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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

PDE

ARIANE TEIXEIRA

UMA PROPOSTA DE TRABALHO COM O GÊNERO DISCURSIVO

“NARRATIVA DE AVENTURA” NO ENSINO FUNDAMENTAL

Dois Vizinhos

2010

Ariane Teixeira

UMA PROPOSTA DE TRABALHO COM O GÊNERO DISCURSIVO

“NARRATIVA DE AVENTURA” NO ENSINO FUNDAMENTAL

Produção Didático-Pedagógica constituída na

forma de Unidade Didática, apresentada como

um dos requisitos do PDE – Programa de

Desenvolvimento Educacional 2009/2011,

área de Língua Portuguesa, ofertado pela

Secretaria de Estado da Educação do Paraná,

em parceria com a Secretaria de Tecnologia e

Desenvolvimento.

Orientadora: Profa. Ms. Rosana Becker

Fernandes (UNIOESTE – Cascavel/PR)

Dois Vizinhos

2010

SUMÁRIO

1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO 03

2 APRESENTAÇÃO 03

3 NARRATIVAS DE AVENTURA: DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS 06

4 UNIDADE DIDÁTICA: GÊNERO DISCURSIVO “NARRATIVA DE

AVENTURA” 09

4.1 Diagnóstico inicial 10

4.2 Produção inicial 14

5 ESTÍMULO À LEITURA E COMPREENSÃO DO GÊNERO 14

6 ATIVIDADE DE LEITURA 16

7 SELEÇÃO DE UMA AMOSTRA DO GÊNERO 17

8 ROBINSON CRUSOÉ – VERSÃO 1 19

8.1 Refletindo sobre a versão lida 21

9 ROBINSON CRUSOÉ – VERSÃO 2 24

9.1 Refletindo sobre as versões lidas 25

10 REESCRITA DO TEXTO 26

11 SUGESTÃO DE FILME 27

12 NOVA PRODUÇÃO 27

13 PROPOSTA DE CRONOGRAMA 29

14 PALAVRAS FINAIS 30

REFERÊNCIAS 31

UMA PROPOSTA DE TRABALHO COM O GÊNERO DISCURSIVO

“NARRATIVA DE AVENTURA” NO ENSINO FUNDAMENTAL

1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Professor PDE: Ariane Teixeira

Área PDE: Língua Portuguesa

NRE: Dois Vizinhos

Professor Orientador IES: Rosana Becker Fernandes

IES vinculada: UNIOESTE

Escola de Implementação: Colégio Estadual Dois Vizinhos – EFM e Profissional

Público objeto da intervenção: Alunos da 5ª série/6º ano do Ensino Fundamental

Tema de estudo: O ensino da produção de textos escritos na escola

2 APRESENTAÇÃO

Esta unidade didática está fundamentada na teoria da enunciação e dos gêneros

discursivos de Bakhtin (1999; 2003), como nos orientam as Diretrizes Curriculares da

Educação Básica de Língua Portuguesa e Literatura (DCEs). Pretendemos, com esta

proposta, apresentar atividades que direcionem um trabalho com a escrita que permita

superar o exercício de redação, entendido como atividade esporádica, descontextualizada e

examinadora de quanto o aluno domina de aspectos gramaticais e ortográficos, para a

prática efetiva de produção de textos, concebida aqui dentro de uma abordagem

sociointeracionista de linguagem (Quem escreve? Sobre o que escreve? Para quem

escreve? Com que objetivo? Onde o texto será publicado?).

As DCEs (2008) indicam que cabe ao professor selecionar os gêneros a serem

trabalhados, de acordo com as características da escola, com o Projeto Político Pedagógico

ou a Proposta Pedagógica Curricular e com o nível de complexidade adequado a cada uma

das séries. Assim, um mesmo gênero pode ser trabalhado em séries diferentes, dependendo

da intenção e do objetivo que se tem com esse gênero.

A opção em trabalhar com o gênero “narrativa de aventura” com alunos de 5ª

série/6º ano deve-se ao fato de ser este um gênero discursivo que proporciona maior

4

identificação e gosto por parte da faixa etária dos educandos - crianças e adolescentes

gostam da aventura, da fantasia, de sentir-se personagem da história e identificam-se com o

herói aventureiro.

Narrativas de aventura são importantes fontes de leitura de textos longos, os quais

podem possibilitar uma ampliação do repertório de leituras dos alunos, na expectativa de

que o enredo leve o aluno a ler fora da sala de aula (GERALDI, 2006). Cabe lembrar que

este repertório de leituras é fundamental para que os alunos posteriormente possam melhor

compreender a leitura literária no Ensino Médio. Para Bragatto Filho (1995, p. 6):

Inevitavelmente, essa deve ser a grande e fundamental meta ou

função do ensino da literatura na escola de 1° grau: despertar o

gosto e o prazer de ler. (...) É claro que o aluno que curtir o texto

literário aprenderá noções sobre espaço, tempo, enredo,

personagens principais e secundárias, diversidade de temas e

estilos, etc. Mas, mais importante do que o aprendizado dessas

nomenclaturas e de tantas outras, no nosso entender, é o contato

com o conteúdo e a forma do texto, com as possíveis intenções do

autor: a discussão, em sala de aula, sobre a cadeia de relações que é

um texto, todos os significados que se podem descobrir e atribuir a

partir dessa cadeia de fios, constituída pelo manejo estético da

palavra (grifos do autor).

Devido a esta peculiaridade do gênero “narrativa de aventura” - texto longo -,

vamos trabalhar as práticas de leitura de Geraldi. Para o autor é importante

recuperar de nossa experiência uma forma de interlocução

praticamente ausente das aulas de língua portuguesa: o ler por ler,

gratuitamente. O gratuitamente aqui não quer dizer que tal leitura

não tenha um resultado. O que define esse tipo de interlocução é o

“desinteresse” pelo controle do resultado (GERALDI, 2006. p.97-

98).

Em sua obra O texto na sala de aula, Geraldi (2006) cita o exemplo usado por

Marilena Chauí, em conferência proferida no Primeiro Fórum da Educação Paulista

(1983), para explicitar a relação leitor-texto:

o diálogo do aprendiz de natação é com a água, não com o

professor, que deverá ser apenas mediador desse diálogo aprendiz-

água. Na leitura, o diálogo do aluno é com o texto. O professor,

mera testemunha desse diálogo, é também leitor, e sua leitura é uma

das leituras possíveis (GERALDI, 2006, p. 92).

5

A proposta metodológica de trabalho com o gênero discursivo “narrativa de

aventura”, aqui apresentada, fundamenta-se na compreensão de aprendizado da escrita por

meio de práticas permanentes de leitura e produção de textos (GERALDI, 1997; 2006),

com contribuições de Barbosa (2001), nas atividades propostas para os alunos.

No decorrer da unidade didática, serão possibilitadas atividades de reflexão e de

sistematização sobre as características do gênero escrito “narrativa de aventura”. Para essa

sistematização, em muitos momentos recorremos aos princípios da proposta de sequência

didática apresentada por Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004) e adaptada por Costa-Hubes

(2009).

Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004) definem sequência didática como

um conjunto de atividades escolares, em torno de um gênero

textual oral ou escrito. [...] Uma sequência didática tem,

precisamente, a finalidade de ajudar o aluno a dominar melhor um

gênero de texto, permitindo-lhe, assim, escrever ou falar de uma

maneira mais adequada numa dada situação de comunicação.

(p.97)

A estrutura de uma sequência didática apresentada pelos autores é composta por: a)

apresentação da situação; b) produção inicial; c) módulos (1, 2, 3...); e d) produção final.

Entretanto, cabe ressaltar que, embora reconhecendo a importância metodológica da

sequência didática para o ensino da produção escrita, nosso trabalho também prevê

sugestões de encaminhamentos para a leitura de textos de “narrativa de aventura”, por

compreendermos que, antes de qualquer sistematização de ensino, o aluno precisa estar

melhor familiarizado com o gênero a ser trabalhado pelo professor.

O trabalho com o gênero “narrativa de aventura” será desenvolvido por meio de

uma unidade didática que permitirá aos alunos escreverem sua própria história de aventura.

Para isso, desde a apresentação da situação até a produção final, os alunos receberão

explicações sobre as características do gênero “narrativa de aventura”, bem como lerão

algumas, para que após a realização de várias atividades, possam produzir o seu texto.

Para que os resultados sejam positivos, é necessário, por parte do professor: a

análise das produções dos alunos em conformidade com os objetivos desta unidade e das

características do gênero; escolha criteriosa de atividades essenciais para a continuidade da

unidade; prever e elaborar atividades para o caso de maior dificuldade.

À semelhança das preocupações de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), esta

unidade didática apresenta um conjunto de atividades de ensino cujo objetivo foi

criar contextos de produção precisos, efetuar atividades ou exercícios

múltiplos e variados: é isso que permitirá aos alunos apropriarem-se das

noções, das técnicas e dos instrumentos necessários ao desenvolvimento

de suas capacidades de expressão oral e escrita, em situações de

comunicação diversas (p.97).

3 NARRATIVAS DE AVENTURA: DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS

Para melhor compreensão desta unidade didática, forneceremos algumas

informações sobre narrativas de aventura, a fim de subsidiar o desenvolvimento do

trabalho de produção escrita com os alunos.

Narrar é contar um fato real ou imaginário e isso acompanha o homem desde

sempre. As primeiras narrativas de aventura foram epopéias - poema em que se narram

ações grandiosas e heroicas (LUFT, 2000) -, que com o passar do tempo, passaram a se

chamar romances de aventura, ficando também conhecidas, no século XVII, como

romances de viagens (CORDEIRO, AZEVEDO e MATTOS, 1998). Apesar de ser um

gênero muito antigo, foi a partir do século XIX, que o romance consagrou-se, trazendo

para si o papel de refletir os dilemas, as crises e as representações da sociedade burguesa.

Segundo Leite (1994), narração e ficção nascem juntas, pois quem narra, narra o

que viu, ouviu ou imaginou. Para a autora,

(...) o início da ÉPICA, no sentido de uma narração de fatos,

presenciados ou vividos por alguém que tinha a autoridade para

narrar, alguém que vinha de outros tempos ou de outras terras,

tendo por isso, experiência a comunicar e conselhos a dar a seus

ouvintes atentos. Assim, desde sempre, entre os fatos narrados e o

público, se interpôs um narrador (p. 5).

Narrador, enredo, personagens, tempo e espaço são elementos de uma narrativa.

Entre as narrativas podemos citar novela, conto, crônica, romance. Este pode ser

classificado de acordo com sua temática, segundo Gancho (2006) “os mais conhecidos são

de amor, de aventura, de memórias, policial, histórico, ficção científica, psicológico,

pornográfico etc.” Então, percebemos que durante muito tempo a narrativa de aventura era

conhecida como romance de aventura.

As narrativas de aventuras destacam as capacidades humanas de

realização (coragem, generosidade, etc.), desvelando uma ética de

ação. O motivo que orienta as aventuras está fundamentado, na

7

maior parte das vezes, em valores ideológicos típicos da época em

questão. Foi possível constatar que esse gênero aparece como

romance de viagens durante o século XVII a fim de abrir novas

perspectivas para a ação do homem no mundo (CORDEIRO,

AZEVEDO e MATTOS, 1998, p. 4).

Para Riche (2002), na narrativa de aventura, a figura do herói aventureiro é muito

importante, bem como suas características físicas e psicológicas. Destacam-se, seu tipo,

força e habilidades físicas; a coragem, a determinação, o espírito de luta pela

sobrevivência, a persistência, os gostos e as preferências, os sonhos, os desejos que revela.

Também tem seu papel importante um ambiente hostil, em que a trama vai se desenvolver,

assim como personagens antagonistas e secundários que contracenarão com o herói. A

descrição do espaço, a apresentação dos personagens, o desenvolvimento da ação, os

obstáculos, o clímax e o desfecho vitorioso do herói, tudo deve ser pensado, articulado,

num mágico emaranhado de palavras que prenderão a atenção do leitor.

O herói é o centro de atenção do escritor, afirma Dolz (apud CORDEIRO,

AZEVEDO e MATTOS, 1998), cujo objetivo principal é colocar em evidência a diversidade

estática do mundo (países, etnias, grupos sociais, hábitos). As situações de contraste

(sucesso/insucesso, felicidade/infelicidade) são também bastante frequentes (BAKHTIN,

2003).

As narrativas de aventura propiciam através da imaginação, que os alunos

manifestem sua individualidade, o que contribui para a formação de sua personalidade.

Alguns livros, escritos para adultos, tiveram maior reconhecimento

entre crianças e adolescentes, como: Robinson Crusoé (1719) de

Daniel Defoe e As Viagens de Gulliver (1726) de Jonatahn Switf.

A primeira foi adaptada para crianças como um “manual de

conquistas pessoais” e a última, apesar da crítica social, apresenta

um teor fantástico, ao ver um homem transformado em gigante na

terra dos anões, ou ao apresentar uma sociedade perfeita em suas

leis e comportamentos, mas composta apenas por cavalos

(COSTA, 2009. p. 116).

Nas narrativas de aventura o tempo não é um fator muito importante porque o

tempo histórico está ausente (CORDEIRO, AZEVEDO e MATTOS, 1998). Segundo

Bakhtin (2003), os romances desse tipo elaboram apenas o tempo de aventura, constituído

de uma contiguidade de momentos aproximados – instantes, horas, dias -, tomados à

unidade do processo temporal. Os termos mais usuais nessas narrativas são: “no mesmo

instante”, “adiantou-se em uma hora”, “no dia seguinte”, “um segundo antes”. O que

8

importa não é o tempo histórico, mas as situações de conflito que vão sendo vencidas

pelo(s) herói(s).

Segundo Adam (1992) (apud CORDEIRO, AZEVEDO e MATTOS, 1998), é

possível organizar uma sequência narrativa – o enredo - em cinco fases, quais sejam:

"situação inicial", em que são apresentados os elementos de base

que preparam o desenrolar da trama; "fase de complicação", em

que é criada uma tensão devido à introdução de um elemento

perturbador; "fase de ações", que agrupa os acontecimentos

ocorridos na fase anterior; "fase de resolução", em que os novos

acontecimentos possibilitam a resolução parcial ou total dos

conflitos anteriores; "situação final", que introduz um novo estado

de equilíbrio (p. 14).

Para caracterizar os elementos da narrativa de aventura, o presente trabalho buscou

fundamentação em Gancho (2006) e Riche (2002):

Enredo (sequência narrativa, como anteriormente descrito)

Personagens (protagonista, antagonista, secundários; características físicas,

psicológicas, desejos, sonhos, coragem, determinação, o espírito de luta pela

sobrevivência, habilidades, etc.)

Tempo (época e duração em que se passa a história, tempo cronológico,

psicológico; marcado por ações subsequentes)

Espaço (lugar onde se passa a história, geralmente local desconhecido,

ambiente hostil, cheio de perigos)

Narrador1 (em 1ª ou 3ª pessoa)

Tamarozzi e Costa (2009, p. 124) nos dão importante contribuição ao afirmar que

“quanto mais soubermos sobre narrativas, melhor poderemos explorá-las como recurso de

aprendizagem, principalmente em se tratando da aquisição da leitura e da escrita”.

É importante explicar aos alunos que as narrativas tinham propósitos culturais e de

transmissão de valores e ideologias. Para isso, os autores se valiam da criatividade,

imaginação, inteligência para inventar uma história que prendesse a atenção, instigasse a

1 Sobre o foco narrativo / tipos de narrador, veja Leite (1994).

curiosidade em continuar lendo/ouvindo o enredo, utilizando recursos linguísticos

apropriados para cada situação.

Apresentamos até aqui um pouco do percurso histórico das narrativas de aventura,

bem como o pensamento de alguns teóricos sobre as práticas de leitura e escrita. A

próxima seção deste material didático será a proposta de seu desenvolvimento em sala de

aula.

4 UNIDADE DIDÁTICA: GÊNERO DISCURSIVO “NARRATIVA DE

AVENTURA”

Professor(a),

A proposta é que os alunos sejam autores de narrativas de aventura, a partir das que

já conhecem e de outras que conhecerão, por meio da prática permanente de leituras

desenvolvidas durante a unidade didática, criando personagens protagonistas, antagonistas,

secundários, o narrador, o ambiente característico da narrativa de aventura, um enredo que

prenda a atenção e o fôlego de seus leitores. Estes leitores poderão ser seus colegas e a

comunidade, por meio da produção de seu livro, o qual será divulgado em exposição na

escola ou em outro local público (exemplo: uma agência bancária).

Para que os alunos sintam-se autores, é interessante que incorporem o

comportamento de um autor, que tenham, por exemplo, sua caderneta pessoal para

anotações (possíveis ideias de personagens, lugares, fatos), pois a inspiração pode estar no

trecho de um filme que acabaram de assistir ou em um texto que acabaram de ler ou

naquela história que acabaram de ouvir alguém contar. Enfim, é preciso que os alunos

estejam atentos às possibilidades de criação que estão a todo o momento a sua volta.

Verifique a possibilidade de a escola adquirir tais cadernetas. Podem ser utilizados

cadernos pequenos cortados ao meio, por exemplo. A capa e as marcas pessoais ficam por

conta do aluno. É importante que o aluno receba sua caderneta do professor. Isso fará com

que dê mais valor a ela.

Estimamos que para o desenvolvimento desta unidade didática sejam utilizadas 21

aulas, preferencialmente, geminadas.

4.1 Diagnóstico inicial

Professor(a),

O diagnóstico inicial permite que se perceba o conhecimento que os educandos já

têm sobre o gênero “narrativa de aventura” e possibilita melhor direcionamento do

trabalho.

Para começar, pergunte aos alunos se conhecem fatos reais, veiculados em notícias

de jornais ou que foram motivo de comentários na comunidade onde vivem, de alguém

considerado herói. Promover questionamentos se os alunos concordam se o fato envolveu

um herói e qual foi o motivo para que esse alguém tenha sido considerado assim. É

possível identificarmos algumas características desse „herói‟?

Após esta conversa, desenvolva uma reflexão acerca de títulos possíveis para

narrativas de aventura. Este é um importante momento para discussão e compreensão

inicial do gênero em estudo.

O procedimento a seguir é uma adaptação ao proposto por Barbosa (2001) e

Sponchiado e Kolln (AMOP, 2009).

Apresente uma lista de obras aos alunos para que observem as que já leram ou

ouviram falar e quais eles classificariam como narrativas de aventura.

Peça aos alunos que escolham alguns títulos (máximo 3) e justifiquem, por escrito,

por que consideram tal obra uma narrativa de aventura ou não. Os alunos devem comparar

suas respostas com a de alguns colegas. Recolha-as, pois isso será útil para observar, no

decorrer do trabalho, se houve avanço na compreensão do gênero.

11

Títulos2

2 Veja as referências destas obras no final desta unidade didática.

12

13

NARRATIVA DE

AVENTURA

OUTRAS OBRAS DÚVIDAS

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JUSTIFICATIVA:

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JUSTIFICATIVA:

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JUSTIFICATIVA:

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Barbosa (2001) faz reflexões sobre a importância da exploração do título. Apesar

de suas reflexões serem referentes às narrativas de enigma, elas são pertinentes ao trabalho

com a narrativa de aventura:

[...] muitos títulos das narrativas de enigma provocam a

curiosidade do leitor, que, a partir dele, fica com vontade de ler o

livro. Por essa razão, o título é muito importante, pois ele “chama”

o leitor para “entrar” na história. Se, em qualquer gênero, o título é

importante para instigar o leitor, no caso da narrativa de enigma ele

é ainda mais importante, pois já vai revelando partes do enigma e

convida o leitor a tentar desvendá-lo (p. 108).

A autora revela que há diferentes tipos de títulos. Dentre eles, os que revelam o

lugar onde se passa a história; o perigo que as personagens vão enfrentar; as personagens

ou objeto que farão parte da história. É importante lembrar que muitos leitores escolhem o

texto a ser lido pelo título.

4.2 Produção inicial

Após alguns apontamentos sobre o gênero “narrativa de aventura”, proponha aos

alunos sua produção inicial. Este é um momento importante em que farão a primeira

tentativa de sua produção textual, a qual, em momento oportuno, será retomada para

autocorreção e análise do entendimento sobre o gênero estudado, proporcionando a

reescrita. Portanto, professor(a), recolha a produção inicial dos alunos.

5 ESTÍMULO À LEITURA E COMPREENSÃO DO GÊNERO

Professor(a),

Para a continuidade das atividades, você pode se valer das informações sobre o

histórico da narrativa de aventura e elementos da narrativa, apresentados anteriormente,

nesta unidade didática. Peça aos alunos para trazerem a caderneta pessoal.

As atividades a seguir são adaptações de propostas de Barbosa (2001) e de

Lotermann (2010).

1. Você já assistiu a algum filme que pertence ao gênero narrativa de aventura?

Por que o considera assim?

2. Que palavras, na sua opinião, combinam com narrativa de aventura? Pinte-as.

príncipe perdido herói ilha

álibi detetive bruxa coragem

vítima perdão medo suspense

luta sobrevivência viagem desconhecido

traição feras fantasma casamento

perigo humilhação piratas força

15

Professor(a),

Este é um momento oportuno para conversar com seus alunos sobre

características/tipos de personagens presentes em gêneros diferentes. Você pode, por

exemplo, perguntar a eles que tipos de personagens predominam nos contos de fada

(príncipe, bruxa, princesa); nas fábulas (animais); nas narrativas de enigma (detetive,

vítima, assassino/ladrão); nas narrativas de aventura (herói, vilão). Também podem discutir

sobre as diferentes motivações que cada protagonista tem/recebe para dar continuidade à

história e o que ou quem ele tem que enfrentar para superar os conflitos. É importante dizer

que, em muitos casos, o espaço (ambiente) é o maior desafio do herói aventureiro, como

enfrentar uma tempestade em alto mar.

3. Como você definiria uma narrativa de aventura?

4. Entregar, aleatoriamente, a cada aluno (ou duplas) um livro, antecipadamente

selecionado por você, professor, na biblioteca da escola. Dê preferência aos

livros de narrativa de aventura. Peça aos alunos que registrem as respostas que

deverão ser recolhidas para acompanhamento do processo de apropriação das

características da narrativa de aventura.

a) Lendo apenas o título, o que ele sugere?

b) Leia a 4ª capa e veja se confirma o que pensou do título.

c) Após ler a 4ª capa, o que espera da história? Como são as personagens? Pense

num personagem: como ele é? Que roupas ele veste? Esse personagem tem

algum medo ou sonho? Atenção. Registre esta resposta em sua caderneta.

d) Como é o lugar onde se passa a história? Como você caracteriza esse lugar?

Atenção. Registre esta resposta em sua caderneta.

e) Na sua opinião, essa história se passa atualmente?

f) Leia somente as 5 (cinco) primeiras páginas do livro que recebeu. Daquilo que

imaginou, compare o que se confirmou.

g) Após a leitura das 5 primeiras páginas, invente um final para a história.

h) Socialize suas respostas aos demais colegas.

6 ATIVIDADE DE LEITURA

Esta atividade de leitura deverá ser proposta à turma e orientada sempre que

necessário. O acompanhamento do professor é fundamental para que os objetivos da

pesquisa sejam atingidos. Para a realização da mesma, combinar um prazo de quinze dias

para sua conclusão e entrega ao professor. Trata-se de atividade que será realizada

concomitantemente às demais, conforme orientações a seguir.

Em grupos, sugerir que procurem na biblioteca da escola ou na biblioteca pública,

livros de narrativa de aventura e copiem o título, nome do autor e leiam a obra. Além disso,

devem explicar por que é considerada uma narrativa de aventura, quais os elementos que

identificaram.

Professor(a),

A fim de melhor orientar o trabalho de leitura, discuta com os alunos, que

perguntas nos levam a entender que é uma narrativa de aventura. Se necessário,

rever as cinco fases de uma sequência narrativa, apresentadas anteriormente, nesta

unidade didática.

Há personagem principal (protagonista)?

Essa personagem possui características marcantes (tipo físico, coragem...)?

Ela enfrenta algum tipo de desafio? Há alguém que provoca isso?

A personagem conhece bem o local onde se passa a história?

Existe uma situação de perigo intenso? Como a personagem reage? Ela conta

com a ajuda de alguém?

Há momentos em que tudo parece perdido, sem saída?

Como costuma ser o final da narrativa de aventura?

7 SELEÇÃO DE UMA AMOSTRA DO GÊNERO

Professor(a),

Chegou o momento em que todos os alunos da classe lerão a mesma narrativa de

aventura que será analisada coletivamente. Escolhemos para esta atividade As aventuras

de Robinson Crusoé, de Daniel DEFOE, adaptado do original por Pedro Gonzaga com a

supervisão de Luís Augusto Fischer; ilustrações de Gilmar Fraga, editada em 2009 pela

L&PM.

A seguir, apresentaremos um breve histórico do autor e da obra3. Mostre o livro aos

alunos. Se possível, mostre diferentes adaptações da mesma obra, inclusive o original. É

interessante que possam visualizá-los e tocá-los.

Daniel Defoe (1659 – 1731), filho de burgueses de origem holandesa, nasceu em

Londres. Sua família sofria discriminações sociais que só terminaram quando assumiu o

trono o novo rei, de origem holandesa e protestante, Guilherme de Orange. Mesmo assim,

aos 42 anos, Defoe não parara de distribuir seus panfletos clandestinos criticando o regime

e acabou sendo preso. Ao ser libertado, fundou o jornal The Review, em Londres, a capital

da Inglaterra, onde sempre morou. Casou e teve seis filhos. Tornou-se escritor profissional,

trabalhando como jornalista. Aos 50 anos, resolveu dedicar-se mais à literatura. Defoe foi

um dos primeiros a escrever romances, embora tenha escrito outras obras.

A Vida e as Estranhas Aventuras de Robinson Crusoé é o mais célebre romance de

Daniel Defoe, escrito em 1719. O título original, como era o costume da época, era bem

comprido: A vida e as estranhas e surpreendentes aventuras de Robinson Crusoé, de York,

marinheiro, que viveu vinte e oito anos completamente só em uma ilha desabitada na costa

da América...

Seu autor inspirou-se na história verídica de um marinheiro escocês, Alexander

Selkirk, abandonado, a seu pedido, numa ilha do arquipélago Juan Fernández, onde viveu

só de 1704 a 1709. Robinson Crusoe herda desta história o mito da solidão, pois, após um

naufrágio, vive sozinho durante vinte e oito anos. Só então, encontra a personagem Sexta-

Feira. O romance simboliza a luta do homem só contra a natureza.

Robinson Crusoé é uma das primeiras obras a serem consideradas “realistas”. Antes

era mais frequente a narração de história amorosa e sentimental dos homens, mas não a sua

3 As informações desta biografia foram adaptadas de http://pt.wikipedia.org/wiki/Robinson_Crusoe.

18

vida prática. Por isso, esta obra é considerada inovadora. Nela, a realidade é apresentada de

forma natural, sem fantasia. Robinson Crusoé é um ingênuo que não se deixa enganar, é

esperto e confia na força do homem e na sua capacidade de vencer.

Também não se pode deixar de mencionar (e mostrar no mapa mundi) que era ainda

um período de grandes navegações comerciais (inclusive de escravos) e que as tecnologias

eram bem diferentes das existentes em nossos dias.

Professor(a),

Agora que os alunos já viram e ouviram um pouco sobre a obra de Daniel Defoe,

inicie a leitura do livro. É importante e necessário para motivação dos alunos em quererem

ler toda a obra, que o professor inicie a leitura do primeiro capítulo ou dos primeiros

capítulos, em voz alta. Como foi selecionada uma adaptação de apenas 52 páginas, a

leitura da obra inteira pode ser realizada em sala de aula, sendo destinadas algumas aulas

para isso, bem como podem ser divididas as leituras de alguns capítulos por aula. Neste

caso, cuidar para que não sejam aulas geminadas. Por exemplo, se forem necessárias três

aulas para concluírem a leitura da obra, que estas sejam divididas em três dias. O objetivo é

garantir que todos leiam a mesma narrativa de aventura para que seja possível a

compreensão do gênero.

Para o aprofundamento do estudo dos elementos da narrativa de aventura, as

próximas atividades exploratórias são importantes recursos, porque criarão expectativas

dos alunos e reflexões sobre as características desse gênero discursivo.

1) Quais os momentos de maiores dificuldades vividos por Robinson Crusoé?

2) Você considera que nos dias de hoje, com a tecnologia disponível, seja possível

acontecer de alguém ir parar numa ilha deserta?

3) O que poderia provocar essa situação (como você imagina que isso aconteceria)?

4) Como Robinson Crusoé marcava a passagem do tempo na ilha?

5) Qual a predominância temporal dos verbos na narrativa lida? Justifique.

( ) presente ( ) pretérito/passado ( ) futuro

6) Por que Crusoé conseguiu sobreviver sozinho, durante 28 anos, na ilha? Que

características ele possui que o ajudaram? Anote em sua caderneta.

7) Nos dias de hoje, quanto tempo e como a pessoa sobreviveria sem socorro?

8) Como já vimos, essa obra é realista. Será que Robinson perdeu a esperança de ser

encontrado? Será que as aventuras, medos e emoções por que ele passou permitem

que sejam consideradas realistas?

9) E se acontecesse com você? Imagine-se sozinho(a) numa ilha deserta e

desconhecida, o que faria? Como seria seu resgate?

A história, ainda que resumida (adaptação) de Robinson Crusoé, neste momento já

é conhecida por todos os alunos da classe. Assim, apresente a eles os textos 1 e 2, retirados

de duas adaptações diferentes de Robinson Crusoé.

8 ROBINSON CRUSOÉ – VERSÃO 1

20

Escravo dos mouros

A ideia de voltar a Iorque foi rapidamente afastada. Que diriam de mim os

conhecidos? Não aguentaria ser o alvo dos risos, ainda que disfarçados, dos vizinhos.

Podia ver os rostos espiando por trás das janelas à minha passagem, os dedos apontando:

“Não foi aquele ali que quis conhecer o mundo e voltou correndo ao primeiro sinal de

perigo?”

Resolvi viajar até Londres por terra.

O diabo, quando quer aprontar alguma das suas, sabe como jogar a isca. Em

Londres, tornei-me amigo de um capitão que viajava regularmente para a Guiné, nas

costas da África. Convidou-me para ir com ele. Não precisava pagar nada pela viagem,

bastava-lhe minha companhia para ter com quem conversar, repartir a solidão, sentar-se

à mesa. Aconselhou-me ainda a levar alguma mercadoria para trocar com os nativos,

talvez até tivesse bom lucro.

Consegui quarenta libras emprestadas de amigos com quem me correspondia.

Hoje, acredito que esse dinheiro me tenha sido enviado, indiretamente, por meu pai ou

talvez por minha mãe.

Essa viagem fez de mim um mercador e um marinheiro: meu prazer de aprender

era tão grande quanto o do capitão em me ensinar. As quarenta libras emprestadas,

convertidas em mercadorias, transformaram-se em quase três quilos de ouro em pó que,

na volta a Londres, me renderam mais de trezentas libras. Meu destino estava traçado: eu

era um comerciante bem-sucedido.

Tornei a embarcar no mesmo navio, desta vez sob o comando do antigo imediato.

Meu amigo capitão havia morrido. Levava comigo cem libras em mercadorias para troca;

as outras duzentas haviam ficado sob a guarda da viúva do capitão, que se tornara uma

boa amiga minha.

Difícil imaginar viagem mais infeliz. Ainda perto das ilhas Canárias, fomos

surpreendidos e perseguidos por um pirata árabe que vivia em Salé, no Marrocos. Todas

as velas desfraldadas, as vergas dos mastros arcadas e rangendo, buscamos ganhar

dianteira. Inútil, o barco pirata aproximava-se lenta mas inexoravelmente. A abordagem

inevitável era apenas uma questão de tempo. Respondendo ao tiroteio com nossos

21

canhões, conseguimos conter e escapar do primeiro ataque. Na segunda tentativa de

abordagem, sessenta dos seus duzentos homens tomaram de assalto nosso convés. Com

três mortos e oito feridos, rendemo-nos logo.

Antes mesmo de desembarcar em Salé, já conhecíamos nosso destino. Meus

companheiros foram levados para o interior, para trabalhar na agricultura. Eu, de

mercador, transformei-me em escravo particular do capitão pirata.

E assim vivi, se é que se pode chamar isto de vida, por dois anos.

(DEFOE, Daniel. Robinson Crusoé: a conquista do mundo numa ilha.

Adaptação em português de Werner Zotz. São Paulo: Scipione, 1997.)

8.1 Refletindo sobre a versão lida

1) Você já leu o livro. Então, explique o que aconteceu antes dos fatos acima narrados.

2) Narrador é quem conta a história. Quem está narrando o texto? Justifique sua

resposta com um trecho do texto.

3) Retire do texto nomes de lugares que são citados pelo narrador. Localize-os no

mapa mundi.

4) Como se chama a cidade onde ele crescera? Que palavras do texto revelam isso?

5) No primeiro parágrafo, os verbos “diriam”, “aguentaria”, “podia” indicam:

a) Ações que aconteceram e o personagem estava recordando.

b) Ações que acontecerão com toda a certeza na história.

c) Ações que ele estava imaginando que poderiam acontecer, caso ele voltasse para

casa (na cidade de Iorque).

6) Ainda no primeiro parágrafo, podemos observar que o autor utilizou-se das aspas

para mostrar a fala de alguém. Qual outra forma possível para indicarmos a fala de

um personagem?

a) Usar parágrafo e travessão

b) Usar somente letras maiúsculas para destacar

c) Apenas fazer novo parágrafo

7) É possível entender qual era o sonho do personagem principal? Por que teria sido

interrompido?

22

8) Você tem um sonho parecido? Qual? Não se esqueça de anotar na sua caderneta

pessoal.

9) Nesse capítulo, o personagem passa por diferentes tipos de trabalho. Identifique-os.

10) “Difícil imaginar viagem mais infeliz”. Explique, com suas palavras, o que esta

frase anuncia que aconteceu.

11) Identifique no texto:

Narrador

Personagem principal (protagonista)

Personagens secundárias

Personagem antagonista

Espaço

Tempo

Enredo (resumido)

12) Assinale quais características são possíveis de serem percebidas no protagonista?

( ) medroso ( ) corajoso ( ) aventureiro

( ) sonhador ( ) preguiçoso ( ) fraco

( ) inteligente ( ) jovem ( ) romântico

13) Quais características você daria ao capitão pirata?

14) Faça um desenho que represente a cena do ataque do navio pirata ao navio de

Robinson Crusoé.

15) Qual era o objetivo do protagonista? Ele conseguiu?

16) Qual era o objetivo do antagonista? Ele conseguiu?

17) E no seu sonho, quem seria o protagonista? E o antagonista? Caracterize-os. (Anote

em sua caderneta).

18) O que é uma aventura? O que é preciso para que uma história seja considerada uma

narrativa de aventura? Faça esses registros em sua caderneta.

19) No trecho: “Inútil, o barco pirata aproximava-se lenta mas inexoravelmente”.

a) Assinale a alternativa que contém o significado da palavra „inexoravelmente‟:

( ) Repentinamente, de repente

( ) Que não se deixa aplacar, que não perdoa

23

( ) Rapidamente

b) Na passagem “(...) lenta mas inexoravelmente”, por que o autor empregou a

conjunção mas? Pode-se dizer que esse seria o trecho chamado clímax? Por

quê?

20) Observe, no texto, as palavras: inútil, indiretamente, inevitável, infeliz. Explique a

que cada uma delas se refere (no texto). Qual a importância dessas palavras no

texto?

21) “E assim vivi, se é que se pode chamar isto de vida, por dois anos.” Escreva ou

desenhe as cenas que indicam a linha temporal do texto:

a) No começo do texto, onde está

o personagem?

b) O que ele decide fazer? c) O que aconteceu com as 40

libras que conseguira?

d) O que acontecera perto das

Ilhas Canárias?

e) E após a segunda tentativa de

abordagem?

f) Como termina esse capítulo?

9 ROBINSON CRUSOÉ – VERSÃO 2

(...)

Eu também pensava que, se eu voltasse para casa, todos os meus vizinhos iam rir

de mim. Meus pais, mesmo que ficassem felizes com o meu retorno, iam morrer de

vergonha. Então, quando cheguei em terra, logo embarquei em outro navio, que ia para a

África. Era o início da minha segunda viagem.

A BORDO DE UM NOVO BARCO

Logo que eu embarquei, fiquei muito amigo do capitão do barco. Ele era um

sujeito muito honesto e sincero. Nessa viagem para a África, consegui ganhar um bom

dinheiro. Pensei que minha sorte estava mudando, mas era pura ilusão. Quando voltamos

para terra firme, esse meu novo amigo morreu. Senti muito a morte dele, porque ele era

uma das melhores pessoas que eu conhecia.

O sujeito que era ajudante do meu amigo ficou sendo o comandante. Como a

primeira viagem tinha sido um sucesso, eu resolvi ficar no mesmo barco e continuar na

mesma rota. Mas essa segunda viagem foi horrível, e nós sofremos uma grande

infelicidade. Durante o trajeto, fomos perseguidos por terríveis piratas. Eles nos atacaram

25

com grande fúria. Três de nossos homens foram mortos, e oito ficaram feridos. Acabamos

perdendo o barco, e os piratas prenderam todo mundo. Por fim, nós todos fomos levados

até uma ilha perto da África, e ali eu virei escravo. Não fui maltratado, mas perdi a

liberdade. Meu amo passou a ser o capitão do navio pirata.

(DEFOE, Daniel. As aventura de Robinson Crusoé. Adaptado do original por Pedro Gonzaga com a

supervisão de Luís Augusto Fischer; ilustrações de Gilmar Fraga. Porto Alegre: L&PM, 2009.)

9.1 Refletindo sobre as versões lidas

Professor(a),

Peça aos alunos que, em duplas, comparem os dois capítulos, registrando as

diferenças e semelhanças entre eles. Depois, socializem com os demais colegas.

Diferenças Semelhanças

__________________________________

__________________________________

__________________________________

__________________________________

__________________________________

__________________________________

_________________________________

_________________________________

_________________________________

_________________________________

_________________________________

_________________________________

10 REESCRITA DO TEXTO

Professor(a),

Entregue a seus alunos sua primeira produção de narrativa de aventura, realizada

logo no início desta unidade didática. Em duplas, peça-lhes que releiam seu texto, façam a

análise por meio dos critérios apresentados, assinalando se o texto contempla ou não os

elementos da narrativa de aventura. A partir da análise realizada, proponha que a dupla

reescreva o texto inicial. A tabela a seguir é uma adaptação ao proposto por Baccin

(2008).

Sim Não

Coloquei título?

Narrador (1ª ou 3ª pessoa)?

Personagens

Protagonista(s)?

Antagonista(s)?

Secundário(s)?

Caracterizei as personagens?

Protagonista tinha objetivos?

Antagonista tinha objetivos?

Predomínio

de seqüências

narrativas

Início

Complicação

Ações

Resoluções

Situação de equilíbrio

(final)

Marcadores temporais (data, expressões de

tempo)?

Espaço (lugar perigoso, desconhecido)?

Fiz parágrafos?

Utilizei parágrafo e travessão para marcar a

fala dos personagens?

Utilizei pontuação adequada?

11 SUGESTÃO DE FILME

Professor(a),

Sugerimos o filme “Coração de tinta”. Além de ser um bom filme e ser uma

importante fonte de análise dos elementos da narrativa de aventura, nele são enfatizados,

entre outros, o papel do autor como criador de personagens, sempre com sua caderneta

pessoal para anotações de inspirações para novas personagens/histórias; a importância do

leitor; a capacidade de criação, fantasia e imaginação.

Título original: Inkheart

Gênero: aventura

Ano de Lançamento: 2008

Duração: 1 hora e 46 minutos

Diretor: Iain Softley

Distribuidora: Warner Bros. Pictures / PlayArte

Site oficial: http://www.coracaodetinta.com.br/

Desde pequena Meggie teve o hábito de leitura estimulado pelo pai. Os dois são

considerados “língua encantada” porque têm o poder de trazer à vida personagens dos

livros que leem em voz alta, mas quando isso acontece uma pessoa real é inserida nos

livros.

Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/coracao-de-tinta

12 NOVA PRODUÇÃO

Feito o estudo do gênero e após revisão e análise por meio dos critérios

apresentados, os alunos serão motivados a produzirem novamente uma narrativa de

aventura. Poderão utilizar dados da produção inicial e consultar sua caderneta pessoal, na

qual registraram ideias de personagem, lugar, obstáculos, desafios, etc.

Oriente-os a contemplarem os elementos da narrativa de aventura já citados neste

material didático: criação dos personagens (antagonistas, protagonistas, secundários);

situação inicial – complicação – tensão – ações - fase de resolução (acontecimentos que

encaminham para a resolução dos conflitos anteriores) - situação final (novo estado de

28

equilíbrio). A produção deverá conter ilustrações de algumas cenas, de acordo com a

prioridade do autor.

Lembre os educandos que a fase inicial de sua narrativa de aventura deverá ser a de

apresentação do protagonista, seguida de uma motivação para que este vá até o lugar onde

se passará a história (desconhecido, com perigos e obstáculos). Não podem esquecer que

deverão criar a personagem antagonista para desafiar o protagonista. Também, após os

desafios, devem apresentar tentativas de resolução dos problemas e inventar um final

interessante para seu texto.

Quadro de autoavaliação

Sim Não

Coloquei título?

Narrador (1ª ou 3ª pessoa)?

Personagens

Protagonista(s)?

Antagonista(s)?

Secundário(s)?

Caracterizei as personagens?

Protagonista tinha objetivos?

Antagonista tinha objetivos?

Predomínio

de seqüências

narrativas

Início

Complicação

Ações

Resoluções

Situação de equilíbrio

(final)

Marcadores temporais (data, expressões de

tempo)?

Espaço (lugar perigoso, desconhecido)?

Fiz parágrafos?

Utilizei parágrafo e travessão para marcar a

fala dos personagens?

Utilizei pontuação adequada?

Professor(a),

Após a revisão do texto feita pelos alunos, estes devem reescrevê-lo. Recolha o

texto anterior, a tabela utilizada para autoavaliação e o texto reescrito para que você possa

verificar se ainda há problemas. Caso seja necessário, os alunos reescreverão uma vez mais

seus textos. Eles são os autores. Explique aos alunos que seus textos serão apresentados em

formato livro e lidos por toda a comunidade escolar. Peça-lhes que ilustrem seu livro.

13 PROPOSTA DE CRONOGRAMA

Atividades Tempo Mês

Apresentação da proposta

desta Unidade Didática

aos alunos

Entrega da caderneta

Diagnóstico inicial

2h/a

Agosto

Produção inicial

Estímulo à leitura e

compreensão do gênero

2h/a

Setembro

Atividade de leitura

Seleção de uma amostra

do gênero

2h/a

Setembro

Início da leitura de

Robinson Crusoé (livro)

1h/a

Setembro

Leitura (livro) 1h/a Setembro

Leitura (livro) 1h/a Setembro

Atividades para

compreensão da obra e do

gênero

Verificar a pesquisa

2h/a

Outubro

Robinson Crusoé – Versão

1

Atividades: compreensão/

elementos da narrativa

2h/a

Outubro

Atividades: identificação

da linha temporal da

narrativa

2h/a

Outubro

Robinson Crusoé – Versão

2

Estabelecer diferenças e

semelhanças entre os

textos 1 e 2

2h/a

Outubro

Reescrita da produção

inicial e produção de uma

nova narrativa de aventura

2h/a

Novembro

Autoavaliação

Correção do texto pelo(a)

professor(a)

Reescrita e ilustração do

texto final para coletânea

2h/a

Novembro

14 PALAVRAS FINAIS

Professor(a),

Leia de forma reflexiva a unidade didática proposta, lembrando que pode fazer

adaptações, acréscimos, modificações em decorrência de sua experiência como

professor(a) e da realidade de sua turma.

Esperamos que esta unidade didática possa servir de base e estímulo para

elaboração de outras.

Desejamos, acima de tudo, a você, professor(a), um bom trabalho!

REFERÊNCIAS

BACCIN, Édena Joselita. Modelo didático de gênero e sequência didática: gênero

textual autobiografia. Proposta de material didático, PDE – Língua Portuguesa. Disponível

em http: // www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2000-6. Acessado em 15

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Yara Fraterschi Vieira. 9. ed. São Paulo: Hucitec, 1999.

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Adriana S. Isensee. Cloranto Editora.

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Lúcia Prado. Conhecimento – A Dinâmica de produção do conhecimento: processos de

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Genève, Suisse; Colégio Arquidiocesano de São Paulo. Brasil, 1998. Disponível em:

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COSTA, Marta Morais da. Literatura Infanto-juvenil. 2 ed. Curitiba: IESDE Brasil S.A.,

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DEFOE, Daniel. As aventuras de Robinson Crusoé. Adaptado do original por Pedro

Gonzaga com a supervisão de Luís Augusto Fischer; ilustrações de Gilmar Fraga. Porto

Alegre: L&PM, 2009.

______. Robinson Crusoé: a conquista do mundo numa ilha. Adaptação em português de

Werner Zotz. São Paulo: Scipione, 1997.

DOLZ, Joaquim.; NOVERRAZ, Michèle.; SCHNEUWLY, Bernard. Seqüências

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LUFT, Celso Pedro. Minidicionário Luft. Colaboradores: Francisco de Assis Barbosa,

Manuel da Cunha Pereira; Organização e supervisão Lya Luft. 1 ed. 5ª impressão. São

Paulo: Ática, 2000.

GALLAND, Antoine. Ali Babá e os quarenta ladrões. Adaptação de Luc Lefort;

ilustrações de Emre Orhun; tradução: Ruth Salles. 1 ed. São Paulo: Ática. 2002

GERALDI, J. W. (org.). O texto na sala de aula: leitura & produção. 4. ed. São Paulo:

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La Fontaine, Jean de. Fábulas de Esopo. Adaptação de Lúcia Tulchinski; ilustrações de

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