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Dimensionamento de Sistema Centralizado de Esgotamento Sanitário Nov. 2017 Professor Daniel Costa dos Santos
ENUNCIADO
No Município Vale Verde há previsão de construção de um sistema público e
centralizado de esgotamento sanitário para o qual já concebido uma rede coletora. É
necessário neste momento definir qual será o sistema de tratamento de esgoto e, por fim,
a disposição final adequada. Portanto, conceber e dimensionar alternativas de sistemas
de tratamento de esgoto para, posteriormente, propor e representar graficamente o
sistema considerado mais adequado.
DADOS
Os dados introdutórios necessários já foram assumidos e estimados anteriormente, os
quais seguem reproduzidos:
Qeb (Qfmed) = 19,33 l/s;
Qmin (média de início de plano, Qimed) = 15,92 l/s;
Qimax (máxima de início de plano) = 20,88 l/s.
DIMENSIONAMENTO
Isto posto, na sequência é apresentado o dimensionamento do tratamento preliminar, do
sistema de bombeamento e de configurações alternativas de sistema de tratamento.
I Gradeamento
Será admitida a instalação de uma grade média a qual será dimensionada para a vazão
máxima de final de plano Qeb. Para tal grade, portanto, será considerado o espaço (e)
entre barras igual a 2,5 cm e a espessura (a) da barra igual a 1,0 cm, cuja limpeza será
manual. Observar a figura seguinte:
Dadas estas condicionantes, a etapa seguinte é estimar a área livre Alg entre as aberturas
da grade conforme a seguinte equação:
Alg = Qmax / Vg = 0,0278 m2
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sendo Vg a velocidade admitida na grade limpa e na ordem de 0,75 m/s.
A partir da estimativa da Alg é necessário estimar a lagura livre total Blg entre as
aberturas da grade, conforme segue:
Blg = Alg / Hg = 0,1392 m ≈ 14,00 cm
sendo Hg a altura da lâmina de água na grade, a qual adotada igual a 0, 20 m.
O próximo passo é estimar o número de espaços Ne entre as grades observando a
seguinte equação:
Ne = Blg / e = 5,6 ≈ 6 espaços
Já o número de barras Nb é igual a Ne + 1. Logo, Nb = 7 barras
Enfim, a largura Bc do canal no qual a grade está adaptada pode ser estimada.
Bc = Ne . e + Nb . a = 22 cm
II Caixa de Areia
1.1 Dados Específicos
Foram admitidas as seguintes condicionantes:
Número de caixas de areia (nc) = 2 caixas de areia em paralelo;
Largura de 01 caixa de areia (L) = 0,4 m;
Velocidade máxima (Vmax) = 0,3 m/s.
A figura a seguir ilustra uma caixa de areia.
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1.2 Dimensionamento
Para a estimativa das dimensões de uma caixa de areia incialmente pode ser aplicada a
seguinte expressão:
TES = Qeb / (nc . C . L);
sendo TES a taxa de escoamento superficial e C o comprimento de uma caixa de areia.
O valor de TES pode ser adotado entre 600 a 1.300 m3/m
2/dia. Nesta aplicação, sendo
TES = 1000 m3/m
2/dia, obtém-se:
C = Qeb / (nc .TES . L) = 2,09 m
Para a definição da altura H da lâmina de esgoto na caixa de areia aplica-se a equação
da continuidade, conforme segue:
QEB/nc = VH . Av = VH . L . H sendo AV a área da seção transversal ao escoamento.
Logo,
H = Qeb / (2 . 0,3 . 0,4) = 0,0806 m = 8,06 cm.
Todavia, por questões construtivas, adota-se H = 10,00 cm.
Para fins de verificação deve ser observada a faixa C = 22,5 H a 25,0 H, a qual redunda
no intervalo C = 2,25 a 2,5 m. Como pode ser observado, o valor de C encontrado
não atende. Recomenda-se reduzir TES e reiniciar a estimativa.
III Estação Elevatória
Dados da Estação Elevatória
Vazões: Qeb (Qfmed) = 19,33 l/s ; Qmin (Qimed) = 15,92 l/s;
Qimax (máxima de início de plano) = 20,88 l/s;
Cota do Eixo da Bomba: CEB = 6,5 m;
Níveis do Poço de Sucção: Nmin = 2,5 m; Nmax = 3,5 m;
Níveis da Unidade de Tratamento: Nmin = 10,0 m ; Nmax = 15,5 m;
Comprimento da Tubulação de Recalque: Lr = 100 m;
Comprimento da Tubulação de Sucção: Ls = 5,5 m.
Resolução
1 Número de Bombas (NB)
O NB é dado pela seguinte expressão:
NB = n + r
sendo n o número de bombas em operação normal (simultânea) e r o número de bombas
reservas.
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2 Volumes do Poço de Sucção Para a estimativa destes volumes, as variáveis de dimensionamento são:
Qeb (Qfmed) = 19,33 l/s;
Qmin (Qimed) = 15,92 l/s;
Qimax (início de plano) = 20,88 l/s;
Qb (vazão nominal da bomba) = 20 l/s;
TI (tempo de intermitência de acionamento de 01 bomba) = 10 min.;
TD (tempo de detenção de esgoto no poço de sucção) = 30 min.;
A vazão Qeb é a vazão afluente ao poço de sucção e varia com o tempo enquanto a
vazão Qb é aquela aduzida pela bomba em sua capacidade plena e é constante ao longo
do tempo. É importante destacar que Qb deve ser maior que Qeb para que o esgoto não
transborde o poço.
O TI é o tempo de intermitência é o tempo entre duas partidas sucessivas de uma
bomba, tempo este composto pelo tempo de funcionamento TF e o tempo de parada TP,
ou seja:
TI = TF + TP sendo,
O TF é o tempo de funcionamento da bomba, ou seja, o tempo de esvaziamento do
volume útil do poço de sucção, volume este limitado pelos seus níveis máximo e
mínimo. O TP é o tempo de parada da bomba para que ocorra o preenchimento do
volume útil, isto é, para que o nível de esgoto atinja o nível máximo no poço de sucção.
Dado isto, o objetivo é estimar o volume mínimo (Ɣmin) do poço de sucção o qual é
estimado pela seguinte equação:
Ɣmin = TImin . Qb / 4
sendo TImin o mínimo tempo de intermitência possível, para o qual recomenda-se 10
min. Considerando a equação anterior, obtém-se para Ɣmin:
Ɣmin = (10 min . 60 s . 20,00 l/s) / (4 . 1000) = 3,0 m3
Já o TD consta do tempo máximo que o esgoto pode ficar detido no poço de sucção de
maneira a evitar deposição excessiva de sólidos e as decorrentes septicidade e geração
de odores. O TD máximo admitido nas estimativas é de 30 minutos, conforme a NBR
12208. Mendonça (2016) recomenda 20 min para TD. Neste sentido, admitido o TD é
possível estimar o volume máximo (Ɣmax) do poço de sucção, cuja a equação é a
seguinte:
Ɣmax = TD . Qmin = (10 min . 60 s . 15,92 l/s) / 1000 = 9,5 m3;
Neste exemplo foi admitido TD = 10 min. Observar que o Ɣmax é locado entre o nível
médio, dentre aqueles máximo e mínimo, e a base do poço de sucção. A vazão Qmin,
por sua vez, é utilizada nesta equação pois conduz a um maior tempo de detenção. Desta
forma, considerar que a Qmin seja a vazão média de início de plano (Qimed).
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Enfim, sobre o motor elétrico que aciona a bomba, cabe uma observação adicional. O
tempo mínimo entre duas partidas consecutivas de um motor deve ser de 06 minutos, ou
seja, tal motor pode sofrer no máximo 10 partidas por hora. Este procedimento é
importante no intuito de evitar o sobreaquecimento do motor.
3 Estimativa dos Diâmetros das Tubulações
Alguns autores utilizam a equação de Bresse para a estimativa do diâmetro de recalque
Dr, qual seja:
Dr = K . (Qeb)0,5
Sendo D em m e Qeb em m3/s. Admitindo K = 1,2, logo,
Dr = 0,1668 m = 166,84 mm ≈ 200 mm
O diâmetro de sucção é usualmente adotado como 01 diâmetro comercial ao de
recalque. Logo, Ds = 250 mm.
Estimado o Dr faz-se necessário verificar a velocidade de recalque de acordo com a
recomendação da NBR 12208 cuja faixa recomendada é 0,60 m/s < Vr < 3,0 m/s.
Aplicando a equação da continuidade, obtém-se Vr = 0,62 m/s.
No entanto, conforme Crespo (2001), a equação de Bresse normalmente utilizada para o
dimensionamento de elevatórias de água “limpa” não é recomendável para o
dimensionamento de tubulações de recalque de esgoto dadas suas impurezas. Além
disto, cabe adicionar, a equação de Bresse é recomendada para aduções contínuas e não
aduções intermitentes, que é o caso das elevatórias de esgoto.
Portanto, Crespo (2001) pondera que o usual para este dimensionamento é considerar as
faixas recomendáveis de velocidade, conforme tabela a seguir:
Trechos das Tubulações Faixas de Velocidades V (m/s)
Sucção 0,6 – 0,8
Recalque Curto 2,0 – 2,5
Recalque Intermediário 1,0 – 2,0
Recalque Longo 0,6 – 1,0
Assim, com base nas faixas de velocidade apresentadas, é possível estimar os diâmetros
dos trechos das tubulações. A equação utilizada é a da continuidade, cujos resultados
são os seguintes:
Trecho Qeb (m3/s) V (m/s) D (mm)
Sucção 0,01933 0,7 187,51 ≈ 200
Recalque 0,01933 1,5 128,09 ≈ 150
Neste trabalho serão admitidas as considerações de Crespo (2001) dadas as justificativas
apresentadas. E, não obstante, as velocidades estimadas para o recalque e para a sucção
atendem a NBR 12208.
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4 Altura Manométrica
Nesta aplicação será utilizada a Equação de Hazem-Williams dada sua maior
praticidade e aceitável precisão para o porte de diâmetros em questão. Serão estimadas,
portanto, as perdas de carga contínuas e localizadas para posteriormente definir a altura
manométrica total do sistema elevatório.
4.1 Tubulação de Recalque
Perda de Carga Unitária:
J = [Q/(0,279 x C x D2,63
)](1/0,54)
;
J = [0,01933/(0,279 x 130 x 0,1502,63
)]1,85
; J = 0,00898 mca/m
Perda de Carga Contínua: hpC = J x L ; hpC = 0,00898 x 100 ; hpC = 0, 90 m
Perda de Carga Localizada: hpL = 10 x V²/(2 x g) ; hpL = 10 x 1,5²/(2 x 9,81) ;
hpL = 1,15 m
Perda de Carga Total: hpT = hpC + hpL ; hpT = 0,90 + 1,15 ; hpT = 2,05 m
Altura Manométrica: HMANr = hg + hpT ; HMAN = 13,00 + 2,05 ; HMAN = 15,05 m
4.2 Tubulação de Sucção
Perda de Carga Unitária:
J = [Q/(0,279 x C x D2,63
)](1/0,54)
;
J = [0,01933/(0,279 x 130 x 0,2002,63
)]1,85
; J = 0,0022 mca/m
Perda de Carga Contínua: hpC = J x L ; hpC = 0,0022 x 5,5 ; hpC = 0,012 m
Perda de Carga Localizada: hpL = 10 x V²/(2 x g) ; hpL = 10 x 0,7²/(2 x 9,81) ;
hpL = 0,25 m
Perda de Carga Total: hpT = hpC + hpL ; hpT = 0,012 + 0,25 ; hpT = 0,26 m
Altura Manométrica: HMANs = hg + hpT ; HMAN = 4,0 + 0,26 ; HMAN = 4,26 m
4.3 Conjunto Recalque-Sucção
Altura Manométrica Total: HMAN,T = HMANr + HMANs ; HMANt = 15,05 + 4,26 ;
HMANt = 19,31 m
5 Especificação do Conjunto Motobomba
Especificação da Bomba e Verificações Complementares: Os dados são Qeb= 19,33 l/s
e HMANt = 19,31 mca. Com estes dados procede-se a especificação da bomba centrífuga
pela observação das curvas das mesmas apresentadas pelos fabricantes e pela curva do
sistema elaborada pelo projetista. Logo, por estas curvas especificar as respectivas
marca, potência, vazão, altura manométrica e potência.
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Curva
Luva
Curva
Válvula de
Retenção
Válvula de Pé
de Crivo
Eixo da Bomba
bomba
Poço de
Sucção
Eixo da Válvula
da válvula
Registro de
Válvula
HD ETE
Eixo da ETE
Curva
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IV Configurações de Sistemas Primário, Secundário e Terciário
Configuração 1: Preliminar, Lagoa Anaeróbia, Lagoa Facultativa e Lagoa de
Maturação
1 Dados Gerais:
QEB = 19,33 L/s = 1670,4 m³/dia;
DBO/EB = 431,55 mg/L ; OD/EB = 0,5 mg/L ;
TEB = 120C ;
K1 = 0,10 / dia (p/ 200C).
2 Dimensionamento de uma Lagoa Anaeróbia
2.1 Dados Específicos
QEB = 1670,4 m³/dia; DQO/EB = 863,10 mg/L ; DBO/EB = 431,55 mg/L
2.2 Rotina de Dimensionamento
a) Admitir que a eficiência na remoção da DBO para as lagoas anaeróbias seja até
50% para temperaturas inferiores a 20o C até 60% para temperaturas superiores a
20o C. Logo, a Concentração de DBO efluente é função da equação:
E = (DBO/EB – DBOefl) / (DBO/EB) , para E = 50 %
b) CODBO afluente: CODBO/EB = DBO/EB(mg/L).QEB(m3/dia)/1000 =
= 720,86 kg DBO/dia
c) Adoção da Taxa de Aplicação Volumétrica (Lv): Lv = 0,1 DBO/m3.dia
Obs: Usualmente adota-se Lv entre 0,1 kg DBO/m3.dia e 0,3 kg DBO/m
3.dia.
d) Estimativa do Volume Requerido: V = CODBO / Lv = 7208,6 m3
e) Verificação do Tempo de Detenção: Td = V / Q = 4,32 dias
Verificação: Td deve estar entre 03 a 06 dias
f) Estimativa da Área Requerida: A = V / H = 1802,15 m2 para H = 4,0 m.
Obs: Usualmente adota-se H entre 4 à 5 m.
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g) Dimensões da Área Total Necessária: Supondo 02 lagoas em paralelo, sendo a
relação Comprimento (C) / Largura (L) = 1,0, em cada lagoa tem-se a área A1.
Logo: A1 = A / 2 ; A1 = C . L ; C / L = 1,0
Resolvendo, C = 30 m ; L = 30 m
A área total AT necessária é a área líquida somada à área de influência e de taludes.
Assim sendo, usualmente estima-se que AT seja de 25 á 33 % superior a área líquida.
Logo, AT = 1,33 . A = 2397 m2 ;
3 Dimensionamento de uma Lagoa Facultativa
3.1 Dados Específicos: QE = 1670,4 m³/dia; DBO = 215,78 mg/l
3.2 Rotina de Dimensionamento
a) DBO Afluente: Tendo o tratamento anterior uma eficiência de 50 %, logo a DBO
remanescente a ser tratada pela lagoa facultativa é de 215,78 mg/l. Todavia,
considerando que a eficiência na remoção da DBO para as lagoas facultativas seja
na ordem de 80 %, verificar se esta lagoa atenderá o esperado, onde a DBO efluente
deverá ser igual 43,76 mg / l, conforme capacidade de autodepuração do rio.
b) Carga orgânica afluente: CODBO = DBO (mg/L) . Q (m3/dia) / 1000 = 360,43 kg
DBO/dia
c) Carga orgânica superficial aplicada (COSa)
. COSa = CODBO / A
. COSa = 285,71 . H. 1,085T-35
= 87,51 kg DBO / ha . dia
- Valores de H: 1,5 a 3,0m
- Valores de T : Média do mês mais frio: 12 – 14 C
- Adotar: H = 2,0m e T = 12C
- Obs: Existe uma série de valores e equações sugeridos para COSa .
d) Área mínima para tratamento (área líquida): A = CODBO / COSa = 4,12 ha;
e) Volume: V = A x H ; Como 1,0 ha = 10000 m2, então: V = 82.372 m
3;
f) Verificação do Tempo de Detenção: Td = V / Q = 49,31dias
Verificação: Td deve estar entre 15 a 45 dias;
g) Dimensões: Supondo 02 lagoas em paralelo, sendo a relação Comprimento (C) /
Largura (L) = 2,5 ,em cada lagoa tem-se a área A1. Logo: A1 = A / 2 ; A1 = C . L;
C / L = 2,5. Resolvendo, C = 320,94 m; L = 128,37 m;
h) Área Total Necessária: A área total AT necessária é a área líquida somada à área de
influência e de taludes. Assim sendo, usualmente estima-se que AT seja de 25 á 33 %
superior a área líquida. Logo, AT = 1,33 . A = 5,48 ha.
i) DBO Efluente: DBO = 43,16 mg/l para 80,00% de eficiência de remoção de DBO
na lagoa facultativa.
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4 Dimensionamento de um sistema de Lagoa de Maturação
4.1 Dados Específicos
QE =1670,4 m³/dia; DBO = 43,16 mg/l para 80,00% de eficiência de remoção de
DBO na lagoa facultativa.
Tempo de detenção (Td) de 12 dias;
Altura (H) = 1,0 m;
4.2 Rotina de Dimensionamento
a) Volume V: Cálculo do Volume: TdQV ; V = 20045 m3;
b) Área Horizontal A: Considerando-se a altura, temos a área A = 20045 m2
c) Coeficiente de Decaimento Bacteriano Kb: Para estimar o Coeficiente de Decaimento
Bacteriano Kb, tem-se a seguinte equação:
Kb20 = 0,917 . H -0,877
. Td -0,329
, para 20º C. = 0,4049/d
Para adequar a estimativa de Kb para outra temperatura, utiliza-se a seguinte conversão:
Kbt = Kb20 . (1,07) (t - 20oC)
= 0,24/d
d) Parâmetro kb . Td e dimensões da lagoa
No entanto, para se definir as dimensões da lagoa, é necessário estimar o produto
Coeficiente de Decaimento Bacteriano x Tempo de Detenção. Para o Td adotado e para
o Kbt estimado, encontra-se Kbt x Td = 2,83. Para uma eficiência de remoção de
coliformes Ec = 90,00%, teremos uma relação comprimento / largura (C/L) 4,0 Logo,
A = C . L = 20045 m² ; L = 70,79 m ; C = 283,16 m;
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e) Área Total da Lagoa AT:
A área total AT necessária é a área líquida somada à área de influência e de taludes.
Assim sendo, usualmente estima-se que AT seja de 25 á 33 % superior a área líquida.
Logo, AT = 1,33 . A = 26.660 m2.
f) Volume de lodo VL:
O volume de lodo gerado a ser tratado para o conjunto lagoa anaeróbia, facultativa e
maturação, conforme Sperling, 2005, é de 55 a 160 l/hab/ano (Sperling, 1998). Para o
último ano (para 14.400 hab) é estimado:
VL = 0,1 m3/hab.ano x 14.400 hab = 1440 m
3/ano.
5 Esboçar a configuração do sistema em planta.
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Configuração 02: DAFA, Filtro Biológico com Decantador Secundário e
Disposição Superficial no Solo
1 Dados Gerais:
QEB = 19,33 L/s = 1670,4 m³/dia ; DBO/EB = 431,55 mg/L ; OD/EB = 0,5 mg/L ;
TEB = 120C; K1 = 0,10 / dia (p/ 20
0C)
2 Dimensionamento de um Digestor Anaeróbio de Fluxo Ascendente (DAFA)
2.1 Dados Específicos: QEB = 1670,4 m³/dia, QEB máx. = 30 l/s = 2592,00 m3/dia
para K1=1,2 e K2=1,5. DBO/EB = 431,55 mg / L; DQO/EB = 863,10 mg/l
A ilustração de um DAFA consta na Figura 01.
Figura 01: Representação de um Digestor Anaeróbio de Leito Fluidizado
2.2 Rotina de Equacionamento
a) Carga Orgânica de DQO = QEB(m3/dia).DQO/EB(mg/L)/1000 = 1441.72 kgDQO/d
b) Arbítrio do Tempo de Detenção (Td) : Td = 0,42 dias = 10 horas
Temperatura do
Esgoto (ºC)
Tempo de Detenção Hidráulica
Média Diária Para Duração de Qmáx. de 4 a 6h
16-19 > 10 - 14 > 7 - 9
20-26 > 6 - 9 > 4 - 6
>26 > 6 > 4
Fonte:CHERNICHARO, 1997.
c) Volume do Reator Biológico (V): V = QEB . Td = 702 m3
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d) Adoção da Altura do Reator ( H ) : H = 5,0 m; (Faixa Usual: 3,0 à 6,0 m)
e) Área do Reator Biológico: A = V / H = 140 m2
f) Diâmetro do Reator: A = ПD2 / 4 ;
D = 13,37 m 13,50 m; Para D = 13,5 m, Ac = 143 m², Vc = 715 m³, Td = 0,43 h.
Obs: arredondar D, calcular nova área (corrigida), novo volume (corrigido) e Td
(corrigido).
g) Verificação da Carga Orgânica Volumétrica de DQO (COV):
É a quantidade de matéria orgânica aplicada diariamente ao reator, por unidade de
volume do mesmo. Observar que a carga orgânica volumétrica não é um parâmetro
restritivo de projeto dada a natureza do esgoto doméstico, o qual usualmente apresenta
reduzida carga orgânica quando comparado a certos efluentes industriais. Normalmente,
a COV de DQO é inferior a 3,0 Kg DQO / m3. dia.
COV = QEB (m3/dia) . DQO/EB (mg / L ) / V (m
3) . 1000 = 2,06 Kg DQO / m
3 . dia
Faixa Aceitável : 5,0 – 15,0 Kg DQO / m3 dia (NUVOLARI, 2003)
h) Verificação das Velocidades: Vméd= QEB / A = 0,5 m/h;
Vmáx = QEBmáx / A = 0,77 m/h ;
Vazão Afluente
Velocidade Superficial
(m/h)
Vazão Média 0,5 - 0,7
Vazão Máxima 0,9 - 1,1
Picos Temporários < 1,5
(*) Picos de vazão com duração entre 2 e 4 horas
Fonte: CHERNICHARO, 1997.
Caso as velocidades não verificarem, adota-se novo Td para então se fazer um novo
dimensionamento.
i) Estimativa da Eficiência E de Remoção da DQO e DBO:
EDQO = 100 ( 1 – 0,68 . Td -0,35
) = 70,00 % ; EDBO = 100 ( 1 – 0,70 . Td -0,50
) = 78,21 %
m) Estimativa das Concentrações de DQO e DBO efluentes:
DQOEFL = DQO/EB – ( EDQO . DQO) / 100 ; DQOEFL = 258,93 mg/L
DBOEFL = DBO/EB – ( EDBO . DBO) / 100 ; DBOEFL = 94,03 mg/L
n) Volume de Lodo a ser Tratado (Sperling, 1998) no último ano (para 14.400 hab):
VL = 0,15 m3/hab.ano x 14.400 hab = 2160 m
3/ano.
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3 Filtro Biológico
3.1 Dados Específicos:
Considere o filtro biológico sendo um tratamento secundário e trabalhe com uma TAH
igual a 35 m3/m
2.dia e uma altura de 1,8 m. Dimensione também o decantador
secundário. Os dados são: QE = 19,33 L/s = 1670,4 m³/dia; DQO = 258,93 mg/l ;
DBO = 94,03 mg/L; A Figura 02 apresenta do detalhe do filtro biológico.
Figura 02: Corte do Filtro Biológico
3.2 Rotina de Dimensionamento
3.2.1 Filtro Biológico
a) Área A = Q / TAH, sendo A a área da seção transversal do filtro biológico.
A = QE / TAH = 47,72 m² 48,00 m² para TAH = 35,00 m3/m
2/dia
b) Diâmetro: D = 7,82 m 8,00 m
c) Volume Útil = Vu = A . h ; Vu = 48.1,8 = 86,40 m3
d) Verificar a COV de DBO.
COVDBO = CDBO / Vu = (94,03.1670,4/1000)/86,40; COVDBO = 1,82 kgDBO/m³.dia
Faixa : 0,6 a 1,80 COVDBO
e) Volume de Lodo a ser Tratado (Sperling, 1998) no último ano (para 14.400 hab): VL
= 1,3 m3/hab.ano x 14.400 hab = 18720 m
3.
3.2.2 Decantador Secundário
A representação de um decantador secundário é apresentado na Figura 03.
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Figura 03: Decantador Secundário
A rotina de dimensionamento é apresentada na sequência.
a) Área: TES = Q / ADS , sendo TES a Taxa de Escoamento Superficial e ADS a área do
decantador secundário. O valor de TES encontra-se na faixa de 16 a 24 m3/m
2.dia, para
vazão média de esgoto.
b) Estime a área e o diâmetro do decantador secundário: ADS = 1670,4 / 20 = 83,52 m²;
D = 10,31 m
c) DBO Efluente: DBOefl = 14,10 mg/l para eficiência de remoção de DBO de 85% no
Filtro Biológico.
4 Dimensionamento de um sistema de disposição superficial
4.1 Dados Específicos
QE = 1670,4 m³/dia; QEB máx= 2592,00 m3/dia
DBO = 14,10 mg/l para eficiência de remoção de DBO de 85% no Filtro Biológico.
qL (taxa de aplicação linear) = 0,40 m³/h.mlargura
Dt (período de aplicação) = 8,0 horas/dia
L (comprimento da rampa) = 100,00 m
f ( frequência de aplicação) = 5,0 dias/semana
Observar a Figura 04.
Dimensionamento de Sistema Centralizado de Esgotamento Sanitário Nov. 2017 Professor Daniel Costa dos Santos
Figura 04: Disposição Superficial de Esgoto
4.2 Rotina de Dimensionamento
A = QE . L / (qL . Dt) ; A = 52200 m²
Afinal (devido a frequência de aplicação, 5 dias por semana)
Afinal = 7/5
A = 73080 m
2 ≈ 73000 m
2
A área definida no dimensionamento refere-se à área total de aplicação no solo.
Como o período de aplicação é de 8 horas por dia, a aplicação deverá ser feita em 3
ciclos. Assim, 1/3 da área total será para cada período de 8 horas, resguardando,
evidentemente, a freqüência de aplicação de 5 dias por semana.
Adotando-se; B (largura) = 30,0 m
Afinal = 73000 m² (7,3 ha) e área por painel = 100 . 30 = 3000 m2
No de Painéis = 24,33 ≈ 25 painéis
CDBO/A = (14,10 mg /l x 1670,4 m³/dia) /1000/7,3 ha = 3,23 kg/ha.dia
5 Esboçar a configuração do sistema em planta.