diÁlogos e prÁticas

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Paulo Cesar da Silva Passamai Eduardo Augusto Moscon Oliveira Maria das Graças Ferreira Lobino DIÁLOGOS E PRÁTICAS na Escola do Campo e Estação de Ciências “Margarete Cruz Pereira” Uma proposta de formação de educadores e comunidade Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Espírito Santo Vitória 2018

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Page 1: DIÁLOGOS E PRÁTICAS

Paulo Cesar da Silva Passamai Eduardo Augusto Moscon OliveiraMaria das Graças Ferreira Lobino

DIÁLOGOS E PRÁTICASna Escola do Campo e Estação de Ciências

“Margarete Cruz Pereira”

Uma proposta de formação de educadores e comunidade

Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Espírito SantoVitória 2018

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Instituto Federal do Espírito Santo PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS

E MATEMÁTICAMestrado Profissional em Educação em Ciências e Matemática

Paulo Cesar da Silva Passamai Eduardo Augusto Moscon OliveiraMaria das Graças Ferreira Lobino

DIÁLOGOS E PRÁTICAS NA ESCOLA DO CAMPOE ESTAÇÃO DE CIÊNCIAS

“MARGARETE CRUZ PEREIRA”Uma proposta de formação de educadores e comunidade

Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Espírito SantoVitória 2018

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Editora do IfesInstituto Federal do Espírito Santo Pró-Reitoria de Extensão e Produção Av. Rio Branco, 50, Santa Lúcia, Vitória – Espírito Santo – CEP: 29056-255 Tel. (27) 3227-5564 E-mail: [email protected]

Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática Centro de Referência em Formação e Educação a Distância – CEFOR/IFES Rua Barão de Mauá, 30, Jucutuquara, Vitória – Espírito Santo – CEP: 29040-860

Comissão CientíficaDr. Eduardo Augusto Moscon Oliveira Dra. Maria das Graças Ferreira Lobino Dr. Antonio Donizetti SgarbiDra. Manuella Villar AmadoDr. Erineu Foerste

Comissão Editorial Dr. Sidnei Quezada Meireles Leite Dra. Danielli Veiga Carneiro SondermannDra. Maria das Graças Ferreira Lobino Dra. Michele Waltz Comarú Dra. Maria Auxiliadora Viela Paiva

Capa e Editoração Jader Gomes - Comunica Ltda

Produção e Divulgação Programa EDUCIMAT (IFES/CEFOR)

Instituto Federal do Espírito Santo

Jadir José PellaReitor

Adriana Pionttkovsky BarcellosPró-Reitor de Ensino

André Romero da SilvaPró-Reitor de Pesquisa e Pós-graduação

Renato Tannure Rotta de AlmeidaPró-Reitor de Extensão e Produção

Lezi José FerreiraPró-Reitor de Administração e Orçamento

Ademar Manoel StangePró-Reitora de Desenvolvimento Institucional

DIRETORIA DO CAMPUS VITÓRIA DO IFES

Hudson Luiz CôgoDiretor Geral do Campus Vitória – Ifes

Marcio Almeida CóDiretor de Ensino

Márcia Regina Pereira LimaDiretora de Pesquisa e Pós-graduação

Nelson Regina Pereira LimaDiretor de Extensão

Roseni da Costa Silva PrattiDiretor de Administração

Page 4: DIÁLOGOS E PRÁTICAS

PAULO CESAR DA SILVA PASSAMAI: Graduação em HISTÓRIA pela Universidade Federal do Espírito Santo (2006), Pós-graduado pela Univer-sidade Castelo Branco em Especialização lato sensu em Educação Especial (2008) Especialização em Gestão Escolar integradora: S.E; O.E;I.E pela Uni-versidade Castelo Branco (2010) e possui Pós-Graduação Lato Sensu em

EDUARDO AUGUSTO MOSCON OLIVEIRA: : Doutor em Educação pela UFBA e Professor da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Professor permanente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação em Ciências e Matemática (Programa EDUCIMAT) do Insti-tuto Federal do Espírito Santo (IFES/VITÓRIA). Pesquisador vinculado ao Grupo de Estudo e Pesquisa em Alfabetização Científica e Espaços de

MARIDA DAS GRAÇAS FERREIRA LOBINO: é autora do projeto AC-CSA desde os anos 1990. Atualmente é professora EBTT do Centro de Re-ferência em Formação e Educação EaD (CEFOR)/IFES, onde coordena o projeto de extensão Alfabetização Científica no contexto da sustentabilidade socioambiental da cidade de Vitória, fruto de suas pesquisas. É membro do

Educação Profissional e Tecnológica na modalidade a distância pelo Instituto Federal de Educa-ção, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (IFES) (2014), Mestrando em Educação em Ciência e Matemática (EDUCIMAT) pelo Instituto Federal do Espírito Santo (IFES). Atuou como membro Presidente do Conselho Municipal de Educação de Cariacica (Gestão -2013/2015). Exerceu a fun-ção de técnico pedagógico do setor da Gerência de Ensino da Secretaria Municipal de Educação de Cariacica, atuando em assessorias pedagógicas nas escolas da Rede e na Coordenação de professo-res de área e formador da área de História da rede municipal. Atualmente exerce a função de pro-fessor de História e professor em função pedagógica pela rede municipal de Ensino de Cariacica.

Educação Não Formal (GEPAC/IFES) e a linha de pesquisa Espaços Educativos Não Formais: Cultura, Política e Memória. Trabalha com pesquisas em Política, Gestão e Ensino na Educação Básica. Atua na interface entre diferentes os processos sócio - culturais, com interesse na mediação dialógica, crítica, ética e cidadã, fundamental no processo de interlocução dos saberes.

Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Científica e Movimento CTSA, do Grupo de Estudo e Pesquisa História e Filosofia da Ciência/ifes e do Laboratório de Gestão da Educação Básica/LAGEBES-Ufes). Desenvolve e orienta pesquisas na Área do Ensino de Ciências da Natureza, Gestão Escolar e Educação socioambiental. Mestre pelo PPGE/Ufes na linha da Formação e Práxis docente. Cursou duas Licenciaturas e Especialização pela mesma instituição e é Doutora em Ciências da Educação.

Sumário

1. Apresentação ........................................................................................................7

2. Educação do Campo: de que Campo nós falamos? .......................................9

2.1 Memórias, histórias e Educação do Campo. .................................................16

3. Saberes, Fazeres e Alfabetização Científica no diálogo entre a Educação Formal e Não Formal na Educação do Campo. ...........................................19

3.1 Diálogos entre territórios e espaços na relação entre Educação Formal e Não Formal na Educação do Campo. ............................................................22

4. Processos Dialógicos na Educação do Campo. ...........................................27

4.1 Educação como prática da existência humana: e a Proposta Pedagógica nas Escola do campo ........................................................................................28

5. A Escola de Campo e Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira .........35

5.1 Algumas Práticas Educativas e Projetos na Escola do Campo ..................39

6. A construção do Processo formativo Escola-Comunidade na Escola do Campo Margarete Cruz Pereira. ......................................................................49

6.1 Levantamento das informações. ......................................................................50

6.2 Diálogo com os Educadores da Escola do Campo. .....................................53

7. O Processo formativo na Educação do Campo: construindo Diálogos de Alfabetização científica e Saberes Populares. ................................................59

7.1 Descrição e Sugestões para realização do Processo formativo na Educa-ção do Campo ....................................................................................................61

8. Potencialidades dos Espaços Educativos no território rural para a integra-ção entre Educação Formal e Não Formal ...................................................81

Referências ..........................................................................................................95

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1. Apresentação

A Educação do Campo representa um espaço de possibilida-des que tem como princípio a garantia de direitos aos diver-sos sujeitos campesinos, homens, mulheres, crianças, jovens, idosos, negros, brancos, e indígenas, que possuem suas histó-rias, memórias, vivências e uma cultura própria, sendo fruto de diversas lutas sociais no intuito da busca por uma educa-ção básica de qualidade manifestada na Escola do Campo. Assim, tomando como base essa premissa compreendemos a relevância de proporcionar aos educadores e educadoras do campo e da cidade subsídios no que concerne a compreensão sobre a importância do trabalho nas escolas do campo.

Este material faz parte do trabalho de dissertação de mes-trado pelo Programa de Educação em Ciência e Matemática (Educimat) pelo Instituto Federal do Espírito Santo (IFES) intitulado “Educação do Campo em Cariacica: Diálogos Es-cola/Comunidade e Alfabetização Científica na Escola do Campo Margarete Cruz Pereira – Entre histórias, memórias e fazeres” desenvolvido no ano de 2017, tendo como obje-tivo relatar a experiência por nós realizada. Acreditamos que este material colabora no processo de formação dos educa-dores do campo, possibilitando assim a promoção de espaços tempos que visem o compartilhamento dos saberes entre os diferentes sujeitos do campo.

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Primeiramente devemos compreender o que representa falar

em Educação do Campo

A concepção da Educação do Campo, enquanto garantia de direitos dos povos campesinos, é relativamente recente no Brasil, se consolidando a partir da constituição de 1988, e fundamentalmente com a implementação da Lei de Dire-trizes e Bases da Educação Nacional Lei 9394 de dezembro de 1996 (LDB), que abre espaço para o reconhecimento dos sujeitos, homens e mulheres, crianças e jovens e adultos, qui-lombolas, indígenas e outros, historicamente invisibilizados ao longo de séculos da nossa história. De acordo com De-creto Nº 7.352/2010 que dispõe sobre a política de educação do campo e no Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária – PRONERA, que no seu Art. 1o, § 1o, em seu inciso I conceitua como populações do campo como:

[...] os agricultores familiares, os extrativistas, os pescadores ar-tesanais, os ribeirinhos, os assentados e acampados da reforma agrária, os trabalhadores assalariados rurais, os quilombolas, os caiçaras, os povos da floresta, os caboclos e outros que produzam suas condições materiais de existência a partir do trabalho no meio rural (BRASIL, p. 1. 2010).

Assim tomando por base esse movimento da pesquisa, ire-mos apresentar sucintamente o processo realizado identifi-cando as etapas e ações trabalhadas durante o processo for-mativo, seguindo a concepção dialógica freiriana, apontando assim sugestões que possam colaborar em possíveis os pro-cessos formativos e ações na relação escola e comunidade na Educação do Campo.

Destacamos também a possibilidade do diálogo ente os sa-beres populares e científicos na relação escola e comunidade no território do campo, e a potencialidade dos espaços não formais do território rural de Cariacica, apresentando algu-mas sugestões de atividades e abordagens pedagógicas nos espaços visitados, a partir da perspectiva da alfabetização científica na concepção defendida por Chassot (2003). Além disso, também faremos uma breve abordagem sobre o traba-lho desenvolvido pela ECEC, apontando as ações e projetos que a escola vem desenvolvendo nesse diálogo da escola e da comunidade na Educação do Campo.

2. Educação do Campo: de que Campo nós falamos?

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os povos do campo, considerando sua realidade, suas vivên-cias e as lutas históricas dos povos tradicionais do campo. De forma que manifestou-se principalmente no campo acadêmi-co, que de acordo com Jesus e Foerste (2004) esse processo representou um marco da construção de uma educação bási-ca do campo, promovendo vários questionamentos sobre o lugar dessa discussão na universidade, sendo que as diversas instituições participantes desse movimento se compromete-ram no processo de mobilização social dando origem a um série de publicações tendo como objetivo impulsionar a re-flexão sobre essa questão, motivando mobilizações das bases permitindo o intercâmbio de experiências.

Esses autores enfatizam ainda, que essa primeira conferência contribuiu para evidenciar a relevância de um olhar para o campo como um lugar vivo, e a percepção de um movimento social e cultural, demonstrando assim, que o campo apresen-ta propostas de educação, forçando o poder público a tomar ações que possibilitasse de fato enxergar o campo a partir de suas particularidades, reconhecendo os sujeitos do campo em suas especificidades, valores culturais, a partir de uma dinâ-mica própria de vida, que deve ser respeitada na efetivação das políticas educacionais.

Dentro desse contexto de lutas, surgem uma série de inicia-tivas por parte do poder público que fazem efetivar os prin-cípios democráticos já existentes presente na constituição federal vigente, e na LDB, Lei 9394/96 em especial no seu artigo 28. Nesse sentido um dos marcos do reconhecimento dos sujeitos do campo que nos permite trilhar o caminho da valorização da identidade dos povos do campo, foi o Pare-

Desde o período colonial o processo de expropriação da terra e dos trabalhadores rurais, ditou a ordem da organiza-ção social, política e econômica, que se perpetuou ao longo da história do Brasil. A centralização do poder nas mãos dos grandes proprietários de terra contribuiu para pro-mover a negação de direitos sociais e trabalhistas de toda ordem, tanto no campo quanto na cidade. É esse modelo excludente, materializado na concepção de educação volta-da para os interesses das elites, levou a exclusão a qualquer tipo de participação efetiva das classes populares até início do século XX (SILVA, 2004).

Diante desse contexto e, a partir das lutas e reivindicações dos diversos movimentos populares, formados por traba-lhadores rurais, que clamava pela garantia de direitos pre-conizados pela nova constituição de 1988, foi realizado em julho de 1998, I Conferência Nacional: Por uma Educação Básicas no Campo, tendo como percursores os movimen-tos sociais, como: o Movimento Sem Terra, juntamente com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Universidade de Brasília (UNB), Fundo das Nações Uni-das para a Infância (UNICEF) e Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Esse movimento tornou-se um “[...] divisor de águas nas lutas dos trabalhadores do campo por uma educação do campo no período posterior à abertura política. [..]” (MERLER; FOERSTE; SCHÜTZ-FOERSTE, 2013, p. 15).

Esse movimento é considerado como um marco importan-te no surgimento de uma nova concepção de educação do campo, primando pela garantia do direito à educação para

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cer da câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação de nº 36/2001, que estabelece as Diretrizes Opera-cionais à Educação Básica nas escolas do campo. De acordo com Fernandes (2004) a aprovação desse documento inaugu-ra um avanço na construção de um Brasil rural.

A partir dessas considerações tomando como base os marcos legais já expostos, é preciso buscarmos responder algumas perguntas que norteiam o trabalho dos educadores que traba-lham ou dialogam com a Educação do Campo, no que tange a importância da memória e das vivências dos sujeitos do campo na constituição de práticas educativas que valorizem suas identidades e sua pluralidade cultural. Assim, entre as perguntas centrais que devemos buscar dialogarmos é que conceito de campo estamos nos referindo? Quem são os su-jeitos do campo? Que escola do campo que defendemos? Qual o olhar dos educadores e educadoras do campo sobre esses sujeitos? E, como isso se reflete em suas práticas? De que forma essas memórias aparecem nas práticas educativas das escolas do campo? Dessa forma tomando por base a vasta literatura existente, tanto no campo acadêmico, quanto institucional, através de dispositivos e orientações legais que surgem em função desses movimentos de lutas, traremos al-guns poucos apontamentos iniciais que contribuem para ini-ciarmos o nosso dialogo nesse trabalho.

Em relação a concepção de Educação do Campo, e ao con-ceito de campo, Merler, Foerste e Shutz-Foerste (2013) des-tacam que nas discussões relativas a educação do campo é preciso considerar a diversidade pujante nesse debate, a partir de uma série questões que devem estar presentes nas discus-

sões relativas a esta questão e nas propostas pedagógicas da educação do campo. Assim tomando como base os autores citados Costalonga, Schutz-Foerste e Trarbach (2014), cabe pontuarmos alguns princípios e conceitos que direcionam a Educação do Campo que norteiam a proposta deste trabalho:

Educação do Campo:

Compreende-se o campo como espaço de produção integrado à sociedade nos seus modos de produzir bens de consumo materiais e culturais, não se constituindo como ente geográfico ou cultural isolado do contexto nacional e internacional;

A palavra campo não é utilizada em oposição à ideia de urbano, devendo ser tomada com sentido peculiar e diverso, não como sinônimo de atraso;

Educação do campo como uma pedagogia alternativa e diferenciada, que leve em consideração especificidades das demandas de formação dos trabalhadores do campo, partindo da noção de diversidade e pluralidade.

Merler, Foerste e Shutz-Foerste (2013, p. 26)

Sujeitos do Campo:

Os sujeitos do campo são pessoas que lutam por justiça social no campo e nas cidades, compromisso ético que brota do cultivo sustentável da terra na prática da agricultura familiar. Os sujeitos campesinos educam-se na relação com a terra e com outros sujeitos que produzem suas existências a partir do cultivo da terra; aprendem a ser sujeitos históricos na relação das pessoas entre si, delas com a terra e na construção coletiva do projeto pedagógico da educação do campo, que não fragmenta formação inicial e continuada.

Costalonga, Schutz-Foerste e Trarbach (2014, p. 31)

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Assim a partir desses preceitos presentes na educação do campo, reconhecemos a importância de processos formati-vos que garantam o diálogo direto com a comunidade escolar e local, envolvendo diferentes sujeitos, dotados de saberes que fazem parte do contexto campesino, sendo esta uma das características singulares da educação do campo, manifestada na relação escola comunidade. Dessa forma defendemos que os processos formativos no contexto da educação do campo que devem primar pelo envolvimento ativo dos sujeitos do campo, em sua diversidade, tornando-os não meros coad-juvantes nesse processo, mas atores que contribuem com a construção coletiva da concepção curricular das escolas do campo, numa perspectiva dialógica.

Após esse breve diálogo sobre a importância de compreen-dermos a educação do campo em suas singularidades, tendo como horizonte a valorização da diversidade e do direito a uma educação de qualidade para os sujeitos do campo, se faz necessário buscarmos dialogar sobre alguns elementos que consideramos relevante neste processo, envolvendo concei-tos como memórias e histórias, saberes populares, alfabeti-zação científica e as relações entre a educação formal e não formal na educação do campo.

Agricultura familiar, agroecologia e sustentabilidade:

Os saberes construídos historicamente pelos povos tradicionais do campo contrapõem-se ao agronegócio e latifúndio. Nessa perspectiva, projetos agroecológicos da agricultura familiar desenvolvidos na luta diária dos camponeses para cultivar a terra, diferem-se na base conceitual e filosófica da perspectiva de desenvolvimento legitimado por padrões predatórios da racionalidade técnica. A agricultura familiar fundamenta-se na organização produtiva do campo, a partir de práticas sustentáveis, com valorização de povos tradicionais, de seus territórios e saberes, o que fundamenta a economia solidária (cooperativismo e associativismo).

Costalonga, Schutz-Foerste e Trarbach (2014, p. 31)e Merler, Foerste e Shutz-Foerste (2013, p. 26)

Culturas identidades e Interculturalidade:

A agroecologia mobiliza os povos tradicionais do campo para o resgate de suas culturas e identidades e memórias. A linguagem dos campesinos é a prática social articuladora das identidades dos sujeitos que vivem no campo.

A interculturalidade representa assumir que grupos , pessoas identidades interatuam, se influenciam, ainda que de maneira desigual por motivos econômicos, políticos, sociais de classe, idade, religioso etc.

Representa processos que tenham como base o reconhecimento e a luta contra todas as formas de discriminação e desigualdade social, perspectivando relações dialógicas e igualitárias entre pessoas e grupos que pertencem a universos culturais diferentes.

Costalonga, Schutz-Foerste e Trarbach (2014, p. 31)e Merler, Foerste e Shutz-Foerste (2013, p. 26)

Os elementos que permeiam nossa

proposta?

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meio da interação com o indivíduo-grupo, ela se acresce se unifica, diferencia e corrige (HALBWACHS, 2004). A partir dessa relação, é possível trabalhar com nossos alunos a visualização das conexões entre as histórias individuais e coletivas, destacando os aspectos importantes desses entrelaçamentos (OLIVEIRA, ET AL., 2012, p. 80).

Diante do exposto compartilhamos da afirmação de Oliveira (2012), considerando a importância do trabalho com a me-mória coletiva, em se tratando tanto no trabalho com os alu-nos, quanto no processo formativo de professores, funcio-nários, pais e comunidade local nas escolas do campo, sendo este último um dos focos dessa pesquisa.

Acreditamos que, em se tratando da educação do campo, é preciso fortalecer a memória coletiva dos sujeitos do campo, resgatando suas tradições, saberes e fazeres. Nesse sentido, que enfatizamos a importância do uso da História Oral nas práticas pedagógicas desenvolvidas nas escolas do campo, sobretudo ao dialogarmos com os diferentes sujeitos do ter-ritório rural, possibilitando assim trabalhar a importância das memórias, saberes e fazeres dos sujeitos do campo. Desta forma precisamos compreender como esses saberes e fazeres se relacionam, possibilitando assim o diálogo entre o saber popular e o conhecimento científico na perspectiva da alfabe-tização científica, conforme pontuamos a seguir.

Memórias, histórias e Educação do Campo.

Ao trilharmos os caminhos da educação do campo, devemos reconhecer sua singularidade e a diversidade inerente ao uni-verso do campo, manifestadas nas culturas, nas memórias e histórias das populações campesinas, como elementos funda-mentais que permeiam as relações presentes na educação do campo. Nesse sentido, consideramos relevante defendermos a valorização da memória, histórias, e dos saberes presentes na educação do Campo, conforme nos aponta Arroyo (2009) ao nos provocar indagando-nos como a escola deve abordar a memória coletiva dos homens e mulheres do campo, seus saberes e sua cultura.

[...] Como a escola vai trabalhar a memória, explorar a memória coletiva, recuperar o que há de mais identitário na memória co-letiva? Como a escola vai trabalhar a identidade do homem e da mulher do campo? Ela vai reproduzir os estereótipos da cidade sobre a mulher e o homem rurais? É esta a visão? Ou a escola vai recuperar uma visão positiva, digna, realista, dar outra imagem do campo (p. 81).

Diante destas indagações pontuamos a importância do tra-balho com as memórias no resgate da identidade e da cultura do campo, trazendo à tona elementos, sentimentos, lutas e vivências dos diferentes sujeitos do campo, presentes na me-mória coletiva das populações campesinas.

Nesse sentido concordamos com Oliveira et al (2012) ao citar Halbwachs, que destaca que:

[...] A memória coletiva se desenvolve a partir de laços inscritos no interior de um grupo: escolar, familiar ou profissional e por

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3. Saberes, Fazeres e Alfabetização Científica no diálogo entre a Educação Formal e Não Formal na Educação do Campo.

3. Saberes, Fazeres e Alfabetização Científica no diálogo entre a Educação Formal e Não Formal na Educação do Campo.

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Ao tratarmos da educação do campo, não podemos nos es-quecer que os diferentes sujeitos do campo, possuem caracte-rísticas próprias, singulares, que se apresentam nas diferentes formas de viver e trabalhar, a partir de suas raízes culturais, presentes nas relações que estabelecem com o tempo, com o espaço, com o meio ambiente, na sua forma de se orga-nizar no ambiente da família, da comunidade, do trabalho e da educação. (KOLLING, 2002). Assim esses povos vêm produzindo sua existência e se constituindo como seres hu-manos, produzindo conhecimentos oriundos do saber po-pular e fazeres práticos que representam suas formas de se relacionar com o mundo e com a natureza por trabalho de conhecimentos técnicos e da construção e preservação de sua cultura.

Esses conhecimentos estão intrinsecamente relacionados a forma como esses sujeitos se relacionam e leem o mundo, to-mando como base o pensamento freiriano. Nessa perspectiva defendemos que se faz necessário proporcionar aos diferen-tes sujeitos espaços e tempo que possibilitem reconhecer e se relacionar com a natureza, por meio da ciência, na perspecti-va defendia por Chassot (2003, 2014, 2011), a partir da leitura da natureza. De acordo com esse autor “A ciência pode ser considerada uma linguagem construída por homens e mulhe-res para explicar o nosso mundo natural” (CHASSOT, 2014, p. 30). Por tanto, é a partir da apropriação dessa linguagem, que possibilita que os diferentes sujeitos busquem superar o modelo de conhecimento hermético hegemônico difundi-do pelo mundo ocidental, garantindo assim uma nova visão que possibilita romper com a concepção utilitarista de natu-

reza, preconizada Bacon (xx), que conforme nos diz Lobi-no (2012), tal concepção leva a separação da relação homem e natureza, levando ao distanciamento da compreensão do conceito de ambiente, que se materializa na educação esco-lar reproduzidos os currículos das disciplinas, sobretudo no ensino de ciências e no processo de formação dos professo-res. Essa concepção de afastamento/distanciamento leva a compreensão da ciência como algo distante da realidade das pessoas comuns, desvalorizando os conhecimentos os sabe-res e fazeres e da cultura não hegemônica. Dessa forma é preciso compreender que a alfabetização científica possibilita a garantia do conhecimento de forma totalitária e não frag-mentada às crianças e jovens.

Nesse sentido, Santos (2007) enfatiza que é preciso superar a chamada sociologia das ausências, expressa na chamada mo-nocultura do saber e do rigor, que segundo ele,

[...] reduz de imediato, contrai o presente, porque elimina muita realidade que fica de fora das concepções científicas da socieda-de, porque há práticas sociais que são baseadas em conhecimentos populares, conhecimentos indígenas, conhecimentos camponeses, conhecimentos urbanos, mas que não são avaliados como impor-tantes ou rigorosos. E, como tal, todas as práticas sociais que se organizam segundo esse tipo de conhecimentos não são críveis, não existem, não são visíveis (SANTOS, 2007, p. 29).

Essa concepção expressa na monocultura do saber e do ri-gor, se materializa no saber escolar, sendo este fruto do para-digma dominante das ciências. Sendo que muitas das vezes, o conhecimento relativos a ciência é atribuído ao domínio dos cientistas, de tal forma que leva um distanciamento de crian-

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ças e jovens do saber científico no espaço da escola, confor-me Santos (2007).

Para tanto, ao aduzirmos a concepção de alfabetização cien-tífica nos diferentes espaços e tempos existentes na educação do campo, defendemos o dialogo intrínseco entre os saberes formais e não formais nos diferentes processos de aprendi-zagens produzidos na escola do campo por meio do diálogo entre comunidade escolar e local, nos diferentes territórios do campo, e em especial no processo formativo construído durante a realização dessa pesquisa.

Diálogos entre territórios e espaços na relação en-tre Educação Formal e Não Formal na Educação do Campo.

Cabe aqui pontuarmos que ao tratarmos da Educação do Campo, compreendemos que as relações produzidas nas di-ferentes formas de manifestações dos saberes dos sujeitos campesinos, bem como o próprio território rural, não se apresentam de forma dicotômica, fragmentada, pois reco-nhecemos que a Educação do Campo por si só é produto direto das múltiplas e complexas experiências, vivências e memórias, histórias de seus sujeitos intrinsecamente ligadas em suas relações com a terra. Entretanto, cabe aqui defen-dermos que embora essas manifestações coexistem, é preciso compreendermos que a escola em seu modelo formal mani-festada no modelo escolanovista difundido entre o final do século XIX e início do Século XX, por sí só não dá conta de explorar a complexidade presente nos processos educativos formais e não formais e informais.

De acordo com Maria da Glória Gohn as diferentes formas e manifestações dos processos educativos se definem antes de tudo em relação a sua finalidade ou objetivos específicos a que se propõem, definindo assim a distinção entre essas concepções subdividindo-as em:

EDUCAÇÃO FORMALOcorre no espaço escolar, baseada em regras e padrões estabelecidos com conteúdo demarcados, tendo como objetivo o processo de ensino aprendizado amparado em diretrizes e normatizações,

EDUCAÇÃO INFORMALIncorpora valores e culturas próprias, de pertencimento, não possuindo objetivos e finalidades específicas, sendo esta realizada nas relações familiares ou em outros contextos.

EDUCAÇÃO NÃO FORMALÉ aquela que se aprende “no mundo da vida” via processos de compartilhamento de experiências principalmente em espaços e ações coletivos cotidianas.

Fonte: Gohn (2006, p. 28).

Assim tomando como base os processos educativos não for-mais ocorridos nas relações cotidianas, sendo desenvolvidos, sobretudo em processos coletivos, buscamos neste produto nos apoiar no conceito defendido por Gohn (2010, p.33), que reconhece que a educação não formal é,

[...] um processo sociopolítico, cultural e pedagógico de formação para a cidadania, entendendo político como a formação do indi-víduo para interagir com o outro em sociedade. Ela designa um conjunto de práticas socioculturais de aprendizagem e produção de saberes, que envolve organizações/instituições, atividades, meios e formas variadas, assim como uma multiplicidade de programas e projetos sociais (GOHN, 2010. p. 33).

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Assim diante do exposto, é preciso nos indagarmos:

Em que contexto a Educação do Campo e as escolas do campo se inserem nesse conceito de Educação não formal, de que forma a relação entre o formal e o não

formal se manifesta nos diferentes espaços educativos na Educação do Campo ?

Ghon (2011) destaca que um dos pressupostos essenciais da educação não formal é a aprendizagem que se dá por meio da prática social, tendo a experiência das pessoas em trabalhos coletivos como forma central na geração de aprendizagem. Dessa forma a autora entende que,

[...] A produção de conhecimentos ocorre pela absorção de conte-údos previamente e sistematizados, objetivando ser apreendidos, mas o conhecimento é gerado por meio de vivências de certas situ-ações-problema. As ações interativas entre os indivíduos são fun-damentais para aquisição de novos saberes, e essas ações ocorrem fundamentalmente no plano da comunicação verbal, oral, carrega-da de todo um conjunto de representações e tradições culturais que as expressões orais contém. (p. 111).

Nesse sentido, a Educação do campo se insere nesse con-texto, pois ela é resultado das múltiplas interações entre os diversos atores, sendo fruto das relações de vivências, expe-riências e saberes de homens e mulheres, que por meio da tradição transmitem seus conhecimentos para a comunidade. Compreendermos que essas relações se manifestam no ter-ritório vivido, sendo este reconhecido como o lugar que se manifesta todas as ações objetivas e subjetivas que produzem as relações humanas.

Page 15: DIÁLOGOS E PRÁTICAS

Desta forma se faz necessário compreender qual a concepção de

educação que defendemos tomando como base a perspectiva dialógica

defendida pelo pensamento freiriano reconhecendo a educação

enquanto prática de existência humana.

4. Processos Dialógicos na Educação do Campo.

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Educação como prática da existência humana: e a Proposta Pedagógica na Escola do campo

Ao tomarmos como base a perspectiva do diálogo como ele-mento fundante do trabalho da educação do campo, apoia-dos no pensamento de Paulo Freire, se faz necessário buscar-mos compreender a importância da práxi educativa na qual se materializa na Proposta Pedagógica, ou Projeto Político Pedagógico da escola do campo. Nesse contexto é preciso compreendermos o que os marcos legais nos indicam sobre a construção política e filosófica que permeiam a proposta pedagógica nas escolas.

Com a Constituição de 1988, abre-se o caminho para o envol-vimento da sociedade como um todo na construção de um projeto democrático no Brasil, conclamando a participação da sociedade civil na construção das políticas públicas no ce-nário nacional, tendo como marco as políticas educacionais a partir dos princípios da gestão democrática materializados nos artigos 205 e 206 da Constituição Federal, tendo como destaque seu inciso VI, no que tange a gestão democrática no ensino público, na forma da lei. Tal prerrogativa legal abre caminho para uma maior participação da sociedade, na ela-boração da Proposta Pedagógica das escolas, descritas nos artigos 14 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), que conforme citado anteriormente, defende que a gestão democrática do ensino público na educação básica tem como princípios: a) I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola e b) II – participação das comunidades escolar e local em conse-lhos escolares ou equivalentes.

Esses princípios legais difundidos na legislação nacional, são fundamentais ao pensarmos numa educação que tem como base a perspectiva dialógica, envolvendo a participação da co-munidade escolar e local na construção da proposta pedagó-gica da escola, e em nosso caso as escolas do campo, dando base para o reconhecimento da pluralidade presente no cam-po, a partir de seus diferentes sujeitos de forma a valorizar suas identidades, suas histórias e memórias, e suas lutas pela garantia de direitos.

Esses princípios são fundamentais na concepção do Projeto Político Pedagógico da Escola, entendo como um processo continuo de reflexão e discussão da realidade escolar, devendo este, ser voltado para a busca de soluções viáveis e exequí-veis ao contexto escolar, construídas coletivamente a partir de ações e vivências democráticas, envolvendo toda a comunida-de escolar no exercício efetivo da cidadania (VEIGA, 2002).

Dessa forma, o processo de construção do Projeto Político Pedagógico, bem como a organização do trabalho da escola de forma geral, deve ser norteado por princípios direciona-dores que fundamentam sua construção e sua própria con-cepção, que de acordo com Veiga (2002), podemos identifi-car: em primeiro lugar o princípio da igualdade de condições de acesso e permanência dos sujeitos, o princípio da Gestão Democrática, conforme postulado na Constituição nacional, e o princípio da liberdade garantindo a autonomia como ele-mento central no processo da construção da Projeto Político Pedagógico, de forma que essa perspectiva deve ser tomada como ponto de partida, conforme aponta o documento das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica,

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Nesse contexto reafirmamos a importância da construção coletiva da proposta pedagógica das escolas, de modo que, de acordo com o documento que rege as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica o Projeto político-pedagógi-co deve ser apropriado por todos os sujeitos da comunidade educativa, por meio de um processo participativo, de maneira compartilhada entre todos os integrantes da comunidade es-colar, tendo como princípio a gestão democrática.

Nesse sentido, essa relação é por sua natureza dialógica, pro-duto de negociações, debates/conflitos e parcerias entre os diferentes atores do processo educativo, gestores, professo-res, funcionários, representação estudantil, representação da família e da comunidade local. Esse princípio leva a com-preensão de que o projeto político-pedagógico é um impor-tante instrumento que dá suporte para a avaliação das ações educativas previstas e pensadas para a realidade da escola transcendendo o planejamento da gestão, pois é o registro das decisões coletivas que envolvem a comunidade escolar (BRASIL, 2013).

Assim a Proposta Pedagógica na Educação do Campo deve levar em conta a concepção de campo, que garanta a parti-cipação ativa da comunidade por meio de processos de au-to-organização dos educandos, educadores e comunidade, entrelaçando a vida escolar com o trabalho, com a terra, com a cultura local e a histórias dos movimentos sociais dos mo-vimentos comunitários e associativos existentes no território. Dessa forma compreendemos que no Projeto político-peda-gógico da escola do campo se faz necessário romper com o modelo de educação e de sociedade vigentes. De acordo

com Souza et al (2008) a Educação do Campo deve pensar a sua Proposta Pedagógica para além dos muros escolares, rompendo o modelo e os paradigmas da educação bancária.

Vale aqui ressaltar que o envolvimento da comunidade na educação do campo é primordial para a construção de uma educação de qualidade que contribua para dirimir a desigual-dade histórica em que os povos campesinos foram submeti-dos tendo seus direitos a educação negados, ou muitas vezes subjugados a um modelo exógeno, retratado na educação urbana.

Diante dessas considerações apresentadas, vale salientar que a presente proposta tem entre seus objetivos promover o envolvimento dos diversos segmentos que fazem parte da comunidade escolar e local da Escola do Campo Margarete Cruz Pereira, de forma a fomentar alguns apontamentos co-laborando para a reorganização da Proposta Pedagógica da Escola do Campo que está em andamento.

Assim diante do exposto reportamo-nos a Severino (2001) ao enfatizar que a educação deve ser entendida como parte do processo de existência histórica humana assumindo um pro-cesso “[...] intrinsecamente social, marcada por características das práticas desenvolvidas pela espécie em sociedades his-tóricas” (p. 68). Portanto, compreendemos que a educação parte das relações práticas humanas, possibilitando a forma-ção e instrumentalização das classes trabalhadora por meio do processo de conscientização de classe, dando base para a efetivação da luta de classe a partir da práxis. (SEVERINO, 2001). Deste modo advogamos a importância de reconhecer

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a prática educativa como práxis, na sua relação direta entre ação, reflexão e ação. Assim ao reconhecermos a educação como práxis, aludimos ao pensamento freiriano, tendo como elemento central da ação educativa o diálogo. Nesse sentido, nos reportamos a perspectiva dialógica defendida por Freire (1987) em sua obra “Pedagogia do Oprimido”, para demons-trar a importância do diálogo na concepção da Educação do Campo, tendo como base de acordo com Freire (1987, p. 77) a “[...] dialogicidade como essência da educação como prática da liberdade”. Para Paulo Freire a própria existência humana, não pode ser por meio do silêncio, nem pela “falsa palavra”, mas sim por meio das palavras verdadeiras, pelas quais os homens transformam o mundo. Segundo Freire (1987, p. 78) existir humanamente é ‘[...] pronunciar o mundo é modifica--lo”. Dessa forma Freire afirma que é por meio das palavras que os homens se fazem, por meio do trabalho, na ação-re-flexão, ou seja, por meio da práxis efetiva.

Tal perspectiva dialógica defendia por Freire (2000), deve ser compreendida no ato em que os sujeitos devem estar dispos-tos a se abrirem para o mundo, numa relação dialógica num processo constante de confirmação da inquietude e curiosi-dade, como elemento central do reconhecimento da inclusão dos seres humanos no movimento permanente da história.

Mediante essa concepção transformadora presente na rela-ção dialógica defendida por Paulo Freire, urge defendermos assim como Caldart (2009) que a Educação do Campo se faz por meio do diálogo entre os seus diferentes sujeitos, con-forme já explicitado anteriormente, sendo representada por diversos grupos, formados por,

[...] pequenos agricultores, quilombolas, povos indígenas, pesca-dores, camponeses, assentados, reassentados, ribeirinhos, povos da floresta, caipiras, lavradores, roceiros, sem-terra, agregados, caboclos, meeiros, assalariados rurais e outros grupos[...] (CAL-DART, 2009, 153).

De acordo com Silva (2010) pensar a educação desses sujei-tos campesinos no sentido da emancipação humana é com-preender que esses sujeitos possuem uma história, pertencem a diferentes grupos de lutas sociais, que lutam por diferentes formas e concepções de direitos tais como:

[...] direito à terra, à floresta, à agua, à soberania alimentar, ao meio ambiente, aos conhecimentos potencializadores de novas matrizes tecnológicas, da produção a partir de estratégias solidá-rias, vão recriando suas pertenças, reconstruindo sua identidade na relação com a natureza, o trabalho e a cultura” [..] Portanto são desafiados a promover a construção de outras formas de rela-ções econômicas, políticas, institucionais, interpessoais, cognitivas, a emancipação do sujeito humano e a realização projetos pessoais e coletivos (SILVA, 2010, p. 85-86).

Nesse sentido é imprescindível buscar compreender a im-portância da construção coletiva de um projeto educativo na educação do campo, dando base para efetivação da proposta pedagógica da Escola do Campo tendo como elemento cen-tral o processo dialógico entre os diferentes sujeitos campesi-nos na relação escola e comunidade.

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Antes de iniciarmos a descrição do processo

formativo é preciso conhecermos um pouco a

escola do campo e as ações que são realizadas na

escola

5. A Escola de Campo e Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira

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Escola do Campo e Estação de Ciências Margarete Cruz Pe-reira, localizada no município de Cariacica-ES, na comuni-dade de Alto Roda D’Água, Sítio Giriquitua, na região da Grande Roda D’água, região rural do município. A escola pertence ao Sistema Municipal de Ensino Público., A pro-priedade possui 503.430, 24 m² de área territorial e perímetro de 2.991, 95 m. A escola está situada entre a Reserva Bioló-gica Duas Bocas e o Monte Mochuara a uma altitude apro-ximada de 500 m. Da área total da escola aproximadamente 300.000 m² de mata preservada que compõe a reserva legal da propriedade.

A região onde está localizada a escola, possui relevo acidenta-do, sendo grande parte da região coberta por floresta (BIO-MA Mata Atlântica de altitude). Destaca-se sua proximidade ao centro urbano, sendo ligados por dois trajetos que dão acesso à escola, uma por Roda D’Água e a outra pelo Vale do Mochuara próximo a região de Cariacica Sede, sendo que ambos possuem parte do percurso ainda sem pavimentação asfáltica ou calçamento. Cabe ressaltar que a geografia aci-dentada da região onde a escola está situada, demonstra as di-ficuldades vivenciadas pelos alunos e professores em chegar ao local da escola, sobretudo no período de chuvas.

Na propriedade onde está situada a escola, há espaços que são utilizados para cultivo de café e frutíferas como banana, jaca, jambo, limão, araçá, goiaba e jabuticaba, possui também áreas de pastagem. Conserva também, dois reservatórios de água (dois lagos, um pequeno e um grande localizado próxi-mo à entrada principal do prédio da escola) e uma nascente. Sua estrutura física é composta de um mirante, um observa-

tório, um prédio principal com dois pavimentos, piscina (que se encontra desativada) e espaço para laboratório de informá-tica servindo (atualmente) também de biblioteca possuindo um banheiro, no andar superior encontra-se o espaço da co-zinha, um refeitório, três cômodos utilizados como deposi-to/despensa e dois banheiros. O espaço dispõe de uma qua-dra de esportes sem cobertura e uma edificação como prédio principal (no andar superior) onde funciona 03 salas de aula, banheiros masculinos e femininos, secretaria, sala de profes-sores, direção. No pavimento inferior contém um pátio, além de um anexo onde funciona 01sala de aula e almoxarifado. Na parte externa entre os dois lagos existe uma edificação que funciona como depósito de materiais inservíveis.

É importante ressaltar a relevância da Estação de Ciências, que está localizada no mesmo espaço da Escola do Campo, sendo este um relevante espaço de aprendizado de educação não formal do município, que conforme pesquisa já citada de Teixeira (2015) que destaca as contribuições deste espaço para a educação científica no munícipio de Cariacica,

[...] dinamizando os ambientes educacionais, por meio do conhe-cimento científico que pode ser trabalho nesse espaço articulado às escolas oportunizando aos alunos a aquisição de conhecimento científico, entendo com que estes conhecimentos influenciam em suas realidades [...] (TEIXEIRA, 2015, p. 154).

A Estação de Ciências possui um dos mais modernos obser-vatórios do Estado. Além disso, ela está localizada na área de amortecimento da Reserva Biológica de Duas Bocas, re-cebendo ambientalistas, alunos, professores e pesquisadores para realização de pesquisas científicas e aulas de campo. Ou-

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tro aspecto significativo é o trabalho integrado da escola e Estação de Ciências onde os alunos da escola participam de diversas atividades pedagógicas como trilhas, observações, aulas de astronomia. Destaca-se também que a escola desen-volve algumas atividades e práticas pedagógicas dialogando com a Reserva Biológica de Duas Bocas.

A Escola do Campo e Estação de Ciências tem seu funcio-namento no horário das 8h ás 16h, sendo a única escola do município que funciona em tempo integral atendendo o se-gundo seguimento do ensino fundamental.

No ano de 2017, iniciou a reorganização da proposta peda-gógica da escola, sendo este um dos objetivos de intervenção desse estudo que será apontada no capitulo 7.

É de grande relevância também para esta pesquisa enfatizar o trabalho realizado pelos educadores (as) da Escola de Campo e Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira, sendo palco de inúmeros projetos e ações educativas, que foram desenvolvi-das com alunos e comunidade da região do entorno. Essas ações demonstram as experiências e práticas produzidas pelos educadores, a partir do efetivo trabalho envolvendo os alunos e professores(as). Ressaltamos que este aspecto observado pelo pesquisador também representa uma das motivações que levam a necessidade de dar visibilidade a essas ações.

Algumas Práticas Educativas e Projetos na Escola do Campo

Conforme já mencionamos anteriormente no ano de 2017, a Escola do Campo Margarete Cruz Pereira, passa por um processo de reorganização curricular, sendo realizado parale-lamente ao trabalho desta pesquisa o processo de atualização do Projeto Político Pedagógico contemplando assim, o ob-jeto de investigação desta pesquisa. Dessa forma cabe aqui apontar que o pesquisador realizou diversos momentos de visita de observação, e interlocução com os profissionais da

Ressalta-se de acordo com a Proposta Pedagógica da escola, que seu funcionamento nessa localidade é de grande relevân-cia para o município, tendo em vista que Cariacica estando inserida na região metropolitana, possuindo uma popula-ção predominantemente urbana, embora sua área territorial abranja mais de 50% de seu território, formado pela área rural, conforme já mencionamos anteriormente. Esses da-dos demonstram ainda as contradições e traços marcantes de uma cidade desenvolvida a partir do contexto rural, fato este crucial para o desenvolvimento desta pesquisa, de forma a compreendermos as contradições existentes no território e seus reflexos presentes na Escola do Campo Margarete Cruz Pereira, estando a mesma ligada ao campo e a cidade.

Para saber mais sobre a estação de ciências indica-mos o trabalho realizado na pesquisa de mestrado de TEXEIRA, Cristiane Ramos, 2015

Link de Acesso: http://educimat.ifes.edu.br/index.php/produtoseducacionais?showall=&start+

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Escola de Campo, registrando assim algumas ações e proje-tos que vem sendo desenvolvido pela escola no ano de 2017. Assim iremos pontuar algumas ações e projetos que a mesma vem realizando, tomando como base o diálogo junto aos pro-fessores e a diretora da escola, e o documento em elaboração da Proposta Pedagógica da Escola, contribuindo assim para demonstrar as ações e práticas trabalhadas pela ECEC, que fundamentam a pesquisa em tela.

Primeiramente apontaremos o projeto denominado de Circui-to Gastronômico Cultural, desenvolvido de forma interdisci-plinar pelos professores de Língua Portuguesa e a Professora de Ensino Religioso da ECEC, destacamos que esta atividade também fará parte do processo formativo realizado durante o trabalho desta pesquisa, tendo em vista sua relevância no que tange aos pressupostos que embasam esse trabalho.

Circuito Gastronômico Cultural

Com base no diálogo feito com o professor de língua por-tuguesa, foi informado que o projeto tem como objetivo de-monstrar de que forma a linguagem promove o encontro dia-lógico entre aspectos da cultura local, memórias, vivências e saberes junto aos alunos e comunidade da Escola do Campo Margarete Cruz Pereira.

A metodologia desenvolvida baseia-se na realização de en-trevistas explicitando os saberes e a vivências dos sujeitos do campo, identificação das espécies vegetais e animais existen-tes no espaço da escola como potencial para o desenvolvi-mento do circuito educativo.

O circuito é dividido em estações temáticas sendo que a pri-meira aborda aspectos relacionados a sustentabilidade, a par-tir da estação da jaqueira, contemplando assim narrativas e histórias, bem como músicas e curiosidades relacionadas a espécie frutífera da jaqueira. Além disso também é realizado degustação de doces e outros produtos oriundos da jaca.

A segunda estação temática abrange a importância da banana como produto típico da cultura local, destacando sua origem etnobotânica e o resgate da memória da culinária típica da região tendo como expoente o chamado soteco, espécie de sopa, ou caldo fabricado da banana, muito utilizado na ali-mentação da população da região no passado.

A terceira estação temática contempla a árvore do açaizeiro, sendo trabalhado a lenda do açaí de origem indígena. Já a úl-tima estação representa o produto do café abordando assim aspectos relacionados a importância da produção do cafeeira,

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sua história de origem, além da produção de produtos artesa-nais presentes na culinária feitos a partir do café.

Disciplina Técnicas Agrícolas e Sustentabilidade

A disciplina faz parte da nova Organização Curricular da Es-cola do Campo, sendo obrigatória e desenvolvida em duas aulas por semana, de acordo com a organização da escola do ano de 2017, sendo trabalhada pelos professores de His-tória e Geografia e Educação Física. As aulas são realizadas por meio de atividades teórico-práticas, e visitas a diferentes espaços do território da área rural do município, em diálogo com a comunidade, e órgãos públicos que estão ligados di-retamente a questão da agricultura, tais como o INCAPER, Secretaria Municipal de Agricultura.

São abordados conceitos e práticas, relacionados a agricultu-ra familiar, agroecologia, sustentabilidade ambiental, cultivo da terra, manejo de plantações, controle de pragas, relacio-

nando a ações de práticas sustentáveis de utilização do solo, da água e dos demais recursos naturais.

Entre os principais objetivos presentes no documento da proposta da escola em construção podemos destacar:

• compreensão teórico e prática de conhecimentos relacionados a vida e trabalho no campo;

• compreender a importância da agricultura familiar para a permanência das famílias no campo;

• promover e fomentar pesquisa e desenvolvimento de práticas agrícolas sustentáveis;

• fortalecer o diálogo entre família, alunos e equipe docente sobre práticas sustentáveis da vida no campo;

despertar o interesse dos alunos para práticas sustentáveis de utilização do solo da água e demais recursos naturais, mos-trando que é possível produzir respeitando o ambiente e os reflexo das práticas sustentáveis.

Entre as principais ações realizadas podemos destacar: plan-tação de citros, horta mandala, plantação de milho, mandio-ca, produção de hortaliças e palestras sobre a importância do cultivo da banana para a cultura da região de Roda D’Água e adjacências.

Disciplina Agroecologia, Práticas Manuais e Artesanato

A disciplina é desenvolvida a partir de pressupostos teóricos e práticos, relacionados as práticas votadas para atividades de sustentabilidade e agronegócio, sendo realizadas oficinas de artesanato, produção de doces, biscoitos e pães, pintura e

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reciclagem de materiais, estabelecendo relações com práticas sustentáveis de produção e renda no campo visando viabili-zar o desenvolvimento econômico e social das comunidades rurais, estimulando a aplicação do conhecimentos por meio de metodologias e práticas experimentais.

Entre os principais objetivos apontados no documento ana-lisado destacam-se

• levar os alunos a compreensão e execução teórica e prática de atividades ligadas ao artesanato e práticas manuais, com vistas ao empreendedorismo por meio do agronegócio;

• fomentar a pesquisa e desenvolvimento de práticas sustentáveis de permanência no campo;

• compreender a importância do agronegócio para a permanência das famílias no campo com qualidade de vida;

• tornar a escola um veículo de diálogo entre família, alunos e equipe docente sobre práticas sustentáveis

da vida no campo, considerando os saberes populares e as potencialidades da comunidade;

• despertar o interesse dos alunos para práticas sustentáveis de geração de renda no campo, mostrando que é possível produzir respeitando o ambiente e analisar os reflexos das práticas sustentáveis na qualidade de vida no campo.

Dentre as ações desenvolvidas podemos evidenciar: oficinas de produção de repelente, de biscoitos, pães caseiros, de do-ces de abóbora, casca de melancia, e oficinas de práticas ma-nuais, na confecção de objetos e outros.

Projeto Fossa Séptica e Biodigestor, Construção Filtro Biológico e Biodigestor para produção de Gás Natural

Os projetos visam melhorar o saneamento básico na Esco-la do Campo Margarete Cruz Pereira, fomentando a partici-pação dos alunos na execução e divulgação de práticas sus-tentáveis relativas a usos da água e cuidado com os dejetos produzidos, promovendo ações de intervenção na escola e na comunidade para melhor utilização dos recursos naturais, contribuindo para a destinação adequada do esgoto produzi-do no meio rural, de baixo custo e manutenção, aproveitando do subproduto gerado.

Essas ações são realizadas em parceria com órgãos públicos como INCAPER, Meio Ambiente, IEMA e a Secretaria Mu-nicipal de Agricultura de Cariacica, colaborando nas orienta-ções técnicas junto a escola, e assessoramento do processo de implantação e analise dos impactos no ambiente da Uni-dade de Ensino.

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O Projeto Fossa Séptica com Biodigestor tem por finalidade produzir adubo orgânico a partir dos dejetos de águas prove-nientes da pia dos banheiros da escola.

A construção do filtro biológico, visa a confecção de um fil-tro biológico, para filtragem das águas oriundas do esgoto da cozinha e dos banheiros da escola, denominadas de águas cinzas.

Já o ultimo projeto consiste na construção de bombas biodi-gestoras para o descarte adequado dos dejetos provenientes

de restos de comida da cozinha para a produção de gás natu-ral e reutilização da água no meio ambiente da escola.

Entre os objetivos elencados que contemplam de forma ge-ral essas ações que constam no projeto da ECEC, podemos destacar:

• dar destinação correta aos dejetos gerados;

• despertar o interesse da comunidade rural para a importância do saneamento como promotor de saúde;

• reduzir a carga de matéria orgânica que é lançado de forma in natura no córrego que corta a propriedade;

• gerar o biofertilizante para irrigação;

• possibilitar o reuso da água;

• fomentar a participação dos alunos como agentes de divulgação de boas práticas de uso dos recursos naturais.

Cabe aqui salientarmos que a descrição e os apontamentos feitos nesse capitulo, teve como objetivo situar o leitor, des-te trabalho a partir de uma breve análise dos documentos e observações feitas pelo pesquisador durante a realização da pesquisa, tendo em vista dar suporte para o desenvolvimento da análise do processo formativo, que iremos abordar no ca-pitulo 6. Ressaltamos que nosso olhar se restringiu as ações que contribuem para a fundamentação da proposta deste estudo, tendo como cerne, elementos que dialogam com os princípios da Educação do Campo, em diálogo com os sa-beres populares e conhecimentos científicos que balizam a perspectiva de ciência que defendemos, tendo como cerne a concepção de Chassot (2003).

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6. A construção do Processo formativo Escola-Comunidade na Escola do Campo Margarete Cruz Pereira.

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Nesse capitulo apresentaremos os caminhos trilhados que nos levaram a realização da formação envolvendo diferentes sujeitos do campo, tendo como cerne o processo dialógico escola e comunidade na Educação do Campo. No entanto, cabe antes, enfatizar as ações desenvolvidas que nos levaram a projetarmos o processo formativo em tela.

Levantamento das informações.

Sendo assim, pontuamos que no processo inicial da pesqui-sa, foram aplicados questionários semiestruturados com os professores e ex-professores que atuam e atuaram na Escola do Campo e Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira (ECEC), no intuito de identificar alguns elementos que di-recionasse o olhar do pesquisador, tomando como base os pressupostos teóricos escolhidos para a realização do traba-lho em questão, abrangendo aspectos como: a) concepção pedagógica da Escola do Campo e Educação do Campo; b) Proposta Pedagógica as Escola do Campo Educação do Campo; b)Práticas pedagógicas realizadas na escola.

Em seguida também foi realizada entrevista com duas fun-cionárias da ECEC, que trabalham na escola deste a sua fun-dação, onde foram gravadas e transcritas, nos ajudando a tri-lhar o caminho do trabalho.

O resultado desse primeiro momento levou-nos a trilhar o caminho do processo formativo, tendo em vista que tanto as respostas dos professores quanto a fala das funcionárias, apontaram sobre a importância da realização do processo formativo envolvendo a escola e comunidade, conforme po-

demos observar nos trechos transcritos abaixo:

Trecho transcrito da pergunta do questionário aplicado aos educadores da escola do campo.

21) Considerando sua experiência de atuação na escola do Campo e, ao pensar numa proposta de formação continuada para os professores que atuam na escola do campo quais os pontos que você acha que deveriam ser abordados nesse processo?

Professor A – “Os professores precisam passar por formações específicas e atinentes às atividades campesinas diversas e após a formação prática precisam passar por formação pedagógica/metodológica que os ajudem a aliar os conhecimentos práticos campesinos obtidos com os conteúdos curriculares do núcleo comum de ensino [...] podemos fazê-lo se tivermos a sensibilidade de perceber a grande relevância e atribuição de significados quando o ensino e aprendizagem tomam como base a realidade sócio histórica, ambiental e econômica onde o sujeito escolar está inserido”.

Professor C – “Penso que deve ser dada muita ênfase a valorização dos valores e fazeres do campo, os alunos chegam na escola com uma grande baixa-estima e isso deve ser contornado”.

Professor B – “Leitura conjunta (a ser realizada por todos os envolvidos no trabalho na escola) do PPP da escola do campo, para que todos saibam qual a finalidade, de fato da escola do campo; atualização periódica deste PPP, com um estudo aprofundado a ser feito sobre o tema, para que sempre estejam em discussão os reais e principais objetivos da escola”.

Professor E – “Práticas pedagógicas do campo; Exôdo (cultural) Rural; Políticas públicas para a população campesina; A valorização da vida no campo; Agricultura familiar e Sustentabilidade”.

Professor F – “Proposta pedagógica da escola, características da comunidade e do alunado, educação integral no Campo,

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práticas pedagógicas alinhadas à realidade local”.

Professor I – “O que é escola do campo? Quais os conteúdos específicos? Que alunos queremos formar?”

Professor J – “Esclarecimento da real função do professor: Quais projetos serão realizados; Como estão relacionados a três pilares; professor, comunidade e unidade de ensino”.

Professor L – “Resgate da história da comunidade, técnicas rurais, empreendedorismos e confecção de objetos naturais”.

Do mesmo modo transcrevemos o trecho da entrevista com uma das funcionárias que apontam a necessidade do proces-so formativo.

Pesquisador – Você já participou de alguma formação ou reunião onde você teve a oportunidade de dialogar sobre as práticas educativas desenvolvidas pela escola? ou seja você já participou de alguma reunião junto com os professores discutindo como vai ser feito o trabalho realizado pelos professores na sala de aula, na escola como um todo. Ou uma discussão por exemplo da proposta pedagógica da escola?

Funcionária 2 – Não. Eu nunca participei dessa reunião.

Pesquisador – Você gostaria de participar de alguma formação com os professores onde pudesse contribuir com o ensino da Escola do Campo?

Funcionária 2 – Sim!, eu acho importante.

Pesquisador – Você acha importante isso? Por que você acha que é importante? Como?

Funcionária 2 – Por que eu acho que dialogar é bom é sempre bom dialogar, a gente tem algo que que pode passar para alguém e a gente também apreende, é muito importante... (...)

Pesquisador – Vocês acham que com a experiência de vocês ajudariam nas práticas, ajudariam os professores a melhorar as práticas deles?

Funcionária 2 – Sim.

Pesquisador – Então você acha que é importante participar, e se tiver uma formação é importante e gostaria de dialogar com os professores?

Funcionária 2 – Sim. O que tiver no meu alcance de falar ou dialogar e se eles acharem que for bom e ajudar.”

Diálogo com os Educadores da Escola do Campo.

Mediante o levantamento feito e considerando o caráter par-ticipante da pesquisa na esteira de Brandão (2006), foi reali-zada uma reunião no início do ano de 2017, onde foi feito a apresentação da proposta da pesquisa, sendo sugerido pelo professores e funcionários a realização de um processo for-mativo intitulado “Educação do Campo: construindo diálo-

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gos e práticas de alfabetização científica e saberes populares”, envolvendo representantes da comunidade escolar e local, bem como outros representantes do poder público, tendo como foco o diálogo com os diferentes sujeitos colaborando na reorganização da Proposta Pedagógica da Escola do Cam-po Margarete Cruz Pereira. O grupo identificou o formato dos encontros que foram realizados, sendo estes divididos em 5 momentos, que ocorreriam aos sábados, tendo previ-são de realização nos meses de março a junho de 2017, no entanto sendo efetivamente concretizado no período de abril a agosto deste ano.

Conforme sugerido a formação deveria atender um público diversificado, comtemplando assim, representantes da comu-nidade escolar e as comunidades da região rural atendida pela escola. Nesse sentido, foram apontados a participação dos seguintes representantes: a) representantes da comunidade escolar: professores(as) coordenador e pedagoga, funcioná-rios, alunos, e representantes de pais; b) representantes da comunidade e membros de associações de moradores, pro-dutores rurais da região rural de Cariacica, e sobretudo da re-gião de Roda D’Água, Boa Vista e Cachoeirinha; associação das bandas de congo, artesãos; c) representantes do poder público municipal, tais como: membros da Secretaria Munici-pal de Educação de Cariacica, Secretaria Municipal de Cultu-ral, Secretaria Municipal de Agricultura e Pesca, Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente e representantes da coordenação de turismo do município e representação do

Conselho Municipal de Educação do município (COMEC); e d) representantes da comunidade acadêmica, com a partici-pação da UFES e do IFES.

Assim, conforme orientado pelo grupo, foi desenhado o processo formativo, conforme o conograma apresentado a seguir:

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1º EncontroData: 08/04Horário: 8h-12h

Tema: Conceitos e princípios básicos da Edu-cação do Campo: de que Campo nós falamos?

Abertura e apresentação do projeto e pro-posta de formação – Histórias e Memórias nas práticas educativas da Educação do Campo.

Palestra: “Educação do Campo e Educação no Campo: reflexões e marcos legais”– Prof. DºErineuFoerste (UFES).

Local – Escola do Campo e Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira

2º EncontroData: 29/04Horário: 8h-12h

Tema: Memórias e Histórias das práticas edu-cativas da Educação do Campo

Palestra: “Memórias e Histórias e Educação do Campo” – Paulo Passamai Metrando (EDUCI-MAT/IFES).

Dinâmica: produção de memórias e cír-culo de histórias: vivências e saberes po-pulares

Local – Escola do Campo e Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira

3º EncontroData: 20/05Horário: 8h-12h

Tema: Alfabetização Científica e Educação Ambiental crítica na proposta pedagógica na Educação do Campo: participação da comunida-de no processo de gestão

Palestra: “Alfabetização Científica e Educação Ambiental crítica na proposta pedagógica da Educação do Campo: participação da comunida-de no processo de gestão – Profa. Dª. Mª. das Graças Lobino (IFES).

Local – Escola do Campo e Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira

4º EncontroData: 03/06Horário: 8h-12h

Tema: Diálogos entre espaços formais e espaços de educação não formal na Educação do Campo.

Aula de Campo: caminhos do campo/ Associação de Produtores 7 M de Cacho-eirinha

5º EncontroData: 17/06Horário: 8h-12h

Tema: Reorganização da proposta peda-gógica da Escola do Campo

Construção do Plano de ação coletivo e avaliação da formação

Local – Escola do Campo e Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira

Organização dos encontros do curso “Educação do Campo: diálogos e práticas de alfabetização científica e saberes populares”

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7. O Processo formativo na Educação do Campo: construindo Diálogos de Alfabetização científica e Saberes Populares.

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Nesse capítulo iremos descrever o processo formativo de-senvolvido apresentado o objetivo geral e específicos da for-mação bem como a bases de sustentação das ações realizadas nos encontros. Enfatizamos que considerando a proposta deste produto educativo iremos também apresentar algumas sugestões de possíveis caminhos que podem serem seguidos na realização de processos formativos similares, que envol-vam escola e comunidade na Educação do campo. Cabe sa-lientarmos que não temos a pretensão de esgotar as possibi-lidades de construção, mas sim contribuir com uma proposta de formação que possibilite o fortalecimento da relação esco-la e comunidade na Educação do Campo.

Objetivo Geral

Possibilitar a realização de um processo formativo dialógico envolvendo diferentes sujeitos do campo na relação escola e comunidade local, possibilitando trabalhar reflexões sobre a Proposta Pedagógica da Escola do Campo Margarete Cruz Pereira, por meio das vivências, memórias, histórias e saberes dos sujeitos campesinos e participantes no diálogo direto com o território do campo na relação entre o formal e não formal na Educação do Campo.

Objetivos Específicos

• Refletir sobre o conceito de Educação do Campo e Escola do Campo, tomando como base os princípios e pressupostos da Educação do Campo;

• Identificar potencialidades educativas dos saberes, fazeres e memórias do campo na perspectiva da alfabetização científica;

• Possibilitar o diálogo com alguns espaços de educação não formal no território rural de Cariacica, bem

como seus diferentes sujeitos, por meio de visita de campo, perspectivando o desenvolvimento de práticas educativas na relação escola e comunidade;

• Promover a reflexão coletiva da proposta pedagógica da Escola do Campo.

Metodologia

• Debates

• Realização de palestras e rodas de conversas;

• Realização de aula de Campo

• Apresentação de vídeos

• Entrevista com os sujeitos participantes do território rural.

Bases teóricas e metodológicas

Educação do Campo, concepções, princípios e pressupostos e bases legais – Arroyo, Caldart, Molina (2009); Foerste (2004, 2012, 2013, 2015);

História memória, vivências e saberes populares – Halbwachs (2004); Polack (1989, 1992),Thompson (1992);

Alfabetização Científica – Chassot (2003, 2011, 2014); Lobino (2012);

Diálogia e concepção dialógica – Freire (1987).

Relação entre formal e não Formal

Gohn (2006, 2010, 2011)

Pesquisa Participante - Brandão (2006)

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Descrição e Sugestões para realização do Proces-so formativo na Educação do Campo

PRIMEIRO ENCONTRO

DE QUE CAMPO NÓS FALAMOS: CONCEITOS E PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO DO CAMPO

O primeiro encontro teve como temática central a reflexão sobre a importância da Educação do Campo (E.C) enfatizan-do assim seus conceitos, bases legais e princípios que a nor-teiam, tendo como suporte teórico os documentos e embasa-mentos legais que tratam da EC, conforme iremos explicitar nesta descrição, além da perspectiva apontada por Arroyo, Caldart, Molina (2009), e os trabalhos de Foerste (2005, 2012, 2013, 2015), reconhecendo assim a Educação do Campo como campo de direitos e conquistas construídas de forma coletiva, a partir dos movimentos sociais, tendo como ele-mento central o envolvimento e a parceria com a comuni-dade escolar e local no processo dialógico na EC. Para tanto neste encontro convidamos o professor Dr. Erineu Foerste da Universidade Federal do Espírito Santo, que colaborou no diálogo junto aos participantes da pesquisa, proferindo uma palestra abordando os principais pressupostos que abarcam a EC. Dessa forma entre os principais pontos apresentados e discutidos neste encontro podemos destacar:

a) Fortalecer importância dos diferentes sujeitos campesinos reconhecerem a Educação do Campo enquanto processo de

lutas e garantias de direitos tendo como horizonte a multi-plicidade presente nas relações existentes entre os diferentes povos do campo, tendo como elemento central a valorização do fortalecimento da relação escola comunidade na Educa-ção do Campo;

b) Compreender a relevância dos principais dispositivos le-gais que embasam a educação, tendo como destaque:

1) o Art. 205 da C.F de 1988, que preconiza a educação como dever do Estado;

2) o Art 23 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Lei 9394 de 1996 (LDB) que estabelece que a educação deve ser organizada conforme as necessidades locais, reforçando a necessidade de se garantir uma educação que atenda a realidade e os anseios da comunidade em especial a Educação do Campo;

3) o Art. 28 da LDB que garante as especificidades da Educação do Campo, valorizando a diversidade presente na Educação do Campo, garantindo a construção de um currículo diferenciado;

4) Lei 12 960 de 2014 que altera o Art 28 da LDB estabelecendo a manifestação do órgão normativo do sistema de ensino para o fechamento da escolas do campo, indígenas e quilombolas;.

c) Conceber a Educação do Campo como manifestação do processo dialógico intercultural, compreendendo-a, que ela tem como base o encontro da comunidade, manifestada na relação entre seus diferentes sujeitos campesinos;

d) Evidenciar as bases conceituais da Educação do Campo, a partir dos seguintes conceitos centrais: Campo; Educação do Campo; Sujeitos do Campo e educação; Interculturalidade e

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campesinato; Agroecologia e sustentabilidade; Trabalho cole-tivo e Economia solidária; conforme podemos identificar no organograma apresentado abaixo:

e) Principais desafios da Educação do Campo:

• Compreender a Educação do campo como projeto coletivo construído pelos sujeitos campesinos;

• Estudar a história dos movimentos sociais campesino em suas lutas pela terra;

• Redimensionar a Educação na perspectiva dos sujeitos do campo;

• Valorizar os povos tradicionais da terra seus territórios e seus saberes;

• Estudar as culturas e identidades dos sujeitos campesinos;

• Investigar a agricultura familiar como base a organização produtiva da vida do campo a partir de práticas agroecológicas, de sustentabilidade e de economia solidária;

• Avaliar e fomentar o processo de produção orgânica de alimentos;

• Discutir o trabalho no campo como práxis/ poiesis;

• Fomentar práticas de gestão democrática na educação do campo, com a criação de entidades estudantis e conselhos escolares com representação efetiva de alunos, de pais e professores Campo;

• Mediar colaboração de projetos ambientais, de economia solidária e de agroecologia;

• Promover discussão, execução e avaliação coletiva do projeto político pedagógico da educação do campo.

Após a exposição dos pontos apresentados, foi exibido o ví-deo produzido no processo de desenvolvimento do Curso de Aperfeiçoamento Escola da Terra Capixaba (Programa Es-cola da Terra/SECADI, MEC) “A Terra ensina”, finalizando o encontro.

É importante salientarmos que este encontro possibilitou o momento do encontro entre os diferentes sujeitos campesi-nos, permitindo assim que os mesmos se reconheçam.

Considerando a proposta desse primeiro momento, tendo em vista o envolvimento da comunidade escolar no fortale-cimento da gestão democrática nas discussões coletivas rela-tivas a construção do Projeto Político Pedagógico da Escola do Campo, sugerimos algumas ações e materiais que podem colaborar nesse processo:

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SEGUNDO ENCONTRO

HISTÓRIAS E MEMÓRIAS NAS PRÁTICASEDUCATIVAS NA EDUCAÇÃO DO CAMPO

NA ESCOLA DO CAMPOMARGARETE CRUZ PEREIRA

Este encontro foi trabalhado a temática “Memórias e Histó-rias nas práticas educativas da educação do campo” que teve como objetivo discutir a importância do resgate e o reco-nhecimento das histórias, memórias e vivências dos sujeitos do campo e suas relações com as práticas de Educação do Campo na ECEC “Margarete Cruz Pereira”. Assim, bus-camos nos apoiar nos questionamentos feitos por Arroyo, (2009), que ao tratar sobre a educação básica do campo e os movimentos sociais, enfatiza a necessidade da escola pensar sobre o trabalho e a valorização da memória dos homens e mulheres do campo a partir do seguintes questões:

[...] Como a escola vai trabalhar a memória, explorar a memória coletiva, recuperar o que é de mais identitário na memória cole-tiva? Como a escola vai trabalhar a identidade do homem e da mulher do campo? Ela vai reproduzir os estereótipos da cidade sobre a mulher e o homem rurais? Aquela visão de jeca, aquela visão do livro didático e as escolas urbanas reproduzem quando celebram as festas juninas? É esta a visão? Ou a escola vai recu-perar uma visão positiva, digna e realista, dar outra imagem do campo. (p. 81).

Ressaltamos que ao trabalharmos com a perspectiva da im-portância da memória e história e vivências dos sujeitos do campo no processo formativo por meio do diálogo com os diferentes sujeitos da pesquisa, nos apoiamos também na va-

1) Promover rodas de conversas com os cursistas utilizan-do o capitulo I do documento do texto Por uma Educação do Campo, organizado por Arroyo, Caldart e Molina (2009), que apresenta o texto preparatório da Primeira Conferên-cia Nacional “Por Uma Educação Básica do Campo”.

Objetivo:

Promover um debate sobre as bases que orientam a cons-trução da Educação do Cam-po relacionando a realidade vivenciada pelos educadores e comunidade do campo.

2) Exibir o vídeo documentário A Terra Ensina, produzido pelo Curso de Aperfeiçoamento Escola da Terra Capixa-ba (Programa Escola da Terra/SECadi,MEC).

O vídeo aborda o trabalho dos agricultores pomeranos da região de Santa Maria de Jetibá e a relação com a na-tureza no processo de produ-ção que garante a sustentabi-lidade amabiental alertando sobre a importãncia da agro-ecologia e a não utilização de agrotóxicos respeitando as águas e as nascentes.

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Assim tomando como base as respostas das perguntas do instrumento citado, elencamos os principais pontos discuti-dos que foram elencados pelos participantes na apresentação dos grupos, apresentando assim diferentes possibilidades e potencialidades de abordagens pedagógicas que podem co-laborar na reflexão da proposta pedagógica na Educação do Campo.

a) Experiências dos sujeitos em relação as dificuldades encontradas no passado em função da falta de acesso a escolas nas regiões rurais, levando ao abandono escolar e a saída saídas das pessoas para os centros urbanos, gerando o processo de desvalorização da identidade e da cultura do campo;

b) Valorização da experiência intergeracional, por meio do diálogo com os diferentes sujeitos, crianças, idosos, jovens, possibilitando as interconexões entre as gerações, resgatando assim situações, vivências, do cotidiano, especialmente relacionada as relações com o meio ambiente, saberes, experiências e vivências compartilhadas entre os diferentes sujeitos, reforçando assim os laços com o campo e o mundo rural;

c) O resgate de técnicas e práticas relativas ao cotidiano rural, tendo como exemplo a conservação dos alimentos, o acesso a energia elétrica, que apontam para o diálogo com aspectos da ciência vivenciada no dia a dia das pessoas, na relação sua relação com natureza, corroborando com a perspectiva defendida por Chassot (2003), possibilitando os sujeitos lerem a natureza por meio da ciência;

d) As práticas e a troca de saberes dos diferentes sujeitos na relação escola e comunidade, no desenvolvimento de práticas educativas na escola do campo que trabalhe a relação teoria e prática fortalecendo a identidade do aluno em relação a cultura local;

lorização da chamada memória coletiva, postuladas por Hal-bawsch (xxx) e Polack (1989, 1992).

Nesse sentido utilizou-se como estratégia didática a exibição do vídeo documentário retirado do site do Youtube, https://www.youtube.com/watch/v=Kv, que foi produzido a partir do livro “O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil” de Darcy Ribeiro. Cabe pontuarmos objetivo da exibição do vídeo, foi apresentar a importância da formação da identidade rural no Brasil, explorando as imagens do documentário que repre-sentam o mundo rural a partir de elementos que remetem a memória, histórias e o cotidiano das pessoas que vivem no campo, estabelecendo uma relação com o território rural de Cariacica.

Após a apresentação do vídeo foi realizada rodas de conver-sas com os participantes, sendo divididos em grupos, onde responderam um instrumento com três perguntas que nos ajudou a direcionar as discussões realizadas, conforme po-demos visualizar na “Ficha de perguntas para a dinâmica da roda de conversa” abaixo:

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TERCEIRO ENCONTRO

ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA:CIÊNCIA E VIDA NO DIÁLOGO

COM A COMUNIDADE NA ESCOLA DO CAMPO

Esse momento teve como objetivo trabalhar reflexões e de-bates sobre o conceito de alfabetização científica no diálogo entre os saberes e fazeres dos sujeitos campesinos, tomando como base a perspectiva defendida por Chassot (1993, citado por CHASSOT, 2014, p. 33) que compreende a ciência a par-tir da leitura da natureza, considerando-a “[...] uma linguagem para facilitar nossa leitura do mundo natural”. Dessa forma compreendemos que esse entendimento da ciência enquan-to leitura de mundo tem como base o pensamento freiriano. Para Freire (2006) o ato de ler o mundo deve ser precedido da leitura da palavra, pois compreende que essa ação possi-bilita os sujeitos não só ler o mundo, mas sim “escrevê-lo” ou “reescrevê-lo” a partir da prática consciente, que permite assim transformá-lo. Nesse sentido Freire estabelece que tal perspectiva deve ser considerada como elemento central do processo de alfabetização.

Tomando como base essa acepção compreendemos que o ensino de ciências garante uma leitura de mundo voltada para a transformação dos sujeitos, que conforme Lobino (2012, p. 59) a alfabetização científica deve ser realizada a partir de elementos essenciais da vida, como “a terra, a água, o sol, os bichos e as plantas” de forma que possibilite a construção de uma consciência socioambiental alicerçada em uma concep-ção de cidadania que vise a emancipação dos sujeitos a partir

Trabalhar as memórias e histórias dos sujeitos do campo contribui para a valorização do sentimento de pertencimento histórico dos sujeitos, possibilitando reconhecer nas suas his-tórias de vidas elementos fundamentais de valorização e luta dos povos do campo na relação cidade campo.

1) Sugerimos para esse momento o trabalho com as rodas de conversas, trabalhando dinâmicas de socialização e en-volvimento dos sujeitos, a partir da seguinte metodologia:

a) Solicitar aos participantes para trazerem objetos, fotografias ou artefatos que os reportem a relação com as memórias relacionadas as suas vivências com a Educação do Campo e sentimento de per-tencimento a terra;

b) Organizar rodas de conversas, por meio de cír-culos de histórias solicitando que formem grupos de até 5 intergrantes, ondes os mesmos façam um pequeno relato sobre a relação dos objetos com suas memórias e histórias.

2) Exibir o vídeo documentário Brasil Caipira que faz parte do livro “O Povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil” de Darcy Ribeiro.

Após a exibição do vídeo solicitar que os par-ticipantes organizem grupos e façam relatos sobre suas histórias e memórias relacionadas a vida no campo, apontando as dificuldades do passado e as transformações ocorridas.

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da participação coletiva, tendo como foco a construção da proposta pedagógica da escola.

Assim tomando como base esses pressupostos registramos o convite feito a professora Dra. Maria da Graças Ferreira Lo-bino, professora colaboradora do Programa Educimat IFES, que colaborou no desenvolvimento da atividade neste dia, conduzindo o diálogo com os diferentes sujeitos.

Inicialmente foi planejado o debate por meio do terrário, que seria elaborado pelos participantes da formação, entretanto não foi possível essa abordagem tendo em vista que os mes-mos não trouxeram o terrário conforme o planejamento. Po-rém consideramos relevante esta estratégia para a discussão que nos propomos a realizar, conforme destacaremos nas sugestões apontadas mais à frente.

Assim tomando como referência as discussões conduzidas pela mediadora, elencamos os seguintes pontos debatidos durante a formação:

a) compreensão do conceito de alfabetização científica a partir de uma concepção ampla, possibilitando ir além da educação científica tradicional, promovendo o processo de leitura de mundo, a partir dos elementos da vida;

b) importância de reconhecer a ciência a partir de uma nova perspectiva, envolvendo componentes relativos a componentes como: direitos humanos, paz, respeito as diferenças e outros também fazendo parte do conhecimento científico;

c) fragmentação do conhecimento inviabilizando o diálogo entre os saberes no processo de alfabetização tradicional, “matando a curiosidade de nossas crianças”

d) complexidade na relação homem natureza, contrapondo-se ao modelo dicotômico da relação utilitarista da natureza propagado pelo pensamento liberal ocidental;

Cabe enfatizarmos que durante o processo formativo a me-diadora buscou interagir com os participantes, alunos, pro-fessores (as), funcionários e representantes da comunidade local, promovendo assim o diálogo com os participantes desenvolvendo dinâmica abordando diversos conteúdos re-lacionados a ciência na relação com os elementos da vida, tais como: o funcionamento do corpo humano, consumo de alimentos saudáveis livres de venenos, sistemas respiratório e digestivo. Durante a apresentação a palestrante realizou uma experiência colocando fogo em alguns papeis na sala, explicando o fenômeno descrevendo a fórmula no quadro, provocando os participantes com perguntas e respostas, in-formando que o fenômeno abordado trata-se do processo da respiração celular a partir da queima da glicose.

Cabe salientarmos que conforme apontado pela palestrante, é preciso evidenciar que a compreensão dos processos rela-tivos a lógica da vida é fundamental para uma educação que se proponha a efetivação e a garantia dos direitos, pois não se deve fragmentar o conhecimento e nem o restringir somente aos especialistas.

Sugerimos para trabalhar essa temática a elaboração do terrá-rio, a partir da seguinte metodologia:

a) Solicitar que os participantes confeccionem um terrário, pedindo para que eles observem e registrem no caderno de bordo depois apresentem as observações registradas;

b) sugerir que apresentem o conceito de ambiente

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QUARTO ENCONTRO

DIÁLOGOS ENTRE A EDUCAÇÃO FORMALE NÃO FORMAL

NO TERRITÓRIO DA ESCOLA DO CAMPO

Inicialmente o planejamento desses encontros estavam pre-vistos para os meses de junho e julho de 2017, entretanto considerando as intercorrências do trabalho da escola e o desenvolvimento da pesquisa em questão, o encontro foi re-alizado no início do mês de agosto deste ano, em único dia no período de 8h as 16h, sendo dividido em dois momentos, conforme apresentamos o quadro com o cronograma abaixo:

1º momento : Horário: 8h às 12h

Tema: “Diálogos entre educação formal e não formal na Educação do Campo no território rural de Cariacica”.

Aula de Campo: Visita à Fábrica 7 M/ Associação de Mulheres Rurais de Ca-choeirinha e Sabão.

Sítio Roda D’água

Conversa com Mestre de Congo Senhor Tagibe

2º momento : Horário: 13h30 às 16h

Debate: Diálogo Escola e Comunidade e re-organização da proposta pedagógica da Escola do Campo

Roda de conversa e construção do plano de ação coletivo da proposta pedagógica da Escola do Campo.

Entrega da Avaliação dos Encontros

Apresentação Circuito Projeto Gas-tronômico Cultural ECEC “Margarete Cruz Pereira”

Apresentação de Congo Mestre Tagibe

Encerramento.

Materiais para a confecção do terrário:

1. Recipiente de bom tamanho para a visualização de seu interior. Exemplo: Uma caixa de vidro transparente ou garrafa PET cortada.

2. Solos: arenoso (50% areia e 50% terra) e solo humoso

Procedimentos:

Coloque uma camada de brita suficiente para cobrir o fundo do recipiente.

Cubra a brita com o solo arenoso (aproximadamente 3 cm de espessura), coloque o carvão vegetal (alguns pedaços) e cubra-os com solo humoso.

3. Água: para molhar a terra (não encharcá-la).

4. Carvão vegetal e/ou pedra brita.

5. Plantas: flora local, (dente de leão, hortelã, espinafre – resistentes e de crescimento lento.

6. Animais: minhoca, joaninhas, besourinhos.

7. Sementes (de feijão, milho, outras)

8. Plástico filme e fita crepe.

Plante as sementes e depois as plantas, regue suavemente.

Coloque os animais (a minhoca deverá ficar no solo humoso).

Se o recipiente escolhido for grande, coloque um vasilhame com um pouco de água sobre o solo.

Feche bem o terrário usando o filme plástico e a fita adesiva para vedar bem.

Coloque o terrário em lugar onde receba bastante luz (luminosidade), mas não no sol direto.

Sugerimos o artigo: LOBINO, M. G. F. Projovem Campo Saberes da Terra: refletindo sobre inte-gração de áreas. In: SCARIM, Paulo César; OLIVEIRA, Edna Castro. (Orgs). Experiências de formação com educadores e educadoras do Projovem Campo: reflexões e vivências. Vitória: Geografares. 2012 b.

enfatizando a relação homem e natureza.

c) tabalhar a relação entre o terrário e as relações de pertencimento do homem do campo com a terra.

Data: 05 /08 / 2017 - Horário: 8h às 16h

Temática Geral: Diálogos entre educação formal e não formal na Educação do Campo: relação Escola/comunidade e proposta pedagógica da Escola do Campo.

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O primeiro momento deste encontro teve como eixo articu-lador o diálogo entre os diferentes sujeitos campesinos parti-cipantes da pesquisa, na relação entre o formal e não formal no território do campo, reconhecendo-os e valorizando os saberes populares desses sujeitos na Educação do Campo. Para tanto, nos apoiamos na concepção defendida por Gohn (2010, 2011), reconhecendo a educação não formal como elemento de construção dialógica entre os diferentes sujeitos, tendo como foco o pensamento crítico sobre a realidade vivi-da, englobando assim diferentes saberes e espaços que possi-bilitam os processos educativos no território. Cabe sublinhar a perspectiva de território defendida por Santos (2007, p. 14 apud Poubel, 2014). que reconhece o território como:

[...] um conjunto dos sistemas naturais e de sistemas de coisas superpostas, o território tem de ser entendido como território usa-do, não o território em si. O território usado é o chão mais a identidade. A identidade é o sentimento de pertencer àquilo que nos pertence. O território é o fundamento do trabalho: o lugar da resistência, das trocas materiais e espirituais e do exercício da vida (SANTOS, 2007, p. 14 apud POUBEL, 2014, n. p).

Assim tomando como base esses pressupostos, o primeiro momento da atividade foi realizado uma visita no território rural de Cariacica, de forma que identificamos alguns espaços de educação não formais contribuindo assim para potencia-lizar o trabalho na Educação do Campo, na relação Escola e Comunidade. Entre os espaços visitados destacamos os se-guintes:

• Associação de Mulheres Rurais de Cachoeirinha e Sabão localizada na região de Cachoeirinha em Cariacica;

• A Fábrica do Grupo 7M na região de Cachoerinha e Sabão;

• O Sítio Roda D’Água e a produção agroecológica de banana orgânica localizada na região de Roda D’Água em Cariacica;

• Roda de Conversa com Mestre de Congo da região de Roda D’Água abordando aspectos da memória e da cultura local.

Enfatizamos que os esses espaços serão abordados no capí-tulo seguinte, demonstrando assim as potencialidades desses espaços para o desenvolvimento de práticas educativas na re-lação escola e comunidade local.

O segundo momento do encontro ocorreu na Escola Marga-rete Cruz Pereira onde foi trabalhado o debate e a construção de propostas e sugestões de ações para colaborar na orga-nização da Proposta Pedagógica da Escola do Campo que estava em processo de construção.

Foi solicitado que que os participantes se reunissem em gru-po por segmento para que os mesmos preenchessem um ins-trumento (ANEXO X), sugerindo assim possíveis ações ou abordagens que deveriam contemplar a Proposta Pedagógica da ECEC. Conforme orientado pelo mediador ocorreram diversos debates entre os segmentos, sendo formados 4 gru-pos, divididos em:

1) Representantes dos professores(as) da ECEC;

2) Representantes dos Funcionários e poder público;

3) Representantes da Comunidade escola e local;

4) Representantes dos alunos(as).

Com base nas discussões efetuadas nos grupos foram identi-

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ficados os seguintes apontamentos que nos ajudam a eviden-ciar o trabalho realizado e o olhar da comunidade escolar e local em relação as práticas educativas da Escola.

a) Segmentos de alunos:

- Realização de atividades voltadas para o fortalecimento das atividades das aulas práticas de plantio;

- Desenvolver atividade que envolva a criação de animais no desenvolvimento das aulas práticas;

- Realização de mais aulas de campo;

- Potencializar as atividades relacionadas as vivências do campo;

- Ampliar o tempo de permanência dos alunos na Escola do Campo;

- Valorizar o resgate da memória histórica da comunidade;

- Intensificar a interação entre alunos e professores

- Ampliar o trabalho das aulas de práticas agrícolas, culinária e pesca na ECEC;

- Estudos sobre tecnologias relacionadas ao contexto escolar;

b) Segmento dos professores

- Resgatar os diálogos permanentes com a comunidade por meio de cursos de formação e/ou momentos de reunião, de forma sistematizada;

- Acrescentar no Projeto Político Pedagógico da Escola do Campo o resgate dos afazeres atividades diárias que envolvam os alunos por meio de sistema de auto-organização;

- Desenvolver com os alunos projetos de cultivo que visem visualizarem o resultado final;

c) Segmento funcionários:

- Levar em consideração a vivência e o saber da comunidade local, bem como elaborar o calendário pensando na participação da comunidade com a contribuição nos conteúdos e construção do conhecimento;

- Promover oficinas e parceria com a comunidade escolar e local, promovendo o envolvimento desses sujeitos nas ações e projetos da Escola do Campo;

- Garantir uma proposta de política educacional para o campo, com normatização, seleção de professores e proposta pedagógica adequada a realidade do campo;

- Potencializar a participação da comunidade escolar na construção do PPP da escola, levando também em consideração as expectativas da comunidade para a educação ofertada;

d) Segmento comunidade local e pais de alunos

- Garantir a representatividade dos pais no conselho de escola;

- Organizar calendário de eventos que envolvam a participação da comunidade local;

- Identificar entre os familiares dos alunos e membros da comunidade pessoas que desenvolvem atividades e ações relacionadas a cultura local;

- Possibilitar espaços permanentes para realização de oficinas e disciplinas que tenham como foco a cultura local;

- Construir um museu comunitário como espaço de memória estimulando a comunidade a doar objetos para a confecção do acervo do museu;

- Construir e elaborar projetos e disciplinas por meio do diálogo com a comunidade sobre a agricultura familiar, convencional e agroecológica.

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8. Potencialidades dos Espaços Educativos no território rural para a integração entre Educação Formal e Não Formal

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Neste capítulo iremos abordar as potencialidades educativas dos espaços não formais visitados na atividade de campo no território rural do município de Cariacica, realizado no últi-mo encontro do processo formativo, conforme descrevemos anteriormente, tendo como base a concepção de educação não formal defendida por Gohn (2011), que enfatiza que os processos metodológicos utilizados nos processos de edu-cação não formal “[...] estão pouco codificados nas palavra escrita e bastante organizados ao redor da fala”. Dessa for-ma, compreendemos a relevância dos processos sociocultu-rais característicos das vivências dos sujeitos do campo como importantes para a integração entre os diferentes espaços educativos que se manifestam na Educação do Campo e nas práticas educativas nas escolas do campo.

Portanto iremos descrever alguns desses espaços utilizando-se dos diálogos e interações dos sujeitos durante o trabalho realizado.

Além disso, consideramos relevante pontuar as potenciali-dades da alfabetização científica presente nos diálogos dos sujeitos, contribuindo assim para diferentes possibilidades de abordagens pedagógicas que envolvem o conhecimento científico.

Associação de Mulheres Rurais de Cachoerinha e Sabão

A Associação de mulheres rurais das comunidades Cacho-eirinha e Sabão (ASMURCAS) é formada pelas mulheres moradoras da região rural de Cariacica-ES, o local destaca-se

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pela venda dos produtos produzidos na Fábrica do Grupo de 7M, sobressaindo a produção de banana passa, chips de banana, bombom de banana, farinha de banana e outros de-rivados dessa fruta. Além disso também produzem diversos produtos de fabricação caseira característicos da área rural das comunidades da região e adjacências, tais como pães, bo-los, biscoitos e outros produtos. O espaço também represen-ta um importante local de organização comunitária da região, congregando diversas atividades que envolvem a comunidade local fortalecendo o protagonismo das mulheres no território rural de Cariacica.

Um pouco de história

De acordo com o relato da Lider da Associação, Senhora Vera, a Associação teve seu surgimento na década de 1990, quando as mulheres da região de Cachoeirinha participaram de cursos e formações ministrado por uma técnica do anti-ga Empresa de Assistência e Extensão Rural (EMATER) do município de Santa Leopoldina, atual Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (INCAPER) dando origem a ideia de reunir as mulheres da região. Inicial-mente as mulheres acompanhavam a Associação de Produ-tores Rurais de Cachoerinha e Sabão, ajudando no trabalho e na plantação de mudas, entretanto devido ao preconceito dos homens resolveram se juntar e criar uma Associação de Produtores Rurais exclusivamente formada por mulheres, conforme podemos identificar no relato abaixo:

[..] a gente sentiu algo de juntar as mulheres, formar, estar tra-zendo algo pro lugar, juntar as mulheres, aumentar sua renda.

Registra-se que trabalho realizado pela Associação de Mulhe-res vem sendo fortalecido envolvendo também outros movi-mentos da comunidade de Cachoeirinha e região, sendo um importante espaço de organização da comunidade local.

Observamos que o trabalho da Associação não se restringe somente as atividades laborais das mulheres, mas destaca-se também importância da preservação e da manifestação da cultura campesina, representada nas festas realizadas pela Associação e valorização e preservação da memória das ativi-dades realizadas pela comunidade, por meio da produção de murais de fotografias que contam a história das festas pro-movidas pela Associação em outros anos.

Outro aspecto significativo que elencamos é o trabalho que vem sendo realizado pela Associação em relação a preserva-ção da memória local campesina da região, é a inciativa da construção de um museu comunitário na sede da Associação. Como podemos observar no relato feito, pela líder da Asso-ciação, tendo como destaque a valorização da cultura e da memória local do homem do campo

[...] e esse lugar aqui é o lugar onde funcionava a venda, era chamada de venda a venda dos tropeiros, os tropeiros vinham de Tirol, Santa Leopoldina para lá..., e aqui quando eles chegavam a noite eles pousavam, passavam a noite e depois seguiam até a cidade para levar as mercadorias e depois trazer de novo de volta. [...] aqui era o lugar que eles pousavam para a caminhada deles, e a gente sabe que no passado, era feito a lombo de burro de cavalo. E a gente tá querendo resgatar um pouco disso aí por isso nasceu a ideia da gente colocar aqui um museu, não só dos tropeiros, mas tudo que a gente tinha antigamente, e hoje não tem mais tem crian-ças e adolescentes que não conhecem o que era uma lamparina,

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que era um lampião, aqueles toca disco que tocava disco, o moinho de moer café, a onde a gente carregava água para o serviço, que nós chamávamos de marimba que a água não esquentava. Então isso é um pouco que a gente vai ter aqui documentado, direitinho com a história. Hoje a gente não tem aqui, mas a gente tá dando continuidade nisso aí [...] o pilão.., o monjolo....várias coisas, balança [...] (REPRESENTANTE DA ASSOCIAÇÃO DE MULHERES RURAIS).

Neste local, estão alguns objetos e curiosidades que lembram a vida cotidiana do homem do campo, carregados de simbo-logia dos fazeres e das vivências campesinas. Entre os obje-tos destacam-se: ferraduras, montarias, balanças, ferramentas e objetos que lembram os antigos tropeiros que passavam

Objetos em exposição no museu em construção Fonte: Gisele Regiani Almeida

na região. Cabe ressaltar que o espaço ainda não se encontra estruturado, estando os objetos expostos de forma rústica.

Assim identificamos algumas possibilidades de abordagens pedagógicas que podem ser trabalhadas neste espaço na rela-ção entre os saberes formais e não formais na Educação do Campo:

a) Valorização da cultura e da identidade campesina;

b) Potencialização do protagonismo feminino no território rural;

c) Trabalho coletivo e parceria;

d) Fortalecimento dos movimentos de organização comunitária na relação campo cidade;

e) Economia solidária

f) Valorização da memória e da história local no território rural

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Fábrica do Grupo 7M das comunidades de Ca-choeirinha e Sabão

A fábrica do Grupo 7M, onde se realiza o trabalho do be-neficiamento da banana, através da agroindústria da região. O Grupo 7M é uma pequena agroindústria familiar, liderada pela representante e líder da Associação de Mulheres Rurais de Cachoeirinha e Sabão que surge paralelemente ao traba-lho da Associação. O grupo possui esse nome em função de ter sido fundada pelas mulheres da região, desenvolvendo o trabalho de beneficiamento da banana na região. Entre os principais produtos produzidos pela fábrica, estão a bana-na-passa, o bombom de banana, a farinha de banana verde a banana chips e outros derivados da produção da banana.

O espaço recebe visitas, e atividades junto as es-colas da região, faculdades localizadas da região da Grande Vitória, tendo como destaque a im-portância da produção da agroindústria familiar.

Destacamos que além dos produtos tradicionais produzidos pela Associação de Mulheres, tam-bém produzem, massas, biomassa de banana e outros derivados do beneficiamento da banana.

Considerando a atividade realizada durante o processo formativo identificamos a potenciali-dade da visita à fábrica, para o desenvolvimento de práticas educativas que abordem alguns as-pectos que ajuda no processo de aprendizagem da alfabetização científica, na esteira de Chassot (2003), reconhecendo alguns elementos que aju-dam no diálogo dos homens e mulheres na leitu-ra da natureza.

Deste modo ilustramos as diferentes possibilida-des de abordagens pedagógicas que podem ser desenvolvidas a partir da visita a este espaço.

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Possibilidade de Abordagens:

a) Agroindústria familiar no trabalho do campo;

b) Processos e técnicas envolvendo o beneficiamento da banana;

c) Alimentação saudável

d) Economia solidária

e) Técnicas artesanais na produção agrícola.

Para ilustrarmos uma das possibilidades de abordagens, des-tacamos uma das atividades realizadas durante o processo formativo a partir dos diálogos ocorridos durante a visita de campo envolvendo a comunidade escolar-local, na qual a Representante da Associação de Mulheres do Grupo 7M apresenta o processo de secagem para a produção da banana passa, conforme podemos observar no trecho a seguir:

R.A - Banana nanica e esse é o processo de secagem... Aí eu passo a banana para ficar secando aqui é o processo de secagem...

P.E - É para colocar inteira aí? Não corta no meio?

R.A- É inteira, não é inteirinha, as vezes pega uns pedacinhos que está bom mas ela vai inteira.

R.A - A gente também usa o secador, que é esse aqui para secar a banana para fazer farinha..(...) Então a gente corta ela em rodelinha, coloca no secador e depois tritura ..

P.R – Ela tem que ser madura?

R.A - A prata tem que ser bem madurinha (..) a nanica não precisa ser muito madurinha (...)

P.E – Quanto tempo fica no secador?

R.A - Depende do tanto que a gente coloca, quando a gente coloca é ela tá bem cheia e do lado de lá também tá cheio, então ela tem que ficar..,., ela tem que ficar pronto amanhã de manhã cedo, lá para o 12h, por que de tarde tem que diminuir a temperatura, por que se ficar de noite queima (...)

P.L - Mas que temperatura?

R.A -Para ela ta pronta num grau de comer (..), é 72 horas para a gente encher ela, se colocar menos não precisa ficar esse tempo todo não.., só descasca e bota aí.

R.S.A - Só descasca e deixa 72 horas?

R.A - Bota!, a banana tem uma parte aveludada, e quando a gente fez o curso era para a gente fazer assim para tirar..., como é muito e a gente não pode ficar fazendo isso.., a gente passa a faca e ranca um pouquinho daquela parte aveludada e bota para secar...

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Sítio roda D’Água:

Agroecologia e Agricultura Familiar em Roda D’Água.

O Sítio Roda D’água, do Senhor Antonio Pereira dos San-tos representante e Presidente da Associação de Produtores Rurais de Roda D’água (APRODER). A propriedade é uma unidade de produção agrícola familiar da região, possuindo 8,5 hectares, sobressaindo-se, principalmente na produção de banana orgânica. Além disso, produz também Couve, Taio-ba, feijão em pequena quantidade, voltada para o consumo e criação de galinha caipira, também voltada para consumo familiar.

A propriedade representa umas 40 unidades de produção de banana orgânica existente no município, sendo esta certifica-da com o selo autenticação de orgânica da Chão Vivo*.

Durante a atividade realizada identificamos o potencial dos espaços existentes no território para a promoção de ativi-dades que valorize o saber do homem do campo, a partir dos conhecimentos da relação entre o saber popular e o co-nhecimento científico, possibilitando assim aos educadores trabalharem junto aos alunos uma série de abordagens que envolvem os conhecimentos reativos ao contexto nas escolas do campo.

Entre as abordagens pedagógicas que podem ser exploradas na realização de aulas de campo nesses espaços podemos destacar:

a) Atividades ligadas aos saberes e técnicas do homem do campo;

b) Valorização da história e das vivências dos homem do campo;

c) Atividades que trabalham a importância da produção familiar e a agroecologia;

d) Técnicas do produção orgânica de banana

e) Conhecimentos interdisciplinares que abrangem o trabalho do homem do campo;

f) Relação cidade campo

Conforme ́ podemos observar nos diálogos entres os partici-pantes do processo formativo durante a atividade de campo realizada.

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Produtor rural – Ó aqui estamos vendo uma produção orgânica, [...] Então esse bananal aqui é todo orgânico, desse lado aqui (demonstrando um pé de café próximo ao bananal) tem um café orgânico consorciado com café.

– Agora quero falar com vocês que a técnica da banana..., aqui tá meio bagunçado porque tem chovido muito, muito frio eu tô com 74 anos e eu não quero me meter na friagem, então agora na hora de esquentar eu venho para poder fazer o trabalho cultural, para depois botar o esterco da galinha [...].

– A técnica da banana [...]. Nós temos aqui uma planta, duas, três que já foi cortada, e essa aqui está sobrando, onde a técnica dá o nome de mãe, filha e neta, correto. Então vou fazer uma pequena demonstração aqui [...].

A Associação de Certificação de Produtos Orgânicos do Es-pírito Santo - CHÃO VIVO é uma Entidade sem fins lucra-tivos, criada de acordo com a Instrução Normativa nº. 007 de 17 de maio de 1999 do Minis-tério da Agricultura e do Abas-tecimento. Sua criação partiu das discussões do Fórum da Agricultura Familiar Capixaba, composto por 19 ONGs, que atuam nas áreas de Agroeco-logia, Educação Rural, Desen-volvimento Sustentável e Mo-vimento Sindical, tendo uma identidade muito forte com a Agricultura Familiar e com o desenvolvimento Sócio-Am-biental da Agroecologia.

Informações disponíveis no site: http://planetaorganico.com.br/site/index.php/certificadora?id--certificadora=8

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