detergente

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Utilização de detergente Estudo orienta sobre o consumo sem causar danos à natureza • JOSÉ VICENTE LIMA ROBAINA Mestre em Educação. Professor de Prática de Ensino de Química, Metodologia do Ensino de Ciências e Química da ULBRA – Campus Canoas/RS. • TIAGO CHARÃO DE OLIVEIRA Aluno do Curso de Química da ULBRA – Campus Canoas/RS. O conjunto das águas que fo- ram utilizadas para satisfazer to- das as necessidades dos habitan- tes de um assentamento de popu- lação é chamado de águas resi- duais. De um modo geral, elas são formadas por 99,9% de água e de 0,02 a 0,03 por sólidos em sus- pensão e substâncias dissolvidas, compostas basicamente de resí- duos industriais (ácidos, graxas, produtos químicos e metais pesa- dos) e resíduos domésticos como detergentes sintéticos, germes pa- tológicos, plásticos e outros. A maioria das cidades e dos povos ribeirinhos descarregam diretamente no mar as suas águas residuais, sem que elas passem por qualquer tipo de tratamento. Po- rém, se em tempos passados essa prática era até tolerável, pois não havia grande concentração popu- lacional, hoje em dia os núcleos urbanos não podem mais eliminar suas águas residuais sem um tra- tamento prévio, pois, de outro jei- to, estariam atentando gravemen- te contra o meio ambiente e a saú- de humana. Dentro dos diversos resíduos domésticos encontrados nessas águas, os detergentes sintéticos são muito comuns e provocam a diminuição do fitoplanctum ma- rinho, que é a base de cadeia ali- mentar. Assim, se diminui o fito- planctum marinho, vai diminuir também a população de peixes. Por outro lado, os detergentes são muito resistentes à degradação dos microorganismos decom- positores e, por esta razão, ficam muito tempo no meio marinho. Desse modo, surge a neces- sidade de uma conscientização populacional quanto à utilização racional de detergentes. Nesta uni- dade teremos uma abordagem prá- tica desse tema. REDESCOBERTA 1. Título Medindo o efeito do detergente na água 2. Princípio A progressiva adição de de- tergentes na água causa uma di- minuição da tensão superficial existente entre ela e uma lâmina de alumínio colocada em sua su- perfície.

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Page 1: detergente

Utilização de detergenteEstudo orienta sobre o consumo sem causar danos à natureza

•JOSÉ VICENTE LIMA ROBAINAMestre em Educação.Professor de Prática de Ensino de Química,Metodologia do Ensino de Ciências e Químicada ULBRA – Campus Canoas/RS.

•TIAGO CHARÃO DE OLIVEIRAAluno do Curso de Química da ULBRA –Campus Canoas/RS.

O conjunto das águas que fo-ram utilizadas para satisfazer to-das as necessidades dos habitan-tes de um assentamento de popu-lação é chamado de águas resi-duais. De um modo geral, elas sãoformadas por 99,9% de água e de0,02 a 0,03 por sólidos em sus-pensão e substâncias dissolvidas,compostas basicamente de resí-duos industriais (ácidos, graxas,produtos químicos e metais pesa-dos) e resíduos domésticos comodetergentes sintéticos, germes pa-tológicos, plásticos e outros.

A maioria das cidades e dospovos ribeirinhos descarregamdiretamente no mar as suas águasresiduais, sem que elas passem porqualquer tipo de tratamento. Po-rém, se em tempos passados essaprática era até tolerável, pois nãohavia grande concentração popu-lacional, hoje em dia os núcleosurbanos não podem mais eliminarsuas águas residuais sem um tra-tamento prévio, pois, de outro jei-to, estariam atentando gravemen-te contra o meio ambiente e a saú-de humana.

Dentro dos diversos resíduosdomésticos encontrados nessaságuas, os detergentes sintéticossão muito comuns e provocam adiminuição do fitoplanctum ma-rinho, que é a base de cadeia ali-mentar. Assim, se diminui o fito-planctum marinho, vai diminuirtambém a população de peixes. Poroutro lado, os detergentes são

muito resistentes à degradaçãodos microorganismos decom-positores e, por esta razão, ficammuito tempo no meio marinho.

Desse modo, surge a neces-sidade de uma conscientizaçãopopulacional quanto à utilizaçãoracional de detergentes. Nesta uni-dade teremos uma abordagem prá-tica desse tema.

REDESCOBERTA

1. TítuloMedindo o efeitodo detergente na água

2. PrincípioA progressiva adição de de-

tergentes na água causa uma di-minuição da tensão superficialexistente entre ela e uma lâminade alumínio colocada em sua su-perfície.

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3. Habilidades• Comparação – Os alunos irãocomparar diferentes quantidadesde detergente colocadas na águacom o número de feijões que umalâmina flutuante nessa mesma águasuportará.• Construção de gráficos e tabe-las – Para anotar os dados e os re-sultados obtidos, os alunos irãomontar uma tabela e um gráfico deregistro das relações e dos valo-res finais de número de feijões Xnúmero de gotas de detergentecolocadas na água.

4. Material• Pratos plásticos, frascos conta-gotas com detergente (pode-se uti-lizar os de homeopatia, se neces-sário), lâminas de alumínio (4cm x4cm), jornais velhos, feijões.

5. Questão para discussãoComo o progressivo acrésci-

mo de gotas de detergente modi-ficará a propriedade da água desustentar uma lâmina de alumíniona sua superfície?

6. Procedimentos• Organizar os alunos em gruposde dois ou três componentes.• Distribuir para cada grupo umprato plástico, uma lâmina de pa-pel alumínio (4cm x 4cm), algunsgrãos de feijão, um frasco conta-gotas com detergente e alguns jor-nais velhos.

• Orientar os alunos a elaboraremuma tabela, tomando como exem-plo a apresentada a seguir (Tabe-la: Relação do nº de gotas de de-tergente X nº de feijões suporta-dos).• Solicitar que cada grupo coloqueo prato sobre o jornal, enchendo-o com água até, aproximadamen-te, metade de sua capacidade.• Pedir que os grupos coloquem alâmina de alumínio sobre a água,deixando-a cair horizontalmente,de modo que fique flutuando. En-tão, cada grupo deve:- colocar, devagar, grão por grão,os feijões sobre a lâmina que estáflutuando na água, até que ela afun-de. Anotar na Tabela o número degrãos que a lâmina suportou;- retirar os feijões da água ecolocá-los sobre o jornal para se-car. Secar também a lâmina;- adicionar uma gota de detergen-te à água do prato. Agitar;- repetir o procedimento anterior,colocando a lâmina na água e, de-pois, os grãos de feijão em cimadela e descobrir quantos grãos defeijão ela pode suportar agora. Ano-tar os novos valores na Tabela;- repetir o mesmo procedimento,adicionando duas, três, cinco, deze vinte gotas de detergente à água.Anotar todos os valores na Tabela.• Completar, com os alunos, a Ta-bela, reunindo os dados de todosos grupos. Calcular a média dosvalores para cada número diferen-

te de gotas.• Construir um Gráfico de linhas:Nº de feijões X nº de gotas de de-tergente colocadas na água, utili-zando-se os valores médios.

Relação do nº de gotas de detergente X nº de feijões suportados

Nº de gotasde detergente

01235

1020

Nº de feijões suportados na lâminaGrupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Média

TABELA

nº d

e fe

ijões

nº de gotas de detergente x

y

GRÁFICO

7. Questões finais• Por que a lâmina flutuou quandocolocada sobre a água?• O que aconteceu quando fomoscolocando gotas de detergente naágua?• Por que devemos secar os fei-jões e a lâmina após cada veri-ficação?

8. Observações e notas• As lâminas de alumínio poderãoser substituídas por outro materialflutuante, conforme a realidade daescola.• Os feijões também podem sersubstituídos por outros grãos, des-de que se considerar necessário.

PROBLEMA

l.TítuloUtilizando detergentesracionalmente em nossos lares

2. PrincípioA utilização racional de de-

tergentes deve ser incentivada paraevitarmos problemas ambientaiscausados pelo excesso dessescompostos nos mananciais.

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3. Habilidades• Participação em debate – Pro-mover um debate entre os alunossobre o que seria uma quantida-de razoável de detergente a serutilizada.• Experimentação – Dada uma hi-pótese elaborada com o professor,o aluno decidirá como testá-la.

4. Problema– Que fatores podem influenciarna quantidade de detergente gastoem uma casa?

5. Roteiroa) Apresentação do problema:após a realização da redescober-ta, o professor deverá apresentara questão-problema para os alunos.b) Facilitação: a partir das discus-sões que surgirem sobre a ques-tão-problema, o professor deveráorganizar os alunos, para que elesrealizem uma pequena investiga-ção sobre a quantidade de deter-gente utilizada em suas casas.

Eles devem planejar uma for-ma de medir essas quantidades oudescobrir quantos dias dura umfrasco.

O professor deverá, então,discutir volumes e verificar se to-dos os recipientes com detergen-te contêm o mesmo volume, alémde discutir outros fatores que po-dem causar um maior gasto de de-

tergente, como o número de pes-soas que vivem em determinadacasa.

Após, deverá organizar comos alunos a coleta dos dados des-sa investigação, assim como a suaanálise.c) Organização do fechamento:realizar um pequeno debate sobrequal a quantidade razoável de de-tergente a ser utilizada, a partir dehipóteses e critérios.

6. Previsão de hipóteses• O número de pessoas que vivemna casa.• O tipo de comida feita.• A quantidade de talheres utiliza-dos por refeição.• O número de refeições realiza-das diariamente naquela casa.

7. Sugestão para projetos• Pesquisar a quantidade de deter-gente que é necessária para lavar alouça, após uma refeição.

8. Sugestões para avaliaçãoPara esta atividade, o profes-

sor poderá pedir que os alunos fa-çam cartazes sobre a utilizaçãoracional de detergentes, que deve-rão ser colocados em pontos es-tratégicos de visão na escola.

Uma outra opção seria a ela-boração de um relatório da unida-de, principalmente do experimentorealizado na redescoberta.

Além disso, pode-se promo-ver uma auto-avaliação entre osalunos ou uma avaliação grupal,secreta ou em forma de debate.

SÍNTESE DA UNIDADE

Baseados nas situações deredescoberta e problema, os alu-nos poderão fazer uma pesquisaem enciclopédias, livros, revistas,outros materiais, sobre o efeitonocivo dos detergentes para oecossistema.

Como atividade de fecha-mento, o professor poderásolicitar uma redação sobre asvantagens da utilização racional dedetergentes.

BIBLIOGRAFIA

DÍAZ, Raón Varela. Ciências ambientais e dasaúde. s.l.: Promocións Culturais Galegas,s.d.

MORAES, Roque. Ciências para séries iniciaise alfabetização. Porto Alegre : Sagra,1992.