diagnóstico geomorfológico para fins de planejamento no ... · estão suscetíveis a degradação...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS – MG
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA (ICN)
Camila Noronha de Oliveira
Diagnóstico Geomorfológico para fins de
Planejamento no Córrego do Pântano no
Município de Alfenas-MG
Alfenas/MG
2011
Camila Noronha de Oliveira
Diagnóstico Geomorfológico para fins de
Planejamento no Córrego do Pântano no
Município de Alfenas-MG
Trabalho de Conclusão de Curso,
apresentado como requisito para
obtenção do título de Bacharel em
Geografia pela Universidade Federal
de Alfenas (UNIFAL-MG).
Área de Concentração: Geomorfologia
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Marta Felícia
Marujo Ferreira
Alfenas/MG
2011
Camila Noronha de Oliveira
Diagnóstico Geomorfológico para fins de
Planejamento no Córrego do Pântano no
Município de Alfenas-MG
A Banca examinadora abaixo assinada
aprova o Trabalho de Conclusão de
Curso apresentado como parte dos
requisitos para aprovação na disciplina
de Trabalho de Conclusão de Curso II
e obtenção do título de Bacharel em
Geografia pela Universidade Federal
de Alfenas (UNIFAL-MG).
Prof.ª Dr.ª Marta Felícia Marujo Ferreira Assinatura:
Universidade Federal de Alfenas
Prof. Dr. Paulo Henrique de Souza Assinatura:
Universidade Federal de Alfenas
Prof. Dr. Lineo Aparecido Gaspar Júnior Assinatura:
Universidade Federal de Alfenas
Dedico este trabalho a todos os cidadãos que
vivem próximos a microbacia do Córrego do
Pântano, em especial àqueles que habitam as
piores condições de moradia. Torço para que
haja uma intervenção efetiva e remediadora
nessa situação.
Agradecimentos
Agradeço inicialmente ao meu Pai Celeste, por ter dado a mim a oportunidade de cursar uma
faculdade, além de poder conhecer e conviver com professores e mestres que a cada ano,
através de seus ensinamentos e experiências despertaram em mim a curiosidade, o interesse
pelos estudos e pelo desenvolvimento do meu senso-crítico.
Agradeço a Ciência Geográfica, por todos aqueles que fazem dela um TODO, conciliando
sociedade-meio ambiente e suas modificações no espaço. Uma ciência completa que só
aqueles que buscam solucionar os problemas sociais e ambientais, bem como questionar e
fazer levantamentos sobre tais problemas, possuir visão crítica nos aspectos sociais,
econômicos, políticos, ambientais e culturais. Ser geógrafo é fazer a mudança e começar por
si mesmo. “É pesquisar, descrever, analisar, correlacionar, interpretar, refletir e ensinar
respeitando a vida, a natureza e a sociedade, não como coisas e seres desfrutáveis, mas como
seres dignos de respeito, como semelhantes. Ver cada coisa com importância e cada coisa
como parte de um todo” (Autor Desconhecido).
Agradeço a minha família, em especial meus pais, Viviane e Samuel que sempre se
esforçaram para que eu e minha irmã Ana Cecília, tivéssemos contatos com boas escolas,
livros e conhecimentos. Sem dúvida alguma esse incentivo nos define muito bem como
pessoas dedicadas e com o propósito de sempre continuar aprendendo cada vez mais.
Por fim agradeço a colaboração de pessoas como Marcos César Ferreira, Guilherme Otávio
Gallo e a minha orientadora Marta Felícia Marújo Ferreira, por compartilharem comigo
conhecimento técnico, científico e profissional. As minhas amigas, Diely, Laura e Paulinha
pelos ensinamentos trocados durante a elaboração dessa pesquisa. A minha República
“Geolátras”, Ana Luiza, Ana Paula, Ana Lia, Diely, Mária, Mayara e as “agregadas” Carla,
Christiany, Laura, Luciana, Natália e Sara pelos momentos de descontração, troca de
informações, desabafo, carinho e por terem tido comigo paciência nos meus momentos de
stress e nervosismo. A República “Bilisca Égua” e “Bala Chita”, por permitir momentos de
alegrias e principalmente de descontração nessa etapa final. Enfim, vocês todos foram
importantes ao longo desses quatro anos da minha vida e contribuíram de uma forma ou outra
para que essa pesquisa se concretizasse.
“Nada é permanente além da mudança”
Heráclito, 540-480 a.C.
“A mudança começa por mim mesmo que, como motor e reflexo, crio
o futuro no presente e o coletivo no pessoal em processo dialético. A
pureza desse futuro reluz na pureza dos meios imediatos escolhidos
para realizá-lo aqui e agora”.
Leonardo Boff
Lista de Figuras
Figura 1- Componentes das Vertentes......................................................................................23
Figura 2 - Dois tipos de terraços A - Terraço embutido; B – Terraço encaixado..................25
Figura 3 - Localização do Município de Alfenas-MG.............................................................28
Figura 4 A - Córrego do Pântano..............................................................................................29
Figura 4 B - Córrego do Pântano..............................................................................................29
.
Figura 5 - Bacia Hidrográfica de Alfenas-MG.......................................................................30
Figura 6 - Série de peneiras de abertura de malhas conhecidas.............................................32
Figura 7 A - Aparelho Casagrande..........................................................................................33
Figura 7 B- Aparelho Casagrande .........................................................................................33
Figura 8 - Determinação do limite de plasticidade.................................................................34
Figura 9 - Predomínio dos relevos colinosos com topos tabulares e convexos....................35
Figura 10A - Retilinização do Córrego do Pântano................................................................36
Figura 10B - Retilinização do Córrego do Pântano................................................................36
Figura 11 - Mapa de uso do solo, Córrego do Pântano, Alfenas – MG.................................40
Figura 12 - Mapa da Expansão Urbana de Alfenas no período de 1987-
2008........................................................................................................................................41
Figura 13 - Rampa coluvionar com intenso processo de pedogênese associada a sulcos
erosivos e ravinas....................................................................................................................56
Figura 14 - Anfiteatro de erosão preservado associado
a fragmento florestal.................................................................................................................57
Figura 15 - Planície do córrego do Pântano mostrando a ocorrência de material
argiloso......................................................................................................................................58
Figura 16 - Trecho a jusante da Microbacia mostrando fundos de vale chato
com planície de acumulação aluvionar....................................................................................58
Figura 17 - Margem direita abrupta com terraços fluviais associados a
deslizamentos............................................................................................................................60
Figura 18 - Na margem direita do córrego do Pântano ocorrem terraços associados à
margem abrupta. Margem esquerda, rampas coluvionares pedogeneizadas..........................60
Figura 19 – Mapa Morfodinâmico da Microbacia do Córrego do Pântano............................61
Figura 20 – Mapa de Classificação do Uso do Terreno..........................................................64
Lista de Tabela
Tabela 1 - Material cartográfico utilizado na pesquisa............................................31
Tabela 2 - Análise das Áreas de Topo....................................................................42
Tabela 3 - Análise das Vertentes............................................................................42
Tabela 4 - Análise da Rampa de Colúvio...............................................................43
Tabela 5 - Análise dos Terraços..............................................................................43
Tabela 6 - Análise Planície de Inundação..............................................................43
Tabela 7 - Análise de Anfiteatro de Erosão...........................................................44
Tabelo 8 - Escala Granulométrica..........................................................................45
Tabela 9 - Resultados Finais da Análise Granulométrica......................................45
Tabela 10 – Análise LL. das Vertentes..................................................................46
Tabela 11 – Análise LL. da Área de Topo.............................................................47
Tabela 12 - Análise LL. Rampa de Colúvio..........................................................48
Tabela 13 - Análise LL. Planície de Inundação....................................................49
Tabela 14 - Análise LL. Anfiteatro de Erosão......................................................50
Tabela 15 - Análise LL. de Terraço......................................................................51
Tabela 16 - Análise LP. Vertente..........................................................................52
Tabela 17 - Análise LP. Área de Topo..................................................................52
Tabela 18 - Análise LP. Rampa de Colúvio...........................................................53
Tabela 19 - Análise LP. Planície de Inundação.....................................................53
Tabela 20 – Análise LP. Anfiteatro de Erosão.......................................................54
Tabela 21 – Análise LP. Terraço...........................................................................54
Tabela 22 - Classificação Geomorfológica............................................................63
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Curvas Granulométricas das Amostras........................................................44
Gráfico 2 - Análise das Vertentes................................................................................46
Gráfico 3 - Análise da Área de Topo...........................................................................47
Gráfico 4 - Análise Rampa de Colúvio........................................................................48
Gráfico 5 - Análise de Planície de Inundação.............................................................49
Gráfico 6 - Análise Anfiteatro de Erosão....................................................................50
Gráfico 7 - Análise de Terraço.....................................................................................51
Resumo
A geomorfologia se constitui em ferramenta de fundamental importância para o planejamento
urbano, considerando o intenso processo de uso e ocupação em áreas de expansão urbana que
estão suscetíveis a degradação ambiental. O presente trabalho tem como propósito estudar à
microbacia do Córrego do Pântano, localizado no município de Alfenas-MG, sul do estado de
Minas Gerais. Esta microbacia é composta por um sistema de drenagem que tem o córrego do
Pântano como coletor principal e afluentes, os quais sofrem grande alteração antropogênica.
Esse trabalho tem como objetivo geral apresentar uma classificação geomorfológica de
aptidão para o planejamento e desenvolvimento urbano, bem como sugerir uma reordenação
da ocupação do Córrego do Pântano a partir do diagnóstico dos compartimentos
geomorfológicos mapeados. Os procedimentos metodológicos adotados no trabalho seguem
as etapas: levantamento bibliográfico, elaboração do mapeamento geomorfológico e trabalhos
de campo. A metodologia proposta está baseada em estudos desenvolvidos por Modenesi-
Gauttieri e Hiruma (2004) no Planalto de Campos do Jordão. O uso e ocupação dessa área
podem ser caracterizados pela presença de área urbana consolidada, área rural, distrito
industrial, aterro sanitário, plantio de culturas agrícolas e pastagem. Como consequência,
ocorrem inúmeros problemas ambientais, como assoreamento do córrego, contaminação da
água, desmatamento, depósitos tecnogênicos, expansão urbana sem planejamento, dentre
outros. A partir do mapeamento dos compartimentos geomorfológicos identificados na
microbacia, tais como, tipos de vertentes, várzeas, terraços, taludes artificiais, depósitos
coluvionares, interflúvios principais e secundários e as áreas de topo, foi possível elaborar um
mapa apontando o grau de estabilidade e aptidão dos compartimentos para o desenvolvimento
urbano. Foram definidas três classes de aptidão: áreas favoráveis à ocupação urbana, área de
uso exclusivo e área de preservação, com diferentes aptidões para o desenvolvimento das
atividades antrópicas.
Palavras-Chave: geomorfologia; expansão urbana; uso do solo; diagnóstico ambiental.
Abstract
The geomorphology constitutes very important tool for urban planning, considering the
intense process of occupation and use of urban expansion in areas that are susceptible to
environmental degradation. The present work aims to study the watershed of the Swamp
Creek, located in Alfenas-MG, the southern state of Minas Gerais. This watershed is
composed of a drainage system that has the stream as a main collector Swamp and its
tributaries, which undergo major change anthropogenic. This paper aims to present an overall
geomorphological classification of suitability for urban planning and development, and
suggest a reordering of the occupation of the Marsh Creek from the diagnosis of compartment
geomorphological map. The methodological procedures adopted in the work follow the steps:
literature review, preparation of geomorphological mapping and field work. The proposed
methodology is based on studies by Modenesi-Gauttieri and Hiruma (2004) on the plateau of
Campos do Jordao. The use and occupation of this area can be characterized by the presence
of consolidated urban area, rural area, the industrial landfill, planting crops and pasture. As a
result, there are numerous environmental problems such as stream sedimentation, water
pollution, deforestation, technogenic deposits, unplanned urban sprawl, among others. From
the geomorphological mapping identified the compartments in the watershed, such as types of
slopes, floodplains, terraces, artificial slopes, colluvial deposits, interfluves and main and
secondary areas of top, it was possible to draw a map indicating the degree of stability and
fitness magazines for urban development. We have defined three fitness classes: urban areas
in favor of the occupation, area of exclusive use and conservation area, with different skills to
the development of human activities.
Keywords: geomorphology, urban sprawl, land use, environmental diagnosis.
SUMÁRIO
1.0 Introdução e Justificativa .................................................................................................... 15
2. Revisão da Literatura ............................................................................................................ 17
2.1 A geomorfologia e sua contribuição para o planejamento ............................................. 17
2.1.1 O conceito de planejamento .................................................................................... 17
2.1.2 Geomorfologia e Planejamento ............................................................................... 18
2.1.3 O Conceito de Microbacia ....................................................................................... 19
2.1.4 Fatores do meio físico necessário ao planejamento................................................. 20
2.2 Classificação Geomorfológica ........................................................................................ 26
3. Materiais e Métodos ............................................................................................................. 26
3.1. Materiais ........................................................................................................................ 26
3.1.1. Área de Estudo ....................................................................................................... 26
3.1.2 Material Bibliográfico e Cartográfico ..................................................................... 26
3.2. Procedimentos Metodológicos ...................................................................................... 30
4.0 Resultados e Discussão ....................................................................................................... 43
4.1 – Córrego do Pântano no município de Alfenas-MG ..................................................... 43
4.2 Análises de Plasticidade e Granulometria dos Solos ...................................................... 50
4.2.1 Resultados e Discussão da Análise Granulométrica ............................................... 50
4.2.2 Resultados e Discussão da Análise de Plasticidade ................................................ 54
4.2.3.Resultados e Discussão da Análise de Plasticidade ................................................ 60
4.3 As Unidades-Diagnóstico ............................................................................................... 63
5.0 Considerações Finais .......................................................................................................... 64
6.0 Referências Bibliográficas .................................................................................................. 65
1.0 Introdução e Justificativa
A geomorfologia compreende os estudos voltados para os aspectos morfológicos da
topografia, os materiais que os constituem e os processos morfogenéticos, responsáveis pela
sua dinâmica, funcionamento e geração de feições esculturais das paisagens topográficas.
Assim, o modelado terrestre deve ser compreendido como condicionante para as atividades
humanas e organizações espaciais. As feições topográficas e os processos morfogenéticos
atuantes em uma determinada área possuem papel relevante para as categorias de uso do solo,
tanto em atividades agrícolas como em atividades urbano-industriais (CHRISTOFOLETTI,
2001).
Os projetos de planejamentos são relacionados com as atividades de tomadas de
decisão. Gómez Orea (1978) considera o planejamento como um processo racional de tomada
de decisões, o qual implica uma reflexão sobre as condições sociais, econômicas e ambientais
que devem orientar qualquer ação e decisão futura. Utilizando como base a tomada de
decisão, os planejamentos separam a organização do próprio processo de tomada de decisão
das atividades relacionadas à produção de resultados (planos, programas e projetos). Outro
aspecto do planejamento é o fato de sempre envolver a questão espacial, pois ele incide na
implementação de atividades em espaços determinados. Constitui um processo que repercute
nas características, funcionamento e dinâmica das organizações espaciais
(CHRISTOFOLETTI, 2001).
A geomorfologia aprimora o conhecimento sobre características e processos dos
geossistemas, visando conhecer a estabilidade e a resiliência. Assim, pode prever quanto o
sistema suportará ao sofrer a ação antrópica. Deve-se também desenvolver o conhecimento
sobre elementos componentes do geossistema, e perceber a relação entre eles e os elementos
do sistema ambiental ou sua relevância para as atividades humanas (CHRISTOFOLETTI,
2001)
Nesse trabalho de conclusão de curso o sistema a ser investigado é a microbacia do
Córrego do Pântano, localizado no município de Alfenas, sul do estado de Minas Gerais. A
bacia hidrográfica pode ser considerada uma unidade ideal de planejamento, onde é possível
estudar as inter-relações existentes entre os diversos elementos da paisagem e os processos
que atuam na sua esculturação. O córrego de Pântano é considerado o de maior intensidade de
alteração antrópica. O uso e ocupação dessa área podem ser caracterizados pela presença de
área urbana, área rural, distrito industrial, aterro sanitário, plantio de culturas agrícolas e
pastagem. Como consequência, ocorrem inúmeros problemas ambientais, como assoreamento
15
do córrego, contaminação da água, desmatamento, depósitos tecnogênicos, expansão urbana
sem planejamento, dentre outros. A partir dos compartimentos geomorfológicos identificados
no Córrego do Pântano, colinas amplas e interflúvios principais e secundários e a forma dos
topos, foi possível a individualização de unidades dinâmicas da paisagem, caracterizadas por
forma, materiais, solos, vegetação e processos próprios, que se constituem a base do
diagnóstico geomorfológico.
Assim, algumas unidades - diagnóstico foram definidas, cada uma com aptidões
específicas quanto aos riscos associados às atividades antrópicas. Essas unidades foram
agrupadas em três classes, de acordo com a vulnerabilidade aos processos erosivos e
adequação à ocupação.
Vários autores têm destacado a importância dos estudos relacionando diagnósticos das
condições ambientais, contribuindo para orientar o assentamento das atividades humanas a
fim de aplicar projetos de planejamento urbano (MODENESI, 2004) e (GUERRA; SILVA;
BOTELHO, 2007).
Esse trabalho teve como objetivo geral apresentar uma classificação geomorfológica
de aptidão para o planejamento e desenvolvimento urbano, bem como preservar os recursos
naturais e sugerir uma reordenação da ocupação do Córrego do Pântano a partir das unidades
geomorfológicas mapeadas. Como objetivo específico, deve-se descrever o diagnóstico
geomorfológico da microbacia do Córrego do Pântano, caracterizando tipos de vertentes,
várzeas, terraços, anfiteatro de erosão, depósitos coluvionares, interflúvios principais e
secundários e áreas de topo. Cada uma dessas unidades será caracterizada por combinações
específicas de topografia e formas, substrato, processos atuantes e cobertura vegetal; realizar a
classificação geomorfológica da aptidão para o desenvolvimento da microbacia conforme o
grau de estabilidade e susceptibilidade aos processos erosivos, em três classes, áreas
favoráveis à ocupação urbana, área de uso exclusivo e área de preservação, com diferentes
aptidões para o desenvolvimento das atividades antrópicas.
16
2. Revisão da Literatura
2.1 A geomorfologia e sua contribuição para o planejamento
2.1.1 O conceito de planejamento
Planejamento é um processo racional de tomada de decisões, o qual implica
necessariamente uma reflexão sobre as condições sociais, econômicas e ambientais que
orientam qualquer ação e decisão futura. Ou ainda uma proposta e implantação de medidas
para melhorar a qualidade de vida presente e futura dos seres humanos, através da preservação
e do melhoramento do meio ambiente. O planejamento ambiental assim como o territorial
pode ser definido como uma atividade intelectual por meio da qual se analisam os fatores
físico-naturais, econômicos, sociológicos e políticos de uma zona e se estabelecem as formas
de uso do território e de seus recursos na área considerada. Por fim, pode ser também
considerado como uma tarefa de identificar, conceber e influenciar decisões sobre a atividade
econômica, de forma que esta não reduza a produtividade dos sistemas naturais nem a
qualidade ambiental. (GUERRA e MARÇAL 2006).
Percebe-se então, que o conceito de planejamento ambiental é bastante amplo.
Segundo Almeida (1993) é possível identificar duas linhas principais do processo de
planejamento: a linha de demanda, na qual o “planejamento ambiental consiste em um grupo
de metodologias e procedimentos para avaliar as consequências ambientais de uma ação
proposta e identificar possíveis alternativas a esta ação”; e a linha de oferta, onde existe “um
conjunto de metodologias e procedimentos” que avalia as contraposições entre as aptidões e
usos dos territórios a serem planejados.
Desse modo, percebe-se que o termo planejamento ambiental é utilizado de forma
abrangente podendo ser usado para definir todo e qualquer projeto de planejamento de uma
determinada área que leve em consideração fatores físico-naturais e socioeconômicos. O
estudo a partir destes fatores é fundamental para a avaliação das possibilidades de uso do
território e/ou dos recursos naturais, ainda que haja, de acordo com os objetivos e
metodologias de cada projeto, a ênfase em determinado fator.
17
2.1.2 Geomorfologia e Planejamento
Várias são as possibilidades de se aplicarem os conhecimentos geomorfológicos no
planejamento, e o geomorfólogo pode fornecer técnicas de pesquisa e conhecimentos sobre a
superfície da Terra. Esses conhecimentos relacionam-se às formas de relevo e aos processos
associados, de tal maneira que essas informações sejam vitais para o Planejamento, no sentido
de prevenir contra a ocorrência de catástrofes e danos ambientais. Além disso, os
conhecimentos geomorfológicos podem também auxiliar no desenvolvimento sustentável de
uma porção da superfície terrestre, reduzindo bastante as consequências negativas do
crescimento urbano, por exemplo. Ao estudarem a forma dos relevos e os processos
associados da superfície terrestre, devem estar atentos sobre qualquer atividade humana que
modifique a forma do terreno, induza à movimentação de materiais ou possa alterar a
quantidade e qualidade das águas interessadas a eles. (ROSS, 2005).
Uma interação efetiva requer atenção, por parte tanto dos geomorfólogos quanto dos
planejadores, dos conhecimentos oferecidos pela Geomorfologia, bem como de estruturas de
políticas públicas estabelecidas pelos planejadores (GUERRA e MARÇAL, 2006). As
políticas públicas são implementadas através de uma série de medidas, como legislação e
regulamentos, bem como através de incentivos fiscais.
As mudanças ambientais devidas às atividades humanas sempre aconteceram, mas
atualmente as taxas dessas mudanças são cada vez maiores, e a capacidade da sociedade em
modificar as paisagens também tem aumentado bastante. A combinação do crescimento
populacional com a ocupação de novas áreas, assim como a exploração de novos recursos
naturais, tem causado uma pressão cada vez maior sobre o meio físico. A combinação desses
fatores com o maior conhecimento dos processos geomorfológicos e dos materiais existentes
na superfície terrestre tem refletido também na maior preocupação por parte dos
pesquisadores. Assim, Rodrigues (2007) ressalta que é fundamental compreender as ações
humanas na superfície terrestre como ações de natureza geomorfológica, o que implica em
considerar as próprias ações humanas como ação que intervêm direta e indiretamente nas
formas, nos materiais superficiais e nos processos.
A ocupação de encostas, planícies fluviais, áreas costeiras, entre outras, envolve o
diagnóstico e prognóstico geomorfológico, com a finalidade de evitar enchentes,
deslizamentos, erosão de áreas costeiras, que sempre causam prejuízos e algumas vezes,
perdas de vida humanas. Nesse sentido, os geomorfólogos têm, cada vez mais, compreendidos
a importância dos seus levantamentos e estudos, com a finalidade de proporcionar uma
18
ocupação mais segura e permanente nas diversas partes da superfície terrestre. Desse modo,
danos ambientais tornam-se cada vez mais raros, bem como a qualidade de vida, na maioria
das vezes é assegurada.
Diversos pesquisadores do mundo inteiro e também do Brasil, têm enfatizado a
importância da Geomorfologia. Assim, Christofoletti (2005) destaca que “planejamento
sempre envolve a questão da espacialidade, pois incide na implementação de atividades em
determinado território, constituindo um processo que repercute nas características,
funcionamento e dinâmica das organizações espaciais”. Dessa forma, o autor aponta também
que devem ser levados em consideração os aspectos dos sistemas ambientais físicos
(geossistemas), bem como os sistemas socioeconômicos.
Portanto, a geomorfologia aprimora o conhecimento sobre características e processo
dos geossistemas, visando conhecer a estabilidade e a resiliência, podendo assim, prever
quanto o sistema suportará ao sofrer a ação antrópica. Deve-se também, desenvolver o
conhecimento sobre elementos componentes do geossistema, e perceber a relação entre eles e
os elementos do sistema ambiental ou sua relevância para as atividades humanas
(CHRISTOFOLETTI, 2005).
2.1.3 O Conceito de Microbacia
O conceito de microbacia vem sendo cada vez mais utilizado e citado em livros e
artigos, principalmente por profissionais envolvidos com projetos de planejamento.
Entretanto, nota-se ainda a ausência de uma conceituação e de consenso, não só na sua
definição, como também no seu uso. Isso pode ser explicado ao próprio conceito de bacia
hidrográfica e de sub-bacia que acabam por inibir a construção de um conceito formal para
microbacia hidrográfica e sua utilização (GUERRA; SILVA; BOTELHO, 2007).
Sabe-se que uma bacia hidrográfica, além de poder estar inserida em outras de maior
tamanho, pode ainda, conter um número variado de outras bacias menores, chamadas sub-
bacias. Então, qual seria a diferença entre sub-bacia e microbacia? A criação do Programa
Nacional de Microbacia Hidrográfica (PNMH), através do Decreto-Lei nº 94.076, de 05 de
março de 1987, expandiu o uso do termo, que foi definido como sendo uma área drenada por
um curso d’água e seus afluentes, a montante de uma determinada seção transversal, para qual
convergem às águas que drenam a área considerada. Tal conceituação não difere em nada do
conceito de bacia hidrográfica.
19
Acredita-se que o conceito de microbacia esteja fortemente relacionado aos projetos de
planejamento e conservação ambiental e que, para sua definição, deve-se acrescentar a própria
conceituação de bacia hidrográfica a condição de estabelecimento de uma área, cuja extensão
é função da análise de alguns elementos que estarão envolvidos na pesquisa. Estes elementos,
são técnicas e recursos materiais, equipe de trabalho e tempo disponíveis. Além disso, é
preciso reconhecer os interesses das comunidades diretamente envolvidas nos projetos de
planejamento, que podem ser tanto mais diversificados quanto maior for a área considerada
(GUERRA; SILVA; BOTELHO, 2007).
Dessa forma, a microbacia deve abranger uma área suficientemente grande, para que
se possam identificar as inter-relações existentes entre os diversos elementos do quadro sócio-
ambiental que a caracteriza, e pequena o suficiente para estar compatível com os recursos
disponíveis, respondendo positivamente à relação custo/benefício.
2.1.4 Fatores do meio físico necessário ao planejamento
A execução de estudos visando diagnóstico ambiental passa evidentemente por uma
série de mecanismos operacionais que possibilitam atingir resultados interpretativos, frutos da
pesquisa técnico-científica. A elaboração dos estudos implica o conhecimento da teoria, o
domínio da metodologia, bem como a capacidade de operacionalizar o instrumental técnico de
apoio. É também fato consumado ser praticamente inviável elaborarem-se estudos ambientais
sem que se tenha estruturado uma equipe de profissionais multidisciplinares que trabalhem de
forma integrada, com objetivos claramente definidos (ROSS, 2010).
É necessário também entender o funcionamento do todo, compreender o mecanismo
funcional de cada um dos componentes em relação aos demais. A Geomorfologia encontra-se
nesse contexto de forma muito especial, pois ao fazer parte da superfície externa da crosta
terrestre, sofre influência motora tanto do substrato rochoso, que sustenta a crosta, como dos
demais componentes, sem desprezar o fato que o relevo também exerce sua influência sobre
outros componentes. Assim, as formas do relevo terrestre são frutos das forças de oposição
externas e internas da terra e comandadas pelas forças energéticas exógenas - energia solar - e
endógenas - forças do manto e o núcleo da terra que exercem sob a litosfera (ROSS, 2010).
É objetivo máximo dos diagnósticos ambientais conhecer os mecanismos de
funcionamento dos mais diversos ambientes. Para tanto é preciso estudar cada um dos
componentes nos locais geograficamente específicos e o entendimento do relevo quanto à sua
forma, dinâmica e gênese.
20
De acordo com ROSS (2010) não se pode entender a dinâmica e a gênese das formas
do relevo, sem que se conheça muito bem os fatores bioclimáticos, pedológicos, geológicos e
mesmo antrópicos que interferem no dinamismo e portanto em sua evolução. É preciso
entender, com certo grau de clareza, que os processos são comandados por climas atuantes no
presente, mas também saber encontrar e identificar testemunhos paleoclimáticos que possam
explicar formas ou comportamentos de forma que não podem ser explicadas pelo quadro
ambiental atual.
Desse modo, interpretar o relevo não é simplesmente saber identificar padrões de
formas ou tipo de vertentes e vales, não é simplesmente saber descrever o comportamento
geométrico das formas, mas saber identifica-las e correlaciona-las com os processos atuais e
do passado, responsáveis por tais modelados, e com isso estabelecer não só a gênese, mas
também a sua cronologia, ainda que relativa (ROSS, 2010).
Portanto, sabe-se que para o conhecimento das reais potencialidades e limitações de
uso e ocupação de uma determinada área é preciso levantar dados acerca de seus atributos
físicos, como clima, geologia, relevo, solos, redes de drenagem e vegetação. No caso do
planejamento em microbacias hidrográfica é necessário um levantamento detalhado desses
atributos. O diagnóstico geomorfológico descrito na microbacia do Córrego do Pântano foi
caracterizado pelo mapeamento de unidades geomorfológicas como tipos de vertentes,
várzeas, terraços, taludes artificiais, depósitos coluvionares, interflúvios principais e
secundários e áreas de topo.
Modenesi (2004) aponta que os compartimentos geomorfológicos definidos em uma
área não são apenas unidades morfológicas, estáticas, mas sim compartimentos dotados de
dinâmica própria, relacionada a variações do substrato e/ou processos atuantes. Um mosaico
de distribuição da vegetação fortemente relacionado à variação das condições ambientais
acentua as diferenças fisionômicas e funcionais homogêneas e bem diferenciadas entre si, que
integram os vários elementos da paisagem, e são por esse motivo, ideais para fins de aplicação
em planejamento ou gerenciamento ambiental.
A partir disso, é necessário fazer a classificação das unidades originais desses
compartimentos geomorfológicos. Cada uma dessas unidades é caracterizada por
combinações específicas de topografia e formas, substrato, processos atuantes e cobertura
vegetal. Assim, devem ser registradas topografia e formas, declividade, processos erosivos
predominante nas vertentes – erosão laminar fraca, moderada e intensa e movimentos de
massas atuais.
A autora afirma ainda que as unidades - diagnósticos, mostram diferentes aptidões
21
para ocupação. As unidades – diagnóstico são representadas por polígonos que delimitam
áreas sob influência de processos semelhantes, característicos de cada uma delas. Por
exemplo, a identificação de um anfiteatro de erosão representado pela cicatriz dos
movimentos de massa, corresponde, no diagnóstico, a polígonos que incluem toda a área sob
ação de movimentos de massas e concentração do escoamento superficial e subsuperficial,
processos característicos dos anfiteatros (MODENESI, 2004).
Sendo assim, discutiremos a seguir, a participação das seguintes variáveis em estudos
de planejamento ambiental:
Tipo de Vertentes
Vertentes são planos de declive variados que divergem dos interflúvios, enquadrando
o vale. Nas zonas de planície, muitas vezes as vertentes são mal esboçadas e o rio divaga
amplamente. Nas zonas montanhosas, as vertentes podem ser abruptas e podem formar
gargantas. Aí as vertentes estão mais próximas do leito do rio, enquanto nas planícies estão
mais afastadas. As vertentes apresentam formas muito variadas, porém para efeito didático
podemos agrupá-las em três tipos: côncava, convexa e retilínea. Os tipos de vertentes estão
em função principalmente do clima da região, da natureza, da estrutura e do volume do
terreno (GUERRA e GUERRA, 2006). A figura 1 ilustra os três tipos de vertentes conforme o
modelo apresentado por Lester King em 1953.
O conceito de vertente ou encosta, segundo DYLIK (1968) é uma forma
tridimensional que foi modelada pelos processos de denudação, atuantes no presente ou no
passado, representando a conexão entre o interflúvio e o fundo do vale. Apresentam três
dimensões: limite superior - corresponde ao setor onde provém um transporte contínuo de
materiais para a base da encosta; limite inferior - corresponde ao setor onde os processos
deixam de atuar e limite interno - constituído pelo substrato rochoso ou pela superfície de
ataque do intemperismo.
Figura 1: Componentes da Vertente
(KING, 1953).
Fonte: (CHRISTOFOLETTI, 1980).
22
Anfiteatro de Erosão
Anfiteatro de erosão são reentrâncias originadas por importantes e profundos
movimentos de massa que dissecam de alto a baixo as vertentes convexas; não se restringem
apenas às cabeceiras de drenagem, mas ocorrem lateralmente ao longo dos vales. Nos
anfiteatros de erosão, topografia e forma favorecem a concentração do escoamento superficial
e subsuperficial, caracterizando-os como ambientes úmidos, com intemperismo e solos
relativamente mais profundos (MODENESI, 1988). São áreas essencialmente dinâmicas da
paisagem, onde ocorre atividade morfogenética nas encostas. Formas e depósitos evidenciam
recorrência de movimentos de massa, escorregamentos e corridas de lama; rocha sã ou pouco
alterada podem aflorar nas suas bordas. Por isso, a superposição de colúvios com horizontes
humíferos é comum nas vertentes dos anfiteatros.
Várzeas ou Planície de Inundação
Várzeas são terrenos baixos e mais ou menos planos que se encontram junto às
margens dos rios. Constituem, a rigor, na linguagem geomorfológica, o leito maior dos rios.
Em certas regiões, as várzeas são aproveitadas para a agricultura.
São consideradas áreas frágeis do ponto de vista de sua ocupação, pois são
constituídas por materiais inconsolidados e heterogêneos, provindos das vertentes laterais,
muitas vezes relacionadas a depósitos coluvionares e materiais aluvionares. Comumente, os
materiais que compõem as planícies possuem drenabilidade deficiente e características
hidráulicas contrastantes, ou seja, mudança brusca de textura entre uma camada e outra, que,
quando submetidos a cargas elevadas, compactam e se deformam.
Terraços
Os terraços fluviais representam antigas planícies de inundação que foram
abandonadas. Surgem como patamares aplainados, de largura variada, limitados por uma
escarpa em direção ao curso de água. Quando os terraços são compostos por materiais
relacionados à antiga planície de inundação, podem ser designados de terraços fluviais. Estes
se situam a determinada altura acima do curso de água atual, que não consegue recobri-los
nem mesmo em época das cheias (CHRISTOFOLETTI, 1980).
23
Santos (2008, apud Suguio e Bigarella, 1980) destacam dois modelos de terraços: no
primeiro, chamado de terraço embutido, não ocorre entalhamento no embasamento rochoso
do fundo do vale e, tanto a planície de inundação, quanto o terraço, localizam-se sobre a
mesma calha rochosa. No outro tipo de terraço, denominado terraço encaixado, a planície de
inundação e os diferentes níveis do terraço encontram-se sobre o embasamento rochoso, como
mostra a Figura 2.
Figura 2 – Dois tipos de terraços A - Terraço embutido; B – Terraço encaixado
Fonte: Christofoletti, 1974
Há várias alternativas pelas quais se pode explicar o abandono da planície de
inundação, considerada como preenchimento deposicional em um vale previamente
entalhado. Quando uma oscilação climática provoca diminuição no curso de água, pode
ocorrer a formação de nova planície de inundação, em nível mais baixo, embutida na anterior.
Se a oscilação climática resultar em níveis mais altos de cheias, favorece a agradação no
assoalho do canal, assim a planície de inundação primitiva pode ficar recoberta por novos
recobrimentos aluviais (CHRISTOFOLETTI, 1980).
Segundo o Dicionário Geológico-Geomorfológico, alúvio são detritos ou sedimentos,
carregados e depositados pelos rios. Este material é arrancado das margens e das vertentes,
sendo levado em suspensão pelas águas dos rios que o acumulam em bancos, constituindo os
depósitos aluvionares. Os depósitos aluvionares são compostos de areias, seixos de tamanho
diversos, siltes e argilas.
Várias hipóteses foram propostas para explicar a formação de terraços. A primeira de
DAVIS (1902) relaciona-se à tendência contínua do entalhamento fluvial até atingir o perfil
24
de equilíbrio. Para BAULING (1935) devido às oscilações do nível do mar, ocasionada pelas
glaciações, promoviam-se modificações na posição do nível de base dos rios favorecendo os
processos erosivos e deposicionais. BIGARELLA (1965) relaciona a formação dos terraços
com às oscilações climáticas. Nas regiões intertropicais, as fases de clima úmido
contribuiriam para o entalhamento fluvial, enquanto as fases secas promoveriam, por causa da
quantidade de detritos oriundos das vertentes, aplainamento lateral (CHRISTOFOLETTI,
1980).
Depósitos Coluvionares
Entende-se por depósitos coluvionares o acúmulo de material localizado
frequentemente no sopé de uma encosta e transportado por efeito da gravidade (GUERRA e
GUERRA, 2006).
Os depósitos coluvionares, ocorrem geralmente em fundos de vales e sopés de
vertentes e taludes. Muitas vezes são alterados para abertura de vias de transporte,
promovendo a sua instabilidade. Em regiões tropicais é comum instabilidades envolvendo
colúvios, pois o clima favorece o intemperismo e, por consequência, o surgimento de espessos
mantos residuais que, ao se movimentarem, resultam em numerosas áreas com depósitos de
colúvios.
Porto (2000) destaca que para a geomorfologia, o solo que recobre o substrato rochoso
inalterado é denominado regolito, que compreende tanto o material formado in situ (elúvio)
quanto o transportado, como os colúvios e alúvios. A distinção entre colúvio e alúvio reside
no agente transportador. O alúvio é decorrente de transporte por cursos d’água (rios),
enquanto o colúvio é transportado por gravidade.
Áreas de Topo
Nesse compartimento estão incluídos os topos de morros, colinas, áreas com
características morfológicas, condições hidrológicas e formações superficiais semelhantes,
que podem ser reunidas numa só unidade geomorfológica.
25
2.2 Classificação Geomorfológica
O conhecimento das características geomorfológicas dos sítios urbanos é básico na
determinação do uso do solo e da susceptibilidade aos processos erosivos, permitindo
reconhecer áreas de maior potencial de risco, que requerem atenção do poder público
(MODENESI, 2004). Na microbacia do Córrego do Pântano, área de intensa alteração
antrópica, a identificação de setores mais ou menos favoráveis à ocupação torna-se essencial
para o planejamento urbano.
Após o mapeamento das feições por tipos de vertentes, várzeas, terraços, anfiteatro de
erosão, depósitos coluvionares, interflúvios principais e secundários e áreas de topo, foi
possível identificar unidades – diagnóstico no Córrego do Pântano, que podem ser agrupadas,
conforme o grau de estabilidade e susceptibilidade aos processos erosivos. Três classes com
diferentes aptidões para o desenvolvimento urbano são assinaladas: áreas favoráveis à
ocupação urbana – a morfologia e os processos dominantes permitem definir áreas como as
mais favoráveis, com nenhuma ou pequena limitação à expansão urbana; áreas de uso restrito
– correspondem às áreas de possível instabilidade e áreas de preservação – incluem as
unidades instáveis caracterizadas por alta declividade, como a presença de materiais instáveis
ou posicionados no interior da planície de inundação, e ainda depósitos de rampa de colúvio
desestabilizados pela interferência antrópica, desencadeando ravinamentos e pequenos
movimentos de massa.
3. Materiais e Métodos
3.1. Materiais
3.1.1. Área de Estudo
Alfenas é um município mineiro (figura 1) que reúne uma população de 73.774
habitantes, segundo o censo de 2010 (IBGE, 2011) tem como municípios limítrofes, Carmo
do Rio Claro, Campo do Meio, Campos gerais, Fama, Paraguaçu, Machado, Serrania, Divisa
Nova, Areado e Alterosa. Está a 340 km de Belo Horizonte, 306 km de São Paulo, 100 km de
Pouso Alegre e 105 km de Poços de Caldas e 1.133 km de Brasília.
26
Figura 3: Localização do Município de Alfenas – MG
Fonte: (OLIVEIRA, 2010)
O Córrego do Pântano (figuras 4, 5 e 6) é considerado como a microbacia de maior
intensidade de alteração antrópica. É caracterizado por amplas colinas, com interflúvios
principais e secundários de topos arredondados, depósitos de colúvios, as planícies possuem
amplos depósitos de acumulação gerando processos de colmatagem que podem ser atribuídos
a elevação do nível topográfico. Ao longo dos principais afluentes e do rio principal ocorrem
materiais argilosos escuros, que tem baixa capacidade de suporte, se apresentando imprópria a
ocupação (OLIVEIRA, 2010).
A dinâmica geomorfológica foi alterada pela ação antrópica desde a construção do
reservatório de Furnas, na década de 1950. Os fundos de vale e as encostas convexas
mostram-se densamente ocupadas, sendo essas instalações de bairros de classe média baixa e
de classe baixa. A presença do distrito industrial e de um aterro não controlado também está
presente na microbacia (OLIVEIRA, 2010). Também se encontram nas margens do córrego
pequenos sítios e chácaras, que cultivam hortaliças, cultura cafeeira, além da criação de
animais. Segundo o Plano Diretor elaborado em 2006, como ocorre com os demais córregos
de Alfenas, recebe todo o esgoto dos bairros adjacentes – Vila Betânia, Jardim Nova América,
Jardim São Carlos e Vista Grande – além do esgoto industrial proveniente da Tecelaria Saliba.
27
Em consequência do uso e ocupação dessa microbacia as problemáticas ambientais
encontradas no Córrego do Pântano são inúmeras. De acordo com OLIVEIRA (2010, p.40)
A modificação do relevo em função da densidade ocupacional urbana promove a
indução de processos geomorfológicos. Além de processos de rastejamento nas
encostas convexas, aparecem sulcos, ravinas e deslizamentos. O reservatório
apresenta pontos de assoreamento e água poluída. Essa água é aproveitada para o
Naútico Clube de Alfenas e para a rampa naútica da cidade. Embora haja avisos
indicando que a água não é propícia para banhos, é comum encontrar banhistas que
exploram a área para fins de lazer.
Além do que foi citado acima, o Córrego do Pântano é pouco profundo, sendo que
alguns trechos apresentam características de pântano e a água estagnada é favorável a
proliferação de insetos (PLANO DIRETOR, 2006). Assim, os moradores convivem com o
mau cheiro, devido à presença dos efluentes lançados sem tratamento, e com invasão de
animais (roedores, aracnídeo e insetos). Na montante desse curso d’água, é comum a
ocorrência de depósitos tecnogênicos, constituídos por tijolos, plásticos, vidros e materiais
provindos das vertentes como pequenos fragmentos de rochas (OLIVEIRA, 2010).
Figura 4A: Córrego do Pântano Figura 4B: Córrego do Pântano
Fonte: Google Earth, 2006. Fonte: Google Earth, 2006.
28
Figura 5: Bacias Hidrográficas de Alfenas-MG
Fonte: Revisão Plano Diretor, 2006.
3.1.2 Material Bibliográfico e Cartográfico
O levantamento e a revisão dos materiais bibliográfico e cartográfico, compõem etapas
importantes para o desenvolvimento e evolução da pesquisa. Os materiais bibliográficos sobre
a área referem-se a leitura e revisão de temas relacionados a cartografia geomorfológica
aplicada a planejamento urbano, geomorfologia urbana, morfologia antropogênica. Os
materiais cartográficos constituem de cartas topográficas nas escalas 1:50.000 e 1:250.000 e
de mapa geológico na escala 1:250.000. Além destes mapas, foram relacionados também
produtos de sensoriamento remoto, tais como imagens de satélite e fotografias aéreas (Tabela
1).
29
Material Cartográfico Articulação
Escala
Ano
Executor
Alfenas SF-23-I-I-3 1:50.000 1970 IBGE
Carta Geológica - Folha Varginha SF – 23 – Y – B 1:250.000 1979 Projeto Sapucaí (CPRM)
Fotografias Aéreas 1:6.000 2006 Base
Planta cadastral digital 1:1.000 2006 Prefeitura Municipal de
Alfenas Tabela 1: Material cartográfico utilizado na pesquisa
3.2. Procedimentos Metodológicos
Para o desenvolvimento da pesquisa, os procedimentos metodológicos obedeceram as
seguintes etapas:
1. Interpretação de fotografias aéreas na escala 1: 6.000 com o uso da estereoscopia
● elaboração do Mapa Morfodinâmico a fim de compartimentar as unidades
geomorfológicas e os processos dominantes e em consequência elaborar o mapa apontando as
áreas favoráveis ou não a ocupação, bem como de uso restrito, utilizando o software ArcGIs.
2. Realização de Ensaios de Solos, plasticidade e granulometria de todas as amostras de
solo das unidades geomorfológicas.
● avaliar o tipo de textura e a fragilidade aos processos erosivos.
3. Analise do uso do solo e da cobertura vegetal bem como da declividade e dos
processos dominantes atuantes.
4. Trabalhos de Campo
● foram realizados para checagem e atualização do mapa de compartimentos
geomorfológicos estudos dos materiais de superfície.
Para a avaliação do tipo de textura e a fragilidade aos processos erosivos, foram
realizados os ensaios de solo de granulometria e de plasticidade. Todos os solos, em sua fase
sólida, contêm partículas de diferentes tamanhos em proporções as mais variadas. A
determinação do tamanho das partículas e suas respectivas porcentagens de ocorrência
permitem obter a função distribuição de partículas do solo e que é denominada distribuição
granulométrica. A distribuição granulométrica dos materiais granulares, areias e pedregulhos
serão obtidos através do processo de peneiramento de uma amostra seca em estufa. Quanto à
finalidade da análise de plasticidade é a propriedade dos solos finos que consiste na maior ou
menor capacidade de serem moldados sob certas condições de umidade. Segundo a
ABNT/NBR 7250/82, a plasticidade é a propriedade de solos finos, entre largos limites de
30
umidade, de se submeterem a grandes deformações permanentes, sem sofrer ruptura,
fissuramento ou variação de volume apreciável.
A análise granulométrica é feita pela separação dos sólidos, de um solo, em diversas
frações com o peneiramento. Este processo é adotado para partículas (sólidos) com diâmetros
maiores que 0,075mm (#200). Para tal, utiliza-se uma série de peneiras de abertura de malhas
conhecidas (Figura 6), determinando-se a percentagem em peso retida ou passante em cada
peneira. Este processo divide-se em peneiramento grosso, partículas maiores que 2 mm (#10)
e peneiramento fino, partículas menores que 2mm. Para o peneiramento de um material
granular, a amostra é, inicialmente, secada em estufa e seu peso determinado. Esta amostra
será colocada na peneira de maior abertura da série previamente escolhida e levada a um
vibrador de peneiras onde permanecerá pelo tempo necessário à separação das frações.
Figura 6 - Série de peneiras de abertura de malhas conhecidas
Fonte: ABNT/NBR 5734/80, 2011
Quanto a análise de plasticidade, divide-se em Limite de Liquidez (LL) e Limite de
Plasticidade (LP). No ensaio de limite de liquidez mede-se, indiretamente, a resistência ao
cisalhamento do solo para um dado teor de umidade, através do número de golpes necessários
31
ao deslizamento dos taludes da amostra. Limite de liquidez de um solo é o teor de umidade
que separa o estado de consistência líquido do plástico e para o qual o solo apresenta uma
pequena resistência ao cisalhamento. O ensaio utiliza o aparelho de Casagrande, onde tanto o
equipamento quanto o procedimento são normalizados (ABNT/NBR 6459/82).
O aparelho de Casagrande, mostrado nas figuras 7 A e 7 B é formado por uma base
dura (ebonite), uma concha de latão, um sistema de fixação da concha à base e um parafuso
excêntrico ligado a uma manivela que movimentada a uma velocidade constante, de duas
rotações por segundo, elevará a concha a uma altura padronizada para, a seguir deixá-la cair
sobre a base. Um cinzel (gabarito), com as dimensões mostradas na mesma figura completa o
aparelho. O solo utilizado no ensaio é a fração que passa na peneira de 0,42mm (# 40) de
abertura e uma pasta homogênea deverá ser preparada e colocada na concha; utilizando o
cinzel, deverá ser aberta uma ranhura, conforme mostrado na Figura 7B. Conforme a concha
vai batendo na base, os taludes tendem a escorregar e a abertura na base da ranhura começa a
se fechar. O ensaio continua até que os dois lados se juntem, longitudinalmente, por um
comprimento igual a 10,0 mm, interrompendo-se o ensaio nesse instante e anotando-se o
número de golpes necessários para o fechamento da ranhura.
Figura 7 A: Aparelho Casagrande Figura 7 B: Aparelho Casagrande
Fonte: ABNT/NBR 6459/82 Fonte: ABNT/NBR 6459/82
Retirando-se uma amostra do local onde o solo se uniu determina-se o teor de
umidade, obtendo-se assim um par de valores, “teor de umidade x número de golpes”, que
definirá um ponto no gráfico de influência. A repetição deste procedimento para teores de
umidade diversos permitirá construir os gráficos de limite de liquidez. O teor de umidade é
calculado dividindo a massa de água pela massa do sólido, multiplicado por cem, assim o
32
resultado do teor de umidade é em porcentagem. Convencionou-se que no ensaio de
Casagrande é necessário fechar a ranhura: no primeiro golpe deve ser em torno de 50 – 60, o
segundo entre 40-50, o terceiro entre 30-40, o quarto em torno de 25 e o quinto golpe menor
que 10.
No ensaio de limite de plasticidade o equipamento necessário à realização do ensaio é
muito simples tendo-se, apenas, uma placa de vidro com uma face esmerilhada e um cilindro
padrão com 3mm de diâmetro, conforme esta representado na figura 8. O ensaio inicia-se
rolando, sobre a face esmerilhada da placa, uma amostra de solo com um teor de umidade
inicial próximo do limite de liquidez, até que, duas condições sejam, simultaneamente,
alcançadas: o rolinho tenha um diâmetro igual ao do cilindro padrão e o aparecimento de
fissuras (inicio da fragmentação). O teor de umidade do rolinho, nesta condição, representa o
limite de plasticidade do solo. O ensaio é normalizado pela NBR 7180/82.
Figura 8: Determinação do limite de plasticidade
Fonte: NBR 7180/82
Em seguida, faz-se um cálculo para encontrar o resultado final do índice de
plasticidade. Subtrai-se o limite de liquidez do limite de plasticidade, IP = LL – LP. O limite
de liquidez é obtido analisando o gráfico, é o número correspondente a umidade no golpe de
número de 25, e o limite de plasticidade é obtido pela média dos dados do teor de umidade. Se
o índice de plasticidade for igual a zero, significa que o solo não é plástico. Se o índice de
plasticidade entre um e sete significa que o solo é pouco plástico. Se o índice de plasticidade
for entre sete e quinze significa que o solo tem plasticidade média. E por fim se o índice de
plasticidade for maior que quinze o solo é muito plástico.
33
4.0 Resultados e Discussão
4.1 – Córrego do Pântano no município de Alfenas-MG
No que se refere às características da rede de drenagem, a microbacia é classificada
como de terceira ordem segundo critérios de STRAHLER (1957). A microbacia é composta
pelo córrego principal e seus tributários, que formam um sistema de drenagem com deflúvios
perenes e efêmeros. Tributários de primeira e segunda ordem aparecem no setor médio da
microbacia, quando passa a apresentar áreas de agradação (acumulação) sendo possível
observar depósitos coluvionares interdigitados por depósitos aluvionares. Estes cursos d’água
percorrem um eixo no sentido leste-oeste, desaguando na represa de Furnas. Está entre as
coordenadas 39º60’ e 40º20’ de longitude W e 76º31` e 76º35’ de latitude S. A área abrangida
é de 23Km² (2.300 ha), sendo influenciada pelo nível de base do reservatório de Furnas, que
possui nessa microbacia, seu ponto de maior proximidade com a área urbana de Alfenas.
Os tipos de relevo que predominam são colinas convexo-côncava, apresentando
amplitudes de 30 a 100m e altitudes entre 760 a 860m com fundo de vales associados a
planícies, conforme mostram o mapa hipsométrico e o modelo tridimensional da microbacia
(Figura 9).
Figura 9: Predomínio dos relevos colinosos com topos tabulares e convexos Fonte: GARÓFALO, 2011
A cabeceira da microbacia fica próxima ao interflúvio que faz divisa com outra sub-
bacia, a do Córrego da Pedra Branca. Por se tratar de uma área de topo arredondado – até 20%
de declividade – este foi o local onde se iniciou a urbanização de Alfenas. Posteriormente,
34
esta se estendeu para os fundos de vale, no sentido norte e noroeste, com declividades até
30% nas vertentes e declividades menores que 12% nos fundos de vale (GARÓFALO, 2010).
O córrego do Pântano sofreu retilinização e alargamento no seu médio curso (Figuras
10 A e 10 B) a fim de evitar o retrabalhamento fluvial do curso, pois suas margens estavam
sendo erodidas por processos fluviais naturais intensificados pela ação antrópica (maior
volume do escoamento superficial, retirada da mata ciliar, etc). Outro fator contribuinte para
que as margens do córrego fossem erodidas é fato o da área do fundo de vale neste setor ser
instável, com predomínio de sedimentos argilosos. Todavia, por falta de manutenção nestas
obras, sulcos começam a se formar, paralelos aos muros de gabião construídos para a
retilinização e contenção de processos erosivos, intensificando os processos erosivos ao invés
de contê-los (GAROFALO, 2010).
Figura 10 A: Retilinização do Córrego do Pântano. Figura 10 B: Retilinização do Córrego do Pântano
Fonte: OLIVEIRA, 2010 Fonte: OLIVEIRA, 2010
Do ponto de vista do uso e ocupação da microbacia do córrego do Pântano, é
caracterizada por uma ocupação para fins comerciais e residenciais à montante, industrial no
médio curso na porção centro sudeste, áreas de expansão urbana e o restante por parcelas de
uso rural (Figura 11). Estas parcelas começam a ser desmembradas para implantação de
loteamentos.
Segundo Garófalo (2010), a categoria de uso denominada urbano 1 (Figura 11) ocupa
uma área de 219,4 ha, correspondendo a 9,53% da área total da microbacia, prevalecendo
ocupação de uso misto (residencial e comercial), desenvolvida em áreas de topos
arredondados e vertentes côncavas na sua maioria. Esta área abrange os seguintes bairros:
Parque das Nações, Vila Betânia, Jardim Nova América, Morada do Sol, Jardim América I,
Vila Borges, Jardim São Carlos e Área Central. Por ter uma ocupação consolidada, a maior
35
parte do solo foi impermeabilizada, favorecendo o escoamento superficial em detrimento da
infiltração da água nestas áreas. Toda água de escoamento pluvial é lançada diretamente no
córrego do Pântano e seus afluentes, aumentando significativamente suas vazões em épocas
de chuva, favorecendo a erosão de algumas encostas desprovidas de estruturas adequadas e
erosão das margens dos cursos d’água e assoreamento destes.
A categoria de uso urbano 2 (Figura 11) abrange uma área de 146,8 ha, equivalendo a
6,38% da área da microbacia, tendo uma ocupação para fins residenciais, de classe média a
baixa. Estão inseridos nesta categoria de uso os bairros: Pinheirinho, Recreio Vale do Sol,
Boa Esperança, Jardim América e Vista Grande. Ocupa em geral todo perfil da vertente, se
estendendo em alguns pontos até os fundos de vales.
Nesta categoria de uso é observado um número elevado de lotes vazios, sendo estes,
em muitos casos, utilizados para a deposição de materiais “úrbicos” (detritos de construção
civil) e “gárbicos” (material detrítico com lixo orgânico, de origem humana). Embora aja um
grande número de lotes vazios, a área impermeabilizada faz com que ao invés de se infiltrar e
alimentar os reservatórios subterrâneos, uma proporção maior da água de chuva escoa
superficialmente, aumentando o volume de água nos córregos.
A categoria de uso urbano 3 (Figura 11) ocupa uma área de 145,8 há, corresponde às
áreas de expansão urbana com grandes vazios urbanos, perfazendo 6,35% da área da
microbacia. Fazem parte desta categoria de uso os bairros: porção sul do Vista Grande, porção
norte do Jardim São Carlos, Residencial Oliveira, porção norte do Recreio Vale do Sol,
alguns lotes próximos ao distrito industrial, e chácaras próximas ao reservatório da UHE de
Furnas. Em geral, este uso se desenvolve em áreas de média encosta e de fundos de vales.
Observa-se também a ocupação inadequada nas áreas de leito maior dos córregos, que além
do risco de enchente, apresentam um solo argiloso instável, impróprio para o suporte de
construções.
A Leitura Comunitária do Plano Diretor de Alfenas (2006) aponta a inundação como
um dos principais problemas, ocorrendo em área de fundo de vale no setor norte do bairro
Recreio Vale do Sol. As áreas edificadas da zona rural foram classificadas como sede rural,
sendo que esta categoria ocupa uma área de 20,1 ha (0,88% da área da microbacia). Algumas
áreas de APP ocupadas por sedes rurais, tanto na margem do reservatório da UHE de Furnas
quanto nas margens dos córregos.
O distrito industrial de Alfenas localiza-se na porção central desta microbacia (Figura
11), instalado sobre relevo de colina em área de topo suavizado. A área do distrito industrial e
a Saliba – indústria de tecido, localizada na porção sudeste da microbacia, foram classificadas
36
como sendo de uso industrial. Esta categoria de uso ocupa uma área de 107,1 ha, equivalente
a 4,65% da área da microbacia. Esta é uma classe de uso potencialmente poluidora e de alto
impacto ambiental, uma vez que nem todas as indústrias nela instaladas possuem políticas e
práticas ambientalmente corretas, além de lançarem seus efluentes diretamente nos córregos.
A classe de uso denominada depósitos de lixo ocupa uma área de 5,4ha, equivalendo a
0,23% da área da microbacia. Esta categoria de uso é representada por duas áreas utilizadas
para deposição de materiais úrbicos e gárbicos, uma já desativada próxima ao bairro
Residencial Oliveira, e outra ainda em uso, no setor norte da microbacia. Nesta área é
depositada grande parte do lixo do município de Alfenas. Todavia, este não conta com obras
de engenharia (corte de talude, impermeabilização do solo com lona, compactação após cada
camada de lixo, canaletas coletoras de chorume e escape de gazes), localizado na média
encosta da colina com o córrego do Pântano no fundo do vale. O solo presente nesta área é o
latossolo vermelho-amarelo arenoso, propiciando a infiltração e favorecendo a poluição do
lençol freático pela infiltração do chorume. Quando o solo encontra-se saturado, o chorume
escoa juntamente com as águas pluviais, atingindo o córrego do Pântano.
Os cultivos desenvolvidos nesta microbacia restringem-se à pastagem, cultura de café,
silvicultura de eucalipto e horticulturas.
As pastagens ocupam uma área de 1.308,6 ha, equivalente a 56,8% da área da
microbacia. Estas áreas são utilizadas para fins agropecuários, sendo que em algumas
propriedades rurais, são simplesmente áreas sem uso atual. Ocorrem desde o topo das colinas,
se estendendo até as planícies, chegando a ocupar 77,76% das áreas de preservação
permanente da microbacia (GAROFALO, 2010).
O café é cultivado em uma área de 146 ha, cobrindo 6,35% da área da microbacia
(Figuras 11), sendo desenvolvido normalmente nas áreas de topo e média encosta. Este tipo
de cultivo deixa grande parte do solo exposto, propiciando tanto a ocorrência de escoamento
superficial difuso quanto o escoamento concentrado, podendo acarretar erosões em lençol
e/ou concentrada.
A silvicultura de eucalipto é um cultivo recente nesta região, porém já ocupa uma área
de 86,2 ha, o equivalente a 3,75% da área da microbacia (Figura 11). Observa-se a ocorrência
de sulcos nas áreas de plantio de eucalipto no setor oeste da microbacia. Por deixar o solo
desprotegido enquanto ainda é novo, intensifica-se o escoamento superficial concentrado,
dando origem a estas feições erosivas.
O cultivo de hortaliças pode ser observado no setor centro-sul da microbacia (Figura
11), sendo desenvolvido na média encosta, chegando próximo às margens do córrego da Boa
37
Esperança. A horticultura ocupa uma área de 7,8 há (0,34% da área da microbacia). O maior
problema neste cultivo é a utilização da água do córrego para irrigação, água esta, que recebe
esgoto das áreas à montante, sendo que estas hortaliças são comercializadas nas feiras livres
de Alfenas.
Apenas 2,33% (56,6 ha) da área da microbacia são destinadas à preservação florestal,
sendo estas áreas ocupadas por fragmentos florestais e alguns trechos de matas ciliares
(Figura 11). Já as capoeiras ocupam uma área de 34,71 ha (1,5%). Estas áreas ainda
preservadas estão relacionadas em muitos casos à exigência de preservação das APPs e área
de Reserva Legal (20% da área das propriedades rurais).
Outro tipo de uso é o de solo exposto, localizado no setor norte da microbacia, em área
de topo (Figura 11). Esta área foi utilizada antigamente para retirada de cascalho, e hoje se
encontra desprotegida, ocupando 3,3 ha.
O maior problema na microbacia do Córrego do Pântano está na rede de água pluvial,
no destino final do esgoto e do lixo e na falta de conservação das matas ciliares ao longo dos
cursos fluviais. O esgoto é lançado sem tratamento no córrego do Pântano e o lixo coletado,
incluindo o do restante da cidade, é despejado em um aterro localizado na encosta norte da
microbacia do Pântano. A drenagem urbana não é adequada, principalmente na área central,
que não possui a rede pluvial em todas as vias, acarretando problemas nos períodos de chuva
intensa. Por não haver uma mata ciliar conservada, toda água pluvial escoa diretamente para
os corpos d’água, ocasionando uma erosão acelerada de suas margens e assoreamento dos
mesmos.
38
Figura 11: Mapa de uso do solo, Córrego do Pântano, Alfenas – MG.
Fonte: GARÓFALO, 2010
A ocupação urbana de Alfenas iniciou a partir de um interflúvio comum as
microbacias do Pântano e da Pedra Branca. A ocupação urbana da microbacia do córrego do
Pântano deu-se somente a partir do início do século XX, com um grande crescimento nas
décadas de 50 e de 80 (GARÓFALO, 2010). Nos anos cinquenta, foram implantados os
loteamentos Vila Betânia, Vila Borges e Vista Grande, destinados à população com menor
poder aquisitivo, e o Jardim São Carlos. Esses empreendimentos, atualmente, estão
consolidados, com a maioria dos lotes ocupados.
No período entre 1970 a 1979, o crescimento foi menor, marcado pela implantação do
Conjunto Habitacional Pôr-do-Sol. Na década seguinte, foi construído o distrito Industrial,
cujo objetivo era promover a cidade com infraestrutura para receber indústrias, trazendo um
grande acréscimo na área urbanizada da micro-sub-bacia do Pântano.
Na década de 1990, ocorreu um crescimento no sentido norte da microbacia, a partir do
Jardim Nova América, e também a ocupação de um pequeno vazio urbano próximo da área
da nascente. No final desta década iniciou-se a implantação do Residencial Oliveira. No início
da década de 2000, consolidou-se o Residencial Oliveira, um empreendimento de grandes
proporções, que teve, até 2010, um crescimento considerável.
A partir de 2005, a antiga EFOA foi transformada em Universidade Federal de Alfenas
(UNIFAL-MG), propiciando a implantação de novos cursos. Em 2009, com o REUNI, mais
cursos foram implantados e um novo campus começou a ser construído no setor sudoeste da
39
microbacia do córrego do Pântano. Estes fatos contribuíram para a aceleração do mercado
imobiliário local, com valorização dos lotes próximos a estes centros e periferização da
população de baixa renda.
Na figura 12, pode-se observar o crescimento da expansão da ocupação urbana, com
destaque para o circulo vermelho no qual representa o eixo dessa expansão na área que
corresponde a microbacia do Córrego do Pântano. Em pouco mais de vinte anos a expansão
urbana no município de Alfenas ocorreu de modo acelerado e sem planejamento urbano em
algumas áreas, como a da microbacia do Córrego do Pântano. Atualmente o Plano Diretor do
município está sendo revisto e foi diagnosticado que a microbacia é um desses eixos de
expansão que se desenvolveu rapidamente e que é hoje um dos pontos da cidade que mais
cresce.
Figura 12: Mapa da expansão urbana de Alfenas/MG no período: 1987 – 2008
Fonte: LIMA, 2010 (adaptado)
40
4.2 Análises de Plasticidade e Granulometria dos Solos
4.2.1 Resultados e Discussão da Análise Granulométrica
A planilha abaixo apresenta o resultado dos processos de peneiramento dos ensaios de
granulometria do solo das áreas de topo, rampas de colúvio, terraços, vertentes, anfiteatro de
erosão e várzeas. Foram retirados cem gramas de cada amostra de solo, em seguida os torrões
foram desagregados com o auxilio do pistilo e do almofariz. Assim, a amostra de cem gramas
foi colocada nas peneiras e agitadas por dez minutos. Depois, cada amostra retida em cada
peneira foi pesada na balança de precisão, de no máximo dois quilos. Os resultados estão
expressos a seguir.
1º Análise das Áreas de Topo
MALHA (#) DIÂMETRO (MM) PESO (G) RETIDO NA
PENEIRA
# 10 2,00 15,85
# 30 0,59 36,23
# 40 0, 42 11,15
# 60 0,250 14,45
# 120 0,125 11, 37
#270 0,053 6, 75
PRATO - 4, 18
Tabela 2: Análise das Áreas de Topo
Fonte: OLIVEIRA, 2011
2ª Análise das Vertentes
MALHA (#) DIÂMETRO (MM) PESO (G) RETIDO NA
PENEIRA
# 10 2,00 6,24
# 30 0,59 23,47
# 40 0, 42 13,42
# 60 0,250 22,65
# 120 0,125 17
#270 0,053 12,37
PRATO - 4,82
Tabela 3: Análise das Vertentes
Fonte: OLIVEIRA, 2011
41
3ª Análise da Rampa de Colúvio
MALHA (#) DIÂMETRO (MM) PESO (G) RETIDO NA
PENEIRA
# 10 2,00 2,08
# 30 0,59 36, 52
# 40 0, 42 12,07
# 60 0,250 16,65
# 120 0,125 16, 07
#270 0,053 13, 25
PRATO - 3,46
Tabela 4: Análise da Rampa de Colúvio
Tabela: OLIVEIRA, 2011
4ª Análise dos Terraços
MALHA (#) DIÂMETRO (MM) PESO (G) RETIDO NA
PENEIRA
# 10 2,00 8,17
# 30 0,59 10,13
# 40 0, 42 13,17
# 60 0,250 18,78
# 120 0,125 34,44
#270 0,053 11,28
PRATO - 3, 99
Tabela 5: Análise dos Terraços
Fonte: OLIVEIRA, 2011
5ª Análise Planície de Inundação
MALHA (#) DIÂMETRO (MM) PESO (G) RETIDO NA
PENEIRA
# 10 2,00 1,25
# 30 0,59 9,75
# 40 0, 42 17,62
# 60 0,250 19,13
# 120 0,125 41,34
#270 0,053 6,72
PRATO - 4,17
Tabela 6: Análise Planície de Inundação
Fonte: OLIVEIRA, 2011
42
6ª Análise de Anfiteatro de Erosão
MALHA
(#)
DIÂMETRO
(MM)
PESO (G) RETIDO NA PENEIRA
# 10 2,00 23,25
# 30 0,59 18,13
# 40 0, 42 22,54
# 60 0,250 13,95
# 120 0,125 7,75
#270 0,053 5, 38
PRATO - 3,75
Tabela 7: Análise de Anfiteatro de Erosão
Fonte: OLIVEIRA, 2011
No gráfico abaixo, estão mostradas curvas granulométricas de solos e materiais
granulares das unidades geomorfológicas identificadas.
Gráfico 1 – Resultado Análise Granulométrica
Fonte: OLIVEIRA, 2011
43
A seguir está a tabela apresentando a escala granulométrica que indica qual é o tipo de
textura que predomina nas amostras de solo de acordo com o diâmetro e malha da peneira.
Tabela 8: Escala Granulométrica
Fonte: Pereira, 2011
Por fim, a tabela a seguir apresenta os resultados finais, com o tipo de amostra e a
textura granulométrica predominante em cada amostra de solo coletado.
AMOSTRA TEXTURA GRANULOMÉTRICA
Área de Topos Arenosa Grossa
Vertentes Arenosa Grossa
Rampa de Colúvio Arenosa Grossa
Terraço Arenosa Fina
Área de Várzea Arenosa Fina
Anfiteatro de Erosão Arenosa Média a Grossa
Tabela 9: Resultados Finais da Análise Granulométrica
Fonte: OLIVEIRA, 2011
Resultados alcançados a partir da análise granulométrica nas unidades
geomorfológicas mapeadas comprovam a predominância de textura arenosa dos materiais
superficiais coletados em campo. Os solos arenosos possuem grãos de areia soltos, sem
agregação, caracterizando-se pela boa aeração. Assim, devido à ausência de elementos
agregadores (matéria orgânica e/ou argila) esses solos apresentam alto risco de sofrer o
processo erosivo já que os grãos de areia são facilmente destacados pela ação da água,
estando assim aptos a serem carregados pela mesma. Destaca-se que as unidades que
apresentam granulometria arenosa grossa a média são os mais propensos aos processos
44
erosivos, como área de topo, vertentes, rampa de colúvio e anfiteatro de erosão. As unidades
que apresentaram textura arenosa fina, vertente, terraço e área de várzea, possuem uma
proporção de argila agregada, possibilitando coesão no solo, permitindo que os processos
erosivos não sejam tão intensos.
4.2.2 Resultados e Discussão da Análise de Plasticidade
A seguir estão expressas as tabelas de cada amostra de solo de limite de liquidez,
seguido de seus respectivos gráficos.
1ª Análise - Vertente
Recipiente número 17 03 14 18 19
Solo+ Tara+ Água g. 12,51 13, 39 16 15, 22 13, 66
Solo + Tara g. 11, 13 11, 89 13, 87 13, 02 11, 56
Tara g. 7, 17 7, 80 8, 17 7, 39 6, 45
Massa d’ água g. 1, 38 1, 50 2, 13 2, 20 2, 10
Massa de Sólidos g. 3, 96 4, 09 5, 70 5, 63 5, 11
Teor de umidade % 34,84 36, 67 37, 36 39, 07 41, 09
Número de Golpes 60 35 20 15 9
Tabela 10: Análise LL. Vertentes
Fonte: OLIVEIRA, 2011
Gráfico 2: Análise das Vertentes
Fonte: OLIVEIRA, 2011
45
2ª Análise – Área de Topo
Recipiente número 08 15 11 09 02
Solo+ Tara+ Água g. 12,82 10, 95 15, 17 14, 88 12, 63
Solo + Tara g. 11, 51 9, 42 12, 99 12, 77 10, 40
Tara g. 7, 76 5, 17 7, 41 7, 51 5, 42
Massa d’ água g. 1, 31 1, 53 2, 18 2, 11 2, 23
Massa de Sólidos g. 3, 75 4, 25 5, 58 5, 26 4, 98
Teor de umidade % 34,02 36 39, 06 40, 11 44, 77
Número de Golpes 41 34 22 15 7
Tabela 11: Análise LL. Área de Topo
Fonte: OLIVEIRA, 2011
Gráfico 3: Análise da Área de Topo
Fonte: OLIVEIRA, 2011
46
3ª Análise – Rampa de Colúvio
Recipiente número 04 05 08 09 10
Solo+ Tara+ Água g. 16, 41 18, 50 17, 54 19, 51 17, 90
Solo + Tara g. 13, 82 15, 44 14, 43 15, 52 15, 52
Tara g. 7, 56 8, 05 7, 77 7, 50 8, 13
Massa d’ água g. 2, 59 3, 06 3, 11 3, 99 2, 38
Massa de Sólidos g. 6, 26 7, 39 6, 66 8, 09 7, 39
Teor de umidade % 41, 37 41, 40 46, 69 49, 32 32, 20
Número de Golpes 56 47 22 15 10
Tabela 12: Análise LL. Rampa de Colúvio
Fonte: OLIVEIRA, 2011
Gráfico 4: Análise Rampa de Colúvio
Fonte: OLIVEIRA, 2011
47
4ª Análise – Planície de Inundação
Recipiente número 07 08 02 07 03
Solo+ Tara+ Água g. 44, 19 40, 95 44, 44 38, 52 41, 66
Solo + Tara g. 41, 73 39, 25 41, 32 36, 29 39, 22
Tara g. 37, 60 36, 62 36, 39 33, 10 35, 75
Massa d’ água g. 2, 46 1, 70 3, 12 2, 23 2, 44
Massa de Sólidos g. 4, 13 2, 63 4, 93 3, 19 3, 47
Teor de umidade % 59, 56 64, 63 63, 28 69, 90 70, 31
Número de Golpes 55 46 25 16 7
Tabela 13: Análise LL. Planície de Inundação
Fonte: OLIVEIRA, 2011
Gráfico 5: Análise de Planície de Inundação
Fonte: OLIVEIRA, 2011
48
5ª Análise – Anfiteatro de Erosão
Recipiente número 18 10 05 02 13
Solo+ Tara+ Água g. 12, 16 10, 72 18, 13 14, 32 13
Solo + Tara g. 11, 52 12, 25 12, 39 12, 33 11, 39
Tara g. 7, 15 8, 44 6, 52 7, 29 6, 16
Massa d’ água g. 2, 46 1, 70 3 2, 23 2, 10
Massa de Sólidos g. 3, 18 2, 63 4, 93 4, 19 5, 11
Teor de umidade % 32, 17 37, 82 38, 14 40, 17 43, 17
Número de Golpes 42 33 21 14 8
Tabela 14: Análise LL. Anfiteatro de Erosão
Fonte: OLIVEIRA, 2011
Gráfico 6: Análise Anfiteatro de Erosão
Fonte: OLIVEIRA, 2011
49
6ª Análise – Terraço
Recipiente número 09 11 03 08 04
Solo+ Tara+ Água g. 13, 16 11, 72 19, 13 15, 32 14, 36
Solo + Tara g. 14, 52 13, 25 13, 39 13, 33 12, 39
Tara g. 8, 15 9, 44 7, 52 8, 29 7, 16
Massa d’ água g. 3, 46 2, 70 4, 63 3, 23 3, 10
Massa de Sólidos g. 4, 18 3, 63 5, 93 5, 19 6, 11
Teor de umidade % 31, 17 33, 82 39, 14 41, 17 42, 17
Número de Golpes 45 35 20 12 7
Tabela 15: Análise LL. Terraço
Fonte: OLIVEIRA, 2011
Gráfico 7 – Análise de Terraço
Fonte: OLIVEIRA, 2011
50
A seguir estão expressas as tabelas de cada amostra de solo de limite de plasticidade,
seguido de seus respectivos cálculos que apontam os resultados finais.
4.2.3. Resultados e Discussão da Análise de Plasticidade
1ª Análise – Vertente
Recipiente nº 22 02 16
Solo + Tara + Água g. 19, 60 17, 53 15, 12
Solo + Tara g. 16, 60 15, 16 13, 07
Tara g. 7, 57 8,09 6,84
Massa d’água g. 3 2, 37 2, 05
Massa de Sólidos g. 9,03 7,07 6, 23
Teor de Umidade % 33, 22 33, 52 32, 90
Tabela 16: Análise LP. Vertente
Fonte: OLIVEIRA, 2011
Golpe 25 (LL) Média (LP)
36, 3 33, 21
IP = LL - LP
IP = 36, 3 – 33, 21 1< IP < 7 – POUCO PLÁSTICO
IP = 3, 09
2ª Análise – Área de Topo
Recipiente nº 04 10 13
Solo + Tara + Água g. 21, 38 23, 08 18, 99
Solo + Tara g. 17, 95 19, 36 15,86
Tara g. 7, 55 8, 14 6, 30
Massa d’água g. 3, 43 3, 72 3, 13
Massa de Sólidos g. 10, 40 11, 22 9, 56
Teor de Umidade % 32, 98 33, 15 32, 74
Tabela 17: Análise LP. Área de Topo
Fonte: OLIVEIRA, 2011
51
Golpe 25 (LL) Média (LP)
37,3 32, 95
IP = LL - LP
IP = 37, 3 – 32, 95 1< IP < 7 – POUCO PLÁSTICO
IP = 4, 35
3ª Análise – Rampa de Colúvio
Recipiente nº 13 01 07
Solo + Tara + Água g. 11, 61 12, 26 13, 38
Solo + Tara g. 10, 17 10, 82 11, 81
Tara g. 6, 29 7, 09 7, 64
Massa d’água g. 1, 44 1, 44 1, 57
Massa de Sólidos g. 3, 88 3, 73 4, 17
Teor de Umidade % 37, 11 38, 60 37, 64
Tabela 18: Análise LP. Rampa de Colúvio
Fonte: OLIVEIRA, 2011
Golpe 25 (LL) Média (LP)
46 37, 78
IP = LL - LP
IP = 46, 00 - 37, 78 7< IP < 15 – PLASTICIDADE MÉDIA
IP = 8, 22
4ª Análise – Planície de Inundação
Recipiente nº 01 04 05
Solo + Tara + Água g. 50, 63 54, 72 53, 74
Solo + Tara g. 46, 01 49, 64 47, 70
Tara g. 37, 77 40, 63 37, 08
Massa d’água g. 4, 62 5, 07 6, 04
Massa de Sólidos g. 8, 24 9, 01 10, 62
Teor de Umidade % 56, 06 56, 27 56, 87
Tabela 19: Análise LP. Planície de Inundação
Fonte: OLIVEIRA, 2011
52
Golpe 25 (LL) Média (LP)
66 56, 40
IP = LL - LP
IP = 66, 00 – 56, 40 7< IP < 15 – PLASTICIDADE MÉDIA
IP = 9,6
5ª Análise – Anfiteatro de Erosão
Recipiente nº 10 07 08
Solo + Tara + Água g. 15, 17 13, 24 14, 38
Solo + Tara g. 16, 32 11, 12 11, 56
Tara g. 7, 14 8, 89 7, 56
Massa d’água g. 2, 26 3, 45 1, 50
Massa de Sólidos g. 8, 52 8, 29 5, 67
Teor de Umidade % 32, 22 34, 78 37, 95
Tabela 20: Análise LP. Anfiteatro de Erosão
Fonte: OLIVEIRA, 2011
Golpe 25 (LL) Média (LP)
36 34, 98
IP = LL - LP
IP = 36 – 34, 98 1< IP < 7 – POUCO PLÁSTICO
IP = 1,02
6ª Análise – Terraço
Recipiente nº 10 07 08
Solo + Tara + Água g. 18, 32 17, 45 15, 38
Solo + Tara g. 16, 67 15, 89 13, 56
Tara g. 8, 15 7, 45 6, 56
Massa d’água g. 2 2, 29 2, 50
Massa de Sólidos g. 7, 78 7, 90 6, 67
Teor de Umidade % 33, 22 33, 85 34, 95
Tabela 21: Análise LP. Terraço
Fonte: OLIVEIRA, 2011
53
Golpe 25 (LL) Média (LP)
35,00 34, 00
IP = LL - LP
IP = 35, 00 – 34,00 1< IP < 7 – POUCO PLÁSTICO
IP = 1
Portanto, as unidades que foram verificadas com plasticidade média, área de várzea e
as rampa de colúvio preservadas, apresentam elevada coesão, dificultando que os processos
erosivos acontecem com facilidade. Já as demais unidades, terraços, vertentes, áreas de topo e
anfiteatro de erosão, que apresentaram pouca plasticidade são facilmente moldados, assim, os
riscos de processos erosivos acontecerem são altos.
4.3 As Unidades-Diagnóstico
O conhecimento das características geomorfológicas dos sítios urbanos na
determinação do uso do solo e da susceptibilidade dos processos erosivos, permitem
reconhecer áreas de maior potencial de risco, que requerem atenção do poder público. Num
relevo frágil como a da microbacia do Córrego do Pântano, a identificação de setores mais ou
menos favoráveis à ocupação torna-se essencial para o planejamento urbano.
Com o objetivo de atender à demanda por informações geomorfológicas que possam
orientar a expansão urbana na microbacia, o Córrego do Pântano foi dividido em unidades-
diagnóstico, com diferentes aptidões para ocupação. Essas unidades tiveram como base
compartimentos geomorfológicos caracterizados por formas, formações superficiais,
processos dominantes e cobertura vegetal específica. As unidades-diagnóstico reconhecidas
na microbacia do Córrego do Pântano são descritas a seguir.
Unidade Diagnóstico 1 - Tipo de Vertentes
Processos erosivos do tipo sulcos são comuns nas vertentes retilíneas com declives
acentuados associadas aos vales em “V”. Algumas vertentes côncavas nos sopés, exibem
rampas coluvionares com intenso processo de pedogênese. Convém lembrar, que formação
dos solos advém de processos físicos, químicos e biológicos que transformam os materiais
que lhes dão origem, e, recebe o nome de “pedogênese” – do prefixo e sufixo
54
gregos: “pedon”= solos + “gênesis” = criação. Ou seja: criação ou formação dos solos
(LEPSCH, 2002). Os fundos de vale e as encostas convexas mostram-se densamente
ocupadas por bairros de classe média baixa e de classe baixa, assim a área urbana consolidada
favorece o processo de escoamento superficial diretamente para a microbacia, ocasionando
processos erosivos nas vertentes e assoreamento do córrego;
As declividades das vertentes retilíneas e convexas variam de 12% a 20% e de 20% a
30%. O uso e ocupação se caracterizam pela presença de café, pastagem, área urbana
consolidada e poucos fragmentos florestais. Os resultados das analises do material coletado,
apontam para uma textura arenosa fina e grossa. Os principais processos dominantes são
escoamento laminar e concentrado, favorecendo a ocorrência de processos de ravinamentos e
de sulcos erosivos.
Figura 13: Rampa coluvionar com intenso processo de pedogênese associada a sulcos erosivos e
ravinas
Fonte: OLIVEIRA, 2011
Unidade Diagnóstico 2 – Anfiteatro de Erosão
A maioria das áreas onde se encontram anfiteatro de erosão são áreas consideradas
como de Preservação Permanente. Comumente são caracterizadas como áreas onde aflora
nascentes de contato e de veredas. Na área do estudo, apresentam declividade entre 20% a
30% e menor que 30%. O uso e ocupação da área é caracterizada por pastagem, capoeira e
área urbana. A análise da cobertura pedológica superficial, mostra o predomínio de textura
55
arenosa média a grossa. Os principais processos dominantes nesta unidade tratam-se da
convergência do escoamento superficial e subsuperficial se configurando em áreas
vulneráveis a ocorrência de movimentos de massa. Esta situação ocorre quando os anfiteatros
são desprovidos de cobertura vegetal.
Figura 14: Anfiteatro de erosão preservado associado a fragmento florestal
Fonte: Oliveira, 2011.
Unidade Diagnóstico 3 – Várzea ou Planície de Inundação
Ao longo da planície desta microbacia, ocorrem materiais de acumulação, do tipo
aluvionar, constituídas de areias grossas e finas associadas a material argiloso escuro. Nas
planícies é comum processos de colmatagem que podem ser atribuídos a elevação do nível
topográfico nas proximidades do reservatório de Furnas. Também é encontrada áreas
encharcadas e estagnadas favorecendo a proliferação de insetos. Em seus trechos médio e
inferior, as planícies do córrego são ocupadas por pequenos sítios e chácaras, que cultivam
hortaliças, cultura cafeeira, além da criação de animais. Muitos cursos de água foram
desviados de seu curso normal para abastecer essas ocupações rurais. O solo e água do
córrego apresentam contaminação devido à presença do distrito industrial e de um aterro não
controlado, que lançam seus efluentes, juntamente com o esgoto dos bairros adjacentes – Vila
Betânia, Jardim Nova América, Jardim São Carlos e Vista Grande – além do esgoto industrial
proveniente da Tecelaria Saliba. Os moradores convivem com o mau cheiro, devido à
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presença dos efluentes lançados sem tratamento, e com a invasão de animais. A declividade é
baixa, até 6%. O uso e ocupação é caracterizado por pastagem, capoeira e área urbana. O solo
tem predomínio de textura arenosa fina. Os principais processos dominantes são as
inundações pontuais e a presença do material argiloso altamente instável. É importante
ressaltar, que as argilas escuras presentes nas planícies do córrego do Pântano, apresentam
instabilidade, observadas pela Defesa Civil da Prefeitura Municipal de Alfenas. Algumas
moradias próximas às planícies mostram rachaduras, pequenas movimentações e instabilidade
na estrutura das casas. Ressalta-se também, que bacias circulares, como a do Córrego do
Pântano, pela sua geometria, promovem maior ocorrência de enchentes se comparado a uma
bacia alongada.
Figura 15: Planície do córrego do Pântano
mostrando a
ocorrência de material argiloso Fonte: FERREIRA, 2009.
Figura 16: Trecho a jusante da Microbacia
mostrando fundos de vale chato com planície de
acumulação aluvionar
Fonte: OLIVEIRA, 2011
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Unidade Diagnóstico 4 – Terraços
Os terraços fluviais preservados encontram-se em trechos onde ocorrem margens abruptas. A
declividade varia entre 6% a 12%. Os terraços identificados têm como uso e ocupação apenas
área urbana. Na análise de solos verificou um predomínio de textura arenosa fina e os
principais processos dominantes são erosão laminar e concentrada que favorecem os
escorregamentos rotacionais. Na microbacia, a unidade terraços estão com uso urbano
intenso, sendo áreas sujeitas a vulnerabilidade pois apresentam erosão pluvial associadas a
depósitos tecnogênicos.
Figura 17: Margem direita abrupta com terraços fluviais associados a deslizamentos
Fonte: OLIVEIRA, 2011
Unidades Diagnóstico 5 – Depósitos Coluvionares
No setor médio da microbacia há áreas de agradação, ou seja, de acumulação, que,
muitas vezes, aparecem interdigitados com os aluviões próximo ao córrego. A declividade é
baixa, até 6%. O uso e ocupação é caracterizado pelo predomínio de área de urbana, pastagem
e trechos com fragmento florestal. Ressalta-se que estas unidades por corresponderem a
depósitos tornam-se instáveis quando há ocupação. As analises de solo verificaram que
apresenta textura arenosa média. Os principais processos dominantes são a suscetibilidade a
desestabilização devido aos escoamentos laminar e concentrado.
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Figura 18: Na margem direita do córrego do Pântano ocorrem terraços associados a
margem abrupta. Margem esquerda, rampas coluvionares pedogeneizadas .
Fonte: OLIVEIRA, 2011
Unidade Diagnóstico 6 – Área de Topo
Apresentam topos arredondados e suaves, por vezes tabulares, com predomínio de
colinas amplas e sopés de vertentes côncavas. As amplitudes das formas variam de 30 a 100m
e altitudes entre 760 a 860m. A declividade, varia até 6% e de 6% a 12%. O uso e ocupação
tem predomínio de pastagem, cultivo de café e áreas de expansão urbana. A analise de solo
aponta para um solo com predomínio de textura arenosa média, geralmente os solos são
profundos do tipo latossolos vermelho-amarelo. Os principais processos dominantes é o
escoamento pluvial, pois é uma área dispersora de água, com predomínio de drenagem interna
através da infiltração favorecendo a formação de solos.
A seguir são apresentadas, através do Mapa Morfodinâmico (Figura 19), as sete
unidades-diagnóstico identificados ao longo da microbacia no Córrego do Pântano.
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Figura 19: Mapa Morfodinâmico da Microbacia do Córrego do Pântano
Fonte: OLIVEIRA, 2011
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4.3 Planejamento Urbano e Ambiental na microbacia do Córrego do Pântano
As sete unidades-diagnóstico definidas na microbacia do Córrego do Pântano podem
ser agrupadas, conforme o grau de estabilidade e susceptibilidade aos processos erosivos, em
três classes com diferentes aptidões para o desenvolvimento urbano.
Áreas favoráveis à ocupação urbana – A morfologia e os processos dominantes
permitem definir estas áreas como as mais favoráveis, com nenhuma ou pequena limitação à
expansão urbana. Na microbacia as unidades mais favoráveis são os topos, já que se
caracterizam como superfícies suaves e amplas.
Áreas de uso restrito – Correspondem as áreas de possível instabilidade definidas nas
unidades-diagnóstico, áreas com baixa declividade, que atraem a ocupação e torna-as
vulneráveis à ação de processos erosivos e à deposição de sedimentos. Posicionadas nesta
áreas, estão as rampas coluvionares e terraços.
Áreas de preservação - Incluem as unidades instáveis caracterizadas por alta
declividade e presença de materiais turfosos, ou ainda por sua posição no interior da planície
de inundação. As vertentes retilíneas e os anfiteatros também devem pertencer a essa
categoria, pois apresentam condições favoráveis à ação de movimentos de massa – em geral,
escorregamentos nas vertentes retilíneas e escorregamentos, slumps e corridas de terra ou
lama nos anfiteatros – e à formação de ravinas, principalmente quando seu equilíbrio é
modificado pela interferência antrópica (desmatamentos, cortes e construções). Na microbacia
as planícies, as vertentes estão nesta categoria, anfiteatro de erosão e as áreas de várzea. Na
microbacia as planícies, as vertentes, anfiteatro de erosão e as áreas de várzea, estão nesta
categoria
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A tabela 22 mostra a classificação do terreno e as unidades diagnósticos (compartimentos
geomorfológicos) mapeadas.
Tabela 22: Tabela de Classificação Geomorfológica
Autora: OLIVEIRA, 2011.
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A partir da classificação proposta, foi elaborado o mapa de Classificação do Uso do Terreno
(Figura 20).
Figura 20: Mapa de Classificação do Uso do Terreno
Fonte: OLIVEIRA, 2011
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5.0 Considerações Finais
Os estudos que relacionam bacias hidrográficas, como um sistema ambiental físico, e a
dinâmica relacionada à evolução geomorfológica e às alterações provocadas pela ação
humana, são de suma importância, pois as interações homem/relevo e os processos
geomorfológicos deflagradores desta relação, estão diretamente relacionados às mudanças
impressas no modo de usar e ocupar uma área.
Resultados da análise granulométrica apontam que a microbacia apresenta o
predomínio de materiais com textura arenosa variando de fina, média a grossa. Esta textura
sugere vulnerabilidade à ocupação urbana, além da fragilidade frente à exposição do solo
desprovido de cobertura vegetal.
Esta pesquisa propôs a classificação geomorfológica a partir do mapeamento de
compartimentos geomorfológicos, denominados de unidades diagnósticos e teve como
embasamento metodológico estudo desenvolvido por Modenesi (2004) em Campos do
Jordão-SP. As unidades mapeadas na microbacia foram agrupadas conforme Modenesi (op.
cit.) em áreas favoráveis; áreas restritas e áreas que devem ser preservadas de acordo com o
grau de estabilidade e suscetibilidade aos processos erosivos. Através da análise
granulométrica, dos compartimentos geomorfológicos mapeados, da declividade destes
compartimentos e do uso do solo atual, foi possível apresentar uma classificação do uso do
terreno. Portanto, através dessa classificação, procurou-se orientar quais as áreas que devem
ou não ser ocupadas por atividades humanas, já que não há um planejamento efetivo no
município de Alfenas-MG.
É indiscutível que no processo de urbanização do eixo de expansão da microbacia do
Córrego do Pântano, qualquer tentativa de planejamento urbano não deverá ignorar toda a
problemática da área, com objetivos de diminuir a degradação ambiental que a microbacia
vem sofrendo desde a ampliação de sua ocupação.
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6.0 Referências Bibliográficas
ABNT, 2011. Associação de Normas Técnicas. Acesso no site: http://www.abnt.org.br/, dia
10-11-2011.
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