da escola pÚblica paranaense 2009 · palestra por um profissional da sanepar (companhia paranaense...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
1
"Artigo Final / PDE - 2009"
A REUTILIZAÇÃO E O USO RACIONAL DA ÁGUA NAS EDIFICAÇÕES DOMÉSTICAS COMO POLÍTICA DE CONSUMO SUSTENTÁVEL E DE
ECONOMIA ORÇAMENTÁRIA
Autora: Marice Piffer Martins1
Orientadora: Vanda Moreira Martins2
[email protected] Resumo: Este artigo apresenta os resultados alcançados na implementação do projeto “A reutilização e o uso racional da água nas edificações domésticas como política de consumo sustentável e de economia orçamentária” desenvolvido para o Programa de desenvolvimento Educacional (PDE/2009) do estado do Paraná e aplicado junto aos alunos do 3º ano do ensino médio do Colégio Estadual Lourenço Filho em Serra dos Dourados, município de Umuarama- PR. Essa produção didática OAC (Objeto de Aprendizagem Colaborativa) foi produzida para dar apoio aos professores que têm interesse em inovar sua prática pedagógica. Em princípio o projeto foi apresentado aos professores, direção e funcionários do colégio e, posteriormente, aos alunos da série em que foi implementado. Nesse momento foi entregue um questionário para averiguar se havia um comprometimento dos alunos e seus familiares com as questões ambientais referentes à água. O questionário foi reaplicado no final do projeto para avaliar a ocorrência de mudanças nos hábitos ambientais, propostas durante o processo de implementação do projeto. Para a
1 Professora PDE/ 2009 - Área: Geografia – Núcleo Regional de Educação: Toledo.
2 Professora Doutora - Orientadora PDE - UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paraná –
Campus de Marechal Cândido Rondon.
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averiguação e comparação do consumo de água mensal foram solicitados, aos alunos, os comprovantes de consumo de água. Na sequência foi ministrada uma palestra por um profissional da Sanepar (Companhia Paranaense de Saneamento), enfatizando a necessidade de mudanças no tratamento aos recursos naturais, com prioridade para a água. Em seguida foram visitadas duas residências com instalação de equipamentos de captação de água da chuva para diversos fins. O trabalho foi encerrado com um seminário apresentado, pelos alunos, aos demais colegas do ensino médio do período vespertino daquele colégio e à comunidade escolar. Os resultados dos questionários, a comparação entre os comprovantes de consumo de água durante três meses, o bom desempenho e a qualidade do seminário realizado pelos alunos e os relatos feitos por eles permitiram concluir que novos hábitos ambientais foram adquiridos, confirmando, assim, que investir na educação ambiental é recompensador. Palavras-chave: Escassez de água; Reuso; Desperdício; Educação Ambiental.
1 Introdução
“Há água no mundo para todas as necessidades da humanidade, mas não o suficiente para satisfazer a ganância de uns poucos.” MAHATMA GANDHI (1860-1948)
A água é um dos recursos naturais fundamentais para a sobrevivência das
espécies humana, animal e vegetal da Terra.
Sabe-se que dois terços da Terra são cobertos pelas águas, no entanto,
somente 2,5% correspondem à água doce e sua distribuição não ocorre de forma
homogênea. Algumas áreas são privilegiadas, a exemplo o Brasil. Nosso país
detém 11,6% da água doce superficial do mundo, mas aproximadamente 70% da
água disponível para uso estão concentradas na região amazônica. Os 30%
restantes distribuem-se desigualmente pelo país para atender 93% da população.
(DNAEE, 1992).
A crescente demanda pela água doce tem provocado seu esgotamento em
diversas partes do mundo, sobretudo em regiões com grandes concentrações
populacionais. A crise mundial desse recurso é uma realidade que impõe à
humanidade o grande desafio de encontrar formas alternativas para o consumo de
água potável pensando na sobrevivência da atual e das futuras gerações (VIANNA,
2005).
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A solução para o problema está na gestão desse recurso que se inicia pela
racionalização do consumo, acrescida do estabelecimento de estratégias de reuso.
Ademais, faz-se necessário a adoção de uma educação ambiental, em nível global e
local, enfatizando a conscientização e a importância do consumo sustentável
(VIANNA, 2005).
Nesse sentido, o projeto de intervenção pedagógica elaborado para o
Programa de Desenvolvimento Educacional-PDE 2009 teve por finalidade a reflexão
sobre o mau uso e a degradação dos recursos hídricos, tendo em vista o
desperdício e a falta de consciência ecológica que permeia os diversos segmentos
da sociedade, comprometendo o futuro dos seres vivos e do planeta.
Desta forma, foi lançado o desafio de mudanças nos hábitos domésticos
referente ao consumo de água, propondo o aproveitamento e a utilização da água
da chuva, bem como o reuso da água da máquina de lavar roupas (http://reuso-da-
agua.blogspot.com) para fins diversos e também como forma de economia
orçamentária.
O trabalho foi desenvolvido com alunos do 3º ano do ensino médio, através
de aulas expositivas, ciclo de palestras, recursos audiovisuais, confecção de
material para captação de água, questionário referente aos hábitos domésticos em
relação à preservação e conservação do meio ambiente e, por fim, um seminário
apresentado pelos alunos com os resultados do trabalho realizado.
2 Água potável: disponibilidade e uso
Quando falamos que o planeta Terra é composto de 70% de água e o
restante pelos continentes, o discurso sobre a escassez de água potável soa como
um mito, um engodo. O que precisa ficar claro é que do total de água disponível no
planeta, 97,5% é água salgada e os 2,5% restantes (água doce) são distribuídos de
forma irregular pelo espaço terrestre (VIANNA, 2005).
Verifica-se que 97,5% do volume total da água da Terra são de água
salgada, formando os oceanos, e somente 2,5% são de água doce. Ressalta-se que
a maior parte dessa água doce (68,7%) está armazenada nas calotas polares e nas
geleiras. A forma de armazenamento em que os recursos hídricos estão mais
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acessíveis ao uso humano e dos ecossistemas é a água doce contida em lagos e
rios, o que corresponde a apenas 0,27% do volume de água doce da Terra e cerca
de 0,007% do volume total de água (SETTI, 2001, p. 63).”
De acordo com MANCUSO (2003), “a disponibilidade de água doce na Terra
excede, em muito, a demanda humana”. Grandes populações vivem em áreas que
recebem abundantes precipitações pluviométricas, no entanto, grande parte dessa
água se apresenta imprópria para o consumo devido à degradação ambiental e o
mau uso que comprometem a qualidade desse produto. Outras vivem em regiões
semi-áridas ou mesmo áridas onde a água é escassa, penalizando os que ali vivem.
Cabe salientar que o Brasil é o país que possui a maior disponibilidade
hídrica do planeta, em torno de 12% do deflúvio médio mundial. No entanto, mesmo
com grande disponibilidade de recursos hídricos, o país sofre com a escassez de
água potável em alguns lugares devido à distribuição irregular, somado ao
desperdício e a contaminação dos recursos hídricos.
Segundo a ANA-Agência Nacional de Águas (2003) - criada em 1997 com a
Lei nº. 9.433, para a implementação de uma política nacional voltada ao
gerenciamento dos recursos hídricos - no Brasil, vivemos o paradoxo de ter, de um
lado, a exuberante disponibilidade hídrica na Amazônia e, de outro lado, áreas
críticas de indisponibilidade.
Até a década de 1980 não havia, no Brasil, a preocupação com a questão da
água. Esta era um bem “inesgotável”, contudo a escassez em algumas regiões e a
poluição dos recursos hídricos, associados a uma forte demanda nas áreas urbanas,
passaram a preocupar a sociedade e a legislação passou a dar maior importância à
questão do uso da água. Em janeiro de 1997 foi sancionada a Lei Federal n.º
9.433/97, conhecida por Lei das Águas, que cria a Política Nacional de Recursos
Hídricos e institui o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (LEI
9433/97). O Art. I da Lei baseia-se nos seguintes fundamentos:
I – a água é um bem de domínio público;
II – a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
III – em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é para
o consumo humano e para dessedentar animais;
IV – a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso
múltiplo das águas;
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V – a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da
Política Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;
VI – a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a
participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.
A sociedade de consumo brasileira, marcada pelo forte desperdício e pela
ideia de que os recursos são infinitos, contribui para a saturação na exploração dos
recursos naturais, colocando o Brasil como um dos poucos países que mais
esbanjam água potável para atividades que não exigem um líquido tão puro, como a
lavagem de ruas ou de carros. No Brasil, “perde-se entre 40% e 60% da água
tratada e injetada na rede em vazamentos ou em problemas como as ligações
clandestinas e o roubo da água. Além disso, 70% da água entregue são
desperdiçadas no uso com banhos demorados, vazamentos de torneiras e
descargas" (REBOUÇAS, 1990).
O desperdício e a poluição, agregados à crescente demanda por novas
fontes hídricas, têm provocado a aceleração do esgotamento desse recurso
despertando a preocupação nacional e mundial em relação à conservação dos
recursos hídricos. Esforços estão sendo feitos por governos, ONU, ONGs etc. no
sentido de conscientizar a população de que precisamos cuidar desse recurso
natural. É certo que a forma como a maioria das pessoas, principalmente nos países
desenvolvidos, tem tratado este recurso natural, o tornou raro e caro, com
distribuição excludente.
Nesse sentido, o aproveitamento da água da chuva e o reaproveitamento da
água descartada pela máquina de lavar roupas em residências, além de ser
ecologicamente correto, pode ainda ser muito interessante economicamente.
A Declaração Universal dos Direitos da Água (1992) em seu Art. 7º diz “A
água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral,
sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se
chegue a situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas
atualmente disponíveis. O direito à água é um dos direitos fundamentais do ser
humano: o direito à vida”. Daí a necessidade de uma educação ambiental que venha
contribuir com a conscientização e a preocupação em encontrar alternativas que
venham diminuir o consumo, como por exemplo: deixar a torneira fechada ao
escovar os dentes, fazer a barba, etc.; evitar banhos demorados e o uso de
mangueira para lavar calçadas e automóveis; cuidar para que não haja vazamentos
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nas torneiras; captar água da chuva para fins não potáveis; reutilizar as águas de
uso doméstico para outros fins etc.
Os meios de comunicação como: rádio, televisão, revistas, jornais e sites da
internet desempenham papel importante na educação ambiental através de
campanhas educativas no intuito de alertar e incentivar a população da importância
de não desperdiçar, mas sim preservar o líquido da vida.
Esse trabalho deve ser desenvolvido e aplicado em toda a sociedade
brasileira por meio da conscientização e sensibilização dos usuários, juntamente
com a adoção de tecnologias que visam à economia, contribuindo para o
desenvolvimento sustentável.
No Brasil, até aproximadamente 20 anos atrás, existiam poucas experiências
de aproveitamento de água pluvial. Hoje já existe no país a Associação Brasileira de
Captação e Manejo da Água de Chuva, que é responsável por divulgar estudos e
pesquisas, reunir equipamentos, instrumentos e serviços sobre o assunto (ABCMAC,
2007).
Alguns setores econômicos brasileiros já dispõem de recursos tecnológicos,
ao nível de equipamentos, para a prática do reaproveitamento de água não potável.
Atitude tomada, também, em muitos lares onde se coleta água da chuva para irrigar
plantas, lavar calçadas e onde se aproveita a água da máquina de lavar roupas para
outros fins.
A instalação do sistema para captação da água da chuva não é complicada.
Os equipamentos utilizados são: calha para o escoamento da água, caixa para
armazenar a água, filtro e bomba para distribuição.
O tratamento da água pluvial depende da qualidade da água coletada e de seu uso final. A coleta de água para fins não potáveis não requer grandes cuidados de purificação, embora certo grau de filtragem, muitas vezes, seja necessário. Para um tratamento simples, podem-se usar processos de sedimentação natural, filtração simples e cloração. Em caso de uso da água de chuva para consumo humano, é recomendado utilizar tratamentos mais complexos, como desinfecção por ultravioleta ou osmose reversa (MAY & PRADO, 2004).
Segundo a Declaração dos Direitos da Água (1992) em seu Art. 6º “a água
não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se
saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem
escassear em qualquer região do mundo”.
O planeta presencia vários conflitos pela posse e controle da água. Vejamos
7
o caso do Oriente Médio, região onde se concentra grande riqueza petrolífera. No
entanto, o baixo índice pluviométrico e irregular distribuição dos recursos hídricos
culminam em sérios conflitos regionais. “O ponto de tensão pelo acesso a água
envolve Israel, a Palestina, a Síria, a Jordânia, o Egito, a Turquia e o Iraque na
disputa pelos recursos hídricos da região” (RIBEIRO, 2008, p.132).
A solução para os conflitos é a tomada de medidas adequadas, com políticas
e sistemas de gestão efetiva e uma legislação que promova o controle de qualidade
da água, com o propósito de aumentar a eficiência e de garantir a proteção ao meio
ambiente. Para Ribeiro (2008, p.75) “a ausência de regulamentação deve despertar
a atenção para os países que detêm grande estoque hídrico. Eles podem ser alvo de
cobiça internacional e precisam se preparar para enfrentar novos desafios”.
É hora de tomada de atitude e de compromisso com o ambiente e não mais
de belos discursos ecológicos. São iniciativas importantes e todos os cidadãos
devem estar engajados em promover e desenvolver métodos que assegurem água
potável para as pessoas e os ecossistemas. O propósito é mobilizar a sociedade
para usar a água sem desperdício. Esse trabalho deve começar pela escola através
da conscientização dos alunos e familiares e, assim, se expandir para toda a
sociedade. Além disso, devemos cobrar políticas públicas que visam melhorar as
condições de vida da população sem que haja a degradação dos recursos naturais.
Para a subsecretária-geral das Nações Unidas e diretora-executiva do
programa Habitat da ONU, Anna Tibaijuka (agos/2008) "economizar água para o
futuro não é, portanto, lutar por um objetivo distante e incerto. As tendências atuais
de exploração, degradação e poluição dos recursos hídricos já alcançaram
proporções alarmantes e podem afetar a oferta de água num futuro próximo, caso
não sejam revertidas" (BBC BRASIL. COM).
“Diversas reuniões internacionais sobre recursos hídricos, foram realizadas
no mundo. Elas procuram criar um aparato institucional na perspectiva de
regulamentar o uso da água em escala internacional” (RIBEIRO, 2008, p.76).
Dentre os vários documentos gerados, destacam-se:
a) A Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano (Estocolmo,
1972), em que foi discutida a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (PNUMA). Esse programa foi criado em 1972 e responsável por catalisar a
ação internacional e nacional para a proteção do meio ambiente no contexto do
desenvolvimento sustentável.
8
b) O dia 22 de Março de 1992 (Dia Mundial da Água), criado pela ONU.
Nesta data a ONU também criou a “Declaração Universal dos Direitos da Água”.
Anualmente, o dia 22 de março é destinado às discussões sobre os temas
relacionados à água.
c) A Conferência de Mar Del Plata realizada em 1977, na Argentina. Nessa
conferência foram discutidos temas relacionados à água e estabelecido o Plano de
Ação e criado o Programa Hidrológico Internacional (PHI), que tem como objetivo
padronizar a coleta de dados sobre água no mundo.
d) A Conferência Internacional sobre Água e Meio Ambiente (Dublin, Irlanda -
1992). Neste evento discutiu-se, entre outros problemas, a necessidade de adoção
de estratégias e programas de ação para o abastecimento sustentável de água
doce, em níveis mundiais.
e) A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento Sustentável – CNUMAD (Rio-1992). Esta conferência, sediada
pela cidade do Rio de Janeiro, culminou na produção da “Agenda 21” que inclui o
programa de ação que viabiliza o novo padrão de desenvolvimento ambientalmente
racional. Esse documento foi aprovado e assinado por centenas de países e as
discussões incluíram formas para diminuir os impactos sobre o meio Ambiente. A
partir de então, difundiram-se as campanhas ambientais, com o envolvimento das
escolas, empresas, associações de bairro, órgãos governamentais e ONGs “unidos”
por uma causa: a educação ambiental.
Cabe salientar que no Brasil a legislação sobre o uso da água iniciou-se com
o Código de Águas em 1934 e que trouxe consigo uma concepção acerca do uso da
água, ainda imprópria às preocupações ambientais contemporâneas. De acordo
com a ANA (1997) “o Código de Águas foi regulamentado pela Lei nº 9.433/97, a
chamada Lei das Águas. Essa Lei estabeleceu os critérios para a outorga do direito
do uso dos recursos hídricos e consolidou a água como bem público que, por sua
natureza limitada, deve ser controlado e fiscalizado pela Administração”.
A Lei das Águas incentiva o uso racional desse recurso. Percebe-se que a
preocupação dos órgãos públicos em escala nacional, estadual e municipal, ainda
que muito timidamente, está acontecendo. Mas, somente a existência formal da lei
não trará mudanças. Por isso, urge a necessidade de campanhas, trabalhos,
projetos educacionais que visam mudanças de comportamento e hábitos viciados,
pois mudanças de cultura e consciência demandam tempo.
9
3 Material e métodos
Em princípio foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre a disponibilidade
de água doce no mundo e no Brasil, as condições que se encontram e como a
sociedade pode contribuir para minimizar essa problemática de escala global.
O projeto “A reutilização e o uso racional da água nas edificações
domésticas como política de consumo sustentável e de economia orçamentária” foi
idealizado para os alunos do 3º ano do ensino médio do Colégio Estadual Professor
Jaime Rodrigues da cidade de Guaíra-PR. No entanto foi aplicado aos alunos do
Colégio Estadual Lourenço Filho de Serra dos Dourados, um pequeno Distrito do
município de Umuarama-PR, por ocasião da transferência do professor PDE para
um estabelecimento de ensino neste município.
As principais etapas da implementação do projeto foram:
a) Implementação do projeto no segundo semestre do ano de 2010. Essa
etapa iniciou-se com a apresentação da proposta aos professores, direção e
funcionários do Colégio Estadual Lourenço Filho e posteriormente aos alunos do 3º
ano do ensino médio do período vespertino, série em que se efetuou a
implementação. A turma era composta por treze (13) alunos, sendo que sete (7)
deles vinham da zona rural e 6 (seis) do setor urbano do distrito de Serra dos
Dourados;
b) Relato aos alunos sobre o tema e a importância do projeto. Nessa etapa
foi entregue aos informantes um questionário com 18 questões fechadas (Quadro 1)
referentes aos hábitos ambientais domésticos e conhecimento sobre a problemática
ambiental vigente, para ser respondido entre seus familiares. O objetivo foi realizar
uma investigação para diagnosticar se os alunos e seus familiares já possuíam
preocupação ambiental referente ao consumo de água em suas residências. A
aplicação do questionário se deu em dois momentos: a) agosto de 2010 - aplicação
para investigação inicial relacionada à educação ambiental como instrumento de
conscientização no âmbito escolar e b), dezembro de 2010 - reaplicação do
questionário inicial aos alunos para coleta de dados sobre possíveis mudanças
obtidas após o período de trabalho das atividades propostas e análise dos excertos.
c) Ciclo de aulas - nessa etapa foi solicitado aos alunos que trouxessem o
comprovante de consumo mensal de água durante três meses para averiguação e
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Quadro 1 - A educação ambiental como instrumento de conscientização no ambiente escolar.
1 - Você reside em área ( ) urbana ( ) rural
2 - A água consumida em sua residência provém:
( ) Empresa de Saneamento ( ) poço ( ) mina ( ) outros
3 - Em sua opinião, a água é um recurso natural inesgotável?
( ) sim ( ) não ( ) desconheço o assunto
4 - Assinale qual dos itens abaixo é o mais importante informativo de educação ambiental:
( ) televisão ( ) escola ( ) jornais ( ) internet ( ) outros
5 - Os problemas ambientais estão sendo discutidos cada vez mais na mídia e na sociedade: o que você pensa a respeito desse assunto?
( ) é importante ( ) é chato ( ) é desnecessário
6 - Em sua residência existe a preocupação em economizar água e energia?
( ) sempre ( ) nunca ( ) às vezes
7 - Você procura não deixar a torneira aberta ao escovar os dentes ou fazer a barba?
( ) sim, todas as vezes ( ) algumas vezes ( ) não tenho essa preocupação
8 - Quanto tempo o chuveiro fica aberto enquanto você toma banho:
( ) 15 minutos ou mais ( ) Entre 5 e 10 minutos ( ) Não mais que 5 minutos.
9 - Utiliza a máquina de lavar roupas apenas quando está com capacidade máxima preenchida?
( ) sim ( ) algumas vezes ( ) poucas vezes ( ) nunca
10 - Ao comprar um eletrodoméstico ou eletrônico você tem a preocupação em saber qual é o consumo de energia desse produto?
( ) sim ( ) não ( ) nunca pensei nisso
11 - Você pagaria a mais por um produto que não polui o meio ambiente?
( ) sim ( ) talvez ( ) nunca
12 - Em sua residência há a preocupação em reutilizar a água da máquina de lavar roupas para outros fins como lavagem de calçadas?
( ) sempre ( ) às vezes ( ) nunca
13 - Você reutiliza a água da máquina de lavar roupas com a preocupação em diminuir o valor pago do consumo?
( ) sim ( ) às vezes ( ) nunca
14 - Você reutiliza a água da máquina de lavar roupas com preocupação ambiental?
( ) sempre ( ) às vezes ( ) nunca
15 - Você tem a preocupação em captar água da chuva?
( ) sempre ( ) às vezes ( ) nunca
16 - Para que fins você utiliza a água captada da chuva?
( ) regar jardins ( ) regar horta ( ) lavar automóvel
( ) lavar calçadas ( ) descarga sanitária ( ) lavar roupa
17 - Quanto à crise mundial dos recursos hídricos você acredita ser:
( ) verdadeira ( ) boatos ( ) exagero ( ) não sei responder
18 - Você estaria disposto (a) em contribuir com o meio ambiente, utilizando melhor a água e reutilizando–a para outros fins?
( ) sim ( ) talvez ( ) nunca
11
análise dos dados registrados: o volume de água consumida e o valor a ser pago em
reais. Foi solicitada a comparação dos dados entre os comprovantes
disponibilizados, propondo aos alunos a economia e a redução do consumo, através
do reaproveitamento da água utilizada na máquina de lavar roupas para lavagem de
calçadas e irrigação de plantas e, também, a captação da água da chuva para os
mesmos fins.
d) Ciclo de aulas - Palestra ministrada aos alunos do 3º ano do ensino
médio: “a escassez de água no mundo e a importância de economizar água para
evitar um colapso futuro”. O técnico da Companhia Paranaense de Saneamento
(Sanepar) de Umuarama ministrou a palestra por meio de um telão, propondo aos
presentes a experiência do reuso de água em suas residências.
e) Ciclo de aulas - Atividade prática: nessa etapa os alunos confeccionaram
um recipiente para armazenar água descartada pela máquina de lavar roupas ou
armazenar água da chuva.
f) Ciclo de aulas - Atividade prática: em novembro de 2010 os alunos do 3º
ano do ensino médio, acompanhados dos professores da turma, visitaram duas
residências no distrito de Serra dos Dourados onde os moradores instalaram
equipamentos para captação da água da chuva. A água que escorre pelo telhado é
conduzida para um reservatório, através de calha. A água captada é utilizada para
irrigação de horta, jardim e para lavagem de calçadas e automóvel.
g) Ainda em novembro, os alunos assistiram ao filme “Vidas Secas” da obra
de Graciliano Ramos que conta a história de um casal, seus dois filhos, um papagaio
e a cadela “baleia” que vagam pelo paupérrimo sertão nordestino perambulando em
busca de água e de um lugar para se acomodarem.
h) Ciclo de aulas - Seminário: o projeto foi finalizado com um seminário
apresentado pelos alunos do 3º ano do ensino médio às demais séries do período
vespertino, propondo o desafio para a mudança nos hábitos ambientais.
4 Relato da implementação do projeto
Os dados relatados resultaram da implementação do projeto “A reutilização
e o uso racional da água nas edificações domésticas como política de consumo
12
sustentável e de economia orçamentária” e da produção didática “Objeto de
Aprendizagem Colaborativa” (OAC).
A unidade didática (OAC) foi desenvolvida com a intenção de contribuir com
os professores em suas práticas pedagógicas, promovendo a interdisciplinaridade
na aplicação dos conteúdos relacionados ao uso e conservação da água. Desta
forma, os conteúdos da grade curricular poderão ser tratados na escola, de modo
contextualizado, estabelecendo-se, entre eles, relações interdisciplinares conforme
recomendado por DCE (2008).
Utilizando-se de recortes de filmes, músicas, imagens e dinâmicas
encontradas em alguns sites disponíveis na internet buscou-se desenvolver a
consciência ecológica e as atitudes ambientais nos alunos e na comunidade escolar
que ainda não atentavam para o grande problema mundial de esgotamento da água
potável.
O grupo participante da implementação do projeto era composto por 13
alunos do 3º ano do ensino médio, compreendendo uma faixa etária entre 16 e 18
anos. Entre os 13 alunos da turma, os 7(sete) que vivem na zona rural não
consomem, em suas residências, água proveniente da Companhia Paranaense de
Saneamento (Sanepar) e sim, de poços e minas onde residem (Quadro 2 - Questão
2). E entre os 6 (seis) que residem no setor urbano, 1 (um) não apresentou os
comprovantes de consumo de água para averiguação. Assim, o trabalho de
comparação de consumo pelos comprovantes atingiu apenas 5 (cinco) alunos.
De acordo com os dados dos questionários, os 13 alunos e seus familiares
manifestaram importantes opiniões, condutas, conceitos e conhecimentos sobre o
problema global referente aos recursos hídricos, a saber:
a) nas famílias de comunidade rural, apesar do consumo de água de poço
ou de mina, existe a preocupação com a economia e com a coleta de água da chuva
para irrigar horta, jardins, lavagem de calçadas e banho em animais (Quadro 2 -
Questão 16).
b) a economia de água existe, seja ela uma preocupação ambiental ou como
forma reduzir os custos orçamentários. Um exemplo está na reutilização da água da
máquina de lavar roupas por mais de 69,2% dos informantes em ambas as fases da
investigação (Tabela 1).
c) em geral, a população de Serra dos Dourados recebe informações
ambientais importantes por meio da escola e da televisão (Tabela 2).
13
Quadro 2 - Respostas das 18 questões aplicadas no início e no final da implementação do projeto.
Nº. das Questões
Questões Principais respostas
Ago/ 2010
Dez/ 2010
1 Você reside em área: Urbana 06 06
Rural 07 07
2 A água consumida em sua residência provém:
Empresa de saneamento
06 06
Poço artesiano 07 07
3 Em sua opinião, a água é um recurso natural inesgotável?
Sim 03 -
Não 10 13
4 Assinale qual dos itens abaixo é o mais importante informativo de educação ambiental:
Escola 10 11
Televisão 03 02
5
Os problemas ambientais estão sendo discutidos cada vez mais na mídia e na sociedade: o que você pensa a respeito desse assunto?
Importante 13 13
6 Em sua residência existe a preocupação em economizar água e energia?
Sempre 13 13
7 Você procura não deixar a torneira aberta ao escovar os dentes ou fazer a barba?
Sempre 10 12
Algumas vezes 02 01
Poucas vezes 01 -
8 Quanto tempo o chuveiro fica aberto enquanto você toma banho:
Entre 5 e 10 minutos
02 01
Não mais que 5 minutos
11 12
9 Utiliza a máquina de lavar roupas apenas quando está com capacidade máxima preenchida?
Sempre 10 10
Algumas vezes 02 03
Poucas vezes 01 -
10
Ao comprar um eletrodoméstico ou eletrônico você tem a preocupação em saber qual é o consumo de energia desse produto?
Sim 13 13
11 Você pagaria a mais por um produto que não polui o meio ambiente?
Sim 09 11
Talvez 04 02
12
Em sua residência há a preocupação em reutilizar a água da máquina de lavar roupas para outros fins como lavagem de calçadas?
Sempre 09 10
Às vezes 04 03
13 Você reutiliza a água da máquina de lavar roupas com a preocupação em diminuir o valor pago do consumo?
Sim 13 13
14 Você reutiliza a água da máquina de lavar roupas com preocupação ambiental?
Sim 08 10
Às vezes 03 03
Nunca 02 -
15 Você tem a preocupação em captar água da chuva? Sim 06 08
Às vezes 07 05
16* Para que fins você utiliza a água captada da chuva?
Regar jardins 06 08
Regar horta 07 10
Lavar calçadas 10 12
17 Quanto à crise mundial dos recursos hídricos você acredita ser:
Verdadeira 09 13
Exageros 03 -
Não sei responder
01 -
18
Você estaria disposto (a) em contribuir com o meio ambiente, utilizando melhor a água e reutilizando-a para outros fins?
Sim 13 13
*Questão com múltiplas respostas
14
Nº de informantes 1ª Aplicação Agosto/2010
2ª Aplicação Dezembro/2010
Freqüência de reutilização
13
69,2% 76,9% Sempre
30,8% 23,1% Às vezes
0,00% 0,00% Nunca
Tabela 1 - Freqüência de reutilização da água da máquina de lavar roupas para lavar calçadas e outros fins (Questão 12).
Fases Veículos de informação ambiental Não
responderam Total de
respostas Total de alunos Escola Televisão Internet Outros
1ª aplicação Agosto/2010
76,9% 23,1% 0% 0% 0% 13 13
2ª aplicação Dezembro/2010
84,6% 15,4% 0% 0% 0% 13 13
Tabela 2 - Principais veículos de informação ambiental para a população de Serra dos Dourados.
As informações transmitidas pelos veículos citados acima tornam-se cada
dia mais importantes para que ocorra a conscientização da população que passa a
ter conhecimento de que a água é um recurso finito e não tão abundante como pode
parecer. A saída é poupar e o esforço deve ser de todos. Vale lembrar que o uso
racionalizado da água repercute também no bolso dos consumidores que passarão
a pagar menos pelo consumo de água potável.
O trabalho realizado pela televisão, escolas e também pela igreja, através da
campanha da fraternidade, que esse ano (2011) traz o tema “Fraternidade e a vida
no planeta”, é fundamental no processo de aducação ambiental, pois contribui com a
educação formal na conscientização das comunidades cristãs, motivando-as a
participar das campanhas que visam enfrentar os problemas ambientais e a
preservação da vida no planeta. No entanto, o melhor caminho para a plena
conscientização é a efetiva atitude de cada um de nós.
Quanto às informações sobre as sucessivas discussões dos problemas
ambientais (Quadro 2), no início da investigação (Agosto/2010), 69,2% dos
entrevistados demonstraram ter conhecimento e acreditam serem verdadeiras as
informações, enquanto que 23,1%, responderam ser exageradas as informações
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sobre o stress hídrico no planeta e 7,7% ignoravam o assunto. Na segunda
aplicação (Dezembro/2010) o resultado foi outro: 100% dos entrevistados
responderam que as informações sobre a crise mundial da água são verdadeiras e
que estão dispostos a contribuir com o meio ambiente, utilizando melhor a água e
reutilizando-a para diversos fins (Figura 1).
Agosto/2010 Dezembro/2010
Figura 1 - Resultado da opinião dos informantes quando questionados sobre a crise mundial dos recursos hídricos (Questão 17).
Em relação à preservação desse recurso, 85% dos informantes
responderam que pagariam mais por um produto que não polui ou que polui menos
o ambiente e, consequentemente, os recursos hídricos (Tabela 3).
Com relação ao consumo de água do sistema de abastecimento urbano
(Sanepar), somente cinco (5) dos treze participantes tiveram seus excertos
analisados. Esses cinco alunos foram selecionados por oferecerem os
comprovantes mensais de consumo de água solicitados, lembrando que sete (07)
deles vivem no setor rural e consomem água oriunda de outros sistemas de
abastecimento (poço ou mina). Um dos alunos que vivem na área urbana não
entregou o comprovante solicitado.
Os dados dos comprovantes de consumo de água referentes aos meses de
setembro, outubro e novembro de 2010 do grupo de cinco (05) alunos que reside no
setor urbano foram submetidos a uma averiguação e comparação entre o consumo
mensal nas residências do grupo. Observou-se nos comprovantes que em três (3)
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residências o consumo mensal estava dentro da taxa mínima, ou seja, menos de
10m³, comprovando que já havia um baixo consumo de água potável (Tabela 4).
Duas delas apresentaram consumo mensal entre de 15 e 21m³, ainda considerado
relativamente baixo. Mesmo assim, nessas duas residências, o consumo mensal
sofreu uma queda no final do trimestre, ficando entre 12 e 19m³.
Nº de informantes
Agosto/2010 (%)
Dezembro/2010 (%)
Resposta
13
69,2 84,6 Sim
30,8 15,4 Talvez
00,0 00,0 Nunca
Tabela 3 - Você pagaria mais por um produto que não polui ou polui menos o meio ambiente? (Questão 11).
Meses Até 10m³ 11 a 30m³ Acima de 30m³
Setembro 3 2 0
Outubro 3 2 0
Novembro 3 2 0
Tabela 4 - Consumo de água mensal nas residências do grupo de alunos investigados no período de setembro à novembro de 2010
O resultado dessa etapa do trabalho foi bastante produtivo e estimulador,
além de criar a oportunidade para estendê-lo às demais séries e torná-lo
permanente.
Após a primeira etapa de aplicação do questionário, houve um ciclo de aulas
expositivas e atividades práticas. Recortes do filme “Vidas Secas” (Graciliano
Ramos) foram utilizados nessa etapa. O filme relata a saga de uma família que vaga
pelas paisagens secas do sertão nordestino, perambulando em busca de água e de
dignidade, esquecidos pela sociedade. Essa atividade culminou em um debate sobre
os direitos humanos, a dignidade e os contrastes socioeconômicos brasileiros.
A música foi outro recurso utilizado durante o ciclo de aulas. A música
“Planeta Azul” (Chitãozinho e Xororó) foi utilizada para levantar a problemática e
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estimular os informantes para uma discussão sobre a escassez, a poluição e a
distribuição da água doce no mundo e no Brasil. Também foi discutida a importância
do aproveitamento da água da chuva e o reaproveitamento da máquina de lavar
roupas para fins não potáveis.
Na sequência, os alunos puderam ampliar seus conhecimentos sobre o tema
pesquisando na Internet, o que para muitos foi uma experiência inesquecível, pois
tiveram acesso às informações preocupantes sobre o futuro da água e sobre as
medidas a serem tomadas para evitar o fim desse recurso.
Em novembro de 2010, nas dependências do colégio, os alunos assistiram
ao filme “Vidas Secas” (Graciliano Ramos). O filme rendeu vários comentários. Os
alunos ficaram estarrecidos com a paisagem seca do sertão; perceberam o pouco
diálogo entre as personagens; entenderam que na verdade eles nem tinham o que
falar; como se não bastasse tantas desgraças, ainda eram explorados cuidando do
gado de um fazendeiro que lhes impunham o valor a ser pago pelo trabalho. O filme
fez com que os alunos percebessem a importância da água e de sua preservação.
Outra atividade muito importante foi a confecção dos equipamentos para
armazenar a água descartada pela máquina de lavar roupas. Por meio de
informações e dados da internet, os alunos confeccionaram tais equipamentos
desenvolvidos por Anderson Zemis, morador do município de Sumaré-SP, que
autorizou, documentalmente, o uso de sua criação para fins educacionais. Na
confecção do recipiente foi utilizado um tonel de plástico de 50 (cinqüenta) litros no
qual foi presa uma torneira com massa de vedação, semelhante ao representado na
figura 2.
Em novembro de 2010 foi ministrada, nas dependências do colégio, uma
palestra aos alunos do ensino médio do período vespertino. O palestrante, um
técnico da Companhia de Saneamento Paranaense (Sanepar), apresentou a
problemática sobre a distribuição e escassez de água no mundo e a importância de
economizar esse recurso para evitar um colapso futuro. Falou também sobre como é
feita a captação e o tratamento e sobre a qualidade da água consumida pela
população. A finalidade principal da palestra foi propor aos presentes a experiência
do reuso da água em suas casas.
Na sequência, os alunos, acompanhados dos professores e da equipe
pedagógica daquele colégio, fizeram uma visita às duas residências onde foram
instalados os equipamentos de captação de água da chuva. Nessa ocasião tiveram
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a oportunidade de conversar com um dos moradores sobre as vantagens e as
despesas na instalação do equipamento. Puderam, ainda, dar sugestões para
melhorar o sistema, propondo desconectar o encanamento até a caixa de água na
primeira chuva, a fim de que se faça a limpeza do telhado e da calha. A conexão é
realizada, novamente, depois de algum tempo, momento em que a água estivesse
em melhores condições de aproveitamento. A sugestão foi aprovada pelo morador
que se propôs a fazer as alterações sugeridas.
a) tonel
b) torneira e curva
c) Curva acoplada na base interna do tonel
d) torneira acoplada na base externa do tonel
e) saída da máquina de lavar para o tonel
e) máquina de lavar e tonel
Fonte: http://flexuspilates.blogspot.com/2010/01/sustentabilidade-reutilize-agua-da.html.
Figura 2 - Materiais utilizados na confecção dos equipamentos para armazenar a água descartada
pela máquina de lavar roupas.
Em dezembro de 2010 o projeto foi finalizado com um seminário
apresentado pelos alunos do 3º ano às demais séries do ensino médio do período
vespertino e comunidade escolar.
Participaram como ouvintes, 21 alunos do 1º ano do ensino médio, 16
alunos do 2º ano do ensino médio e nove (9) pessoas da comunidade escolar,
totalizando 46 ouvintes.
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O seminário ocorreu da seguinte forma: os 13 alunos do 3º ano do ensino
médio do período vespertino foram divididos em três (3) grupos. Cada grupo
apresentou um tema. O primeiro grupo apresentou a importância da água e a
disponibilidade desse recurso no mundo e no Brasil. O segundo grupo apresentou o
stress hídrico, as conseqüências da falta de água no presente e no futuro, enquanto
o terceiro e último grupo propôs à platéia o desafio e a necessidade do uso racional
da água; a utilização da água da chuva e a reutilização da água descartada pela
máquina de lavar roupas como forma de contribuição para o bem estar do planeta e
como economia orçamentária, dando-lhes sugestões de economia, como: banho
mais rápido; não deixar torneiras pingando; não utilizar mangueira para lavar
calçadas dando prioridade para a reutilização da água descartada pela máquina de
lavar roupas; deixar a torneira fechada enquanto lava a louça, ligando somente para
o enxágüe etc.
Para a realização do seminário os alunos utilizaram um aparelho de multi-
mídia “data show”, apresentando slides e pequenos vídeos produzidos por eles.
O resultado foi um sucesso. O desempenho, a responsabilidade e a
preocupação em apresentar um trabalho de qualidade renderam aos alunos
inúmeros elogios por parte da comunidade escolar, dos colegas das outras turmas e
dos profissionais da educação que puderam assistir a esse maravilhoso espetáculo.
5 Considerações finais
Garantir o acesso à água potável e os demais recursos naturais a essa e às
futuras gerações tem se tornado um grande desafio para a humanidade. Para
vencer esse desafio é necessária uma nova visão de mundo que se contraponha
aos interesses econômicos vigentes.
Nesse sentido, esse artigo, a implementação do projeto em sala de aula e a
produção didática OAC (Objeto de Estudo Colaborativo) permitiram desenvolver um
estudo e práticas educativas referentes ao meio ambiente e uma análise crítica dos
hábitos da comunidade investigada sobre os valores ambientais, propondo
mudanças e melhoria no comportamento e hábitos ambientais.
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O trabalho sobre a importância da água para a vida no planeta e a
necessidade de atitudes ambientais que visam à proteção e conservação dos
recursos hídricos se encaixou plenamente na proposta interdisciplinar da aplicação
dos conteúdos.
A experiência obtida ao final da implementação do projeto propiciou uma
reflexão sobre a necessidade de um trabalho coletivo na escola e do investimento na
formação continuada dos professores através do PDE. O projeto de formação e
valorização dos profissionais de educação do Estado do Paraná proporcionou,
sobretudo, repensar a prática diária em relação às questões ambientais e, dessa
forma, criar novos hábitos que torne a comunidade escolar e a sociedade mais
conscientes, mais ativas e comprometidas com o dever de utilizar racionalmente os
recursos naturais, além de preservar e conservar os recursos naturais da Terra.
A mudança no comportamento e o maior compromisso com as questões
ambientais, por parte dos alunos que integraram o projeto, foram percebidos através
do diálogo, do debate, do resultado da reaplicação do questionário inicial e do
seminário de encerramento apresentado por eles.
Frente a isso se criou um clima favorável para estender o projeto para as
demais séries dos anos seguintes, não apenas no sentido de buscar uma
consciência crítica sobre o certo e o errado, como também, despertar a participação
ativa de toda a comunidade escolar para as questões ambientais vigentes.
Ao avaliarmos tudo o que foi dito a respeito do uso racional, do
aproveitamento das águas pluviais e do reaproveitamento da água descartada pela
máquina de lavar roupas, durante o período de implementação do projeto,
concluímos que essas atitudes representam uma alternativa eficiente e econômica
no combate ao desperdício. Para tanto, as autoridades governamentais, a
comunidade escolar e toda a sociedade deve estar atenta, informada e disposta em
criar novos hábitos que venham contribuir para o bem estar do nosso planeta.
Conclui-se assim que é importante focar, no âmbito da educação formal, os
problemas ambientais a nível local, regional e global, com a realização de um
trabalho interdisciplinar que envolva a comunidade escolar, engajados no objetivo de
encontrar soluções de preservação ambiental, começando pela nossa casa, nosso
bairro, nosso país, a fim de que se chegue a uma conscientização global.
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22
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