despejo forçado em mg

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Terrorismo do Estado! Despejo forçado! Nos dias 01 e 02/08/2011, em Itabira, MG, Brasil, 300 famílias sem teto que ocupavam, há 11 anos, uma área abandonada, que não cumpria a função social, foram despejadas. A família Rosa, que ganhou na Justiça a reintegração de posse, deve à prefeitura de Itabira mais de 1 milhão de reais, em IPTU, dívida não executada pelo prefeito de Itabira. Fica uma grande interrogação: o que está por trás de tudo isto?

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Despejo forçado em MG

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Page 1: Despejo forçado em MG

Terrorismo do Estado!

Despejo forçado!Nos dias 01 e 02/08/2011, em

Itabira, MG, Brasil, 300 famílias

sem teto que ocupavam, há 11

anos, uma área abandonada, que

não cumpria a função social,

foram despejadas. A família

Rosa, que ganhou na Justiça a

reintegração de posse, deve à

prefeitura de Itabira mais de 1

milhão de reais, em IPTU,

dívida não executada pelo

prefeito de Itabira. Fica uma

grande interrogação: o que está

por trás de tudo isto?

Page 2: Despejo forçado em MG

Dezenas de policiais de MG ocuparam o bairro Drummond, em

Itabira, MG, Brasil, e, por vários dias, fortemente armados, antes

do dia marcado para o despejo (01/08/2011), pressionaram as 300

famílias a sair. Não apresentaram uma alternativa de moradia digna

para as 296 famílias com renda de 0 a 3 salários – segundo cadastro

da prefeitura - e o despejo foi acontecendo...

Page 3: Despejo forçado em MG

Dia 02/08/2011, último dia do despejo forçado, centenas de

policiais, fortemente armados, com dezenas de soldados da

cavalaria, com helicóptero e vários tratores foi consumada

uma verdadeira sexta-feira da paixão em Itabira, MG, o

despejo forçado de 300 famílias sem teto sem alternativa de

moradia digna.

Page 4: Despejo forçado em MG

Dezenas de caminhões e caçambas, escoltados pela polícia,

levaram os pertences das 300 famílias de Drummond. Para onde?

não se sabe ao certo. Nos cubículos do “abrigo”, campo de

refugiados de guerra, preparado pela prefeitura de Itabira, não

dá nem para as pessoas dormirem, quanto mais para colocar os

móveis e objetos das famílias.

Page 5: Despejo forçado em MG

O prefeito de Itabira, MG, Sr. João Izael (do PR), montou um

“Campo de refugiados” – “campo de concentração de guerra” -,

do outro lado da cidade e chamou de “abrigo”: cubículos de

madeirite, de 3 X 4 metros, um estábulo que não serve nem para

animais irracionais. Moradia com dignidade? Olhem a foto

abaixo: pode se chamar isto de dignidade humana? Onde está o

respeito à vida?

Page 6: Despejo forçado em MG

Muitas famílias ao serem jogadas nos cubículos, chorando,

clamaram: “Não somos cachorros para viver num caixote

desses, não.” São pouquíssimos banheiros para 50 famílias...

Page 7: Despejo forçado em MG

O déficit habitacional em Minas Gerais está acima de 1 milhão de

moradias. O (des)governo de Minas (PSDB + DEM), em 12 anos,

construiu apenas 28 mil moradias. Mesmo diante deste cenário,

em Itabira, MG, em um massacre branco, 300 casas de alvenaria

foram destruídas e 300 famílias jogadas nas agruras da rua.

Page 8: Despejo forçado em MG

Com vários tratores as 300 casas de alvenaria, construídas com

muito suor e trabalho árduo, foram destruídas. Indenizarão as

famílias pelos prejuízos sofridos? Oficiais de justiça, policiais,

funcionários da prefeitura de Itabira, o juiz André L. Pimenta,

desembargadores e etc, muitos alegavam: “estamos cumprindo

ordens.” A esses recordo: ninguém está obrigado a cumprir leis e

ordens injustas. A lei maior do Deus da vida diz: não matarás!,

nem sob o fogo das armas e nem a conta-gota. Ouçam a voz de

suas consciências.

Page 9: Despejo forçado em MG

O Ministério Público Federal encaminhou parecer neste sentido:

“Preocupa-nos o fato de que os despejos forçados, por si só,

possuam efeitos profundos e duradouros na vida das famílias

atingidas, sendo incompatíveis com o cumprimento de diversos

compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, afirmados

em nossa Constituição Federal de 1988 e na legislação interna em

matéria de proteção à dignidade da pessoa humana e do direito

humano à moradia.”

Page 10: Despejo forçado em MG

Nunca vi tanta desolação, tanta dor e tanta lágrima! Crianças,

mulheres, homens, doentes e idosos chorando. “Isso é um

terror! Estão nos apunhalando. Querem nos matar aos

poucos.” Várias pessoas foram hospitalizadas. Mulheres

grávidas que, sob o choque do despejo, estão com a gravidez

em risco.

Page 11: Despejo forçado em MG

As bananeiras, as mangueiras, as hortas, os jardins, as casas, os

sonhos... Tudo foi arrancado para ceder lugar a um bairro nobre –

condomínio de luxo – que a Família Rosa fará onde 300 famílias de

Drummond foram expulsas. Com essa ação injusta e covarde, esse

local ficou amaldiçoado.

Page 12: Despejo forçado em MG

As 300 famílias, 296 das quais com renda entre zero e três salários –

segundo cadastro da prefeitura -, foram forçadas a sair de suas casas sem

uma alternativa de moradia digna para elas. Ação contrária às legislações

nacionais e internacionais que defendem a dignidade da vida humana.

Page 13: Despejo forçado em MG

O povo deve ter investido na construção das 300 casas de alvenaria

mais de R$4.000.000,00. Puderam levar só algumas portas e

janelas. Isso enquanto há 9,8 milhões de pessoas sem casa no

Brasil. É a opressão da classe dominante sobre a classe

empobrecida. É o “projeto de políticas públicas” que um Estado

capitalista, com políticos profissionais, tem para os pobres. Diante

deste quadro, como calar? Como obedecer? Como não ouvir o grito

de dor, o clamor...?

Page 14: Despejo forçado em MG

Para as 300 famílias que, com hortas, bananal e muita

criatividade, conquistavam sua alimentação, agora, despejadas,

resta a fome, a humilhação, o descaso, a dor...

Page 15: Despejo forçado em MG

O pé de couve, as hortas, as casas...tudo foi destruído para dar lugar a um

condomínio de luxo. Lugar onde 300 famílias marginalizadas viviam em

paz, na solidariedade. Lugar em que foi transformado de propriedade

abandonada para propriedade partilhada. Agora, brutalmente retirado das

mãos de quem tão necessita... Cadê o Estado Democrático de Direito, tão

badalado pelos defensores do status quo?

Page 16: Despejo forçado em MG

Os direitos de centenas de crianças, assegurados no ECA,

foram pisados. Jogadas em um Campo de Refugiados, do

outro lado da cidade de Itabira, não poderão continuar na

escola. Triste de um país que humilha suas crianças! Por

que o juiz, o Dr. André Luiz Pimenta, e o TJMG não

puderam esperar construir moradias dignas para as

famílias?

Page 17: Despejo forçado em MG

Centenas de crianças foram jogadas em cubículos de madeirite,

de 3 X 4 metros, sob um calor federal. Cadê o respeito à

dignidade humana? É assim que se cria “marginais”: marginaliza-

se para depois dizer em alto e bom som, em todos os meios de

comunicação: “são marginais”. Mas quem os marginalizou?

Aliás, por que a Imprensa de Minas não esteve no local para

noticiar o que aconteceu? Eh! A imprensa, de fato, está censurada

em Minas.

Page 18: Despejo forçado em MG

Terrorismo, despejo forçado, injustiça, opressão... Estas não são, não podem ser, não serão as últimas palavras! O povo

seguirá lutando: em Itabira, em Minas Gerais, em todo canto do

Brasil e do mundo. As últimas palavras hão de ser Liberdade,

Justiça social, dignidade humana e planetária. Mesmo com

lágrimas, nossos braços se erguerão e do nosso peito sempre um

forte grito, rasgando o céu e o chão, ecoará: PÁTRIA LIVRE!

VENCEREMOS! Um domingo de ressurreição brotará da

luta dos justos.

Page 19: Despejo forçado em MG

Fotos: Selma Lúcia Coura Damasceno,

[email protected]

Montagem e textos: frei Gilvander Luís

Moreira.

Itabira, MG, Brasil, 03/08/2011.

www.gilvander.org.br

[email protected]