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Daniele Maia CONTRIBUI<;:.ii.O DO EXAME RADIOGRAFICO NO DIAGNOSTICO DO HIPERPARATIREOIDISMO CURITIBA 2007 Monografia apresentada ao Curso de Especializac;:ao em Radiologia e Imaginologia Odontol6giea da Universidade Tuiuti do Parana, como requisitido parcial para a obtenC;:8o do titulo de Especiallsta em Radiologia e lmaginologia Odontol6giea. Orienladora: Prof" Ms. Ana Claudia Galvao de Aguiar Koubik

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Page 1: Daniele Maia CONTRIBUI

Daniele Maia

CONTRIBUI<;:.ii.O DO EXAME RADIOGRAFICO NO DIAGNOSTICO DOHIPERPARATIREOIDISMO

CURITIBA2007

Monografia apresentada ao Curso deEspecializac;:ao em Radiologia eImaginologia Odontol6giea daUniversidade Tuiuti do Parana, comorequisitido parcial para a obtenC;:8o dotitulo de Especiallsta em Radiologia elmaginologia Odontol6giea.

Orienladora: Prof" Ms. Ana ClaudiaGalvao de Aguiar Koubik

Page 2: Daniele Maia CONTRIBUI

SUMARIO

RESUMO. IVABSTRACT V1 INTRODUC;AO . . 061.1 OBJETIVOS.. ..072 REVISAO DE LlTERATURA . . 082.1 GLANDULAS PARATIREOIDES.. ..082.2 HIPERPARATIREOIDISMO 092.3 DIAGNOSTICO . 112.4 ASPECTOS CLiNICOS E INCIDENCIA.. ..132.5 ASPECTOS RADIOGRAFICOS . . ... 242.6 ASPECTOS HISTOLOGICOS . 302.7 DIAGNOSTICO DIFERENCIAL.. . 322.8 TRATAMENTO ... . 353 DISCUSSAO . 394 CONSIDERAC;OES FINAlS. 435 REFERENCIAS . 44

Page 3: Daniele Maia CONTRIBUI

RESUMO

o hiperparatireoidismo (HTP) e uma doen<;a sistemica, caracterizada par hipersecre<;:aode paratormonio, em resposta a uma diminuiyao dos niveis sericos de calcio. A doenyae mais prevalente em mulheres pos-menopausa, variando desde casas assintomaticosate cases severos. Os aspectos radiograficos podem incluir diminui<;ao da densidade evelamenta do padrao trabecular normal, resuUando numa aparencia de "vidro fosco",perda generalizada da lamina dura e com a persistencia da doen<;a, a aparecimento deles5es radiotransparentes definidas uniloculares ou multiloculares, chamadas tumormarrom, que comumente afetam os maxi lares, claVicula, costela e pelv8. 0 objetivo dopresente estudo e definir 0 HTP, ressaltando seus aspectos clinicos e radiogrMicos,diagnostico, incidemcia, aspectos histol6gicos, dlagnostico diferencial e tratamento parmeio da revisao de literatura, evidenciando a conlribuic;ao do exame radiografico nodiagnostico desta doenc;a pelo cirurgiao-dentisla. Pode-se concluir que em bora asaUerac;6es osseas ocorram em estagio avanc;ado da doenc;a, 0 cirurgiao-dentista pormeio do exame radiografico pode suspeitar do seu diagnostico, sendo a perdageneralizada da lamina dura, urn aspecto radiografico patognom6nico relevante.

Palavras chaves: hiperparatireoidismo, paratormonio, aspecto radiografico.

Page 4: Daniele Maia CONTRIBUI

ABSTRACTThe hyperparathyroidism is a systemic disease that is characterized by hypersecretionof parathormone as a result of calcium decrease. The disease is more prevalent inwomen in premenopause, varying from assintomalic cases to harsh ones.The radiographic aspects can include decrease of density and veiling of the normaltrabecular standard, resulting in appearance of "opaque glass" generalized loss of thehard lamina .With persistency of the disease the appearing of radiotrasparent injuriesdefined unicular or multicular. They are called brow tumor which usually affects themaxillary, clavicle, rib and pelvis.Tile goal of the actual study is define the (HPT), emphasizing its clinical andradiographic aspects, different diagnostic and treatment by revision of literature,evidencing the contribution of the radiographic exam in the diagnostic of this disease bythe denial surgeon.We can conclude that in spite of the osseous modification happen in advanced stages ofthe disease, the dental surgeon can suspect of his or her diagnostic by radiographicexam, this way the generalized loss of the hard lamina is a radiographic aspects of thesignificant pathognomonic.

Key words: hyperparatllyroidism, parathormone, radiographic aspects.

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1 INTRODUC;iio

Muitas doenc;as sistemicas apresentam caracteristicas cllnicas e radiograficas

que dependendo do grau de acometimento pode-se identifica-Ia com um exame

clfnico complementado a urn exame radiografico. 0 HTP sendo uma aJtera9BO

sistemica que pode apresentar alterac;oes osseas, a observaC;3o radiografica torna-

S8 muito importante para que prontamente possamos sugerir urn diagnostico e

direeianar a paeiente para a tratamenta (LANGE; AKKER, 2005).

As alterayoes esqueleticas sao uma das ultimas manifestac;6es

caracteristicas do HTP, justificando a importancia do exame radiograficQ, 0 qual S8

torna fundamental para avallar;:8o do nivel de envolvimento osseo, alendo-s8

tambem aas laeais de prevalEmeia deslas les6es nas assas (DANIELS, 2004).

Este trabalho visa par meio da revisao de literatura definir 0 HTP, ressaltando

seus aspectos clfnicos e radiograficos, diagnostico, incidEmcia, aspectos histologicos,

diagnostico diferencial e tratamento, evidenciando a contribuic;ao do exame

radiografico no diagnostico do HTP, reforc;ando assim, a importElncia do

conhecimento da doenc;a pelo cirurgiao-dentista.

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1.10BJETIVOS

Objelivo Geral:

~ definir 0 HTP, ressaltando seus aspectos clinicos e radiograficos, diagnostico,

incidencia, aspectos histol6gicos, diagnostico diferencial e tratamento par meio de

revisao da literatura.

Objetivo Especifico:

- evidenciar a contribuiC;30 do exame radiografico no diagnostico do HTP.

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2 REVISAO DE LlTERATURA

2.1 GLANDULAS PARATIREOIDES

Cotran; Kumar; Collins (2000) citam que as glandulas paratireoides derivam

das balsas faringeas em desenvolvimento, que tambem dao origem ao timo. As

qualro glElndulas normalmente situarn-s8 em estreita proximidade com os polos

superior de cada lobo da tire6ide, mas tambem pod em ser encontradas em qualquer

ponto aD lango da via de descida das balsas faringeas, incluindo a bainha carotidea,

o timo e Qutras partes no mediastina anterior. E interessante assinalar que 10% dos

individuos podem apresentar apenas duas ou tres glandulas. A atividade das

glimdulas paratire6ides e controlada pelo nivel de calciD livre (ionizado) na corrente

sanguinea mais do que par harmonics tr6ficos secretados pelo hipotalamo e pela

hip6fise. Em condi<;oes norma is, a presen<;a de niveis diminuidos de calcio livre

estimula a sintese e secre<;Bo de paratormonio (PHT). As fun<;6es metab61icas do

PHT na manuten<;Bo dos niveis sericos de calcio podem ser resumidas da seguinte

maneira: ativa os osteoclastos, mobilizando assim, 0 calcio do OSSO; aumenta a

reabsor<;Bo tubular renal de calcio, conservando assim, 0 calcio livre: aumenta a

conversBo da vitamina D, em sua forma diidroxi ativa nos rins; aumenta a excre<;Bo

urinaria de fosfato, reduzindo assim, 0 nivel serico de fosfato; aumenta a absor<;8o

gastrintestinal de calcio. 0 resultado final dessas atividades consiste em aumento

dos niveis de calcio livre, os quais, por sua vez, inibem a secre<;8o adicional de PHT

atraves de urn padrao classico de retroalimenta<;ao.

Page 8: Daniele Maia CONTRIBUI

2.2 HIPERPARATIREOIDISMO

Neville et at. (2004) definem 0 HTP como a produ~ao de PTH em excesso. 0

PHT normalmente e produzido pelas glandulas paratireoides em resposta a uma

diminuic;ao dos niveis sericos de calcia.

Segundo Cotran; Kumar; Colins (2000) 0 hiperparatireoidismo Qcorre em duas

formas principals: primario e secundario, e, com menos frequencia, na forma de

hiperparatireoidismo terciario. A primeira condic;ao representa uma superprodu<;ao

espontanea e autonoma de PHT, enquanto as duas ultimas ocorrem tipicamente

como fen6menos secundarios em pacientes com insuficiencia renal cranica. 0

hiperparatireoidismo primario e uma doenc;a de adultos, sendo mais comum nas

mulheres do que nos homens e a prevah§ncia aumenta apos a menopausa. 0

hiperparatireoidismo prima rio constitui um dos disturbios endocrinos mais comuns,

sendo uma importante causa de hipercalcemia. A frequEmcia das varias les6es

paratireoideas subjacentes a hiperfun~ao e a seguinte: adenoma - 75 a 80%;

hiperplasia prima ria (difusa ou nodular)- 10 a 15%; carcinoma paratireoideo - menos

de 5%. Os agregados de osteoclastos, celulas gigantes reativas e restos

hemorragicos formam, ocasionalmente, massas que podem ser confundidas com

neoplasias (tumor marrom do hiperparatireoidismo). 0 hiperparatireodismo

secunda rio e causado por qualquer condi<;80 associada a uma redu~ao cr6nica dos

niveis sericos de calcio, visto que os baixos nlveis de calcio resultam em

hiperatividade compensatoria das glimdulas paratireo,des. A insuficlencia renal

constitui, sem duvida alguma, a causa mais comum de hiperparatireodismo

secunda rio, embora varias outras doen~as, incluindo ingestao dietetica inadequada

de calcio, esteatorreia e defici€mcia de vitamin a 0, tambem possam causar esse

disturbio. A insuficiencia renal cronica esta associada a uma redu<;ao da excre<;ao de

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fosfato, que resulta, por sua vez, em hiperfosfatemia. Os niveis sericos de fosfato

elevados deprimem diretamente as nfveis sericos de calcia e, ass;m, estimulam a

atividade nas glandulas paratireoides. Alem disSQ, podem ocorrer altera<;:6es 6sseas

semelhantes aquelas observadas no hiperparatireodismo primario. Pode haver

calcifica<;ao metastatica em muitos tecidos, incluindo os pulm6es, 0 cora<;ao, 0

estomago e os vasos sanguineos.

Daniels (2004) cita a classificac;ilo do HTP em quatro tipos: (1) Hiperplasica-

neoplasia benigna au maligna de uma au mats das glandulas paratire6ides; (2)

quando a glandula paratireoide e estimulada a produzir urn aumento na quantidade

de harmonics para corrigir as baixos niveis de calcic circulantes no sangue em

diferentes condiy6es psicologicas ou patologicas resultando em hiperplasia das

paratireoides; (3) quando a permanencia por longo tempo da hiperplasia secunda ria

torna-se autonoma; (4) hiperplasia ectopica nos quais 0 aumento nos niveis de

hormonio da paratireoide ocorre em pacientes com doenya maligna. 0

hiperparatireoidismo primario e mais comumente causado por adenoma (81%)

seguido por hiperplasia (15%) e carcinoma ocorrendo em apenas 0,5 - 4%. Tambem

relacionam condiyao de hiperparatireoidismo prima rio com um cromossomo

autoss6mico dominante - Sindrome do Tumor Mandibular e multiplas sindromes da

neoplasia endocrina.

Consolaro (2005) afirma que 0 HTP se caracteriza pelo alto nivel sanguineo

de PHT e esse mediador atua como 0 principal indutor do turnover osseo,

aumentando a reabsoryao ossea. Teoricamente, se algum disturbio endocrin~

promovesse reabson;:ao dentaria, ele seria 0 hiperparatireoidismo, a que nao ocorre,

segundo 0 autor, em funyao da camada dos cementoblastos que colonizam a

superticie radicular. Esse fenomeno seria ressaltado pelas varias casuisticas de

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II

pacientes hiperparatireodeanos submetidos a avalia~ao dentaria e maxilar, das

quais destacadas pelo auter as de Silverman et al. (1962) e de Rosemberg e

Guralnick (1962).

2.3 DIAGNOSTICO

Shafer; Hine; Levy (1987) relatam que 0 HTP e indistinguivel do granuloma

central de celulas gigantes do osso. Portanto, qualquer paciente que tenha uma

lesac central de celulas gigantes deve ser examinado, a tim de excluir a

possibilidade de HTP. IS50 e feito rna is facHmente pela determina9ao da taxa de

calciD no sora. No case da doenya, a taxa de calcio 8Sta acima do nivel normal de 9

a 12 mg/100 ml.

Damme; Mooren (1994) citam Smith et al. (1990), 0 qual afirmam que a

ausEmcia de hipercalcemia nao exclue a possibilidade de HTP e que os niveis de

calciD ionizado devem ser monitorados em uma base regular, porque protein a-bound

calciD pode ser influenciado por muitos fatores, como a concentraC;8o da albumina

plasmatica. A proporC;80 de fosforo e outro importante criterio: um valor abaixo de 33

sugere HTP na presenc;a de suave hipercalcemia.

Para Guney et al. (2001) a pratica de realizar exames sanguineos checando

os niveis de calcio serico tem permitido realizar diagn6sticos precoces do

hipertireoidismo primario, 0 qual acrescenta que 0 diagnostico do HTP e sugerido

pela hist6ria clinica e confirmado pela investigaC;8o laboratorial incluindo calcio,

f6sforo, fosfatase alcalina e PHT. Tomografia computadorizada e sugerida na

identificaC;8o da extensao da lesao. Investigac;oes 6sseas e da paratire6ide pode

tambem auxiliar no diagnostico.

Merz et al. (2002) concluem em acordo com Guney (2001) que a pratica de

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realizar exames sangLiineos de rotina checando as niveis de calcia serico tern

permitido realizar diagnosticos precoces do HTP prima rio. Afirmam tambem que nos

ultimos anos tern side mais comum 0 diagnostico de HTP primario por etevado calcia

serico nos exames de retina au por check-up de rotina. Muitos pacientes

diagnosticados na~ apresentam sintomas de desordem. Verificou que ternaU-S8

mais comum crises de hipercalcemia, sintomas renais (como pedras QU infec«oes)

que sintomas esquelE§ticos incluindo osteopenia ou tumor marrom. 0 autor afirma

que estudos mais antigos apresentavam altas porcentagens de envolvimento 6sseo.

o diagnostico de tumor marrom deve ser considerado em todos as pacientes que

apresentarem hiperealeemia e uma destrutiva e expansiva massa assea. A patologia

muito similar a lesao por celulas gigantes normal mente mostra-se com bordas

indistinguiveis e combinadas com 0 osso normal, um achado que serve para

distinguir do tumor marrom. Grosseiramente 0 tumor marrom e liso, massa de

eolora~ao marrom, com espa~os cistieos.

Segundo Yamazaki et al. (2003).0 diagnostico clinico do tumor marrom e leito

com os achados do HTP.

Daniels (2004) afirma que se tornou raro 0 diagnostico de HTP prima rio aonde

se observam alterac;oes asseas, pois as manifesta~6es asseas e as altera~6es

dentais sao geralmente consideradas envolvimentos tardios, assim, sao raros os

casos em que nao se diagnostica antes das lesoes osseas sintomatieas aparecerem.

Oh et aL (2006) citam que os criterios que definem um cisto funcional da

paratireoide incluem pre-operatario bioquimieo e evidencia eHnica de HTP,

identificaC;ao de remanescente glandular da paratireoide normal, evidencia

histologica de teeido da paratireaide envolvendo a parede do cisto, e correyao pas-

operataria da hiperealcemia. 0 tamanho do eisto da paratireoide funcional deve ter

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uma direta li9a<;80 com a severidade do HTP. Na maiaria dos casas de cisto da

paratire6ide funcional, 0 nivel de serico de calcic e nivel de PHT sao suave mente

elevados e produzem poucos sintomas.

2.4 ASPECTOS CLiNICOS E INCIDENCIA

Shafer; Hine; Levy (1987) consideram 0 HTP uma doen~a relativamente rara,

tres vezes mais comum nas mulheres do que nos homens. Usualrnente afeta

pessoas de meia-idade, mas pode ocorrer na men in ice au em epoca mais tardia da

vida. As altera90es 6sseas no hiperpatireoidismo variam de les6es indefinidas

radiograficamente caracteristicas, e ate mesma sinais clinicos evidentes de les6es

osseas. A hipercalcemia pode manifestar-se par tonus muscular deficiente e

diminui9.3o da excitabilidade neuromuscular. Os autores relatam que

ocasionalmente, 0 primeiro sinal da doenya pode ser urn tumor de celulas gigantes

ou urn "cisto" dos rnaxilares. Os efeitos da doenya sobre os ossos sao de interesse

particular para os dentistas. Quase todos os pacientes com a doenya tern les6es

esqueleticas, algumas nas quais podern ocorrer no cranio ou nos maxitares. A perda

de f6sforo e de calcio, neste disturbio, resulta em osteoporose generatizada com

tentativas abortadas de repara<;:ao e neoforma<;:ao ossea. 0 osso neoformado pode

ser reabsorvido e a reabsoryao, por fim, pode acarretar a formayao de pseudocistos,

cuja extensao depende da dura<;:ao e da intensidade da doen<;:a. Segundo Schour e

Massier (apud), urn dos primeiros sinais da doenya pode ser a rna oclusao causada

pet a inclina<;:ao s0bita dos dentes e da forma<;:ao de espayos entre os mesmos.

Segundo Cotran; Kumar; Col ins (2000), HTP prima rio e uma doen~a de

adultos, sendo mais comum nas mutheres do que nos homens. Em relayao a

evoluyao clinica, 0 HTP prima rio manifesta-se de duas maneiras gerais: (1) pode ser

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assintomatico, sendo portanto identificado ap6s a obtenc;ao de urn periil qufmico de

retina; ou (2) as pacientes podem exibir as manifestac;6es clinicas classicas do

hiperparatireoidismo primario. No HTP assintomatica como os niveis sericos de

calcia sao rotineiramente detenninados na avaliac;ao da maieria dos pacientes que

necessitam de testes sanguineos para condi<;oes nao-relacionadas, 0 HTP

clinicamente silencioso e detectado num estagio inidaL Por conseguinte,muitas das

manifestayoes clinicas classicas, sobretudo aquelas relacionadas com doenc;a 6ssea

e doenya renal, sao observadas com menDS frequemcia na pratica clinic8. A

manifestayao mais comum de HTP primario consiste em aumento dos niveis sericos

de calcio ianizado. Os pacientes com HTP prima rio ass into matico nao apresentam

sintoma de HTP nem de hipercalcemia. Os sinais e sintomas de HTP primario

sintomatico refletem os efeitos combinados da secre'tao aumentada de PTH e da

hipercalcimia. Tradicionalmente, 0 HTP prima rio tem sido associado a uma

"constelalfao" de sintomas, inc1uindo "dar ossea, calculos renais, dor abdominal e

distUrbios cic1icos". A apresentalf80 sintomatica envolve uma diversidade de

manifesta'toes clinicas: a doen<;a ossea inclui dor secundaria a fraturas dos ossos

enfraquecidos por osteoporose ou osteite fibrosa cistica; Nefrolitiase (calculos

renais) e observada em 20% dos pacientes recem-diagnosticados, com dor

concominante e uropatia obstrutiva. Observa-s8 a ocorrencia de insuficiencia renal

cr6nica e diversas anormalidades da fun<;ao renal, incJuindo poliura e polidipsia

secundaria. Os disturbios gastrintestinais consistem em constipa<;8o, nauseas,

ulceras pepticas, pancreatite e calculos biliares; as altera'toes do sistema nervoso

central cansistem em depressao, letargia e, par fim, convulsoes; as anormalidades

neuromusculares incluem queixas de fraqueza e fadiga; as manifestac;oes cardiacas

caracterizam-se par calcifica<;oes das valvas a6rtica au mitral (au de ambas). As

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manifestac;oes clinicas do hiperparatireodismo secunda rio sao geralmente

dominadas per aquelas associadas a insuficiencia renal cr6nica. Em geral, as

anormalidades 6sseas (osteodistrofia renal) e outras alterac;oes associ ad as aD

excesso de PTH, sao menDS graves do que aquelas obs8/Vadas no

hiperparatireodismo prima rio. Em certas ocasioes, a calcifica<;ao vascular associada

aD hiperparatireodismo secundario pode resultar em Iesac isquemica significativa da

pele e de outros 6r9a05, um processo algumas vezes denominado calcifilaxi8.

Numa minoria de pacientes, a atividade paratire6idea pode tornar-S8 aut6noma e

excessiva, com consequente desenvolvimento de hipercalcimia, urn processo

algumas vezes denominado HTP terciario. A paratireoidectomia pode ser necessaria

para controlar 0 hiperparatireodismo nesses pacientes.

Okada; Davies; Yamamoto (2000) afirmam que 0 HTP frequentemente

aparece como uma lesao osteolitica nos ossos comumente na mandibula, costelas,

pelve e femur.

Guney et al. (2001) citam que alterac;oes 6sseas ocorrem em menos que 5%

dos casos. As costelas, claviculas, cintura pelvica e a mandibula sao os mais

frequentemente ossos envolvidos. Envolvimento da maxila e raro. 0 tumor marrom

representa a fase terminal do processo de remodelac;aa 6ssea durante 0 HTP

primario e secunda rio. Os casos de tumor marrom advindos do HTP secundario

ligados a insuficiencia renal apresentam um aumento de casas relatadas na

literatura atualmente em relac;ao aqueles associados com HTP primario. Estes casas

tern diminuido nas ultimas duas decadas devido ao diagn6stico precoce e ao

sucesso do tratamento desta modalidade de HTP. Clinicamente os tumores marrons

mais comumente mostram crescimento lento apresentando clinicamente uma regiao

aumentada e dolarida. Estes tumores podem tornar~se agressivos e podem ser

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destrutivos, mas nao fazem metastases como urn tumor maligno. Frequentemente

associado a multiplas les6es osteoliticas podendo ser confundido com mieloma

multiplo e carcinoma metastatico. Na mandibula os tumores marrons podem

apresentar~se doloridos, duros e claramente visiveis e 0 inchac;:o palpavel pode

sugerir uma lesao maligna. Grandes tumores podem deformar 0 osso afetado e

provocar disfunc;:.3o mastigat6ria. A mandfbula e 0 local mais comumente envolvido,

a regiao da maxila e extrema mente rara.

Frankenthal et a1. (2002) consideram 0 HTP como urn dos principais fatores

sistemicos que influenciam no padrao de reabsofyao ossea. 0 osso alveolar eparticularmente sensivel aD aumento nos niveis do PHT. As alterar;oes que podem

estar presentes VaG desde desmineralizar;oes generalizadas ou, em casos mais

avanr;ados, les6es intra 6sseas contendo tumores focais, histologicamente similares

com tumores de celulas gigantes 6sseos. Quando tentou relacionar HTP e

periodontites, nao estabeleceu correlar;ao entre perda 6ssea alveolar e HTP,

concluindo que HTP secundario nao apresenta apreciavel efeito nos indices

periodontais.

Merz et al. (2002) relatam que apesar do HTP prima rio ter a possibilidade de

multiplas apresentar;oes, tornou-se raro quando a doenr;a esta presente apenas com

manifestar;oes esqueleticas. Os autores relatam que normalmente nos casas de

tumor marrom da maxila, associa-se a esta manifestaC(ao do HTP, desde nefrolitiase,

fadiga e fraqueza, nausea e dor 6ssea, hipertesao, sede e poliuria.

Yamazaki et al. (2003) afirmam que 0 tumor marrom desenvolve em multiplos

sitios incluindo as costelas, claviculas, cintura pelvica sendo 0 envolvimento maxilo

facial rare.

Daniels (2004) em um relato de caso clinico ex poe uma manifestar;ao clinica

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de HTP primario em uma paciente de 25 anos de idade (apenas 2% dos casos de

hiperparatireoidismo primaria ocorrrem em pacientes com idade inferior a 30 anos).

A melhora nos metodos de analise sanguinea tornou 0 diagnostico dos cases de

hiperparatireoidismo cada vez mais precoce e ainda em fase assintomatica

impedindo que a doenya na maioria dos casos evolua e atinja 0 osso produzindo

les6es. Quando a doen<;a envolve a cabe<;a e pesco/fo, normal mente envolvem a

mandibula, sendo que a maxila e raramente afetada. Qutros ossos da regiao

maxilofacial tambem tern side reportados, incluindo as assos da 6rbita. As

manifesta<;oes clinicas de hiperparatireoidismo prima rio e secunda rio sao similares,

porem mais severa na primaria. 0 tumor marrom que e a Iesao 6ssea do

hiperparatireoidismo e provocado pelo aumento dos niveis circulantes do horm6nio

da paratireoide, 0 qual resulta no aumento das celulas osseas osteod3sticas

primeiramente no osso cortical. 0 resultado sao hipercalcemia, hipofosfatemia,

hipercalciuria e hiperfosfaturia.

Para Proctor et al. (2005) muitas altera(foes 6sseas resultam de doen(fas

renais cr6nicas. 0 HTP secunda rio afeta 92% dos pacientes que realizam

hemodialise. 0 HTP apresenta-se como tumor marrom, aumento das bases osseas

esqueleticas e mobilidade dentaria. As altera(foes orofaciais caracteristicas da

osteodistrofia renal devido ao HTP sao desmineraliza(fao ossea, diminui(fao do

trabeculado osseo, diminui(fao da espessura da cortical ossea, aspecto osseo de

vidro despolido, calcifica<;:6es metastaticas de tecidos moles, les6es fibrocisticas

radioluscentes, les6es de celulas gigantes, areas Ifticas osseas, fraturas

mandibulares e anormal cicatriza<;ao ossea apos extra<;ao ossea.

Consolaro (2005) nao identifica fatores sistemicos como responsaveis par

reabsor<;6es dentarias discardando assim de muitos autores. Fundamenta sua

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posi<;:ao na constataC;80 de que a turnover osseo ocorre grac;as a atividade celular

dos osteoblastos, osteocitos, macr6fagos e elastes. De forma harmoniosa e

simultimea, essas celulas estabelecem unidades multicelulares basicas OU

osteorremodeladoras (SMUs) e recebem estimulos de mediadores sistemicos e

locais via receptores de superficie na membrana celular, especialmente dos

osteoblastos e macr6fagos.As ce:lulas que colonizam a superficie dentaria radicular,

os cementoblastos, nao tern receptores numericamente suficientes e significantes

para os mediadores do turnover osseo (CHO; LIN; GARANT (1991) LINDSKOG et

al. (1987). Os cementoblastos sao celulas "surdas" as mensagens ditadas pelos

mediadores da remodelac;:ao ossea, mesmo quando esses mediadores se

apresentam em altos niveis periodontais, como ocorre no hiperparatireodismo, em

que observamos elevados niveis teciduais de PHT. Em processos inflamatorios

periodontais, as niveis locais de mediadores celulares da reabson;:ao 6ssea tambem

se apresentam elevados, mas os cementoblastos nao respondem. A constatac;:ao da

"ausemcia" de receptores de superficie nos cementoblastos para os mediadores do

turnover 6sseo dificulta qualquer raciocinio para atribuir as reabsorc;:6es dentarias,

uma origem sistemica como as endocrinopatias. As causas das reabsorc;:6es

dentarias devem relacionar-se a perda dos cementoblastos da superficie dentaria

radicular; essa perda pode possuir origem traumatica, quimica ou biol6gica, mas

sempre local. Quando nao for possive1 determinar a causa local da reabsorc;:ao

dentaria, uma vez esgotados todos os recursos, podemos adjetivar a sua

etipatogenia como idiopatica, mas nao sistemica. 0 termo idiopatico atribui ao caso

uma impossibi1idade de determinac;:ao da causa e nao uma conotac;:ao de origem

sistemica nem mesmo iatrogenica. Segundo 0 autor muitos casos de reabsorc;:6es

dentarias aparentemente idiopaticas bem como casas de reabsorg6es 6sseas

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maxi lares extensas ou mudan~as morfol6gicas dos trabeculados sao infelizmente

atribuidos, na area odontol6gica, a urna origem sistemica, especialmente

relacionando-os a disturbios hormonais. Boa parte desses pacientes aceita

pass ivamente 0 fato e nao procura diagnosticar precisamente qual altera\=ao

sistemica portadora fora sugerida. Alguns sao encaminhados ao endocrinologista

para urna avalia<;8o minuciosa do passive I problema que justificaria essas

modific890es e retornam com 0 diagnostico de normalidade. Nos casas clinicos de

reabson;6es dentarias ou varia<;oes morfol6gicas do trabeculado 6sseo, as quais S8

tenta atribuir equivocadamente urna prov8vel causa sistemica, seria necessaria 0

encaminhamento do paciente ao endocrinologista para demonstrar a normalidade. 0

turnover 6sseo nos maxi lares apresenta-se entre as mais lentos do esqueleto;

quando doen~as 6sseas passu em quadros imaginol6gicos significativos, nessa

regiao, representam estadios avan~ados de evolu~ao clinica da doen~a relatada par

KRALL el at. (1997); FRANCISHONE (1999). Consolaro observa ser Becks (1936) 0

autor mais citado para fundamentar a rela~ao entre reabsor~6es dentarias e

alterac;:6es sistemicas. Este relata em seu texto: "as dados nao justificam afirmar que

essas altera~6es end6crinas estudadas produziram reabsorc;:6es e sim que com elas

coexistem, sao coincidentes. A alta frequencia indica susceptibilidade individual para

as reabsorc;:6es dentarias". Becks questiona: como prevenir reabsorc;:6es dentarias?

Acredita que, alem dos cuidados ortod6nticos, devem-se analisar outros fatores

etiol6gicos, observando-se a grande importancia a susceptibilidade individual. 0

autor cita tambem a trabalho em que, Becks (1939) enfatiza que "as reabsorc;:6es

dentarias apenas coexistem com os disturbios sistemicos e nao he provas cientificas

que resultem dos mesmos". 0 autor ainda afirma que "as disturbios sistemicos

podem ser eliminados como fatores de risco na pratica ortod6ntica" Com relac;:ao a

Page 19: Daniele Maia CONTRIBUI

20

incidencia, 0 autor em sua tese relata que a localiza<;80 preferencial dessas les6es

do HTP sao os assos langos e Qutros assos com indiee metab61ico mais elevado;

nos maxilares, essa situaC;80 ocorre apenas eventualmente. No inicio do secula

passado, havia uma preocupaC;8o com as endocrinopatias e, mais ainda, com a

gravidez em relaC;80 aos dentes, pois havia duvidas sabre a possibilidade dos

dentes, assim como os 05$05, atuarem como reservatorio de calcic e fesforo e

participarem do turnover 6sseo, necessaria a manuten<;ao dos niveis sericos desses

minerais, especial mente de calcio. 5e isse acontecesse com os dentes,

enfraqueceriam estruturalmente. 0 aulor cita ainda que na primeira meta de do

sEkula passado, publicou-se uma serie de trabalhos reveladores sabre a falta de

atua~ao dos dentes como reservatorio de calcio e a seu naa envolvimento na

gravidez e nas endocrinopatias. Da mesma forma a autar sugere que a mesma

raciacinio deve ser aplicado em casas de gravidez. He ampla mabiliza~ao de calcio

nesse estado fisiol6gico, se os dentes nao estivessem protegidos pela camada de

cementoblastos externamente e odontoblastos internamente, haveriam de sofrer

mudan~as estruturais detectaveis radiograficamente como reabsor~6es dentarias.

Nas lactantes, na existencia de uma dieta deficiente em calcio, padera ocorrer uma

diminui~ao da densidade 6ssea, levando a um hiperparatireoidismo secundario,

conforme relatos de Goidie e King, em 1984. Aa induzir 0 movimento dentario em

ratas lactantes, esses autores observaram uma reduc;:ao significativa da freqi.iencia

de reabsor~ao denteria e atribuiram esse fato a baixa densidade ossea promavida

pelo hiperparatireoidismo secunda rio. Tal conclusao reforya a papel da camada de

cementoblastos como protetora da integridade radicular. Segundo a autor

eventualmente alguns pesquisadores relacionam a forma da raiz e 0 comprimento

dos dentes nas endocrinopatias, utilizando como parametres casos clinicos ou

Page 20: Daniele Maia CONTRIBUI

21

casuisticas de sindromes e doen~as muito especificas e ate com envolvimento

endocrinol6gica. Nas pessoas nao sindromicas, nao portadoras de doen<;as tao

especificas e raras, as altera<;6es endocrinologicas primarias naG influenciam na

forma ou tamanho da raiz. Os resultados obtidos fundamentam mais uma vez os

conceitos proprios do funcionamento do sistema endocrino, da fisiopatologia dos

tecidos dentarios enos permitem afirmar que as endocrinopatias nao estao

relacionadas a induC;8o de reabsor<f6es dentarias e nao influenciam a sua

progressao. Durante a tratamento ortod6ntico as reabson;6es dentarias nao sao

resultantes da a<;ao de fatares sistemicos, inclusive de endocrinopatias.

Lange; Akker (2005) citam em sua pesquisa que 0 pico de incidencia do

tumor marrom encontra-se entre a terceira e quinta decada mas tambem

abservaram em crian~as e idosos, concluindo que a incidencia e mais alta que a

relatada, justificando a presen~a de les6es na mandfbula nao diagnosticadas em

muitas pacientes, uma vez que estas les6es desaparecem espontaneamente

quando os niveis de PHT e calcio sao corrigidos, sendo tres vezes mais freqLiente

em mulheres que homens e a prevalencia aumenta apos a menopausa.

Oh et al. (2006) relatam um raro caso de HTP primario de macrocisto

funcional da paratireoide. Na maiaria dos casos a resultante e hipercalcemia suave e

e detectada antes da manifestac;ao ossea acontecer. Os autores apresentam urn

caso de severa hipercalcemia secundaria a cisto funcional da paratireoide e a

incomum associa~ao com tumor marrom de maxila. 0 HTP quando apresenta

manifestac;aa ossea, na mais severa forma, como osteite fibrosa cfstlca, esta eraramente observada. Embora 5% a15% dos paclentes apresentam varios sintomas

de doenyas osseas, envolvendo 0 cranio e ossos longos, mais comumente, aquelas

que inciuem dor 6ssea e certas patologias como cistos osseos, tumor marrom au

Page 21: Daniele Maia CONTRIBUI

22

desmineralizac;ao difusa.

Hata et al. (2006) consideram que poucos casos de distrofia ossea,

provenientes de severo HTP apresentam alteraC;<lo do tamanho e forma dos assos

mandibulares. A insuficiencia renal cr6nica pode causar uma grande variedade de

manifestac;oes orofaciais e dentais, incluindo a distrofia ossea, tumor marrom,

aumento das bases osseas, perda da lamina dura, diminuiC;8o au mineralizac;ao da

camera pulpar, aspecto 6sseo de vidro despolido e les6es radiolucentes.

2.5. ASPECTOS RADIOGRAFICOS

Segundo Shafer; Hine; Levy (1987), os achados radiograticos do HTP tem

importimcia particular. Os assos das pessoas afetadas apresentam

radiotransparencia geral em comparac;ao com as das pessoas normals. Mais tarde,

desenvolvem~se areas radiotransparentes redondas ou ovals nitidamente definidas,

que podem ser lobuladas. Se uma destas les6es lobuladas ocorrer na mandibula epreciso distingui-Ia cuidadosamente do amelobalastoma que, frequentemente,

apresenta 0 mesmo aspecto. No cranio podem ser observadas pequenas areas

cisticas, e na mandibula e/ou maxila podem estar presentes grandes e/ou pequenas

radiotransparencias bem definidas. Estas pequenas areas cisticas devem ser

diferenciadas das les6es do mieloma multiplo e do granuloma eosin6fi1o. Nos

maxilares, 0 aspecto radiografico do osso tem sido descrito como 0 de "vidro rosco".

A lamina dura a volta dos dentes pode apresentar-se parcial mente ausente.

Damme; Mooren (1994) citam Robinson (1988) que conduiu que somente

10% de todos pacientes hipercalcemicos medianos (como resultado de HTP

primario) apresentam reabson;ao subperiostal das falanges.

Okada; Davies; Yamamoto (2000) consideram os exames radiograficos nos

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23

casas de tumor marrom particularmente impartantes, indicanda uma area de

radioluscencia oval assemelhando·se a uma Iesao cfstica a perda da lamina dura no

estagio final do HTP e urn dos diversos fatares relatados em pacientes com

insuficiencia renal crOnica.

Para Guney et al. (2001) 0 HTP apresenta les6es classicas esqueleticas,

representadas par reabsorc;:ao ossea, cistos osseas, tumores marrons e osteopenia

generalizada. Classicamente, hiperparatireoidismo primario e associado com dois

maiores sitios de complicac;:aa em potencial, os ossos e os rins. As manifestac;:oes

renais do hiperparatireoidismo primario sao a formac;:ao de pedras renais e

deposic;:ao difusa do camplexa calcio·fosfato no parenquima renal. 0 excesso de

harmonio da paratireoide pode evoluir para uma condiCfao chamada osteite fibrosa

cistica. A asterte fibrosapa cistica e um processo reabsortivo difuso do osso

resultante de ambos, hiperparatireaidismo primario e secundario. Longos periodos

de nrveis excessivos do hormonio da paratireoide inicia ambas reaCfoes fibrosa e

asteoclastica no esqueleta. Um desequilibrio na atividade osteoblastica para

osteoclastica causa reabsOrCfaO 6ssea com repasiCfao fibrosa do osso medular e

afinamento da cortical. ReabsOfc;:ao ossea subperiosteal nas falanges, ausencia de

lamina dura nos dentes, areas focais de desminerilaliza9ao no cranio e osteoporose

generalizada sao as mais evidentes fatores desta patologia. Tumores marrons sao

lesoes focais encontradas envolvendo areas de reabsorCfaa ossea. Prevenc;:ao

clinica de HTP primario tem mud ado ao passar dos anos. Primeiramente nas

meados do ano 1970 mais de 50% dos pacientes com hiperparatireoidismo prima rio

tinham evidelncias esqueh§ticas e/ou doenc;:a renal. DetecCfao e tratamento

consequentemente precoce do hiperparatireoidismo prima rio resultou na diminui<;8o

das manifestac;:oes renais e osseas classicas da doenCfa. Osterte fibrosa cistfca e

Page 23: Daniele Maia CONTRIBUI

24

tumores marrons tern tornado entidades clfnicas extremamente raras.

Frankenthal et al. (2002) concluem em sua pesquisa que HTP nao demonstrou

apresentar significativ~ ef8ito radiograFico sabre a perda de crista ossea. 0 nivel de

PTH circulante e a dura~ao do HTP nao demonstrou estar ligado com a reduc;ao do

processo alveolar. Citam os autores Kaffee et al. (1982). Spolnik et al (1981) os

quais definem que HTP determina perda de lamina dura e este fato nao econsiderado como patognomonico do HTP sendo agora reconhecido como nao

especifico.

Merz et al. (2002) afirmam que as mais frequentes alterac;oes 6sseas no HTP

prima rio incluem reabson;:ao 6ssea subperiostal difusa, perda de lamina dura dos

dentes e generalizada osteoporos€. Par raz5es desconhecidas, certas areas foeais

do osso podem resistir mais a reabsofC;80 extensa, seguida pelo processo de reparo

celular que resulta no acumulo de estroma fibrilar e celulas do tecido conjuntivo

conjuntamente com celulas gigantes multinucleadas e espiculas de deposir;ao

oste6ide. Em adir;ao, ocorre hemorragia e deposi<;ao de hemosiderina. Este

processo resulta na formay3o do tumor marrom. Tumor marrom normalmente

envolve costela, clavicula, cintura pelvica e mandibula. Normalmente 0 tumor

marrom e quase sempre associado com evidencias radiograticas de doenya 6ssea

generalizada. Radiograficamente, tumor marrom aparece como uma definida les30

litica 6ssea.

De acordo com Akintoye et al. (2004), 0 HTP, em bora cause anormal turnover

e alterar;30 no padrao radiogratico do osso afetado, pode progredir para a forma

circunscrita radiolucida de les30 de celulas gigantes.

Freitas; Rosa; Souza (2004) citam que HTP pode apresentar areas liticas

uniloculares de localizayao maxiloMmandibular, que caracterizam areas de atividade

Page 24: Daniele Maia CONTRIBUI

25

gigantocelular. Esta lesao pade atingir grande extensao ossea. Ocorre com maior

frequencia em pacientes do sexo feminin~, sendo quase sempre poliostico, podendo

envolver Qutros ossos do esqueleto como as metacarpos, escapula, clavicula, ilia e

etc. Uma das manifestac;6es do HTP e 0 desaparecimento ou interruP9ao da lamina

dura, conferindo ao osso alveolar urn aspecto osteoporotica.

Para Lange e Akker (2005) tumor marrom sao les6es foeais localizadas

dentro de areas de reabson;:ao ossea.

Consolaro (2005) cita que 0 HTP acelera muito 0 turnover osseo enos

maxilares provoca desaparecimento da lamina dura ou cortical 6ssea alveolar. Nas

demais corticais osseas, 0 periostea "corroi" a supeliicie 6ssea OU induz a

reabsor«ao subperiosteal. Na lamina dura, 0 ligamento periodontal realiza, as vezes,

func;ao de peri6steo e ela desaparece pela perda de continuidade por sua delicadeza

estrutural. 0 autor relata que, em artigo de revisao sabre 0 diagn6stico radiografico

de HTP, Pugh (1952) descreveu a ausencia da lamina dura e altera<;6es do

trabeculado 6sseo ao redor dos tecidos dentarios com sinais radiograficos, mas

ressaltou que os dentes mantinham sua integridade estrutural. 0 auter tambem cita

o trabalho de Rosenberg; Guralnick (1962), no qual examinaram 220 pacientes com

hiperparatireoidismo; analisaram os maxilares em 116 radiografias periapicais. Em

60% dos pacientes observaram perda da lamina dura e em nenhum dos casos foram

diagnosticadas reabsor<;6es dentarias. Um dos objetivos do trabalho foi verificar se a

ausencia de lamina dura poderia constituir um sinal precoce do hiperparatireoidismo,

antecedendo ao comprometimento renal, mas nao foi possivel essa correlal(ao.

Outros auto res tambem relata ram resultados semelhantes como Keating; Cook

(1945), Silverman et al. (1962), Silverman; William; Gillooly (1968). As reabsor<;6es

dentarias para serem diagnosticadas 0 mais precocemente possivel necessitam de

Page 25: Daniele Maia CONTRIBUI

26

peliculas radiograficas periapicais bern processadas e padronizadas. 0 auter relata

que nas decadas de 1960 e 1970, algumas casuisticas de pacientes com

hiperparatireoidismo e analise criteriosa das suas condi~6es dentarias

complementaram as observa<;6es de Albright, Ash e Bauer, de 1934, quando

estudaram a problema em 17 pacientes, nao detectando altera<;:6es estruturais nos

dentes. Silverman et al. (1962), Rosenberg; Guralnick (1962) ao analisarem dezenas

de pacientes com hiperparatireoidismo, nao encontraram reabsorc;oes dentarias. Os

dentes estavam estruturalmente preservados, mesmo nos casas em que 0

trabeculado osseo e a cortical 6ssea alveolar S8 apresentavam comprometidos

severamente. NaG raramente, as cases de reabsor<;oes dentarias atribuidas as

causas sistemicas sao equivocadamente diagnosticadas a partir de radiografias

panoramicas. 0 intenso pracesso de reabson:;:ao 6ssea desorganiza 0 padrao de

mineralizay.3o da cortical alveolar, mas 0 seu arranjo estrutural se mantem mesmo

na impossibilidade de sua visualizayao nas radiografias periapicais. Nos casos de

pacientes com ausencia radiografica de cortical 6ssea alveolar e manutenyao da

integridade da raiz, confirmamos essas evidencias, ainda mais se considerando a

presen<;:a da camada dos cementoblastos, em media, a 250 micro metros da

superiicie 6ssea alveolar periodontal, ou seja, associada a uma area com elevado

nivel local de paratormenio e outras mediadores da reabsoryao ossea. Apenas a

ausencia desses receptores especificos suporta esse tipo de proteyao radicular

propiciada pela "surdez" dos cementoblastos.

Hata et al. (2006) descrevem um relato de caso clinico de distrofia ossea

renal onde a paciente em radiografia oelusal anterior da maxila apresentou perda da

lamina dura e aspecto de vidro-fosco do padrao osseo trabecular com um

radioluscente padrao de osso alveolar. Radiografia do cranio revelou uma

Page 26: Daniele Maia CONTRIBUI

27

diminui\f80 do espalto diploe, perda da camada externa e aumento de ambos

maxi lares. Em tomografia computadorizada ambos maxilares demonstraram

aumento simetrico relativo e difusas radioluscE!ncias que continham escassas

radiopacidades.

2.6 ASPECTOS HISTOL6GICOS

McManus et al. (2000) afirmam que 0 tumor marrom e histologicamente

indistinguivel do tumor de celulas gigantes. Relata urn caso de granuloma de celulas

gigantes provocado pela HTP ocorrendo em associaC;:8o com pheochromocytoma.

Okada; Davies; Yamamoto (2000) relatam que nos casos de HTP as celulas

gigantes nao sao os elementos proliferativos da lesao. Tumor marrom, tumor de

celulas gigantes, granuloma de celulas gigantes e querubismo todos tern

histologicamente dois componentes principais: celulas mononucleares do estroma e

celulas gigantes mononucleares. Citam que no osso mandibular, 0 tumor marrom e

histologicamente indistinguivel do granuloma celulas gigantes.

Merz et al. (2002) afirmam que histologicamente e impossivel distinguir

celulas do tumor marrom das do granuloma reparativo, ambas apresentam

macr6fagos multinucleados com inerente tecida fibrosa reacianal secunda rio as

microfraturas do fino tecido osseo.

Consolaro (2005) relata que 0 resgate conceitual no contexto fisiol6gico da

endocrinologia nao fundamenta uma explicayao coerente do envolvimento hormonal

nas reabsoryoes dentarias, independentemente da endocrinopatia estudada. Ao

mesmo tempo, 0 conhecimento morfofisiologico dos tecidos dentarios periodontais

reforya a dificuldade de encontrar explicayao 10gica etiopatogenica para as

reabsor<;oes dentarias isoladas ou multiplas, relacionadas as endocrinopatias.

Page 27: Daniele Maia CONTRIBUI

28

Alguns resultados refor/;:am cada vez mais que as causas das reabsorc;:oes dentarias

sao locais como as explic3c;:oes da organiz3c;:ao dos tecidos na junc;:ao

amelocementaria a microscopia eletr6nica de varredura e a capacidade imunogenica

da dentina. 0 autor conclui em suas teses que no HTP, chegou a detectar areas

osteoliticas focais e quando biopsiadas revelaram grande numero de celulas

clasticas em tecido estromal ricamente vasGularizado, caracterizando 0 "tumor

marrom do hiperparatireoidismo" Essa situac;:ao nao foi detectada nos maxilares em

nenhum dos pacientes examinados. 0 autor em sua tese cita que nos casas de

pacientes com ausencia radiografica de cortical 6ssea alveolar e manutenC;:Elo da

integridade da raiz, confirmam-se essas evidencias, considerando a presen~a da

camada dos cementoblastos, em media, a 250 micrometros da superifcie ossea

a!veolar periodontal, ou seja, associada a uma area com elevado nivel local de PHT

e outros mediadores da reabsor~ao ossea. Apenas a ausencia desses receptores

especificos suporta esse tipo de prote~ao radicular propiciada pela "surdez" dos

cementoblastos.

Oh et al. (2006) descrevem que pode ser dificil distinguir 0 tumor marrom de

outras les6es de celulas gigantes no exame histologico somente. 0 diagnostico final

de tumor marrom e feito baseado na associa~ao de severo HTP primario. Tumor

marrom representa um processo reparativo celular re!acionado ao efeito direto da

e!eva~ao cr6nica de PHT no osso. Areas focais de ossa sofrem extensas

reabsor~6es e degenera~ao cistica. Remodela~ao ossea continua com deposi~ao de

um estroma denso fibroce!u!ar e a presen~a de celulas gigantes multinucleadas. Em

adi~ao, ocorre hemorragia e deposir;:ao de hemosiderina, a qual e responsave! pela

co!ora~ao marronzada do tumor e, portanto pelo nome. Embora de mandibula ser 0

mais freqliente ossa envolvido na caber;:a e na regiao do pesco~o, tumor marrom da

Page 28: Daniele Maia CONTRIBUI

29

maxila tern sido reportado.

2.7 DIAGNOSTICO DIFERENCIAL

Para Shafer; Hine; Levy (1987) 0 HTP e indislinguivel do granuloma central

de colulas giganles do osso. Portanto, qualquer paciente que tenha uma Iesao

central de celulas gigantes deve ser examinado, a rim de excluir a possibilidade de

heperparatireodismo. IS50 e feito mais facilmente pela determinac;ao da taxa de

calcio no sora. No case da doenc;a, a taxa de calcio esta acima do nivel normal de 9

a 12 mg/100 mL

Damme; Mooren (1994). em urn relata de casa clinico confirmam a dificuldade

de diferenciar Sindrome Noonan-like de multiplas les6es de Cf31ulas gigantes,

multiplos granulomas centrals de celulas gigantes, querubismo e tumor marrom do

hiperparatireoidismo prima rio. A dificuldade sustenta-se no fato que, ate a presente

momento, as desordens sao histol6gicamente e imunohistologieamente

indistingufveis. Assim os autores eoncluiram que 0 diagnostieo difereneial e

de pendente do exame elinieo, do radiodiagnostico e dos resultados laboratoriais.

Segundo Merz et al. (2002), devido as similaridades entre tumores marrons,

granulomas reparativos e tumores de celulas gigantes verdadeiros, 0 diagnostico de

tumor marrom sustenta-se nas evideneias dos aehados do hiperparatireoidismo.

Para Yamazaki et al. (2003), 0 diagnostico diferencial do HTP inclui 0

querubismo.

Pogrel (2003) relata que 0 granuloma central de celulas gigantes 0 identico

histologicamente ao tumor marrom de celulas gig antes do HTP, porem ate 0

momento naa se identifieau um harmonia semelhante ao PHT que pudesse induzir a

lesao. Apesar da nao evideneia ate 0 presente momenta da existencia deste

Page 29: Daniele Maia CONTRIBUI

30

harmonia no tratamento de casas de granuloma central de celulas gigantes, 0 autor

prop6em terapia com calcitonina porque as celulas gigantes multinucleadas devem

ter receptores para calcitonina, alguma parte deve ser controlada pela atividade da

calcitonina.

De acordo com Albright et al. (1937), Cavanah; Dons (1993), Mastorakos et

al (1997), Kirk et al. (1999), Akintoyne et al. (2002) citados par Akintoyne et al.

(2004), as endocrinopatias como puberdade precoce, hipertireoidismo, excesso de

harmonia de cresci mento, hipercortisolismo e HTP podem ser relacionadas adisplasia fibrosa. A idade, associada com endocrinopatias e perda de fosfato renal

podem afetar a metabolismo 6sseo e 0 padrao de crescimento da maxila e

mandibula.

Thoma; Sosman; Bennett (1943) citados par Consolaro (2005), relatam

achados dentarios e esqueleticos da Osteodisplasia Fibrosa Hereditaria, afirmando

que "quando consideramos 0 hiperparatireoidismo como causa de exuberante

reabsoryao 6ssea para liberar sais minerais, ° dente nao se apresenta afetado,

apesar de ativa participayao da cortical 6ssea alveolar" Ainda descreveram: "a

interpretayao dos fatos possibilita a conciusao de que 0 hiperparatireoidismo afeta 0

metabolismo mineral, mas os dentes continuam depositarios de calcio, mas nao sao

reservatorios de calcio" Os dentes nao sao afetados, mas 0 mesmo mecanismo de

reabsoryao 6ssea pode ser evocado em dentes com reabsoryoes induzidas por

outras raz6es.

Lange; Akker (2005) em sua pesquisa concluiram que as granulomas

centrais de celulas gigantes (GCCG) se apresentam como les6es multiloculares com

uma grande diversidade radiogratica, desde lesoes apicais pequenas a grandes

les6es multiloculares radiohkidas envolvendo grande parte da maxila e mandfbula.

Page 30: Daniele Maia CONTRIBUI

31

Tanto as les6es multiloculares quanta as les6es uniloculares podem apresentar

casas de reabsory.3o radicular e outras displasias cementarias dentarias.

Clinicamente os casas de GCCG na maio ria dos pacientes eram assintomaticos.

Poucos pacientes apresentaram parestesia e dor provocada por edema. Sendo mais

comum ausencia da dor com edema da face au cavidade oral. As les6es ocorrem

com maior frequencia em pacientes com idade inferior a trinta anos. Multiplas les6es

por celulas gigantes sao frequentemente associadas com hiperparatireoidismo.

Oh et al. (2006) relatam que 0 diagnostico diferencial de lesao cistica na

regiao abaixo do pesco90 incluem cisto col6ide da tireoide, cisto do timo cisto da

fenda branquial e cisto broncogenico. Fina agulha de aspirayao pode ser utilizada no

diagn6stico da evoluyao destas les6es. Se um cisto da paratire6ide tem suspeita

clinica, 0 fluido deve conter PHT e niveis de tireoglobulina. Os autores consideram a

triade, elevado nivel de serico de calcio, elevado nivel de PHT e baixo nivel de

tireoglobulina como diagn6stico de adenoma cistico da paratire6ide.

Frequentemente carcinoma de paratire6ide apresenta severa hipercalcemia e deve

ser considerado diagn6stico diferencial do HTP primario severo. Embora a

coexistencia de cisto da paratire6ide e carcinoma tern side descrito como raros.

2.8 TRATAMENTO

Segundo Guney et al. (2001), 0 HTP primaria e uma doenl'a curavel cam a

reamo<;:ao do adenoma paratireoideano. 0 aspecto da doenya 6ssea indica-se a

intervenyao cirurgica. Uma cirurgia bem sucedida com eliminayao da atividade do

hormonio da paratire6ide usualmente provoca a regressao do tumor marrom em uma

escala significante. Tumores grandes e sintomaticos, principal mente quando

provocam disfunyao, e tumores marrons recorrentes requerem remoyao cirurgica.

Merz et al. (2002) relatam que 0 tratamenta do tumor marrom e dependente

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32

do tratamento do HTP. Uma vez que 0 nivel de calcio serico e normalizado, a tumor

marrom pode regredir au pode requerer ressec<;ao cirurgica. Ressec<;ao e

preconizada na maioria dos casas para atingir um diagnostico definitiv~.

Recorrencia, se a nivel serico e normalizado, e extremamente improvavel.

Yamazaki et al. (2003) deserevem que a normaliza<;ao da fun<;ao da

paratireoide deve promover a redu<;ao no tamanho au fazer desaparecer a tumor. Os

autores relatam um raro caso onde ocorreu um cresci menta continuo do tumor

marrom em maxila e mandibula de um paciente com HTP no qual urn dos tumores

aumentou apes remo<;ao do adenoma da paratireoide. Assim, as autores consideram

que a tumor marrom deve ser removido se nao obselVar involu<;ao mesmo apes a

paratireoidectomia.

Para Yamazaki et al. (2003) e Daniels (2004), existe um consenso geral que a

mais logica conduta para tratamento do HTP primario e a paratireoidectomia. Porem,

as opini6es 58 dividem na conduta frente as lesoes 6sseas uma vez que a

paratireoidectomia tenha sido feita. Muitos autores acreditam que as les6es 6sseas

regridem ap6s um tempo a excisao com rapida conversao da lesao 6ssea para osso

normal. Embora alguns autores recomendem em alguns casas onde a resolu<;ao elenta ou a crescimento permanece, curetagem local e enuclea<;:ao.

Consolaro (2005) relata que mil hoes de pessoas sao tratadas atualmente com

bifesfonatos por uma grande variedade de doen<;as 6sseas. Essas drogas sao

utilizadas como medicamentos nas calcifica<;6es e ossifica<;oes ectepicas,

calcifica<;oes des tecidos moles, urolitiases, fibrodisplasia ossificante progressiva e

nas doen<;as com grandes destrui<;oes 6sseas como na Doen<;a de Paget, no

hiperparatireoidismo primario, na hipercalcemia maligna, na destrui<;ao essea

tumoral e a altamente prevalente osteoporose p6s menepausa. Os efeitos des

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33

bifosfonatos incorporados ao osso podem ser assim relacionados: diminuiyao da

reabSOfC;30 ossea, aumento da densidade de mineralizaC;3o, aumento do volume e

massa ossea, aumento da resistencia 6ssea e diminuic;ao do indice de fraturas

osseas. Efeitos em lango prazo ainda sao desconhecidos.

Para Lange et al. (2005). do ponto de vista histol6gico nao se observou

diferen9a entre tumor marrom e CGCGs, visto que teda histologia que confirma

CGCG deve possuir niveis sericos de calcio e f6sforo analisados, descartando 0

potencial de tumor marrom. Obrigatoriamente devem ser realizados testes de rotina

em todos os pacientes com histol6gico confirmado de CGCG, porque 0 tratamento

de pacientes com tumor marrom e muito diferente daqueles com niveis normais de

PHT.

Arabi et al. (2006) relatam um caso clinico severo de HTP em um paciente do

sexo masculino, 55 anos, com severa perda 6ssea e profundas mudanyas

esqueleticas das costelas e espinha que regrediu drasticamente ap6s terapia com

vitamina 0 documentada por varias imagens de tomografias computadorizadas.

Oh et al. (2006) relatam que a hist6ria natural do tumor marrom, ap6s 0

controle do HTP e indefinida. A regressao do tumor marrom tern sido reportada ap6s

a ressecyao do cislo da paratire6ide e resoluyao do HTP. Embora, muitos casas de

progressao do tumor marrom tenham sido reportados mesmo ap6s 0 tratamento do

HTP. Relatos adicionais tern demonstrado uma resposta parcial quando utilizado a

radioterapia local ou corticoster6ide via oral. Em muitos casos, a ressecyao do tumor

marrom e requerida para promover a cura.

Hata et al. (2006) citam que a distrofia 6ssea renal e uma das mais comuns

complicayoes que afetam as pacientes com insuficiencia renal cr6nica ambos antes

ou apos iniciar a dialise de manuteny8o, porem a macrognatia secundaria a distrofia

Page 33: Daniele Maia CONTRIBUI

34

6ssea renal e rara. Usualmente, 0 aumente maxilar originado da distrofia 6ssea renal

normal mente nao retorna ao normal ap6s 0 tratamento do hiperparatireoidismo. as

autores relatam um case de macrognatia secundaria a distrofia 6ssea renal cujo

tratamento obteve sucesso ap6s a paratireoidectomia.

Page 34: Daniele Maia CONTRIBUI

35

3 DISCUssiio

Na revisao da literatura observou-se a possibilidade de discussao dos variDs

aspectos do HTP, como podemos relatar a seguir.

Shafer; Hine; Levy (1987), Cotran; Kumar; Colins (2000), Freitas; Rosa;

Souza (2004), Lange; Akker (2005) concordam que 0 HTP primario e uma doen<;a de

adultos, sendo mais comum nas mulheres do que nos homens e que a prevalencia

aumenta ap6s a menopausa.

Cotran; Kumar; Colins (2000) Daniels (2004) afirmam que 0 HTP prima rio e

mais comumente causado par adenoma, seguido par hiperplasia e em numero

bastante reduzido por carcinoma.

Merz et at (2002) relatam em acordo com Guney (2001), Daniels (2004) que

a pratica de realizar exames sanguineos de ratina checando os niveis sericos de

calcio tern permitido realizar diagnosticos precoces do HTP primario. Para Daniels

(2004), tornou-se raro 0 diagnostico de HTP primario aonde S8 observam altera<;oes

6sseas, pois as manifesta<;oes 6sseas e as altera<;oes dentais sao geralmente

consideradas envolvimentos tardios, assim, sao rarcs os casos em que nao se

diagnostica antes das les6es 6sseas sintomaticas aparecerem.

Segundo Shafer; Hine; Levy (1987), 0 primeiro sinal da doen<;a pode ser um

tumor de celulas gigantes ou urn "cisto" dos maxilares. Quase todos os pacientes

com a doenya tem les6es esqueleticas, algumas nas quais podem ocorrer no cranio

ou nos maxilares. Em discordancia Guney et al. (2001) citam que alteray6es 6sseas

ocorrem em menos que 5% dos casos e considera 0 tumor marrom a fase terminal

do processo de remodelac;ao 6ssea durante 0 HTP primario e secundario. Merz et al.

(2002) relatam que apesar do HTP prima rio ter a possibilidade de multiplas

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apresentac:;:6es, tornou-se raro quando a doenc:;:a esta presente apenas com

manifesta,oes esqueleticas. Para Ercihan et al. (2001) 0 HTP apresenta les6es

classicas esqueleticas, representadas par reabsorc:;:aoossea, cistos osseos, tumores

marrons e osteopenia generalizada. Ostelte fibrosa cistica e tumores marrons tem

tornado entidades clinicas extremamente raras.

Segundo Cotran; Kumar; Colins (2000), 0 HTP primario manifesta-se de duas

maneiras gerais, assintomatico ou sintomatico com manifestac:;:6es clinicas

classicas do HTP primario, como dar 6ssea, calculos renais e dar abdominal. Ja

Okada; Davies; Yamamoto (2000), Guney et al. (2001) concordam que 0 HTP

frequentemente aparece como uma lesao osteolitica nos ossos comumente na

mandibula, costelas, pelve, sendo que Okada; Davies; Yamamoto (2000)

acrescentam 0 femur e Guney et al. (2001) incluem as claviculas. Ja Yamazaki et al.

(2003) afirmam que 0 tumor marrom desenvolve em multiplos sitios tambem

incluindo as costelas, clavlculas e cintura pelvica e para Merz et al. (2002) 0 tumor

marrom normalmente envolve costela, clavicula, pelve e mandibula.

Guney et al. (2001), Yamazaki et al. (2003), Daniels (2004), Consolaro (2005)

consideram 0 envolvimento da maxila raro um fato raro e a mandlbula como a local

mais comumente envolvido. Daniels (2004) acrescenta 0 envolvimento de outros

ossos da regiao maxilofacial, incluindo os ossos da 6rbita. Para Consolaro (2005) a

localiza~aopreferencial das les6es do HTP sao os ossos longos e outros assos com

indice metab61ico mais elevado. Ja Freitas; Rosa; Souza (2004) consideram um

envolvimento poliostico, padendo envolver outros ossos do esqueleto como os

metacarpos, escapula, clavicula, Ilia e etc.

Shafer; Hine; Levy (1987), Frankenlhal et al. (2002) estao de acordo que 0

HTP e indistinguivel do granuloma central de celulas gigantes. Par este motivo, Merz

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et al. (2002); Yamazaki et al. (2003) concordam que 0 diagnostico clinico diferencial

do tumor marrom e feito com os achados do HTP.

Shafer; Hine; Levy (1987), Okada; Davies; Yamamoto (2000),Frankenthal et

al. (2002), Merz et al. (2002), Freitas; Rosa; Souza (2004), Consolaro (2005)

afirmam que que HTP determina perda de lamina dura concordando com Hata et al.

(2006) que acrescentam que a insuficiencia renal cr6nica pede causar uma grande

variedade de manifesta<;6es orofaciais e dentais, incluindo a distrofia ossea, tumor

marrom, aumento das bases osseas, diminui9ao au mineraliz8<;ao da camera pulpar,

aspecto 6sseo de vidro despolido e les6es radiolucentes. Ja Freitas; Rosa; Souza

(2004) conferem ao osso alveolar urn aspecto osteoporotico.

De acordo com Shafer; Hine; Levy (1987), Hata et al. (2006) nos maxilares,

o aspecto radiografico do osso tern sido descrito como "vidro fosee"

Merz et al. (2002) relatam osteoporose generalizada, discordando de Akintoye

et al. (2004), que afirmam que 0 HTP, embora cause anormal turnover e altera9ao

no padrao radiografico do 0550 afetado, pode progredir para a forma circunscrita

radiolucida de lesao de celulas gigantes.

A maioria dos autores entre eles Guney et al. (2001), Merz et al. (2002),

Yamazaki et al. (2003), Daniels (2004) , Oh et al. (2006) relatam que 0 tratamento do

tumor marrom e dependente do tratamento do HTP, uma vez que 0 nfvel serico de

calcio e normalizado, 0 tumor marrom pode regredir ou pode requerer ressec<;ao

cirurgica.

Guney et al. (2001), Yamazaki et al. (2003) , Oh et al. (2006) consideram que

o tumor marrom deve ser removido se nao observar involuyao mesmo apes a

paratireoidectomia.

Oentre outras formas de tratamento Consolaro (2005) sugere que os

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pacientes pod em ser tratadas com bifasfanata. Arabi et al. (2006) relatam um casa

c![nico severo de HTP tratado com terapia de vitamina D e Oh et al. (2006) relatam

uma res posta parcial quando utilizado a radioterapia local ou coriicoster6ide via oral.

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4 CONSIDERAc;:6ES FINAlS

- Apesar do avan(fo nos recursos de diagnostico das altera(foes sistemicas aliadas a

facilidade de tratamento, os cirurgioes-dentistas podem suspeitar do diagnostico de

HTP por meio do exame radiografico, mesmo considerando que as alterac;oes

osseas surgem no est8gio avanc;ado da doenc;a.

- A importancia da qualidade radiografica associada a sua correta indicac;ao efundamental para detecyao das alterayoes 6sseas, permitindo assim que a

interpretayao possa somar-se aos achados clinicos.

- Um dos aspectos radiograticos patognomonico do HTP e a perda generalizada da

lamina dura detectada nos exames radiograticos, reforyando a importancia do

conhecimento desta doenya sistemica pelo cirurgiao-dentista.

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