da escola pÚblica paranaense 2009 · percepção de representações exteriores e a reprodução...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
EDUCAÇÃO FÍSICA
FACULDADE ESTADUAL DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS
DE PARANAGUÁ – FAFIPAR
MARILDA MARIA DE ANDRADE MENDES
CADERNO TEMÁTICO
JOGOS DE XADREZ COMO FERRAMENTA DE ENSINO
CURITIBA
2010
FACULDADE ESTADUAL DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS
DE PARANAGUÁ – FAFIPAR
MARILDA MARIA DE ANDRADE MENDES
CADERNO TEMÁTICO
JOGOS DE XADREZ COMO FERRAMENTA DE ENSINO
Produção Didática Pedagógica para compor um caderno temático. Apresentada a Coordenação do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, da Secretária de Estado da Educação do Paraná, em convênio com a FAFIPAR - Paranaguá, como requisito para o desenvolvimento das atividades propostas para o biênio 2009/2010. Orientador : Prof.: Vidal Perez.
CURITIBA
2010
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Professor PDE: Marilda Maria de Andrade Mendes.
Área PDE: Educação Física.
NRE: Área Metropolitana Sul.
Professor Orientador IES: Vidal Perez.
IES vinculada: FAFIPAR.
Escola de implementação: Colégio Estadual Otalípio Pereira de Andrade - Ensino
de 1º e 2 Graus – Campo Largo.
Publico objeto de intervenção: 5ª Séries do Ensino Fundamental.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 7
2 A APRESENTAÇÃO HISTÓRICA DO JOGO DE XADREZ .................... 8
3 CARACTERÍSTICAS DO XADREZ E SUAS IMPLICAÇÕES EDUCATIVAS ...... 10
4 JOGOS PRÉ-ENXADRÍSTICOS ........................................................................... 14
4.1 EXEMPLOS DE JOGOS PRÉ-ENXADRÍSTICOS ............................................. 15
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 31
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 32
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - CARACTERÍSTICAS DO XADREZ E SUAS IMPLICAÇÕES
EDUCATIVAS .......................................................................................................... 13
QUADRO 2 - JOGOS PRÉ-ENXADRÍSTICOS E OBJETIVOS ................................ 14
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – PEÇAS DA BATALHA NAVAL ............................................................. 19
TABELA 2 – PARTIDAS TEMÁTICAS ..................................................................... 29
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - GATO E RATO ..................................................................................... 15
FIGURA 2 - GATO E RATO ..................................................................................... 16
FIGURA 3 - GATO E RATO ..................................................................................... 17
FIGURA 4 - QUADRADO MÁGICO ......................................................................... 18
FIGURA 5 - BATALHA NAVAL ................................................................................. 20
FIGURA 6 - BATALHA NAVAL ................................................................................. 20
FIGURA 7 - BATALHA NAVAL ................................................................................. 21
FIGURA 8 - DUELO DE MONARCAS ...................................................................... 22
FIGURA 9 - JOGO DA VELHA ................................................................................. 23
FIGURA 10 - JOGO DA VELHA ............................................................................... 23
FIGURA 11 - JOGO DA VELHA ............................................................................... 24
FIGURA 12 - CAVALOS TROCADOS ..................................................................... 25
FIGURA 13 - CORRIDA DO CAVALO ..................................................................... 26
FIGURA 14 - CAVALOS CONTRA PEÕES ............................................................. 26
FIGURA 15 - BATALHA DE PEÕES ........................................................................ 27
FIGURA 16 - O DESAFIO DAS DAMAS .................................................................. 28
FIGURA 17 - O DESAFIO DAS DAMAS .................................................................. 29
7
1 INTRODUÇÃO
Nas Diretrizes Curriculares para a Educação Básica (DCE, 2006, p. 24), que
contempla a disciplina de Educação Física, encontramos o indicativo de que os
jogos e as brincadeiras devem ser entendidos como fenômeno social e que “estão
relacionados ao processo de produção que antecederam desde a sua invenção”,
portanto o xadrez é uma atividade milenar, que traz conhecimento e experiências
que constituem patrimônio cultural da humanidade.
Visando a inserção do jogo do xadrez nas 5ª séries, como uma ferramenta
pedagógica esportiva, compreendendo-o como um eficiente meio de formar um
indivíduo social, com valores definidos, como saber ganhar e perder, respeito ao
adversário, não fazer distinção de sexo, pois uma menina pode jogar em igualdade
com um menino, alem de adquirir características importantes como o pensamento
abstrato, crítico, planejamento, julgamento, memória, paciência, espírito de decisão,
autocontrole, concentração, imaginação e aumento da consciência de suas
potencialidades e limitações.
Diversos países incluíram o xadrez como disciplina em seus currículos
escolares por entenderem que ela desenvolve o aluno, ajudando-o na sua
maturação e no fortalecimento de sua capacidade decisória.
Entre os estudos realizados por Gardner (1994, p. 212), o xadrez tem papel
importante no desenvolvimento direto em pelo menos duas múltiplas inteligências: a
espacial e a lógica matemática, em função do cálculo de variantes e deduções de
caráter posicional que são empreendidos durante uma partida de xadrez.
Com isso o ensino do Xadrez aplicado será uma forma de entretenimento
lúdico-educacional e, que tem como finalidade de ser um jogo pedagógico que
auxiliara no ensino-aprendizagem de algumas disciplinas.
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2 A APRESENTAÇÃO HISTÓRICA DO JOGO DE XADREZ
A invenção do jogo de xadrez se relaciona diretamente com a matemática, a
partir de um antigo pergaminho que relata o seguinte, segundo Murray (1913) apud
Silva e Tirado (1999, p. 12):
Estava enfermo certo Rei na Índia e lhe indicaram que deveria se distrair com algo agradável. Para ele Dahir al-Hindi elaborou o jogo de xadrez. Depois de ter expressado sua alegria pela invenção, o Rei disse: „Peça uma recompensa‟. Dahir al-Hindi pediu um dirhem (moeda de prata utilizada pelos árabes na Idade Média) para a primeira casa do tabuleiro e que fosse dobrando progressivamente este número a cada uma das casinhas restantes, a que o Rei comentou: „Me assombra que um homem como você, capaz de criar um jogo tão maravilhoso, aceite recompensa tão pequena. Que receba o que pede‟. Mas quando o assunto chegou aos ouvidos de seu Vizir, este se apresentou diante o Rei e disse: „Precisas saber, oh Rei, que mesmo vivendo mil anos e recolhendo para ti todos os tesouros da Terra, não poderá pagar o que lhe foi pedido‟.
A quantidade que resulta de dobrar o primeiro número para cada uma das
casas do tabuleiro resulta em: 18.446.744.073.709.551.615.
Esta lenda já foi contada de muitas maneiras, trocando os nomes dos
protagonistas e até o motivo da recompensa. Porém, os ancestrais do xadrez
provavelmente surgiram a 40 séculos antes de nossa era, dados a escrita pictórica e
escultura, que servem para iniciar as investigações sobre o jogo. Ainda que a
informação mais divulgada durante os últimos três séculos, sustenta que o xadrez foi
inventado na Ásia Central, no noroeste da Índia.
Foi no último período da Idade Média, que o xadrez recebe sua
denominação atual. O processo de difusão do jogo ocorre entre os séculos VI e IX
quando chega a Europa com a invasão dos mouros pela península ibérica, Itália e
Grécia. Na Espanha o jogo teve grande desenvolvimento e contou com apoio oficial.
Como conseqüência da assimilação cultural entre os mulçumanos e os católicos.
Nesta etapa se publica o Libro de ajedrez, em 1232, durante o reinado de Alfonso X,
o Sábio, que fora o seu autor.
A obra mais importante sobre o xadrez na Idade Média foi o Códice do
mesmo Alfonso X, Sevilha 1283, cujo original se conserva no Monastério de
Escorial. Também na Espanha aparecem outros livros de importância para a história
9
do xadrez como o de Lucena (1497) que contém três movimentos das peças antigas
e o livro da Invención Liberal y del juego de Ajedrez (1561) do espanhol Ruy López
de Segura.
A Itália contribui com as obras de Carrera (1617) e de Greco (1688), que
foram os precursores do xadrez moderno. No século XVII e princípios do século
XVIII surgiram outros valores como o árabe Felipe Stamma (1735), o francês André
Danican Philidor (1740), e os italianos Ercole do Rio, Loky e Ponziani.
Para o estudo do xadrez e sua melhor compreensão se propõem a divisão
de sua história e desenvolvimento em dois grandes períodos: o antigo e o moderno.
Antigo: desde sua origem até início do século XVII, quando se consolida as
regras fundamentais. Moderno: se inicia na Espanha e compreende de 1600 até os
nossos dias. Para seu estudo foi dividido em duas etapas, considerando as
características técnicas do jogo. Romântica ou Clássica: (1600-1886),
caracterizada pelos sacrifícios e combinações ao estilo de um dos mais
representativos enxadrista desta etapa, o norte-americano Paul Charles Morphy, e
Científica: (1886), definida tecnicamente pelo austríaco Wilhelm Steinitz, que a
partir de um estudo profundo da obra de Morphy e de outros famosos jogadores da
etapa anterior, criou as bases para o estudo do xadrez com critérios formais. (SILVA;
TIRADO, 1999, p. 13)
Wilhelm Steinitz (1886-1894) é oficialmente o primeiro campeão mundial de
xadrez. O título de Campeã Mundial Feminino começou a ser disputado em 1927,
em Londres, durante o Torneio das Nações, nome inicial das Olimpíadas de Xadrez.
Vera Menchik foi a primeira campeã e reinou até a sua morte, em 1944.
10
3 CARACTERÍSTICAS DO XADREZ E SUAS IMPLICAÇÕES EDUCATIVAS
A princípio devemos entender o jogo como uma atividade que obedece ao
impulso mais profundo e básico da essência animal.
Esta atividade inicia-se em nossas vidas com os mais elementares
movimentos, complicando-se até dominar a enorme complexidade do corpo
humano.
Os primeiros jogos que a criança faz são os chamados jogos de exercício,
utilizando como principal objetivo o seu próprio corpo. Os bebês chupam suas mãos,
emitem sons e repetem diversos movimentos sem finalidade utilitária.
A transição dos jogos de exercícios para os simbólicos marca o início de
percepção de representações exteriores e a reprodução de um esquema sensório-
motor fora de seu contexto.
Podemos dizer que o jogo simbólico é um jogo de exercício sendo que o
que se exercita é a imaginação.
Ao chegar o período das operações concretas (por volta dos sete anos de
idade) a criança, pelas aquisições que fez, pode jogar atendo-se a normas. Surgem
então os jogos de regras, e ela terá que abandonar a arbitrariedade que governava
seus jogos para adaptar-se a um código comum, podendo ser criado por iniciativa
própria ou por outras pessoas, mas que deverá acatar limites porque a violação das
regras traz consigo um castigo.
Isto ajudará a criança a aceitar o ponto de vista das demais, a limitar sua
própria liberdade em favor dos outros, a ceder, a discutir e a compreender.
Quando se praticam jogos de grupo a experiência se engrandece já que a
sociabilidade é agregada à vida da criança, surgindo assim os primeiros sentimentos
morais e a consciência de grupo.
Segundo Delors (2001, p. 97):
A prática educativa do jogo de xadrez também potencializa o convívio das diferenças e de aprendizagens recíprocas entre professor e alunos. Atualmente, um dos maiores desafios da educação é aprender a viver juntos, aprender a viver com os outros, respeitando-se mutuamente as diferenças.
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Quando a criança joga compromete toda sua personalidade, não o faz para
passar o tempo. Podemos dizer, sem dúvida, que o jogo é o “trabalho” da infância ao
qual a criança dedica-se com prazer.
Pode-se perceber através do que foi exposto o valor educativo que a prática
lúdica possui. Muitos psicólogos afirmam que os primeiros anos são os mais
importantes na vida do homem sendo que a atividade central manifestada é o jogo.
É notável o que se pode aprender construindo seus próprios jogos, utilizando
conceitos de plano inclinado, polias, velocidade, etc., coisas que só serão ensinadas
muito depois no período escolar.
Um erro que muitos professores cometem é não valorizar em toda sua
extensão esta atividade, extraindo o que ela contém de educativa.
A criança que ingressa na escola deverá adaptar-se às rotinas escolares
acarretando mudanças importantes na sua vida, e sua vida dedicada ao jogo terá
uma mudança brusca.
Temos que aprender a diferenciar o que significa o jogo para o adulto e para
a criança. Para nós, por que assim nos educaram, é o que fazemos quando não se
tem alguma coisa mais importante, e desejamos preencher horas vazias com algum
lazer. Para as crianças é todo um compromisso no qual lutam e se esforçam se algo
não sai como querem.
Por isso o xadrez merece crédito, porque ensina as crianças o mais
importante na solução de um problema, que é saber olhar e entender a realidade
que se apresenta.
O jogo de xadrez é de suma importância para o treinamento do raciocínio
lógico, é sabido que o jogo de xadrez vem a enriquecer não só o nível cultural do
individuo, mas também várias outras capacidades como a memória, a agilidade no
pensamento, a segurança na tomada de decisões, o aprendizado na vitoria e na
derrota, a capacidade de concentração e entre outros aspectos. (PIMENTA, 2006)
No xadrez, como as peças não têm valores absolutos, deve-se monitorar
tanto as próprias como as do adversário para implementar sua estratégia. Dito de
outra forma: ter a percepção da flexibilidade e reversibilidade do pensamento que
ordena o jogo.
É comum notar crianças fracassando em matemática, por exemplo, por não
entenderem o que enunciado do problema lhes diz. Não sabem analisá-lo,
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aprendem fórmulas de memória; quando encontram textos diferentes não acham a
resposta correta.
Deve-se conseguir que as crianças encontrem seu próprio sistema de ação
e para isso tem-se que evitar, sempre que possível, as soluções mecanizadas.
Assim, no Ensino Médio, com os dados de um teorema e sua idéia, a demonstração
pode ser encontrada pelo aluno, porém para que isso aconteça é importante um
certo treino no Ensino Fundamental.
Segundo Sá et al (1993, p. 3) o principal mérito do jogo de xadrez é a
capacidade do aluno possuir o seu próprio ritmo:
Mas o principal mérito da aprendizagem enxadrística, desde que adotada ludicamente, repousa no fato de permitir que cada aluno possa progredir segundo seu próprio ritmo e, assim, atender a um dos objetivos primordiais da educação moderna.
Em uma época na qual os conhecimentos nos ultrapassam em quantidade e
a vida é efêmera, uma das melhores lições que a criança pode obter na escola é
como organizar seu pensamento, e acreditamos que esta valiosa lição pode ser
obtida mediante o estudo e o xadrez.
São todos os jogos que o educador inventar ou adaptar dos existentes, com
o intuito de atuarem como facilitadores no processo ensino-aprendizagem do xadrez.
Como quase todo jogo pode ser um pré-jogo em potencial, não é do escopo
deste trabalho tentar esgotar o tema, sendo que nos limitaremos a apresentar
exemplos destinados a fixar conceitos elementares.
Cada jogo é utilizado com uma função específica no ensino do xadrez e
podemos agrupá-los da seguinte forma:
Todo aluno quer jogar xadrez com todas as peças desde a primeira aula, então é aconselhável o professor ensinar na primeira aula o movimento das peças e objetivo do jogo e deixar os alunos jogarem. Pode-se também nesta primeira aula utilizar o jogo Gato e Rato. A partir daí pode-se intercalar em cada aula um pré-jogo cujo objetivo é fixar a propriedade cinética e a particularidade de cada peça. (SILVA, 2002, p. 28)
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Características do xadrez Implicações nos aspectos educacionais e de formação do caráter
Fica-se concentrado e imóvel na cadeira.
O desenvolvimento do autocontrole psicofísico.
Fornecer um número de movimentos num determinado tempo.
Avaliação da estrutura do problema e a distribuição do tempo disponível.
Movimentar peças após exaustiva análise de lances.
Desenvolvimento da capacidade de pensar com abrangência e profundidade.
Após encontrar um lance, procurar outro melhor. Tenacidade e empenho no progresso contínuo.
Partindo de uma posição a princípio igual, direcionar para uma conclusão brilhante (combinação).
Criatividade e imaginação.
O resultado indica quem tinha o melhor plano. Respeito à opinião do interlocutor.
Dentre as várias possibilidades, escolher uma única, sem ajuda externa.
Estímulo à tomada de decisões com autonomia.
Um movimento deve ser conseqüência lógica do anterior e deve apresentar o seguinte.
Exercício do pensamento lógico, autoconsistência e fluidez de raciocínio.
QUADRO 1 - CARACTERÍSTICAS DO XADREZ E SUAS IMPLICAÇÕES EDUCATIVAS FONTE: SILVA, (2002)
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4 JOGOS PRÉ-ENXADRÍSTICOS
São todos os jogos que o educador inventar ou adaptar dos existentes, com
o intuito de atuarem como facilitadores no processo ensino-aprendizagem do xadrez.
Como quase todo jogo pode ser um pré-jogo em potencial, não é do escopo
deste trabalho tentar esgotar o tema, sendo que nos limitaremos a apresentar
exemplos destinados a fixar conceitos elementares.
Cada jogo é utilizado como uma função específica no ensino do xadrez e
podemos agrupá-los da seguinte forma:
Objetivo Pré-Jogo Nível
Aula inicial Gato e Rato F
Tabuleiro Quadrado Mágico; A Batalha Naval F, F
Rei Duelo de Monarcas M
Dama Desafio das Damas D
Torre, Bispo e Cavalo
Jogo da Velha F
Bispo Bispos contra Peões M
Cavalo Cavalos Trocados; Corrida do Cavalo; Cavalos contra Peões
D, F, M
Peão Batalha de Peões; Cavalos contra Peões; Bispos contra Peões
M, M, M
F= Fácil, M= Médio, D= Difícil. QUADRO 2 - JOGOS PRÉ-ENXADRÍSTICOS E OBJETIVOS FONTE: SILVA, W (2002)
Todo aluno quer jogar xadrez com todas as peças desde a primeira aula,
então é aconselhável o professor ensinar na primeira aula o movimento das peças e
objetivo do jogo e deixar os alunos jogarem. Pode-se também nesta primeira aula
utilizar o jogo Gato e Rato. A partir daí pode-se intercalar em cada aula um pré-jogo
cujo objetivo é fixar a propriedade cinética e a particularidade de cada peça.
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4.1 EXEMPLOS DE JOGOS PRÉ-ENXADRÍSTICOS
Gato e Rato
Regras:
1. Utiliza-se um tabuleiro de 64 casas (8x8).
2. Peças: 4 Gatos e 1 Rato (Figura 1).
3. Os Gatos move-se de uma em uma casa pela diagonal à frente.
4. O Rato move-se de uma em uma casa pela diagonal à frente e para trás.
5. Não há captura.
6. Os Gatos vencem se bloquearem o Rato como mostra a Figura 1.
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1
a b c d e f g h FIGURA 1 – GATO E RATO FONTE: SILVA, W. (2002)
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7. O Rato vence se escapar do cerco dos Gatos como mostra a Figura 2.
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1
a b c d e f G h FIGURA 2 – GATO E RATO FONTE: SILVA, W. (2002)
Comentário: Este pré-jogo, cujos princípios são facilmente assimiláveis por uma
criança, exercita conceitos que serão úteis no aprendizado do xadrez, tais como a
noção de cooperação que deve haver entre as peças; a noção de como o Peão
captura; e também noções bastante elementares do que é xeque-mate. Este jogo
pode ser ensinado antes de qualquer conteúdo enxadrístico.
17
a b c d e f g h
FIGURA 3 – GATO E RATO FONTE: SILVA, W. (2002)
Quadrado Mágico
Regras:
1. Utiliza-se um tabuleiro de 16 casas (4x4).
2. Fazer a pergunta: quantos quadrados existem nele?
3. Quem acertar vence.
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Comentário: A criança poderá ver, através deste exemplo simples, que a primeira
impressão não revela toda a informação contida em um diagrama. Deve aprender a
ser cautelosa antes de dar um veredicto sobre as posições de partida. Isto será de
grande importância para o futuro enxadrista.
4
3
2
1
A B C D
FIGURA 4 - QUADRADO MÁGICO FONTE: SILVA, W. (2002)
Batalha Naval
Regras:
1. Utilizam-se dois tabuleiros de 64 casas (8x8) sendo que um será o mapa de tiro
(Figura 5) e o outro o seu esconderijo (Figura 6)
2. Cada jogador possui 8 peças (Tabela 1) que deverão ser escondidas sem que o
adversário as veja como mostra a Figura 6.
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Formato Significado Símbolo Total
Submarino S 3
Destróier D 2
Porta-avião P 1
Hidroavião H 2
TABELA 1 – PEÇAS DA BATALHA NAVAL. FONTE: SILVA, W. (2002)
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8
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5
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3
2
1
a b c d e f g h FIGURA 5 - BATALHA NAVAL FONTE: SILVA, W. (2002)
H H P H 8
H P H 7
P H 6
S 5
D D 4
D D 3
2
S S 1
a b c d e f g h
FIGURA 6 - BATALHA NAVAL FONTE: SILVA, W. (2002)
21
P
a b c d e f g h
FIGURA 7 - BATALHA NAVAL FONTE: SILVA, W. (2002)
3. Ao esconder suas peças os participantes não devem colocá-las umas tocando as
outras. Os Destróieres e o Porta-aviões não podem ser formados pelas diagonais,
somente em colunas ou filas.
4. Disparar três tiros, usando as coordenadas, no esconderijo do adversário, que
responderá água se os tiros não acertarem o alvo. Se o disparo acertar um alvo o
adversário dirá a coordenada (casa) que foi atingida e o alvo acertado, que será
devidamente assinalada no mapa de tiro (Figura 7) do atirador vitorioso. Isto fará
com que o jogador que acertou uma parte do alvo, na próxima tentativa busque
afundar completamente o alvo, buscando as casas vizinhas da casa atingida, se o
alvo for maior que um submarino, naturalmente.
Comentário: Este jogo é utilizado para trabalhar o tabuleiro e suas coordenadas
cartesianas. Através dele a criança exercitará os conceitos de coluna, fila e diagonal,
e estará trabalhando com o plano matricial que será a referência para o nome das
casas do tabuleiro do xadrez.
22
Duelo de Monarcas
Regras:
1. Utiliza-se um tabuleiro de 64 casas (8x8).
2. Usam-se 2 reis que se movem como no xadrez e são arrumados como mostra a
Figura 8.
8
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3
2
1
a b c d e f g h
FIGURA 8 - DUELO DE MONARCAS FONTE: SILVA, W. (2002)
3. O Rei branco inicia o jogo e tem de chegar até a casa a8 ou h8 ganhando assim a
partida.
4. Se o Rei negro conseguir impedir o Rei branco de atingir o seu objetivo, terá
ganhado o jogo.
5. Não esquecer que um Rei não pode ocupar uma casa contígua ao outro.
Comentário: Este jogo tem por objetivo exercitar as particularidades do movimento
do Rei, que é uma peça ativa na luta, e o conceito de oposição que é fundamental
nos finais de partida.
23
Jogo da Velha
Regras:
1. Tabuleiro de 9 casas (3x3) como na Figura 9.
3
2
1
a b c
FIGURA 9 - JOGO DA VELHA FONTE: SILVA, W. (2002)
2. Cada jogador possui três peças: Torre, Bispo e Cavalo.
3. Os jogadores devem colocar as peças no tabuleiro tentando formar “três em
linha”, como mostra a Figura 10.
3
2
1
a b c
FIGURA 10 - JOGO DA VELHA FONTE: SILVA, W. (2002)
4. Aquele que conseguir dispor suas peças desta forma por primeiro ganha o jogo.
5. Após colocar as peças e não havendo fechado “três em linha”, iniciam-se os
movimentos das peças como no xadrez, e tenta-se fechar a seqüência.
6. Também obtém a vitória o jogador que imobilizar as peças de seu adversário,
como mostra a Figura 11 onde o lance é das pretas e estão bloqueadas.
7. Não existe a captura.
24
a b c
FIGURA 11 - JOGO DA VELHA FONTE: SILVA, W. (2002)
Comentário: Este pré-jogo é uma adaptação do Jogo da Velha e proporciona um
excelente exercício para os movimentos de Torre, Bispo e Cavalo. Após algumas
partidas, os alunos não encontrarão mais dificuldades na movimentação destas
peças.
Cavalos Trocados
Regras:
1. Utiliza-se um tabuleiro de 9 casas (3x3).
2. Fazer os Cavalos brancos trocarem de posição com os pretos.
3. É um quebra-cabeça jogado individualmente.
4. Move-se tanto os Cavalos brancos quanto os pretos, podendo-se jogar mais que
uma vez com o mesmo Cavalo, e não há captura.
5. Após encontrar a solução deve-se buscar lembrá-la. Não há solução em menos
de 16 lances.
Comentário: Esta atividade exercitará o movimento do Cavalo, mas principalmente a
capacidade de planejamento, que é vital no jogo de xadrez. Como esta atividade é
difícil, é importante o professor primeiro mostrar a solução para os alunos, antes de
pedir que eles resolvam.
25
3
2
1
a b c
FIGURA 12 - CAVALOS TROCADOS FONTE: SILVA, W. (2002)
Corrida do Cavalo
Regras:
1. Utiliza-se um tabuleiro de 64 casas (8x8) e 1 Cavalo, como na Figura 13.
2. Deve-se conduzir o Cavalo que está situado em a1 até a casa marcada com o
número 1, depois até o número 2, a seguir ao número 3, e finalmente retornar ao
ponto de partida.
3. Todo o percurso deve ser feito em 20 lances.
4. O jogador que ultrapassar o número de lances deve refazer o trajeto.
Comentário: Esta atividade reforçará a aquisição do movimento do Cavalo,
exercitando no aluno a elaboração de um plano que o ajudará para a condução da
partida.
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1 2 8
7
6
5
4
3
2
3 1
a b c d e f g h
FIGURA 13 - CORRIDA DO CAVALO FONTE: SILVA, W. (2002)
Cavalos contra Peões
Regras:
1. Utiliza-se um tabuleiro de 25 casas (5x5).
2. O jogador das brancas inicia com dois Cavalos e o jogador das negras com cinco
Peões, que são arrumados como na Figura 14.
5
4
3
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1
a b c d e
FIGURA 14 - CAVALOS CONTRA PEÕES FONTE: SILVA, W. (2002)
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3. As brancas iniciam e os Peões andam de uma em uma casa.
4. O jogador das brancas vence se capturar os Peões.
5. A vitória será das pretas se um Peão atravessar o tabuleiro, desde que não seja
capturado.
Comentário: Pode-se observar que este jogo encerra um grau de complexidade
maior, mas mostra-se muito eficiente no treino do movimento do Cavalo, do Peão e
captura.
Bispos contra Peões
É o mesmo jogo explicado acima com a substituição dos Cavalos pelos Bispos,
colocando um bispo em b1 e outro em c1.
Batalha de Peões
Regras:
1. Joga-se em um tabuleiro de 64 casas (8x8).
2. Cada jogador possui oito Peões que são arranjados como na Figura 15.
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FIGURA 15 - BATALHA DE PEÕES FONTE: SILVA, W. (2002)
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3. O jogador com as brancas inicia o jogo sendo que o Peão pode se movimentar
como o similar do xadrez, mas sem a captura En Passant.
4. Ganha a partida àquele que fizer um Peão chegar do outro lado do tabuleiro, ou
aquele que deixar o adversário sem movimento possível.
Comentário: Este jogo visa exercitar o movimento do peão. Sua prática possibilita
um melhor domínio do movimento, captura e promoção do peão. Se o professor
achar necessário ele pode adaptar este jogo para um grau de dificuldade menor
simplesmente retirando os peões das colunas a, b, g e h, ficando uma batalha com 4
peões em cada lado.
O Desafio das Damas
Regras:
1. Joga-se em um tabuleiro de 64 casas (8x8).
2. Deve-se colocar 8 Damas sobre este tabuleiro.
3. As Damas não podem estar ameaçadas umas pelas outras como mostra a Figura
16.
8
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1
a b c d e f g h
FIGURA 16 - O DESAFIO DAS DAMAS FONTE: SILVA, W. (2002)
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Comentário: Este jogo foi originariamente pensado para 8 damas, mas
recomendamos que o educador inicie com 4 damas (Figura 17) e progressivamente
passe para 5 (tabuleiro de 5x5), 6 (6x6), 7 (7x7), e finalmente 8 damas em um
tabuleiro de 64 casas. Esta é uma ótima forma de exercitar o raio de ação longo da
dama. Este problema, na versão das 8 damas, tem interessado matemáticos por
muito tempo, e pode ser trabalhado em forma de concurso na escola.
4
3
2
1
a b c d
FIGURA 17 - O DESAFIO DAS DAMAS FONTE: SILVA, W. (2002)
Após ter trabalhado com o jogo Batalha de Peões o professor pode pedir
que o aluno pratique a partida com os Reis e Peões nas casas iniciais.
Paulatinamente o professor acrescenta uma nova peça na sua posição inicial e faz o
aluno praticar, sempre com os Peões na sua posição inicial.
Assim, após seis partidas, que podem ser jogadas uma por semana, o aluno
terá experimentado um pouco das sutilezas de cada peça. A seqüência das partidas
pode ser assim:
Aula Peças Brancas Versus Peças Pretas
1 8 X 8
2 1 + 8 X 1 + 8
3 1 + 2 + 8 X 1 + 2 + 8
4 1 + 2 + 8 X 1 + 2 + 8
5 1 + 2 + 8 X 1 + 2 + 8
6 1 + 1 + 8 X 1 + 1 + 8
TABELA 2 – PARTIDAS TEMÁTICAS FONTE: SILVA, W. (2002)
30
Este método é mais demorado, mas tem a vantagem de proporcionar uma
melhor compreensão do xadrez.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Temos o dever de fazer, pensar e querer uma Educação Física diferente da
que hoje se apresenta em nossas escolas. Acredito que resgatando a ludicidade,
motivando o desenvolvimento do individuo, envolvendo os alunos em uma atividade
benéfica e estabelecendo um vinculo entre o conhecimento e a experiência isso
possa vir a contribuir para o crescimento da qualidade de nossos alunos, mas o
compromisso tem que ser assumido por todo o quadro que envolve a comunidade
escolar.
Gostaria de salientar que a proposta deste trabalho é procurar mostrar à
Comunidade escolar a importância de incluir os jogos de xadrez nas atividades
escolares com isso as demais disciplinas e principalmente os alunos viram a se
beneficiar com isso.
Trata-se de uma iniciativa que pode estar em andamento nas escolas de
nosso estado, por isso espero contribuir com a melhoria da qualidade na educação.
.
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REFERÊNCIAS
DELORS, J. Os quatro pilares da educação. In: EDUCAÇÃO: um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez, 2001. HUIZINGA, J. Homo Ludens: o jogo como elementos da cultura. 4. ed. São Paulo: Perspectiva, 1996. JULIÃO, T. Uma etnografia do xadrez: símbolos e representações. Disponível em: <http://www.esporteitba.kit.net/xadrez/etnogra.doc>. Acesso em: 23 mar. 2010. KISHIMOTO, T. M. Jogos infantis: o jogo, a criança e a educação. 6. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1993. LOPES, M. da G. Jogos na educação: criar, fazer, jogar. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2000. PARANÁ. Secretária de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares Estaduais – DCE. Curitiba: Secretaria de Estado da Educação, 2006. PIMENTA, C. J. C. Xadrez: esporte, história e sua influência na sociedade. Disponível em: < http://www.cdof.com.br>. Acesso em: 08 set. 2009. SÁ, et al. Xadrez: cartilha. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto, 1993. 26 p. SILVA, W. Os Jogos Pré-Enxadísticos. Curitiba, SME, 2002. SILVA, W.; TIRADO, A. Os Jogos Pré-Enxadísticos. Curitiba: SME, 1999.