departamento de taquigrafia revisÃo e redaÇÃo … · número sessão: 233.1.52.o tipo: solene -...
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DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIAREVISÃO E REDAÇÃO
SESSÃO: 233.1.52.O
DATA: 21/10/03
TURNO: Matutino
TIPO DA SESSÃO: Solene - CD
LOCAL: Plenário Principal - CD
INÍCIO: 09h48min
TÉRMINO: 11h20min
DISCURSOS RETIRADOS PELO ORADOR PARA REVISÃO
Hora Fase Orador
Obs.:
CÂMARA DOS DEPUTADOSAta da 233ª Sessão, em 21 de outubro de 2003
Presidência dos Srs. ...................................................................
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ÀS 9 HORAS E 48 MINUTOS COMPARECEM OS SRS.:
João Paulo Cunha
Inocêncio Oliveira
Luiz Piauhylino
Geddel Vieira Lima
Severino Cavalcanti
Nilton Capixaba
Ciro Nogueira
Gonzaga Patriota
Wilson Santos
Confúcio Moura
João Caldas
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I - ABERTURA DA SESSÃO
O SR. PRESIDENTE (Gonzaga Patriota) - Declaro aberta a sessão.
Sob a proteção de Deus e em nome do povo brasileiro iniciamos nossos
trabalhos.
O Sr. Secretário procederá à leitura da ata da sessão anterior.
II - LEITURA DA ATA
O SR. ..........................................................., servindo como 2° Secretário,
procede à leitura da ata da sessão antecedente, a qual é, sem observações,
aprovada.
O SR. PRESIDENTE (Gonzaga Patriota) - Passa-se à leitura do expediente.
O SR. ..........................................................., servindo como 1° Secretário,
procede à leitura do seguinte
III - EXPEDIENTE
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O SR. PRESIDENTE (Gonzaga Patriota) - Finda a leitura do expediente,
passa-se à
IV - HOMENAGEM
O SR. PRESIDENTE (Gonzaga Patriota) - Esta sessão solene, requerida por
este Parlamentar, destina-se a homenagear os 50 anos do Sindicato Nacional da
Indústria de Componentes para Veículos Automotores — SINDIPEÇAS.
Convido para compor a Mesa o Sr. Dettloff von Simson Junior, 1º
Vice-Presidente do SINDIPEÇAS, no exercício da presidência; o eminente Deputado
Devanir Ribeiro, representando o Partido dos Trabalhadores; o Presidente da
Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha, que em razão de cumprimento de
agendas anteriores, inclusive da ALCA, não pode estar presente, mas informa que já
trabalhou no setor de peças (palmas); o Sr. Mário Milani, 2º Vice-Presidente do
SINDIPEÇAS (palmas); o Sr. Pedro Molina Quaresma, Presidente da ANDAP.
(Palmas.)
Convido todos a ouvirem, de pé, o Hino Nacional.
(É executado o Hino Nacional.)
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O SR. PRESIDENTE (Gonzaga Patriota) - Assistiremos agora à apresentação
de vídeo. (Pausa.)
Esta Presidência pede desculpas pelo problema técnico no áudio e avisa que
a exibição do vídeo será feita posteriormente.
Neste momento aproveito para fazer minhas saudações ao SINDIPEÇAS
pelos seus 50 anos, cumprimentando o Presidente em exercício, Dettloff von Simson
Junior; o 2º Vice-Presidente, Sr. Mário Milano; o Sr. Pedro Molina, da ANDAP; as
Sras. e os Srs. Deputados; os representantes do Sindicato de Peças e das
Associações de Trabalhadores.
Quando me dispus a requerer a realização desta sessão solene em
homenagem aos 50 anos do SINDIPEÇAS, o fiz antes tomando conhecimento da
magnitude desse sindicato e dos seus associados no Brasil inteiro, responsáveis por
uma extraordinária distribuição de renda e pelo crescimento e desenvolvimento do
País.
O Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos
Automotores — SINDIPEÇAS tem uma bela história de pioneirismo, sonho, ousadia
e fé no Brasil. Sua história também está cheia de realizações, progresso e idealismo.
De fato, existem alguns pontos que merecem ser lembrados. Antes, porém, vamos
nos lembrar de como era nossa indústria automobilística 50 anos atrás.
Na metade do século passado havia apenas algumas instalações de
montagem para veículos importados. Nas ruas, em péssimas estradas de terra
batida, trafegavam quase só caminhões fabricados nos Estados Unidos, das marcas
Chevrolet, Ford, Fargo e De Soto. Os veículos de passageiros eram das marcas
Ford, Chevrolet, Chrysler, Studebaker e alguns europeus, como Fiat, Citroën,
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Mercedes e Renault. Pessoas de posse desfilavam com Lincoln, Rolls-Royce,
Cadillac e Packard. Os carros mais populares eram os Ford A e T, os “pés-de-bode”.
Verdadeira revolução industrial no Brasil aconteceu. Algumas linhas de montagem
localizavam-se em São Paulo, na antiga estrada São Paulo—Santos, pela facilidade
de receber componentes do Porto de Santos. As primeiras montadoras foram a
Ford, em 1919, e a GM, em 1925.
Em 1950, quando o setor de autopeças começava a luta para constituir sua
entidade sindical, o Brasil tinha 52,6 milhões de habitantes, dos quais apenas 7,3
milhões viviam na zona urbana. Havia somente um veículo para cada centena de
pessoas, com uma frota constituída de 276.845 carros de passageiros, 16 mil ônibus
e 236.732 caminhões. Apenas mil quilômetros de estradas brasileiras eram
pavimentados, do total de 126 mil quilômetros de terra batida.
Foi nesse contexto, nos idos de 1951, que aconteceu a primeira tentativa
eficaz de organizar o segmento de autopeças no Brasil, com a fundação da
Associação Profissional da Indústria de Peças para Automóveis e Similares, em São
Paulo, que daria origem ao SINDIPEÇAS, em 15 de setembro de 1953, como
entidade estadual.
No entanto, o SINDIPEÇAS só ganharia status de associação nacional em
1969 e teria sua denominação atual em setembro de 1976: Sindicato Nacional da
Indústria de Componentes para Veículos Automotores.
Vejam bem, senhoras e senhores, que, quando se organizou a Associação,
em 1951, ainda estávamos na época das carroças e sequer se falava em indústria
automobilística no Brasil. Todos que se propunham a produzir autopeças eram
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considerados sonhadores, conforme nos relata Luis Eulálio Bueno Vidigal Filho, que,
em 1974, foi eleito presidente do SINDIPEÇAS.
Alberto de Mello, primeiro presidente, foi um dos responsáveis pela histórica
Primeira Mostra da Indústria Nacional de Autopeças, no Rio de Janeiro, em 1953, no
Aeroporto Santos Dumont, à qual compareceu o então Presidente Getúlio Vargas.
Vicente Mammana Netto, outro fundador do SINDIPEÇAS, lutou pela
horizontalização da produção industrial, enquanto Rubens de Camargo Vidigal
acompanhou durante sua gestão como Presidente da entidade, de 1959 a 1961, a
implantação da indústria automobilística em nosso País.
Um dos principais historiadores do setor, Ramiz Gattás, registrou durante seu
segundo mandato à frente do SINDIPEÇAS a produção do milionésimo veículo
nacional. É ele que nos conta, no livro A Indústria Automobilística e a 2ª Revolução
Industrial no Brasil, que entramos nos anos 50 com uma indústria de autopeças
incipiente, dedicada ao mercado de reposição para veículos importados.
Os primeiros componentes oferecidos ao mercado foram caixas de
acumuladores, correias de ventilador, tubos para radiador e produtos de borracha,
como tapetes e pneus, produzidos pela Goodyear, Firestone, Pirelli e Pneus Brasil.
Em 1951, já depois da Segunda Grande Guerra e com a posse de Getúlio
Vargas, os fabricantes de autopeças passaram a se reunir a fim de encontrar
soluções para a sua sobrevivência, o que resultou na decisão de fundar a
Associação Profissional da Indústria de Peças para Automóveis e Similares, em 1º
de outubro, que elegeu Alberto de Mello como presidente, Ramiz Gattás como
secretário e Vicente Mammana Netto como tesoureiro.
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Um marco considerado decisivo para o setor foi a já citada Primeira Mostra da
Indústria Nacional de Autopeças, inaugurada em 20 de janeiro de 1953, pelo
Presidente Getúlio Vargas, no saguão do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de
Janeiro. O evento, de repercussão internacional, reunindo cerca de 400 fabricantes
em 143 estandes, foi preparado pela Associação Profissional da Indústria de Peças
para Automóveis e Similares, com o apoio do Comandante Lúcio Meira, da
Comissão de Desenvolvimento Industrial.
Animado com os resultados da exposição no Rio de Janeiro, o setor de
autopeças tratou de dar outras demonstrações de força. Em abril, o Governador
Lucas Nogueira Garcez inaugurou a 1ª Exposição Paulista de Autopeças, na Galeria
Prestes Maia. Em setembro, um grupo de empresas compareceu a uma exposição
na Suíça; em dezembro, outra delegação foi à Feira da América, em Mendoza, na
Argentina.
O cenário para a indústria automobilística melhorou em 1956 com a eleição
de Juscelino Kubitschek e a nomeação de Lúcio Meira para o Ministério da Viação.
Foi constituído o Conselho de Desenvolvimento Industrial, veio o Plano de Metas e a
Indústria Automobilística ganhou destaque. A indústria de autopeças voltou à pauta.
Em 16 de junho, de 1956, o Decreto nº 39.412 estabeleceu normas para o
setor automobilístico e criou o Grupo Executivo da Indústria Automobilística — GEIA,
com poder para examinar, aprovar ou rejeitar projetos industriais para a fabricação
de caminhões, jipes, camionetas, caminhões leves e furgões.
Essas medidas, há tanto esperadas pelo setor de autopeças, causaram forte
impacto, desencadeando uma revolução industrial com grandes reflexos na vida
econômica, política e social do País. Com a eclosão do GEIA, iniciou-se a grande
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arrancada. As indústrias de veículos e autopeças, conjugando seus melhores
esforços, trabalhando em ritmo avassalador, lançaram-se numa das mais
gigantescas realizações do industrialismo moderno, queimando etapas e estágios
tecnológicos rumo à meta final, nas palavras de Ramiz Gattás.
No dia 15 de setembro passado, o SINDIPEÇAS completou 50 anos de
existência, vivendo tempos tão conturbados quanto os que marcaram a luta dos
pioneiros para transformar a associação de classe então existente numa entidade
sindical reconhecida pelo Ministério do Trabalho.
Parafraseando Paulo Butori, seu atual presidente — que lamenta não poder
estar aqui presente com todos os senhores —, “a história do SINDIPEÇAS tem sido
marcada por verdadeira guerra contra as adversidades”.
Em 1997, tudo parecia melhorar, com a produção nacional de veículos
rompendo a barreira dos 2 milhões de unidades anuais. Mas a queda de demanda
no mercado interno ocorrida nos anos seguintes, provocada principalmente por
crises econômicas globalizadas, como a da Rússia e a dos Tigres Asiáticos,
empurrou o setor de volta ao desafio de ter de lidar com quedas nos volumes de
produção, aumentos de matéria-prima e margens de lucro insistentemente
negativas.
Tenho certeza de que as dificuldades mais recentes do difícil momento por
que passamos só fortalecerá essa indústria, já provada no fogo das batalhas mais
duras dos últimos 50 anos de existência.
O SINDIPEÇAS representa um grupo de empresas que fatura, pasmem,
cerca de 11 bilhões de dólares por ano, emprega mais de 170 mil trabalhadores em
573 fábricas em vários Estados brasileiros e exporta mais de 4 bilhões de dólares
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para mercados exigentes, como o norte-americano, o principal comprador. A
elevada competência de nossa indústria de autopeças é reconhecida mundialmente
e foi alcançada num longo aprendizado.
O SINDIPEÇAS tem-se mostrado bastante atuante. Originou a idéia do
programa Carro Próprio, que objetiva dar condições a famílias com renda entre
1.200 e 2.500 reais de adquirir um veículo. A prestação ficaria em torno de 200 reais
para compra de títulos do Tesouro Nacional. Em 36 meses, ao longo dos quais se
realizariam sorteios semelhantes a um consórcio, o mutuário já teria pago 50% do
valor de um modelo básico e todos os impostos, facilitando a obtenção de
financiamento convencional para o restante. No momento, a proposta está
tramitando no Governo. Além dessa proposta, o SINDIPEÇAS propõe também 7
metas ousadas, que servirão de diretrizes para nortear sua atuação. São elas:
1 – constituir a Câmara Setorial Automotiva, para o desenvolvimento e
monitorização das metas do setor;
2 – aumento do mercado interno e da produção nacional de veículos;
3 – incremento das exportações e do superávit na balança comercial do
setor;
4 – renovação e reciclagem da frota nacional de veículos;
5 – estímulo aos veículos e componentes projetados e desenvolvidos pela
engenharia nacional;
6 – incentivo à produção e venda de veículos a álcool;
7 – implantação do Contrato Coletivo Nacional de Relações de Trabalho no
setor.
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Nas últimas 2 décadas, a indústria automobilística sofreu profundas
transformações em todo o mundo. No mundo globalizado de hoje, muito diferente de
50 anos atrás, a complexidade mostra sua cara: o acirramento da competição em
função do excesso de capacidade produtiva e da desaceleração da demanda de
veículos; a introdução de novos métodos de produção; a contínua elevação da
produtividade; o novo sistema de relações entre montadoras e cadeia fornecedora; a
internacionalização dos projetos de veículos e componentes; as fusões e
incorporações; o fechamento de fábricas tradicionais simultaneamente à constituição
de unidades industriais mais enxutas e flexíveis; a formação de uma nova geografia
da localização da indústria. São tremendos os desafios, como se vê.
Mas isso não assusta o SINDIPEÇAS. Pelo contrário, desperta suas energias
para, em parceria com o Governo, o Congresso e outros segmentos da sociedade
vencer, como tem feito nesses 50 anos, superar-se e constituir uma nova fase de
sua história que faça jus a seus fundadores.
Esta Casa e o Senado Federal têm trabalhado incansavelmente, inclusive
com outros setores do transporte.
Tive a honra de administrar o setor de trânsito durante o Governo de Itamar
Franco. Na oportunidade, Deputados e Senadores elaboraram o novo Código de
Trânsito Brasileiro, mais exigente. Lamentavelmente, falta muito para que seja
regulamentado. A inspeção veicular, por exemplo, deveria estar acontecendo há
muito tempo. Mas vamos lutar para que ela ocorra ainda este ano e possamos ter
menos acidentes, menos desgraças nas estradas e nas ruas, praticadas por
motoristas de veículos que circulam sem a inspeção exigida na lei.
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Meus aplausos a todos os presentes e a todos aqueles que, Brasil afora, de
uma maneira ou de outra souberam honrar os compromissos de progresso e de
ordem desta instituição e desta Nação.
Este é o nosso pronunciamento em homenagem ao SINDIPEÇAS pelos seus
50 anos de trabalho e de luta.
Parabéns a todos os senhores! (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Gonzaga Patriota) - Antes de dar continuidade à
sessão, concedendo a palavra aos oradores para suas homenagens ao
SINDIPEÇAS, vamos assistir ao vídeo institucional dos 50 anos deste sindicato.
(Exibição de vídeo.)
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O SR. PRESIDENTE (Gonzaga Patriota) - Registro a presença dos Srs. Luiz
Munhoz e Jefferson Oliveira, representantes da Siemens VDO Automotive; Orlando
Moreira da Silva, da NTC; Beatriz Nunes, da FIESP; Márcio Fernandes da Costa,
Vice-Presidente da Federação do Comércio de São Paulo; Márcio Olívio Fernandes
da Costa, da Federação do Comércio do Estado de São Paulo; Mário Penha Veres
Baptista, da Federação do Comércio do Estado de São Paulo; Tadeu Morais de
Souza, Vice-Presidente do SINDIPEÇAS; José Romélio Brasil Ribeiro,
Diretor-Executivo da Associação Nacional das Empresas Financeiras das
Montadoras — ANEF; Paulo Gilberto, Diretor do SINDIPEÇAS; Rodrigo Francisco
Araújo Carneiro, Primeiro Vice-Presidente da ANDAP; Magda Corrêa Moreira,
Coordenadora-Geral as Indústrias de Máquinas Agrícolas e Rodoviárias.
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O SR. PRESIDENTE (Gonzaga Patriota) - Concedo a palavra ao nobre
Deputado Devanir Ribeiro, pelo Partido dos Trabalhadores.
O SR. DEVANIR RIBEIRO (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
primeiro, cumprimento V.Exa. pela brilhante iniciativa de confraternização com o
SINDIPEÇAS, que conheço, embora eu venha da indústria automobilística;
cumprimento o Sr. Dettloff von Simson Junior, 1º Vice-Presidente do SINDIPEÇAS; o
Sr. Mário Milani, 2º Vice-Presidente do SINDIPEÇAS; e o Sr. Pedro Molina
Quaresma, Presidente da Associação Nacional dos Distribuidores de Autopeças.
Antes de iniciar o meu pronunciamento, farei a leitura de uma nota da Direção
do SINDIPEÇAS, pois o nosso protocolo não permite que S.Sas. discursem.
“Exmos. Srs. Parlamentares e convidados,
gostaria, em nome da Diretoria e associados do
SINDIPEÇAS, de registrar algumas palavras de
agradecimento ao nobre colega Deputado Gonzaga
Patriota e aos membros desta histórica Casa pela
iniciativa desta sessão em homenagem a tão significativo
segmento industrial cuja pujança é visível no nosso
parque industrial, na tecnologia de ponta, nos postos de
trabalho que gera e na importância que representa para a
economia do nosso País.
Podem estar certos os membros desta Casa de
que o setor de autopeças continuará vibrante,
desempenhando o papel que lhe foi destinado e que lhe
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cabe dentro do contexto nacional, como tem feito nesses
últimos 50 anos.
Nossos sinceros agradecimentos aos nossos
pioneiros, que nos possibilitaram esse lugar de destaque,
e a todos os membros dessa honrosa Casa.
Muito obrigado”.
Quando estava sendo exibido o vídeo, percebi o quanto a minha vida pessoal
e profissional se misturava com o que estava sendo apresentado. Eu estava
recordando, quando se falou em 1957, que a Volkswagen tinha montagem na Rua
do Manifesto e que a Mercedes-Benz ficava na Mooca. Havia também a Vemag, que
distribuía o Studebaker.
A principal ação do SINDIPEÇAS foi a grande luta para nacionalizar os
carros, porque, mesmo montadas no Brasil, as peças vinham de fora.
Fui Secretário-Geral do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do
Campo, na mesma época em que Lula era seu presidente. E, para nossa felicidade,
hoje ele é o Presidente da República, ex-funcionário da indústria automobilística,
que até mesmo trabalhou na fabricação de autopeças, onde infelizmente perdeu um
dos dedos. Depois, ele foi trabalhar na Villares, que fabricava motores de navio.
A minha vida toda foi na indústria automobilística.
V.Sas. estão de parabéns. Ainda temos muito o que caminhar. Precisamos
lutar muito para nacionalizarmos cada vez mais os nossos automóveis, as nossas
peças, as nossas máquinas, porque possuímos competência, tecnologia e pessoas
preparadas em todos os campos.
Cinqüenta anos na vida de um país parecem 5 minutos.
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Estou quase chegando aos 60 anos e quando comecei a trabalhar na
indústria automobilística, nos idos de 1968 e 1969, vi como surgiram os grandes
grupos de autopeças, tais como a ARTEB, a Autometal S/A e várias outras
empresas que, na sua maioria, instalavam-se em Diadema e não em São Bernardo.
Havia também a Metal Leve — que existe até hoje —, a Gemmer, empresa nacional
que fabricava uma série de produtos, e assim por diante.
Portanto, não poderia deixar de dar parabéns aos dirigentes da indústria de
autopeças, lembrando que foi por causa dessa luta dos antepassados, dos nossos
pioneiros, que hoje aqui estamos na Câmara dos Deputados homenageando os 50
anos do SINDIPEÇAS, esperando que daqui a 50 anos o Deputado Gonzaga
Patriota possa estar ainda aqui — talvez eu não esteja — para parabenizarmos a
indústria de autopeças pelos seu centenário.
Meus parabéns, desejo muito trabalho, e o Congresso Nacional estará à
disposição dos senhores e da nossa indústria nacional.
Muito obrigado. (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Gonzaga Patriota) - Esta Presidência registra a
presença do Sr. Marcos Pires, da Fiat; do Sr. Ricardo Mota, da Renault do Brasil; do
Sr. Antonio Carlos Dias Almeida, Assessor Parlamentar do SINDIPEÇAS; do Sr.
Paulo César Matheus, da Dana S/A; do Sr. Celso Domizeli, Diretor da Comando
Autopeças; do Sr. Flávio Vasconcelos, Diretor do SINDIPEÇAS de São Paulo; do Sr.
Luiz Sérgio, Diretor do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e
Acessórios do Estado de São Paulo.
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O SR. PRESIDENTE (Gonzaga Patriota) - Concedo a palavra ao Deputado
Adelor Vieira, que representa o Partido do Movimento Democrático Brasileiro.
O SR. ADELOR VIEIRA (PMDB-SC. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Deputado Gonzaga Patriota, também autor do requerimento, muito me
honra ter sido designado pelo PMDB para fazer uso da palavra nesta sessão solene
requerida por V.Exa. para homenagear o SINDIPEÇAS.
Alguém pode perguntar: por que o Deputado Adelor Vieira? Venho de um dos
pólos importantes de autopeças, que é o Estado de Santa Catarina, mais
precisamente os Municípios de Joinville e Jaraguá do Sul, onde temos indústrias que
fornecem grande parte das autopeças para o País. Tenho nos empresários e na
pessoa do meu particular amigo Jamiro, a que cumprimento neste momento,
grandes amigos. Saúdo também o presidente em exercício do SINDIPEÇAS e os
demais componentes dessa tão seleta Mesa. Meus cumprimentos às senhoras e
senhores presentes.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o PMDB tem a honra de prestar esta
homenagem, por meio da minha modesta pessoa.
O desenvolvimento do setor industrial de autopeças é um exemplo do
sucesso da capacidade empresarial brasileira. Graças ao empenho, à coragem e à
lucidez dos homens que investiram num setor cheio de riscos e dificuldades foi
possível tornar viável a instalação e o desenvolvimento da indústria automobilística
nacional.
Num mundo altamente competitivo como o de hoje, se tivéssemos ainda de
importar todas as autopeças necessárias para manutenção da nossa frota de
veículos, certamente estaríamos vivendo dificuldades econômicas extremas. Afinal
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de contas, a indústria automobilística é um dos pilares do desenvolvimento
experimentado pelo País nas últimas décadas.
Graças à incorporação de seus elevados padrões de qualidade e
gerenciamento, fomos capazes de dar o salto necessário à modernização e à
difusão de conhecimentos que beneficiou, direta ou indiretamente, quase todos os
setores da economia.
Nesse contexto, maior não poderia ser nossa satisfação ao participar desta
sessão de homenagem ao Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para
Veículos Automotores — SINDIPEÇAS pelos seus 50 anos.
Poucas organizações similares ofereceram tamanha contribuição ao
aperfeiçoamento da indústria brasileira. Seus associados têm demonstrado rara
capacidade de luta e conseguiram transformar em realidade o que, na década de 50,
parecia um sonho inatingível. O que antes era uma associação de classe tornou-se
uma entidade sindical reconhecida pelo Ministério do Trabalho, que atualmente
representa cerca de 95% da indústria de autopeças instalada no Brasil.
Hoje o setor emprega cerca de 170 mil pessoas, reunidas em mais de 500
fábricas espalhadas por todo o País. O SINDIPEÇAS representa empresas que
faturam cerca de 11 bilhões de dólares por ano, exportando 4 bilhões para mercados
exigentes, como o norte-americano, que é o maior comprador externo de peças
brasileiras. O constante treinamento e a qualificação de mão-de-obra são motivos de
orgulho e têm proporcionado benefícios que excedem os retornos imediatos de
produtividade.
Não resta dúvida de que há muito terreno para avançar. Nos últimos anos, foi
observada redução significativa da participação de empresas nacionais no setor.
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Trata-se de um movimento que reflete a maior exposição do mercado doméstico à
concorrência e também uma tendência à concentração verificada no mercado de
modo geral.
Esse fato mostra que o constante acréscimo de tecnologia aos veículos irá
exigir, cada vez mais, competência e capacidade de adaptação. Um cenário no qual
a experiência adquirida ao longo de tantos anos será de grande valia aos
empresários.
É importante lembrar que quando surgiram as primeiras fábricas no País um
dos grandes desafios era justamente conquistar a confiança do consumidor, cético,
inicialmente, em relação à qualidade dos produtos. Era um tempo em que produtos
importados eram sinônimo de qualidade superior — preconceito este que, pouco a
pouco, foi sendo desfeito, demonstrando a fidelidade da grande maioria dos
motoristas aos carros produzidos dentro do País. Nesta última década, ocorreu uma
inversão. O produto nacional conquistou o mercado internacional. Atualmente, cerca
de 90% do que é investido vêm de empresas de capital total ou majoritariamente
estrangeiro.
O momento é bem diferente, mas, sem dúvida, enfrentaremos, num futuro
próximo, desafios semelhantes àqueles vividos nos primórdios do SINDIPEÇAS. O
Brasil precisa superar os gargalos financeiros e estruturais que o impedem de
crescer, o que vai exigir um novo desenho nas relações com o mercado
internacional.
Maior produtividade, maior volume de exportações e maior liberdade em
relação ao capital especulativo são precondições ao crescimento auto-sustentado
que todos desejam, e para o qual o setor de autopeças tem muito a contribuir.
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Sr. Presidente, não resta dúvida de que a indústria nacional está pronta para
dar um novo salto qualitativo. Basta que seja estabelecido o ambiente de
estabilidade e confiança que torne atrativos novos investimentos.
E se vamos iniciar um novo ciclo de nossa história, nada melhor do que poder
contar com a experiência e a competência de quem esteve tão presente no ciclo que
agora se encerra.
Todos os empresários brasileiros sabem que o SINDIPEÇAS é um dos
maiores exemplos de que a iniciativa privada é uma vocação nacional. A todos que
contribuíram e contribuem para o sucesso dessa grande e sólida instituição,
deixamos registrados, em nome do PMDB, nossa estima, admiração e votos de que
continuem tendo sucesso.
Obrigado. (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Gonzaga Patriota) - A Presidência registra a presença
dos Srs. El Khalfi Najib, Conselheiro Econômico da Embaixada do Marrocos; Mário
Baptista, Presidente do SICAP; Carlos Eduardo Cruz de Souza Lemos, Gerente de
Relações Governamentais e Institucionais da Chrysler e Mercedes-Benz; e Frederico
dos Ramos, 2º Vice-Presidente da ANDAP.
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O SR. PRESIDENTE (Gonzaga Patriota) - Concedo a palavra, para falar pelo
PFL, ao Deputado Eduardo Sciarra.
O SR. EDUARDO SCIARRA (PFL-PR. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Deputado Gonzaga Patriota, autor do requerimento; Sr. Dettloff von
Simson, Presidente em exercício do SINDIPEÇAS; Sr. Mário Milani, Vice-Presidente
do SINDIPEÇAS; Sr. Pedro Quaresma, Presidente da ANDAP, Sr. Benedicto
Kubrusly Junior, Diretor Regional do SINDIPEÇAS no Paraná; Sras. e Srs.
Deputados, membros do setor, senhores e senhoras, é uma grande honra participar,
em nome do PFL, da merecida homenagem que esta Casa hoje presta ao Sindicato
Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores — SINDIPEÇAS,
por ocasião do seu cinqüentenário.
O SINDIPEÇAS é uma das mais fortes associações sindicais do território
nacional. No ano passado, o grupo de empresas representadas por ele faturou 11
bilhões de dólares, empregou 170 mil trabalhadores e exportou 4 bilhões de dólares
para mercados exigentes como o norte-americano, o principal comprador das
autopeças fabricadas no Brasil.
Por trás dessa história de sucesso há 5 décadas de luta contra as
adversidades e de investimento maciço no aperfeiçoamento dos processos
produtivos. Exemplo disso é a qualidade das operações realizadas pelas empresas
que integram o SINDIPEÇAS — todas elas são elaboradas e desenvolvidas
segundo critérios de normas técnicas e de qualidade.
Quando foi fundada a Associação Profissional da Indústria de Autopeças para
Automóveis e Similares, em São Paulo, embrião do que viria a ser o SINDIPEÇAS, a
indústria automobilística nacional era um sonho distante e os produtores pioneiros
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de autopeças considerados visionários. A incipiente indústria de autopeças do Brasil
voltava-se para o mercado de reposição para veículos importados e tinha de
disputar credibilidade com as peças originais.
A Primeira Mostra da Indústria Nacional de Autopeças, inaugurada pelo
Presidente Getúlio Vargas no saguão do Aeroporto Santos Dumont, em janeiro de
1953, foi um marco na história do setor. O evento reuniu cerca de 400 fabricantes,
em 143 estandes, teve repercussão internacional e contribuiu decisivamente para a
criação do SINDIPEÇAS, 9 meses depois.
A existência de um setor de autopeças nacional forte e organizado foi
fundamental nas décadas após a guerra, quando os fabricantes nacionais de
autopeças garantiram a operação da frota, substituindo importações, contribuindo
para o desenvolvimento de tecnologia nacional e lançando as bases para a vinda de
grandes montadoras para o País.
Cinqüenta anos depois a indústria de autopeças, inicialmente concentrada em
São Paulo, está presente em vários Estados, com destaque para Minas Gerais,
Bahia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e, especialmente, o Estado do Paraná,
que na última década se transformou no segundo pólo automotivo do País.
Seguindo o rastro das grandes montadoras, aportaram no Paraná, o Estado
que represento, mais de 50 fornecedores sistemistas, responsáveis pelo
abastecimento direto das montadoras. Este grupo de empresas promoveu um salto
de qualidade entre outros tantos fornecedores. A implantação do pólo automotivo do
Estado do Paraná como estratégia da diversificação do perfil agroindustrial balizou
um processo de grande transformação econômica e social, agregando enorme
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cadeia de fornecedores de peças e componentes, e representou um salto
tecnológico com a chegada de Renault e da Audi/Volkswagen.
Para se ter uma dimensão, o Paraná, em 1998, participava com 0,63% na
produção de veículos leves. Em 2002 esta participação já foi de 11%. Como
Secretário de Estado da Indústria e Comércio, nas gestões do Governador Jaime
Lerner, pude testemunhar e me envolver diretamente nas grandes transformações
ocorridas no Paraná, por meio de persistente trabalho de convencimento, de ações
de parceria para a qualificação de pessoal, enfim, de criação de ambiente propício
aos investimentos.
Certamente o SINDIPEÇAS tem seu destino associado ao desenvolvimento
do Paraná. Para se ter uma idéia, no primeiro semestre de 2003, o setor automotivo
foi responsável pelo segundo maior superávit da balança comercial do Paraná.
Pudemos crescer este ano com o superávit de 1,74 bilhões, no primeiro semestre,
passando a ser o terceiro maior superávit na balança comercial do País nas
exportações.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, hoje, quando nos reunimos para
prestar esta justa homenagem ao SINDIPEÇAS, por seus 50 anos de existência,
quero saudar, em nome do PFL, cada um dos membros desta pujante associação
sindical.
Faço especial reverência à memória de seus pioneiros, empreendedores que
acreditaram na indústria automobilística nacional numa época em que isso parecia
utópico projeto e que contribuíram significativamente para criar as bases que
tornariam esse sonho realidade.
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Desejo ao SINDIPEÇAS que persevere na sua bem-sucedida trajetória, não
traindo jamais o espírito de seus fundadores: corajoso, arrojado e comprometido
com os mais legítimos interesses nacionais.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Gonzaga Patriota) - A Mesa agradece ao eminente
Deputado Eduardo Sciarra.
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O SR. PRESIDENTE (Gonzaga Patriota) - Registro a presença do Sr. Tadeu
Morais de Sousa, 3º Vice-Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo,
Mogi e Região; da Sra. Ana Luísa Tavares Paranhos, da Federação Nacional de
Distribuição de Veículos Automotores; do Sr. William Mufares, Secretário-Geral do
SINDIPEÇAS; do Sr. Paschoal L. Franco Innechi, das Relações Institucionais da
FECOMÉRCIO; do Sr. Baciclides Basso Junior, advogado da World Business
Consultores Ltda.; do Sr. Felipe C. Rovera, Diretor de Compras JV-Fiat/GMB
Logísticas para a América Latina.
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O SR. PRESIDENTE (Gonzaga Patriota) - Concedo a palavra ao nobre
Deputado Augusto Nardes, que falará pelo Partido Popular, ou melhor, pelo Partido
Progressista. S.Exa. dispõe de 5 minutos.
O SR. AUGUSTO NARDES (PP-RS. Sem revisão do orador.) - Obrigado pela
correção, caro amigo Gonzaga Patriota. Queremos ser um dia popular, mas, por
enquanto, somos progressistas. Quem sabe se no futuro teremos um partido
consolidado. Nunca mudei de partido, mas meu partido já mudou de sigla 5 vezes.
Talvez daí o engano do nobre Deputado.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, senhoras e senhores convidados, é
uma satisfação estar aqui.
Cumprimento o Deputado Gonzaga Patriota pela iniciativa desta homenagem
à indústria de autopeças, setor gerador de empregos, questão social a que o nobre
Deputado é muito sensível. Aliás, todos nós de vida pública sabemos que o maior
desafio deste século, quiçá deste milênio, é a geração de empregos. O
SINDIPEÇAS, portanto, desempenha importantíssimo papel.
Desejo saudar o Sr. Hugo Ferreira, Vice-Presidente da
ABIPEÇAS/SINDIPEÇAS, juntamente com todos os líderes de âmbito nacional da
instituição.
Tanto no Brasil quanto no restante do mundo industrializado, desde o século
passado, estabeleceu-se estreita relação entre a saúde econômica de um país e a
força de sua indústria automotiva — com certeza há profunda ligação entre a força
econômica e a indústria automotiva.
O setor de autopeças no Brasil, organizado pelo Sindicato Nacional da
Indústria de Componentes para Veículos Automotores, operou verdadeira revolução
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em nossa economia. V.Sas. são, portanto, responsáveis pela mudança do perfil do
País.
A instalação de indústrias de autopeças e montadoras no Brasil causou forte
impacto na nossa vida financeira. A conseqüência disso foi certamente muito
importante, política e socialmente, com reflexo na geração de milhares empregos.
No entanto, nobres Parlamentares, a trajetória desse segmento não foi fácil.
Períodos de incertezas ameaçaram à sobrevivência de muitas indústrias de pequeno
e médio porte. Como disse, recentemente, o Presidente do SINDIPEÇAS, Paulo
Roberto Rodrigues Butori — a quem rendo sinceras homenagens pela condução
proficiente de seu mandato — a história do sindicato “tem sido marcada por
verdadeira guerra contra as adversidades”.
Uma dessas fases de expectativas, por exemplo, foram os anos pós-guerra,
em que fábricas viram-se intimidadas diante das perspectivas de uma política
temerária de retomada de importações.
Ouvi o representante do Partido dos Trabalhadores fazer alusão ao
Presidente Lula. Certamente, se não fosse o setor de autopeças, talvez não
tivéssemos hoje um Presidente, que se fortaleceu e nasceu dentro do movimento.
Até nesse sentido, houve contribuição política para o País.
E desejo fazer menção especial ao Presidente do SINDIPEÇAS, Paulo
Roberto Rodrigues Butori, com quem tivemos vários contatos para discutir assuntos
de grande importância para o País. Como um dos articuladores do REFIS na
Câmara dos Deputados, recordo-me das vezes em que o Paulo Butori esteve em
contato conosco, ou por meio do seu Secretário-Geral, William Mufares, presente
entre nós, para que, por meio da Frente Parlamentar da Micro, Pequena e Média
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Empresa, que presidimos na Câmara dos Deputados, pudéssemos negociar e
conseguir o chamado REFIS. Com certeza, o SINDIPEÇAS foi uma das principais
instituições que ajudou a estabelecer o REFIS no Brasil. Hoje, resultado do chamado
PAS Parcelamento, chega a meio milhão o número de empresas que entraram no
REFIS. Isso mostra o difícil quadro econômico brasileiro. Mas apesar de todas as
dificuldades, mesmo com todos os planos que houve no Brasil, planos econômicos,
o SINDIPEÇAS resistiu e o setor de peças conseguiu estabelecer importantes
momentos para a economia.
Outro momento decisivo, outra demonstração da versatilidade da indústria
nacional, foram as crises vivenciadas pela Rússia e pelos Tigres Asiáticos, que
impuseram ao setor o desafio de lidar com a queda nos volumes de produção, os
aumentos de matéria-prima e as margens de lucro insistentemente negativas.
Recordo-me dos vários momentos em que nós, Parlamentares, fomos
procurados para tentar encontrar uma saída para essa questão.
Naqueles momentos críticos, Sr. Presidente, o SINDIPEÇAS teve papel
decisivo na defesa do setor. Tratou logo de estabelecer relações com o Poder
Público, no intuito de disponibilizar mecanismos de salvaguarda para os produtos
nacionais; lutou para horizontalizar a produção industrial; acompanhou atento cada
passo da implantação da indústria automobilística; posicionou-se contra a
desnacionalização do setor; e, finalmente, aproximou-se das montadoras para,
juntos, participarem das decisões do Governo.
De lá para cá, apesar dos muitos altos e baixos, a indústria nacional
consolidou-se e passou a ocupar papel de destaque entre os principais produtores
mundiais de autopeças.
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Hoje, Sr. Presidente, temos muito a comemorar. O SINDIPEÇAS representa
um grupo de empresas que fatura cerca de US$ 11 bilhões por ano, exporta US$ 4
bilhões e emprega 170 mil trabalhadores em vários Estados brasileiros. Mais do que
números, temos a comemorar o desenvolvimento da tecnologia nacional e a
existência de um parque local de autopeças que lançou as bases das grandes
corporações de montadoras em nosso País.
As façanhas do SINDIPEÇAS não param por aí. Possui propostas inovadoras
para incrementar o setor automobilístico — responsável por 11% do PIB — e planos
emergenciais para reaquecer a capacidade produtiva. A principal proposta é a do
Carro Próprio que, com o apoio do Banco do Brasil ou da Caixa Econômica Federal,
destinar-se-á a famílias com renda entre 5 e 10 salários mínimos, resultando num
aumento de 210 mil veículos ao ano no mercado. Outra aposta da entidade é o
Projeto de Renovação da Frota, plano que agregaria até 200 mil carros novos no
médio prazo.
Nobres colegas, neste momento tão oportuno de constatação das meritórias
realizações do SINDIPEÇAS, gostaria também de dirigir louvores a alguns dos seus
fundadores e presidentes: Alberto de Mello, Vicente Mammana Netto, Rubens de
Camargo Vidigal, Ramiz Gattás, Luís Eulálio Bueno Vidigal Filho, José Mindlin, Luiz
Rodovil Rossi, entre outros exemplos de dedicação. Ressalto também, de forma
muito especial, o trabalho realizado pelo segmento no Estado de Santa Catarina,
através dos diretores regionais Jamiro Wiest e Daniel Camilotti.
Portanto, a Liderança do PP parabeniza o SINDIPEÇAS pelo seu
qüinquagésimo aniversário, reconhecendo o esforço e a coragem de um sindicato
que conseguiu, a duras penas e num longo aprendizado, impulsionar o segmento de
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autopeças e que contribuiu para a indústria nacional atingir a elevada competência
que hoje lhe é inerente. Com uma produção diversificada, apta a atender a todas as
montadoras radicadas no Brasil, a produção brasileira de autopeças mostra-se
capaz de suprir as necessidades e exigências de qualquer mercado.
Devemos, portanto, comemorar esta data histórica, e esperamos fazê-lo daqui
a 50 anos com uma carga tributária menor. Se quisermos que o SINDIPEÇAS
chegue aos 100 anos, não podemos aceitar essa carga tributária, que, a meu ver,
representa uma voracidade fiscal. Se não mudarmos esse perfil, talvez não
possamos comemorar mais 50 anos com o SINDIPEÇAS. Certamente, haverá um
SINDIPEÇAS multinacional ou muito mais internacional do que hoje.
A taxa de juros, portanto, tem de diminuir; a carga tributária não pode chegar
a 42% do Produto Interno Bruto, como previsto. Estamos nesta Casa para votar
contra quando se apresentarem propostas como essas, assim como votei contra a
Reforma Tributária. Mas temos de pressionar para, através do diálogo com o
Governo, estabelecer parâmetros que possam viabilizar a permanência do setor de
autopeças brasileiro. Para isso acontecer, certamente 2 ingredientes, a carga
tributária e a taxa de juros, devem ser alterados. Do contrário, não teremos
capacidade de competir internacionalmente.
Mesmo assim, o SINDIPEÇAS, como já dissemos, é hoje responsável por
11% do Produto Interno Bruto, mas boa parte dele é destinado a pagar impostos, o
que inviabiliza a geração de empregos. Quanto mais tributos, menos empregos;
quanto mais carga tributária, mais informalidade; quanto mais impostos, menos
distribuição de renda.
Tenho confiança de que podemos mudar o Brasil.
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Deixo o meu abraço a todos os senhores, heróis deste País, pois têm
coragem de, como empreendedores, dar a face para apanhar e colocar seus
patrimônios para gerar empregos. V.Sas. merecem o reconhecimento da Câmara
dos Deputados. Quem empreende e gera empregos neste País merece ser
respeitado e tratado de forma diferenciada.
Recebam do Partido Progressista a nossa homenagem pelos 50 anos do
SINDIPEÇAS.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Gonzaga Patriota) - Agradeço ao eminente Deputado
Augusto Nardes as palavras.
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O SR. PRESIDENTE (Gonzaga Patriota) Registro a presença de José
Ronaldo Campos, Gerente de Brasília de Relações Governamentais; Jorge C.
Schertel, Diretor do SINDIPEÇAS; Hugo Ferreira, Vice-Presidente da
ABIPEÇAS/SINDIPEÇAS; Gesner José de Castro, representante da Chrysler e
Mercedes-Benz; Maria das Graças Paula de Salles, Assessora Parlamentar, da
Secretaria Extraordinária de Relações Institucionais entre Poderes — SERIN.
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O SR. PRESIDENTE (Gonzaga Patriota) - Com a palavra o nobre Deputado
Vittorio Medioli, pelo PSDB.
O SR. VITTORIO MEDIOLI (PSDB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Presidente em exercício do SINDIPEÇAS,
Dettloff von Simson Junior, em nome de quem cumprimento todos os presentes e
dirigentes do SINDIPEÇAS, é uma honra ter recebido, por parte do PSDB, a
incumbência de representá-lo nesta solenidade.
Na homenagem alusiva aos 50 anos de trabalho do Sindicato Nacional da
Indústria de Componentes para Veículos Automotivos, o PSDB enaltece o empenho,
a dedicação, a consciência e a contribuição da entidade, no sentido do
aperfeiçoamento do setor e da obtenção dos resultados alcançados em termos de
qualidade e produtividade, favorecendo assim a economia, os consumidores, a
sociedade e o progresso geral do País.
Comprometido com uma moderna visão empresarial, o SINDIPEÇAS
responde, inclusive, por relevantes iniciativas e benefícios de caráter social.
Justifica-se, pois, plenamente o ânimo com o qual se celebra o cinqüentenário
do SINDIPEÇAS, cuja história comprova a dimensão das realizações do setor e
sustenta a confiança na continuidade de um trabalho louvável e extremamente
consciente acerca das grandes responsabilidades da indústria em relação à geração
de empregos, ao abastecimento do mercado de autopeças e ao processo de
desenvolvimento nacional.
Cumpre parabenizar, a propósito, o empenho demonstrado pelos dirigentes
do SINDIPEÇAS para evitar demissões, buscando alternativas que visam a manter o
nível atual de emprego, um dos maiores desafios do País. Mesmo com o Brasil e a
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economia enfrentando muitas condições variáveis e adversas, o setor de
componentes para veículos automotores, como mostra pesquisa conjuntural, vem
conservando, em 2003, mês a mês, uma situação de estabilidade dos índices de
emprego.
Ressalte-se ainda o papel de coordenação e intermediação de acordos,
gestões e encontros, em defesa dos principais interesses das empresas associadas,
vencendo obstáculos e promovendo uma série de avanços notáveis a favor da
indústria brasileira.
Tudo isso se deve à competência, ao elevado senso de responsabilidade e à
experiência acumulada pelo SINDIPEÇAS, que saberá honrar seus compromissos e
se manter como o instrumento atuante que precisa e deve ser, como fator
imprescindível de integração, harmonização e defesa de interesses, atentos aos
direitos dos trabalhadores e ao desenvolvimento industrial.
Cabe aqui também ressaltar a responsabilidade social num sentido mais
amplo que o SINDIPEÇAS tem mantido, sobretudo em relação à qualidade de vida
dos seus empregados. Nota-se, com grande satisfação, que a procura de empregos
é sempre crescente junto às empresas que integram o SINDIPEÇAS, pela
qualidade, pela harmonização interna.
Falo não apenas na condição de Parlamentar e representante do PSDB, mas
também na de empresário do setor. Tenho uma empresa atuante em Minas Gerais,
que fornece a várias montadoras e inclusive exporta hoje de forma crescente para
muitos continentes.
Ressalto a necessidade de o setor ter tratamento mais atencioso por parte do
Governo no que tange à carga tributária. Temos hoje uma carga que é bem superior
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à de outros países. O setor automotivo é fundamental para o equilíbrio de um país e
não pode correr o risco de ser asfixiado, sobretudo com todo o potencial que temos
hoje no Brasil para alcançarmos a produção de 3 milhões de veículos automotores e
de nos firmarmos em âmbito internacional como um dos maiores produtores
mundiais.
Todo esse potencial precisa efetivamente de apoio, precisa ser alavancado
por uma política consciente e que entenda que esse setor é fundamental para o País
e para o desenvolvimento de tecnologia. Inclusive, hoje nós dominamos plenamente
a tecnologia, graças, sobretudo, ao esforço efetuado pelo SINDIPEÇAS ao longo
dos últimos anos, pelos investimentos ou pela vontade de não perder o passo com
as melhores tecnologias mundiais. Atualmente, o Brasil é um exemplo bem-sucedido
nesse sentido. Precisa, portanto, de todo o nosso apoio.
Para concluir, Sr. Presidente, ressalto que projetos, metas, organização,
planejamento e padrão de qualidade são questões fundamentais do SINDIPEÇAS.
Portanto, nossos parabéns ao SINDIPEÇAS e nossa confiança no contínuo
fortalecimento e crescimento da indústria de autopeças no Brasil.
Muito obrigado. (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Gonzaga Patriota) - Concedo a palavra ao Deputado
Reinaldo Betão, que falará em nome do Partido Liberal.
Antes, porém, registro a presença do Sr. Sérgio Camargo, Assessor
Parlamentar da Polícia Rodoviária Federal.
O SR. REINALDO BETÃO (Bloco/PL-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Presidente do SINDIPEÇAS, ao
homenagearmos o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos
Automotores pelos seus 50 anos, destacamos também meio século da civilização do
automóvel em nosso País.
Para entender o que significa civilização do automóvel temos de compreender
a brutal urbanização ocorrida nestes 50 anos, especialmente de 1956 a 1960,
quando Juscelino Kubitschek, o último Presidente eleito com uma plataforma
claramente desenvolvimentista, parece, de fato, ter consolidado o meio século
seguinte em apenas 5 anos de mandato.
Rodovias como a Belém—Brasília, a Indústria Nacional de Automóveis e a
interiorização da Capital foram medidas que, com certeza, impulsionaram não só o
setor automotivo, mas também toda uma nova concepção das cidades brasileiras,
ainda hoje regidas pelo paradigma do transporte individual motorizado.
O SINDIPEÇAS representa 95% de toda a indústria de autopeças instalada
no Brasil, nacional e multinacional. Todos os seus membros comprometem-se a
seguir os padrões de qualidade do ISO 9001-2000. Trata-se de um compromisso
importante, tornando cada indústria responsável não só pela fração do automóvel
que ela produziu, mas também pela qualidade do automóvel como um todo.
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A presidência, as vice-presidências e as diretorias do SINDIPEÇAS são
eleitas por votos diretos dos associados. Consultores de diversas áreas assessoram
esses cargos políticos, tornando-os aptos a discutir com representantes de
Governos e empresários do Brasil ou do exterior diversos tópicos referentes à
indústria automobilística e tudo o que ela significa, em termos de infra-estrutura e
industrialização.
O SINDIPEÇAS firma acordos de cooperação tecnológica com entidades
congêneres em todos os países, com indústria automobilística ativa e dá apoio
técnico ao Executivo brasileiro na definição de acordos comerciais com países e
blocos econômicos.
O diagnóstico da indústria automotiva do Brasil e do MERCOSUL, feito pela
consultoria Booz-Allen & Hamilton, é coordenado pelo SINDIPEÇAS. Há, inclusive, a
possibilidade de uma empresa comparar seu desempenho com o desempenho das
outras, podendo detectar defasagens e reduzir custos.
O lado negativo de tanta coordenação, e que deve ser fiscalizado pelos
Poderes da República — como tem sido — é a possibilidade de formação de um
cartel. O positivo é a coibição da falsificação e do contrabando de autopeças, bem
como o acompanhamento e a defesa do processo de inspeção veicular obrigatória.
O Estado brasileiro, pesadamente endividado, e incapacitado de investir em
si próprio, desde a redemocratização seguiu a vontade expressa nas urnas, e
retirou-se, cada vez mais, do planejamento econômico. Hoje, quem faz previsões
detalhadas para a produção automobilística não só do Brasil, mas também da
Argentina, é o SINDIPEÇAS.
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Graças às informações de nosso homenageado, são atendidos os interesses
não só das empresas do setor, mas também do Estado, que conta com um aliado
poderoso no esforço pelo crescimento econômico e pelo crescimento das
exportações.
Se as empresas construtoras de estradas fossem congregadas num sindicato
análogo ao SINDIPEÇAS, talvez a eterna questão da má conservação das estradas
brasileiras pudesse ser resolvida com a simples coordenação de uma Agência
Nacional de Transportes, diminuindo bastante as atribuições do Ministério dos
Transportes.
Qualquer que seja o modelo a ser adotado nestes tempos de mudança de
paradigmas, o SINDIPEÇAS terá, com certeza, papel fundamental no diálogo
continuamente travado entre eleitores, Governo e iniciativa privada.
Nos primeiros anos de Brasília, eventualmente era mais barato importar por
via aérea as refeições dos hóspedes do Hotel Nacional: no mesmo vôo vinham os
viajantes e as criações dos restaurantes cariocas. Também por via aérea vieram o
cimento e o asfalto usado na construção do Catetinho, primeira residência oficial da
nova Capital.
Bastam esses exemplos para mostrar como as rodovias e os veículos
integraram, baratearam e tornaram mais autônoma a vida dos moradores das
regiões distantes do litoral brasileiro. O SINDIPEÇAS foi protagonista de boa parte
desse processo.
Que os próximos 50 anos sejam tão significativos e plenos de mudança
quanto os 50 que já se passaram, senhoras e senhores. (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Gonzaga Patriota) - Concedo a palavra ao Sr.
Deputado Cláudio Magrão, pelo PPS.
O SR. CLÁUDIO MAGRÃO (PPS-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Deputado Gonzaga Patriota; Sr. Vice-Presidente do SINDIPEÇAS, na
pessoa de quem cumprimento o Presidente Paulo Butori, que infelizmente não está
presente; Srs. Deputados; senhores empresários, companheiras e companheiros,
somos um País com ainda pouca tradição na história de suas entidades de
representação de classe, sejam elas públicas ou privadas. Nosso processo de
industrialização se intensificou a partir dos anos 30 do século passado, com a
substituição de importações. Assim, poucas são, entre nós, as entidades com uma
trajetória de vida que consolidem algumas décadas de existência, e ainda mais raras
aquelas que conduziram esta trajetória com o objetivo de construir um país melhor e
mais produtivo, com geração de empregos e produção de riquezas.
Assim, não podemos deixar de fazer referência ao Jubileu de Ouro do
Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores —
SINDIPEÇAS, comemorado hoje em sessão solene nesta Casa.
Embora os dados referentes ao mercado de trabalho indiquem, desde as
últimas décadas do século passado, uma clara tendência de crescimento das taxas
de desemprego, de precarização das relações de trabalho e de encolhimento do
setor industrial, tanto no que se refere ao percentual da população economicamente
ativa empregada no setor secundário, quanto à participação deste setor na formação
da renda nacional, o SINDIPEÇAS emprega, atualmente, cerca de 250 mil
trabalhadores só no Estado de São Paulo.
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São 50 anos de grandes investimentos nesse setor, de fundamental
importância para a nossa economia e com grande concentração de postos de
trabalho.
Relembramos aqui o esforço do SINDIPEÇAS quando, em meados da crise
de 1997, sentou-se à mesa de negociações e fechou acordo para a manutenção de
8 mil empregos. Se, de um lado, esse acordo implicou redução da jornada de
trabalho com a respectiva redução salarial, por outro, garantiu emprego para 8 mil
metalúrgicos e retardou os catastróficos efeitos da retração das atividades deste
setor.
Como metalúrgico, oriundo de uma região onde o setor de autopeças é
majoritário, e como negociador, durante muitos anos, no Sindicato dos Metalúrgicos
de Osasco, agora atuando também juntamente à Federação dos Metalúrgicos do
Estado de São Paulo — e neste evento há companheiros que representam a Força
Sindical —, pude participar como interlocutor do SINDIPEÇAS em muitas
campanhas salariais. Sou testemunha da participação ativa desse setor no processo
negocial e no seu empenho em firmar acordos que expressassem as possibilidades
de nossa realidade. O SINDIPEÇAS muito fez pela grandeza do nosso País.
Nós, metalúrgicos, sabemos que o Governo Federal tem de investir muito
para retirar pequenas e microempresas de autopeças da situação de dificuldade em
que se encontram, a fim de que se possa trazer o nível de emprego para o patamar
que o Brasil necessita. Uma das metas do companheiro Lula, metalúrgico que
chegou à Presidência da República, é chegar aos 10 milhões de empregos até o
final do seu mandato.
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Com estas palavras, o PPS parabeniza o SINDIPEÇAS por seus 50 anos.
Que nas próximas décadas esse setor possa voltar a empregar um contingente
expressivo de metalúrgicos e trazer o progresso para a nossa Nação. É disso que os
empresários e os trabalhadores brasileiros necessitam. (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Gonzaga Patriota) - Esta Presidência registra a
presença da Dra. Edmara Claudino dos Santos, Assessora Parlamentar da CNT.
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O SR. PRESIDENTE (Gonzaga Patriota) - Com a palavra o Sr. Deputado Dr.
Evilásio, pelo PSB. S.Exa. dispõe de 5 minutos.
O SR. DR. EVILÁSIO (PSB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
meu companheiro de partido, Deputado Gonzaga Patriota, Sras. e Srs. Deputados,
senhores diretores do SINDIPEÇAS, membros do sindicato, senhores convidados,
é com grande honra que, em nome do PSB, participo desta solenidade em que se
comemoram os 50 anos dessa entidade que representa nada menos que 95% da
indústria de autopeças atualmente instalada no Brasil. Refiro-me ao Sindicato
Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores — SINDIPEÇAS,
que começou suas atividades em 15 de setembro de 1953, cuja ação pioneira e
ousada contribuiu sobremaneira, como uma importante base, para a implantação da
indústria automobilística no País 3 anos depois de sua fundação.
Uma das características responsáveis pelo sucesso do SINDIPEÇAS é o
primor pela qualidade dos serviços e produtos oferecidos aos seus associados. E
esse diferencial ficou evidenciado mesmo antes de sua fundação oficial, com a
notoriedade que seus produtos ganharam quando de sua primeira exposição no Rio
de Janeiro, que aconteceu no saguão do Aeroporto Santos Dumont, com a
participação de 400 outros fabricantes, em sua grande maioria pequenos
empreendedores que se fizeram representar, na época, por 143 estandes. O
sucesso alcançado naquele evento foi tão flagrante que, apenas 9 meses depois,
essa entidade se firmou no cenário nacional, conseguindo reunir em seu início os
fabricantes paulistas que representavam mais de 90% do setor.
Hoje, meio século depois, o SINDIPEÇAS, com sede em São Paulo, possui
representações regionais através de suas diretorias nos Estados de Minas Gerais,
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Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Bahia, além de um
escritório nesta Capital. E continua deixando evidente a sua constante preocupação
e compromisso com seus associados e clientes, através da constante e ininterrupta
busca pela excelência na elaboração e desenvolvimento de seus produtos,
atividades e serviços, dentro dos padrões do Sistema de Qualidade, estabelecido de
acordo com os critérios da NBR ISO 9001.
Entre as várias e importantes atividades desenvolvidas pelo SINDIPEÇAS
para a indústria automobilística nacional não posso deixar de destacar sua vital
participação nos acordos de cooperação tecnológica com entidades de classe em
vários países; no serviço de apoio tecnológico ao Governo Federal quando da
definição de acordos comerciais com países e blocos econômicos; na coordenadoria
do diagnóstico da indústria automotiva do Brasil e do MERCOSUL feito pela
consultoria Booz-Allen & Hamilton e do projeto @utoBench, que tem como finalidade
a comparação do seu desempenho no mercado e a conseqüente redução de custos
ao consumidor. Igualmente importante é a sua participação na comissão formada
por várias entidades para criar ações que coíbam a falsificação e o contrabando de
autopeças e seu acompanhamento, assim como a conseqüente defesa do processo
de aprovação da inspeção veicular obrigatória. Isso para não falar que ficou sob sua
responsabilidade uma detalhada elaboração de previsões da produção
automobilística no Brasil e na Argentina nos próximos 5 anos, além da confecção de
relatórios com os principais dados estatísticos do setor de autopeças.
Também não posso esquecer de citar sua competente coordenação nas
várias comissões e grupos de trabalho que têm como objetivo atender a interesses
de cerca de 500 empresas de segmentos bem distintos, bem como a elaboração do
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projeto APEX, além da sua importante participação em encontros mensais e/ou
quinzenais com representantes das maiores empresas do setor, com vistas a
analisar a atual conjuntura do mercado e discutir outros temas que influenciam o
bom desempenho das empresas associadas. Tudo isso feito com o maior
profissionalismo e com total apoio tecnológico, através da informatização e da
instalação de programas de videoconferência na sede e nos seus escritórios
regionais.
Como podemos ver, o empenho, o trabalho e a seriedade são marcas do
SINDIPEÇAS, que se constitui num sindicato bastante atuante. E tanto é assim que
não posso omitir a sua importantíssima iniciativa no atual momento político-
econômico brasileiro, quando lançou a idéia do programa Carro Próprio, que já se
encontra em estudo pelo Governo Lula e que tem como principal objetivo permitir
que as famílias com renda de até 2.500 reais possam adquirir um veículo, cuja
prestação ficaria em torno de 200 reais. Isto, sem dúvida nenhuma, possibilitará
combater a ociosidade do setor, que hoje gira em torno de 40%.
Para finalizar, gostaria de parabenizar o nobre colega, Deputado Gonzaga
Patriota, por requerer esta merecida homenagem, além de congratular-me com toda
a família SINDIPEÇAS, representada por seu Presidente, Sr. Paulo Butori, a quem
desejo êxito à frente dessa entidade tão importante para o desenvolvimento da
indústria automotiva nacional.
Muito obrigado. (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Gonzaga Patriota) - Esta Presidência anuncia, com
muita satisfação, a presença em plenário de Parlamentares do Parlamento da China
que fazem parte da Comissão do Meio Ambiente, acompanhados do Presidente da
Comissão do Meio Ambiente da Câmara dos Deputados, Deputado Givaldo
Carimbão, e dos Deputados Renildo Calheiros, Pastor Reinaldo e Luciano Zica.
Prestamos a nossa homenagem e a nossa solidariedade ao povo chinês, por
intermédio dos eminentes colegas Parlamentares da China.
Aos representantes do SINDIPEÇAS, quero dizer da alegria de a Câmara dos
Deputados ter realizado esta sessão solene em reconhecimento ao sindicato pela
sua qualidade. Aos oradores que aqui se manifestaram e às pessoas que compõem
o SINDIPEÇAS, nossos agradecimentos
Estendemos esta homenagem às montadoras, aos fabricantes de peças, às
metalúrgicas e, principalmente, aos milhões de trabalhadores que distribuem a
riqueza deste País em uma casa de peças, na pequena rua de um pequeno
Município. São eles que realizam esse trabalho e melhoram a qualidade do
SINDIPEÇAS.
Por meio do eminente Presidente em exercício, Dettloff von Simson Junior,
desejamos encaminhar as nossas homenagens ao Presidente Paulo Butori pelo
trabalho que tem feito.
Agradecemos a presença a todos e desejamos que Deus os acompanhe, com
a esperança de que tenhamos, no próximo ano, a inauguração da Casa do
SINDIPEÇAS em São Paulo. (Palmas.)
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V - ENCERRAMENTO
O SR. PRESIDENTE (Gonzaga Patriota) - Nada mais havendo a tratar, vou
encerrar a sessão.
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O SR. PRESIDENTE (Gonzaga Patriota) - Está encerrada a sessão.
(Encerra-se a sessão às 11 horas e 20 minutos.)