da escola pÚblica paranaense 2009 - … · e propor atividades aos alunos para que possam ser...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃOSUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
UNIDADE DIDÁTICA SOBRE FORMAÇÃO DO LEITORLEITURA: A INCLUSÃO SOCIAL E A CRISE DE IDENTIDADE DO ADULTO
MARIA LUCIA DA CRUZ
LARANJEIRAS DO SUL2010
GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁSECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
UNIDADE DIDÁTICA SOBRE FORMAÇÃO DO LEITORLEITURA: A INCLUSÃO SOCIAL E A CRISE DE IDENTIDADE DO ADULTO
MARIA LUCIA DA CRUZ
Unidade Didática apresentada à SEED (Secretaria de Educação), Programa PDE 2009/2010, na área de “Ensino e Aprendizagem de Leitura: Formação do Leitor,” sob a orientação do Professor Dr. Daniel de Oliveira Gomes (DELET) da UNICENTRO..
LARANJEIRAS DO SUL2010
O mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o
reflexo de seus próprios pensamentos.
A maneira como você encara a vida é que faz toda diferença.
Luís Fernando Veríssimo
SUMÁRIO
1. Informativo ao Professor ........................................................................... 05
2. Apresentação .......................................................................................... 05
3. Estratégia Teórica ..................................................................................... 06
a) Que papel ocupa a Teoria? Ousar é utopia.................................... 08
b) É preciso dar exemplo... ............................................................... 10
c) O porquê do conto e da crônica ..................................................... 12
d) Um pouco sobre o autor ................................................................. 14
e) O conto ........................................................................................... 14
f) A crônica ......................................................................................... 15
g) Cronograma das atividades............................................ ................ 16
h) Atividades ....................................................................................... 17
- Informativo ao aluno da EJA ........................................................ 19
- Atividade 1 .................................................................................... 20
- Atividade 2 .................................................................................... 21
- Atividade 3 .................................................................................... 24
- Atividade 4 .................................................................................... 26
- Atividade 5 .................................................................................... 27
- Atividade 6 .................................................................................... 32
- Atividade 7 .................................................................................... 34
- Atividade 8 .................................................................................... 42
- Atividade 9 .................................................................................... 43
i) Referências Bibliográficas ............................................................. 44
UNIDADE DIDÁTICA CONTOS E CRÔNICAS DE LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO
Olá! Amigo Professor de Língua Portuguesa!
Somos movidos pela prática pedagógica de anos de profissão de maneira
que, muitas vezes, automatizamos conteúdos e ações. Essa Unidade Didática
tem como finalidade apresentar a você uma reflexão teórica sobre o tema leitura
e propor atividades aos alunos para que possam ser instigados a ler.
É de conhecimento de todos que os estudantes, com poucas exceções,
não despertaram para a importância do ato de ler. Para muitos autores, o fato
ocorre como consequência de situações adversas em que o livro é apresentado
pela escola aos “leitores”: faltam livros ou não há exemplares suficientes, os
temas são desatualizados, não há bibliotecas ou são apresentadas aos alunos
como lugar de castigo, ( em muitas escolas não há bibliotecários), os próprios
professores não gostam de ler, a escola não apresenta programas de leitura com
base teórica definida, entre outros aspectos.
Dessa forma, caro colega, é necessário rever a teoria que embasa o nosso
trabalho com a linguagem para, a partir da análise, reflexão e mudança de
paradigmas, reordenarmos o trabalho pedagógico a cada aula, num renovar
constante e imprescindível.
APRESENTAÇÃO
Professor! Pretendo através deste trabalho, discutir a leitura na EJA
(Educação de Jovens e Adultos), no Ensino Fundamental do CEEBJA de
Laranjeiras do Sul, de maneira que esse tema tão amplamente discutido assuma
novas posições e atinja objetivos mais profícuos.
Todo esse trabalho se justifica pelo fato de que o jovem/adulto/idoso
necessita de intervenções pedagógicas mais efetivas e em menor tempo para que
percebam o potencial que têm enquanto leitores e como o ato de ler pode fazer
a diferença no que diz respeito à inclusão dos mesmos como sujeitos sociais.
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Segundo Bastos, Resende e Pinto (2006), a grande maioria dos alunos, vê o
estudo como uma forma de ascensão social. Acreditam que não possuem
melhores oportunidades profissionais, exclusivamente devido à falta de estudo,
julgando esta situação como um problema individual. Levá-los a perceberem que
há outros fatores que os levaram a ficar fora da escola é também necessário.
Por esse motivo, espero que, através das atividades, os alunos se
conscientizem de como outros aspectos interferiram para que não
permanecessem na escola e/ou se evadissem dela. Pretendo, além disso,
sensibilizá-los para os benefícios que a leitura traz e que ela é (se não a melhor)
uma das melhores formas de desvendar os mistérios do mundo e da vida de
forma encantadora e, assim, esses jovens/adultos/idosos tenham maiores e
melhores condições de serem leitores assíduos, competentes e reflexivos.
Candido ( 1972 apud Rossi, 2008, p. 180) destaca que “através da
literatura, [...] o leitor se vê no texto, reflete e repensa sua vida, tornando-se uma
pessoa que se relaciona melhor consigo mesmo e com as pessoas; é quando
ocorre a humanização”. “No entanto, erra quem pensa que a leitura é uma
questão de dom, herança genética ou ‘passe de mágica’,” ( Silva, 1998, p. 47) ela
precisa ser ensinada, estimulada, vivida.
Por esse motivo, as atividades desenvolvidas têm, como já foi afirmado, o
objetivo de sensibilizarem o jovem/adulto/idoso para a importância do ato de ler
para que possam refletir sobre o para quê e o porquê da leitura, principalmente
da leitura literária. Para a melhor compreensão do que leem será estimulado o
relato oral de suas histórias de vida para que possam ativar as suas experiências
e conhecimentos adquiridos.
Para atingir esses objetivos é imprescindível colocar os alunos em contato
com bons e variados textos, que despertem o interesse deles, utilizando-se para
isso, além de textos escritos, materiais disponíveis na internet. Os textos lidos
serão contos e crônicas divertidos, enfatizando o ato de ler como fonte de prazer
e alegria.
O adulto, em muitos casos, pela sua história de vida, possui baixa auto
estima. Por isso, serão apresentados temas que o leve a auto análise e a romper
com preconceitos e, por assim ser, volte a acreditar em sua capacidade de
aprender e interaja com o texto. Isso será possível através de questionamentos
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orais de textos literários. Essa análise mais aprofundada auxiliará na formação do
senso crítico e da cidadania de forma que ele possa relacionar o assunto lido
com a vida cotidiana e a Literatura exerça o seu papel catártico.
Depois de todas as atividades realizadas analisar-se-á as mudanças
ocorridas na forma de o aluno ver e analisar o mundo que o cerca e sua própria
realidade.
É verdade, professor, que para essas modificações serem possíveis há a
necessidade de rever a prática pedagógica e apresentar uma sólida formação
teórica, fato esse muitas vezes deixado de lado pela sobrecarga de trabalho,
elaboração de aulas e provas, correção, recuperação... e com o desenrolar dos
dias acaba-se por ficar alheio às novas teorias.
Através da (re)leitura das teorias que embasam o ensino da Língua torna-
se possível um trabalho com objetivos e fins melhor definidos, você não acha?
Com a finalidade de fornecer alguns subsídios teóricos a você professor e
contribuir com algumas ideias para as tuas aulas é que foi elaborada essa
unidade didática.
Para o levantamento e análise dos dados optou-se pela Pesquisa
Qualitativa que enfatiza o processo e seu significado e por ser descritiva não
requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural ( o CEEBJA )
é de onde se coletam os dados através de questionário e observação da
realidade. O instrumento-chave é a professora pesquisadora, porque é a maior
responsável pela descrição e análise dos dados e fatos.
Dessa forma a pesquisa-ação se faz presente, pois professores e alunos
estão envolvidos. Para Machado (s.d., p.8) “a principal motivação para a
realização de uma pesquisa-ação deve ser o desvelamento dos mecanismos de
exploração, da consciência libertadora e da luta pela transformação, ou seja, um
real desejo de mudança”.
O método é o indutivo, visto que toda conclusão parte da análise de casos
da realidade concreta. Para a coleta de dados será utilizado um questionário (em
anexo) com a maioria das perguntas fechadas e com múltiplas escolhas. Após
serão organizados os dados e aplicada a pesquisa.
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ESTRATÉGIA TEÓRICA
a) Que papel ocupa a Teoria? Ousar é utopia? A educação não muda o mundo.
A educação muda pessoas.
Pessoas mudam o mundo.( Carlos Rodrigues Brandão)
Quem trabalha na EJA constata que os alunos dessa modalidade de
ensino são jovens, adultos e idosos com expectativas e objetivos diversos mas,
na maioria dos casos, com propósitos bem definidos: vontade de aprender, desejo
de progredir, necessidade de compreender melhor o mundo e, a partir das suas
realidades, interagirem para modificá-lo.
Sabe-se que levar o ser humano a crescer pelas próprias forças é
complicado, mas se não houver quem se arrisque a mudar, a passividade tomará
conta de todos nós: a escola será apenas uma reprodutora de saberes e da
ideologia dominante e não produtora de conhecimentos. E, com certeza, não é
isso que nós educadores desejamos.
Para dar conta de produzir conhecimentos, temos conhecimento de que o
currículo escolar deverá ter bases teóricas definidas. Por esse motivo, a teoria
que embasa este trabalho é a sociointeracionista ( parte da psicologia sócio-
histórica que concebe o Homem como produto de suas interações/relações com o
meio), baseada em estudos de Vygotski e Bakhtin e dos pesquisadores da
Escola de Genebra.
Martins (s.d.) ao estudar essa teoria explicita que as interações entre
sujeito e objeto ( mundo) é que permitem que o aluno saia do conhecimento
empírico e conquiste um nível intelectual mais apurado. Neves ( 1999, p. 217)
confirma dizendo que “ao agregar significado à informação recebida e
internalizada o educando transforma-a em conhecimento”.
Em se tratando de jovens, adultos ou idosos essa teoria dará conta de
explicitar e alcançar os objetivos da pesquisa, visto que os alunos já têm muitas
experiências, mas lhes falta o conhecimento sistematizado. Estou certa?
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Martins ( s.d., p. 116) explica que “as interações sociais na perspectiva
sócio-histórica permitem pensar um ser humano em constante construção e
transformação que, mediante as interações sociais, conquista e confere novos
significados e olhares para a vida em sociedade e os acordos grupais”. É
pensando na construção e na transformação do adulto, entendido como ser
inacabado, pleno de potencialidades, que esse trabalho busca novas formas de
olhar o problema da pouca (ou quase ausente) prática de leitura no Ensino
Fundamental da EJA. E na tua escola, como anda a leitura?
Vygotski ( apud Martins, p.117) reforça que é “na interação entre as
pessoas que em primeiro lugar se constrói o conhecimento que depois será
intrapessoal, ou seja, será partilhado pelo grupo junto ao qual tal conhecimento foi
conquistado e construído”.
No processo interativo todos podem se manifestar. Nós, professores,
assumimos o papel de mediadores e os alunos são colaboradores. Não quer dizer
que quem ensina se exime da responsabilidade, porém que através de uma
atuação em que o aluno tem um papel importante, este último resgate a sua auto
estima e acredite que o fato de ser jovem/adulto/idoso não significa que não tem
condições de aprender. Essa teoria atribui ao professor um papel preponderante,
porque é ele quem vai fornecer ao aluno subsídios coerentes para que o mesmo
aprenda.
Vivendo as diferenças, característica do sociointeracionismo, professor e
alunos ampliam suas visões de mundo e descobrem novas formas de assimilarem
o conhecimento de forma mais amena.
Ainda na EJA há o fato de que muitos educandos precisam desfazer e/ou
(re)construir imagens de uma escola que os afastou, excluiu por diversos fatores.
Eles necessitam refazer, além disso, a sua auto imagem. Por isso é que, todo
professor e, muito mais o dessa modalidade de ensino, deve sentir prazer em
ensinar e selecionar os conteúdos com qualidade para que o aluno sinta vontade
de vir à escola e permaneça nela.
É importante salientar, no entanto, que nem o professor nem o aluno é o
mais importante na teoria sociointeracionista, porém a interação que há entre eles
e o conhecimento.. Isso não quer dizer que as ferramentas tecnológicas devem
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ser eliminadas, mas bem utilizadas para que o aprendizado seja mais eficaz e a
aprendizagem mais prazerosa.
Por isso, caro professor, ouse, não deixe de acreditar nas mudanças
possíveis que partem da tua prática pedagógica e podem contagiar o mundo.
b) É preciso dar exemplo...
Os alunos leem pouco ou não leem. De quem é a culpa? Neves (1999, p.
217) destaca que “cabe à biblioteca escolar uma importante e decisiva parcela no
sucesso ou fracasso de uma proposta pedagógica que priorize o livre acesso à
informação, tanto para os mestres quanto para os educandos”.
Essa realidade se confirma visto que no CEEBJA em estudo, não há
biblioteca e os poucos livros que existem estão acumulados numa salinha onde,
além dos livros de leitura, há os cadernos das diversas disciplinas e, ainda, nesse
mesmo espaço, as supervisoras dividem o pequeno e pouco arejado lugar, pois
também não há sala nas quais possam trabalhar.
Além disso, não há bibliotecário, o que dificulta ainda mais a ação
pedagógica. Se o aluno for emprestar um livro não consegue nem sentar para
escolher, pois o local não permite.
Para Fragoso ( 1994, apud Neves, 1999, p. 220) a biblioteca atua como
“catalizador de transformações dentro da comunidade escolar, um lugar cativante,
acolhedor, cheio de vida, mostrando aos leitores que os livros podem e devem
fazer parte de seu universo”. Essa realidade citada pelo autor é um sonho para
nós. Silva ao falar sobre a biblioteca escolar enfatiza:
a imagem da biblioteca escolar (quando existe, é claro!) como um lugar onde os alunos cumprem castigo ainda existe. Não são poucos os professores deste país que, para livrarem-se de alunos indisciplinados transformam o espaço da biblioteca em um instrumento de correção. Se ao menos os alunos pudessem ali encontrar um acervo adequado às suas necessidades e interesses, mas não: o local é tétrico, uma verdadeira câmara de tortura. Como então desenvolver práticas de leitura, o amor à biblioteca, agindo dessa forma? ( 1993, p. 138)
Caro professor! Isso acontece em tua escola? Espero que não.
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O problema da falta de leitura pode advir, além do que foi explicitado pelo
autor, do fato de o professor não ser leitor. Isso é realmente grave!!! Lajolo
( 1993, p. 54) pontua que “o primeiro requisito, portanto, para que o contato
aluno/texto seja o menos doloroso possível é que o mestre não seja um mau
leitor. Que goste de ler e pratique a leitura.” Averbuck ( 1993, p. 69) também
destaca que “é preciso gostar para poder criar no outro o gosto, trabalho de
emoção e afeto que só pode partir daqueles que se dispõem verdadeiramente.”
Ainda Silva ( 1995, p.46 ) reforça: “Parece-me que a condição básica para
ensinar o aluno a ler diz respeito à capacidade de leitura do próprio professor.”
Como estamos em termos de leitura? Estamos priorizando essa atividade
em nossa vida pessoal ou as tarefas do próprio ofício de ensinar têm nos tomado
todo o tempo? É sempre bom refletir sobre a situação.
Não sei se você concorda, caro educador, mas outro ponto que pode levar
o aluno a se distanciar da leitura é a fragmentação dos textos trazida pelos livros
didáticos. Para Lins ( 1980, p. 127) “esse tipo de livro representa para muitos
alunos o primeiro contato com a literatura; e, se os textos forem mal escolhidos,
dão ao educando uma idéia falseada das letras, podendo incompatibilizá-lo para
sempre com essa atividade humana: a leitura.”
Petri (2007) comenta que os livros didáticos são comumente divididos em
unidades temáticas as quais iniciam-se com a apresentação de um texto,
atividades sobre ele, discussão sobre o tema, a produção escrita e os conceitos
gramaticais. Destaca também que muitos textos são fragmentados, outros são
adaptados para o livro. Dizem os autores que não são publicados os textos na
íntegra devido à falta de espaço gráfico mas, em contrapartida, há ilustrações que
nada acrescentam ao aluno. Apresentam textos menos elaborados o que
superficializa a leitura, comenta o autor.
Petri diz ainda que se a escola tem como objetivo tornar o leitor proficiente,
em hipótese alguma, o professor pode usar o livro didático como único suporte
para a aprendizagem. Será que ainda encontramos essa realidade em nossas
escolas? Ele pode auxiliar o professor, no entanto, outros materiais também
devem estar presentes na prática docente. Destaca-se a importância da
mediação do professor que é o responsável principal para que o contato
leitor/texto seja mais significativo. Surge daí a necessidade de o professor
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escolher textos e suportes diferenciados, planejar atividades, incentivar e dar o
exemplo lendo sempre.
Silva ( 2005, p.19) reforça que “o professor é o intelectual que delimita
todos os quadrantes da leitura escolar. Sem a sua presença atuante, sem o seu
trabalho competente, o terreno dificilmente chegará a produzir o benefício que a
sociedade espera e deseja, ou seja, leitura e leitores assíduos.”
c) O porquê do conto e da crônica
Nós, professores de Língua Materna, trabalhamos algum tempo com a
tipologia de textos, no entanto há novos encaminhamentos que conduzem ao
ensino através de gêneros textuais. Precisamos rever nosso embasamento
teórico para realizar essa mudança. Afirmam as DCEs ( 2008, p.53) que o
trabalho com gêneros “deverá levar em conta que a língua é instrumento e que o
acesso a ele ou sua crítica, é legítimo e é direito para todos os cidadãos”. As
Diretrizes destacam também que o ensino a partir dos gêneros discursivos
permite que o texto não seja algo irreal para o aluno, pois advém de sua realidade
concreta. Não se pode, no entanto, trabalhar com os gêneros de maneira estática,
pois a língua é viva e usada em situações concretas de comunicação.
Para Bakhtin ( 1992 apud DCEs, 2008, p 52) “gênero discursivo é todo tipo
relativamente estável de enunciado.” Divide-os, por sua vez, em “gêneros
discursivos primários ( os que ocorrem em situações cotidianas) e os secundários,
os que acontecem em circunstâncias mais complexas de comunicação.” Reforça
ainda que os avanços tecnológicos são responsáveis por novos gêneros: e-mail,
twitter, blog.
Aguiar (2008) coloca que o leitor é um elemento ativo que deve ser
considerado na escolha e seleção dos textos. Desse modo, pelo fato de os alunos
da EJA serem adultos com diversos compromissos além da escola, optou-se por
realizar um trabalho com a leitura de textos curtos de modo que o mesmo
pudesse ser desenvolvido durante as aulas. Os gêneros escolhidos foram o
conto e a crônica. Os textos selecionados os de Luís Fernando Veríssimo pela
tônica predominante em sua produção artística: a diversão e o humor. Você já
trabalhou com textos dele?
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Essa escolha se justifica pelo fato de o aluno/ trabalhador já enfrentar
muitos problemas e, com textos divertidos, o mesmo, ao entrar em contato com
realidades ficcionais, divirta-se e, nesse clima de descontração, encontre novas
formas de enfrentar a vida.
Nessa direção Aguiar ( 2008, p. 17) esclarece: “os textos ficcionais e
poéticos vêm suprir se desejo de evasão e/ou desafio... É, porém, na área da
ficção e da poesia que o prazer da provocação aumenta.” Diz ainda que “ler
histórias inventadas, realidades mágicas não torna o leitor alienado, mas ao viver
realidades fictícias leva-o a analisar a sua própria situação.” Amigo professor!
Veja que solução fantástica também para o estresse causado pela correria do dia
a dia de nossa profissão!
Cândido ( apud DCEs, p. 57) afirma que a literatura tem três funções: a
psicológica, a formadora e a social. A psicológica possibilita ao homem uma
evasão da realidade, pois ao mergulhar na ficção reflete, identifica-se o que pode
levá-lo a um processo de modificação e/ou (re)ordenação da sua vida num
processo catártico. Afirma o autor que a função formadora tem como objetivo
formar o homem levando-o a perceber através dos textos lidos situações não
reveladas nos mesmos, porque não atendem aos interesses da ideologia
dominante. A função social representa o que acontece na sociedade como um
todo, representando-a nos aspectos social e humano. E para você, educador,
qual a verdadeira função da Literatura?
Cosson reforça que
na escola, a leitura literária tem a função de nos ajudar a ler melhor, não
apenas porque possibilita a criação do hábito de leitura ou porque seja
prazerosa, mas sim, e sobretudo, porque nos fornece, como nenhum
outro tipo de leitura faz, os instrumentos necessários para conhecer e
articular com proficiência o mundo feito linguagem. ( 2008, p. 30)
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d) Um pouco sobre o autor
Colega de profissão! Acrescento algumas considerações a respeito do
autor dos textos trabalhados com os alunos. Pode ser que sejam úteis na
organização da tua aula.
Luís Fernando Veríssimo nasceu em 26 de setembro de 1936, em Porto
Alegre. É conhecido por suas crônicas e contos de humor. Filho do escritor Érico
Veríssimo. É cartunista, tradutor, roteirista de televisão, autor de teatro, músico.
Nasceu e viveu em Porto Alegre, no entanto passou a maior parte da sua
infância e adolescência nos Estados Unidos devido à profissão de seu pai. Voltou
para sua cidade natal com 20 anos e começou a trabalhar no Departamento de
Artes da Editora Globo. Fez parte do Grupo Musical Renato e seu Sexteto.
Mudou-se para o Rio de Janeiro e viveu lá de 1962 a 1966, onde casou-se e teve
três filhos. Em 67, voltou a Porto Alegre e foi trabalhar no Jornal Zero Hora. Em
70, transferiu-se para o Jornal Folha da Manhã. No ano de 1975 voltou ao Jornal
Zero Hora onde permanece até hoje.
Em 1981, lançou o livro O Analista de Bagé, o qual esgotou a sua edição
em dois dias. Não parou mais de escrever e, em 1994, a antologia de contos de
humor “Comédias da Vida Privada”, cartuns/quadrinhos, o livro “Comédias para
se Ler na Escola”, entre tantos outros.
Escreveu também novelas e romances, mas este trabalho destacará a
importância desse brasileiro como contista e cronista. Em 2006, Veríssimo
chegou aos 70 anos de idade consagrado como um dos maiores escritores
brasileiros contemporâneos.
e) O conto
Tanto trabalhamos com contos, não é verdade? No entanto, destaquei
algumas informações que considero importantes. Elias José ( apud, ANDRADE &
TREVISAN, 2001) assim o define: conto é uma narrativa que pode ser contada
oralmente ou por escrito. Pode-se dizer que o ser humano já surgiu contando
contos. Tudo o que via, descobria ou pensava, dava origem a uma história, que
ele aumentava ou modificava usando sua imaginação.
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Essa espécie de narrativa é objetiva, pois não se detém em minúcias, mas
tem como finalidade despertar grandes emoções no leitor. Apresenta as ações, o
lugar e o tempo. As ações dos poucos personagens giram em torno de um único
conflito também chamado de célula dramática, visto que o passado e futuro das
personagens não merece atenção do contista.
A linguagem não pode ser muito complexa para não prejudicar a
compreensão do leitor. Nesse gênero destaca-se o diálogo que é o maior
responsável pelo desencadear de conflitos, ações... sem ele não haveria
narrativa.
Para Stalloni ( 2003) o conto é um relato curto ( assunto único, poucos
personagens, narrador geralmente em terceira pessoa) de fatos imaginários
escritos com o objetivo de distrair. Para ele há quatro tipos de contos: o conto
gaulês - narrativas engraçadas e burlescas herdadas da tradição oral. Moisés
(1987) chama-o de conto de ação.
O conto maravilhoso ou conto de fadas em que o irreal e o mágico ganham
nuances de verossímil. O conto filosófico que apresenta um conteúdo satírico
e/ou edificante. ( pp. 122, 123, 124) e o conto fantástico – forma que se aproxima
do conto maravilhoso ou sobrenatural, no entanto, utiliza o medo como ponto alto
da narrativa e fim dramático.
Considero que a maioria dos contos trabalhados classificam-se como
contos gauleses devido ao seu conteúdo temático.
f) A crônica
Móisés ( 1967, p. 246) conceitua crônica como “prosa poemática, humor
lírico, fantasia , etc., afastando-se do sentido de história, de documentário que lhe
emprestam os franceses.” Sendo a crônica uma soma de jornalismo e literatura
dirige-se a uma classe que tem preferência pelo jornal em que ela é publicada, o
que significa uma espécie de censura ou pelo menos de limitação.
Para Sá ( 2005, p. 22) “a crônica deve escolher um fato capaz de reunir em
si mesmo o disperso conteúdo humano, pois só assim ela pode cumprir o antigo
princípio da literatura: ensinar, comover e deleitar.”
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No Brasil, a crônica é caracterizada como carioca e é, geralmente
publicada em jornal ou revista “oscila entre a reportagem e a literatura, entre o
relato impessoal, frio e descolorido de um acontecimento trivial e a recriação do
cotidiano por meio da fantasia.” ( Moisés, 1967, p. 247)
Esse tipo de texto não é uma reportagem, pois é plena de literariedade com
destaque para o humor. Mesmo sendo voltadas para situações do dia a dia,
muitas crônicas fazem parte de livros porque o assunto tratado é perene. “O
cronista fornece alimento espiritual de consumo imediato, de cômoda ingestão, e
sabe que não se comunicaria com o leitor se procedesse doutro modo.” ( idem, p.
250)
Para Figueiredo & Simon
a crônica, tímida e perseverante, foi capaz de preencher um vazio existente na literatura, não se ornamenta dos grandes feitos literários, mas, certamente, contém alguns de seus melhores momentos. E, como gênero, dissolve-se na boca do leitor, deixando um gosto de vivência comum, passível de rápida absorção, mas de demorada recordação. (2009, p. 7)
São características desse tipo de texto: - Brevidade e efemeridade - texto
curto com temas do cotidiano. - Subjetividade - característica principal, por isso o
diálogo com o leitor sempre aparece. - Foco narrativo - geralmente na primeira
pessoa do singular. - O estilo é direto, espontâneo, entre o oral e o literário. -
Número reduzido de personagens - e não são o foco central. - Diferencia-se do
conto porque é o relato de um fato comum, que faz parte do dia a dia das pessoas
e o conto narra fatos inusitados ou fantásticos. - Gênero híbrido: mistura-se o
literário e o jornalístico.
Espero que essas informações tenham acrescentado algo ao teu
conhecimento, amigo educador!
g) Cronograma das atividades
Como tudo necessita ser planejado em horas/aula organizei o seguinte
cronograma.
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ATIVIDADES MESESAgosto Setembro Outubro
1. Aplicação do questionário Uma aula1. Slides sobre a importância da
leitura
Duas
aulas2. Vídeos sobre leitura ( YouTube) Duas
aulas3. Estudo sobre o autor Luís
Fernando Veríssimo
Uma aula
4. Leitura de contos e crônicas
impressos para fruição
Duas
aulas5. Leitura e interpretação de textos
em diversos suportes
Quatro
aulas6. Confecção de fotos para
elaboração de crônicas
Duas
aulas7. Seleção de contos e crônicas
para expor no mural da escola.
Duas
aulas8. Contos e crônicas lidos na hora
do recreio através da rádio da escola
Três aulas
9. Dia D da Leitura na Praça
Nogueira do Amaral com troca e/ou
doação de livros para a biblioteca
da escola e distribuição de adesivos.
8h e 30 min às
12 h e das 13
h e 30 min às
17 h.
h) Atividades
Na tentativa de propor aos alunos da EJA um trabalho com leitura para que
os mesmos despertem para o valor dela como mecanismo que os levará a novos
conhecimentos é que serão ordenadas todas as atividades. Levando-se em conta
que a leitura, como diz Antunes,
possibilita a expressão gratuita do prazer estético, do ler pelo simples gosto de ler. Para admirar. Para deleitar-se com as ideias, com as imagens criadas, com o jeito bonito de dizer literariamente as coisas. Sem cobrança, sem a preocupação de qualquer prestação de contas posterior. ( 2003, p. 71)
Com a experiência de sala de aula sabemos que muitos alunos desanimam
da leitura pela maneira como é feita a avaliação. Leem o texto, muitas vezes
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segue-se à leitura um rol imenso de perguntas. Com isso perde-se o gosto pela
leitura em si. Você concorda comigo, Professor? Para resgatar esse gosto, esse
deleite é que foram pensadas as propostas desse trabalho.
Em seguida, estão as atividades direcionadas aos alunos. Caso queira dar
uma olhada, fique à vontade, professor!
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Como é percebido, você muitas vezes, chega à escola já cansado(a) pela árdua jornada de trabalho, com sono, com o desejo de, talvez, estar em casa no descanso merecido. Mas não, você vem, chega com seu jeito humilde e cativa o coração de todos. Por saber da batalha que enfrenta para permanecer na escola é que quero te dar os parabéns, pois mesmo diante de tantos problemas, a cada dia, dá a todos lição de garra e persistência.
A tua dedicação e compromisso com a escola são exemplo para muitos alunos que não dão valor ao estudo, por isso através desta unidade didática desejo, através de textos sobre diversos assuntos, auxiliar-te a entender melhor a tua realidade e, a partir dessa compreensão, levar-te a buscar na leitura lenitivo para as dificuldades. Desejo também respeitar-te como ser humano que, na busca do saber sistematizado, necessita de um professor que não só transmita conhecimentos, mas te compreenda como ser humano.
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Como primeira atividade será feito, no dia 16 de agosto, dia de reinício das
aulas, no segundo semestre, um grande chamado ao valor da leitura através de
frases de autores consagrados que estarão expostas na escola, para que todos
possam ler, não somente os alunos envolvidos no projeto. Essas frases sempre
estarão acompanhadas de belas imagens para que possam chamar a atenção de
todos. Entre as frases utilizadas estão: “A leitura engrandece a alma." (Voltaire)
"A leitura nutre a inteligência." (Sêneca) "Muitos homens iniciaram uma
nova era na sua vida a partir da leitura de um livro." (Henry David Thoreau)
“A leitura não é uma atividade elitizada, mas uma ferramenta de
transformação social dos indivíduos." (Julian Correa). "A leitura é uma fonte
inesgotável de prazer mas por incrível que pareça, a quase totalidade, não
sente esta sede." (Carlos Drummond de Andrade) "Amar a leitura é trocar
horas de fastio por horas de inefável e deliciosa companhia." (John F.
Kennedy) "A leitura é para o intelecto o que o exercício é para o corpo."
(Joseph Addison) "A leitura faz ao homem completo; a conversa, ágil, e o
escrever, preciso." (Francis Bacon) "A leitura de um bom livro é um diálogo
incessante: o livro fala e a alma responde." (André Maurois).
O objetivo dessa atividade é, realmente, causar impacto, pois onde quer
que o aluno vá, entrará em contato com uma frase: na entrada da escola, na
Secretaria, no saguão, nas salas, nos banheiros... Essas frases ficarão expostas
por uma semana. Na sala de aula, com o auxílio dos demais professores, serão
feitos comentários sobre o que a leitura significa para cada um.
21
Como vocês já devem ter ouvido falar as pessoas, muitas vezes, não leem,
dizem não terem tempo, que não gostam, que é uma atividade desgastante.
Muitas pesquisas já comprovaram que o nível de leitura dos brasileiros é
desastroso. De 30 países pesquisados o Brasil ficou em 27º lugar. Não é uma
notícia terrivelmente triste? Será ela correspondente à verdade? Vamos pensar
um pouco mais perto. Em nossa casa, quem lê? Em nossa família, avós, tios, tias,
primos... há quantos leitores?
Podemos confirmar pela nossa realidade familiar esses dados? E nós,
professores e alunos quanto lemos? Para apurar com maior rigor de detalhes foi
elaborado um questionário. Vamos constatar se o nosso comportamento como
leitores confirma os dados das pesquisas ou se elas estão enganadas. O
questionário é composto de perguntas com respostas objetivas e algumas
subjetivas. Sejamos coerentes para que, a partir dos dados coletados, possamos
analisar melhor a leitura que temos e se não for na quantidade necessária que
tomemos providências urgentes.
1) Qual a tua idade?
a) ( ) De 18 a 25 anos.
b) ( ) De 25 a 35 anos.
c) ( ) De 35 a 45 anos.
d) ( ) Acima de 45.
2) Qual o teu sexo( a)?
22
a) ( ) Masculino.
b) ( ) Feminino.
3) Em que trabalha?
a) ( ) No comércio.
b) ( ) Como dona de casa.
c) ( ) Auxiliar doméstica.
d) ( ) Outra função. Qual? ............................................................................
e) ( ) Desempregado (a).
4) Que atividade (s), além do trabalho, você mais pratica?
a) ( ) Esporte ( futebol, vôlei...).
b) ( ) Assistir TV.
c) ( ) Ouvir rádio.
d) ( ) Passear.
e) ( ) Conversar.
5) Você lê regularmente?
a) ( ) Sim. b) ( ) Não.
6) O que mais você lê?
a) ( ) Jornal.
b) ( ) Revista.
c) ( ) Livros.
d) ( ) Só as matérias escolares.
e) ( ) Textos na internet.
7) Quantos livros já leu?
a) ( ) Um.
b) ( ) De um a cinco.
c) ( ) Mais de cinco.
d) ( ) Mais de dez.
e) ( ) Mais de vinte.
23
f) ( ) Nenhum.
8) Se não lê, indique o (s) motivo (s).
a) ( ) Trabalho muitas horas diárias.
b) ( ) Tenho dificuldade para compreender o que leio.
c) ( ) Não sinto vontade.
d) ( ) Não tenho condições financeiras para comprar livros.
e) ( ) Outro motivo. Qual? ............................................................................
9) Já visitou a Biblioteca da escola e a pública?
a) ( ) As duas.
b) ( ) Só a da escola.
c) ( ) Só a pública.
d) ( ) Nenhuma delas.
10) Para você, que utilidade tem a leitura?
a) ( ) Tem pouca utilidade.
b) ( ) Serve para se divertir, passar tempo.
c) ( ) Ajuda a entender melhor a vida.
d) ( ) Traz muitos conhecimentos.
e) ( ) É uma atividade chata que você só pratica em últimos casos.
Vocês responderam ao questionário. Agora vamos fazer o levantamento
dos dados. Para compreendermos melhor essa atividade tão importante e que
nos traz tantos e maravilhosos benefícios vamos assistir aos slides que organizei.
A hora que quiserem sintam-se à vontade para comentarem. Vamos aprender
juntos! ( Slides e comentários) Agora que comentamos sobre o assunto e cada
um fez a sua colocação, vamos elaborar frases sobre leitura e o que ela significa
para cada um. Depois juntaremos nossas ideias e montaremos uma bem
sugestiva que fará parte de um adesivo, o qual será distribuído à comunidade no
final do projeto.
Amanhã quando chegarem à escola haverá um enigma no quadro mural.
Quem gostaria de desvendá-lo? Para essa atividade será colocada, no quadro
24
mural, a foto de Luís Fernando Veríssimo com a seguinte frase: Você conhece
esse homem? Ele tem a ver com as seguintes gravuras: Pessoas se divertindo, rindo muito, felizes.
Agora chegou a hora!!!!!! Quem desvendou o mistério? Vocês viram como
somos imensamente curiosos? Sabemos que pela curiosidade nasce a busca por
respostas. Através da investigação chegamos a um conhecimento maior. No
entanto, quando satisfazemos a nossa curiosidade sobre um determinado assunto
surgem novas situações que tentamos desvendar. Com certeza, todos viram a
foto do mural. Quem pensam que é aquele senhor sorridente? Que profissão
tem? O que o faz ser tão feliz?
Acho que é de se esperar que pensem ser um escritor ou alguém dessa
área. É verdade, é o escritor Luís Fernando Veríssimo. Para saber mais sobre ele
vamos ao Laboratório de Informática pesquisar.
Ao chegar lá vocês vamos entrar na internet e buscar mais dados. Sei que
muitos não possuem curso de informática, porém entrar em contato com as novas
tecnologias e saber usá-las é uma necessidade de todos, visto que o avanço
tecnológico exige isso de nós. O importante é não ter medo e pensar que, se
alguém já aprendeu a usá-la de forma eficiente, todos nós também temos
capacidade para isso.
Depois de acessarem vamos ao Google, digitamos o nome do autor e,
após a leitura, destacamos o que for mais importante sobre ele. Essas
informações serão colocadas no mural para que toda a escola possa ler.
Sejamos, pois, criativos.
Como vocês viram Luís Fernando Veríssimo é autor de contos e crônicas.
O que é mesmo conto? Alguém sabe defini-lo? E a crônica, que tipo de texto é?
Esses textos fazem parte dos gêneros discursivos.
Para uma melhor compreensão, estudaremos a seguinte tabela:
25
CONTO CRÔNICA- É um texto que apresenta um só
drama, um único problema a ser
resolvido. Uma narrativa breve.
Começa e logo termina.
- É um texto curto que apresenta fatos
do dia a dia. Apresenta o fato como é.
Sem muitas explicações.
- O início deve prender o leitor. - Tem como objetivo desde o começo
de levar o leitor à reflexão.- Uma só imagem da vida, como se
fosse uma tela. Prende-se à realidade
concreta.
- Um flagrante da vida. É escrita em
tom de humor, mas a sensibilidade, a
ironia, a crítica e a poesia também
estão presentes.- Tempo ( semelhante ao decorrer da
vida: dias, meses, anos) e espaço
reduzidos.
- Texto caracterizado pela brevidade
do tempo.
- Poucos personagens. - Fala-se pouco sobre os
personagens.- Linguagem formal ou informal,
sempre objetiva. Predomínio do
discurso direto.
- A linguagem geralmente é informal.
Próxima do leitor.
- É linear, não se aprofunda nos
assuntos.
- Apresenta a visão pessoal,
particular, subjetiva do cronista.- É narrado em 1ª e 3ª pessoas.
( Mais em 3ª pessoa).
- É narrada, geralmente, em 1ª
pessoa.- Publicado geralmente em livros. - Publicada em jornais.- O final é enigmático. - O final fica para o leitor imaginar.
Agora que já estudamos as diferenças entre conto e crônica, vamos
analisar os textos seguintes para compreender melhor as características
apresentadas... Veja que textos, hein!!!
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JOÃO E MARIA
Esta é uma daquelas histórias que as pessoas juram que aconteceram, não faz muito, com um amigo delas. Há anos você ouve a mesma história, sempre com a garantia de que aconteceu mesmo. Há pouco, com um amigo. Nesta versão o amigo se chama João e a mulher se chama Maria, para simplificar.
O João começou a desconfiar das constantes conversas da Maria com José, amigo do casal. Volta e meia o João pegava a Maria e o Zé cochichando, e...
[...]João desconfiara que uma das duas mulheres era um travesti, mas ao
chegarem a casa, ele não se lembrava mais qual. Decretou que os três tirariam a roupa antes de entrar na casa. As mulheres toparam. Quando João conseguiu acertar o buraco da fechadura e abrir a porta, a Gisele tinha pulado nas suas costas e se pendurado no seu pescoço, e a Vanessa tentava pegar o seu ...., e era assim que eles estavam quando as luzes da casa se acenderam e todos que estavam lá para a festa de aniversário que a Maria e o José tinham passado semanas planejando gritaram - "Surpresa!".
In LFV, O melhor das Comédias... Disponível em http://macroscopio.blogspot.com/2007/05/um-conto-de-lus-fernando-verssimo-joo-e.html, acessado em 28/01/2010.
27
FALECEU ONTEM A PESSOA QUE ATRAPALHAVA SUA VIDA...
Um dia, quando os funcionários chegaram para trabalhar, encontraram na
portaria um cartaz enorme, no qual estava escrito: "Faleceu ontem a pessoa que
atrapalhava sua vida na Empresa. Você está convidado para o velório na quadra
de esportes".
[...}
A pergunta ecoava na mente de todos: "Quem está nesse caixão"?
No visor do caixão havia um espelho e cada um via a si mesmo...
[...]
O mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus
próprios pensamentos e seus atos. A maneira como você encara a vida é que faz
toda diferença. A vida muda, quando "você muda".Luis Fernando Veríssimo. Disponível em http://www.pensador.info/frase/MTQ4Mjcw/,
acessado em 26/01/2010.
Perceberam as diferenças entre os dois tipos de textos? Em todos os
textos que leremos a seguir, iremos sempre retomando as características de
cada um para ficar mais claro. Além do texto escrito, também veremos o mesmo
texto em outro suporte: em vídeo que está disponível no YouTube, com o mesmo
título.
28
Hoje vamos falar de um tema bastante conhecido: As mulheres. Como a
sociedade vê a mulher? Ela é valorizada como ser humano ou, na maioria dos
casos, como doméstica. E você como a vê? Em tua vida, há mulheres que têm
um significado especial?
Vocês devem concordar comigo que em nossa escola há um grande
número de mulheres. Vamos ler o texto abaixo que fala sobre elas e analisar a
mensagem que ele traz.
Certo dia parei para observar as mulheres e só concluir uma coisa: elas
não são humanas. São espiãs. Espiãs de Deus, disfarçadas entre nós.
[...]
"Leve um sapato extra na mala, querido. Vai que você pisa numa poça..."
Se você não levar o "sapato extra", meu amigo, leve dinheiro extra para
comprar outro. Pois o seu estará, sem dúvida, molhado...
[...]
Será que Deus confiaria tamanha responsabilidade a um reles mortal?
E não satisfeitas em ensinar a vida elas insistem em ensinar a vivê-la, de
forma íntegra, oferecendo amor incondicional e disponibilidade integral.
Fala-se em "praga de mãe", "amor de mãe", "coração de mãe"... Tudo isso
é meio mágico...
Talvez Ele tenha instalado o dispositivo "coração de mãe" nos "anjos da
guarda" de Seus filhos (que, aliás, foram criados à Sua imagem e semelhança).
[...]
29
Elas conseguem pedir uma à outra para mudar de assunto com apenas um
olhar. Elas fazem um comentário sarcástico com outro olhar. E apontam uma
terceira pessoa com outro olhar.
[...].
Luís Fernando Veríssimo
Disponível em
http://www.pensador.info/cronicas_de_luiz_fernando_verissimo/http://www.pensador.info/cronicas_
de_luiz_fernando_veriw.pensador.info/cronicas_de_luiz_fernando_verissimo/http://www.pensador.i
nfo/cronicas_de_luiz, acessado em 26/01/2010.
Analisamos o papel da mulher, refletimos sobre ele, mas e o homem? O
que dizer sobre esse ser humano que muitos dizem que não chora, não pode
muitas coisas nesse sentido, mas que, por outro lado, é protegido pela sociedade
como alguém que pode “quase” tudo em outras áreas. Que imagem você tem do
sexo masculino? Eles são educados de forma diferente? Por que há distinção no
tratamento de homens e mulheres?
É claro que os homens que aqui estudam são muito importantes, por isso
agora o texto será sobre eles. Será que concordamos com o que diz abaixo?
Vejamos também o vídeo com o mesmo título.
30
Luis Fernando Veríssimo Homem que é Homem não usa camiseta sem manga, a não ser para jogar
basquete. Homem que é Homem não gosta de canapés, de cebolinhas em
conserva ou de qualquer outra coisa que leve menos de 30 segundos para
mastigar e engolir. Homem que é Homem não come suflê. Homem que é Homem
— de agora em diante chamado HQEH — não deixa sua mulher mostrar a bunda
para ninguém, nem em baile de carnaval. HQEH não mostra a sua bunda para
ninguém. Só no vestiário, para outros homens, e assim mesmo, se olhar por mais
de 30 segundos, dá briga.
[...]
Existe um HQEH dentro de cada brasileiro, sepultado sob camadas de
civilização, de falsa sofisticação, de propaganda feminina e de acomodação. Sim,
de acomodação. Quantas vezes, atirado na frente de um aparelho de TV vendo a
novela das 8 — uma história invariavelmente de humilhação, renúncia e
superação femininas — você não se perguntou o que estava fazendo que não
dava um salto, vencia a resistência da família a pontapés e procurava uma reprise
do Manix em outro canal? HQEH só vê futebol na TV. Bebendo cerveja. E nada
de cebolinhas em conserva! HQEH arrota e não pede desculpas.
Texto extraído do livro "As mentiras que os homens contam,de Luís Fernando Veríssimo, Editora
Objetiva - Rio de Janeiro, 2000, pág. 89.
31
O homem acorda da anestesia e olha em volta. Ainda está na sala de
recuperação. Há uma enfermeira do seu lado. Ele pergunta se foi tudo bem.
- Tudo perfeito - diz a enfermeira, sorrindo.
- Eu estava com medo desta operação...
- Por quê? Não havia risco nenhum.
- Comigo, sempre há risco. Minha vida tem sido uma série de enganos...
[...]
Mas também fora um engano do médico. Não era tão grave assim. Uma
simples apendicite.
- Se você diz que a operação foi bem...
A enfermeira parou de sorrir.
- Apendicite? - perguntou, hesitante.
- É. A operação era para tirar o apêndice.
- Não era para trocar de sexo?
Veríssimo, Luís Fernando. Disponível em http://www.pensador.info/frase/MjMxNDk5/, acessado
em 20/05/2010
32
E aí, o que acharam dos textos e dos vídeos assistidos. São verdadeiros?
Ou essa realidade só existe na Literatura? Por falar em Literatura, alguém sabe
me dizer o que é ou já ouviu falar sobre isso? Sim? Não?
Pode-se dizer que Literatura é a recriação ou criação de novas verdades
através da palavra. Ou ainda, tudo o que escrevemos e que alguém lê. Ou mais: o
conjunto da produção escrita de um país, em uma determinada época.
O escritor tenta, através do que escreve, criar uma realidade que, em
confronto com o que vivemos, leve-nos a repensar e, consequentemente, a
modificar as estruturas injustas impostas pela sociedade. Por isso, é comum
dizerem que quem lê é perigoso, pois não aceita mais certas imposições. Serve,
além disso, para dar prazer, encantar ... e tudo o que já comentamos nos slides.
Lembram?
Será que o texto a seguir é um texto literário? Faz parte da Literatura?
Quem de vocês já ouviu falar em Príncipe Encantado? É possível continuar
sonhando com ele? Ele existe? Ou a vida apresenta pessoas comuns que
precisam ser compreendidas e amadas, independente da condição em que se
encontram? Em nossa cidade, ainda há casamentos por interesse? Por que, na
sua opinião, os casamentos têm durado tão pouco?
Vamos agora ler um texto sobre o assunto e analisar o que ele está
dizendo a nós.
33
Era uma vez... numa terra muito distante...uma princesa linda,
independente e cheia de auto-estima.
Ela se deparou com uma rã enquanto contemplava a natureza e pensava
em como o maravilhoso lago do seu castelo era relaxante e ecológico...
[...]
Naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã sautée, acompanhadas
de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa
sorria, pensando consigo mesma:
- Eu, hein?... nem morta!
Veríssimo, Luís Fernando, disponível em http://estripulia.spaceblog.com.br/155969/A-princesa-e-a-
ra-Luis-Fernando-verissimo/ , acessado em 05/02/2010.
34
Minha mulher e eu temos o segredo para fazer um casamento durar:
Duas vezes por semana, vamos a um ótimo restaurante, com uma comida
gostosa, uma boa bebida e um bom companheirismo. Ela vai às terças-feiras e
eu, às quintas.
[...]
Já faz 18 meses que não falo com minha esposa. É que não gosto de
interrompê-la. Mas, tenho que admitir: a nossa última briga foi culpa minha. Ela
perguntou: "O que tem na TV?"
E eu disse: "Poeira". Veríssimo, Luís Fernando. Disponível em http://thiagof.com/up/2009/03/30/casamento-por-lus-
fernando-verssimo/, acessado em 25/03/2010.
Você já ouviu histórias parecidas com essas? Em que se pareciam? Ou
são totalmente diferentes? Os textos acima também possuem vídeo com o
mesmo título no YouTube, se alguém se interessar, na próxima vez que formos
ao Laboratório de Informática, poderemos assisti-los.
A partir de agora vocês receberão vários textos de Luís Fernando
Veríssimo para que possam escolher o que mais gostaram. O objetivo dessa
tarefa é propiciar que escolham, pois não temos o mesmo gosto e, é nas
35
diferenças, que aprendemos a nos respeitar e nos conhecemos melhor. Como
tarefa, após a escolha farão duas perguntas sobre o assunto e trocarão o texto e
as atividades com um colega.
Além disso, o texto escolhido será lido na rádio da escola para que
possamos nos desenvolver também na oralidade. Além de treinarmos a fala
precisamos nos desinibir e, se algum repórter for nos entrevistar saibamos e
tenhamos coragem de falar ao microfone, pois como dizem as DCEs ( 2008, p.
55) “a oralidade, na escola, não é muito valorizada; entretanto é rica e permite
muitas possibilidades de trabalho a serem pautadas em situações reais de uso da
fala e na produção de discursos nos quais o aluno, ou seja, você se constitui
como sujeito do processo interativo.”
As Diretrizes Curriculares Estaduais, para quem não ouviu falar sobre esse
documento, apresentam as normas, conteúdos e os objetivos a que se propõe o
ensino em nosso Estado.
Boa escolha!!!
Dizem que todos os dias você deve comer uma maçã por causa do ferro. E
uma banana pelo potássio. E também uma laranja pela vitamina C. Uma xícara de
chá verde sem açúcar para prevenir a diabetes.
Todos os dias deve-se tomar ao menos dois litros de água. E uriná-los, o
que consome o dobro do tempo.
Todos os dias deve-se tomar um Yakult pelos lactobacilos (que ninguém
sabe bem o que é, mas que aos bilhões, ajudam a digestão). Cada dia uma
Aspirina, previne infarto. Uma taça de vinho tinto também. Uma de vinho branco
estabiliza o sistema nervoso. Um copo de cerveja, para... não lembro bem para o
36
que, mas faz bem. O benefício adicional é que se você tomar tudo isso ao mesmo
tempo e tiver um derrame, nem vai perceber.
[...]
Agora tenho que ir.
É o meio do dia, e depois da cerveja, do vinho e da maçã, tenho que ir ao
banheiro. E já que vou, levo um jornal... Tchau!
Viva a vida com bom humor!!!Luís Fernando Veríssimo. Disponível em
http://www.pensador.info/exigencias_da_vida_moderna/, acessado em 28/01/2010.
- Pai........
- Hummmmm?
- Como é o feminino de sexo?
- O quê?
[...]
- Mas então não muda o sexo.É sempre masculino.
- A palavra é masculina .
- Não." A palavra" é feminino. Se fosse masculino seria "o pal..."
- Chega! Vai brincar, vai.
O garoto sai e a mãe entra. O pai comenta:
-Temos que ficar de olho nesse guri...
- Por quê?
Ele só pensa em gramática.
37
(Veríssimo, Luís Fernando. Do Livro:Comédias para se Ler na Escola) Disponível em
http://www.pensador.info/p/cronicas_de_luiz_fernando_verissimo/1/, acessado em 26/01/2010.
1. Uma pessoa que é boa com você, mas grosseira com o garçom, não pode ser
uma boa pessoa.
2. As pessoas que querem compartilhar as visões religiosas delas com você,
quase nunca querem que você compartilhe as suas com elas.
[...]
8. Há uma linha muito tênue entre "hobby" e "doença mental".
9. Seus amigos de verdade amam você de qualquer jeito.
10. Nunca tenha medo de tentar algo novo. Lembre-se de que um amador
solitário construiu a Arca. Um grande grupo de profissionais construiu o Titanic.
Veríssimo, Luís Fernando. http://helenbaesse.spaceblog.com.br/87844/DEZ-COISAS-QUE-LEVEI-
ANOS-PARA-APRENDER-Luis-Fernando-Verissimo/, acessado em 20/03/2010.
.
Verão também é sinônimo de pouca roupa e muito chifre, pouca cintura
e muita gordura, pouco trabalho e muita micose.
Verão é picolé de Ki suco no palito reciclado, é milho cozido na água
da torneira, é coco verde aberto pra comer a gosminha branca.
Verão é prisão de ventre de uma semana e pé inchado que não entra no
tênis.
Mas o principal ponto do verão é.... A praia!
Ah, como é bela a praia.
Os cachorros fazem cocô e as crianças pegam pra fazer coleção.
[...]
38
Todo mundo vai dormir bêbado e emburrado, babando na fronha e torcendo, pra
que na manhã seguinte, faça aquele sol e todo mundo possa se encontrar no
mesmo inferno tropical...Veríssimo, Luís Fernando. Disponível em
http://palavrastodaspalavras.wordpress.com/2008/02/05/chegou-o-verao-por-luis-fernando-
verissimo/, acessado em 20/03/2010.
O Rio é a capital mundial da operação plástica. Não param de chegar
estrangeiros para ver, não o pão de açúcar;mas, o Pitangui. Quem não consegue
reserva com o Pitangui recorre a outros restauradores brasileiros, com menos
nome mas igualmente competentes (é o que dizem, eu não sei. Na única vez que
eu consultei um cirurgião plástico ele foi radical: sugeriu outra cabeça. E aquela
história do cara que era tão feio que foi desenganado pelo cirurgia plástico?). Os
responsáveis pelo turismo no Rio podiam montar um balcão no aeroporto -
reserva de cirurgião - para receber os visitantes que chegam tapando o rosto e
pedindo informações.
[...]
-Mas a fotografia é do Ronald Reagan.
-Ridículo.
-Está aqui. O Ronald Reagan de peruca.
-Essa sou eu.
-Impossível senhorita. Vamos ter que confiscar este passaporte.
Providencie outro com a sua fotografia.
39
Veríssimo, Luís Fernando. Disponível em
http://www.pensador.info/cronicas_de_luiz_fernando_verissimo/, acessado em 05/04/2010.
-Assim ?
-É. Assim.
-Mais depressa ?
-Não. Assim está bem. Um pouco mais para...
-Assim ?
-Não, espere.
-Você disse que...
-Eu sei. Vamos recomeçar. Diga quando estiver bem.
-Estava perfeito e você...
-Desculpe.
[...]
-Assim ?
-Aí ! Aí !
-Está bom ?
-Sim. Oh, sim.
-Pronto.
[...]
-Aqui ?
-Isso ! Agora coça.
Veríssimo, Luís Fernando. Disponível em
http://www.paralerepensar.com.br/verissimo_contoerotico.htm, acessado em 08/04/2010.
40
Tentei dizer quanto te amava, aquela vez, baixinho mas havia um grande
berreiro, um enorme burburinho e, pensando bem, o berçário não era o melhor
lugar.
Você de fraldas, uma graça, e eu pelado lado a lado, cada um recém
chegado você sem saber ouvir, eu sem saber falar.
Tentei de novo, lembro bem, na escola.
Um PS no bilhete pedindo cola interceptado pela professora como um
gavião.
[...]
Na velhice, num asilo, lado a lado em meio a um silêncio abençoado direi o
que sinto, meu bem.
O meu único medo é que então empinando a orelha com a mão você me
responda só: "Hein?".
Veríssimo, Luiz Fernando. Disponível em
http://www.velhosamigos.com.br/Ilustres/adrianapetroy1.html acessado em 28/10/2010.
41
Pensando bem em tudo o que a gente vê e vivencia e ouve e pensa, não
existe uma pessoa certa pra gente.
Existe uma pessoa que se você for parar pra pensar é, na verdade, a
pessoa errada. Porque a pessoa certa faz tudo certinho!
Chega na hora certa, fala as coisas certas, faz as coisas certas, mas nem
sempre a gente tá precisando das coisas certas.
Aí é a hora de procurar a pessoa errada.
A pessoa errada te faz perder a cabeça, perder a hora, morrer de amor...
A pessoa errada vai ficar um dia sem te procurar que é pra na hora que
vocês se encontrarem a entrega ser muito mais verdadeira.
[...]
E só assim, é possível chegar àquele momento do dia em que a gente diz:
"Graças à Deus deu tudo certo"
Quando na verdade, tudo o que Ele quer é que a gente encontre a pessoa
errada pra que as coisas comecem a realmente funcionar direito pra
gente...Veríssimo, Luís Fernando. Disponível em
http://www.encantosepaixoes.com.br/poesia3505.htm, acessado em 12/12/2010.
Esta é uma história exemplar, só não está muito claro qual é o exemplo.
De qualquer jeito, mantenha-a longe das crianças. Também não tem nada a ver
com a crise brasileira, o apartheid, a situação na América Central ou no Oriente
Médio ou a grande aventura do homem sobre a Terra. Situa-se no terreno mais
42
baixo das pequenas aflições da classe média. Enfim. Aconteceu com um amigo
meu. Fictício, claro.
[...]
— Olhe. E ele mostraria o dedo da aliança, sem a aliança.
— O que aconteceu?
E ele contaria. Tudo, exatamente como acontecera. O macaco. O óleo. A
aliança no asfalto. O chute involuntário. E a aliança voando para o bueiro e
desaparecendo.
— Que coisa - diria a mulher, calmamente.
— Não é difícil de acreditar?
— Não. É perfeitamente possível.
— Pois é. Eu...
— SEU CRETINO!
— Meu bem...
[...]
— Que fim levou a sua aliança? E ele disse:
— Tirei para namorar. Para fazer um programa. E perdi no motel. Pronto.
Não tenho desculpas. Se você quiser encerrar nosso casamento agora, eu
compreenderei.
[...]
— O mais importante é que você não mentiu pra mim.
E foi tratar do jantar.
(Veríssimo, Luís Fernando. Livro As mentiras que os homens contam Disponível em
http://www.pensador.info/cronicas_de_luiz_fernando_verissimo/, acessado em 05/04/2010.
Como já falamos, muitas crônicas surgem de fatos cotidianos e que atraem
a nossa atenção. Há muitas cenas que nos sensibilizam, fazem-nos refletir,
repensar a nossa maneira de agir. Por isso, a partir de agora passaremos a olhar
43
ao nosso redor, a nossa realidade e o cotidiano da nossa vida, da escola e da
nossa cidade, para que possamos fotografá-los as cenas ou paisagens que nos
chamarem a atenção e, a partir das fotos, vamos ser escritores. Vocês aceitam o
desafio?
Caso alguém não tenha celular com câmera ou a própria câmera vamos
providenciar uma, fiquem tranqüilos. O que necessitamos para essa e demais
atividades é vontade de aprender, e isso sei que vocês têm de sobra. Todas as
crônicas, depois de analisadas e corrigidas serão expostas, por nós, no mural da
escola juntamente com as fotos que deram origem aos textos e após farão parte
de um livro que doaremos à biblioteca. O que acham? Pode ser assim? Alguma
sugestão? Além disso, os professores de Língua Portuguesa da escola, farão a
seleção da crônica que for mais interessante, a qual será publicada em jornal da
cidade. E que venha a fama!
Com a finalidade de divulgar o trabalho de vocês e também contribuir para
uma maior conscientização do povo de nossa cidade para a necessidade de
lermos sempre, distribuiremos os adesivos com a frase que elaboramos em
conjunto. Essa distribuição acontecerá no sinaleiro da Rua XV de Novembro. Para
essa distribuição é necessário escrevermos um ofício para a Polícia pedindo
permissão. Precisamos aprender a elaborar esse documento. Quem já escreveu
algum? Ou já viu escrito? Como todo documento é preciso seguirmos algumas
regras. Vamos pesquisar, então?
E aí, acharam difícil de escrevê-lo? Nada que não possa ser aprendido.
Ainda nesse mesmo dia, na Praça José Nogueira do Amaral, que nós chamamos
de Praça da República, estará acontecendo a Feira do Livro, onde haverá
doações de exemplares de livros e revistas e ainda há a possibilidade de o leitor
trocar o livro que possui. Posso contar com a participação de todos?
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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