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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ DERLI MAURICIO DOS SANTOS EDUCAÇÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL: ESTUDO DE CASO EM UMA SIDERÚRGICA RIO DE JANEIRO 2011

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

DERLI MAURICIO DOS SANTOS

EDUCAÇÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL:

ESTUDO DE CASO EM UMA SIDERÚRGICA

RIO DE JANEIRO

2011

DERLI MAURICIO DOS SANTOS

EDUCAÇÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL:

ESTUDO DE CASO EM UMA SIDERÚRGICA

Dissertação apresentada à Universidade Estácio

de Sá como requisito parcial para a obtenção do

grau de Mestre em Educação. Orientadora:

Profª. Dra. Inês Ferreira de Souza Bragança

RIO DE JANEIRO

2011

DERLI MAURICIO DOS SANTOS

EDUCAÇÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL:

ESTUDO DE CASO EM UMA SIDERÚRGICA

Dissertação apresentada à Universidade Estácio

de Sá como requisito parcial para a obtenção do

grau de Mestre em Educação.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________

Profª. Dra. Inês Ferreira de Souza Bragança

Presidente

Universidade Estácio de Sá

___________________________________________

Profª. Dra. Elisangela Bernado

Universidade Estácio de Sá

___________________________________________

Prof. Dr. André Silva Martins

Universidade Federal de Juiz de Fora

Aos meus pais, irmãs e irmãos, pela tranqüilidade e

certeza de sempre poder contar com todos vocês.

Ao meu filho Luiz Eduardo como exemplo de

superação.

Ao querido padrinho Machado (in memorian) e à sua

querida esposa e minha madrinha Edir, pelo eterno

carinho que têm para conosco.

AGRADECIMENTOS

A Deus pela saúde, força e superação de vários obstáculos. Obrigado Senhor.

À Siderúrgica e a toda sua equipe que permitiram e apoiaram a realização dessa pesquisa no

âmbito da sua organização.

À Profª. Dra. Inês Ferreira de Souza Bragança minha orientadora, pelo incentivo, pelos

saberes, pela paciência, pela segurança e principalmente pela confiança em nós depositada.

Aos professores e professoras da Universidade Estácio de Sá pelos ensinamentos e

compreensão.

Aos professores e colegas do MINTER pelo apoio e oportunidade de caminharmos juntos.

Aos professores Clarete e Cuco pelo incentivo e apoio irrestrito que nos foi disponibilizado.

Aos professores da Metalurgia, pelo incentivo, compreensão e apoio.

E aos demais (são muitos) cujos nomes não foram citados e contribuíram para com o nosso

trabalho, com incentivo, ajuda etc.

EDUCAÇÃO

Educa o terreno e terás o pão farto.

Educa a árvore e recolherás a bênção do fruto.

Educa o minério e obterás a utilidade de alto preço.

Educa a argila e plasmarás o vaso nobre.

Educa a inteligência e atingirás a sabedoria.

Educa as mãos e acentuarás a competência.

Educa a palavra e colherás simpatia e cooperação.

Educa o pensamento e conquistarás a ti mesmo.

Sem o alfabeto anoitece o espírito.

Sem o livro falece a cultura.

Sem o mérito da lição a vida seria animalidade.

Sem a experiência e a abnegação dos que ensinam, o homem não romperia as faixas da

infância.

Em toda parte, vemos a ação da Providência Divina no aprimoramento da Alma Humana

Aqui, é o amor que edifica.

Além, é o trabalho que aperfeiçoa.

Mais adiante é a dor que regenera.

Meus amigos, a Terra é nossa escola milenária e sublime.

Jesus é o nosso Divino Mestre.

O espiritismo, sobretudo, é obra de educação.

Façamos, pois, da educação com o Cristo, o culto de nossa vida, para que a nossa vida possa

educar-se e educar com o Senhor, hoje e sempre.

EMMANUEL

(Página recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier)

SANTOS, Derli Mauricio. Educação ambiental empresarial: estudo de caso em uma

siderúrgica. Rio de Janeiro, 2011, Dissertação (Mestrado em Educação). Programa de Pós-

Graduação em Educação, Universidade Estácio de Sá, 2011.

RESUMO

O presente trabalho procura identificar as concepções e práticas de Educação Ambiental

desenvolvidas no âmbito de uma grande empresa siderúrgica situada em Minas Gerais,

considerando como parâmetro a educação crítica, emancipatória e transformadora,

referenciada pelo ProNEA e pelo TEASS. Nesse sentido, direcionamos questões de estudo

para o Programa de Educação Ambiental – PEA, para as atividades de educação ambiental

praticadas pela referida empresa, bem como para indicar quais os públicos alvos são

contemplados com as respectivas atividades, sendo o público interno os funcionários e o

público externo a comunidade escolar. Pelo caráter singular da pesquisa, a mesma se

desenvolveu por meio de Estudo de Caso, incluindo análise documental, entrevistas semi-

estruturas, questionários e observação participante. As análises sinalizam uma prática de

educação ambiental essencialmente reducionista do meio ambiente, e também, direcionada

somente à comunidade escolar e não ao público interno. Quanto ao Programa de Educação

Ambiental – PEA que supostamente poderia fornecer suporte/sustentação às ações/atividades

de educação ambiental na empresa, o mesmo carece de componentes estruturais e

pedagógicos para contemplar uma concepção e uma metodologia com vistas à transformação

socioambiental dos indivíduos.

Palavras-chave: Educação Ambiental. Educação Ambiental Empresarial. Educação não

formal.

SANTOS, Derli Mauricio. Educação ambiental empresarial: estudo de caso em uma

siderúrgica. Rio de Janeiro, 2011, Dissertação (Mestrado em Educação). Programa de Pós-

Graduação em Educação, Universidade Estácio de Sá, 2011.

ABSTRACT

This work aims to identify the concepts and practices of Environmental Education developed

under a large steelmaking company located in Minas Gerais, considering as a parameter the

critical education, emancipatory and transformative, referenced by ProNEA and TEASS.

Accordingly, there are a formulation of studying questions for the Environmental Education

Programme, along with environmental education activities practiced by this company, and to

indicate which target audiences are aimed with their activities, once the internal public are the

employees and the external public the school community. On the singular research profile, it

has developed through a case study, including document analysis, semi-structures interviews,

questionnaires and participant’s observation. Analyses indicate a practice of environmental

education essentially reductive on the environment, and also directed only to the school

community and not the internal public. As for the Environmental Education Programme,

which supposedly could provide support / support to the actions / activities of environmental

education in the company, it lacks the educational and structural and pedagogic components

to include a layout and methodology with social and environmental transformation of

individuals view.

Keywords: Environmental Education. Environmental Education Business. Non Formal

Education.

LISTA DE SIGLAS

AGENDA JF- Agência de Gestão Ambiental de Juiz de Fora

ALUN - Aluno entrevistado

AM – Entrevistado da AMAC

AMAC - Associação Municipal de Apoio Comunitário

ANPED - Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Educação

CEAM - Centro de Educação Ambiental

COMDEMA - Conselho Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

COPAM - Conselho Estadual de Política Ambiental de Minas Gerais

DN - Deliberação Normativa

DS - Desenvolvimento Sustentável

EA - Educação Ambiental

EAE - Educação Ambiental Empresarial

EAEB - Educação Ambiental Empresarial Brasileira

EASS - Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis

EC - Estudo de Caso

ENTREV – Entrevistado

ESCOLA - Professoras (es) entrevistadas (os)

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente

MA - Meio Ambiente

MMA - Ministério do Meio Ambiente

NBR - Norma Brasileira

ONU - Organização das Nações Unidas

OP - Observação Participante

PEA - Programa de Educação Ambiental

PNEA - Política Nacional de Educação Ambiental

PNMA - Política Nacional do Meio Ambiente

PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

PPP - Projeto Político Pedagógico

ProNEA - Programa Nacional de Educação Ambiental

Q1, Q2, Q3 e Q4 – Questionários

RSC - Responsabilidade Social Corporativa

SEMAD - Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

SGA - Sistema de Gestão Ambiental

SGI – Sistema de Gestão Integrada

SISEMA - Sistema Estadual de Meio Ambiente de Minas Gerais

SISMAD - Sistema Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

T&D - Treinamento & Desenvolvimento

TEASS - Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e

Responsabilidade Global

UBQ - União Brasileira para a Qualidade

UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO 12

1.1 – Apresentação 12

1.2 – A empresa Siderúrgica e a Educação Ambiental 14

2 - A EDUCAÇÃO E A QUESTÃO AMBIENTAL 20

2.1 - O contexto internacional: caminhos percorridos e tensões no campo da

educação ambiental

20

2.2 - A Educação Ambiental no Brasil, em Minas Gerais e em Juiz de Fora:

um olhar dirigido ao foco do estudo

21

3 - EDUCAÇÃO AMBIENTAL TRANSFORMADORA E

SUSTENTABILIDADE: REFLEXÕES SOBRE ABORDAGENS

TEÓRICAS

27

3.1 - Princípios norteadores para Educação Ambiental transformadora e

Sustentabilidade

27

3.2– Paulo Freire e Edgar Morin: necessárias reflexões 30

3.3 - Educação Ambiental 37

3.4 - Desenvolvimento Sustentável 46

3.5 - Educação no contexto Empresarial 50

3.5.1 - Educação Não Formal 51

3.5.2 - Educação Ambiental Empresarial – EAE 53

3.5.3 - Educação Corporativa 59

3.5.3.1 - Problematizando concepções e práticas de treinamento: perspectivas

de educação corporativa

61

4 - ABORDAGEM METODOLÓGICA 65

4.1 - Estudo de Caso 65

4.2 - Referencial Metodológico. 65

4.3 - Trabalho de Campo 67

5 – ANÁLISES DOS DADOS 70

5.1 - Análise Documental 71

5.1.1 - Programa de Educação Ambiental da Siderúrgica 72

5.1.1.1 - Considerações sobre Programa de Educação Ambiental - PEA da

Siderúrgica

74

5.1.2 - Regulamento Prêmio Siderúrgica de Meio Ambiente e

Considerações

75

5.1.3 - Cartilhas do Prêmio Siderúrgica Meio Ambiente 78

5.1.3.1 - “Planeta Terra: O que posso fazer por ele?” – 1992 78

5.1.3.2 - “O Melhor de Mim para o Melhor dos Mundos” - 2003 79

5.1.3.3 - “O Melhor de Mim para o Melhor dos Mundos: O que fiz até agora e

como posso continuar” – 2004

80

5.1.3.4 - “Consumo Consciente para um Mundo Melhor” - 2005 81

5.1.3.5 - “De olho na cidade” – 2007 82

5.1.3.6 - “Entre no Clima! Uma reflexão sobre o aquecimento da terra” - 2008 82

5.1.3.7 - “Alimentação Saudável: Uma lição saborosa” - 2009 83

5.1.3.8 - “Eu, você e o presente da natureza...” - 2010 84

5.1.3.9 - “Idéias para sustentar o mundo” - 2011 85

5.1.3.10 - Considerações sobre o conteúdo das cartilhas 85

5.1.4 - Relatório Empresa/Unidade do Prêmio Siderúrgica de Meio

Ambiente

86

5.1.4.1 - Considerações sobre os conteúdos dos Relatórios Empresa/Unidade

do Prêmio Siderúrgica de Meio Ambiente

87

5.1.5 - Pastas de arquivo dos documentos referentes ao Prêmio Siderúrgica 89

5.1.5.1 - Considerações sobre os conteúdos dos documentos das pastas dos

Prêmio Siderúrgica

90

5.2 - Entrevistas semi-estruturadas 92

5.2.1 - Considerações sobre Entrevista semi-estruturada do grupo “A”:

Gerência de meio ambiente, SGI, Logística, Utilidades, Recursos

Humanos, Comunicação e Casa da Natureza

95

5.2.2 - Considerações sobre Entrevista semi-estruturada do Setor Industrial 105

5.2.3 - Considerações sobre Entrevista semi-estruturada dos Filhos de

Funcionários Premiados.

108

5.2.4 - Considerações sobre Entrevista semi-estruturada de Alunos/Premiados 109

5.2.4.1 - Considerações sobre Entrevista semi-estruturada das

Escolas/Premiadas.

110

5.2.5 - Considerações sobre Entrevista semi-estruturada da AMAC/Pequenos

Jardineiros

117

5.2.6 - Considerações sobre Entrevista semi-estruturada da Professora

Ambientalista

119

5.3 - Observação Participante – OP 126

5.4 – Questionários 133

6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS 137

REFERÊNCIAS 146

APÊNDICE A 154

APÊNDICE B 160

APÊNDICE C 166

12

1 INTRODUÇÃO

1.1 Apresentação

Ações para proteção e preservação do meio ambiente são de fundamental importância

para garantia de uma melhor qualidade de vida. Infelizmente, as agressões ao meio ambiente

são ainda muito freqüentes, urgindo assim diversas ações mitigadoras dos impactos causados.

Acreditamos que a falta de informação, conscientização e, principalmente, a falta da educação

ambiental são fatores decisivos na degradação do meio ambiente.

Pudemos constatar que desde o início de nossa experiência profissional, diversas

empresas contribuem com a poluição do meio ambiente, lançando seus efluentes industriais

de diversas naturezas nos corpos receptores sem qualquer tratamento prévio, causando

contaminação da água, solo e ar. A falta de pessoal qualificado, da educação formal e do

comprometimento de algumas empresas são fatores, ainda hoje, responsáveis pelos mais

variados problemas ambientais.

Preocupado com o descaso dessas empresas com as questões ambientais, procuramos

atuar de maneira séria, promovendo a conscientização e sensibilização das pessoas envolvidas

com as atividades produtivas e poluidoras, desenvolvendo programas para redução do

consumo e do desperdício, e também a descontaminação e tratamento dos efluentes

industriais, com a finalidade de evitar ou minimizar os problemas ambientais de procedência

industrial.

Nesse sentido, Lanna e Trindade (2008) consideram fundamental que as empresas

estabeleçam programas, num conjunto articulado de atividades, orientados para identificar,

disseminar e analisar experiências inovadoras de outras empresas, além de investir em

projetos sociais que contribuam para a promoção do desenvolvimento com igualdade de

oportunidades e valorização das potencialidades locais.

Um programa de Educação Ambiental Empresarial, em consonância com o Sistema de

Gestão Ambiental – SGA1, devidamente implementado nas organizações e representado por

profissional atuante em Educação Ambiental, é de fundamental importância para redução dos

1“É o conjunto de responsabilidades organizacionais, procedimentos, processos e meios que se adotam para a

implantação de uma política ambiental em determinada empresa ou unidade produtiva. É o método empregado

para levar uma organização a manter-se em funcionamento de acordo com as normas estabelecidas, bem como

para alcançar os objetivos definidos em sua política ambiental”(OLIVEIRA et al. 2009, p. 2).

13

problemas ambientais. Nesse sentido, o comprometimento da organização com as questões

socioambientais apresenta-se como uma possibilidade de futuro melhor para o

desenvolvimento sustentável que é a “forma de desenvolvimento que atende as necessidades

da geração atual sem comprometer a possibilidade (ou capacidade) das gerações futuras em

satisfazer as suas” (FOGLIATTI et al. 2008, p. 116).

Prevenção, correção e mitigação são atitudes importantes e indispensáveis para o

alcance do desenvolvimento sustentável. Santos (2010, p. 2) aponta para a necessidade de

“gerir a educação ambiental nas empresas para implementação de ações que garantam o

comprometimento da organização com as questões socioambientais”.

A Educação Ambiental desempenha um papel fundamental no processo de

transformação do homem. Como poderoso e eficiente instrumento de promoção social, ela

deve ser praticada de maneira contextualizada, implicando em mudanças de comportamentos

que possibilitarão a formação plena e reflexiva de cidadãos críticos, devidamente preparados e

comprometidos, capazes de atuar efetivamente na proteção e melhoria do meio ambiente,

conduzindo-os à sustentabilidade. No presente trabalho, tomamos, assim, como referência, a

perspectiva de uma Educação Ambiental crítica, emancipatória e transformadora, sendo esta

abordagem preconizada por autores como Quintas (2000), Carvalho (2008), Layrargues

(2008), Deluiz e Novicki (2004) e Loureiro (2009) com o princípio comum de favorecer a

transformação socioambiental, reduzindo, desta forma, as injustiças e as desigualdades

socioambientais.

Segundo Pedrini (2008, p. 5), a Educação Ambiental Empresarial Brasileira (EAEB) é

ainda limitada às empresas de grande porte e tem se restringido à academia e aos órgãos de

controle ambiental. A EAEB deve ter como referência o Programa Nacional de Educação

Ambiental (ProNEA) que se baseia no Tratado de Educação Ambiental para Sociedades

Sustentáveis e Responsabilidade Global (TEASS) que foi deliberado durante a Rio-92, que

destaca a participação e conscientização dos atores para transformação socioambiental dos

cidadãos, através de uma Educação Ambiental crítica, emancipatória e transformadora.

Várias são as leis que indicam a necessidade da prática da educação ambiental (EA)

não formal (aquela que é realizada dentro da empresa, por exemplo), e, apesar da grande

importância e necessidade da prática da EA nas empresas, Azevedo (2003) considerada um

número reduzido de trabalhos sobre a prática de EA nas organizações privadas, além de

poucas empresas possuírem um Programa de Educação Ambiental (PEA), são poucos os

trabalhos disponíveis.

Considerando que no mundo do capital as empresas visam “primeiramente” o lucro,

14

surgem três interrogações: o que leva uma empresa a praticar EA e ter programas sociais além

da suas obrigações legais? Quais os objetivos e/ou lucro dessas empresas na prática da

Educação Ambiental? Em que medida é possível desenvolver concepções e práticas críticas,

emancipatórias e transformadoras?

1.2 A empresa Siderúrgica2 e a Educação Ambiental

No contexto da problemática e das questões anunciadas, esta pesquisa analisou, por

meio de estudo de caso, a abordagem da Educação Ambiental Empresarial (EAE) praticada

pela indústria Siderúrgica, referência em Educação Ambiental Empresarial – EAE,

verificando em que medida as concepções e práticas aderem à perspectiva emancipatória

presente no Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA) e também ao Tratado de

Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global (TEASS).

Destaca-se, entretanto, que não tivemos a pretensão de esgotar o tema, devido à sua

complexidade, mas consideramos que o estudo da referida indústria, que desenvolve prática

sistemática de Educação Ambiental Empresarial (EAE) pode constituir uma referência de

análise.

A referida Siderúrgica possui o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) implementado e

certificado, em conformidade com a norma ISO 140013, bem como desenvolve a prática da

Educação Ambiental Empresarial por meio de um programa sistemático de formação,

conforme consta nos Relatórios de Sustentabilidade:

[...] além de realizarem programas de treinamento e educação ambiental com

empregados e comunidade. (Siderúrgica - Relatório de Sustentabilidade,

2006, p. 30).

[...] promover projetos permanentes de educação ambiental para os públicos

interno e externo. (ibid., 2008, p. 19).

A Siderúrgica desenvolve programas de educação ambiental em

praticamente todas as suas unidades. (ibid., 2008, p. 33).

[...] promoção da educação ambiental para os públicos internos e externos.

(ibid., 2009, p. 24). [...] programas de educação ambiental nas comunidades

e com seu público interno. (ibid., p. 2009, 36).

2 No lugar do nome da empresa será usada a palavra Siderúrgica.

3 É a norma internacional que trata do Sistema de Gestão Ambiental - SGA, elaborada pela Organização

Internacional para Normalização - ISO, sediada em Genebra, Suíça, e composta por entidades de normalização

de 119 países.

15

[...] internamente, os programas de educação ambiental integram o conjunto

de eventos de capacitação e qualificação dos empregados e são estendidos

aos profissionais das empresas contratadas que atuam nas unidades. (ibid.,

2009, p. 38).

Sendo por isso adequada para nosso estudo de caso.

Na área social, o relatório da Siderúrgica Brasil 2006, a empresa valoriza a interação

com as comunidades, para o desenvolvimento local. Buscando esse desenvolvimento,

prioritariamente, as ações estão direcionadas à educação, pois afirma o relatório: “[...] fator

fundamental para uma sociedade sustentável.” (ibid., 2006, p. 07).

A Siderúrgica, segundo relatório de 2008, recebeu o Prêmio Mineiro de Gestão

Ambiental, concedido pela União Brasileira para a Qualidade (UBQ) às empresas de destaque

no gerenciamento de impactos de suas atividades. A empresa possui o sistema de gestão

ambiental atuante, garantindo conformidade com regulamentos e leis, e, além disso, promove

projetos permanentes de educação ambiental para os públicos interno e externo. (ibid., 2008,

p. 19).

Apesar da grande importância e necessidade da prática da EA nas empresas, são

pouquíssimos os estudos versando sobre educação ambiental praticada nas organizações

privadas. Azevedo (2003, p. 59) relata que, “houve uma intensa busca por empresas da

iniciativa privada que tivessem um programa de educação ambiental voltada para o

empregado dentro do processo produtivo” e poucas foram as empresas que se propuseram a

colaborar com a realização de uma pesquisa acadêmica. Assim, optou-se, portanto, pela

realização da pesquisa por meio de “estudo de caso”, e considerou para sua pesquisa duas

“razões preponderantes”:

Existem pouquíssimos estudos sobre educação ambiental realizados dentro

do âmbito da empresa privada, notadamente para avaliar a eficácia; Poucas

são as empresas no Brasil que possuem um programa desta natureza, por sete

anos consecutivos, neste sentido seria um caso raro.

Sob a coordenação do Prof. Dr. Alexandre de Gusmão Pedrini, no II SEARJ -

Simpósio de Educação Ambiental Empresarial do Rio de Janeiro, realizado no período de 27 e

29 de Outubro de 2009 na UERJ, foi apresentada a Carta Síntese desse simpósio, onde, no

prólogo, considera-se novo início para fortalecimento e inserção da educação ambiental no

âmbito empresarial, sendo uma fronteira de grande importância a ser conquistada, registrando,

desta maneira, os principais tópicos a serem conquistados por todos aqueles que “trabalham

16

pela educação ambiental enquanto ferramenta de Gestão Ambiental e de Responsabilidade

Social no âmbito corporativo brasileiro.”4

Das diversas conclusões apresentadas destacamos a de “estimular uma maior

convergência entre instituições públicas de ensino médio e superior para o desenvolvimento

de pesquisas em EAE”. Já nos objetivos principais do evento apresentados na mesma Carta

Síntese, também destacamos:

Difundir através de amplos debates, oficinas, palestras, mesas-redondas e

conversas informais as experiências empresariais e acadêmicas com o fim de

construir um corpo sólido de conhecimento na área; Conhecer o que vem

sendo feito em EA pelas grandes corporações com o fim de colaborar para o

seu permanente aperfeiçoamento e; Despertar jovens para a área de EAE,

visando à renovação dos recursos humanos na área. (SECRETARIA DE

ESTADO DO MEIO AMBIENTE-SEAM/RJ).

Apesar do reconhecimento da necessidade de se desenvolverem políticas públicas e da

difusão de experiências no âmbito empresarial e acadêmico sobre a EA no Brasil, os estudos

que versam sobre esta temática ainda são poucos, como verificamos em pesquisa bibliográfica

de sites de algumas instituições. Na pesquisa que realizamos, encontramos 9 (nove) trabalhos

versando sobre o tema. Tais pesquisas foram feitas em sites na web, utilizando frases

(palavras chaves) da seguinte forma: Educação Ambiental; Educação Ambiental Empresarial;

Educação Ambiental em/na(s) siderúrgica(s); Educação Ambiental em/na(s) empresa(s); e

Educação Ambiental em/na(s) indústria(s). Foram pesquisados os título de trabalhos com,

exatamente, as frases “Educação Ambiental” e “Educação Ambiental Empresarial” e também

com a frase “Educação Ambiental” associada às palavras “empresa(s)”, “indústria(s)” e

“siderúrgica(s)”.

Com as expressões supracitadas, pesquisamos no site

“http://www.scielo.org/php/index.php?lang=pt” onde encontramos 74 (setenta e quatro)

trabalhos sobre o tema EA e 1 (um) artigo sobre contabilidade e finanças que faz abordagens

sobre a Educação Ambiental Empresarial e nenhum título associados às palavras “empresa(s)”

, “indústria(s)” e “siderúrgica(s)”. No site

“http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.jsp” do portal Capes, foram

encontrados 286 títulos sobre o tema EA, sendo encontrada 1 (uma) dissertação com a frase

4Disponível em: http://seam-sea.blogspot.com/2009/12/ii-searj-simposio-de-educacao-ambiental.html Acesso

em: 01 março 2010.

17

Educação Ambiental Empresarial, três títulos de EA associados às palavras “indústria(s)” e

quatro títulos de EA associados às palavras “empresa(s)”. Pesquisamos ainda, o site

www.anped.org.br da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Educação

(ANPED). Como este não disponibiliza a pesquisa pelo assunto e somente pelo nome do

autor, investigamos as produções do Grupo de Trabalho de Educação Ambiental (GT-22), e

nas três últimas Reuniões Anuais da ANPED, no qual, constatamos trinta títulos sobre EA e

nenhum título associado às palavras “indústria(s)” “siderúrgica(s)” e “empresa(s)”.

Nosso levantamento demonstra a lacuna de trabalhos sobre a EAEB, corroborando o

que Deluiz e Novick (2004, p. 13), ressaltaram a respeito da falta de saberes para a relação

entre trabalho e meio ambiente.

Para tal, é preciso reconhecer a necessidade da produção de conhecimento

sobre Educação Ambiental que leve em conta a relação trabalho, meio

ambiente e educação, dada a lacuna na pesquisa sobre a temática,

considerando a interdisciplinaridade necessária à compreensão de uma

realidade com múltiplas determinações.

Segundo Pedrini (2008, p. 5),

A preocupação com a EAEB realmente efetiva e que traga benefícios direto

à sociedade tem se restringido, essencialmente, ao contexto acadêmico e aos

órgãos de controle ambiental. O Brasil possui cerca de cinco milhões de

empresas registradas, porém não mais que 50 trabalhos estão publicamente

disponíveis para consulta pública. Realmente irrisório!

Ainda, Pedrini (2008) ressalta que a EA desenvolvida no âmbito empresarial deve estar

fundamentalmente voltada à EA de qualidade, e considera a NBR ISO 14001 um instrumento

valioso para melhoria das condições ambientais, com a implantação do sistema de gestão para

controle das inúmeras variáveis ambientais.

A eficiência do Sistema de Gestão Ambiental é, sem dúvida, caracterizada pela prática

da Educação Ambiental introduzida e conscientemente executada pela organização, que tem

como retorno, vários ganhos socioambientais e diversos benefícios como:

[...] redução de custos, por meio de melhorias da eficiência dos processos,

redução de consumos (matéria-prima, água, energia), minimização do

tratamento de resíduos e efluentes e diminuição de prêmios de seguro,

multas, etc. (KRAEMER 2004, p. 119).

18

A presente pesquisa, portanto, foi realizada por meio de Estudo de Caso (EC), na

empresa Siderúrgica localizada em Minas Gerais, que desenvolve uma prática sistemática de

Educação Ambiental Empresarial (EAE).

Desde o início de nossa experiência profissional, constatamos que diversas empresas

lançam seus efluentes industriais de diversas naturezas nos corpos receptores sem qualquer

tratamento prévio, causando a degradação ambiental nas mais diversas formas.

Apesar de observarmos um caminho promissor do debate internacional, bem como a

presença de uma discussão acadêmica que aponta para a importância social de ações de

educação ambiental, em âmbito empresarial, a realidade de muitas empresas ainda caminha

longe de ações efetivas. Nesse sentido, consideramos fundamental destacar, por meio de

estudo de caso, as concepções e práticas de EAE da Siderúrgica, pela relevância da mesma no

que se refere aos objetivos de um processo de Educação Ambiental que envolve funcionários

e comunidade do entorno.

Perspectivamos, portanto, focalizar uma prática potencialmente instituinte, ou seja,

uma ação construída no cotidiano de uma indústria que, por seu potencial inovador, pode

contribuir, incentivando e constituindo referência para novas práticas, inclusive em empresas

e indústrias de menor porte.

Tomamos, assim, como objetivo do presente trabalho a análise da Educação

Ambiental Empresarial (EAE) praticada pela empresa Siderúrgica, relacionando suas

concepções e práticas, no sentido de verificar em que medida aderem aos princípios do

Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA) e também às perspectivas da Educação

Ambiental para Sociedades Sustentáveis (EASS), contribuindo com a perspectiva de uma

Educação Ambiental crítica, emancipatória e transformadora. Dessa maneira, estabelecemos

as seguintes questões para nosso estudo de caso:

- Qual metodologia do projeto/programa de Educação Ambiental Empresarial (EAE)

desenvolvida pela Siderúrgica, e quais são as concepções e práticas?

- Quais as concepções de Educação Ambiental presentes nas políticas da indústria

Siderúrgica, foco do estudo de caso proposto?

- Em que referências os programas de EA são fundamentados?

- Quais são as dificuldades para execução do PEA?

- Como o PEA está integrado ao Sistema de Gestão Ambiental da Empresa?

19

- Em que medida as políticas implementadas se traduzem em práxis educativa visando a

formação e a transformação pessoal/coletiva para os funcionários da empresa e para o

contexto social?

No desenvolvimento da pesquisa, perseguindo as questões de estudo destacadas, a

dissertação foi desdobrando em cinco partes. Nesta primeira parte (capítulo 1) apresentamos a

problematização, bem como o objetivo e questões de estudo. Considerando a complexidade

da temática em foco, a seguir (capítulo 2), fazemos uma análise das relações e tensões entre

educação e meio ambiente, em âmbito internacional, nacional, estadual e municipal,

apontando para as possibilidades e limites da Educação Ambiental Empresarial (EAE). A

terceira parte (capítulo 3) articula a revisão de literatura à fundamentação teórica do trabalho,

trazendo, assim, um painel dos principais conceitos orientadores do estudo desenvolvido. O

capítulo 4 aborda a metodologia de Estudo de Caso e os caminhos trilhados na pesquisa. As

análises que constituem este trabalho recebem o foco no capítulo 5 e no capítulo 6, são

apresentadas as considerações finais que apontam para a triangulação dos dados e reflexões

possíveis a partir da pesquisa.

20

2 A EDUCAÇÃO E A QUESTÃO AMBIENTAL

2.1 O contexto internacional: caminhos percorridos e tensões no campo da educação

ambiental

O uso desordenado dos recursos naturais, associado à crescente industrialização,

representa uma inesgotável fonte de problemas socioambientais. Dependendo do tipo de

atividade industrial, algumas empresas poderão ser uma ameaça à qualidade de vida.

Empresas dos mais variados setores, como por exemplo, as prestadoras de serviço5 que, a

princípio, só agregam valor aos produtos, podem ser, também, dependendo do ramo de

atividade, muito agressoras ao meio ambiente.

Com grande potencial poluidor, algumas indústrias lançam seus efluentes que

apresentam diferentes naturezas físicas e também as mais variadas composições químicas,

contaminando o ar, a água e o solo, comprometendo seriamente a sobrevivência na Terra.

O homem usa a natureza como se fosse uma fonte inesgotável de recursos, praticando

um modelo não sustentável e, como conseqüência, ocorrem desmatamentos, queimadas,

escassez de água para consumo humano, erosão, poluição e diversos fenômenos climáticos,

além da perda de biodiversidade e exclusão social, causando danos às diversas formas de vida

no planeta. (REGO, 2004, p. 1-3).

Diante dessa realidade, a Organização das Nações Unida (ONU) e a Organização das

Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), através de congressos e

conferências, vêm discutindo a Educação Ambiental e o meio ambiente. O ano de 1972 pode

ser considerado a chave para as discussões das questões ambientais no mundo com realização

da Conferência de Estocolmo, onde foi introduzido o conceito de eco desenvolvimento,

defendendo o crescimento baseado no potencial dos ecossistemas, a diminuição dos

desperdícios, a reciclagem e a participação das comunidades locais. Esta foi a primeira

reunião de caráter oficial a tratar de temas sobre o meio ambiente, com repercussões positivas

levando à criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), à

proliferação de órgãos governamentais de controle ambiental e à formulação de diversas

legislações nacionais sobre o meio ambiente (VALLE, 2000, apud FOGLIATTI et al, 2008), e

5Empresas prestadoras de serviços são aquelas que não produzem produtos, mas agregam valor aos produtos,

como por exemplo, uma empresa prestadora de serviços de pintura, recebe o produto, pintam e devolvem.

21

também a recomendação para discussão Internacional da Educação Ambiental, o que

aconteceu no ano de 1975, na cidade de Belgrado na Iugoslávia, onde foi produzida a Carta de

Belgrado.

Em 1977, em Tbilisi, na ex-URSS, foi realizada a Conferência que constitui marco

para a Educação Ambiental, com elaboração de documento no qual se definem princípios,

objetivos, características, metodologias e recomendações para a Educação Ambiental, de

maneira que os aspectos políticos, éticos, sociais, culturais, econômicos, científicos,

tecnológicos e ecológicos foram considerados. Podemos observar, a partir dos anos de 1980,

grande potencialidade do debate mundial no sentido do ordenamento internacional de

diretrizes para a Educação Ambiental6, destacando-se a instituição de comissões e de

conferências como a Rio-92 onde foi deliberado o Tratado de Educação Ambiental para

Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global (TEASS). Segundo Pedrini (2008, p.

xxvii) a Educação Ambiental na perspectiva desse tratado somada aos pressupostos

pedagógicos da Declaração Internacional de Educação Ambiental de Tbilisi, formam assim, o

arsenal teórico-conceitual da Educação Ambiental planetária.

2.2 A Educação Ambiental no Brasil, em Minas Gerais e em Juiz de Fora: um olhar

dirigido ao foco do estudo

No Brasil, a Educação Ambiental é referenciada pelo Programa Nacional de Educação

Ambiental (ProNEA), Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e pela Política Nacional

de Educação Ambiental PNEA, contemplando sete linhas de ação, dentre elas a Educação no

Processo de Gestão Ambiental. Leis federais, estaduais e municipais, decretos, normas e

portarias, possuem dispositivos que determinam a importância da Educação Ambiental.

6Destacamos a criação pelas Nações Unidas, em 1983, da Comissão Mundial do Meio Ambiente e

Desenvolvimento, conhecida também pelas Nações Unidas como Comissão de Brundtland; em 1987, com o

título de Nosso Futuro Comum, foi publicado o Relatório de Brundtland, difundindo, entre tantos, o conceito de

Desenvolvimento Sustentável. A criação da Comissão Latino-Americana de Desenvolvimento e Meio Ambiente

ocorreu em 1989, e, neste mesmo ano, as nações do mundo são convocadas, através da Resolução 44/228 de 22

de dezembro de 1989 da Assembléia Geral das Nações Unidas (AGNU), para Conferência Mundial das Nações

Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92, no Rio de Janeiro, Brasil, com a elaboração da

Agenda 21, que, no capítulo 36, trata da Educação Ambiental (BRIGANTE,1999 apud FOGLIATTI, et al, 2008,

p.11). Em dezembro de 1997 foi organizada pela UNESCO, na cidade de Thessaloniki, Grécia, a “Conferência

Meio Ambiente e Sociedade: Educação e Consciência Pública para a Sustentabilidade”. Em 2002, na África do

Sul, a 2ª Conferência denominada Rio + 10 em cujas discussões, o Desenvolvimento Sustentável teve bastante

destaque. (FOGLIATTI et al, 2008, p. 11)

22

A Política Nacional de Educação Ambiental, (PNEA, 1999) estabelece que diversas

entidades de classe e as empresas devem promover programas destinados à capacitação dos

trabalhadores e programas de Educação Ambiental Não Formal, em parceria com escolas,

universidades e outras organizações, visando à melhoria do meio ambiente e as repercussões

do processo produtivo no mesmo.

Em Minas Gerais, a Educação Ambiental está instituída por lei e conta com a atuação

da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD7) e outros

órgãos municipais, estaduais e federais, Prefeituras Municipais e Conselhos atuam também na

preservação ambiental no Estado e conta também com o Programa de Educação Ambiental do

Estado de Minas Gerais

Os programas de Educação Ambiental, devidamente articulados e implementados,

promovem, no caso das empresas, a ascensão a um grau superior de gestão em que a

organização será vista como um agente responsável no contexto socioambiental, que assume

obrigações e deveres como qualquer indivíduo. Segundo Dias (2007, p. 17),

A despeito da permanência de uma tendência pró-insustentabilidade,

felizmente, a última década testemunhou o crescimento das respostas

culturais adaptativas exibidas pelos seres humanos. Foram realizadas

importantes conferências internacionais, que resultaram em tratados,

acordos, convenções, desenvolvimento dos processos de gestão ambiental e

uma crescente mobilização voltada para a sensibilização e conscientização.

Ganharam impulsos os diversos instrumentos de gestão ambiental como o

processo de educação ambiental, os licenciamentos, as certificações, o

aperfeiçoamento das leis ambientais e dos mecanismos de participação

popular.

Referindo-nos à responsabilidade socioambiental, as empresas do setor privado

ocupam uma posição de destaque, pois, segundo Santos (2009, p. 2), várias dessas empresas

são as grandes causadoras da degradação ambiental. Diferente de décadas passadas, além de

mais conscientizada, a sociedade, de um modo geral, está dotada de interesse pela discussão a

respeito das questões ambientais, exigindo dos órgãos públicos uma melhoria na fiscalização

ambiental, com leis mais restritivas e ações de comprometimento com o desenvolvimento

para uma sociedade sustentável.

7O Sistema de Meio Ambiente do Estado de Minas Gerais (SISEMA), coordenado pela SEMAD, é composto

por: Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAM), Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH),

Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), Instituto Estadual de Florestas (IEF), e pelo Instituto Mineiro de

Gestão das Águas (IGAM).

23

Segundo Pedrini (2008, p. xxvii) as empresas ou organizações com programas de

Responsabilidade Social Corporativa (RSC)8 contemplam compromissos mais atuantes na

área ambiental e buscam o aperfeiçoamento da qualidade de vida da comunidade, assumindo

também uma série de compromissos empresariais com sua cadeia produtiva, considerando o

meio ambiente uma de suas partes. “A Educação Ambiental Empresarial no Brasil (EAEB),

através da RSC, poderá caminhar junto com as certificações da série ISO 14000 e ser

realizada com qualidade para o bem do planeta”. Entretanto, é importante problematizar a

referida perspectiva, considerando, por um lado, que o objetivo central das empresas e que se

coloca como pano de fundo é sempre a obtenção do lucro e, nesse sentido, a criação de

diferenciais que possam contribuir no jogo da concorrência capitalista. Por outro o fato de que

o respeito à legislação se coloca como possibilidade de viabilizar o próprio negócio.

No tocante aos trabalhadores das empresas, Dias (2007, p. 99) sugere que,

A educação ambiental dos seus empregados deve ser política fundamental de

recursos humanos de uma organização, desde o pessoal da alta

administração até a base da pirâmide organizacional constituída pelos

empregados mais simples da área de produção.

O autor destaca ainda, a importância de este processo ser iniciado na fase de

recrutamento, devendo a consciência ambiental integrar os critérios de seleção de uma

organização voltada para a perspectiva do desenvolvimento sustentável.

A Educação Ambiental, no município de Juiz de Fora – MG, é instituída por lei9 que

dispõe sobre a Educação Ambiental e define a Política Municipal de Educação Ambiental,

estabelecendo que as diversas entidades de classe e as empresas devem promover programas

destinados à capacitação dos trabalhadores e programas de Educação Ambiental Não Formal,

em parceria com escolas, universidades e outras organizações, visando à melhoria do meio

ambiente e as repercussões do processo produtivo no mesmo.

Além da Secretaria de Educação (SE) que tem competência para formular, articular e

implantar a política de educação municipal de forma integrada com as políticas estadual e

federal, o município de Juiz de Fora, conta com a Agência de Gestão Ambiental de Juiz de

Fora (AGENDA JF), que é o órgão executor do Sistema Municipal de Meio Ambiente e

8Segundo Freire, et al. (2008), a responsabilidade social corporativa (RSC) é entendida como a expansão do

papel empresarial além de seu escopo econômico e de suas obrigações legais. 9 Lei Nº 11.631 de 11/07/2008 que dispõe sobre a Educação Ambiental e institui a Política Municipal de

Educação Ambiental no Município de Juiz de Fora – MG.

24

Desenvolvimento Sustentável (SISMAD), e presta suporte técnico, jurídico e administrativo

ao Conselho Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (COMDEMA),

órgão deliberativo do SISMAD, e às ações de articulação e integração com os órgãos setoriais

do SISMAD, respeitada a competência e as determinações da DSSDA10

.

A AGENDA JF conta com o Departamento de Educação Ambiental e Proteção dos

Recursos Hídricos para realização de vários trabalhos no Município em conjunto com outros

setores da Prefeitura e comunidade, que, como exemplos, podemos citar o incentivo ao

empreendedorismo em parceria com a empresa Siderúrgica. Essa Agência de Gestão é o

órgão que emite parecer sobre Licença Ambiental para diversas organizações, cumprido a

legislação aplicável em consonância com o Conselho Estadual do Meio Ambiente (COPAM).

Esse Conselho, através da Deliberação Normativa DN74/04, que é norma legal e regulamenta

o licenciamento ambiental no estado de Minas Gerais, estabelece critérios para a classificação

de empreendimentos e atividades em conformidade com o porte e o potencial poluidor. Para

regularização Ambiental nos termos da DN74/04 os empreendimentos foram classificados

conforme o quadro 1 que se segue:

Quadro 1 – Classificação dos empreendimentos

CLASSES DESCRIÇÃO

1 Pequeno porte e pequeno ou médio potencial poluidor

2 Médio porte e pequeno potencial poluidor

3

Pequeno porte e grande potencial poluidor ou médio porte e médio potencial

poluidor;

4 Grande porte e pequeno potencial poluidor

5 Grande porte e médio potencial poluidor ou médio porte e grande potencial poluidor

6 Grande porte e grande potencial poluidor

Os empreendimentos que se enquadram nas classes 5 e 6 e cujas atividades se referem

à mineração, siderurgia, hidrelétricas e barragens para irrigação, loteamentos, silviculturas,

setor sucroalcooleiro/biocombustíveis ou reforma agrária, devem elaborar e implementar um

Programa de Educação Ambiental (PEA), programa esse, que, de acordo com a Deliberação

Normativa do COPAM – DN110/07 , deve ser praticado pelas empresas como exigência para

a aquisição da licença ambiental, e, deve também ser integrado ao Sistema de Gestão

Ambiental (SGA) da empresa. Tal programa visa como público-alvo, os empregados diretos

10

A Diretoria de Saúde e Saneamento e Desenvolvimento Ambiental – DSSDA é o Órgão Gestor e Central do

Sistema Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SISMAD) (Art.20 do Cap.VI). A

Agência de Gestão Ambiental de Juiz de Fora (AGENDA JF) compõe, juntamente com o Departamento

Municipal de Limpeza Urbana (DEMLURB) e a Companhia de Saneamento Municipal (CESAMA), o Nível de

Implementação Descentralizada das Políticas Setoriais da Diretoria de Saúde, Saneamento e Desenvolvimento

Ambiental (DSSDA), Art 4º do Cap. I.

25

em todos os níveis, inclusive os terceirizados (público interno) e as comunidades localizadas

nas áreas de influência direta do empreendimento (público externo), comunidades essas,

identificadas nos estudos ambientais requeridos no processo de licenciamento ambiental. Para

orientar a elaboração de Programas de Educação Ambiental a serem apresentados pelos

empreendedores ao Sistema Estadual de Meio Ambiente de Minas Gerais (SISEMA), a

Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD)

disponibiliza em seu site o “Termo de Referência para Educação Ambiental Não Formal no

Processo de Licenciamento Ambiental do Estado de Minas Gerais.”

Programas de Educação Ambiental são praticados por algumas empresas do estado de

Minas Gerais. A empresa Siderúrgica conforme seu Relatório de Gestão Ambiental de 2008,

promove, além da prática da Educação Ambiental Empresarial, ações com investimentos em

projetos sociais, com práticas empresariais nessa área, que são de fundamental importância

para obter maior sinergia entre as diversas iniciativas sociais.

A Fundação Siderúrgica, segundo informações em seu site11

, é o principal instrumento

de ação social do Grupo, implementando diversas atividades organizadas nas áreas de

educação, saúde, cultura, meio ambiente e voluntariado, com foco na criança e no

adolescente. Em 2003, tornou-se a primeira siderúrgica brasileira certificada na norma SA

8000, criada pela Social Accountability International (SAI). Baseada em convenções da

Organização Internacional do Trabalho (OIT) e das Nações Unidas sobre os Direitos

Humanos, a SA 8000 avalia o comportamento das empresas em relação a nove temas:

trabalho infantil, trabalho forçado, segurança e saúde no trabalho, liberdade de associação e

direito à negociação coletiva, discriminação, práticas disciplinares, horário de trabalho,

remuneração e sistemas de gestão. A Siderúrgica, com referência à educação ambiental,

afirma ter como premissa, contribuir para a formação de uma nova geração de cidadãos, mais

conscientes da importância do ecossistema na preservação da vida. Segundo os documentos

analisados, os programas de Educação Ambiental, realizados internamente e com as

comunidades no Centro de Educação Ambiental (CEAM), visam despertar a consciência

crítica das pessoas para a mudança de comportamento e atitudes. O Centro de Educação

Ambiental da Siderúrgica, segundo panfleto da Siderúrgica, ocupa uma área de 320 mil

metros quadrados, compreendendo dez unidades ambientais. O Prêmio Siderúrgica de Meio

Ambiente, realizado desde 1992 nas comunidades onde há unidades da empresa, reúne

crianças e adolescentes que desenvolvem redações e desenhos sobre temas específicos. O

Prêmio já acumula mais de 2,5 milhões de participantes. Desenvolvido pela Fundação

11

Disponível em: www.siderúrgica.com.br Acesso em: 29 agosto 2009.

26

Siderúrgica Brasil, afirma-se que o Prêmio Siderúrgica de Meio Ambiente busca estimular os

estudantes do ensino fundamental das escolas públicas e privadas a desenvolver uma visão

mais ampla da questão ambiental, incorporando à reflexão aspectos relacionados à cidadania e

à ética12

.

Nesse sentido, consideramos fundamental investigar, por meio de estudo de caso, a

experiência da Siderúrgica, pelo destaque da mesma no que se refere aos objetivos de um

processo de educação ambiental que envolve funcionários e comunidade do entorno. Quais

práticas e planos de educação ambiental esta empresa executa? Quais as percepções dos

empregados sobre as questões ambientais? A práxis da Educação Ambiental tem como

referência o Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA) e a Educação Ambiental

para Sociedades Sustentáveis (EASS) na busca de uma educação ambiental transformadora?

Segundo Carvalho (2004, apud SILVA, 2006, p. 16), “a formação de um campo

ambiental e sujeito ecológico se constitui em processos de transformação das relações entre a

sociedade, a empresa e o ambiente dentro da empresa”.

Com o mergulho nas práticas educativas de Educação Ambiental Empresarial (EAE),

da referida organização, buscamos analisar as concepções e práticas presentes, bem como

trazer à tona tensões, presentes no cotidiano empresarial e que, em seu conjunto, podem

contribuir no desenvolvimento de ações em outras organizações empresariais.

12

Disponível em: http://www.siderúrgica.com/br/. Acesso em: 27 março 2010.

27

3 EDUCAÇÃO AMBIENTAL TRANSFORMADORA E SUSTENTABILIDADE:

REFLEXÕES SOBRE ABORDAGENS TEÓRICAS

3.1 Princípios norteadores para Educação Ambiental transformadora e sustentabilidade

Ancorados em Deluiz e Novick (2004), destacamos dentre as três matrizes13

a “matriz

da equidade” que propõe uma reflexão sobre a matriz educacional crítica/emancipatória que

orienta nosso olhar e traduz nossa perspectiva de análise dirigida às práticas de EAE. No que

tange às análises dos pressupostos das matrizes que norteiam a concepção de

desenvolvimento sustentável, a “matriz da equidade” apresenta-se como princípio norteador

da sustentabilidade, destacando que desigualdade social e a degradação ambiental não estão

subsumidas ao modo de produção capitalista.

Segundo Acselrad e Leroy, (1999 apud DELUIZ; NOVICK 2004), a concepção de

desenvolvimento conceituada na “matriz da equidade”, tem como horizonte a

“sustentabilidade democrática”, onde princípios éticos e sócio-políticos orientam a

distribuição dos recursos ambientais, por meio da administração desses recursos pela própria

sociedade, de modo a propor:

uma mudança do paradigma hegemônico de desenvolvimento econômico,

com base em princípios de justiça social, superação da desigualdade

socioeconômica e construção democrática ancorada no dinamismo dos

atores sociais. Traz a discussão da sustentabilidade para o campo das

relações sociais, analisando as formas sociais de apropriação e uso dos

recursos e do meio ambiente. Compreende que as noções de sustentabilidade

e de desenvolvimento sustentável são construções sociais fruto do embate

político entre os vários atores em busca de hegemonia de suas posições.

(DELUIZ; NOVICK, 2004, p. 23).

Ainda, nesta concepção de desenvolvimento sustentável na lógica da “sustentabilidade

democrática”, “as categorias trabalho e natureza articulam-se na perspectiva de ampliação da

qualidade de vida das populações e de superação da desigualdade/exclusão social e da

13

Acselrad (2001) identifica cinco matrizes discursivas de desenvolvimento sustentável em disputa pela

hegemonia: matrizes da eficiência, da escala, da eqüidade, da auto-suficiência e da ética. Dentre elas, Deluiz e

Novicki (2004, p. 28) em seu trabalho, destacam três matrizes discursivas: matriz da eficiência, matriz da auto-

suficiência e matriz da eqüidade.

28

desigualdade socioambiental” (ibid., 2004, p. 24), não existindo subsunção da relação meio

ambiente e trabalho à hegemonia do capital.

Uma proposta de formação crítica dos sujeitos que permeia pela transformação da

sociedade através das atitudes desses sujeitos, sejam elas de cunho político, profissional ou

social, deve contribuir para o desenvolvimento integral e primar pela autonomia dos mesmos,

criando assim, possibilidades de sua inserção e compreensão do mundo socioambiental e

cultural. No bojo desta proposta, não “pode” estar excluída a discussão sobre mundo do

trabalho que não prescindi da compreensão, embora carregada de complexidade, do meio

ambiente e educação que necessariamente estão articuladas ao trabalho.

Nesse sentido, Deluiz (1996, p. 119) considera que

a formação do homem está intimamente vinculada à sua práxis produtiva e

que é no seio das contradições da base material, na própria estrutura da

sociedade e no movimento da história que surgem as possibilidades de

superação das relações sociais que estão na base da alienação humana.

Entretanto, reconhecemos nos teóricos da teoria crítica sua contribuição no

resgate de um dos mais caros ideais da modernidade: o papel do sujeito no

processo de desenvolvimento social, tema que Marx já havia abordado ao

longo de sua obra. É preciso, portanto, recuperar a temática do indivíduo

como um sujeito integral que se confronta com outros sujeitos com os quais

vivencia e manifesta sua identidade social e política, jamais desvinculando a

formação dos processos de individualização dos processos de solidariedade.

Como proposta de EA crítica é necessário agregar as concepções e perspectivas dos

sujeitos sobre as temáticas da educação, do trabalho e do ambiente, principalmente as

formuladas pela sociedade. Faz-se necessário o enfrentamento e a proposição de “idéias” ao

modelo educacional atual, visando à construção de uma Educação Ambiental crítica para um

desenvolvimento sustentável, justo e solidário para o país. (DELUIZ; NOVICK 2004).

Assim, é possível trazer para o campo da Educação, das relações sociais e do setor

empresarial, a discussão da sustentabilidade e buscar a participação dos atores sociais,

superando a desigualdade socioeconômica com base em princípios de justiça social e

construção democrática.

Neste contexto, a discussão sobre o desenvolvimento sustentável e a Educação

Ambiental passam a ganhar um espaço relevante, também, nas organizações empresariais, e,

por assim ser, é chamada de Educação Ambiental Empresarial (EAE).

Segundo Pedrini (2008), os princípios do ProNEA baseam-se no TEASS, e,

complementados pela Declaração Internacional de Educação Ambiental de Tbilisi (1977)

29

formam o referencial da Educação Ambiental e também para EAEB.

Nesse sentido, apresentaremos alguns dos princípios14

anunciados pelo Tratado de

Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global (TEASS) os

quais foram adotados pelo Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA), enquanto

referências sociais e politicamente construídas, tendo como perspectiva uma prática educativa

de matriz transformadora na Educação Ambiental, que constituem referência de análise da

nossa pesquisa. Dessa maneira, a educação ambiental:

[...] deve ter como base o pensamento crítico e inovador, em qualquer tempo

ou lugar, em seu modo formal, não formal e informal, promovendo a

transformação e a construção da sociedade. [...] deve tratar as questões

globais críticas, suas causas e inter-relações em uma perspectiva sistêmica,

em seu contexto social e histórico. Aspectos primordiais relacionados ao

desenvolvimento e ao meio ambiente, tais como população, saúde, paz,

direitos humanos, democracia, fome, degradação da flora e fauna, devem ser

abordados dessa maneira. [...] deve facilitar a cooperação mútua e eqüitativa

nos processos de decisão, em todos os níveis e etapas. [...] deve estimular e

potencializar o poder das diversas populações, promovendo oportunidades

para as mudanças democráticas de base que estimulem os setores populares

da sociedade. Isto implica que as comunidades devem retomar a condução

de seus próprios destinos. [...] valoriza as diferentes formas de

conhecimento. Este é diversificado, acumulado e produzido socialmente, não

devendo ser patenteado ou monopolizado. [...] deve promover a cooperação

e o diálogo entre indivíduos e instituições, com a finalidade de criar novos

modos de vida, baseados em atender às necessidades básicas de todos, sem

distinções étnicas, físicas, de gênero, idade, religião ou classe.

Sobre os princípios do ProNEA15

, citamos alguns que constituem também referência

de análise da nossa pesquisa:

Concepção de ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência

sistêmica entre o meio natural e o construído, o socioeconômico e o cultural,

o físico e o espiritual, sob o enfoque da sustentabilidade. [...] enfoque

humanista, histórico, crítico, político, democrático, participativo, inclusivo,

dialógico, cooperativo e emancipatório. [...] compromisso com a cidadania

ambiental. [...] vinculação entre as diferentes dimensões do conhecimento;

entre os valores éticos e estéticos; entre a educação, o trabalho, a cultura e as

práticas sociais. [...] pluralismo de idéias e concepções pedagógicas. [...]

garantia de continuidade e permanência do processo educativo. [..]

permanente avaliação crítica e construtiva do processo educativo.

14

Apresentamos alguns dos princípios do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e

Responsabilidade Global (TEASS), Anexo 1 do Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA),

princípios 2, 7, 8, 10, 11 e 13. 2004, p. 58-59. 15

Citamos sete dos treze Princípios do Programa Nacional de Educação Ambiental – ProNEA, 2004, p. 37.

30

Essas referências dialogam com a referida perspectiva de uma Educação Ambiental

crítica e emancipatória para contribuir com a transformação socioambiental dos cidadãos e

nos direciona a algumas reflexões sobre os pensamentos dos educadores Paulo Freire e

também de Edgar Morin.

3.2 Paulo Freire e Edgar Morin: necessárias reflexões

Fundamentalmente, a educação não deve ser conservadora, porque, assim seria

imaginar que o ideal é a situação atual; nem adaptadora, porque seria pensar que a

socialização é a única maneira de amadurecer, nem tampouco será imposta totalmente pela

sociedade, porque a educação goza de uma liberdade que lhe permite prever a evolução para

transformação social. Conforme Freire (2009, p. 37), “A liberdade, que é uma conquista, e

não uma doação, exige uma permanente busca”.

Paulo Freire, considerado por muitos como o maior educador do século XX,

deu origem a uma original concepção dialógica, problematizadora,

conscientizadora e libertadora da educação, em contraposição à educação

tradicional. Ao longo de seu trabalho relacionou e integrou as dimensões

cognitivas, afetivas, sensitivas, éticas, estéticas e políticas dos seres

humanos. Designando a educação tradicional baseada em pressupostos

behavioristas por “concepção bancária”, tem um papel passivo no processo

de aprendizagem, limitando-se a memorizar e a armazenar os conhecimentos

que o educador transmite através de aulas predominantemente expositivas e

narrativas, visando somente atingir os domínios cognitivos (as inteligências

lógico-matemática e lingüística). Desta forma, o desenvolvimento do

educando é compartimentado e limitado transformando-os em seres

domesticados e alienados. (GADOTTI, 2000 apud PELLICCIONE, 2007, p.

25).

Freire (2009, p. 68-69, 79) entende que a aquisição de conhecimentos não pode estar

restrita a tão somente a acomodação ou adaptação dos cidadãos, e destaca que a educação

deve acima de tudo “transformar a realidade” para, desta maneira, modificar e recriar

“processos de educação” e não de adestramentos. “É a partir deste saber fundamental: mudar

é difícil mas é possível”, que Freire considera o comprometimento como um caminho para o

31

processo de aprendizagem, não importando se o processo de alfabetização é para crianças,

adultos ou somente para formação de mão-de-obra técnica.

É difícil conceber que educadores não estejam comprometidos e engajados com o

processo de aprendizagem. A falta de compromisso sugere a existência de várias barreiras

entre educador e educandos, como falta de conhecimento; de domínio; de liberdade e de

estímulos. O descomprometimento empobrece a aprendizagem, enfraquece, desvirtua,

aprisiona. O comprometimento cria novos caminhos, fortalece e fornece condições para

educador e educandos superarem todas as possíveis barreiras e alcançarem, assim, através de

processos de formação global, a transformação dos cidadãos.

O processo educacional constituído em bases pedagógicas comprometido com a

formação global dos indivíduos, de forma abrangente e não somente localizada, prepara-os

para além de especializações, onde ocorre a aquisição de determinado grau de crescimento

pessoal, preparando-os intelectualmente para os mais diversos desafios, tanto na área

acadêmica e profissional quanto na pessoal. Quanto à transformação dos indivíduos, Morin

(2007, p. 73-74) entende que “a verdadeira transformação só poderia ocorrer com a

intertransformação de todos” por meio de uma transformação global retroagindo nas

transformações individuais.

Ambos os sujeitos do processo educativo como educandos, líderes, educadores etc.,

devem buscar, além do entendimento e recriação do conhecimento, o conhecimento crítico

para superar as barreiras da realidade onde se encontram. Educador e educandos que se

envolvem na perspectiva da educação “bancária”, considerada por Freire, ficam distantes da

realidade de promoverem criatividade, rompem o elo com o saber e não promovem a

transformação. É preciso entender que

a educação libertadora, problematizadora, já não pode ser o ato de depositar, ou de narrar, ou de transferir, ou de transmitir “conhecimentos” e

valores aos educandos, meros pacientes, à maneira da educação “bancária”,

mas um ato cognoscente. Como situação gnosiológica, em que o objeto

cognoscível, em lugar de ser o término do ato cognoscente de um sujeito, é o

mediatizador de sujeitos cognoscentes, educador, de um lado, educandos, de

outro, a educação problematizadora coloca, desde logo, a exigência da

superação da contradição educador-educandos. Sem esta, não é possível a

relação dialógica, indispensável à cognoscibilidade dos sujeitos

cognoscentes, em torno do mesmo objeto cognoscível. (FREIRE, 2009, p.

78).

32

A aprendizagem se faz entre professor e alunos diante uma situação problema que

permeia para uma dialógica aberta, crítica e indagadora, promovendo a humanização e a

aproximação dos cidadãos através de uma formação que insere não só o sujeito cognoscente

como também o mediatizador na experiência e realidade da vida, com toda sua complexidade.

Isso significa desenvolver outras formas de inteligibilidade, como propósito de resgatar os

valores essenciais do ser humano. Bragança (2009, p. 39) destaca a necessidade de uma

formação mais humana:

Indícios da pesquisa educacional nos levam a perceber que a racionalidade,

em que estão assentados nossos cursos de formação inicial e contínua, tende

a excluir a vida e as complexidades existenciais. Colocando-se a formação

longe da vida, há dificuldade de tocar os sujeitos, de aflorar a experiência,

favorecendo a vivência pontual e fragmentada. Uma das perspectivas, que já

se vem colocando em diversas pesquisas e práticas, é a busca de uma

formação ancorada em uma racionalidade mais humana, e, portanto,

necessariamente mais sensível e dialógica, como nos ensina Paulo Freire.

As trilhas da Educação levam ao fortalecimento do elo entre os seres, permitindo a

constante e necessária dialógica que fortalece e humaniza a vida, não deixando que o elo se

rompa ao vazio e nem mesmo ao esforço exagerado da irracionalidade. Assim, a Educação

continua a desempenhar um papel inegável no processo de transformação do homem, e

descobre em seus caminhos a Educação Ambiental como valioso meio para alcançar a

promoção social. Esta Educação, devidamente contextualizada, perspectiva por ações

reflexivas e críticas, inserindo os cidadãos com as questões ambientais de modo que eles

possam contribuir para uma sociedade sustentável.

Entendemos também, conforme Tristão (2007, p. 5), que a EA deve assumir uma

característica crítica, emancipatória e transformadora que é defendida por autores como

Carvalho (2008), Layrargues (2008), Deluiz e Novicki (2004) e Loureiro (2009), com o

princípio comum de fortalecer aqueles sem poder por meio da transformação socioambiental e

reduzir os problemas sociais.

Freire (2000) entende que a educação não deve ser considerada apenas para nos

adaptar, mas, sobretudo como instrumento do ser para a transformação de si mesmo e para a

modificação da realidade, que deve provocar intervenções, recriando-a, ressaltando, portanto

que a práxis

é uma reflexão e ação dos homens sobre o mundo para transformá-lo.

Quanto mais as massas populares desvelam a realidade objetiva e

desafiadora sobre a qual elas devem incidir a sua ação transformadora,

33

tanto mais se “inserem” nela criticamente. A educação problematizadora

se faz, assim, um esforço permanente através do qual os homens vão

percebendo, criticamente como estão sendo no mundo com que e em que

se acham. (FREIRE, 2005, p. 42;44;82).

São várias as propostas para inclusão da EA no cenário educacional, propostas estas

que são balizadas também por programas internacionais. Entendida como um caminho

promissor de proteção e melhoria da qualidade ambiental, a EA passa a ser utilizada como

instrumento de referência para diversas atividades que se desenvolvem nas áreas industriais.

Piva (2004, p. 8) entende a questão da EA, enquanto uma ação estratégica em busca da

formação de indivíduos capazes não mais de dominar, mas de seguir/guiar a natureza, e, cita

que, para Morin, “este novo casamento entre a natureza e a humanidade necessitará, sem

dúvida, como acabamos de dizer, de uma superação da técnica atual que por sua vez necessita

de uma superação do modo de pensar atual, inclusive científico.” Nesta condição do

pensamento, a educação básica parece e deve ser o foco central, pois é “dali” que se inicia

uma miríade de saberes capazes de potencializar as vicissitudes da ciência.

As idéias de Morin alcançam diferentes públicos e apresentam uma visão

transdisciplinar da educação, sendo este autor, solicitado pela UNESCO para expor suas

idéias sobre a educação do futuro, onde Piva (2004, p. 12) apresenta a seguinte argumentação:

Por um lado, contribui para a consolidação das bases do projeto de

universalização de parâmetros curriculares proposto por esse organismo,

reforçando, inclusive, a perspectiva que coloca a educação como a grande

estratégia contra a crise atual de nossas sociedades. E, por outro lado, dá a

Morin grande visibilidade, tendo em vista o alcance que essas proposições

têm sobre um público nem sempre especializado.

Nascimento (2007, p. 6) argumenta que tanto Morin quanto Freire, repensam as

competências que envolvem o processo educativo e propõem mudanças, para que seja a

“humanidade” da humanidade intenção de preocupação inserida na formação dos sujeitos.

Com essa preocupação, Paulo Freire sempre acreditou na necessidade de se transformar os

educadores para que desta maneira se concretize a diversidade dos saberes. Morin defende o

paradigma para uma educação inteligente, criativa e conectiva como caminho para liberdade.

A formação educativa requer, conforme o pensamento de ambos, uma consciência

reformadora.

34

Esses pensamentos, intenções e entendimentos, a diversidade dos saberes, e o

paradigma de uma educação devem passar por um processo de fundição16

– faço aqui uma

metáfora com os saberes da Metalurgia – onde a liga metálica fundida após ter sua

composição química adequadamente balanceada, é vazada17

no molde que confere ao metal a

forma desejada pelo “modelo” que depois de solidificada, de construída, poderá, se preciso

for, ser refundida, ajustada/adequada, também com outros saberes, processos e técnicas.

Então, esta bela obra, fruto de vários saberes, é reconhecida por todos, que após passar pelas

habilidades, competências, sensibilidade e comprometimento do artesão fundidor, é

disponibilizada para cumprir sua “função”, pois carrega em sua forma, talvez “subjetiva”, as

surpreendentes propriedades que lhe conferem condição para sua utilização em diversos

meios e etapas de nossas vidas.

Esta é a metáfora onde o “processo educativo” deve levar à fusão, as diversas formas

de saberes populares, saberes técnicos, científicos ou empíricos, fusão esta que rompe

horizontes ocultos e “vaza” ocupando novos espaços, moldando a liberdade, a emancipação e

a transformação dos indivíduos, que imbuídos de “propriedades”, agora intelectuais e

humanísticas, tornam-se – não pelas suas formas, mas, por sua formação – capazes não de

serem usados, mas, de servir ao próximo e educar, nos diversos ambientes de aprendizagem e

fases da vida para resgatar, “fundir” e difundir valores essenciais no ser humano.

Assim, faz-se necessário e urgente pensarmos a educação como uma força

motriz para a reconstrução do sujeito social ativo, capaz de apontar novos

caminhos no tecer contínuo do conhecimento. Em momentos permeados de

incertezas, próprios da época contemporânea, o pensamento educacional

requer um diálogo crítico e uma constante abertura para o novo. Isso

significa desenvolver outras formas de inteligibilidade, como propósito de

resgatar os valores essenciais do ser humano, mediante um aprendizado

ininterrupto ancorado no questionamento da realidade. (NASCIMENTO,

2007, p. 2).

Ao refletirmos sobre as elucidações de Paulo Freire, no que se refere à educação,

necessário se faz, pensar os processos educativos que se estabelecem nos mais diversos meios,

bem como os sujeitos que neles interagem.

A Educação, força motriz, que possibilita a construção e reconstrução do sujeito

enquanto ser social, ativo, capaz de apontar e tecer novos caminhos requer um diálogo crítico

16

Processo de fabricação de peças onde do metal líquido que é vazado no molde que tem a forma do modelo da

peça desejada. 17

Do verbo vazar, termo usado em metalurgia, quando “derrama” o metal líquido no molde para ganhar forma.

35

e uma constante abertura para novas possibilidades. Para Freire (2008), a esperança de um

mundo mais justo e livre tem início a partir da desalienação do indivíduo, a qual possibilitará

ao mesmo humanizar-se, sendo a educação um canal potencializador da consciência crítica

dos indivíduos e conseqüente transformação.

Sua proposta pedagógica transcende as formas educativas concebidas até então, uma

vez que pauta-se em uma pedagogia conscientizadora. Onde o educador constitui-se

problematizador da realidade, através de uma relação dialética, com a presença constante do

sentimento de aceitação do outro, da interação com ele e da intersubjetividade.

Nesta perspectiva, podemos acrescentar as idéias de Morin (1980, p. 32), que

possibilita refletirmos neste tocante a seguinte consideração:

[...] a “conscientização" do conhecimento pode transmitir-se e ensinar-se

como qualquer outro conhecimento. Mas há problemas ou situações que

necessitam de uma tomada de consciência pessoal. Pode certamente ajudar-

se os outros a tomar consciência, mas uma tomada de consciência é mais que

uma tomada de consciência: é um ato reflexivo que mobiliza a consciência

de si, empenhando o sujeito numa reorganização crítica do seu

conhecimento, ou mesmo num voltar a pôr em causa os seus pontos de vista

fundamentais [...].

Neste sentido, não cabe mais a relação verticalizada entre educadores e educandos,

onde um constitui-se como sujeito e o outro como objeto. Ambos, com a mudança de

pensamento pedagógico, são sujeitos do ato cognoscente, onde se aprende ensinando e ensina-

se aprendendo. O diálogo, neste contexto, necessita estar imbuído de um verdadeiro pensar

crítico, não dicotomizando a relação homem e mundo, mas percebe-os em intrínseca relação.

Sendo assim, a consciência de ser inacabado, em constante construção e reconstrução

de saberes e práticas possibilita aos homens se fazerem e refazerem na interação com o

mundo.

Dialogando, com a perspectiva Freireana de educação, Edgar Morin defende a

desfragmentação do ensino, de modo que o sujeito compreenda o ato de ensinar/aprender

conforme nos apresenta Freire, como forma de intervenção no mundo. O mundo, nesta

perspectiva não constitui mais algo construído por falsas palavras, mas como construção

coletiva, que resulte na humanização dos sujeitos.

Em ambos os autores, encontramos uma crítica veemente à educação bancária,

argumentando que:

36

Na concepção bancária (burguesa), o educador é o que sabe e os educandos,

os que não sabem; o educador é o que pensa e os educandos, os pensados; o

educador é o que diz a palavra e os educandos, os que escutam docilmente; o

educador é o que opta e prescreve sua opção e os educandos, os que seguem

a prescrição; o educador escolhe o conteúdo programático e os educandos

jamais são ouvidos nessa escolha e se acomodam a ela; o educador identifica

a autoridade funcional, que lhe compete, com a autoridade do saber, que se

antagoniza com a liberdade dos educandos, pois os educandos devem se

adaptar às determinações do educador; e, finalmente, o educador é o sujeito

do processo, enquanto os educandos são meros objetos. (FREIRE, 1987, p.

34).

Contrapondo-se a educação bancária, o educando, enquanto sujeito do processo

educativo necessita refletir sobre si, sobre seu estar no mundo, sua relação nele e com ele. Sua

imersão nele possibilitará reflexionar a respeito da realidade a qual não pode mudar, mas

transformar.

Portanto, não há homem sem mundo, nem mundo sem homem, ambos encontram-se

em relação intrínseca e constante, onde não há possibilidade de reflexão-ação, fora do

contexto existente. Cabe ainda ao educador, enquanto mediador do processo educativo e das

diversas relações com o mundo, assumir seu papel enquanto ser integrante desta práxis

libertadora, a qual possibilita a emancipação do sujeito e sua constituição enquanto cidadão

crítico e co-criador de sua realidade.

Emerge então, a necessidade de compreender – enquanto profissional e humano – que

não está desvinculado do contexto histórico-social, assim como os educandos, pois, antes de

ser profissional da educação é humano, o qual deve ser comprometido consigo mesmo e com

as diversas formas de vida que nos rodeia e que nos torna capazes de melhorar o mundo. Para

tanto, Freire (2000, p. 31) nos convoca à busca e à defesa de princípios fundamentais por que

[...] urge que assumamos o dever de lutar pelos princípios éticos mais

fundamentais como do respeito à vida dos seres humanos, à vida dos outros

animais, à vida dos pássaros, à vida dos rios e das florestas. Não creio na

amorosidade entre mulheres e homens, entre os seres humanos, se não nos

tornarmos capazes de amar o mundo. A ecologia ganha uma importância

fundamental neste fim de século. Ela tem que estar presente em qualquer

prática educativa de caráter radical, crítico ou libertador.

É emergente desenvolvermos ações de ordem política, econômica, social ou de outra

ordem, mas abarcada por “princípios éticos fundamentais” que não só sustentam a vida, mas

que garantam a boniteza do mundo, das pessoas, das vidas que fazem de tudo um verdadeiro

37

espetáculo e mistério da criação, e possibilite assim, educar o humano para a humanidade.

Então, que seja também a educação ambiental um eixo fortalecedor desses princípios.

3.3 Educação Ambiental

A formação da consciência ambiental, a interação sobre os problemas socioambientais,

bem como a sensibilização dos indivíduos e estímulos às ações que possam minimizar/evitar

os problemas, de modo a melhorar a qualidade de vida em nosso planeta, só podem ser

alcançados – entendemos nós – através da educação transformadora.

A educação ambiental atende a necessidade de práticas sociais que venham

sensibilizar o público sobre os problemas de relacionamento do homem com

a natureza. Esta sensibilização pode ser trabalhada através da percepção

ambiental, definida por Ferrara (1993), como a operação que expõe a lógica

da linguagem que organiza os signos expressivos dos usos e hábitos de um

lugar. É uma explicitação da imagem de um lugar, veiculada nos signos que

uma comunidade constrói em torno de si. Nesta acepção, a percepção

ambiental é revelada mediante uma leitura semiótica da produção discursiva,

artística, arquitetônica de uma comunidade. (ABUHID, et al. 2009, p. 3).

A educação ambiental – segundo Souza (2002, p. 7) que referencia Sauvé (1994) e

Jost (1996) – é essencial para mudança de valores; para transmissão de conhecimentos e

saberes coletivos; construção de uma sociedade pautada na democracia, além de promover

nos cidadãos a capacidade de participação efetiva nas políticas sociais.

Devido à emergência das questões ambientais, uma mudança significativa vem se

processando. Dos conhecimentos teóricos e práticos, fundam-se a racionalidade social e

produtiva em processo de dominação.

Portanto, é de suma importância a compreensão da complexidade da problemática

ambiental, dos processos que a caracterizam, bem como, todas as questões que emergem, das

reflexões a ela vinculadas. É importante, ainda, compreender que o saber ambiental encontra-

se em construção, uma vez que:

O saber ambiental está num processo de construção. Em muitos campos

ainda não se constitui como um conhecimento acabado que possa integrar-se

a pesquisas interdisciplinares ou desagregar-se em conteúdos curriculares

para incorporar-se a novos programas de formação ambiental. O saber

38

ambiental tampouco constitui uma “dimensão” neutra e homogênea para ser

assimilada pelos paradigmas atuais de conhecimento. Pelo contrário, o saber

ambiental depende do contexto ecológico e sociocultural no qual emerge e se

aplica. É um saber que nasce diferenciado, em relação com o objeto e o

campo temático de cada ciência, questionando e induzindo uma

transformação desigual de seus conceitos e métodos. (LEFF, 2007, p. 163).

A construção do saber ambiental perpassa diversos aspectos, dentre eles a

conceituação, bem como sua objetividade prática. Este saber emerge de um processo de

transformação do conhecimento, o qual impulsionou a busca de novos métodos

interdisciplinares, os quais são capazes de integrar-se, desfragmentalizando as percepções

fracionárias. Tal interdisciplinaridade propõe uma nova visão do processo de

desenvolvimento, a qual possibilite a manifestação de uma concepção voltada para a

complexidade da ecologia, uma vez que a mesma constitui “a ciência das inter-relações”.

Contudo, Leff (2009, p. 243) considera que “a educação ambiental está longe de ter

penetrado e trazido uma nova compreensão do mundo no sistema educacional formal”,

justificando, talvez, que

Os princípios e valores ambientais promovidos por uma pedagogia do

ambiente devem enriquecer-se com uma pedagogia da complexidade, que

induza nos educandos uma visão da multicausalidade e das inter-relações

dos diferentes processos que integram seu mundo de vida nas diferentes

etapas de desenvolvimento psicogenético; que gere um pensamento crítico e

criativo baseado em novas capacidades cognitivas.

Ao refletirmos sobre Educação Ambiental na atualidade, devemos, conforme Loureiro

(2009) ter em mente que a mesma não constitui campo genérico de atuação e reflexão.

Embora múltiplas dimensões estejam permeando a complexa temática ambiental, em

diversas situações, nos deparamos com discussões pontuais, focadas em questões ecológicas,

centrando, a problemática à mesma, desconsiderando as práticas sociais que a ela também dão

origem. Sendo assim, necessário se faz redefinir conceitual e ideologicamente o meio

ambiente, a fim de se apresentar um novo enfoque, com maior abrangência conceitual que

permita uma articulação com a dinâmica social.

Dessa forma, é de fundamental a compreensão dos seres humanos, enquanto sujeitos

que atuam e interagem entre si e com o meio, interferindo significativamente na construção e

“re-construção” de ações voltadas ao ele, bem como às questões ecológicas.

Para que as mudanças emergentes ocorram, é de suma importância que seja

vislumbrada uma formação do indivíduo enquanto cidadão, comprometido com a construção

39

de uma sociedade mais igualitária, cuja prudência e respeito, constituam a base da reflexão

ambiental.

Visando a ocorrência de mudanças efetivas, necessário se faz compreender a

sociedade onde as mesmas são gestadas, a qual está imbuída de valores, os quais não

constituem mero reflexo da estrutura econômica que é também causadora de problemas

sociais e ambientais. Dessa forma,

Não há mudança ética possível que ignore a sociedade em que se move, [...]

valores não são um simples reflexo da estrutura econômica, mas se definem

a partir de condições históricas específicas [...] inseridas num movimento

dialético de mútua constituição entre objetividade e subjetividade.

(LOUREIRO, 2009, p. 50).

A sociedade está imersa na complexidade ambiental que é causa de problemas e

desigualdades sociais. A Educação Ambiental crítica, apresenta a dimensão socioambiental

para tematização e resolução/prevenção desses problemas, através de processos pedagógicos

que vão se construindo a partir da concepção política de educação. Desta forma, a pedagogia

da EA crítica se sobrepõe à educação conservadora, à adaptadora e também à educação

imposta, trilhando assim, para os caminhos de uma educação transformadora.

O Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade

Global (TEASS), conforme Tozoni-Reis, é referência de uma miríade de trabalhos sobre EA

no Brasil e também no mundo. Este TEASS foi revisitado no VI Congresso Ibero-Americano

de Educação Ambiental em 2006, e

reconhece a educação como direito dos cidadãos e firma a posição na

educação transformadora. Este documento reflete a trajetória da educação

ambiental considerada um processo de aprendizagem permanente, baseado

no respeito a todas as formas de vida e que afirma valores e ações que

contribuam para as transformações socioambientais exigindo

responsabilidades individual e coletiva, local e planetária. A educação

ambiental para a sustentabilidade é compreendida, então, como fundamento

da educação ambiental crítica, transformadora e emancipatória, como

referência para a construção de sociedades sustentáveis, socialmente justas e

ecologicamente equilibradas. A educação ambiental para sustentabilidade,

neste documento, é uma educação política na perspectiva democrática,

libertadora e transformadora. (TONZONI-REIS, 2007, p. 177).

O Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA), documento este, sintonizado

com o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade

40

Global, compõe em seu arcabouço as diretrizes, princípios e missão que orientam as ações do

deste Programa, delimitando seus objetivos, suas linhas de ação e sua estrutura

organizacional.

Nesse sentido, a criação do ProNEA se configura como um esforço do

governo federal no estabelecimento das condições necessárias para a gestão

da Política Nacional de Educação Ambiental - PNEA, fortalecendo os

processos existentes nessa direção na sociedade brasileira. (ProNEA, 2004,

p. 19).

Santos (2005, p. 4) considera os componentes filosófico e comportamental da EA com

grande importância. “A EA deve ser entendida como Educação Política, no sentido de que ela

reivindica e prepara os cidadãos para exigir justiça social e autogestão, ou ao menos gestão

(realmente) participativa.” A EA deve enfatizar a questão por que fazer? Antes de como

fazer? Considerando-a como educação política. A EA diante das grandes mudanças no mundo

tende a questionar as opções políticas existentes e também o conceito atual da EA, procurando

ser além de inovadora, criativa e crítica, ser objeto de transformação social. Nessa condição, a

EA não deve ser tratada como política de governo, mas necessariamente como política

pública.

Considerar de caráter político a ação educativa “decorre da constatação de sua

intencionalidade e da impossibilidade de sua neutralidade. Portanto, como atividade da prática

social, a educação, e, portanto, a educação ambiental, são eminentemente políticas.”

(TOZONI-REIS, 2007, p. 1). Se direcionada para a transformação social, a educação crítica

situa-se no horizonte das ações políticas educacionais.

A crise ou problemas ambientais são fenômenos que não se desvinculam do caráter

social, mesmo que despercebidos pelos indivíduos ou até mesmo pelo Estado. Devemos

agregar em nossas atitudes, a necessidade e relevância da imersão/inserção das questões

socioambientais no âmbito político para que dessa maneira – essas questões – sejam

amparadas por políticas públicas que apóiem e garantam ações ambientalmente corretas.

Carvalho (2008, p. 61) argumenta que

A partir de sua inserção concreta na defesa e/ou disputa pelos bens

ambientais, muitas lutas adquirem uma dimensão pedagógica, na medida em

que instituem espaços efetivos de questionamento, encontro, confronto, e

negociação entre projetos políticos, universos culturais e interesse sociais

diferente. Para além dos seus resultados imediatos, estas lutas, tanto quanto a

educação ambiental orientada para a cidadania, podem contribuir de uma

41

forma muito concreta para o avanço de um dos grandes desafios

contemporâneos: a busca de possíveis novas tecituras entre a natureza e a

política – bios e polis.

Segundo Loureiro (2009, p. 89), para que uma EA provoque mudanças individuais e

coletivas, locais e globais, estruturais e conjunturais, econômicas e culturais, ela deve estar

fundamentada em conteúdo emancipatório, em que a dialética entre forma e conteúdo se

estabelece de tal maneira que promova alterações das atividades vinculadas ao fazer

educativo, então, teremos a EA transformadora,

Conforme o referido autor, em meio ao cenário que se apresenta, reflexionar e buscar

alternativas didático críticas sobre suas questões mais significativas, fazem do trabalho um

constante processo de ação-reflexão-ação, fazendo, desta forma, um movimento histórico de

ruptura com a modernidade capitalista vigente. Nesse sentido, a falta de rigor teórico, bem

como a apropriação indistinta dos saberes referentes à temática ambiental, comprometem em

sobremaneira o trabalho, ocasionando uma perda de competência no ato cognoscente do

“quefazer” pedagógico, ecológico, cidadão e crítico, argumentando que:

[...] transformação do “eu” é mediatizada pela sociedade, que por “nós” é

constituída (e pela qual somos constituídos), e pelas relações com o “outro”.

Assim, é preciso que se entenda a complexidade do processo de

transformação global a que se dispõe a Educação Ambiental e a

impossibilidade de se alcançá-la baseando-se os procedimentos pedagógicos

apenas em um aspecto, como se este se replicasse espontaneamente pela

sociedade. (LOUREIRO, 2009, p. 21).

Entendemos que Loureiro nos alerta quando na definição de fundamentos críticos para

embasar as discussões sobre Educação Ambiental, os quais devem possibilitar o

estabelecimento de um processo dialógico, que permita a contribuição de diferentes campos

teóricos no sentido de subsidiar as discussões e implementações de políticas públicas,

favorecendo múltiplas abordagens, considerando o contexto socioambiental, de modo a

possibilitar a transformação, sem desconsiderar a complexidade dos processos educativos.

Vários órgãos têm atuado nos temas ambientais, vale ressaltar a implantação do órgão

gestor da Política Nacional de EA, para que desta maneira possa efetivamente atuar na EA nas

suas diversas modalidade – formal e não formal – efetivando os instrumentos da política

pública ambiental.

Segundo Lanfredi (2002, p. 69-70), eram consideradas normais, em conseqüência do

progresso tecnológico e econômico, as agressões ao meio ambiente. Um tratamento jurídico

42

especial só começou a ser exigido ao final dos anos de 1950, pois não havia até então, uma

consciência sobre o problema socioambiental.

Data de 29.07.1960 a Convenção de Paris para utilização de energia atômica,

que criou um regime profundamente original de responsabilidade na época,

permanecendo como modelo, ainda hoje, para responsabilização de empresas,

cuja atividade provoca graves perigos para o meio ambiente [...],

responsabilidade civil por danos ecológicos, assistiu-se, na França e na União

Européia, contínua evolução, que culminou com o consenso dos Estados

europeus em estabelecer, na Convenção de Lugano, um regime especial de

responsabilidade por atividades perigosas ao meio ambiente (réparation des

dommages résultant des activités dangereuses).

No Brasil, de acordo com Little (2003, p. 14-15), nos últimos 25 anos, a

problemática ambiental foi de grande preocupação por um amplo leque de grupos

sociais, devido à constante e visível degradação ambiental em todas as regiões do país.

Houve uma mobilização social muito expressiva na década de 1980, que serviu, para

depois de duas décadas de regime militar, impulsionar o processo de redemocratização

da sociedade brasileira, recebendo apoio inclusive, de movimento ambientalista

internacional, incentivando ou despertando o Estado sobre a necessidade de maior

atenção às políticas ambientais.

As ações governamentais constituem uma das dimensões das políticas públicas. Estas

políticas são estabelecidas, e assim devem ser, considerando uma sociedade democrática

permitindo a participação efetiva e abrangente dessa sociedade. Neste contexto, vislumbra-se

uma perspectiva de atenuar a crise ambiental que segundo Leff (2009, p. 236) “irrompe na

história contemporânea marcando os limites da racionalidade econômica”.

Emerge então, proposições e ações em prol da Educação ambiental que em meio à

globalização da degradação socioambiental, trouxe ao campo de discussões a importância da

agregação de valores e princípios ecológicos/ambientais para a sustentabilidade do todo.

Podemos dessa maneira, considerar que o ambiente se encontra integrado por

processos físicos e sociais dominados e geridos de acordo com a racionalidade econômica

dominante, os quais se refletem e se desdobram na forma de uma natureza super explorada e

degradada, onde há uma grande perda de recursos da população, bem como a dissolução das

identidades étnicas, aonde vem sendo comprometida a qualidade de vida diante à crise

ambiental que se agrava. Fundamentalmente deve-se interagir com o meio ambiente, para

conseguir ou tentar entender que:

43

O ambiente não é o meio que circunda as espécies e as populações

biológicas; é uma categoria sociológica (e não biológica), relativa a uma

racionalidade social, configurada por comportamentos, valores e saberes,

bem como, por novos potenciais produtivos. Neste sentido, o ambiente do

sistema econômico está constituído pelas condições ecológicas de

produtividade e regeneração dos recursos naturais, bem como pelas leis

termodinâmicas de degradação de matéria e energia no processo produtivo.

O ambiente estabelece potenciais e limites às formas e ritmos de exploração

dos recursos, condicionando os processos de valorização, acumulação e

reprodução do capital. (LEFF, 2007, p. 160).

Nesse sentido, constituem-se por saber ambiental os conhecimentos referentes ao

campo supracitado, manifestando-se pela racionalidade no campo econômico, científico e

tecnológico da modernidade e social, sendo essa, agora múltipla racionalidade, um pilar de

base sólida não deve sustentar a crise ambiental.

Contudo, o ambiente apresenta-se configurado no campo das ciências não

reintegráveis e internalizáveis por extensão e racionalidade científica a estes saberes

esquecidos e espaços negados.

Essa crise ambiental que abarca o planeta, não é uma crise somente ambiental, é

também uma crise científica, e ela apresenta diversas fronteiras, pois se refere à própria

sustentação da vida. Entendemos que é urgente a discussão, as propostas e práticas de uma

Educação Ambiental crítica, emancipatória, e transformadora da sociedade. Os programas

educativos relacionados à conscientização da crise ambiental, bem como as políticas

ambientais demandam enfoques que integram uma realidade geradora de desigualdades, e não

podem ficar à mercê dos conhecimentos científicos e tecnológicos ineficazes, que não

desenvolvem nos cidadãos a consciência ambiental necessária. Dessa maneira, “a EA deve ser

vista como um processo de permanente aprendizagem, que valoriza as diversas formas de

conhecimento e forma cidadãos com consciência local e planetária” (JACOB, 1998, p. 13).

Novicki (2007, p. 152), sobre a “consciência ambiental”, considera a necessidade de ir

além, esclarecendo que:

não basta ter “consciência ambiental” ou conhecimentos necessários para

compreender e transformar a realidade socioambiental. Faz-se necessária a

organização/mobilização dos trabalhadores, que é dificultada pela

desconexão da temática ambiental dos demais problemas cotidianos, o que

se deve à internalização/reprodução de uma abordagem reducionista de meio

ambiente.

44

Evidentemente, essa interpretação reducionista do meio ambiente, onde a abordagem

ambiental fica restrita a uma parte – e muito expressiva – que contribui pela estagnação de

crescimento e transformação dos cidadãos. A visão ou interpretação que muitos têm sobre o

meio ambiente é sempre focada pelo ponto de vista ecológico (fauna, flora, rios), ou seja,

protegendo, cuidando e preservando esses ambientes, os problemas estarão, senão estagnados,

resolvidos. Dessa maneira, passa a ser volátil a problemática causada pelo suposto

desenvolvimento industrial.

Por tal motivo, cabe ao educador compreender e ocupar seu papel na sociedade em

que se insere, assumindo sua responsabilidade social, auxiliando na problematização da

realidade, por meio de uma relação dialética emancipatória que permita a geração de

mudanças significativas na sociedade.

Com essa ocupação, podemos compreender que a educação Ambiental constitui não

somente um elemento de apresentação de valores e atitudes, mas, também, um elo de

transformação social, inspirado na relação de dialogicidade, onde o exercício da cidadania

possibilita ao sujeito fortalecer-se, bem como superar as formas de dominação capitalista por

meio da construção de sua leitura crítica de mundo.

No que se refere a tal questão, segundo Loureiro (2009, p. 23) a

[...] Educação Ambiental, num momento em que o pós-modernismo decreta

o fim da história em que o neoliberalismo reduz tudo à economia de

mercado, educar sem clareza do lugar ocupado pelo educador na sociedade,

de sua responsabilidade social, e sem a devida problematização da realidade,

é se acomodar na posição conservadora de produtor e transmissor de

conhecimentos e de valores vistos como ecologicamente corretos, sem o

entendimento preciso de que estes são mediados social e culturalmente. O

que, por si só não geram mudanças significativas do quadro em que vivemos

que reproduz um padrão de sociedade que, paradoxal e discursivamente, é

negado por educadores ambientais.

Discorrer sobre a realidade social é buscar entendimentos e possíveis e promissores

caminhos para educação, em busca de soluções para as questões socioambientais. A

problemática ambiental, entende Leff (2007, p. 61-62), surge em meio a duas questões

pontuais: crise da racionalidade econômica e crise teórica da modernidade. Dessa forma, o

desenvolvimento passa a adquirir um aspecto complexo, que ultrapassa a compreensão de

resolução de situações por meio de uma perspectiva unilateral. Embora o saber ambiental seja

absorvido e assimilado pelos diversos saberes científicos, o mesmo não constitui campo

discursivo homogêneo. Ele surge de uma postura crítica, onde os paradigmas são

45

problematizados, não constituindo, deste modo, um saber unitário, sendo que sua

interdisciplinaridade constitui processo de reconstrução social, potencializador de uma

transformação ambiental do conhecimento.

Há de se buscar, em situações pré-existentes promoção de discussões onde se

averigúem suas possíveis causas, bem como a busca de alternativas de soluções,

possibilitando, assim, uma racionalidade ambiental, que inclua novos princípios e meios de

reorientação das formas de utilização e manipulação da natureza e seus recursos, princípios

esses que estão inseridos em documentos de grande relevância para os assuntos ambientais,

como os da Conferência de Tbilisi, TEASS e ProNEA, como exemplos.

Layrargues (2008, p. 90), com referência à Conferência de Tbilisi, realizada em 1977 na

ex-URSS, por meio da UNESCO, considera que tal conferência apresenta:

uma visão crítica da realidade bastante pertinente, demonstrando que a causa

primeira da atual degradação ambiental possui sua raiz no sistema cultural da

sociedade industrial, cujo paradigma norteador da estratégia

desenvolvimentista, pautada pelo mercado competitivo como a instância

reguladora da sociedade, fornece uma visão de mundo unidimensional,

utilitarista, economicista e a curto prazo da realidade, onde o ser humano

ocidental percebe-se numa relação de exterioridade e domínio da natureza.

Ainda, Layrargues (2008, p. 90) considera que muitos educadores entendem que os

impactos ambientais são oriundos de fatores como: explosão demográfica; agricultura intensiva;

crescimento das indústrias etc., “como se tais fenômenos estivessem dissociados da visão de

mundo instrumental da sociedade na qual foram originados”. E acrescenta a importância de

Tbilisi pelo rompimento do paradigma ambiental que era reduzido ao sistema ecológico, ou

seja, uma educação conservacionista, que desconsidera o meio ambiente em sua totalidade,

descartando, por exemplo, o setor industrial.

As empresas que compõem “esse setor industrial” devem cumprir as determinações das

leis e orientações estabelecidas em diversas normas e resoluções direcionadas especificamente

para esse setor , com diversas finalidades que dentre tantas podemos citar: prevenir e corrigir os

inconvenientes e prejuízos da poluição e da contaminação do meio ambiente, causados em

conseqüências das atividades produtivas. Se as medidas mitigadas e protetoras ao meio

ambiente não forem efetivadas, os responsáveis pelas empresas poderão “sofrer” ação de Res-

ponsabilidade Civil por Danos Causados ao Meio Ambiente, que atribui ao provocador do dano

a responsabilidade objetiva de indenizar, e reparar o dano, podendo até ser determinado o

46

fechamento ou cancelamento do funcionamento do estabelecimento industrial. (LANFRED,

2008).

Novicki (2007, p. 159) chama atenção para a inegável contribuição da educação no

processo de transformação e construção de políticas públicas “eficientes”, e até mesmo na reversão

de situações, de maneira que,

O processo de transformação das demandas/exigências socioambientais em

políticas públicas, além de assumir a forma de intervenções conjunturais,

pontuais e emergenciais – “políticas de apagar incêndios” (NOVICKI,

2000), é historicamente marcado pela ênfase no caráter punitivo (sanções

penais e administrativas), em detrimento da dimensão educativa, que

entendemos ser fundamental para a reversão do atual quadro de crise

socioambiental em países como o Brasil, onde ainda persiste uma cultura

política autoritária, particularmente na relação Estado-Sociedade.

Diante desse quadro – de sanções penais e administrativas – a educação ambiental

surge como um “motor reversor” que abre caminho em busca de uma “nova conscientização

ambiental” para reversão desse quadro assimétrico que não se encaixa na essência do

indivíduo e não carrega em seus vértices os elementos necessários à construção coletiva de

soluções para a crise que se agrava.

Neste caminho, o “motor reversor” – a educação – atua estrategicamente na formação

de competências, valores e habilidades que orientam as ações dos cidadãos com perspectivas

pautadas para o desenvolvimento sustentável.

3.4 Desenvolvimento Sustentável (DS)

O desenvolvimento sustentável (DS) não pode ser

Concebido unicamente de modo técnico-econômico, o desenvolvimento

chega a um ponto insustentável, inclusive o chamado desenvolvimento

sustentável. É necessária uma noção mais rica e complexa do

desenvolvimento, que seja não somente material, mas também intelectual,

afetiva, moral...(MORIN, 2000, p. 69-70).

O desenvolvimento, recorrendo à citação de Morin (2000), remete-nos a uma reflexão

sobre a vida. O cidadão sem educação “não vive”. O desenvolvimento intelectual, o afeto, a

47

ética, a moral..., em fim, são vários os “componentes” necessários à educação/reeducação das

pessoas. Esses “componentes” são capazes de sustentar a harmonia do ser em seu convívio

com o próximo. E a educação é a ação que congrega todos os componentes responsáveis para

a difícil tarefa de educar para a vida harmoniosa e sustentável. Oliveira (1998, p. 117)

considera que “à primeira vista, pode parecer uma visão romântica, mas a responsabilidade da

tarefa chega a ser assustadora”.

Estabelecida pela Organização das Nações Unidas em 1987, a Comissão Mundial

sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento lançou o relatório “Nosso Futuro Comum”,

conhecido também como “Relatório Brundtland”, que definiu desenvolvimento sustentável

como aquele “capaz de permitir a satisfação das necessidades da geração presente sem

comprometer a satisfação das necessidades e a sobrevivência das gerações futuras”.

Lucie Sauvé em “Educação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável: uma análise

complexa 118

” apresenta uma associação do DS com a EA, de maneira que

O conceito de DS tem sido associado com a EA para promover modelos

baseados na sabedoria da utilização dos recursos, considerando a equidade

e a durabilidade. Dentro do Programa Internacional da EA, a UNESCO

(UNESCO, 1995a) propõe que o DS é o objetivo mais decisivo da relação

dos "homens" com o ambiente. Isso reorienta a EA (UNESCO, 1995-b) e

acrescenta um "remodelamento" de todo processo educativo para encontrar

esse fim (UNESCO, 1992).

Nesse raciocínio, Carvalho (2008, p. 53-54), apesar de considerar recentes as práticas

sociais e pedagógicas que circundam as questões ambientais como objeto de interesse público,

evidencia essas questões “como um novo campo de ação político-pedagógica”. Entendemos a

relevância de “reorientação” de ações político-pedagógicas na questão da EA que possam

nortear projetos e programas educacionais capazes de sustentar a constante pretensão de

conscientização, sensibilização e transformação dos indivíduos. Podemos dessa maneira

vislumbrar o fortalecimento do elo entre a sociedade e a natureza, tornando possível um

promissor horizonte, mesmo que aparentemente utópico, mas que permeia em direção ao

mundo sustentável.

Com toda a problemática e complexidade das questões ambientais que inibem o

desenvolvimento sustentável, Dias (2006, p. 17) argumenta positivamente quanto às ações

que vem sendo realizadas em prol das questões ambientais, por meio de “[...] tratados,

acordos, convenções, desenvolvimento dos processos de gestão ambiental [...]” considerando

18

Disponível em: http://www.ufmt.br/revista/arquivo/rev10/educacao_ambiental_e_desenvolvim.html Acesso:

21 maio 2011.

48

também legislação ambiental, participação popular, certificações, e, sem dúvida o “[...]

processo de educação ambiental [...].”

O Guia de Comunicação e Sustentabilidade (2008, p. 7), elaborado pelo Conselho

Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) apresenta algumas

definições de sustentabilidade e tem “dado atenção especial à questão da comunicação e da

educação para a sustentabilidade” e fazendo um “levantamento” conclui que,

Aos poucos, ao longo dos últimos anos, vê-se crescer a quantidade e a

profundidade de consciências. Pessoas passaram a adotar hábitos menos

agressivos, empresas adotaram – boa parte ainda como retórica, puro

discurso – o conceito de sustentabilidade, palavra que anda de boca em boca

mundo afora. Outras assumiram de fato um compromisso com o mundo e

não só repensam seus processos para torná-los amigáveis ao futuro, como

disseminam a idéia. Este Guia de Comunicação e Sustentabilidade é um

bom exemplo. (GUIA DE COMUNICAÇÃO E SUSTENTABILIDADE, p.

4).

Este Guia (2008, p.7) insere as empresas “entre os principais agentes indutores da

sustentabilidade”, pois dependendo do ramo de atividade e porte empresarial, pode ter grande

influência não só na comunidade onde está situada, mas também no país e no planeta, através

da geração do maior número de empregos e renda, e “são elas que produzem os mais

significativos impactos no meio ambiente e na sociedade”.

Deluiz e Novick (2004, p. 21), a partir da análise da dicotomia entre trabalho/meio

ambiente, procuram indicar um modelo de desenvolvimento sustentável, para formação de

cidadãos críticos e autônomos, através de uma proposta democrática. Os autores entendem

que estamos diante de uma crise social e ambiental, sendo várias as propostas de modelos

para alcançar o “desenvolvimento sustentável”, desta maneira eles nos alertam:

[...] devemos estar atentos às concepções existentes sobre desenvolvimento

sustentável, pois estas estão ancoradas em diferentes matrizes teóricas que

informam a intenção de efetivar distintos projetos políticos, segundo os

interesses em confronto, que se refletem nas abordagens e práticas

educacionais.

Os autores apresentam, ainda, três concepções de “desenvolvimento sustentável”. A

primeira concepção, que é defendida pelo Estado e empresariado, foi proclamada pelo

Relatório de Brundtland e reiterada pela Agenda 21, tem como princípio norteador “o

crescimento econômico e a eficiência na lógica do mercado”. A segunda concepção entende

49

que o “desenvolvimento sustentável” pode ser alcançado com a preservação e construção de

sociedades sustentáveis, sendo norteada pela “lógica da auto-suficiência e da auto-regulação

na busca do equilíbrio homem-natureza”. A terceira concepção que é a “sustentabilidade

democrática” é entendida como:

[...] processo pelo qual as sociedades administram as condições materiais de

sua reprodução, redefinindo os princípios éticos e sociopolíticos que

orientam a distribuição de seus recursos ambientais. (ACSELRAD; LEROY,

1999 apud DELUIZ e NOVICK, 2004, p. 23).

O modelo de consumo sustentável ou desenvolvimento sustentável foi o escolhido como

o que mais se aproxima de satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a

qualidade de vida das gerações futuras. Também, denominado por Lanfredi (2002, p.72) "eco-

desenvolvimento" ou "desenvolvimento durável", “trata do desenvolvimento com justiça social,

sem destruir o meio ambiente, ou seja, de um desenvolvimento voltado para a garantia da

qualidade de vida”. Com esse objetivo, é preciso aprender a participar, e a usar a parceria, pois,

parceria é decorrência do processo de participação social.

Helú; Mattar (2009), Lanfredi (2002) e Little (2003), entendem que a Agenda 2119

é

excelente ferramenta e promissor caminho para se alcançar o desenvolvimento sustentável.

Lanfrei (2002, p. 73) destaca “a relevância da criação do Fórum Permanente da Agenda 21, em

âmbito nacional e municipal”. Isso é fundamental também para que se consiga,

progressivamente, atingir o desenvolvimento sustentável, e, com a criação de parcerias ,

“dividir” as responsabilidades com a sociedade e com os governos locais.

Muito divulgado é o conceito de desenvolvimento sustentável, apesar de não apresentar

dificuldades para o seu entendimento, Helú; Mattar (2009) e Leff (2007) concordam que aplicá-

lo à sociedade implica em grande complexidade, por entender que a gestão ambiental do

desenvolvimento sustentável envolve fatores socioeconômicos, culturais, técnicos, políticos,

exigindo uma participação democrática na tomada de decisões. É possível constatar-se mais

uma vez, a necessidade de políticas públicas eficazes que sejam capazes de formar a

triangulação harmônica entre desenvolvimento sustentável, produção industrial e EA.

19

"Agenda 21 Global"; está voltada para os problemas prementes de hoje e tem o objetivo, ainda, de preparar o

mundo para os desafios deste século. Reflete um consenso mundial e um compromisso político no nível mais

alto, para as questões relativas ao meio ambiente e o desenvolvimento global sustentável. (Resolução 44/228 da

Assembléia Geral da ONU, aprovada em 22/12/1989).

50

Entende-se desta maneira, como elemento fundamental deste triângulo, o incentivo

para a prática – não só nas grandes empresas, mas também nas micro e pequenas empresas, da

Educação Ambiental Empresarial – EAE.

3.5 Educação no contexto Empresarial

A incessante busca de “eficiência empresarial coletiva”, converte-se para a

insubstituível razão da inserção da Educação Corporativa. A educação, não restrita à

academia somente, exige vínculos e sinergias entre projetos para o desenvolvimento social e

tecnológico que surgem no âmbito empresarial, embasado em programas educativos. Na

atual conjuntura econômica, social e ambiental, o sucesso das empresas irrompe diretamente

à capacidade de gestão do conhecimento, que garante inovação e progresso por meio de

educação continuada, sustentada necessariamente em projetos pedagógicos. Portanto, a

escola e a empresa devem fundir-se de maneira a formar uma “parceria indissolúvel”,

parceria esta que deve ser propícia a tratamentos para mudanças, mas “conservadora” da sua

capacidade de transformação.

Ao que chamamos de parceria, entendemos que Ricardo (2009, p. xx) chama de

encontro, de maneira que,

O encontro entre a escola e a empresa é necessário. A escola precisa

estimular o espírito inventivo, questionador e criativo do aluno e, por outro

lado, a empresa precisa aproveitar os talentos e ampliar as possibilidades

desse indivíduo na organização, proporcionando, inclusive, novas

situações de aprendizagem. A dicotomia empresa-escola pode ser

proveitosa para que ambas revejam seus papéis e possam construir,

conjuntamente, propostas educacionais compatíveis com os anseios da

sociedade, sobrepujando a suposta separação entre educação e trabalho.

Não se deve esquecer, jamais, que a relação trabalho/educação é formada por uma

complexa rede de saberes e não pode descartar as diversas formas de educar, seja no âmbito

escolar (educação formal) ou no âmbito empresarial (educação não formal).

51

3.5.1 Educação Não Formal

Antes de adentramos em alguns detalhes da educação não formal, cabem algumas

considerações sobre as duas outras formas de educação que são a formal e a informal. Gohn

(2010, p. 16) caracteriza a educação informal como “aquela que o indivíduo aprende durante

o seu processo de socialização” e a formal “aquela desenvolvida nas escolas, com conteúdos

previamente demarcados”.

A Lei nº 9.795 de 27 de abril de 1999 apresenta duas modalidade de educação

ambiental: a formal e não-formal, sendo esta última, conforme Seção III Art. 13, entendida

como “ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões

ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente.”

A Educação Não Formal é concebida por diversos públicos e, principalmente, em

ONGs e grupos sociais com os mais diferentes objetivos, e sem dúvida e necessariamente, no

âmbito empresarial. Nesse meio são desenvolvidos diversos programas, cuja finalidade deve

ser pautada em uma luta constante pela emancipação dos indivíduos e pela minimização das

desigualdades e exclusões sociais. Gohn (2010, p. 17) aborda que os espaços educativos

“acompanham a trajetória de vida dos indivíduos” e, considerando que os processos

interativos devem ser intencionais destaca que “a questão da intencionalidade é um elemento

importante de diferenciação.”

Ao longo dos anos, diversos programas vêm sendo implementados a título de

“Responsabilidade Social”, no entanto, os mesmos baseiam-se, quase sempre, em uma lógica

de mercado que desconsidera o sujeito do processo educativo. Outros programas, cujas

premissas encontram-se sob a égide da emancipação dos indivíduos e sua formação cidadã,

fazem uso da terminologia “Compromisso Social”, para apresentar e implementar sua

proposta de trabalho. (ibid., 2010, p. 48-49).

A educação que não se encontra pautada na formalidade, processa-se de forma

gradual, apresentando oportunidades de trabalho para inúmeros profissionais das mais

diferentes áreas. Necessário se faz pensar tais profissionais que nela atuam, uma vez que são

eles agentes promotores de mudanças e permanências no contexto em que se inserem, bem

como é de suma importância os mesmos estarem em consonância com a perspectiva

educacional desta abordagem pedagógica.

Não basta ser um mero reprodutor e transmissor de conhecimentos e ações, pois o

educador social, que atende a tal demanda, desempenha papel de fundamental importância na

52

formação de educandos capacitando-os para viver em uma sociedade onde novas perspectivas

e horizontes educacionais são gestados.

Cabe, então, ao educador mediatizar a construção e re-construção de saberes, no que

se refere ao respeito a alteridade, socialização e adaptação ao grupo, bem como às diferenças

culturais, possibilitando, assim, a construção de uma identidade coletiva de grupo, onde são

estabelecidas regras éticas de condutas sociais no que tange a educação não formal.

Dessa forma, pensar o processo de ensino/aprendizagem implica na concepção de um

“quefazer” pedagógico imbuído de significação para os educandos, onde os saberes

construídos coletivamente por meio da interação entre os atores do processo educativo, se

processam, possibilitando ao cidadão emancipar-se com autonomia para pensar fazer, como

nos diz Gohn (2010).

Relacionar e articular os saberes de modo a possibilitar a compreensão política do

mundo, da realidade, avaliando e analisando as questões locais que emergem das necessidades

do coletivo é de suma importância; no sentido de promover a formação crítica de cidadão

capaz de fazer sua leitura de mundo, questionando-o, bem como colocando-se em questão

enquanto agente inserido e atuante no mesmo. Portanto,

É preciso ter a capacidade de fazer uma leitura crítica do mundo que nos

rodeia, no plano local, para entender as contradições globais, para conviver

com as fragmentações e antagonismos de uma sociedade que faz dos

conflitos a sua base de sustentação, para compreender as novas concepções

do processo cultural civilizatório em marcha na globalização. (ibid., 2010, p.

41).

É imprescindível, para que a educação não formal contribua efetivamente na

sociedade, bem como para a compreensão de seu caráter, sentido e significado, que a mesma

se constitua como modalidade complementar ao ensino regular formal. Atuando, então,

anterior, concomitante ou posteriormente à instituição escolar formalizada.

Apresenta-se como desafio na era globalizada e no âmbito corporativo a construção e

implementação de processos educativos no interior de grupos, associações e também nas

empresas, onde seja vislumbrada a autonomia, onde haja lugar para o respeito e a valorização

das diferenças, bem como na ocupação dos espaços públicos com responsabilidade, ética e

respeito, tendo em vista uma visão crítica do mundo e a garantia da almejada qualidade de

vida no mesmo.

53

3.5.2 Educação Ambiental Empresarial (EAE)

Observamos, na construção do nosso trabalho, que os conceitos e atividades de

educação ambiental, quando não sempre, são quase sempre focados aos ambientes naturais,

onde a abordagem ambiental permeia aos problemas ecológicos ou valores estéticos. Com

essa abordagem, a ligação dos indivíduos com o meio e os problemas sociambientais –

causados em sua maioria pelo mundo capitalista – de diferentes naturezas, são quase sempre

considerados secundários e, diante tamanha degradação ambiental as empresas apresentam-

se como ameaça constante.

Na introdução do livro Educação Ambiental Empresarial no Brasil, Pedrini (2008, p,

xxii) informa:

De fato, são as empresas, principalmente as indústrias que visam ao lucro

cada vez maior e não atentam para as responsabilidades socioambientais,

que estão destruindo irreversivelmente o mundo. [...] Um dos problemas

ambientais que mais assusta a população mundial é o efeito estufa, causado

principalmente pelo excesso de gás carbônico (CO2) na atmosfera, sendo

as empresas as responsáveis por sua emissão no meio ambiente. [...] A

Educação Ambiental Empresarial (EAE) possui política pública que a

torna obrigatória, como é o caso da fiscalização ambiental das empresas, e

a responsabilidade socioambiental cumprida pelas empresas precisa ser

exigida e demonstrada com ações permanentes e sérias.

Pelliccione (2007, p. 23) entende que “o papel da empresa em relação à EA consiste

em atender as determinações legais”, e que existe um equívoco quando na interpretação dada

ao termo capacitação profissional, “uma vez que as empresas a designam a atividades de

treinamento ambiental regular do público interno ou a ações fragmentadas e triviais para o

público externo do seu entorno como hortas, reciclagem, desfiles, que possuem fim na própria

atividade”.

Várias são as leis que indicam a necessidade da prática da EA não formal (aquela que

é realizada dentro da empresa, por exemplo). Barbosa (2008) considera que a atual gestão do

governo federal incentiva a gestão compartilhada entre o meio ambiente e o sistema de

ensino, possibilitando a articulação e maior sinergia entre políticas de educação formal e não

formal.

Em 1999, por meio da Lei nº 9.795 de 27 de abril, regulamentada em 25 de junho de

2002, através do Decreto N.º 4.281, no inciso V do Art. 3º, dá incumbência:

54

Às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, promover

programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e

ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as

repercussões do processo produtivo no meio ambiente (BRASIL, 1999, p.1).

Também, na mesma lei, no inciso III do Art. 13 da Seção III sobre a EA Não-Formal,

incentiva: “a participação de empresas públicas e privadas no desenvolvimento de programas

de EA em parceria com a escola, a universidade e as organizações não governamentais”

(BRASIL, 1999, p. 3). Focando o setor industrial, de acordo com o art.2º, a PNMA, dentre

vários objetivos, faz-se destaque ao V princípio: “controle de zoneamento das atividades

potencialmente e efetivamente poluidoras”, que deixa expresso um alerta no sentido de que a

indústria, ao produzir, saiba o que vai produzir, pois se poluir/degradar o meio ambiente,

pagará caro. Não se pode admitir mais que as empresas, sejam elas do setor primário,

secundário ou terciário, não levem em conta as ameaças de degradação ao meio ambiente em

conseqüência da suas atividades.

A preocupação com as questões ambientais no Brasil data de várias décadas. Little

(2002) e Layrargues (1990) argumentam que ao final dos anos 80 houve um aumento da

preocupação com as questões ambientais, uma melhora entre as atividades produtivas e o

meio ambiente. Layrargues (1990), observou-se desde então, uma modificação substancial nas

“percepções sociais e do imaginário cultural, [...] felizmente, para melhor”. Concordando

com Gutberlet (1996), para que se tenha um avanço significativo das relações entre as empresas

e as questões socioambientais, é de fundamental importância a conscientização e participação

ativa dos empresários juntamente com outros segmentos da sociedade, pois o desenvolvimento

sustentável “exige” uma participação democrática para tomadas de decisões.

Adams e Gehlen (2008) consideram imprescindível a prática da EA nas empresas.

Embora recente, a preocupação com ações educativas se destacam no âmbito do

cumprimento de exigências para licenciamentos, selos de certificação, publicidade e imagem

da empresa, ecoeficiência, entre outros. Assim, lança-se o desafio de aprimoramento

pedagógico de suas práticas, aos profissionais que atuam com EA empresarial.

Silva (2006, p. 34) considera um caminho para transformação dos cidadãos, de maneira

que

Hoje, a EA nas empresas pode ser considerada um importante meio, para

que elas possam alcançar a transformação profunda de todos os funcionários

dentro da organização. É necessário pensar na Educação Ambiental como

55

um processo político de apropriação crítica e reflexiva de conhecimentos,

atitudes, valores e comportamentos que tem como objetivo a construção de

uma sociedade sustentável do ponto de vista ambiental e social.

As questões ambientais, diante suas complexidades não podem ser mitigadas e/ou

evitadas e solucionadas tão somente com ferramentas de cunho tecnológico. Só é possível que

os cidadãos façam uso de tais ferramentas para melhoria das condições ambientais e sociais,

se amparados estiverem pela EA, educação, essa, contextualizada com as diversas questões

socioambientais, pautada em programas educacionais e estruturados em princípios

pedagógicos.

Pelliccione (2007, p. 23) admite, teoricamente, a suposição de que “EAEB seja

desenvolvida, essencialmente, no bojo dos processos de gestão ambiental, tanto para a

economia de custos (AZEVEDO, 2003) como para a obtenção certificada da ISO 14001

(SEIFFERT, 2006)”. Considerando essas suposições, Giesta (2009, p. 45-46) supõem

também, alguns objetivos implícitos nas ações das empresas,

Os projetos de EA na empresa, no entender de Azevedo, Nogueira e Imbroisi

(2005), têm objetivos e metas bem definidos, procurando solucionar

determinadas situações ou dificuldades, principalmente quando eles são

destinados aos empregados. Quando a EA é levada ao público externo, os

objetivos explícitos são facilitar a comunicação entre a organização e a

comunidade e contribuir para o aprimoramento do nível de consciência do

público alvo. Os objetivos implícitos nas ações são claramente de marketing,

visando manter uma imagem de empresa responsável perante a sociedade.

Portanto, dando ênfase à lógica do mercado na qual a preocupação ambiental

ocorre, ainda que seja somente burocrática. Julgam estes autores que a

Gestão Ambiental na empresa é utilizada em 50% dos casos com ações que

nada têm a ver com a proteção do meio ambiente e, sim, com o comércio.

Uma vasta construção teórica existe na área da educação, que de acordo com Giesta

(2009, p. 11), concede suporte para debates conceituais e para investigação empírica,

especialmente nas práticas escolares que vão da educação formal à não formal, quando se

referencia às questões ambientais. “Contudo, a análise de processos de Educação Ambiental

no contexto organizacional, em geral, pode ser prejudicada ou até mesmo inviabilizada por

idéias ou convicções teóricas comuns, quase consensuais”, e pelo fato de ter a EA nas

empresas “merecido espaço para análise diante dos pressupostos selecionados e utilizados em

diversificados âmbitos e áreas do conhecimento”, sugere uma análise crítica “acerca do

tratamento acadêmico-científico na abordagem das questões ambientais”. Ainda Giesta

considera que, já as questões ambientais na área da Administração têm o foco voltado para

56

outras teorias e conceitos sobre: “tecnologias de produção as tecnologias limpas de produção,

os sistemas de controle de poluição, gestão ambiental estratégica, eco-design, marketing

verde, certificação ambiental na empresa”, de modo que “ao optar pela Gestão Ambiental [...]

É imprescindível, quando da implantação de sistemas de gestão ambiental, a participação das

pessoas”.

Gestão Ambiental nos remete à NBR ISO 14001 que trata sobre as questões

ambientais no âmbito das organizações. Com a criação/estruturação de um Sistema de Gestão

Ambiental (SGA), em conformidade com a referida norma, a organização pode pleitear a

certificação do respectivo SGA por meio de um órgão certificador com reconhecimento

internacional, ficando a organização, diante da certificação, reconhecida como uma empresa

“ambientalmente correta”, implicando em melhoria da imagem nos mercados nacional e

internacional, além, é claro, da mitigação ou prevenção dos impactos ao meio ambiente.

Em busca de uma “gestão ambiental verdadeira” por meio das ISOs e da RSCs,

Pedrini (2008, p. xxix) considera a existência de muitos esforços, e,

Desse modo nos parece, pelos estudos de caso até hoje realizados, que a EAEB

realizada na busca da certificação da ISO 14001 não tem sido eficaz e, assim, a

busca de espaço para sua realização no contexto da cidadania empresarial ou da

responsabilidade social corporativa está dando sinais alvissareiros de que

apresenta potencial de seriedade maior para o enfrentamento e solução dos

problemas causados pela crise socioambiental. Mas, obviamente, a busca das

certificações tanto da gestão ambiental como da qualidade, se realizadas com

seriedade e com a inclusão futura da EAE nos seus subsistemas, poderá se tornar

espaço complementar para a realização de uma EAEB emancipatória.

Parece-nos que as organizações estão tomando consciência sobre as vantagens e

importância de implementação dos Sistemas de Gestão Ambiental, como alternativas práticas

e corretas do ponto de vista ambiental que, além de contribuir para qualidade dos produtos,

agregação de valor e melhoria de processos, contribui sem dúvida, como já citamos, na

melhoria das condições ambientais, podendo até causar impacto positivo.

Tal certificação/implementação do SGA, exige dos funcionários da empresas, desde o

mais alto cargo ao mais simples, uma constante integração/organização que reflete em todos

os setores e também nas atividades, acarretando normalmente, em conseqüência das ações

necessárias, mudanças de paradigmas de ordem organizacional e técnica, e também em

relação ao meio ambiente.

Todo esse processo de mudanças deve considerar novo aprendizado, novas condutas,

revisões ou novos procedimentos e mudanças de comportamento para valorização dos

57

cidadãos capazes de transformar hábitos ineficazes em ações promissoras, comprometidas

com o êxito da organização. Para Fritzen e Molon (2008, p. 26),

As transformações a serem realizadas têm de considerar o público interno

como agente indispensável para o êxito do processo, o que requer, por

conseguinte, que os funcionários estejam plenamente capacitados a

compreendera dinâmica da mudança para poderem atuar conscientemente na

mesma, caso contrário, a proposta não avança para além do caráter técnico e

a transformação de comportamento não. Nesse sentido, por ser esse um

processo de mudança que discursa sobre a importância da capacitação e

envolvimento do público interno, abre-se espaço para utilização dos

princípios da Educação Ambiental como norteadores das questões

vinculadas à conscientização, à participação e à avaliação.

Mesmo entendimento tem Pelliccione, Pedrini e Kelecon (2008, p. 48) sobre a

implementação da EA no âmbito empresarial viso que “a certificação ISO 14001 também

aparece como importante incentivo para as empresas integrarem a EA em sua pauta”, mesmo

considerando que as empresas quando procuram a certificação do seu sistema é com o

objetivo de alcançar além das metas econômicas, as metas ambientais, de modo que a “EAE

está sendo motivada por questões financeiras ou exigências governamentais e não por

mudança autônoma de postura empresarial para a construção de sociedades sustentáveis.”

A certificação do SGA de determinada empresa, segundo Ribeiro (2007, p. 152), pode

conferir à mesma, rótulos e selos de qualidade que contribuem para o marketing da empresa,

garantindo “o poder de venda no mercador exterior (e também interior)”.

Os custos do programa de EA são pequenos quando se leva em conta os custos com

controle ambiental. As pessoas envolvidas têm mostrado boa aceitação com esses programas

de EA, apesar de perceberem que, dentro da empresa, são direcionados prioritariamente à

fatores econômicos e ambientais. “Apesar dessa limitação, [...] programas de EA sugerem que

ela pode ser um instrumento [...] estimulando a co-participação no gerenciamento ambiental e

a visão crítica dos envolvidos [...]”. (GIESTA 2009, p. 11).

A inserção da EA em matrizes curriculares, a determinação ao cumprimento por

algumas leis, e, felizmente, a adoção por vários setores em conseqüência da sua relevância

para a transformação dos cidadãos, mesmo que muitos ainda não a pratiquem, leva Donaire

(1999, p. 50 apud RIBEIRO, 2007, p. 153) a dispensar o pessimismo lembrando que:

A globalização dos negócios, a internacionalização dos padrões de qualidade

ambiental descritos na série ISO 14000, a conscientização crescente dos

atuais consumidores e a disseminação da Educação Ambiental nas escolas

58

permitem antever a exigência futura que farão os futuros consumidores em

relação à preservação do meio ambiente e à qualidade de vida.

Precisamos não só acreditar, mas perseverar com as ações de cunho político, social,

ambiental e educacional, para que nossos futuros ex-jovens, quando cidadãos “responsáveis”

possam estar esbanjando um alto grau de responsabilidade socioambiental, apresentar

competências e habilidades para lidar com aglomerados de informações estanques e, quem

sabe, conforme Ribeiro (2007, p. 155) almeja, “a Educação Ambiental não precise mais

existir”.

Azevedo, Nogueira e Imbroisi (2005, p. 4) ressaltam que além da “preocupante”

ocupação que as organizações têm com as variáveis ambientais, se percebe a necessidade de

inserir a EA no cômputo das organizações, tendo em vista que as empresas deveriam ter, além

de novas tecnologias ambientalmente mais eficazes, também uma estratégia em relação aos

empregados com o meio ambiente. “Com a incorporação de sistemas de gestão ambiental,

especialmente a ISO 14001, essa suposta educação, entendida pela maioria como treinamento,

passou ser parte do instrumental utilizado para garantir a eficácia da gestão”, e, ainda,

segundo os autores, “a Educação Ambiental tem recebido inúmeras críticas em relação a sua

possível ineficácia”. Qual a causa desta possível ineficácia? Será que os programas de

educação e treinamentos20

estão falhos e/ou insuficientes diante aos problemas da crise

ambiental e às exigências do mundo do trabalho?

Meneses et al. (2010, p. 20) argumentam que

O intuito é discutir e refletir sobre a realidade atual do mundo do trabalho, já

que, nas últimas décadas, conceitos sobre educação continuada e educação

corporativa passaram a fazer parte do processo de crescimento pessoal e

profissional dos indivíduos dentro e fora das organizações de trabalho.

O mundo do trabalho deve permear pela busca do trinômio “redução da pobreza x

emprego x educação” para tentar equacioná-lo. Eboli (2004, p. 259) esclarece que “é

condição necessária para reduzir as desigualdades e consolidar a capacidade de o país

competir no contexto internacional”, e afirma que o investimento que todos os atores sociais

empregarem no capital intelectual e também no capital humano vai ser fator preponderante

no “nosso projeto de futuro”. Já, com essa visão empresarial e futurista, “muitas empresas

por meio de seus sistemas de educação corporativa, estão desempenhando um papel

fundamental nesse sentido”.

20

No item 3.5.3.1 problematizamos o termo treinamento.

59

3.5.3 Educação Corporativa

Os inúmeros desafios que nosso país tem para superar barreiras quase que

instransponíveis refletem a necessidade de componentes educacionais para suas superações

e enfrentamentos. Mais uma vez, e sempre, a educação apresenta potencialidades no

caminho de busca para transposição dessas barreiras e consolidação do país na competição

de negócios no contexto internacional.

Um desses desafios que interfere no investimento intelectual é apresentado por

Martins (2005, p. 159),

A baixa qualidade da formação básica – prerrogativa intransferível da

escolarização formal – repercute negativamente na obtenção de agregado

de conhecimento e inibe a prospecção e investimento em capital intelectual

no âmbito das organizações.

As atribuições da empresa e da escola sempre estão bem definidas. A escola é

considerada como ambiente formal para as práticas educativas, cuja função é preparar o

indivíduo através do desenvolvimento de saberes científicos e técnicos, ou seja, para o

trabalho, além da construção de princípios e valores fundamentais ao convívio com as

pessoas e participação nos meios sociais. Já às empresas, por sua vez, cabe a execução, de

seus objetivos empresarias, por meio dos conhecimentos que seus profissionais aprendiam

na escola.

No entanto, Eboli (2004, p. 259-260) confere à educação corporativa uma forma de

“construir” um “processo de formação de um novo perfil de trabalhador, capaz de refletir

criticamente sobre a realidade organizacional, construí-la e modificá-la”, e argumenta que

esse processo provoca mudanças de atitudes que não se restringem apenas na força de

trabalho, mas extrapola os limites corporativos, engajando os trabalhadores na

responsabilidade de construção de um mundo melhor, “o que é mais importante”.

Considerando as possibilidades da educação corporativa para com a transformação

dos cidadãos, através do despertar crítico e participativo, por exemplo, essa educação

apresenta em seu bojo, componentes indispensáveis à relação equilibrada do homem com

seu trabalho e com o meio ambiente, além do “aprimoramento” das relações sociais. Dentro

desse pensamento, procuramos algumas definições sobre “educação corporativa” para

60

atentarmos às possibilidades de formação desse processo, e também para um despertar

reflexivo.

Filho (2006, p. 34) apresenta definição de Débora Silva que entende a educação

corporativa “como o conjunto de práticas educacionais planejadas para promover

oportunidades de desenvolvimento do funcionário, com a finalidade de ajudá-lo a atuar mais

efetivamente e eficazmente na sua vida institucional”, ainda, apresenta a definição de

Marisa Éboli que considera “como o conjunto de ações integradas que possibilitam o

desenvolvimento de pessoas com foco nas competências empresariais e humanas [...]”. Já

Martins (2005, p. 157) tem seu entendimento sobre educação corporativa como sendo “um

conjunto de ações que visam desenvolver conhecimentos, habilidades e competências

alinhadas ao interesse estratégico da organização e, por conseguinte, capazes de incrementar

o potencial competitivo da mesma”.

Sendo um tanto quanto críticos e buscando nessas considerações sobre educação

corporativa elementos que sustentam o progresso não só intelectual e profissional dos

cidadãos, mas, principalmente, os elementos transformadores dos cidadãos como ser social,

entendemos que – apesar de a educação corporativa não esquecer o “desenvolvimento

humano” – ela envereda para uma educação corporativa balizada essencialmente pelo e para

o sucesso dos negócios empresariais.

Existe uma lacuna nos currículos praticados pelas escolas e universidades, em

relação às necessidades do “mercado econômico, financeiro e social em que as empresas

atuam”. Diante tal lacuna e às demandas do mercado, as corporações recorreram “a

processos próprios de aprendizagem, visando a capacitar seus profissionais para a execução

de tarefas específicas”. (ALMEIDA, 2005, p. 110).

Em conseqüência dessa lacuna, e na tentativa de remediar tais situações, Almeida

(2005, p. 111) argumenta que

Em função dessa necessidade, inicialmente, surgiu o treinamento, como

um processo que visava a tornar os profissionais das empresas aptos a

realizarem novas tarefas e a absorverem procedimentos, assim como a

manipularem novas ferramentas de trabalho. A natureza do treinamento

distinguia-se da educação pelo seu caráter prático e emergente. Sua prática

nem sempre estava aliada aos objetivos estratégicos da empresa e também

não se alicerçava em diagnósticos consistentes que indicassem a

necessidades de conhecimentos ou habilidades requeridos pelo negócio.

61

A educação corporativa tem o grande desafio de “criar um ambiente de

aprendizagem no qual todo funcionário e todo elemento do sistema comercial da empresa

compreenda a importância da aprendizagem contínua vinculada a metas empresariais”.

Dentre os papéis da educação corporativa, são considerados: necessidade de aprendizagem;

desenvolvimento de uma filosofia de aprendizagem; projeto consistente e “vincular o

treinamento a estas principais estratégias empresariais”. (FILHO, 2006, p. 34-35).

Nesse sentido, urge a necessidade de atentarmos pelo caráter distinto das concepções

e objetivos sobre treinamento e educação. Caráter esse que apresenta por meio das

atividades e objetivos e por tratamento diferenciado dos autores, a marcante diferença entre

educação e treinamento.

3.5.3.1 Problematizando concepções e práticas de treinamento: perspectivas de

educação corporativa

Será que as considerações sobre a possível ineficácia da EA, feita ao término do item

1.4.1, têm relação com as reduzidas concepções e práticas de “treinamentos”? O escopo

ambiental das empresas são alvos de “treinamentos” ou de processos educativos? Diante essas

indagações, sentimos a necessidade de apresentar algumas considerações sobre o treinamento,

sem, contudo, aprofundarmos em sua complexidade.

Na visão de especialistas em recursos humanos, como Chiavenato, (1994

apud KITZMANN; ASMUS, 2002), o treinamento de funcionários constitui-

se em um meio de desenvolver a força de trabalho dentro de cargos

particulares, sendo o processo educacional de curto prazo aplicado de

maneira sistemática e organizada, através do qual as pessoas aprendem

conhecimentos, atitudes, habilidades em função de objetivos definidos.

(SILVA, 2006, p. 34).

Quanto à visão anteriormente argumentada – sem querer sugerir equívocos e muito

menos erros, mas com o intuito de provocar uma necessária reflexão sobre a dicotomia

educação/treinamento – ela vai de encontro com algumas considerações que citamos e que

também defendemos sobre os objetivos e processos da Educação. Sobre o “processo

educacional de curto prazo” entendemos e defendemos que a Educação é um processo

62

contínuo, em constante busca da sua plenitude e que jamais poderá ser realizada em curto

prazo.

Destacamos, então, algumas reflexões que fundamentam a presente pesquisa: “[...]

nesta destorcida visão da educação, não há criatividade, não há transformação, não há saber.

Só existe saber na invenção, na reinvenção, na busca inquieta, impaciente, permanente que os

homens fazem no mundo [...]” (FREIRE, 2009, p. 67); “O projeto é eterno. É continuado. E a

educação é continuada. Sem dúvida. Nós professores precisamos dela, nossos alunos

também”. (ESCOLA E)21

; “deve ser concebida com um processo contínuo” (PRÊMIO

SIDERÚRGICA DE MEIO AMBIENTE, 2004, p. 4). Como nossa citação, apresentamos:

“que garante inovação e progresso por meio de educação continuada” (SANTOS, 2011, p.

40).

Agora, no que tange ao “desenvolver a força de trabalho”, podemos afirmar – pela

convicção que os saberes concebidos em nossa experiência profissional, em nossa carreira

acadêmica e até mesmo pela influência da educação informal que abarca nosso meio cultural

– que: a educação transcende o simples desenvolvimento para a força de trabalho. E

reafirmamos, “a educação deve acima de tudo transformar a realidade para, desta maneira,

modificar e recriar, processos de educação e não de adestramentos [...] não importando se o

processo de alfabetização é para crianças, adultos ou somente para formação de mão-de-obra

técnica” (FREIRE, 2009, p. 68-69, 79); “a educação como a grande estratégia contra a crise

atual de nossas sociedades” (PIVA, 2004, p. 12), e “o dever principal da educação é de armar

cada um para o combate vital para a lucidez” (MORIN, 2000, p. 33).

Buscamos mais uma vez em Nascimento (2007, p. 2), a força para expressarmos

propósitos da educação que vão ao encontro do nosso pensamento e congrega – no mesmo

tempo – o transcendente e infinito ”ato” de educar.

Assim, faz-se necessário e urgente pensarmos a educação como uma força

motriz para a reconstrução do sujeito social ativo, capaz de apontar novos

caminhos no tecer contínuo do conhecimento. Em momentos permeados de

incertezas, próprios da época contemporânea, o pensamento educacional

requer um diálogo crítico e uma constante abertura para o novo. Isso

significa desenvolver outras formas de Inteligibilidade, como propósito de

resgatar os valores essenciais do ser humano, mediante um aprendizado

ininterrupto ancorado no questionamento da realidade.

21

Depoimento oral de professora referente entrevista realizada, conforme citação no item 5.2.4.1, página 113

dessa dissertação.

63

Eboli (2004, p. 218), aborda a “matéria polêmica publicada pela revista Exame (“500

Maiores e Melhores”) destacou as vultuosas quantias dos investimentos em treinamento”.

Das críticas salientadas, apresentamos as que se seguem:

- A falta de foco no objetivo do treinamento.

- A maioria dos programas não consegue levar os conceitos à prática.

- Presidentes e diretores do primeiro escalão não se envolvem na definição dos objetivos do

treinamento.

-A aceitação do cardápio de pratos prontos oferecidos por consultores e escolas de

Administração.

A referida autora valoriza programas de capacitação bem concebidos e executados que

promoveram o crescimento de algumas empresas, pois, na maioria dos casos, ocorrem

mudanças insignificantes de modo a levar as corporações à mudança de foco, como vem

ocorrendo em investimento nos “programas educacionais corporativos”. As corporações

constroem vários indicadores internos de treinamento & desenvolvimento (T&D), mas que

não contribuem para compreensão dos benefícios alcançados com o treinamento, e reforça –

no nosso entender – a ineficácia desses programas com o

Scott Parry e Donald Kirkipatrick, dois autores de renome internacional

quando o tema é avaliação e transferência de treinamento, estão convencidos

de que apenas 10% a 20% de que se aprende em um programa de

treinamento é aplicado depois de um mês do retorno do participante às suas

atividades de trabalho. (EBOLI, 2004, p. 219).

A relevância da necessidade de análises, estudos e reflexões – sem dúvida – sobre os

processos educacionais é por demais óbvia, mas principalmente sobre os “treinamentos” que

em alguns momentos são caracterizados programas educacionais. Eboli (2004, p. 22)

considera que “o propósito do treinamento é minimizar o gap entre o comportamento de

entrada e o final”. O treinamento pode, sem dúvida, ser executado para o fechamento de um

gap22

, mas como na soldagem23

– fazendo agora uma metáfora – necessário se faz conhecer as

dimensões das partes e espaçamento (gap) da junta a ser soldada, para que a partir desses

conhecimentos, se estabeleça ações necessárias e eficazes por meio de pessoal competente

para que esse gap seja preenchido corretamente e não se rompa, mantendo, dessa forma, a

22

Palavra inglesa que significa: vão, espaço, lacuna, fenda, comumente usada em soldagem para denominar o

espaçamento da junta (partes que serão unidas). 23

Processo metalúrgico usado para soldar(unir) metais ou ligas metálicas com utilização de calor.

64

junta soldada, uma “perfeita” união. Ou seja, é necessário conhecer o público e a extensão

desse gap para, então, desenvolver e implementar os processos educativos.

Ricardo (2009, p. 8), depois de discorrer sobre investimentos no capital humano e

também sobre a aprendizagem nas organizações, não deixa de esclarecer “que as empresas

estão transitando do antigo paradigma de treinamento para um novo paradigma centrado na

educação corporativa”. Acreditando que nova consciência nas organizações permite ao

entendimento de que “o treinamento, com suas especificidades, já não é mais suficiente para

que elas enfrentem os dilemas desta sociedade tão conturbada”, ela percebe uma

movimentação em saída do “marasmo dos treinamentos” e um movimento de entrada

“substituindo-os por planejamentos de educação continuada e desenvolvimento de

competências”. Além da possibilidade de englobar todos os setores necessários, e atender a

determinada demanda, a educação corporativa desenvolve competências direcionadas aos

diversos negócios da empresa e apresenta o argumento de que

Enquanto a educação corporativa tem uma proposta de educação mais

global, o treinamento, ao contrário, é limitado a um determinado espaço

físico (Mesiter, 1999). Ele está comprometido apenas com os funcionários;

os conteúdos são, na grande maioria, de consultores e professores

contratados, tendo atividades pontuais, direcionadas a propagar técnicas e

desenvolver qualificação dos indivíduos. (RICARDO, 2009, p. 9).

Teixeira (2010, p. 44) comenta sobre um survey de Perron, Côte e Duffy (2006)

realizado com empresas canadenses onde “constataram não haver diferença significativa em

conhecimentos ambientais entre um grupo que recebeu e outro que não recebeu treinamento

ambiental.”

Obviamente, existem fatores despercebidos ou ignorados, que levam a tais

circunstâncias. O planejamento ou a falta dele, demanda, conteúdo, público alvo, e, dentre

tantos outros destacamos a complexidade de realizar ações que primam pela melhoria da

qualidade de vida dos cidadãos.

Destacamos, porém, que relevante e essencial é o papel da educação que ancorada no

seu projeto político pedagógico (PPP) e abarcada por uma metodologia que favoreça a

construção de valores, e de conhecimento, promova a transformação dos cidadãos para que

eles contribuam para melhoria da qualidade de vida no nosso planeta.

65

4 ABORDAGEM METODOLÓGICA

4.1 Estudo de Caso

Como anunciado no título e ao longo da presente dissertação, optamos por uma

metodologia de Estudo de Caso. Assim, na presente seção, apresentamos a motivação dessa

escolha, bem como a implicação dessa abordagem metodológica e alguns possíveis caminhos.

Compreender as técnicas empregadas em determinada pesquisa, seja ela etnográfica ou

não, faz-se necessário para que os objetivos existentes na perspectiva da investigação possam

ser alcançados e compreendidos. A pesquisa com abordagem qualitativa, por sua natureza,

aproxima o pesquisador do objeto de estudo, facilitando dessa maneira, a compreensão dos

fenômenos sociais significantes. Considera Pedrini (2007) que, independente de modelos,

medidas, experimentos e regularidades matemáticas generalizadas, essa vertente de pesquisa

possibilita construir o saber, pois, pressupõe, entre o objeto e o sujeito, o efetivo

relacionamento, e completa afirmando que, o pesquisador observador não é isento, inerte ou

neutro, ele faz parte integrante do processo de descoberta. Dessa maneira, a abordagem

qualitativa, além de agregar e identificar múltiplas dimensões ao estudo, possibilita uma

ampla contextualização.

O estudo de caso se colocou como caminho metodológico pela possibilidade de

analisar concepções e práticas envolvidas na experiência de EAE desenvolvida pela já

referida indústria. Buscamos, assim, dar visibilidade às tensões desse cotidiano, inclusive

tematizando e discutindo em que medida essas se aliam a uma perspectiva de fato

emancipatória.

4.2 Referencial Metodológico

Tomando como referência a abordagem qualitativa, o estudo de caso – EC será

utilizado em nosso trabalho na perspectiva anunciada por Ludke e André (2007), Martins

(2008) e Pedrini (2007) que atribuem a essa abordagem a potencialidade de retratar o

66

cotidiano singular de um dado contexto estudado. Para Goode e Hatt (1968, apud PEDRINI

2007, p. 76-77), a opção de estudo de caso em metodologia é pertinente:

[...] quando se deseja estudar algo singular, que valha por si mesmo. Pode

ser similar a outros, mas também distinto, por ser singular. Isto é parecer

inicialmente único, mesmo que posteriormente evidencie similaridades com

outros casos e, assim, aumentar sua capacidade generalizadora.

Conforme Pedrini (2007), três estratégias podem ser usadas para realização do estudo

de caso, são elas: entrevista semi-estruturada, análise documental e observação participante.

Além dos projetos escritos, os relatórios e documentos gerados serão também objetos de

análises. Quanto à análise de documentos, Mazzotti, (1999, p.169) observa que:

[...] pode ser usada tanto como uma técnica exploratória (indicando aspectos

a serem focalizado por outras técnicas) como para checagem ou

complementação dos dados obtidos por meio de outras técnicas.

A entrevista semi-estruturada apresenta-se como uma estratégia enriquecedora, pois

favorece a emergência de indagações não previstas e que comumente surgem ao longo das

entrevistas com os sujeitos. A observação participante é um apropriado recurso para esse

trabalho, permitindo o acesso ao cotidiano da comunidade-alvo, facilitando a incorporação do

pesquisador no local e a percepção do mesmo sobre determinadas atividades que se

desenvolvem por meio das relações sociais entre os membros da comunidade estudada. Dessa

forma, será possível diagnosticar como as ações da EA são percebidas pelo público-alvo, bem

como entender as críticas feitas pelos vários sujeitos.

Como sujeitos da pesquisa, destacamos a comunidade do entorno da siderúrgica (o

público externo) e o público interno composto pelos diversos funcionários e também pelos

trabalhadores contratados da empresa Siderúrgica das diversas áreas e setores, independente

da formação, idade, sexo e função.

A coleta de dados teve várias etapas e foi desenvolvida com entrevistas semi-

estruturadas, observações participante e análise de documentos, buscando, desta maneira, a

“triangulação” proposta por Denzin (1970, apud LUDKE; ANDRÉ, 2007, p. 52), ou seja,

“checagem de um dado obtido através de diferentes informantes, em situações variadas e em

momentos diferentes”, apontada também por Pedrini (2008) e Martins (2008).

67

Os dados foram analisados em diversos momentos da investigação, não deixando de

verificar a pertinência das questões levantadas, procurando confrontar os princípios teóricos

do estudo com as informações pesquisadas durante o trabalho de campo.

Para Martins (2008, p. 22), são considerados como dados secundários os já coletados e

organizados em arquivos, podendo ser indicados, como exemplos, o anuário estatístico e

bancos de dados e esclarece que “em contraste, os dados primários são aqueles colhidos

diretamente na fonte”, podendo, nesse sentido, os dados encontrados nessa pesquisa serem

caracterizados essencialmente como “dados primários”.

O autor mostra ainda a importância de se incluir reflexões sobre a metodologia de

análise de conteúdo, bem como a forma como se desenvolveu todo esse processo,

procedimento este adotado em cada tópico de análise dessa pesquisa.

4.3 Trabalho de Campo

A partir das referências acima explicitadas, passaremos ao relato sobre o

desenvolvimento do trabalho de campo. Na ocasião de um encontro profissional com

representante da empresa referida acima, expressamos nossas idéias referentes à pesquisa de

mestrado que objetivávamos realizar. Após duas semanas, e por e-mail, a autorização para

realização da pesquisa de Mestrado na instituição foi concedida. Desde então, dedicamos

nosso tempo à conclusão do projeto e estudos que pudessem confirmar a relevância do

objetivo da pesquisa. Houve um longo período entre a autorização, concedida em dezembro

de 2009, e a realização da nossa primeira reunião/encontro para apresentação do projeto e

início do trabalho de campo, realizada em dezesseis de setembro de 2010. Buscando iniciar o

trabalho de campo, saímos ao encontro das pessoas envolvidas com as atividades de meio

ambiente e educação ambiental. Os primeiros contatos ocorreram via e-mail em seis de

setembro de 2010, onde procuramos indicar algumas atividades que julgávamos necessárias,

enviando o projeto para maior ciência e detalhamento dos objetivos da pesquisa. Com os

contatos já estabelecidos, faltava “aquele” encontro tão esperado, que, por algumas vezes,

depois de agendado foi cancelado.

O Ambiente Empresarial é quase sempre carente de tempo. São muitas as tarefas e

decisões inerentes ao seu cotidiano. Todos os funcionários, e, principalmente aqueles que

ocupam cargos de chefia, supervisão ou gerência, encontram-se quase sempre

68

sobrecarregados de serviços e envolvidos com tarefas de maior prioridade, exigindo assim por

parte dos pesquisadores, persistência e objetividade. O mundo do trabalho em corporações do

porte da Siderúrgica é muito complexo. Reuniões programadas, reuniões de emergência,

viagens, cumprimento de metas, entre outros, exigem bom preparo intelectual, técnico e

acadêmico de todos seus funcionários. Logo no primeiro contato com o pessoal do setor do

meio ambiente, após apresentar e esclarecer a proposta de pesquisa, bem como as atividades

que seriam necessárias ao seu desenvolvimento, fomos informados da necessidade de

agendarmos outra reunião, pois, determinados assuntos seriam direcionados à outros setores.

É importante ressaltar que, o período do primeiro contato foi marcado por auditorias externas

e internas, com vistas à recertificação de sistemas de gestão da empresa. Período esse que

incrementa grande mobilização de todos da instituição, afim de que todos os itens estejam em

conformidade com as normas aplicáveis, exigindo, assim, mais tarefas, “treinamentos”,

verificações, entre outras providências que conseqüentemente reduzem a disponibilidade dos

funcionários para contribuírem com pesquisas externas.

Realizamos, então, nossa primeira reunião com um representante do setor de meio

ambiente e uma representante do setor de RH/comunicação. Novamente, fizemos

esclarecimentos sobre a proposta de pesquisa, destacando a devida aprovação da Universidade

Estácio de Sá - UNESA/RJ e o envio deste projeto de pesquisa via e-mail com antecedência.

Esclarecemos, ainda, sobre a importância do desenvolvimento de atividades como: visita aos

setores, análise de documentos, entrevistas, aplicação de questionário e observação

participante. A representante do setor de RH/Comunicação, contribuindo com o trabalho,

sugeriu a análise da pasta de arquivo de documentos referente ao Prêmio Siderúrgica de Meio

Ambiente, considerando que as informações nela contidas seriam suficientes para, até mesmo,

desenvolver uma tese de doutorado. Os registros que nela constavam foram devidamente

analisados no transcorrer desta pesquisa. Solicitamos, então, a autorização para início dos

trabalhos. Após a autorização e ciência sobre a pesquisa e indicação dos funcionários

envolvidos, no dia cinco de novembro, o pesquisador foi encaminhado para o Centro de

Educação Ambiental – CEAM, onde foi possível dar seqüência aos trabalhos com o apoio da

estagiária do CEAM.

Assim, a partir da perspectiva da observação participante, iniciamos nossos primeiros

contatos in loco com os sujeitos, com curiosidade e um olhar atento e aguçado entrevistamos

diversos sujeitos que colaboraram com esta pesquisa.

Em nenhum momento do trajeto receamos solicitar informações e auxílio para a

compreensão necessária às situações. Fomos sempre prontamente atendidos, ficando

69

registrada por este pesquisador, muita referência e dedicação de todos os funcionários no

cumprimento de suas respectivas funções.

Registramos aqui, a cortesia, o respeito, a seriedade e generosidade com que fomos

recebidos por todos os funcionários que convidamos a participar da nossa pesquisa,

concedendo entrevista, respondendo questionários, disponibilizando documentos, sugerindo

tarefas e análises.

70

5 ANÁLISES DOS DADOS

Algumas escolhas realizadas quanto ao início da pesquisa, dentre elas, como iniciar,

por onde iniciar, com quem iniciar, podem interferir no tempo, na organização e seqüência

dos trabalhos e até mesmo na qualidade da mesma, podendo passar por despercebidas.

A princípio, não é nada difícil o desenvolvimento da pesquisa qualitativa, entretanto,

este exige um constante movimento de reflexão, revisão do planejamento e tomadas de

decisão. No trabalho de campo, por exemplo, tem-se o primeiro ou os primeiros contatos no

nosso caso, e algumas opções vão se delineando, outras são sugeridas, e o pesquisador quando

percebe, já se encontra imerso no trabalho de campo. Ocorre, porém, que muitas dessas

sugestões, nem sempre são necessariamente condizentes aos objetivos propostos pela

pesquisa, mesmo vindo dos participantes diretos do processo. É necessário então, mais um

momento de reflexão e observação para tomada de decisão. A decisão a ser tomada pode não

ser a mais “correta”, ou ainda a mais “ideal”, porém aquela mais possível para o contexto. Por

vezes, a situação implica na tomada de uma decisão de cunho político ou até mesmo em uma

decisão generosa para tornar o trabalho de campo mais rico em informações, pelo “livre”

acesso aos setores, documentos e pessoas, além de mais prazeroso.

Pudemos perceber que o trabalho de campo começa no primeiro contato. Informações

relevantes foram registradas em nosso caderno de campo. Tais registros, inicialmente eram

considerados insignificantes, procedimento este que se modificou a partir da indicação das

literaturas estudadas, bem como dos apontamentos constantes da nossa orientadora. Após

outros registros e durante a observação participante, as primeiras anotações - até então sem

nenhum valor - se perpetuavam em nossas reflexões, indicando caminhos valiosos para

elaboração de questões e para a busca de evidências que tanto necessitávamos.

Então, mesmo que a pesquisa não comece pelo caminho decidido inicialmente, por um

motivo político, por exemplo, torna-se fundamental ter clareza de que, cedo ou tarde, o

mesmo deverá ser percorrido, pois, cabe sempre ao pesquisador decidir a "melhor" direção.

Ao iniciarmos por determinado setor, por meio da observação participante e conversas

informais, constatou-se a necessidade de priorizarmos outro setor, a fim de que se efetivasse

uma melhor articulação entre o pesquisador e os vários sujeitos da pesquisa.

Observamos dessa maneira, que, apesar de algumas restrições, na vivência do

cotidiano do trabalho de campo, o pesquisador adquiri em menor tempo, informações valiosas

71

que o levam a reorganizar/replanejar seu caminho e concluir que análises estão em todos os

momentos e em todos os setores.

A seguir, apresentamos as análises efetuadas em cuja ordem de apresentação não há

seqüência nem prioridade, pois, em vários momentos foram feitas observação participante,

aplicação de questionários, aquisição e análise de documentos e entrevistas semi-estruturadas.

5.1 Análise Documental

A análise de conteúdo circunda as mais variadas formas de documentos, que, como

exemplo, podemos citar os relatórios de entrevistas, os questionários aplicados, dados

estatísticos, o caderno de campo, cartilhas e tantos outros que de uma maneira ou de outra,

sempre esbanjam informações fundamentais para construção do conhecimento. Devemos,

pois, buscar não somente nas linhas, mas principalmente nas entrelinhas os significados

intrínsecos que tais documentos podem ocultar diante a nossa “fraca” curiosidade ou

deficiente percepção.

A posse de documentos constitui-se em um recurso efetivo afim de que durante a

coleta de dados haja a possibilidade de consulta permanente, contribuindo para a convicção e

evidência dos fatos e conclusões, como aconteceu em nosso trabalho de pesquisa. Além da

vantagem adicional do baixo custo, Ludke e André (2007, p. 39) consideram também que:

Os documentos constituem também uma fonte poderosa de onde podem ser

retiradas evidências que fundamentem afirmações e declarações do

pesquisador. Representam ainda uma fonte “natural” de informação. Não são

apenas uma fonte de informação contextualizada, mas surgem num

determinado contexto e fornecem informações sobre esse mesmo contexto.

Para estudar de maneira objetiva a comunicação, a Análise de Conteúdo apresenta-se

como uma técnica essencial. “Para um Estudo de Caso, as proposições (teses) poderão ser

testadas a partir dos achados de uma Análise de Conteúdo” (MARTINS, 2008, p. 35).

Os documentos disponibilizados para análises foram selecionados em função do

objetivo central da pesquisa: analisar a Educação Ambiental praticada pela Siderúrgica. Para

tanto, após o início do trabalho de campo, buscamos relacionar os possíveis documentos que

entendemos serem necessários para o desenvolvimento desse trabalho. Foram analisados

documentos adquiridos em diversas formas, tais como: meios eletrônicos, pastas com

72

documentos sobre os Prêmios Siderúrgica de Meio Ambiente, relatórios gerados, anexos,

apostilas/manual do educador/professor, documentos de treinamentos sobre questões

ambientais/meio ambiente (slides), Relatório de Gestão Ambiental-Prêmio Mineiro do Meio

Ambiente, e Premio Falcão Bauer. Algumas solicitações de materiais/documentos que tratam

sobre educação ambiental e/ou “treinamento” do público interno e sobre a semana do meio

ambiente não foram disponibilizadas24

. No APÊNDICE C, apresentamos a relação dos

documentos que serviram de análises.

Dos documentos relacionados, apresentaremos de forma resumida, a análise de

conteúdo de cada um. Para cada título desse apêndice foram construídos, quadros adequados,

nos quais e de acordo com a necessidade de cada assunto, registramos os itens considerados

importantes e de grande relevância para nossa pesquisa.

Buscamos então, relacionar as atividades de Educação Ambiental praticadas pela

Siderúrgica, os dados e as informações contidas nos respectivos documentos, verificando a

conformidade com os objetivos do nosso trabalho.

5.1.1 Programa de Educação Ambiental da Siderúrgica

O Programa de Educação Ambiental (PEA) da Siderúrgica, existe desde 2002,

integrando as atividades do Centro de Educação Ambiental - CEAM. Além de visitas às

“unidades” CEAM, os visitantes participam de palestras que são ministradas, sobre questões

ambientais e realizam trilhas ecológicas. O documento informa que a madeira utilizada na

construção da Casa da Natureza - local de recepção e realização de palestras e eventos como a

entrega do Prêmio Siderúrgica de Meio Ambiente - é proveniente de reservas florestais da

empresa, demonstrando um exemplo de sustentabilidade. (PROGRAMA DE EDUCAÇÃO

AMBIENTAL, 2009, p. 3). O Programa tem como objetivo geral:

Desenvolver atividades de conscientização e difusão de conhecimentos,

valores e habilidades sobre questões ambientais, contribuindo para a

formação de cidadãos comprometidos com a preservação dos recursos

naturais do planeta e preocupados com desenvolvimento sustentável. (ibid,

2009, p. 4).

24

Solicitações foram feitas a alguns sujeitos da pesquisa, envolvidos com as questões de EA e treinamento, mas

não foram disponibilizadas, apesar de – para solicitação – usarmos meios eletrônicos (e-mails), de telefonemas e

também de contato pessoal em alguns momentos de nossa estadia no campo.

73

Apresenta como “meta” o atendimento anual de quatro mil e quinhentas pessoas da

Região e, destacando sete linhas de ação dentre as quais encontram-se a realização da

“Semana do Meio Ambiente” e a “ênfase aos trabalhos realizados pela empresa, que visam a

redução dos impactos de suas atividades ao meio ambiente local”. (ibid, 2009, p. 6).

Documentos que evidenciam a realização da “Semana do Meio Ambiente” e também a

divulgação das ações da empresa quanto à redução dos impactos ambientais não foram

disponibilizados. Observa-se no item 6, página 7 do PEA, que a “Equipe Técnica

Responsável” é formada por pessoal do setor de recursos humanos e uma estagiária, não

havendo portanto participação de um profissional da área de Educação Ambiental e/ou meio

ambiente e nem profissional da área pedagógica.

Entendemos que o PEA é, de certo modo, um tanto quanto “tímido”, pois, além de

apresentar um conteúdo específico em apenas quatro laudas, não apresenta referencial teórico

e não direciona aos seus funcionários programas de educação ambiental e/ou formações em

serviço.

Berna (2001, p. 70) destaca que um programa básico de educação ambiental na

empresa deve contemplar:

[...] pelo menos, quatro públicos distintos, mas interligados, para os quais

podem ser desenvolvidos projetos específicos, a serem executados um a um,

na medida dos recursos disponíveis e do planejamento estratégico da

empresa. O primeiro público-alvo são os próprios funcionários,

compreendendo a Diretoria, o corpo técnico e os operários, com extensão

aos prestadores de serviço. Esse público é o melhor multiplicador de opinião

da empresa. É bom realizar seminários internos e campanhas de

conscientização adequadas a cada nível na empresa, engajando todos na

nova responsabilidade com o meio ambiente.

Embora a visitação ao CEAM seja aberta a todos os públicos, o PEA é voltado

especificamente para alunos do ensino fundamental da região, visto que as “LINHAS DE

AÇÃO” abordam temas focados na ecologia, como pudemos evidenciar na “observação

participante” que realizamos, não inserindo o público interno em seu contexto, não

contemplando diretamente os funcionários/empregados da empresa. Os “indicadores de

desempenho” que compõe o PEA, como anexo, apresentam dados de satisfação dos visitantes

e avaliação do programa, em cuja “metodologia” ele se baseia, apresentando dados somente

em relação a alunos e professores.

74

Entende-se que os funcionários/empregados serão mobilizados/envolvidos pela

Educação Ambiental com a participação dos seus filhos que estão nas escolas de ensino

fundamental, por meio do prêmio. Em uma pasta de documentos que nos foi enviada por e-

mail, encontramos um arquivo Word com data de dezesseis de janeiro de 2006, que é uma

folha com o título “Instruções” onde na quinta e última instrução fica estabelecido que “O

Programa de Educação Ambiental é direcionado apenas para os alunos e professores das

escolas participantes, o que impossibilita a participação de terceiros”.

Além da participação das escolas no prêmio todos os anos, essas tem a possibilidade

de participarem também, e participam por vários anos das visitas ao Centro de Educação

Ambiental (CEAM), como registramos em nossa observação participante, nas entrevistas e

nos questionários aplicados. Permanece, dessa maneira, a “garantia” da continuidade de um

processo muito importante, pois, essas atividades não possuem uma data pré-determinda para

deixarem de acontecer, podendo dessa maneira, serem consideradas como uma “educação

continuada.” Ou seja, por vários anos e várias séries os alunos e as escolas têm a oportunidade

de participar e se envolver com as questões ambientais em diferentes épocas de suas vidas

escolares, carregando uma visão de mundo diferente em cada momento, tornando-se assim,

potencialmente, consistentes e atualizados aos saberes/conhecimentos aprendidos.

5.1.1.1 Considerações sobre Programa de Educação Ambiental (PEA) da Siderúrgica

Como sugerido no “Centro de Educação Ambiental no Brasil: Manual de

Orientação25

”, além do Centro de Educação Ambiental (CEAM), o PEA deveria também

apresentar a Equipe Educativa e um Plano Político Pedagógico26

(PPP), que propicie o

desenvolvimento e implementação de atividades de EA contemplando todo espectro que deve

ser alvo do PEA, como a comunidade escolar (público externo) e os empregados/terceirizados

(público interno). Alguns documentos que fazem referência à EA, como ProNEA, DN

COPAM, PNEA, TEASS, Tbilisi, inserem as empresas como instituições também

responsáveis pela prática da EA em seus espaços, de modo que todos os funcionários e em

25

Centros de Educação Ambiental no Brasil: Manual de Orientação, MMA, Brasília -DF, (2004, p. 10). 26

Busato e Arigoni in Pedrini Org. (2008, p. 205), sugere dentre outros, a definição do modelo pedagógico.

75

todos os níveis sejam contemplados. Desse modo, o PEA não coaduna-se totalmente com os

documentos antes citados.

Entendemos então, embora a comunidade e os familiares dos funcionários sejam

contemplados com a EA que a empresa pratica, os funcionários necessitam serem focados

pelo PEA com uma participação efetiva.

5.1.2 Regulamento Prêmio Siderúrgica de Meio Ambiente e Considerações

Segundo o informativo “Linha do Tempo 20 Anos” (2008), em 1992 foi lançado o

“Prêmio Siderúrgica de Meio Ambiente” pela empresa. Este Prêmio constitui-se em um

conjunto de esforços desenvolvidos pela Gerência Corporativa de Meio Ambiente, nas

unidades produtivas, visando uma nova atitude em relação às questões ambientais. Além do

investimento em processos e equipamentos não poluentes, a empresa investe também na

conscientização dos seus funcionários e familiares.

Desde quando foi lançado, até 2008, mais de 3,5 milhões de crianças e adolescentes

estudantes de escolas públicas participaram do prêmio. Vale destacar que 176 escolas já

inseriram o “Prêmio Siderúrgica de Meio Ambiente” em sua grade curricular e outras 609

instituíram o Dia do Prêmio Siderúrgica na escola. (“LINHA DO TEMPO 20 ANOS”

FUNDAÇÃO SIDERÚRGICA BRASIL, 2008, p. 2).

Após a aprovação do projeto de reestruturação da Fundação pela Diretoria, em julho

1999, a empresa passa a ter como foco de atuação a Educação. A empresa desenvolve

programas próprios, em educação, meio ambiente, cultura e saúde, com ações direcionadas a

crianças e adolescentes com idade de 7 a 14 anos. (ibid., 2008, p.5).

O Prêmio Siderúrgica de Meio Ambiente, que era realizado pela Gerência de Meio

Ambiente, passa então, a partir de 2001, a ser atribuição da Fundação. (ibid., 2008, p. 7).

Conforme explicitado em seu Regulamento,

O Prêmio Siderúrgica de Meio Ambiente tem como objetivo promover

maior conscientização sobre questões ecológicas, de forma a contribuir para

que as novas gerações atinjam sua maturidade melhor preparadas para

preservar e valorizar o meio ambiente. (REGULAMENTO DO PRÊMIO

SIDERÚRGICA DE MEIO AMBIENTE, 2010, p. 1).

76

Com periodicidade anual, o regulamento direciona enfoque na Educação Ambiental,

sendo o prêmio desenvolvido nas usinas e fábricas do Grupo, buscando envolver as

comunidades de sua zona de influência, sendo promovido e organizado pela Fundação da

Siderúrgica juntamente com as Unidades/Empresas do grupo. O público alvo específico é

formado pelos alunos e filhos/dependentes de empregados da Siderúrgica, que estejam

cursando o Ensino Fundamental (1º ao 9º ano). Além da responsabilidade de executar e

coordenar as atividades do prêmio, a unidade industrial, também é responsável pela

distribuição dos materiais didáticos e pela capacitação dos professores que são indicados pelas

escolas. Três fases compõem o prêmio: 1ª Fase Unidade Escolar, 2ª Fase Empresa/Unidade e

3ª Fase Fundação Siderúrgica - Corporativa. Em cada fase existem três categorias, sendo uma

de Desenho para alunos e filhos de empregados cursando 1º ao 5º ano com até 13 anos, a

Redação para alunos e filhos de empregados cursando 6º ao 9º ano com até 17 anos, e,

finalmente a categoria de Projeto Escola. Apesar de a escola ter a liberdade de

criação/elaboração do projeto, este deve ser fidedigno ao tema proposto, sendo a participação

nesta categoria opcional. (ibid., 2010, p. 1).

Simultaneamente foram analisados os Regulamentos referentes ao período de 2008 a

2011, sendo que o de 2011 apresenta alguns ajustes em relação ao número de premiados.

A siderúrgica oferece prêmio em dinheiro nas categorias e fases da Empresa/Unidade

(2ª fase) e Fundação Siderúrgica Brasil - Corporativa (3ª fase), sendo que na Unidade Escolar

(1ª fase) não necessita haver premiação mas, é sugerido a valorização dos trabalhos e

reconhecimento dos participantes e principalmente dos finalistas.

Quanto ao “Projeto Escola” é exigida uma padronização na apresentação do projeto

almejando a participação coletiva, fidelidade ao tema proposto, criatividade, clareza e

autenticidade como fatores preponderantes.

As comissões de seleção/julgamento de 2008, 2009 e 2010, foram constituídas por

profissionais ligados às áreas de educação, meio ambiente, sendo o setor de recursos humanos

o responsável pelo prêmio. Neste ano de 2011, o aumento da premiação de três para seis

“projetos escola”, pode ser um grande incentivo para maior participação da comunidade

escolar.

O Regulamento do prêmio tem um anexo que é um “Relatório Empresa/Unidade” que

permite um levantamento estatístico de participações, e permite, também, que as escolas

opinem, avaliem, sugiram e façam críticas para melhoria dos próximos prêmios e assim elas o

fazem.

77

As categorias Desenho e Redação, embora possam envolver muitos professores, tem o

objetivo principal de promover a efetiva participação dos alunos, já a categoria Projeto Escola

envolve os professores e demais trabalhadores da escola. Dessa maneira o prêmio pode,

dependendo da escola, inserir todas as pessoas e setores com as questões ambientais.

Entendemos que, a participação e grau de envolvimento das pessoas, deve ser

elemento fundamental na concepção de projetos educacionais e a interdisciplinaridade não

pode ser deixada de lado e a busca da contextualização deve ser constante.

Os critérios de avaliação sugerem aos participantes a criar, desenvolver habilidades,

buscar conhecimento, etc., e a possibilidade de premiação para todas as séries pode contribuir

para um maior envolvimento e interesse dos alunos e escolas, conforme entendem também,

algumas professoras cujos depoimentos veremos no item das entrevistas.

O Prêmio Siderúrgica de Meio Ambiente mobiliza e envolve quase toda comunidade

escolar e também diversas famílias dos funcionários cujos filhos participam do prêmio. Nos

trabalhos de observação participante, onde realizamos várias atividades no Centro de

Educação Ambiental da Siderúrgica, aplicamos questionários e entrevistas semi-estruturadas

em várias escolas municipais, estaduais e particulares, e também nas residências de alguns

funcionários. Era notório o envolvimento da comunidade, e a empolgação em se falar do

Prêmio Siderúrgica de Meio Ambiente e da empresa, podendo até “considerar” o binômio

Usina-Siderúrgica sinônimo de Prêmio e Educação Ambiental. Todas essas escolas são

orientadas a participar do prêmio, seguindo as normas e orientações do “Regulamento do

Prêmio”, o qual é distribuído para toda comunidade escolar participante.

5.1.3 Cartilhas do Prêmio Siderúrgica Meio Ambiente

As cartilhas são identificadas na capa como Manual do Professor, Material do

Educador e Manual do Educador. Essas cartilhas comportam todas as informações,

direcionamentos e referenciais teóricos para que o professor/educador possa desenvolver as

atividades com foco aos temas relativos ao Prêmio de Meio Ambiente. Junto à cartilha do

professor/educador, segue material audiovisual, como CD ou DVD, e também, as cartilhas

dos alunos apresentando sugestões de várias tarefas e atividades. Com esses materiais, os

professores representantes de cada escola são convidados a participarem da

“capacitação/treinamento”, onde são discutidos os temas, realizadas oficinas e fornecidas

78

sugestões de trabalhos com os professores e alunos. Nessas cartilhas/documentos analisados,

procuramos o entendimento das concepções dos autores quanto a Educação Ambiental,

verificar quais atividades práticas sugeridas para com os alunos e as referências bibliográficas

utilizadas para composição dos materiais que compõem os temas do prêmio.

Por considerarmos o material do professor/educador como principal e mais importante

“documento” do prêmio e responsável pela orientação e realização das atividades

educacionais dentro e fora da escola, e, por entendermos que este “material/documento”,

carrega em seu bojo os princípios da Educação Ambiental, achamos por bem, enriquecer este

item, apresentando pequena discussão sobre o conteúdo de cada cartilha, para que possamos

nos envolver com a complexidade ambiental, com alguns autores, e, “imaginar”, desde a mais

simples, até a mais complexa atividade que possa ser desenvolvida/criada, pelos mais

variados temas que são apresentados.

Ao final, apresentaremos, então, algumas considerações sobre os conteúdos das

referidas cartilhas ou Material do Educador ou Manual do Professor, ou Manual do Educador.

5.1.3.1 “Planeta Terra: O que posso fazer por ele?” – 1992

As primeiras frases da cartilha começam com a mensagem do Sr. François Moyen, até

então presidente da Siderúrgica, citando que há seis anos, a empresa, professores e pais,

incentivam jovens a desenvolverem trabalhos aprendendo sobre a relação empresa-ambiente,

e, cita também:

Temos o orgulho, como empresas cidadãs, de que estamos fazendo a nossa

parte para que as gerações futuras lidem com o ecossistema de forma mais

instruída e, conseqüentemente, mais responsável dentro do conceito da

responsabilidade solidária, onde cada um de nós – indivíduo, comunidade,

empresa e governo – tem de fazer a sua parte para alcançar o objetivo

comum: a preservação de meio ambiente”. (PRÊMIO SIDERÚRGICA DE

MEIO AMBIENTE, 1998, p. 1).

Na introdução, os autores entendem a “Educação como instrumento capaz de

viabilizar mudanças profundas na percepção quanto ao meio ambiente, proporcionando bases

de conhecimento e consciência necessárias a um programa de Desenvolvimento Sustentável”

(ibid., 1998, p. 4), e que o objetivo maior da EA “é desenvolver, portanto uma consciência

79

solidária das gerações atuais, visando a construção de uma sociedade ambientalmente

equilibrada e socialmente justa.” (ibid., 1998, p. 5).

Propõem-se atividades práticas com intervenções educativas, utilizando o próprio

sistema escolar, abordando questões para a gestão do meio ambiente.

O conteúdo aborda assuntos de acontecimentos importantes como em Estocolmo e

Tbilisi, TEASS e Agenda 21. A partir desses referenciais, aborda temas sociais, industriais,

políticos, ecológicos, sustentabilidade, buscando a conscientização ambiental com destaque à

pergunta: “O que podemos fazer para participar ativamente da solução dos problemas

ambientais da nossa escola, na nossa empresa, na nossa cidade, no nosso país e planeta?”

(Ibid., 1998, p. 11). Daí insere o homem nas questões ambientais conscientizando-os da

capacidade que tem de melhorar as condições ambientais e defender nosso Planeta, usando

em cada questão – somam cinqüenta e oito – “EU POSSO”, encorajando os atores sociais à

realização de atitudes diversas e apresentando o conceito amplo de meio ambiente e a

necessidade de desenvolvermos o senso crítico para transformamos o nosso meio.

5.1.3.2 “O Melhor de Mim para o Melhor dos Mundos” - 2003

Os autores acreditam que o prêmio contribui para a melhoria do processo de EA das

escolas, estimulando o exercício da cidadania. Consideram que as virtudes são fundamentais

para desenvolver habilidades e provocar mudanças de atitudes, e, para redescobrir ações

direcionadas à melhoria da qualidade de vida, de maneira que as atividades desenvolvidas,

com pequenas ações, possam levar as pessoas a “agir local e pensar global”, estimulando-as a

práticas permanentes de respeito ao MA e também a toda forma de vida.

Em sua “Mensagem aos Educadores”, Sorrentino (2003) cita a necessidade de

“envolvimento crítico de todos” e considera que nossas virtudes “nos faz humanos” e que a

construção de uma cidadania deve estar “comprometida com a vida.” (PRÊMIO

SIDERÚRGICA DE MEIO AMBIENTE, 2003, p. 3).

A cartilha indica atividades com o envolvimento das escolas, professores, alunos,

filhos de funcionários e seus familiares, buscando desenvolver atividades originais e criativas

por meio da produção de textos e desenhos, orientando atividades diversas para a reflexão, o

contato, a ajuda, a união, a leitura, a criação, Agenda XXI e vários questionamentos sobre

questões ambientais e sobre a vida. Sem o envolvimento da comunidade os problemas

80

ambientais tornam-se cada vez mais difíceis e numerosos, pois, a Educação sozinha não é

responsável pela superação de problemas socioambientais, mas ela “pode contribuir para uma

investida crítica dos indivíduos nos processos de mudança necessários.” (ibid., 2003, p. 5).

Conhecer o perfil do aluno e aprimorar seus valores é um caminho para tornar a

participação deles mais efetiva. Nesse tema, várias dimensões da Educação Ambiental estão

centradas nas virtudes que norteiam ações necessárias para um mundo sustentável. Portanto,

amor, coragem, respeito, responsabilidade, perseverança e amizade, são importantes virtudes.

Assim, sensibilização e reflexão não podem ser simplesmente palavras, mas sim ações e

práticas que constroem valores essenciais à vida e a uma sociedade justa e livre.

5.1.3.3 “O Melhor de Mim para o Melhor dos Mundos: O que fiz até agora e como posso

continuar” – 2004

Considerando o sucesso do ano anterior, a Fundação repete o tema anterior “O Melhor

de Mim para o Melhor dos Mundos” e complementa “O que fiz até agora e como posso

continuar?”, e convida novamente aos professores, alunos, escolas, a refletirem “sobre a

essência humana de cuidado e amor para com o meio ambiente”. (PRÊMIO SIDERÚRGICA

DE MEIO AMBIENTE, 2004, p. 3).

Para os autores, uma pedagogia adequada em Educação Ambiental é o caminho que

pode provocar mudanças comportamentais em relação ao meio ambiente, juntamente com

envolvimento coletivo e organizado dos cidadãos. Destacando “as grandes orientações de

Tbilisi, UNESCO”, citam que a Educação Ambiental “deve ser concebida como um processo

contínuo”, “graças a uma renovação permanente de suas orientações, métodos e conteúdos.”

(ibid., 2004, p. 4).

Com uma rica lista de consulta bibliográfica, a cartilha apresenta a Educação

Ambiental como projeto, orientando e esclarecendo ações necessárias para planejamento das

diversas etapas, enfatizando a necessidade de se fazer adequadamente o diagnóstico para a

criação de projetos em EA pela Escola. Com essas orientações, deseja-se formar cidadãos

críticos, participativos e capazes de assumir suas responsabilidades éticas, sociais e

ambientais, com intuito de fortalecer a importância do envolvimento de todos os integrantes

da comunidade escolar, independente do cargo ou função, na participação do projeto.

81

5.1.3.4 “Consumo Consciente para um Mundo Melhor” - 2005

Na contra-capa dessa cartilha Martin Buber27

é citado para demonstrar “a crença no

diálogo como metodologia educacional”. Nesse sentido, é sugerido que vários conceitos

devem estar explícitos, para que, sobre os quais todos possam refletir e agir. Dessa maneira

dá-se grande destaque ao consumo consciente e a sustentabilidade. Talvez, buscando outras

formas de práticas educativas, o texto afirma “há um novo caminho, sim. Ele certamente não

se limita à educação formal. Ultrapassa as fronteiras da escola e perpassa a cidadania”,

consideram que os princípios de Tbilisi “são eternamente inspiradores” e recomenda a leitura

dos referidos princípios: consciência, conhecimento, comportamento, habilidade e

participação. (PRÊMIO SIDERÚRGICA DE MEIO AMBIENTE, 2005, p. 3).

No prefácio dessa cartilha, Fernando Caramuru Bastos Fraga apresenta o “Pressuposto

único: é preciso afirmar e desenvolver vida e negar tudo que a negue ou venha a negá-la”,

(ibid., 2005, p. 2) e estabelece sete conceitos onde tudo está ligado a tudo e a todos e a todas

as formas de vida e ambiente, sendo, portanto, o amor indispensável.

Os impactos causados pelas atividades humanas são sentidos. O consumo

inconsciente, a exclusão social e a degradação dos recursos naturais, aproximam-se ao limite

da sustentabilidade. A ênfase é sobre o consumo consciente e sugere que os professores

busquem informações em diversos outros textos e se esforcem para melhoria das condições

planetárias. Reconhecendo o esforço dos professores e sem esquecer os afazeres com a

família e pessoais, na apresentação dessa cartilha, Markus Weber (2005) entende que as

rotinas de educador devem ser ricas de atitudes de amor, pois, a recompensa vai muito além

do esforço. (ibid., 2005, p. 1).

5.1.3.5 “De olho na cidade” - 2007

Consideram os autores dessa cartilha, que, formar uma parceria e promover a reflexão

sobre o uso dos espaços público; contribuir para a formação de cidadãos independentes,

27

Segundo Gohn, 2010, p. 28, “M. Buber (1987) é um dos inspiradores da educação sociocomunitária, em

propostas de articulação das práticas da escola e parcialmente fora dela, nos ”interstícios dos sistemas escolares”.

82

críticos e participativos, são “atribuições” do Educador que é o motivador é o articulador da

aprendizagem, e acreditam que:

[...] percepção, comunicação e aprendizagem são os pilares da ação

educativa, e, que a “interação entres eles faz parte do processo de Educação

Ambiental que tem como princípio a busca da interdependência e da sinergia

entre o protagonista da ação e o orientador dela”, e “provocam mudanças de

comportamento, valores e atitudes tão necessários à solução dos problemas

atuais.” (PRÊMIO SIDERÚRGICA DE MEIO AMBIENTE, 2007, p. 7).

Fazem uma relação com a geografia convidando a todos a observar o cotidiano

urbano, buscando detalhes de formas, limpeza e comportamento das pessoas, com registros

daquilo que se observa. Buscam também os conhecimentos de leis que tratam do espaço

público. A cada leitura exige-se que o professor registre sua análise em relação ao tema e seus

alunos. Entendem a percepção das pessoas como caminho para entendimento do meio. A

partir dessa premissa, consideram também que “seja o processo formal ou informal de

conhecimento, é preciso que haja uma comunicação eficiente entre as pessoas para que se dê a

aprendizagem.” (ibid., 2007, p. 5). “a comunicação exige reciprocidade, isto é, ela é dialógica

e não passiva. É assim que a aprendizagem acontece, com a relação de comunicação entre

pessoas de mente ativa em uma realidade específica.” (ibid., 2007, p. 6).

Quanto à legislação ambiental, a Lei de Crimes Ambientais e uso dos espaços

públicos, são feitas abordagens sobre a importância, as necessidades e os comentários,

sugerindo que o professor aprofunde em diversos temas, como exemplo, mudanças ambientais

globais e desenvolvimento sustentável.

5.1.3.6 – “Entre no Clima! Uma reflexão sobre o aquecimento da terra” - 2008

A educação é fundamental para transformação dos cidadãos. Argumentam os autores

dessa cartilha de maneira que: “É o processo educativo que leva a pessoa a agir de forma

crítica, autônoma e inovadora. Acreditamos nisso e no papel do educador-

mediatizador/tradutor.” (PRÊMIO SIDERÚRGICA DE MEIO AMBIENTE, 2008, p. 3).

Complexa é a educação ambiental e, para realização desta “tarefa”, faz-se necessário a

busca de caminhos que norteiam para o diálogo e parcerias. A complexidade ambiental e a

sensibilização afetiva são princípios que orientam a educação ambiental para sociedades

83

sustentáveis. O uso da cartilha sugere atividades pedagógicas interdisciplinares sem esquecer-

se da transversalidade com a ética e meio ambiente, com abordagens sobre a influência do

homem na degradação do meio ambiente juntamente com a revolução industrial.

Alguns encontros com tema sobre o aquecimento global são citados e destaca o

“Protocolo de Kyoto” e a relevância de estudos apresentados em 2007 pelo Painel

Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que indicam a necessidade de

mudança do modo de vida atual.

Acreditando que leitura e escrita são instrumentos de compreensão de um tema

complexo, recorre a Paulo Freire e citam na cartilha:

O ato de ler e escrever deve começar a partir de uma compreensão muito

abrangente do ato de ler o mundo, coisa que os seres humanos fazem antes

de ler a palavra. Até mesmo historicamente, os seres humanos primeiro

mudaram o mundo, depois revelaram o mundo e a seguir escreveram as

palavras. (PRÊMIO SIDERÚRGICA DE MEIO AMBIENTE, 2008, p. 10).

O texto defende a participação de empresas, governos e todos os cidadãos; a criação

de fóruns, reuniões, debates, etc., como paradigmas essenciais como forma de melhorar a

qualidade do nosso “mundo”.

5.1.3.7 – “Alimentação Saudável: Uma lição saborosa” - 2009

A conscientização dos alunos sobre a relação do meio ambiente com a produção de

alimentos e sustentabilidade está aparente nessa cartilha, onde os autores mencionam os

temas “saúde” e “meio ambiente” incorporados pelo MEC, ao currículo de Ensino

Fundamental, e a segurança alimentar e nutricional no Brasil que é definida de acordo com a

II Conferência Nacional de Segurança Alimentar, 2004:

[...] o direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos com

qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras

necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras da

saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam social, econômica e

ambientalmente sustentáveis. (PRÊMIO SIDERÚRGICA DE MEIO

AMBIENTE, p. 7).

84

Os autores consideram que um espaço privilegiado para estudo da alimentação

saudável e sustentável é a Escola, onde se aprende que todos têm responsabilidades sobre os

alimentos. Desde os produtores até os consumidores. Neste ambiente, “o estudante bem

orientado faz escolhas adequadas dentro e fora da escola.” (ibid., 2009, p. 5). O bem de maior

valor que se pode oferecer à juventude é o conhecimento, pois, através dele, é que essa

juventude “amadurecerá” com responsabilidade e consciência planetária, tendo condições de

participar individual e coletivamente para conservação ambiental. Atentos à sustentabilidade

social e ecológica, e ávidos aos processos produtivos, poderão fortalecer a produção

sustentável, contribuindo em acabar com a fome e a miséria.

5.1.3.8 “Eu, você e o presente da natureza...” - 2010

Para promover diálogo de saberes, conhecimentos, para incentivar o envolvimento e a

participação nas ações de educação ambiental para o exercício da cidadania planetária, toma-

se como referencia o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e

Responsabilidade Global, apresentando:

A educação ambiental é um processo de aprendizagem permanente, baseado

no respeito a todas as formas de vida. Tal educação afirma valores e ações

que contribuem para a transformação humana e social e para a preservação

ecológica. Ela estimula a formação de sociedades socialmente justas e

ecologicamente equilibradas, que conservem entre si relação de

interdependência e diversidade. Isto requer responsabilidade individual e

coletiva em nível local, nacional e planetário. (PRÊMIO SIDERÚRGICA

DE MEIO AMBIENTE, 2010, p. 2).

Afirmam os autores que todas as pessoas: crianças, jovens e adultos devem incorporar

atitudes, valores e cuidados com o meio ambiente, buscando a realidade socioambiental em

que vivem, com diálogo e reflexão. “Cuidar do quintal ou do planeta é um exercício amoroso

cotidiano de autoconhecimento, de transformação interior, de respeito à diferença e a todas as

formas de vida.” (ibid., 2010, p. 3).

As atividades pedagógicas sugeridas estimulam o compartilhamento de aprendizados

com os familiares, amigos e comunidade local, inspirados em músicas, cantos e histórias, para

“Pensar e realizar um EA adequada às particularidades de cada pessoa, de cada grupo, de cada

escola [...].” (ibid., 2010, p. 5).

85

5.1.3.9 “Idéias para sustentar o mundo” - 2011

Educar para sustentabilidade. A Educação Ambiental forma laços com o coletivo e

com redes de relacionamento e consegue “mobilizar ações intensas e dinamizar políticas

públicas”, deve-se “Educar buscando o equilíbrio nas interações com o socioambiente e em

direção à sociedade sustentável.” (PRÊMIO SIDERÚRGICA DE MEIO AMBIENTE, 2011, p. 5).

Relatam nos textos, os autores, que reflexões sobre a complexidade ambiental são

fundamentais. Nesta perspectiva, a participação dos cidadãos em encontros sobre educação

ambiental; em Conferências Nacionais para o público adulto e Infanto-Juvenil, etc., constitui-

se um dos caminhos para sustentabilidade. Surge agora, a oportunidade para essas reflexões

lembrando que o período de 2005 a 2014 é a “Década da Educação para o Desenvolvimento

Sustentável”, conforme designado pela ONU. (ibid., 2011, p. 6).

Incentivar a capacidade criativa das pessoas para construir conhecimentos que sejam

transformados em atitudes e ações ambientalmente sustentáveis para garantir um processo

educativo contínuo, é também um caminho importante. Portanto, a cartilha indica que o

Projeto Político Pedagógico da escola deve ser “recheado” de questões como: diálogo,

respeito, comunidade, transformação, desafios, participação e comprometimento. Além da

Agenda 21, sugere várias técnicas para se fazer um diagnóstico da escola e “convida”

Governo, empresas e indivíduos a se reunirem para definição de ações estratégicas para

contribuir para um mundo sustentável.

5.1.3.10 Considerações sobre o conteúdo das cartilhas

Explorando o conteúdo das cartilhas, vislumbramos uma perspectiva promissora,

quanto às ações para o desenvolvimento sustentável, pautada nos princípios fundamentais da

Educação Ambiental. Entendemos nós, que a práxis educativa concebida nas linhas e

entrelinhas das cartilhas, alcança o despertar necessário para tomada de atitudes críticas e

transformadoras, que “cavam” a Terra de maneia sustentável, colaborando com a consciência

e a melhoria socioambiental dos cidadãos.

Além da diversidade e do número considerável, são de riquíssima qualidade as

referências bibliográficas citadas nestes documentos. Não vamos citar os nomes dos(as)

86

autores(as) referenciados(as), pois seriam necessárias algumas páginas. Portanto, optamos em

apresentar os documentos importantes que tratam sobre a Educação Ambiental no Brasil e no

mundo, que foram citados não somente nas referências bibliográficas e/ou bibliografia

consultada, como também nos textos. Destacamos, assim, alguns e necessários documentos –

quando se trata de Educação Ambiental – usados nas cartilhas e que vão ao encontro com o

nosso trabalho: Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e

Responsabilidade Global (TEASS); Carta da Terra; Programa Nacional de Educação

Ambiental (ProNEA); Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA); Agenda 21;

Declaração Internacional de Educação Ambiental de Tbilisi; e também, alguns sites como do

Ministério do Meio Ambiente (MMA); Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA);

Secretaria de Educação MEC/SEF; ONU e UNESCO, entre tantos.

A parceria “Siderúrgica/Escola/Comunidade”, existe como um convite à participação

individual e coletiva; ao fazer em grupos; à descoberta do novo; à valorização do existente; à

provocação; ao despertar as percepções dos indivíduos sobre as questões locais e globais; e,

quem sabe, ao afloramento das virtudes das pessoas para construção de um mundo mais

humano. Esta parceria, constitui um caminho como meio de transformação, onde novas trilhas

e atalhos podem, não somente serem imaginados mas, descobertos e criados, um caminho

onde as pedras podem ser usadas para edificação do educar ou até mesmo para tropeçarmos e

aprendermos a levantar novamente. As oportunidades com diversos olhares para os diversos

saberes, aí estão. Envolva-te para que sejas envolvido. Participa para que possas colher os

frutos da tua participação.

É importante destacar que as análises foram feitas a partir dos conteúdos das cartilhas

e consideramos que o texto apresenta consonância com uma proposta de Educação Ambiental

crítica, emancipatória e transformadora. A continuidade das análises, no desdobramento das

outras dimensões do estudo de caso realizado, apontará para o diálogo ente essas referências e

a prática de educação ambiental desenvolvida.

5.1.4 Relatório Empresa/Unidade do Prêmio Siderúrgica de Meio Ambiente

Conforme citado no item 3.1.2, o “Relatório Empresa/Unidade” é um anexo do

Regulamento do prêmio, relatório esse que apresenta um levantamento estatístico das

participações das escolas; dos filhos de funcionários e permite que as escolas opinem,

87

avaliem, sugiram e façam críticas com o objetivo de sempre contribuir para melhoria dos

próximos prêmios e assim, de acordo com as análises que efetuamos, as escolas o fazem.

Foram analisados os conteúdos dos relatórios Empresa/Unidade, referentes aos anos

de 2008, 2009 e 2010 de forma que procuramos sintetizar as análises desses três anos. Embora

o trabalho seja de cunho qualitativo, achamos necessário destacar alguns números, referentes

a esse período, de maneira que possamos nos situar quanto à abrangência, à participação

coletiva e efetiva da comunidade escolar e, também quanto aos filhos de funcionários

envolvidos com o prêmio. Para tanto, procuramos destacar os itens que julgamos de maior

relevância, apresentando-os, para melhor compreensão, na tabela 1.

Tabela 1 – Dados referentes ao período de 2008 a 2010 do prêmio

ÍTENS

ANOS/NÚMEROS

2008 2009 2010

Escolas na região 212 212 212

Escolas participantes. 107 113 123

Escolas participantes que instituíram o Dia do prêmio. 87 86 75

Escolas participantes que instituíram o Dia do prêmio na grade

curricular escolar.

49 43 39

Alunos participantes não filhos (as) de empregados (as). 32.134 34.598 38.804

Alunos participantes filhos (as) de empregados (as). 184 183 783

Professores/educadores envolvidos no prêmio. 827 1098 761

Professores/educadores capacitados no prêmio. 116 120 123

Apostilas distribuídas para os professores. 2.500 1.700 1.100

Cartilhas distribuídas para os alunos 53.400 50.800 40.500

Projeto Escola recebidos 25 18 5

As escolas avaliaram os temas, considerando “excelente” e “muito

bom”

87% 97% 63%

5.1.4.1 Considerações sobre os conteúdos dos Relatórios Empresa/Unidade do Prêmio

As “entrevistas” e a “observação participante” que realizamos com professoras(es) das

escolas que participam/participaram do prêmio, vão ao encontro dos conteúdos dos relatórios

analisados. Com um número expressivo de participantes nas atividades sugeridas pelo prêmio

88

observa-se o envolvimento da comunidade escolar que, por meio de uma participação efetiva,

apresentando contribuições nos relatórios para que, além das escolas, suas “crianças” os

alunos, desenvolvam maior interesse em participar, e, garantir, segundo professores

entrevistados, o sucesso do prêmio.

A empresa compartilha das sugestões apresentadas pelas escolas de maneira a

viabilizar as mudanças necessárias. Como exemplo, podemos citar as solicitações das escolas

quanto à elaboração de uma cartilha direcionada para os alunos dos 1º e 2º anos. Até então

eram dois tipos de cartilhas, sendo um para os alunos do 1º ao 5º anos e outro para os alunos

do 6º ao 9º anos. As professoras apontavam para certa dificuldade – devido a falta de

maturidade dos alunos – na compreensão dos assuntos abordados. No prêmio 2010, foi

elaborada uma cartilha específica para os 1º e 2º anos, atendendo às solicitações das escolas.

Outro exemplo é a premiação na etapa corporativa que antes eram premiados três “Projetos

Escola” e agora, em 2011, serão seis projetos contemplados. Ainda em uma entrevista, uma

professora sugeriu que a empresa premiasse não só o aluno, mas também o professor, como

incentivo e valorização do seu trabalho, relatando que grande esforço e comprometimento são

fundamentais. Assim, a empresa passa a premiar também os professores orientadores dos

alunos vencedores dos prêmios nas categorias desenho e redação, conforme informado na

reunião de “capacitação dos professores” realizada em abril de 2011, da qual tivemos a

oportunidade de participar. Tal capacitação é feita desde 2008 por uma professora

ambientalista com grande experiência e conhecimento sobre educação ambiental e questões

ambientais.

São várias as críticas e sugestões apresentadas pela comunidade escolar. Abordando

pontos positivos e negativos, sugerindo inúmeros temas para próximas edições do prêmio,

algumas escolas instituíram o Dia do prêmio, não só na escola, mas, também na grade

curricular escolar. Em conversa informal, enquanto aguardava a professora coordenadora no

prêmio na escola, para uma entrevista, uma professora ao saber da pesquisa que estava sendo

realizada disse: “nossa, a gente fica na expectativa querendo saber qual o tema do próximo

prêmio pra logo iniciar os trabalhos” (CADERNO DE CAMPO, 12/2010).

Sustentabilidade, Temas relacionados à Família, Reciclagem, Consumismo, Higiene

Pessoal, Família x Escola, Reciclagem, 3ª idade, Água, Lixo, Drogas x Violência, Cidadania,

dentre tantos outros temas, esses são alguns sugeridos pela comunidade escolar, sendo que o

tema “Alimentação Saudável” e “Idéias para Sustentar o Mundo” foram sugeridas pela

própria Siderúrgica.

89

Alunos e escolas são premiados com realização de cerimônia cívica nas escolas e, na

Casa da Natureza para os (as) filhos (as) de funcionários (as). Pudemos constatar em nossas

entrevistas, que esses eventos valorizam a criança junto aos colegas e professores, aproxima a

empresa da comunidade/escola, envolve o empregado e sua família com questões da empresa

e ambientais. Cria-se, então, laços de parceria e de conscientização que são preconizados pelo

ProNEA, TEASS, Tbilisi e outros documentos, objetos da nossa pesquisa.

5.1.5 Pastas de arquivo dos documentos referentes ao prêmio

Todos os documentos gerados em função da realização do prêmio são organizados e

identificados corretamente em uma pasta. Várias pastas foram disponibilizadas para

realização da nossa pesquisa e, devido ao grande volume de pastas e documentos nelas

contidos, optamos por analisar as pastas de 2009 e de 2010. A de 2010 foi estrategicamente

escolhida por termos em alguns momentos em nosso trabalho de campo, a oportunidade de

observar, participar e até mesmo confrontar, se necessário, alguns dados e acontecimentos.

Ao vasculharmos os arquivos contidos nas referidas pastas, nos deparamos com todos

os documentos anteriormente citados, com listas de chamadas/presença, carta convite para as

escolas, cronograma de realização do prêmio, registros fotográficos, cartazes, cartilhas para os

alunos, para professores, DVDs, modelos de certificados, etc., e também, outros documentos

de grande valor para nossa pesquisa. Na carta de agradecimento encaminhada pelo Gerente

Geral da Empresa ele considera que: “A participação da sua escola foi fundamental para o

sucesso deste projeto, mas, sobretudo, pela oportunidade de contribuirmos para a formação de

cidadãos conscientes dos desafios com relação à preservação do planeta e da própria saúde,

25/10/2010”. Diante dessa fartura de documentos, consideramos indispensáveis analisarmos o

programa de capacitação dos professores; os projetos das escolas vencedoras em 1º lugar, e

também alguns depoimentos de alunos e professores.

5.1.5.1 Considerações sobre os conteúdos dos documentos das pastas dos prêmios

90

Começando pelo programa de capacitação dos professores, elaborado pela professora

ambientalista, este apresenta conteúdo relevante e objetivo estabelecendo realizações de

oficinas com uso do Material do Educador. A partir da perspectiva da EA e do Programa

Nacional de Educação Ambiental (PNEA), as atividades são desenvolvidas com aplicação de

uma metodologia participativa e dialógica no processo de ensino aprendizagem, considerando

o MA em sua totalidade e complexidade. Estimula debates, entrevistas e diversas

possibilidades pedagógicas para desenvolver nos alunos o senso crítico.

Apesar de considerarmos pouco tempo para realização das atividades – consideração

essa corroborada pela professora ambientalista durante entrevista – pudemos evidenciar na

“capacitação” realizada para o prêmio 2011, que, mesmo assim, o trabalho apresenta como

complemento enriquecedor para os professores/educadores que serão os multiplicadores em

suas escolas. Em primeiro momento foi apresentado um vídeo comemorativo aos 20 anos do

prêmio. Antes da apresentação do vídeo do Professor Mário Sérgio Cortella, a professora

ambientalista solicitou a todos que fizessem os registros daquilo que chamasse a atenção para

que fosse posteriormente discutido e os temas foram os mais diversos. Acreditamos que as

palavras do professor instigaram todos os participantes a uma intensa reflexão e à necessidade

de agir. Citou Leonardo Boff, “Mãe Terra”, vários exemplos de amor e respeito às formas de

vida e, também Paulo Freire com “é preciso fazer o inédito viável”. Por convite dos

professores, tivemos a oportunidade de participar de um grupo sobre o tema, onde

observamos não só o envolvimento, mas também a empolgação de todos.

Considerando a riqueza e importância daquele “momento educacional/ambiental”,

entendemos que todos, juntamente com os materiais de estudo e sugestões bibliográficas

complementares, estarão possibilitados para encarar novos desafios na sala de aula, bem como

para elaboração de um “Projeto Escola”, concorrendo ao prêmio, e levar toda comunidade

escolar a uma participação efetiva.

O “Projeto Escola” é elaborado/criado, seguindo orientações contidas no regulamento

do prêmio. A escola vencedora em 2009 apresentou como justificativa a conscientização das

pessoas quanto ao envolvimento com as questões ambientais, entendo esta justificativa como

a principal dificuldade da Educação Ambiental. O projeto tem sua importância, pois envolve

professores, alunos e funcionários, de maneira a entender que “são parte integrante do

problema e, principalmente, da solução.” Foram realizadas ações de conscientização,

desenvolvimento de habilidades e capacitação quanto aos problemas socioambientais.

Surgiram então parcerias com a Associação de Pais e Mestres do Colégio e também com a

Casa do Pequeno Jardineiro cujas atividades serão descritas no item de entrevistas. Foi de

91

grande relevância o envolvimento de professores, alunos, funcionários e familiares. O projeto

sugere a reutilização de materiais, cultivo de verduras considerando o plantio correto,

variedades e higiene como método necessário para uma alimentação saudável. Nos

depoimentos que são muitos, um aluno diz ter aprendido muito com a palestra proferida pelo

Técnico Agrícola; um professor considera a força de vontade e envolvimento das pessoas

fundamental; uma funcionária aborda a importância do trabalho de cunho prático; e outro

aluno acha que para o mundo, nosso projeto é um exemplo.

O outro projeto que é de 2010, no item de convocação, a escola demonstra sua

preocupação com a educação de qualidade para uma comunidade forte em que a educação das

crianças deve ser voltada para o lado humano e transformar a realidade. Urgência social, questão

ambiental e ética, cidadania, conscientização, transformação da realidade devem estar na relação

do ser humano com o Rio Paraibuna28

. Sendo um tema multidisciplinar e transversal, realizou-se

uma parceria escola/comunidade/Siderúrgica, promovendo um “desfile cívico” no bairro de

localização da escola e também levou o tema no desfile de sete de setembro, mobilizando

dessa maneira grande parte da comunidade. Este projeto também apresenta depoimentos de

professoras da escola, onde citam a relevância para nossas vidas e formação de agentes

multiplicadores; a transformação de um aluno que era pouco participativo; a construção do

conhecimento e cidadania; a caminhada ecológica foi o “clímax” deste projeto e grande foi o

envolvimento dos alunos com o aprendizado.

5.2 Entrevistas semi-estruturadas

28

Rio Paraibuna é o nome do rio que “corta” a cidade de Juiz de Fora.

92

A entrevista desponta como uma técnica de grande relevância para coleta de dados.

Começando pela informalidade, mas por apresentar uma natureza interativa entre pesquisador

e sujeitos, torna-se indispensável – no nosso estudo de caso – por permitir que o pesquisador,

destrua e descubra barreiras até então intransponíveis e invisíveis.

Como contamos com públicos distintos para nossas entrevistas e buscando sempre

atender aos objetivos do nosso trabalho, elaboramos questionamentos para a comunidade

externa (escolas, alunos, associação) e também para os empregados da empresa, diferenciando

ligeiramente o foco da entrevista, em função do setor que trabalham.

Vale lembrar que – com exceção dos alunos – todas as entrevistas estavam

acompanhadas de um questionário, assim como a observação participante por algumas

entrevistas e questionários, ou seja, o trabalho de campo foi espaço para aplicação das

técnicas de pesquisas selecionadas em conseqüência do nosso estudo de caso, de maneira que

não havia momento único para um só trabalho, mas, sim, um atravessamento de diferentes

abordagens nos espaços-tempos da pesquisa.

Ludke e André (2007, p. 34) alertam para que seja criada entre o sujeito e o

pesquisador um ambiente de liberdade e reciprocidade, especialmente nas entrevistas semi-

estruturadas, buscando nesse ambiente a “verdadeira razão da entrevista” e indica a vantagem

dessa técnica

a grande vantagem da entrevista sobre outras técnicas é que ela permite a

captação imediata e corrente da informação desejada, praticamente com

qualquer tipo de informante e sobre os mais variados tópicos. Uma entrevista

bem-feita pode permitir o tratamento de assuntos de natureza estritamente

pessoal e íntima, assim como temas de natureza complexa e de escolhas

nitidamente individuais.

Conforme considera Martins (2008, p. 27), é uma técnica onde o entrevistador será

exigido quanto a sua habilidade e considera que tem como objetivo básico o entendimento e a

compreensão sobre contextos ainda não estruturados. O autor desstaca, também, que o roteiro

da entrevista e o diálogo a ser formado, necessariamente devem estar vinculados ao

referencial que dá ao estudo, suporte teórico. E contribui com a seguinte reflexão:

Em um Estudo de Caso, um clima de amistosidade deverá permanentemente

ser mantido pelo pesquisador, possibilitando perguntas a respondentes-chave

e também solicitação de opiniões sobre determinados fatos, bem como

indicações de outros membros da organização que poderão ser entrevistados.

Os informantes-chave são fundamentais para um estudo desta natureza, pois

93

fornecem ao pesquisador percepções e interpretações de eventos, como

também podem sugerir fontes alternativas para corroborar evidências obtidas

de outras fontes, possibilitando, conforme a situação, o encadeamento de

evidências: achado básico para um Estudo de Caso construído com

qualidade.

Buscamos assim, com as entrevista e os questionários, atingir alguns informantes-

chave que colaboraram com as evidências – ainda que poucas – necessárias ao nosso trabalho.

A cada entrevista, uma curiosidade a mais surgia para conhecer o desconhecido, como numa

expectativa de uma nova e surpreendente aventura.

“Uma aventura docente”. Buscando inspiração em Freire (2009), consideramos neste

momento do nosso trabalho – as entrevistas – como uma rica aventura, onde, em condição

dialógica, testemunhamos a abertura dos atores entrevistados, com seus saberes, experiências

e entusiasmos para com as atividades e assuntos educacionais, permitindo-nos a possibilidade

de crescimento e acolhimento do novo, pois, como diz Morin (2000, p. 30): “o novo brota

sem parar”. Compreendendo que, a descoberta do novo só é possível e se justifica por meio

do diálogo – pois esse é o elo entre o saber e o sujeito e entre os sujeitos – procuramos, apesar

de perguntas já estabelecidas, desenvolver uma relação de diálogo com esses sujeitos, para

que fosse inaugurado, não somente início de “perguntas e respostas”, mas também, a

descoberta do conhecimento que “brota e brotará como novo”. A “abertura” dos

colaboradores participantes da pesquisa, sem levar em conta a posição em que se encontram,

faz-se fundamental no processo educativo. Dessa maneira, Freire (2009, p. 136) nos leva à

seguinte reflexão:

Viver a abertura respeitosa aos outros e, de quando em vez, de acordo com o

momento, tomar a própria prática de abertura ao outro como objetivo da

reflexão crítica deveria fazer parte da aventura docente. A razão ética da

abertura, seu fundamento político sua referência pedagógica; a boniteza que

há nela como viabilidade do diálogo. O sujeito que se abre ao mundo e aos

outros inaugura com seu gesto a relação dialógica em que se confirma como

inquietação e curiosidade, como inconclusão em permanente movimento na

História.

Quando se fala em aventura, Morin (2000, p. 31) entende que “de qualquer forma, o

conhecimento permanece como uma aventura para a qual a educação deve fornecer o apoio

indispensável”.

Em meio a todo este apoio, tivemos a oportunidade de testemunhar, nesse momento de

aventuras, a surpreendente “boniteza” dialógica em nossos caminhos. Em vários momentos

94

(manhã, tarde e noite), em diversos ambientes (industrial, escolar, residencial, laboratorial e

administrativo), foram realizadas as entrevistas com os públicos alvos da nossa pesquisa,

muito experientes e ainda pouco experientes, além da diversidade da área de conhecimento e

graus de formação. Os sujeitos envolvidos com a pesquisa, que gentilmente concederam as

entrevistas, compõem um público envolvido com as mais diversas atividades, tanto na

empresa, como nas escolas, tanto na comunidade e órgãos governamentais, como em

residências, apresentando diversos saberes, experiências e contribuições, além de fazer dessa

“aventura docente”, um importante momento em nossa trajetória acadêmica, social e em

nossa história.

Conforme tabela 2, para melhor ajuizamento, apresentamos os setores da empresa, as

escolas, os números de funcionários, de alunos e ex-alunos que oportunamente visitaram o

Centro de Educação Ambiental (CEAM) e compõem os grupos de sujeitos participantes das

entrevistas semi-estruturadas. A tabela 2 tem o objetivo somente de apresentar um panorama

geral para melhor entendimento.

Tabela 2 – Setores e números de entrevistados.

GRUPOS PESSOAS/SETOR DE TRABALHO Nº ENTREVISTADOS

A

Gerência de Meio Ambiente/SGI/ Logística/

Utilidades/Recursos Humanos/

Comunicação/Casa da Natureza

16

B

Setor Industrial: aciaria, laminação, forno

panela, lingotamento contínuo, controle de

qualidade, manutenção, laboratório.

10

C Filhos de funcionários premiados 2

D Alunos que já visitaram o CEAM 15

E Profesoras de escolas/premiadas 15

F AMAC/Pequenos Jardineiros 7

G Professora ambientalista 1

5.2.1 Considerações sobre Entrevista semi-estruturada do grupo “A”: Gerência de meio

ambiente, SGI, Logística, Utilidades, Recursos Humanos, Comunicação e Casa da

Natureza

Em função dos objetivos da pesquisa, elaboramos dois roteiros de entrevistas, cujos

conteúdos podem ser verificados no APÊNDICE B. No intuito de garantir a impossibilidade

95

de identificação dos sujeitos autores das citações feitas pelos envolvidos dos setores, achamos

por bem expressar nossas considerações com referência ao grupo e não aos setores.

As transcrições dessas entrevistas somam aproximadamente sessenta e quatro páginas,

onde observamos, em alguns questionamentos – no nosso entendimento – o compartilhamento

das mesmas idéias (foram muitas) e também possíveis contradições.

Esclarecido ficou, para os sujeitos da pesquisa, a liberdade que teriam para colaborar

conosco. Podendo a qualquer momento desistir, não responder e nos interrogar também.

Partindo desse entendimento, iniciamos nosso trabalho.

Citamos, assim, em meio à riqueza de detalhes que conferimos nas transcrições, frases

que dialogam com a perspectiva do nosso trabalho, sem, no entanto, responder

seqüencialmente a cada pergunta.

A prática de atividades de educação ambiental pela Siderúrgica que remonta desde a

época da até então siderúrgica é do conhecimento de todos. “Eu conheço desde 1996. Eu

cheguei aqui e já tinha uma prática da [...], o prêmio Siderúrgica de meio ambiente. O ensino

da EA voltada para a comunidade.” (ENTREV 1). Apesar de entenderem que as

administrações que passaram neste período provocaram algumas mudanças na empresa, todos

consideram, de um modo geral, que essas mudanças foram de melhoria na qualidade dessas

atividades de educação ambiental, apesar de não ser do agrado de todos. No tocante à

conscientização com as questões ambientais e educação ambiental, a implementação da

norma NBR ISO 14001, que muitas vezes é chamada de 14000 (muito comum), foi fator

marcante no incremento, não só e principalmente sobre as questões da relação da empresa

com o meio ambiente, mas, também das atividades de educação ambiental, como citam:

“Então a conscientização veio com a busca da 14000 e logicamente depois da 14000 tudo

mudou.” (ENTREV 2), e,

[...] a 14, na implantação dela é que veio proporcionar estas mudanças de

comportamento, de interesses, de divulgar e também participar a empresa

não só internamente, com projetos para escolas, educadores [...]. A educação

tomou força a partir da certificação, que foi 1997, certificação 14000. Então,

a norma pra nós foi uma mudança de comportamento, onde ela trouxe outros

tipos de atividades e atuações e pró atividade de mudança de

comportamento. Ela trouxe coleta seletiva. Essa coleta seletiva se estendeu a

um projeto interno. Depois estendeu-se a um projeto externo, divulgado em

escolas e muitos foram tocados por estas mudanças e conseguimos

influenciar um outro mercado aí fora em função disso. (ENTREV 3).

96

Não existiu um consenso quanto aos setores que são responsáveis pelas atividades de

EA na Siderúrgica. Lembrando que este item de análise refere-se aos setores e

conseqüentemente às pessoas envolvidas diretamente com o planejamento, programação e

implementação das atividades para com a EA para o meio ambiente e, também, para com os

requisitos da norma NBR ISO 14001. Os setores que foram citados/envolvidos são: Recursos

Humanos, Comunicação, Gerência do Meio Ambiente, SGI, Casa da Natureza, Logística e

Utilidades. Algumas respostas ficaram como “eu acho que é o setor A, o setor B ou o setor C

ou D”. Mas ficou entendido por nós que os setores de Recursos Humanos, Comunicação e

Gerência do Meio Ambiente “procuram” trabalhar articulados com as questões ambientais,

apesar de o organograma não apresentar essa articulação.

Abrimos aspas na palavra “procuram”, em entendimento às citações que se seguem, a

saber: “é a gerência de recursos humanos e a gerência lá do (...) que são responsáveis pela

gestão de conteúdo para esses processos de EA.” (ENTREV 1) e “hoje a responsabilidade do

técnico de educação ambiental está ligado mais diretamente ao RH, onde nós temos uma

assessoria de comunicação.” (ENTREV 3).

Ainda, procurando o(s) setor(es) responsável(eis) pelas atividades de EA na

Siderúrgica, temos outra indicação: “O setor que é o carro chefe desse trabalho é a área de

comunicação” (ENTREV 2), e também “o RH, ele coordena atividade lá no CEAM com o

apoio do pessoal ali da engenharia e manutenção do meio ambiente.” (ENTREV 4).

Lembramos que durante a observação participante em determinado setor, apesar de já

ter em mãos a autorização para realização da pesquisa que autorizava “a realizar análises de

documentos, realizar entrevistas, realizar observação, acompanhar atividades, registrar dados

e coletar informações”, solicitamos determinado documento para análise. Tivemos então, a

informação de que era necessário solicitar à pessoa responsável pelo setor. Apesar de já estar

no sexto dia de pesquisa, no contato com a pessoa responsável, fiquei sabendo que a pessoa

não tinha conhecimento que estávamos realizando pesquisa naquele setor. Lembramos então

do documento que “nunca” estava disponível – cada momento era um fato que impedia –

então registramos:

A pessoa então pediu para falar com [...] e passei o telefone para [...] e

entendi que a pessoa não estava sabendo da pesquisa que estamos realizando

na empresa. Conversando [...] disse que “as pessoas não informam

corretamente as coisas”. Comecei a perceber que não houve uma

articulação/comunicação “ideal” entre os setores da EA, MA e Gerências.

(CADERNO DE CAMPO, 2010 p. 10).

97

O Programa de Educação Ambiental (PEA) da Siderúrgica, onde chamamos em nosso

questionário de “Plano” é por nós considerado – como já dissemos – um tanto quanto

“tímido”. Antes da análise do referido programa já havíamos iniciado acompanhamento na

Casa da Natureza e também realizado algumas entrevistas, onde sempre solicitamos, por

algumas vezes, o referido PEA e era notória a “falta” do respectivo programa, que, só depois

de várias solicitações nos foi disponibilizado ao término da observação participante. Ao

questionarmos sobre a importância do PEA e sobre o conhecimento que tinham sobre as

metas, diretrizes e objetivos, distintos caminhos seguiam as respostas, como exemplo:

Na verdade ele é importante porque ele norteia a área de comunicação como

traçar estratégias. O quê que vai ser feito em termos de trabalhos com as

comunidades, o planejamento do próprio prêmio. Então, isso aí é uma

ferramenta hoje até mesmo requisitada [...] para fazermos isso. Então é

realmente o norte. Além disso, um apoio externo, igual nós temos de uma

professora. Parece que era o que nos faltava. Tem um pessoal externo que dá

apoio. Porque na verdade, a empresa, ela tem os profissionais dela, mas

ninguém com uma formação específica para isso. (ENTREV 2).

Observa-se que o PEA ora citado confere a “área de comunicação” a atribuição de

realização de trabalhos com a comunidade e com o prêmio, mas não envolve outros setores.

Outro fato é que na “equipe técnica responsável” pela elaboração do PEA – assim entendemos

– não consta outro setor participante na elaboração do mesmo, como: "Eu já li o plano, mas

não tenho na cabeça. Inclusive quando nós elaboramos aqui, eu lembro que eu li, mas já tem

algum tempo. Até porque, quem lida muito com ele é “do setor x.” (ENTREV 2).

Registramos, também, depoimento de total desconhecimento do PEA, como: “Não! Eu

conheço a política, algumas diretrizes da política ambiental e conheço as ações assim,

isoladas. Agora eu nunca vi o plano na integra não!”(ENTREV 5). Um entrevistado conhece

“algumas diretrizes. Em si, o programa todo não!”(ENTREV 6), e outro conhece somente o

que ele executa:

O que eu conheço é o que a gente executa na casa da natureza, que é um

programa de educação ambiental voltado para os alunos das sextas séries das

escolas. A parte que consta nele que diz respeito às nossas atividades. Isso aí

eu conheço. (ENTREV 1).

Quando citam conhecer algumas “diretrizes” – palavra usada por alguns entrevistados

– parece-nos que ocorre um entendimento equivocado com o PEA em relação à Política

98

Ambiental Corporativa da Siderúrgica, cuja divulgação é feita em diversos setores por meio

de quadros e/ou murais.

Apesar de o PEA não contemplar o público interno, é possível considerar, conforme

depoimento do o entrevistado 3, que o Programa de Educação Ambiental segue duas linhas. A

primeira origina-se da necessidade da empresa em atender a legislação e a segunda objetiva o

trabalho interno, sendo de grande relevância, principalmente para certificação e recertificação

de sistemas de gestão, considerando também a importância da sustentabilidade.

Diversas são as concepções dos entrevistados sobre o PEA. Vejamos o texto que se

segue:

Importante, não só pra comunidade, para as escolas que estão aqui, como eu

acho que deveria voltar para “setores” também dos funcionários da empresa.

Eu tive que reformular o plano porque eles exigiram. Eu não tenho ele aqui.

É só com o pessoal [...] O alvo do PEA que é o caso de escolas. Conheço as

metas do PEA. Quando ele foi criado visa escolas, filhos de funcionários e

funcionários da empresa, mas o foco é conscientização das escolas. No início

desse ano tive a idéia de voltar um pouco para os funcionários [...]. Mas não

dá tempo!! Mas tem que propor isso pra envolver mais os funcionários. [...]

Que o PEA tenha uma qualidade maior, principalmente para os funcionários.

Eu acho até interessante e eficaz a política, mas na questão da educação

ambiental é que eu acho que eles deveriam dar mais enfoque para os

funcionários. Mas não sei se isso tem haver com o tempo deles. [...] faz

avaliação das ações da casa da natureza. Inclusive eles deveriam passar essas

informações para os funcionários. Tem alguns funcionários que não sabem o

que é feito na Casa da Natureza. Tem gente que nunca foi lá. (ENTREV 7).

Entendem, assim, alguns entrevistados que o público interno não é alvo de programas

de educação ambiental, como: “nosso centro de educação ambiental, o foco dele são alunos de

escolas públicas e particulares pra desenvolver EA na consciência deles mesmos. É isso!”

(ENTREV 4).

Gravina (2008, p. 62), em sua pesquisa realizada na Siderúrgica, corrobora os

entendimentos quanto à prática da EA citadas anteriormente.

CEAM (Centro de Educação Ambiental) – a empresa desenvolveu um centro

de educação ambiental, que tem como principal local de apoio a Casa da

Natureza, criada em 22 de abril de 2002, com os objetivos de educar e

desenvolver uma consciência crítica, visando a mudança comportamental

face às questões ambientais nas crianças recebidas pela casa. O local recebe

alunos, preferencialmente da 6ª série, de escolas da região e são feitas

caminhadas ecológicas, palestras, exposição de vídeo e outras atividades.

99

Anteriormente, um entrevistado informou ter lido o PEA, mas não lembrava. Depois

lembra que participou da elaboração e que o outro “setor x” é que lida muito com ele. Agora,

vejamos a citação do entrevistado 4 que pertence ao “setor x”:

Nosso plano de educação ambiental é voltado para escolas públicas e

particulares de [...], que são as comunidades atendidas aqui pela nossa usina.

Eu não conheço especificamente a rotina de como acontece o plano lá (esse

“lá” faz referência ao CEAM), mas eu sei que as crianças, que os alunos têm

atividades teóricas lá dentro da sala e eles participam também de uma trilha

ecológica, que é no entorno da casa. (ENTREV 4).

Dessa maneira, o sujeito do “setor x” que “lida” com o PEA, não conhece como o

PEA é desenvolvido no CEAM. Atividades são citadas, mas quando diz que não conhece o

programa, será que está sendo feito uma referência ao processo educativo e/ou com a

metodologia pedagógica? Seguindo com a próxima fala:

Eu conheço o plano. É da casa da natureza. Os treinamentos que são

realizados. A periodicidade eu não me lembro, mas todo dia agente recebe

visita aqui do 6º ano. Então, há uma metodologia e esse plano fica disponível

aqui”. (ENTREV 8).

A transcrição anterior é de um entrevistado do mesmo setor do entrevistado 2, que

indica o “setor x”. Fomos nesta entrevista, surpreendidos com a disponibilização do PEA em

cujo conteúdo não apresenta “treinamento” e nem periodicidade de visitas.

Talvez pelas complexidades da educação e das questões ambientais, o PEA da

Siderúrgica não contempla atividades de EA/treinamento para o público interno. Mas, o

Centro de Educação Ambiental (CEAM), onde as atividades citadas pelo PEA são

desenvolvidas, é entendido por todos como um excelente ambiente para prática das

atividades, nas quais tivemos a oportunidade e o privilégio de estarmos inseridos durante

nossa “observação participante”, juntamente com alunos e professores que participavam do

PEA da Siderúrgica e realmente ficavam entusiasmados com o local e a possibilidade de

melhoria do conhecimento, conforme cita: “todo mundo que vem aqui, todas as escolas que

vem, os professores, ficam encantados.” (ENTREV 1), e “as crianças já começam desde cedo

a ter essa consciência.” (ENTREV 6). Um entrevistado, apesar de achar o projeto interessante,

considera que “agente que já foi lá algumas vezes fica repetitivo. Porque é sempre a mesma

coisa e tudo, mas eu acho muito interessante o trabalho. O pessoal que chega, o depoimento é

sempre positivo de quem vem.” (ENTREV 9). Durante a nossa pesquisa, os mais variados

100

depoimentos apontam para a riqueza de informações e contribuição para as pessoas,

justamente pelo ambiente, conteúdo e aprendizado que é proporcionado durante as “visitas.”

Do mesmo modo que todos entendem a importância do CEAM, eles também

conhecem as ações da empresa no que tange à preocupação da mesma com as questões

ambientais. Abordamos os sujeitos sobre a poluição que a empresa pode causar e quanto às

ações que ela tem para mitigar e/ou evitar os impactos ambientais provenientes dos processos

produtivos, relacionando o fator sustentabilidade. Inúmeras ações foram citadas e destacamos:

o programa produtor florestal e a utilização do gás que é gerado no alto forno e é utilizado no

aquecimento de fornos.

Começo por uma citação que “sai da terra e penetra o espaço”:

As práticas que a empresa tem de gestão ambiental, já colocam a empresa,

anos luz à frente de muitas outras em relação a resíduos, reaproveitamento

de resíduos, a destinação dos resíduos, a forma como lida com a água, o

respeito que tem com a água. (ENTREV 1).

Realmente, testemunhávamos grande empolgação e propriedade na fala dos

participantes. O Prêmio Mineiro de Meio Ambiente conquistado pela Siderúrgica é fruto de

um trabalho árduo e preciso, de Gestão Ambiental voltada para competência.

A conquista do “Selo Verde” do Instituto Falcão Bauer da Qualidade, indica um

sistema rigoroso e eficiente que atendem aos requisitos das instituições certificadoras,

caracterizando o compromisso com as questões ambientais e incessante busca à

sustentabilidade. E a empresa:

sempre estimula algumas campanhas ligadas à preservação ambiental. Nós

tínhamos uma campanha da água que terminou recentemente, foram seis

semanas, com os funcionários e com os terceiros, porque os quadros estão

disponibilizados em todas as áreas. Então todo mundo vê. Então nós já

fizemos, a gente faz campanhas regulares ao longo do ano, independente de

ter uma data vinculada ou não, no sentido de contribuir para a preservação

dos recursos. (ENTREV 1).

Lembrando dos nossos jovens, o entrevistado 10 insere o PEA em meio às atitudes

responsáveis que a empresa tem como compromisso ambiental, citando “o foco principal

desse programa é justamente trazer para esses adolescentes a conscientização do meio

ambiente. À preservação do meio ambiente local”.

As pessoas entrevistadas têm ciência da Política Ambiental da Empresa que é

divulgada pela empresa por meio de cartazes/murais nos diversos setores da empresa, como

101

pudemos observar durante algumas entrevistas e observação informal. Existe – confirmado

também pelos funcionários – um efetivo “sistema” de comunicação para com os funcionários,

com a utilização de e-mails, caixa de sugestões, folha verde. Observamos também em vários

setores que “transitamos”, um mural onde se podem buscar informações que são divulgadas.

Este mural é conhecido como “Fique Ligado”, e,

é um veículo que a gente tem em todas as áreas, é um jornal mural, um

quadro mural e esse quadro mural é renovado todas as semanas. O Fique

Ligado já tem uma dinâmica dele. Como é um veículo já muito conhecido,

as pessoas sabem que às segundas feiras ele troca. Tem assunto novo. Aliás,

o “Fique Ligado” tá aberto pra você também consultar. O fique ligado vai

ser uma boa fonte documental para você. (ENTREV 1).

O “Fique Ligado” é um meio de comunicação muito efetivo na empresa. Todas as

pessoas que tivemos contato conhecem e buscam rotineiramente informações no mural. Em

conversa informal com um estagiário, ele nos informou que considera um importante meio de

comunicação, pois conseguiu no mural do “Fique Ligado”, informações sobre a Casa da

Natureza, onde seu filho participou de atividades de educação ambiental.

Voltando, então, com a temática da educação ambiental, mas, direcionando o foco

para a contribuição que as práticas de educação ambiental desenvolvidas pela Siderúrgica

podem exercer na vida das pessoas, não tiveram dúvidas os entrevistados, em sua maioria,

sobre a questão do lixo. Abordagens como a coleta seletiva, separação adequada do lixo,

problemas causados pelo lixo que vão desde uma “simples” poluição visual a um grave

problema de saúde pública. Não tiveram dúvidas, também, ao afirmarem o alcance que as

ações de conscientização, treinamento, educação ambiental – com o prêmio – têm com os

seus familiares. “Ora o pai tem uma novidade, ora o filho”. Então, o despertar

ecológico/ambiental, por meio de “cobranças” surge transformando e provocando mudanças

de atitudes. Talvez, o depoimento que ora se segue (sobre a contribuição na melhoria de vida

das pessoas) traga a convicção de que todos devem insistir e acreditar na possibilidade que a

“Educação”, mesmo sem adjetivos, tem que libertar e “melhorar” a vida humana. Vejamos:

Eu acho que é geral. Eu fui numa festa aqui, e foi ali no recanto. Era uma

festa junina. E, aí, festa, barraquinhas, tudo normal. Eu olhei ao redor num

tinha nem um papelzinho no chão sabe, e aí a gente vê como é que assim,

que a semente que é plantada vai surtindo frutos. Porque qualquer festinha

que você vai aí tem papel no chão. Isso é usual. E lá, assim, me chamou

muita atenção nisso. Era só com os funcionários e familiares. E não tinha

nenhum papel. Tinha bastante lixeira espalhada e não tinha nada no chão.

Então eu acho que esses programas, mesmo que seja assim essa coisa básica

102

da educação, não só ambiental, mas a educação, mas que contribui e

disseminam. (ENTREV 9).

O próximo entrevistado procura fazer com a EA, no nosso entender, uma possível

relação com auditoria/treinamento feitos em busca da certificação, apresentando a seguinte

argumentação:

Aqui, a nossa EA [...] nossa preocupação com o meio ambiente vem através

da ISO e do nosso sistema todo de gestão integrada. Os empregados

participam, eles tem conhecimento não só por conta de auditoria, mas eles

têm conhecimento porque eles praticam isso aqui dentro e eles levam isso

para casa deles. (ENTREV 4).

São efetuadas campanhas de conscientização e incentivo à redução do consumo de

energia, água, etc., mas não fica só nas campanhas, diz, o entrevistado também que na semana

do meio ambiente, no dia mundial do meio ambiente, são realizadas atividades ambientais29

e

informou que,

em frente ao restaurante, a gente montou alguns stands. [...] Levou pra lá

todos os resíduos e pessoas para explicar para os empregados o que a gente

faz, o que eles fazem, qual que é o trabalho deles. Isso foi durante a semana

no horário de pico, que todo mundo vai almoçar. Todo mundo tem que

almoçar e jantar então a gente montou um stand lá fora. Então a gente tem

essa preocupação também. Como é que a gente vai tocar a família do

empregado no dia do meio ambiente? Aí a gente fez uma peça de teatro, que

a gente tem uma parceria com o Pró Música. A gente mandou um convite

para a casa do empregado e fez uma peça super bacana, um espetáculo

teatral. (ENTREV 4).

Provavelmente, um tempo insuficiente para se dedicar às atividades de

EA/treinamento, podendo considerar dessa maneira, um momento de informações, pois fez-se

uso do horário de almoço. A Educação Ambiental, talvez pela complexidade que sustenta em

seu bojo, provoca – em se falando de ISO 14001 – algumas não-conformidades como:

Esse ano eu participei de uma reciclagem. E a gente tem sempre! É. O meu

trabalho não tem envolvimento com a EA não. Diretamente com a EA eu

não tenho ligação não. Mas quando se atende alguns requisitos da ISO 14000

eu considero que não deixa de ser educação. (ENTREV 9).

29

Disse-nos que “depois se você quiser, eu posso te mostrar as evidências disso”, e apesar de solicitarmos

posteriormente, as evidências não foram disponibilizadas.

103

Ao falarmos em normas de certificação, em auditoria, em treinamento e

conscientização, não podemos insinuar dúvidas de que: o sucesso de todos esses processos

está vinculado à educação. Não importando qual processo educativo vai ser adotado para

alcançar os objetivos, podendo ser somente a educação formal, ou a informal, ou a não

formal. Ou mais precisamente as três formas de educação terão que atuar.

Outro sujeito colaborador, ao ser questionado sobre a prática da Educação Ambiental,

visto que esse sujeito estava com foco em treinamento, respondeu:

Como treinamento nós temos uma meta anual a cumprir. Temos treinamento

voltado específico para área de MA, no sentido de atendimento da norma

mesmo. [...] A gente procura acima de tudo, fazer esse treinamento, mas,

mais que fazer o treinamento, é importante você ter um retorno se o

treinamento foi eficaz ou não. Na medida do possível, trazer pessoas “extra

usina”, pra dar uma linguagem mais diferenciada, poética, lúdica, pra

sensibilizar mesmo. Saindo dessa visão técnica, que, querendo ou não é

nossa prioridade, e, tanto que se torne um aprendizado pra nós como

aprendizado para os funcionários. Não tem como falar de meio ambiente

sem falar em educação ambiental. (ENTREV 12)

A relação educação/treinamento encontrou mais um espaço. Mesmo considerando os

treinamentos em função do atendimento às normas, o entrevistado 12 demonstra

entendimento sobre EA, começando com “Aí a gente extrapola do universo siderúrgico para o

universo do bairro dele” e com determinada percepção, sugere um momento de “abandono”

da visão técnica em busca de “uma linguagem mais diferenciada, poética, lúdica, pra

sensibilizar mesmo”, pois, fala em MA e não considerar a EA é no mínimo, um equívoco.

Quando o entrevistado 2 foi questionado sobre os benefícios da prática da Educação

Ambiental para os funcionários, desenvolveu a seguinte reflexão:

Para a vida das gerações mais velhas contribui muito pouco. [...] a gente fica

preocupado, nós que estamos inseridos nessa área mais do que os outros.

Agora, o cidadão comum ele não quer nem saber se o mar vai subir seis

centímetros por ano, ou se as sacolinhas estão contaminando de forma

acentuada os aterros sanitários e se os lixões estão por aí. Agora eu acho que

a educação ambiental pode contribuir muito para a formação das novíssimas

gerações. Gerações novas mesmo! Eu acho que passou aí de dezoito anos já

não tem mais recuperação. Eu acho que pra conseguir conscientizar mesmo!

A pessoa tem que nascer com aquelas práticas enraigadas na sua mente e o

cuidado com o meio ambiente ta no sangue e hoje algumas crianças que tem

acesso à educação ambiental de alguma forma, elas têm uma outra visão de

mundo. Para a vida das gerações mais velhas contribui muito pouco.

(ENTREV 2).

104

Concepção complexa de educação. Mas a educação é complexa. Sim! É necessário,

entretanto, estar inserido em meio a essa complexidade para ter uma nova e outra visão de

mundo. Educar é desafiar a si mesmo. Em 1996, Freire já considerava os “Desafios da

Educação de Adultos frente à nova reestruturação tecnológica”, e os desafios não acabam e

estarão nos surpreendendo a cada momento. Agora, a educação é o processo, o método, o

caminho e a esperança de tornar toda essa complexidade passível de ser facilitada e

transformadora. É necessário esforço. É fundamental o conhecimento e este, se “constrói” em

qualquer lugar, mas não de qualquer forma. É preciso fundamentos como diz, novamente,

Freire (2000, p. 37). “mudar é difícil, mas é possível” considerando que esse é o saber

fundamental para:

programar nossa ação político-pedagógica, não importa se o projeto com o

qual nos comprometemos é de alfabetização de adultos ou de crianças, se de

ação sanitária, se de evangelização, se de formação de mão-de-obra técnica.

Freire “indica” a ação político-pedagógica como um caminho para educar e –

entendemos também – superar problemas da vida e principalmente os da educação. A possível

solução existe. Façamos uma profunda reflexão. E que ela nos conceda a intenção e

possibilidade de agir para educar a todos.

Ainda lembrando Paulo Freire, não privamos os entrevistados da liberdade de se

manifestarem. Assim este item permanece com duas citações, como seguem:

Eu acho que esse tipo de trabalho é importante para nossa empresa também.

Para gente conhecer, ter um feedback até seu depois sobre isso, e que

logicamente quem, está inserido nesse contexto tem mais conforto e até

facilidade para responder a essas perguntas, porque nem tudo que se faz aqui

dentro, em termos de educação ambiental chega a todos. Porque a usina é

muito grande, as atividades são diversas. Existe uma equipe que trabalha

muito nisso, muito mesmo e a idéia é continuar com isso, mas aprimorando

cada vez mais. (ENTREV 2).

Eu quero agradecer primeiro. É a primeira vez que eu participo de um

trabalho deste tipo e eu estou até “estonteante”. Estou sensibilizado pelo

nível de aprofundamento que isso chega ao se defender um trabalho de

mestrado que é seu caso. Eu acho que é por aí. Cada um tem a chance de

fazer a sua parte, que quando soma isso, fica um trabalho muito bom.

(ENTREV 11).

Embora os entrevistados reconheçam a importância e necessidade da EA, esta não tem

período, programa e envolvimento com os funcionários, ficando restrita às ações

desenvolvidas no CEAM com os alunos do ensino fundamental das escolas da região.

105

5.2.2 Considerações sobre Entrevista semi-estruturada do Setor Industrial

Neste setor, as entrevistas revelam30

que o tempo (experiência) de trabalho dos

funcionários na empresa, leva a depoimentos e concepções distintas. Os funcionários mais

experientes manifestam idéias e depoimentos semelhantes, mas que diferem dos funcionários

menos experientes que compartilham entre si, com os mesmos entendimentos.

Apesar de não ser do conhecimento de todos, quais são os setores específicos

envolvidos com as ações de EA e de MA na empresa. Todos os entrevistados apresentam

conhecimentos sobre as ações que a empresa executa para melhoria das condições ambientais

e sobre o prêmio que é realizado com as crianças e escolas – eles citam muito isso. A Casa da

Natureza é tida por todos como um ambiente sem igual para realizações das atividades de EA

que a empresa desenvolve com as escolas, apesar de um entrevistado citar em seu depoimento

que “tem [...] anos que eu to lá (lá, porque essa entrevista foi realizada fora da empresa) e eu

ainda não visitei a casa da natureza.” (ENTREV 13). Esse depoimento faz-nos recorrer ao do

item anterior onde foi citado que “muitos funcionários ainda não conhecem o CEAM”.

De alguns entrevistados, diferentes interpretações foram registradas quando a

abordagem chega ao PEA da Siderúrgica. O entendimento passa pela política ambiental, pelo

plano de emergência e segurança do trabalho, e também pelo treinamento para o MA. Todos

manifestam ser de grande importância o PEA e alguns não sabem o que é, e ainda não o

leram. Um entrevistado “mais falante” registra:

Não só pra mim, mas todos aqueles que estão interligados com a

Siderúrgica. Sejam funcionários, filhos de funcionários, sobrinhos, parentes.

Porque o que a gente aprende aqui relacionado ao MA a gente tem que levar

pra casa! Às vezes a gente traz idéias novas. A gente pode dar idéias pro

plano de EA. A gente pode ligar. Oh! Ta acontecendo isso e isso. Vamos

fazer isso. Se for uma idéia boa eles acatam. Então a importância é grande

porque, é a “flecha”. Vai e volta, que, da mesma maneira que eles informam

pra gente, que eles nos ensinam a cuidar, a ter uma EA, a cuidar do lugar que

você está, você também pode levar pra eles. Coisas que você vê em outro

lugar, coisas novas. Então é importante. (ENTREV 14).

30

Os roteiros de entrevistas e os questionários permitiram-nos fazer esta constatação pelo fato de constar

informações como idade, tempo na empresa, formação, cargo/função. Vide seção dos apêndices.

106

Esta citação insere funcionários, seus familiares e parentes nas ações do PEA e faz

uma ligação com os aprendizados adquiridos na empresa sobre o MA com o PEA. Mesma

concepção tem o entrevistado 15 que cita exemplos: “[...] do reciclável, da separação do lixo,

do que vai pro lixo. Entender o quê que é lixo. É ter essa consciência. É você racionalizar

água, economizar, evitar o desperdício”. E cita também a importância da contribuição da EA

praticada com as crianças das escolas pela empresa:

[...] várias escolas já foram. Imagina você despertar essa consciência nas

crianças. Vai ser um adulto. Pelo menos, tem tudo pra serem adultos mais

responsáveis mais comprometidos com a natureza, com o MA. Tudo começa

na criança. Não tem aquele ditado: “eduque a criança para não ser necessário

castigar o homem”, não é isso? (ENTREV 15).

A preocupação e cuidado com o lixo e resíduos industriais é fator marcante durante as

entrevistas. Todos fazem abordagens a esses temas, destacando a abrangência dessas ações

que extrapolam o ambiente empresarial.

Sobre periodicidade de participação dos sujeitos nas atividades e/ou treinamentos

voltados para o MA e de EA, registramos alguns como: “embora a empresa fale muito em

MA, não fala [...] de EA.” (ENTREV 16); outro “nunca!” (ENTREV 17); outro, “algumas

vezes, não é comum.” (ENTREV 15) e esclarece que existe uma certa dificuldade para as

pessoas do setor produtivo participarem, devido ao deslocamento, justifica, que o trabalho de

turno é complicado, e lembra que “existe jornalzinho informativo, nota dez, e-mails, Fique

Ligado etc., informando sobre MA e outros assuntos. Agora, o interesse é de cada um de

buscar informações.” (ENTREV 15). Outro, “na época das recertificações, de dois em dois

anos.” (ENTREV 13). Mais:

[...] sempre quando tem alguma coisa de novo eles fazem treinamento.

Geralmente [...] neste horário depois das cinco a gente fica aqui pra ouvir

palestras, treinamento sobre tudo e qualquer assunto. Olha, eu sempre falo o

seguinte: o cara depois de velho, depois que ele começou a andar com suas

próprias pernas [...] é muito difícil você mudar a mentalidade desse cidadão,

então você tem que começar de criança. (ENTREV 16).

Eu não participei, mas já fui convidado várias vezes através do quadro que ta

lá, (lá, porque essa entrevista foi realizada fora da empresa). Tenho colegas

que já participaram. Inclusive, são poucos. Os que eu conheço que

participam freqüentemente mesmo, eles trabalham no administrativo.

(ENTREV 18).

Existem aqueles treinamentos formais, que todo mundo tem. Se você for no

RH você vai encontrar o registro da pessoa no treinamento, com certeza em

relação de MA que é uma das normas que a empresa é certificada. O

107

terceirizado participa também. Inclusive, tem um programa de planos e

sugestões, em que a sugestão pode estar ligada à melhoria [...] ou meio

ambiente. O terceiro pode participar e é premiado, com a festa [...] eles

passam também por treinamento. (ENTREV 19).

A norma sobre o MA a que se refere o entrevistado, é a NBR ISO 14001 sobre sistema

de gestão ambiental, que em determinado item cita sobre competência, treinamento e

conscientização. Dentre tantos itens, esta norma “sugere” que as pessoas envolvidas com

tarefas potencialmente impactantes ao meio ambiente, apresentem competências “com base

em formação apropriada, treinamento ou experiência, devendo reter os registros associados”

(NBR ISO 14001:2004, p. 6).

Interrogando a respeito da NBR ISO 14001, os “eventos” de recertificação e auditorias

são indicados como momentos de reflexão/treinamento sobre o MA. Sendo que alguns

funcionários apresentam noções sobre a referida norma em função da formação acadêmica e

não em conseqüência das atividades na empresa. Assim registramos: “conscientização com

relação ao meio ambiente, a gente normalmente passa por treinamentos na época da

recertificação.” (ENTREV 13); “aqui não, só no colégio” (ENTREV 17); “perto de auditoria

tem muito” (ENTREV 15); não (ENTREV 20), e também: “Não. Não participei. Sei um

pouco devido a minha formação [...]. Lá nunca teve treinamento sobre ISO 14000.

Envolvendo o MA e segurança tem sim, até com certa freqüência” (ENTREV 18).

Alguns entrevistados ressaltaram a importância de cada um se envolver com seu

trabalho de maneira que a participação nas atividades dependa do interesse do trabalhador,

uma vez que oportunidades para conscientização sobre as questões ambientais são sempre

realizadas. Contudo, não apresentam relação com a EA e ressaltam atividades de treinamentos

com referência à certificação/recertificação de sistemas de gestão e de segurança do

trabalhador, sendo que o tempo para participação é reduzido e o público envolvido é restrito.

Recursos humanos cada vez mais competentes compõem a necessidade para o

desenvolvimento das pessoas e das organizações. O ato de educar implica em variadas ações

que interferem no intelectual humano, melhorando sua capacidade de entendimento,

compreensão e de aquisição de conhecimento, provocando o afloramento do tão necessário

discernimento. Lopes (2009, p. 32) considera a “Pedagogia Empresarial” o caminho para

causar o diferencial entre as empresas e apresenta uma condição: “Mas é fundamental que o

próprio profissional queira participar efetivamente desse processo, pois, sem seu engajamento

total, fica muito difícil conseguir modificação de comportamento”.

108

Urge a construção de um projeto pedagógico pautado em ação, comprometimento e

participação dos cidadãos, para estabelecer uma maior perspectiva ao “sucesso” do processo

educativo, independentemente de que se efetive por meio formal, informal ou, como acontece

nas empresas, pelo processo não formal, vislumbrando uma maior compreensão de todos.

5.2.3 Considerações sobre Entrevista semi-estruturada dos Filhos de Funcionários

Premiados

Três funcionários, pais de alunos premiados, foram entrevistados e partilharam da

mesma concepção sobre a participação das filhas no prêmio. Indicando a importância,

necessidade e envolvimento de todos os familiares, citando como exemplo a problemática do

lixo. Uma filha ainda não visitou o CEAM, mas outras duas foram algumas vezes em visitas

com as escolas.

Já as entrevistas com as alunas, filhas dos funcionários, foram marcadas por muita

timidez das entrevistadas, embora estivessem juntas com seus pais. Foram várias perguntas

com dicas de respostas para que elas participassem mais efetivamente, pois as respostas eram

apresentadas com “sim”, “eu acho”, “bacana”, mas pudemos perceber a empolgação em

participar do prêmio e até mesmo de estarem sendo entrevistadas. Quando chegamos à nossa

última pergunta, na qual ensejamos que os sujeitos se manifestassem livremente, perguntando

se queriam deixar alguma mensagem e se a empresa deveria continuar com esse trabalho etc.,

não houve necessidade em ajudá-las, então registramos: “[...] é muito bom para as pessoas

para elas aprenderem, é, educação e meio ambiente”. (ENTREV 13) e outra, “Sim, porque

esse trabalho incentiva as crianças a saberem mais da natureza. Que não pode maltratar a

natureza.” (ENTREV 22).

Observa-se nos depoimentos que o envolvimento dos filhos com a empresa por meio

do prêmio leva a discussão sobre as questões ambientais, também em casa, com seus

familiares.

5.2.4 Considerações sobre Entrevista semi-estruturada de Alunos/Premiados

109

Este grupo de sujeitos entrevistados é formado por alunos e ex-alunos que já visitaram

o CEAM, compreendendo uma faixa etária de vinte a vinte e oito anos, com alguns casados,

outros solteiros e atuando em várias áreas no mercado de trabalho. Quando da realização das

entrevistas, e cientes do assunto, três senhoras que trabalhavam na escola, solicitaram para

participar da pesquisa informando já terem ido por vários anos ao CEAM e que os filhos

também quando alunos haviam visitado a empresa. Não registramos no corpo da presente

pesquisa as entrevistas dessas senhoras, mas vale destacar a colaboração da empresa – citada

pelas mesmas – para com a escola no que tange a reformas, apoio a projetos etc. Essas

senhoras, muito gentilmente nos convidaram para entrevistar suas filhas e assim fizemos.

Apesar de apresentarem grande iniciativa em colaborar com a pesquisa, os sujeitos

ficaram constrangidos diante às gravações e falavam muito pouco, mas sem dúvida vieram

reforçar alguns depoimentos antes registrados.

Vem à tona novamente a questão do lixo. As lembranças citadas remetem aos

cuidados com os resíduos gerados no nosso dia-a-dia, destacando que até então, não tinham

conhecimento da existência de produtos (lixos) cuja decomposição na natureza demora mais

de cem anos e complementa “[...] isso acaba influenciando não pra gente, mas para nossos

herdeiros que virão.” (ALUN 23), e também “[...] aprendi separar o meu lixo em casa, [...] é

muito interessante para chamar a atenção das crianças [...] como chamou a minha. [...] mudou

o meu hábito, amar a natureza, cuidar da natureza.” (ALUN 24)

Todos teceram elogios às ações da empresa e alertam para necessidade de estender às

comunidades do entorno da empresa, pois essas ações ajudam e melhoram o comportamento

das pessoas socialmente carentes que em muitos dos casos “a questão não é ignorância e sim

falta de recursos para saber dessas coisas.” (ALUN 23), alertando também para necessidade

de aumentar a freqüência dessas ações e cita: “eu acho pouco. Eles têm capacidade pra ta

fazendo mais. [...] a qualidade está ótima. Aumentar as palestras! Eu não acho que devia ser

só pra alunos. Devia ser pra comunidade. [...] teria que aprender desde os pais pra passar pros

filhos.” (ALUN 23).

Como mensagem, registramos que não só preocupação todos devemos ter com o MA,

pois “é muito fácil falar, mais a gente tem que agir.” (ALUN 25), e também, para nossa

reflexão: “Temos um caroço de manga. É um fato. A verdade do caroço de manga é o pomar.

Ou seja, várias árvores com várias mangas. Por causa de um caroço.” (ALUN 26). Procurando

entender tal colocação perguntamos: “Você quer dizer que basta começar por um?” A

resposta foi “Justamente!” Não fizemos nenhuma pesquisa exaustiva na internet à procura do

110

“caroço de manga”, mas depois de passar por títulos de músicas, por benefícios para saúde

entre outros, concluímos, com a seguinte citação:

Se eu pegar na mão uma semente de manga e lhe perguntar: o que tenho em

minhas mãos? Você responderá: um caroço de manga. Eu digo: Você está

errado! Um caroço de manga esconde uma mangueira com centenas de

mangas. O caroço de manga é um fato. A verdade do caroço é que eu tenho

uma árvore de manga numa semente. Tenho num caroço uma floresta. Um

caroço de manga tem o potencial que precisa ser liberado31

.

Provavelmente um alerta, um despertar para as pequenas questões. Vamos corrigir os

“pequenos” e os “grandes”, vamos investir neles. Não importa o tamanho da semente, pois a

transformação é possível e real, basta começarmos.

5.2.4.1 Considerações sobre Entrevista semi-estruturada das Escolas/Premiadas

Para realização destas entrevistas, elaboramos um roteiro por meio do qual

vislumbramos a perspectiva de atendimento às indagações que sustentaram a nossa pesquisa.

Merecedora de grande enfoque, optamos por esmiuçar mais algumas entrevistas, em

uma análise vertical, relacionando as evidências aos fatos, sem ainda fazer a necessária

“triangulação”.

As perguntas estabelecidas nos roteiros poderão ser consultadas na seção dos anexos,

com a identificação “ESCOLAS/PRÊMIO”. Algumas escolas foram premiadas ou tiveram

alunos (as) premiados em 2010 e outras escolas entrevistadas foram premiadas em outros

anos.

Como nossa proposta foi a realização de um momento de diálogo, e tivemos, em

determinado momento, a participação nas entrevistas de até três professoras, várias outras

perguntas surgiram durante as entrevistas e assim, a liberdade para manifestação de todas fez-

se constante. Embora fosse nossa intenção apresentar os assuntos em seqüência a cada

pergunta, desviamos no sentido de analisar as considerações de acordo com os temas centrais

da pesquisa. Procuramos, então, fazer o relato das transcrições – que somam cinqüenta e duas

31

Disponível em http://prvenilton.blogspot.com/2010/05/dr-miles-munroe-270410-nova-iguacu.html Acessado

em 07 de maio de 2011.

111

páginas – focando itens das perguntas, sem, contudo, deixar de lado a qualidade das

evidências que ora citamos.

Quanto ao item sobre a participação das atividades no Centro de Educação Ambiental

(CEAM), as entrevistadas, Pedagogas e Professoras, partilhavam do mesmo entendimento,

abordando o espaço físico e o local adequados ao desenvolvimento de atividades voltadas ao

meio ambiente e, em especial, à EA. Relatos demonstram o encantamento dos professores que

visitaram o CEAM, a seriedade do trabalho que é desenvolvido, e o trabalho realizado com

todos de “pés no chão”, nada que não possa ser feito. Apenas uma escola dentre as

programadas não participou da visita ao CEAM, todas as demais participaram por mais de

uma vez. A entrevistada da escola H destaca a importância dessas visitas, argumentando sobre

a metodologia utilizada e o ganho de visão dos alunos guando participam das atividades no

CEAM, e também a (ESCOLA C) relata:

É uma oportunidade muito rica pra se trabalhar com a criança, o material de

apoio é muito bem preparado. É uma proposta que aliada aos recursos da

própria escola proporciona um amplo momento de aprendizagem. E, as

estagiárias responsáveis pelo trabalho de educação ambiental, elas tem uma

proposta, que vai de acordo com os interesses da nossa própria escola.

Vários foram os destaques apresentados sobre a participação no prêmio. As escolas

valorizam tal participação como um reforço do que é apresentado em sala de aula e considera

um para reflexão sobre questões ambientais, educacionais além de reforçar os conteúdos

desenvolvidos por diversas escolas, dessa maneira dão destaques ao envolvimento e a

mudança de comportamento das pessoas:

É importante porque envolve toda a comunidade escolar, os pais, alunos, a

própria escola e conseqüentemente a conscientização. A escola sempre

caminha junto, e os pais estão sempre presentes. É vantajoso, porque em

casa as crianças colocam em prática o que eles aprendem na escola. Esse

projeto mudou muito o comportamento das crianças. (ESCOLA D).

A participação de todos e a formação de parcerias, são consideradas de grande

relevância para o trabalho da escola, como:

Lá a gente tem condição de oferecer recursos mais completos para os

meninos. [...] Favorece o trabalho da escola, não fica só na coisa do discurso,

fica bem na prática mesmo, bem na vivência, bem na experiência com os

alunos. Hoje é de grande interesse a escola estar integrada na comunidade e

112

a parceria empresa-escola trás um crescimento muito grande, tanto por parte

do professorado quanto dos alunos e familiares. [...] O objetivo do trabalho

não é só o prêmio, mas o aprendizado em si, mas o prêmio é um incentivo e

aquele que ganha tem a grande oportunidade de celebrar o seu mérito.

(ESCOLA C).

Necessário faz-se ressaltar que promove o senso crítico nos alunos de maneira que “ele

sendo critico e observando, vendo que aquilo ali é errado ele já vai passando para gerações futuras.”,

de maneira que é um processo contínuo e de grande relevância pra educação dos jovens. (ESCOLA

D).

Mais importante que o prêmio é a questão do trabalho prévio. O prêmio é

uma conseqüência de alguém que foi bem sucedido. O projeto é eterno. É

continuado. E a educação é continuada. Sem dúvida. Nós professores

precisamos dela, nossos alunos também. (ESCOLA E).

Conscientização foi a palavra mais considerada pelas professoras que acreditam ser

essa a necessidade das crianças, “primeiro lugar seria a conscientização. Trazer essa

conscientização mesmo! [...] Você integra esse projeto dentro do seu currículo.” (ESCOLA

G), e também,

Há uma questão de conscientização, do objetivo mesmo da proposta. Falar

de meio ambiente não é só passar pro papel o objetivo teórico, mas a

vivência do aluno. Então, muito do que a Siderúrgica propõe nas apostilas,

no material didático, nós temos como aproveitar no dia a dia dentro da

escola. (ESCOLA H).

Considerando a contribuição da educação ambiental proporcionada pela siderúrgica

para escola/comunidade, importantes reflexões são trazidas pelos entrevistados tais como

transformação, visão de mundo, entre outras pertinentes e necessárias ações relativas a

educação ambiental, dentre as quais citamos:

O comprometimento mesmo da educação de participar das questões

ambientais. Eu vejo assim, como transformadores. (ESCOLA G).

O material deles é muito rico. A gente consegue trabalhar com material que

já vem todo certinho, já elaborado. A gente tem material de apoio do

professor que ajuda a gente nas outras atividades. (ESCOLA F).

Chega aqui na escola, por exemplo, se eles estão fazendo algum trabalho, há

uma grande participação da família, então os pais têm acesso, e na própria

reunião pedagógica a gente fala, olha vem aí o concurso!! (ESCOLA B).

[...] A educação que a gente pretende dar pros alunos é uma educação crítica,

para que eles tenham realmente essa reflexão crítica. A partir dessas

vivências eles já vão tendo um outro olhar. (ESCOLA C).

113

“O trabalho do projeto que é desenvolvido juntamente com as escolas, eu acho que já

mostra uma preocupação com o meio ambiente e o envolvimento da empresa.” (ESCOLA G).

Este foi um dos relatos que registramos quando levamos em conta a preocupação da empresa

quanto às questões ambientais. Uma professora entrevistada considera legítima a preocupação

da empresa com as questões relacionadas ao meio ambiente, porém se posicionando a partir

das “obrigações legais” exigidas pelo governo federal às organizações deste porte: “até que

ponto a empresa é forçada a fazer isso pra ter uma boa imagem?” e considera que é o fator

marketing o objetivo maior na execução e manutenção de todo esse projeto, sendo a educação

tão somente um motivo aparente. Para em seguida complementar “mas eu acho que mesmo

sendo assim, eles tem a preocupação de não fazer uma coisa qualquer.” (ESCOLA F).

Nesse sentido, Pelliccione (2007, p.23), segundo o trabalho de Adams (2005) sobre a

EA em 16 empresas brasileiras, comenta que a EAEB por ela estudada carece de vários

componentes necessários às práticas eficientes e “sugere, assim, identificada apenas para a

busca de certificações, prêmios, etc. que nada mais são que estratégias de marketing

empresarial.”

São numerosas as ações – de “preocupação” da empresa quanto às questões ambientais

– que foram citadas como: água, lixo, limpeza, ar, “verde”, educação. De modo que

Eu acho que o cuidado com a reciclagem da água, o cuidado com, o carinho

com os jardins. [...] Nós assistimos lá, uma vez, um teatro sobre o meio

ambiente. Muito bonito, eu não me lembro o nome do grupo que, a água, a

terra, o ar. Fizeram um teatro maravilhoso!! O teatro sempre passa uma

mensagem bem marcante porque você vê a sena. Foi muito bonita. Foi muito

bonito o trabalho deles. (ESCOLA A).

Todo ano a gente fazia uma gincana ecológica [...] com participação do

DEMLURB32

na coleta seletiva e eles ficaram sabendo do nosso trabalho

com o meio ambiente. A Siderúrgica então tudo isso facilitou. (ESCOLA

B).

Por várias vezes, tendo participado do prêmio, muitas escolas ficam na expectativa do

lançamento do prêmio para logo iniciarem os trabalhos, convocando toda comunidade escolar,

programando reuniões pedagógicas, visitas, ações e até mesmo mobilizações específicas

focadas nas atividades para participação no evento. Tais atividades desenvolvidas nesse

processo apresentam-se “com a linguagem da criança, é um tema atual e que faz refletir.”

32

Departamento Municipal de Limpeza Urbana da Prefeitura Municipal de Juiz de Fora – MG.

114

(ESCOLA F). Para essas escolas, participar do prêmio é participar de um novo e fortalecedor

aprendizado, pois:

É transformar posturas. [...] Já faz parte da nossa grade curricular, a gente se

coloca mesmo em função do projeto. Isso só vem fortalecer. (ESCOLA D).

Nós também temos o trabalho de conscientização sobre as questões

ecológicas. Uma coisa vem ao encontro da outra. A [...] vem reforçar as

atividades da escola (ESCOLA A).

Então estes temas fizeram parte da nossa feira. Então era a feira das ciências

ligada ao prêmio de meio ambiente com um trabalho feito durante todo o

ano. (ESCOLA C).

O envolvimento e participação da comunidade é grande, embora, algumas pessoas

ainda fiquem impossibilitadas de participar efetivamente. Pudemos registrar que em

determinados projetos, não só a comunidade escolar, como também a comunidade externa e

órgãos externos se envolvem nas atividades do prêmio. O trabalho abrange uma “equipe

interdisciplinar.” (ESCOLA A); “Todos. É porque a gente trabalha os prêmios nas reuniões

pedagógicas.” (ESCOLA B); “organizar os bimestres já considerando o prêmio, porque já

sabe que vai participar.” (ESCOLA F); “Toda a comunidade mais os nossos 404 alunos

participaram.” (ESCOLA D); “Todo esse envolvimento extrapola além do filho e chega à

família.” (ESCOLA H); “as crianças cobram dos pais, falam de lixo reciclável.” (ESCOLA

G); tudo parece ser sedutor, convidativo e envolvente.

Sobre os conteúdos dos materiais fornecidos pela empresa, o público entrevistado nas

escolas destaca a qualidade dos conteúdos com embasamento para os professores, a

interdisciplinaridade e a possibilidade de ultrapassar limites.

então não dá pra ser uma coisa só no projeto. O material é muito educativo.

Muito educativo e de formação também para o professor. Porque assim, é, a

gente parte do princípio de que o professor já tenha esse domínio, só que na

verdade, nós não temos ainda esse domínio. (ESCOLA C).

Espelhar. Esta foi uma das palavras usadas nas respostas que registramos sobre a

possível contribuição da relação “empresa/escola” com o desenvolvimento sustentável. “As

empresas em [...] precisariam assim, se espelhar na Siderúrgica. [...] apoiar as iniciativas, [...]

apoiando às vezes até projetos da própria escola. (ESCOLA A).

Entre tantos, destacamos os seguintes registros:

115

Eu acredito na questão da parceria enquanto esta sendo aliada a escola, pra

melhorar a escola, desde que ela não se interfira no pedagógico da escola.

(ESCOLA B).

Toda empresa deveria assumir esse papel. Mais ainda! Chamar mesmo a

escola como parceira. Acreditar ainda mais que a escola tem o poder de

transformação. O trabalho veio como uma parceria desde 2003 [...], por

acreditar que nós somos capazes de transformar e de mudar essa realidade

que a gente tem. (ESCOLA G).

Além da premiação, a participação da escola no prêmio deixa rastros e cria raízes no

processo educativo em que as escolas têm como perspectiva uma educação consciente, crítica,

reflexiva e transformadora. As atividades e os processos educativos são reforçados por uma

empresa de renome. “Uma empresa que se preocupa com o meio ambiente. Para os alunos

vem reforçar o que nós veiculamos enquanto conteúdo, conscientizar realmente. Fazer com

que eles pensem e repensem no meio ambiente o tempo todo.” (ESCOLA A). Destacando a

importância da participação, sem a necessidade de o aluno ou a escola serem contemplados

com o prêmio, chama pela conscientização:

Você conscientiza seu aluno desse trabalho com o meio ambiente. Não é só a

gente ganhar o prêmio. É mostrar pra eles que eles podem ser

transformadores!!! Que eles podem fazer alguma coisa pelo futuro. Então

não é só o ganhar. Formar esses meninos e conscientizá-los, pra mim,

nossa!!! Você não imagina a alegria que eu fico. Eu acho que a escola tem

que participar e dar oportunidade ao nosso aluno. (ESCOLA B).

A premiação é fruto de determinado esforço que vai além da conquista, provocando

mudanças de hábito que buscam promover nos indivíduos, a consciência socioambiental para

que eles sejam potencialmente transformadores: “é justamente a mudança de hábito! Hoje em

dia, cai uma sacolinha [...] Pega e joga na lata de lixo. Ele orienta e alerta o colega. É

mudança de hábito mesmo.” (ESCOLA D), e reconhecer o valor das pessoas, independente do

resultado do prêmio pois, “eles ganharam não em prêmio, eles ganharam em aprendizado.

Com certeza isso mais tarde vai ter um reflexo positivo na vida deles.” (ESCOLA C).

Na tentativa de identificar e relacionar princípios educacionais emancipatórios de

Edgar Morin e Paulo Freire, na educação ambiental praticada pela Siderúrgica,

testemunhamos a grande influência desses renomados Educadores na vida cotidiana das

professoras e pedagogas. “Com relação ao Paulo Freire “o senso crítico, o pensar o quê, tá

relacionado”. (ESCOLA D). e, também, “Paulo Freire parte do seu próprio ponto: o ponto de

partida é você e o seu meio. Então, acho que tai uma maior relação. Morin também, quando

ele diz que “tudo ta junto com tudo”. (ESCOLA A). O aluno orientado naturalmente constrói

116

o conhecimento. A autonomia deve sustentar nossos alunos a uma “produção”

independentemente. “Paulo Freire destaca o amor pela educação. Fazer por fazer e fazer com

prazer. A questão do diálogo, você propõem um tema pro aluno, você tem que dialogar, você

tem que conversar, você tem que ter paciência!” (ESCOLA H).

Com essas referências, você propicia ao aluno a liberdade de construir o

conhecimento, orientado naturalmente. E relacionando as questões da teoria com a prática

ainda com este educador, a entrevistada fala da relação coma vida “do aprender de acordo

com a vida. Com a vida do aluno, considerando o que ele já sabe, o que ele tem, eu acho que

isso encaixa bem.” (ESCOLA F).

Procurando expressar a definição do meio ambiente, com apenas cinco palavras-chave

e sem formar frases, as entrevistadas, educadoras por excelência, não pontuam apenas as

cinco palavras, mas se prolongavam em extensos discursos a fim de explicar o sentido de cada

uma. Para o propósito desta pesquisa selecionamos algumas delas, que, ao nosso

entendimento, denotam o envolvimento e preocupação das mesmas com a educação e as

questões ambientais. Apresentamos então: sustentabilidade, responsabilidade, educação,

comprometimento, natureza, integração, equilíbrio, beleza, cuidar do mundo, ecologia, terra,

água, fogo, ar, vida, esperança, transformação, conscientização, participação, cuidado,

preservação, responsabilidade, participação, ser humano, sociedade, mudança de hábito.

Como anteriormente citado, vivenciamos uma relação dialética com os sujeitos

envolvidos na pesquisa, promovendo uma “abertura” pautada em Paulo Freire, de modo que

todos tivessem a oportunidade de se pronunciar. Embora ocorresse também durante as

entrevistas, encerramos esse momento oportunizando a todos que se manifestassem em

direção ao seu próprio horizonte, de maneira que pudessem fazer comentários, apresentar

mensagens ou passar também como entrevistadores.

Portanto, além dos manifestos de incentivo ao trabalho que estamos realizando; da

alegria de poder colaborar com nossa pesquisa; da possibilidade de estarmos juntos nos

conscientizando ainda mais sobre as questões de preservação do meio ambiente; do faça algo

pelo nosso planeta; da esperança de que os educadores estejam reunidos para melhorar nosso

planeta; do ganho de força que o trabalho tem na escola; e do parabenizar mais uma vez à

Siderúrgica, consideramos pertinente transcrever estes últimos registros:

Acho que deve insistir ai no trabalho com crianças e com jovens é que o que

pode levar a alguma coisa positiva pra gente. Fui lá ha pouco tempo e eu

fiquei foi muito triste. Porque o rio que agente nadava, que tinha peixe, só de

olhar, hoje você não pode nem entrar, está tudo poluído. (ESCOLA A).

117

A campanha da fraternidade do ano que vem, ela tem o tema “Fraternidade e

a vida no planeta” e o lema é “A criação geme em dores de parto”. Então,

um verso do hino da campanha fala, é como se fosse um diálogo com Deus e

diz que “a criação geme em dores de parto”. Mas essa dor é para trazer a

vida ou é a dor da perda, do sofrimento de vê a coisa se acabar? Então, eu

penso que tudo que diz respeito à Educação Ambiental, a essa consciência de

que nós fazemos parte desse todo, mas nós não somos o centro, isso, é

importante o tempo todo. Não é só em projetos, num determinado trabalho

que é feito por alguma empresa, ou na escola como a gente faz também na

feira de ciências, mas é no dia a dia! É na vida mesmo, em todas as atitudes

que a gente tem desde a hora que a gente acorda de manhã, abre a torneira

pra lavar o rosto, abre o chuveiro pra tomar um banho. E isso tem que ta o

tempo todo, é, aparecendo e sendo motivo de conversa, de reflexão, de

discussão, de orientação, de informação e de formação (ESCOLA C).

As professoras entrevistadas valorizam muito as atividades relacionadas ao prêmio.

Observamos um envolvimento e compromisso para com a comunidade escolar em valorização

das questões ambientais e sociais para conscientização dos alunos. Apesar de grande esforço,

dedicação e muito trabalho por parte dos docentes, esses não são contemplados com nenhuma

colocação, mas recebem o grande e valioso prêmio da esperança de um mundo melhor para

todos.

5.2.5 Considerações sobre Entrevista semi-estruturada da AMAC/Pequenos Jardineiros

A Associação Municipal de Apoio Comunitário (AMAC) é um órgão da Prefeitura

Municipal de Juiz de Fora, que dentre várias ações, abriga o projeto “Pequenos Jardineiros”.

Conforme o entrevistado AM 1, este projeto possui como objetivo a qualificação dos jovens

para o trabalho de jardinagem, sem contudo esquecer da formação crítica e social dos cidadãos.

118

Durante nossa pesquisa, na observação participante, constatamos que vários jovens

fazem parte integrante do CEAM, desenvolvendo trabalhos de jardinagem, sendo que dois

deles se encontravam sempre na Casa da Natureza, a fim de fornecer apoio às atividades de

Educação Ambiental com os alunos das escolas que participavam do PEA.

Achamos, pois, necessário destacar a parceria da empresa com a AMAC, visto que de

acordo com nossos entrevistados, esses jovens somam 40 aprendizes no CEAM, e distribuem-

se pelas áreas dos setores industriais contribuindo com a manutenção e recuperação dos jardins

da empresa, participam de atividades de educação ambiental, além de serem beneficiados pelas

leis trabalhistas.

Ao entrevistar dois jovens do programa “Pequenos Jardineiros” questionando sobre a

importância do trabalho que realizam, bem como sobre o aprendizado adquirido para a vida

deles, registramos os relatos:

Eu aprendi muita coisa aqui dentro. Passei a ter noção sobre o lixo, o meio

ambiente. Passei a ser mais responsável com o meio ambiente. Isso mudou

muito [...] por que tenho vários conhecimentos. Também, a educação que eu

recebo, aprendendo mais. Posso dividir o que eu aprendo com meus colegas

em casa e no trabalho. (AM2)

Estou aqui há onze meses. Entre o trabalho e as responsabilidades que a vida

coloca, eu aprendi mais. Mudou bastante a minha relação com a natureza e

com as pessoas também. Foi diferente. (AM3)

Esses jovens fizeram, ainda, observações em relação às crianças que visitam o CEAM,

pontuando que o espaço onde essas crianças são recebidas e os assuntos que são tratados,

contribuem sobremaneira para um sólido aprendizado, como transcrevemos a seguir: “prende

as crianças e elas aprendem algo que pode mudar a vida delas em suas casas.”

Os integrantes da AMAC compartilham com os mesmos argumentos quando se trata

da parceria Siderúrgica/AMAC. É uma empresa aberta ao diálogo, onde o educador pode

negociar ações necessárias ao bom desempenho das tarefas dos jovens. Reflete na escola, no

grupo de amigos e nos familiares, o trabalho que é feito com esses jovens na empresa, de

maneira que:

O menino quando ele entra numa empresa como a Siderúrgica, [...] ele já

deslumbra um pensamento para querer ser alguém na vida. Pra querer

crescer; pra querer ter uma mudança de quando ele entrou lá pra quando ele

saiu, e isso estende a todos os familiares deles, se estende as pessoas que

estão mais próximas desse menino porque ele não consegue segurar isso só

pra si, ele irradia essa vontade de crescimento e essa vontade de querer ser

alguém na vida. [...] ele não vai jogar lixo no chão, ele vai começar pensar

em reciclar, ele vai começar a respeitar os limites de poluição. Então, esse

119

menino vai ter uma abertura de pensamento muito grande com relação à

educação ambiental. (AM 4)

Sobre a pesquisa que realizamos, eles vêem nela uma oportunidade de mostrar o

quanto a parceria Pequenos Jardineiros/AMAC/Siderúrgica é importante, e que dela se colhe

bons frutos e que serve de exemplos para outras empresas.

Grande entusiasmo eles demonstram com essa parceria, não deixando dúvidas quanto

à importância e a necessidade de dar continuidade a esse trabalho, para que muitos outros

jovens garantam uma nova oportunidade de qualificação de trabalho em suas vidas e de seus

familiares.

5.2.6 Considerações sobre Entrevista semi-estruturada da Professora Ambientalista

Em 2008, talvez por considerar e perceber a complexidade da educação ambiental, a

empresa Siderúrgica contratou uma professora ambientalista33

para ministrar a “capacitação”

dos (as) professores (as) das escolas envolvidas com o prêmio.

A Professora trabalha há mais de duas décadas com Educação Ambiental , e esclarece

em seu depoimento oral que: “eu sou de uma linha de uma educação ambiental mais

emancipatória, libertadora, transformadora”. É a partir desses referenciais que realiza o seu

trabalho com os professores, acreditando que nessa perspectiva de EA transformadora, pode-

se realizar um trabalho “rápido”, abordando os problemas, as conseqüências e as alternativas,

considerando, porém que tais alternativas “devem ser construídas coletivamente, a partir do

referencial crítico, usando os princípios de Paulo Freire” (ENTREV 23).

Ao ser indagada sobre a realização do trabalho em uma empresa, onde entendemos

existir, alguma “falta” de liberdade na tomada de decisões e a obrigatoriedade de se cumprir

tarefas hierarquicamente pré-estabelecidas, principalmente quando se fala em “Educação

Transformadora”, ela esclarece que a empresa concedeu total liberdade para trabalhar os

temas, considerando esse fato, um caminho necessário, e também, segundo a professora,

condição indispensável para a realização do seu trabalho, a fim de que se efetivasse condições

capazes para se educar visando a transformação dos cidadãos.

33

Conforme Relatório Empresa/Unidade (2008, p.8): ambientalista, professora universitária com mestrado e

muita experiência na área.

120

Sobre os “materiais do professor/educador”, os demais entrevistados e a professora

compartilham no mesmo entendimento, e, quanto à qualidade física e de conteúdo,

consideram como de “excelente qualidade”.

Em nossa observação participante, durante a “capacitação” dos professores, o convite

à reflexão, ao diálogo e à discussão, era constante. O despertar de todos para o envolvimento,

comprometimento e participação, era permanente. Lembrávamos de Paulo Freire, pois a

“educação bancária” não encontrava espaço. A provocação para reflexão dos professores fazia

parte do processo pedagógico, onde a realidade e a complexidade ambiental encontram um

“olhar” em Edgar Morin.

Depois de consolidados os objetivos e propostas do curso, começa-se a trabalhar,

[...] quer dizer, que identidade é essa? O quê que é essa identidade, como a

gente constrói essa identidade. Trabalhando a partir dessa perspectiva

Freiriana de possibilitar que o aluno discuta, reflita, que ele saiba ler essa

realidade que ele está vivendo – que é uma realidade complexa – como diz o

Morin, uma realidade que não é tão simples da gente entender. Então uma

realidade complexa exige um olhar complexo para entender essa realidade.

(ENTREV 23).

Em nosso entendimento, a professora, convencida de que a EA muda a realidade,

coloca o aluno, o professor e todos os envolvidos como sujeitos, sinaliza para o caminho da

“leitura” da realidade sob uma visão crítica, para em seguida conhecer as causas e

conseqüências, para construir de maneira coletiva as possíveis alternativas para solução e/ou

mitigação dos problemas socioambientais. Diversas são as possibilidades e caminhos para o

processo educacional. Para vislumbrar uma Educação Ambiental Transformadora e Crítica, os

enfoques transdisciplinar e interdisciplinar devem constituir o eixo central deste processo que,

entendendo o Meio Ambiente em sua totalidade, deve-se sustentar com base em uma

metodologia participativa e dialógica.

A professora afirma que “meu curso é a partir da minha concepção de Educação

Ambiental Crítica, Transformadora e Emancipatória", e essa concepção de educação

incomoda, de maneira que, a

Educação que eu trabalho não visa apenas bons comportamentos. Ela visa o

quê? A pessoa, primeiro reconhece esse problema, que esse é um problema.

Por que muitas pessoas nem pensam que isso é um problema, de pensar

como a gente pode agir para resolver coletivamente esse problema. Não são

atitudes individuais que vão dar conta. Não adianta eu sozinha separar meu

lixo. Estou fazendo minha parte? Estou! Mas, não vai resolver o problema e

121

isso é um senso comum: “se cada um fizer sua parte o problema vai estar

resolvido”. Não vai estar resolvido!!! Eu falo isso com os alunos e com os

professores: eu sinto muito em lhes dizer, porque aquela história que se o

passarinho vai lá e coloca uma gota e outro vai lá, e é tão lindo isso, e isso

que coloca a mídia. Não dá certo gente!!! O problema, o tamanho dos

problemas ambientais, entendeu? Como eles vão ser solucionados com uma

gotinha e cada um fazendo a sua parte? Não adianta!!! Quê adianta eu

separar o meu lixo, se não tem uma coleta seletiva eficiente que ela tem que

ser pública? (ENTREV 23).

Como falamos em reflexão, merece o texto acima, grande atenção para melhor

entendermos, ou tentarmos entender a complexidade dos problemas ambientais. Tal

complexidade apresenta-se surpreendente, talvez por provocar em todos – pelo menos deveria

– a necessidade de nova reflexão para mudança de comportamento e acreditar na

possibilidade de transformar algo que é muito simples em determinado momento e logo,

exatamente no momento da possibilidade de solucionar tal problema, a complexidade nos

atormenta com a sua presença.

Citou a professora que a educação ambiental dentro da concepção crítica,

transformadora e emancipatória “incomoda”. Realmente. E que incomode a todos, para que

sensibilizados reflitam com a mensagem que consideramos marcante e até mesmo,

surpreendentemente rica para refletirmos sobre, quem sabe, uma possível falácia “se cada um

fizer sua parte o problema vai estar resolvido”. A complexidade do problema consiste na

simplicidade de conhecer as causas e as alternativas para solucioná-los. Tal solução, em

consonância com a professora entrevistada, deve ser obrigação assumida do setor público, que

através das suas políticas ambientais deve contribuir, amparar e implementar ações com vistas

à melhoria da qualidade de vida e do meio ambiente.

Citado como complexo – mas simples – o problema do lixo, é identificado na fonte

produtora, para as quais são estudadas e delineadas possíveis soluções alternativas para ao

menos mitigar os impactos que este causa ao meio ambiente. O esforço de cada um que “fez a

sua parte tem sido ignorado” pelos “responsáveis” por esta destinação final dos dejetos

(resíduos sólidos). Se, se sabe tudo, onde está a complexidade? Política não falta. Faltam

ações de todos e de todo Poder Público. Se as autoridades tem a consciência das graves

conseqüências do descaso em relação a questão do lixo, e das ações preventivas que precisam

ser tomadas, por que as ignoram? Falta é vontade política para fazer acontecer a preservação

do nosso planeta.

122

Sem querer conferir responsabilidade a um único setor, e segundo Foladori (2001,

2001, p. 40), que em seu documento “Painel Educação Ecológica34

”, apresenta, com título em

espanhol “Cinco Falacias sobre La Crisis Ambiental”, observa-se que a primeira falácia

considera que “Todos tenemos igual interés en defender la naturaleza. Falso.” Tais atitudes,

no exemplo citado sobre o lixo, “remete-nos” a concordar com o autor que entende também

que os problemas ambientais devem ser abordados como uma questão primeiramente política.

Devemos agir para transformar este “falso” em verdadeiro. Assim devemos exigir não

qualquer ação política, mas ações políticas eficazes que atendam às diversas necessidades

socioculturais dos cidadãos, pois, várias contradições geram problemas ambientais na

sociedade humana, exigindo uma metodologia capaz de confluir com toda complexidade.

Apesar de, em conversa informal, um dos sujeitos dessa pesquisa nos informar que a

empresa não pratica EA com seu público interno e procurando evidências sobre a prática de

Educação Ambiental realizada com seus funcionários e também com os funcionários de

empresas terceirizadas, abordamos a professora ambientalista, se ela conhecia o motivo pelo

qual a empresa não pratica atividades de educação ambiental com o público interno. Grande

foi a surpresa para a professora e, questionando acerca da fonte de nossa informação, fez o

seguinte contra-ponto:

[...] eles fazem algumas atividades, que são atividades educativas. Por que as

pessoas às vezes, eles não são da área de educação!!! Eles têm uma idéia de

que a Educação Ambiental é mais na perspectiva natural. Ele tem que fazer

alguma atividade voltada para a natureza para que seja Educação Ambiental.

Mas eles tiveram uma Semana Ecológica com o público interno sobre a

Educação Ambiental mostrando as atividades que eles fazem, entendeu? Isso

é Educação Ambiental!!! Eu não sou funcionária de lá, eu estou falando o

que ouvi de uma funcionária da empresa o que eles têm feito. Num

entendimento de um Meio Ambiente, numa perspectiva de totalidade. Não é

só na perspectiva natural, quer dizer, não precisa de o funcionário ir à Casa

da Natureza para falar que ele fez um trabalho de Educação Ambiental. Lá

na aciaria pode ter!!!. Se pensar na qualidade de vida do trabalho dele. Quem

faz muito isso é o pessoal de Técnico de Segurança do Trabalho, que é

Educação Ambiental!!! só que com outro nome. Eu já dei várias palestras

para os funcionários para [...] que é dentro da Siderúrgica, nas semanas da

CIPA. Eu já dei várias palestras para os funcionários, lá, que são da [...],

terceirizados, na semana de CIPA. Por isso que eu falei, a atividade de

segurança do trabalho, segurança e meio ambiente faz isso. Então assim,

quando você falou que não fazem um trabalho de educação ambiental com

os funcionários, eu pensei, engraçado, eles fazem!!! Mas eu não sou

funcionária, sou contratada para trabalhar com o prêmio que é um Prêmio

que tem 20 anos e vou lá, dou cursos para os professores. (ENTREV 23).

34

Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/6835525/anaisviiicongressoqualidade-na-educacao Acesso em 14 abril

2011.

123

Surpresos, também ficamos diante dessa informação e pela não disponibilização de

materiais de treinamento e/ou relatórios que evidenciem atividades de educação

ambiental/ambientais praticadas pela empresa junto ao público interno.

Uma empresa que, conforme o “Relatório de Gestão Ambiental 200835

” conquistou

vários prêmios; pratica e incentiva atividades de Educação Ambiental com o público externo;

faz investimentos em tecnologias limpas; recebeu o Prêmio Mineiro de Gestão Ambiental

(PMGA); recebeu o “Selo Ecológico do Instituto Falcão Bauer de Qualidade” e realiza

também, tantas outras atividades voltadas à mitigação dos impactos e à melhoria das

condições ambientais – citadas em várias entrevistas e relatórios – necessariamente, no nosso

entendimento, pratica atividades de educação ambiental e/ou treinamento/ações ambientais

com seu público interno.

Recorrendo à citação anterior, destacamos uma pequena frase: “eles não são da área de

educação!!!”. A partir desta frase, – e longe de querer desmerecer o riquíssimo e importante

trabalho que é desenvolvido pelos funcionários comprometidos com as questões educacionais

e ambientais da empresa – tentaremos esclarecer o que consideramos uma possível relação

entre o treinamento e a EA, pelo fato da “não realização da práxis de educação ambiental com

seu público interno”, apesar da não disponibilização de documentos solicitados para análise.

Considerando ainda o exemplo do lixo, – que aqui chamaremos de “resíduo sólido”

como também é conhecido a fim de que possamos fazer uma relação com as atividades de

“treinamento” que a empresa realiza com seu público interno, com a tão “desejada” práxis da

educação ambiental, citamos Barreto et al (2008, p. 2), apesar de não concordarmos

plenamente, pois consideramos que a EA pode ir e vai muito além dos treinamentos, que diz:

“a educação ambiental, no escopo da empresa, se concentra na realização de treinamento que

as empresas utilizam com vistas à otimização de seus processos.”

Nas entrevistas com os funcionários e na observação participante, o lixo ou resíduos

sólidos, foram os mais numerosos exemplos de conscientização. A empresa possui sua própria

usina de reciclagem de resíduos sólidos. As estudantes, filhas de funcionários que foram

premiadas pelo prêmio e outras alunas também premiadas, falavam com muita segurança e

demonstração de consciência sobre a questão do lixo, abordando a importância e necessidade

que devemos ter com a separação e destinação adequadas. Tal consciência foi adquirida aonde

e como? Sem dúvida, acreditamos e evidenciamos em nossas observações, visitas,

35

Disponível no Relatório de Gestão Ambiental 2008, Prêmio Mineiro de Gestão Ambiental – PMGA.

Siderúrgica – Perfil da Organização, figura P.8, 13 e 14, p. III e V. Recebido via e-mail.

124

questionários e análises de documentos, o importante e necessário papel que as escolas

desenvolvem em busca desta formação/educação/conscientização. Felizmente! Mas, quando

se fala no prêmio, a Empresa desponta como eixo norteador e responsável pela participação,

incentivo e envolvimento de vários atores sociais em busca, também, da

formação/educação/conscientização das nossas crianças.

Aiello e Gorgatti (2006, 2006, p. 46), no artigo intitulado de “Consciência sólida”

subsídios para educação e gestão ambiental, procuram apresentar uma proposta de Educação e

Gestão Ambiental, entendendo que a educação ambiental visa também:

Esclarecer o que é reciclagem de baterias, listar os cuidados com a

manutenção e utilização das baterias em geral visando prolongar a sua vida

útil, informar sobre os aspectos ambientais relevantes tais como poluição,

problemas de toxidez dos metais envolvidos, danos à saúde e ao meio

ambiente, além de alertar que as baterias recarregáveis também acompanham

outros eletrodomésticos tais como: telefones sem fio, filmadoras, rádios de

telecomunicação – seriam exemplos de educação ambiental para um

programa contínuo, pautado numa legislação específica, que reluta em ficar

só na teoria.

Os autores consideram a necessidade de um procedimento para treinamento, pois os

“vendedores devem receber treinamento, manuais, fitas de vídeo para incentivar a sua

participação num programa de educação e conscientização sobre tal problemática”. E como

complexidade ambiental, “problematizam”, considerando: “Aí está a grande problemática, de

educar e fazer acontecer tal procedimento”. (ibid., 2006, p. 40).

A Companhia Pernambucana do Meio Ambiente, por meio da publicação: Fazendo

Educação e vivendo a Gestão Ambiental (2002), apresenta “O PASSO-A-PASSO DA

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS” como sugestões de atividades de educação

ambiental para seu público interno e externo, sugere atividades diversas como: “Oficinas de

Trabalho, Seminários, Ciclos de Debates e Palestras, Teatro e Dramatização, Vídeos, Estudos

de Casos, Simulação, Campanhas de Mobilização, Gincanas, Cursos, Visitas Dirigidas,

Dinâmicas e Técnicas de Trabalho em Grupos e muito mais...” (ibid, 2002, p. 21).

Em 2007, a Siderúrgica, encerrando as atividades do Programa de Educação

Ambiental (PEA), realizou seu “Iº Workshop de Educação Ambiental”36

, vídeos, palestras,

visitas dirigidas, trabalhos em grupo foram objeto deste “Workshop ou oficina”.

Apresentações de slides, programação e fotos registram o evento ocorrido no Centro de

36

Pasta de documentos referente ao Iº Workshop de Educação Ambiental, realizado no dia 05/11/2007 na Casa

da Natureza do Centro de Educação Ambiental – CEAM, da Siderúrgica.

125

Educação Ambiental (CEAM), onde as atividades de EA são realizadas e pudemos

acompanhar, em nossa pesquisa, algumas dessas atividades. Relatos de “fantásticas”

apresentações teatrais foram citados por professoras entrevistadas. Parece-nos, que não

estamos registrando ou esquecendo daquilo que temos feito. Pedrini (2008, p. xxix) esclarece

que no campo da EAEB, apesar de muito ter sido feito, não se conhece como e o que é feito, e

tão pouco os autores.

Dentre as diversas certificações37

e reconhecimentos que a empresa possui,

destacamos a certificação referente à NBR ISO 14001, cuja “obtenção da certificação

ambiental e sua manutenção exige a participação consciente dos seus funcionários,

fornecedores, clientes e a comunidade externa.” (FAZENDO EDUCAÇÃO E VIVENDO A

GESTÃO AMBIENTAL, 2002, p. 25).

A educação ambiental com metodologias de investigação e planejamento

participativas, produção de material de comunicação, usando das dinâmicas

de capacitação e treinamento direcionados à gestão ambiental, vem

abraçando este desafio com visibilidade, eficiência e qualidade. As normas

da ISO 14001 já exigidas pelo mercado internacional, com certeza atuarão

como estimulantes para que, cada vez mais, setores diversos da cadeia

produtiva passem a ser atores pró-ativos no gerenciamento ambiental. (ibid.,

2002, p. 21).

Voltemos então à citação: “eles não são da área de educação!!!”. Para tentarmos

esclarecer o binômio “treinamento/educação”, necessário se faz revelar detalhes que, em

alguns casos – nós entendemos este ser um caso – devem ser apresentados por profissionais e

literaturas especializadas. Para tanto, mencionamos acima, alguns textos que nos concedem

suporte ao melhor entendimento da questão, que por si só é complexa. Dessa forma,

indicamos a ausência de um profissional de Educação Ambiental no Programa de Educação

Ambiental da empresa, atuante e permanente para que compreenda os limites, potencialidades

e possibilidades da Educação Ambiental Empresarial, e considere-a, conforme Silveira

(2008), como saber construído socialmente; multidisciplinar da estrutura, interdisciplinar na

linguagem e transdisciplinar na ação. A EA “deve ser instrumentalizada em bases

pedagógicas, por ser uma dimensão da educação...” Pedrini (1998 apud SILVEIRA 2008, p.

132). Acreditamos, portanto, que a materialização do saber por intermédio da práxis

educativa, tem como base uma racionalidade discursiva para interação e compreensão do

trabalho docente. Entende Therrien (1996, p. 57) que “esta compreensão do trabalho docente,

37

Disponível no Relatório de Gestão Ambiental 2008, Prêmio Mineiro de Gestão Ambiental – PMGA.

Siderúrgica, Perfil da Organização, figura P.8, p. III. Recebido via e-mail.

126

necessária para a igual compreensão dos saberes à base da formação e da qualificação para o

trabalho, requer a apreensão do contexto onde o fenômeno se expressa.” Ainda, entende

também Therrien (1996, p. 59) que a pedagogia:

Surge como “saber profissional”, cujo fundamento se encontra na própria

práxis profissional, educativa, como ato reflexivo. O docente domina uma

pluralidade de saberes que o habilitam, em situações complexas, não a

utilizá-los diretamente de modo técnico, mas a deliberar, analisar, interpretar

em situações e a tomar decisões. O agir pedagógico se fundamenta e legitima

numa razão que elabora regras de ação que “embora alimentadas

indiretamente pelos dados da ciência, contudo delas não decorrem

diretamente” (ibid). Trata-se de um saber profissional, plural, construído no

cotidiano da prática que lhe dá um caráter de experiência, legitimando-o para

tomadas de decisões em situações de interação. O pedagogo, como mestre, é

“um prático cujo saber-fazer é fundado na reflexão antes, durante e depois da

ação” (ibid). O trabalho interativo do docente requer um tipo de razão, uma

racionalidade, que lhe permite supor, julgar, decidir, modificar e adaptar sua

ação de acordo com os condicionamentos de situações complexas.

Pode ser complexo trabalhar com princípios pedagógicos bem estruturados dentro de

uma empresa, mas se for necessário não é impossível.

Apesar de considerar complexa a discussão, no âmbito da empresa, dos problemas

ambientais vislumbrados na perspectiva crítica e transformadora, a professora ambientalista,

acredita que a educação na perspectiva Freiriana vai possibilitar a leitura crítica do mundo, e

possibilitar a mudança da realidade, embora – como um alerta – não saiba até que ponto essa

perspectiva, dentro de uma empresa, é possível.

Finalizando a entrevista, a professora sugere uma reflexão:

A Educação Ambiental precisa ser refletida, pensada. O Brasil tem grandes

teóricos nessa área, e eu acho que seu trabalho pode dar uma contribuição

muito importante, por que nós não estamos como diz Paulo Freire, prontos e

acabados. Então tudo é passível de melhorias. Eu acho que um trabalho de

Educação Ambiental numa empresa, ele não está pronto e acabado, ele tem

muito ainda que melhorar, ser construído. Eu acho que a reflexão da

academia ajuda isso, por que é um olhar de fora, diante da realidade, eu acho

que seu trabalho pode dar esta contribuição, é desse olhar crítico de um

trabalho que vem sendo realizado. (ENTREV 23).

Nosso objetivo é também contribuir com a melhoria das atividades no processo

educativo formal e não formal com as oportunidades que nos foram dadas para participarmos

da práxis realizada na Casa da Natureza do Centro de Educação Ambiental – CEAM,

somadas às demais contribuições de todos os sujeitos da pesquisa.

127

5.3 Observação Participante (OP)

Com a participação nos vários ambientes da organização/empresa é que nos

propusemos a observar alguns sujeitos, alguns setores prevendo que, sem dúvida, seríamos

confrontados com situações que exigiriam atenção, persistência e até mesmo compreensão de

nossa parte. Alguns dias de planejamento e expectativa com a observação de determinado

grupo, setor ou atividades podem ser perdidos sem que o pesquisador considere ou saiba de

um motivo justo pelo ocorrido. Não podemos nos esquecer de que uma observação não pode

128

ser substituída por entrevistas, aplicação de questionário e até mesmo por outra observação

em outro setor, devido às diversas peculiaridades dos setores e até mesmo do momento da

pesquisa. Muitas situações podem ser contornadas com a perspicácia do investigador, mas

sempre com destreza para não ser indesejado ou não bem-vindo pelos sujeitos da pesquisa.

Considera Martins (2008, p. 24-25), que a observação requer muita atenção e rigor

minucioso quando na análise de dados, para tanto deve o pesquisador estar preparado. A OP é

muito aplicada em coleta da análise de dados, sendo que o pesquisador em um Estudo de

Caso, quando ele

é formalmente conhecido, podendo ser, ou não, parte integrante do caso. A

OP é uma modalidade especial de observação na qual o observador não é

apenas um observador passivo. Ao contrário, o pesquisador pode assumir

uma variedade de funções dentro de um Estudo de Caso e pode, de fato,

participar dos eventos38

que estão sendo estudados. [...] O pesquisador-

observador formal e revelado será parte do contexto que está sendo

observado/investigado e ao mesmo tempo modifica o contexto e por ele é

modificado. [...] A significância de um trabalho dessa natureza é evidenciada

pela riqueza, profundidade e singularidade das descrições obtidas.

Igualmente, Martins (2008), Ludke e André (2007) entendem que antes de tudo a OP

deve ser sistematizada com uso de um cuidadoso planejamento, precedido por uma rigorosa

preparação do observador, de maneira a tornar a observação como instrumento válido e

fidedigno no campo da investigação científica e esclarece:

Planejar a observação significa determinar com antecedência “o quê” e “o

como” observar. A primeira tarefa, pois, no preparo das observações é a

delimitação do objeto de estudo. Definindo-se claramente o foco da

investigação e sua configuração espaço-temporal, ficam mais ou menos

evidentes quais aspectos do problema são cobertos pela observação e qual a

melhor forma de captá-los. (LUDKE; ANDRÉ, 2007, p. 25).

Iniciamos a observação participante na Casa da Natureza do CEAM da Siderúrgica,

onde as atividades de EA – foco do nosso estudo de caso – são realizadas com os visitantes,

conforme consta no PEA da empresa. O grande número de tarefas dos funcionários, o início

do processo de recertificação de sistemas de gestão e outras responsabilidades contribuíram

para o adiamento do início do trabalho de campo para novembro, quando pretendíamos iniciar

38

Eventos de premiação referentes ao prêmio que ocorreram na empresa e nas escolas durante o período de

observação participante que fazíamos na empresa, não foram informados ao pesquisador.

129

em setembro. Nossa observação participante - OP concentrou-se no CEAM e mais

especificamente nas atividades desenvolvidas na Casa da Natureza. Nas oportunidades que

tivemos de permanecer em outros setores, embora por curto tempo, como na gerência técnica,

na gerência do meio ambiente, no pátio industrial e também no RH/Comunicação, nosso

caderno de campo estava sempre acessível e recebia algumas anotações que julgávamos

pertinentes.

Nossas solicitações à participação – por um dia – no acompanhamento de atividades

voltadas ao controle de variáveis ambientais como monitoramento da poluição atmosférica,

ou tratamento de efluentes, ou treinamento sobre questões ambientais etc., não puderam ser

atendidas. Nossa participação em algumas das atividades que citamos, permitir-nos-ia a

aquisição de maior conhecimento sobre o tratamento com as questões ambientais pela

empresa. Aquisição de evidências e a possibilidade de permear nossa pesquisa em novos

caminhos trariam à tona novas descobertas. Estas descobertas aflorariam nossas indagações, e

quem sabe, antigos/novos documentos aguçariam nossa percepção para descoberta do

antigo/novo que irrompe em todo momento e lugar. Sem dúvidas, seria mais uma importante

contribuição para nossa pesquisa.

No primeiro dia, fomos apresentados à estagiária de biologia que coordenava e

realizava as atividades com os visitantes, e também, a dois jovens que participavam do

programa “Pequenos Jardineiros”, como já foi citado, da AMAC que é um órgão da prefeitura

com a qual a Empresa mantém parceria, os quais participam das atividades do CEAM

juntamente com a estagiária.

Começamos então com uma pergunta sobre o funcionamento do CEAM: quais

atividades são desenvolvidas aqui? A estagiária esclareceu que:

recebe várias turmas das escolas de [...] e cujos objetivos das atividades são

conscientizar os alunos sobre as questões ambientais. Hoje, por exemplo,

será abordada a temática da ÁGUA com passeio ecológico pelo CEDAM e

infelizmente por causa da chuva não será possível fazer trilha que é muito

importante e proveitoso. (CADERNO DE CAMPO 2010, p. 1).

Após a apresentação da palestra, os alunos são convidados a lanchar e conhecer as

unidades do CEAM para depois retornarem à Casa da Natureza onde finalizam a visita com

informações sobre o uso/desperdício de energia elétrica com a utilização da “casa da energia”

que entendemos ser excelente recurso didático. Durante o lanche a estagiária esclareceu que

130

os copos descartáveis, serão em breve substituídos por canecas, diminuindo, assim, a agressão

ao MA. Após o lanche, os alunos saíram para visitar as unidades do CEAM,

divididos em duas turmas. Para visitar a Entomoteca; Casa de Apoio; Casa

do Pequeno Jardineiro; Horto Medicinal; Estufa de Germinação; Área de

Produção de Mudas e Expedição; Bicho Pau; Jardim Naturalista e Sombrite,

onde foram prestadas informações sobre a importância do cultivo das

plantas, produção de “terra vegetal” através do uso das folhagens e

decomposição, e também informações sobre vários insetos e suas

importâncias para o meio ambiente. (CADERNO DE CAMPO 2010, p. 2).

Ao término, foi distribuído para todos os alunos uma cartilha com vinte e nove

páginas, produzida sob a Coordenação da Gerência de Recursos Humanos e Qualidade da

Siderúrgica, cujo tema é “Falando de meio ambiente e, principalmente, do seu ambiente”

com figuras ilustrativas e atrativas, com informações e diversas perguntas que envolvem os

alunos com as questões ambientais e sociais, tendo como fontes de referência o MMA,

Instituto GEA – Ética e Meio Ambiente, Gente Cuidando das Águas e Menos Lixo, e

também, foi distribuída uma ficha de “Avaliação das Atividades Realizadas – professor” para

que os participantes respondessem.

O comportamento das crianças quando da apresentação dos vídeos e slides, sugere a

ocorrência de grande conscientização e sensibilização em relação aos conteúdos apresentados.

Observamos que principalmente nas apresentações de catástrofes, desastres, e maltrato dos

animais, era grande a manifestação das crianças. Em meio às perguntas e respostas surge

assunto sobre caça de animais, então registramos:

Deve-se ter cuidado com essa atividade e procurar saber se é permitida, pois,

animais silvestres devem ser protegidos e não podem ser aprisionados e nem

caçados. Falou também dos problemas (mortandade) dos animais traficados

e apresentou um slide com um macaquinho preso, foi realmente um lamento

de toda a turma. (CADERNO DE CAMPO 2010, p. 5).

Ao verificarmos a grande participação dos alunos, ficamos de certo modo empolgados

e lançamos a pergunta: Qual a importância dessa aula para a vida de vocês? E, em meio às

várias respostas, uma se perpetuava em meio ao silêncio dos demais que já haviam

respondido, e apresentamos:

É importante para nos deixar conscientes de que nós devemos não maltratar

os animais; denunciar o tráfico de animais; deixar os animais viverem

felizes; não retirar os animais de seus hábitats naturais e antes de fazer

131

alguma coisa com os animais, se ponha no lugar do animal para ver se você

irá gostar. Iago de Paiva Moreira, aluno do 3º ano do Centro Educacional

Casinha Feliz. (CADERNO DE CAMPO 2010, p. 5).

Por algumas vezes, solicitei a programação com as datas das atividades a serem

realizadas na Casa da Natureza, com o intuito de rever nosso cronograma de pesquisa, bem

como os horários de atividades de treinamento com os funcionários, pois havia ainda muito

trabalho a ser organizado. Assim, o PEA, a programação das atividades do CEAM e nem a

programação das visitas das escolas eram disponibilizadas. Problemas de comunicação, de

internet, e manutenção predial “prejudicavam” nosso planejamento tão importante e

necessário.

Seguindo, nas onze participações que tivemos na Casa da Natureza, em três delas não

foram realizadas apresentações em função de se estarem sendo realizadas outras atividades, e

em uma delas percebeu-se que não havia sido programado visita. Éramos informados sobre os

dias que haveriam de ter as visitas, mas não tínhamos a programação das mesmas e também, o

PEA ainda era desejado. O tema “LIXO: Problemas e Soluções” foi apresentado três vezes,

seguido de outras apresentações, também de grande relevância. Os temas eram selecionados

de acordo com a turma que chegava, quando era “avaliada” a idade dos alunos.

Quando no atraso de uma escola, resolvemos ligar para outro setor, a fim de conseguir

um documento já solicitado. No entanto foi informado que só seria possível conseguir contato

com essa pessoa mais tarde, pois estava,

fora da empresa, promovendo a entrega a uma “ESCOLA DO PRÊMIO DO

MEIO AMBIENTE”, e retornará à tarde. Comentamos com a outra pessoa e

ela não sabia que tal evento estava sendo realizado. (CADERNO DE

CAMPO, 2010, p. 10).

Na sétima OP, ao chegarmos, fomos informados de que no dia anterior havia ocorrido

a premiação aos filhos de funcionários da Siderúrgica, sobre o prêmio. Então, comentamos ter

sido uma oportunidade muito valiosa, perdida, e que muito poderia contribuir para com a

pesquisa que desenvolvíamos. Apesar de termos realizado a OP entre nove de novembro a dez

de dezembro, período no qual, todas as cerimônias de premiação (foram seis) estavam

agendadas conforme calendário da página 6 do Relatório Empresa/Unidade 2010. Como era

importante ter em mãos a programação.

Em outro setor, fui informado que a Siderúrgica conquistou o “Selo Verde” da

Fundação Instituto Falcão Bauer”. Pontuei sobre a necessidade de organizarem um quadro

132

informativo com a descrição da programação, datas dos eventos de EA e do PEA, não apenas

para organização interna da empresa como também para divulgação externa e apoio aos

pesquisadores da área dentro da empresa, como em nossa situação.

Então [...] não tinha a programação e o PEA? Informei que a pessoa alega

não estar funcionando a Internet e não teve ainda possibilidade de me passar.

[...] pediu desculpas pelas falhas e que infelizmente somente no próximo

ano. (CADERNO E CAMPO 2010, p. 13)

Informamos também da necessidade de saber nomes das escolas e professoras,

funcionários e filhos premiados, para que possamos realizar algumas entrevistas,

considerando a grande relevância do prêmio. Solicitei, então, que verificasse a possibilidade

de iniciar a aplicação dos questionários, análise documental e entrevistas. O funcionário

encarregado informou da necessidade de um tempo maior a fim de que agendasse minhas

visitas com o responsável por esta função. Foi-nos sugerido enviar os questionários via e-

mail, pois além da dificuldade de reunir a turma, existia a possibilidade de uns ajudarem aos

outros. Falamos da necessidade de acompanhar as atividades das pessoas envolvidas no SGA

e na EA, por meio da “observação informal”, bem como da análise de documentos. Todas as

solicitações foram registradas informando-nos que em breve seria dado um retorno.

Observamos nessa oportunidade, alguns momentos de “articulação não ideal” –

provocado provavelmente pelas numerosas tarefas – entre os setores envolvidos. Como

exemplos: a impossibilidade de reunir alguns trabalhadores para responderem ao questionário

que “consome” no máximo vinte minutos; onde e como ocorrem os treinamentos. Contatos

pessoais, telefônicos e e-mails foram usados para algumas solicitações, mas sem êxito, pois

não puderam ser atendidas. Devido à impossibilidade de aplicação direta dos questionários,

foi-nos fornecida uma lista com vinte e cinco e-mails dos funcionários, para os quais foram

então, os questionários encaminhados.

133

5.4 Questionários

Argumenta Martins (2008) que, para uma pesquisa social, o questionário constitui-se

em um importante instrumento de coleta de dados. Seguindo orientações desse autor,

procuramos a elaboração de questionários que permitissem a compreensão imediata do

respondente, pela clareza e objetividade das questões que foram formuladas. Um teste com os

questionários, com a finalidade de verificar questões embaraçosas, difícil linguagem,

possíveis falhas etc., foi realizado e sugeriu algumas inclusões e exclusões de perguntas. Aos

entendermos assim que as questões estavam “corretamente” construídas, passamos então à

aplicação dos mesmos. Na expectativa de atingir os diferentes públicos alvo da pesquisa e

atender aos objetivos do nosso trabalho, partimos para elaboração de questionários

diferenciados para cada público alvo.

Embora não seja uma prática muito presente em pesquisas de paradigma qualitativo e

mais especificamente em Estudo de Caso, Martins (2008, p. 36) esclarece:

Em pesquisas orientadas por Estudo de Caso, a aplicação de questionário

não é tão comum, visto que o trabalho de levantamento de dados e

informações é realizado pelo próprio pesquisador, que, na maioria das vezes,

opta por alternativas que possibilitem uma maior interação com os sujeitos

da pesquisa. Obviamente, dependendo da situação, e evidentemente dos

propósitos do estudo, o questionário poderá ser um dos instrumentos de

coleta de dados e evidências.

Como um dos nossos propósitos era também entrevistar sujeitos de vários setores

produtivos, optamos então pela aplicação de questionários, devido a impossibilidade de

deslocamento e “mobilização” dos funcionários, apresentada pela empresa. Aproveitamos

então e estendemos a aplicação de questionários aos professores visitantes e também a alguns

alunos que já passaram pelo CEAM.

Quatro questionários foram elaborados no intuito de relacionar opiniões e

conhecimentos de funcionários(as), professores(as), alunos(as) e até mesmo de confrontar

alguns dados entre determinados setores, vislumbrando sempre a ligação/articulação com as

perspectivas da nossa pesquisa. Elaboramos então, quatro questionários: Q1, Q2, Q3 e Q4. O

Q1 foi aplicado às pessoas envolvidas diretamente com as atividades de Educação Ambiental

e com o Sistema de Gestão Ambiental, com onze questionários respondidos. O Q2

direcionado aos funcionários da Siderúrgica e de empresas terceirizadas, envolvidos

134

diretamente com as atividades dos setores produtivos, somando vinte e três questionários

respondidos (nenhum terceirizado). Embora os questionários apresentem o cargo/função,

setor, idade e sexo dos participantes da pesquisa, consideramos não revelar esses dados para

garantir a certeza da não identificação dos colaboradores. O Q3 aplicado ao público externo

(acompanhantes das turmas das escolas) à Siderúrgica que participou das atividades de

Educação Ambiental na Casa da Natureza, somam quarenta e cinco questionários respondidos

e o Q4 direcionado aos alunos que já visitaram o CEAM, somam doze questionários

respondidos. As questões dos referidos questionários poderão ser consultadas no APÊNDICE

A.

O público referente ao questionário Q3 é formado essencialmente por professoras (es),

participando também coordenadores pedagógicos, educadores social, administradores e

pedagogas. Já o questionário Q4, refere-se aos alunos que já visitaram o CEAM e estão

cursando o ensino médio. Sobre esses dois grupos (Q3 e Q4) não construímos gráficos para

apresentação de dados, visto que houve uma concordância entre todos os sujeitos, no que se

refere aos entendimentos sobre as atividades de EA praticadas no CEAM. No grupo Q3, vinte

e oito sujeitos indicaram conhecer um ou mais documentos que tratam sobre a EA e partilham

da mesma consideração sobre a importância da prática da EA desenvolvida pela Siderúrgica

na vida das pessoas, ocorrendo também, a mesma consideração entre os sujeitos do grupo Q4

onde a “conscientização” foi destacada pelos(as) alunos(as).

Os questionários Q1 e Q2 referem-se ao público interno da Siderúrgica, onde

destacamos algumas perguntas que além de buscar o conhecimento sobre documentos que

tratam de EA, buscam também confrontar algumas respostas sobre as atividades de EA. Vale

registrar que vinte e cinco sujeitos referentes ao questionário Q2 foram indicados pela

empresa e receberam o questionário via e-mail, sendo que treze responderam aos

questionários e que a “grande maioria” apresenta experiência profissional superior a dez anos

na empresa. É inegável o conhecimento de todos sobre o envolvimento das escolas e filhos de

funcionários no prêmio.

Apresentamos nos gráficos, as respostas referentes às questões das primeiras perguntas

dos questionários Q1 e Q2.

A primeira pergunta do Q1 é:

1) A Empresa possui Plano de Educação Ambiental - PEA? SIM ou NÃO.

Se SIM, responda as questões “a, b, c” abaixo:

a) Quais os setores alvo do PEA?

Alguns setores; Todos os setores; Apenas o setor da Gestão Ambiental; Obs.:

135

b) Quanto aos funcionários dos setores envolvidos, são:

Todos; Somente a chefia; Um de cada nível hierárquico; Obs.:

c) Qual o período de realização das atividades de EA?

a cada 2 meses; a cada 4 meses; a cada 6 meses; outros:

A primeira pergunta do Q2 é:

1) Você participa ou já participou de atividades de Educação Ambiental - EA? SIM ou NÃO.

Se SIM, responda as questões “a, b, c” abaixo:

a) Qual ou quais setores que você sabe que participam ou já participaram em atividades sobre

Educação Ambiental?

Alguns setores, Todos os setores; Apenas o setor da Gestão Ambiental; Obs.:

b) Quantos funcionários do seu setor participam?

Todos; Somente a chefia; Um de cada nível hierárquico; Obs.:

c) Quantas vezes você participa de atividades de EA?

a cada 2 meses; a cada 4 meses; a cada 6 meses; outros:

Para melhor entendimento esclarecemos que o gráfico Q1 apresenta dados dos setores

que “oferecem” as atividades de EA, e, o Q2 apresenta dados dos setores que “recebem” as

atividades de EA. Conforme o gráfico Q1, nas colunas azuis (a cada dois meses, a cada seis

meses e outros/não sabe) quanto à periodicidade de realização das atividades de EA, nove

sujeitos, citaram a opção “outros/não sabe”. Desses “outros/não sabe”, cinco indicaram

atividades com as escolas na Casa da Natureza, e, um respondeu que depende da demanda da

área do MA.

Q1- Pessoas envolvidas com atividade de EA e de SGA/MA.

136

Q2- Pessoas envolvidas com atividades do setor produtivo

Em duas planilhas que recebemos – arquivos com nomes de “meio ambiente”,

referentes aos anos de 2009 e 2010 – quando da solicitação de informações sobre realização

de atividades de treinamentos/EA direcionadas aos funcionários, não encontramos temas

relacionados à EA e nem ao meio ambiente.

A pergunta de número “dois” do questionário Q2 (ver apêndice A) tem como objetivo

saber se os funcionários são convidados a participar/opinar sobre as atividades e programas de

EA da empresa. Entre as opções “sim, não e às vezes” onze marcaram a opção “às vezes” e

seis a opção “não”, refletindo assim, a coerência com as respostas da questão “c” dos gráficos

Q1 e Q2, ou seja, a periodicidade das atividades de EA não está estabelecida.

Direcionamos dessa maneira, diante dos dados, nosso entendimento de que atividades

de EA carecem de programas que garantam a periodicidade e registros das atividades voltadas

ao público interno. Esse entendimento é corroborado pela não disponibilização – como citado

anteriormente – dos documentos solicitados sobre, treinamentos, semana do meio ambiente

entre outros.

As diferentes abordagens desenvolvidas no caminho percorrido pela pesquisa,

incluindo análise documental, entrevistas, observação participante e questionários,

favoreceram um conjunto de dados que, no capítulo a seguir, buscamos articular no sentido de

sistematizar reflexões sobre as questões formuladas pela investigação.

137

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme citado no referencial metodológico, a coleta de dados para nosso estudo de

caso desdobrou-se por meio de várias técnicas, sendo desenvolvidas por meio de entrevistas

semi-estruturadas, de observações participantes e análise de documentos, além dos

questionários aplicados que subsidiaram a análise documental. Cumpre-nos agora fazer a

“triangulação” com os dados e evidências coletados de maneira a prestar suporte à conclusão

que por hora se aproxima.

Vale ressaltar que nosso objetivo permeia à busca pelas atividades de EA praticadas

pela Siderúrgica, e se as mesmas aderem às perspectivas do ProNEA e também a alguns

princípios da TEASS, que podem contribuir, dessa maneira, para uma EA crítica,

emancipatória e transformadora.

Diante de tal objetivo, apresentamos as seis questões de estudo que construímos e

servem para balizar nosso trabalho. Assim elas seguem:

a) Quais as concepções de EA presentes nas políticas implementadas pela Siderúrgica, foco

do estudo de caso proposto?

b) Em que medida as políticas implementadas se traduzem em práxis educativa visando a

formação e a transformação pessoal/coletiva para os funcionários da empresa e para o

contexto social?

c) Em que referências os programas de EA são fundamentados?

d) Quais são as dificuldades para execução do PEA?

e) Como o PEA está integrado ao Sistema de Gestão Ambiental da Empresa?

f) Qual metodologia do projeto/programa de Educação Ambiental Empresarial (EAE)

desenvolvida pela indústria Siderúrgica, e quais são as concepções e práticas?

Antes de refletir sobre as indagações, devemos considerar que os sujeitos envolvidos

em nosso EC com as atividades de EA, compõem dois públicos distintos. Sendo: 1) Público

Externo e 2) Público Interno, como se segue.

1) Público Externo que é formado pela comunidade escolar.

No que se refere às atividades de EA com o público externo, achamos pertinente inserir

dois esclarecimentos sobre essas atividades, que se seguem:

a) A Siderúrgica desenvolve atividades de EA no CEAM com os alunos das escolas

visitantes.

138

b) A Siderúrgica incentiva a participação das escolas no prêmio, usando como referência

o Regulamento do prêmio. As atividades referentes a esse prêmio são desenvolvidas

no ambiente da própria escola, sendo orientadas e coordenadas pelos respectivos

professores e comunidade escolar.

2) Público Interno que é formado pelos funcionários da Siderúrgica e também por

funcionários de empresas terceirizadas que trabalham na Siderúrgica.

Procuramos, a seguir, tecer alguns comentários reflexivos pautados no nosso objetivo

e também dirigidos às nossas questões de estudo, sem, contudo, concluir. Nossas reflexões

serão apresentadas levando em conta os “públicos alvos” do nosso EC, bem como o PEA da

empresa. Portanto, iniciamos nossos comentários, permeados pelas questões de estudos que

propusemos e por ora seguem.

A Política Ambiental de uma organização é um documento que estabelece, direciona,

orienta e dá suporte às ações de cunho ambiental necessárias ao desempenho das empresas, de

modo que as mesmas estejam em conformidade com as normas e legislações aplicáveis. Neste

sentido, um sistema de gestão ambiental visa atender determinados requisitos para que a

organização esteja em conformidade com as normas pertinentes. A NBR ISO 14001 (204, p.

3) estabelece, no item (3.11), a política ambiental como “intenções e princípios gerais de uma

organização (3.16) em relação ao seu desempenho ambiental (3.10), conforme formalmente

expresso pela Alta Administração.”

No intuito de verificar se concepções de EA eram contempladas pela política

ambiental da Siderúrgica (questão a), buscamos, então, os documentos que tratam sobre o

referido assunto e os mesmos não mencionam a Educação Ambiental. Sendo eles: “Política

Ambiental da Siderúrgica” que é a política corporativa que norteia todo o grupo nos seus

diversos países, e, balizada pela política corporativa, a “Missão, Visão, Valores, Política e

diretrizes da Siderúrgica 39

A Política Ambiental Corporativa da Siderúrgica, não faz menção à educação ou EA

(questão b), mas destaca, quanto aos princípios, a responsabilidade e compromisso dos

empregados com o desempenho ambiental; a implementação e certificação da ISO 14001 e a

abertura ao diálogo e à comunicação a quaisquer partes interessadas. Aliada à política da

Siderúrgica Brasil, a Siderúrgica não deixa de contemplar em seu documento “Missão, Visão,

39

Disponível no Relatório de Gestão Ambiental 2008, Prêmio Mineiro de Gestão Ambiental – PMGA.

Siderúrgica. Capítulo 1-Liderança, figuras 1.9 e 1.10, p. 4. Recebido via e-mail.

139

Valores, Política e diretrizes da Siderúrgica” as questões ambientais e socioambientais, cujas

diretrizes destacamos:

Investir na educação e na qualidade de vida do pessoal, formando um time

capacitado, motivado e com orgulho por pertencer à organização; Preservar e

cooperar na promoção do direito de jovens e criança à educação: repudiar o

trabalho forçado e as formas exploratórias de trabalho infantil, e Fortalecer a

integração com a comunidade em atividades relacionadas à qualidade, ao

meio ambiente, à segurança, à saúde e à responsabilidade social.

(RELATÓRIO DE GESTÃO AMBIENTAL, 2008, p. 4).

Apesar de não constar EA nas políticas da Siderúrgica, a empresa mantém políticas

implementadas que se traduzem em práxis educativa visando a formação e a transformação

pessoal/coletiva para os funcionários da empresa e para o contexto social. Destacamos

anteriormente as diretrizes voltadas para educação e meio ambiente, cujas questões a empresa

tem grande atuação e envolvimento.

Projeto/programas de formação com Habilitação em Cursos de Nível Técnico são

oferecidos aos funcionários por meio de convênio com instituições de ensino. O “Projeto

Cidades da Solda” realizado em parcerias com várias empresas e órgãos, visa qualificar

jovens carentes e possui em sua estrutura o item “Organização Pedagógica” que considera a

valorização dos cidadãos, com uma

concepção educativa onde o aluno é contemplado não só na sua dimensão

profissional, mas também em sua dimensão humana. Dessa forma, objetiva-

se potencializar que esses alunos desenvolvam competências que serão

necessárias para sua formação enquanto profissionais produtivos para a

sociedade e seres humanos dinâmicos e transformadores. (PROJETO

CIDADES DA SOLDA, 2010, p. 6)40

Inúmeras41

são as ações da empresa. Tanto ações de cunho ambiental e educativo

quanto de cunho social e sustentável. Sobre consciência, sustentabilidade e questões

ambientais globais, quase todos os sujeitos compartilham positivamente com as mesmas

respostas, além de considerarem muito importante a prática pela empresa e a participação

deles com sugestões.

40

Documento fornecido após entrevista, quando solicitadas informações sobre parcerias da Siderúrgica. 41

Disponível no Relatório de Gestão Ambiental 2008, Prêmio Mineiro de Gestão Ambiental – PMGA.

Siderúrgica, capítulo 4-Sociedade, Figuras, 4.1, 4.2, 4.4, 4.6 e 4.7, páginas 17, 18, 20, 21 e 23,

respectivamente.Recebido via e-mail.

140

Assim, programas sociais, desenvolvimento sustentável, meio ambiente, educação,

fauna, flora, comunidade, respeito, enfoque humanista, participação, conscientização,

educação ambiental formal e não formal, mudanças, ética, conservação, melhoria da

qualidade de vida, educação democrática e processos contínuos de educação, dentre tantos

outros substantivos e adjetivos, podem ser registrados pela responsabilidade e

comprometimento da Siderúrgica para com os homens, mulheres e crianças, contribuindo,

dessa maneira, potencialmente, para a melhoria da qualidade do nosso planeta e de nossas

vidas.

Além de programas sociais, a empresa possui um Programa de Educação Ambiental –

PEA (questão c), cuja análise foi apresentada no item 5.1.1. Apesar de o PEA não apresentar

referência bibliográfica ou outras, acreditamos que ele tenha sido elaborado seguindo

orientações do “Termo de Referência para Educação Ambiental Não Formal no Processo de

Licenciamento Ambiental do Estado de Minas Gerais42

”, pois carrega em sua construção uma

estrutura organizacional similar à estrutura sugerida pelo referido Termo.

O PEA, em seu item “apresentação”, cita a realização anual do prêmio. Esse prêmio

que atua como um estímulo para que as escolas envolvam seus alunos com as diversas

temáticas sobre questões ambientais, conforme citado anteriormente no item 5.1.1, constitui-

se de material próprio, regulamento próprio e rico referencial teórico, independente do PEA.

Considerando que, conforme indicado na “Equipe Técnica Responsável” pelo PEA, o

“apoio e execução” do referido programa fica a cargo da estagiária, não havendo a

participação – conforme nossa observação participante – de um profissional da área de

Educação Ambiental e/ou meio ambiente e nem profissional da área pedagógica, indicamos,

assim, pela existência de dificuldades para execução de algumas das “linhas de ação” do PEA.

Dentro das “linhas de ação” deste programa, entendemos que a realização da “Semana do

Meio Ambiente” e a ênfase aos “trabalhos realizados pela empresa Siderúrgica” com vistas às

questões ambientais exige a participação e comprometimento de um público maior, o que nos

remete novamente a não disponibilização de documentos que evidenciam essas ações.

Como citamos anteriormente, distinguimos dois públicos, ou seja, público externo (1)

as escolas e público interno (2) os funcionários. Com as escolas entendemos não haver

dificuldades – apesar de não considerarmos adequado uma pessoa para “apoio e execução” do

PEA – visto que as turmas dos alunos (as) chegam em ônibus fretado pela empresa e são

recepcionadas em um ambiente “alheio” ao pátio industrial e apropriado ao desenvolvimento

42

Disponível em: http://www.meioambiente.mg.gov.br/regularizacao-ambiental/termos-de-referencia.Acesso em:

13 abril 2011.

141

das atividades propostas pelo PEA. Então os visitantes participam das atividades ecológicas e

retornam para suas escolas.

De acordo com nossas observações (questão d), a empresa não apresenta dificuldades

para realização do prêmio, mas ocorre um maior envolvimento dos seus funcionários, no

início da divulgação e treinamento/capacitação dos professores, em cuja atividade tivemos a

oportunidade de participar, e, também ao término quando das premiações, pois entre esses

períodos (início e fim), as ações de EA ficam a cargo das escolas participantes.

Já com o público interno que é formado pelos funcionários da Siderúrgica e pelos

funcionários terceirizados – apesar de não estarem inseridos no PEA – acreditamos haver sim,

algumas dificuldades em meio ao caminho para realização de atividades de EA, pois algumas

entrevistas que realizamos com este público só foram possíveis no horário de almoço e outras

fora do ambiente de trabalho, bem como a aplicação de alguns questionários que foram

enviados por e-mail, devido, como já citado, à dificuldade de mobilizar/deslocar os

funcionários para além dos seus locais de trabalho. Gravina (2008, p. 65) quando na

realização de pesquisa sobre o processo de certificação da NBR ISO 14001 na empresa

Siderúrgica, considera “A maior dificuldade encontrada pela empresa foi a conscientização e

o treinamento da força de trabalho.”

Almejar a certificação de um sistema de gestão ambiental (questão e), em

conformidade com a NBR ISO 14001 em uma empresa do porte da Siderúrgica, exige de toda

organização, além de conhecimento e competência, um grande nível de comprometimento e

envolvimento de todos os funcionários. Segundo Fogliatti et al (2008, p. 23), “a norma ISO

14001 é a principal norma de Gestão Ambiental da atualidade. [...] um sistema de gestão

elaborado a partir destes requisitos permite que a organização estabeleça e avalie a eficácia

dos procedimentos de acordo com a sua política ambiental.”

No questionário Q1, perguntamos se o PEA está integrado ao SGA e se ele está

também em conformidade com a NBR ISO 14001 e todas as respostas foram “sim”.

Analisando o PEA da Siderúrgica não encontramos indícios sobre a “integração e a

conformidade” citadas, pois o programa não faz referência ao SGA e nem à Norma NBR ISO

14001 que por sua vez não referencia programas de educação ambiental. O programa

estabelece que o acesso ao CEAM seja através de agendamento de visitas e também não faz

referência a treinamentos. Acreditamos na ocorrência de um equívoco quando nas

considerações entre o PEA e a NBR ISO 14001, o que nos sugere, ao responder as perguntas,

que os sujeitos fizeram equivocadamente uma relação entre a NBR ISO 14001 e a Política

Ambiental da empresa, fato esse também registrado nas entrevistas. Todas as ações

142

implementadas com vistas à ISO 14001, como implantação de programas de auditorias, de

treinamentos, bem como as metodologias utilizadas devem atender à política ambiental da

organização. A referida norma sugere que “a organização deve estabelecer, implementar e

manter programa(s) para atingir seus objetivos e metas” (NBR ISO 14001:2004, p. 5), bem

como para manter um processo de “melhoria contínua” utiliza-se de uma metodologia

conhecida como PDCA43

.

Procuramos identificar qual a metodologia do programa de Educação Ambiental

Empresarial (questão f) desenvolvido pela Siderúrgica e, também, suas concepções e práticas.

Partimos então para a análise metodológica utilizada no PEA, sendo essa metodologia focada

essencialmente em atividades ecológicas. Os atores recepcionados na Casa da Natureza

assistem a um vídeo e/ou palestra sobre temática ambiental, visitam as demais unidades do

CEAM, podendo participar de uma trilha ecológica e retornam à Casa da Natureza para

encerramento, conforme citado no item 5.3 da OP. Todo esse processo é desenvolvido em três

horas, sendo que as atividades de palestras/vídeos/casa da energia – momentos onde ocorrem

as discussões sobre as temáticas – consomem aproximadamente uns quarenta minutos.

Pelliccione (2007, p. 47) faz algumas considerações sobre esse eixo metodológico,

argumentando que

Caminhadas em trilhas, visitas ecológicas, ou seja, trabalhos típicos de

sensibilização também são denominados de EA e, porém apenas se

constituem em uma parte de sua proposta. Outras vezes ela aparece como

respostas a Termos de Ajustes de Conduta (TAC) devido a incidentes ou

acidentes ambientais ou para a certificação ambiental como a busca pela ISO

14001. Neste contexto, esses programas são de eficácia/efetividade

conceitual e metodológica questionáveis, em geral, por ausência de

referencial teórico-prático desde sua concepção até a avaliação final da

atividade.

Consideramos anteriormente que o PEA é, de certo modo, um tanto quanto “tímido”,

pois, além de apresentar um conteúdo específico em apenas quatro laudas, não apresenta

referencial teórico e não contempla o público interno e pode ter, também, como na citação

anterior, o objetivo de atender a Termos de Ajuste e Conduta, ficando comprometida a

eficácia do programa, por meio de deficiência desde a concepção do programa.

Procurando pelas concepções que o PEA carrega em seu bojo, achamos pertinente

analisarmos os ítens: 1-Apresentação; 2-Objetivos; 3-Metodologia e 5-Linhas de Ação do

43

Esta Norma é baseada na metodologia conhecida como Plan-Do-Check-Act (PDCA)/(Planejar–Executar–

Verificar–Agir). (NBR ISO 14001:2004, p. vi).

143

PEA. Após essas análises, permeamos pela definição de uma concepção essencialmente

reducionista do meio ambiente, que conforme Novicki (2009, p. 213) apresenta: “A

concepção reducionista de meio ambiente significa que a “parte” (natureza) está sendo

percebida como se fosse o “todo” (meio ambiente), gerando uma “falsa consciência

ambiental” sobre a realidade e o homem” e também Quintas (2000 apud LOUREIRO 2009, p.

90-91), com o mesmo entendimento, considera ainda que

[...] o fazer educativo ambiental, se realiza de modo coerente com a tradição

teórica crítica e emancipatória, implica a compreensão de que, em seu

processo de concretização, alguns princípios se tornam indispensáveis, [...]

dimensões “naturais” [...] econômicas, políticas, simbólicas e ideológicas

[...] que determinam a apreensão cognitiva de tais problemas.

A metodologia utilizada se converte na prática de atividades ecológicas. Como citado

em nossas entrevistas, essas práticas tem caráter interativo entre conceitos teóricos

apresentados na Casa da Natureza – não em sua plenitude, mas com valores fundamentais – e

as ações realizadas nas unidades do CEAM. E essa prática “é um aspecto decisivo para nos

inserirmos numa visão emancipatória de educação. “Não nos educamos abstratamente, mas na

atividade humana coletiva, mediada pela natureza, com sujeitos localizados temporal e

espacialmente” (LOUREIRO, 2009, p. 130). Embora a concepção do PEA seja de caráter

essencialmente reducionista do meio ambiente, as práticas, ou seja, as atividades das quais os

alunos participam contribuem para a completude desse momento.

Diante das análises documentais, entrevistas, observações, dados apresentados,

considerações e discussões aparentes neste trabalho, caminhamos pela exposição das nossas

conclusões com referência às atividades de EA praticada e estimulada pela Siderúrgica, objeto

da nossa pesquisa. Para tanto, orientamos o PEA, o público interno e o público externo para

vértices distintos, mas que compõem a mesma triangulação que delimitam e abarcam nossa

pesquisa.

Assim, ressaltamos finalmente que Programa de Educação Ambiental - PEA da

Siderúrgica não apresenta referencial teórico e projeto pedagógico; não apresenta dinamismo;

carece de articulação/integração com o SGA; não insere/contempla o público interno, ficando

nessas perspectivas impossibilitado de aderir-se plenamente aos princípios do ProNEA e do

TEASS.

144

Caminhando em direção ao público externo, necessário se faz, considerar dois

aspectos quanto às atividades de EA relacionadas a este público que é formado

essencialmente pela comunidade escolar. Quanto a estes públicos, fazemos dois destaques:

O primeiro é considerar as atividades de EA desenvolvidas pela Siderúrgica no CEAM

com os alunos das escolas visitantes. Apesar de as atividades/abordagens sobre EA

apresentarem um caráter essencialmente reducionista do meio ambiente, ou seja, focam

especificamente questões ecológicas e não contemplam o meio ambiente em sua totalidade,

essas atividades/abordagens apresentam um vínculo teórico-prático onde a participação,

envolvimento, diálogo, informações, discussão e contextualização vão ao encontro, mesmo

que parcialmente, aos princípios do ProNEA e TEASS.

O segundo é considerar as atividades de EA desenvolvidas pelas escolas, no ambiente

da própria escola, sendo orientadas e coordenadas pelos respectivos professores e comunidade

escolar. Essas atividades são fruto do apoio e incentivo da Siderúrgica através prêmio cujas

práticas de Educação Ambiental aderem aos princípios do ProNEA e do TEASS.

Apresentando material específico com conteúdo baseado em adequado referencial teórico,

apresenta planejamento pedagógico e práticas duradouras que são desenvolvidas por equipe

interdisciplinar, comprometida e envolvida com as questões da comunidade escolar. Também,

essas atividades compõem a grade curricular de algumas escolas que instituíram o prêmio e

complementam com as visitas ao CEAM, sendo um processo de aprendizagem contínua onde

os alunos participam juntamente com toda comunidade escolar firmando uma parceria entre

escolas e Siderúrgica.

Agora, caminhando pela Siderúrgica e sem ultrapassar os limites do seu parque

industrial, encontramos o público interno que é formado pelos funcionários da Siderúrgica e

também por funcionários de empresas terceirizadas que trabalham na Siderúrgica. Quanto a

este público, concluímos que eles não participam das atividades de Educação Ambiental

praticada pela Siderúrgica, pois o PEA não contempla este público e os funcionários não estão

envolvidos com essas atividades. Outro fato é que registros de treinamentos sobre questões

ambientais com os quais buscávamos fazer uma relação com atividades de Educação

Ambiental praticada pela Siderúrgica, bem como de programas isolados e semana do meio

ambiente não foram disponibilizados para análises. Nesta condição, caminhamos agora, para

o entendimento que são utilizados métodos focados na disseminação de informações,

desvirtuando os atores do necessário comprometimento e participação coletiva da

problemática ambiental.

Finalmente, resumimos as conclusões com as considerações que se seguem:

145

a) O PEA da Siderúrgica não contempla seu público interno e não está integrado ao

SGA;

b) Os funcionários não participam efetivamente de atividades de EA, ficando restritos a

informações de cartazes, murais, e-mails etc;

c) As atividades de EA praticadas com os visitantes, apesar de grande relevância,

apresentam caráter reducionista do meio ambiente;

d) O prêmio é um importante instrumento de incentivos e estímulo para as escolas nas

práticas de uma EA transformadora, e

e) As atividades de EA praticadas pelas escolas em função do prêmio, aderem aos

princípios do ProNEA e do TEASS.

Chegando ao final desse percurso de pesquisa, é importante registrar que o tema

proposto abriga um conjunto de tensões, pois, por um lado direcionamos a análise da

Educação Ambiental (EA) para uma empresa privada que, portanto, tem como finalidade

primeira o lucro e, por outro, buscamos perceber em que medida essa organização propõe e

desenvolve uma abordagem emancipatória de EA. Um olhar reducionista poderia, a princípio,

afirmar a impossibilidade de abordagens educativas críticas em um contexto empresarial, por

outro, uma visão ingênua nos levaria a destacar a prática desenvolvida por sua retórica e pelo

volume do investimento. Entendendo que as polarizações não dão visibilidade à dinâmica

viva das instituições e que o movimento de construção das concepções e das práticas é sempre

complexo, entrelaçando instituído e instituinte, procuramos desenvolver o trabalho no sentido

de trazer à luz essas contradições, mas também as potencialidades que se colocam em todo

fazer humano, empresarial e social.

146

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154

APENDICE A - QUESTIONÁRIOS

QUESTIONÁRIO Q1 - PÚBLICO INTERNO EA/SGA

Q1-(_) - CARGO/FUNÇÃO: SETOR: SEXO: MASC FEM. ANOS NA EMPRESA

IDADE:___FORMAÇÃO: Ensino Médio (2º grau) / Técnico Profissionalizante.

Graduação Pós Graduação Outras

_Com formação na área de Educação Ambiental - EA/Gestão Ambiental/Meio ambiente.

_Com treinamento na área de Educação Ambiental - EA/ Gestão Ambiental /Meio ambiente.

1) A Empresa possui Plano de Educação Ambiental - PEA? SIM NÃO

Se SIM, por gentileza, responda as questões abaixo:

a) Quais os setores alvo do PEA?

Alguns setores Todos os setores Apenas o setor da Gestão Ambiental OBS.:____

b) Quanto aos funcionários dos setores envolvidos, são:

Todos Somente a chefia Um de cada nível hierárquico OBS.:____

c) Qual o período de realização das atividades de EA?

a cada 2 meses a cada 4 meses a cada 6 meses outros

OBS.:

2) Na elaboração do PEA são chamados a participar os funcionários de outros setores ?

Sim Não Às vezes.

3) Os funcionários podem enviar sugestões para atividades de EA?

Sim Não Somente quando convidado.

4) A EA praticada pela SIDERÚRGICA visa o Desenvolvimento Sustentável?_Sim_Não

5) Sobre alguns documentos que tratam sobre EA, você conhece os que estão abaixo citados?

Quais?

( ) Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade

Global – TEASS

( ) Programa Nacional de Educação Ambiental – ProNEA

( ) Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA

( ) Política Nacional da Educação Ambiental – PNEA

( ) Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental - Recomendações de Tbilisi

( ) Todos

( ) Nenhum

( ) Outros:_______________

155

6) A EA praticada pela SIDERÚRGICA segue ou atende alguns princípios estabelecidos

pelos documentos abaixo? Quais?

( ) Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade

Global – TEASS

( ) Programa Nacional de Educação Ambiental – ProNEA

( ) Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA

( ) Política Nacional da Educação Ambiental – PNEA

( ) Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental - Recomendações de Tbilisi

( ) Todos

( ) Nenhum

( ) Outros:____________

7) Como você considera a iniciativa de participação e sugestões dos funcionários para a

prática da EA?

( )muito importante ( )importante ( )pouco importante ( )indiferente ( )sem importância

8) Quanto à importância da prática da EA pela Empresa você considera:

( )muito importante ( )importante ( )pouco importante ( )indiferente ( )sem importância

9) Você acredita que a EA praticada pela Empresa contribui para:

( ) crescimento profissional do cidadão

( ) crescimento do cidadão como ser social

( ) desenvolver nos funcionários o senso crítico

( ) fornecer subsídios para que ele possa transformar sua vida e melhorar as condições

socioambientais

( ) acredito em todas as opções acima.

( ) não acredito

10) Você acredita que a EA praticada pela Empresa contribui para conscientização sobre as

questões ambientais?

( ) sim ou ( ) não? Se SIM, a EA contribui para uma conscientização:( ) local ou( ) global.

11) O PEA está integrado ao Sistema de Gestão Ambiental da Empresa e em conformidade

com a Norma ISO 14001? ( ) sim ou ( ) não?

12) As práticas de EA estabelecidas no PEA tem como público alvo:

( ) os funcionários da SIDERÚRGICA

( ) os funcionários das empresas terceirizadas

( ) a comunidade ao entorno da Empresa

( ) todas as opções acima ( ) Outros____________

156

QUESTIONÁRIO Q2 - PÚBLICO INTERNO FUNCIONÁRIOS

Q2-(_) - CARGO/FUNÇÃO:_SETOR:_ -SEXO: MASC FEM. ANOS NA EMPRESA

IDADE:___FORMAÇÃO: Ensino Médio (2º grau) / Técnico Profissionalizante.

Graduação Pós Graduação Outras

_Com formação na área de Educação Ambiental - EA/Meio ambiente.

_Com treinamento na área de Educação Ambiental - EA/Meio ambiente.

1) Você participa ou já participou de atividades de Educação Ambiental - EA? SIM NÃO

a) Qual ou quais setores que você sabe que participam ou já participaram em atividades sobre

Educação Ambiental? Alguns setores Todos os setores Apenas o setor da Gestão Ambiental

OBS.:____________

b) Quantos funcionários do seu setor participam?

Todos Somente a chefia Um de cada nível hierárquico OBS.:_____

c) Quantas vezes você participa de atividades de EA?

a cada 2 meses a cada 4 meses a cada 6 meses outros OBS.:______

2) Você é chamado para participar/opinar sobre as atividades e programas de EA ?

Sim Não Às vezes.

3) Você pode enviar sugestões para atividades de EA?

Sim Não Somente quando convidado.

4) Você foi informado ou conscientizado sobre Desenvolvimento Sustentável, Empresa

Sustentável ou Sustentabilidade? Sim Não

5) Sobre alguns documentos que tratam sobre EA, você conhece os que estão abaixo citados?

Quais?

( ) Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade

Global – TEASS

( ) Programa Nacional de Educação Ambiental – ProNEA

( ) Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA

( ) Política Nacional da Educação Ambiental – PNEA

( ) Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental - Recomendações de Tbilisi

( ) Todos

( ) Nenhum

( ) Outros:______________.

6) A EA praticada pela SIDERÚRGICA segue ou atende alguns princípios estabelecidos

pelos documentos abaixo? Quais?

157

( ) Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade

Global – TEASS

( ) Programa Nacional de Educação Ambiental – ProNEA

( ) Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA

( ) Política Nacional da Educação Ambiental – PNEA

( ) Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental - Recomendações de Tbilisi

( ) Todos

( ) Nenhum

( ) Outros:______________.

7) Como você considera sua participação com sugestões para a prática de atividades de EA?

( )muito importante ( )importante ( )pouco importante ( )indiferente ( )sem importância

8) Para você, qual a importância da prática e atividades de EA que a Empresa realiza:

( )muito importante ( )importante ( )pouco importante ( )indiferente ( )sem importância

9) Você acredita que as atividades de EA praticada pela Empresa contribui para:

( ) seu crescimento profissional

( ) seu crescimento como cidadão

( ) aumentar ou desenvolver seu senso crítico

( ) fornecer subsídios para que você possa transformar sua vida e melhorar as condições

socioambientais

( ) com todas as opções acima.

( ) não acredito

10) Você acredita que as atividades de EA praticada pela Empresa contribui para sua

conscientização e melhora de conhecimentos sobre as questões do meio ambiente?

( ) sim ou ( ) não? Se SIM, a EA contribui para seu conhecimento e conscientização:

( ) local ou ( ) global.

11) Quanto à Norma ISO 14001, que trata do Sistema de Gestão Ambiental da Empresa, você

reconhece que ela:

( ) é muito importante para melhoria da qualidade ambiental da Empresa

( ) ela ajuda a evitar ou reduzir os problemas ambientais da Empresa

( ) a Educação Ambiental é muito importante para o atendimento às exigências desta norma.

( ) todas as opções acima são verdadeiras

( ) Não tem grande importância para empresa.

12) Você sabe as atividades de EA praticada pela Empresa envolve:

( ) os funcionários das empresas terceirizadas

158

( ) os funcionários da SIDERÚRGICA

( ) a comunidade ao entorno da Empresa

( ) todas as opções acima

( ) Algumas Escolas da Região

QUESTIONÁRIO Q3 - PÚBLICO EXTERNO

Q3-(__) - PROFISSÃO:__ - SEXO: MASCULINO FEMININO

IDADE:___FORMAÇÃO: Ensino Médio (2º grau) / Técnico Profissionalizante.

Graduação Pós Graduação Outras

Com formação na área de Educação Ambiental - EA/Meio ambiente.

Com treinamento na área de Educação Ambiental - EA/Meio ambiente.

1) De qual parte houve a iniciativa para participação da atividades de Educação Ambiental

aqui na SIDERÚRGICA?

DA SIDERÚRGICA ou da Escola.

Se, foi da Escola, responda: alguém sugeriu, a escola sabia e procurou. OBS.:____

2) Quantas vezes já participou das atividades aqui? A Escola __ e você ___

3) Sobre alguns documentos que tratam sobre EA, você conhece os que estão abaixo citados?

Quais?

( ) Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade

Global – TEASS

( ) Programa Nacional de Educação Ambiental – ProNEA

( ) Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA

( ) Política Nacional da Educação Ambiental – PNEA

( ) Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental - Recomendações de Tbilisi

( ) Todos

( ) Nenhum

( ) Outros:______________.

4) Quanto às atividades de EA praticadas pela Empresa você considera:

( )muito importante )importante ( )pouco importante ( )indiferente ( )sem importância

5) Você já observou ou acredita que a participação dos alunos nas atividades de EA praticadas

pela Empresa provoca mudança de comportamento, como: ( ) desperta os alunos para

questões ambientais, ( ) crescimento do cidadão como ser social, ( ) desenvolver nos

alunos o senso crítico,

159

( ) fornecer subsídios para que ele possa transformar sua vida e melhorar as condições

socioambientais, ( ) acredito em todas as opções acima, ( ) não acredito,

10) Você acredita que as atividades de EA praticada pela Empresa contribui para

conscientização sobre as questões ambientais? ( ) sim ou ( ) não?

Se SIM, a EA contribui para uma conscientização: ( ) local ou ( ) global.

QUESTIONÁRIO Q4 – ALUNOS QUE JÁ VISITARAM O CEAM

IDADE:__PROFISSÃO__QUANTAS VEZES VOCÊ VISITOU O CEAM DA Siderúrgica _

Faz quanto tempo você visitou o cedam da Siderúrgica pela última vez?__anos.Sexo: ( )F (

)M

1) O que você foi fazer no centro de educação ambiental - cedam da SIDERÚRGICA?

2) Quantas horas você ficou lá?

3) O que você lembra que foi falado/informado/ensinado?

4) Você acha que essas atividades podem contribuir para melhorar a vida das pessoas?

Como?

5) Utilize no máximo cinco palavras (sem formar frase), para expressar o seu entendimento

sobre meio ambiente?

6) O que ficou de aprendizado que você aplica na sua vida hoje

7) Você acha que a empresa deve continuar com essas atividades? Por quê?

160

APENDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA

ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA – ESCOLAS/PRÊMIO

1) Como surgiu o contato para participação da escola neste prêmio?

2) Sua escola já participou das atividades de educação ambiental na SIDERÚRGICA?

3) Qual a importância tem para você da participação da escola no prêmio da Siderúrgica?

4) Em que você acha que a educação ambiental praticada pela Siderúrgica pode

contribuir na vida das pessoas? E dos alunos?

5) O que você pode falar sobre o centro de educação ambiental – cedam? Você já visitou

a “casa da natureza”?

6) Você considera que a empresa se preocupa com as questões ambientais? Porque você

acha isso?

7) Por que a escola quis participar deste prêmio?

8) Quais setores da escola estavam envolvidos nestas atividades? Quantos alunos?

9) Você acha que a relação empresa/escola, que é feita pela Siderúrgica, pode contribuir

com o que? Com o desenvolvimento sustentável?

10) Qual aprendizado que esta premiação deixou para você? E para os alunos?

11) Em se falando em educação, você acha que, com EA praticada pela Siderúrgica pode

ser feita ou não, uma relação com educadores como Paulo Freire e Edgar Morin, por

exemplo? Por que você acha isso?

12) Terminei. Você quer falar alguma coisa, perguntar, deixar alguma mensagem?

ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA – ALUNOS QUE JÁ VISITARAM O CEAM

IDADE:__PROFISSÃO___QUANTAS VEZES VOCÊ VISITOU O CEAM DA

Siderúrgica?( ) faz quanto tempo você visitou o cedam da Siderúrgica pela última

vez?__anos. Sexo: ( )F ( )M

1) O que você foi fazer no centro de educação ambiental - cedam da Siderúrgica?

2) Quantas horas você ficou lá?

3) Você lembra sobre qual assunto você ouviu falar?

161

4) O que ouviu lá, você considera informações ou ensinamentos?

5) Em que você acha que as atividades que você participou podem contribuir para

melhorar a vida das pessoas?

6) Utilize no máximo cinco palavras (sem formar frase), para expressar o seu

entendimento sobre meio ambiente?

7) O que ficou de aprendizado que você aplica na sua vida hoje?

8) Você acha que a empresa deve continuar com essas atividades? Por quê?

ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA – PROFESSORA

1) Qual trabalho a Sra. Desenvolve/realiza com a Siderúrgica?

2) A Sra. Trabalha com educação ambiental na Siderúrgica desde a época da Siderúrgica?

Há quanto tempo?

3) Alguns materiais didáticos que observei apresentam referências bibliográficas. Em se

tratando de Educação Ambiental Empresarial – EAE, a Sra. considera ou sugere

alguma referência bibliográfica específica? Por exemplo?

4) Os materiais didáticos que observei têm foco específico no público (externo) do ensino

fundamental. Para o público interno (funcionários), a Sra. Já participou da

elaboração/produção de algum material didático?

5) Alguns autores entendem que a educação ambiental é o caminho para emancipação,

para transformação dos cidadãos, e também, para criar/desenvolver o senso crítico

nestes cidadãos. Qual relação a Sra. Faz dessas “educações ambientais” com a EA

praticada pela Siderúrgica?

6) A Siderúrgica não pratica atividades de EA com o público interno (funcionários). Por

qual motivo a Sra. Acha que a empresa não desenvolve atividades de EA com seus

funcionários?

7) Quais palavras (até cinco) que a Sra. Pode citar que considera expressar (todo ou

parte) do seu entendimento sobre o meio ambiente?

8) Alguns documentos internacionais sobre a educação ambiental, como o TEASS e

conferência de Tbilisi, a Sra. Considera de grande importância para a EAE? Considera

outros importantes?

162

9) Em se falando em educação, a Sra. Acha que, com EA praticada pela Siderúrgica pode

ser feita ou não, uma relação com educadores como Paulo Freire e Edgar Morin, por

exemplo? Por que a Sra. acha isso?

10) Terminei. A Sra. quer falar alguma coisa, perguntar, deixar alguma mensagem?

ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA – EA/SGA

1) Você sabe há quanto tempo a empresa pratica atividades de educação ambiental,

mesmo considerando a época da Siderúrgica? Em que você considera que mudou em

relação ás atividades de EA praticadas hoje? Você acredita que mudanças na

administração da empresa causaram mudanças profundas nessas atividades?

2) Você sabe qual(ais) setores estão responsáveis/envolvidos com as atividades de

educação ambiental?

3) Qual a importância tem para você o plano de educação ambiental – PEA da

Siderúrgica?

4) Em que você acha que a educação ambiental praticada pela Siderúrgica pode

contribuir na vida das pessoas? Existe alguma legislação que a empresa deve cumprir

no que tange à EA?

5) Você conhece o plano de educação ambiental – PEA da Siderúrgica ou algumas

diretrizes dele?

6) O que você pode falar sobre o centro de educação ambiental – cedam? Você já visitou

a “casa da natureza”?

7) O que você conhece sobre a norma ISO 14001 no tocante à educação ambiental?

8) Você considera que a empresa polui o meio ambiente? Por que você acha isso?

9) Quais ações você conhece que a empresa executa para evitar e/ou minimizar os

impactos ambientais? Atividades de EA?

10) Os novos funcionários/estagiários da empresa passam por algum tipo de

treinamento/formação antes de serem direcionados para seus setores de trabalho?

Sobre EA?

11) O que você pode falar sobre a política ambiental da empresa?

12) Você acha que a empresa, em suas ações, contribui para o desenvolvimento

sustentável? De que maneira?

13) O que você sabe da Siderúrgica em relação à educação ambiental que beneficia a

sociedade? Por que você acha isso?

163

14) Cite cinco palavras (sem formar frase) que possa expressar seu entendido sobre o meu

ambiente.

15) O prêmio Siderúrgica A de meio ambiente é criado/elaborado pela “FUNDAÇÃO

Siderúrgica” ou é criado pela Siderúrgica? Quem determina critérios para execução e

premiação dos “projetos”?

16) Terminei. Você quer falar alguma coisa, perguntar, deixar alguma mensagem?

ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA – SETOR IND/IND.TERC.

1) Você sabe há quanto tempo a Siderúrgica pratica atividades de educação ambiental?

2) Você sabe de qual(ais) setores são as pessoas/funcionários que estão envolvidos com

as atividades de educação ambiental?

3) Qual a importância tem para você o plano de educação ambiental – PEA da

Siderúrgica?

4) Em que você acha que a educação ambiental praticada pela Siderúrgica pode

contribuir na vida das pessoas?

5) Você conhece o plano de educação ambiental – PEA da Siderúrgica ou algumas

diretrizes/orientações dele?

6) Quantas vezes você participou ou foi convidado para participar de treinamentos ou

atividades sobre educação ambiental? Você conhece algum colega de trabalho que já

participou? Lembra qual o setor dele?

7) O que você pode falar sobre o centro de educação ambiental? Você já visitou a “casa

da natureza”?

8) O que você conhece sobre a norma ISO 14001? Já participou de palestras sobre o

tema?

9) Você considera que a Siderúrgica polui o meio ambiente? Por que você acha isso?

10) Quais ações você conhece que a Siderúrgica executa para evitar e/ou minimizar os

impactos ambientais?

11) Você passou por algum tipo de treinamento/formação, pela Siderúrgica, antes de ser

direcionado para seu setor de trabalho? Sobre EA?

12) Você conhece ou já ouviu falar da política ambiental da Siderúrgica?

13) Você acha que a Siderúrgica, em suas ações, se preocupa e/ou contribui para o

desenvolvimento sustentável? Pode citar um exemplo?

164

14) Você conhece algum projeto/atividade/campanha/ações voltados à educação ambiental

e/ou ao meio ambiente que a Siderúrgica desenvolve? O que você acha disso?

15) Cite cinco palavras (sem formar frase) que possa expressar seu entendido sobre o meu

ambiente.

16) Terminei. Você quer falar alguma coisa, perguntar, deixar alguma mensagem?

ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA – PEQUENOS JARDINEIROS/AMAC/AM

ADMINISTRAÇÃO PEQUENOS JARDINEIROS

8) Há quantos anos existe o projeto pequenos jardineiros e qual objetivo dele?

9) Quais atividades de educação são desenvolvidas com os jovens.

10) Existem atividades especificas com temas sobre educação ambiental?

11) Qual a importância da parceria da AMAC/PEQUENOS JARDINEIROS com a

Siderúrgica?

12) Terminei. Você quer perguntar alguma coisa, falar alguma coisa ou deixar

alguma mensagem?

EDUCADORES PEQUENOS JARDINEIROS

1) Quem coordena as atividades dos pequenos jardineiros na Siderúrgica?

2) Existe material didático para os jovens pequenos jardineiros?

3) Em que você acha que a parceria Siderúrgica/amac/pequenos jardineiros, pode

contribuir para melhorar a vida das pessoas? Com o desenvolvimento sustentável?

4) Terminei. Você quer perguntar alguma coisa, falar alguma coisa ou deixar alguma

mensagem?

PEQUENOS JARDINEIROS

5) Você considera importante trabalhar aqui na Siderúrgica? Por quê?

6) Sobre essas atividades de educação ambiental que você participou aqui, em que você

acha que elas podem contribuir para melhorar a vida das pessoas? E a sua?

7) Quando você chegou aqui, você teve algum treinamento? Como que foi?

165

8) Terminei. Você quer perguntar alguma coisa, falar alguma coisa ou deixar alguma

mensagem?

ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA – FUNCIONÁRIOS/FILHOS

1) Como surgiu o contato para participação do seu filho(a) neste prêmio?

2) Seu filho já participou das atividades de educação ambiental na Siderúrgica?

3) Qual a importância você à participação do seu filho no prêmio da Siderúrgica?

4) Em que você acha que a educação ambiental praticada pela Siderúrgica pode

contribuir na vida das pessoas? E do(a) seu (sua) filho(a)?

5) O que você pode falar sobre o centro de educação ambiental? Você já visitou a “Casa

da Natureza”?

6) Você considera que a empresa se preocupa com as questões ambientais? Por que você

acha isso?

7) Terminei. Você quer falar alguma coisa, perguntar, deixar alguma mensagem?

PERGUNTAS PARA O (A) FILHO(A)

8) Por que você participou deste prêmio?

9) Você acha que a relação empresa/funcionário/família, desenvolvida pela Siderúrgica,

traz contribuições? Quais?

10) Qual aprendizado ficou para você como jovem cidadão que em breve se tornará um

adulto? Por que você acha isso?

11) Cite cinco palavras (sem formar frase), para expressar o seu entendimento sobre meio

ambiente?

12) Você acha que a empresa deve continuar com essas atividades? Por quê?

13) Terminei. Você quer falar alguma coisa, perguntar, deixar alguma mensagem?

APÊNDICE C - RELAÇÃO DE DOCUMENTOS ANALISADOS

ANO DOCUMENTO TÍTULO 2009 Programa de Educação Ambiental da

Siderúrgica

Programa de Educação Ambiental da

Siderúrgica (Nov.2009)

2008

Regulamento do Prêmio Siderúrgica de

Meio Ambiente

Prêmio Siderúrgica de Meio Ambiente

2009 Regulamento do Prêmio Siderúrgica de Prêmio Siderúrgica de Meio Ambiente

166

Meio Ambiente

2010

Regulamento do Prêmio Siderúrgica de

Meio Ambiente

Prêmio Siderúrgica de Meio Ambiente

2011

Regulamento do Prêmio Siderúrgica de

Meio Ambiente

Prêmio Siderúrgica de Meio Ambiente

1998 Cartilha do Prêmio Siderúrgica Meio

Ambiente

“Planeta terra: O que posso fazer por

ele?”

2003

Cartilha do Prêmio Siderúrgica Meio

Ambiente Material do Professor

“O Melhor de Mim para o Melhor dos

Mundos”.

2004 Cartilha do Prêmio Siderúrgica Meio

Ambiente - Material do Professor

“O Melhor de Mim para o Melhor dos

Mundos: O que fiz até agora e como

posso continuar”

2005 Cartilha do Prêmio Siderúrgica Meio

Ambiente - Material do Professor

“Consumo Consciente para um Mundo

Melhor”

2007 Cartilha do Prêmio Siderúrgica de Meio

Ambiente Material do Educador

“De olho na cidade”

2008 Cartilha do Prêmio Siderúrgica de Meio

Ambiente Material do Educador

“Entre no Clima! Uma reflexão sobre o

aquecimento da terra”

2009 Cartilha do Prêmio Siderúrgica de Meio

Ambiente Manual do Educador

“Alimentação Saudável: Uma lição

saborosa”.

2010 Cartilha do Prêmio Siderúrgica de Meio

Ambiente Manual do Educador

“Eu, você e o presente da natureza...”.

2011 Cartilha do Prêmio Siderúrgica de Meio

Ambiente Manual do Educador

“Idéias para sustentar o mundo”

2008 Prêmio Siderúrgica de Meio Ambiente Relatório Empresa/Unidade.

2009 Prêmio Siderúrgica de Meio Ambiente Relatório Empresa/Unidade.

2010 Prêmio Siderúrgica de Meio Ambiente Relatório Empresa/Unidade.

2009 Prêmio Siderúrgica de Meio Ambiente Pasta de arquivo dos documentos

referentes ao prêmio

2010 Prêmio Siderúrgica de Meio Ambiente Pasta de arquivo dos documentos

referentes ao prêmio

2009 Projeto Escola Vencedor do Prêmio

Siderúrgica de Meio Ambiente

“Cada casa uma horta” e “ Nossa Horta”

2010 Projeto Escola Vencedor do Prêmio

Siderúrgica de Meio Ambiente

“Eu, você e o Rio Paraibuna - presente

da natureza.

2008 Momento de Segurança Apresentações (slides) sobre Segurança

e Meio Ambiente.