos sabendo que:

Uma planta não cresce na sombra. Bons discipuladores nos expõem ao sol.

Uma planta não cresce se o vaso é pequeno. Precisamos de espaço para nossas raízes.

Uma planta não cresce em terreno batido. Terrenos batidos são caminhos repetidamente trilhados. Não há crescimento se não há riscos de seguir alternativas e idéias novas.

Uma planta não cresce em terreno cheio de pedras. As pedras apontam para o ego e o pecado.

Uma planta não cresce com tampas sobre elas. As tampas são bloqueios naturais e emocionais.

A nossa eficácia de liderança depende de eliminarmos as tampas que estão sobre nós. Davi e Saul são dois exemplos de homens que lidaram de forma diferente com as suas tampas.

1. Ambos foram ungidos por Deus

A mesma unção que estava em Saul estava depois sobre Davi. Não havia diferença alguma. A unção é a mesma, mas eles deram respostas diferentes.

2. Ambos receberam auxílio de profetas experientes

Perceba que ambos tiveram instrução e ensino. Saul foi instruído por Samuel e Davi por Natã.

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3. Ambos enfrentaram grandes desafios

Nossa liderança é testada nos desafios e obstáculos do caminho. Golias desafiou tanto a Saul quanto a Davi, mas apenas Davi respondeu para romper com o inimigo.

4. Ambos tiveram a chance de mudar e crescer

Saul e Davi tinham atitudes diferentes diante das correções. Deposi de ser repreendido por Samuel, Saul apenas tentou se justificar. Davi, da sua parte, depois de ser repreendido por Nata, se arrependeu amargamente.

As tampas que limitavam a Saul

a. Medo: ele se escondeu no acampamento com medo de enfrentar Golias.

b. Preocupação com a opinião dos outros: ele pediu que Samuel o honrasse mesmo depois de haver pecado (1 Sm 13:8-12; 15:19-25).

c. Precipitação: ele não esperou por Samuel e ofereceu um sacrifício que não lhe era lícito (1 Sm 13:11,12).

d. Impulsividade: ele fez um juramento irrefletido que quase custou a vida de seu filho.

e. Falsidade: ele ofereceu sua filha a Davi, mas seu desejo era que Davi morresse na batalha.

f. Ciúme e inveja: ele ficou irado quando o povo comparou Davi com ele.

g. Ira: ele tentou matar Davi muitas vezes.

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As tampas na vida de Davi

a. Sua família: ele era o caçula e nem foi lembrado quando Samuel os visitou.

b. Sua condição social: Saul era de família rica (1 Sm 9:1), mas Davi era de família pobre.

c. Seu líder: Saul tentou constantemente inibir a liderança de Davi.d. Sua juventude e inexperiência: Davi era apenas um garoto quando

foi ungido rei em Israel.O líder precisa crescer para que a sua célula cresça. O líder somente

poderá crescer se ele se dispuser a remover as tampas que bloqueiam seu desenvolvimento.

Pagando o Preço

Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente! Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca; pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu. Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas. Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te. Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo. Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono. Quem tem ouvidos, ouça o que p Espírito diz às igrejas. (Ap 3:14-22)

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O preço é absolutamente essencial. Você nunca alcançará o propósito se falhar em pagar o preço. O Senhor espera que nós calculemos o preço de todas as coisas em nossas vidas, conforme a passagem de Lucas 14:28-32.

Para ter uma jornada bem sucedida você deve pagar o preço. No terceiro capítulo da carta de Paulo aos coríntios, descobrimos dois grupos de materiais para a edificação da Igreja: madeira, palha e feno: ouro, prata e pedras preciosas. A diferença mais evidente entre os dois grupos é o preço. Por não estarem dispostas a pagar o preço, as pessoas preferem edificar com madeira, palha e feno, porque estes são mais baratos.

1. Há uma etiqueta de preço em tudo que possui valor

O preço normalmente envolve dinheiro, tempo e energia; prazer, sono e relacionamentos. O preço outras vezes envolve pressão, crítica, isolamento, dor e sacrifício financeiro. A maioria das pessoas estão em busca de portas e caminhos largos, porque não estão dispostas a pagar o preço ou porque imaginam tolamente que existe algo sem um preço (Mt 7:13,14).

Escolha a dor e o sacrifício do discípulo hoje ou você colherá a dor do arrependimento amanhã. Não temos como barganhar o preço da vitória. Você tem o mesmo tempo que qualquer um, então pague o preço de fazer o máximo com ele.

2. O que você pode alcançar depende do preço que você está disposto a pagar

O Senhor disse para Mateus: “Siga-me e deixe tudo, inclusive a mesa de impostos” (Mt 9:9). Você pode prever o futuro sucesso de um estudante pelo preço que ele paga na escola.

Como perceber um vencedor

● Pelo seu compromisso com a excelência.● Nunca se mede pela média.● Ele dá atenção aos detalhes. A diferença entre o vencedor e o

segundo colocado são os detalhes que o vencedor atentou.● Ele é consistente.

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3. Nem todos pagam o mesmo preço. Cada um de nós tem uma cruz diferente para carregar

Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; quem perder a vida por minha causa, esse a salvará. (Lc 9:23,24)

Portanto, nunca deseje o que outros têm alcançado antes de descobrir o preço que lês pagaram.

4. Quanto mais você deseja algo, mais você estará disposto a pagar por ele

Quanto maior o desejo e o sonho, maior será o custo. A quem muito é dado muito será exigido (Lc 12:48). Muitos querem o cargo, mas não querem a responsabilidade e o trabalho duro. Cada direito implica numa responsabilidade, cada oportunidade tem a sua obrigação, cada posse o seu preço. Excelência custa mais que a média.

5. Se você reclama do preço, provavelmente você vai desistir de pagá-lo

Mas Jesus lhe replicou: Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto para o reino de Deus (Lc 9:62)

Ou você domina as suas emoções ou elas dominarão você. Nunca espere se sentir bem para pagar o preço, pague o preço e depois você se sentirá bem.

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6. Seus talentos não determinam o seu sucesso na vida, mas o preço que você se dispõe a pagar

O servo que recebeu cinco talentos pagou o preço para conseguir cuidar de dez. são inúmeros os exemplos de pessoas que superaram suas deficiências. Não tinham o talento, mas pagaram o preço.

7. Você será criticado por pagar o preço

Uma das maiores razões porque as pessoas caem é a crítica. O preço a pagar para vencer a crítica é a persistência. Alguém sempre dirá que o alvo não vale o sacrifício.

8. O preço nunca diminui

Cada vez que você é bem sucedido num desafio, vem o próximo, mais difícil e mais caro. Deus nunca disse que as coisas seriam fáceis. Ele prometeu paz (Jo 14:26), poder (Mt 28:19,20) e vida abundante (Jo 7:37,38), mas não facilidades. A vida é como subir numa escada. Os primeiros degraus são mais fáceis, mas os últimos são caros.

9. O preço vai aumentar quando aumentar o seu desejo de crescer e se tornar mais e mais íntimo de Deus

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Tudo na vida é uma preparação para o próximo passo. Quando a oportunidade aparece é muito tarde para se preparar. O preço não está na partida, mas na chegada. O preço pode aumentar, mas o nosso desejo faz com que ele pareça mais barato.

10. Você não pode alcançar amanhã o que você se recusa a pagar hoje

Todo pagamento espiritual é à vista. Você não pode alcançar amanhã o que você se recusa a pagar hoje. Você não pode colher o que você não plantou. Nós exageramos o que já passou, supervalorizamos o amanhã, mas desvalorizamos o hoje. É triste ver alguém sem nada para contribuir hoje, porque não pagou o preço ontem.

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