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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento genético de algodoeiro colorido: Redes Neurais Artificiais versus métodos convencionais Dissertação apresentada à Universidade Federal de Uberlândia, como parte das exigências do Programa de Pós-graduação em Agronomia – Mestrado, área de concentração em Fitotecnia, para obtenção do título de “Mestre”. Orientadora: Prof. Dra. Larissa Barbosa de Sousa UBERLÂNDIA-MG Fevereiro 2018

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Page 1: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA

DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO

Melhoramento genético de algodoeiro colorido: Redes Neurais Artificiais

versus métodos convencionais

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Uberlândia,

como parte das exigências do Programa de Pós-graduação em

Agronomia – Mestrado, área de concentração em Fitotecnia, para

obtenção do título de “Mestre”.

Orientadora: Prof. Dra. Larissa Barbosa de Sousa

UBERLÂNDIA-MG

Fevereiro 2018

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DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO

Melhoramento genético de algodoeiro colorido: Redes Neurais Artificiais

versus métodos convencionais

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Uberlândia,

como parte das exigências do Programa de Pós-graduação em

Agronomia – Mestrado, área de concentração em Fitotecnia, para

obtenção do título de “Mestre”.

APROVADA em 02 de fevereiro de 2018.

Prof.ª Dr.ª Ana Paula Oliveira Nogueira UFU/INGEB

Prof. Dr. Gabriel Mascarenhas Maciel UFU/ICIAG

Prof.ª Dr. ª Renata Oliveira Batista ICA/UFVJM

Prof.ª Dr. ª Larissa Barbosa de Sousa

ICIAG-UFU

(Orientadora)

UBERLÂNDIA

MINAS GERAIS - BRASIL

2018

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Sistema de Bibliotecas da UFU, MG, Brasil.

C268m

2018

Cardoso, Daniel Bonifácio Oliveira, 1982

Melhoramento genético de algodoeiro colorido: redes neurais

artificiais versus métodos convencionais / Daniel Bonifácio Oliveira

Cardoso. - 2018.

99 p. : il.

Orientadora: Larissa Barbosa de Sousa.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Uberlândia,

Programa de Pós-Graduação em Agronomia.

Disponível em: http://dx.doi.org/10.14393/ufu.di.2018.742

Inclui bibliografia.

1. Agronomia - Teses. 2. Algodão - Melhoramento genético - Teses.

3. Inteligência artificial - Teses. I. Sousa, Larissa Barbosa de. II.

Universidade Federal de Uberlândia. Programa de Pós-Graduação em

Agronomia. III. Título.

CDU: 631

Angela Aparecida Vicentini Tzi Tziboy – CRB-6/947

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por me dar forças e possibilitar o dom da vida, e a possibilidade de me tornar

uma pessoa melhor, no qual me apoio e tento sempre honrar em minhas atitudes e pensamentos.

Aos meus pais Nilo e Rosângela, pelo amor e apoio em todos os momentos de minha

vida e por serem meus referenciais. Obrigado também por transmitirem valores e princípios nos

quais me baseio e mostrarem o valor da família.

Aos meus irmãos Filipe e Clarisse, por todos os momentos alegres e tristes, mas que

sempre nos fazem crescer e nos tornam mais unidos.

À minha amada esposa Emilia, por me apoiar incondicionalmente e, por muitas vezes,

pensar mais em mim do que em si, pelo amor, carinho e ombro amigo nos momentos difíceis

dessa caminhada. Por me proporcionar um dos momentos mais felizes da paternidade, na qual

Maria Rosa, nossa filha, veio para nos mostrar o quanto a vida é bonita em seus sorrisos e

abraços.

Agradeço à Prof.ª Dr. ª Larissa Barbosa de Sousa, pela orientação, por toda dedicação,

compreensão e por acreditar não só em mim, mas também nas pessoas, por se preocupar tanto

com cada um. Eu não poderia ter terminado o curso, muito menos finalizar o mestrado, se não

fosse por todo seu apoio acadêmico e amizade.

Agradeço aos membros do Programa de Melhoramento Genético do Algodoeiro da

Universidade Federal de Uberlândia, programa de melhoramento idealizado pelo professor Dr.

Júlio César Viglioni Penna, meus sinceros agradecimentos, pois a execução desse trabalho foi

possível graças à dedicação de vocês e a todos que já passaram pelo programa e deixaram sua

contribuição. Com a formação de amigos que levarei por toda a vida, principalmente Elvécio,

Michel, Lucas, João Felipe, Cynthia, Vádio, Vinicius, Melissa, Morgana, Daniela, Guilherme,

Leandro, e diversos outros, que nem poderia enumerar.

A todos os professores do Programa de Pós-Graduação em Agronomia da Universidade

Federal de Uberlândia, por contribuírem para minha formação acadêmica e concederem a

oportunidade de adquirir conhecimentos de grande valia.

À Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela

concessão da bolsa de estudos e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais

pelo apoio financeiro.

A todos aqueles que de alguma forma contribuíram com o planejamento, execução e

conclusão desse trabalho.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Valores referência para as características intrínsecas da fibra. ................................. 18

Tabela 2. Classes de genótipos por meio da metodologia de Eberhart e Russell (1966) e os

respectivos valores paramétricos. ............................................................................................. 45

Tabela 3. Significância dos quadrados médios e coeficientes percentuais da variação

experimental para as 9 características avaliadas, em 12 genótipos de algodoeiro nas safras

2013/14, 2014/15, 2015/16 e 2016/17. ..................................................................................... 47

Tabela 4. Estimativas das partes simples resultantes da decomposição da interação entre

genótipos e pares de ambientes. ............................................................................................... 48

Tabela 5. Estimativa dos coeficientes de β0, β1i e σ²di utilizando o método de Eberhart e Russell

(1966) para produtividade algodão em caroço (kg ha-1), para 12 genótipos avaliados em 4

ambientes 2013/2014, 2014/2015, 2015/2016 e 2016/2017. .................................................... 49

Tabela 6. Estabelecimento dos ideótipos, calculados pelo método Centróide, para produtividade

(kg ha-1) dos genótipos de algodoeiro, avaliados em 4 ambientes. .......................................... 50

Tabela 7. Média de produtividade e classificação de classe utilizando o método de redes neurais

artificiais, para produtividade algodão em caroço (kg ha-1) de 12 genótipos avaliados em quatro

ambientes 2013/14, 2014/15, 2015/16 e 2016/17. .................................................................... 51

Tabela 8. Média de produtividade de algodão em caroço (kg ha-1) de 12 genótipos de

algodoeiros em quatro safras, na cidade de Uberlândia-MG. .................................................. 53

Tabela 9. Estimativa dos coeficientes de β0, β1i e σ²di utilizando o método de Eberhart e Russell

(1966) para Comprimento de Fibra (mm) (UHML), Uniformidade de comprimento (UI), Índice

de Fibras Curtas (SFI), Resistência (STR) e Alongamento (ALG) em algodoeiro de fibra

colorida, para 12 genótipos avaliados em 4 ambientes, nos anos 2013/14, 2014/15, 2015/16 e

2016/17. .................................................................................................................................... 56

Tabela 10. Estimativa dos coeficientes de β0 (médias) utilizando o método de Eberhart e Russell

(1966) para Comprimento de Fibra (mm) (UHML), Uniformidade de comprimento (UI), Índice

de Fibras Curtas (SFI), Resistência (STR) e Alongamento (ALG) em algodoeiro de fibra

colorida, para 12 genótipos avaliados em 4 ambientes, nos anos 2013/14, 2014/15, 2015/16 e

2016/17. .................................................................................................................................... 57

Tabela 11. Estabelecimento dos ideótipos, calculados pelo método Centróide, para

comprimento de Fibra (mm) (UHML), Uniformidade de comprimento (UI), Índice de Fibras

Curtas (SFI), Resistência (STR) e Alongamento (ALG) em algodoeiro de fibra colorida, para

12 genótipos avaliados em 4 ambientes, nos anos 2013/14, 2014/15, 2015/16 e 2016/17. ..... 58

Page 6: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

Tabela 12. Significância dos quadrados médios e coeficientes percentuais da variação

experimental para as 9 características avaliadas, em 12 genótipos de algodoeiro na safra

2016/17. .................................................................................................................................... 72

Tabela 13. Média de nove características de algodão morfológicas de 12 genótipos de fibra

colorida cultivados em Uberlândia-MG. .................................................................................. 73

Tabela 14. Agrupamento de 12 genótipos de algodoeiro de fibra colorida, pelo método de

Tocher, utilizando a distância de Mahalanobis como medida de distância genética, com base

em caracteres agronômicos e características tecnológicas da fibra. ......................................... 77

Tabela 15. Significância dos quadrados médios e coeficientes percentuais da variação

experimental para as 9 características avaliadas, em 12 genótipos de algodoeiro na safra

2016/17. .................................................................................................................................... 88

Tabela 16. Correlações fenotípicas e genotípicas entre caracteres avaliados em 12 genótipos de

algodoeiro colorido em Uberlândia-MG. ................................................................................. 90

Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, que envolveram o caractere principal

dependente produtividade de algodão em caroço e as independentes: MIC, UHML, UI, STR,

ELG, MIC e RP em 12 genótipos de algodoeiro safra 2016/2017. .......................................... 92

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Padrões de comportamento dos genótipos em dois ambientes: ambientes 1 e ambiente

2. Destacando-se na figura 1A- Ausência de interação; 1B- Interação simples e na figura 1C-

Interação Complexa. Genótipo A representado por ----- ; Genótipo B representado por...........24

Figura 2. Adaptado de Nascimento et al. (2013). Esquema da única camada oculta da rede

neural ........................................................................................................................................ 27

Figura 3. Dados meteorológicos no período de 12/2013 a 06/2014. ........................................ 38

Figura 4. Dados meteorológicos no período de 12/2014 a 06/2015. ........................................ 39

Figura 5. Dados meteorológicos no período de 12/2015 a 06/2016. ........................................ 40

Figura 6. Dados meteorológicos no período de 12/2016 a 30/06/2017. ................................... 40

Figura 7. Dados meteorológicos no período de 12/2016 a 30/06/2017. ................................... 69

Figura 8. Contribuição relativa das características: .................................................................. 75

Figura 9. Dendrograma da divergência genética entre 12 genótipos de algodoeiro de fibra

colorida na safra 2016/2017, obtido pelo método hierárquico de ligação média “UPGMA”, com

base na distância generalizada de Mahalanobis (D²). Coeficiente de correlação cofenética (r):

0,84, em Uberlândia, MG ......................................................................................................... 76

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO GERAL .............................................................................................. 10

2. REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................... 13

Referências ........................................................................................................................................................ 29

3. GENÓTIPOS DE ALGODOEIRO DE FIBRA COLORIDA NA REGIÃO DE

UBERLÂNDIA, UTILIZANDO REDES NEURAIS ARTIFICIAIS QUANTO A

PRODUTIVIDADE E QUALIDADE DE FIBRA ......................................Erro! Indicador não definido.

3.1. Resumo .................................................................................................................................................. 35

3.2. Abstract.................................................................................................................................................. 36

3.3. Introdução ............................................................................................................................................. 37

3.4. Material e métodos ....................................................................................................... 38

3.5. Resultados e discussão ...................................................................................................................... 46

3.4. Conclusões ............................................................................................................................................ 59

Referências ........................................................................................................................................................ 60

4. DIVERSIDADE GENÉTICA ENTRE GENÓTIPOS DE ALGODOEIRO

COLORIDO PARA OBTENÇÃO DE GENITORES EM POTENCIAL ...................................... 65

4.1. Resumo .................................................................................................................................................. 65

4.2. Abstract.................................................................................................................................................. 66

4.3. Introdução ............................................................................................................................................. 67

4.4. Material e métodos ............................................................................................................................. 68

4.5. Resultados e discussão ...................................................................................................................... 72

4.6. Conclusões ............................................................................................................................................ 77

Referências ........................................................................................................................................................ 78

5. CORRELAÇÃO ENTRE CARACTERES COMO CRITÉRIO DE SELEÇÃO

INDIRETA EM GENÓTIPOS DE ALGODOEIRO DE FIBRA COLORIDA ............................ 82

5.1. Resumo .................................................................................................................................................. 82

5.2. Abstract.................................................................................................................................................. 83

5.3. Introdução ............................................................................................................................................. 84

5.4. Material e Métodos ............................................................................................................................ 85

5.5. Resultados e Discussão ..................................................................................................................... 88

5.6. Conclusões ............................................................................................................................................ 95

Referências ........................................................................................................................................................ 96

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RESUMO

CARDOSO, DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA. Melhoramento genético de algodoeiro

colorido: Redes Neurais Artificiais versus métodos convencionais, 2018. Dissertação

(Mestrado em agronomia) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, Minas Gerais,

Brasil.

O objetivo deste trabalho foi: a) verificar a presença da interação genótipos x ambientes para a

adapatabilidade e estabilidade pelos métodos de Eberhart e Russel (1966), Centróide, assim

como avaliar o uso das redes neurais artificiais na adaptabilidade e estabilidade dos genótipos

de algodoeiro de fibra colorida, para características da fibra e produtividade b) analisar a

diversidade genética entre genótipos de algodoeiro de fibra colorida, utilizando características

tecnológicas da fibra e produtividade pelos métodos de UPGMA e Tocher, para obtenção de

genitores em potencial e c) avaliar as correlações fenotípicas e genotípicas e seus efeitos diretos

e indiretos sobre produtividade, rendimento e caracteres tecnológicos da fibra de algodoeiro

colorido. O experimento foi realizado na fazenda experimental Capim Branco, em Uberlândia-

MG, nas safras 2013/2014, 2014/2015, 2015/2016 e 2016/2017. Foram avaliados 12 genótipos

de algodão de fibra colorida. O delineamento experimental foi de blocos completamente

casualizados com três repetições. Foram avaliados a produtividade de algodão em caroço,

rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com o auxílio do aparelho HVI

(High Volume Instrument), sendo estas: Comprimento médio da fibra (UHML), Uniformidade

de comprimento (UI), Índice de fibras curtas (SFI), Resistência de fibras (STR), Elongamento

da fibra (ELG), Micronaire (MIC) e Maturidade da fibra (MAT). As características

apresentaram interação GxA, que evidencia o comportamento diferencial dos genótipos frente

as oscilações ambientais. A interação foi predominantemente do tipo complexa e, ao

analisarmos a adaptabilidade e estabilidade, houve concordância entre os métodos de Eberhart

e Russell e as RNA’s, sendo que os genótipos UFUJP-02 e UFUJP-17, demonstraram ser

responsivos aos estímulos ambientais com alta previsibilidade, além de demonstrarem ser

promissores para a característica produtividade e qualidade de fibras. O método de RNA’s

demonstrou confiabilidade quanto a adaptabilidade se comparada aos métodos Eberhart e

Russell e Centróide. Pela contribuição relativa de Singh UHML e MAT foram as características

que mais contribuíram para a divergência. Formaram-se cinco grupos divergentes, um a menos

que Tocher com 6 grupos. Verificou-se que possíveis hibridações entre UFUJP-17 e as

cultivares comerciais podem ser promissoras para obtenção de populações segregantes com

maior variabilidade genética. Visando o aumento do potencial produtivo e melhorias da

qualidade de fibra, cruzamentos entre UFUJP-16 e as testemunhas comercias, teriam maior

chance de se obter êxito no programa de melhoramento. As características MIC, MAT, STR e

ELG tiveram correlação significativa com produtividade, sendo que alongamento obteve

correlação negativa, ou seja, uma associação inversa com produtividade. Na análise de trilha

MIC, MAT e STR tiveram efeito direto superior a magnitude do efeito residual, sendo que

MAT obteve efeito direto em sentido desfavorável, demonstrando ausência de causa e efeito

sobre produtividade. A característica MIC, apesar do alto efeito direto, possui baixo coeficiente

de determinação genotípico, inviabilizando sua utilização na seleção indireta. Verificou-se que

comprimento de fibra e resistência podem ser utilizados na seleção indireta, desde que seja

feito, entre ambas, uma seleção truncada.

Palavras-chave: Gossypium hirsutum; Gossypium barbadense; Inteligência Computacional.

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ABSTRACT

The objective of this work was: a) to verify the genotype x environment relationships for the

physical and potential characteristics of the methods of Eberhart and Russel (1966), Centroid,

as well as the use of artificial neural networks in the adaptability and stability of the cotton

genotypes of b) to analyze a genetic difference between cotton genotypes of fiber and power

propagation factors by the UPGMA and Tocher methods to identify the parents of potential risk

factors and to evaluate the phenotypic and genotypic and indirect correlations on productivity,

yield and technological characteristics of colored cotton fiber. The experiment was carried out

at the experimental farm of Capim Branco, in Uberlândia-MG, in the crop year 2013/2014,

2014/2015, 2015/2016 and 2016/2017. Twelve cotton fiber genotypes were evaluated. The

experimental design was completely randomized blocks with three replicates. The yield of

cotton seed, fiber yield and technical characteristics of the fiber were evaluated with the aid of

the HVI apparatus (High Volume Instrument), being: Average length of fiber (UHML),

Uniformity of length (UI), Index of short fibers (SFI), fiber resistance (STR), fiber elongation

(ELG), micronaire (MIC) and fiber maturity (MAT). GxA, which demonstrates the differential

behavior of genocysts in the face of environmental oscillations. The interaction was

predominantly intentional and adaptive, and a correlation was found between the Eberhart and

Russell methods and the RNAs, and the genotypes UFUJP-02 and UFUJP-17 were shown to

be responsive to environmental stimuli with high predictability, and to be shown to be the

quality and quality of fibers. The RNA's method demonstrated how much adaptability was

compared to the Eberhart and Russell and Centroid methods. Through the contribution of Singh,

UHML and MAT were the characteristics that contributed most to a divergence. Five divergent

groups were formed, one less than Tocher with 6 groups. Commercial applications may be more

useful for the generation of segregant residues and with greater genetic variability. Aiming to

increase the productive and improved potential of fiber quality, crosses between UFUJP-16 and

the most frequent witnesses, the greater chance of success in the breeding program. The MIC,

MAT, STR and ELG characteristics were highly comic, and the exterior was negative, that is,

an inverse association with productivity. In the analysis of the MIC, MAT and STR tracks, the

deleterious effects exceed the magnitude of the residual effect, and the MAT has direct effect

in the unfavorable sense, demonstrating absence of cause and effect on productivity. The MIC

characteristic, despite the high direct effect, has low genotype determination coefficient,

making its use in indirect selection impossible. It was verified that the compromise of fiber and

resistance can be used in the selection of direct, as long as a truncated selection is made between

the two.

Keywords: Gossypium hirsutum; Gossypium barbadense; Computational Intelligence.

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10

1. INTRODUÇÃO GERAL

O algodoeiro (Gossypium hirsutum) é uma espécie do gênero Gossypium, da família

Malvaceae, e tem grande importância socioeconômica em nível mundial. Existem na natureza

52 espécies pertencentes ao gênero Gossypium, sendo quatro de maior importância econômica:

G. hirsutum L., G. barbadense L., G. herbaceum L. e G. arboreum L (GADELHA, 2014). Essa

relevânica socioeconômica mundial se deve ao fato do algodoeiro ser responsável por

movimentar diversos setores da economia, como a indústria têxtil, agroindústrias, grandes e

pequenos agricultores, inclusive a agricultura familiar (CHITARRA, 2014).

No mundo, a projeção de produção para a safra 2017/2018 é em torno de 24,59 milhões

de toneladas de algodão em caroço. Isso representa um aumento de produção de 7,19%

(CONAB, 2017), gerando bilhões de dólares em torno de sua cadeia produtiva, desde a

produção na fazenda, até o processamento na indústria (ABRAPA, 2018).

Nesse sentido, o Brasil é uma das principais commodities agrícolas em importância

econômica. A estimativa de área plantada é de mais de um milhão de hectares, um crescimento

de 11% para safra 2017/2018, com expectativa de produção de 1,69 milhões de toneladas de

pluma e com uma produção de algodão em caroço de aproximadamente 4.223,6 mil toneladas,

crescimento de 10,3 % em relação à safra 2016/2017 (CONAB, 2017).

Sendo assim, em virtude da sua relevância, a cotonicultura brasileira se destaca em todas

as regiões do país, com maior expressão no cerrado, uma vez que neste bioma encontrou

condições favoráveis ao seu desenvolvimento, tais como condições climáticas ideais, terras

planas mecanizáveis e incentivos governamentais, para se estabelecer e prosperar.

Segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento CONAB (2017), os

estados de Mato Grosso e Bahia correspondem por mais de 85% da área plantada no Brasil,

com área de 627,8 e 201,6 mil hectares, respectivamente, seguidos por Mato Grosso do Sul,

Goiás, Maranhão e Minas Gerais que é o maior produtor da região Sudeste com área de 16 mil

hectares na safra 2016/2017, e uma estimativa de aumento desta área em 49% para a safra 17/18.

Isto se deve, principalmente, pela cotação favorável da commodity no mercado, com boas

possibilidades de retorno financeiro (ABRAPA, 2017).

Em Minas Gerais, espera-se um aumento da produtividade de algodão em caroço de

aproximadamente 32,9% (CONAB, 2017). Esses números demonstram o elevado potencial

produtivo e de crescimento da espécie, reflexo direto de uma boa tecnificação e manejo da

cultura, com destaque para as regiões do Noroeste, Alto Paranaíba, Triângulo Mineiro e Norte

de Minas como as maiores produtoras do estado, com vários perfis de produtores.

Page 12: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

11

Apesar de grande parte da produção da cotonicultura ser de algodão de fibra branca,

naturalmente o algodoeiro produz fibras de cor (verde, amarelo, cinza, bege e creme), sendo

inclusive uma expressão fenotípica dominante. Tal fato demonstra a importância da seleção

artificial no decorrer da história, pois a característica branca sendo recessiva, seria natural a

predominância da fibra colorida (BELTRÃO, 2004).

O algodoeiro de fibra colorida é uma boa alternativa de cultivo a ser explorada, pois

possui alto potencial de mercado para os grandes produtores, devido ao seu maior valor

agregado em relação ao algodão de fibra branca. Além disso, pode trazer aos produtores da

agricultura familiar uma fonte de renda complementar aliado a importância social,

(CARDOSO, 2010). Ademais, pode ser uma fonte complementar na ração de ruminantes, pois

o caroço de algodão tem alto valor nutricional (25% proteínas e lipídeos, aproximadamente)

(COSTA et al., 2016).

Apesar de sua importância existem barreiras na produção da fibra de algodão colorido,

pelo fato destes produzirem fibras curtas e fracas, quando comparadas ao algodão de fibra

branca, o que pode depreciar o produto frente a indústria têxtil. Outrossim, é o fato de possuir

produtividade menor em relação as cultivares de fibra branca existentes no mercado, que

restringem a sua produção (BELTRÃO, 2004).

Com o intuito de contornar esses problemas, uma das estratégias mais econômicas e

eficientes é o melhoramento genético de plantas. Em muitas situações o melhoramento é o único

meio de aumentar a produtividade e a qualidade de fibra, além da vantagem de promover

benefícios em termos hereditários e podendo ser, por isso, perpetuadas ao longo das gerações

(CRUZ; REGAZZI; CARNEIRO, 2014).

Todavia o melhoramento genético é um processo demorado que utiliza da hibridação

como meio de ampliar a variabilidade genética existente. Após a obtenção da população

segregante é possível aplicar um dos métodos de condução das populações. No algodoeiro, uma

espécie de sistema reprodutivo intermediário, isso pode ser conduzido por métodos de

melhoramento de plantas autógamas (BORÉM; FREIRE 2014).

No entanto, para a hibridação é necessário que haja variabilidade genética aliada a

genitores com alto desempenho. Para isso o estudo da divergência genética, fornece

informações que auxiliam o melhorista na escolha dos genótipos, para seleção de possíveis

combinações que possibilitem obter maior efeito heterótico (CRUZ; REGAZZI; CARNEIRO,

2014).

Existem vários métodos multivariados utilizados para estimar a divergência genética,

sendo que os métodos aglomerativos diferem dos demais, em virtude de dependerem

Page 13: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

12

fundamentalmente de medidas de dissimilaridade, que podem ser estimadas previamente pelo

método da distância generalizada de Mahalanobis (CRUZ; REGAZZI; CARNEIRO, 2014).

Complementar a questão da divergência, ainda se faz necessário selecionar os genótipos,

através de suas características, de acordo com o objetivo do programa. Contudo, há dificuldades

na seleção das características quando estas são de baixa herdabilidade e, ou, tenham problemas

na mensuração.

Para contornar este problema as correlações permitem conhecer a magnitude e direção

da influência dos fatores, e esta possibilita a seleção de forma indireta. A correlação se deve ao

desequilíbrio gênico e, principalmente, a pleiotropia, que é a propriedade de um gene

determinar mais de uma característica fenotípica. Para determinar e averiguar os efeitos diretos

e indiretos das variáveis sob uma característica de interesse, realiza-se a análise de trilha

(CRUZ; REGAZZI; CARNEIRO, 2014).

Ao final do processo de melhoramento, os genótipos melhores ainda precisam ser

avaliados nos ambientes em que se deseja inseri-los, pois, a manifestação fenotípica é

determinada pelos genótipos sob influência do ambiente. Para esta verificação é necessário a

análise conjunta dos experimentos, com a significância pelo teste F, para constatar ou não a

interação genótipos x ambientes (GxA) e caso exista, realizar a decomposição da interação em

partes simples ou complexas (CRUZ; REGAZZI; CARNEIRO, 2014).

Todavia, a interação GxA não evidencia informações minuciosas do comportamento dos

genótipos nos diversos ambientes, necessitando de uma análise que preveja seu comportamento,

assim como a averiguação de sua responsividade ao ambiente, em condições específicas ou

amplas. Para tal, o estudo da adaptabilidade e estabilidade é uma alternativa para amenizar e

averiguar os efeitos da interação (CRUZ; REGAZZI; CARNEIRO, 2014).

Pensando nisso, o objetivo deste trabalho foi selecionar genótipos de algodoeiro de alto

desempenho, adaptabilidade e estabilidade, divergência genética, assim como determinar as

relações entres os caracteres tecnológicos da fibra e a produtividade, com seus efeitos diretos e

indiretos na seleção, na cidade de Uberlândia-MG.

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13

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Algodoeiro

O algodoeiro é uma angiosperma da classe das dicotiledôneas, pertencente à ordem

Malvales, família das Malvaceae, gênero Gossypium. O produto colhido é denominado algodão

em caroço e é composto pela pluma (fibra) e pelo caroço (sementes com “línter”, ou seja, fibras

curtas). Sua utilização se concentra na indústria de fiação, tecelagem, na indústria de

alimentação animal (farelo) e humana (óleo), além de grande número de produtos secundários

(PENNA, 2005).

Das principais espécies cultivadas no mundo o Gossypium hirsutum e o Gossypium

barbadense são as mais exploradas, por possuírem boa produtividade e alta qualidade de fibra.

São espécies alotetraploides 2n=4x=52 possuindo como centro de origem a América central e

a América do Sul, respectivamente (GRID-PAPP, 1965; BELTRÃO, 1999).

A espécie G. hirsutum é uma planta caracterizada por possuir entre 0,6 cm a 1 m de

altura, pouco ramificadas, folhas largas e tri ou pentalobadas. Suas flores apresentam cores

amarelo pálido, com média de 11 sementes por lóculo. Suas fibras são longas e há presença de

línter no tegumento das sementes. As principais raças são Marie galante, Puncatum, Latifolium,

Morrili, dentre outras (BORÉM; FREIRE, 2014).

A segunda espécie em importância é o G. barbadense, que tem plantas com altura de até

2,70 m, ramos ascendentes com muita ramificação variada a pouco ramificadas. Possuem folhas

espessas tri ou pentalobadas e flores amareladas com brácteas largas. Suas fibras são longas e

brilhantes com a presença de línter verde ou marrom. As principais raças são a Brasiliense,

Típica, Peruvianum e Darwinii (BORÉM; FREIRE, 2014).

As plantas de algodoeiro possuem hábito de crescimento indeterminado e porte

subarbustivo. Têm caule ascendente e raízes pivotantes que podem chegar a 2,50 m de

profundidade. Seu fruto é denominado de maçã, e cada uma possui de três a cinco lóculos,

sendo que o fruto aberto expõe suas fibras, denominando-se capulho. Por toda a planta

glândulas denominadas gossipol apresentam-se distribuídas, sendo tóxicas protegendo a planta

de herbivoria (BORÉM; FREIRE, 2014).

Além disso, possuem flores hermafroditas creme ou amareladas, que quando expostas a

radiação solar, faz com que seus fitocromos reajam e as pétalas se tornem violáceas. A planta

em ausência de polinizadores realiza autofecundação, contudo, havendo insetos polinizadores

na área, a polinização cruzada pode atingir altos valores, acima de 50%, tornando, assim, o

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algodoeiro como sistema reprodutivo do tipo intermediário. Seu ciclo pode oscilar de acordo

com as condições ambientais, variando entre 160 a 180 dias (PENNA, 1982). Ainda em relação

a sua morfologia, o algodoeiro apresenta dois tipos de ramificações, que são denominadas de

ramos reprodutivos ou simpodiais e vegetativos monopodiais (BELTRÃO; SOUZA, 1999;

BORÉM; FREIRE, 2014).

As sementes do algodoeiro são piriformes, com coloração que varia de marrom a preta.

A principal característica da semente está na epiderme que possui células esclerificadas, que

são modificadas e originam as fibras. Outra importante característica das sementes do

algodoeiro é sua composição físico-química, rica em lipídios (25%) e proteínas (28%) (COSTA

et al., 2017).

A fibra do algodoeiro é proveniente da epiderme da semente e são constituídas de fibras

curtas (línter) e fibras longas. Sua estrutura é composta praticamente por celulose (88 a 96%) e

cada fibra é proveniente de uma única célula (BELTRÃO, 2006).

Sendo assim, o conjunto de fibras é denominado pluma e a análise da qualidade destas

fibras são de extrema importância para sua comercialização. As características tecnológicas das

fibras são condicionadas por fatores genéticos, que sofrem influência como pragas, solo,

doenças, dentre outros, dos quais o déficit hídrico, temperatura e luminosidade, são os fatores

que mais podem interferir na constituição da fibra. Além disso, pragas como ácaros, lagartas,

percevejos também depreciam a qualidade final da fibra (SANTANA et al., 1995; SANTANA,

2002; BORÉM; FREIRE, 2014).

2.2. Importância histórica e econômica

Segundo a Associação Mineira de Produtores de algodão, a domesticação do algodoeiro

se deu na Arábia há mais de 4 mil anos. Há oito séculos a.C. os egípcios já conheciam e

cultivavam o algodão, além dos Incas e outras civilizações antigas, que já utilizavam o algodão

por volta de 4.500 a.C. No Brasil, entre os séculos XIX e XX, o algodão era uma importante

fonte de renda, principalmente no Nordeste (BELTRÃO, 2004; AMAPA, 2017).

Dessa forma, no Brasil o algodão adaptou-se muito bem, sendo que um dos fatores foram

às condições climáticas do país, principalmente no bioma cerrado. Esse bioma propiciou

condições edafoclimáticas favoráveis ao seu desenvolvimento, aliado a incentivos fiscais, alta

tecnificação e pelo melhoramento genético, que possibilitou adaptar a cultura a diversas regiões,

mantendo uma boa produtividade (EROS; CAMÂRA, 2013).

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Os maiores produtores de algodão do mundo são a Índia, China, Estados Unidos,

Paquistão e Brasil, que é o maior produtor de algodão em sequeiro do mundo. Os maiores

consumidores mundiais são China, Índia, Paquistão e Turquia. Já os maiores exportares são os

Estados Unidos, Índia e em terceiro lugar o Brasil, que produz 695,00 milhões de toneladas,

com um montante comercializado de 1.130,00 bilhões de dólares no ano de 2017 (ABRAPA,

2017).

No mundo, a projeção da produção é de 22.523,00 milhões de toneladas com um

aumento de aproximadamente 7% em relação à safra anterior, 22,58 milhões de toneladas, de

acordo com a CONAB (2017). Essa produção gera cifras de US$ 12 bilhões em movimentações

financeiras, envolvendo mais de 350 milhões de pessoas em sua produção, desde as fazendas,

logística, descaroçamento, processamento e a embalagem.

Nesse sentido, no mercado têxtil brasileiro a estimativa de algodão em pluma em 2017,

segundo estimativas da Abrapa (2017), foi de 667 mil toneladas, gerando um excedente de 700

mil toneladas, pois a produção brasileira é de aproximadamente 1.400 mil toneladas. Os

principais importadores da pluma brasileira são a Coreia do Sul e a China.

No Brasil existem regiões com crescimento significativo, sendo que o estado que mais

produziu algodão, na safra 2016/2017, foi o Mato Grosso com 627,8 mil ha cultivados e uma

produção de pluma de 1011 mil toneladas, seguido por Bahia com 201 mil ha e produtividade

de pluma de 346 mil toneladas. Minas Gerais situa-se em sexto lugar com uma área de 21 mil

ha e produção de 77,5 mil toneladas de algodão em caroço e 31 mil toneladas de pluma

respectivamente na safra 2016/2017 (CONAB, 2017), dados que confirmam uma alta

participação no cultivo de algodão no país.

Na divisão das regiões produtoras no estado de Minas Gerais, o Noroeste de Minas, com

67,9% de participação, é o maior produtor de algodão em pluma, seguido pelo Alto Paranaíba,

Norte de Minas e Triângulo Mineiro (CONAB, 2017).

Os municípios que mais produzem no estado são: Unaí (14 mil toneladas), Presidente

Olegário (10,4 mil toneladas), ambos na região Noroeste, além de Buritis (8,1 mil toneladas),

São Gonçalo do Abaeté (7,2 mil toneladas) e Coromandel (7 mil toneladas) (Alto Paranaíba),

como mostram os dados do ano de 2014/15 (MINAS GERAIS, 2016).

2.3. Qualidade da fibra

A fibra é o principal produto do algodão e é constituída por uma única célula, que cresce

e se desenvolve por aproximadamente 50-60 dias, período em que ocorre a elongação e

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deposição de celulose, que corresponde a 95% de sua constituição (BELTRÃO, 2006). A fibra

é oriunda da epiderme da semente e para ser considerada de qualidade é necessário atender as

exigências da indústria têxtil, pois isso garantirá no momento da comercialização maior

valorização financeira (CEPEA, 2017).

Nesse sentido, a qualidade da fibra se refere à aplicação de procedimentos padronizados

desenvolvidos pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da América do Norte –

USDA, para avaliar as qualidades físicas do algodão que afetam o produto acabado e/ou a

eficiência do setor industrial (BOLSA DE MERCADORIAS & FUTURO s.d.). Esta

classificação é feita em amostras de fardos de algodão, levando em consideração o tipo, a cor e

o grau de folha por parâmetros físicos universais.

Os parâmetros são características intrínsecas e extrínsecas da fibra. Características

intrínsecas envolvem o manejo no campo e a genética do cultivar, de forma generalizada. Já a

característica extrínseca depende da colheita, armazenamento e descaroçamento. Estas

características em conjunto definem seu valor econômico, classificando-a quanto a sua

qualidade, levando-se em consideração medidas de composição padrão, características

sensoriais e fatores higiênico-sanitários e tecnológicos, segundo a lei nº 9.972/2000

(AGRICULTURA, 2017).

Atualmente a classificação das características intrínsecas da fibra são determinadas pelo

sistema HVI (High Volume Instruments), sendo exigido esse teste e a classificação para que a

pluma seja comercializada no exterior (ZELLWEGER- USTER, 1995).

Dessa maneira, o HVI analisa as seguintes características: comprimento da fibra

(UHML), índice de consistência a fiação (SCI), uniformidade da fibra (UI), índice de

micronaire (MIC), resistência (STR), alongamento (ELG), índice de fibras curtas (SFI),

maturidade da fibra (MAT), grau de amarelo (GA) e grau de reflectância (RE). Estas são as

características exigidas pela indústria têxtil, desde que dentro de certos limites para que o

processo de fiação ocorra com a máxima qualidade na fiação. Tais características serão descritas

abaixo (IMAMT, 2014), conforme Tabela 1:

2.4.1. Índice de Consistência de fiação (SCI)

Característica que indica resistência dos fios, em especial de fios a rotor. É a propriedade

que a fibra tem de se transformar em fio.

2.4.2. Comprimento de Fibra (mm) (UHML)

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É levado em consideração o comprimento médio da metade mais longa do feixe de fibras

em 32 subdivisões de polegadas.

2.4.3. Uniformidade do Comprimento (UI)

Relação entre o comprimento médio e o comprimento médio da metade mais longa do

feixe de fibras.

2.4.4. Alongamento (ELG)

Máximo de comprimento obtido por uma amostra de fibra durante uma carga de esforço

até seu rompimento.

2.4.5. Resistência (STR)

Capacidade que a fibra tem de suportar uma carga até se romper. A resistência à ruptura

é expressa em g tex-1 (universal) e gf tex-1 (Brasil), sendo que este parâmetro de qualidade

representa a força máxima necessária para romper um feixe de fibras.

2.4.6. Maturidade (MAT)

Grau de desenvolvimento da parede da fibra. Para duas fibras de mesmo diâmetro, a

mais madura será aquela que tiver parede mais espessa na sua seção transversal.

2.4.7. Micronaire (MIC)

Também conhecido como “finura de fibra”, é um índice adimensional. E indicador da

resistência de uma determinada massa de fibras a um fluxo de ar, à pressão constante, em

câmara de volume definido. Este índice, é intimamente influenciado pelo conteúdo de celulose

presente na parede secundária da fibra e permite estimar a quantidade de fibras que irão compor

a seção transversal do fio e sua resistência e regularidade em função de comprimento.

2.4.8. Índice de Fibra Curta (%)

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Porcentagem de fibras com menos de 12 mm. É obtido através do HVI, pela proporção

em percentagem de fibras curtas em uma amostra com comprimento inferior a 12,7 mm.

2.4.9. Reflectância

A reflectância (Rd %) representa uma escala que varia do branco ao cinza. Quanto maior

a reflectância da fibra, menor será o seu acinzentamento e, portanto, maior o interesse da

indústria têxtil.

2.4.10. Grau de Amarelecimento

Valor correspondente ao amarelecimento das fibras com a ajuda de um filtro amarelo.

Tabela 1. Valores referência para as características intrínsecas da fibra.

UHML(mm) UI (%) ELG (%) STR (gf tex-1)

Curta 23.5 - 25.15 Muito

Irregular

< 77 Muito

Baixo

< 5.0 Baixa 21.0-23.0

Média 25.16 - 27.94 Irregular 77-79 Baixo 5.0-5.9 Média 24.0-27.0

Longa 27.94 - 32.00 Média 80-82 Médio 5.9-6.7 Elevada 27.0-29.0 Uniforme 83-85 Alto 6.8-7.6 Muito

Forte

> 30.0

Muito

Uniforme

> 85 Muito

Alto

> 7.6

UHML=Comprimento de fibra; UI= Uniformidade de comprimento; ELG= Elongamento;

STR= Resistência.

Continuação...

MAT MIC SFI (%)

Inadequado < 0.70 Muito fina < 3.0 Muito Baixa < 6.0

Imaturo 0.70-0.80 Fina 3.0-3.9 Baixa 6.0-9.0

Inferior ao médio 0.80-0.85 Regular 4.0-4.9 Média 10.0-13.0

Maduros 0.85-0.95 Grossa 5.0-5.9 Alta 14.0-17.0

Superior ao médio 0.95-1 Muito Grossa > 6.0 Muito Alta > 17.0

MAT=Maturação; MIC= Micronaire; SFI= Índice de Fibras Curtas

2.5. Fatores ambientais que afetam a qualidade da fibra do algodoeiro

A cadeia produtiva do algodão busca cada vez mais melhorar aspectos da qualidade da

fibra para a obtenção de um melhor produto final. No momento da venda da fibra para a

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indústria, um produto de melhor qualidade é o que vai garantir um melhor retorno do

investimento. Portanto, a melhoria nas características intrínsecas da fibra é cada vez mais

almejada (SESTREN; KROPLI, 2009).

Por isso, a interação genótipos e ambientes (G x A) é um componente importante para

os programas de melhoramentos de plantas, pois altera o desempenho relativo dos genótipos

em virtude de diferentes ambientes e dificulta a recomendação de cultivares (OLIVEIRA et al.,

2017).

Em trabalho realizado por Souza (1996), com o objetivo de avaliar uma cultivar de

algodoeiro CNPA - 7H em diferentes populações de plantas, o estudioso concluiu que o número

de plantas m-1 reduziu o comprimento (UHML) e o rendimento da fibra. Esses resultados

corroboram com os trabalhos realizados por Hawkins e Peacock (1973) e Bridge et al. (1973),

que também avaliavam a influência da densidade populacional na qualidade da fibra do

algodão. Entretanto, outros autores não evidenciaram o efeito da população de plantas sobre o

rendimento de fibra, quando relacionados à densidade de plantas (SILVA et al, 2011).

Beltrão et al. (2008), ao avaliarem o comprimento da fibra (UHML) de genótipos do

algodoeiro, concluíram que o estresse hídrico no período de alongamento da fibra acarreta na

redução no comprimento.

Já em estudo realizado por Azevedo (2005), com o objetivo de estudar a influência do

ambiente nas características tecnológicas da fibra, chegou-se a conclusão que a adubação

nitrogenada associada a aplicação de água residual tratada, proporcionou maior comprimento

(UHML), uniformidade (UI) e alongamento (ELG), bem como menor índice de fibras curtas

(IFC).

A influência do ambiente nas características tecnológicas da fibra do algodoeiro é maior

que a determinada pelos aspectos intrínsecos da cultivar (ANDRADE et al., 2009). Dentre as

condições ambientais que influenciam as características tecnológicas da fibra do algodão se

destaca a distribuição das chuvas. A ocorrência de precipitações pluviais ou nebulosidade

intensa na pré-colheita, quando os frutos já estão abertos, reduz substancialmente a qualidade

da fibra, e os frutos que ainda não estão abertos apodrecem, reduzindo também a quantidade e

a qualidade da semente (ENCHER, 2014).

Dentre outros aspectos não genéticos que prejudicam a qualidade da fibra, destaca-se o

manejo incorreto das plantas infestantes. Tais plantas também reduzem a produção do

algodoeiro, além de aumentar os custos de produção. As plantas infestantes também podem

afetar o manejo do solo, o controle de pragas e doenças, interferem na quantidade de água e

nutrientes disponíveis a planta, dentre outros (ASHTON; MÔNACO, 1991). Nesse sentido, as

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plantas infestantes como picão preto (Bidens pilosa) e capim carrapicho (Cenchrus echinatus),

além dos problemas citados acima, prejudicam a qualidade da fibra, pois suas estruturas se

aderem a mesma a depreciando, dificultando a colheita e o beneficiamento do algodão.

2.6. Melhoramento do algodoeiro

Os programas de melhoramento genético convencional de algodoeiro no Brasil

começaram em 1921. Neste ano a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA)

começou a desenvolver projetos de pesquisa voltados para a cultura, visando obter cultivares

adaptadas para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste (PENNA, 2005).

O programa de melhoramento genético em algodoeiro da Universidade Federal de

Uberlândia começou no ano de 1995, idealizado pelo professor Dr. Júlio César Viglioni Penna,

com o intuito de desenvolver genótipos de algodoeiro de fibra colorida visando suprir a

demanda de trabalhos sociais da região voltados a tecelagem. A princípio realizaram-se

cruzamentos e retrocruzamento entre Gossypium barbadense - uma variedade de fibra escura

avermelhada com porte elevado, desenvolvimento tardio, com baixa produtividade - e G.

hirsutum comerciais, com objetivo de melhorar o porte da planta, qualidade de fibra e

produtividade.

Hoje o programa é coordenado pela Professora Dr. Larissa Barbosa de Sousa e visa

aprimorar as tecnologias de produção do algodoeiro na região de Uberlândia, almejando o

desenvolvimento de novas cultivares brancas e coloridas convencionais, com alta

produtividade, resistentes aos estresses bióticos e abióticos. Para tanto, utilizam-se métodos de

melhoramento clássico e molecular.

De modo geral, nos programas de melhoramento de algodoeiro, utiliza-se o método bulk,

genealógico ou retrocruzamento. O primeiro método de seleção é utilizado para melhoramento

de grandes populações visando à seleção natural, o segundo para controle parental e o terceiro

para incorporação de poucos genes específicos (BORÉM, 2005). Seleção massal, seleção

genealógica, seleção pedigree-massal, seleção recorrente, hibridação, retrocruzamento e uso do

vigor híbrido, também são bastante utilizados (BORÉM, 2014).

O algodoeiro é uma planta de autofecundação, entretanto, a taxa de polinização cruzada

pode ultrapassar 80%. Este fato se deve a polinizações por abelhas Apis mellifera L.

(FUZATTO, 1999). No programa de melhoramento de algodoeiro é de extrema importância

tomar o cuidado de proteger as flores para evitar fecundação cruzada em genótipos que são de

interesse.

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Nesse sentido, o melhoramento genético do algodoeiro tem como objetivo atender a

demanda de maior produtividade, porte, maturação uniformes dos capulhos, resistência às

principais pragas e doenças, além de plumas que atendam as exigências da indústria têxtil

(PENNA, 2005). As características mais visadas para as fibras, segundo Penna (1982) e

Resende (2014), são: comprimento da fibra (UHML), resistência (STR), maturidade (MAT) e

índice de micronaire (MIC).

Para o melhoramento de fibras coloridas, além das características citadas acima é

importante saber que são determinadas geneticamente por um ou mais genes dominantes, sendo

a maioria das espécies de algodão, 39 das 50 são de fibras de cor (EMBRAPA 2004). Contudo,

poucas são exploradas pelo fato de possuírem qualidades de fibras inferiores quando

comparadas ao algodão de fibra branca, além de possuírem menores produtividades

(CARVALHO 2011).

2.7. Diversidade genética

A diversidade se refere a variedade entre as espécies e os indivíduos, resultante da

expressão genética, concomitantemente as variações ambientais. Nos programas de

melhoramento é importante que haja divergência genética entre os genitores. A mensuração

dessa dissimilaridade é realizada através de parâmetros que proporcionam ao melhorista antever

combinações superiores e com maior efeito heterótico (RAMALHO et al., 2012).

Estes parâmetros são provenientes de avaliações fisiológicas e morfológicas e genéticas.

Assim sendo, as técnicas biométricas possibilitam medir a dissimilaridade ou similaridade,

utilizando a distância euclidiana média ou a generalizada de Mahalanobis (CRUZ; REGAZZI;

CARNEIRO, 2014).

A distância de Mahalanobis é a mais utilizada. Esta é dependente exclusivamente das

medidas de dissimilaridades, assim como as correlações residuais entre os caracteres avaliados

(CRUZ; REGAZZI; CANEIRO, 2014). Contudo, o agrupamento é necessário para que torne

possível a visualização dos grupos formados por cada par de progenitor.

Dos métodos de agrupamento, os métodos hierárquicos de ligações médias (UPGMA) e

o otimizado são os mais utilizados. O método hierárquico permite uma visão bidimensional da

similaridade, calculando a soma de quadrado entre dois agrupamentos gerando um

dendrograma. Além disso, baseiam-se na participação dos genótipos em subgrupos não vazios

mutualmente exclusivos (CRUZ; REGAZZI; CANEIRO, 2014).

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Há também o método otimizado de Tocher, o qual baseia-se na separação dos genótipos

mais similares dentro do grupo e o compara com os demais genótipos até o nível máximo,

usando o valor médio da distância entre os grupos, embasados na distância de Mahalanobis

(CRUZ; REGAZZI; CANEIRO, 2014).

Segundo Violatti (2016), a análise da divergência genética utilizando o método de

otimização de Tocher e o método hierárquico de ligações médias (UPGMA) encontraram

comportamento similares para divergência genética em algodão. Isto se deve ao fato de ambas

as metodologias tomarem como base a mesma matriz de dissimilaridade e, geralmente, serem

concordantes ou próximos entre si (POLETINE, 2016). Em outro estudo de dissimilaridade,

Neto et al. (2015) encontraram as menores distâncias na divergência entre genótipos brancos

utilizando os métodos citados acima.

2.8. Correlação entre os caracteres

Para otimização do melhoramento é importante avaliar vários caracteres ao mesmo

tempo, para maximizar o tempo e recursos. Conhecer a relação entre os caracteres avaliados é

um meio de selecionar uma entre várias características, principalmente, se esta for de difícil

avaliação ou baixa herdabilidade (AZEVEDO et al., 2016).

A fim de auxiliar nestes casos, a correlação fenotípica, genotípica e ambiental, são de

grande valia, pois podem orientar o melhorista, distinguindo e quantificando o grau de

associação entre os caracteres. A correlação fenotípica é caracterizada pelas variações genéticas

e ambientais. Contudo, as genéticas são as de maior interesse, uma vez que possuem natureza

herdável e podem ser manipuladas pelo melhoramento (AZEVEDO et al., 2016).

Dessa maneira, quando duas características possuem correlação positiva é possível

obter ganhos em uma por meio da seleção indireta em outra. As correlações possuem

coeficientes adimensionais que variam de 1 à -1, sendo que o valor zero evidencia a falta de

relação linear entre duas variáveis e não a ausência de correlação. Além disso, valores negativos

indicam que as características são inversamente correlacionadas e, quando seus valores são

positivos, os caracteres se correlacionam no mesmo sentido. Valores próximos ao extremo entre

1 e -1, indicam associação forte entre ambas (NOGUEIRA, 2011; SOUSA, 2013).

Contudo, a correlação estimada pode não ser representativa, uma vez que uma alta

correlação pode ser resultado da interferência indireta de uma outra característica. Para isso é

necessário mensurar a influência de efeitos diretos e indiretos de outros caracteres, necessitando

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23

de uma análise complementar para determinar estas influências (TOEBE; CARGNELUTTI

FILHO, 2013).

Com o intuito de contornar esse viés, a análise de trilha (WRIGTH 1921) possibilita a

determinação dos efeitos diretos e indiretos dos caracteres sobre uma característica principal.

Para tanto, é utilizado uma equação de regressão expressas em diagramas de trilha (CRUZ,

REGAZZI, CARNEIRO, 2014).

Concomitantemente a análise de trilha, recomenda-se realizar o diagnóstico da

multicolinearidade, a fim de eliminar possíveis erros de representatividade dos resultados e não

expressar a realidade das correlações (SALLA et al., 2015). Para tanto existem dois métodos

para identificação e eliminação ou ajuste das características que contribuem para a

colinearidade.

O primeiro é o Montgomery e Peck (1981), o qual classifica e ranqueia as características

que mais contribuem para a colinearidade, podendo ser do tipo fraca, moderada a forte ou

severa. O segundo método utiliza a regressão em crista, e é utilizado quanto não se desejar

eliminar uma variável que seja considerada importante. Para tal, é utilizado um valor mínimo

da constante k, para estabilizar as variáveis inseridas na trilha e manter o fator de inflação da

variância (VIF) menor que 10 (SALLA et al., 2015).

2.9. Interação genótipos x ambientes

Ter diversidade genética e conhecer a correlação entre os caracteres é de grande valia

no melhoramento, mas o potencial do genótipo pode ser mascarado na sua expressão fenotípica

quanto há variações no ambiente, sendo representando pela interação genótipos x ambientes

(GxA). No desenvolvimento das cultivares é importante que estes expressem as características

genéticas pré-selecionadas, mesmo em ambientes contrastantes, sem perder seu potencial

melhorado, como produtividade e rendimento (ALARCÓN; DIAS, 2009).

A interação GxA fornece parâmetros que auxiliam o melhorista a entender os fatores da

interação, pois um genótipo superior em um ambiente, pode não ser superior em outro. Por isso,

torna-se necessário a avaliação dos genótipos em diversos ambientes ao qual se deseja inseri-

los e, assim, recomendar os melhores genótipos para cada região. De forma representativa, os

tipos de interações são classificados como ausência de interação, interação simples ou interação

complexa, de acordo com a resposta dos genótipos nos ambientes (CRUZ; REGAZZI;

CARNEIRO, 2014).

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24

Na Figura 1 A, demonstra-se a ausência de interação, ou seja, ambos os pares de

genótipos, respondem igualmente à melhoria nos pares de ambientes, representado pelas retas

paralelas entre si. Na Figura 1-B, representa-se a interação do tipo simples, onde os pares de

genótipos variam a magnitude nos ambientes, porém não alteram suas posições entre si.

Já a Figura 1-C representa a interação do tipo complexa, onde os genótipos não mantem

uma consistência de superioridade frente as variações ambientais. Sendo assim, o genótipo

superior em um ambiente, não é superior em outro ambiente, o que dificulta a seleção e

recomendação desses genótipos pelo melhorista.

Figura 1. Padrões de comportamento dos genótipos em dois. Ambientes 1 e ambiente 2.

Destacando-se na figura 1A- Ausência de interação; 1B- Interação simples e na figura 1C-

Interação Complexa. Genótipo A representado por ----- ; Genótipo B representado por

Contudo, apesar de sua importância, conhecer a respeito das interações genótipos x

ambientes pode não detalhar informações mais minuciosas a respeito do comportamento dos

genótipos a vista de variações ambientais. Para contornar esta particularidade, análises da

adaptabilidade e estabilidade são necessárias para identificar comportamentos previsíveis dos

genótipos, assim como sua predição às variações ambientais (CRUZ; REGAZZI; CARNEIRO,

2014).

2.10. Adaptabilidade e estabilidade

A adaptabilidade e estabilidade auxilia o melhorista na seleção de genótipos mais

adaptados aos ambientes. De acordo com Eberhart e Russell (1966), a adaptabilidade é a

capacidade de os genótipos aproveitarem vantajosamente os estímulos ambientais e

estabilidade a capacidade de previsibilidade em função desses estímulos. Existem vários

métodos para determinar a adaptabilidade e estabilidade e a escolha sobre qual utilizar depende

1A- Ambientes 1B- Ambientes 1C- Ambientes

Genótipos

Page 26: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

25

dos dados experimentais, da quantidade de ambientes disponíveis e do tipo de informação que

se deseja obter (CRUZ; REGAZZI; CARNEIRO, 2014).

Dentre os métodos de estudo da adaptabilidade e estabilidade dos genótipos existem os

métodos não-paramétricos baseados na análise de variância e na regressão linear simples, e os

métodos univariados e multivariados.

2.10.1. Método Eberhart e Russell (1966)

O método de Eberhart e Russell (1966) baseia-se na análise da regressão linear simples

dos genótipos, para determinar os parâmetros de estabilidade e adaptabilidade e é definido pelo

modelo estatístico:

𝒀𝒊𝒋 = 𝜷𝟎𝒊 + 𝜷𝟏𝒊 + 𝑰𝒋 + 𝜹𝒊𝒋 + 𝜺̅𝒊𝒋

Em que:

𝑌𝑖𝑗: média do genótipo i no ambiente j;

𝛽0𝑖: média geral do genótipo;

𝛽1𝑖: coeficiente de regressão linear, que mede a resposta do i-ésimo genótipo à

variação do ambiente;

𝐼𝑗: índice ambiental codificado (∑ 𝐼𝑗 𝑗 = 0);

𝛿𝑖𝑗: desvio da regressão

휀 ̅𝑖𝑗: erro experimental médio

Para os valores ideias, o coeficiente de regressão (β1i) precisa possuir valores próximos

de 1, valor que significa adaptabilidade geral ampla. Quando os valores do coeficiente de

regressão são menores que 1, representam um genótipo que tem um desempenho melhor em

ambientes desfavoráveis e, maiores que 1, demonstram o desenvolvimento melhor em

ambientes mais favoráveis. Já os desvios de regressão de estabilidade (σ²) iguais a 0

demonstrando alta previsibilidade e estabilidade dos genótipos (CRUZ; REGAZZI;

CARNEIRO, 2014).

𝛔²di = ∑ 𝜹𝒊�̂�

𝒋

/(𝒂 − 𝟐)

Β1i=

∑ 𝒀𝒊𝒋𝑰𝒋𝒋

∑ 𝑰²𝒋𝒋

Page 27: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

26

2.10.2. Método Centróide modificado por Nascimento (2009)

O método centróide (ROCHA et al., 2005) é um método não paramétrico, que utiliza de

técnica multivariada e isto possibilita reduzir a dimensionalidade do conjunto de dados com o

mínimo de perdas, comparando os valores da distância cartesiana entre os genótipos e sete

referências ideais (ideótipos), inferidos a partir dos dados experimentais para representar os

genótipos de máxima adaptabilidade geral, máxima adaptabilidade específica a ambientes

favoráveis ou desfavoráveis e os genótipos de mínima adaptabilidade. Os ambientes são

classificados em favoráveis e desfavoráveis utilizando o índice ambiental como proposto por

Finlay e Wilkinson (1963) (NASCIMENTO et al., 2009).

França et al. (2014) utilizaram o método centróide para análise da adaptabilidade e

estabilidade em sorgo sacarino. Busanello et al. (2012) fizeram uso do método centróide para

auxiliar na avaliação de híbridos simples e triplos de milho. Ainda há outros exemplos de uso

do método centroide, como o de Pelúzio et al., (2008), que avaliaram a adaptabilidade produtiva

de cultivares de soja em quatro épocas de semeadura em Gurupi-TO.

2.10.3. Método de redes neurais artificias

As redes neurais artificias (RNA’s) é um ramo da computação que simula o

processamento dos dados de maneira análoga ao cérebro humano, adquirindo conhecimento

através da experiência, e gera a possibilidade de prever algo, reconhecer padrões ou estabelecer

agrupamentos (HAYKIN, 2008; BRAGA et al., 2011).

Este método possui diversas vantagens para sua utilização, pois considera a habilidade

de aprendizagem com as experiências, não necessita de informações a priori dos dados, tem

possibilidade de se adaptar ao meio, possui boa capacidade de predição. Além disso, mesmo

com informações de entradas incompletas, não necessita de conhecimento prévio a respeito do

comportamento a ser modelado e nenhuma pressuposição das variáveis (NASCIMENTO et al.,

2013; BARROSO et al., 2013).

Uma das utilizações está sendo empregada para análises de adaptabilidade e

estabilidade, inclusive adaptações ao uso do método de Eberhart e Russell (1966) utilizando

RNAs, pois pelo método convencional existe o viés do seu uso, quando aplicado em poucos

ambientes. Foi realizada a simulação de genótipos com o intuito de obter conjuntos para o

treinamento e validação da rede. Para tanto, são simulados genótipos de acordo com as classes

Page 28: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

27

definidas por Eberhart e Russell (1966) e usam-se os mesmos no treinamento da rede (HASTIE

et al., 2009; NASCIMENTO et al., 2013; BARROSO et al., 2013).

Demonstrando um esquema de rede com uma única camada de rede neural (Figura 2).

Tem-se: as pelas variáveis Z m são funções de somas ponderadas de variáveis de entrada Xi ,

em outras palavras, Z m = γ (α 0m + α T m X), m = 1, 2, ..., M e saída, Y k , são modelados como

funções dessas combinações, onde T k = β 0k + β T k Z, k = 1, 2, ..., K, Y k = f k(X) = g k (T), k =

1, 2, ..., k, em que Z = (Z 1, Z 2 , ..., Z M ), e T = (T 1 , T 2 , ..., T k ) (NASCIMENTO et al.,

2013). A função de ativação, sigmoid, γ (υ) é dada como:

𝛾(𝑣) = 1(1 + 𝑒−𝑣)⁄

Y1

Figura 2. Adaptado de Nascimento et al. (2013). Esquema da única camada oculta da

rede neural

A função de saída g k (T) possibilita a transformação final do vetor de saída T. Na

regressão, a função g k (T) é definida como a identidade, ou seja, g k (T) = T.

A estimativa do conjunto de todos os parâmetros da rede (θ) (pesos), {α 0m, α m ; m = 1,

2 ..., M} e {α 0k , α k ; k = 1, 2 ..., K}, que minimiza a soma de erros quadrados, dado por: G (θ)

= arg max k f k (x), realizado pelo algoritmo de gradiente descendente, conhecido como back-

propagation (HASTIE et al., 2009; NASCIMENTO et al., 2013).

YK

Z1

Z2

ZM

X1

X2

X3

XP

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28

Para realizar o treinamento da rede com seus pesos, é necessário definir valores iniciais,

satisfazendo a equação LS * max (| x |) ≈ 1, com o LS representando o limite superior do

intervalo e max (| x |) o maior valor absoluto do conjunto de dados de treinamento.

Posteriormente realiza-se a validação rede, considerando um erro máximo de 1%

(NASCIMENTO et al., 2013).

Assim, para analisar a estabilidade, utilizou-se o conceito de Finlay e Wilkinson (1963),

classificado como alta estabilidade se, após sua linearização, a classificação para a

adaptabilidade não for alterada e, como baixa estabilidade se for alterada (NASCIMENTO et

al., 2013).

Ao estudar a adaptabilidade das RNA’s para estimar a adaptabilidade e estabilidade,

Nascimento et al. (2013), analisando genótipos de alfafa, concluiu que as RNA’s são uma

alternativa na classificação dos genótipos, em relação ao método Eberhart e Russell (1966).

Barroso et al. (2013), analisando as RNA’s para classificação de genótipos de alfafa,

encontraram índices de concordância mais elevado, quando comparados a análise

discriminante, com relação ao método de Eberhart e Russell (1966).

Page 30: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

29

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34

CAPÍTULO 2

ADAPTABILIDADE E ESTABILIDADE DE GENÓTIPOS DE ALGODOEIRO DE

FIBRA COLORIDA NA REGIÃO DE UBERLÂNDIA POR MEIO DE REDES

NEURAIS ARTIFICIAIS E METÓDOS CONVENCIONAIS

Page 36: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

35

3. ADAPTABILIDADE E ESTABILIDADE DE GENÓTIPOS DE ALGODOEIRO DE

FIBRA COLORIDA NA REGIÃO DE UBERLÂNDIA POR MEIO DE REDES

NEURAIS ARTIFICIAIS E METÓDOS CONVENCIONAIS

3.1. Resumo

O algodão é a fibra têxtil natural mais utilizada do mundo. No Brasil, o algodoeiro é um

importante comodittie agrícola, sendo o país um dos maiores produtores mundiais, com cultivo

em todas as regiões, principalmente no bioma cerrado. É importante o estudo da interação

genótipos x ambientes (GxA) e, caso esse exista, avaliar sua adaptabilidade e estabilidade, a

fim de analisar o comportamento dos genótipos frente aos estímulos ambientais e sua

previsibilidade diante das oscilações do ambiente. Pensando nisto, o objetivo deste trabalho foi

verificar a presença da interação genótipos x ambientes para características da fibra e

produtividade, assim como avaliar o uso das redes neurais artificiais e métodos convencionais

para adaptabilidade e estabilidade dos genótipos de algodoeiro de fibra colorida. Os

experimentos foram realizados na fazenda experimental Capim Branco, em Uberlândia-MG, na

safra 2013/2014, 2014/2015, 2015/2016 e 2016/2017. Foram avaliados 12 genótipos de

algodoeiro de fibra colorida, sendo 10 do Programa de Melhoramento Genético do Algodoeiro

UFUJP-01, UFUJP-02, UFUJP-05, UFUJP-08, UFUJP-09, UFUJP-10, UFUJP-11, UFUJP-13,

UFUJP-16, UFUJP-17 e duas testemunhas: BRS Rubi e BRS Topázio. O delineamento

experimental foi de blocos completamente casualizados com três repetições. A parcela

experimental foi composta por quatro fileiras de plantas de algodão 5 metros de comprimento,

espaçadas em um metro. Foram avaliados a produtividade de algodão em caroço, rendimento

de fibra e as características tecnológicas da fibra com o auxílio do aparelho HVI (High Volume

Instrument), sendo estas: Comprimento médio da fibra (UHML), Uniformidade de

comprimento (UI), Índice de fibras curtas (SFI), Resistência de fibras (STR), Elongamento da

fibra (ELG), Micronaire (MIC) e Maturidade da fibra (MAT). As análises realizadas foram:

Estudo da interação genótipos por ambientes (GxA) pelo teste f, a decomposição da interação

pela dissimilaridade entre os ambientes pelo método das partes simples, pelo método de Cruz e

Castoldi (1991), além da adaptabilidade e estabilidade pelos métodos de Eberhart e Russell

(1966), Centróide e Redes Neurais Artificiais (RNA’s). As características avaliadas

apresentaram interação GxA, que evidencia o comportamento diferencial dos genótipos frente

as oscilações ambientais. A interação foi predominantemente do tipo complexa e ao

analisarmos a adaptabilidade e estabilidade houve concordância entre os métodos de Eberhart

e Russell e as RNA’s, sendo que os genótipos UFUJP-02 e UFUJP-17 demonstraram ser

responsivos aos estímulos ambientais com alta previsibilidade, além de demonstrarem ser

promissores para a característica produtividade e qualidade de fibras. O método de RNA’s

demonstrou confiabilidade quanto a adaptabilidade, se comparada aos métodos Eberhart e

Russell e Centróide.

Palavras-chave: Gossypium hirsutum; Inteligência Artificial; Adaptabilidade e estabilidade.

Page 37: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

36

3.2. Abstract

Cotton is the most widely used natural textile fiber in the world. In Brazil it is an important

agricultural commodittie being also one of the largest world producers, grown in all regions of

the country, mainly in the closed biome. It is of vital importance to study the genotype x

environment interaction (GxA) and evaluate its adaptability and stability to know the behavior

of genotypes as to their response to environmental stimuli and their predictability in the face of

environmental oscillations. The objective of this work was to verify the presence of genotype

x environment interaction for fiber characteristics and productivity as well as to evaluate the

use of artificial neural networks for adaptability and stability of cotton fiber genotypes. The

experiment was carried out at the Capim Branco experimental farm, in Uberlândia-MG, in the

crop year 2013/2014, 2014/2015, 2015/2016 and 2016/2017. Twelve cotton fiber genotypes

were evaluated, of which 10 were from the Genetic Improvement Program of the UFUJP-01,

UFUJP-02, UFUJP-05, UFUJP-08, UFUJP-09, UFUJP-10, UFUJP-11, UFUJP-13, UFUJP-16,

UFUJP-17 and two controls: BRS Rubi and BRS Topaz. The experimental design was

completely randomized blocks with three replicates. The experimental plot was composed of

four rows of cotton plants 5 meters long, spaced one meter apart. The yields of cotton seed,

fiber yield and the technological characteristics of the fiber were evaluated with the aid of the

HVI (High Volume Instrument) apparatus, being: Average length of fiber (UHML), Uniformity

of length (UI), Index of (SFI), fiber resistance (STR), fiber elongation (ELG), micronaire (MIC)

and fiber maturity (MAT). The analyzes carried out were: Study of the Interaction Genotypes

by Environments (GxA) by test f, the decomposition of the interaction by dissimilarity between

the environments by the simple parts method, by the method of Cruz and Castoldi (1991),

besides the adaptability and stability by the methods of Eberhart and Russell (1966), Centroid

and Artificial Neural Networks (ANNs). The evaluated characteristics presented interaction

GxA that evidences the differential behavior of the genotypes in front of the environmental

oscillations. The interaction was predominantly of the complex type and when analyzing the

adaptability and stability there was concordance between the methods of Eberhart and Russell

and the RNAs, being that the genotypes UFUJP-02 and UFUJP-17 demonstrated to be

responsive to the environmental stimuli with high predictability, besides demonstrated to be

promising for the characteristic productivity and quality of fibers. The RNA's method

demonstrated reliability regarding adaptability compared to the Eberhart and Russell and

Centroid methods.

Keywords: Gossypium hirsutum; Artificial intelligence; Adaptability and stability.

Page 38: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

37

3.3. Introdução

O Brasil é o quinto maior produtor mundial de algodão com uma área estimada de

plantio, para a safra 2017/2018, de mais de 1 milhão de hectares. Há um acréscimo de área de

plantio de 11% em relação à safra anterior e, isso se deve, principalmente, as boas perspectivas

de mercado aliado aos avanços no melhoramento genético de plantas (CONAB, 2017).

O algodão de fibra colorida tem um alto potencial na região de Minas Gerais. Esse

potencial está relacionado ao elevado valor agregado em relação ao algodão de fibra branca,

além da possibilidade relevante no contexto socioeconômico da região.

O melhoramento é uma eficiente ferramenta para obtenção de cultivares mais adaptadas

e produtivas para cada ambiente, o que possibilita reduzir os custos de produção com insumos

e maximizar os ganhos. O estudo do comportamento dos genótipos nos ambientes é de vital

importância, pois afetará diretamente a manifestação fenotípica dos genótipos, através da

interação genótipos x ambientes (GxA) (CRUZ; REGAZZI, CARNEIRO, 2014), que em sua

existência dificulta o processo de melhoramento.

Para identificar estas manifestações diferenciadas nos ambientes, a decomposição da

interação em partes simples e complexas foi proposta por Cruz e Castoldi (1991). A interação

simples evidencia a diferença da variabilidade entre os genótipos, já a interação complexa

demonstra a inconsistência da superioridade e do comportamento do genótipo com as variações

nos ambientes. Carvalho et al. (2015) avaliaram a interação genótipos por ambientes em oito

genótipos de algodoeiro de fibra colorida em 16 ambientes, colorida. O estudo concluiu que

houve interação genótipos x ambientes para a maioria dos caracteres e a maioria é de natureza

complexa. Contudo, são raros os estudos de GxA no Brasil quando se avalia algodão de fibra

colorida.

Porém, conhecer a respeito das interações não nos fornece informações pormenorizadas

sobre o comportamento desses genótipos diante das variações ambienteis (CRUZ; REGAZZI;

CARNEIRO, 2014). Por isso, torna-se necessário o complemento do estudo.

O complemento se dá pela estabilidade e adaptabilidade, que fornece informações mais

detalhadas a respeito do comportamento dos genótipos, apresentando um conhecimento de sua

previsibilidade e sua resposta em relação a melhorias do meio (CRUZ; REGAZZI;

CARNEIRO, 2014). Existem várias metodologias que avaliam a adaptabilidade e estabilidade,

levando-se em consideração a natureza das variáveis, números de ambientes, precisão

requerida, dentre outros. Um dos métodos mais utilizados é o de Eberhart e Russell (1966), que

utilizam a regressão linear.

Page 39: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

38

Outro método bastante utilizado é o Centróide modificado por Nascimento et al. (2009),

que consiste na comparação dos valores médios de distância cartesiana entre os genótipos a sete

ideótipos (VASCONCELOS et al., 2015). Pfann (2010), em seu estudo de adaptabilidade e

estabilidade de híbridos simples de milho no Parará, concluiu que a metodologia Centróide

pode ser agregada pelo método de Eberhart e Russell. Já outro estudo, de Carvalho et al. (2015),

avaliando estabilidade e adaptabilidade de genótipos de fibra colorida, utilizando o método de

Eberhart e Russell, encontraram, de forma geral, adaptabilidade ampla para a maioria das

características intrínsecas da fibra. Contudo, há limitações de uso quando utilizada em poucos

ambientes (BARROSO et al., 2013).

Para contornar essa limitação, as redes neurais artificiais (RNA’s) surgem como uma

alternativa a esta deficiência, com a utilização das classes predefinidas por Eberhart e Russell

(1966). As RNA’s assemelham-se a uma rede de neurônios biológicos que processam muitos

dados, reconhecendo padrões com capacidade de autoaprendizagem, simulando dados em um

treinamento e validação da RNA, estimando uma grande coleção de genótipos de acordo com

as classes predefinidas (HAYKIN, 2009; NASCIMENTO et al., 2013). Júnior et al. (2017), ao

avaliarem genótipos de algodoeiro, utilizaram as RNA’s para selecionar genótipos com alta

qualidade de fibra.

Pensando nisto, o objetivo deste trabalho foi verificar a presença da interação genótipos

x ambientes para características da fibra e produtividade, assim como avaliar o uso das redes

neurais artificiais para adaptabilidade e estabilidade dos genótipos de algodoeiro de fibra

colorida.

3.4. Material e métodos

O experimento foi conduzido em uma área experimental localizada na Fazenda Capim

Branco (18º52’S; 48º20’W e 805m de altitude), pertencente à Universidade Federal de

Uberlândia, no município de Uberlândia, Minas Gerais. O estudo levou em consideração

material coletado nas safras 2013/2014, 2014/2015, 2015/2016 e 2016/2017.

Segundo os dados climáticos (1981 a 2008) fornecidos pelo Instituto de Geografia da

Universidade Federal de Uberlândia, a cidade apresenta temperatura média do ar de 22,4º C,

umidade relativa do ar média de 70% e precipitação pluvial anual média de 1.584 mm por ano.

As condições meteorológicas durante a condução do experimento foram monitoradas

via estação meteorológica automática, que apresenta sensores de temperatura e precipitação

pluviométrica (Figura 3 a Figura 6).

Page 40: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

39

.

Figura 3. Dados meteorológicos no período de 12/2013 a 06/2014.

MAX (°C) – Temperatura máxima; MIN (°C) – Temperatura mínima; Prec (mm) – Precipitação

Figura 4. Dados meteorológicos no período de 12/2014 a 06/2015.

MAX (°C) – Temperatura máxima; MIN (°C) – Temperatura mínima; Prec (mm) – Precipitação

0

5

10

15

20

25

30

35

PREC (mm) MAX ºC MIM ºC

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Prec (mm) MAX ºC MIM ºC

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40

Figura 5. Dados meteorológicos no período de 12/2015 a 06/2016.

MAX (°C) – Temperatura máxima; MIN (°C) – Temperatura mínima; Prec (mm) – Precipitação

Figura 6. Dados meteorológicos no período de 12/2016 a 30/06/2017.

MAX (°C) – Temperatura máxima; MIN (°C) – Temperatura mínima; Prec (mm) – Precipitação

A área em que foi realizado o experimento situa-se de Latossolo Vermelho Escuro

distrófico, de textura argilosa. Antes da implantação do experimento, coletou-se uma amostra

composta de solo, para a realização das análises químicas para fins de recomendação de

calagem e adubação.

O preparo do solo foi realizado de forma convencional, com uma aração e duas

gradagens. A área foi sulcada e adubada manualmente com NPK (20-80-10). Foram semeadas

no mês de dezembro, com 16 sementes por metro linear a 2 cm de profundidade. Aos 30 dias

0.00

5.00

10.00

15.00

20.00

25.00

30.00

35.00

PREC (mm) MAX ºC MIM ºC

0.00

5.00

10.00

15.00

20.00

25.00

30.00

35.00

Prec(mm) Max (ºC) Min(ºC)

Page 42: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

41

após emergência, foi feito um desbaste, mantendo oito plantas por metro linear e adubação de

cobertura, com 80 kg de N ha-1.

Doze genótipos de algodoeiro de fibra colorida foram avaliados, sendo 10 proveniente

do Programa de Melhoramento Genético do Algodoeiro (PROMALG): UFUJP–01, UFUJP–

02, UFUJP-05, UFUJP-08, UFUJP–09, UFUJP – 10, UFUJP – 11, UFUJP – 13, UFUJP – 16,

UFUJP –17 na geração F6, e duas cultivares comerciais: BRS Rubi (RC) e BRS Topázio (TC).

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos completos casualizados (DBC)

com três repetições. A parcela experimental constituiu de quatro linhas de cinco metros

espaçadas de um metro, sendo a área útil composta pelas duas linhas centrais desprezando 0,5

m de cada extremidade da linha.

As plantas infestantes foram controladas através de capinas, catação manual e controle

químico. No pré-plantio foi realizada a aplicação de Dual Gold (S-Metolacloro). Além disso,

foi realizada aplicação do herbicida Staple (Piritiobaque - Sódico), utilizando-se pulverizador

costal, em toda área do ensaio, na dosagem de 500 mL ha-1.

Foram feitas diversas aplicações com produtos fitossanitários, visando o manejo

integrado de pragas. As principais pragas encontradas e controladas foram: mosca branca

(Bemisia tabaci), pulgão (Aphis gossypii), bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis), tripes

(Frankliniella spp.), percevejo-manchador (Dysdercus ruficollis), lagarta das maçãs (Heliothis

virescens), falsa medideira (Chrysodeixis includens), curuquerê (Alabama argilacea) e ácaro

rajado (Tetranychus urticae).

Ademais, durante todo o ciclo da cultura, foram feitas aplicações sequenciais com

regulador de crescimento cloreto de mepiquat (1,1-dimethylpiperidinium chloride). As

aplicações foram efetuadas quando o comprimento médio do internódio, obtido pela razão entre

a altura da planta e número de nós da haste principal, ultrapassassem 3 cm.

As avaliações foram realizadas na maturação plena, avaliando cinco plantas aleatórias

na área útil, sendo:

Produtividade de algodão em caroço: Coleta e pesagem de todos os capulhos abertos

da área útil de cada parcela (kg ha-1).

Rendimento de fibras: Foi determinado obtendo-se a razão entre a massa de pluma e

de algodão em caroço de cada parcela útil.

Avaliação das características tecnológicas da fibra

Foram avaliadas as seguintes característica, pelo aparelho HVI (High volume

instrument) (IMAMT, 2014):

Page 43: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

42

Comprimento de fibra (mm) (UHML)

Foi levado em consideração o comprimento médio da metade mais longa do feixe de

fibras em 32 subdivisões de polegada. A escala de valores para essa característica obedece aos

padrões de classificação do Embrapa (CNPA) em milímetros, sendo: Fibra curta: 23,5 a 25,15

mm; Média: 25,16 a 27,94 mm; Longa: 27,94 a 32,00 mm.

Uniformidade do comprimento

Realizou-se a relação entre o comprimento médio e o comprimento médio da metade

mais longa do feixe de fibras. Upper half mean (UHML) fornecidos pelo HVI. Conforme a

classificação, o valor para uniformidade de fibra é classificado como: muito uniforme maior

que 85% e de 83 a 85 %, média de 80 a 82%, irregular quando está entre 77 a 79 % e, muito

irregular quando se encontra menor que 77%.

Alongamento

Foi obtida pelo máximo de comprimento de uma amostra de fibra durante uma carga de

esforço até seu rompimento, nesse caso foi determinado com o aparelho HVI. Os valores mais

apropriados e aceitos pela indústria são de 7%. A característica alongamento (%) possui faixas

de classificação, tais como: muito baixo – menor 5,0%; baixo – 5,0 a 5,9 %; médio – 5,9 a

6,7%; alto – 6,8 a 7,6 %; muito alto – acima de 7,6%.

Resistência

Foi analisado a capacidade que a fibra tem de suportar uma carga até romper-se. A

resistência à ruptura é expressa em g tex-1 (universal) e gf tex-1 (Brasil. Medidas esperadas, para

fibras de algodão é entre 28 e 29 mm, uma resistência mínima de 26 g tex-1).

O STR (gf tex-¹) tem-se a seguinte classificação de fibra: muito forte, quando maior que

30; elevado: 27 a 29 gf tex-¹, média: 24 a 27 gf tex -¹, baixa de 21-23 gf tex-¹ e abaixo de 20 gf

tex-1 é muito baixa. Os melhoristas preferem fibras com valores acima de 28 gf tex-1

(EMBRAPA, 2002).

Maturidade

Foi mensurado o grau de desenvolvimento da parede da fibra. Para duas fibras de mesmo

diâmetro, a mais madura foi aquela que tivesse parede mais espessa na sua seção transversal.

Page 44: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

43

Para a característica maturação tem-se a classificação: superior ao médio de 0,95 a 1,00;

maduros de 0,85 a 0,95; inferior ao médio de 0,80-0,85; imaturo de 0,70 a 0,80 e inadequado

abaixo de 0,70.

Micronaire

Verificou-se medida do diâmetro da fibra. No caso do algodão, o índice micronaire,

também conhecido como “finura de fibra”, é um índice adimensional. É indicado pela

resistência de uma determinada massa de fibras a um fluxo de ar, à pressão constante, em

câmara de volume definido. Este índice é intimamente influenciado pelo conteúdo de celulose

presente na parede secundária da fibra, permite estimar a quantidade de fibras que irão compor

a seção transversal do fio e, portanto, sua resistência e regularidade em função de comprimento.

Sobre a classificação é considerado: muito fina – menor que 3,0; fina – 3,0 a 3,9; regular

– 4,0 a 4,9; grossa – 5,0 a 5,9 e muito grossa – maior que 6,0.

Índice de fibra curta (%)

Foi obtido pela porcentagem de fibras com menos de 12 mm. É obtido através do HVI,

pela proporção em percentagem de fibras curtas em uma amostra com comprimento inferior a

12,7 mm. Para esta característica a classificação é: muito baixa – menor que 6 %; baixa – 6 a 9

%; média – 10 a 13 %; alta – 14 a 17 % e muito alta – maior que 17 %.

Para as análises estatísticas, foram realizados testes de pressuposições para

homogeneidade das variâncias residuais (Teste de Levene), aditividade (Teste de Tukey) e

normalidade dos resíduos (Shapiro-Wilk) e também a homogeneidade das variâncias residuais,

que é a razão entre o maior e o menor quadrado médio do resíduo (QMR), não podendo

ultrapassar o limite de sete, para realizar a análise de variância conjunta (RAMALHO et al.,

2012). Posteriormente realizou-se a análise de variância conjunta e os efeitos de genótipos e

ambientes foram considerados como fixos.

Para realizar a decomposição da interação GxA em partes simples e complexa, foi

utilizado o método de Cruz e Castoldi (1991), dada pela expressão:

𝐐𝐌𝐆𝐱𝐀 = 𝐒 + 𝐂

Em que:

𝐂 = √(𝟏 − 𝐫)𝟑𝐐𝟏𝐐𝟐

S= 100-C

r= correlação entre médias de genótipos nos dois ambientes

Sendo:

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44

𝐫𝐟 = 𝐂𝐎𝐕(𝐘𝐢𝐣𝐘𝐢𝐣′)

√�̂�(𝐘𝐣)�̂�(𝐘𝐣′)

Em que;

COV ((𝒀𝒊𝒋𝒀𝒊𝒋′): covariância fenotípica da característica X avaliada no ambiente j e j’;

�̂�(𝒀𝒋): variância fenotípica da característica X no ambiente j; e

�̂�(𝒀𝒋′): variância fenotípica da característica X no ambiente j’;

Para as análises de adaptabilidade e estabilidade, utilizou-se o método de Eberhart e

Russell (1966), em que se utiliza a regressão linear simples dos genótipos, para determinar os

parâmetros de estabilidade e adaptabilidade, sendo definido pelo modelo estatístico a seguir:

𝑌𝑖𝑗 = 𝛽0𝑖 + 𝛽1𝑖 + 𝐼𝑗 + 𝛿𝑖𝑗 + 휀 ̅𝑖j

Em que:

𝑌𝑖𝑗: média do genótipo i no ambiente j;

𝛽0𝑖: média geral do genótipo;

𝛽1𝑖: coeficiente de regressão linear, que mede a resposta do i-ésimo genótipo à variação

do ambiente;

𝐼𝑗: índice ambiental codificado (∑ 𝐼𝑗i = 0);

𝛿𝑖𝑗: desvio da regressão

휀 ̅𝑖𝑗: erro experimental médio

Para os valores ideias, o coeficiente de regressão (β1) tem que possuir valores iguais de

1, que significa adaptabilidade geral ampla. Quando os valores do coeficiente de regressão são

menores que 1 representam um genótipo que tem um desempenho melhor em ambientes

desfavoráveis, e maiores que 1 demonstra que tem o desenvolvimento melhor em ambientes

mais favoráveis. É desejável os menores desvios de regressão, ou seja, próximo a 0

demonstrando alta previsibilidade e estabilidade (σ²di) dos genótipos (CRUZ; REGAZZI;

CARNEIRO, 2014), classificados conforme a Tabela 2.

𝛔²di = ∑ 𝜹𝒊�̂�

𝒋

/(𝒂 − 𝟐)

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45

Β1i=

∑ 𝒀𝒊𝒋𝑰𝒋𝒋

∑ 𝑰²𝒋𝒋

Tabela 2. Classes de genótipos por meio da metodologia de Eberhart e Russell (1966) e os

respectivos valores paramétricos.

Classes Classificação prática Valores

paramétricos

1 Adaptabilidade geral e previsibilidade baixa β1i = 1 e σ²di>0

2 Adaptabilidade específica a ambientes favoráveis e

previsibilidade baixa

β1i > e σ²di>0

3 Adaptabilidade específica a ambientes desfavoráveis e

previsibilidade baixa

β1i <1 e σ²di >0

4 Adaptabilidade geral e previsibilidade alta β1i = e σ²di =0

5 Adaptabilidade específica a ambientes favoráveis e

previsibilidade alta

β1i > 1 e σ²di =0

6 Adaptabilidade específica a ambientes desfavoráveis e

previsibilidade alta

β1i <1 e σ²di =0

O método centróide (ROCHA et al., 2005) pode ser caracterizado como um método não

paramétrico de estimar adaptabilidade e estabilidade, que utiliza de técnica multivariada, a qual

possibilita reduzir a dimensionalidade do conjunto de dados com o mínimo de perdas. Este

método compara os valores da distância cartesiana entre os genótipos e referências ideais

(ideótipos), inferidos a partir dos dados experimentais para representar os genótipos de máxima

adaptabilidade geral, máxima adaptabilidade específica a ambientes favoráveis ou

desfavoráveis e os genótipos de mínima adaptabilidade. Os ambientes foram classificados em

favoráveis e desfavoráveis utilizando o índice ambiental como proposto por Finlay e Wilkinson

(1963) (Nascimento, 2009).

𝑰𝒋 =𝟏

𝒈𝜮𝒀𝒊𝒋 −

𝟏

𝒂𝒈 𝒀

Em que: Yij: média do genótipo i, no ambiente j; :..Y: total das observações; a = número

de ambientes; g = número de genótipos. Utilizou-se o software Genes (CRUZ, 2016).

Para avaliação da adaptabilidade e estabilidade dos genótipos por RNA, utilizou-se dois

conjuntos de dados: o conjunto de treinamento e o conjunto de validação.

Para obter esses conjuntos de acordo com as classes definidas foram simulados 3000

genótipos avaliados em quatro ambientes, com os valores paramétricos utilizados para as

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46

classes 1, 2 e 3, compostas por 500 genótipos, sendo estas: Classe 1: β 0i = G , β 1i ~ U

[0,90; 1,10] e σ 2 Ψ = 250 ie, β 1i é considerado igual a 1 se β 1i ∈ [0,90; 1,10]; Classe 2: β 0i =

G , β 1i~ U [1,11; 2,00] e σ 2 Ψ = 250 ie, β 1i é considerado maior para 1 se β 1i ∈

[1,11; 2,00]; Classe 3: β 0i = G , β 1i ~ U [0,00; 0,89] e σ 2 Ψ = 250, σ 2

Ψ = 250, ou seja, β 1i é

considerado inferior a 1 se β 1i∈ [0,00; 0,89]; em que U [a; b] representam a distribuição da

probabilidade uniforme contínua com os parâmetros a e b.

A partir desses valores paramétricos, criaram-se três primeiras classes mutuamente

exclusivas. Para obter as três classes restantes, usou-se o método de Finlay e Wilkinson (1963),

com os valores simulados transformados na escala logarítmica, introduzindo um alto grau de

linearização, com as classes 4, 5 e 6 σ 2 Ψ = 0.

Foi considerado um erro máximo de 1% para o conjunto de testes, e o conjunto de dados

dos genótipos de algodoeiro foi adicionado à rede para classificação.

Para o treinamento das RNA’s foi considerando a arquitetura de perceptron

multicamadas com as seguintes descrições para as topologias com 2 camadas ocultas, número

de neurônios de 8 a 12 para cada camada oculta. Usou-se a função de ativação, adotando a

função linear de ativação para camadas de saída. Para as camadas ocultas foram investigadas a

adequação de todas as combinações possíveis das funções logística e tangente hiperbólica. O

número de ciclos de treinamento foi de 3000 épocas e função de treinamento trainbr - Bayesian

Regulation backpropagation.

Para as Redes Neurais Artificiais (RNA) os dados foram submetidos à análise realizadas

com o auxílio do software Genes (CRUZ, 2016) e MATLAB (BEALE et al., 2017). Segundo

Nascimento et al. (2013).

3.5. Resultados e discussão

Na análise de variância, a homogeneidade dos QMR, ficaram abaixo de sete para todas

as características avaliadas, exceto para comprimento de fibra, sendo realizado o ajuste no grau

de liberdade para esta variável. Houve efeito significativo para interação genótipos x ambientes

(Tabela 3) e, isso evidencia o comportamento diferencial dos genótipos frente as oscilações

ambientais, na expressão fenotípica dos genótipos quanto as características avaliadas. Carvalho

et al. (2015) encontraram resultados semelhantes ao avaliarem a adaptabilidade e estabilidade

das características tecnológicas da fibra colorida e porcentagem de fibra em sete ambientes.

Page 48: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

47

A produtividade média de todas as safras foi de 2258 kg ha-1, 9,41% superior a

encontrada por Cavalcante et al. (2015), que obteve médias de 2051 kg ao avaliarem genótipos

comerciais de algodão de fibra colorida em solos sem cobertura. Este resultado demonstra o

potencial genético para os genótipos quanto a produtividade.

Os coeficientes de variação (CV) variaram de 1,87% para uniformidade de comprimento

à 30,50% para rendimento de fibra. Jeronimo (2014), ao avaliar genótipos de algodoeiro quanto

a qualidade da fibra, obteve CV de 29,52% para IFC, valores acima dos obtidos nesse trabalho

para qualidade da fibra. Segundo Santos et al. (1998), os valores de CV para qualidade de fibra

avaliados são considerados baixos (inferiores a 10%) para todas as características, o que

demonstra boa precisão experimental. Para produtividade e rendimento de fibra, os valores são

considerados médio (até 28.54%), contudo, aceitáveis por serem características quantitativas

com grande influência do ambiente (SANTOS, 1998).

Na Tabela 4 é possível observar a decomposição da interação GxA em parte simples

quando acima de 50% e complexas quando abaixo de 50%.

Tabela 3. Significância dos quadrados médios e coeficientes percentuais da variação

experimental para as 9 características avaliadas, em 12 genótipos de algodoeiro nas safras

2013/14, 2014/15, 2015/16 e 2016/17.

Quadrados médios

FV GL UHML UI SFI STR ELQ PROD RP

BLOCO/AMB 8 1,62 0,37 2,91 0,48 0.82 122239,16 15,84

BLOCOS 2 0,004 0,50 0,59 0,30 0,67 36596,16 20,37

BLO X AMB 6 2,16 0,33 3.68 0,64 0,87 150786,68 14,22

GENÓTIPOS 11 15,37** 7,41** 19,87** 24,89** 2,25** 1550103,94** 41,12**

AMBIENTES 3 16,20** 47,49** 16,48** 8,81** 38,07** 47800085,49** 328,54**

GEN X AMBI 33 7,44** 4,01* 11,08** 9,85** 1,13** 902470,83** 17,65**

RESÍDUO 88 3,29 2,27 5,48 3,03 0,43 294720,7 8,21

CV (%) 7,19 1,87 16,01 7,60 7,98 23,63 30,50

Médias 24,34 78,16 14,46 22,30 8,52 2258,84 30,50

(MQMR)/MQMR 9,81 2,42 3,83 3,08 2,10 4,08 6,04

**,*Significativo a 1 e 5% de probabilidade, respectivamente pelo teste F; FV = Fontes de variação; GL = Graus

de liberdade; UHML = Comprimento de fibra (mm); UI = Uniformidade de fibra (%); SFI = Índice de fibras curtas

(%); STR = Resistência da fibra (g tex-1); ELG = Alongamento (%); MIC = Índice micronaire; MAT = Maturação

da fibra (%); PROD= Produtividade de algodão em caroço (kg ha-1); RP= Rendimento de Fibra (%), CV=

Coeficiente de variação; MQMR/MQMR= Razão do quadrado médio maior sob o quadrado médio menor.

Page 49: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

48

Tabela 4. Estimativas das partes simples resultantes da decomposição da interação entre

genótipos e pares de ambientes.

A minoria dos pares de ambientes (36%) foi classificada como interação do tipo simples,

e não gera problemas ao melhoramento. Os demais apresentaram interação do tipo complexa,

o que dificulta a identificação e recomendação de genótipos superiores em todos os ambientes.

Gomes (2017), ao avaliar 21 genótipos de algodoeiro e sua interação GxA, constatou a

predominância de interação do tipo complexa em algodoeiro de fibra branca, não corroborando

com este trabalho.

Ainda é possível observar dois valores negativos na decomposição da interação GxA

entre pares. Resultados negativos se justificam pela falta de correlação das médias dos

genótipos nestes ambientes.

Sendo assim, ao realizar a decomposição da interação demonstram a necessidade de

analisar a adaptabilidade e estabilidade dos genótipos, principalmente para os que apresentaram

interações do tipo complexa, uma vez que, este estudo demonstra o comportamento dos

genótipos frente a variações ambientais, desvendando genótipos com comportamento previsível

e responsivos aos estímulos ambientais.

A adaptabilidade e estabilidade, pelo método de Eberhart e Russell (1966) (Tabela 5)

para produtividade, mostrou que os genótipos UFUJP-01, UFUJP-08, UFUJP-09, UFUJP-10,

UFUJP-16 e UFUJP-17 não demonstraram diferença significativa, β1 = 1, portanto,

classificados como adaptabilidade ampla, que demonstra aproveitar vantajosamente os

estímulos ambientais. Para estabilidade esses genótipos demonstram previsibilidade em relação

Ambientes UHML UI SFI STR ELG PROD RF

2013/14 x 2014/15 43,75 8,53 11,12 37,17 60,37 70,81 70,81

2013/14 x 2015/16 32,34 33,18 19,75 63,26 42,01 58,20 58,20

2013/14 x 2016/17 64,88 39,24 57,39 73,16 28,08 83,54 83,54

2014/15 x 2015/16 47,94 -2,97 18,42 51,94 -7,45 3,14 3,14

2014/15 x 2016/17 42,28 13,98 13,71 31,21 31,32 10,92 10,92

2015/16 x 2016/17 21,17 57,60 5,50 48,90 20,87 11,42 11,42

UHML = Comprimento de fibra; UI = Uniformidade de fibra; SFI = Índice de fibras curtas; STR = Resistência

da fibra; ELG = Alongamento; MIC = Índice micronaire; MAT = Maturação da fibra; PROD= Produtividade;

RP= Rendimento de Fibra, Amb1= Safra 2013/14, Amb2= Safra 2014/15, Amb3 = Safra 2015/16 e Amb4=

Safra 2016/17.

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49

aos estímulos ambientais, sendo, portanto, adaptados e estáveis segundo o método, acrescidos

de alta confiabilidade, pois todos apresentaram valores de R² acima de 90%.

Em relação as médias de produtividades, os maiores resultados dos genótipos do

Promalg, foram obtidos pelos genótipos UFUJP-16 e UFUJP-17, recomendados por

apresentarem superioridade relativa em termos produtivos, quando inseridos neste ambiente.

As testemunhas apresentaram produtividades maiores, contudo, ambas com baixa

previsibilidades.

Tabela 5. Estimativa dos coeficientes de β0, β1i e σ²di utilizando o método de Eberhart e Russell

(1966) para produtividade algodão em caroço (kg ha-1), para 12 genótipos avaliados em 4

ambientes 2013/2014, 2014/2015, 2015/2016 e 2016/2017.

Genótipo Média ß1 σ²di R²(%)

UFUJP-01 1842,87 0,99ns -28274,12ns 96,66

UFUJP-02 2342,64 0,99ns 329376,36* 82,06

UFUJP-05 1845,62 0,64* 102076,19ns 80,76

UFUJP-08 2032,59 0,92ns 34255,80ns 92,87

UFUJP-09 2283,07 1,17ns -8462,08ns 96,94

UFUJP-10 2129,19 1,03ns 124381,56ns 90,60

UFUJP-11 2203,75 0,68* -66318,54ns 96,95

UFUJP-13 1829,41 0,68* 465810,49** 61,85

UFUJP-16 2364,50 1,02ns -85000,68ns 99,52

UFUJP-17 2494,81 1,23ns -8378,17ns 97,23

BRS-RUBI 2908,46 1,58* 747766,81** 85,58

BRS-TOPÁZIO 2829,15 1,04ns 670632,70** 74,01

*; ** Significativo a 5 e 1%, respectivamente; ns =Não significativo.

O genótipo UFUJP-13 é passível de descarte para estes ambientes, pois não demonstrou

estabilidade, possuindo um valor de R² baixo (61,85). A testemunha RC demonstra a maior

produtividade entre os genótipos, e um β maior que 1, portanto, um genótipo com

adaptabilidade específica a ambientes favoráveis. Entretanto, ao analisarmos sua estabilidade,

apresenta baixa previsibilidade, o que indica superioridade inconsistente nos ambientes.

Pelo método de centróide, a máxima adaptação específica, não é o genótipo que aponta

bom desempenho nos grupos de ambientes favoráveis ou desfavoráveis, mas, sim o indivíduo,

Page 51: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

50

que demonstra valores máximos para determinado grupo de ambientes (favoráveis ou

desfavoráveis) e mínimo para o outro ambiente (ROCHA et al., 2005). Na Tabela 6, 58% dos

genótipos foram classificados como adaptabilidade geral alta, com alta estabilidade fenotípica

para produtividade, ou seja, alta previsibilidade aos estímulos ambientais.

Tabela 6. Estabelecimento dos ideótipos, calculados pelo método Centróide, para

produtividade (kg ha-1) dos genótipos de algodoeiro, avaliados em 4 ambientes.

Genótipos Médias Classificação I II III IV V VI VII

UFUJP-01 1842,88 V 0,07 0,08 0,15 0,23 0,24 0,08 0,16

UFUJP-02 2342,64 V 0,09 0,10 0,12 0,12 0,26 0,10 0,22

UFUJP-05 1845,63 IV 0,06 0,06 0,24 0,28 0,16 0,06 0,14

UFUJP-08 2032,60 V 0,07 0,07 0,14 0,17 0,29 0,07 0,18

UFUJP-09 2283,07 V 0,09 0,10 0,09 0,09 0,36 0,10 0,18

UFUJP-10 2129,20 V 0,08 0,08 0,12 0,14 0,31 0,08 0,19

UFUJP-11 2203,76 VII 0,06 0,06 0,14 0,11 0,25 0,06 0,31

UFUJP-13 1829,41 IV 0,06 0,06 0,22 0,31 0,15 0,06 0,13

UFUJP-16 2364,51 V 0,06 0,06 0,07 0,07 0,50 0,07 0,18

UFUJP-17 2494,81 V 0,12 0,13 0,08 0,09 0,26 0,14 0,18

BRS-RUBI 2908,46 VI 0,18 0,25 0,06 0,06 0,10 0,26 0,09

BRS-TOPÁZIO 2829,15 I 0,18 0,14 0,09 0,08 0,16 0,16 0,18

I: Adaptabilidade geral alta; II: Adaptabilidade específica a ambientes favoráveis; III: Adaptabilidade específica

a ambientes desfavoráveis; IV: Pouco adaptado; V: Adaptabilidade geral alta; VI: Adaptabilidade específica a

ambientes favoráveis; VII: Adaptabilidade específica a ambientes desfavoráveis.

Os genótipos UFUJP-05 e UFUJP-13 são classificados como pouco adaptados, baixas

estabilidade e adaptabilidade, e, portanto, passíveis de descarte. O genótipo UFUJP-11, este se

encaixou como adaptabilidade específica a ambientes desfavoráveis e significativos em

ambientes favoráveis, portanto, com potencial para inclusão em áreas com baixa tecnificação

ou condições bióticas e abióticas desfavoráveis, pois mesmo nestas condições está propenso a

obter bons resultados de produtividade.

Os resultados de comparação entre os métodos de centróide e Eberhart e Russell,

corroboram com Pelúzio et al. (2008), que constatou, ao analisar cultivares de soja em quatro

épocas no Tocantins, que os métodos de análise se complementam aumentando a confiabilidade

na seleção e indicação de cultivares.

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51

Pelas redes neurais artificiais, utilizando o conceito de classes na interpretação da

adaptabilidade e estabilidade houve 91,6% de concordância com relação ao método de Eberhart

e Russell (1966) quanto aos valores de adaptabilidade fenotípica dos genótipos (Tabela 7). Para

estabilidade 75%, mudaram a classificação e não foram coincidentes. Por outro lado UFUJP-

05, UFUJP-08 e UFUJP-11 figuram como os únicos que não diferiram seu comportamento

entre os métodos.

Tabela 7. Média de produtividade e classificação de classe utilizando o método de redes neurais

artificiais, para produtividade algodão em caroço (kg ha-1) de 12 genótipos avaliados em quatro

ambientes 2013/14, 2014/15, 2015/16 e 2016/17.

Genótipos Média Classe

UFUJP-01 1842,87 1

UFUJP-02 2342,64 4

UFUJP-05 1845,62 6

UFUJP-08 2032,59 4

UFUJP-09 2283,07 1

UFUJP-10 2146,89 4

UFUJP-11 2203,75 3

UFUJP-13 1847,81 6

UFUJP-16 2364,50 1

UFUJP-17 2494,81 2

BRS-Rubi 2908,46 5

BRS-Topázio 2829,15 4

O baixo valor para estabilidade se deve a divergência do conceito do uso das redes

neurais, que captura características mais complexas dos dados de entrada (TEODORO et al.,

2015). Outra explicação, é que o método de Eberhart e Russell (1966) utiliza o conceito de

estabilidade como invariância e não previsibilidade (NASCIMENTO et al., 2013). Outra

consideração a ser feita, é o fato das RNA’s estabelecer um R² de base para previsibilidade,

com valor maior ou igual a 80% estabelecido pelo método, diferente do método tradicional.

Ventura (2012) encontrou coincidência de 26% para estabilidade entre o método Best

Linear Unbiased Prediction (BLUP) e as redes neurais. Teodoro (2015) verificou maior

semelhança para estabilidade com 70% de acurácia entre RNA’s e Eberhart e Russell (1966),

assim como Barroso (2013), que verificou 83% de semelhança para estabilidade entre RNA e

Page 53: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

52

Eberhart e Russell (1966). Nascimento et al. (2013), ao analisarem 74 genótipos de alfafa,

encontraram 89% e 77% de coincidência entre as classificações de adaptabilidade e

estabilidade, respectivamente, entre os métodos.

A falta de consistência de Eberhart e Russell (1966), quando aplicada a pequeno número

de ambientes (n <10), pode ocasionar a não rejeição de hipóteses nulas falsas. Isso poderia

resultar nas divergências em relação as RNA’s e, portanto, pode ser uma alternativa a esta

limitação de menor número de ambientes (NASCIMENTO et al., 2013).

Há de se ponderar em relação as redes neurais, que estas utilizam de estrutura não linear,

e que não necessitam de todas as informações detalhadas do processo de modelagem. Isto se

deve ao modelo das redes, os quais possuem a característica de autoaprendizagem, portanto,

auto potencial de seu uso no melhoramento de plantas (NASCIMENTO et al., 2013;

TEODORO et al., 2015).

Ainda há de ressaltar que o método de RNA’s também registrou grande concordância

(75%) com o método centróide, quando analisamos a adaptabilidade. Houve divergência entre

os métodos ao analisarmos os genótipos UFUJP-05 e UFUJP-13, que foram classificados como

pouco adaptados ou mínima adaptabilidade pelo método centroide e na RNA’s foram

classificados como adaptabilidade específica a ambientes desfavoráveis com alta

previsibilidade. Outra divergência foi para o genótipo UFUJP-17, que registrou adaptabilidade

geral alta para centróide e em RNA’s mudou a classificação para adaptabilidade específica para

ambientes favoráveis com baixa previsibilidade.

É importante conhecer o desempenho dos genótipos nos ambientes. Pelo agrupamento

de média (Tabela 8), a safra 2013/2014 foi o que obteve as melhores médias de produtividade,

destacando-se como o melhor para a expressão fenotípica dos genótipos. Isto pode ser explicado

pelas boas condições de temperaturas e precipitação de 726mm, acima do mínimo exigido pela

cultura, distribuídas de forma a atender à exigência hídrica de todo ciclo. A baixa precipitação

na fase de pós emergência e aumento gradativo no início de botões florais e no enchimento de

maçãs, foram ideais para obtenção de altas produtividades. Após esse período, na colheita

houve uma diminuição das precipitações, na última semana de maio, o que é benéfico para

qualidade de fibra, uma vez que precipitações neste período depreciam a pluma no campo

(BORÉM; FREIRE, 2014).

A safra 2014/2015 foi a que apresentou médias inferiores dos genótipos para expressão

da produtividade. Este resultado se dá, em partes, por um ataque severo de Alabama argilacea,

no período mais sensível a adversidades, que é a formação de maças por volta de 110 dias após

a emergência (ROSOLEN, 2001). Este ataque ocasionou significativas perdas de área foliar e,

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53

consequentemente, a diminuição da produção de fotoassimilados e do dreno para maçãs.

Qualquer fator que cause desbalanço na síntese e disposição de carboidratos terá efeito direto

na produtividade final, influenciando fortemente o enchimento dos frutos (ZHAO et al., 2005;

SNIDER et al., 2009; YEATES et al., 2010). Há de se registrar que houve estresse hídrico

durante todo seu estabelecimento no campo (679mm no ciclo), pois a cultura exige em todo seu

desenvolvimento 720 mm de precipitações.

Tabela 8. Média de produtividade de algodão em caroço (kg ha-1) de 12 genótipos de

algodoeiros em quatro safras, na cidade de Uberlândia-MG.

Genótipos Safra 2013/2014 Safra 2014/2015 Safra 2015/2016 Safra 2016/2017

UFUJP-01 2501,66 Ac 131,26 Ba 2157,08 Aa 2628,56 Ac

UFUJP-02 3478,12 Ab 687,08 Ca 3135,62 Aa 2069,73 Bc

UFUJP-05 1972,50 Ad 647,71 Ba 2266,04 Aa 2496,26 Ac

UFUJP-08 2681,25 Ac 409,38 Ba 2743,96 Aa 2295,79 Ac

UFUJP-09 3630,00 Ab 381,04 Ca 2342,91 Ba 2778,33 Bc

UFUJP-10 2983,33 Ac 332,76 Ba 2969,17 Aa 2231,53 Ac

UFUJP-11 2841,87 Ac 1050,62 Ba 2572,08 Aa 2350,44 Ac

UFUJP-13 1687,50 Bd 486,88 Ca 2664,79 Aa 2499,31 Ac

UFUJP-16 3229,16 Ac 616,87 Ba 2642,50 Aa 2969,48 Ac

UFUJP-17 3689,58 Ab 449,37 Ca 2529,79 Ba 3310,48 Ab

BRS-Rubi 4670,00 Aa 387,92 Ca 2300,00 Ba 4275,93 Aa

BRS-Topázio 4665,00 Aa 1303,33 Ca 2401,46 Ba 2946,81 Bc

Médias seguidas pelas mesmas letras maiúsculas na horizontal e minúsculas na vertical

constituem grupo estatísticamente homogêneo pelo teste de Scott-Knott a 5 % de

probabilidade, Ambiente 1= Safra 2013/14, Ambiente 2= Safra 2014/15, Ambiente 3 = Safra

2015/16 e Ambiente 4= Safra 2016/17.

A safra 2015/2016 apresentou resultados inferiores ao ambiente 1 e 4, que pode ser

explicado pela diminuição da precipitação após os 90 dias de emergência, coincidindo com o

período de enchimento de maçãs. De acordo com Echer (2014), falta de chuvas neste período

reduziu a produção de carboidratos, que diminuiu a retenção de frutos, uma vez que os frutos

mais novos serão abortados para suprir demanda das maçãs mais velhas, gerando perdas de

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54

produtividade. Estresses hídricos no florescimento e frutificação reduzem significativamente a

produtividade do algodoeiro, somada a depreciação na qualidade de fibra (BORÉM; FREIRE

et al., 2014), apesar das precipitações terem ficado acima do exigido, com 797mm. Outro fato

relevante foi que as temperaturas médias (22ºC) foram consideradas abaixo do ideal para

período reprodutivo, sendo o recomendado para a cultura 28ºC, o que prejudicou o

desenvolvimento reprodutivo (ECHER, 2014).

Na safra 2016/2017, a diminuição da produtividade foi fortemente influenciada pela alta

incidência de bicudo do algodoeiro (Antonomus grandis), que pode ter provocado maior

abortamento de botões e quedas de frutos. O bicudo é considerado a principal praga do

algodoeiro, pois causa perdas significativas de produtividade. Outro fato que pode contribuir

com a redução da produtividade foi a baixa precipitação neste período.

Apesar da distribuição uniforme de chuvas durante toda a safra 2016/2017, o valor

registrado de precipitação foi de 555mm, 20% menor que o recomendado (720mm), o que pode

ter contribuído para a menor produtividade. O estresse hídrico induz a planta a priorizar o

crescimento das maçãs e capulhos maiores, resultando em maior abortamento e menor

desenvolvimento vegetativo. Além disso, tal estresse reduziu a taxa fotossintética, pelo fato do

déficit ocasionar o fechamento estomático para diminuir a perda de água e, em consequência

disto, diminui também a entrada de CO2 na planta, acarretando na diminuição da fotossíntese

(LOKA et al., 2011; ECHER 2014).

Outro fato constatado neste ambiente é que o algodoeiro não atingiu os graus dias

exigidos pela cultura, registrando 1622º dia-1, da emergência a colheita. Sendo que o necessário

para o ciclo do algodão é de 1970º dia-1 (ROSOLEM, 2011).

Destaca-se os genótipos UFUJP-17 e TC com os maiores potenciais produtivos para os

ambientes avaliados. Ao contrário destes resultados, o genótipo UFUJP-13 demonstrou-se

pouco favorecido pelas condições ambientais, com as menores médias. Este resultado corrobora

com o método centróide.

Para as características tecnológicas da fibra (Tabela 09), pelo método de Eberhart e

Russell, os genótipos UFUJP-02, UFUJP-08, UFUJP-09, UFUJP-11, UFUJP-13 e UFUJP-16,

apresentaram adaptabilidade geral (ß1=1) e previsibilidade alta (σ²di=0). Os genótipos

testemunhas apresentaram para UHML e STR adaptabilidade específica a ambientes favoráveis

(B>1) e baixa estabilidade para todas as características, portanto, não sendo previsíveis, além

do mais apresentaram baixos R², com exceção de ELG (σ²di>0). É possível ainda destacar os

genótipos UFUJP-10 e UFUJP-17, que apresentaram boa previsibilidade, encaixando-se como

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55

adaptabilidade específica a ambientes favoráveis e elevados R², indício de boa precisão (CRUZ;

REGAZZI E CARNEIRO, 2014).

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56

Tabela 9. Estimativa dos coeficientes de β0, β1i e σ²di utilizando o método de Eberhart e Russell (1966) para Comprimento de Fibra

(mm) (UHML), Uniformidade de comprimento (UI), Índice de Fibras Curtas (SFI), Resistencia (STR) e Alongamento (ALG) em

algodoeiro de fibra colorida, para 12 genótipos avaliados em 4 ambientes, nos anos 2013/14, 2014/15, 2015/16 e 2016/17.

Genótipos UHML UI SFI STR ALG

ß1 σ²di R² (%) ß1 σ²di R² (%) ß1 σ²di R² (%) ß1 σ²di R² (%) ß1 σ²di R² (%)

UFUJP-01 1,26ns -0,06ns 68,68 0,07ns 1,30* 0,31 0,55ns 3,11* 3,64 0,96ns 0,40ns 26,80 1,56** 0,09ns 93,77

UFUJP-02 0,36ns -0,22ns 20,43 0,82ns -0,25ns 69,81 1,19ns 0,17ns 31,81 0,13ns 1,43ns 0,36 1,17ns -0,01ns 93,26

UFUJP-05 0,31ns 1,48* 3,38 0,88ns -0,20ns 70,32 1,45ns 0,78ns 33,99 -0,37ns -0,40ns 12,67 0,99ns 0,22ns 80,29

UFUJP-08 -0,36ns -0,01ns 14,25 0,71ns -0,34ns 68,81 0,95ns 0,41ns 20,52 -0,73ns -0,06ns 24,75 0,71ns 0,03ns 79,90

UFUJP-09 0,14ns -0,50ns 12,85 0,49ns -0,26ns 45,90 -0,66ns -0,33ns 16,53 0,34ns -0,75ns 30,09 0,68ns 0,30ns 60,92

UFUJP-10 1,40ns 0,08ns 68,65 1,23ns -0,39ns 88,79 1,14ns -0,91ns 50,86 0,93ns -0,07ns 35,38 1,39** -0,07ns 96,85

UFUJP-11 0,94ns -0,23ns 64,47 0,98ns -0,59ns 95,56 0,68ns -0,82ns 24,94 -0,08ns -0,38ns 0,71 1,08ns -0,17ns 99,91

UFUJP-13 1,11ns -0,42ns 84,07 1,33ns -0,57ns 96,80 1,14ns 0,15ns 30,08 1,04ns -0,18ns 43,70 1,11ns -0,09ns 96,04

UFUJP-16 1,24ns -0,19ns 73,88 1,13ns -0,23ns 80,31 0,46ns -0,77ns 12,24 0,67ns -0,53ns 39,51 1,26ns -0,05ns 95,41

UFUJP-17 0,67ns 0,57ns 22,23 1,87** -0,33ns 93,74 2,62ns 0,41ns 66,49 0,15ns 0,63ns 0,72 1,09ns -0,15ns 98,99

BRS-Rubi 3,21** 8,75** 45,02 0,74ns 4,82** 11,98 1,36ns 17,05** 5,57 6,11** 10,99** 61,83 0,38ns 0,22ns 36,91

TC 1,72ns 3,20** 36,75 1,74ns 2,29** 58,20 1,13ns 4,11** 11,62 2,85** 3,83** 47,02 0,58ns 0,29ns 54,01

*; ** Significativo a 5 e 1%, respectivamente; ns Não significativo. TC= Topázio

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57

Contudo, adaptabilidade e estabilidade por Eberhart e Russell leva em consideração os

valores das médias dos genótipos mais adaptados e estáveis, registrados na Tabela 10. As

médias mais promissoras foram de UFUJP-02, UFUJP-13. O genótipo UFUJP-17 é considerado

promissor, de forma geral, desde que os ambientes sejam favoráveis ao seu desenvolvimento.

Tabela 10. Estimativa dos coeficientes de β0 (médias) utilizando o método de Eberhart e

Russell (1966) para Comprimento de Fibra (mm) (UHML), Uniformidade de comprimento

(UI), Índice de Fibras Curtas (SFI), Resistência (STR) e Alongamento (ALG) em algodoeiro

de fibra colorida, para 12 genótipos avaliados em 4 ambientes, nos anos 2013/14, 2014/15,

2015/16 e 2016/17.

Genótipos UHML UI SFI STR ALG

UFUJP-01 24,02 78,80 14,54 21,89 9,35

UFUJP-02 24,27 78,35 14,05 22,26 8,61

UFUJP-05 23,51 77,76 15,96 21,25 9,21

UFUJP-08 23,89 78,22 15,26 21,59 8,83

UFUJP-09 23,54 77,35 15,75 21,00 8,69

UFUJP-10 24,04 77,73 14,97 21,84 8,95

UFUJP-11 23,39 78,51 14,73 21,16 9,38

UFUJP-13 23,62 78,01 14,65 22,14 8,66

UFUJP-16 23,31 77,61 15,06 21,54 9,09

UFUJP-17 24,13 77,42 15,19 21,41 9,03

BRS RUBI 25,09 79,42 13,91 23,78 8,12

BRS-TOPÁZIO 27,16 79,57 11,28 25,35 7,79

Ressalta-se que o UHML se correlaciona fortemente com STR e ALG e UI. Fios mais

longos afetam diretamente em sua qualidade, que refletirá no processo de fiação na indústria

têxtil (IMAMT, 2014; JERÔNIMO et al., 2014). A característica UHML foram classificados

como fibras curtas (23,31 a 25,09), com exceção de TC, classificado como fibra média (27,16).

Resultados similares foram encontrados por Neto (2014), onde avaliando qualidade de fibra de

algodão colorido, encontrou para as mesmas cultivares comerciais valores de UHML entre

21,40 a 32,62mm.

O valor de UI foi classificado como irregular (77 a 79%) para todos os genótipos, abaixo

das cultivares comerciais avaliados por Câmara (2014), com valores entre 82% a 85%. Os

valores de STR ficaram com valores classificado como baixos.

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58

O ALG ficou caracterizado como muito alto, o que em parte pode ser explicado pela

maior deposição de cera em suas fibras coloridas, aumentando o valor de ALG, principalmente,

se comparado ao algodão de fibra branca (BELLETTINI, 2011).

O SFI foi classificado como médio para TC e alto para os demais genótipos, não sendo

favoráveis no processo de fiação. Estes valores podem ter sido afetados pelas serras no processo

de descaroçamento, que influenciam diretamente os resultados desta característica

(JERÔNIMO, 2014). De forma geral, os valores das características são inferiores quando

comparado a cultivares comerciais de fibra branca, mas, segundo Carvalho e Santos (2003),

quanto maior a coloração, menores são as médias das características tecnológicas da fibra.

Pelo método do Centróide (Tabela 11), de forma conjunta, os genótipos UFUJP-02,

UFUJP-08, UFUJP-10, UFUJP-13 e UFUJP-16, apresentaram adaptabilidade geral alta, ou

seja, alta estabilidade fenotípica. UFUJP-17 apresentou para SFI, adaptabilidade geral a

ambientes específicos. Para as demais características, os genótipos foram classificados como

adaptabilidade geral alta. Por este método UFUJP-09 e TC seriam passíveis de descarte.

Tabela 11. Estabelecimento dos ideótipos, calculados pelo método Centróide, para

comprimento de Fibra (mm) (UHML), Uniformidade de comprimento (UI), Índice de Fibras

Curtas (SFI), Resistência (STR) e Alongamento (ALG) em algodoeiro de fibra colorida, para

12 genótipos avaliados em 4 ambientes, nos anos 2013/14, 2014/15, 2015/16 e 2016/17.

Genótipos UI SFI STR ELG UHML

UFUJP-01 VII V V VI V

UFUJP-02 V V V V V

UFUJP-05 V VI IV VII V

UFUJP-08 V V V V V

UFUJP-09 IV VII IV V V

UFUJP-10 V V V V V

UFUJP-11 V V IV VII V

UFUJP-13 V V V V V

UFUJP-16 V V V V V

UFUJP-17 V VI V V V

BRS-RUBI I II II IV VI

BRS-TOPÁZIO VI IV I IV I

I: Adaptabilidade geral alta; II: Adaptabilidade específica a ambientes favoráveis; III: Adaptabilidade específica

a ambientes desfavoráveis; IV: Pouco adaptado; V: Adaptabilidade geral alta; VI: Adaptabilidade específica a

ambientes favoráveis; VII: Adaptabilidade específica a ambientes desfavoráveis

Page 60: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

59

Os métodos se complementam e reforçam-se nas predições dos resultados, com

semelhanças pelos genótipos representados por UFUJP-02, UFUJP-08, UFUJP-13 e UFUJP-

16 e UFUJP-17, ou seja, coincidência de 83,3%. As únicas exceções foram UFUJP-10 e

UFUJP11. Farias (2016), ao analisar adaptabilidade e estabilidade em híbridos de milho,

também encontrou semelhanças entre os métodos Centróide e Eberhart e Russell (1966).

A semelhança dos resultados confere um maior poder de confiabilidade ao melhorista,

evitando erros na escolha dos genótipos adaptados a região, nas circunstâncias em que se deseja

inseri-los.

3.4. Conclusões

A interação GxA para os caracteres relacionados a qualidade da fibra em algodão

colorido, os genótipos do Promalg são predominantemente de natureza simples, e produtividade

complexa, com alta adaptabilidade e estáveis.

Os genótipos UFUJP-02 e UFUJP-17 demonstraram os maiores potenciais produtivos

entre os genótipos PROMALG, com estabilidade e adaptabilidade em todos os métodos.

Os genótipos UFUJP-02, UFUJP-08, UFUJP-13 e UFUJP-16 e UFUJP-17 apresentaram

médias promissoras de características de fibra e boa adaptabilidade e estabilidade, sendo

recomendados para a cidade de Uberlândia.

O genótipo UFUJP-11 pode ser recomendado a pequenos produtores por apresentar

adaptabilidade específica a ambientes desfavoráveis.

Há concordância entre o método de Eberhart e Russell e centróide quando comparados

ao método das RNA’s para adaptabilidade.

Page 61: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

60

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64

CAPÍTULO 3

DIVERSIDADE GENÉTICA ENTRE GENÓTIPOS DE ALGODOEIRO COLORIDO

PARA A OBTENÇÃO DE GENITORES SUPERIORES

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65

4. DIVERSIDADE GENÉTICA ENTRE GENÓTIPOS DE ALGODOEIRO COLORIDO

PARA OBTENÇÃO DE GENITORES SUPERIORES

4.1. Resumo

O algodoeiro é uma das principais commodities mundiais. Dentre as espécies mais cultivas o

Gossypium hirsutum se destaca em importância com crescente aumento de produtividade,

sendo a mais produzida do gênero no mundo. Para manter e incrementar ainda mais a

produtividade de algodão em caroço, bem como de pluma, é essencial nos programas de

melhoramento a existência de divergência genética e cultivares elite para realizar hibridações,

com o intuito de aumentar as possibilidades de se obter maior efeito heterótico, além de prevenir

o estreitamento da base genética do algodoeiro. Com base no exposto, o objetivo deste trabalho

foi analisar a diversidade genética entre genótipos de algodoeiro de fibra colorida utilizando

características tecnológicas da fibra, assim como dados de produtividade, para identificação de

potenciais de genitores. O experimento foi conduzido na fazenda experimental Capim Branco

(18º52’S;48º20’W e 805m), pertencente à Universidade Federal de Uberlândia, no município

de Uberlândia, Minas Gerais, na safra 2016/2017. Foram utilizados 12 genótipos de fibra

colorida (UFUJP-01, UFUJP-02, UFUJP-05, UFUJP-08, UFUJP-09, UFUJP-10, UFUJP-11,

UFUJP-13, UFUJP-16, UFUJP-17 e as cultivares comerciais da Embrapa BRS-Rubi e BRS-

Topázio) em delineamento de blocos casualizados. Estimou-se os coeficientes de correlação

fenotípica e genotípica entre as características Micronaire (MIC), Maturação (MAT),

Comprimento de Fibra (UHML), Uniformidade de Comprimento (UI), Índice de Fibras Curtas

(SFI), Resistência de fibra (STR), Alongamento (ELG), Produtividade (PROD) e Rendimento

de fibra (RP). Utilizou-se o método de Singh para avaliar as contribuições relativas das

características na divergência. Para estimar a divergência genética, tomou-se como base a

matriz generalizada de Mahalanobis e, posteriormente, utilizou-se os métodos de agrupamentos

de Ligação Média entre os Grupos (UPGMA) e o método Tocher. Pela contribuição relativa de

Singh UHML e MAT foram as características que mais contribuíram para a divergência. Nas

análises de dissimilaridade, o dendrograma obtido pelo método UPGMA, o coeficiente de

correlação cofenética foi de 0,84, que comprova a consonância do dendrograma com as

dissimilaridades entre os pares de genótipos, portanto boa representatividade. Formaram-se

cinco grupos divergentes, um a menos que Tocher com 6 grupos. Verificou-se que possíveis

hibridações entre UFUJP-17 e as cultivares comerciais podem ser promissoras para obtenção

de populações segregantes com maior variabilidade genética. Visando o aumento do potencial

produtivo e melhorias da qualidade de fibra, cruzamentos entre UFUJP-16 e as testemunhas

comercias teriam maior chance de se obter êxito no programa de melhoramento.

Palavras-chave: Fibra colorida; Gossypium hirsutum; Dissimilaridade genética.

Page 67: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

66

4.2. Abstract

Cotton is one of the world's leading commodities. Among the most cultivated species

Gossypium hirsutum stands out in importance with increasing productivity, being the most

produced of the genus in the world. In order to maintain and increase productivity, it is essential

in breeding programs for the existence of genetic divergence and elite cultivars to carry out

hybridizations, in order to increase the chances of obtaining a greater heterotrophic effect,

besides preventing the genetic base of the cotton. Based on the foregoing, the objective of this

work was to analyze the genetic diversity among cotton fiber genotypes using fiber

technological characteristics, as well as productivity data, to identify potential parents. The

experiment was conducted at the Capim Branco experimental farm (18º52'S, 48º20'W and

805m), belonging to the Federal University of Uberlândia, in the city of Uberlândia, Minas

Gerais, in the 2016/2017 harvest. Twelve colored fiber genotypes were used (UFUJP-01,

UFUJP-05, UFUJP-05, UFUJP-08, UFUJP-09, UFUJP-10, UFUJP-11, UFUJP-13, UFUJP-16,

UFUJP-17 and cultivars commercial applications of Embrapa BRS-Rubi and BRS-Topázio) in

a randomized complete block design. It was estimated the phenotypic and genotypic correlation

coefficients among the characteristics Micronaire (MIC), Maturation (MAT), Fiber Length

(UHML), Uniformity of Length (UI), Short Fiber Index (SFI), Fiber Strength), Elongation

(ELG), Productivity (PROD) and Fiber yield (RP). The Singh method was used to evaluate the

relative contributions of the characteristics in the divergence. In order to estimate the genetic

divergence, the Mahalanobis generalized matrix was used as the basis, and the Groups of

Medium Binding (UPGMA) and Tocher methods were later used. By the relative contribution

of Singh UHML and MAT were the characteristics that contributed most to the divergence. In

the dissimilarity analyzes, the dendrogram obtained by the UPGMA method, the co-expressed

correlation coefficient was 0.84, which confirms the dendrogram consonance with the

dissimilarities between the pairs of genotypes, and therefore good representativity. Five

divergent groups were formed, one less than Tocher with 6 groups. It has been found that

possible hybridizations between UFUJP-17 and commercial cultivars may be promising to

obtain segregant populations with greater genetic variability. Aiming at increasing productive

potential and improving fiber quality, crosses between UFUJP-16 and commercial witnesses

would have a greater chance of success in the breeding program.

Keywords: Colored fiber; Gossypium hirsutum; Genetic dissimilarity.

Page 68: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

67

4.3. Introdução

O algodão é cultivado em mais de 60 países nos cinco continentes e os países que

figuram como maiores produtores mundiais são a Índia, China, Estados Unidos, Paquistão e o

Brasil. Nesta ampla diversidade de ambientes, há registro de 52 espécies de algodoeiro, sendo

o Gossypium hirsutum responsável por mais de 90% da produção mundial de algodão

(BORÉM; FREIRE, 2014; ABRAPA 2017).

É considerada a fibra têxtil natural mais importante do mundo, por vestir quase metade

da população global. Além disso, é utilizado também na produção de biodiesel, na alimentação

animal, na alimentação humana, em produtos farmacêuticos, fitoterápicos e em óleos (ZONTA,

2015).

Diante destas diversas cadeias produtivas movidas pela cultura, o algodão de fibra

colorida vem se destacando consideravelmente nos últimos anos. Essa relevância se deve ao

fato de serem naturalmente coloridas, o que diminui a quantidade de água utilizada na indústria

no momento do tingimento, além de reduzir os custos de produção, e consequentemente,

diminuir a poluição ambiental decorrentes dos corantes utilizados no processo (DUTT et al.,

2004).

Contudo, o algodão colorido deve primeiramente atender as necessidades dos produtores

e, posteriormente, as exigências da indústria de fiação e tecelagem. A nível de campo as

cultivares devem ser produtivos, uniformes quanto ao porte e ciclo, além de resistentes às

principais pragas e doenças. Na indústria, as características tecnológicas da fibra são fatores

primordiais na obtenção da matéria prima de qualidade na tecelagem (PENNA, 2005; NETO et

al., 2015).

No melhoramento de algodoeiro todos esses aspectos devem ser considerados e, para

atingir estas metas, é preciso realizar estudos de diversidade entre os genitores. Tais estudos

são fundamentais para aumentar as chances de sucesso em um programa de melhoramento

(BORÉM; FREIRE, 2014; NETO et al., 2015). Nesse sentido, a diversidade genética é pilar

fundamental no melhoramento, pois fornece informações que possibilitam identificar

combinações híbridas superiores com maior efeito heterótico e maior heterozigose, na intenção

de recuperar os genótipos superiores e alcançar o objetivo do programa (CRUZ; REGAZZI;

CARNEIRO, 2014).

A diversidade entre os progenitores pode ser mensurada por meio de técnicas

biométricas que quantificam a heterose ou por meio de processos preditivos. Nesta predição

da diversidade, os métodos multivariados são os mais aplicados, com destaque para a análise

Page 69: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

68

dos componentes principais, variáveis canônicas e métodos aglomerativos, que se destacam por

dependerem de medidas de dissimilaridade estimadas de modo prévio, sendo a distância

generalizada de Mahalanobis, a mais utilizada entre todas (CRUZ; REGAZZI; CARNEIRO,

2014).

A distância generalizada de Mahalanobis (D²) leva em consideração a correlação entre

as características avaliadas. Deste modo, utiliza as médias dos genótipos e a matriz de

covariância residual obtidas em experimentos com repetições (MULATO et al., 2010, CRUZ;

REGAZZI; CARNEIRO, 2014).

Por meio da matriz de dissimilaridade, utiliza-se os métodos de agrupamento na

visualização de grupos homogêneos, sendo que os métodos hierárquicos e otimizados são os

mais usuais nos programas de melhoramento (FERRAUDO, 2010; CRUZ; REGAZZI;

CARNEIRO, 2014).

Resende et al. (2014) avaliaram a divergência genética entra 248 acessos de algodoeiro,

para características tecnológicas da fibra, do banco de germoplasma da Epamig, por meio da

distância generalizada de Mahalanobis e agrupamento Tocher, com o objetivo de selecionar

acessos divergentes baseados nas características tecnológicas da fibra encontrando 14 grupos

distintos.

Da mesma forma, Violatti (2016), avaliando 21 genótipos de algodoeiro (G. hirsutum),

também utilizou métodos de agrupamentos baseados na matriz de Mahalanobis, calculada a

partir das características tecnológicas da fibra para identificar as melhores combinações para

futuras hibridações, encontrou 6 grupos pelo método de Tocher. Já Cunha (2015), avaliando

genitores de algodoeiro branco e colorido com potencial de híbridos de fibra colorida, encontrou

maior divergência entre as cultivares de fibra branca.

Com base no exposto, o objetivo deste trabalho foi analisar a diversidade genética entre

genótipos de algodoeiro de fibra colorida, utilizando características tecnológicas da fibra e

produtividade na obtenção de genitores em potencial.

4.4. Material e métodos

O experimento foi conduzido na Universidade Federal de Uberlândia, na safra

2016/2017. Os dados foram obtidos em experimentos conduzidos na fazenda experimental

Capim Branco (18º52’S;48º20’W e 805m de altitude), pertencente à Universidade Federal de

Uberlândia, no município de Uberlândia, Minas Gerais.

Page 70: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

69

A área situa-se sobre um Latossolo Vermelho Escuro, com textura argilosa. O preparo

do solo foi realizado de forma convencional, com uma aração e duas gradagens. Antes da

semeadura, a área foi sulcada e adubada, conforme necessidade pela análise de solo. As

condições climáticas da safra, com temperaturas máximas, mínimas e precipitações estão

representadas na Figura 7.

Figura 7. Dados meteorológicos no período de 12/2016 a 30/06/2017.

Foram avaliados 12 genótipos de algodoeiro de fibra colorida (UFUJP-01, UFUJP-02,

UFUJP-05, UFUJP-08, UFUJP-09, UFUJP-10, UFUJP-11, UFUJP-13, UFUJP-16, UFUJP-17,

BRS Rubi e BRS Topázio). O delineamento utilizado foi de blocos completos casualizados

(DBC) com quatro repetições. A parcela constituiu-se de quatro linhas de 5 m de comprimento

espaçadas por um metro, sendo a área útil da parcela as duas linhas centrais, desprezando-se

0,5 m de cada extremidade.

As sementes foram tratadas com o fungicida Carboxina-Tiram – nome comercial

Vitavax®-Thiram 200 SC e inseticida Tiametoxam – nome comercial Cruiser® 350 FS. A

semeadura foi realizada de forma manual em 16 de dezembro de 2016, com 16 sementes por

metro linear a 2 cm de profundidade. O desbaste foi realizado com 30 dias após a emergência,

deixando-se oito plantas por metro linear.

O controle das plantas daninhas foi realizado ao longo do ciclo da cultura, utilizando

herbicidas em pré e pós-emergência (Diuron, e Piritiobaque-sódico 280 g L-1, respectivamente)

complementados com capinas manuais. O controle de pragas foi realizado com aplicações de

inseticidas e acaricidas de acordo com as recomendações para a cultura. Durante o ciclo da

0.00

5.00

10.00

15.00

20.00

25.00

30.00

35.00

Prec(mm) Max (ºC) Min(ºC)

Page 71: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

70

cultura, foram feitas aplicações com regulador de crescimento cloreto de mepiquat (1,1-

dimethylpiperidinium chloride) de acordo com as recomendações.

Colheu-se a área útil de cada parcela e, posteriormente, pesou-se para calcular a

produtividade de algodão em caroço. As amostras foram acondicionadas em sacos de papéis

devidamente identificados. O material foi posteriormente beneficiado no laboratório da

Fazenda Capim Branco, com a finalidade de separar as fibras das sementes.

Após o beneficiamento, as fibras foram levadas ao laboratório Minas Cotton - Central

de Classificação de Fibra em Uberlândia-MG, onde realizou a análise das características

tecnológicas das fibras de cada parcela utilizando o aparelho HVI (High Volume Instruments).

As características avaliadas foram: índice Micronaire, maturidade da fibra, resistência

da fibra, comprimento da fibra, uniformidade do comprimento, alongamento e índice de fibras

curtas.

O índice micronaire (MIC) é uma medida do complexo maturidade/finura da fibra.

Usualmente comercializa-se algodão entre os limites 3,9 e 4,5 de micronaire, sendo ideais os

compreendidos entre 3,8 a 4,2.

Maturidade de fibra (MAT) refere-se ao desenvolvimento da parede da fibra. Para duas

fibras de mesmo diâmetro é a que tiver parede mais espessa na sua seção transversal.

A resistência (STR) à ruptura é expressa em gf tex-1. É determinada ao aplicar uma força

para afastar as pinças até a ruptura do feixe de fibra. Valores acima de 26 gf tex-1 são

considerados satisfatórios na indústria têxtil.

O comprimento da fibra (UHML) leva em consideração o comprimento médio da

metade mais longa do feixe de fibras, em 32 subdivisões de polegada.

A uniformidade de comprimento (UI) é a relação entre o comprimento médio das fibras

e o UHML. Adota-se como referência de qualidade valor mínimo de 83% de uniformidade.

A taxa de fibras curtas (SFI) representa a percentagem por peso das fibras de

comprimento inferior a 12,7 mm.

O alongamento da fibra (ALG) se refere ao máximo de comprimento obtido pela fibra

durante uma carga de esforço até que está se rompa. Valores acima de 7% são considerados

ideais.

Os dados foram submetidos a análise de variâncias univariada e multivariada e, a partir

desta, estimou-se a dissimilaridade genética entre os pares de genótipos pela Distância

generalizada de Mahalanobis (D2ii’) conforme estimador abaixo:

D²ii´= δ´Ψ-1δ

Page 72: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

71

Em que:

D²ii´: distância generalizada de Mahalanobis entre os genótipos i e i’;

Ψ: matriz de variâncias e covariâncias residuais;

δ´: [d1 d2 ... dv] sendo dj = Yij – Yi´j;

Yij: média do i-ésimo genótipo em relação à j-ésima variável.

Após a obtenção da matriz de dissimilaridade entre genótipos, realizou-se o

agrupamento dos genótipos pelo método hierárquico da Ligação Média entre grupo (UPGMA)

e a otimização de Tocher (RAO, 1962).

Baseado no agrupamento hierárquico de Ligação Média entre Grupo (Unweighted Pair

Group Method with Arithmetic Mean – UPGMA), é gerado um dendrograma de maior

similaridade em que a distância entre o genótipo e o grupo formado pelos indivíduos i e j é dado

por:

2

ddd

jkik

(ij)k

Ainda pelos dados da matriz de dissimilaridade, procedeu-se a análise pelo método de

agrupamento de otimização de Tocher (RAO, 1962). Por este método as médias das medidas

de dissimilaridade dentro de cada grupo deve ser menor que as distâncias médias entre

quaisquer grupos ( ). A inclusão ou não de cada genótipo foi determinada por:

θn

d (grupo)k Inclui-se o genótipo k no grupo;

θn

d(grupo)k o genótipo k não é incluído;

Em que:

n = número de genótipos que constituem o grupo original.

A distância entre o genótipo k e o grupo formado pelos genótipos i e j foi dado por:

(ij)k ik jkd =d +d

A contribuição relativa das características na dissimilaridade dos genótipos pelo método

de Singh (1981) conforme a estatística Sij:

Dii

'2

= δ-1

Ψ-1 δ = ∑ ∑ ωjj

'

n

j'=1

n

j=1

djdj'

Page 73: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

72

Em que:

ωjj

'= elemento da j-ésima coluna da inversa da matriz de variância e covariâncias residuais.

As análises foram realizadas utilizando o Programa estatístico (GENES) (CRUZ, 2016).

4.5. Resultados e discussão

Foram detectadas diferenças significativas pelo teste F para todas as características, que

indica a existência de divergência genética entre os genótipos, com exceção de micronaire

(MIC) e uniformidade de comprimento (UI), (Tabela 12).

Tabela 12. Significância dos quadrados médios e coeficientes percentuais da variação

experimental para as 9 características avaliadas, em 12 genótipos de algodoeiro na safra

2016/17.

O coeficiente de variação é considerado aceitável para a maioria das características,

entre 0,88 a 10,67%, com exceção para índice de fibras curtas e produtividade, que foram

considerados médios, entre 10,67 a 23,63 (SANTOS, 1998). Estes resultados são considerados

satisfatórios, e, portanto, confiáveis, uma vez que a produtividade é uma característica

quantitativa, muito influenciada pelo meio. Os resultados de características tecnológicas da

fibra, corroboram com Gama et al. (2017), que encontraram valores entre 1,04 a 8,39%, ao

analisarem o efeito do silício na qualidade da fibra. Para produtividade, Queiroz (2017)

encontrou valor de CV para produtividade de 20,51%, concordando com este trabalho,

reforçando caráter quantitativo da característica.

Para as médias das características (Tabela 13) não houve formação de grupos para

micronaire, o que pode se justificar pela baixa variação de MAT, que influencia diretamente os

valores de MIC. Isso se daria, uma vez que a MAT é calculada pela deposição de camadas de

FV GL MIC MAT UHML UI SFI STR ELQ PROD RP

Bl 2,00 0,01 0,00 0,41 0,46 2,53 1,48 0,49 214170,64 0,51

Gen 11,00 0,04ns 0,00* 10,38** 4,71ns 11,89** 15,44** 1,32** 10822183,00** 8,98*

Res 22,00 0,03 0,00 1,45 2,98 2,67 2,63 0,39 276414,17 3,32

CV(%) 7,97 0,88 4,79 2,24 10,67 7,14 7,66 23,63 6,47

h² 18,00 63,05 86,01 36,60 77,52 82,92 70,08 74,45 62,96

**,*Significativo a 1 e 5% de probabilidade, respectivamente pelo teste f; FV = Fontes de variação; GL = Graus

de liberdade; MIC=Micronaire; MAT= Maturação; UHML = Comprimento de fibra; UI = Uniformidade de fibra;

SFI = Índice de fibras curtas; STR = Resistência da fibra; ELG = Alongamento; PROD= Produtividade; RP=

Rendimento de Fibra; Bl= blocos; Gen=genótipos; Res= Resíduo; h²= coeficiente de determinação genotípico.

Page 74: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

73

celulose na fibra, que afeta diretamente a finura e, consequentemente, o MIC. De forma geral,

os valores de MAT estão dentro de valores ideais para cultura, que exige parâmetros acima de

0,76 a 0,84 (BELTRÃO et al., 2004). Carvalho et al. (2015) encontraram valores de MAT entre

0,81 a 0,87, ao avaliar cultivares de algodoeiro de fibra colorida, nas regiões Nordeste e Centro

Oeste.

Tabela 13. Média de nove características de algodão morfológicas de 12 genótipos de fibra

colorida cultivados em Uberlândia-MG.

Gen MIC MAT UHML UI SFI STR ELG PROD RB

G1 2,22 a 0,79 b 25,41 b 79,33 a 13,18 b 23,00 b 8,17 b 2628,56

c 28,31 b

G2 2,34 a 0,80 b 24,42 b 77,36 a 15,57 a 22,19 b 7,43 b 2069,73

c 26,73 b

G5 2,46 a 0,79 b 23,47 b 76,35 a 17,94 a 20,48 b 9,14 a 2496,26

c 28,15 b

G8 2,48 a 0,80 b 23,07 b 76,70 a 17,61 a 20,32 b 8,95 a 2295,79

c 27,54 b

G9 2,63 a 0,80 b 23,82 b 76,22 a 16,25 a 21,64 b 9,15 a 2778,33

c 27,57 b

G10 2,39 a 0,80 b 25,61 b 76,09 a 15,97 a 23,13 b 7,70 b 2231,53

c 27,83 b

G11 2,44 a 0,80 b 24,36 b 77,00 a 15,74 a 20,43 b 8,79 a 2350,44

c 26,58 b

G13 2,34 a 0,80 b 24,92 b 76,14 a 14,71 a 23,79 b 7,66 b 2499,31

c 28,44 b

G16 2,49 a 0,80 b 25,15 b 75,60 a 14,88 a 22,68 b 8,15 b 2969,48

c 28,78 b

G17 2,44 a 0,80 b 24,21 b 75,16 a 17,57 a 21,18 b 8,36 a 3310,48b 25,54 b

RC 2,66 a 0,81 a 28,21 a 78,86 a 12,57 b 26,99 a 7,51 b 4275,93

a 31,29 a

TC 2,56 a 0,81 a 29,33 a 77,68 a 11,82 b 26,86 a 7,48 b 2946,81

c 31,39 a

Médias seguidas por letras iguais pertencem ao mesmo grupo pelo teste Scott-Knott ao nível 5% de

probabilidade. Gen=Genótipos; MIC: micronaire; MAT: maturação; UHML: comprimento de fibra; UI:

uniformidade de comprimento; SFI: índice de fibras curtas; STR: resistência; ELG: Alongamento; PROD:

produtividade; RB: rendimento de fibra. G1=UFUJP-01; G2=UFUJP-02; G5=UFUJP-05; G8=UFUJP-08;

G9=UFUJP-09; G10=UFUJP-10; G11=UFUJP-11; G13=UFUJP-13; G16=UFUJP-16; G17=UFUJP-17; RC=

BRS-RUBI; TC= BRS-TOPÁZIO.

Apesar dos valores de MAT estarem dentro dos patrões, estes não contribuíram para os

índices de MIC, que ficaram abaixo do exigido pela indústria (3,7 a 4,2), sendo a genética o

fator mais determinante para esta característica (BRADOW E DAVIDONIS, 2010). Neste caso

foram classificados como finos (< 3,0). Todavia, fibras com baixo valor de MIC e altos valores

Page 75: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

74

de MAT, STR e ALG são interessantes ao processo têxtil, uma vez que, se processados

corretamente, agregarão valores positivos à sua produtividade.

Para comprimento de fibra (UHML), os melhoristas procuram valores acima de 28mm.

Dos genótipos avaliados, 58% (UFUJP-02, UFUJP-05, UFUJP-08, UFUJP-09, UFUJP-11,

UFUJP-13, e UFUJP16) foram classificadas como fibras curtas (entre 23,5 a 25,15 mm) e

UFUJP-01, UFUJP10 e UFUJP-16 foram classificadas como fibras médias (25,15 a 27,94 mm).

Os genótipos comerciais foram classificados como fibras longas (acima de 27,94mm). A

característica UHML tem influência direta nas torções dos fios, aumentando a eficiência na

tecelagem, além de aumentar a qualidade do produto (IMAMT, 2014). Em parte, estes valores

que foram considerados abaixo do interesse da indústria, podem ser justificados pelas

temperaturas noturnas abaixo de 20ºC (Figura 7) no período de desenvolvimento da formação

do UHML, que se dá por volta dos 100- 130 dias após a emergência. Neste período, as

temperaturas mínimas sempre estiveram abaixo de 20ºC, ou seja, o ambiente prejudicou a

expressão do máximo potencial genético desta característica (BRADOW; DAVIDONIS, 2010;

YEATES et al., 2010).

Há forte relação entre as UHML e resistência (STR), ou seja, os maiores valores de

comprimento de fibra resultam nos maiores valores de resistência (IMAMT, 2014). Para STR

valores ideais são acima de 27 gf tex-1, valor não obtido por nenhum dos genótipos,

classificados como fracos a intermediários (20 a 25 gf tex-1) para os genótipos do PROMALG

e médios (26-28 gf tex-1) para as testemunhas comerciais (IMAMT, 2014). No caso da

resistência, os baixos valores de MIC podem ter influenciado os valores de STR. Neto (2015)

encontrou para os mesmos genótipos comerciais valores entre 21,12 a 24,92 gf tex-1, na

identificação de genótipos, visando produtividade e qualidade de fibras.

Para alongamento (ELG), todos os genótipos foram classificados como muito alto

(acima de 7,6%). A maior deposição de cera nas fibras coloridas pode conferir maiores valores

de alongamento de fibras. Neto (2014) encontrou para esta característica valores entre 3,24 a

5,60 %, corroborando com Belletini et al. (2011), que encontraram valores entre 7,1 a 9,4, ao

avaliarem cultivares de fibra colorida no Paraná.

Os genótipos que apresentaram as maiores produtividades foram BRS-rubi com 4275,93

kg ha-1, seguido de UFUJP-17 com 3310,48 kg ha-1, que se adaptaram melhor frente às

condições ambientais para expressão de seus genes. BRS-Rubi também obteve o maior valor

em rendimento de fibra (31,29%), diferentemente de UFUJP-17, que apresentou o menor valor

para esta característica. Carvalho et al. (2015) e Neto (2015) encontraram valores de rendimento

Page 76: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

75

entre 33,89 a 40,24% de modo geral, sendo que a cultivar BRS Rubi obteve 33,89% e 33,18,

respectivamente, para estes autores.

Ao analisar a divergência genética do algodoeiro para as sete características tecnológicas

da fibra, produtividade e rendimento, os elementos que mais contribuíram para o estudo da

divergência genética entre os genótipos (Figura 8) foram UHML, que demonstrou maior

importância (21,37%), seguido por MAT (16,10%). Gilio (2014) encontrou rendimento de fibra

(17,86%) como o fator que mais contribuiu para dissimilaridade, ao analisar o plantio de

algodão na safrinha. Já Neto et al. (2015) observaram os maiores valores na contribuição da

divergência para índice de fiabilidade, seguido por rendimento de fibra, com 25,55% e 15,66%,

respectivamente.

Figura 8. Contribuição relativa de Singh (1981) das características: MIC: micronaire; MAT:

maturação; UHML (cm): comprimento de fibra; UI (%): uniformidade de comprimento; SFI

(%): índice de fibras curtas; STR (gf tex-1): resistência; ELG (%): Alongamento; PROD (kg ha-

1): produtividade; RB (%): rendimento de fibra, para quantificar a divergência entre 12

genótipos de algodão colorido.

A produtividade foi a terceira mais importante no estudo, com contribuição de 13,88%.

Isto evidencia que quanto maior a variação de produtividade, maior será a divergência entre os

genótipos (SOUSA, 2013).

Na Figura 9, com relação a dissimilaridade, o coeficiente de correlação cofenética foi de

0,84, que comprova a consonância do dendrograma com as dissimilaridades entre os pares de

genótipos. Segundo Barroso e Artes (2003), coeficientes acima de 0,70, apresentam boa

0.00

5.00

10.00

15.00

20.00

25.00

MIC MAT UHML

(mm)

UI (%) SF (%) STR

(g/tex)

ELG

(%)

PROD RP%

8.47

16.10

21.37

10.71

2.96

12.10

2.33

13.8812.07

Variáveis

Con

trib

uiç

ão R

elati

va (

%)

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76

representatividade entre o gráfico das distâncias genéticas e a matriz gerada pelo método.

Violatti (2016) encontrou valores médios de 0,70, ao analisar a divergência de genótipos de

algodoeiro de fibra branca.

Figura 9. Dendrograma da divergência genética entre 12 genótipos de algodoeiro de fibra

colorida na safra 2016/2017, obtido pelo método hierárquico de ligação média “UPGMA”, com

base na distância generalizada de Mahalanobis (D²). Coeficiente de correlação cofenética (r):

0,84, em Uberlândia, MG.

No gráfico, a linha de corte foi realizada de maneira subjetiva no ponto de alta mudança

de nível no dendrograma (CRUZ; FERREIRA; PESSONI, 2011), realizado a 34% de

dissimilaridade, que separou os genótipos em 5 grupos, onde as testemunhas comerciais da

Embrapa, ficaram no mesmo grupo. O maior grupo formado (grupo 1) é representado por 41%

dos genótipos.

Os resultados de dissimilaridade do dendrograma confirmam a existência de divergência

entre os genótipos, demonstrando ser possível obter efeito heterótico e maior heterozigose em

possíveis hibridações. Com base no exposto, para maior efeito heterótico, cruzamentos entre

UFUJP-05, UFUJP-08, UFUJP09, UFUJP-11 e UFUJP-17 com as testemunhas BRS Rubi e

BRS Topázio, possibilitaria obter indivíduos com maior heterose nas hibridações.

Pelo método otimizado de Tocher (RAO, 1962) (Tabela 14), calculado com base na

distância de Mahalanobis (D²), formam-se 6 grupos, um a mais que o agrupamento UPGMA,

sendo possível verificar a semelhança na formação dos grupos, em relação ao método PGMA.

I

II

III

IV

II

V

II

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Tabela 14. Agrupamento de 12 genótipos de algodoeiro de fibra colorida, pelo método de

Tocher, utilizando a distância de Mahalanobis como medida de distância genética, com

base em caracteres agronômicos e características tecnológicas da fibra.

Grupos Número de

genótipos Genótipos

1 5 G5 G8 G9 G17 G16

2 2 G2 G10

3 2 RC TC

4 1 G1

5 1 G13

6 1 G11

G1=UFUJP-01; G2=UFUJP-02; G5=UFUJP-05; G8=UFUJP-08; G9=UFUJP-09; G10=UFUJP-10; G11=UFUJP-

11; G13=UFUJP-13; G16=UFUJP-16; G17=UFUJP-17; RC= BRS-RUBI; TC= BRS-TOPÁZIO.

De forma generalizada, os grupos foram semelhantes entre os métodos, com exceção

de UFUJP16, UFUJP-11 e UFUJP-13, onde UFUJP-11 e UFUJP-13 estavam no mesmo grupo

em UPGMA e ficaram isolados por Tocher, e UFUJP-16 entrou no primeiro grupo no lugar de

UFUJP-11. Isso demonstra que para estas análises, o método Tocher foi mais sensível para

determinação da divergência, corroborando com Violatti (2016). Rocha (2015) e Giulio et al.

(2017) constataram maior efetividade do método UPGMA, quando comparado a Tocher, ao

avaliar a divergência genética de algodão colorido.

Todavia, o uso do método UPGMA aliado ao método de otimização do Tocher, nas

avaliações de dissimilaridade, pode garantir maior confiabilidade na estimativa da divergência

genética (GILIO et al., 2017).

4.6. Conclusões

Hibridações entre os genótipos UFUJP-17 e BRS-Rubi ou BRS-Topázio são

promissores para obtenção de populações segregantes com variabilidade genética e maior

potencial produtivo.

Hibridações entre os genótipos UFUJP-16 e BRS Rubi ou BRS Topázio são

promissores para obtenção de progênies com características superiores para tecnologia de fibra.

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CAPÍTULO 4

CORRELAÇÃO ENTRE CARACTERES COMO CRITÉRIO DE SELEÇÃO

INDIRETA EM GENÓTIPOS DE ALGODOEIRO DE FIBRA COLORIDA

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5. CORRELAÇÃO ENTRE CARACTERES COMO CRITÉRIO DE SELEÇÃO

INDIRETA EM GENÓTIPOS DE ALGODOEIRO DE FIBRA COLORIDA

5.1. Resumo

O algodoeiro, do gênero Gossypium spp., produz fibras que são muito utilizadas na indústria

têxtil. Seu cultivo se dá predominantemente por cultivares de fibras brancas, contudo,

naturalmente produz fibras de diversas cores e tonalidades. O algodoeiro de fibra colorida surge

como uma alternativa na produção de fibras têxteis, pois dispensa ou diminui o tingimento na

indústria, e, portanto, reduzem o impacto ambiental ocasionado pelo descarte destes que são

poluentes. Contudo, as fibras coloridas, geralmente possuem produtividade inferiores as

cultivares brancas, sendo o melhoramento de plantas uma alternativa para desenvolvimento de

cultivares mais produtivas. Em auxílio ao melhoramento genético, as correlações entre os

caracteres podem melhorar a eficácia e a agilidade na seleção, pois possibilita a seleção indireta

de características de difícil seleção. Com base no exposto, o objetivo deste trabalho foi avaliar

as correlações fenotípicas e genotípicas, seus efeitos diretos e indiretos sobre produtividade de

algodão em caroço, rendimento e caracteres tecnológicos da fibra de algodoeiro colorido como

critério de seleção indireta. O experimento foi conduzido na safra 2016/2017, na fazenda

experimental Capim Branco (18º52’S;48º20’W e 805m), pertencente à Universidade Federal

de Uberlândia, no município de Uberlândia, Minas Gerais. Foram utilizados 12 genótipos de

fibra colorida (UFUJP-01, UFUJP-02, UFUJP-05, UFUJP-08, UFUJP-09, UFUJP-10, UFUJP-

11, UFUJP-13, UFUJP-16, UFUJP-17 e as cultivares comerciais da Embrapa BRS-Rubi e BRS-

Topázio) em delineamento de blocos casualizados. Estimou-se os coeficientes de correlação

fenotípica e genotípica entre as características Micronaire (MIC), Maturação (MAT),

Comprimento de Fibra (UHML), Uniformidade de Comprimento (UI), Índice de Fibras Curtas

(SFI), Resistência de fibra (STR), Alongamento (ELG), Produtividade (PROD) e Rendimento

(RP), com seus efeitos diretos e indiretos com análise de trilha e avaliação da multicolinearidade

dos efeitos, estabelecendo uma constante K. As características MIC, MAT, STR e ELG

tiveram correlação significativa com produtividade, sendo que alongamento obteve correlação

negativa, ou seja, uma associação inversa com produtividade. Na análise de trilha MIC, MAT

e STR tiveram efeito direto superior a magnitude do efeito residual, sendo que MAT obteve

efeito direto em sentido desfavorável, demonstrando ausência de causa e efeito sobre

produtividade. A característica MIC, apesar do alto efeito direto, possui baixo coeficiente de

determinação genotípico, inviabilizando sua utilização na seleção indireta. Verificou-se que

Comprimento de fibra e resistência podem ser utilizados na seleção indireta, desde que seja

feito, entre ambas, uma seleção truncada.

Palavras-chave: Análise de trilha; Fibras de cor; Gossypium.

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83

5.2. Abstract

Cotton, of the genus Gossypium ssp. produces fibers that are very important in the textile

industry. Its cultivation is predominantly by cultivars of white fibers, making clear several

fibers of diverse colors and shades. Cotton fiber packaging appears as an alternative in the

production of textile fibers, as the dispersion or reduction of dyeing in the industry, and thus

the environmental impact is caused by the disposal of these, which are pollutants. Today, cotton

is the lightest orient of plants for more productive cultivars. In Relief Arrangement as

Correlations between the Different Possibilities Improved and Speeded in the Selection,

because It Enables an Indirect Selection. Based on the foregoing, the objective of this work was

to evaluate the direct and indirect effects on the productivity, yield and technological resources

of the cotton fiber as a selective selection criterion as phenotypic and genotypic correlations.

The experiment was conducted in the 2016/2017 harvest at the Capim Branco experimental

farm (18º52 'S, 48º20'W and 805 m altitude), belonging to the Federal University of Uberlândia,

in the city of Uberlândia, Minas Gerais. Twelve colored fiber genotypes (UFUJP-01, UFUJP-

02, UFUJP-05, UFUJP-08, UFUJP-09, UFUJP-10, UFUJP-11, UFUJP-13, UFUJP-

commercial applications of Embrapa BRS-Rubi and BRS-Topázio) in a randomized complete

block design. Stimulation of the phenotypic and genotypic correlation coefficients between the

MIC, Maturation (MAT), Fiber Length (UHML), Uniformity of Length (IU), Short Fiber Index

(SFI), Fiber Resistance (STR) (PR) and yield (PR), with its objectives and indirectly with the

analysis of multicollinearity screening and evaluation, establishing a constant K. As the

characteristics MIC, MAT, STR and ELG had the productivity, and the elongation was turned

off negative, that is, an inverse association with productivity. In the analysis of the MIC, MAT

and STR tracks, the deleterious effects exceed the magnitude of the residual effect, and the

MAT has direct effect in the unfavorable sense, demonstrating absence of cause and effect on

productivity. The MIC functionality, despite the high direct effect, has a low genotype

determination coefficient, making it unfeasible for indirect selection. It has also been found that

the compromise of fiber and resistance can be used in the selection of policies, provided a

truncated selection is made between the two.

Keywords: Path analysis; color fiber; Gossypium.

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5.3. Introdução

O algodoeiro (Gossypium hirsutum L.) do gênero Gossypium é uma das mais de 50

espécies pertencentes à família Malvaceae (BONIFÁCIO et al., 2015), respondendo por 90%

da produção mundial de algodão. A fibra do algodão é o principal produto da cultura,

responsável pela vestidura de boa parte da população mundial (SHAHZAD et al., 2015).

No mundo, o algodão é cultivado em mais de 80 países, sendo estimado um aumento na

produção de aproximadamente 12%, que representa 25,74 milhões de toneladas produzidas

(REDDY, 2015; CONAB, 2017). O Brasil vem se destacando como um importante colaborador

para estes resultados, pois é o quinto maior produtor, com estimativa de produção em torno de

4,2 milhões de toneladas para safra 2017/2018 (CONAB, 2017).

Durante décadas a grande totalidade de produção de algodão baseou-se no cultivo de

genótipos de fibra branca, apesar de naturalmente o algodoeiro produzir fibra de outras cores.

A expressão da cor se dá pela presença de um gene dominante, enquanto a cor branca da fibra,

é oriunda de alelos recessivo (BELTRÃO; CARVALHO, 2004; CARVALHO, 2015).

Fibras coloridas estão ganhando destaque nos últimos anos. Contudo, em anos

anteriores, tais fibras eram descartadas pela indústria e por produtores, devido a possibilidade

de ocorrer cruzamentos naturais e contaminar o algodoeiro de fibra branca (BARROSO, 2005).

Este destaque se deve ao apelo ambiental proveniente deste cultivo, pois acarreta em

menor uso de corantes na indústria durante o tingimento. Estes corantes, muitas vezes, possuem

substâncias que poluem o ambiente. Outro fator relevante é a diminuição do volume de água

usado no processamento, o que minimiza os impactos ambientais e, consequentemente, reduz

os custos de produção e maior valor agregado da fibra (BULUT; AKAR, 2012).

O algodão colorido tem maior valor de mercado em comparação aos de fibra branca,

devido às características de manejo, já que, muitas vezes, é cultivado por agricultores

familiares, de forma orgânica e sustentável (CARVALHO et al., 2011).

No entanto, apesar de mais rentável, este possui desafios a serem superados, como

características agronômicas desejáveis, assim como suprir a demanda da indústria têxtil com

fibras de alta qualidade. Para atender a essas demandas, o melhoramento genético de plantas é

uma forma rápida e econômica de se obter cultivares superiores, possibilitando resultados que

podem ser transmitidos entre as gerações (ENTRINGER et al., 2014).

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85

Em auxílio ao melhoramento, o estudo das correlações entre os caracteres possibilita

maior eficácia e agilidade, dando suporte ao melhorista na seleção de características

quantitativas, que são muito influenciadas pelo meio e de difícil seleção. Isto se dá por meio da

seleção indireta de características de fácil mensuração, envolvendo a associação de natureza

herdável (AZEVEDO et al., 2016).

Os coeficientes de correlação quantificam a magnitude e a direção da influência dos

fatores na determinação de características complexas. Contudo, tais coeficientes não traduzem

a importância relativa dos efeitos diretos e indiretos destes fatores (CRUZ; REGAZZI;

CARNEIRO, 2014), sendo necessário o desdobramento do coeficiente de correlação (TOEBE;

CARGNELUTTI FILHO, 2013; REHMAN et al., 2015)

O desdobramento dos efeitos diretos e indiretos é obtido pela análise de trilha (Wright,

1921), através de estimativas obtidas pela equação de regressão, previamente padronizadas

(CRUZ; REGAZZI; CARNEIRO, 2014) e submetendo os dados ao diagnóstico de

multicolinearidade, prevenindo possíveis erros nos resultados (SALLA et al., 2015).

Com base no exposto, o objetivo deste trabalho foi avaliar as correlações fenotípicas e

genotípicas, seus efeitos diretos e indiretos sobre produtividade, rendimento e caracteres

tecnológicos da fibra de algodoeiro colorido como critério de seleção indireta.

5.4. Material e Métodos

O experimento foi conduzido na Universidade Federal de Uberlândia, na safra

2016/2017. Os dados foram obtidos em experimentos conduzidos na fazenda experimental

Capim Branco (18º52’S;48º20’W e 805m de altitude), pertencente à Universidade Federal de

Uberlândia, no município de Uberlândia, Minas Gerais.

A área situa-se sobre um Latossolo Vermelho Escuro, com textura argilosa. O preparo

do solo foi realizado de forma convencional, com uma aração e duas gradagens. Antes da

semeadura, a área foi sulcada e adubada, conforme necessidade pela análise de solo.

Foram avaliados 12 genótipos de algodoeiro de fibra colorida UFUJP-01, UFUJP-02,

UFUJP-05, UFUJP-08, UFUJP-09, UFUJP-10, UFUJP-11, UFUJP-13, UFUJP-16, UFUJP-17

e as cultivares comerciais da Embrapa BRS Rubi e BRS Topázio.

O delineamento utilizado foi de blocos casualizados (DBC) com quatro repetições. A

parcela constituiu-se de quatro linhas de 5 m de comprimento espaçadas de um metro entre si,

sendo a área útil da parcela as duas linhas centrais, desprezando-se 0,5 m de cada extremidade.

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86

A semeadura foi realizada de forma manual em 16 de dezembro de 2016, com 16

sementes por metro linear a 2 cm de profundidade. As sementes foram tratadas com o fungicida

Carboxina-Tiram – nome comercial Vitavax®-Thiram 200 SC e inseticida Tiametoxam – nome

comercial Cruiser® 350 FS. O desbaste foi realizado com 30 dias após a emergência, deixando-

se oito plantas por metro linear.

O controle de plantas daninhas foi realizado ao longo do ciclo da cultura, utilizando

herbicidas em pré e pós-emergência, complementados com capinas manuais. O controle de

pragas foi realizado com aplicações de inseticidas e acaricidas de acordo com as recomendações

para a cultura. Durante o ciclo da cultura, foram feitas aplicações com regulador de crescimento

cloreto de mepiquat (1,1-dimethylpiperidinium chloride) – nome comercial Pix, de acordo com

as recomendações.

Colheu-se a área útil de cada parcela e foram pesados para calcular a produtividade de

algodão em caroço. As amostras foram acondicionadas em sacos de papéis devidamente

identificados. O material foi posteriormente beneficiado no laboratório da Fazenda Capim

Branco, com a finalidade de separar as fibras das sementes.

Após o beneficiamento, as fibras foram levadas ao laboratório Minas Cotton - Central

de Classificação de Fibra em Uberlândia-MG, onde realizou-se a análise das características

tecnológicas das fibras de cada parcela, utilizando o aparelho HVI (High Volume Instruments).

As características avaliadas foram: índice Micronaire, maturidade da fibra, resistência

da fibra, comprimento da fibra, uniformidade do comprimento, alongamento e índice de fibras

curtas.

O índice Micronaire (MIC) é uma medida do complexo maturidade/finura da fibra.

Usualmente, comercializa-se algodão entre os limites 3,9 e 4,5 de micronaire, sendo ideais os

compreendidos entre 3,8 a 4,2.

Maturidade de fibra (MAT) refere-se ao desenvolvimento da parede da fibra. Para duas

fibras de mesmo diâmetro é a que tiver parede mais espessa na sua seção transversal.

A resistência (STR) à ruptura é expressa em gf tex-1 no Brasil. É determinada ao aplicar

uma força para afastar as pinças até a ruptura do feixe de fibra. Valores acima de 26 gf tex-1 são

considerados satisfatórios na indústria têxtil.

O comprimento da fibra (UHML) leva em consideração o comprimento médio da

metade mais longa do feixe de fibras em 32 subdivisões de polegada.

A uniformidade de comprimento (UI) é a relação entre o comprimento médio das fibras

e o UHML. Adota-se como referência de qualidade valor mínimo de 83% de uniformidade.

Page 88: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

87

O índice de fibras curtas (SFI) representa a percentagem por peso das fibras de

comprimento inferior a 12,7 mm.

O alongamento da fibra (ELG) se refere ao máximo de comprimento obtido pela fibra

durante uma carga de esforço, até que esta se rompa. Valores acima de 7% são considerados

ideias.

Realizou-se a análise de variância (Teste F) e teste de Scott Knott (5% de significância).

As estimativas de correlações fenotípicas (rf) entre os caracteres foi realizada a 1 e 5% de

probabilidade pelo teste t com n-2 graus de liberdade, em que n corresponde ao número de

genótipos avaliados.

Foram estimadas as correlações fenotípicas e genotípicas para as características pelas

seguintes expressões:

𝒓𝒇 =𝑷𝑴𝑻𝒙𝒚

√𝑸𝑴𝑹𝒙𝑸𝑴𝑹𝒚

Em que:

Rf= Correlação fenotípica

PMT= Produtos médios associados aos tratamentos

QMR= Quadrado médio do resíduo

O coeficiente de correlação genotípica foi estimado pela expressão:

𝒓𝒈 =𝝈𝒈𝒙𝒚

√𝝈²̂𝒈𝒙𝝈²̂𝒈𝒚

Em que:

�̂�𝒈𝒙𝒚 = estimador da covariância genotípica entre os caracteres X e Y; e

𝝈²̂𝒈𝒙 𝒆 𝝈²̂𝒈𝒚 são estimadores das variâncias genotípicas dos caracteres X e Y,

respectivamente.

Também foi realizado a diagnose e grau da multicolinearidade da matriz singular X’X

(MONTGOMERY; PECK, 1981), com base no número de condição (NC), que é a relação entre

o maior e o menor autovalor da matriz. Se NC<100, a multicolinearidade é denominada fraca e

não constitui problema para a análise; se 100 ≤ NC<1000, a multicolinearidade é considerada

de moderada à forte; e se NC ≥ 1000, é considerada severa (CRUZ; REGAZZI; CARNEIRO,

2014).

Page 89: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

88

Todas as análises estatísticas e o diagnóstico da multicolinearidade foram realizadas

pelo Software Genes (CRUZ, 2016).

5.5. Resultados e Discussão

Conforme Tabela 15, foram detectadas diferenças significativas pelo teste F, com

exceção de micronaire (MIC) e uniformidade de comprimento (UI), evidenciando a existência

de divergência genética entre os genótipos para as demais características. Resultados

semelhantes foram observados por Jerônimo et al., 2014, Carvalho et al., 2015 e Farias et al.,

2016, avaliando correlações e análise de trilha em algodoeiro.

Tabela 15. Significância dos quadrados médios e coeficientes percentuais da variação

experimental para as 9 características avaliadas, em 12 genótipos de algodoeiro na safra

2016/17.

O coeficiente de determinação fenotípico (h²) que fornece a proporção da variabilidade

genética presente na variância fenotípica total, medindo a confiabilidade do valor fenotípico

como indicador de valor genotípico (RAMALHO et al., 2012), variaram de 18,00 para MIC a

86,01 para UHML, sendo que MIC foi muito influenciado pelo ambiente. Para a maioria das

características, os valores de h² foram altos, ou seja, a variação genética foi superior a variação

ambiental (UHML, SFI STR, ELG e PROD), e altas correlações entre dois destes caracteres

resultará em uma seleção promissora (ROMANATO, 2013).

Na Tabela 16, verifica-se as estimativas das correlações fenotípicas (rf) e genotípicas

(rg). É possível observar que as correlações genéticas foram superiores as fenotípicas para todas

as características. Contudo, se utiliza da correlação fenotípica para a análise de trilha, uma vez

que esta permite sua manipulação pelo melhorista.

FV GL MIC MAT UHML UI SFI STR ELQ PROD RP

BL 2 0,01 0,00 0,41 0,46 2,53 1,48 0,49 214170,64 0,51

GEN 11 0,04ns 0,00* 10,38** 4,71ns 11,89** 15,44** 1,32** 10822183,00** 8,98*

RES 22 0,03 0,00 1,45 2,98 2,67 2,63 0,39 276414,17 3,32

CV(%) 7,97 0,88 4,79 2,24 10,67 7,14 7,66 23,63 6,47

h² 18,00 63,05 86,01 36,60 77,52 82,92 70,08 74,45 62,96

**,*Significativo a 1 e 5% de probabilidade, respectivamente pelo teste f; FV = Fontes de variação; GL = Graus

de liberdade; MIC=Micronaire; MAT= Maturação; UHML = Comprimento de fibra; UI = Uniformidade de fibra;

SFI = Índice de fibras curtas; STR = Resistência da fibra; ELG = Alongamento; PROD= Produtividade; RP=

Rendimento de Fibra, h²= coeficiente de determinação genotípico.

Page 90: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

89

As características que apresentaram correlações significativas com a produtividade

foram: Micronaire (0,59); maturação (0,52); resistência (0,59); e alongamento (-0,22). Estes

resultados indicam que a produtividade está diretamente relacionada com MIC, MAT, STR e

ELG. No ELG a correlação negativa revela que existe uma associação inversa entre

produtividade e alongamento.

Page 91: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

90

Tabela 16. Correlações fenotípicas e genotípicas entre caracteres avaliados em 12 genótipos de algodoeiro colorido em Uberlândia-MG.

Caracteres Correlação MAT UHML UI SFI STR ELG PROD RP

MIC rf 0,56ns 0,32ns -0,09ns -0,09ns 0,30ns 0,16ns 0,59* 0,44ns

fg 0,51ns 0,56ns -1,95++ 0,34ns 0,21ns 0,61ns 1,21ns 0,14ns

MAT rf

0,85** 0,26ns -0,68* 0,86** -0,7* 0,52** 0,74**

fg

1,02++ 0,28ns -0,9++ 1,05++ -0,73++ 0,63ns 0,79++

UHML rf

0,51ns -0,88** 0,95** -0,71** 0,56ns 0,83*

fg

1,03++ -1,01++ 1,00++ -0,75++ 0,66+ 0,97++

UI rf

-0,69** 0,50ns -0,32ns 0,24ns 0,52ns

fg

-0,88+ 0,81+ -0,83+ 0,33ns 0,59ns

SFI rf

-0,88** 0,68* -0,43ns -0,78**

fg

-0,95++ 0,97++ -0,5ns -0,91++

STR rf

-0,77ns 0,59* 0,86**

fg

-0,95ns 0,72+ 1,00ns

ELG rf

-0,22* -0,45**

fg

-0,21ns -0,48ns

PROD rf

0,52ns

fg

0,75*

** * : Significativo a 1 e 5% de probabilidade pelo teste t.; ++,+ Significativo a 1 e 5% de probabilidade pelo teste de bootstrap com 10000 simulações. Estimativas dos

coeficientes de correlações fenotípica (rf) e genotípica (rg), entre os caracteres: Maturidade (MAT), Produtividade de algodão em caroço (PROD), Micronaire (MIC),

Resistência (STR), comprimento (UHML), uniformidade de comprimento (UI), alongamento (Alg) e Rendimento de fibra (RP).

Page 92: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

91

Valores negativos indicam que o ambiente favorece uma característica em detrimento

da outra (CRUZ, REGAZZI e CARNEIRO, 2014). Com base nisso, haverá dificuldades na

seleção para produtividade ao selecionar MAT, MIC, STR e ALG ao mesmo tempo, uma vez

que ALG possui correlação negativa.

Quanto as demais características, as maiores correlações fenotípicas encontradas foram:

MAT x UHML (0,85); UHML x SFI (-0,88); UHML x STR (0,95) e UHML x RP (0,83), sendo

que todas foram significativas. Fica exposto que a seleção visando comprimento de fibra

contribuirá para ganhos em produtividade. Sahito et al. (2016) encontraram valores de

associação negativo entre UHML e MIC, o que não foi constado neste trabalho. Segundo

IMAMT (2014), o comprimento de fibra tem alta correlação com STR, corroborando com os

resultados encontrados.

As correlações permitem inferir as associações entre as características, mas não

possibilita verificar suas causas e seus efeitos. Para tal, realizou-se a análise de trilha para

conhecer as influências das características tecnológicas da fibra sobre a produtividade,

utilizando-se as correlações fenotípicas, em razão de que a seleção geralmente é realizada com

base no fenótipo, sendo que esta pode ser manipulada pelo melhorista. (KANG et al., 1983).

Moreira et al. (2013) mencionam que para contornar os efeitos adversos da

multicolinearidade, é necessário a exclusão das características que mais contribuem para este

efeito. Foi realizado o diagnóstico de multicolinearidade pelo número de condição (NC) das

matrizes de correlações fenotípicas. Ao analisar todos as características, relatou-se efeitos

severos na matriz de correlação fenotípica. Desse modo, eliminou-se de MAT, ELG e STR que

contribuíam para os efeitos adversos da multicolinearidade, e aplicou- se um corte de crista em

um valor de k a 5,06.

Conforme Tabela 17, pela análise de trilha, observa-se que os caracteres tecnológicos da

fibra influenciaram diretamente a produtividade. Todos os caracteres demonstraram alta

correlação com a variável principal, com exceção de SFI, ELG e UI (-0,43, 0,24 e -0,22), sendo

que SFI e ELG demonstraram efeito negativo na correlação. As três características também

evidenciaram baixo efeito direto, ou seja, podem ser descartados na seleção indireta para

produtividade, podendo não apresentar ganhos satisfatórios na seleção, o que corrobora com

Faria et al. (2015), que encontraram efeito negativo de SFI e ALG para produtividade de fibra,

avaliando a correlação e análise de trilha de 16 genótipos de algodão no Mato Grosso.

Page 93: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

92

Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, que envolveram o caractere principal

dependente produtividade de algodão em caroço e as independentes: MIC, UHML, UI, STR,

ELG, MIC e RP em 12 genótipos de algodoeiro safra 2016/2017.

Efeito de associação

Caráter Micronaire

Efeito de associação Estimativa

Efeito Direto Sobre Produtividade 0,799

Efeito Indireto – MAT -0,371

Efeito Indireto – UHML 0,680

Efeito Indireto – UI -0,009

Efeito Indireto – SFI -0,000

Efeito Indireto – STR 0,209

Efeito Indireto – ELG -0,032

Efeito Indireto – RP -0,108

Total 0,595

Caráter Comprimento de fibra

Efeito Direto s/ Produtividade 0,209

Efeito Indireto MIC 0,259

Efeito Indireto MAT -0,557

Efeito Indireto UI 0,053

Efeito Indireto SFI -0,009

Efeito Indireto STR 0,652

Efeito Indireto ELG 0,144

Efeito Indireto RP -0,200

Total 0,561

Caráter Rendimento de Fibra

Efeito Direto S/ Produtividade -0,239

Efeito Indireto MIC 0,359

Efeito Indireto MAT -0,489

Efeito Indireto UHML 0,175

Efeito Indireto UI 0,054

Efeito Indireto SFI -0,008

Efeito Indireto STR 0,594

Efeito Indireto ELG 0,092

Page 94: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

93

Total 0,527

Caráter Uniformidade de Comprimento

Efeito Direto S/ Produtividade 0,103

Efeito Indireto MIC -0,072

Efeito Indireto MAT -0,175

Efeito Indireto UHML 0,107

Efeito Indireto SFI -0,007

Efeito Indireto STR 0,346

Efeito Indireto ELG 0,065

Efeito Indireto RP -0,125

Total 0,247

Caráter Índice de Fibras Curtas

Efeito Direto S/ Produtividade 0,010

Efeito Indireto MIC -0,074

Efeito Indireto MAT 0,449

Efeito Indireto UHML -0,186

Efeito Indireto UI -0,071

Efeito Indireto STR -0,608

Efeito Indireto ELG -0,138

Efeito Indireto RP 0,188

Total -0,430

Caráter Maturação

Efeito Direto S/ Produtividade -0,652

Efeito Indireto MIC 0,455

Efeito Indireto UHML 0,179

Efeito Indireto UI 0,027

Efeito Indireto SFI -,007

Efeito Indireto STR 0,594

Efeito Indireto ELG 0,141

Efeito Indireto RP -0,179

Total 0,526

Caráter Resistência

Efeito Direto S/ Produtividade 0,685

Page 95: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

94

Efeito Indireto MIC 0,244

Efeito Indireto MAT -0,565

Efeito Indireto UHML 0,199

Efeito Indireto UI 0,052

Efeito Indireto SFI -0,009

Efeito Indireto ELG 0,156

Efeito Indireto RP -0,207

Total 0,590

Caráter Elongamento

Efeito Direto S/ Produtividade -0,202

Efeito Indireto MIC 0,128

Efeito Indireto MAT 0,457

Efeito Indireto UHML -0,149

Efeito Indireto UI -0,335

Efeito Indireto SFI -0,007

Efeito Indireto STR -0,530

Efeito Indireto RP 0,109

Total -0,224

Efeito Residual 0,636

R² 0,60

Valor de k na análise 5,066

Produtividade = Produtividade de algodão em caroço (kg ha-1), RP= Rendimento de fibra (%), UHML =

Comprimento de fibra (mm), UI = Uniformidade de fibra, SFI = Índice de fibras curtas (%), ELG =

Alongamento de fibra, MIC = Índice Micronaire.

As características MIC, MAT, UHML, RP e STR demonstraram alta correlação com

produtividade, tendo como destaque o MIC, uma vez que foi a característica que apresentou

maior associação com o caractere produtividade de algodão em caroço, pois obteve a maior

correlação (0,595) e o maior efeito direto (0,799).

Os caracteres MIC, MAT e STR tiveram efeito direto superiores a magnitude do efeito

residual. Isto significa que estas variáveis são de grande importância para obter resposta

correlacionada com produtividade. Vale ressaltar que MAT obteve efeito direto em sentido

desfavorável, portanto, demonstra ausência de causa e efeito sobre produtividade.

Os caracteres MIC e STR apresentaram altas magnitudes de associação e o mesmo sinal

das correlações para produtividade de algodão em caroço, além de demonstrarem maiores

Page 96: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

95

efeitos direto (0,79 e 0,68, respectivamente). Isto evidencia que essas variáveis são as principais

causas da variação para a característica principal, produtividade de algodão em caroço.

Todavia, levando em consideração a ANOVA, o caráter MIC possui um baixo

coeficiente de determinação genotípico (h²), e, por conseguinte, inviabiliza sua utilização na

seleção indireta. Este resultado corrobora com Carvalho et al. (2016), que encontraram para

rendimento de fibra e MIC os valores que mais influenciaram na produtividade, ao analisarem

o efeito indireto dos caracteres morfológicos e tecnológicos na produtividade, assim como

Hoogerheide et al. (2007), que encontraram em MIC a maior correlação positiva com

produtividade.

O caractere STR também registrou uma alta correlação com produtividade e possui alto

valor de h², que prediz que a seleção indireta terá eficácia para ganhos de produtividade de

algodão em caroço ao utilizarmos a seleção indireta em STR.

Ao analisarmos o caráter UHML, é possível verificar uma alta correlação favorável com

produtividade. Contudo, seu baixo efeito direto expõe a existência de outro caráter de efeito

indireto influenciando na associação, neste caso, o STR. Isto sugere que UHML não deve ser

descartada na seleção indireta, pois em uma seleção truncada de UHML e STR poderá

proporcionar bons resultados em produtividade.

Estes resultados diferem de Erande et al. (2014), que encontraram para comprimento de

fibra e micronaire os maiores efeitos direto sobre produtividade em seu estudo de variabilidade,

correlação e análise de trilha em algodoeiro (Gossypium arboreum L.). Resultado que diverge

de Shaheen e Yaseen (2014), e Sahito et al. (2016), ao avaliarem a associação dos componentes

na produtividade do algodoeiro.

5.6. Conclusões

As características tecnológicas da fibra influenciam a produtividade do algodoeiro.

Seleção indireta de resistência pode propiciar ganhos de produtividade.

A seleção indireta truncada entre comprimento de fibra e resistência, pode possibilitar

ganhos para produtividade para algodão em caroço.

Page 97: DANIEL BONIFÁCIO OLIVEIRA CARDOSO Melhoramento … · Tabela 17. Estimativas dos efeitos direto e indireto, ... rendimento de fibra e as características tecnológicas da fibra com

96

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