de kant a mario kart, uma etnografia do papo bola gato - rascunho
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7/23/2019 De Kant a Mario Kart, Uma Etnografia Do Papo Bola Gato - Rascunho
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Quando O Signo Perde o Significado*
Essa tatuagem um desenho marajoara, Escrevi Famlia e Amigos, em rabe,
dizem sobre suas tatuagens, quando a resposta quando questionados sobre seus motivos
sejam em sua maioria por fatores estticos. Algum tatuou uma linda frase de uma
msica de !aetano, mas bem, essa pessoa n"o l muito f" do cara. #e a cara de
!haplin lhe remete ao cineasta, sua imagina$"o por demais limitada, j que para a
pessoa que o tatuou aquilo representa muito mais, lhe faltam palavras. #obre o
diretor%ator, bem, n"o costuma ver seus filmes.
& trabalho de mapear o comportamento do papo bola gato demasiado simples,
ainda mais quando grande parte dos nativos s"o seus amigos. & desafio seria
conseguir um afastamento no m'nimo honesto para evitar julgamentos superficiais. (o
entanto, sabemos que a etnografia hoje n"o se presta como uma tradutora inquestionvel
do seu material de estudo. Estamos no ponto de converg)ncia para uma nova
antropologia e esta j respira novos ares. *entre a escolha pelo caminho da parcialidade
e o da falsa imparcialidade, decidi confrontar duas vis+es pessoais, porm conflituosas
o Eu praticante do papo bola gato e o Eu cr'tico do mesmo. -alanceando os
sentimentos e mediando as informa$+es acredito poder dar sequ)ncia a esta pesquisa de
grande interesse pblico e cujo os desdobramentos contribuem para a desconstru$"o do
espa$o sociocultural da nossa juventude, permitindo a refle"o sobre o mesmo.
& termo papo bola gato , em sua origem, uma varia$"o de outra vertente
comportamental de conota$"o seual o papinho gostoso. & papinho gostoso uma
prtica que engloba diversos elogios quanto aos aspectos f'sicos da pessoa que estar
sendo cantada pelo seu interlocutor. & termo justamente um desdobramento
lingu'stico para cantada, mas conota uma cafajestagem, ou seja, uma forma ludibriosa
de conquista. & -ola /ato surge justamente como desencadeamento do 0apinho
/ostoso disseminado entre jovens que abarcam o conhecimento cultural ocidental como
forma de conquista, subvertendo a l1gica dos atributos f'sicos para os de intelecto e
conhecimento cultural. Esta virada deve2se primordialmente pela dissemina$"o da
cultura pop, que teve seu boom decretado com a forte globaliza$"o dos anos 34. A
cultura das 56s, 7'deo /ames, as vertentes do 8oc9:n:8oll como o 0un9, o /runge, o
cinema de viol)ncia, a redescoberta da contracultura, o movimento ;ndie e o 5ipster.*Retirado do captulo 1 do livro De Kant a Mario Kart: Uma Etnografa doPapo Bola Gato! de Kau" #a$concelo$%
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#"o alguns dos pontos que colaboraram para a fomenta$"o do -ola /ato. & termo em si
pertencente aos meados da primeira dcada do sculo om ?.
& termo -ola /ato tem sua origem em um fun9 carioca do grupo -onde do 7inho. A
msica, Aula de ;ngl)s, utilizava a sonoridade das palavras 0eie, -ola e /ato em
ingl)s @fish, ball e cat para remeter a prtica do seo oral. Bogo, o -ola /ato, ou seja, o
-all !at, ganhou o imaginrio popular e desbancou o 0apinho /ostoso.
!omo veremos mais a frente, o -ola /ato se apresenta como comportamento de
sociabilidade entre seos com amplas possibilidades e de grande diversidade nos meios
em que se encontra presente. ("o encontramos nele em si uma particularidade que o
coloque como ponto crucial do comportamento dos jovens desta segunda dcada do
sculo. & que podemos etrair o inverso, ou seja, ao observar o -ola /ato, podemos
etrair singularidades desta gera$"o que est"o presentes na sua prtica.
O Vazio Que Pesa
A singularidade da qual parto para compor este trabalho talvez sirva de horizonte para
todos os estudos culturais desta gera$"o. Esta j vinha h tempos maturando em minhas
observa$+es sem chegar a ganhar uma defini$"o em termos. Ela n"o se continha na ideia
de liquidez de -auman, precisando de um componente que mantivesse a rela$"o com
uma antologia cultural, mesmo esfarelando a mesma. Ela tinha forte identifica$"o com
signos culturais que ultrapassavam gera$+es, ao mesmo tempo que n"o se aprofundava
no significado dos mesmos.
Coi partindo desta observa$"o que pude encontrar um comportamento chave para
diversos outros processos de articula$"o cultural desta gera$"o a ado$"o de signos sem
preocupa$"o em assimilar ou disseminar seus significados.
*Retirado do captulo 1 do livro De Kant a Mario Kart: Uma Etnografa doPapo Bola Gato! de Kau" #a$concelo$%
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6uando comecei este trecho com a descri$"o das tatuagens, procurei ilustrar, de uma
forma rudimentar, como os signos sem significado articulam a sociabilidade e guiam as
rela$+es de troca, podendo ser observado na prtica do -ola /ato.
&s signos sem significado s"o facilmente manipulveis, s"o de rpida assimila$"o e
transforma$"o e condizem com a velocidade do interesse da gera$"o presente. #em a
profundidade do significado, o signo funciona como hiperteto da personalidade. *esta
forma, a sociabilidade funciona por uma reprodu$"o de signos, onde a autentica$"o dos
mesmos e a sua medi$"o valorativa s"o meramente epositivas. & fluo da eposi$"o e
a conquista dos lugares de autentica$"o eercem o papel avaliativo.
& que vemos uma disputa para agrega$"o de signos valorativos e a reten$"o do
significado dos mesmos, pervertendo a rela$"o de troca a mera eposi$"o esttica e
egoc)ntrica. A quantidade epressiva de contedo dispon'vel e a voracidade do
consumo guiada pela tend)ncia conduz a prtica da obten$"o de signos a um n'vel
impactante. A quantidade de cultura acumulada passa a construir uma imagem
amorfa, uma persona esquizofr)nica. A falta de sentido como consequ)ncia do acumulo
de informa$"o. & simulacro no qual a comunica$"o uma encena$"o de si mesma.
6uando a prtica do -ola /ato transforma a troca de material dito cultural em
ferramenta de conquista, este se utiliza do signo sem significado, j que os fins da troca
procuram fins que n"o se completam. 6uando a troca se estabelece juntamente com a
passagem do significado este n"o mais se configura como signo vazio e n"o pode ser
enquadrado dentro da termologia do -ola /ato. !omo veremos mais a frente, o -ola
/ato filho legitimo da gera$"o signo sem significado.
*Retirado do captulo 1 do livro De Kant a Mario Kart: Uma Etnografa doPapo Bola Gato! de Kau" #a$concelo$%