disciplina de parasitologia · mucosas da nasofaringe • resposta celular anti-leishmania ......
TRANSCRIPT
Disciplina de Parasitologia Curso de Medicina
2017
Profa. Dra. Juliana Quero Reimão
Tema: Leishmanioses
Generalidades
• Parasita heteroxênico eurixeno
O que é Leishmaniose?
A leishmaniose é uma doença crônica, de
manifestação cutânea ou visceral (pode-se
falar de leishmanioses, no plural),
causada
porprotozoários flagelados do gênero Leis
hmania, da família dos Trypanosomatidae.
O calazar (leishmaniose visceral)1 e
a úlcera de Bauru (leishmaniose
tegumentar americana)2 são formas da
doença.
É uma zoonose comum ao cão e
ao homem.3 É transmitida ao homem pela
picada de mosquitos flebotomíneos, que
compreendem o
gênero Lutzomyia (chamados de
"mosquito palha" ou birigui)
e Phlebotomus.
• Doença infecciosa, de manifestação cutânea ou visceral, causada por parasitas do gênero Leishmania
• Cerca de 20 espécies de importância médica
• Transmissão
• Exige dois hospedeiros
• Um vertebrado e um inseto
• Variedade de hospedeiros vertebrados
• Animais silvestres e cão
• Picada da fêmea de flebotomíneos
Manifestações clínicas
leishmaniose tegumentar
leishmaniose visceral
leishmaniose
cutânea
leishmaniose
difusa
leishmaniose
mucosa
Distribuição mundial • Doença tropical negligenciada
• Presente em 98 países 12 milhões de pessoas infectadas 2 milhões de novos casos/ano
• 90% Bangladesh, Brasil, Índia, Nepal, Sudão
Regiões tropicais e subtropicais
clima quente e úmido
Negligenciada populações
menos desenvolvidas
É a 3ª parasitose que causa maior
mortalidade (1º malária e 2º
protozoários intestinais)
Bangladesh é um país asiático
rodeado quase por inteiro
pela Índia.
Nepal é um país asiático limitado a
norte pelo Tibete, região autónoma
da China e a leste, sul e oeste
pela Índia.
Sudão é um país africano, limitado
a norte pelo Egito, a leste pelo Mar
Vermelho, por onde faz fronteira
com a Arábia Saudita. O Rio
Nilo divide o país em duas metades:
a oriental e a ocidental. Sua religião
predominante é o islamismo. Quase
um quinto da população do Sudão
vive abaixo da linha internacional de
pobreza, vivendo com menos de U$
1,25 por dia.
Wiki
*
* * *
Nepal
Bangladesh
Sudão
*
Bangladesh
Sudão
LT + LV www.bvgh.org/
Distribuição mundial
Forma Novos
casos/ano Países com 90% dos casos
Leishmaniose cutânea 1,1 – 1,5 milhão Afeganistão, Algeria, Brasil, Irã, Peru, Arábia Saudita, Sudão, e Síria
Leishmaniose mucosa 35 mil Brasil, Peru e Bolívia
Leishmaniose visceral 500 mil Bangladesh, Brasil, Etiópia, Índia, Nepal e Sudão
www.bvgh.org/
Espécies de importância médica
Forma clínica
Agente etiológico
Ásia e África
Cutânea Leishmania aethiopica; Leishmania major; Leishmania tropica
Difusa Leishmania aethiopica
Visceral Leishmania donovani; Leishmania infantum
Américas
Cutânea
Leishmania amazonensis; Leishmania braziliensis; Leishmania guyanensis; Leishmania lainsoni; Leishmania mexicana;
Leishmania naiffi; Leishmania panamensis; Leishmania peruviana; Leishmania shawi; Leishmania venezuelensis
Difusa Leishmania amazonensis; Leishmania mexicana; Leishmania pifanoi
Mucosa Leishmania braziliensis
Visceral Leishmania infantum (sinônimo Leishmania chagasi)
Manifestações clínicas
• Leishmaniose cutânea • Úlcera típica
• Áreas expostas
• Formato arredondado
• Bordas bem delimitadas e elevadas
• Fundo avermelhado com granulacões grosseiras
• Infecção bacteriana associada
• Tendem a cura espontânea
• Principais espécies no Brasil:
• L. braziliensis, L. amazonensis e L. guyanensis
Nomes populares: “Úlcera de Bauru”
“Botão do Oriente”
Manifestações clínicas
• Leishmaniose difusa • Disseminação das lesões cutâneas
• Lesões não ulceradas
• Evolução crônica e lenta
• Imunidade celular deficiente e baixa produção de anticorpos
• Resposta imune normal para outras infecções
• Muitos parasitos na lesão
• Baixa resposta ao tratamento
• Principal espécie no Brasil:
• L. amazonensis
Manifestações clínicas
• Leishmaniose mucosa • Primária
• Ocorre eventualmente pela picada do vetor na mucosa ou semimucosa de lábios e genitais
• Secundária
• Metástase por via hematogênica, para as mucosas da nasofaringe
• Resposta celular anti-Leishmania exacerbada
• Escassez de parasitos
• Principal espécie no Brasil:
• L. braziliensis
• Perfuração do palato e faringe
• Comprometimento da fala e deglutição
• Desnutrição
• Insuficiência respiratória por edema de glote
• Destruição do septo nasal
• Nomes populares:
• “nariz de anta”
• “nariz de tapir”
Manifestações clínicas
• Leishmaniose mucosa
Manifestações clínicas
• Leishmaniose visceral • Baço, fígado, linfonodos e medula óssea
• Hepato e esplenomegalia
• Febre, emagrecimento, palidez
• Anemia, leucopenia, plaquetopenia, hiperglobulinemia (↑ Ac)
• Não tratada Óbito
• Única espécie no Brasil:
• L. infantum
Nomes populares:
“Calazar” “Febre dundun”
Leishmanioses
• Variação dos quadros clínicos • Espécie de Leishmania
• Fatores do hospedeiro
• Imunidade
• Fatores genéticos
• ...
• Susceptibilidade x resistência
Ultraestrutura
• Ordem Kinetoplastida
• Cinetoplasto
• Região rica em DNA (kDNA)
• Rede de DNA circular
• Próximo a ele parte um flagelo
• Mitocôndria
• Única, longa e ramificada
• Formas de vida • Amastigotas
• Promastigotas
Golgi
Acidocalcissomo
Citóstoma
Bolso flagelar
Axonema
Microtúbulos subpeliculares
Glicossomo
Reservossomo
Núcleo Cinetoplasto
Vacúolo contrátil
Nucléolo Mitocôndria
Vargas-Parada. Nature Education, 2010.
• Os tripanossomatídeos são protozoários
que contém no seu citoplasma uma
estrutura característica, o cinetoplasto,
ligado a sua longa mitocôndria.
• O cinetoplasto contém um DNA especial, o
kDNA.
• Próximo a ele parte um flagelo.
• Os reservossomos são organelas de
estoque de macromoléculas ingeridas.
Formas de vida
• Amastigota • Flagelo não ultrapassa os limites da célula
• 2-3 μm
• Reprodução por divisão binária
• Encontrada no hospedeiro mamífero
• Forma intracelular (células do SFM)
• Podem apresentar formas distintas que
ocorrem de acordo com o meio em que
se encontrem.
• Nos amastigotas, o flagelo não
ultrapassa os limites da célula, ficando
contido em um espaço, o bolso flagelar.
• Nos promastigotas, parte da
extremidade anterior.
Localização:
Pro: tubo digestivo dos insetos
Ama: nas células do hospedeiro
vertebrado, especialmente macrófagos e
células musculares
Pro: dimensões variadas
doi: 10.1128/AAC.49.8.3274-3280.2005
Macrófagos infectados com Leishmania sp.
Teixeira et al. PLoS Negl Trop Dis, 2012.
Formas de vida
• Promastigota • Flagelo parte da extremidade anterior
• 10-40 1,5-3 μm
• Reprodução por divisão binária
• Encontrada no tubo digestivo dos insetos
Extremidade posterior
Extremidade anterior
Teixeira et al. PLoS Negl Trop Dis, 2012.
Ciclo de vida 1. Repasto sanguíneo ()
2. Ingestão de macrófagos infectados com amastigotas
3. Transformação em promastigotas procíclicos
4. Divisões sucessivas no inseto
5. Transformação em promastigotas metacíclicos
6. Repasto sanguíneo
7. Fagocitose (células do SFM)- vacúolo parasitóforo
8. Transformação em amastigotas
9. Divisões sucessivas
10. Rompimento celular
11. Infecção de novas células
12. Repasto sanguíneo
1) Hospedeiros vertebrados são infectados quando formas promastigotas metacíclicas são inoculadas pelas fêmeas dos insetos vetores, durante o repasto sanguíneo
2) Internalização de Leishmania
- Endocitose mediada por receptores na superfície do macrófago
-Formação do vacúolo parasitófoto (fagolisossomo)
3) Transformação em amastigotas
4) Sucessivas multiplicações
5) Ruptura
-Apoptose e morte celular
-Liberação de amastigotas
-Serão internalizadas por outros macrófagos
Teixeira et al. PLoS Negl Trop Dis, 2012.
Vacúolo parasitóforo
Promastigota metacíclico
Amastigotas
flebotomíneo ♀
Ciclo de vida
Promastigota metacíclico
flebotomíneo ♀
Promastigota procíclico
Teixeira et al. PLoS Negl Trop Dis, 2012.
Fisopatogenia • Inoculação de parasitos
• Inflamação local (picada)
• Cura (imunidade) ou disseminação
• Na LV: • Multiplicação
• Células de Kupffer (fígado)
• Células do SFM (baço, medula óssea e linfonodos)
• Hepato-esplenomegalia
• Hiperplasia e hipertrofia do sistema macrofágico
• Substituição das estruturas normais
• Resultado: anemia, leucopenia e plaquetopenia
• Caquexia e morte
• Na LT: • Picada + parasitos atração de macrófagos e neutrófilos
• Infiltrado inflamatório formação ulcerosa
Rey, 4ª Ed., 2011.
Macrófagos contendo amastigotas de L. infantum.
Imprinting de baço
Após a picada a resposta imune é
desencadeada, atraindo macrófagos e
neutrófilos
ao local. Quando as formas promastigotas
conseguem se aderir a superfície dos
macrófagos, elas são fagocitadas, perdem
o flagelo dentro do vacúolo parasitóforo,
fundem-se aos lisossomos e ao se
transformarem em amastigotas se
multiplicam por divisão binária. Para que a
doença ocorra essa está dependente da
resposta imune do hospedeiro. Todo o
processo imune desencadeado acarreta
na formação de um infiltrado inflamatório
que promove a formação ulcerosa
cutânea, que dá o aspecto da lesão.
(apostila Anhanguera)
medula óssea
linfonodos
baço fígado
Vetores
• LC • Lu. whitmani
• Lu. wellcomei
• Lu. pessoai
• Lu. intermedia
• Lu. umbratilis
• Lu. flaviscutellata
• LV • Lu. longipalpis
• Lu. evansi
• Lu. cruzi
Principais espécies envolvidas na transmissão no Brasil
• Fêmeas de flebotomíneos • Nome popular: “mosquito palha”
• Gêneros: Phlebotomus (Ásia, África e Europa) e Lutzomyia (Américas)
• Classificação taxonômica • Classe Insecta
• Ordem Diptera
• Família Psychodidae
• Subfamília Phlebotominae
• Gênero Lutzomyia
Família Psychodidae
Psychodidae é uma família de
insetos que engloba dípteros
geralmente de pequeno porte,
como a mosca-dos-filtros e o
mosquito-palha, que
apresentam: Corpo e pernas
recobertos com um grande
número de cerdas longas.
Lutzomyia sp.
Biologia dos flebótomos
• Ciclo de vida • Inclui quatro fases da vida
• Ovo, larva , pupa e adulto
• Homometábolos (metamorfose completa)
• Oviposição • Solo úmido e matéria orgânica
• Bosques e florestas
• Matas secundárias
• Plantações
• Alimentação • Alimentam-se de seiva
• Fêmeas são hematófagas
• Maturação dos ovos
• Transmissão
Rey, 4ª Ed., 2011.
Reservatórios
• LC • Variedade de mamíferos
• Roedores, edentados (tatu, tamanduá, preguiça), marsupiais (gambá), canídeos, equinos e primatas
• LV • No ambiente silvestre:
• Raposas (Dusicyon vetulus e Cerdocyon thous)
• Marsupiais (Didelphis albiventris)
• Na área urbana: • Cão (Canis familiaris)
• Nunca descrita em aves e anfíbios
• Em répteis (lagartos) são agrupadas em outro gênero (Sauroleishmania)
Reservatório doméstico
• LC canina
• Úlcera cutânea única, eventualmente múltipla
• Orelhas, focinho ou bolsa escrotal
• LV canina
• Emagrecimento e apatia, ceratoconjuntivite, lesões na face e orelha, onicogrifose
SVS/MS
Características epidemiológicas
• Zoonose
• Transmissão silvestre
• Características de ambientes rurais
• Área de desmatamento ou extrativismo
• Expansão para áreas urbanas ATUAL
• Encontra-se em franca expansão
Região Nordeste
Áreas de leishmaniose visceral
Região Centro-Oeste Floresta amazônica (extrativismo de borracha)
SVS/MS
Leishmaniose tegumentar
SVS/MS
L. braziliensis L. lainsoni L. naiffi L. shawi L. guyanensis L. amazonensis L. lindenberg
SVS/MS
Leishmaniose tegumentar
Sinan/SVS/MS Consulta em 07/03/2017
http://slideplayer.com.br/slide/388993/
Nº
caso
s
ano
Casos registrados de 1980 a 2009:
• Casos confirmados Notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação • Período de 2007 a 2015 • Média de 22,4 mil casos/ano
22556 21581 23318 23493 23054
25252
19652 21959 21161
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Nº
de
caso
s
Ano
Leishmaniose tegumentar
Sinan/SVS/MS Consulta em 07/03/2017
• Casos confirmados Notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação • Período de 2007 a 2015 (total = 202.026 casos)
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000R
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Nº
caso
s
16,83%
9,29%
14,39%
11,71%
1,14%
8,06%
5,38%
Leishmaniose visceral
Urbanização e expansão
1983-1988 1989-1994 1995-2000 2001-2006
SVS/MS
Leishmaniose visceral
http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.ex
e?idb2010/d0205.def
Nº
caso
s
ano
Casos registrados de 1980 a 2009:
Sinan/SVS/MS Consulta em 07/03/2017
• Casos confirmados Notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação • Período de 2007 a 2015 • Média de 3,72 mil casos/ano
3562
3990 3892 3701
4105
3267 3470
3731 3770
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Nº
de
caso
s
Ano
Leishmaniose visceral
Sinan/SVS/MS Consulta em 07/03/2017
• Casos confirmados Notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação • Período de 2007 a 2015 (total = 33.488 casos)
0500
100015002000250030003500400045005000
Ro
nd
ôn
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Acr
e
Am
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Ala
goas
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ipe
Bah
ia
Min
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s
Esp
írit
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anto
Rio
de
Jan
eiro
São
Pau
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Rio
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o S
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o G
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Dis
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do
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Nº
de
caso
s
13,63% 13,68%
11,30%
9,38%
5,08%
8,12% 8,71%
Leishmaniose visceral em SP
• Situação epidemiológica • Eixo de disseminação
• Sentido noroeste para sudeste
• Rodovia Marechal Rondon e gasoduto Bolívia-Brasil
• Detecção de Lu. longipalpis em zona urbana em 1997
• Detecção da LV canina em 1998
• Primeiros casos surgiram em Araçatuba em 1999
• Desde então, a doença vem-se expandindo pelos municípios de SP
• 1.919 casos e 169 óbitos, até 2011
• 73 municípios
RESULTADOS
: Foram detectados 73 municípios com
transmissão da doença. As primeiras
ocorrências deram-se em áreas com
maiores temperaturas e menores
pluviosidades, mas sua disseminação
também ocorreu em áreas menos quentes
e mais úmidas. A expansão da
leishmaniose visceral americana em
humanos apresentou um eixo principal de
disseminação no sentido noroeste para
sudeste, acompanhando a rodovia
Marechal Rondon e o gasoduto Bolívia-
Brasil, e um eixo secundário, na direção
norte-sul, acompanhando a malha
rodoviária. As taxas de incidência,
segundo regiões de saúde, apresentaram
um pico seguido de queda, com exceção
da região de São José do Rio Preto.
Observou-se maior concentração de
municípios com altas taxas de incidência e
mortalidade nas regiões de saúde de
Araçatuba, Presidente Prudente e Marília.
CONCLUSÕES
: Possíveis fatores determinantes da
expansão da doença incluíram a rodovia
Marechal Rondon e a construção do
gasoduto Bolívia-Brasil. Fatores climáticos
pareceram não ter papel determinante
nessa expansão. O uso de técnicas de
análise espacial permitiu identificar
municípios com possível subnotificação de
casos e óbitos e indicar municípios
prioritários para o desenvolvimento de
ações de vigilância e controle.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102013000400691
Cardim et al., Rev. Saúde Pública, vol.47 n.4, 2013
Cardim et al., Rev. Saúde Pública, vol.47 n.4, 2013
Diagnóstico
Humano
• Clínico-epidemiológico e laboratorial • Sintomas + história de residência em área endêmica
• Diagnóstico diferencial
• LT: Tuberculose cutânea, hanseníase, úlceras e neoplasias
• LV: malária, toxoplasmose, brucelose, tuberculose, esquistossomose
• Confirmação: exames laboratoriais • Parasitológico
• Imunológico
• Molecular (PCR)
Canino • Sorologia
• 3 testes de princípios diferentes
Brucelose: infecção generalizada causada
por bactérias do
gên. Brucella (esp. Brucella melitensis, B.
abortus, B. suis e B. canis ) e transmitida
ao homem por contato com caprinos,
bovinos, suínos e cães, respectivamente; a
incubação é em média de três semanas, e
os sintomas incluem febre, anemia,
nevralgia, dores nas articulações e suores;
febre de malta, febre do mediterrâneo,
febre ondulante.
Diagnóstico
Exames parasitológicos
Exames imunológicos
(Pesquisa de amastigotas)
LV: Análise de material obtido de punção, aspirado de medula óssea ou biópsia de fígado ou baço
LV: Sorologia
LT: Análise de material obtido de raspagem da borda da lesão, imprinting feito com fragmento da biópsia ou histopatologia
LT: Reação de Montenegro (Pesquisa de anticorpos)
Diagnóstico
• Exames parasitológicos • Biópsia ou raspado (LT)
• Mielograma (LV)
• Cultivo e inóculo (LT e LV)
• Para identificação da espécie
• Limitação: longo prazo
Biópsia de pele
Inóculo (hamster)
Punção de medula
Inóculo (camundongo) Cultura
LV LT
Diagnóstico
• Intradermoreação de Montenegro
• Reação de hipersensibilidade tardia aos Ag de Leishmania
• Formas promastigotas mortas de L. braziliensis
• 0,1-0,2 mL do Ag e faz-se a leitura no 3º dia
• Positividade: pápula eritematosa ≥ 5mm
• Sensibilidade = 80 a 100%
• Pode ser negativa na LT difusa e LV
Exames imunológicos
Diagnóstico laboratorial
• Visam demostrar a presença de anticorpos específicos no soro
• Métodos mais usados • Reação de imunofluorescência indireta (RIFI)
• Disponível na rede
• Teste imunoenzimático (ELISA)
• Teste de aglutinação
A sorologia (pela
imunofluorescência,
hemaglutinação ou pelo método
de ELISA) é eficiente para
demonstrar a presença de
anticorpos específicos no soro.
Imunofluorescência: Permite a
visualização de antígenos nos
tecidos ou em suspensões
celulares utilizando
corantes fluorescentes.
www.sucen.sp.gov.br
Exames imunológicos
Testes sorológicos
ELISA
Teste de aglutinação
RIFI
Exames inespecíficos
• Na leishmaniose visceral • São importantes devido às alterações que ocorrem nas células
sanguíneas e no metabolismo de proteínas
• Hemograma • Pode evidenciar pancitopenia
• Diminuição do número de todos os elementos figurados do sangue (hemácias, leucócitos e plaquetas)
• Dosagem de proteínas • Há forte inversão da relação albumina/globulina
(valores normais: albumina 60%; globulinas 40%)
Tratamento
1º linha
• 1) Antimoniais pentavalentes
• 2) Anfotericina B
• 3) Pentamidina
Teste clínico
• Miltefosina
• Paromomicina
• Sitamaquina
• Anfotericina B (novas formulações)
1º linha
• 1) Antimoniais pentavalentes
• 2) Pentamidina
• 3) Anfotericina B
Teste clínico
• Paromomicina tópica
• Miltefosina
• Sitamaquina
• Azóis (cetoconazol, fluconazol e itraconazol)
LV
• Fármacos mais eficazes e que atendam aos padrões atuais de segurança
– Prioridade para o controle da leishmaniose
LT
OMS, 2011.
Antimoniais Pentavalentes
• 1ª escolha no tratamento da leishmaniose (Brasil) • LV e LC na maior parte do mundo
• 100 anos – 1913/2013
• Estibogluconato de sódio • Pentostam (GlaxoSmithKline)
• Disponível nos Estados Unidos e Reino Unido
• Antimoniato de meglumina • Glucantime (Aventis)
• Disponível no Brasil, França e Itália
Glucantime®
• Recomendações para o tratamento (Brasil) • 20 mg de SbV/kg/dia
• Limite de 3 ampolas/dia
• Uso parenteral
• Via intravenosa
• Via intramuscular
• Infusão lenta
• 20 a 40 dias consecutivos
• Requer hospitalização e acompanhamento clínico
• Requer exames complementares para detecção de intoxicação
• Hemograma, uréia/creatinina, TGO/TGP e ecocardiograma
• Não indicado para co-infectados HIV/leishmaniose
Anfotericina B
• 2ª escolha no tratamento da LV (Brasil) • Resposta insatisfatória ao SbV
• Duas apresentações: • Desoxicolato de Anfotericina B (Fungizone®)
• “droga livre”
• Alta toxocicidade
• Efeitos colaterais graves
• Anfotericina B lipossomal (Ambisome®)
• “droga encapsulada”
• Baixa toxicidade
• 2ª escolha no Estado de SP
Desoxicolato de Anfotericina B
• Dose • 1mg/kg/dia em dias alternados
• Total: 3 g
• Limite máximo de 50 mg/dia
• Ex: pessoa de 60 kg = 60 mg/dia (máx. = 50 mg/dia) 60 dias de tratamento total = 120 dias (alternados)
• Administração • Via endovenosa - infusão lenta (4 a 6 horas)
• Efeitos colaterais durante a infusão:
• Febre, tremores, mialgias, flebite (inflamação da parede das veias, que permite a aderência de plaquetas), cianose e hipotensão
• Requer hospitalização e acompanhamento médico
• Potássio, uréia e creatinina
Anfotericina B lipossomal
• AmBisome® • Anfotericina B encapsulada em lipossomos (< 100 nm)
• Fosfatidilcolina e colesterol
• Vantagens • Biocompatibilidade
• Liberação controlada
• Menor nefrotoxicidade
• Tratamento de menor duração
• Eventos adversos • Raros.
• Quando observados são:
• Febre, cefaléia, náuseas, vômitos, tremores, calafrio e dor lombar
Núcleo
Lipossomo
Fusão
liberação
fagocitose
Anfotericina B lipossomal
• Indicações • Crianças < 10 anos
• Adultos > 50 anos
• Co-infecção HIV/LV
• Transplantados
• Imunossuprimidos
• Recidiva ou falha com SbV
• Gestantes
• Insuficiência renal, hepática, doenças cardiovasculares
• Esquema terapêutico • 5 mg/kg/dia
• Duração: 5 dias
• Infusão venosa
Recomendações CCD: tratamento da LV no Estado de SP
Limitação: Custo elevado
Pentamidina
• Indicação • Infecções por L. guyanensis
• Melhores resultados que o SbV
• Não é amplamente utilizada
• Eficácia inferior ao SbV e AmB
• Exceto L. guyanensis
• Efeitos colaterais maiores
• Anorexia, astenia, náusea, dor abdominal, hipoglicemia, taquicardia e outras arritmias, insuficiência renal e pancreatite que pode levar a diabetes mellitus
• Esquema terapêutico • 4 mg/kg/dia, a cada 2 dias, até completar 2g
• Intramuscular
• Requer exame semanal de glicose
Miltefosina
• Vantagens • Uso oral
• Baixa toxicidade
• Reações gastrointestinais
• Nefrotoxicidade ou hepatotoxicidade (1%)
• Desvantagens • Teratogênico
• Contraindicado: crianças < 2 anos e gestantes
• Seleção de resistência in vitro
• Diferenças de sensibilidade
• < L. braziliensis, L. guyanensis, L. mexicana
• > L. donovani
• Esquema terapêutico • 2,5 mg/kg/dia por 28 dias
Aprovada para o tratamento da leishmaniose em vários
países:
Alemanha, Nepal, Bangladesh, Índia,
Paquistão, Argentina, Bolívia, Colômbia,
Equador, Paraguai, Peru, México, Honduras e
Guatemala
Eficácia no Brasil não estabelecida
Profilaxia e controle
• Dirigidas ao homem • Notificação dos casos
• Proteção individual
• Repelentes e mosquiteiros
• Educação/conscientização da população
• Dirigidas ao inseto vetor • Levantamento entomológico
• Aplicação de inseticidas
• Saneamento ambiental
• Limpeza urbana
• Eliminação de fonte de resíduos sólidos
Rey, 4ª Ed., 2011.
Profilaxia e controle
• Dirigidas à população canina • Controle da população canina errante
• Proteção dos cães
• Coleira inseticida e mosquiteiros
• Eutanásia de cães soropositivos
• Recomendação do Ministério da Saúde
• Tratamento e vacinação NÃO são recomendados
• Infectividade para os flebotomíneos persiste mesmo após a melhora clínica do cão infectado
Rey, 4ª Ed., 2011.
Antes do tratamento
Depois do tratamento
Prevenção
Dúvidas?
Referências • Material para estudo
• REY, L. Bases da parasitologia médica. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.
• NEVES, D. P. Parasitologia humana. 13. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2016.
• FERREIRA, M. U. Parasitologia contemporânea. Guanabara Koogan, 2012.
• Manuais • Manual de vigilância e controle da leishmaniose visceral. Editora do
Ministério da Saúde, 2006.
• Manual de Vigilância da Leishmaniose Tegumentar Americana. Editora do Ministério da Saúde, 2007.
• Manual de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral Americana do Estado de São Paulo. SUCEN e CCD, 2006.
• Sites para consulta • www.estudeparasitologia.wordpress.com
• http://www.bvgh.org/Current-Programs/Neglected-Disease-Product-Pipelines/Global-Health-Primer/Diseases/cid/ViewDetails/ItemID/5.aspx
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