dissertaÇÃo de mestrado rogÉriofinal

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1 INTRODUÇÃO 1.1 Motivação e Objetivos No Estado do Pará está localizada a unidade industrial da Alumina do Norte do Brasil S/A (ALUNORTE), criada para produzir e comercializar alumina, óxido de alumínio, Al 2 O 3 . A ALUNORTE junto com a Mineradora Rio do Norte S/A (MRN), Alumínio Brasileiro S/A (ALBRAS) e a Usina Hidrelétrica de Tucuruí completam o ciclo de produção do alumínio no estado. Embora a produção de alumínio tenha uma grande importância sócio-econômica para o estado, ela gera uma grande quantidade de resíduo, principalmente através do processo Bayer para a obtenção da alumina, principal insumo na produção do alumínio, provocando dessa maneira impactos ambientais. Esse resíduo é denominado de lama vermelha. Vem-se há algum tempo na Universidade Federal do Pará fazendo-se estudos sobre a lama vermelha, estes estudos visam o seu emprego em cerâmica vermelha estrutural, por se tratar de um resíduo com elevado teor de material fundente, argila expandida para produção de agregado leve para a construção civil, lavadores de gases para remoção de SO 2 , entre outros. Até então, este resíduo não possui valor comercial, daí a necessidade da realização de estudos para amenizar seu impacto ambiental e sua valorização econômica. Além disso, deve-se destacar que a utilização desse rejeito tende a minimizar os problemas ambientais, pois o mesmo tem como principal característica uma 11

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Page 1: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

1 INTRODUÇÃO

1.1 Motivação e Objetivos

No Estado do Pará está localizada a unidade industrial da Alumina do Norte do Brasil S/A

(ALUNORTE), criada para produzir e comercializar alumina, óxido de alumínio, Al 2O3. A

ALUNORTE junto com a Mineradora Rio do Norte S/A (MRN), Alumínio Brasileiro S/A

(ALBRAS) e a Usina Hidrelétrica de Tucuruí completam o ciclo de produção do alumínio no

estado.

Embora a produção de alumínio tenha uma grande importância sócio-econômica para o

estado, ela gera uma grande quantidade de resíduo, principalmente através do processo Bayer

para a obtenção da alumina, principal insumo na produção do alumínio, provocando dessa

maneira impactos ambientais. Esse resíduo é denominado de lama vermelha. Vem-se há algum

tempo na Universidade Federal do Pará fazendo-se estudos sobre a lama vermelha, estes estudos

visam o seu emprego em cerâmica vermelha estrutural, por se tratar de um resíduo com elevado

teor de material fundente, argila expandida para produção de agregado leve para a construção

civil, lavadores de gases para remoção de SO2, entre outros. Até então, este resíduo não possui

valor comercial, daí a necessidade da realização de estudos para amenizar seu impacto ambiental

e sua valorização econômica. Além disso, deve-se destacar que a utilização desse rejeito tende a

minimizar os problemas ambientais, pois o mesmo tem como principal característica uma elevada

alcalinidade (pH 10-13) e financeiros, pois como o mesmo é armazenado em depósitos de rejeitos

a céu aberto, necessita dispor de grandes áreas, acarretando assim em elevados custos.

Diante do exposto, pode-se considerar que a lama vermelha representa um passivo

ambiental importante para a indústria de beneficiamento do alumínio, devido aos riscos de

contaminação do meio ambiente e aos custos associados ao seu manejo e disposição, os quais

representa uma grande parte dos custos da produção da alumina.

A proposta deste trabalho tem por objetivo identificar a faixa granulométrica rica em

mineral de titânio (TiO2) através da concentração física, para uma posterior lixiviação. O método

de concentração a ser empregado neste trabalho será a sedimentação sob condição de

retardamento tendo como base a metodologia de Andreassen utilizando o regime de Stokes

(Laminar).

11

Page 2: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

O titânio possui diversificado campo de utilização principalmente na produção de

pigmentos de dióxidos de titânio, os quais, por sua capacidade de opacidade ou seu poder de

encobrir imperfeições da superfície a qual é aplicado, têm grande aplicação nos setores de tintas,

vernizes , papel, plásticos, cerâmicas e outros. O Brasil é detentor das maiores reservas de titânio

na forma de anatásio. Possui elevado valor de mercado devido suas excelentes propriedades

físicas.

Dentro deste contexto torna-se imprescindível este estudo, visto que, proporcionará um

destino nobre a este rejeito e que contribuirá para a descoberta de uma nova classe de material

que será produzido em nossa região o qual trará grandes benefícios para a sociedade, meio

ambiente e uma redução na quantidade de lama vermelha a ser destinada aos depósitos de rejeito.

12

Page 3: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Bauxita

A bauxita; trata-se de uma rocha de coloração avermelhada, rica em alumínio, com mais

de 40% de Alumina (Al2O3). A proporção dos óxidos de ferro determina a coloração da rocha.

Assim, a bauxita branca contém de 2 a 4% de óxidos de ferro, ao passo que na bauxita vermelha

essa proporção atinge 25%. A bauxita é a fonte natural do alumínio, mesmo com sua elevada

abundância, não há notícias acerca da ocorrência de alumínio metálico na natureza.

A rocha bauxita compõe-se de uma mistura impura de minerais de alumínio e os mais

importantes são gibbsita Al(OH)3, diásporo AlO(OH) e boehmita AlO(OH). Esses minerais são

conhecidos como oxi-hidróxidos de alumínio. Suas impurezas mais comuns são: óxidos de ferro,

argila, sílica, dióxido de titânio, entre outras. A maioria das bauxitas, economicamente

aproveitáveis, possui um conteúdo de alumina (Al2O2) entre 50 e 55% e o teor mínimo para que

ela seja aproveitável é da ordem de 30% (Anjos e silva, 1983; Pagin et al., 1983).

Com o desenvolvimento do processo Hall-Héroult (1886), a alumina disponível foi de

modo crescente usada na produção de alumínio metálico. Mesmo assim, foi desenvolvido um

grupo de aplicações para a bauxita não metálica, no qual se incluem: abrasivos, refratários,

produtos químicos, cimentos de alta alumina, prótese humanas, etc.

Figura 1: Minério de bauxita (Mina Bauxita Paragominas - PA)

13

Page 4: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

A produção anual de bauxita é superior a 120 milhões de toneladas. Cerca de 95 % da

produção é utilizada na obtenção do alumínio metálico, pelo processo Bayer, seguido do processo

Hall-Héroult, resultando numa produção final do metal de 40 milhões toneladas/ano.

Quase 40% da bauxita produzida no mundo provêm da Austrália, destacando-se, ainda,

como principais produtores: Guiana (14%), Jamaica (11%), Brasil (8%), Índia (5%), China (3%).

De acordo com o International Aluminium Institute (IAI), as reservas mundiais de bauxita estão

distribuídas nas regiões tropicais (57%), mediterrânea (33%) e subtropical (10%).

O Brasil ocupa a terceira posição na classificação mundial, em termos de reservas, com

cerca de 3,52 bilhões de toneladas (reservas medidas + indicadas + inferidas). Há predominância

nas reservas brasileiras das bauxitas de grau metalúrgico (83,7%), utilizadas na produção de

alumínio primário. As reservas restantes correspondem às de bauxita de grau não metalúrgico

(Mártires, 2001). No Brasil, a produção total de bauxita alcançou 17 milhões de toneladas em

2003. Nos últimos anos, a produção de bauxita não metalúrgica variou entre 2 e 5 %

correspondendo a 400-600 mil toneladas/ano. Em 2003, apenas 1% do consumo de bauxita no

país foi destinado às indústrias de refratários e produtos químicos (Mártires, 2004). As Tabelas 1

e 2 apresentam os principais componentes das bauxitas tropicais e no mundo, respectivamente.

Tabela 1: Principais componentes das bauxitas tropicais

14

Page 5: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

Tabela 2: Análise típica de algumas bauxitas no mundo

ComponentesTrombetas

Pará (Brasil)

Jamaica(SM)

GanaWeipa

Queensland (Australia)

Hungria Grécia CIS Vietnam

Al2O3 total 53,1 48,4 44,0 57,0 49,2 56,0 60,5 51,0como gibbsita

Al(OH)349,3 43,3 37,9 45,0 16,2 --- 1,5 2,5

como boehmitaAlO(OH)

--- 3,1 2,0 7,8 24,5 17,2 49,5 2,8

SiO2 total 3,89 2,1 2,5 5,6 5,5 4,6 11,4 7,3na caolinita 2,92 1,6 1,8 4,0 5,5 4,5 9,9 5,5no quartzo 0,97 0,5 0,7 1,0 --- 0,1 --- 0,7

Fe2O3 total 13,97 19,7 25,5 7,0 19,9 21,0 8,6 25,7como Hematita

Fe2O313,97 15,1 15,3 6,0 9,7 18,5 3,1 15,2

como GoetitaFeO(OH)

--- 4,2 10,2 1,0 10,2 2,5 5,5 7,6

TiO2 total 1,24 2,7 2,6 2,5 2,3 2,6 2,8 3,1como Anastásio 1,24 2,2 2,2 2,1 1,7 0,9 2,8 2,0como Rutilo --- 0,5 0,4 0,4 0,6 1,7 --- 1,1

2.1.1 Processo Bayer para obtenção de alumina

Compostos Percentagem em peso (%)Al2O3 total 30 – 60

como gibbsita Al(OH)3 30 – 60 como boehmita AlO(OH) < 0,2 – 20

SiO2 total < 0,5 – 10reativa < 0,5 – 6 como quartzo < 0,2 – 10

Fe2O3 total 1 – 30 TiO2 < 0,5 – 10

C orgânico 0,02 – 0,4 P2O5 0,02 – 1,0 V2O5 0,01 – 0,1CaO 0,1 – 2 ZnO 0,002 – 0,1

S 0,02 – 0,1 F 0,01 – 0,1

Hg (ppb) 50 – 1000

15

Page 6: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

O concentrado de bauxita moída, em geral, abaixo de 208 m e uma razão mássica

(Al2O3/SiO2) maior que 10, é misturado a uma solução de soda cáustica, com a qual reage sob

pressão em reatores. A natureza e a concentração do mineral de alumínio contido na bauxita

determinam a temperatura de digestão da rocha, pressão e concentração de soda cáustica. Nestas

condições, a bauxita dissolve-se formando uma solução de aluminato de sódio (Na2O.Al2O3),

enquanto as impurezas permanecem na fase sólida e são conhecidas como “lama vermelha”. O

fundamental para a digestão química dos minerais da bauxita são as reações químicas da alumina

e dos minerais de sílica com a solução de soda cáustica. Mudanças de fases importantes podem

ocorrer com os minerais de ferro que subseqüentemente afetam a clarificação da lixívia. As

principais reações químicas que ocorrem no processo Bayer estão descritas abaixo.

Para a gibbsita (Al2O3.3H2O)

(1)

Para a boehmita (Al2O3.H2O)

(2)

Entretanto, a lixiviação de bauxita com soda cáustica não somente dissolve a maior parte

da bauxita, como também parte da sílica contida no concentrado de bauxita. A sílica ocorre de

duas formas: sílica reativa, principalmente caulinita (Al2O3.2SiO2.2H2O), e quartzo. A caulinita é

prontamente atacada pela soda cáustica formando silicato de sódio que, por sua vez, reage com a

solução de aluminato de sódio (Na2O.Al2O3.2SiO2), descartado do processo na lama vermelha,

resultando na perda de soda cáustica e de alumina (Sevryukov et al., 1950). A adição de CaO

facilita a precipitação completa da sílica dissolvida, por meio da formação do silicato de cálcio,

que é insolúvel. Cabe lembrar que, para cada tonelada de sílica dissolvida, durante a digestão, são

consumidas cerca de 1,0 ton de soda cáustica e 1,0 ton de alumina, para formar os produtos

silicatados, necessários à remoção da sílica dissolvida da solução.

Após essa digestão, a polpa resultante segue para o processo de redução em uma serie de

reatores a pressão, espessadores e filtros prensa. A solução resultante segue para as torres de

16

Page 7: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

resfriamento e finalmente aos precipitadores onde a alumina trihidratada é então cristalizada.

Essa etapa de precipitação é acelerada pela adição de sementes, material fino obtido na etapa de

clarificação posterior à precipitação. Em seguida, o produto é filtrado, lavado, secado e calcinado,

obtendo-se então a alumina sob a forma pura.

Figura 1: Fluxograma do processo Bayer (ALUNORTE)

17

Page 8: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

Figura 2: Alumina calcinada (ALUNORTE)

A produção de alumina é dominada pela Austrália, Estados Unidos, Jamaica, Rússia e

Índia que mantêm cerca de 50% da produção mundial. A massa de alumina produzida pelo

processo Bayer é convertida em alumínio metálico por meio de redução eletrolítica em banho

fundido de criolita natural ou sintética, utilizando o processo Hall-Héroult.

2.1.2 - Processo Hall-Héroult

O alumínio metálico é produzido, em escala comercial, por meio de eletrólise da alumina obtida,

praticamente, pelo processo Bayer. A redução direta do óxido de alumínio para alumínio metálico

até hoje não é um processo competitivo. O processo eletroquímico utilizado na obtenção desse

metal consiste na eletrólise da alumina dissolvida em criolita (3NaF.AlF3) fundida (p.f. 1.010°C),

com baixas concentrações de aditivo não decompostos (ex. fluoretos de alumínio, cálcio,

magnésio e lítio). A mistura atua como fundente da alumina. Com a passagem da corrente

contínua através da solução, o oxigênio migra para o anodo de carbono com o qual reage,

gerando dióxido de carbono na superfície anódica. Ao mesmo tempo ocorre a redução do

alumínio na superfície do catodo, conforme as equações seguintes (Monte et al.,1994).

Reação catódica

18

Page 9: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

(3)

Reação anódica

(4)

Na prática, o alumínio é depositado no cátodo, com eficiência farádica de 85-90%. A

perda na eficiência é, principalmente, devido à reoxidação do alumínio depositado no cátodo,

pela ação do CO2 gerado no ânodo (Huglen et al., 1986), segundo a reação a seguir:

(5)

A demanda de energia elétrica para produção de alumínio é significativamente elevada.

Dessa forma, o processo de obtenção de alumínio foi aperfeiçoado com a finalidade de otimizar o

consumo de energia. Cabe lembrar que, em 1940, a indústria consumia cerca de 24.000 kWh/t de

alumínio produzido. Atualmente, esse valor caiu para 13.000 kWh/t. Todavia, ainda se atribui ao

processo o ônus de ser o que mais demanda energia entre todos os processos metalúrgicos

(Mártires, 2001). Esses argumentos justificam a localização das unidades industriais, para

produção de alumínio metálico, próximo às hidrelétricas, às minas de carvão, ou mesmo nos

países onde há energia elétrica com abundância e baixo custo.

2.2 Minerais de Titânio

O metal titânio é pouco reativo em temperatura ambiente, mas, quando aquecido, forma

compostos estáveis, duros e refratários. O titânio é resistente à maioria dos ácidos orgânicos, aos

ácidos clorídrico e sulfúrico diluídos, gases e solução contendo cloro. A forma do titânio (IV)

representa o seu estado de oxidação mais estável.

Devido a propriedades excepcionais, densidade de 4,5 g/cm3; elevada tenacidade; elevado

ponto de fusão (1670°C); grande resistência à corrosão (equivalente à da platina); elevada

resistência mecânica (comparável a do aço); estabilidade térmica; grande capacidade de dispersão

e elevada brancura, o titânio é utilizado em uma diversidade de aplicações industriais, desde

19

Page 10: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

fabricação de turbinas para aviões supersônicos até próteses dentárias, sendo especialmente

indicado para usos em materiais que se mostrem resistentes a situações adversas, como

tubulações em água do mar (Kane, 1987) e em diversos artefatos da indústria aeroespacial. Por

essas e outras razões, o titânio é considerado um metal de importância estratégica.

Apesar da tenacidade característica do titânio, a presença de impurezas não metálicas,

como H, C, N ou O, o tornam quebradiço, mesmo quando as contaminações ocorram em

pequenas quantidades.

O titânio é encontrado em meteoritos e em rochas lunares. Na crosta terrestre é o nono

elemento mais abundante, ocorre na natureza na forma de combinações químicas, geralmente,

com oxigênio e ferro. Os principais minerais economicamente importantes são: ilmenita, rutilo,

anatásio e leucoxênio.

A produção de titânio é obtida com base em depósitos primários ou secundários. Nos

depósitos do primeiro tipo, o rutilo raramente é encontrado em concentrações economicamente

aproveitáveis. Nesses depósitos, os minerais de titânio ocorrem associados a minerais de ferro.

Por sua vez, os depósitos secundários ocorrem em forma de placers, localizados nas áreas de

praias, ou próximas às mesmas. Nesses placers, conhecidos como areia de praia, o quartzo é o

mineral predominante. A areia pode conter, simultaneamente, os minerais ilmenita e rutilo, além

de outros minerais de interesse econômico como zirconita e monazita.

Em ambos os tipos de depósitos, a ilmenita é sempre mais comum do que o rutilo, sendo

as reservas conhecidas de ilmenita em todo o mundo muito maiores que as de rutilo. De acordo

com o Anuário Mineral Brasileiro (DNPM, 2001), o Brasil possui reservas medidas de 23,7

milhões de toneladas de ilmenita e 78,7 mil toneladas de rutilo, além de possuir a maior reserva

de anatásio com 438,2 milhões de toneladas (Tabela 3).

Tabela 3: Distribuição das reservas nacionais de minerais de titânio por estado

Estado

Reserva Mineral (106 t)

Ilmenita Rutilo Anatásio

20

Page 11: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

Minas Gerais

Goiás

Bahia

Rio Grande do Norte

Paraíba

Pernambuco

Rio de Janeiro

Total

0,5

0,2

2,6

16,7

1,5

1,9

0,3

23,7

---

---

0,046

---

0,017

---

0,016

0,079

395,5

42,7

---

---

---

---

---

438,2

Fonte: Anuário Mineral Brasileiro – DNPM (2001)

O mercado engloba o titânio metálico e o dióxido de titânio (TiO2). O titanio metálico é

usado em indústrias metalúrgicas, químicas, elétricas, cerâmicas, etc. (Froes, 1987). Por sua vez,

o dióxido de titânio (TiO2), devido às suas características de opacidade, alvura, resistência ao

ataque químico, poder de cobertura e ausência de toxidez, é amplamente utilizada na fabricação

de pigmento empregado nas indústrias de tinta, papel, plástico, borracha, fibras, vernizes, entre

outros (Ellis, 1987). Cerca de 90% dos concentrados de minerais de titânio produzidos no mundo

são utilizados na produção do dióxido de titânio. Em 2002, o consumo mundial de pigmento, foi

estimado em 4,1 milhões de toneladas (Gambogi, 2003).

Devido ao fato de que a sua produção implica utilização de sofisticados processos

químicos, o titânio tem preço mais elevado do que outros materiais estruturais, como o alumínio e

o aço (Lynd, 1985). O interesse comercial pelo titânio cresceu muito com a demanda da indústria

aeroespacial (Lee, 1999).

Adicionalmente, é conhecido no Brasil um grande potencial de recursos de titânio de

tipologia pouco convencional que, se equacionados como reservas, poderiam superar aquelas

existentes na China, Austrália e África do Sul. Esses recursos estão associados às chaminés

alcalinas de Tapira e Salitre (MG) e em Catalão/Ouvidor (GO). O mineral de titânio encontrado

nesses depósitos é inusitado e carente de processo extrativo competitivo. Trata-se do anatásio

(TiO2), um mineral secundário originado da alteração de perowskita (CaTiO3), em ambiente de

superfície. Durante vários anos a CVRD investigou a possibilidade do aproveitamento do

anatásio existente em Tapira (atualmente mina de fosfato, mas detentora de recursos potenciais

de titânio e de nióbio). Algumas indústrias, como a DuPont, chegaram a associar-se com a CVRD

almejando industrializar os concentrados de anatásio, mas, apesar dos investimentos, o projeto foi

21

Page 12: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

abandonado por falta de competitividade com o minério clássico de ilmenita, pelos altos teres

remanescentes de cálcio, de fósforo e radioatividade, decorrente da presença de urânio e tório

associados. A legislação ambiental dos países produtores e consumidores de titânio exige que o

somatório de urânio e tório não ultrapasse 100 ppm. No entanto, o potencial de recursos

disponível se constitui em incentivo para novas investigações na procura de rota extrativa

coveniente para o minério de anatásio. No maciço de Tapira o potencial de recursos supera 190

milhões de toneladas a 21% TiO2 e no de Catalão, cerca de 340 milhões de toneladas com teores

em torno de 15% TiO2 (Damasceno, 2006).

2.2.1 Mineralogia

O titânio figura entre os dez elementos mais abundantes na crosta terrestre, visto que o

Ti4+ está presente em cerca de 45 espécies minerais. No entanto, os depósitos com viabilidade

econômica são escassos. As principais fontes comerciais de titânio são a ilmenita (FeTiO 3), o

rutilo (TiO2), o anatásio (TiO2) e o leucoxênio.

2.2.2 Anatásio

O anatásio (TiO2) também cristaliza no sistema tetragonal, possuindo cor e brilho

variáveis. Nas areias de praias os grãos de anatásio apresentam-se com pequena translucidez e

cores variando do amarelo ao cinza, com índice de refração acima de 2,5. O anatásio, quando

transparente, é usado como gema. O nome anatásio vem do grego anatasis que significa

“prolongamento”. Os maiores depósitos de anatásio são encontrados nos carbonatitos de Tapira,

município de Araxá, MG. Neste caso, o anatásio ocorre como pseudomorfo, freqüentemente

octaédrico com intercrescimento de quartzo fino. As principais características físicas do anatásio

são apresentadas na tabela 4.

22

Page 13: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

Figura 3: Mineral de anátasio

Tabela 4: Propriedades físicas de alguns minerais de titânio

Propriedades Anatásio Rutilo Ilmenita

Fórmula TiO2 TiO2 FeTiO3

% Ti 98,4 – 99,8 89,5 – 99,0 48,6 – 57,3

Densidade 3,9 4,3 4,5 a 5,0

Dureza (escala Mohs) 5,5 a 6,0 6,0 a 6,5 5,0 a 6,0

Sistema Cristalino Tetragonal Tetragonal Trigonal

2.2.3 Geologia

A produção mundial de titânio é obtida de dois tipos de depósitos: primário e secundário.

Nos depósitos secundários de areia de praia, o teor em TiO2 apresenta-se mais elevado. Nos

depósitos primários, o titânio ocorre na forma de ilmenita (e menos freqüentemente na forma de

rutilo), formando camadas e massas lenticulares, como mineral acessório em rochas ígneas e

metamórficas.

A maior contribuição à produção mundial de titânio provém dos placers (depósitos

secundários, conhecidos como areia de praia, é constituído, basicamente, por areia de quartzo),

onde ocorre a ilmenita e o rutilo. Nessas ocorrências, a ilmenita apresenta variados graus de

alteração, resultante de um processo de oxidação, que favorece a lixiviação preferencial do ferro.

Como conseqüência, observa-se o surgimento de espécies minerais com maior teor de TiO2

(rutilo, anatásio e leucoxênio).

23

Page 14: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

2.2.4 Processamento

O processo de concentração nas usinas de beneficiamento de minério de titânio depende

do tipo de deposito. A origem geológica do minério, naturalmente, tem influência na

granulometria de liberação e na composição mineralógica da ganga.

Nos depósitos primários, o processo é iniciado com as etapas de britagem e moagem para

promover a liberação da ilmenita. Nesse tipo de depósito, geralmente, a ganga é constituída,

principalmente, por magnetita, hematita, quartzo, albita, etc. A ilmenita tem densidade de 4,5 e,

em termos de susceptibilidade magnética, é classificada como mineral magnético a fortemente

magnético (faixa de campo de 5.000 a 10.000 Gauss) e comporta-se como mineral condutor. A

hematita (Fe2O3) tem densidade em torno de 5,5 e é um mineral fracamente magnético (faixa de

campo de 13.000 a 18.000 Gauss) e condutor. O quartzo e a albita possuem densidade em torno

de 2,7 e são minerais não-magnéticos e não-condutores.

A concentração da ilmenita, portanto, pode ser obtida por meio de métodos gravíticos e

magnéticos. Para a separação gravítica da ilmenita têm sido usados equipamentos como: mesas

concentradoras, cones Reichert e jigues (Nair, 1980; Fan e Rowson, 2000).

A flotação é usada para a concentração de finos, naturais ou gerados no circuito de

cominuição, atuando em faixas granulométricas inadequadas para os métodos gravíticos. A

flotação da ilmenita e dos minerais oxidados de ferro pode ser realizada com ácidos graxos e seus

sabões, sulfonatos, aminas ou succinamatos (Baltar e Cunha, 2004). A ilmenita caracteriza-se por

apresentar pouca susceptibilidade à flotação, resultando baixos valores de recuperação (Zhong e

Cui, 1987; Fan e Rowson, 2000). Fan e Rowson (2000) observaram a influência do estado de

oxidação das espécies Ti4+ e Fe2+ nas propriedades superficiais da ilmenita e conseguiram elevar a

recuperação da flotação, com oleato de sódio, de 65% para 83% com uso de um ativador.

Por sua vez, nos depósitos de placers, ao contrário do que acontece nos depósitos

primários, o minério está na forma de areia, não necessitando de etapas de cominuição. O minério

é constituído por ilmenita, rutilo, outros minerais pesados (zirconita e monazita, por exemplo), e

tem quartzo como o principal constituinte da ganga. Os depósitos de areia de praia contêm cerca

de 98% de minerais de ganga que são separados e devolvidos à cava, como enchimento.

24

Page 15: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

Portanto, os depósitos de areia de praia possuem características que favorecem a

concentração gravítica, desde que a granulometria dos minerais de titânio esteja na faixa

granulométrica entre 1,5 a 0,074 mm.

O processo de concentração é iniciado com a remoção do material grosso. A concentração

gravítica, via úmida, geralmente é feita em espirais e/ou em cones Reichert, para eliminação do

quartzo e outros constituintes leves. O concentrado coletivo de minerais pesados é secado

(geralmente em secadores rotativos) e, em seguida, submetido à separação magnética e separação

elétrica de alta tensão. Um concentrado de ilmenita é obtido na separação magnética. A fração

não-magnética é processada em separador de alta tensão, para remoção de rutilo e de alguma

ilmenita residual. A recuperação depende da granulometria do minério, sendo obtidos valores

mais elevados com o minério grosso.

No Brasil, as duas principais usinas de titânio, provenientes de placers, utilizam essa

combinação de métodos gravíticos, magnéticos e alta tensão. Na usina da Millennium, em

Mataraca (PB) o processo proporciona concentrados de ilmenita com 54,5% TiO2 e de rutilo com

94,5% TiO2. Na usina da INB (Indústrias Nucleares do Brasil), em São Francisco de Itabapoana

(RJ), com o minério na faixa granulométrica entre 0,1 e 2,0 mm, são obtidos concentrados de

ilmenita com mais de 54% TiO2 e de rutilo com 94% TiO2(Sampaio et al.,2001).

2.2.5 Processo de produção de produtos de titânio

Os processos mais usados para obter pigmentos de titânio são sulfatação e cloretação, os

quais usam como matérias-primas concentrados de ilmenita e de rutilo (sintético ou natural),

respectivamente. O processo por sulfatação produz a forma de pigmento denominado anatásio, o

tipo mais indicado para uso em indústrias de papel, cerâmica e tinta para impressão.

Observa-se uma tendência mundial pela utilização do processo por cloretação.

Atualmente, cerca de 60% do dióxido de titânio produzido no mundo é proveniente das usinas de

cloretação. A ilmenita não pode ser usada nesse processo, devido ao seu elevado teor em ferro, o

que implicaria a formação de grande quantidade de rejeito na forma de cloreto de ferro.

A produção do titânio metálico pode ser obtida pelo processo Kroll (com magnésio) ou

pelo processo Hunter (com sódio). O metal obtido por esses processos apresenta aspecto poroso,

25

Page 16: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

por isso é conhecido como esponja (Gamboni, 2003). O titânio (ingot) é obtido com a fusão da

esponja.

2.3 Lama vermelha

A lama vermelha (red mud) é a denominação genérica para o resíduo insolúvel gerado

durante a etapa de clarificação do processo Bayer, sendo normalmente disposta em lagoas

projetadas especialmente para este fim, conforme ilustrado na Figura 4 ou a seco Figura 5.

A composição química da lama vermelha varia extensamente e depende da natureza da

bauxita e da técnica empregada no processo Bayer em cada planta industrial. Normalmente, a

lama vermelha retém todo o ferro, titânio e sílica presentes na bauxita, além do alumínio que não

foi extraído durante o refino, combinado com o sódio sob a forma de um silicato hidratado de

alumínio e sódio de natureza zeolítica. Adicionalmente, óxidos de V, Ga, P, Mn, Mg, Zn, Th, Cr,

Nb podem estar presentes como elementos-traço (Pradhan et al., 1996). As fases minerais mais

comuns são a hematita (-Fe2O3), a goetita (α-FeOOH), a magnetita (Fe3O4), a boemita (γ-

AlOOH), o quartzo (SiO2), a sodalita (Na4Al3Si3O12Cl) e a gipsita (CaSO4.2H2O?), com menor

presença de calcita (CaCO3) e gibbsita (Al2O3.3H2O) (Pradhan et al., 1996).

A lama vermelha é constituída por partículas muito finas (cerca de 95 % < 44 μm, i.e.

325 mesh), apresenta uma área superficial de 13-22 m2 g-1 e tem como principal característica

uma elevada alcalinidade (pH 10-13) (Pradhan et al., 1996). A Tabela 5 fornece a composição,

26

Figura 4: Lagoa de disposição de lama vermelha da ALUMAR (Ilha de São Luís - MA).

Figura 5: Disposição por alta densidade da lama vermelha (no horizonte) da ALUNORTE (Barcarena – PA).

Page 17: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

em termos percentuais, da lama vermelha gerada em diferentes países, apresentada por alguns

autores. Nota-se que há uma grande variação na composição da lama vermelha.

Tabela 5: Composição química da lama vermelha (%) gerada em diferentes países

Referência Fe2O3 Al2O3 SiO2 Na2O TiO2 MgO CaO País

Freitas (2003) 46,60 14,36 16,57 2,43 4,34 0,08 2,62 Brasil

Alves (1992) 49,50 17,50 9,50 2,70 5,00 --- 3,00 BrasilLAQM*/LEQ/UFPA (2007) 34,00 22,00 18,30 9,00 5,00 --- 1,30 Brasil

Wang et al. (2005) 60,00 15,00 5,00 16,00 5,00 --- --- Australia

Genç et al. (2003) 34,05 25,45 17,06 2,74 4,90 1,86 3,69 Austrália

Park & Jun (2005) 16,60 23,70 22,90 11,60 6,70 --- 6,70 Coréia

Peng et al. (2005) 14,17 28,72 5,81 2,70 4,09 --- --- China

Pan et al. (2003) 9,46 7,17 17,75 3,23 2,41 1,51 38,69 China

Tsarkiridis et al. (2004) 40,80 19,95 6,80 2,70 5,80 0,20 12,60 Grécia

Komnitsas et al. (2004) 45,58 15,65 6,96 3,26 7,07 0,19 14,84 Grécia

Diaz et al. (2004) 37,00 12,00 --- 5,00 20,00 --- 6,00 Espanha

Lopez et al. (1998) 31,80 21,10 6,10 4,70 22,60 0,20 4,70 Espanha

Altundogan et al. (2002) 36,94 20,39 15,74 10,10 4,98 --- 2,23 Turquia

Yanik et al. (2001) 37,72 17,27 17,10 7,13 4,81 0,40 4,54 Turquia

Li (2001) 26,30 43,50 0,00 0,00 3,50 --- 0,00 Jamaica

Gordon et al. (1996) 42,30 16,40 8,00 4,60 6,00 --- 9,10 Jamaica

Sglavo et al. (2000a) 35,20 20,00 11,60 7,50 9,20 0,40 6,70 Itália

Piga et al. (1995) 31,60 25,30 13,20 7,70 12,10 --- 7,70 ItáliaKumar (1998)

apudAgrawal et al.(2004)

27,00 29,00

18,0020,00

6,008,00

4,006,00

16,0018,00

---6,0012,00

Índia

Sujana et al. (1996) 56,45 16,65 3,32 4,87 4,07 0,28 0,52 Índia

Prandal et al. (1996) 26,95 13,04 13,18 --- 10,07 --- --- Índia

Prandal et al. (1996) 62,55 14,92 10,30 --- 4,10 --- --- Índia

Koumanova et al. (1997) 48,40 26,60 5,50 --- 2,80 0,90 1,20 Guiné

Kirkpatrick (1996) 53,00 16,00 3,00 2,00 10,00 1,00 --- EUA

Halász et al. (2005) 33 - 48 16 - 18 9 - 15 8 - 12 4 - 6 0,3 - 1 0,5-3,5 Hungria *Laboratório de Análise Química de Materiais.

27

Tabela 5: Continuação

Page 18: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

A qualidade da jazida de bauxita utilizada influencia diretamente na quantidade de lama

vermelha gerada, bem como o teor de sólidos com que esta é lançada, que está diretamente ligado

ao tipo de disposição adotada. Métodos conhecidos como disposição seca produz uma menor

quantidade de lama vermelha que os de disposição úmida. Levando-se em consideração estes

parâmetros, pode-se afirmar que não existe uma proporção exata entre a quantidade de alumina

produzida e a quantidade de lama vermelha gerada. Entretanto, Nunn (1998) afirma que uma

típica refinaria gera entre 0,5 e 2,0 ton de lama vermelha seca por ton de alumina produzida. Para

Komnitsas et al. (2004), dependendo da qualidade da bauxita esta faixa varia entre 0,3 ton, para

bauxitas de alta qualidade (alto teor de alumínio), e 2,5 ton, para as de baixa qualidade. No

entanto, na literatura são mais comuns as referências a valores entre 1 a 2 toneladas de lama

vermelha por toneladas de alumina produzida.

Esta questão acaba se refletindo na falta de consenso na literatura sobre a quantidade de

lama vermelha gerada anualmente no mundo. Segundo Kasliwal & Sai (1999), são geradas em

torno de 30 milhões de ton por ano. Mas, segundo Cooling et al. (2002) somente a Aluminium

Company of America (Alcoa) é responsável por mais de 20 milhões ton/ano deste resíduo. De

acordo com Díaz et al. (2004), no ano de 2000 foram geradas 84,1 milhões de ton de lama

vermelha. Nguyen & Boger (1998) relatam que na Austrália a indústria de alumina produz 25

milhões ton/ano de lama vermelha, correspondente a 50 % da produção mundial, que seria,

portanto, de 50 milhões ton/ano. Finalmente Pradhan et al. (1996), ao considerarem a capacidade

das fábricas de alumínio, afirmam que o volume de lama vermelha gerada dobra a cada década. O

fato é que a quantidade de lama vermelha gerada anualmente é gigantesca e que um resíduo

gerado na ordem de milhões de toneladas representa um sério problema ambiental.

No Brasil, dados publicados sobre a geração de lama vermelha são praticamente

inexistentes. Apesar de o país ser o terceiro maior produtor mundial e contar com grandes

empresas atuando na produção de alumina, como: o Consórcio de Alumínio do Maranhão

(ALUMAR), localizada em São Luís, MA, com capacidade anual de produção de 1,325 milhões

de ton; a Alumina do Norte do Brasil S/A (ALUNORTE), localizada em Barcarena, PA, com

capacidade anual de produção de 4,4 milhões de toneladas, sendo a maior produtora mundial de

alumina; a Companhia Brasileira do Alumínio (CBA), na região de Sorocaba, SP, com

capacidade anual de produção de 500 mil toneladas; a Alcoa, com unidades localizadas em

28

Page 19: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

Saramenha e Poços de Caldas, MG, com 140 mil toneladas e 300 mil toneladas de produção

anual respectivamente (Bermann, 2002; Minérios, 2006).

Baseado nestes dados e os da Tabela 6, algumas inferências podem ser obtidas. Tomando-

se a relação entre a geração de lama vermelha e a produção de alumina, como sendo 0,3 e 2,5

toneladas de lama vermelha/ton de alumina, se obtém uma estimativa da produção anual de lama

vermelha no país, no período entre 1999 e 2002 é mostrado na Tabela 6. Observa-se que pela

estimativa mais favorável seriam geradas 1,05 milhões de toneladas de lama vermelha. Por outro

lado, considerando a estimativa mais desfavorável à quantidade de lama vermelha gerada

alcançaria em 2003 a impressionante marca de 10 milhões de ton. É valido ressaltar que o

período em questão é anterior à expansão da Alunorte, que elevou a sua capacidade nominal de

produção de alumina de 1,6 milhões para 4,4 milhões toneladas. A estimativa feita a partir da

capacidade nominal atualmente instalada, apesar de ter um caráter meramente ilustrativo, alerta

para a dimensão do problema ambiental que a lama vermelha representa para o Brasil (Silva

Filho, 2007).

Tabela 6: Estimativa da geração de lama vermelha a partir da produção de alumina no Brasil.

AnoAlumina(106 ton)

Lama Vermelha (106 ton)

0,3 ton lama vermelha/ton de alumina

2,5 ton lama vermelha/ton de alumina

29

Page 20: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

1999(1)

2000(2)

2001(2)

2002(1)

2003(1)

2006(e2)

3,515

3,754

3,520

3,962

4,000(e1)

6,665(e2)

1,055

1,126

1,056

1,189

1,200

1,999

8,788

9,385

8,800

9,905

10,000

16,662

(1) United States Geological Survey Mineral Resources Program (USGSMRP). 2006.(2) Associação Brasileira do Alumínio (ABAL). 2003.(e1) Estimado pela USGSMRP. 2006.(e2) Estimado a partir da capacidade atual instalada (Silva Filho, E.B.).

Em 2004, somente a Alunorte produziu 2,55 milhões toneladas de alumina, o que

corresponde a uma geração de no mínimo 1,27 milhões de toneladas de lama vermelha. A recém

inaugurada ampliação da fábrica aumentou a capacidade nominal para 4,175 milhões ton/ano de

alumina, porém até 2008 uma nova ampliação está prevista, elevando a capacidade de produção

para 6,8 milhões de ton/ano. Portanto, a geração de lama vermelha pela Alunorte, que alcançou

no mínimo 1,25 milhões ton/ano, em breve chegará a 2,04 milhões ton/ano, ou seja, um aumento

de mais de 70% em relação a 2002 (Silva Filho, 2007).

A literatura apresenta controvérsia quanto à toxicidade da lama vermelha. A lama

vermelha não é particularmente tóxica (Nunn, 1998), inclusive a Environmental Protecy Agency

(EPA) não classifica a lama vermelha como um rejeito perigoso. Entretanto, alguns autores

consideram-na tóxica, na medida em que podem constituir um perigo para as populações

vizinhas, devido à presença de elevados valores de cálcio e hidróxido de sódio. Outros relatos

encontrados na literatura apontam para os riscos ao meio ambiente associados a lama vermelha,

em função de sua elevada alcalinidade e capacidade de troca iônica (Silva Filho, 2007).

Diante do exposto, pode-se considerar que a lama vermelha representa um passivo

ambiental importante para a indústria de beneficiamento de alumínio, devido aos riscos de

contaminação do meio ambiente e aos custos associados ao seu manejo e disposição, os quais

representam uma grande parte dos custos de produção da alumina. Como constatação, a

Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, cita entre as atividades industriais

mais poluentes a indústria de metais não-ferrosos e dentre estes, a do alumínio (Donaire, 1995).

30

Page 21: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

Figura 6: Empilhamento (estoque) de bauxita na usina de beneficiamento da ALUNORTE

(Barcarena –Pa)

2.3.1 Método de disposição final da lama vermelha

A lama vermelha faz parte de um grupo de rejeitos conhecidos como “tailings”,

resultantes do processamento de minérios pela indústria extrativista mineral. Estes resíduos são

solos que continham o mineral de interesse ou resultam da moagem de rochas. Dependendo do

processo de extração, podem ser adicionadas substâncias químicas como, por exemplo, a soda

cáustica empregada no refino da alumina. Os “tailings” caracterizam-se por serem lamas

formadas por partículas muito finas (Fahey et al., 2002).

Os métodos convencionais de disposição de lamas, ou métodos úmidos, são assim

denominados devido à grande quantidade de água de processo que segue com o material sólido

para disposição. Os métodos úmidos aplicáveis à lama vermelha consistem em grandes diques

onde a lama vermelha é disposta com baixo teor de sólidos. A separação de fases ocorre no local

de disposição, onde o material sólido sedimenta e surge um sobrenadante alcalino. A operação é

simples e barata, consistindo na sedimentação natural da fase sólida e na recirculação do

sobrenadante para a fábrica. Porém o potencial de impacto sobre o meio ambiente é alto. A área

de disposição final necessária é grande, 100 a 200 acres em média. Os custos associados são

altos, devido à necessidade de impermeabilização da área antes da disposição, feita normalmente

31

Page 22: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

através de membranas plásticas ou da aplicação de camada de material impermeável, devido aos

riscos de contaminação do solo e do lençol freático, entre outros componentes (Silva Filho,

2007). A vida útil da área de disposição é curta, normalmente entre 4 a 7 anos, e a reabilitação da

área é um processo lento (Jamaican Bauxite Case, 2006). Os riscos com relação ao rompimento

dos diques também estão presentes, e representam um motivo de preocupação para a população

vizinha (Fahey et al., 2002).

Modernamente os métodos conhecidos como métodos secos ou semi-secos de disposição

tendem a serem aplicados com mais freqüência. Estes métodos surgiram a partir dos avanços

ocorridos nas técnicas de deságüe dos “tailings”. Os métodos secos de disposição apresentam as

seguintes vantagens sobre os métodos úmidos: melhor manuseio, maior segurança, geração de

um menor volume de lama, menor área ocupada e reabilitação mais fácil da área (Nguyen &

Boger, 1998; Agrawal et al., 2004). Nestes métodos a lama é disposta com um teor de sólidos

mais elevado, resultando em uma textura pastosa.

Dentre os métodos de disposição a seco, o mais comumente aplicado à lama vermelha é o

“dry-stacking”. Este método consiste na disposição progressiva da lama vermelha. A área de

disposição é dividida em leitos de secagem, onde a lama vermelha é descarregada até atingir uma

determinada altura, passando-se a seguir para o leito de secagem livre e assim por diante. Quando

todos os leitos de secagem estiverem ocupados repete-se o ciclo, depositando uma nova camada

de lama vermelha no leito de secagem inicial. O “dry-stacking” permite a diminuição da umidade

através da evaporação e da drenagem (Sofrá & Boger, 2002; Nunn 1998).

Uma variante do “dry-stacking” é a secagem solar. Essa técnica é particularmente

aplicável para áreas onde a taxa de evaporação é elevada. A secagem solar utiliza leitos de

secagem com baixa profundidade (10,0 cm) para facilitar a evaporação (Nunn, 1998).

Outro método utilizado é a disposição de tailing espessado (Thickened tailing disposal).

Neste método a lama vermelha é disposta no ponto central da área de disposição, formando um

monte cônico. A geometria cônica elimina a necessidade de barragens ou diques, há um aumento

na estabilidade do depósito, facilitando a reintegração da área ao meio ambiente (Sofrá & Boger,

2002; Nguyen & Boger, 1998).

Normalmente “tailings”, como a lama vermelha, são transportados através de

bombeamento. Em várias plantas industriais é comum o bombeamento da lama vermelha por

distâncias de 3 a 6 km até os locais de disposição. Suspensões de material mineral com elevada

32

Page 23: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

concentração, como a lama vermelha, são geralmente fluidos não-newtonianos. Estudos

reológicos revelaram que a lama vermelha é fortemente tixotrópica e pseudoplástica (Sofra &

Boger, 2002; Nguyen & Boger, 1998). Portanto, dois fatores que devem ser levados em

consideração durante o deságüe da lama vermelha são a viscosidade da lama vermelha e a

distância a ser vencida. Para “tailings” altamente espessados é preferível a utilização de tratores e

vagões no transporte.

A neutralização da lama vermelha com a utilização de ácido sulfúrico (H2SO4) é o

método mais comum para minimizar os riscos ambientais com relação à sua causticidade. Outros

processos têm sido pesquisados pela Alcoa como a carbonatação, através da injeção de CO2, e

através da adição de água do mar contendo altas concentrações de sais de Mg, que atuam como

agentes neutralizadores (Fahey et al., 2002; Colling et al., 2002).

No Brasil informações sobre o tipo de disposição empregado em cada refinaria são

escassas. A Alunorte utiliza o método de disposição de lama por alta densidade, trata-se de um

processo de “dry-stacking” patenteado pela empresa alemã Giulini. Este método permite que a

lama vermelha seja lançada nas lagoas de disposição na forma de uma pasta contendo cerca de

60% em peso na fase sólida, evitando a segregação de líquidos e adquirindo a consistência de um

solo natural em curto espaço de tempo, facilitando a recuperação da área para outros fins (Silva

Filho, 2007).

2.3.2 Problemas decorrentes da disposição da lama vermelha

Como a maioria dos rejeitos, no passado a lama vermelha era simplesmente descartada em

algum corpo hídrico receptor, como mares e rios. A disposição não adequada da lama vermelha

pode acarretar em problemas como: i) Contaminação da água de superfície e subterrânea por

NaOH, ferro, alumínio ou outro agente químico; ii) Contato direto com animais, plantas e seres

humanos; iii) O vento pode carrear pó dos depósitos de lama vermelha seca, formando nuvens de

poeira alcalina; iv) Impacto visual sobre uma extensa área (Silva Filho, 2007).

Alguns casos de acidentes ambientais provocados pela disposição inadequada da lama

vermelha em vários países são relatados na literatura. Problemas relacionados com o

encerramento das atividades sem a adequada proteção do meio ambiente também são reportados.

33

Page 24: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

Na antiga Iugoslávia, Salopek & Strazisar (1993) relatam que durante o funcionamento

das instalações em Kidricevo, onde se utilizava barragens como meio de disposição, formando

lagoas de lama vermelha, foram registradas concentrações de 5 g/L Na2O e 3 g/L Al2O3 nas águas

residuárias, além de poluição sistemática das águas subterrâneas com variação de pH entre 11,5 e

8 e condutividade elétrica entre 4.982 e 924 μS/cm a distâncias de até 2 km das lagoas.

Ocorrências semelhantes foram observadas em outras localidades, como Podgorica, e Mostar,

inclusive com a contaminação do aqüífero que abastecia a população local. Nas instalações de

Obrovac, a água residuária com a ajuda dos fortes ventos da região, principalmente no inverno e

primavera, forma gotículas que se espalham por quilômetros, formando uma chuva caustica, que

atinge não somente partes da fabrica, como instalações vizinhas. Houve ressecamento total da

vegetação em uma área de 500 m ao redor da lagoa e comprometimento parcial por vários

quilômetros. Após o encerramento das atividades das instalações de Mostar houve ressecamento

da lagoa de disposição o que causou o carreamento das partículas finas e formando nuvens de

poeira, gerando problemas especialmente para os fazendeiros vizinhos (Silva Filho, 2007).

No Brasil, em 2003, houve no município de Barcarena, PA um vazamento de lama

vermelha, atingindo as nascentes do rio Murucupi. Da nascente a foz do rio houve mudança na

tonalidade das águas, com o aumento nos teores de alumínio e sódio e possível contaminação do

aqüífero (De Jesus et al., 2004). No estado de São Paulo ocorreu um vazamento em 2004, de

cerca de 900.000 litros de lama vermelha, atingindo o córrego do Bugre, rio Varzão e Pirajibu, na

bacia do Rio Sorocaba. Como conseqüência houve alteração da qualidade das águas tornando-as

impróprias (ofensivas à saúde), além de provocar danos à fauna (mortandade de peixes) e à

vegetação (Silva Filho, 2007).

Na Jamaica, a não utilização de técnicas adequadas de disposição da lama vermelha

resultou na contaminação de aproximadamente 200 milhões de m3 de águas subterrâneas

(Fernandez, 2006). Também ocorreu a contaminação de águas superficiais, a disposição de lama

vermelha em lagoas na localidade de Mont Diablo acarretou na contaminação das águas do lago

Moneague, as quais se tornaram impróprias, devido o elevado pH. Este tipo de impacto afeta o

turismo, outra atividade econômica muito importante da ilha (Jamaican Tourism Impacts, 2006).

A população da Jamaica apresenta uma pré-disposição genética para a hipertensão, a qual pode

ser agravada pelos altos níveis de sódio devido à contaminação da água subterrânea (Jamaican

Bauxite Case, 2006).

34

Page 25: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

2.3.3 Aplicações alternativas para a lama vermelha

Durante muito tempo a lama vermelha foi considerada um resíduo inaproveitável para a

indústria do alumínio. Entretanto, os custos econômicos e os riscos ambientais associados à

disposição da lama vermelha têm motivado companhias e pesquisadores na busca por alternativas

ambientalmente mais seguras, que possibilitem a redução do volume de resíduo encaminhado

para a disposição final. Porém, até o momento, nenhum processo apresentado na literatura se

mostrou economicamente viável (Pradhan et al., 1996; Sglavo et al., 2000a).

Eis algumas aplicações:

Vem-se há algum tempo na Universidade Federal do Pará fazendo-se estudos sobre a

lama vermelha, estes estudos visam o seu emprego em cerâmica vermelha estrutural, por

se tratar de um resíduo com elevado teor de material fundente, argila expandida para

produção de agregado leve para a construção civil, lavadores de gases para remoção de

SO2, entre outros.

Pesquisas têm sido desenvolvidas visando à recuperação de ferro, titânio e outros metais.

As aplicações para a construção civil são variadas; como material para recobrimento de

aterros e pavimentação, insumo para produção de cimentos especiais, mas esta aplicação

encontra problemas devido à alcalinidade da lama vermelha.

A lama vermelha também encontra aplicações na indústria cerâmica como revestimentos

cerâmicos (porcelanas, vítricos e eletroporcelanas), na confecção de tijolos, telhas,

isolantes, etc.

No tratamento de superfícies: proteção do aço contra corrosão e na melhoria das

características termoplásticas de polímeros.

35

Page 26: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

Na agricultura é utilizada como corretivo para solos ácidos, enriquecimento de solos

pobres em ferro, no aumento da retenção de fósforo pelo solo e na imobilização de metais

pesados em solos contaminados.

No campo do meio ambiente a lama vermelha é bastante utilizada principalmente na

remediacão de áreas contaminadas e no tratamento de efluentes líquidos, tendo sido

utilizada com sucesso no tratamento de águas ácidas de minas, assim como na remediação

de solos contaminados por metais pesados, fósforo e nitrogênio.

Na indústria química, as utilizações da lama vermelha tem se baseado em sua ação como

catalisador em várias aplicações como a remoção de enxofre em querosene, hidrogenação

do antraceno, degradação de compostos orgânicos voláteis (COV), degradação de cloreto

de polivinila (PVC) em óleos combustíveis, degradação de organoclorados. As

propriedades de adsorção da lama vermelha são aproveitadas no tratamento de efluentes,

sendo neste caso, necessário ativa-la. Sua ativação pode ser feita através de tratamento

térmico por calcinação em temperaturas próximas a 400 °C, o que resulta em um aumento

de 3 a 4 vezes em sua área superficial. Essa temperatura é relativamente baixa quando

comparada à necessária para a ativação (esfoliação) de outros materiais como, por

exemplo, a vermiculita, que sofre expansão somente na faixa de 800 a 1000 °C. A lama

vermelha também pode ser ativada através de tratamento químico com ácidos ou com

águas ricas em íons de Mg2+, como a água do mar ou águas de salinas.

A lama vermelha tem sido aplicada em processos de adsorção para vários tipos de

adsorbatos, em efluentes sintéticos e reais, como metais pesados Cu(II), Pb(II), Cd (II),

Cr(V) e ânions como fósforo (PO43-) e arsênico (As) e pigmentos têxteis. No tratamento

de esgotos domésticos, tanto para a remoção de fósforo e formas de nitrogênio ( e

) como para a remoção de vírus e bactérias. Na adsorção e clarificação de chorume,

obtendo uma redução na carga orgânica de 56,67 % e 60 % de remoção de cor.

Alguns produtos desenvolvidos a partir da lama vermelha para o tratamento de matrizes

ambientais receberam denominação comercial e alguns foram patenteados. A Kaiser

Aluminium & Chemical Company desenvolveu um adsorvente denominado de Cajunite®.

36

Page 27: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

A Virotec International LTd. (Austrália) desenvolveu um processo em que se obtém um

adsorvente a partir da lama vermelha neutralizada com água do mar, que patenteou como

Basecon® e o produto obtido como Bauxsol. A Alcoa conjuntamente com o Departamento

de Agricultura do Oeste da Austrália desenvolveram o Alkaloam®, para uso agrícola.

2.4 Dinâmica da partícula no campo gravitacional

A fluidodinâmica em sistemas particulados pode ser estudada tomando como ponto de

partida a fluidodinâmica da partícula isolada. A determinação das propriedades do todo pela

extrapolação do comportamento de um elemento da estrutura complexa é intuitiva e didática,

embora, na maioria das situações, esta estratégia exija um grande esforço de imaginação

combinado a um procedimento matemático complicado e duvidoso (Massarani,2002).

2.4.1 Movimento de partículas sólidas em fluido newtoniano sob ação gravitacional

A fluidodinâmica da partícula pode ser descrita através de um conjunto de equações que

inclui a equação do movimento da partícula, as equações da continuidade e movimento para o

fluido, condição de aderência na interface fluido-partícula, equações constitutivas para o fluido e

as condições limites pertinentes ao problema específico. A análise limita-se a interação fluido

newtoniano-partícula esférica rígida no movimento relativo lento, as equações aqui usadas estão

consolidadas na literatura a partir do trabalho pioneiro de Stokes (Massarani,2002).

2.4.2 Determinação da velocidade terminal de partículas para o regime de Stokes

Considerações:

1. Partículas esféricas e isoladas;

2. Partícula rígida e homogênea;

3. Movimento da partícula somente sob ação da força externa gravitacional;

4. Movimento unidirecional, na direção da aceleração gravitacional;

5. Fluido sem movimento (parado).

37

Page 28: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

Para número de , o coeficiente de arraste apresenta um valor constante e igual a:

(6)

que resulta na expressão para a velocidade terminal:

(7)

Nomenclatura das Eqs. (2.6) e (2.7):

CD – coeficiente de arraste;

Dp – diâmetro da partícula;

G – aceleração gravitacional;

Re – numero de Reynolds para partícula;

Vt – velocidade terminal da partícula isolada;

Vts – velocidade terminal sob condição de retardamento;

μf – viscosidade do fluido e – porosidade;

– densidade da partícula e – densidade do fluido.

A dificuldade no cálculo da velocidade terminal e /ou diâmetro da partícula é que estão

condicionadas a determinação do número de Reynolds ou regime, o que na prática nem sempre é

viável. Para os Engenheiros Químicos estes parâmetros são influentes para o cálculo de projetos

de equipamentos, e quando desta impossibilidade são determinados por métodos empíricos,

através de ábacos. Vide anexo A.1 e A.2.

2.4.3 Determinação da velocidade terminal sob condição de retardamento ou obstata

A maioria das correlações apresentada em literatura refere-se a amostras com partículas

arredondadas, em faixa granulométrica estreita, representada por um diâmetro médio que

possivelmente não caracteriza a fluidodinâmica da suspensão, e como conseqüência da

caracterização incompleta do sistema particulado, as correlações da literatura divergem

substancialmente entre si. Neste trabalho a correlação a ser utilizada é a de Richardson & Zaki,

que satisfaz as condições limites pertinentes ao problema.

38

Page 29: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

(8)

para e n = 3,65.

39

Page 30: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Matéria-prima

3.1.1 Lama vermelha

Lama Vermelha (red mud) é o nome dado ao resíduo insolúvel que resulta da digestão da

bauxita pela solução de hidróxido de sódio, na fabricação da alumina, processo esse conhecido

como Bayer. A Lama Vermelha foi gentilmente cedida pela ALUNORTE (Alumina do Norte do

Brasil S/A) sediada no distrito industrial de Barcarena-PA localizada a 40Km de Belém.

A lama vermelha “in natura” foi submetida a pré-tratamento antes dos ensaios de

laboratório, consistindo de análise granulométrica por via umida, secagem em estufa de

convecção forçada a uma temperatura de 100°C durante 48 horas e processada em moinho de

bolas para desagregação durante 30 minutos. A lama tratada foi armazenada na estufa em

bandejas a uma temperatura media de 50°C. Ver análise granulométrica no anexo A.3.

Foram feitos quatros ensaios com picnômetro para se calcular a massa especifica da lama

vermelha e chegou-se a um valor médio de ρ = 2,61 g/cm3. Anexo A.4.

3.2 Metodologia experimental

Os ensaios experimentais foram realizados na Usina de Materiais e a análise química no

Laboratório de Análises Químicas de Materiais (DIMAT – Divisão de Materiais) localizados no

prédio do Laboratório de Engenharia Química da Faculdade de Engenharia Química – UFPA. A

difração de Raios X (DRX) foi realizada no Laboratório de Raios-X do Centro de Geociências da

UFPA.

A técnica aplicada neste trabalho é baseada na sedimentação gravitica, tendo como base a

metodologia de Andreassen utilizando o regime de Stokes (laminar). Condicionada a partícula

esférica e isolada, partícula rígida e homogênea, movimento da partícula através do fluido

somente sob a ação da força externa gravitacional, movimento unidirecional, na direção da

aceleração gravitacional, fluido sem movimento (parado), efeito da presença da fase particulada

40

Page 31: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

na fluidodinâmica de suspensões (condição de retardamento ou obstata) e sem influencia de

fronteiras rígidas.

Foram realizados ensaios preliminares de sedimentação para verificar qual a melhor

concentração (g/L) de trabalho, as concentrações utilizadas foram 5% (ε = 0,980), 10% (ε =

0,962), 20% (ε = 0,923) e 30% (ε = 0,885). E se chegou a conclusão que a melhor concentração

de trabalho é a de 10% para se obter material suficiente para a análise subsequente e manter as

condições necessárias para o regime de Stokes.

Uma análise granulométrica (ver anexo A.3) foi efetuada para se definir as faixas

granulométricas a serem trabalhadas no ensaio de sedimentação, esta resultou em um passante

acumulado da ordem de 88,11% na peneira 400 mesh (Tyler) o que se fez definir os diâmetros a

serem trabalhados: ≤40μm; ≤30μm; ≤20μm; ≤10μm; ≤05μm.

Para os ensaios de sedimentação para obtenção das faixas granulométricas definidas foi

confeccionada uma proveta em PVC com capacidade mínima para 2L de suspensão, tendo como

base a metodologia de Andreassen, com dimensões de 10 cm de diâmetro e altura de 30 cm, um

agitador manual tipo crivo em PE com uma haste de madeira e uma válvula registro de esfera de

¼’’ para o esgotamento do sobrenadante.

Preparou-se 2L de uma suspensão com concentração 10% em peso contendo apenas lama

vermelha e água, fez-se a homogeneização na proveta com agitador manual e observou-se o grau

de agitação para se validar o regime de Stokes (laminar) e após ter se alcançado o tempo de

sedimentação das partículas o sobrenadante contendo as partículas de diâmetro a serem retidas foi

recolhido em recipientes adequados e levado a estufa para a total evaporação em temperatura de

75°C por 48 horas resultando no material a ser analisado. Para cada ensaio de diferente diâmetro

foi preparada uma nova suspensão.

3.2.1 Cálculo do tempo de sedimentação

O cálculo do tempo de sedimentação esta relacionado com o tamanho da partícula, forma

(esfericidade,φ), determinação do número de Reynolds e sua velocidade terminal de queda (V t).

A forma da partícula adotada neste trabalho é a esférica com φ = 1.

Uma planilha foi montada para o cálculo da velocidade terminal sob condição de

retardamento (Vts) usando-se o software Microsoft Excel. A velocidade terminal foi calculada

41

Page 32: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

conforme o anexo A.2 e a velocidade terminal sob condição de retardamento usando-se a

correlação de Richardson & Zaki. Os resultados se encontram na Tabela 5.

Dados físicos:

Equação da porosidade,

onde: C em g/L.

Altura de sedimentação = 20 cm

Volume da suspensão = 1570 cm3

Tabela 7: Tempo de sedimentação para as corridas experimentais

Diâmetro dapartícula (μm)

Velocidade Vt

(cm/s)Tempo de

sedimentação

Velocidade Vts

(cm/s) ε =0,962 C=10%

Tempo de sedimentação

Dp 40 0,140 00:02’22’’ 0,122 00:02’44’’

Dp 30 0,079 00:04’13’’ 0,069 00:04’52’’

Dp 20 0,035 00:09’30’’ 0,030 00:10’56’’

Dp 10 8,775E-03 00:37’59’’ 8,0E-3 00:43’50’’

Dp 5,0 2,194E-03 02:32’57’’ 2,0E-3 02:55’00’’

Onde: Vt – velocidade terminal; Vts – velocidade terminal sob condição de retardamento.

42

Page 33: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

Gráfico 1: Diâmetro da partícula vs. Velocidade terminal sob condição de

Retardamento.

3.2.2 Análises de laboratório

As análises realizadas nesse trabalho visa identificar os minerais de titânio (TiO2) “rutilo e

anatásio” nas faixas granulométricas definidas anteriormente. Foram realizadas análises química

e de difração de Raios -X para a caracterização do material.

3.2.3 Análise química

A análise química efetuada para identificar o mineral de titânio foi realizada no

Laboratório de Análises Químicas de Materiais (DIMAT – Divisão de Materiais) da Faculdade de

Engenharia Química - UFPA, utilizando-se métodos convencionais. Esta análise foi feita por via

úmida.

A metodologia empregada na determinação do mineral de titânio (TiO2) consiste

basicamente na decomposição da amostra em cadinho de platina utilizando fundente anidro em

alta temperatura e em seguida adicionando-se ácido clorídrico concentrado para completa

abertura da amostra (anexo A.5). Procedeu-se a determinação espectrométrica do titânio com

peróxido de hidrogênio (anexo A.6) com utilização de um espectrofotômetro de absorção atômica

modelo GBC-900, as aquisições dos dados foram feitas com o software Spectral 1.7 para a

43

Page 34: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

leitura da absorbância, elaborou-se uma curva de calibração (anexo A.8) obtida através de

padrões de concentração conhecida para quantificar o mesmo.

3.2.4 Difração de Raios-X

As análises para identificação mineralógica do material de partida, lama vermelha, foram

realizados pelo método do pó, utilizando-se um difratômetro de raios-x modelo X`PERT PRO

MPD, da PANalytical, com goniômetro PW3050/60 (theta/theta), com tubo de raios-x cerâmico

de anodo de cobre Cu (Kα1 = 1,540598 A), modelo PW3373/00, com foco fino, passo de 0,0170

[°2Θ], 2200W, 40Kv e 40mA. O detector utilizado foi o do tipo RTMS X`Celerator.

As aquisições dos dados foram feitas com o software X`Pert Data Collector, versão

2.1a, e com o tratamento dos dados com o software X`Pert HighScore versão 2.1b, também

da PANalytical pertencente ao Laboratório de Raios-X do Centro de Geociências da UFPA.

44

Page 35: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Análise química

Os resultados da Tabela 8 mostra o percentual de minério de titânio (TiO2), este que está

presente em todas as faixas granulométricas analisadas e muito bem distribuído, notando-se

valores bem próximos nas faixas com diâmetro ≤05, ≤10, ≤40 e ≤20, ≤30.

Tabela 8: Determinação de titânio nas faixas granulométricas da lama vermelha

Amostra de Lama Vermelha

Diâmetro(μm)Concentração

de TiO2(%)Concentração

de Ti(%)

in natura 4,08 2,44

LV40* Dp 40 5,93 3,55

LV30* Dp 30 5,30 3,18

LV20* Dp 20 5,35 3,21

LV10* Dp 10 5,94 3,56

LV05* Dp 05 6,05 3,62 * lama vermelha na sua faixa granulométrica correspondente

4.2 – Difração de raio-x

A análise de raio-x vem ratificar a presença do minério de titânio em todas as faixas

granulométricas analisadas e identificar o minério presente no material este como sendo o

anátasio. Anexo A.9.

45

Page 36: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

Difratograma 1:Difratograma de raio-x da lama vermelha nas faixas granulométrica

correspondentes.

onde:

A – Anastásio [TiO2], G – Goetita [FeO(OH)], Gb – Gibbisita [Al(OH)3]

H – Hematita [Fe2O3], Q – Quartzo [SiO2], S – Sodalita [Al6Na8(SiO4)6Cl2].

4.3 – Discussão

1. Foi verificado que o minério de titânio (TiO2) está presente em todas as faixas

granulométricas analisadas e distribuído uniformemente.

46

Page 37: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

2. A análise de raio-x vem ratificar a presença do minério de titânio em todas as faixas

granulométricas analisadas e identificar o minério presente no material este como sendo o

anatásio.

3. A lama vermelha por se encontrar com uma granulometria de 88,11% abaixo da peneira

de 400 mesh Tyler não necessita de operações de cominuição.

4. No processo utilizado para concentração física de mineral de titânio a faixa

granulométrica que apresentou maior valor de anatásio foi a de diâmetro das partículas de

Dp≤05μm com uma concentração de 6,05% de TiO2 (anátasio) notado também pela maior

intensidade do pico do difratograma LV05 em 26 [°2Th].

5. É conhecido no Brasil um grande potencial de recursos de titânio de tipologia pouco

convencional que, se equacionados como reservas, poderiam superar aquelas existentes

em outros países.

6. Ao longo do processo de obtenção do alumínio primário, desde a lavra da bauxita até a

obtenção da alumina o mineral de titânio vem se concentrando como mineral de ganga.

7. Daí o potencial da lama vermelha pode se tornar um desses recursos de fonte de titânio.

8. O potencial de recursos disponível se constitui em incentivo para novas investigações na

procura de rota extrativa conveniente para o minério de anatásio.

9. Não existe bibliografia e nem dados disponíveis sobre a lama vermelha da ALUNORTE

para comparação de resultados obtidos para discussão de resultados.

47

Page 38: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

5 CONCLUSÃO

1. A metodologia utilizada necessita de estudos para ensaios com uso do under reciculado

para diferentes faixas granulométricas para se obter os teores dos minerais,

especificamente do anátasio (titânio) a serem obtidas através da pipeta de Andreassen

padronizada.

2. O estudo de elutriação se faz necessário para o uso de comparação com o estudo de

sedimentação baseado na metodologia de Andreassen no sentido de viabilizar o processo

em escala piloto.

3. Estudar a viabilidade econômica do processo de concentração física do mineral de titânio

na lama vermelha.

48

Page 39: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

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53

Page 44: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

ANEXOS

A.1 Determinação de Dp conhecendo Vt

1- Da equação do número de Reynolds explicitamos Dp

(4)

2 - Substituindo a equação (4) na equação geral (5)

temos

(6)

3 - Através do ábaco , determina-se o número de Reynolds

lg10Re lg10 (Cd / Re )Φ=1,0 Φ=0,9 Φ=0,8 Φ=0,7 Φ=0,6

-2,000 5,380 5,396 5,417 5,441 5,470-1,523 4,427 4,442 4,462 4,486 4,516-1,301 3,982 3,999 4,017 4,041 4,072-1,000 3,380 3,407 3,435 3,465 3,494-0,523 2,427 2,447 2,477 2,505 2,535-0,301 1,996 2,021 2,049 2,079 2,1070,000 1,423 1,447 1,477 1,502 1,5250,477 0,540 0,565 0,594 0,623 0,6460,699 0,140 0,176 0,204 0,241 0,2741,000 -0,387 -0,365 -0,297 -0,260 -0,2291,474 -1,176 -1,115 -1,062 -1,007 -0,9551,699 -1,523 -1,481 -1,420 1,335 -1,2922,000 -1,971 1,921 -1,827 -1,710 -1,5692,477 -2,664 -2,558 -2,456 -2,276 -2,0622,699 -2,959 -2,836 -2,690 -2,548 -2,3223,000 -3,337 -3,102 -2,924 -2,721 -2,6233,477 -3,876 -3,514 -3,328 -3,201 -3,1013,699 -4,114 -3,735 -3,550 -3,423 -3,3224,000 -4,393 -4,037 -3,851 -3,724 -3,623

Extraído do livro “Problemas em Sistemas Particulados, pg108” G.Massarani - 1984

4 - Calculamos Dp.

54

Page 45: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

A.2 Determinação de Vt conhecendo Dp

1- Da equação do número de Reynolds explicitamos Vt

(7)

2 – Substituindo a equação (7) na equação geral (5)

temos

(8)

3 – Através do ábaco , determina-se o número de Reynolds

lg10Re lg10 (Cd Re2 )Φ=1,0 Φ=0,9 Φ=0,8 Φ=0,7 Φ=0,6

-2,000 -0,62 -0,604 -0,583 -0,559 -0,53-1,523 -0,155 -0,126 -0,106 -0,082 -0,053-1,301 0,079 0,097 0,117 0,14 0,167-1,000 0,38 0,407 0,431 0,465 0,494-0,523 0,857 0,879 0,908 0,937 0,967-0,301 1,093 1,117 1,146 1.176 1,2040,000 1,423 1,447 1,477 1,502 1,5250,477 1,971 1,996 2,025 2,053 2,0790,699 2,238 2,274 2,301 2,338 2,3711,000 2,613 2,635 2,703 2,740 2,7711,474 3,255 3,316 3,369 3,425 3,4761,699 3,574 3,616 3,677 3,762 3,8042,000 4,029 4,079 4,173 4,29 4,4312,477 4,767 4,841 4.975 5,155 5,3692,699 5,14 5,262 5,407 5,58 5,7753,000 5,663 5,898 6,076 6,279 6,3773,477 6,556 6,917 7,104 7,23 7,333,699 6,984 7,362 7,548 7,679 7,7754,000 7,607 7,936 8,149 8,276 8,337

Extraído do livro “Problemas em Sistemas Particulados, pg107” G.Massarani - 1984

4 – Calculamos Vt. (OROFINO,C).

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Page 46: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

A.3 Tabela 7: Análise granulométrica da lama vermelha (ALUNORTE)

# TylerDiâmetro das

Malhas D# (µm)

Diâmetro Médio Di (µm)

Massa retida (g)

%Retida %Passante%Retida

Acumulada% Passante Acumulada

+30 500 500,0 0,00 0,00 100,00 0,00 100,00-30+42 500/315 412,5 0,09 0,09 99,91 0,09 99,91-42+60 315/250 282,5 1,07 1,07 98,93 1,16 98,84-60+100 250/160 205,0 2,10 2,10 97,90 3,26 96,74-100+115 160/125 142,5 2,35 2,35 97,65 5,61 94,39-115+150 125/100 112,5 1,23 1,23 98,77 6,84 93,16-150+170 100/80 90,0 0,40 0,40 99,60 7,24 92,76-170+200 80/71 75,5 0,00 0,00 100,00 7,24 92,76-200+250 71/63 67,0 1,10 1,10 98,90 8,34 91,66-250+270 63/53 58,0 0,50 0,50 99,50 8,84 91,16-270+325 53/45 49,0 2,90 2,90 97,10 11,74 88,26-325+400 44/37 40,5 0,15 0,15 99,85 11,89 88,11

-400 37 37 88,11 88,11 -- 100,00 0,00

56

Page 47: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

Gráfico 2: Análise granulométrica da lama vermelha (ALUNORTE)

Histograma 1: Análise granulométrica da lama vermelha (ALUNORTE)

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Page 48: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

A.4 Cálculo da Densidade da lama vermelha

Cálculo da Densidade

A.5 Decomposição de amostras de minérios

1. secar a amostra a 110°C por no mínimo de 1 (uma) hora, e esfriar no dessecador por 30

minutos;

2. pesar aproximadamente 0,10 a 0,5g de amostra seca, com granulometria acima de

80mesh em cadinho de platina de 30mL de capacidade;

3. adicionar o fundente anidro: carbonatos (Na2CO3, K2CO3), mistura de carbonatos

(Na2CO3+ K2CO3), metaborato de lítio (LiBO2), tetraborato de lítio (Li2B4O7), etc ao

cadinho de 6 a 8 vezes em peso;

4. misturar bem a amostra e o fundente, girar o cadinho levemente até o fluxo se apresentar

homogêneo;

5. transferir o cadinho com a amostra a um forno mufla já em torno de 500°C – 600°C, e

após atingir a temperatura de 900°C – 1000ºC, deixar por um período de 1 (uma) hora;

6. retirar o cadinho do forno mufla ainda rubro e colocar em um becker de 400mL contendo

um pequeno volume de água deionizada (aproximadamente 20 mL/choque térmico), e ter

o cuidado para a água não entrar no cadinho;

7. o material (amostra + fundente) é fragmentado e dissolvido com 2mL de ácido clorídrico

(HCl) concentrado. Lavar o cadinho com HCl 2N.

8. transferir o material dissolvido para um becker contendo 10mL de água deionizada;

9. levar o becker (amostra fundida) para ser evaporada em banho de areia até a secura;

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Page 49: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

10. umedecer com 7mL de ácido clorídrico (HCl) concentrado e novamente levar a secura

total;

11. adicionar a seguir 5mL de ácido clorídrico (HCl) concentrado;

12. deixar em repouso por 10 a 20 minutos (transformação dos sais em seus respectivos

cloretos);

13. lavar as paredes do becker com água deionizada até o nível de 50mL, e aquecer em bico

de bunsen até a ebulição.

14. decantar e filtrar em papel quantitativo de filtração lenta para balão volumétrico de

capacidade conhecida, normalmente 250mL;

15. lavar bem o Becker e o resíduo com água quente acidificada com ácido clorídrico (HCl)

1:10, por várias vezes até completa limpeza do becker;

16. aferir o volume do balão volumétrico com água deionizada.

Elaboração: MSc. Lianne M. Magalhães Dias. LAQM/DIMAT/FEQ/ITEC/UFPA.

A.6 Determinação espectrométrica do titânio com peróxido de hidrogênio

1. transferir uma alíquota da solução estoque (filtrado da sílica) para balão volumétrico de

50mL de capacidade (dependendo da concentração de titânio na amostra analisada);

2. adicionar a seguir 10mL de solução de acido fosfórico (H3PO4)[2+3], e por fim, 2mL de

solução de peróxido de hidrogênio (H2O2) a 30%;

3. diluir a solução ao volume desejado com água deionizada, homogeneizar, e após 10

minutos, medir a absorbância da solução em cubeta de 1cm e comprimento de onda λ =

380nm, ou em cubeta de 2cm e comprimento de onda λ = 410nm.

A.7 Preparação das soluções:

A.7.1 - Solução de ácido fosfórico (H3PO4)[2+3]: tomar um volume aproximado de 200mL de

água deionizada em proveta de 500mL, acrescentar lentamente 200mL de ácido fosfórico.

Transferir para balão volumétrico de 500mL e completar com água deionizada para o volume

desejado.

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Page 50: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

A.7.2 - Solução de peróxido de hidrogênio (H2O2) a 30%: esta solução a 30% já é a solução

concentrada vendida comercialmente.

A.7.3 - Solução padrão de titânio a 1000ppm (1g TiO2/litro): a solução padrão de titânio é

adquirida pronta de diversos fornecedores no mercado.

A.8 Preparação da curva de calibração:

A partir de uma solução padrão de 1000 ppm de óxido de titânio, construir uma curva de

0,00 até 20,00 ppm de seu óxido. A metodologia empregada na construção da curva de calibração

é semelhante à utilizada na complexação da solução amostra. Determina-se a concentração de

titânio na alíquota e posteriormente a sua concentração na amostra original.

Elaboração: MSc. Lianne M. Magalhães Dias. LAQM/DIMAT/FEQ/ITEC/UFPA.

A.9 – Difratogramas de raio-x

Anatásio – óxido de titânio [TiO2] – PDF: 02-0387

Goetita – óxido hidróxido de ferro [FeO(OH)] – PDF: 03-0251

Gibbsita – hidróxido de alumínio [Al(OH)3] – PDF: 07-0324

Hematita – óxido de ferro [Fe2O3] – PDF: 01-1053

Quartzo – óxido de silício [SiO2] – PDF: 03-0444

Sodalita – aluminum sodium silicate chloride [Al6Na8(SiO4)6Cl2] – PDF: 020341

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Page 51: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

Difratograma de raio-x da amostra LV05 para faixa granulométrica Dp ≤ 05μm

Difratograma de raio-x da amostra LV10 para faixa granulométrica Dp ≤ 10 μm

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Page 52: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

Difratograma de raio-x da amostra LV20 para faixa granulométrica Dp ≤ 20 μm

Difratograma de raio-x da amostra LV30 para faixa granulométrica Dp ≤ 30 μm

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Page 53: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ROGÉRIOfinal

Difratograma de raio-x da amostra LV40 para faixa granulométrica Dp ≤ 40 μm

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