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Curitiba, Junho de 2015

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Curitiba, Junho de 2015

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onsiderando que o alto valor das tarifas de pedágio praticadas no chamado Anel

de Integração no Paraná penaliza o setor produtivo paranaense e compromete a

competitividade do agronegócio e do cooperativismo, por unanimidade, a Diretoria da Ocepar

se posicionou contrária à prorrogação dos atuais contratos, com prazo de término estabelecido

para novembro de 2021.

Desde a implantação das concessões, em 1997, além de acompanharmos os reais

impactos que esses valores têm causado no setor produtivo paranaense, manifestamos, por

meio dos veículos de comunicação e também diretamente ao governo do Estado, nossa

preocupação.

Sabemos que essas concessões foram importantes para a conservação das nossas

rodovias, mas muitas obras do contrato inicial foram retiradas ou postergadas, enquanto os

valores continuaram sendo majorados ano a ano sem uma solução e impactando diretamente

os custos de produção primária.

Faltando apenas seis anos para o término das atuais concessões, discute-se agora

sobre a redução da tarifa e realização de obras, sinalizando para uma renovação contratual. É

importante frisar que, mesmo que as atuais tarifas sejam reduzidas pela metade (50%), elas

ainda continuarão acima da média nacional.

Acreditamos que o melhor caminho é aguardar e assim realizarmos novas licitações

dentro da realidade econômica do Paraná e do Brasil e que não venham a prejudicar aqueles

que ajudam a desenvolver este país.

Desta forma, tomamos a iniciativa de realizarmos um detalhado estudo sobre os reais

impactos das atuais tarifas de pedágio praticadas no Paraná, comparando-as aos valores das

concessões mais recentes no Brasil.

Gostaríamos da sua atenção para este estudo e qualquer dúvida a respeito, a Ocepar

estará à disposição.

João Paulo Koslovski

Presidente

C

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HISTÓRICO

IMPACTOS DAS TARIFAS DO PEDÁGIO

NO MILHO E SOJA EXPORTADOS

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COMPARATIVO NACIONAL

Na régua ao lado uma simulação sobre o deságio (18%, 30% e 69%) nas atuais tarifas praticadas no Paraná em comparação a média nacional (veja Anexo I)

No quadro a direita um comparativo do custo médio das tarifas de pedágio praticadas a cada 100 km nas rodovias do

Paraná e de outros estados.

IMPACTO NA REDUÇÃO DO PEDÁGIO NO PR COM ADOÇÃO DAS NOVAS TARIFAS PRATICADAS NO MS, MT, GO E MG

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SITUAÇÃO EM 2015

Trechos de rodovias do Anel de Integração já duplicados até 2015

SITUAÇÃO EM 2021

Trechos de rodovias do Anel de Integração já duplicados até 2015

Trechos a serem duplicados até 2021, conforme os contratos vigentes

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TARIFAS DE PEDÁGIO NO PARANÁ

As tarifas de pedágio no Estado do Paraná são mais elevadas do que em significativo

número de estados da Federação. Tomando-se em conta uma média ponderada, observa-se

que o valor encontra-se em um patamar de R$ 11,05 /100 km, no caso de automóveis leves,

mais do que o dobro do observado nas concessões da Dutra, em São Paulo, (R$ 4,58/ 100

km).

Novos trechos concessionados no Brasil demonstram que as tarifas de pedágio podem

ser muito menores do que as atualmente praticadas no Paraná. Por exemplo, os trechos da

CCR, na BR 163 no Mato Grosso do Sul, irão operar com valor na ordem de R$ 4,38/100 km

de rodovia, para automóveis. No Mato Grosso é ainda menor, de R$ 2,63/100 km.

Mesmo com significativo percentual de reduções, o pedágio do Paraná continuaria

superior aos praticados em outros estados. Por exemplo, com redução de 18%, a tarifa média

seria de R$ 9,06/100km. No caso de deságio de 30%, ficaria em R$ 7,73/100km.

É importante lembrar que nos novos trechos no Mato Grosso, por exemplo, o pedágio

deve ser implementado depois da realização de obras. Na BR 163, os usuários somente

pagarão pedágio depois que pelo menos 10% das duplicações estiverem realizadas, de forma

que as obras devem estar prontas até o 5º ano da concessão. No Mato Grosso do Sul, dois

trechos terão de ser duplicados – da divisa com MT até Vila Vargas e de Campo Grande até a

divisa com o Paraná, perfazendo 806,3 quilômetros. O edital prevê que a concessionária terá

de investir R$ 6 bilhões ao longo de 30 anos, sendo R$ 3,5 bilhões nos primeiros cinco anos. A

CCR contará com recursos próprios e financiamento do BNDES.

Cabe lembrar que os contratos de pedágios paranaenses foram objeto de uma

alteração unilateral, em 1998, e de aditivos, em 2000 e 2002, que eliminaram ou postergaram

a realização de obras. Sem as alterações impostas ao Programa de Concessões do Paraná,

apesar das falhas contratuais, em 2004 todas as duplicações previstas estariam concluídas.

No entanto, até dezembro daquele ano a extensão de duplicações realizadas era de apenas

138,75 Km, ou 16,2 % do total inicialmente definido. A maior parte das duplicações previstas

está sendo executada no momento e deve estar concluída somente em novembro de 2021,

quando terminam os contratos de concessão. Em síntese: os usuários pagam por um serviço

que não é oferecido.

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É interessante notar que recentemente o Rio de Janeiro fez licitação para um novo

período de concessão na Ponte Rio-Niterói. A concessionária vencedora, a Ecorodovias, vai

operar com tarifa de pedágio de R$ 3,70, valor 29% menor do que aquele cobrado

anteriormente no trecho de 13,20 km. Esse exemplo deixa claro que o processo de

concorrência é fundamental para a melhoria das condições de pedágio.

Comparativo de tarifas de pedágio:

Operadora Trechos Pedágio

(R$/100 km)

Simulações

Deságio de 18% Deságio de 30%

Média de Pedágios do anel da integração - Paraná R$ 11,05 R$ 9,06 R$ 7,73

Novadutra/São Paulo

BR-116/RJ/SP, trecho Rio de Janeiro - São Paulo

R$ 4,58 - -

CCR/MS* BR 163 MS R$ 4,38 - -

Odebrecht/MT* BR 163 MT R$ 2,63 - -

Invepar/DF-GO-MG)*

BR 040 (DF-GO-MG) R$ 3,22 - -

Nota: valores referenciais para automóveis

Comentário: Os trechos das novas concessões Centro-Oeste estão em fase de implementação de melhorias e duplicação das vias. Por exemplo, no trecho do MT, depois de um ano de concessão, a concessionária já realizou as melhorias em todo o trecho e até o final de 2015 está prevista a entrega de uma duplicação de 73 km.

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ANEXO I

Comparativo das tarifas de pedágio (automóvel / 100 km):

Operadora Trechos Extensão

(km) Pedágio

(R$/100 km) Deságio de

18% Deságio de 30%

TRECHOS DE PEDÁGIO NO PARANÁ

Ecocataratas BR 277, PR 180, PR 874, PR 474, PR 590,

459 R$ 11,90 R$ 9,76 R$ 8,33

Caminhos do Paraná

BR-277, BR-373, BR-476, PR-427 e PR-438

406 R$ 11,36 R$ 9,32 R$ 7,95

Econorte BR-369, BR-153 , PR-323, PR-445, PR-090, PR-855, PR-862

341 R$ 13,12 R$ 10,76 R$ 9,18

Viapar PR 986, BR 369, PR 444, BR 376, PR 317 e BR 158

548 R$ 9,67 R$ 7,93 R$ 6,77

Rodonorte BR 277, BR 376, PR 151, BR 373/PRC 373, PR 092, PR 239, PR 090, PR 340 e PR 813.

568 R$ 10,67 R$ 8,75 R$ 7,47

Ecovia BR 277, PR 407, PR 508, PR 804, PR 408, PR 411

172 R$ 9,59 R$ 7,86 R$ 6,71

Média R$ 11,05 R$ 9,06 R$ 7,73

TRECHOS EM OUTROS ESTADOS

Novadutra BR-116/RJ/SP, trecho Rio de Janeiro - São Paulo

402 R$ 4,58 - -

Novos trechos -

CCR BR 163 MS 847 R$ 4,38 - -

Odebrecht BR 163 MT 850 R$ 2,63 - -

Invepar BR 040 (DF-GO-MG) 936 R$ 3,22 - -

Média nos novos trechos R$ 3,41

Nota: valores referenciais para automóveis Comentário: observa-se que os valores do pedágio em diversas praças, mesmo com redução nas tarifas são bastante superiores aos valores praticados nas novas concessões. Por exemplo, se a tarifa dos trechos da Econorte do Paraná fosse reduzido em 18%, chegaria a R$ 10,76/100km, ou 3,1 vezes superior à média dos valores nos novos trechos na região Centro-Oeste e Minas Gerais (10,76/3,41=3,1). Se a redução fosse de 30%, ainda assim o pedágio seria 2,7 vezes mais caro (9,18/3,41 = 2,7). Mesmo nos trechos no Paraná com menor tarifa, a diferença seria o dobro do praticado nas novas concessões, para o caso de uma redução na ordem de 30%, como é o caso da Viapar (6,77/3,41=1,99)

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Em outras palavras, para que houvesse uma equiparação nos custos de pedágio no Paraná com relação às novas concessões, as reduções nos valores deveriam estar na ordem de 74%, no caso da Econorte e de 64%, no caso da Viapar. Em média, a redução teria que ser de 69%.

ANEXO II

O IMPACTO DO PEDÁGIO NO TRANSPORTE DE GRÃOS

E INSUMOS NO ESTADO DO PARANÁ

Os objetivos do presente estudo são mensurar a influência das atuais tarifas de

pedágio nos valores do transporte de grãos e insumos no Paraná e verificar

comparativamente impactos decorrentes do tipo de carga transportada.

O estudo foi feito com base em uma matriz origem-destino, envolvendo simulações

com cinco rotas rodoviárias mais representativas no transporte de cargas do Paraná. Para

efeito da determinação do impacto do custo do pedágio no frete, calculou-se o valor efetivo

pago em cada rota por um caminhão com 5 eixos, que transporta 27 toneladas de

produto. A análise envolveu 27 praças de pedágio em regiões de intenso transporte de grãos

no estado.

Os cálculos realizados baseiam-se em valores dos fretes atuais e preços

recebidos pelos produtores de soja e milho – média mensal de janeiro a abril de 2015.

Avaliou-se o impacto destes custos considerando as seguintes cotações: milho: R$

21,00/saca de 60 kg; da soja: R$ 57,00/saca de 60 kg. Para os cálculos foram utilizadas

tarifas de pedágio corrigidas em dezembro de 2014. Nas cinco simulações foi determinado

o número de pedágios em itinerários relevantes na produção e transporte de milho e soja.

IMPACTOS DO PEDÁGIO NO TRANSPORTE DE GRÃOS

O pedágio onera o transporte de grãos em todas as regiões do Paraná. Em alguns

casos, chega a representar 36,67% do custo do transporte, como é o caso de cargas

vindas de Foz do Iguaçu, que pagam R$ 750,40 em pedágio. Mesmo no caso de Ponta

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Grossa, mais próxima ao porto, o efeito chega a 25,90% do preço do frete (compare

tabela 1)1.

Tabela 1 - Preço do frete, do pedágio e influência do pedágio no valor do frete por tonelada transportada.

Trecho

Pedágio total / viagem

(R$)*

Pedágio /tonelada

(R$/t)

Custo do frete

(R$)**

Proporção – Pedágio/Frete

(%)

Foz do Iguaçu/Paranaguá 750,40 27,79 75,79 36,67%

Cascavel/Paranaguá 589,60 21,84 66,84 32,67%

Maringá/Paranaguá 462,40 17,13 62,13 27,57%

Campo Mourão/Paranaguá 373,60 13,84 58,84 23,52%

Ponta Grossa/Paranaguá 231,20 8,56 33,06 25,90%

* Considerou-se que 60% dos caminhões retornam ao interior sem carga e consequentemente 40% voltam ao interior com frete de retorno, de acordo com levantamentos realizados com operadores de transporte das regiões Sudoeste, Oeste e Noroeste do Estado;

** Preço do frete sem o pedágio.

O pedágio tem um valor equivalente a 7,4% do custo operacional de produção de um

produtor que transporta o milho da região de Foz de Iguaçu para Paranaguá. No caso da soja,

esse índice é de 4,2%. Vale lembrar que regiões mais distantes de Paranaguá (Oeste e

Noroeste do estado) têm grande peso na produção estadual de grãos e são bastante

prejudicadas pelos custos com pedágios. Mesmo nas praças mais próximas ao porto, como

Ponta Grossa, a tarifa pode ser considerada um valor alto comparado aos custos operacionais

de produção (compare gráfico 1).

Ao final, o efeito dá-se efetivamente ao nível do preço recebido pelo agricultor. Um

produtor de milho na região de Foz de Iguaçu, por exemplo, tem sua renda diminuída em 7,9%

devido ao pedágio. Na região de Cascavel, é de 6,2% (gráfico 2). Ou seja, se por um lado, o

agricultor realiza grandes esforços para melhorar a produtividade e ajustar os custos de

produção, por outro, o pedágio, como fator fora da porteira tira sua competitividade.

1 Os cálculos detalhados sobre os impactos do pedágio para cada região produtiva do Paraná são

apresentados no Anexo III.

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Gráfico 1 - Impacto percentual do pedágio sobre o custo operacional do milho e soja.

Gráfico 2- Impacto percentual do pedágio sobre o preço recebido pelos produtos por milho e soja no Paraná

Conforme dados do MDIC, entre janeiro e dezembro de 2014, foram exportados por

Paranaguá 7,53 milhões de toneladas de soja em grãos, 4,23 milhões/t. de farelo e 4,03

7,4%

5,8%

4,5%

3,7%

2,3%

4,2%

3,3%

2,6%

2,1%

1,3%

Foz doIguaçu/Paranaguá

Cascavel/Paranaguá

Maringá/Paranaguá

CampoMourão/Paranaguá

PontaGrossa/Paranaguá

Soja (%) Milho (%)

7,9%

6,2%

4,9%

4,0%

2,4%

2,9%

2,3%

1,8%

1,5%

0,9%

Foz do Iguaçu/Paranaguá

Cascavel/Paranaguá

Maringá/Paranaguá

Campo Mourão/Paranaguá

Ponta Grossa/ParanaguáSoja (%) Milho (%)

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milhões/t de milho, totalizando 15,79 milhões de toneladas de produtos agrícolas.

Considerando-se que 65% dessa produção (10,26 milhões de toneladas) sejam transportadas

por rodovia, seriam necessários 380 mil caminhões de cinco eixos para levar a carga até o

porto. Com tarifa média de R$ 481,44 por caminhão nos trechos acima mencionados, obtém-

se custo total em pedágio para o transporte de soja e milho do Paraná de R$ 182,97 milhões.

Considerando-se que o pedágio seja reduzido em 18%, o valor pago na simulação seria de R$

150,03 milhões. Se houvesse deságio de 30%, o valor seria de R$ 128,08 milhões. Caso

houvesse uma equiparação com as condições das novas concessões, ou seja, redução de

69%, o desembolso total cairia para R$ 56,46 milhões. Vale lembrar que os valores utilizados

são simulativos, além de que o tráfego nas rodovias pedagiadas contempla muitos outros tipos

de cargas no âmbito regional, e também de automóveis e motocicletas. No estado, a

arrecadação do pedágio, em 2014, foi de R$ 1,84 bilhão, segundo a Associação Brasileira de

Concessionárias de Rodovias (ABCR).

IMPACTOS DO PEDÁGIO NO TRANSPORTE DE INSUMOS

O pedágio tem também impacto significativo no transporte de insumos usados pelos

agricultores. Os principais são fertilizantes e calcário, os mais demandados, em termos de

quantidade, pelos produtores rurais.

No caso do calcário, o pedágio representa forte impacto nos custos do transporte

e no seu preço final. Por exemplo, no transporte de uma carga de Almirante Tamandaré para

Cascavel ou para Maringá o valor por tonelada é de R$ 11,04 e R$ 8,09, respectivamente, o

representa encarecimento de 15,03% e de 11,87% nos preços pagos pelo produtor rural

(Tabela 4). Em suma, se o agricultor paga em média R$ 71,00 por uma tonelada de calcário

dolomíticoπ a granel, posto na propriedade, o custo efetivo do insumo corresponde a 40% do

valor pago, o restante corresponde a frete e pedágio.

O custo de transporte de fertilizantes também é afetado pelo pedágio. Para o

transporte de NPK (05-25-25) de Paranaguá para Cascavel, a tarifa onera em R$ 13,75/t a

carga. No caso de Maringá, o valor é de R$ 10,70/t. Como o frete para esses municípios custa

em média R$ 33,42 e R$ 31,06/t, o pedágio assume um peso de 40,84% e 34,46%,

respectivamente, sobre o valor do frete. (tabela 5)

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Tabela 2 - Impacto do pedágio no custo do frete do calcário2

Itens Cascavel Maringá

(1) Preço do calcário em Alm. Tamandaré - (R$/t) 29,00 29,00

(2) Valor do pedágio (R$/t) 11,04 8,09

(3) Frete retorno (R$/t) 33,42 31,06

(4) Preço Total do Produto 73,46 68,16

(2)/(1) Pedágio/preço do calcário na mina (%) 38,06% 39,43%

(2)/(3) Pedágio/frete (%) 33,03% 24,38%

(2)/(4) Pedágio/preço total do produto (%) 15,03% 11,87%

Obs: considerado apenas um trecho – pois comumente o calcário é transportado como frete de retorno ao interior

Tabela 3 - Impacto do pedágio no custo do frete do adubo formulado de Paranaguá para Cascavel e Maringá

Itens Cascavel Maringá

(1) Preço do adubo em Paranaguá - (R$/t) 1.247,67 1.247,67

(2) Valor do pedágio - (R$/t) 13,65 10,70

(3) Frete retorno (R$/t) 33,42 31,06

(2)/(1) Pedágio/preço do adubo (%) 1,09% 0,86%

(2)/(3) Pedágio/Frete (%) 40,84% 34,46%

(2)/(1+2+3) Pedágio/preço total do produto (%) 1,05% 0,83%

Obs: considerado apenas um trecho – pois comumente o fertilizante é transportado como frete de retorno ao interior.

CONCLUSÕES

Em resumo, pode-se dizer que o pedágio:

Tem um impacto no valor do frete de grãos que pode representar até 36,67%.

Significa assim um grande ônus à agricultura, principalmente nas regiões

com grande peso na produção, como no Oeste, Sudoeste e Norte do Paraná.

As tarifas de pedágio podem atingir valores equivalentes a 7,4% do custo

operacional de produção no caso do milho e de 4,2 %, no caso da soja.

2 As referências utilizadas para a fonte de calcário é o município de Almirante Tamandaré, principal cidade

produtora de calcário, e para o uso nos municípios de Cascavel e Maringá, maiores centros demandantes no Estado.

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Por encarecer o transporte da produção de forma significativa, os preços

cobrados pelo pedágio são responsáveis por uma depreciação de renda do

produtor rural.

Os elevados custos de pedágio desestimulam investimentos nas regiões mais

distantes do porto e prejudicam assim o seu desenvolvimento.

O setor agropecuário é especialmente prejudicado com os preços do pedágio, pois, em

geral, o valor unitário dos produtos é baixo em comparação com os da indústria. Por exemplo,

para o transporte de televisores, automóveis e geladeiras de Curitiba para Foz do Iguaçu o

pedágio representa menos de 1% do valor do produto, enquanto o transporte de grãos é

onerado em até 7,4%.

Os custos adicionais do pedágio no Paraná reduzem a competitividade da produção

nacional de grãos, o que é especialmente prejudicial à soja, que enfrenta grande competição

da Argentina e Estados Unidos, considerando a Europa e a Ásia como mercados de destino.

Um ganho efetivo de competitividade para o agronegócio ocorreria somente se o

dispêndio com o pedágio fosse menor do que os ganhos proporcionados com a redução de

custos de manutenção, perdas da produção no transporte e ganho de tempo, dentre outros.

Ou seja, deveria haver melhorias substanciais na qualidade das rodovias, de modo a reduzir

custos de manutenção e de tempo de viagem. Assim, a situação atual das rodovias não

justifica o impacto que elas causam à produção e transporte no Paraná, além do risco contínuo

que representam para caminhoneiros e motoristas de carros menores.

O Pedágio caracteriza-se como um dos componentes do custo Brasil, causando

perda da competitividade da soja e milho brasileira frente aos nossos concorrentes

mundiais, principalmente a Argentina e Estados Unidos.

Com relação ao Paraná, observa-se que os custos de pedágio bastante

superiores aos de outros estados, em especial com relação a novos trechos

concessionados no Centro-Oeste e Minas Gerais. É importante ter em vista que o

agronegócio representa 30% da economia paranaense, de modo que a onerosidade do

pedágio provoca perda sistêmica na competitividade estadual, com reflexos em toda a

economia e especialmente na perda de renda no campo. Portanto, a competitividade do

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agronegócio paranaense depende das melhorias das condições das rodovias e redução

dos preços dos pedágios.

ANEXO III

Tabela 4 – Origem Maringá, destino Paranaguá: sacas de milho e soja necessárias para pagar a tarifa de pedágio.

Nº de Localização Preço (R$)

Sacas Necessárias

Pedágios Milho Soja

1 Mandaguari 29,00 1,38 0,51

2 Ortigueira/Mauá da Serra 38,50 1,83 0,68

3 Imbaú 38,50 1,83 0,68

4 Tibagi 38,50 1,83 0,68

5 Witmarsum 40,00 1,90 0,70

6 Balsa Nova/Purunã 34,00 1,62 0,60

7 São José dos Pinhais 70,50 3,36 1,24

Total 289,00 13,76 5,07

Total/ ida e volta 578,00 27,52 10,14

Custo ajustado* 462,40 22,02 8,11

* Ajuste do impacto do pedágio no custo de transporte das cargas, considerando que, 60% dos caminhões retornam ao interior sem carga e conseqüentemente 40% voltam ao interior com frete de retorno, de acordo com levantamentos realizados com operadores de transporte das regiões Sudoeste, Oeste e Noroeste do Estado.

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Tabela 5 - Origem Cascavel, destino Paranaguá: sacas de milho e soja necessárias para pagar a tarifa de pedágio.

Nº de Localização Preço (R$)

Sacas Necessárias

Pedágios Milho Soja

1 Cascavel/Ibema 45,00 2,14 0,79

2 Laranjeiras do Sul 45,00 2,14 0,79

3 Candói 45,00 2,14 0,79

4 Relógio 45,50 2,17 0,80

5 Irati 38,00 1,81 0,67

6 Palmeira/Porto Amazonas 45,50 2,17 0,80

7 Balsa Nova/Purunã 34,00 1,62 0,60

8 São José dos Pinhais 70,50 3,36 1,24

Total 368,50 17,55 6,46

Total/ ida e volta 737,00 35,10 12,93

Custo ajustado* 589,60 28,08 10,34

* Ajuste do impacto do pedágio no custo de transporte das cargas, considerando que, 60% dos caminhões retornam ao interior sem carga, de acordo com levantamentos realizados com operadores de transporte das regiões Sudoeste, Oeste e Noroeste do Estado.

Tabela 6 - Origem Campo Mourão, destino Paranaguá: sacas de milho e soja necessárias para pagar a tarifa de pedágio.

Nº de Pedágios

Localidade Preço (R$) Sacas Necessárias

Milho Soja

1 Relógio 45,50 2,17 0,80

2 Irati 38,00 1,81 0,67

3 Palmeira/Porto Amazonas 45,50 2,17 0,80

4 Balsa Nova/Purunã 34,00 1,62 0,60

5 São José dos Pinhais 70,50 3,36 1,24

Total 233,50 11,12 4,10

Total/ ida e volta 467,00 22,24 8,19

Custo ajustado* 373,60 17,79 6,55

* Ajuste do impacto do pedágio no custo de transporte das cargas, considerando que, 60% dos caminhões retornam ao interior sem carga e conseqüentemente 40% voltam ao interior com frete de retorno, de acordo com levantamentos realizados com operadores de transporte das regiões Sudoeste, Oeste e Noroeste do Estado.

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Tabela 7 - Origem Ponta Grossa, destino Paranaguá: sacas de milho e soja, necessárias para pagar a tarifa de pedágio.

Nº de Pedágios

Localidade Preço (R$) Sacas Necessárias

Milho Soja

1 Witmarsum 40,00 1,90 0,70

2 Balsa Nova/Purunã 34,00 1,62 0,60

3 São José dos Pinhais 70,50 3,36 1,24

Total 144,50 6,88 2,54

Total/ ida e volta 289,00 13,76 5,07

Custo ajustado* 231,20 11,01 4,06

* Ajuste do impacto do pedágio no custo de transporte das cargas, considerando que, 60% dos caminhões retornam ao interior sem carga e conseqüentemente 40% voltam ao interior com frete de retorno, de acordo com levantamentos realizados com operadores de transporte das regiões Sudoeste, Oeste, Noroeste e Centro-Sul do Estado.

Tabela 8 - Origem Foz do Iguaçu, destino Paranaguá: sacas de milho e soja, necessárias para pagar a tarifa de pedágio.

Nº de Pedágios

Localidade Preço (R$) Sacas Necessárias

Milho Soja

1 São Miguel do Iguaçu 57,00 2,71 1,00

2 Céu Azul 43,50 2,07 0,76

3 Cascavel 45,00 2,14 0,79

4 Laranjeiras do Sul 45,00 2,14 0,79

5 Candói 45,00 2,14 0,79

6 Relógio 45,50 2,17 0,80

7 Irati 38,00 1,81 0,67

8 Palmeira/Porto Amazonas 45,50 2,17 0,80

9 Balsa Nova/Purunã 34,00 1,62 0,60

10 São José dos Pinhais 70,50 3,36 1,24

Total 469,00 22,33 8,23

Total/ida e volta 938,00 44,67 16,46

Custo ajustado* 750,40 35,73 13,16

* Ajuste do impacto do pedágio no custo de transporte das cargas, considerando que, 60% dos caminhões retornam ao interior sem carga e conseqüentemente 40% voltam ao interior com frete de retorno, de acordo com levantamentos realizados com operadores de transporte das regiões Sudoeste, Oeste e Noroeste do Estado.

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