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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE AQUECIMENTO GLOBAL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS Por: Daniel Grainho Rosa Orientador Prof. ANA PAULA PEREIRA DA GAMA ALVES RIBEIRO Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

AQUECIMENTO GLOBAL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Por: Daniel Grainho Rosa

Orientador

Prof. ANA PAULA PEREIRA DA GAMA ALVES RIBEIRO

Rio de Janeiro

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

AQUECIMENTO GLOBAL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em gestão

ambiental

Por: Daniel Grainho Rosa

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos autores dos livros

consultados e ao corpo docente do

Instituto “A Vez do Mestre”, aos

colegas de profissão que contribuíram

na confecção deste trabalho. Aos

amigos formados no curso. Ao amigo

Fábio Velloso pela sua valiosa

colaboração durante o percurso.

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DEDICATÓRIA

Dedico ao meu filho Matheus que me

trouxe muitas alegrias e deixo um

exemplo de dedicação para ele. A minha

mulher Michelle que me apoiou desde o

início desta jornada.

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RESUMO

A busca pelo desenvolvimento científico e tecnológico, aliada às políticas de crescimento econômico a curto prazo, deflagrou a crise ambiental vigente. A partir da Revolução Industrial, as emissões de carbono atmosférico tornaram-se mais pronunciadas, devido à queima de combustíveis fósseis que intensificaram o efeito estufa e estão atualmente contribuindo para o aquecimento gradual e a longo prazo da temperatura de equilíbrio do planeta. A nociva interferência do homem sobre o ciclo biogeoquímico do carbono, transferindo habilmente o carbono da biosfera para a atmosfera, assim como sua competência na remoção de áreas florestais e de outras comunidades que atuam seqüestrando os carbonos da atmosfera resultaram num grande excedente desse gás, proporcionando o aquecimento global. O gás carbônico, assim como outros gases (metano, óxido nitroso, ozônio, clorofluorcarbonos e vapor d’água) atuam como gases estufa apreendendo calor. Todo esse calor retido dentro do globo interage com a atmosfera e com o oceano, influenciando os padrões climáticos, como a temperatura e a precipitação. O aumento da temperatura do planeta está derretendo as geleiras e aumentando o nível do mar. As nações insulares e países litorâneos serão os primeiros a sentir as conseqüências do aumento do nível do mar. O Protocolo de Quioto, no intuito de conciliar o desenvolvimento sustentável e minimizar as emissões de gases que causam o efeito estufa, criou o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. Tal mecanismo fomenta o uso de tecnologias limpas, a adoção de energias renováveis, o incentivo ao reflorestamento, o aumento da eficiência na geração, conservação e distribuição de energia e a introdução do Mercado de Carbono, para reduzir as emissões dos gases estufa. Palavras-chaves: Clima, efeito estufa, aquecimento global, protocolo de Quioto, biodiversidade, ciclo biogeoquímico do carbono, desenvolvimento sustentável, emissões atmosféricas, gases do efeito estufa.

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METODOLOGIA

O trabalho foi elaborado a partir de pesquisa bibliográfica, trabalhos

acadêmicos, pesquisas e publicações científicas relacionadas ao tema,

experiência profissional própria e conhecimentos adquiridos durante formação

acadêmica.

A pesquisa foi direcionada em alguns tópicos:

§ Conceitos básicos de clima, efeito estufa e aquecimento global;

§ Impactos da mudança do clima no planeta e na vida.

Após concluída a pesquisa e os apontamentos necessários, foi

elaborado um relatório com avaliação do problema vivido pela humanidade e

os demais seres vivos.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - SISTEMA CLIMÁTICO 13

CAPÍTULO II - GASES DO EFEITO ESTUFA, SUAS

FONTES EMISSORAS E O MDL 26

CAPÍTULO III – MUDANÇAS CLIMÁTICAS,

PROCESSO DE EXTINÇÃO E A PERDA DA

BIODIVERSIDADE 34

CONCLUSÃO 50

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

ÍNDICE 54

FOLHA DE AVALIAÇÃO 56

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INTRODUÇÃO

Origens e perspectivas do Aquecimento Global

Até recentemente, os principais agentes modificadores da superfície terrestre

eram agentes naturais, tais como: vento, chuva, radiação solar, vulcões,

terremotos, etc... (Demillo, 1998)

A princípio, os ambientes naturais mostravam-se em estado de equilíbrio

dinâmico, até o momento em que as sociedades humanas passaram,

progressivamente, a interferir, cada vez mais intensamente, na exploração dos

recursos naturais. Esta exploração ambiental está diretamente associada ao

avanço científico e econômico que, muitas vezes, tem alterado de modo

irreversível o cenário do planeta e conduzido a processos degenerativos

profundos da natureza (Becker et al, 2001).

O efeito estufa é talvez a mais global das várias ameaças à biodiversidade que

acometem o planeta. Diferente de outras, causadas pelo desenvolvimento

humano, ele tem o potencial de impactar todos os ecossistemas, inclusive

aqueles que se situam longe das populações humanas e ainda classificados

como inexplorados. A possibilidade de impactos extensivos implica em ameaça

direta à biodiversidade do planeta (Wilson & Frances, 1997).

O efeito estufa refere-se ao processo físico pelo qual a presença de gases

atmosféricos faz com que a Terra mantenha uma temperatura de equilíbrio

maior do que teria caso estes gases estivessem ausentes, permitindo a

passagem de luz e apreendendo o calor (Demillo, 1998).

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É um fenômeno que sempre operou na história da Terra, responsável por

manter uma temperatura adequada para manutenção da vida neste planeta

(Simon & DeFries, 1992).

O aquecimento global, embora utilizado como termo equivalente, refere-se ao

aumento contínuo e de longo prazo nesta temperatura de equilíbrio da Terra

(Demillo, 1998).

Com o advento da era industrial, em meados do século XIX, os padrões

atmosféricos começaram a ser alterados pelo sempre crescente nível de

emissão dos gases que causam o efeito estufa (GEE), decorrentes das

atividades industriais, de transportes e energéticas. Daí por diante, todas as

transformações no padrão atmosférico passaram a estar associadas às ações

humanas (Lora, 2002).

Apesar das controvérsias envolvendo as causas do aquecimento global, as

informações coletadas ao longo deste século e, principalmente, na última

década, demonstraram que as atividades humanas foram capazes de

introduzir modificações globais que poderão ter conseqüências sérias o

bastante para afetar os ecossistemas naturais (Becker et al, 2001).

Nas últimas décadas houve uma importante mudança na visão ecológica, em

vista dos atos praticados contra o meio ambiente. A conscientização de que os

recursos naturais são finitos, e que, se não mudarmos nossos hábitos

consumistas baseados no estilo de vida capitalista, estaremos fadados a viver

numa grande lata de lixo (Becker et al, 2001).

Os atuais modelos econômicos adotaram estratégias de desenvolvimento

priorizando o crescimento econômico a curto prazo, às custas de recursos

naturais vitais, provocando uma verdadeira crise ambiental em escala mundial

(Becker et al, 2001).

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Em vista disso, na Suécia, em 1972, foi produzida, pela comunidade

internacional, a primeira conferência sobre o ambiente humano, promovendo a

conscientização e a manutenção do meio ambiente, sendo este último

responsabilidade de todos os países. Este documento reconhece a soberania

das nações sobre seus recursos naturais, mas estabelece que tais nações têm

“responsabilidade para assegurar que as atividades dentro de sua jurisdição,

ou o controle destas, não causem danos ao ambiente de outros Estados ou

em áreas dos limites da jurisdição nacional” (IPCC, 2001a).

Na década de 80, tornou-se cada vez maior as evidências de que um dos

principais problemas ambientais a serem enfrentados é a emissão demasiada

de gases estufa. Assim, foi reconhecido o problema, e este só poderia ser

resolvido através de ações multinacionais coordenadas, e o próximo passo

seria estabelecer compromissos internacionais para essas ações através de

um tratado mundial (IPCC, 2001a).

A mobilização mundial frente ao problema promoveu a criação de Protocolos,

os quais foram feitos com o intuito de reduzir as emissões de gases estufa,

conciliando o desenvolvimento econômico (IPCC, 2001a).

A Conferência das Partes realizada em Quioto, em 1997, destaca-se como

uma das mais importantes, uma vez que durante sua realização foi

estabelecido um acordo onde se encontram definidas metas de redução da

emissão de GEE para os países compromissados em reduzir essas emissões,

além de critérios e diretrizes para utilização dos mecanismos de mercado. Este

acordo ficou conhecido como Protocolo de Quioto e estabelece que os países

industrializados devem reduzir suas emissões em 5,2% abaixo dos níveis

observados em 1990, entre 2008-2012 (primeiro período de compromisso)

(IPCC, 2001b).

É nesse Protocolo que os países em desenvolvimento, e que mantém, ao

menos relativamente, preservados os seus recursos naturais, podem passar a

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se inspirar para desenvolver projetos visando a sustentabilidade social e

ambiental (Becker et al, 2001).

A noção de desenvolvimento sustentável tem como uma de suas premissas

fundamentais o reconhecimento da “insustentabilidade” ou inadequação

econômica, social e ambiental do padrão de desenvolvimento das sociedades

contemporâneas (Becker et al, 2001).

Na busca por um novo modelo econômico que consiga conciliar o

desenvolvimento econômico com a exploração racional dos recursos naturais,

estamos cada vez mais abraçando a causa do “capitalismo verde”, que busca

o desenvolvimento sustentável através de um resgate da idéia de um

progresso estabelecido num avanço tecnológico que seja “socialmente justo,

economicamente viável, ecologicamente sustentável e culturalmente aceito”

(Becker et al, 2001).

Apesar dos vários perigos que, como vimos, ameaçam o equilíbrio da biosfera,

ainda há tempo para que a humanidade tome consciência da necessidade da

ordenação racional da Terra e se responsabilize em aplicar uma estratégia

para o estabelecimento de uma sociedade estável (Simon & DeFries, 1992).

A integridade do planeta depende de apenas uma condição: respeitar as leis

ecológicas às quais o homem, como elemento da biosfera, está inserido (Marc,

1979).

Histórico do Efeito Estufa

No final do século XVIII, o cientista suíço Horace Benedict de Saussure

descobriu que ao colocar diversas caixas de vidro transparente umas dentro

das outras, a temperatura aumentava das caixas maiores para as menores,

isto é, de fora para dentro. Logo, o calor proveniente das radiações solares

aumenta no ar contido dentro de invólucros transparentes (Demillo, 1998).

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Na verdade, as radiações solares atravessam com facilidade o vidro, por ele

ser transparente. Porém, ao refletirem no interior de uma caixa de vidro,

transformam-se em radiações caloríficas e não retornam na mesma

intensidade, porque o vidro é isolante térmico (Demillo, 1998).

Em 1861, o físico John Tyndall descobriu que o vapor d’água e o gás

carbônico, presentes na atmosfera, desempenham o mesmo papel do vidro em

relação às estufas. Esses gases permitem a entrada da luz e dificultam a saída

do calor, sendo os responsáveis pela manutenção da temperatura da Terra

(Demillo, 1998).

Outro cientista, Svante Arrhenius, Prêmio Nobel de Química, conseguiu, no

início do século XX, calcular esse efeito e concluiu que, se a Terra não

possuísse gás carbônico na atmosfera, a temperatura em sua superfície seria

reduzida em cerca de 21°C. É claro que se a concentração do gás

aumentasse, iria ocorrer o efeito contrário, com a elevação gradual da

temperatura terrestre. Tal fato foi previsto pelo próprio químico, como

conseqüência da era industrial (Demillo, 1998).

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CAPÍTULO I

SISTEMA CLIMÁTICO

...Cilma

"Clima, num sentido restrito é geralmente definido como 'tempo meteorológico

médio', ou mais precisamente, como a descrição estatística de quantidades

relevantes de mudanças do tempo meteorológico num período de tempo, que

vai de meses a milhões de anos. O período clássico é de 30 anos, definido

pela Organização Mundial de Meteorologia (OMM). Essas quantidades são

geralmente variações de superfície como temperatura, precipitação e vento. O

clima num sentido mais amplo é o estado, incluindo as descrições estatísticas

do sistema global". (IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change ou

Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas).

1.1 - A FRAGILIDADE DO SISTEMA CLIMÁTICO

O sistema climático é um sistema complexo sendo ele regulado não somente

pela atmosfera, mas também pelo que ocorre nos oceanos, na criosfera (capas

glaciais, gelo marinho e neve), na geosfera (superfície terrestre), na hidrosfera

(oceanos, lagos, rios) e na biosfera (conjunto de seres vivos) (Gralla, 1998).

A composição atmosférica atual é fundamental para a sobrevivência na Terra.

Por meio de ciclos naturais, os seus constituintes são consumidos e reciclados.

As ações antropogênicas vêm provocando desequilíbrios neste sistema,

conduzindo à acumulação, na atmosfera, de substâncias nocivas ao próprio

homem e ao meio ambiente (Mazza & Roth, 1999).

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A Terra é um recipiente finito que contém uma quantidade finita de compostos

químicos mantidos em um delicado equilíbrio pelas forças da vida, da geologia

e da química. Possui uma incrível capacidade de regular seu equilíbrio

atmosférico em resposta a alterações graduais na produção ou remoção global

de gases constituintes. Os seres humanos, entretanto, têm a capacidade de

produzir gases atmosféricos ou de inibir mecanismos que controlam a

regulagem atmosférica em uma escala enorme e em um espaço de tempo

relativamente curto (Demillo, 1998).

1.2 - ÁGUA E O PLANETA

A água tem forte influência moderadora no sistema climático do planeta. Os

oceanos, o gelo, a neve e as nuvens determinam a capacidade que a Terra

tem de refletir de volta para o espaço a radiação solar recebida, ajudando ,

assim, a regular a temperatura (Simon & DeFries, 1992).

O globo terrestre possui uma peculiaridade. A distribuição irregular das massas

de terra confere ao hemisfério norte um valor de 39,3%, ao passo que, no

hemisfério sul, esse valor corresponde apenas a 19,1%. Assim, o hemisfério

sul é significativamente composto por uma parcela maior de água na superfície

(80,9%), ao passo que o hemisfério norte detém 60,7% da superfície composta

pela água (Muller, 1982).

Decorrente dessa conformação espacial que os hemisférios possuem, eles,

por sua vez, acabam por serem influenciados de maneiras distintas pelos

efeitos da diferença na proporção de água existente entre os mesmos (Muller,

1982).

Um desse efeitos é a maritimidade, a qual é responsável por transferir a

energia térmica absorvida do Sol pelas águas do oceano, deslocando esse

calor para as massas de terra, promovendo uma menor amplitude térmica e

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amenizando a temperatura nas regiões próximas ao litoral. Conforme

adentramos o interior dos continentes, o efeito da maritimidade é menor e

conseqüentemente a amplitude térmica é maior (Teixeira et al, 2000).

Os cientistas estão razoavelmente seguros de que o ciclo da água, que

transporta e distribui grande parte da energia solar que chega ao planeta,

mudará em resposta a um clima mais quente. Conseqüentemente, quando

aumentar a temperatura e a evaporação dos oceanos e da terra, espera-se

que a precipitação aumente entre 5 e 10 por cento (Simon & DeFries, 1992).

1.3 - CIRCULAÇÃO OCEÂNICA E SUA INTERAÇÃO

ATMOSFÉRICA

O oceano é um imenso reservatório de calor, pois mantém por mais tempo que

a terra o calor absorvido da radiação solar. Quando a água do oceano entra

em seu grande esquema de circulação, o calor é transferido verticalmente da

água da superfície para o fundo do oceano e de volta para a superfície, e

horizontalmente, de uma latitude alta para uma latitude baixa e de uma

longitude para outra longitude. Assim, quando o oceano libera calor em uma

região distante do ponto de absorção, esse calor interage com a atmosfera,

moderando os ciclos diário e sazonal e a temperatura em áreas da superfície

da terra (Simon & DeFries, 1992). Assim, o esquema de convecção da água, e

conseqüentemente do calor absorvido por esta, exerce uma grande influência

sobre a dissipação de energia, representando um papel importante na

dinâmica climática mundial (Simon & DeFries, 1992).

Uma das propriedades da água é o alto calor específico, promovendo um clima

mais ameno em locais onde o efeito da maritimidade é maior. Sendo a

superfície da Terra composta quase que na totalidade por água, esta é de

significativa importância para a manutenção do clima e da vida neste planeta

(Demillo, 1998).

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Os oceanos são reconhecidos como o principal regulador do clima. As

correntes oceânicas ocorrem basicamente devido a diferenças de temperatura

e densidade das suas águas. Os oceanos absorvem calor e gases (por

exemplo, o dióxido de carbono) provenientes da atmosfera (Quadro et al,

2004).

A circulação “vertical”, ou seja, a movimentação de águas nas diversas

profundidades dos oceanos, mares e lagos, pode levar para camadas mais

profundas “calor” e gases que assim ficam “depositados” nos mesmos por

longos períodos. Os padrões de circulação dos oceanos variam gradualmente

no tempo, o que pode explicar flutuações e variabilidades climáticas no

passado (Gralla, 1998)

Os oceanos desempenham um papel importante no clima porque carregam

grandes quantidades de calor dos trópicos aos pólos. Também armazenam

grandes quantidades de calor, carbonatos e CO2 e são uma grande fonte de

água para a atmosfera (através da evaporação). O acoplamento de MCGs

(Modelos de Circulação Global) atmosféricos e oceânicos melhora o realismo

físico dos modelos usados para projetar a mudança do clima futuro, em

particular o tempo e a distribuição regional das mudanças (IPCC, 2001b).

Vários modelos mostram uma redução apenas marginal nas temperaturas da

superfície do Mar do Norte (no Atlântico Setentrional) em resposta ao aumento

dos gases de efeito estufa, relativos a um abrandamento da circulação

termohalina, à medida que o clima esquenta. Isso representa um feedback

negativo da temperatura local. A principal influência dos oceanos nas

simulações da mudança do clima ocorre por causa da sua grande capacidade

térmica, que introduz um atraso no aquecimento, e que não é uniforme

espacialmente (Epstein, 2002).

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1.4 - MECANISMOS REGULATÓRIOS E INFLUÊNCIA

ATMOSFÉRICA NA DETERMINAÇÃO DO CLIMA

A atmosfera, um invólucro gasoso que circula a Terra, é o motor do sistema

climático físico. É importante notar também que o aumento das emissões e das

concentrações atmosféricas de CO2, ocorrido a partir da Revolução Industrial,

está nitidamente relacionado ao aumento do consumo dos combustíveis

fósseis. Por sua vez, o aumento da presença do CO2 e de outros GEE,

medidos pela sua concentração, é o responsável pela intensificação do efeito

estufa e pelo aumento do calor aprisionado na atmosfera. Este calor adicional

ou, dito de outra forma, esta variação de energia térmica, tem uma influência

determinada sobre o funcionamento do clima do planeta, já que esta energia é

a responsável pela circulação dos ventos e dos oceanos, pela evaporação e

pela precipitação (Pereira, 2002).

A ocorrência das correntes marítimas e os regimes de ventos determinam e

são determinados pelo regime de temperaturas das diversas regiões terrestres.

A própria rotação da Terra é fundamental na manutenção da temperatura, não

só porque evita que o lado do nosso planeta voltado para o Sol fique tórrido e o

outro lado fique gelado, mas também porque tem forte influência na

distribuição das correntes marítimas e dos ventos (Gralla, 1998).

O sistema natural terra-atmosfera-oceano-criosfera faz parte de um estudo no

qual o planeta possui mecanismos autoregulatórios do sistema climático,

baseado no balanço de energia, onde toda a energia incidente no sistema

terra-atmosfera-oceano-criosfera sai para produzir um sistema de energia

estável (Demillo, 1998).

Assim, um aumento de temperatura da atmosfera amplia sua capacidade de

retenção de água e deve ser seguido por um aumento da quantidade de vapor

d’água. Como o vapor d’água é um poderoso gás de efeito estufa, o aumento

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do vapor d’água levaria, por sua vez, a um aumento do efeito estufa (um

feedback positivo) (Odum, 1988).

Cerca da metade desse feedback depende do vapor d’água na alta troposfera,

cuja origem e influência no aumento da temperatura da superfície não são

completamente compreendidas. O feedback do vapor d’água na baixa

atmosfera é inquestionavelmente positivo e a preponderância das evidências

aponta para a mesma conclusão em relação ao vapor d’água da alta

troposfera. Os feedbacks resultantes das mudanças na redução da

temperatura com com a altura podem compensar parcialmente o feedback do

vapor d’água (Odum, 1988).

Os astrônomos cunharam como albedo para se referirem à fração de energia

radiante refletida por um corpo. Assim, o planeta tem a capacidade de refletir

parte dessa energia através de superfícies refletoras presentes no topo das

nuvens, porções de gelo, neve, oceano ou vegetação. O albedo varia de 0

(absorção completa de toda energia incidente) a 1 (reflexão total de toda

energia incidente). Assim, o albedo global médio do planeta é de 0,31 (Demillo,

1998).

Uma superfície coberta de gelo ou de neve reflete fortemente a radiação solar

(ou seja, ela tem um albedo alto). À medida que um pouco de gelo derrete na

superfície mais quente, menos radiação solar é refletida, provocando mais

aquecimento (um feedback positivo), mas isso se torna mais complicado por

causa das nuvens e da camada de neve (Odum, 1988).

As mudanças antrópicas do clima, como por exemplo, temperatura mais

elevada, mudanças na precipitação, mudanças no aquecimento radiativo

líquido e os efeitos diretos do CO2, influenciarão o estado da superfície

terrestre (umidade do solo, albedo, rugosidade, vegetação).. Por sua vez, a

superfície terrestre alterada pode produzir um feedback e alterar a atmosfera

superior (precipitação, vapor d’água, nuvens) (Odum, 1988).

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As mudanças na composição e estrutura dos ecossistemas podem alterar não

apenas o clima físico, mas também os ciclos biogeoquímicos (Simon &

DeFries, 1992).

1.5 - EL NIÑO

Um componente do sistema climático da terra é representado pela interação

entre a superfície dos oceanos e a baixa atmosfera adjacente a ele. Os

processos de troca de energia e umidade entre eles determinam o

comportamento do clima, e alterações destes processos podem afetar o clima

regional e global (Gralla, 1998).

O El Niño representa o aquecimento anormal das águas superficiais e sub-

superficiais do Oceano Pacífico Equatorial. A palavra El Nino é derivada do

espanhol, e refere-se à presença de águas quentes que periodicamente

aparecem na costa norte do Peru, na época do Natal. Os pescadores do Peru

e do Equador chamaram esta presença de águas mais quentes de “Corriente

de El Nino” em referência ao Niño Jesus ou Menino Jesus. O “El Nino” começa

a adquirir força em novembro ou dezembro e, geralmente, conclui sua

atividade no meio do ano seguinte (Quadro et al, 2004).

Na atualidade, as anomalias do sistema climático que são mundialmente

conhecidas como El Niño e La Nina representam uma alteração do sistema

oceano-atmosfera no Oceano Pacífico tropical, e que tem conseqüências no

tempo e no clima em todo o planeta (Quadro et al, 2004).

Nesta definição, considera-se não somente a presença das águas quentes da

Corriente El Nino mas também as mudanças na atmosfera próxima à

superfície do oceano, com o enfraquecimento dos ventos alísios (que sopram

de leste para oeste) na região equatorial. Com esse aquecimento do oceano e

com o enfraquecimento dos ventos, começam a ser observadas mudanças nos

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padrões de transporte de umidade, e portanto variações na distribuição das

chuvas em regiões tropicais e de latitudes médias e altas. A água quente toma

conta da superfície do oceano enquanto a corrente marítima fria (Humboldt)

fica presa nas profundezas. No seu deslocamento rumo à América do Sul, as

águas quentes levam com elas o sistema climático da sua região de origem. As

formações chuvosas da Indonésia são deslocadas para o meio do Pacífico,

dando início a uma espécie de reação em cadeia que empurra todos os

sistemas climáticos dos trópicos para leste (Quadro et al, 2004).

Em algumas regiões do globo também são observados aumento ou queda de

temperatura. Na Austrália, as áreas onde havia fartura de chuvas passam a ser

castigadas pela seca, enquanto que as águas que deveriam estar caindo lá

são despejadas no oceano, nas proximidades da Polinésia. Ao mesmo tempo,

as chuvas que caíam próximo às costas Sul-americanas invadem o continente

e passam a cair no interior do Peru. O ar que sobe, provocando as

precipitações no Peru, vai descer seco justamente na região costeira do

Nordeste Brasileiro, banindo as chuvas dali (IPCC, 2001b).

Já o fenômeno La Nina é a denominação que identifica a anomalia que

promove os efeitos contrários aos do El Nino. Ocorre quando as águas do

Pacífico Equatorial apresentam-se mais frias do que o normal. Como

conseqüências desse fenômeno, aumenta a circulação dos ventos alísios,

causando maiores chuvas na Oceania e na Indonésia e agravando a aridez do

litoral do Peru. As precipitações de verão diminuem no Brasil meridional,

enquanto aumentam as chuvas no Sertão Nordestino brasileiro (Quadro et al,

2004).

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1.6 - CAMADA DE OZÔNIO

O ozônio é um gás fundamental para manutenção da vida no planeta. Atua nas

altas camadas da atmosfera filtrando as radiações nocivas (UV-A, UV-B e UV-

C) provenientes do Sol. No sistema climático global, o ozônio em baixa

atmosfera interage apreendendo radiação térmica, contribuindo para o

aquecimento global (Demillo, 1998).

O ozônio é um gás atmosférico azul-escuro que se concentra na chamada

estratosfera, uma região situada entre 20 e 40 Km de altitude. A diferença

entre o ozônio e o oxigênio é muito pequena, pois se resume a um átomo:

enquanto uma molécula de oxigênio possui dois átomos, uma molécula de

ozônio possui três (Rosa & Rovere, 1998).

O ozônio sempre foi mais concentrado nos pólos do que no equador, e nos

pólos ele também se situa numa altitude mais baixa. Por essa razão, as

regiões dos pólos são consideradas propícias para a monitoração da

densidade da camada de ozônio (Rosa & Rovere, 1998).

Em 1991, o Programa das Nações Unidas Para o Meio Ambiente (PNUMA)

revelou que, pela primeira vez, se estava produzindo uma perda importante do

ozônio, tanto na primavera como no verão e tanto no hemisfério norte como no

hemisfério sul, em latitudes altas e médias. Este fato fez crescer a apreensão

geral, já que no verão os raios solares são muito mais perigosos que no

inverno (Rosa & Rovere, 1998).

Toda vida na Terra é especialmente sensível à radiação ultravioleta com

comprimento de onda entre 290 e 320 nanômetros. Tão sensível que essa

radiação recebe um nome especial: UV-B, que significa “radiação

biologicamente ativa” . A maior parte da radiação UV-B é absorvida pela

camada de ozônio, mas mesmo a pequena parte que chega até a superfície é

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perigosa para quem se expõe a ela por períodos mais prolongados (Rosa &

Rovere, 1998).

A radiação UV-B também inibe a atividade do sistema imunológico humano, o

mecanismo natural de defesa do corpo. Além de tornar mais fáceis as

condições para que os tumores se desenvolvam sem que o corpo consiga

combatê-los. Supõe-se que haveria um aumento de infecções por herpes,

hepatite e infecções dermatológicas provocadas por parasitas (Rosa & Rovere,

1998).

A maior parte das plantas ainda não foi testada quanto aos efeitos de um

aumento da UV-B, mas das 200 espécies analisadas até 1988, dois terços

manifestaram algum tipo de sensibilidade. A soja, por exemplo, apresenta uma

redução de 25% na produção quando há um aumento de 25% na

concentração de UV-B. O fitoplâncton, base da cadeia alimentar marinha,

assim como as larvas de alguns peixes, também sofrem efeitos negativos

quando expostos a uma maior radiação UV-B. Já se constatou também que

rebanhos apresentam um aumento de enfermidades oculares, como

conjuntivite e até câncer, quando expostos a uma incidência maior de UV-B

(Rosa & Rovere, 1998).

Ressalte-se que todos esses efeitos são ocasionados por um ligeiro acréscimo

da radiação UV-B. Existe, contudo, um outro tipo de radiação ainda mais

temível: a UV-C. A radiação UV-C apresenta comprimentos de onda entre 240

e 290 nanômetros e é (até agora) completamente absorvida pelo ozônio

estratosférico. Sabe-se que a UV-C é capaz de destruir o DNA (ácido

desoxirribonucléico), a molécula básica da vida, que contém toda a informação

genética dos seres vivos. (Rosa & Rovere, 1998).

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1.7 - IMPORTÂNCIA DOS CICLOS DO CARBONO E DA ÁGUA

PARA O CLIMA

Em nível global, os ciclos do carbono e hidrológico são provavelmente os dois

ciclos biogeoquímicos mais importantes em relação à humanidade. Os dois

ciclos são caracterizados por “pools” atmosféricos pequenos, porém, muito

ativos, sendo vulneráveis às perturbações antropogênicas, e, por sua vez,

podem mudar o tempo e os climas. Uma rede de mensurações foi estabelecida

para detecção de mudanças significativas no ciclo do carbono e da água, que

poderão afetar nosso futuro no planeta (Odum, 1988).

1.8 - CICLO DO CARBONO

Do volume de CO2 emitido para a atmosfera como efeito da ação antrópica,

70% são devido à queima de combustíveis fósseis e 30% em função do uso da

terra (queima de florestas primárias ou perdas naturais, dependendo do

ecossistema). Os fluxos mais importantes de CO2 são a sua recirculação

através dos oceanos, a fixação através da fotossíntese e a sua liberação

decorrente da respiração das plantas e microrganismos responsáveis pela

decomposição da matéria orgânica do solo (Dias, 2001).

No balanço global de carbono, os fluxos de CO2 atmosférico na biota terrestre

são essenciais ao entendimento da biosfera no controle da emissão/fixação de

gases estufa, relacionados à questão de variabilidade climática regional e

global. O efluxo de CO2 ou respiração do solo é um componente de emissão

para a atmosfera e é um processo chave no ciclo do carbono (Dias, 2001).

As maiores dúvidas com relação ao ciclo global de carbono estão na

compreensão dos “sumidouros”, fundamentais para o balanço de CO2 na

atmosfera (IPCC, 2001a).

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As plantas clorofiladas constituem o mais importante agente da redução do

CO2 da matéria orgânica; outros seres, como as bactérias fotossintetizantes e

as quimiolitotróficas (redutoras de CO2) têm pequena contribuição para idêntico

fim (Teixeira et al, 2000).

A maior parte do dióxido de carbono se desprende para a atmosfera ou se

dissolve na água. As águas que contém dióxido de carbono reagem

principalmente com os sais de cálcio dissolvidos para formar carbonato e

bicarbonato cálcicos. Por último, o carbonato cálcico se precipita por agentes

orgânicos ou inorgânicos. A maior perda no ciclo do carbono é a formação de

calcário. É evidente que o dióxido de carbono que desaparece do ciclo por este

processo não volta nunca por completo à atmosfera (Teixeira et al, 2000).

1.9 - CICLO HIDROLÓGICO

Apesar de termos a impressão de que a água está “acabando”, a quantidade

de água na Terra é praticamente invariável há 500 milhões de anos. O que

muda é a sua distribuição, pois a água não permanece imóvel. Ela se recicla

através de um processo chamado Ciclo Hidrológico, através do qual as águas

do mar e dos continentes se evaporam, formam nuvens e voltam a cair na terra

sob a forma de chuva, neblina e neve. Depois, escorrem para rios, lagos ou

para o subsolo e aos poucos correm de novo para o mar, mantendo o

equilíbrio no sistema hidrológico do planeta (Odum, 1988).

Apesar da desigualdade proporcional entre a quantidade de água salgada e

água doce elas estão constantemente sendo recicladas, permutando entre si

através da evaporação, precipitação (chuva, neve, granizo, orvalho) e

transporte de água por rios e correntes subterrâneas e marítimas (Odum,

1988).

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A água é transferida dos depósitos de água líquida (oceanos, mares, lagos,

rios) para a atmosfera através da evaporação. A biosfera tem um papel

determinante, pois retém uma parte da água, que de outra forma escoaria para

os oceanos, e devolve à atmosfera pela transpiração. Simultaneamente, o

vapor d`água atmosférico é transferido por precipitação para os reservatórios

líquidos e sólidos (calotas polares, geleiras, glaciares e neves eternas). A

infiltração de água no solo alimenta os depósitos do subsolo, como os

aqüíferos. Todo esse processo está integrado com o desenvolvimento da

biosfera e com o fluxo de calor e luz que vem do Sol e do interior da Terra

(Odum, 1988).

A forma líquida da água existe graças à temperatura adequada de nosso

planeta, que é mantida em parte pela radiação solar e em parte pelo calor

gerado pelas substâncias radioativas nas camadas profundas do nosso

planeta. A atmosfera exerce um papel fundamental na manutenção da

temperatura, através do efeito estufa (Odum, 1988).

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CAPÍTULO II

GASES DO EFEITO ESTUFA, SUAS FONTES

EMISSORAS E O MDL (MECANISMO DE

DESENVOLVIMENTO LIMPO)

Gases do efeito estufa e suas fontes emissoras

Originariamente os gases estufa foram liberados em nossa atmosfera

exclusivamente por diversas fontes geológicas e geoquímicas naturais:

atividade vulcânica, liberação gasosa das rochas e assim por diante (Demillo,

1998).

A maior parte dos gases existentes, além de deixar passar a luz que vem do

Sol, é também transparente às radiações emitidas pela superfície da Terra e

pela própria atmosfera. No entanto, alguns gases, entre os quais se destacam

o gás carbônico, o metano, o óxido nitroso e o vapor d’água, também

transparentes à radiação proveniente do Sol, absorvem as radiações de onda

larga que são emitidas pela superfície da Terra e pela própria atmosfera,

conhecida como radiação infravermelha. Estes gases que absorvem a radiação

infravermelha são conhecidos como gases de efeito estufa, contribuindo para o

aquecimento global (Demillo, 1998).

A existência desses gases e sua eficiência na captação de radiação solar

contribuem para uma faixa térmica compatível com a vida que conhecemos

hoje. Assim, caso não existissem esses gases, algumas estimativas colocam a

temperatura média da Terra na faixa de -23oC a -32oC, o que impediria ou

dificultaria muito a existência de vida no planeta (Simon & DeFries, 1992).

Os outros gases-estufa -- os CFC`s (cloroflúorcarbonos) e o ozônio --

absorvem a radiação infravermelha com muito mais eficiência do que o dióxido

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de carbono, mas estão presentes em quantidades muito menores. Seu efeito

combinado pode causar metade do aquecimento mundial previsto para o

próximo século (Simon & DeFries, 1992).

Existe um consenso de que o aumento do efeito estufa só não é maior

atualmente porque uma grande parte de CO2 é dissolvida nos oceanos e

extraída pela vegetação. Sem esses mecanismos reguladores, há muito o ser

humano já teria, sozinho, desequilibrado totalmente o clima da Terra (Mazza &

Roth, 1999).

O funcionamento de fábricas, o uso de transportes urbanos e rodoviários, a

geração de energia elétrica e o aquecimento dos lares vêm sendo obtidos pela

queima de derivados de combustíveis fósseis que, em sua combustão, emitem

grandes quantidades de dióxido de carbono para atmosfera. O nível total de

emissão de CO2 em 2000, segundo o IPCC, foi de 6,5 bilhões de

toneladas/ano (Mazza & Roth, 1999).

Outro processo resultante da ação humana que emite CO2 para a atmosfera

em quantidade excessiva são as queimadas e derrubadas de florestas

(mudanças no uso da terra). Apesar de pouco significativo em relação às

emissões globais, é nesse setor que está o maior comprometimento do Brasil,

devido ao desmatamento. Na queima de florestas, as emissões de CO2

decorrem do processo de liberação do carbono contido na biomassa (Mazza &

Roth, 2000).

A contribuição das fontes biogênicas para a manutenção do efeito estufa se dá

por processos como o da respiração (das pessoas, das plantas, dos animais),

ou o uso dos CFCs, que liberam dióxido de carbono, bem como pelos

processos orgânicos de fermentação que liberam metano, tais como o

processo de digestão de animais ruminantes, o de fermentação do lixo ou de

biomassa, e também os decorrentes de acidentes como vazamentos de gás ou

petróleo (Epstein, 2002).

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O setor agropecuário contribui com o aumento do acúmulo de GEE também

pela agricultura. O cultivo do arroz irrigado representa uma das principais

fontes antrópicas de metano para a atmosfera. Não é o caso do Brasil, mas da

Ásia, onde o arroz é a principal atividade agrícola. Do total de metano gerado

pela cultura do arroz, 90% é atribuído ao continente asiático, segundo o

relatório do IPCC de 1996 (Epstein, 2002).

2.1 - VAPOR D’ÁGUA

As fontes naturais do vapor d’água são as superfícies de água, gelo e neve, a

superfície do solo, as superfícies vegetais e animais. A passagem para a fase

de vapor é realizada pelos processos físicos de evaporação e sublimação e

pela transpiração (Demillo, 1998).

O vapor d’água é um dos constituintes variáveis do ar atmosférico, chegando a

representar até 4% em volume. Este volume é extremamente variável e esta

variabilidade provém da extrema facilidade com que consegue mudar de fase,

nas condições atmosféricas reinantes. Essas mudanças de fase são

acompanhadas por liberação ou absorção de calor latente, que, associados

com o transporte de vapor d’água pela circulação atmosférica, atuam na

distribuição do calor sobre o globo terrestre (Demillo, 1998).

Por apresentar estas características, o vapor d’água é considerado o mais

importante gás estufa, além disso, com a ação do efeito estufa a atmosfera se

tornará mais quente, contendo uma quantidade maior de vapor d’água em

decorrência de índices mais altos de evaporação (Mazza & Roth, 1999).

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2.2 - DIÓXIDO DE CARBONO (CO2)

As emissões de CO2 estão desigualmente distribuídas nas diferentes regiões

do mundo. Assim, a Europa e América do Norte são responsáveis por 54% do

total das emissões de CO2 (IPCC, 2001b).

2.3 - METANO (CH4)

O gás metano é proveniente também de fontes biogênicas, tais como

pântanos, os resíduos de animais, de arroz, de aterros sanitários, etc... Das

emissões totais desse gás, 2/3 tem um caráter antropogênico. Este gás é 25

vezes mais eficaz na apreensão do calor do que o dióxido de carbono. A

permanência do metano na atmosfera é pequena (menos de 10 anos), sendo

consumido na atmosfera e, em menor escala, no solo (Pinto et al, 2002).

2.4 - CLOROFLÚORCARBONOS (CFC’s)

Os cloroflúorcarbonos são um grupo de compostos sintéticos usados na

refrigeração, isolamento, espumas e outros processos industriais. Afora seu

papel como gás-estufa, quando os CFC’s sobem para a estratosfera liberam

cloro, que depois catalisa a decomposição do ozônio, a camada protetora da

Terra, que protege da radiação ultravioleta. Os CFC’s além de terem uma vida

longa, as moléculas têm de 17.500 vezes a 20.000 vezes mais capacidade de

prender o calor que o dióxido de carbono (Simon & DeFries, 1992).

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2.5 - ÓXIDO NITROSO (N2O)

O óxido nitroso é produzido naturalmente pela ação microbiana no solo e em

resposta à expansão da agricultura, à queima de madeira, à decomposição de

resíduos de colheita e à queima de combustíveis fósseis. O uso na agricultura

de fertilizantes minerais, que contêm nitrogênio, presumivelmente acelera sua

taxa de liberação. As concentrações atmosféricas de óxido nitroso estão

aumentando aproximadamente 0,25 por cento ao ano. Seu tempo de

residência na atmosfera é longo e, portanto, suas concentrações aumentariam

por mais de 200 anos ainda, mesmo que as taxas de emissão ficassem

congeladas aos níveis atuais. Por molécula, este gás tem 250 vezes mais

capacidade que o dióxido de carbono de apreender o calor (Simon & DeFries,

1992).

2.6 - OZÔNIO TROPOSFÉRICO (O3)

Na estratosfera, o ozônio protege o planeta da radiação ultravioleta; mais perto

do solo, na troposfera, camada atmosférica rica em umidade e abaixo da

estratosfera, ela torna-se um gás-estufa poderoso. É produzido pelas reações

que envolvem hidrocarbonetos fósseis e óxidos nitrosos, todos liberados

durante a queima de combustíveis fósseis, usados nos veículos a motor e na

indústria (Simon & DeFries, 1992).

2.7 - MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO (MDL)

Atualmente o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo baseia-se em proposta

estabelecida de que cada tonelada de gás carbônico deixada de ser emitida ou

retirada da atmosfera, por um país em desenvolvimento, poderá ser negociada

no mercado mundial, criando um novo atrativo para a redução das emissões

dos gases que causam o efeito estufa (Epstein, 2002).

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O objetivo do MDL é a busca de alternativas de tecnologias limpas ( não-

poluidoras) como, por exemplo, a geração de energia, reduzindo as emissões

de CO2 na atmosfera (Epstein, 2002).

O Protocolo de Quioto fomenta o uso de energias renováveis, como é o caso

dos biocombustíveis (álcool e o biodiesel). O incentivo ao redlorestamento, o

aumento da eficiência na produção, conservação e distribuição de energia

elétrica também são princípios fundamentais em que o MDL está baseado

(Pinto et al, 2002).

O incremento da eficiência de energia e a adoção das tecnologias limpas

incluem a energia eólica, movida a turbinas de vento, geotérmicas, os painéis

solares que captam energia solar, e as células de hidrogênio ; Combustíveis

que estão melhorando constantemente, tornando-se mais eficientes,

econômicas e capazes de competir com as outras formas tradicionais de

obtenção de energia. Desta forma, as fontes de energia renováveis têm um

impacto menos danoso ao meio ambiente do que as tecnologias convencionais

(Pereira, 2002).

As políticas adotadas para redução de emissão de carbono, são voltadas

atualmente ao redirecionamento dos hábitos tradicionais de algumas cidades,

como, por exemplo, andar de bicicleta. Essa medida além de contribuir para

redução da emissão de gases de efeito estufa, diminui o trânsito em grandes

cidades (Pereira, 2002).

2.8 - MERCADO DE CARBONO

Países que não tem que diminuir suas emissões de dióxido de carbono (CO2),

segundo normas preliminares estabelecidas pela Conferência das Partes

(COP), realizada na cidade de Quioto, no Japão, em 1997, podem desenvolver

projetos com o objetivo de emitir os chamados CERs (Certificados de

Emissões Reduzidas). Os CERs são derivativos financeiros, ou créditos,

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interessantes às empresas dos países que devem, obrigatoriamente, reduzir as

emissões de CO2 (IPCC, 2001a).

Essas transações do CER fazem parte de um novo mercado, chamado de

mercado de carbono. Atualmente o mercado de carbono está regulamentado,

uma vez que o Protocolo de Quioto foi recentemente ratificado, vigorando as

regras previamente definidas entre os países praticantes para comercialização

do carbono no mercado de balcão (Cenamo, 2004).

O Sindicato dos Economistas do Estado de São Paulo, através do projeto CTA

(Consultant, Trade and Adviser) propõe a criação de uma Bolsa Brasileira de

Commodities Ambientais (BECE – Brazilian Environment Commodities

Exchange), criando um fundo de negociação no mercado futuro através de

financiamentos nos prazos adequados para produção sustentável. Esta

medida visa regulamentar o trânsito financeiro dos certificados de emissões

reduzidas (CER), para projetos desenvolvidos no Brasil, segundo as formas

previstas no MDL (Cenamo, 2004).

As empresas (países) que não conseguirem (ou desejarem) reduzir suas

emissões poderão comprar Certificados de Emissões Reduzidas (CER), em

países em desenvolvimento e usá-los para cumprir suas obrigações. Os países

em desenvolvimento, por sua vez, deverão utilizar o MDL para promover seu

desenvolvimento sustentável (IPCC, 2001a).

O Brasil, assim como outros países em desenvolvimento que não precisam

diminuir suas emissões de dióxido de carbono, pode vender essa redução

através dos créditos de carbono conseguidos com os CERs (IPCC, 2001a).

Assim, um país industrializado pode compensar suas emissões participando

dos sumidouros e de projetos de redução de emissões em outros países.

Implica, portanto, em constituição e transferência de créditos de emissão de

gases de efeito estufa do país em que o projeto está sendo implementado para

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o país emissor. Este, pode comprar “créditos de carbono” e, em troca,

constituir fundos para projetos a serem desenvolvidos em outros países. Os

recursos financeiros obtidos serão aplicados necessariamente na redução de

emissões ou em remoção do carbono (Cenamo, 2004).

A Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem (SPVS), está esperando a

aprovação do Ministério da Meio Ambiente definir os critérios de elegibilidade,

conforme as políticas nacionais de desenvolvimento sustentável, para criar no

país um projeto pioneiro seguindo os princípios do MDL (Cenamo, 2004 apud

SPVS, 2002).

A proposta de implantação do projeto de “Ação Contra o Aquecimento Global”,

em Guaraqueçaba (PR), prevê a proteção e gerenciamento de cerca de 7 mil

hectares de Floresta Atlântica, além de promover a recuperação de áreas

desmatadas e gerar oportunidades de desenvolvimento econômico

compatíveis com o meio ambiente, para as comunidades vizinhas. Na área

será desenvolvido um projeto experimental para estabelecer e testar

metodologias de mensuração dos gases de efeito estufa, especialmente

dióxido de (CO2). O trabalho visa diminuir a ameaça do aquecimento global e

contibuir com subsídios técnicos na avaliação de futuros projetos de combate à

emissão de gases de efeito estufa na atmosfera (Cenamo, 2004 apud SPVS,

2002).

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CAPÍTULO III

MUDANÇAS CLIMÁTICAS, PROCESSO DE EXTINÇÃO E

A PERDA DA BIODIVERSIDADE

Mudanças climáticas

A influência do clima sobre os aspectos físicos e topográficos do

relevo, está inserida diretamente na determinância de qual organismo tem uma

base gênica para estar habilitado a tolerar as variantes climáticas deste local e

portanto habilitado a viver nele (Wilson & Francês, 1997).

Assim, os organismos antes alojados num determinado local, sob uma

determinada ação climática preestabelecida, não seriam capazes de se

adaptarem tão rapidamente à um novo local, sobre ação do Efeito Estufa e

suas derivações climáticas (Simon & DeFries, 1992).

Mudanças climáticas ocorrem devido a fatores internos e externos.

Fatores internos são aqueles associados à complexidade dos sistemas

climáticos serem sistemas caóticos não lineares (Gralla, 1998).

Fatores externos podem ser naturais ou antropogênicos. Os fatores

externos, de natureza antropogênica tem sido de suma relevância para as

intempéries climáticas vivenciadas no último século (CNI – Confederação

Nacional das Indústrias).

No último milênio, dois importantes períodos de variação de

temperatura ocorreram: um período quente conhecido como Período Medieval

Quente e um frio conhecido como Pequena Idade do Gelo. A variação de

temperatura desses períodos tem magnitude similar ao do atual aquecimento e

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acredita-se terem sido causados por fatores internos e externos (Demillo,

1998).

A Pequena Idade do Gelo é atribuída à redução da atividade solar e

alguns cientistas concordam que o aquecimento terrestre observado desde

1860 é uma reversão natural da Pequena Idade do Gelo (Demillo, 1998).

O registro geológico mostra que o último ato do drama glacial teve

início quando a glaciação mais recente começou a ter sua força diminuída há

aproximadamente 18.000 anos. Como sempre tem sido o padrão, o período

frio durou aproximadamente 100.000 anos; o atual clima ameno é uma breve

temporada em um ciclo tipicamente gelado (Simon & DeFries, 1992).

Esta mudança recente de uma fase glacial para uma fase quente tem

interesse especial para os cientistas que lutam para entender as

complexidades do clima moderno, porque a quantidade de dióxido de carbono

acumulado na atmosfera, desde o início do período de derretimento até o

presente momento, é mais ou menos igual à quantidade de gases estufa que,

segundo projeções, irá se acumular na atmosfera desde o presente momento

até aproximadamente a metade do próximo século (Simon & DeFries, 1992).

O clima também variou nos últimos séculos e décadas. Apesar destas

mudanças não terem sido tão drásticas como as que ocorreram em períodos

anteriores, nem tão grandes como as que são esperadas no século XXI, sabe-

se, com precisão, quando começaram e quando terminaram. A partir deste

dado, os cientistas sabem que o clima pode mudar abruptamente e que as

mudanças podem ser grandes o bastante para provocar impactos regionais

(Simon & DeFries, 1992).

A variabilidade natural do clima evidencia que é difícil de reconhecer

as fases iniciais de mudanças climáticas causadas pelo homem. Nós

produzimos condições que deixariam a Terra na iminência de uma mudança

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climática, a uma velocidade sem precedentes na história do planeta (Wilson &

Frances, 1997).

As mudanças climáticas não são uma novidade no planeta Terra, que

vem sofrendo alterações em decorrência de fatores astronômicos, tais como a

variação da intensidade da energia emitida pelo Sol, as oscilações dos

parâmetros orbitais do planeta em torno do Sol e as variações das

concentrações da composição química da atmosfera (Simon & DeFries, 1992).

No último século houve um aumento de temperatura média do planeta

da ordem de 0,6oC. Pela simulação dos modelos climáticos, nos quais são

consideradas diferentes concentrações dos gases de efeito estufa, demonstra-

se que as atividades humanas também podem alterar as condições climáticas

atuais (Mazza & Roth, 1999).

Quando os cientistas dizem que, em média, a temperatura global

poderia aumentar alguns graus centígrados, eles estão falando sobre uma

tremenda quantidade de calor. A média atual da temperatura do globo é de

aproximadamente 14oC. Um aumento de 3oC criaria condições com as quais

alguns organismos ainda não tiveram de conviver nos últimos 100.000 anos.

Se a temperatura subir 4oC, a Terra poderá ficar mais quente do que em

qualquer época desde o período Eoceno, 40 milhões de anos atrás (Simon &

DeFries, 1992).

O que parece ser um aumento tão pequeno de temperatura pode

causar efeitos bastante dramáticos. Alguns cientistas tentam ser mais realistas

e provar que flutuações no campo climático ocorrem naturalmente. Assim,

períodos quentes e frios, períodos de enchentes e estiagens, grandes eventos

climáticos como furacões e tempestades, ocorrem diariamente e a mídia

noticia de forma sensacionalista em busca de audiência. A distorção dos fatos

pela mídia enfoca-os de forma a persuadir os telespectadores que mudanças

climáticas fazem parte do cotidiano de muitos países (Simon & DeFries, 1992).

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O aumento dos grandes fenômenos climáticos ocorre muito

provavelmente não na quantidade total de eventos climáticos violentos, mas,

sim, na capacidade dos seres humanos de detectarem e de registrarem estes

eventos (Demillo, 1998).Há indícios significativos de que atividades climáticas

violentas nem sequer aumentaram (Demillo, 1998).

Esta tendência humana de encarar boletins meteorológicos recentes

como tendências a longo prazo contrastam com a nossa capacidade de prever,

detectar e acompanhar estes eventos com maior freqüência. Assim, a

percepção é que estes eventos estão aumentando (Simon & De Fries, 1992).

A coleta de dados em países menos favorecidos tecnologicamente

contrasta com as avançadas técnicas dos Estados Unidos e de outros países

tecnologicamente avançados . Sistemas de monitoramento global, satélites

geoestacionários, realmente coletam informações de outras áreas do planeta,

mas estações terrestres, radares e outras técnicas locais de detecção são,

infelizmente, inadequadas fora do primeiro mundo. Isto não apenas é um

desserviço para os que residem nestes países, mas deixam lacunas no banco

de dados climáticos mundial (Demillo, 1998).

Este padrão aleatório de dados é chamado de “ruídos de dados”:

flutuações aleatórias nos dados que, quando tomadas em conjunto, resultam

em nada estatisticamente significativo (Demillo, 1998).

Talvez a evidência paleoclimatológica esteja incorreta e a Terra passe

periodicamente por flutuações na incidência de dióxido de carbono em nossa

atmosfera, que nunca antes tinham sido medidas nos últimos 50 anos

(Mendes, 1988).

O planeta e seu delicado sistema climático têm mecanismos de

regulação e controle da produção e remoção dos gases atmosféricos (Mazza &

Roth, 1999).

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Os seres humanos, entretanto, têm a capacidade de produzir gases

atmosféricos ou de inibir mecanismos que controlam a regulagem atmosférica

em uma escala enorme em um espaço de tempo relativamente curto (Becker

et al, 2001).

3.1- EVIDÊNCIAS DO AQUECIMENTO GLOBAL

Apesar das controvérsias a respeito das causas do aquecimento

global, os efeitos que este tem gerado no planeta são indiscutíveis. Nos últimos

50 anos, detectou-se um aumento de temperatura na Antártica da ordem de

1,5 grau, o que tem provocado um derretimento mais rápido das geleiras, além

da existência de plantas que não existiam ali no passado. Segundo as

previsões, se o aquecimento global não for controlado, haverá novos

aumentos no nível do mar, o que poderá causar maior incidência de

maremotos, furacões e tornados (IPCC, 2001b).

Devido à interação oceano-atmosfera, haverá impactos negativos em

recifes de corais, provocados pelos altos níveis de dióxido de carbono na

atmosfera. Mangues, vegetação marítima, outros ecossistemas costeiros e a

biodiversidade associada serão afetados pelo aumento da temperatura e

elevação acelerada do nível do mar (IPCC, 2001b).

Em países como o Canadá, Islândia, Suécia, por exemplo (entre

outras localidades situadas em altas latitudes), os efeitos do aumento de

temperatura poderão ser benéficos. Terras que não são próprias para cultivo

agrícola poderão vir a ser (IPCC, 2001b).

Devido ao aumento de temperatura, a atmosfera, em resposta, ficará

mais úmida, aumentando nas regiões tropicais o nível de precipitação. Este

fato também aumenta a quantidade de insetos e das doenças por eles

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provocadas, assim como as provocadas pela veiculação das águas (IPCC,

2001b).

Considerando o cenário de aumento das temperaturas, pode-se

admitir que, nas regiões climaticamente limítrofes àquelas de delimitação de

cultivo adequado de plantas agrícolas, a alteração que venha a ocorrer será

desfavorável ao desenvolvimento vegetal. Quanto maior a anomalia, menos

apta se tornará a região, até o limite máximo de tolerância biológica ao calor.

Por outro lado, outras culturas mais resistentes a altas temperaturas

provavelmente serão beneficiadas, até o seu limite próprio de tolerância ao

estresse térmico (IPCC, 2001b).

No caso de baixas temperaturas, regiões que atualmente sejam

limitantes ao desenvolvimento de culturas susceptíveis a geadas, com o

aumento do nível térmico devido ao aquecimento global, passarão a exibir

condições favoráveis ao desenvolvimento de algumas culturas. Um caso típico

seria o da cultura cafeeira que poderia ser deslocada futuramente da região

Sudeste para a região Sul do Brasil (Pinto et al, 2002).

Outro aspecto a ser analisado refere-se ao efeito direto nas plantas,

do aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera, que tem

sido intensamente estudado pelos especialistas em fisiologia vegetal. É bem

conhecido o funcionamento, no que diz respeito à atividade fotossintética, da

concentração do dióxido de carbono no crescimento das plantas. A

concentração do CO2 na atmosfera, sendo próxima de 300 ppm (partes por

milhão) está bem abaixo da saturação para a maioria da plantas. Níveis

excessivos, próximos de 1.000 ppm, passam a causar fitotoxidade. Nesse

intervalo, de modo geral, o aumento do CO2 promove maior produtividade

biológica nas plantas (Pinto et al, 2002).

O conseqüente aumento do nível do mar tanto pelo derretimento das

geleiras assim como pela expansão que a massa de água assumirá frente à

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nova temperatura, culminará no deslocamento das pessoas situadas em

cidades litorâneas (aproximadamente 40% da população mundial) (Pinto et al,

2002).

A soma do aquecimento global e da fragmentação do habitat pode

resultar na extinção de muitas espécies de mamíferos e pássaros. O aumento

no nível do mar poderia colocar a segurança ecológica em risco, incluindo

mangues e recifes de corais (Pinto et al, 2002).

Metade das geleiras montanhosas e grandes áreas congeladas podem

desaparecer até o final do século 21 (Epstein, 2002).

O IPCC é vinculado às Nações Unidas e foi criado em 1988 com o

objetivo de avaliar as informações científicas, técnicas e socioeconômicas

relevantes para a compreensão da mudança do clima, seus impactos e as

opções para mitigação e adaptação. A cada cinco anos, o IPCC lança um

relatório baseado na revisão de pesquisas de mais de 2500 cientistas de todo

o mundo.

O Painel tem três grupos de trabalho:

• O grupo de trabalho I avalia os aspectos científicos do sistema do clima e da

mudança do clima.

• O grupo de trabalho II avalia a vulnerabilidade socioeconômica e dos

sistemas naturais em conseqüências da mudança do clima e as opções para

se adaptar.

• O grupo de trabalho III avalia opções para limitar emissões de gás da estufa e

outras maneiras de acabar com a mudança do clima.

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3.2 - IMPACTOS ECONÔMICOS DO AQUECIMENTO GLOBAL

Segundo o IPCC 2007, os impactos econômicos, sociais e ambientais,

decorrentes do aquecimento global afetarão todos os países, porém serão

sentidos de maneiras diferenciadas.

Além dos possíveis impactos sócios ambientais, o aquecimento global

confere grandes prejuízos no setor sócio-econômico (Epstein, 2002)

Além das prováveis perdas de produção na área agrícola, decorrentes

do aquecimento global, as nações insulares e alguns países litorâneos

enfrentarão estresse hídrico, devido ao aumento do nível do mar que, por sua

vez, invadirá áreas agricultáveis, inviabilizando tanto o solo quanto os recursos

hídricos potáveis, devido aos efeitos da salinidade. Conseqüentemente, haverá

uma diminuição da área agricultável, representando uma queda na safra,

redirecionando a produção para o mercado interno, ao invés do mercado

externo (Pinto et al, 2002).

O turismo, como atividade econômica e principal fonte de renda para

algumas nações insulares, será muito prejudicado. O aquecimento global

resultará numa freqüência maior na série de fenômenos climáticos violentos

(como tempestades tropicais, ciclones, furacões), diminuindo o fluxo de turistas

para esses regiões (IPCC, 2007).

Declínio de ecossistemas costeiros, com impacto negativo para corais

e a fauna marinha, poderá se refletir sobre o decréscimo da atividade

pesqueira, ameaçando as comunidades pesqueiras e aqueles que se apóiam

na pesca como fonte significativa de alimento (IPCC, 2007).

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3.3 - IMPACTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO BRASIL:

SÍNTESE DO PRIMEIRO RELATÓRIO DO IPCC 2007

O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) confirmou em 02

de fevereiro de 2007 que há 90% de certeza de que o homem é o responsável

pelas mudanças do clima no planeta. O relatório estima que as temperaturas

devem aumentar entre 1,8 e 4,0 graus ainda neste século. Para garantir a

qualidade de vida atual, é preciso que o aumento da temperatura média do

planeta não ultrapasse 2º C em relação aos níveis pré-industriais, na metade

do século XIX.

De acordo com o estudo Planeta Vivo, feito pela rede WWF, a média anual per

capita de emissão de CO2 para cada brasileiro é de 1,8 tonelada do gás, caso

as emissões provocadas pelo desmatamento de nossas florestas forem

desconsideradas. Entretanto, quando o desmatamento é incluído nesse cálculo

o Brasil passa a ser o quarto maior poluidor do planeta. Os gases das

queimadas oriundas do desmatamento são responsáveis por 75% de todas as

emissões nacionais.

Segundo o relatório do IPCC, os efeitos das mudanças climáticas já estão

sendo sentidos no mundo. O documento afirma que houve um aumento

significativo das chuvas no Brasil e outras partes da América do Sul. Secas

mais longas e mais intensas foram observadas em grandes áreas,

particularmente na região dos trópicos. Sobre as previsões, há confirmação da

probabilidade de os eventos climáticos extremos como ondas de calor, secas e

furacões se tornarem cada vez mais freqüentes. Outra previsão é o

derretimento do Pólo Norte até 2100. Isso implicaria em um aumento de 59

centímetros no nível dos oceanos.

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3.4 - IMPACTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO BRASIL;

SÍNTESE DO SEGUNDO RELATÓRIO DO IPCC 2007

O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), divulgou em

abril de 2007 um relatório apontando um cenário devastador sobre os

principais impactos do aquecimento global no meio ambiente e na economia,

caso medidas concretas para diminuir o aumento da temperatura do planeta

não forem adotadas. No Brasil, há impactos significativos em vários lugares

como na Amazônia, no semi-árido nordestino e nas regiões litorâneas.

Neste segundo relatório, o IPCC demonstra claramente que os impactos das

mudanças do clima estão batendo à nossa porta neste momento e só tendem

a piorar. O nível dos oceanos já está subindo e, com isso, 100 milhões de

pessoas que vivem a menos de um metro acima do nível do mar estão

correndo o risco de perder suas casas. As populações da Índia e da China

podem passar fome por causa do declínio na produção de alimentos como

conseqüência do aquecimento global.

Os mananciais de água doce, que abastecem milhões de pessoas no mundo

estão em risco, aponta o relatório. Na região Amazônica, por exemplo, as

pessoas podem ser afetadas por temperaturas ainda mais altas no verão em

algumas regiões, por um aumento na freqüência de secas severas como a de

2005 e pela transformação da floresta em uma vegetação muito mais aberta,

parecida com o cerrado, especialmente na região leste. No nordeste brasileiro,

as temperaturas vão subir ainda mais, passando de uma região semi-árida

para árida e comprometendo a recarga dos lençóis freáticos. No sudeste, a

precipitação vai aumentar com impacto direto na agricultura e nas inundações

e deslizamentos de terra.

Os impactos das mudanças climáticas estão alterando a química do planeta,

causando extinção e migração das espécies e comprometimento dos serviços

ambientais prestados pela natureza. Além disso, o aumento da temperatura e

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a mudança nos padrões das chuvas prejudicam especialmente o

desenvolvimento econômico e social de nações em desenvolvimento.

“Os negociadores estão cansados de discutir cada uma das palavras do

relatório para chegar a um acordo. Isso acontece por que os Chefes de Estado

estão ansiosos esperando pelas importantes conclusões desta conferência

científica” observa Hans Verlome, diretor do Programa Global de Mudanças do

Clima da rede WWF. “A urgência deste relatório, preparado por um seleto

grupo de cientistas do planeta, deve ser levada em conta pelos governos e

estes devem reagir com a mesma presteza.”

"Não existe escapatória para esses fatos: o aquecimento global trará fome,

enchentes e secas. Os países mais pobres e que tem uma responsabilidade

menor pelas emissões dos gases causadores das mudanças climáticas são os

que sofrerão mais. E eles são os que têm menos dinheiro para investir em

infra-estrutura de adaptação aos impactos do aquecimento global. Mas os

países ricos também correm enormes riscos”, afirma Carlos Alberto de Mattos

Scaramuzza, superintendente de Conservação do WWF-Brasil. “Não temos

mais a opção de ignorar o aquecimento do planeta, senão as conseqüências

serão desastrosas. Os países precisam aceitar metas de redução das

emissões, levando em conta as contribuições históricas de cada um, e

começar a implementar soluções”, completa Scaramuzza.

Os cientistas do IPCC disseram claramente que alguns dos impactos das

mudanças climáticas são inevitáveis, mas ainda existe tempo para proteger a

humanidade de algumas das conseqüências mais desastrosas. Essa reação

deve vir como parte de uma rápida mudança nas estratégias globais visando

evitar emissões significativas de CO2.

"Defender o que restou da natureza neste planeta, como a floresta amazônica,

os manguezais e os corais, se tornará uma prioridade econômica e ética”,

afirma Lara Hansen, cientista-chefe do Programa Global de Mudanças

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Climáticas da rede WWF.. “Nossas sociedades são dependentes da natureza,

mas só agora estamos percebendo isso.”

O Brasil é o 4º emissor global de gases do efeito estufa, com mais de dois

terços das emissões vindas do desmatamento. “Chegou a hora de

demonstrarmos como vamos contribuir para diminuir o aquecimento do

planeta” afirma Karen Suassuna, técnica em Mudanças Climáticas do WWF-

Brasil. “Ficou claro que o Brasil já está sendo impactado pelas mudanças no

clima e poderá ser ainda mais. Por isso, é preciso estabelecer metas claras

para a redução drástica do desmatamento e investir em energias renováveis

não convencionais e eficiência energética” completa Suassuna.

Em setembro de 2006, O WWF-Brasil apresentou à sociedade brasileira o

estudo “Agenda Elétrica Sustentável 2020”, uma alternativa para o crescimento

elétrico do país sem que haja necessidade de mais poluição. O relatório traça

um cenário para o setor elétrico brasileiro utilizando energias limpas não

convencionais, técnicas de eficiência energética, gerando mais empregos e

mais economia para o Brasil.

3.5 - IMPACTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO BRASIL:

SÍNTESE DO TERCEIRO RELATÓRIO DO IPCC 2007

O relatório divulgado em maio de 2007 pelo Painel Intergovernamental para

Mudanças Climáticas (IPCC), mostra claramente que é possível deter o

aquecimento global se o processo de redução das emissões for iniciado antes

de 2015.

De acordo com o documento, para salvar o clima do nosso planeta, a

humanidade terá de diminuir de 50% a 85% as emissões de CO2 até a metade

deste século.

“Está na hora de arregaçarmos as mangas e fazermos tudo que podemos. Não

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dá mais para ficar apenas falando no assunto,” afirma Denise Hamú,

secretária-geral do WWF-Brasil. “O IPCC fez uma ‘radiografia’ do clima do

planeta e nos mostrou o que devemos fazer para deter as mudanças climáticas

antes que seja tarde demais. Agora está na hora de pressionar os políticos e

mobilizar a sociedade para tomarmos decisões conjuntas e realmente colocar

em prática o que se vem discutindo.”

O relatório do terceiro grupo de trabalho do IPCC demonstra ser possível

estancar o aquecimento do planeta. Para o Brasil, um dos maiores problemas

na emissão de gases causadores das mudanças climáticas é o desmatamento.

As queimadas oriundas da destruição das florestas significam 75% das

emissões brasileiras. Sobre esse tema, o documento do IPCC aponta que 65%

do potencial florestal de mitigação, isto é, o que pode ser feito nas florestas

para reduzir o aquecimento global, está localizado nos trópicos. Mais da

metade pode ser resolvida apenas com o combate ao desmatamento ilegal. “É

mais barato resolver o problema do desmatamento do que trocar a matriz

energética, como a China terá que fazer, se quiser combater o aquecimento

global”, reafirma Denise Hamú.

No que diz respeito às emissões da área de energia, o Brasil precisa continuar

investindo em energias limpas e reverter a tendência de crescimento de

termelétricas baseadas na queima de combustíveis fósseis. É necessário

também diversificar a matriz com fontes renováveis não convencionais como

biomassa, eólica e termosolar. Aplicar técnicas de eficiência energética para

reduzir o desperdício de eletricidade é fundamental em todos os setores como

industrial, comercial e residencial. “Isso é possível, mais barato e está

comprovado no estudo ‘Agenda Elétrica Sustentável 2020’ do WWF-Brasil”, diz

Karen Suassuna, técnica em Mudanças Climáticas do WWF-Brasil.

O IPCC indica também o uso de veículos mais eficientes como uma maneira

de reduzir as emissões no setor de transportes, principalmente se abastecidos

com biocombustíveis como o álcool ou o biodiesel. “Porém, vale a pena

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ressaltar que a produção de biocombustíveis deve ser feita de maneira

planejada, ordenada e sustentável, sem causar mais desmatamento e

problemas sociais”, lembra Suassuna.

Outra solução mostrada no relatório para reduzir a poluição nesse setor é

trocar o uso de rodovias, sistema largamente utilizado no Brasil, por ferrovias.

O transporte público também deve ser melhorado e incentivado. “Se essas

medidas forem adotadas no Brasil, será possível fazer a nossa parte e

aumentar a qualidade de vida e o conforto da nossa população”, resume

Suassuna.

É importante lembrar que as nações desenvolvidas têm uma responsabilidade

especial. “Elas vão se encontrar na reunião do G8 este mês e não há mais

desculpas para que as economias que lideram o planeta não se mobilizem

sobre este tema. Elas precisam agir rapidamente para cortar suas emissões e

adotar as técnicas de energias renováveis e eficiência energética”, afirma

Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza, superintendente de Conservação de

Programas Temáticos do WWF-Brasil.

3.6 - PROCESSO DE EXTINÇÂO E A PERDA DE

BIODIVERSIDADE

A degradação biótica que está afetando o planeta encontra raízes na

condição humana contemporânea, agravada pelo crescimento explosivo da

população humana e pela distribuição desigual da riqueza. A perda da

diversidade biológica envolve aspectos sociais, econômicos, culturais e

científicos (Becker et al, 2001).

É necessário que sejam conhecidos os estoques dos vários habitats

naturais e dos modificados existentes no mundo, de forma a se desenvolver

uma abordagem equilibrada entre conservação e utilização sustentável da

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diversidade biológica, considerando o modo de vida das populações locais

(Gralla, 1998).

Três razões principais justificam a preocupação com a conservação da

diversidade biológica. Primeiro, porque se acredita que a diversidade biológica

seja uma das propriedades fundamentais da natureza, responsável pelo

equilíbrio e estabilidade dos ecossistemas. Segundo, porque se acredita que a

diversidade biológica representa um imenso potencial de uso econômico, em

especial pela biotecnologia. Terceiro, porque se acredita que a diversidade

biológica esteja se deteriorando, inclusive com aumento da taxa de extinção de

espécies, devido ao impacto das atividades antrópicas (Wilson & Frances,

1997).

A biodiversidade é a base das atividades agrícolas, pecuárias,

pesqueiras, florestais e, também, a base para a estratégica industrial da

biotecnologia (Wilson & Frances, 1997).

A diversidade biológica possui, além de seu valor intrínseco, valores

ecológicos, genéticos, sociais, econômicos, científicos, educacionais, culturais,

recreativos e estéticos (Wilson & Frances, 1997).

As funções ecológicas desempenhadas pela biodiversidade são ainda

pouco compreendidas, muito embora se considere que ela seja responsável

pelos processos naturais e produtos fornecidos pelos ecossistemas e espécies

que sustental outras formas de vida e modificam a biosfera, tornando-a

apropriada e segura para a vida (Wilson & Frances, 1997).

Na história da evolução da vida na Terra, catástrofes naturais

aconteceram em uma escala de tempo longa, de milênios a milhões de anos,

permitindo a adaptação das espécies (Gralla, 1998).

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A extinção das espécies é um fato real. Para muitas espécies, a

questão não é se a extinção ocorrerá, mas, sim, quando (Becker et al, 2001).

O surgimento do capitalismo industrial e das sociedades modernas

materialistas tem provocado uma acelerada demanda por recursos naturais,

especialmente nos países desenvolvidos (Becker et al, 2001).

Nesse contexto, as atividades antrópicas contribuíram para a

degradação ambiental e alteração dos padrões atmosféricos e, devido à

queima de combustíveis fósseis, toneladas de carbono foram transferidas da

biosfera para a atmosfera (Simon & DeFries, 1992).

O aquecimento global é resultante do processo de emissão de gases

que contribuem para a intensificação do efeito estufa. O aumento da

temperatura média global contribui para a catalisação do processo de extinção

e conseqüentemente da perda da biodiversidade (Gralla, 1998).

No mundo contemporâneo, além das sempre presentes determinantes

biológicas, próprias dos mecanismos evolutivos e/ou das determinantes físicas,

é a ação do homem sobre a natureza que está ampliando os mecanismos de

extinção das espécies em uma escala de tempo exponencialmente mais rápida

(Wilson & Frances, 1997).

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CONCLUSÃO

A motivação é um problema complexo, dinâmico, mutável e fluido. Ela

varia no tempo e no espaço, de acordo com a situação e o indivíduo. Varia no

mesmo indivíduo em épocas e situações diferentes. Seus fatores ou razões, ou

seja, os motivos humanos, exibem forças diversas, tanto em pessoas e

situações diferentes, quanto na mesma pessoa em situação e época distintas.

O que é bom hoje, poderá ter efeito oposto amanhã, dependendo da

personalidade do indivíduo (sua inteligência, caráter, valores, atitudes,

expectativas e percepções) e da situação (com seus inúmeros aspectos e

influências ambientais, pessoais, financeiros, políticos, econômicos, religiosos,

sociais, psicológicos, culturais, educacionais, científicos, técnicos,

tecnológicos, gerenciais e administrativos).

A motivação constitui o fator principal e decisivo no êxito da ação de

todo e qualquer indivíduo ou empreendimento coletivo. Só com o acaso e a

sorte é que se aproxima relativamente a esse êxito, mas com muito menos

força. Não se compreende um administrador insensível ao problema da

motivação. Com este trabalho, visamos identificar e explicar as mais

importantes teorias e abordagens disponíveis, com as respectivas críticas,

ligações e inter-relacionamentos. Com tudo isso, tentamos propiciar uma visão

geral e abrangente dos aspectos positivos, negativos, conjunturais e

diferenciais destas teorias e abordagens, bem como a importância da

motivação para o trabalho.

O inter-relacionamento entre administração e motivação foi descrito

como uma maneira de mostrar a melhor forma de coordenar o pessoal,

buscando inputs que resultem em motivação e que venham trazer bons

resultados para as organizações. O relacionamento existente entre liderança e

motivação com a finalidade de mostrar como transformar uma organização.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

SISTEMA CLIMÁTICO 13

1.1 A FRAGILIDADE DO SISTEMA CLIMÁTICO 13

1.2 ÁGUA E O PLANETA 14 1.3 CIRCULAÇÃO OCEÂNICA E SUA INTERAÇÃO

ATMOSFÉRICA 15

1.4 MECANISMOS REGULATÓRIOS E INFLUÊNCIA

ATMOSFÉRICA NA DETERMINAÇÃO DO CLIMA 15

1.5 EL NIÑO 19

1.6 CAMADA DE OZONO 21

1.7 IMPORTÂNCIA DOS CICLOS DO CARBONO E DA

ÁGUA PARA O CLIMA 23

1.8 CICLO DO CARBONO 23

1.9 CICLO HIDROLÓGICO 24

CAPÍTULO II

GASES DO EFEITO ESTUFA, SUAS FONTES EMISSORAS

E O MDL 26

2.1 VAPOR D’ÁGUA 28

2.2 DIÓXIDO DE CARBONO (CO2) 29

2.3 METANO (CH4) 29

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2.4 CLOROFLÚORCARBONOS (CFC’s) 29

2.5 ÓXIDO NITROSO (N2O) 30

2.6 OZÔNIO TROPOSFÉRICO (O3) 30

2.7 MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO (MDL) 30

2.8 MERCADO DE CARBONO 31

CAPÍTULO III

MUDANÇAS CLIMÁTICAS, PROCESSO DE EXTIÇÃO E

PERDA DA BIODIVERSIDADE 34

3.1 EVIDÊNCIAS DO AQUECIMENTO GLOBAL 38

3.2 IMPACTOS ECONÔMICOS DO AQUECIMENTO

GLOBAL 41

3.3 IMPACTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO BRASIL:

SÍNTESE DO PRIMEIRO RELATÓRIO DO IPCC 2007 42

3.4 IMPACTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO BRASIL:

SÍNTESE DO SEGUNDO RELATÓRIO DO IPCC 2007 43 3.5 IMPACTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO BRASIL:

SÍNTESE DO TERCEIRO RELATÓRIO DO IPCC 2007 45

3.6 PROCESSO DE EXTINÇÂO E A PERDA DE

BIODIVERSIDADE 47

CONCLUSÃO 50

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

ÍNDICE 54

Page 56: Cursos de Pós, MBA, Licenciatura e Extensão ...O efeito estufa é talvez a mais global das várias ameaças à biodiversidade que acometem o planeta. Diferente de outras, causadas

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

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